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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco. Leticia Veloso.

Guilherme Cardoso, Silvana Guimarães, Priscilla


Pereira, Rodrigo Gonçalves, Fernando Zantedeschi.

Câmara Municipal de Petrolina do Estado de Pernambuco

PETROLINA-PE
Assistente Legislativo

MR060-19
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OBRA

Câmara Municipal de Petrolina do Estado de Pernambuco

Assistente Legislativo

Edital nº 001/2019, de 19 de março de 2019.

AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Conhecimentos Gerais - Profª Letícia Veloso
Noções de Administração Geral - Profº Guilherme Cardoso
Noções de documentação - Profª Silvana Guimarães
Noções de arquivo - Profª Silvana Guimarães
Noções de Gestão de Pessoas - Profª Silvana Guimarães
Noções de Administração de Materiais - Profª Priscilla Pereira
Noções de Direito Constitucional - Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Erica Duarte
Leando Filho
Karina Fávaro

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

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sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Interpretação de texto................................................................................................................................................................................... 86
Ortografia oficial. ............................................................................................................................................................................................ 01
Acentuação gráfica. ........................................................................................................................................................................................ 04
Pontuação. ......................................................................................................................................................................................................... 72
Emprego das classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção:
emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem. ............................................................................................. 22
Vozes verbais: ativa e passiva. .................................................................................................................................................................... 22
Colocação pronominal. ................................................................................................................................................................................. 22
Concordância verbal e nominal.................................................................................................................................................................. 08
Regência verbal e nominal. ......................................................................................................................................................................... 14
Crase. ................................................................................................................................................................................................................... 19
Sinônimos, antônimos e parônimos. ....................................................................................................................................................... 78
Sentido próprio e figurado das palavras................................................................................................................................................ 78

CONHECIMENTOS GERAIS
Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade,
educação, saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia,
suas inter-relações e suas vinculações históricas................................................................................................................................ 01

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL


Administração: conceitos e objetivos; níveis hierárquicos e competências gerenciais. Noções de Planejamento,
organização, Direção e Controle................................................................................................................................................................ 01

NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO
Noções de documentação: conceito, importância, natureza, finalidade, características, fases do processo de
documentação e classificação..................................................................................................................................................................... 01

NOÇÕES DE ARQUIVO
Conceito,tipos, importância, organização, conservação e proteção de documentos.......................................................... 01

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS


Noções de Gestão de Pessoas: conceito; objetivos; recrutamento; seleção; treinamento................................................. 01

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Conceitos. Noções fundamentais de compras;.................................................................................................................................... 01


Licitação no serviço público: conceito; finalidade; princípios; modalidades; cadastro de fornecedores; noções
básicas de almoxarifado e recebimento de materiais. ..................................................................................................................... 14
SUMÁRIO
Decreto nº 9.094/2017 – dispõe sobre a simplificação do atendimento prestado aos usuários dos serviços públicos,
ratifica a dispensa do reconhecimento de firma e da autenticação em documentos produzidos no País e institui a
Carta de Serviços ao Usuário...................................................................................................................................................................... 24

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Noções de Direito Constitucional: Constituição; Conceito, classificações, princípios fundamentais;.......................... 01
Direitos e garantias fundamentais; ireitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania,
direitos políticos, partidos políticos;........................................................................................................................................................ 10
Organização político-administrativa; União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios;.................................... 31
Administração pública; Disposições gerais, servidores públicos;................................................................................................ 44

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Noções de organização administrativa; Centralização, descentralização, concentração e desconcentração;
Administração direta e indireta; Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista....... 01
Ato administrativo; Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies.......................................................................... 09
Poderes administrativos; Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia; Uso e abuso do poder......................... 15
Licitação; Princípios; Contratação direta: dispensa e inexigibilidade; Modalidades; . Tipos; Procedimento............... 20
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA
Ortografia. .................................................................................................................................................................................................................................01
Acentuação gráfica. ...............................................................................................................................................................................................................04
Flexão nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................................................06
Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. .....................................................................................................................................22
Emprego de tempos, modos e aspectos verbais. ......................................................................................................................................................22
Vozes do verbo. .......................................................................................................................................................................................................................22
Classes de palavras: substantivo, adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção: emprego e
sentido que imprimem às relações que estabelecem. .............................................................................................................................................22
Concordância nominal e verbal. .......................................................................................................................................................................................08
Regência nominal e verbal. .................................................................................................................................................................................................14
Ocorrência de crase. ..............................................................................................................................................................................................................19
Sintaxe: coordenação e subordinação............................................................................................................................................................................63
Pontuação. .................................................................................................................................................................................................................................72
Compreensão de texto. ........................................................................................................................................................................................................75
Sinônimos, antônimos e parônimos. .............................................................................................................................................................................78
Sentido próprio e figurado das palavras. ......................................................................................................................................................................78
 Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
ORTOGRAFIA tamorfose.
 Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera,
quis, quiseste.
 Nomes derivados de verbos com radicais termi-
Ortografia
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
A ortografia é a parte da Fonologia que trata da corre- empreender - empresa / difundir – difusão.
ta grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem  Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são - Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
grafados segundo acordos ortográficos.  Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren-  Verbos derivados de nomes cujo radical termina
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras, com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras – pesquisar.
é necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções
e, em alguns casos, há necessidade de conhecimento de São escritos com Z e não S
etimologia (origem da palavra).  Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de
adjetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo –
1. Regras ortográficas beleza.
Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
A) O fonema S gem não termine com s): final - finalizar / concreto
São escritas com S e não C/Ç – concretizar.
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com  Consoante de ligação se o radical não terminar
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender com “s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
- pretensão / expandir - expansão / ascender - as- Exceção: lápis + inho – lapisinho.
censão / inverter - inversão / aspergir - aspersão /
submergir - submersão / divertir - diversão / impelir C) O fonema j
- impulsivo / compelir - compulsório / repelir - repul- São escritas com G e não J
sa / recorrer - recurso / discorrer - discurso / sentir  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
- sensível / consentir – consensual. gesso.
 Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
São escritos com SS e não C e Ç gim.
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-  Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
nem em gred, ced, prim ou com verbos termina- poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
dos por tir ou - meter: agredir - agressivo / impri- bege, foge.
mir - impressão / admitir - admissão / ceder - cessão Exceção: pajem.
/ exceder - excesso / percutir - percussão / regredir -
regressão / oprimir - opressão / comprometer - com-  Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
promisso / submeter – submissão. litígio, relógio, refúgio.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta  Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simé- gir, mugir.
trico - assimétrico / re + surgir – ressurgir.  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. surgir.
Exemplos: ficasse, falasse.  Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter-
São escritos com C ou Ç e não S e SS minado com j: ágil, agente.
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, São escritas com J e não G
Juçara, caçula, cachaça, cacique.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça,  Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- jiboia, manjerona.
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço.  Palavras terminadas com aje: ultraje.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. D) O fonema ch
 Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te,  Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absor-
LÍNGUA PORTUGUESA

caxi, xucro.
to – absorção.
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
lagartixa.
B) O fonema z
 Depois de ditongo: frouxo, feixe.
São escritos com S e não Z
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
 Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
princesa.

1
São escritas com CH e não X ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal- 1. Por que / por quê / porquê / porque
sicha.
POR QUE (separado e sem acento)
E) As letras “e” e “i”
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. É usado em:
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 1. interrogações diretas (longe do ponto de interro-
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar gação) = Por que você não veio ontem?
são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es- 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
-oer e -uir: trai, dói, possui, contribui. que faltara à aula ontem.
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
FIQUE ATENTO!
Há palavras que mudam de sentido quan- POR QUÊ (separado e com acento)
do substituímos a grafia “e” pela grafia “i”:
área (superfície), ária (melodia) / delatar Usos:
(denunciar), dilatar (expandir) / emergir 1. como pronome interrogativo, quando colocado no
(vir à tona), imergir (mergulhar) / peão (de fim da frase (perto do ponto de interrogação) =
estância, que anda a pé), pião (brinquedo). Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
quê?

#FicaDica PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)


Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto Usos:
à ortografia de uma palavra, há a possibili- 1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi- a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto
pela Academia Brasileira de Letras. É uma final) = Compre agora, porque há poucas peças.
obra de referência até mesmo para a criação 2. como conjunção subordinativa causal, substituível
de dicionários, pois traz a grafia atualizada por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
das palavras (sem o significado). Na Internet, que se antecipou.
o endereço é www.academia.org.br.
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)

2. Informações importantes Usos:


1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra-
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
núncias diferentes para palavras com a mesma significa- ralmente é precedido por artigo = Não sei o porquê da
ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, discussão. É uma pessoa cheia de porquês.
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re- 2. ONDE / AONDE
lampejar/relampear/relampar/relampadar.
Os símbolos das unidades de medida são escritos Onde = empregado com verbos que não expressam
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar a ideia de movimento = Onde você está?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L. que expressam movimento = Aonde você vai?

Na indicação de horas, minutos e segundos, não 3. MAU / MAL


deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h,
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
LÍNGUA PORTUGUESA

nutos e trinta e quatro segundos). como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
O símbolo do real antecede o número sem espaço: mau elemento.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar-
ra vertical ($). Mal = pode ser usado como
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
“logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
mal na prova?

2
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou 10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
não compensa. geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos-
pitalar, super-homem.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa termina com a mesma vogal do segundo elemento:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- vação, etc.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira #FicaDica
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Saraiva, 2002. Lembrete da Zê!
Ao separar palavras na translineação (mu-
SITE dança de linha), caso a última palavra a ser
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- escrita seja formada por hífen, repita-o na
tografia próxima linha. Exemplo: escreverei anti-in-
flamatório e, ao final, coube apenas “anti-”.
4. Hífen Na próxima linha escreverei: “-inflamatório”
(hífen em ambas as linhas). Devido à diagra-
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para mação, pode ser que a repetição do hífen na
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- translineação não ocorra em meus conteú-
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos dos, mas saiba que a regra é esta!
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se-
B) Não se emprega o hífen:
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro).
1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter-
mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
“s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes:
Ortográfica:
antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema,
1. Em palavras compostas por justaposição que for- minissaia, microrradiografia, etc.
mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudopre-
que se unem para formam um novo significado: fixo termina em vogal e o segundo termo inicia-se
tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-co- com vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coedu-
ronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, ar- cação, autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico,
co-íris, primeiro-ministro, azul-escuro. plurianual, autoescola, infraestrutura, etc.
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
zoológicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abó- “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
bora-menina, erva-doce, feijão-verde. cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
recém-casado. coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algumas ção, coexistir, etc.
exceções continuam por já estarem consagradas pelo 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé- de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para-
-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, deus-dará. quedista, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio- 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com- to, benquerer, benquerido, etc.
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria,
Angola-Brasil, etc. Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
per- quando associados com outro termo que é ini- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado,
LÍNGUA PORTUGUESA

ciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-ra- pressuposto, propor.


cional, etc. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso,
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-huma-
ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. no, super-realista, alto-mar.
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: pré- Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, an-
-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, etc. tisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, ul-
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra- trassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, au-
ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. toajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.

3
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa cadas como:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
SITE papel
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/ Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
ortografia ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
EXERCÍCIOS COMENTADOS Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces- tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
pe – 2013 – adaptada)
2 Os acentos
A fim de solucionar o litígio, atos sucessivos e concatena-
dos são praticados pelo escrivão. Entre eles, estão os atos A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
de comunicação, os quais são indispensáveis para que e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras
os sujeitos do processo tomem conhecimento dos atos representam as vogais tônicas de palavras como pá, caí,
acontecidos no correr do procedimento e se habilitem a público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicida-
exercer os direitos que lhes cabem e a suportar os ônus de, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
que a lei lhes impõe. B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações). “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguin- C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
tes. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
o litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à de- em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
manda e o trecho “tomem conhecimento dos atos acon- mülleriano (de Müller)
tecidos no correr do procedimento” fosse, por sua vez, E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
substituído por conheçam os atos havidos no transcurso vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
do acontecimento.
2.1 Regras fundamentais
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
Resposta: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.
primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in- Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
a necessidade de avaliar a segunda substituição. guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos,
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:
i, is: táxi – lápis – júri
Acentuação. us, um, uns: vírus – álbuns – fórum
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax –
Quanto à acentuação, observamos que algumas pa- fórceps
lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou
Por isso, vamos às regras! não de “s”: água – pônei – mágoa – memória
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Regras básicas
#FicaDica
A acentuação tônica está relacionada à intensida-
de com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se esta palavra apresenta as terminações das
como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U
com menos intensidade, são denominadas de átonas. (aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim
ficará mais fácil a memorização!

4
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando 2.4 Regra do Hiato
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen- Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
tuadas, independentemente de sua terminação: árvore, da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
paralelepípedo, cárcere. acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
2.2 Regras especiais quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento verem seguidas do dígrafo nh:
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em ra-i-nha, ven-to-i-nha.
palavras paroxítonas. Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
FIQUE ATENTO! do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber- tonas):
tos estiverem em uma palavra oxítona (he-
rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen-
Antes Agora
tuados: dói, escarcéu.
bocaiúva bocaiuva
feiúra feiura
Antes Agora Sauípe Sauipe
assembléia assembleia
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
idéia ideia abolido:
geléia geleia
jibóia jiboia Antes Agora
apóia (verbo apoiar) apoia crêem creem
paranóico paranoico lêem leem
vôo voo
2.3 Acento Diferencial
enjôo enjoo
Representam os acentos gráficos que, pelas regras de
acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para
diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala- #FicaDica
vras e/ou tempos verbais. Por exemplo: Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per- verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do que não recebem mais acento como antes:
Indicativo do mesmo verbo). CRER, DAR, LER e VER.
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se, Repare:
para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição. O menino crê em você. / Os meninos creem em você.
Os demais casos de acento diferencial não são mais Elza lê bem! / Todas leem bem!
utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti- Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama- garotos deem o recado!
ticais são definidos pelo contexto. Rubens vê tudo! / Eles veem tudo!
Polícia para o trânsito para que se realize a operação Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con- à tarde!
junção (com relação de finalidade). As formas verbais que possuíam o acento tônico na
raiz, com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de
“e” ou “i” não serão mais acentuadas:
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando, na frase, der para substituir o Antes Depois


“por” por “colocar”, estaremos trabalhando apazigúe (apaziguar) apazigue
com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
mais casos, “por” é preposição: Faço isso averigúe (averiguar) averigue
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros argúi (arguir) argui
aqui?

5
Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pes- Resposta: Errado. Pó = monossílaba terminada em
soa do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm “o”; só = monossílaba terminada em “o”; céu = monos-
(verbo vir). A regra prevalece também para os verbos con- sílaba terminada em ditongo aberto “éu”.
ter, obter, reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele
obtém – eles obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém
– eles convêm. FLEXÃO NOMINAL E VERBAL.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Flexão Nominal
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- 1. Flexão de número
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. Os nomes (substantivo, adjetivo etc.), de modo geral, ad-
mitem a flexão de número: singular e plural: animal/animais.
SITE
I – Na maioria das vezes, acrescenta-se S: ponte/pontes;
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm
bonito/bonitos;
II – Palavras terminadas em R ou Z: acrescenta-se ES: éter/
éteres; avestruz/avestruzes. O pronome qualquer faz o plural
EXERCÍCIOS COMENTADOS no meio: quaisquer;
III – Palavras oxítonas terminadas em S: acrescenta-se ES:
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe ananás/ananases. As paroxítonas e as proparoxítonas são in-
– 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em variáveis: o pires/os pires, o ônibus/os ônibus;
conformidade com a mesma regra ortográfica. IV – Palavras terminadas em IL: átono: trocam IL por EIS:
fóssil/fósseis;
( ) CERTO ( ) ERRADO tônico: trocam L por S: funil/funis.
V – Palavras terminadas em EL:
Resposta: Certo. “Série” = acentua-se a paroxítona átono: plural em EIS: nível/níveis.
terminada em ditongo / “história” - acentua-se a pa- tônico: plural em ÉIS: carretel/carretéis.
roxítona terminada em ditongo VI – Palavras terminadas em X são invariáveis: o clímax/
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona os clímax.
terminada em ditongo. Há palavras cuja sílaba tônica avança: júnior/juniores; ca-
Observação: nestes casos, admitem-se as separações ráter/caracteres. A palavra
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí- Caracteres é plural tanto de caractere quanto de caráter.
tonas. VII – Palavras terminadas em ão fazem o plural em ãos,
ães e ões.
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012) Em ões: balões, corações, grilhões, melões, gaviões.
Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento Em ãos: pagãos, cristãos, cidadãos, bênçãos, órgãos. Os
gráfico tem justificativas gramaticais diferentes. paroxítonos, como os dois últimos, sempre fazem o plural
em ãos.
( ) CERTO ( ) ERRADO Em ães: escrivães, tabeliães, capelães, capitães, alemães.
Em ões ou ãos: corrimões/corrimãos; verões/verãos;
Resposta: Errado. Análise = proparoxítona / mínimos
anões/anãos.
= proparoxítona. Ambas são acentuadas pela mesma
Em ões ou ães: charlatões/charlatães; guardiões/guar-
regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais forte”).
diães; cirugiões/cirurgiães.
Em ões, ãos ou ães: anciões/anciãos/anciães; ermitões/
3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem ermitãos/ermitães.
acento gráfico com base na mesma regra de acentuação VIII – Plural dos diminutivos com a letra z. Coloca-se a
gráfica. palavra no plural, corta-se o S e acrescenta-se zinhos (ou zi-
nhas): coraçãozinho/corações/corações/coraçõezinhos.
( ) CERTO ( ) ERRADO IX – Plural com metafonia (ô - ó). Algumas palavras, quan-
do vão ao plural, abrem o timbre da vogal “o”, outras não.
Resposta: Certo. Indivíduo = paroxítona terminada Com metafonia singular (ô) plural (ó): coro/coros; corvo/cor-
em ditongo; diária = paroxítona terminada em diton- vos; destroço/destroços. Sem metafonia singular (ô) plural
LÍNGUA PORTUGUESA

go; paciência = paroxítona terminada em ditongo. Os (ô): adorno/adornos; bolso/bolsos; transtorno/transtornos.


três vocábulos são acentuados devido à mesma regra. X – Casos especiais: aval/avales e avaiscal; cales/caiscós;
coses/cós; fel/feles e féis; mal/males; cônsul/cônsules.
4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As XI – Os dois elementos variam. Quando os compostos
palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com são formados por substantivo mais palavra variável (ad-
a mesma regra de acentuação gráfica. jetivo, substantivo, numeral, pronome): amor-perfeito/
amores-perfeitos; couve-flor/couves-flores; segunda-fei-
( ) CERTO ( ) ERRADO ra/segundas-feiras.

6
- Só o primeiro elemento varia. Quando há prepo- de/freira; ilhéu/ilhoa; judeu/judia; marajá/marani; mon-
sição no composto, mesmo que oculta: pé-de-moleque ge/ monja; pigmeu/pigmeia; píton/pitonisa; sandeu/san-
− pés-de-moleque; cavalo-vapor − cavalos-vapor (de ou dia; sultão/sultana.
a vapor). Quando o segundo substantivo determina o Alguns substantivos são uniformes quanto ao gêne-
primeiro (fim ou semelhança): banana-maçã − bananas- ro, ou seja, possuem uma única forma para masculino e
-maçã (semelhante a maçã); navio-escola − navios-esco- feminino. Podem ser:
la (a finalidade é a escola). Sobrecomuns: admitem apenas um artigo, podendo de-
Alguns autores admitem a flexão dos dois elemen- signar os dois sexos: a pessoa, o cônjuge, a testemunha.
tos. É uma situação polêmica: mangas-espada (preferível) Comuns de dois gêneros: admitem os dois artigos, po-
ou mangas-espadas. Quando dizemos (e isso vai ocorrer dendo então ser masculinos ou femininos: o estudante/a es-
outras vezes) que é uma situação polêmica, discutível, tudante; o cientista/a cientista; o patriota/a patriota.
convém ter em mente que a questão do concurso deve Epicenos: admitem apenas um artigo, designando os
ser resolvida por eliminação, ou seja, analisando bem as animais: O jacaré, a cobra, o polvo;
outras opções. O feminino de elefante é elefanta e não elefoa. Aliá
XII – Apenas o último elemento varia. Quando os ele- é correto, mas designa apenas uma espécie de elefanta.
mentos são adjetivos: hispano-americano/hispano-ame- Mamão, para alguns gramáticos, deve ser considerado
ricanos. A exceção é surdo-mudo, em que os dois ad- epiceno. É algo discutível.
jetivos se flexionam: surdos-mudos. Nos compostos em Há substantivos de gênero duvidoso, que as pessoas
que aparecem os adjetivos grão, grã e bel: grão-duque/ costumam trocar: champanha aguardente, dó, alface,
grão-duques; grã-cruz/grã-cruzes; bel-prazer/bel-praze- eclipse, calformicida, cataplasma, grama (peso), grafite,
res. Quando o composto é formado por verbo ou qual- milhar libido, plasma, soprano, mousse, suéter, preá, te-
quer elemento invariável (advérbio, interjeição, prefixo lefonema.
etc.) mais substantivo ou adjetivo: arranha-céu/arranha- Existem substantivos que admitem os dois gêneros:
-céus; sempre-viva/sempre-vivas; super-homem/super- diabetes (ou diabete), laringe, usucapião etc.
-homens. Quando os elementos são repetidos ou ono-
matopaicos (representam sons): reco-reco/reco-recos; 3. Flexão de Grau
pingue-pongue/pingue-pongues; bem-te-vi/bem-te-vis.
Como se vê pelo segundo exemplo, pode haver algu- Grau do substantivo
ma alteração nos elementos, ou seja, não serem iguais. I – Normal ou Positivo: sem nenhuma alteração.
II – Aumentativo: Sintético: chapelão.
Se forem verbos repetidos, admite-se também pôr os
Analítico: chapéu grande, chapéu enorme etc.
dois no plural: pisca-pisca/pisca-piscas ou piscas-piscas.
III – Diminutivo: Sintético: chapeuzinho. Analítico: cha-
XIII – Nenhum elemento varia. Quando há verbo mais
péu pequeno, chapéu reduzido etc. Um grau é sintético
palavra invariável: O cola-tudo/os cola-tudo. Quando há
quando formado por sufixo; analítico, por meio de outras
dois verbos de sentido oposto: o perde-ganha/os per-
palavras.
de-ganha. Nas frases substantivas (frases que se trans-
formam em substantivos): O maria-vai-com-as-outras/os Grau do adjetivo
maria-vai-com-as-outras. IV – Normal ou Positivo: João é forte.
São invariáveis arco-íris, louva-a-deus, sem-vergonha, V – Comparativo: de superioridade: João é mais forte
sem-teto e sem-terra: Os sem-terra apreciavam os arco-í- que André. (ou do que); de inferioridade: João é menos
ris. Admitem mais de um plural: pai-nosso/pais-nossos ou forte que André. (ou do que); de igualdade: João é tão
pai-nossos, padre-nosso/padres-nossos ou padre-nos- forte quanto André. (ou como)
sos; terra-nova/terras-novas ou terra-novas; salvo-con- VI – Superlativo: Absoluto: sintético: João é fortíssimo;
duto/salvos-condutos ou salvo-condutos; xeque-mate/ analítico: João é muito forte (bastante forte, forte demais etc.);
xeques-mates ou xeques-mate; fruta-pão/frutas-pães ou Relativo: de superioridade: João é o mais forte da tur-
frutas-pão; guarda-marinha/guardas-marinhas ou guar- ma; de inferioridade: João é o menos forte da turma.
das-marinha. Casos especiais: palavras que não se en-
caixam nas regras: o bem-me-quer/os bem-me-queres; O grau superlativo absoluto corresponde a um aumen-
o joão-ninguém/os joões-ninguém; o lugar-tenente/os to do adjetivo. Pode ser expresso por um sufixo (íssimo,
lugar-tenentes; o mapa-múndi/os mapas-múndi. érrimo ou imo) ou uma palavra de apoio, como muito,
bastante, demasiadamente, enorme etc. As palavras maior,
2. Flexão de Gênero menor, melhor, e pior constituem sempre graus de supe-
rioridade: O carro é menor que o ônibus; menor (mais pe-
Os substantivos e as palavras que o acompanham na queno): comparativo de superioridade. Ele é o pior do gru-
frase admitem a flexão de gênero: masculino e femini- po; pior (mais mau): superlativo relativo de superioridade.
LÍNGUA PORTUGUESA

no: Meu amigo diretor recebeu o primeiro salário. Minha Alguns superlativos absolutos sintéticos que podem
amiga diretora recebeu a primeira prestação. A flexão de apresentar dúvidas. Acre/acérrimo, amargo/amaríssimo;
feminino pode ocorrer de duas maneiras. amigo/amicíssimo; antigo/antiquíssimo; cruel/crudelís-
I – Com a troca de O ou E por a: lobo – loba; mestre simo; doce/dulcíssimo; fácil/facílimo; feroz/ferocíssimo;
– mestra; fiel/fidelíssimo; geral/generalíssimo; humilde/humílimo;
II – Por meio de diferentes sufixos nominais de gê- magro/macérrimo; negro/nigérrimo; pobre/paupérrimo;
nero, muitas vezes com alterações do radical: ateu/ateia, sagrado/sacratíssimo; sério/seriíssimo; soberbo/super-
bispo/episcopisa, conde/condessa, duque/duquesa, fra- bíssimo.

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Flexão Verbal
CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
As flexões verbais são expressas por meio dos tem-
pos, modo e pessoa da seguinte forma: O tempo indica
o momento em que ocorre o processo verbal; O modo Concordância Verbal e Nominal
indica a atitude do falante (dúvida, certeza, impossibili-
dade, pedido, imposição, etc.); A pessoa marca na forma Os concurseiros estão apreensivos.
do verbo a pessoa gramatical do sujeito. Concurseiros apreensivos.
Tempos: Há tempos do presente, do passado (preté-
rito) e do futuro. No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na
terceira pessoa do plural, concordando com o seu su-
4.1 Modo jeito, os concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo
“apreensivos” está concordando em gênero (masculino)
Modo Indicativo: Indica uma certeza relativa do falan- e número (plural) com o substantivo a que se refere: con-
te com referência ao que o verbo exprime; pode ocorrer curseiros. Nesses dois exemplos, as flexões de pessoa,
no tempo presente, passado ou futuro: número e gênero se correspondem. A correspondência
Presente: Processo simultâneo ao ato da fala, fato de flexão entre dois termos é a concordância, que pode
corriqueiro, habitual: Compro livros nesta livraria. Usa-se ser verbal ou nominal.
também o presente com o valor de passado, passado his-
tórico (nos contos, narrativas) 1. Concordância Verbal
Tempos do Pretérito (passado): Exprimem processos
anteriores ao ato da fala. São eles: É a flexão que se faz para que o verbo concorde com
- Pretérito Imperfeito: Exprime um processo habitual, seu sujeito.
ou com duração no tempo: Naquela época eu cantava
como um pássaro. 1.1. Sujeito Simples - Regra Geral
- Pretérito Perfeito: Exprime uma ação acabada: Paulo O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo
quebrou meu violão de estimação. em número e pessoa. Veja os exemplos:
- Pretérito Mais-que-Perfeito: Exprime um processo
anterior a um processo acabado: Embora tivera deixado A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
a escola, ele nunca deixou de estudar. 3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
Tempos do Futuro: Indicam processos que irão acon-
tecer: Os candidatos à vaga chegarão às 12h.
- Futuro do Presente: Exprime um processo que ainda 3.ª p. Plural 3.ª p. Plural
não aconteceu: Farei essa viagem no fim do ano.
- Futuro do Pretérito: Exprime um processo posterior 1.1.1. Casos Particulares
a um processo que já passou: Eu faria essa viagem se não
tivesse comprado o carro. A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par-
Modo Subjuntivo: Expressa incerteza, possibilidade titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade
ou dúvida em relação ao processo verbal e não está li- de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...)
gado com a noção de tempo. Há três tempos: presente, seguida de um substantivo ou pronome no plural, o
imperfeito e futuro. Quero que voltes para mim; Não verbo pode ficar no singular ou no plural.
pise na grama; É possível que ele seja honesto; Espero A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
que ele fique contente; Duvido que ele seja o culpado; Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
Procuro alguém que seja meu companheiro para sem- ram proposta.
pre; Ainda que ele queira, não lhe será concedida a vaga;
Se eu fosse bailarina, estaria na Rússia; Quando eu tiver Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
dinheiro, irei para as praias do nordeste. dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
Modo Imperativo: Exprime atitude de ordem, pedido dalos destruiu / destruíram o monumento.
ou solicitação: Vai e não voltes mais.
Pessoa: A norma da língua portuguesa estabelece três Observação:
pessoas: Singular: eu, tu, ele, ela. Plural: nós, vós, eles, Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
elas. No português brasileiro é comum o uso do prono- unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
me de tratamento você (s) em lugar do tu e vós. aos elementos que formam esse conjunto.
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Quando o sujeito é formado por expressão que


indica quantidade aproximada (cerca de, mais de,
menos de, perto de...) seguida de numeral e subs-
tantivo, o verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade.
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últi-
mas Olimpíadas.

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Observação: F) O pronome “que” não interfere na concordância;
Quando a expressão “mais de um” se associar a ver- já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa
bos que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: do singular.
Mais de um colega se ofenderam na discussão. (ofende- Fui eu que paguei a conta.
ram um ao outro) Fomos nós que pintamos o muro.
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
C) Quando se trata de nomes que só existem no Sou eu quem faz a prova.
plural, a concordância deve ser feita levando-se Não serão eles quem será aprovado.
em conta a ausência ou presença de artigo. Sem
artigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as-
no plural, o verbo deve ficar o plural. sumir a forma plural.
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan-
Estados Unidos possui grandes universidades. taram os poetas.
Alagoas impressiona pela beleza das praias. Este candidato é um dos que mais estudaram!
As Minas Gerais são inesquecíveis.
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.  Se a expressão for de sentido contrário – nenhum
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou singular:
indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos, Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou Nem uma das que me escreveram mora aqui.
“de vós”, o verbo pode concordar com o primeiro
pronome (na terceira pessoa do plural) ou com o  Quando “um dos que” vem entremeada de subs-
pronome pessoal. tantivo, o verbo pode:
Quais de nós são / somos capazes? 1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves-
Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso? sa o Estado de São Paulo. ( já que não há outro rio
Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino- que faça o mesmo).
vadoras. 2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po-
luídos (noção de que existem outros rios na mesma
Observação: condição).
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize- verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural.
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossa Excelência está cansado?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de Vossas Excelências renunciarão?
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
de acordo com o numeral.
ver no singular, o verbo ficará no singular.
Deu uma hora no relógio da sala.
Qual de nós é capaz?
Deram cinco horas no relógio da sala.
Algum de vós fez isso.
Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
que indica porcentagem seguida de substantivo, o
Observação:
verbo deve concordar com o substantivo.
Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
25% do orçamento do país será destinado à Educação. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
85% dos entrevistados não aprovam a administração O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
do prefeito. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
 Quando a expressão que indica porcentagem não gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
com o número. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
25% querem a mudança. Havia muitas garotas na festa.
LÍNGUA PORTUGUESA

1% conhece o assunto. Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.
 Se o número percentual estiver determinado por
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
-á com eles:
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados.

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1.2. Sujeito Composto Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, ção”. Já em:
a concordância se faz no plural: Juca ou Pedro será contratado.
Pai e filho conversavam longamente. Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.
Sujeito
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam
Pais e filhos devem conversar com frequência. no singular.
Sujeito
 Com as expressões “um ou outro” e “nem um
B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra- nem outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
maticais diferentes, a concordância ocorre da seguinte ma- Um ou outro compareceu à festa.
neira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece sobre a Nem um nem outro saiu do colégio.
segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece sobre a
terceira (eles). Veja:  Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural
Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão. ou no singular: Um e outro farão/fará a prova.
Primeira Pessoa do Plural (Nós)
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por
Tu e teus irmãos tomareis a decisão. “com”, o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos re-
Segunda Pessoa do Plural (Vós) cebem um mesmo grau de importância e a palavra “com”
tem sentido muito próximo ao de “e”.
Pais e filhos precisam respeitar-se. O pai com o filho montaram o brinquedo.
Terceira Pessoa do Plural (Eles) O governador com o secretariado traçaram os planos
para o próximo semestre.
Observação: O professor com o aluno questionaram as regras.
Quando o sujeito é composto, formado por um elemen-
to da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se
empregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e a ideia é enfatizar o primeiro elemento.
teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”. O pai com o filho montou o brinquedo.
O governador com o secretariado traçou os planos
C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
para o próximo semestre.
passa a existir uma nova possibilidade de concordância: em
O professor com o aluno questionou as regras.
vez de concordar no plural com a totalidade do sujeito, o
verbo pode estabelecer concordância com o núcleo do su-
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
jeito mais próximo.
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expres-
Faltaram coragem e competência.
Faltou coragem e competência. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
Compareceram todos os candidatos e o banca. adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
Compareceu o banca e todos os candidatos. vesse uma inversão da ordem. Veja:
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân- “O governador traçou os planos para o próximo semes-
cia é feita no plural. Observe: tre com o secretariado.”
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O professor questionou as regras com o aluno.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro.
Casos em que se usa o verbo no singular:
1.2.1. Casos Particulares Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
 Quando o sujeito composto é formado por nú-
cleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin- Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
gular. pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
Descaso e desprezo marca seu comportamento. somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
A coragem e o destemor fez dele um herói. o verbo ficará no plural.
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
 Quando o sujeito composto é formado por nú- Nordeste.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular: Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
LÍNGUA PORTUGUESA

Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segun- notícia.


do me satisfaz.
Quando os elementos de um sujeito composto são
 Quando os núcleos do sujeito composto são uni- resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
dos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de é feita com esse termo resumidor.
acordo com o valor semântico das conjunções: Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia.
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe- Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
sia brasileira. na vida das pessoas.

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1.2.2 Outros Casos B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro
no plural, o verbo SER concordará, preferencial-
O Verbo e a Palavra “SE” mente, com o que estiver no plural:
Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há Os livros são minha paixão!
duas de particular interesse para a concordância verbal: Minha paixão são os livros!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora. Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se”
acompanha os verbos intransitivos, transitivos indiretos  horas e distâncias, concordará com a expressão
e de ligação, que obrigatoriamente são conjugados na numérica:
terceira pessoa do singular: É uma hora.
Precisa-se de funcionários. São quatro horas.
Confia-se em teses absurdas. Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilô-
metros.
Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indi-  datas, concordará com a palavra dia(s), que pode
retos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse estar expressa ou subentendida:
caso, o verbo deve concordar com o sujeito da oração.
Exemplos: Hoje é dia 26 de agosto.
Construiu-se um posto de saúde. Hoje são 26 de agosto.
Construíram-se novos postos de saúde.
Aqui não se cometem equívocos  Quando o sujeito indicar peso, medida, quantida-
Alugam-se casas. de e for seguido de palavras ou expressões como
pouco, muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER
fica no singular:
#FicaDica Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
Duas semanas de férias é muito para mim.
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
 Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
se construída for “compreensível”, estaremos
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
diante de uma partícula apassivadora; se não, o
concordará o verbo.
“se” será índice de indeterminação. Veja:
No meu setor, eu sou a única mulher.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Aqui os adultos somos nós.
Tentemos a voz passiva:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Observação:
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
Agora:
o pronome sujeito.
Vendem-se casas.
Eu não sou ela.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
Ela não é eu.
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
ça? Agora é só memorizar!)
ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
O Verbo “Ser”
O Verbo “Parecer”
A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução
sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân- verbal (é seguido de infinitivo), admite duas concordân-
cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo cias:
do sujeito.  Ocorre variação do verbo PARECER e não se fle-
xiona o infinitivo: As crianças parecem gostar do
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o sujeito ou o predicativo for: desenho.

A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo  A variação do verbo parecer não ocorre e o infini-
SER concorda com a pessoa gramatical: tivo sofre flexão:
Ele é forte, mas não é dois. As crianças parece gostarem do desenho.
Fernando Pessoa era vários poetas. (essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho
A esperança dos pais são eles, os filhos. aas crianças)

11
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
FIQUE ATENTO!
vo não for acompanhado de nenhum modificador:
Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER Água é bom para saúde.
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- O adjetivo concorda com o substantivo, se este for
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes modificado por um artigo ou qualquer outro determina-
têm ouvidos = oração subordinada substantiva tivo: Esta água é boa para saúde.
subjetiva).
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
Concordância Nominal trou-as muito felizes.

A concordância nominal se baseia na relação entre E) Nas expressões formadas por pronome indefinido
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição
ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes DE + adjetivo, este último geralmente é usado no
adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se: masculino singular: Os jovens tinham algo de mis-
normalmente, o substantivo funciona como núcleo de terioso.
um termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adno- F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem
minal. função adjetiva e concorda normalmente com o
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as nome a que se refere:
seguintes regras gerais: Cristina saiu só.
A) O adjetivo concorda em gênero e número quando Cristina e Débora saíram sós.
se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
denunciavam o que sentia. Observação:
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape-
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável:
B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos,
Eles só desejam ganhar presentes.
a concordância pode variar. Podemos sistematizar
essa flexão nos seguintes casos:
#FicaDica
 Adjetivo anteposto aos substantivos:
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
O adjetivo concorda em gênero e número com o
a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se
substantivo mais próximo.
de advérbio, portanto, invariável; se houver
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
coerência com o segundo, função de adjetivo,
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
então varia:
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
Ele está só descansando. (apenas descansando)
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
- advérbio
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo:
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des-
cansando)
 Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
ou com todos eles (assumindo a forma masculina G) Quando um único substantivo é modificado por
plural se houver substantivo feminino e masculi- dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
no). das as construções:
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.  O substantivo permanece no singular e coloca-se
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
A indústria oferece localização e atendimento perfeitos. espanhola e a portuguesa.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.  O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
Observação: portuguesa.
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos 1. Casos Particulares
LÍNGUA PORTUGUESA

dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado


no plural masculino, que é o gênero predominante quan- É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
do há substantivos de gêneros diferentes. mitido
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad-
jetivo fica no singular ou plural.  Estas expressões, formadas por um verbo mais um
A beleza e a inteligência feminina(s). adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
O carro e o iate novo(s). referem possuir sentido genérico (não vier prece-
dido de artigo).

12
É proibido entrada de crianças. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Em certos momentos, é necessário atenção. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
No verão, melancia é bom. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
É preciso cidadania. Paulo: Saraiva, 2010.
Não é permitido saída pelas portas laterais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Quando o sujeito destas expressões estiver deter- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
o verbo como o adjetivo concordam com ele.
É proibida a entrada de crianças. SITE
Esta salada é ótima. http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php
A educação é necessária.
São precisas várias medidas na educação.

Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - EXERCÍCIOS COMENTADOS


Quite
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e nú- pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência
mero com o substantivo ou pronome a que se referem. e Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre
Seguem anexas as documentações requeridas. na segunda pessoa do plural e no feminino, exigem fle-
A menina agradeceu: - Muito obrigada. xão verbal de terceira pessoa; além disso, o pronome
Muito obrigadas, disseram as senhoras. possessivo que faz referência ao pronome de tratamento
Seguem inclusos os papéis solicitados. também deve ser o de terceira pessoa, e o adjetivo que
Estamos quites com nossos credores. remete ao pronome de tratamento deve concordar em
gênero e número com a pessoa — e não com o pronome
Bastante - Caro - Barato - Longe
— a que se refere.
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
( ) CERTO ( ) ERRADO
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe-
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje-
Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân-
tivos, ou numerais.
cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho.
(pronome adjetivo) gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
As casas estão caras. (adjetivo) cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
Achei barato este casaco. (advérbio) homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo) “Vossas Senhorias gostariam de um café?”.

Meio - Meia 2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bási-


cos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – Ces-
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo, pe – 2017)
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
meia porção de polentas. Texto CB3A2BBB
Quando empregada como advérbio permanece inva-
riável: A candidata está meio nervosa. O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
estão na base das Constituições democráticas modernas.
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
#FicaDica conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim tempo, o processo de democratização do sistema in-
saberei que se trata de um advérbio, não de ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”. do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
LÍNGUA PORTUGUESA

dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos


Alerta - Menos humanos, democracia e paz são três elementos funda-
mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem humanos reconhecidos e protegidos, não há democra-
sempre invariáveis. cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
Os concurseiros estão sempre alerta. para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
Não queira menos matéria! a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se
tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns

13
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que 5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Conhe-
não tenha a guerra como alternativa, somente quando cimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINISTRAÇÃO
existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele Es- PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 – adapta-
tado, mas do mundo. da) (...) Há décadas, países como China e Índia têm envia-
Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson do estudantes para países centrais, com resultados muito
Coutinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adap- positivos.(...)
tações). A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída
por Fazem.
Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A2B-
BB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser subs- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tituídos, respectivamente, por
a) não existe e não têm. Resposta: Errado. O verbo “fazer”, quando empre-
b) não existe e inexiste. gado no sentido de tempo passado, não sofre flexão.
c) inexiste e não há. Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas”
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.
REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL.
Resposta: Letra C.
Busquemos o contexto:
- sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL
democracia = poderíamos substituir por “não existe”, ine-
xiste (verbo “haver” empregado com o sentido de “existir”) Dá-se o nome de regência à relação de subordinação
- sem democracia, não existem as condições mínimas que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis- (regência nominal) e seus complementos.
tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
que devemos concordar com “as condições mínimas”.
A única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que A regência verbal estuda a relação que se estabele-
pode ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos: ce entre os verbos e os termos que os complementam
sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, ine- (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
xiste democracia; sem democracia, não há as condições juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
mínimas para a solução pacífica dos conflitos. regência, o que corresponde à diversidade de significa-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér- contexto em que forem empregados.
cio Exterior – Analista Técnico Administrativo – cespe A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
– 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita com os contentar.
resultados das negociações”, o adjetivo estará corretamen- A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
te empregado se dirigido a ministro de Estado do sexo agrado ou prazer”, satisfazer.
masculino, pois o termo “satisfeita” deve concordar com Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
a locução pronominal de tratamento “Vossa Excelência”. “agradar a alguém”.

( ) CERTO ( ) ERRADO O conhecimento do uso adequado das preposições


é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for verbal (e também nominal). As preposições são capazes
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; de modificar completamente o sentido daquilo que está
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá flexão sendo dito.
de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento é ape- Cheguei ao metrô.
nas a maneira como tratar a autoridade, não regendo Cheguei no metrô.
as demais concordâncias. No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocidade, A voluntária distribuía leite às crianças.
persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge a no- A voluntária distribuía leite com as crianças.
ção contemporânea de agilidade, transformada em princi- Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado
pal característica de nosso tempo. como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (ob-
LÍNGUA PORTUGUESA

A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramatical para jeto indireto: às crianças); na segunda, como transitivo
o texto, ser flexionada no plural, para concordar com “veloci- direto (objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto
dade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade” adverbial).
Para estudar a regência verbal, agruparemos os ver-
( ) CERTO ( ) ERRADO bos de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é
um fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de dife-
Resposta: Errado. O verbo está concordando com o rentes formas em frases distintas.
termo “combinação”, por isso deve ficar no singular.

14
A) Verbos Intransitivos verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que
Os verbos intransitivos não possuem complemento. É não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tô-
importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos nicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes
aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los. átonos lhe, lhes.

Chegar, Ir Os verbos transitivos indiretos são os seguintes:


Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver- Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo-
biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos
indicar destino ou direção são: a, para. iguais para todos.

Fui ao teatro. Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-


Adjunto Adverbial de Lugar mentos introduzidos pela preposição “a”:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais.
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
Ricardo foi para a Espanha.
Adjunto Adverbial de Lugar
Responder - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
Comparecer
quem” ou “ao que” se responde.
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por Respondi ao meu patrão.
em ou a. Respondemos às perguntas.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o Respondeu-lhe à altura.
último jogo. Observação:
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
B) Verbos Transitivos Diretos do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
Os verbos transitivos diretos são complementados por analítica:
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição O questionário foi respondido corretamente.
para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre- Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.
gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver- tos introduzidos pela preposição “com”.
bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após Antipatizo com aquela apresentadora.
formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos. nam para uma minoria privilegiada.
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxi-
liar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, de- Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa-
fender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem des-
prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar. taque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São ver-
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente bos que apresentam objeto direto relacionado a coisas e
como o verbo amar: objeto indireto relacionado a pessoas.
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Amo aquela moça. / Amo-a.
Objeto Indireto Objeto Direto
Amam aquele rapaz. / Amam-no.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Paguei o débito ao cobrador.
Objeto Direto Objeto Indireto
Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos ad- com particular cuidado:
nominais): Agradeci o presente. / Agradeci-o.
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto) Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carreira) Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor) Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
LÍNGUA PORTUGUESA

C) Verbos Transitivos Indiretos Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.


Os verbos transitivos indiretos são complementados
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Informar
gem uma preposição para o estabelecimento da relação Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos Informe os novos preços aos clientes.
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti- Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de vos preços)

15
Na utilização de pronomes como complementos, veja Agradar
as construções: Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços. nhos, acariciar, fazer as vontades de.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou Sempre agrada o filho quando.
sobre eles) Aquele comerciante agrada os clientes.

Observação: Agradar é transitivo indireto no sentido de causar


A mesma regência do verbo informar é usada para os agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir. introduzido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
Comparar O cantor não lhes agradou.
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
as preposições “a” ou “com” para introduzir o comple- O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire-
mento indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com to: O cantor desagradou à plateia.
o) de uma criança.
Aspirar
Pedir Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, ins-
Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente pirar (o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o)
na forma de oração subordinada substantiva) e indireto Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter
de pessoa. como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (As-
pirávamos a ele)
Pedi-lhe favores. Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pes-
Objeto Indireto Objeto Direto soa, as formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são
utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio. Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Aspiravam a ela)
tantiva Objetiva Direta
Assistir
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- tar assistência a, auxiliar.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
palavra licença estiver subentendida. As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em
casa. Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
ciar, estar presente, caber, pertencer.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- Assistimos ao documentário.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de Não assisti às últimas sessões.
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). Essa lei assiste ao inquilino.

Preferir No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-


Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
indireto introduzido pela preposição “a”: lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais. conturbada cidade.
Prefiro trem a ônibus.
Chamar
Observação: Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem licitar a atenção ou a presença de.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve- Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo má-la.
prefixo existente no próprio verbo (pre). Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
Mudança de Transitividade - Mudança de Significado apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- dicativo preposicionado ou não.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe- A torcida chamou o jogador mercenário.
LÍNGUA PORTUGUESA

cimento das diferentes regências desses verbos é um re- A torcida chamou ao jogador mercenário.
curso linguístico muito importante, pois além de permitir A torcida chamou o jogador de mercenário.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece A torcida chamou ao jogador de mercenário.
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Dentre Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
os principais, estão: Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

Custar

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Custar é intransitivo no sentido de ter determinado Querer
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver- Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter
bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito. vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo Queremos um país melhor.
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
duzida de infinitivo. Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição,
estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada Visar
Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mi-
rar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
Custou-me (a mim) crer nisso. O homem visou o alvo.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- O gerente não quis visar o cheque.
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como
A Gramática Normativa condena as construções que objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por O ensino deve sempre visar ao progresso social.
pessoa: Custei para entender o problema. Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-es-
= Forma correta: Custou-me entender o problema. tar público.

Implicar Esquecer – Lembrar


Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos: Lembrar algo – esquecer algo
A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronomi-
implicavam um firme propósito. nal)
B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação. No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja,
exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o li-
Como transitivo direto e indireto, significa compro- vro.
meter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc)
econômicas. e exigem complemento com a preposição “de”. São, por-
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transiti- tanto, transitivos indiretos:
vo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com Ele se esqueceu do caderno.
quem não trabalhasse arduamente. Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Namorar Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
anos. Há uma construção em que a coisa esquecida ou lem-
brada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve
Obedecer - Desobedecer alteração de sentido. É uma construção muito rara na lín-
Sempre transitivo indireto: gua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos
Todos obedeceram às regras. clássicos tanto brasileiros como portugueses. Machado
Ninguém desobedece às leis. de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias
vezes.
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
“lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas. Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (=
Proceder momentos é sujeito)
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa Simpatizar - Antipatizar
segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
adverbial de modo. Não simpatizei com os jurados.
As afirmações da testemunha procediam, não havia Simpatizei com os alunos.
como refutá-las.
LÍNGUA PORTUGUESA

Você procede muito mal. A norma culta exige que os verbos e expressões que dão
ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a prepo- Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
sição “de”) e fazer, executar (rege complemento introdu- Cláudia desceu ao segundo andar.
zido pela preposição “a”) é transitivo indireto. Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.

17
2 Regência Nominal

É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de

Advérbios
Longe de Perto de
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.

18
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- OCORRÊNCIA DE CRASE.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Crase
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos
SITE pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61. com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as
php quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar-
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo,
à qual, às quais.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona-
EXERCÍCIO COMENTADO do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
– 2014 – adaptada) que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, sé- termo regido é aquele que completa o sentido do termo
ria e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
das estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
culturais de todos os Estados e sociedades. Suas con- contratada recentemente.
sequências infligem considerável prejuízo às nações do Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
mundo inteiro, e não são detidas por fronteiras: avançam dos entre parênteses), temos:
por todos os cantos da sociedade e por todos os espaços Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata-
geográficos, afetando homens e mulheres de diferen- da recentemente.
tes grupos étnicos, independentemente de classe social
e econômica ou mesmo de idade. Questão de relevân- O verbo referir, de acordo com sua transitividade,
cia na discussão dos efeitos adversos do uso indevido classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos re-
de drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e ferimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição
dos crimes conexos — geralmente de caráter transna- a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o
cional — com a criminalidade e a violência. Esses fato- pronome demonstrativo aquela (àquela).
res ameaçam a soberania nacional e afetam a estrutura
social e econômica interna, devendo o governo adotar Observações importantes:
uma postura firme de combate ao tráfico de drogas, ar- Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
ticulando-se internamente e com a sociedade, de forma confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de prevenção  Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
e repressão e garantir o envolvimento e a aprovação dos equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
cidadãos. crase está confirmada.
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. Os dados foram solicitados à diretora.
Os dados foram solicitados ao diretor.
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em  No caso de nomes próprios geográficos, substi-
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência tui-se o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso re-
do vocábulo “conexos”. sulte na expressão “voltar da”, há a confirmação da
crase.
( ) CERTO ( ) ERRADO Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância
na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de Não me esqueço da viagem a Roma.
drogas é a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
crimes conexos — geralmente de caráter transnacional mais vividos.
— com a criminalidade e a violência.
O termo está se referindo à associação – associação Nas situações em que o nome geográfico se apresen-
LÍNGUA PORTUGUESA

do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a crimi- tar modificado por um adjunto adnominal, a crase está
nalidade (2) (associação daquilo [1] com isso [2]) confirmada.
Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias.

19
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos
#FicaDica uma locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedes-
tre foi arremessado à distância de cem metros.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou  De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a -, faz-se necessário o emprego da crase.
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra Ensino à distância.
quê?) Ensino a distância.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!)  Em locuções adverbiais formadas por palavras re-
petidas, não há ocorrência da crase.
Ela ficou frente a frente com o agressor.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor- Eu o seguirei passo a passo.
rerá crase. Veja:
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo Casos em que não se admite o emprego da crase:
que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
Irei à Salvador de Jorge Amado. Antes de vocábulos masculinos.
As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), Esta caneta pertence a Pedro.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
regente exigir complemento regido da preposição “a”.
Antes de verbos no infinitivo.
Entregamos a encomenda àquela menina.
Ele estava a cantar.
(preposição + pronome demonstrativo)
Começou a chover.
Iremos àquela reunião.
(preposição + pronome demonstrativo) Antes de numeral.
O número de aprovados chegou a cem.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando Faremos uma visita a dez países.
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
(preposição + pronome demonstrativo) Observações:
 Nos casos em que o numeral indicar horas – fun-
A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad- cionando como uma locução adverbial feminina –
verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento ocorrerá crase: Os passageiros partirão às dezenove
grave: horas.
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às  Diante de numerais ordinais femininos a crase está
pressas, à vontade... confirmada, visto que estes não podem ser empre-
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- gados sem o artigo: As saudações foram direciona-
cura de... das à primeira aluna da classe.
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida  Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
que. essa não se apresentar determinada: Chegamos to-
dos exaustos a casa.
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto
a função de locuções não ocorrerá crase. Repare: adnominal, a crase estará confirmada: Chegamos todos
Eu adoro a noite! exaustos à casa de Marcela.
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não  Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
preposição. indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
ram a terra, já era noite.
Casos passíveis de nota:
Contudo, se o termo estiver precedido por um de-
terminante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios fe-
mininos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. Paulo viajou rumo à sua terra natal.
 Também é facultativa diante de pronomes posses- O astronauta voltou à Terra.
sivos femininos: O diretor fez referência a (à) sua
empresa.  Não ocorre crase antes de pronomes que reque-
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja rem o uso do artigo.
ficará aberta até as (às) dezoito horas. Os livros foram entregues a mim.
LÍNGUA PORTUGUESA

 Constata-se o uso da crase se as locuções prepo- Dei a ela a merecida recompensa.


sitivas à moda de, à maneira de apresentarem-se
implícitas, mesmo diante de nomes masculinos:  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos
Tenho compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à à senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o
moda de Luís XV) uso da crase está confirmado no “a” que os antece-
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução de, no caso de o termo regente exigir a preposição.
adverbial “a distância”: Na praia de Copacabana, Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.
observamos a queima de fogos a distância.

20
 Não ocorre crase antes de nome feminino utiliza- Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis
do em sentido genérico ou indeterminado: pelo dinheiro público que, por alguma razão, não a cum-
Estamos sujeitos a críticas. priram. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigoro-
Refiro-me a conversas paralelas. sa, se nem nas condições atuais esses responsáveis estão
sendo capazes de cumpri-la? O problema não está na
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS lei. Mudá-la pode ser o pretexto não para torná-la mais
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa rigorosa, mas para atribuir-lhe alguma flexibilidade que
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. a desfigure. O verdadeiro problema é a dificuldade do
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- setor público de adaptar suas despesas às receitas em
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São queda por causa da crise.
Paulo: Saraiva, 2010.
Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-
SITE ções).
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de-
finido feminino determinando o substantivo “receitas”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS ( ) CERTO ( ) ERRADO

1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di-
– 2014 – adaptada) O acento indicativo de crase em “à ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às
humanidade e à estabilidade” é de uso facultativo, razão receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
por que sua supressão não prejudicaria a correção gra- adapta algo/alguém A algo/alguém.
matical do texto.
3. (Fnde – Técnico em Financiamento e Execução de
( ) CERTO ( ) ERRADO Programas e Projetos Educacionais – cespe – 2012) O
emprego do sinal indicativo de crase em “adequando os
Resposta: Errado. Retomemos o contexto: (...) O uso objetivos às necessidades” justifica-se pela regência do
indevido de drogas constitui, na atualidade, séria e per- verbo adequar, que exige complemento regido pela pre-
sistente ameaça à humanidade e à estabilidade das es- posição “a”, e pela presença de artigo definido feminino
truturas e valores políticos (...). antes de “necessidades”.
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já
que os termos “humanidade” e “estabilidade” comple- ( ) CERTO ( ) ERRADO
mentam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” Resposta: Certo. Adequar o quê? – os objetivos (obje-
= a regência nominal pede preposição. to direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) neces-
sidades – objeto indireto. A explicação do enunciado
2. (TCE-PA – Conhecimentos Básicos – AUDITOR DE está correta.
CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL – Cespe –
2016) 4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe
– 2014 – adaptada) No trecho “deu início à sua cami-
Texto CB1A1BBB nhada cósmica”, o emprego do acento grave indicativo
de crase é obrigatório.
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com
o funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que ( ) CERTO ( ) ERRADO
estouraram o limite de gastos com pessoal fixado pela
Lei Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Res- Resposta: Errado. “deu início à sua caminhada cós-
ponsabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria mica” – o uso do acento indicativo de crase, neste caso, é
legislação destinada a assegurar, como alegam, maior ri- facultativo (antes de pronome possessivo).
gor na gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de
responsabilidade fiscal para, segundo argumentam, for-
talecer a estrutura legal que protege o dinheiro público
do mau uso por gestores irresponsáveis.
Examinando-se a situação financeira dos estados que
LÍNGUA PORTUGUESA

preparam sua versão da lei de responsabilidade fiscal,


fica difícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000,
quando entrou em vigor a LRF, esses estados, como os
demais, estão sujeitos a regras precisas para a gestão do
dinheiro público, para a criação de despesas e, em par-
ticular, para os gastos com pessoal. Por que, tendo des-
cumprido algumas dessas regras, estariam interessados
em torná-las ainda mais rigorosas?

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PRONOMES: EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E COLOCAÇÃO. EMPREGO DE TEMPOS,
MODOS E ASPECTOS VERBAIS. VOZES DO VERBO. CLASSES DE PALAVRAS: SUBSTANTIVO,
ADJETIVO, ARTIGO, NUMERAL, PRONOME, VERBO, ADVÉRBIO, PREPOSIÇÃO, CONJUNÇÃO:
EMPREGO E SENTIDO QUE IMPRIMEM ÀS RELAÇÕES QUE ESTABELECEM.

Adjetivo

É a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser e se relaciona com o substantivo, concordando com este
em gênero e número.
As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).

1. Locução adjetiva
Locução = reunião de palavras. Sempre que são necessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coisa, tem-se lo-
cução. Às vezes, uma preposição + substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva (expressão que equivale
a um adjetivo). Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desenfreada).

Observe outros exemplos:

de águia aquilino
de aluno discente
de anjo angelical
de ano anual
de aranha aracnídeo
de boi bovino
de cabelo capilar
de cabra caprino
de campo campestre ou rural
de chuva pluvial
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
LÍNGUA PORTUGUESA

de inverno hibernal ou invernal


de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico

22
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico

Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.

2 Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):


O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito ou do objeto).

3 Adjetivo Pátrio (ou gentílico)


Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Observe alguns deles:

Estados e cidades brasileiras:

Alagoas alagoano
Amapá amapaense
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
LÍNGUA PORTUGUESA

23
4 Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5 Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:

A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.

B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7 Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos subs-
tantivos simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o últi-
mo elemento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos
elementos que formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável.
Por exemplo: a palavra “rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará
como adjetivo. Caso se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjeti-
vado, o adjetivo composto inteiro ficará invariável. Veja:

24
Camisas rosa-claro. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Ternos rosa-claro. dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Olhos verde-claros. seres. Apresenta-se nas formas:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre in-
variáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vesti- Observe alguns superlativos sintéticos:
dos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele-
mentos flexionados: crianças surdas-mudas. benéfico - beneficentíssimo
bom - boníssimo ou ótimo
8 Grau do Adjetivo
comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- cruel - crudelíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- difícil - dificílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
doce - dulcíssimo
A) Comparativo fácil - facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte- fiel - fidelíssimo
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
ou quão. todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- todas.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
ferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rior, grande/maior, baixo/inferior. -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
 As formas menor e pior são comparativos de su- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
mau, respectivamente. nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas – cheíssimo.
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compa-
rações feitas entre duas qualidades de um mesmo REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
elemento, deve-se usar as formas analíticas mais Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
bom, mais mau,mais grande e mais pequeno. Por reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
exemplo: Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
elementos. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
duas qualidades de um mesmo elemento. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-


ferioridade SITE
Sou menos passivo (do) que tolerante. http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
morf32.php
B) Superlativo
O superlativo expressa qualidades num grau muito
elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
tivo e apresenta as seguintes modalidades:

25
Advérbio 2. Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advér-


O ônibus chegou. bio pode ser de:
O ônibus chegou ontem. A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
do próprio advérbio. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei esquerda, ao lado, em volta.
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
(bem) amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
jetivo (claros) sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
centar ideia de: à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Tempo: Ela chegou tarde. quando, de quando em quando, a qualquer mo-
Lugar: Ele mora aqui. mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
Modo: Eles agiram mal. dia.
Negação: Ela não saiu de casa. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
Dúvida: Talvez ele volte. pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
1. Flexão do Advérbio poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
porém, admitem a variação em grau. Observe: pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
dalosamente, bondosamente, generosamente.
A) Grau Comparativo D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
modo que o comparativo do adjetivo: bitavelmente.
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
Renato fala tão alto quanto João. de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
que): Renato fala menos alto do que João. vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
 de superioridade: quem sabe.
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
fala mais alto do que João. cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
fala melhor que João. nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
extremamente, intensamente, grandemente, bem
B) Grau Superlativo (quando aplicado a propriedades graduáveis).
O superlativo pode ser analítico ou sintético: H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
nato fala muito alto. Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
de modo bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala al- durante a adolescência.
tíssimo. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
Observação: aos meus amigos por comparecerem à festa.
As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são
LÍNGUA PORTUGUESA

comuns na língua popular. Saiba que:


Maria mora pertinho daqui. (muito perto) Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
A criança levantou cedinho. (muito cedo) ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
tarde possível.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente,
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu
calma e respeitosamente.

26
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
cer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro bio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
Como saber se a palavra bastante é advérbio verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
(não varia, não se flexiona) ou pronome Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
indefinido (varia, sofre flexão)? Se der, na dade e de tempo, respectivamente.
frase, para substituir o “bastante” por “muito”,
estamos diante de um advérbio; se der para REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
substituir por “muitos” (ou muitas), é um Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
pronome. Veja: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei Paulo: Saraiva, 2010.
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

4. Advérbios Interrogativos SITE


http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? morf75.php
por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referen-
tes às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: Artigo

Interrogação Direta Interrogação Indireta O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
-se como o termo variável que serve para individualizar
Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. ou generalizar o substantivo, indicando, também, o gê-
Onde mora? Indaguei onde morava. nero (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
Por que choras? Não sei por que choras. riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Aonde vai? Perguntei aonde ia. “uma”[s] e “uns]).
Donde vens? Pergunto donde vens.
A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
Quando voltas? Pergunto quando voltas. res determinados, expressos de forma individual: O
concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
5. Locução Adverbial muito.
B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode da! Umas candidatas foram aprovadas!
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi-
nariamente por uma preposição. Veja: 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto,
para dentro, por aqui, etc. Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, teúdo.
em geral, frente a frente, etc. Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
LÍNGUA PORTUGUESA

D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
hoje em dia, nunca mais, etc. Janeiro, Veneza, A Bahia...
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, Quando indicado no singular, o artigo definido pode
o adjetivo e outro advérbio: indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Chegou muito cedo. (advérbio) No caso de nomes próprios personativos, denotando
Joana é muito bela. (adjetivo) a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
De repente correram para a rua. (verbo) do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O
Pedro é o xodó da família.

27
No caso de os nomes próprios personativos estarem 1. Morfossintaxe da Conjunção
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias,
os Incas, Os Astecas... As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 2. Classificação da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
dos. (qualquer classe) as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
ter é uns vinte anos. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
O artigo também é usado para substantivar palavras conjunção depende da existência do outro. Veja:
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por- Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Podemos separá-las por ponto:
Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser
usado: Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
conhecidas: O professor visitará Roma. “mas”. Já em:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
bela Roma. principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
principal).
sairá agora?
Exceção: O senhor vai à festa?
3. Conjunções Coordenativas
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse
São aquelas que ligam orações de sentido completo
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can-
e independente ou termos da oração que têm a mesma
didato cuja nota foi a mais alta. função gramatical. Subdividem-se em:
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- não), não só... mas também, não só... como também,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São bem como, não só... mas ainda.
Paulo: Saraiva, 2010. A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Não só dança, mas também canta.
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC-
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. expressando ideia de contraste ou compensação.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São no entanto, não obstante.
Paulo: Saraiva, 2010. Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
Conjunção ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
Além da preposição, há outra palavra também inva- Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário.
LÍNGUA PORTUGUESA

riável que, na frase, é usada como elemento de ligação:


a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
palavras de mesma função em uma oração: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
São Paulo. conseguinte, por isso, assim.
A prova não será fácil, por isso estou estudando muito. Marta estava bem preparada para o teste, portanto
não ficou nervosa.
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.

28
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São #FicaDica
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. Você deve ter percebido que a conjunção con-
Não demore, que o filme já vai começar. dicional “se” também é conjunção integrante.
Falei muito, pois não gosto do silêncio! A diferença é clara ao ler as orações que são
introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
4. Conjunções Subordinativas da condição para que recebamos um telefo-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma de- sei se farei o concurso. Não há ideia de
las dependente da outra. A oração dependente, intro- condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da
duzida pelas conjunções subordinativas, recebe o nome oração principal (sei) pede complemento (ob-
de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe
começado quando ela chegou. algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
O baile já tinha começado: oração principal a função de objeto direto da oração principal,
quando: conjunção subordinativa (adverbial tempo- sendo classificada como oração subordinada
ral) substantiva objetiva direta.
ela chegou: oração subordinada

As conjunções subordinativas subdividem-se em in- D) Conformativas: introduzem uma oração que ex-
tegrantes e adverbiais: prime a conformidade de um fato com outro. São
elas: conforme, como (= conforme), segundo, con-
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por soante, etc.
elas introduzida completa ou integra o sentido da prin- O passeio ocorreu como havíamos planejado.
cipal. Introduzem orações que equivalem a substantivos,
ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: E) Finais: introduzem uma oração que expressa a fi-
que, se. nalidade ou o objetivo com que se realiza a oração
Quero que você volte. (Quero sua volta) principal. São elas: para que, a fim de que, que, por-
que (= para que), que, etc.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exer- Toque o sinal para que todos entrem no salão.
ce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo
com a circunstância que expressam, classificam-se em: F) Proporcionais: introduzem uma oração que ex-
pressa um fato relacionado proporcionalmente à
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência do expresso na principal. São elas: à
ocorrência da oração principal. São elas: porque, medida que, à proporção que, ao passo que e as
que, como (= porque, no início da frase), pois que, combinações quanto mais... (mais), quanto me-
visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde nos... (menos), quanto menos... (mais), quanto me-
que, etc. nos... (menos), etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. O preço fica mais caro à medida que os produtos es-
casseiam.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expres-
Observação:
sa ideia contrária à da principal, sem, no entanto,
São incorretas as locuções proporcionais à medida
impedir sua realização. São elas: embora, ainda
em que, na medida que e na medida em que.
que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por
mais que, posto que, conquanto, etc.
G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen-
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde
a hipótese ou a condição para ocorrência da princi- que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
pal. São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não sim que), etc.
ser que, desde que, a menos que, sem que, etc. A briga começou assim que saímos da festa.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex-
pressa ideia de comparação com referência à ora-
LÍNGUA PORTUGUESA

ção principal. São elas: como, assim como, tal como,


como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com-
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.

29
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a consequência da principal. São elas: de sorte que, A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
de modo que, sem que (= que não), de forma que, gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
de jeito que, que (tendo como antecedente na oração sante!
principal uma palavra como tal, tão, cada, tanto, ta- B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
manho), etc. nha frente.
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do
exame. As interjeições podem ser formadas por:
 simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
FIQUE ATENTO!  palavras: Oba! Olá! Claro!
Muitas conjunções não têm classificação única,  grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu
imutável, devendo, portanto, ser classificadas Deus! Ora bolas!
de acordo com o sentido que apresentam no
contexto (destaque da Zê!). 1. Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:


A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Atenção! Olha! Alerta!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Paulo: Saraiva, 2010. Ânimo! Adiante!
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamen-
SITE
te! Essa não! Chega! Basta!
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.
I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Quei-
php
ra Deus!
J) Desculpa: Perdão!
Interjeição
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emo- L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
ções, sensações, estados de espírito. É um recurso da M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios!
sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma de- Puxa! Pô! Ora!
corrente de uma situação particular, um momento ou um O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
contexto específico. Exemplos: P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição Deus!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjei- R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
ção
O significado das interjeições está vinculado à maneira Saiba que:
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti- As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que frem variação em gênero, número e grau como os no-
for utilizada. Exemplos: mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al-
Psiu! gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata
contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua; de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem-
Ei, espere!” plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.

Psiu! 2. Locução Interjetiva


LÍNGUA PORTUGUESA

contexto: alguém pronunciando em um hospital; signi-


ficado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!” Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio! Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla-
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte! análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
puxa: interjeição; tom da fala: decepção dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera!

30
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por #FicaDica
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
As palavras anterior, posterior, último, antepe-
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
núltimo, final e penúltimo também indicam
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
posição dos seres, mas são classificadas como
classes gramaticais podem aparecer como inter-
adjetivos, não ordinais.
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
Fique quieto! quintos, etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” 2. Flexão dos numerais
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
dosa e pura!” (Olavo Bilac) quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS cardinais são invariáveis.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Os numerais ordinais variam em gênero e número:
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeiro segundo milésimo
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
SITE
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ primeiras segundas milésimas
morf89.php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
NUMERAL atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- triplas do medicamento.
minada sequência. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
Os numerais traduzem, em palavras, o que os núme- duas terças partes.
ros indicam em relação aos seres. Assim, quando a ex-
pressão é colocada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
trata de numerais, mas sim de algarismos. dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
a ideia expressa pelos números, existem mais algumas nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização
palavras consideradas numerais porque denotam quan- de sentido. É o que ocorre em frases como:
“Me empresta duzentinho...”
tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
É artigo de primeiríssima qualidade!
década, dúzia, par, ambos(as), novena.
O time está arriscado por ter caído na segundona. (=
segunda divisão de futebol)
1. Classificação dos Numerais
3. Emprego e Leitura dos Numerais
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-


Os numerais são escritos em conjunto de três algaris-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo: mos, contados da direita para a esquerda, em forma de
século, par, dúzia, década, bimestre. centenas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma
B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém separação através de ponto ou espaço correspondente a
ou alguma coisa ocupa numa determinada se- um ponto: 8.234.456 ou 8 234 456.
quência: primeiro, segundo, centésimo, etc. Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar
exagero intencional, constituindo a figura de linguagem
conhecida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.

31
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até dé-
cimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)

Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
quatro quarto quádruplo quarto
cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
LÍNGUA PORTUGUESA

onze décimo primeiro - onze avos


doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos

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dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php

Preposição

Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.

1. Tipos de Preposição
LÍNGUA PORTUGUESA

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com,
contra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja,
formadas por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

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A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
a = pela. Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Essa concordância não é característica da preposição, reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
mas das palavras às quais ela se une. Paulo: Saraiva, 2010.
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 Combinação: união da preposição “a” com o ar-
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, SITE
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
 Contração: união de uma preposição com outra
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo- Substantivo
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos,
de + aquele = daquele, em + isso = nisso. Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- veis, as quais denominam todos os seres que existem,
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
do pronome “aquilo”). fenômenos, os substantivos também nomeiam:
 lugares: Alemanha, Portugal
#FicaDica  sentimentos: amor, saudade
 estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono-  qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-  ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois
funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é ar- to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
tigo; o segundo, preposição. substantivos como núcleos de adjuntos adnominais e de
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o adjuntos adverbiais - quando essas funções são desem-
lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a penhadas por grupos de palavras.
apostila. = Nós a trouxemos.
2. Classificação dos Substantivos
2. Relações semânticas (= de sentido) estabeleci-
das por meio das preposições: A) Substantivos Comuns e Próprios
Observe a definição:
Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos. Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Lugar = Sempre a seu lado. casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
Assunto = Falemos sobre futebol. toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma
Tempo = Chegarei em instantes. cidade (em oposição aos bairros).
Causa = Chorei de saudade. Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
Fim ou finalidade = Vim para ficar. e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada
Instrumento = Escreveu a lápis. cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan-
Posse = Vi as roupas da mamãe. tivo comum.
Autoria = livro de Machado de Assis Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
Companhia = Estarei com ele amanhã. uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino,
Matéria = copo de cristal. homem, mulher, país, cachorro.
Meio = passeio de barco. Estamos voando para Barcelona.
LÍNGUA PORTUGUESA

Origem = Nós somos do Nordeste.


Conteúdo = frascos de perfume. O substantivo Barcelona designa apenas um ser da
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso. espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais. aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil.
Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas lo-
cuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução pre-
positiva por trás de.

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B) Substantivos Concretos e Abstratos cancioneiro canções, poesias líricas
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o
ser que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
concílio bispos
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra, esquadra navios de guerra
Brasília.
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- enxoval roupas
ma. falange soldados, anjos

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- fauna animais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou feixe lenha, capim
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, flora vegetais de uma região
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende frota navios mercantes, ônibus
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele- girândola fogos de artifício
za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali- horda bandidos, invasores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem junta médicos, bois, credores, exa-
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida minadores
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
júri jurados
(sentimento).
legião soldados, anjos, demônios
 Substantivos Coletivos leva presos, recrutas

Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
matilha cães de raça
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne- multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto penca bananas, chaves
de seres da mesma espécie (abelhas).
pinacoteca pinturas, quadros
O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, quadrilha ladrões, bandidos
mesmo estando no singular, designa um conjunto de se- ramalhete flores
res da mesma espécie.
rebanho ovelhas

Substantivo coletivo Conjunto de: repertório peças teatrais, obras musicais

assembleia pessoas reunidas réstia alhos ou cebolas

alcateia lobos romanceiro poesias narrativas

acervo livros revoada pássaros

antologia trechos literários selecionados sínodo párocos

arquipélago ilhas talha lenha

banda músicos tropa muares, soldados

bando desordeiros ou malfeitores turma estudantes, trabalhadores


LÍNGUA PORTUGUESA

banca examinadores vara porcos

batalhão soldados
cardume peixes
caravana viajantes peregrinos
cacho frutas

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3. Formação dos Substantivos A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
se faz mediante a utilização das palavras “macho”
A) Substantivos Simples e Compostos e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a terra. macho e o jacaré fêmea.
O substantivo chuva é formado por um único ele- B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
mento ou radical. É um substantivo simples. a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
único elemento. divíduo.
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele- indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto. colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por a artista.
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas-
satempo. Substantivos de origem grega terminados em ema
ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
sintoma, o teorema.
B) Substantivos Primitivos e Derivados  Existem certos substantivos que, variando de
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva gênero, variam em seu significado:
de nenhuma outra palavra da própria língua por- o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
tuguesa. (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origi- a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
na de outra palavra. O substantivo limoeiro, por beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
exemplo, é derivado, pois se originou a partir da mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
palavra limão. clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
4. Flexão dos substantivos
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá- mes
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
exemplo, pode sofrer variações para indicar: Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: - aluna.
meninão / Diminutivo: menininho  Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
ao masculino: freguês - freguesa
A) Flexão de Gênero  Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- no de três formas:
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e sultana
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti-
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns.  Substantivos terminados em -or:
Veja estes títulos de filmes: acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
O velho e o mar troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
Um Natal inesquecível  Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Os reis da praia cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que - profetisa
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:  Substantivos que formam o feminino trocando o
A história sem fim -e final por -a: elefante - elefanta
Uma cidade sem passado  Substantivos que têm radicais diferentes no mas-
As tartarugas ninjas culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca
 Substantivos que formam o feminino de maneira
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor- especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
LÍNGUA PORTUGUESA

mes anteriores: czar – czarina, réu - ré

1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-


tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
para o feminino. Classificam-se em:

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7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
formes a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
Epicenos:
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
forma para indicar o masculino e o feminino. o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- coma, o hematoma.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
palavras macho e fêmea. ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
A cobra macho picou o marinheiro. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. gre. / Uma Londres imensa e triste.
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
8. Sobrecomuns:
Entregue as crianças à natureza. 10. Gênero e Significação

A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas- Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
A criança chorona chamava-se João. que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
A criança chorona chamava-se Maria. bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
Outros substantivos sobrecomuns: te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
boa criatura. ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
Marcela faleceu (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
9. Comuns de Dois Gêneros: na administração da crisma e de outros sacramentos), a
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa; o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
repórter francês - repórter francesa. o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
A palavra personagem é usada indistintamente nos pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acen- (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
tuada preferência pelo masculino: O menino descobriu a voga (moda).
nas nuvens os personagens dos contos de carochinha.
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: B) Flexão de Número do Substantivo
O problema está nas mulheres de mais idade, que não
aceitam a personagem. Em português, há dois números gramaticais: o singu-
lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
LÍNGUA PORTUGUESA

fotográfico Ana Belmonte. rística do plural é o “s” final.

Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó 11. Plural dos Substantivos Simples


)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
proclama, o pernoite, o púbis. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
Exceção: cânon - cânones.

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Os substantivos terminados em “m” fazem o plural A) Flexionam-se os dois elementos, quando for-
em “ns”: homem - homens. mados de:
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
plural pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
- raízes. feitos
adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
Atenção: mens
O plural de caráter é caracteres. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexio- B) Flexiona-se somente o segundo elemento,
nam-se no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quin- quando formados de:
tais; caracol – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas
males, cônsul e cônsules. palavra invariável + palavra variável = alto-falante e
Os substantivos terminados em “il” fazem o plural alto-falantes
de duas maneiras: palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-
1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis -recos
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento,
Observação: quando formados de:
A palavra réptil pode formar seu plural de duas ma- substantivo + preposição clara + substantivo = água-
neiras: répteis ou reptis (pouco usada). -de-colônia e águas-de-colônia
substantivo + preposição oculta + substantivo = ca-
Os substantivos terminados em “s” fazem o plural valo-vapor e cavalos-vapor
de duas maneiras: substantivo + substantivo que funciona como deter-
1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o minante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o
acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses tipo do termo anterior: palavra-chave - palavras-chave,
2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam in- bomba-relógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-
variáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus. -rã, peixe-espada - peixes-espada.

Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
de três maneiras. verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os
2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães saca-rolhas
3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
13. Casos Especiais
Observação:
Muitos substantivos terminados em “ão” apresen- o louva-a-deus e os louva-a-deus
tam dois – e até três – plurais:
aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos an- o bem-te-vi e os bem-te-vis
cião – anciões/anciães/anciãos o bem-me-quer e os bem-me-queres
charlatão – charlatões/charlatães cor-
o joão-ninguém e os joões-ninguém.
rimão – corrimãos/corrimões
guardião – guardiões/guardiães vilão
14. Plural das Palavras Substantivadas
– vilãos/vilões/vilães
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras
Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis:
classes gramaticais usadas como substantivo apresen-
o látex - os látex.
tam, no plural, as flexões próprias dos substantivos.
Pese bem os prós e os contras.
12. Plural dos Substantivos Compostos
O aluno errou na prova dos noves.
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
A formação do plural dos substantivos compostos
depende da forma como são grafados, do tipo de pa-
Observação:
lavras que formam o composto e da relação que esta-
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z”
LÍNGUA PORTUGUESA

belecem entre si. Aqueles que são grafados sem hífen


não variam no plural: Nas provas mensais consegui mui-
comportam-se como os substantivos simples: aguar-
tos seis e alguns dez.
dente/aguardentes, girassol/girassóis, pontapé/ponta-
pés, malmequer/malmequeres.
O plural dos substantivos compostos cujos elemen-
tos são ligados por hífen costuma provocar muitas dú-
vidas e discussões. Algumas orientações são dadas a
seguir:

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15. Plural dos Diminutivos fosso fossos
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” fi- imposto impostos
nal e acrescenta-se o sufixo diminutivo. olho olhos
osso (ô) ossos (ó)
pãe(s) + zinhos = pãezinhos
ovo ovos
animai(s) + zinhos = animaizinhos
poço poços
botõe(s) + zinhos = botõezinhos
porto portos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos
posto postos
farói(s) + zinhos = faroizinhos
tijolo tijolos
tren(s) + zinhos = trenzinhos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços,
bolsos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, so-
flore(s) + zinhas = florezinhas
ros, etc.
mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos Observação:
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas molho (ó) = feixe (molho de lenha).
funi(s) + zinhos = funizinhos
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos
pé(s) + zinhos = pezinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsa-
mes, as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
pé(s) + zitos = pezitos
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
sempre que a terminação preste-se à flexão. com sentido de plural:
Os Napoleões também são derrotados. Aqui morreu muito negro.
As Raquéis e Esteres. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em cape-
las improvisadas.
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros
C) Flexão de Grau do Substantivo
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
shorts, os jazz. 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho consi-
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de derado normal. Por exemplo: casa
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, nho do ser. Classifica-se em:
os réquiens. Analítico = o substantivo é acompanhado de um
Observe o exemplo: adjetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Este jogador faz gols toda vez que joga. Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.

18. Plural com Mudança de Timbre 3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
nho do ser. Pode ser:
Certos substantivos formam o plural com mudança Analítico = substantivo acompanhado de um adje-
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um tivo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
LÍNGUA PORTUGUESA

dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.


Singular Plural REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
corpo (ô) corpos (ó) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
esforço esforços Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
fogo fogos reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
forno fornos

39
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, 1. Pronomes Pessoais
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São aqueles que substituem os substantivos, indi-
São Paulo: Saraiva, 2002. cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se
SITE os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
morf12.php referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
Pronome
A) Pronome Reto
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
forma. flores.
O homem julga que é superior à natureza, por isso o Os pronomes retos apresentam flexão de número,
homem destrói a natureza... gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
superior à natureza, por isso ele a destrói... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- assim configurado:
mos (homem e natureza). 1.ª pessoa do singular: eu
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 2.ª pessoa do singular: tu
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 3.ª pessoa do singular: ele, ela
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 1.ª pessoa do plural: nós
referência exata daquilo que está sendo colocado por 2.ª pessoa do plural: vós
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- 3.ª pessoa do plural: eles, elas
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de-
mais pronomes têm por função principal apontar para as Esses pronomes não costumam ser usados como
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-
complementos verbais na língua-padrão. Frases como
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude
“Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
dessa característica, os pronomes apresentam uma for-
até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
ma específica para cada pessoa do discurso.
evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
-me até aqui”.
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se fala]
Frequentemente observamos a omissão do pronome
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
se fala] formas verbais marcam, através de suas desinências, as
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras boa viagem. (Nós)
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência B) Pronome Oblíquo
através do pronome seja coerente em termos de gênero Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, sentença, exerce a função de complemento verbal
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da jeto indireto)
nossa escola neste ano.
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- Observação:
cia adequada] O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
[neste: pronome que determina “ano” = concordância me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
adequada] diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
LÍNGUA PORTUGUESA

cordância inadequada]
variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, suem, podendo ser átonos ou tônicos.
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
2. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
nica fraca: Ele me deu um presente.

40
Lista dos pronomes oblíquos átonos A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!”
1.ª pessoa do singular (eu): me está correta, já que “para mim” é complemento de “fá-
2.ª pessoa do singular (tu): te cil”. A ordem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil
3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe para mim!
1.ª pessoa do plural (nós): nos A combinação da preposição “com” e alguns prono-
2.ª pessoa do plural (vós): vos mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
de companhia: Ele carregava o documento consigo.
FIQUE ATENTO! A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- Ela veio até mim, mas nada falou.
peciais depois de certas terminações verbais: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao prova, até eu! (= inclusive eu)
mesmo tempo que a terminação verbal é su-
primida. Por exemplo: As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
fiz + o = fi-lo por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
fazeis + o = fazei-lo soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
dizer + a = dizê-la próprios, todos, ambos ou algum numeral.
Você terá de viajar com nós todos.
2. Quando o verbo termina em som nasal, o Estávamos com vós outros quando chegaram as más
pronome assume as formas no, nos, na, nas. notícias.
Por exemplo: Ele disse que iria com nós três.
viram + o: viram-no
repõe + os = repõe-nos 3. Pronome Reflexivo
retém + a: retém-na São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
tem + as = tem-nas cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
a ação expressa pelo verbo.
B.2 Pronome Oblíquo Tônico Lista dos pronomes reflexivos:
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com. lembro disso.
Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função de 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica forte. 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: lherme já se preparou.
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo Ela deu a si um presente.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo Antônio conversou consigo mesmo.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas com esta conquista.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
Observe que as únicas formas próprias do pronome tô- conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
#FicaDica
As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
O pronome é reflexivo quando se refere à mes-
pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto. Nos
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu
contextos interlocutivos que exigem o uso da língua formal,
me arrumei e saí.
os pronomes costumam ser usados desta forma:
É pronome recíproco quando indica recipro-
Não há mais nada entre mim e ti.
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
-nos calados.
Não há nenhuma acusação contra mim.
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
Não vá sem mim.
ou partícula de realce, sem ser rigorosamente
LÍNGUA PORTUGUESA

necessária e sem função sintática: Os explora-


Há construções em que a preposição, apesar de surgir
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
se foram?
cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá
ser do caso reto.
Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
Não vá sem eu mandar.

41
C) Pronomes de Tratamento Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
São pronomes utilizados no tratamento formal, ceri- teus cabelos. (errado)
monioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (por-
tanto, a segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
pessoa. Alguns exemplos: seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais ou
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
sos em geral Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais, 4. Pronomes Possessivos
governadores, secretários de Estado, presidente da Repúbli-
ca (sempre por extenso) São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universida- (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
des (coisa possuída).
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais singular)
até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes NÚMERO PESSOA PRONOME
de direito singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce-
rimonioso singular segunda teu(s), tua(s)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus singular terceira seu(s), sua(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- plural primeira nosso(s), nossa(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empre-
gados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tra- plural segunda vosso(s), vossa(s)
tamento familiar. Você e vocês são largamente empregados plural terceira seu(s), sua(s)
no português do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é
de uso frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma Note que:
vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
literária. a que se refere; o gênero e o número concordam com o
objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
Observações:
naquele momento difícil.
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
Observações:
em relação à pessoa com quem falamos: Espero que
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito da
obrigado, seu José.
pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram que
Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, agiu 2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
com propriedade. posse. Podem ter outros empregos, como:
3. Os pronomes de tratamento representam uma forma A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores. B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por anos.
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
esse deputado supostamente tem para poder ocupar lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
pessoa, toda a concordância deve ser feita com a celência trouxe sua mensagem?
3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi- 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
LÍNGUA PORTUGUESA

sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos. oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar, 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhi- prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
da inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos para que não ocorra redundância: Coloque tudo
a chamar alguém de “você”, não poderemos usar nos respectivos lugares.
“te” ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na
terceira pessoa.

42
5. Pronomes Demonstrativos Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou
invariáveis, observe:
São utilizados para explicitar a posição de certa pa- Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s),
lavra em relação a outras ou ao contexto. Essa relação aquela(s).
pode ser de espaço, de tempo ou em relação ao discurso. Invariáveis: isto, isso, aquilo.
Também aparecem como pronomes demonstrativos:
A) Em relação ao espaço:  o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.)
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da indiquei.)
pessoa com quem se fala:
Esse material em sua carteira é seu?  mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s):
variam em gênero quando têm caráter reforçativo:
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Eu mesma refiz os exercícios.
quem se fala: Elas mesmas fizeram isso.
Aquele material não é nosso. Eles próprios cozinharam.
Vejam aquele prédio! Os próprios alunos resolveram o problema.

B) Em relação ao tempo:  semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.


Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em  tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
relação à pessoa que fala: 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
Esta manhã farei a prova do concurso! eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
(ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
rém relativamente próximo à época em que se situa a à mencionada em primeiro lugar.
pessoa que fala: 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste,
remoto: desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que esta-
Naquele tempo, os professores eram valorizados. va vendo. (no = naquilo)

C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se 6. Pronomes Indefinidos


falará ou escreverá):
Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discur-
fazer referência a alguma coisa sobre a qual ainda se fa- so, dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando
lará: quantidade indeterminada.
Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém-
ortografia, concordância. -plantadas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa
Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma
fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou: imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais deseja- humano que seguramente existe, mas cuja identidade é
mos! desconhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:

Este e aquele são empregados quando se quer fazer A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o
referência a termos já mencionados; aquele se refere ao lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres
termo referido em primeiro lugar e este para o referido na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel-
por último: trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo.
Algo o incomoda?
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Quem avisa amigo é.
LÍNGUA PORTUGUESA

lo; este está mais bem colocado que aquele. (= este [São
Paulo], aquele [Palmeiras]) B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um
ser expresso na frase, conferindo-lhe a noção de
ou quantidade aproximada. São eles: cada, certo(s),
certa(s).
Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Pau- Cada povo tem seus costumes.
lo; aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Certas pessoas exercem várias profissões.
Paulo], aquele [Palmeiras])

43
Note que: Observe:
Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora pro- Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
nomes indefinidos adjetivos: quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, mui- quantas.
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, ne- Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
nhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s),
qualquer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, Note que:
tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), O pronome “que” é o relativo de mais largo empre-
vários, várias. go, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser
Menos palavras e mais ações. substituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando
Alguns se contentam pouco. seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va- A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (=
riáveis e invariáveis. Observe: a qual)
 Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco, Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda, quais)
muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer, As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (=
quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos, as quais)
vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quan- O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
tas. pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamen-
 Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, te para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde”
nada, algo, cada. (que podem ter várias classificações) são pronomes rela-
tivos. Todos eles são usados com referência à pessoa ou
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que- coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas
preposições: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo
minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”,
plural é feito em seu interior).
neste caso, geraria ambiguidade. Veja: Regressando de
Todo e toda no singular e junto de artigo significa in-
São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou en-
teiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
cantado (quem me deixou encantado: o sítio ou minha
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
tia?).
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
dúvidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utili-
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
za-se o qual / a qual)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que,
cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer e se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas
(que), seja quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal deixou de ser poeta, que era a sua vocação natural.
qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma
ou outra, etc. O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com
Cada um escolheu o vinho desejado. o seu antecedente (o ser possuidor), mas com o conse-
quente (o ser possuído, com o qual concorda em gêne-
7. Pronomes Relativos ro e número); não se usa artigo depois deste pronome;
“cujo” equivale a do qual, da qual, dos quais, das quais.
São aqueles que representam nomes já mencionados Existem pessoas cujas ações são nobres.
anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem (antecedente) (consequente)
as orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pro-
um grupo racial sobre outros. nome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (re-
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre ou- feriu-se a)
tros = oração subordinada adjetiva).
“Quanto” é pronome relativo quando tem por ante-
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “siste- cedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e
ma” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a tudo:
LÍNGUA PORTUGUESA

palavra “sistema” é antecedente do pronome relativo que.


O antecedente do pronome relativo pode ser o pro- Emprestei tantos quantos foram neces-
nome demonstrativo o, a, os, as. sários.
Não sei o que você está querendo dizer. (antecedente)
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
expresso. Ele fez tudo quanto ha-
Quem casa, quer casa. via falado.
(antecedente)

44
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
precedido de preposição. tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
diferentemente dos segundos, que são sempre precedi-
É um professor a quem mui- dos de preposição.
to devemos. A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o
(preposição) que eu estava fazendo.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui ante- mim o que eu estava fazendo.
cedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A
casa onde morava foi assaltada. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
em que: Sinto saudades da época em que (quando) morá- Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
vamos no exterior. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
lavras: ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
 como (= pelo qual) – desde que precedida das CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
palavras modo, maneira ou forma: Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
Não me parece correto o modo como você agiu sema- Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
na passada. São Paulo: Saraiva, 2002.

 quando (= em que) – desde que tenha como SITE


antecedente um nome que dê ideia de tempo: http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/
Bons eram os tempos quando podíamos jogar video- morf42.php
game.
9. Colocação Pronominal
Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
numa só frase. Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste pronomes oblíquos átonos na frase.
esporte.
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
#FicaDica
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun-
gente que conversava, (que) ria, observava. ção de complemento verbal (objeto). Por isso,
memorize:
8. Pronomes Interrogativos OBlíquo = OBjeto!

São usados na formulação de perguntas, sejam elas


diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefini- Embora na linguagem falada a colocação dos prono-
dos, referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo im- mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
preciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e devem ser observadas na linguagem escrita.
variações), quanto (e variações).
Com quem andas? Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo.
Qual seu nome? A próclise é usada:
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
 Quando o verbo estiver precedido de palavras
O pronome pessoal é do caso reto quando tem fun- que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
ção de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
oblíquo quando desempenha função de complemento. jamais, etc.: Não se desespere!
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar. B) Advérbios: Agora se negam a depor.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
lhe ajudar. quem tudo!
LÍNGUA PORTUGUESA

Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao esforçou.
caso reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu-
função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo. nidade.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discur- F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
so. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta
para a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não
sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).

45
 Orações iniciadas por palavras interrogativas: 11. Emprego de o, a, os, as
Quem lhe disse isso?
 Orações iniciadas por palavras exclamativas:  Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
Quanto se ofendem! os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
 Orações que exprimem desejo (orações optativas): Chame-o agora.
Que Deus o ajude. Deixei-a mais tranquila.
 A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o  Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
material amanhã. / Tu sabes cantar? tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
verbo. A mesóclise é usada:
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam para no, na, nos, nas.
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Chamem-no agora.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Põe-na sobre a mesa.
prol da paz no mundo.
Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece- #FicaDica
ria. Veja: Não se realizará...
Dica da Zê!
Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig-
nessa viagem.
nifica “antes”! Pronome antes do verbo!
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end,
clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome
nharia nessa viagem).
depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver-
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
bo
A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
 Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Quando eu avisar, silenciem-se todos.
 Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Não era minha intenção machucá-la. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
se inicia período com pronome oblíquo). reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Vou-me embora agora mesmo. Paulo: Saraiva, 2010.
Levanto-me às 6h.
 Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo SITE
no concurso, mudo-me hoje mesmo! http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
 Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a -pronominal-.html
proposta fazendo-se de desentendida.
Observação: Não foram encontradas questões
10. Colocação pronominal nas locuções verbais abrangendo tal conteúdo.

 Após verbo no particípio = pronome depois do VERBO


verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura! Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, número,
Eu tenho me deliciado com a leitura! tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
Eu me tenho deliciado com a leitura! nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
 Não convém usar hífen nos tempos compostos e é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre
nas locuções verbais: outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenôme-
Vamos nos unir! no (choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
LÍNGUA PORTUGUESA

Iremos nos manifestar.


 Quando há um fator para próclise nos tempos 1. Estrutura das Formas Verbais
compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar
vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo- os seguintes elementos:
cupar”). A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signi-
ficado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-
-ava; fal-am. (radical fal-)

46
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que #FicaDica
indica a conjugação a que pertence o verbo. Por
exemplo: fala-r. São três as conjugações: Observe que, retirando os radicais, as desi-
1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática nências modo-temporal e número-pessoal
- E - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir). mantiveram-se idênticas. Tente fazer com
C) Desinência modo-temporal: é o elemento que outro verbo e perceberá que se repetirá o
designa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo: fato (desde que o verbo seja da primeira
falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) conjugação e regular!). Faça com o verbo
/ falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo) “andar”, por exemplo. Substitua o radical
D) Desinência número-pessoal: é o elemento que “cant” e coloque o “and” (radical do verbo
designa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o andar). Viu? Fácil!
número (singular ou plural):
falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam
(indica a 3.ª pessoa do plural.) B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações
no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.
FIQUE ATENTO! Observação:
O verbo pôr, assim como seus derivados (com- Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação, para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/
pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. corrijo, fingir/finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais altera-
A vogal “e”, apesar de haver desaparecido do ções não caracterizam irregularidade, porque o fonema
infinitivo, revela-se em algumas formas do permanece inalterado.
verbo: põe, pões, põem, etc.
C) Defectivos: são aqueles que não apresentam con-
jugação completa. Os principais são adequar, pre-
2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas caver, computar, reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e,
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura normalmente, são usados na terceira pessoa do
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce- singular. Os principais verbos impessoais são:
bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, 1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, reali-
por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico zar-se ou fazer (em orações temporais).
não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia =
radical): opinei, aprenderão, amaríamos. Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
3. Classificação dos Verbos
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
Classificam-se em:
2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
Faz invernos rigorosos na Europa.
cal inalterado durante a conjugação e desinências
Era primavera quando o conheci.
idênticas às de todos os verbos regulares da mes-
Estava frio naquele dia.
ma conjugação. Por exemplo: comparemos os ver-
bos “cantar” e “falar”, conjugados no presente do 3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natu-
Modo Indicativo: reza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, tro-
vejar, amanhecer, escurecer, etc. Quando, porém,
canto falo se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo
“amanhecer” em sentido figurado. Qualquer verbo
cantas falas
impessoal, empregado em sentido figurado, dei-
canta falas xa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
cantamos falamos conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
cantais falais Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
cantam falam Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
LÍNGUA PORTUGUESA

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando


tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição


“de”, indicando suficiência:
Basta de tolices.
Chega de promessas.
6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem,

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Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele
está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipotético, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
LÍNGUA PORTUGUESA

Romper Rompido Roto


Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

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FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).

H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
LÍNGUA PORTUGUESA

seja você não seja você


sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

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Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio
ser ser eu sendo sido
seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.


estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
LÍNGUA PORTUGUESA

hás houveste havias houveras haverás haverias


há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam

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4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
LÍNGUA PORTUGUESA

abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):

51
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:

A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)

O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

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C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele
estudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele
pudesse, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)
LÍNGUA PORTUGUESA

53
Tabelas das Conjugações Verbais

1. Modo Indicativo

1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M

1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM

1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M

1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantAVAS vendIAS partAS


CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

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1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
LÍNGUA PORTUGUESA

55
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
Ele canta Cante você Que ele cante
Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
LÍNGUA PORTUGUESA

Vós cantais CantAI vós Que vós canteis


Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

56
2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
LÍNGUA PORTUGUESA

vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

57
B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a pre-
posição de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação
das frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa.
Observe a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)

B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido
do pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva


LÍNGUA PORTUGUESA

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

58
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; 2. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-
o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo 2012) Está inadequado o emprego do elemento subli-
tempo. nhado na seguinte frase:
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos.
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao
mestres. que dispenso aos homens religiosos.
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de
Eu o acompanharei. que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
Ele será acompanhado por mim. mente virtuosos.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin-
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: dir os que se dizem homens de fé.
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva,
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de
porque o sujeito não pode ser visto como agente, pacien-
fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
te ou agente paciente.
Resposta: Letra C.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Corrigindo o inadequado:
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. milar ao que dispenso aos homens religiosos.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens
Paulo: Saraiva, 2010. verdadeiramente virtuosos.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que)
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. não podem prescindir os que se dizem homens de fé.
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito
SITE de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
http://www.sopor tugues.com.br/secoes/morf/ Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei-
morf54.php xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.

3. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali-


zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
EXERCÍCIOS COMENTADOS 2012)
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
1. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa – FCC despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
– 2012) As vitórias no jogo interior talvez não acrescen- bal obtida será:
tem novos troféus, mas elas trazem recompensas valiosas,
[...] que contribuem de forma significativa para nosso su- a) seria despertada.
cesso posterior, tanto na quadra como fora dela. b) teria sido despertada.
c) despertar-se-á.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos
d) fora despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os
e) teriam despertado.
elementos sublinhados na frase acima, na ordem dada,
por:
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem Resposta: Letra A.
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A
d) acrescentariam − trariam− contribuíram ira de qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram GABARITO OFICIAL: A

Resposta: Letra E. 4. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa –


Questão que envolve correlação verbal. Realizando as Especialidade Segurança Judiciária – FCC – 2012)
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des- ...ela nunca alcançava a musa.
taque): Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- verbal resultante será:


riam
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam a) alcança-se.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuí- b) foi alcançada.
ram c) fora alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram d) seria alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuí- e) era alcançada.
ram = correta

59
Resposta: Letra E. 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Analista Judiciário – Área
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois Administrativa – FCC – 2016 ) ... para quem Manoel de
na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no Barros era comparável a São Francisco de Assis...
mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun- O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no frase acima está em:
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era = a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
presente, seria = futuro do pretérito). paço...
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
5. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especiali- Charles Baudelaire.
zado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC – d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação ros na literatura...
de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós e) ... para depois casá-las...
mesmos.
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al- Resposta: Letra A.
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati-
substituído por: vo. Procuremos nos itens:
a) ademais. Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
b) conquanto. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In-
c) porquanto. dicativo
d) entretanto. Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei-
e) apesar. to do Indicativo
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
Resposta: Letra D. cativo
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo- Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
sição). A substituição deve utilizar outra de mesma elas)
classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
do. A correta é entretanto. 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – Analista Judiciário – Área
Administrativa – FCC – 2016 ) Aí conheci o escritor e
6. (TST – Analista Judiciário – Área Administrativa – historiador de sua gente, meu saudoso amigo Alcino Al-
FCC – 2012) O verbo indicado entre parênteses deverá ves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé
flexionar-se no singular para preencher adequadamente de Julião. Considerando-se a norma-padrão da língua,
a lacuna da frase: ao reescrever-se o trecho acima em um único período, o
segmento destacado deverá ser antecedido de vírgula e
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de substituído por
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre a) perante ao qual
o peso de suas mais graves decisões. b) de cujo
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) c) o qual
tomar decisões sem medir suas consequências. d) frente à quem
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos- e) de quem
tumar) sobrevir consequências imprevistas e injustas.
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- Resposta: Letra E.
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
humana. Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alter-
nativa que substitui corretamente o trecho destacado é
Resposta: Letra C. “de quem ouvi oralmente”.
Flexões em destaque e sublinhei os termos que esta-
belecem concordância: 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário –
Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de outras pes-
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. soas que tenham documentos em casa e se disponham
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de
sobre o peso de suas mais graves decisões. acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conserva-
LÍNGUA PORTUGUESA

re tomar decisões sem medir suas consequências. = ção de documentos”, disse Cavalcanti.
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce O termo sublinhado faz referência a
a função de sujeito (subjetiva)
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos- a) pessoas.
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. b) acervo.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, c) Academia.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta d) tempo.
a dor humana. e) casa.

60
Resposta: Letra B. Resposta: Letra C.
Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual) Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva
é muito difícil de ser guardado... (auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e
o mundo são privilegiados pelo modelo ainda domi-
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário – nante.
FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
A forma verbal está corretamente transposta para a voz 13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC –
passiva em: 2016 ) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
com a norma culta na seguinte frase:
a) estava organizando
b) tinha organizado a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
c) organizando-se não poderia receber qualquer tipo de retificação.
d) foi organizado b) Os documentos com assinatura digital disporam de
e) está organizado algoritmos de criptografia que os protegeram.
Resposta: Letra D. c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) contar com a proteção de uma assinatura digital.
e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao d) Quem se propor a alterar um documento criptogra-
passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no fado deve saber que comprometerá sua integridade.
mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá comprometer a integridade dos documentos.
a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi Resposta: Letra E.
organizado pelo marechal. Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua auten-
ticidade, o documento não poderia receber qualquer
tipo de retificação.
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “b”: Os documentos com assinatura digital dispo-
FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
ram (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os
a comer...
protegeram.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos
sublinhado acima está também sublinhado em:
poderam (puderam) contar com a proteção de uma
assinatura digital.
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
as amas...
mento criptografado deve saber que comprometerá
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. sua integridade.
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
dústria de consumo... rem sem comprometer a integridade dos documentos
d) E, mesmo que se esforcem muito [...] = correta
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – Técnico Judiciário – FCC
Resposta: Letra D. – 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a traje-
que nos ajude = presente do Subjuntivo tória da utopia no país.
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e tam- verbal resultante será:
bém mais-que-perfeito) do Indicativo
Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indi- a) foram marcados.
cativo b) foi marcado.
Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo c) são marcados.
Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do In- d) foi marcada.
dicativo e) é marcada.

12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC Resposta: Letra E.


– 2016) O modelo ainda dominante nas discussões ecoló- Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
gicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
LÍNGUA PORTUGUESA

verbal resultante será: pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.

a) é privilegiado. 15. (Polícia Militar do Estado de São Paulo – Soldado


b) sendo privilegiadas. PM 2.ª Classe – Vunesp – 2017) Considere as seguintes
c) são privilegiados. frases:
d) foi privilegiado. Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos.
e) são privilegiadas. Segundo, não memorize apenas por repetição.
Terceiro, rabisque!

61
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
empregados nessas frases está em destaque em: precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
locutor não chegava para os textos de abertura, pu-
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem blicidade, chamadas.
com que o cérebro humano não considere útil gravar e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
esses dados [...] quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem- suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
-número de informações. vras.
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais
dele... Resposta: Letra C.
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em Aos itens:
que morou quando era criança? Em “a”: há = presente / acabam = presente / são =
e) É o que mostra também uma pesquisa recente condu- presente
zida pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté-
rito perfeito
Resposta: Letra D. Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperati- imperativo afirmativo (ordens)
vo (expressam ordem). Vamos aos itens: Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretéri-
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos to imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
fazem = presente do Indicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do
Indicativo 18. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Em
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos – O destino me prestava esse pequeno favor: completa-
= presente do Indicativo va minha identificação com o resto da humanidade, que
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo tem sempre para contar uma história de objeto achado;
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = pre- – o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
sente do Indicativo expressão:

16. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu- a) o resto da humanidade.


nesp – 2014) Assinale a alternativa em que a palavra em b) esse pequeno favor.
c) minha identificação.
destaque na frase pertence à classe dos adjetivos (pala-
d) O destino.
vra que qualifica um substantivo).
e) completava.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu-
Resposta: Letra A.
tanásia...
Completava minha identificação com o resto da huma-
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte...
nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his-
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar
tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
a morte. o resto da humanidade.
d) Ela é proibida por lei no Brasil,...
e) E como seria a verdadeira boa morte? 19. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Con-
sidere o trecho a seguir.
Resposta: Letra E. É comum que objetos ____________ esquecidos em locais
Em “a”: Existe grande confusão = substantivo públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados
Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a mor- se as pessoas __________ a atenção voltada para seus per-
te = pronome tences, conservando-os junto ao corpo.
Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva-
distanciar a morte = substantivo mente, as lacunas do texto.
Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = ad- a) sejam ... mantesse
jetivo b) sejam ... mantém
c) sejam ... mantivessem
17. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2014) As for- d) seja ... mantivessem
mas verbais conjugadas no modo imperativo, expressan- e) seja ... mantêm
do ordem, instrução ou comando, estão destacadas em
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Letra C.
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- Completemos as lacunas e depois busquemos o item
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
incomuns. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pro estúdio e ponha a rádio no ar. pertences, conservando-os junto ao corpo.

62
20. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vu-
nesp – 2013) Nas frases – Não vou mais à escola!… – e SINTAXE: COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO
– Hoje estão na moda os métodos audiovisuais. – as pala-
vras em destaque expressam, correta e respectivamente,
circunstâncias de Frase, oração e período

a) dúvida e modo. 1. Sintaxe da Oração e do Período


b) dúvida e tempo.
c) modo e afirmação. Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
d) negação e lugar. estabelecer comunicação. Normalmente é composta por
e) negação e tempo. dois termos – o sujeito e o predicado – mas não obriga-
toriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trove-
Resposta: Letra E. jou muito ontem à noite.
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de Quanto aos tipos de frases, além da classificação em
tempo. verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi-
21. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2013) nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus
Assinale a alternativa que completa respectivamente as elementos constituintes, elas podem ser classificadas a
lacunas, em conformidade com a norma-padrão de con- partir de seu sentido global:
jugação verbal. A) frases interrogativas = o emissor da mensagem
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional formula uma pergunta: Que dia é hoje?
quando __________ um diploma de mestrado, mas há B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou
aqueles que _________ de opinião e procuram investir em faz um pedido: Dê-me uma luz!
cursos profissionalizantes. C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es-
tado afetivo: Que dia abençoado!
a) obtiver … divirgem D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A
b) obter … divergem prova será amanhã.
c) obtesse … devirgem
d) obter … divirgem Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
e) obtiver … divergem (oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
sujeito e predicado.
Resposta: Letra E. O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio- bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a
aqueles que divergem de opinião e procuram investir parte da frase que contém “a informação nova para o ou-
em cursos profissionalizantes. vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema,
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito.
22. (PC-SP – Auxiliar de Necropsia – Vunesp – 2014) Quando o núcleo da declaração está no verbo (que
Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo
o substantivo, com ele concordando em gênero e núme- significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo
ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos
um adjetivo. um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica-
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos
a) ... um câncer de boca horroroso, ... de ligação):
b) Ele tem dezesseis anos... O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação
c) Eu queria que ele morresse logo, ... (predicado verbal)
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às fa- A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú-
mílias. cleo é “fácil” (predicado nominal)
e) E o inferno não atinge só os terminais. Quanto ao período, ele denomina a frase constituída
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen-
Resposta: Letra A. tido completo. O período pode ser simples ou composto.
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral Período simples é aquele constituído por apenas
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio uma oração, que recebe o nome de oração absoluta.
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às Chove.
LÍNGUA PORTUGUESA

famílias = substantivo A existência é frágil.


Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs- Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso.
tantivo

63
Período composto é aquele constituído por duas ou Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
mais orações: referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Cantei, dancei e depois dormi. “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
Quero que você estude mais. do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
pela desinência verbal ou pelo contexto.
1.1. Termos da Oração Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1.1 Termos essenciais Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
O sujeito e o predicado são considerados termos es- gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
senciais da oração, ou seja, são termos indispensáveis pronomes não estejam explícitos.
para a formação das orações. No entanto, existem ora- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
ções formadas exclusivamente pelo predicado. O que de- to na desinência verbal “-mos”
fine a oração é a presença do verbo. O sujeito é o termo Cantais bem! (= vós cantais) - sujeito implícito na de-
que estabelece concordância com o verbo. sinência verbal “-ais”
O candidato está preparado.
Os candidatos estão preparados. Mas:
Nós iremos à festa juntos? = sujeito simples: nós
Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida- Vós cantais bem! = sujeito simples: vós
to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo, O sujeito indeterminado surge quando não se quer -
estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo ou não se pode - identificar a que o predicado da oração
no singular: candidato = está). refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso
A função do sujeito é basicamente desempenhada contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
por substantivos, o que a torna uma função substantiva Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi-
da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quaisquer nado de duas maneiras:
outras palavras substantivadas (derivação imprópria)
também podem exercer a função de sujeito. A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que
Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs- o sujeito não tenha sido identificado anteriormen-
tantivo) te:
Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem- Bateram à porta;
plo: substantivo) Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi-
nistro.
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples
do sujeito. ou composto:
Um sujeito é determinado quando é facilmente Os meninos bateram à porta. (simples)
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi- Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto)
nado pode ser simples ou composto.
A indeterminação do sujeito ocorre quando não é B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres-
possível identificar claramente a que se refere a concor- cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi-
dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não ca dos verbos que não apresentam complemento
interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração. direto:
Estão gritando seu nome lá fora. Precisa-se de mentes criativas.
Trabalha-se demais neste lugar. Vivia-se bem naqueles tempos.
O sujeito simples é o sujeito determinado que apre- Trata-se de casos delicados.
senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no Sempre se está sujeito a erros.
plural; pode também ser um pronome indefinido. Abaixo,
sublinhei os núcleos dos sujeitos: O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Nós estudaremos juntos. de indeterminação do sujeito.
A humanidade é frágil.
Ninguém se move. As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
uma derivação imprópria, tranformando-o em substan- mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
LÍNGUA PORTUGUESA

tivo) pais casos de orações sem sujeito com:


As crianças precisam de alimentos saudáveis.  os verbos que indicam fenômenos da natureza:
Amanheceu.
O sujeito composto é o sujeito determinado que Está trovejando.
apresenta mais de um núcleo.
Alimentos e roupas custam caro.  os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam
Ela e eu sabemos o conteúdo. fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao
O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda. tempo em geral:

64
Está tarde. Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Já são dez horas. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Faz frio nesta época do ano. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Há muitos concursos com inscrições abertas. do sujeito: Os dados parecem corretos.
O verbo parecer poderia ser substituído por estar, an-
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a dar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia relacionadas.
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado A função de predicativo é exercida, normalmente,
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex- por um adjetivo ou substantivo.
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
Chove muito nesta época do ano. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Houve problemas na reunião. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como
O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
objeto direto.
nificativo, indicando processos. É também sempre por
As questões estavam fáceis!
intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
Sujeito simples = as questões
Predicado = estavam fáceis o termo a que se refere.
O dia amanheceu ensolarado;
Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento. As mulheres julgam os homens inconstantes.
Sujeito = uma ideia estranha
Predicado = passou-me pelo pensamento No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de
Para o estudo do predicado, é necessário verificar ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois:
se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado um verbal e outro nominal.
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con- O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado.
siderar também se as palavras que formam o predicado
referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona
oração. o complemento homens com o predicativo “inconstan-
Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres tes”.
de opinião.
Predicado 1.2 Termos integrantes da oração

O predicado acima apresenta apenas uma palavra Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o
que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se complemento nominal são chamados termos integrantes
ligam direta ou indiretamente ao verbo. da oração.
A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere- Os complementos verbais integram o sentido dos
-se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como verbos transitivos, com eles formando unidades signifi-
elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta = plementos diretamente, sem a presença de preposição,
predicativo do sujeito).
ou indiretamente, por intermédio de preposição.
O objeto direto é o complemento que se liga dire-
O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
tamente ao verbo.
significativo um verbo:
Houve muita confusão na partida final.
Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje! Queremos sua ajuda.
Compraste a apostila?
O objeto direto preposicionado ocorre principal-
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem mente:
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co-
muns referentes a pessoas:
LÍNGUA PORTUGUESA

processos.
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais.
O predicado nominal é aquele que tem como nú- (o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade na-se: objeto direto preposicionado)
ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou- B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
ligação). cansar a Vossa Senhoria.

65
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise. O poeta português deixou uma obra inacabada.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica O poeta deixou-a inacabada.
a crise) (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
valor na oração, em:
objeto pleonástico A) explicativo: A linguística, ciência das línguas hu-
manas, permite-nos interpretar melhor nossa rela-
Ao traidor, nada lhe devemos. ção com o mundo.
B) enumerativo: A vida humana compõe-se de muitas
O termo que integra o sentido de um nome chama-se coisas: amor, arte, ação.
complemento nominal, que se liga ao nome que com- C) resumidor ou recapitulativo: Fantasias, suor e so-
pleta por intermédio de preposição: nho, tudo forma o carnaval.
A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi-
vra “necessária”
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida.
Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
O vocativo é um termo que serve para chamar, in-
1.3 Termos acessórios da oração e vocativo
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
Os termos acessórios recebem este nome por serem
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan-
explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs-
junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da tantivadas esse papel na linguagem.
oração. João, venha comigo!
Traga-me doces, minha menina!
O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o 1.4 Períodos Compostos
sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função 1.4.1 Período Composto por Coordenação
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei O período composto se caracteriza por possuir mais
a pé àquela velha praça. de uma oração em sua composição. Sendo assim:
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
O adjunto adnominal é o termo acessório que de- oração)
termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun- Estou comprando um protetor solar, depois irei à
ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas
que exercem o papel de adjunto adnominal na oração. orações)
Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar
numerais e os pronomes adjetivos. um protetor solar. (Período Composto = três verbos, três
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu orações).
amigo de infância.
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer
LÍNGUA PORTUGUESA

O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs- entre as orações de um período composto: uma relação
tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o de coordenação ou uma relação de subordinação.
predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um Duas orações são coordenadas quando estão juntas
verbo. em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco
O poeta português deixou uma obra originalíssima. de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
O poeta deixou-a. ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto: Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
adjunto adnominal) (Período Composto)

66
Podemos dizer: Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar. “seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singular
2. Irei à praia. do presente do subjuntivo, além de ser introduzida por
conjunção. As orações subordinadas que apresentam ver-
Separando as duas, vemos que elas são independen- bo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo do
tes. Tal período é classificado como Período Composto indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas por con-
por Coordenação. junção, chamam-se orações desenvolvidas ou explícitas.
Quanto à classificação das orações coordenadas, te-
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas Podemos modificar o período acima. Veja:
Sindéticas. Quero ser aprovado.
Oração Principal Oração Subordinada
A) Coordenadas Assindéticas
São orações coordenadas entre si e que não são li- A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
tapostas. subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
B) Coordenadas Sindéticas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas surge numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção particípio) são chamadas de orações reduzidas ou implí-
coordenativa, que dará à oração uma classificação. As citas (como no exemplo acima).
orações coordenadas sindéticas são classificadas em cin-
co tipos: aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas e Observação:
explicativas. As orações reduzidas não são introduzidas por con-
junções nem pronomes relativos. Podem ser, eventual-
Dica: Memorize SINdética = SIM, tem conjunção! mente, introduzidas por preposição.
 Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam- A) Orações Subordinadas Substantivas
bém, não só... como, assim... como. A oração subordinada substantiva tem valor de subs-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in-
Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
tegrante (que, se).
Comprei o protetor solar e fui à praia.
Não sei se sairemos hoje.
 Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
Oração Subordinada Substantiva
suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
Temos medo de que não sejamos aprovados.
senão. Oração Subordinada Substantiva
Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi! Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam-
bém introduzem as orações subordinadas substantivas,
 Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas: bem como os advérbios interrogativos (por que, quando,
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora; onde, como).
quer...quer; seja...seja.
Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador. O garoto perguntou qual seu nome.
Oração Subordinada Substantiva
 Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
suas principais conjunções são: logo, portanto, por Não sabemos quando ele virá.
fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos- Oração Subordinada Substantiva
posto ao verbo).
Passei no concurso, portanto comemorarei!
A situação é delicada; devemos, pois, agir. 1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas
Substantivas
 Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa- Conforme a função que exerce no período, a oração
ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo). subordinada substantiva pode ser:
LÍNGUA PORTUGUESA

Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do- 1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do
mingo. verbo da oração principal:
Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos. É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
É fundamental que você compareça à reunião.
Quero que você seja aprovado! Oração Principal Oração Subordinada Substan-
Oração principal oração subordinada tiva Subjetiva

67
FIQUE ATENTO!
Observe que a oração subordinada substantiva pode ser substituída pelo pronome “isso”. Assim, temos
um período simples:
É fundamental isso ou Isso é fundamental.
Desta forma, a oração correspondente a “isso” exercerá a função de sujeito.

Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na oração principal:


 Verbos de ligação + predicativo, em construções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Parece
certo - É claro - Está evidente - Está comprovado
É bom que você compareça à minha festa.

 Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi anunciado,
Ficou provado.
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro.

 Verbos como: convir - cumprir - constar - admirar - importar - ocorrer - acontecer


Convém que não se atrase na entrevista.

Observação:
Quando a oração subordinada substantiva é subjetiva, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa do
singular.
2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Objeto Direto

Todos querem que você seja aprovado. (Todos querem isso)


Oração Principal Oração Subordinada Substantiva Objetiva Direta
As orações subordinadas substantivas objetivas diretas (desenvolvidas) são iniciadas por:
 Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica) e “se”: A professora verificou se os alunos estavam presentes.
 Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: O
pessoal queria saber quem era o dono do carro importado.
 Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às vezes regidos de preposição), nas interrogações indiretas: Eu
não sei por que ela fez isso.

3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.

Meu pai insiste em meu estudo.


Objeto Indireto

Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai insiste nisso)


Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta
Observação:
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na oração.
Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
Oração Subordinada Substantiva Objetiva Indireta

4. Completiva Nominal = completa um nome que pertence à oração principal e também vem marcada por pre-
posição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Complemento Nominal

Sentimos orgulho de que você se comportou. (= Sentimos orgulho disso.)


LÍNGUA PORTUGUESA

Oração Subordinada Substantiva Completiva Nominal

As orações subordinadas substantivas objetivas indiretas integram o sentido de um verbo, enquanto que orações
subordinadas substantivas completivas nominais integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da outra, é ne-
cessário levar em conta o termo complementado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o complemento nominal:
o primeiro complementa um verbo; o segundo, um nome.

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5. Predicativa = exerce papel de predicativo do sujeito do verbo da oração principal e vem sempre depois do verbo
ser.
Nosso desejo era sua desistência.
Predicativo do Sujeito

Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo era isso)
Oração Subordinada Substantiva Predicativa

6. Apositiva = exerce função de aposto de algum termo da oração principal.


Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
Aposto
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
Oração subordinada substantiva apositiva reduzida de infinitivo

(Fernanda tinha um grande sonho: isso)

Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )

B) Orações Subordinadas Adjetivas


Uma oração subordinada adjetiva é aquela que possui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equivale. As
orações vêm introduzidas por pronome relativo e exercem a função de adjunto adnominal do antecedente.
Esta foi uma redação bem-sucedida.
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adnominal)

O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adjetivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos outra
construção, a qual exerce exatamente o mesmo papel:
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada Adjetiva

Perceba que a conexão entre a oração subordinada adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é feita
pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou relacionar) duas orações, o pronome relativo desempenha uma fun-
ção sintática na oração subordinada: ocupa o papel que seria exercido pelo termo que o antecede (no caso, “redação”
é sujeito, então o “que” também funciona como sujeito).

FIQUE ATENTO!
Vale lembrar um recurso didático para reconhecer o pronome relativo “que”: ele sempre pode ser substi-
tuído por: o qual - a qual - os quais - as quais
Refiro-me ao aluno que é estudioso. = Esta oração é equivalente a: Refiro-me ao aluno o qual estuda.

Forma das Orações Subordinadas Adjetivas

Quando são introduzidas por um pronome relativo e apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as ora-
ções subordinadas adjetivas são chamadas desenvolvidas. Além delas, existem as orações subordinadas adjetivas redu-
zidas, que não são introduzidas por pronome relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apresentam o verbo
numa das formas nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.

No primeiro período, há uma oração subordinada adjetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome relativo
“que” e apresenta verbo conjugado no pretérito perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração subordinada adje-
tiva reduzida de infinitivo: não há pronome relativo e seu verbo está no infinitivo.
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Classificação das Orações Subordinadas Adjetivas

Na relação que estabelecem com o termo que caracterizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar de
duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem ou especificam o sentido do termo a que se referem, individuali-
zando-o. Nestas orações não há marcação de pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restritivas. Existem tam-
bém orações que realçam um detalhe ou amplificam dados sobre o antecedente, que já se encontra suficientemente
definido. Estas orações denominam-se subordinadas adjetivas explicativas.

69
Exemplo 1: vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina-
Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo
passava naquele momento. indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria
Oração Subordinada Adjetiva Restritiva possível reduzi-la, obtendo-se:
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi-
No período acima, observe que a oração em desta- nha vida.
que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho- A oração em destaque é reduzida, apresentando uma
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por
os homens, mas sim àquele que estava passando naque- uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”).
le momento.
Exemplo 2: Observação:
A classificação das orações subordinadas adverbiais
O homem, que se considera racional, muitas vezes é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun-
age animalescamente. tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela
Oração Subordinada Adjetiva Explicativa oração.

Agora, a oração em destaque não tem sentido restri- 2. Classificação das Orações Subordinadas Adver-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas biais
explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”. A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
Saiba que: que se declara na oração principal. Principal conjunção
A oração subordinada adjetiva explicativa é separa- subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu-
da da oração principal por uma pausa que, na escrita, ções causais: como (sempre introduzido na oração ante-
é representada pela vírgula. É comum, por isso, que a posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez
pontuação seja indicada como forma de diferenciar as que, visto que.
orações explicativas das restritivas; de fato, as explicativas As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito
forte.
vêm sempre isoladas por vírgulas; as restritivas, não.
Já que você não vai, eu também não vou.
C) Orações Subordinadas Adverbiais
A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que
sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora-
teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem-
senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a introduz (assim como acontece com as coordenadas fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal.
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad- São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces- de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
sórios que indicam uma circunstância referente, via de estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
depende da exata compreensão da circunstância que ex- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
prime. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de concretizando-os.
minha vida. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
LÍNGUA PORTUGUESA

Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de zida de Infinitivo)


minha vida.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- como necessário para a realização ou não de um
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- na oração principal.

70
Principal conjunção subordinativa condicional: se. ções conjuntivas proporcionais: à medida que, ao
Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des- passo que. Há ainda as estruturas: quanto maior...
de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que, (maior), quanto maior...(menor), quanto menor...
sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo). (maior), quanto menor...(menor), quanto mais...
Se o regulamento do campeonato for bem elaborado, (mais), quanto mais...(menos), quanto menos...
certamente o melhor time será campeão. (mais), quanto menos...(menos).
Caso você saia, convide-me. À proporção que estudávamos mais questões acertá-
vamos.
D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo À medida que lia mais culto ficava.
da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao
está diretamente ligada ao contraste, à quebra de fato expresso na oração principal, podendo expri-
expectativa. Principal conjunção subordinativa con- mir noções de simultaneidade, anterioridade ou
cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção: posterioridade. Principal conjunção subordinativa
conquanto e as locuções ainda que, ainda quando, temporal: quando. Outras conjunções subordina-
mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que. tivas temporais: enquanto, mal e locuções conjun-
Só irei se ele for. tivas: assim que, logo que, todas as vezes que, antes
A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu” que, depois que, sempre que, desde que, etc.
ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita. Assim que Paulo chegou, a reunião acabou.
Compare agora com: Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
Irei mesmo que ele não vá. minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio)
A distinção fica nítida; temos agora uma concessão: 3. Orações Reduzidas
irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
As orações subordinadas podem vir expressas como
concessiva.
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas
Observe outros exemplos:
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem co-
Embora fizesse calor, levei agasalho.
nectivo subordinativo que as introduza.
Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo
bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre-
E) Comparativa= As orações subordinadas adver-
sença do conectivo)
biais comparativas estabelecem uma comparação
Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
com a ação indicada pelo verbo da oração princi-
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
va: como. É preciso estudar = oração subordinada substantiva
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) subjetiva reduzida de infinitivo
Você age como criança. (age como uma criança age) É preciso que se estude = oração subordinada subs-
tantiva subjetiva
• geralmente há omissão do verbo.
4. Orações Intercaladas
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado São orações independentes encaixadas na sequên-
para a execução do que se declara na oração prin- cia do período, utilizadas para um esclarecimento, um
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- aparte, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: travessões.
como, consoante e segundo (todas com o mesmo Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
valor de conforme). sunto.
Fiz o bolo conforme ensina a receita.
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
direitos iguais. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
se declara na oração principal. Principal conjunção Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
LÍNGUA PORTUGUESA

finais: que, porque (= para que) e a locução con- São Paulo: Saraiva, 2002.
juntiva para que.
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. SITE
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou frase-periodo-e-oracao
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
principal. Principal locução conjuntiva subordina-
tiva proporcional: à proporção que. Outras locu-

71
PONTUAÇÃO.
EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (Cnj – Técnico Judiciário – cespe – 2013 – adaptada) Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
Jogadores de futebol de diversos times entraram em cam- servem para compor a coesão e a coerência textual, além
po em prol do programa “Pai Presente”, nos jogos do Cam- de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas.
peonato Nacional em apoio à campanha que visa reduzir Um texto escrito adquire diferentes significados quando
o número de pessoas que não possuem o nome do pai em pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação
sua certidão de nascimento. (...) depende, em certos momentos, da intenção do autor do
A oração subordinada “que não possuem o nome do pai discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamen-
em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír- te relacionados ao contexto e ao interlocutor.
gula porque tem natureza restritiva.
1. Principais funções dos sinais de pontuação
( ) CERTO ( ) ERRADO
A) Ponto (.)
Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-  Indica o término do discurso ou de parte dele, en-
ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome cerrando o período.
do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma  Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan- panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final
do a informação, o que dará a entender que TODAS as de período, este não receberá outro ponto; neste
pessoas não têm o nome do pai na certidão. caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim
de período. Exemplo: Estudei português, matemári-
2. (Instituto Rio Branco – Admissão à Carreira de Di- ca, constitucional, etc. (e não “etc..”)
plomata – cespe – 2014 – adaptada)  Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do
ponto, assim como após o nome do autor de uma
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma citação:
literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o Haverá eleições em outubro
brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-  Os números que identificam o ano não utilizam
mo que a crônica é um gênero menor. ponto nem devem ter espaço a separá-los, bem como os
“Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as- números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250.
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de B) Ponto e Vírgula (;)
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que  Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra  Separa partes de frases que já estão separadas por
mão certa profundidade de significado e certo acaba- vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma tros, montanhas, frio e cobertor.
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição.  Separa itens de uma enumeração, exposição de
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São motivos, decreto de lei, etc.
Paulo: Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adapta- Ir ao supermercado;
ções). Pegar as crianças na escola;
Caminhada na praia;
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser- Reunião com amigos.
vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi-
retos. C) Dois pontos (:)
 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
( ) CERTO ( ) ERRADO Coutinho trata este assunto:
LÍNGUA PORTUGUESA

 Antes de um aposto = Três coisas não me agra-


Resposta: Errado. dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
imagina uma literatura = transitivo direto  Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
(transitivo direto e indireto) a rotina de sempre.
pode servir de caminho = intransitivo  Em frases de estilo direto
Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

72
D) Ponto de Exclamação (!) 4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós que-
 Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera, remos comer pizza; e vocês, churrasco.
susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar
com você! 5. Para isolar:
 Depois de interjeições ou vocativos A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi-
Ai! Que susto! leira, possui um trânsito caótico.
João! Há quanto tempo! B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.

E) Ponto de Interrogação (?) Observações:


 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres. Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão
“- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Azevedo) latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispen-
sável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo or-
F) Reticências (...) tográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
 Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lá- predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
pis, canetas, cadernos... As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
 Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você
dizer... é verdad... Ah!” falou isso para ela?!
 Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
mal... pega doutor? Temos, ainda, sinais distintivos:
 Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,  a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
depois, o coração falar... ração de siglas (IOF/UPC);
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas
G) Vírgula (,) pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira
opção aos parênteses, principalmente na matemá-
Não se usa vírgula tica;
Separando termos que, do ponto de vista sintático, li-  o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma
gam-se diretamente entre si: nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir
um nome que não se quer mencionar.
1. Entre sujeito e predicado:
Todos os alunos da sala foram advertidos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Sujeito predicado Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
2. Entre o verbo e seus objetos: Paulo: Saraiva, 2010.
O trabalho custou sacrifício aos SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
realizadores. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
V.T.D.I. O.D. O.I.
SITE
Usa-se a vírgula: http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu-
1. Para marcar intercalação: la.htm
A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
dância, vem caindo de preço.
B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é, 1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 – Ces-
não querem abrir mão dos lucros altos. pe – 2018 – adaptada)

2. Para marcar inversão: Texto CB1A1CCC


A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
Depois das sete horas, todo o comércio está de portas As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re-
fechadas. velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma. da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha
LÍNGUA PORTUGUESA

C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos
maio de 1982. sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi-
nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha
3. Para separar entre si elementos coordenados casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia.
(dispostos em enumeração): Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso
Era um garoto de 15 anos, alto, magro. colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e ani- que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola-
mais. tada, não me deixavam esquecê-las.

73
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas dividir as tarefas de controle com organizações locais e
mulheres, havia se transformado no pior dos mundos. com a comunidade.
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi- polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. –
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for- introduzem
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela b) resultados da “consolidação da cidadania”.
violência invisível. c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias algo “amplo”.
além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com d) uma generalização do termo “direitos”.
adaptações). e) objetivos do “processo de redemocratização”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
tido de “nós”. Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
( ) CERTO ( ) ERRADO encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che- sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
gavam à Justiça buscando uma força externa como se direitos; apresenta-os.
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os 3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010) Vão
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem surgindo novos sinais do crescente otimismo da indús-
são os “nós” citados pela autora ( juízes, promotores, tria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
advogados). às exportações. “O comércio mundial já está voltando a
se abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária – pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
Cespe – 2017 – adaptada) Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expec-
tativas dos industriais com relação ao mercado externo.
Texto 1A1AAA Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
tadura militar, em meados da década de 80 do século pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
passado, era de se esperar que a democratização das registra grande otimismo da indústria com relação à de-
instituições tivesse como resultado direto a consolidação manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado.
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran- Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e entrevistados acredita no aumento das vendas internas.
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta-
mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên- ções).
cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais. O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas
por tratar-se de um vocativo.
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
( ) CERTO ( ) ERRADO
qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de
mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi- fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o
LÍNGUA PORTUGUESA

ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio-
social mais anônimo, menos supervisionado. nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais a melhora das expectativas. O termo em destaque não
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. está exercendo a função de vocativo, já que não é uti-
O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me- lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo.
nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor- Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente
tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla executivo da CNI.
necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do

74
4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – ces- 2. Interpretar/Compreender
pe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do trecho
“Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as mais co- Interpretar significa:
muns em todo o mundo” seria prejudicada, caso se inserisse Explicar, comentar, julgar, tirar conclusões, deduzir.
uma vírgula logo após a palavra “vinhos”. Através do texto, infere-se que...
É possível deduzir que...
( ) CERTO ( ) ERRADO O autor permite concluir que...
Qual é a intenção do autor ao afirmar que...
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre su-
jeito e predicado, a não ser que se trate de um aposto (1), Compreender significa
predicativo do sujeito (2), ou algum termo que requeira Entendimento, atenção ao que realmente está escrito.
estar separado entre pontuações. Exemplo: O Rio de Ja- O texto diz que...
neiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Os meninos, É sugerido pelo autor que...
ansiosos (2), chegaram! De acordo com o texto, é correta ou errada a afirmação...
O narrador afirma...

COMPREENSÃO DE TEXTO. 3. Erros de interpretação

 Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se sai


INTERPRETAÇÃO TEXTUAL do contexto, acrescentando ideias que não estão
no texto, quer por conhecimento prévio do tema
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e rela- quer pela imaginação.
cionadas entre si, formando um todo significativo capaz  Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se
de produzir interação comunicativa (capacidade de codi- atenção apenas a um aspecto (esquecendo que um
ficar e decodificar). texto é um conjunto de ideias), o que pode ser insu-
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. ficiente para o entendimento do tema desenvolvido.
Em cada uma delas, há uma informação que se liga com  Contradição = às vezes o texto apresenta ideias
a anterior e/ou com a posterior, criando condições para contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con-
a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa in- clusões equivocadas e, consequentemente, errar a
terligação dá-se o nome de contexto. O relacionamento questão.
entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada
de seu contexto original e analisada separadamente, po- Observação:
derá ter um significado diferente daquele inicial. Muitos pensam que existem a ótica do escritor e a
Intertexto - comumente, os textos apresentam refe- ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em uma prova
rências diretas ou indiretas a outros autores através de de concurso, o que deve ser levado em consideração é o
citações. Esse tipo de recurso denomina-se intertexto. que o autor diz e nada mais.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que
de um texto é a identificação de sua ideia principal. A par- relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre
tir daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamen- si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de
tações), as argumentações (ou explicações), que levam ao um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um
esclarecimento das questões apresentadas na prova. pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o
que se vai dizer e o que já foi dito.
Normalmente, em uma prova, o candidato deve:
 Identificar os elementos fundamentais de uma São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre
argumentação, de um processo, de uma época eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
(neste caso, procuram-se os verbos e os advérbios, me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo;
os quais definem o tempo). aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam-
 Comparar as relações de semelhança ou de dife- bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor
renças entre as situações do texto. semântico, por isso a necessidade de adequação ao an-
 Comentar/relacionar o conteúdo apresentado tecedente.
com uma realidade. Os pronomes relativos são muito importantes na in-
 Resumir as ideias centrais e/ou secundárias. terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
 Parafrasear = reescrever o texto com outras pa- coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que
lavras. existe um pronome relativo adequado a cada circunstân-
cia, a saber:
LÍNGUA PORTUGUESA

1. Condições básicas para interpretar que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literá- qual (neutro) idem ao anterior.
rio (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), lei-
quem (pessoa)
tura e prática; conhecimento gramatical, estilístico (qua-
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
lidades do texto) e semântico; capacidade de observação
o objeto possuído.
e de síntese; capacidade de raciocínio.
como (modo)

75
onde (lugar)
quando (tempo)
quanto (montante)
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Exemplo:
Falou tudo QUANTO queria (correto) 1. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces-
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria pe – 2017)
aparecer o demonstrativo O).
Texto CG1A1AAA
3. Dicas para melhorar a interpretação de textos
A valorização do direito à vida digna preserva as duas
 Leia todo o texto, procurando ter uma visão geral faces do homem: a do indivíduo e a do ser político; a
do assunto. Se ele for longo, não desista! Há muitos do ser em si e a do ser com o outro. O homem é inteiro
candidatos na disputa, portanto, quanto mais infor- em sua dimensão plural e faz-se único em sua condição
mação você absorver com a leitura, mais chances social. Igual em sua humanidade, o homem desiguala-se,
terá de resolver as questões. singulariza-se em sua individualidade. O direito é o ins-
 Se encontrar palavras desconhecidas, não inter- trumento da fraternização racional e rigorosa.
rompa a leitura. O direito à vida é a substância em torno da qual todos os
 Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas direitos se conjugam, se desdobram, se somam para que
forem necessárias. o sistema fique mais e mais próximo da ideia concretizá-
 Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma vel de justiça social.
conclusão). Mais valeria que a vida atravessasse as páginas da Lei
 Volte ao texto quantas vezes precisar. Maior a se traduzir em palavras que fossem apenas a re-
 Não permita que prevaleçam suas ideias sobre velação da justiça. Quando os descaminhos não condu-
zirem a isso, competirá ao homem transformar a lei na
as do autor.
vida mais digna para que a convivência política seja mais
 Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
fecunda e humana.
lhor compreensão.
Cármen Lúcia Antunes Rocha. Comentário ao artigo 3.º.
 Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado
In: 50 anos da Declaração Universal dos Direitos Hu-
de cada questão.
manos 1948-1998: conquistas e desafios. Brasília: OAB,
 O autor defende ideias e você deve percebê-las.
Comissão Nacional de Direitos Humanos, 1998, p. 50-1
 Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
(com adaptações).
fo geralmente mantém com outro uma relação de
continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi- Compreende-se do texto CG1A1AAA que o ser humano
que muito bem essas relações. tem direito
 Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
seja, a ideia mais importante. a) de agir de forma autônoma, em nome da lei da sobre-
 Nos enunciados, grife palavras como “correto” vivência das espécies.
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão b) de ignorar o direito do outro se isso lhe for necessário
na hora da resposta – o que vale não somente para defender seus interesses.
para Interpretação de Texto, mas para todas as de- c) de demandar ao sistema judicial a concretização de
mais questões! seus direitos.
 Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin- d) à institucionalização do seu direito em detrimento dos
cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con- direitos de outros.
clusão. e) a uma vida plena e adequada, direito esse que está na
 Olhe com especial atenção os pronomes relativos, essência de todos os direitos.
pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme- Resposta: Letra E. O ser humano tem direito a uma
tem a outros vocábulos do texto. vida digna, adequada, para que consiga gozar de seus
direitos – saúde, educação, segurança – e exercer seus
SITES deveres plenamente, como prescrevem todos os di-
http://www.tudosobreconcursos.com/materiais/por- reitos: (...) O direito à vida é a substância em torno da
tugues/como-interpretar-textos qual todos os direitos se conjugam (...).
http://portuguesemfoco.com/pf/09-dicas-para-me-
lhorar-a-interpretacao-de-textos-em-provas 2. (PCJ-MT – Delegado Substituto – Superior – Ces-
http://www.portuguesnarede.com/2014/03/dicas-pa-
LÍNGUA PORTUGUESA

pe – 2017)
ra-voce-interpretar-melhor-um.html
http://vestibular.uol.com.br/cursinho/questoes/ques- Texto CG1A1BBB
tao-117-portugues.htm
Segundo o parágrafo único do art. 1.º da Constituição
da República Federativa do Brasil, “Todo o poder emana
do povo, que o exerce por meio de representantes elei-
tos ou diretamente, nos termos desta Constituição.” Em

76
virtude desse comando, afirma-se que o poder dos juízes Comumente relatamos sobre um acontecimento, um
emana do povo e em seu nome é exercido. A forma de fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa
sua investidura é legitimada pela compatibilidade com as opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum
regras do Estado de direito e eles são, assim, autênticos lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al-
agentes do poder popular, que o Estado polariza e exer- guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente
ce. Na Itália, isso é constantemente lembrado, porque nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos
toda sentença é dedicada (intestata) ao povo italiano, em textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição
nome do qual é pronunciada. e Dissertação.

Cândido Rangel Dinamarco. A instrumentalidade do pro- 1. As tipologias textuais se caracterizam pelos as-
cesso. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1987, p. 195 (com pectos de ordem linguística
adaptações).
Conforme as ideias do texto CG1A1BBB, Os tipos textuais designam uma sequência definida
pela natureza linguística de sua composição. São obser-
a) o Poder Judiciário brasileiro desempenha seu papel vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela-
com fundamento no princípio da soberania popular. ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo,
b) os magistrados do Brasil deveriam ser escolhidos pelo argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo.
voto popular, como ocorre com os representantes dos A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de
demais poderes. ação demarcados no tempo do universo narrado,
c) os magistrados italianos, ao contrário dos brasileiros, como também de advérbios, como é o caso de an-
exercem o poder que lhes é conferido em nome de tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
seus nacionais. carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
d) há incompatibilidade entre o autogoverno da magis- sa, resolveram...
tratura e o sistema democrático. B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
e) os magistrados brasileiros exercem o poder consti-
descrevem características tanto físicas quanto psi-
tucional que lhes é atribuído em nome do governo
cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
federal.
objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
Resposta: Letra A. A questão deve ser respondida se-
cabelos mais negros como a asa da graúna...”
gundo o texto: (...) “Todo o poder emana do povo, que
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
um assunto ou uma determinada situação que se
mente, nos termos desta Constituição.” Em virtude des-
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
se comando, afirma-se que o poder dos juízes emana
do povo e em seu nome é exercido (...). zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
3. (PCJ-MT – DELEGADO SUBSTITUTO – SUPERIOR to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
– CESPE – 2017 – ADAPTADA) No texto CG1A1BBB, o benefício.
vocábulo ‘emana’ foi empregado com o sentido de D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
uma modalidade na qual as ações são prescritas de
forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
a) trata.
sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
b) provém.
Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
c) manifesta.
até criar uma massa homogênea.
d) pertence.
E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-
e) cabe.
cam-se pelo predomínio de operadores argumen-
tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
Resposta: Letra B. Dentro do contexto, “emana” tem
tituída de argumentos e contra-argumentos que
o sentido de “provém”.
justificam a posição assumida acerca de um deter-
minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
A todo o momento nos deparamos com vários textos, neros estão em complementação, não em disputa.
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a pre-
sença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência 2. Gêneros Textuais
daquilo que está sendo transmitido entre os interlocu-
LÍNGUA PORTUGUESA

tores. Estes interlocutores são as peças principais em um São os textos materializados que encontramos em
diálogo ou em um texto escrito. nosso cotidiano; tais textos apresentam características
É de fundamental importância sabermos classificar os sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
e gêneros textuais. editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
blog, etc.

77
A escolha de um determinado gênero discursivo de- Observação:
pende, em grande parte, da situação de produção, ou seja, a A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
finalidade do texto a ser produzido, quem são os locutores e tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
os interlocutores, o meio disponível para veicular o texto, etc. e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia;
Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a esfe- ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico-
ras de circulação. Assim, na esfera jornalística, por exemplo, munista; simétrico e assimétrico.
são comuns gêneros como notícias, reportagens, editoriais,
entrevistas e outros; na esfera de divulgação científica são 3. Homônimos e Parônimos
comuns gêneros como verbete de dicionário ou de enciclo-
pédia, artigo ou ensaio científico, seminário, conferência. Homônimos = palavras que possuem a mesma gra-
fia ou a mesma pronúncia, mas significados diferentes.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Podem ser
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
Paulo: Saraiva, 2010. rentes na pronúncia:
Português – Literatura, Produção de Textos & Gra- rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).

SITE B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e


http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-textual. diferentes na escrita:
htm acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
Observação: Não foram encontradas questões abran- reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
e passo (andar).
gendo tal conteúdo.
C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
SINÔNIMOS, ANTÔNIMOS E PARÔNIMOS. perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
SENTIDO PRÓPRIO E FIGURADO DAS caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
PALAVRAS. cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).

Parônimos = palavras com sentidos diferentes, po-


rém de formas relativamente próximas. São palavras pa-
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
recidas na escrita e na pronúncia: cesta (receptáculo de
vime; cesta de basquete/esporte) e sesta (descanso após
Semântica é o estudo da significação das palavras e das
o almoço), eminente (ilustre) e iminente (que está para
suas mudanças de significação através do tempo ou em de-
ocorrer), osso (substantivo) e ouço (verbo), sede (subs-
terminada época. A maior importância está em distinguir tantivo e/ou verbo “ser” no imperativo) e cede (verbo),
sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e homôni- comprimento (medida) e cumprimento (saudação), autuar
mos e parônimos (homonímia / paronímia). (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e infringir
(violar), deferir (atender a) e diferir (divergir), suar (trans-
1. Sinônimos pirar) e soar (emitir som), aprender (conhecer) e apreen-
der (assimilar; apropriar-se de), tráfico (comércio ilegal) e
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfabeto - tráfego (relativo a movimento, trânsito), mandato (procu-
abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar - abolir. ração) e mandado (ordem), emergir (subir à superfície) e
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são imergir (mergulhar, afundar).
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quando, 4. Hiperonímia e Hiponímia
ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela outra,
em deteminado enunciado (aguadar e esperar). Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten-
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo
Observação: o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o
A contribuição greco-latina é responsável pela existência hiperônimo, mais abrangente.
de numerosos pares de sinônimos: adversário e antagonista; O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô-
translúcido e diáfano; semicírculo e hemiciclo; contraveneno nimo, criando, assim, uma relação de dependência se-
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi-
LÍNGUA PORTUGUESA

e antídoto; moral e ética; colóquio e diálogo; transformação e


metamorfose; oposição e antítese. peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões.
2. Antônimos Veículos é um hiperônimo de carros.
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em
São palavras que se opõem através de seu significado: quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili-
ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - censurar; zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita
mal - bem. a repetição desnecessária de termos.

78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Você é o meu sol!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Minha vida é um mar de tristezas.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você tem um coração de pedra!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. #FicaDica
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Procure associar Denotação com Dicionário:
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua trata-se de definição literal, quando o termo
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. é utilizado com o sentido que consta no di-
cionário.
SITE
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-
-antonimos,-homonimos-e-paronimos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Exemplos de variação no significado das palavras: reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido Paulo: Saraiva, 2010.
literal)
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido SITE
figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) cao/
As variações nos significados das palavras ocasionam
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo POLISSEMIA
(conotação) das palavras.
Polissemia é a propriedade de uma palavra adquirir
A) Denotação multiplicidade de sentidos, que só se explicam dentro de
Uma palavra é usada no sentido denotativo quando um contexto. Trata-se, realmente, de uma única palavra,
apresenta seu significado original, independentemente mas que abarca um grande número de significados den-
do contexto em que aparece. Refere-se ao seu significado tro de seu próprio campo semântico.
mais objetivo e comum, aquele imediatamente reconhe- Reportando-nos ao conceito de Polissemia, logo per-
cido e muitas vezes associado ao primeiro significado que cebemos que o prefixo “poli” significa multiplicidade de
aparece nos dicionários, sendo o significado mais literal algo. Possibilidades de várias interpretações levando-
da palavra. -se em consideração as situações de aplicabilidade. Há
A denotação tem como finalidade informar o receptor uma infinidade de exemplos em que podemos verificar a
da mensagem de forma clara e objetiva, assumindo um ocorrência da polissemia:
caráter prático. É utilizada em textos informativos, como O rapaz é um tremendo gato.
jornais, regulamentos, manuais de instrução, bulas de O gato do vizinho é peralta.
medicamentos, textos científicos, entre outros. A palavra Precisei fazer um gato para que a energia voltasse.
“pau”, por exemplo, em seu sentido denotativo é apenas Pedro costuma fazer alguns “bicos” para garantir sua
um pedaço de madeira. Outros exemplos: sobrevivência
O elefante é um mamífero. O passarinho foi atingido no bico.
As estrelas deixam o céu mais bonito!
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de
B) Conotação computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co-
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido
apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes de “entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”,
interpretações, dependendo do contexto em que esteja que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão”
inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões é
vão além do sentido original da palavra, ampliando sua o formato quadriculado que têm.
significação mediante a circunstância em que a mesma
é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico. 1. Polissemia e homonímia
Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re- A confusão entre polissemia e homonímia é bastante
LÍNGUA PORTUGUESA

provação (tomei pau no concurso). comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig-
A conotação tem como finalidade provocar sentimen- nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro
tos no receptor da mensagem, através da expressividade lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig-
e afetividade que transmite. É utilizada principalmente nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos
numa linguagem poética e na literatura, mas também uma homonímia.
ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos: pode significar uma fruta ou uma parte de uma camisa.
Não é polissemia porque os diferentes significados para

79
a palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um EXERCÍCIO COMENTADO
determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi-
1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
cados estão interligados porque remetem para o mesmo
FGV – 2014) “o país teve de recorrer a um programa de
conceito, o da escrita.
racionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma
de reescrever esse segmento, que altera o seu sentido
2. Polissemia e ambiguidade
original.
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto
a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado
racionamento.
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in-
b) O país teve como recurso recorrer a um programa
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à
de racionamento.
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um
c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racio-
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase:
namento.
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre-
d) O país obrigou-se a recorrer a um programa de racio-
quentemente são felizes.
namento.
Neste caso podem existir duas interpretações dife-
e) O Brasil optou por um programa de racionamento.
rentes:
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um pro-
librada. grama de racionamento”. Assinale a opção que apre-
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, senta a forma de reescrever esse segmento, QUE
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL.
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um progra-
importante saber qual o contexto em que a frase é pro- ma de racionamento = mesmo sentido.
ferida. Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro-
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção grama de racionamento = mesmo sentido.
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de
comicidade. Repare na figura abaixo: racionamento = mesmo sentido.
Em “d”: O país obrigou-se a recorrer a um programa
de racionamento = mesmo sentido.
Em “e”: O Brasil optou por um programa de raciona-
mento = mudança de sentido (segundo o enunciado,
o país não teve outra opção a não ser recorrer. Na al-
ternativa, provavelmente havia outras opções, e o país
escolheu a de “recorrer”).

(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).

Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,


mas duas seriam:
Corte e coloração capilar
ou
Faço corte e pintura capilar

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa


Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

SITE
http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
htm

80
HORA DE PRATICAR!

1. (MAPA – Auditor Fiscal Federal Agropecuário – Médico Veterinário – Superior – ESAF – 2017) Assinale a opção
que apresenta desvio de grafia da palavra.
A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chinesa que favorece a regularização dos processos fisiológicos do
corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventivamente (1)
para evitar o desenvolvimento de doenças, como terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou como método
paliativo (2) em casos de doenças crônicas de difícil tratamento. Tem também uma ação importante na medicina rejenera-
tiva (3) e na reabilitação. O tratamento de acupuntura consiste na introdução de agulhas filiformes no corpo dos animais.
Em geral são deixadas cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é dolorosa para os animais e é possível
observar durante os tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras de que o tratamento está atingindo o
efeito terapêutico (5) desejado.

Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fitoterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em 28/11/2017.


(Com adaptações)

a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)

2. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área Administrativa – Médio – FCC – 2017) Respeitando-se as
normas de redação do Manual da Presidência da República, a frase correta é:

a) Solicito a Vossa Senhoria que verifique a possibilidade de implementação de projeto de treinamento de pessoal para
operar os novos equipamentos gráficos a serem instalados em seu setor.
b) Venho perguntar-lhe, por meio desta, sobre a data em que Vossa Excelência pretende nomear vosso representante
na Comissão Organizadora.
c) Digníssimo Senhor: eu venho por esse comunicado, informar, que será organizado seminário, sobre o uso eficiente
de recursos hídricos, em data ainda a ser definida.

d) Haja visto que o projeto anexo contribue para o desenvolvimento do setor em questão, informamos, por meio deste
Ofício, que será amplamente analisado por especialistas.
e) Neste momento, conforme solicitação enviada à Vossa Senhoria anexo, não se deve adotar medidas que possam
com- prometer vossa realização do projeto mencionado.

3. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:

I. O ladrão era de menor.


II. Não há regra sem exceção.
III. É mais saudável usar menas roupa no calor.
IV. O policial foi à delegacia em compania do meliante.
V. Entre eu e você não existe mais nada.

A opção que apresenta vícios de linguagem é:

a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
LÍNGUA PORTUGUESA

d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.

81
4. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em que todas
as palavras estão corretas:

a) autoajuda – anti-inflamatório – extrajudicial.


b) supracitado – semi-novo – telesserviço.
c) ultrassofisticado – hidro-elétrica – ultra-som.
d) contrarregra – autopista – semi-aberto.
e) contrarrazão – infra-estrutura – coprodutor.

5. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:

a) Por quê o homem destrói a natureza?


b) Ela chorou por que a humilharam.
c) Você continua implicando comigo porque sou pobre?
d) Ninguém sabe o por quê daquele gesto.
e) Ela me fez isso, porquê?

6. (TJ-PA – Médico Psiquiatra – Superior – VUNESP – 2014)

Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer

a) anúncio ... A ... Iminente.


b) anuncio ... À ... Iminente.
c) anúncio ... À ... Iminente.
d) anúncio ... A ... Eminente.
e) anuncio ... À ... Eminente.
LÍNGUA PORTUGUESA

82
7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO 11. (Estrada de Ferro Campos do Jordão-SP – Analista
– 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir. Ferroviário – Oficinas – Elétrica – IDERH – 2014) Leia
A macro-história da humanidade mostra que todos en- as orações a seguir:
caram os relatos pessoais como uma forma de se man- Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa-
terem vivos. Desde a idade do domínio do fogo até a era nhias. (mas/más)
das multicomunicações, os homens tem demonstrado que A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
querem pôr sua marca no mundo porque se sentem su- (cumprimento/comprimento)
periores. Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
A palavra que NÃO está grafada corretamente é vazia. (despensa/dispensa).

a) macro-história. Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima


b) multicomunicações. os expostos na alternativa:
c) tem.
d) pôr. a) mas – cumprimento – despensa.
e) porque. b) más – comprimento – despensa.
c) más – cumprimento – dispensa.
8. (Liquigás – Profissional Júnior – Ciências Contábeis d) mas – comprimento – dispensa.
– cegranrio – 2014) O grupo em que todas as palavras e) más – comprimento – dispensa.
estão grafadas de acordo com a norma-padrão da Lín-
gua Portuguesa é 12. (TRT-2ª REGIÃO-SP – Técnico Judiciário - Área Ad-
ministrativa – Médio – FCC – 2014) Está redigida com
a) gorjeta, ogeriza, lojista, ferrujem clareza e em consonância com as regras da gramática
b) pedágio, ultrage, pagem, angina normativa a seguinte frase:
c) refújio, agiota, rigidez, rabujento
d) vigência, jenipapo, fuligem, cafajeste a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa-
e) sargeta, jengiva, jiló, lambujem lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de
passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun-
9. (SIMAE – Agente Administrativo – ASSCON-PP – ciar.
2014) Assinale a alternativa que apresenta apenas pala- b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
vras escritas de forma incorreta. atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
quanto a impossibilidade de rever sua posição.
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar; c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen-
b) Caixote, encher, análise, poetisa; tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; Excelência, o Senhor Ministro da Educação?
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
positiva para o público jovem que estava presente, de
10. (Receita Federal – Auditor Fiscal – ESAF – 2014) que se desculparam os idealizadores do programa.
Assinale a opção que corresponde a erro gramatical ou e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer
de grafia de palavra inserido na transcrição do texto. aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento
de projetos, com que serão também autores.
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secre-
taria da Receita Federal é apenas a mais recente denomi- 13. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014)
nação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco A acentuação correta está na alternativa:
séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária
para modernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora, a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
bem como para promover uma maior integração entre o b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento ex- c) ponei – geléia – heroico.
pontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa- e) lingüiça – feiúra – idéia.
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – AOCP –
um significativo avanço na facilitação do cumprimento 2014) A palavra que está acentuada corretamente é:
das obrigações tributárias, contribuindo para o aumento
da arrecadação a partir (5) do final dos anos 60. a) Históriar.
LÍNGUA PORTUGUESA

(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/ b) Memórial.


historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) c) Métodico.
d) Própriedade.
a) (1). e) Artifício.
b) (2).
c) (3).
d) (4).
e) (5).

83
15. (prodam-am – assistente – funcab – 2014 – adap- 21. (Prefeitura de Brusque-sc – Educador Social – fe-
tada) Assinale a opção em que o par de palavras foi pese – 2014) Assinale a alternativa em que só palavras
acentuado segundo a mesma regra. paroxítonas estão apresentadas.

a) saúde-países a) facilitada, minha, canta, palmeiras


b) Etíope-juízes b) maná, papá, sinhá, canção
c) olímpicas-automóvel c) cá, pé, a, exílio
d) vocês-público d) terra, pontapé, murmúrio, aves
e) espetáculo-mensurável e) saúde, primogênito, computador, devêssemos

16. (Advocacia Geral da União – Técnico em Contabi- 22. (Ministério do Desenvolvimento Agrário – Técni-
lidade – idecan – 2014) Os vocábulos “cinquentenário” co em Agrimensura – funcab – 2014) A alternativa que
e “império” são acentuados devido à mesma justificativa. apresenta palavra acentuada por regra diferente das de-
O mesmo ocorre com o par de palavras apresentado em mais é:

a) prêmio e órbita. a) dúvidas.


b) rápida e tráfego b) muitíssimos.
c) satélite e ministério. c) fábrica.
d) pública e experiência. d) mínimo.
e) sexagenário e próximo. e) impossível.

17. (Rioprevidência – Especialista em Previdência So- 23. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab
cial – ceperj – 2014) A palavra “conteúdo” recebe acen- – 2014) Assinale a alternativa em que todas as palavras
tuação pela mesma razão de: foram acentuadas segundo a mesma regra.

a) juízo a) indivíduos - atraí(-las) - período


b) espírito b) saíram – veículo - construído
c) jornalístico c) análise – saudável - diálogo
d) mínimo d) hotéis – critérios - através
e) disponíveis e) econômica – após – propósitos

18. (Ministério do Meio Ambiente – icmbio – cespe – 24. (Corpo de Bombeiros Militar-pi – Curso de Forma-
2014) A mesma regra de acentuação gráfica se aplica aos ção de Soldados – uespi – 2014) “O evento promove a
vocábulos “Brasília”, “cenário” e “próprio”. saúde de modo integral.” A regra que justifica o acento
gráfico no termo destacado é a mesma que justifica o
( ) CERTO ( ) ERRADO acento em:

19. (Prefeitura de Balneário Camboriú-sc – Guarda a) “remédio”.


Municipal – fepese – 2014 – adaptada) Assinale a alter- b) “cajú”.
nativa em que todas as palavras são oxítonas. c) “rúbrica”.
d) “fráude”.
a) pé, lá, pasta e) “baú”.
b) mesa, tábua, régua
c) livro, prova, caderno 25. (TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa
d) parabéns, até, televisão – Médio – FGV – 2015)
e) óculos, parâmetros, título Texto 3 – “A Lua Cheia entra em sua fase Crescente no
signo de Gêmeos e vai movimentar tudo o que diz respeito
à sua vida profissional e projetos de carreira. Os próximos
20. (Advocacia Geral da União – Técnico em Comuni- dias serão ótimos para dar andamento a projetos que co-
cação Social – idecan – 2014) Assinale a alternativa em meçaram há alguns dias ou semanas. Os resultados che-
que a acentuação de todas as palavras está de acordo garão rapidamente”.
com a mesma regra da palavra destacada: “Procuradorias
comprovam necessidade de rendimento satisfatório para O texto 3 mostra exemplos de emprego correto do “a”
renovação do FIES”. com acento grave indicativo da crase – “diz respeito à sua
LÍNGUA PORTUGUESA

vida profissional”. A frase abaixo em que o emprego do


a) após / pó / paletó acento grave da crase é corretamente empregado é:
b) moído / juízes / caído
c) história / cárie / tênue a) o texto do horóscopo veio escrito à lápis;
d) álibi / ínterim / político b) começaram à chorar assim que leram as previsões;
e) êxito / protótipo / ávido c) o horóscopo dizia à cada leitora o que devia fazer;
d) o leitor estava à procura de seu destino;
e) o astrólogo previa o futuro passo à passo

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26. (Prefeitura de Sertãozinho-SP – Farmacêutico – 30. (prefeitura de são Paulo-sp – técnico em saúde –
Superior – VUNESP – 2017) O sinal indicativo de crase laboratório – médio – vunesp – 2014) Reescrevendo-se
está empregado corretamente nas duas ocorrências na o segmento frasal – ... incitá-los a reagir e a enfrentar o
alternativa: desconforto, ... –, de acordo com a regência e o acento
indicativo da crase, tem-se:
a) Muitos indivíduos são propensos à associar, inadverti-
damente, tristeza à depressão. a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon-
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, forto, ...
por isso almejam à pílula da felicidade. b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga, forto, ...
pode-se, à primeira vista, pensar em depressão. c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios forto, ...
às pessoas antes da realização de exames acurados. d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis- forto, ...
tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de- e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
pressão. forto, ..

27. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área 31. (CONAB – Contabilidade – Superior – IADES –
Administrativa – Médio – FCC – 2017) É difícil planejar 2014 – adaptada) Considerando o trecho “atualizou os
uma cidade e resistir à tentação de formular um projeto dados relativos à produção de grãos no Brasil.” e conforme
de sociedade. a norma-padrão, assinale a alternativa correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
bo sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo
a) não acatar. de crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
c) controlar.
d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
d) superar.
tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser
e) não sucumbir.
facultativo.
e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
28. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
Administrativa – Médio – FCC – 2017) A frase em que
de crase seria facultativo.
há uso adequado do sinal indicativo de crase encontra-se
em: 32. (Sabesp-SP – atendente a clientes – Médio – fcc
– 2014 – adaptada) No trecho Refiro-me aos livros que
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com foram escritos e publicados, mas estão – talvez para sem-
maior força na Hollywood do século 21. pre – à espera de serem lidos, o uso do acento de crase
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- obedece à mesma regra seguida em:
gou à máxima.
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
em histórias já testadas e aprovadas. evitá-la.
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
de teatro. efeito.
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
em alguns estúdios. vela.
d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
29. (Prefeitura de Marília-SP – Auxiliar de Escrita – fórmula.
Médio – VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
o sinal indicativo de crase está empregado corretamente. rigidas.

a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o 33. (TRT-AL – Analista Judiciário – Superior – FCC–
amor de infância. 2014) ... que acompanham as fronteiras ocidentais chi-
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta nesas...
uma nova remessa de cartas. O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
LÍNGUA PORTUGUESA

c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- plemento que o da frase acima está em:
lógico.
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
à diversas cartas. b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem Idade Média.
novas amizades. c) ... viajavam por cordilheiras...
d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.

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34. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – 38. (prodam-am – Assistente de Hardware – funcab –
UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Padre Vieira, 2014) O termo destacado em: “As pessoas estão sempre
“O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica- muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte função sintática:
ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática a) objeto direto.
de, b) objeto indireto.
c) adjunto adverbial.
a) objeto direto/objeto direto. d) predicativo.
b) sujeito/objeto direto. e) adjunto adnominal.
c) objeto direto/sujeito.
d) objeto direto/objeto indireto. 39. (trt-13ª região-pb – Técnico Judiciário – Tecnolo-
e) sujeito/objeto indireto. gia da Informação – Médio – fcc – 2014) Ao mesmo
tempo, as elites renunciaram às ambições passadas...
35. (CASAL-AL – Administrador De Rede – COPEVE – O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
UFAL – 2014) No texto, “Arranca o estatuário uma pedra plemento que o grifado acima está empregado em:
dessas montanhas, tosca, bruta, dura, informe; e, depois
que desbastou o mais grosso, toma o maço e cinzel na a) Faltam-nos precedentes históricos para...
mão para começar a formar um homem, primeiro mem- b) Nossos contemporâneos vivem sem esse futuro...
bro a membro e depois feição por feição.” c) Esse novo espectro comprova a novidade de nossa si-
VIEIRA, P. A. In Sermão do Espírito Santo. Acervo da Aca- tuação...
demia Brasileira de Letras d) As redes sociais eram atividades de difícil implemen-
A oração sublinhada exerce uma função de tação...
e) ... como se imitássemos o padrão de conforto...
a) causalidade.
b) conclusão. 40. (Cia de Serviços de Urbanização de Guarapuava-
c) oposição. -pr – Agente de Trânsito – consulplam – 2014) Quanto
d) concessão. à função que desempenha na sintaxe da oração, o trecho
e) finalidade. em destaque “Tenho uma dor que passa daqui pra lá e de
lá pra cá” corresponde a:

36. (EBSERH – HUCAM-UFES – Advogado – Superior a) Oração subordinada adjetiva restritiva.


– AOCP – 2014) Em “Se a ‘cura’ fosse cara, apenas uma b) Oração subordinada adjetiva explicativa.
pequena fração da sociedade teria acesso a ela.”, a expres- c) Adjunto adnominal.
são em destaque funciona como: d) Oração subordinada adverbial espacial.

a) objeto direto. 41. (Advocacia-Geral da União – Técnico em Comu-


b) adjunto adnominal. nicação Social – idecan – 2014) Acerca das relações
c) complemento nominal. sintáticas que ocorrem no interior do período a seguir
d) sujeito paciente. “Policiais de Los Angeles tomam facas de criminosos, per-
e) objeto indireto. seguem bêbados na estrada e terminam o dia na delega-
cia fazendo seu relatório.”, é correto afirmar que
37. (EBSERH – HUSM-UFSM-RS – Analista Adminis-
trativo – Jornalismo – Superior – AOCP – 2014) a) “o dia” é sujeito do verbo “terminar”.
“Sinta-se ungido pela sorte de recomeçar. Quando seu fi- b) o sujeito do período, Policiais de Los Angeles, é com-
lho crescer, ele irá entender - mais cedo ou mais tarde -...” posto.
No período acima, a oração destacada: c) “bêbados” e “criminosos” apresentam-se na função de
sujeito.
a) estabelece uma relação temporal com a oração que d) “facas” possui a mesma função sintática que “bêba-
lhe é subsequente. dos” e “relatório”.
b) estabelece uma relação temporal com a oração que a e) “de criminosos”, “na estrada”, “na delegacia” são ter-
antecede. mos que indicam circunstâncias que caracterizam a
c) estabelece uma relação condicional com a oração que ação verbal.
lhe é subsequente.
d) estabelece uma relação condicional com a oração que
LÍNGUA PORTUGUESA

a antecede.
e) estabelece uma relação de finalidade com a oração
que lhe é subsequente.

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42. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio – 43. TJ-BA – Técnico Judiciário – Área Administrativa –
VUNESP – 2015) Leia o texto, para responder às ques- Médio – FGV – 2015
tões.
O fim do direito é a paz, o meio de que se serve para Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo
consegui-lo é a luta. Enquanto o direito estiver sujeito desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo
às ameaças da injustiça – e isso perdurará enquanto o de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo prepa-
mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A rada pela Nasa (agência espacial norte-americana). O pri-
vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das meiro passo para a concretização desse desafio será dado
classes sociais, dos indivíduos. nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion,
Todos os direitos da humanidade foram conquistados da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos
pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de Estados Unidos. O lançamento estava previsto original-
enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham; mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas
todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário
o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição de Brasília).”
ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples (Ciência, Internet Explorer).
ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa
das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto na “com o lançamento da cápsula Orion, da base da agência
outra segura a espada por meio da qual o defende. em Cabo Canaveral, na Flórida, nos Estados Unidos.”
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a Os termos sublinhados se encarregam da localização do
espada, a impotência do direito. Uma completa a outra, lançamento da cápsula referida; o critério para essa loca-
e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando lização também foi seguido no seguinte caso: Os protes-
a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade tos contra as cotas raciais ocorreram:
com que manipula a balança.
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi- d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direi-
to participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui 44. (TRT – 21.ª Região-RN – Técnico Judiciário – Área
para a realização da ideia do direito. É verdade que nem Administrativa – Médio – FCC – 2017) Está plenamente
todos enfrentam o mesmo desafio. adequada a pontuação do seguinte período:
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui-
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
nos compreenderiam, pois só veem nele um estado de -se, independente das outras artes há mais de meio
paz e de ordem. século.
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- cinema declarou-se independente das outras artes, há
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como mais de meio século.
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito. pendente das outras artes, embora a produção cine-
matográfica tenha sempre considerado a literatura
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí- como fonte de inspiração.
pios jurídicos manipulados pelo Estado. d) O cinema declarou-se independente, das outras ar-
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
chegaria ao fim. produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o literatura.
interesse pecuniário. e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do nema, mas este, declarou-se independente das outras
direito está na ação. artes há mais de meio século − como é sabido.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das
faces, aos demais, a outra.
LÍNGUA PORTUGUESA

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45. (Correios – Técnico em Segurança do Trabalho Jú- 48. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE-
nior – Médio – IADES – 2017 – adaptada) Quanto às NET – 2014) Sobre os SINAIS DE PONTUAÇÃO, observe
regras de ortografia e de pontuação vigentes, considere os itens abaixo:
o período “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam em
seu rosto numa mistura de amor e saudade.” e assinale a I. “Calma, gente”.
alternativa correta. II. “Que mundo é este que chorar não é “normal”?
III. “Sustentabilidade, paradigma de vida”
a) O uso da vírgula entre as orações é opcional. IV. “Será que precisa de mais licitações? Haja licitações!”
b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam V. “E, de repente, aquela rua se tornou um grande lago...”
em seu rosto por que sentia um misto de amor e sauda-
de.” poderia substituir a original. Sobre eles, assinale a alternativa CORRETA.
c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
acrescentado ao vocábulo “lia”. a) No item I, a vírgula isola um aposto.
d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da b) No item II, a interrogação indica uma mensagem in-
vírgula entre elas poderia ser dispensado. terrompida.
e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acen- c) No item III, a vírgula isola termos que explicam o seu
tuados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida. antecedente.
d) No item IV, os dois sinais de pontuação, a interrogação
46. (TRE-MS – Estágio – Jornalismo – TRE-MS – 2014) e a exclamação, indicam surpresa.
Verifique a pontuação nas frases abaixo e marque a as- e) No item V, as vírgulas poderiam ser substituídas, ape-
sertiva correta: nas, por um ponto e vírgula após o termo “repente”.

a) Céus: Que injustiça. 49. (Prefeitura de Paulista-PE – Recepcionista – UPE-


b) O resultado do placar, não o abateu. NET – 2014 – adaptada)
c) O comércio estava fechado; porém, a farmácia estava “Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
em pleno atendimento. ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de
d) Comam bastantes frutas crianças! dinheiro.”
e) Comprei abacate, e mamão maduro. (Millôr Fernandes)
47. (SAAE-SP – Fiscal Leiturista – VUNESP – 2014) Sobre as vírgulas existentes no texto, é CORRETO afirmar
que:

a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.

50. (Polícia Militar-SP – Oficial Administrativo – Mé-


dio – vunesp – 2014) A reescrita da frase – Como sempre,
a resposta depende de como definimos os termos da per-
gunta. – está correta, quanto à pontuação, em:

a) A resposta como sempre, depende de, como defini-


mos os termos da pergunta.
b) A resposta, como sempre, depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
c) A resposta como, sempre, depende de como defini-
mos os termos da pergunta.
d) A resposta, como, sempre depende de como defini-
Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, a pon- mos os termos da pergunta.
tuação está correta em: e) A resposta como sempre, depende de como, defini-
mos os termos da pergunta.
a) Hagar disse, que não iria.
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Naquela noite os Stevensens prometeram servir, bifes


e lagostas, aos vizinhos.
c) Chegou, o convite dos Stevensens, bife e lagostas: para
Hagar e Helga
d) “Eles são chatos e, nunca param de falar”, disse, Hagar
à Helga.
e) Helga chegou com o recado: fomos convidados, pelos
Stevensens, para jantar bifes e lagostas.

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51. (Emplasa-Sp – Analista Jurídico – Direito – vunesp 54. (TJ-SP – Escrevente Técnico Judiciário – Médio –
– 2014) Segundo a norma-padrão da língua portuguesa, VUNESP – 2017)
a pontuação está correta em: Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua
a) Como há suspeita, por parte da família de que João equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes
Goulart tenha sido assassinado; a Comissão da Ver- e divisórias.
dade decidiu reabrir a investigação de sua morte, em Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele
maio deste ano, a pedido da viúva e dos filhos. queria que todos estivessem juntos, para se conectarem
b) Em maio deste ano, a Comissão da Verdade acatou o e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi-
pedido da família do ex-presidente João Goulart e rea- cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro.
briu a investigação da morte deste, visto que, para a Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove
viúva e para os filhos, Jango pode ter sido assassinado. empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio
c) A investigação da morte de João Goulart, foi reaberta, chefe.
em maio deste ano pela Comissão da Verdade, para Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para
apuração da causa da morte do ex-presidente uma vez o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um
que, para a família, Jango pode ter sido assassinado. espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es-
d) A Comissão da Verdade, a pedido da família de João paço, com portas e tudo.
Goulart, reabriu em maio deste ano a investigação de Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório
sua morte, porque, a hipótese de assassinato não é aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni-
descartada, pela viúva e filhos. dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram
e) Como a viúva e os filhos do ex-presidente João Gou- ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas.
lart, suspeitando que ele possa ter sido assassinado Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até
pediram a reabertura da investigação de sua morte, 15% da produtividade, desenvolver problemas graves
à Comissão da Verdade, esta, atendeu o pedido em de concentração e até ter o dobro de chances de ficar
maio deste ano. doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de
52. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho – organização.
cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do tre- Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele
cho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir
mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita
se inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”. gente concorda – simplesmente não aguentam o escri-
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é
( ) CERTO ( ) ERRADO preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em
53. (Prefeitura de Arcoverde-PE – Administrador de desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo
Recursos Humanos – CONPASS – 2014) Leia o texto a de Nagele e voltando aos espaços privados.
seguir: Há uma boa razão que explica por que todos adoram um
“Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi- espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque: é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti- por até 20 minutos.
ca e uma conclusiva. Retemos mais informações quando nos sentamos em um
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está design de interiores.
subentendido. (Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w-
luxo, mas uma necessidade”. ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados do)
por uma conjunção aditiva.
e) isola o aposto na segunda oração. Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
o termo Talvez, indicando condição, a sequência que
apresenta correlação dos verbos destacados de acordo
com a norma-padrão será:
LÍNGUA PORTUGUESA

a) reteríamos ... sentarmos


b) retínhamos ... sentássemos
c) reteremos ... sentávamos
d) retivemos ... sentaríamos
e) retivéssemos ... sentássemos

89
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
20 C
21 A
22 E
23 E
24 E
25 C
26 C
27 E
28 D
29 B
30 A
31 E
32 D
33 E
34 C
35 E
36 C
LÍNGUA PORTUGUESA

37 A
38 D
39 A
40 A
41 D

90
ÍNDICE

CONHECIMENTOS GERAIS
Tópicos relevantes e atuais de diversas áreas, tais como segurança, transportes, política, economia, sociedade, educação,
saúde, cultura, tecnologia, energia, relações internacionais, desenvolvimento sustentável e ecologia, suas inter-relações e suas
vinculações históricas............................................................................................................................................................................................................01
TÓPICOS RELEVANTES E ATUAIS DE DIVERSAS ÁREAS, TAIS COMO SEGURANÇA,
TRANSPORTES, POLÍTICA, ECONOMIA, SOCIEDADE, EDUCAÇÃO, SAÚDE, CULTURA,
TECNOLOGIA, ENERGIA, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
E ECOLOGIA, SUAS INTER-RELAÇÕES E SUAS VINCULAÇÕES HISTÓRICAS.

1 - Febre amarela

Desde 2016, algumas regiões do Brasil têm enfrentado um surto de febre amarela, mas foi em 2018 que a crise se
intensificou, com aumento de casos da doença. A febre amarela é transmitida por mosquitos silvestres, que ocorre em
áreas de florestas e matas. Na área urbana, o mosquito transmissor é o Aedes aegypti.
A única forma de se prevenir é recorrer à vacinação, disponível nos postos de saúde, por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da Saúde, entre de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro, foram 723 casos e 237
óbitos. Em 2017, houve 576 casos e 184 óbitos. Por isso, uma das indicações segundo especialistas na área da saúde,
é evitar áreas rurais, caso a pessoa ainda não esteja vacinado. A vacina dura cerca de 10 anos.
As áreas mais atingidas pela febre amarela são os Estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. De
acordo com os especialistas, os índices atuais apontam que a atual situação supera o surto dos anos 80. Os principais
sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dores musculares, fadiga, náuseas, vômitos, entre outros.

#FicaDica
Um dos pontos de mais destaque na mídia, quando se trata de febre amarela, é a falta de vacinas nos
postos de saúde, devido à alta procura pela vacina, em janeiro de 2018. Na ocasião, as vacinas foram fra-
cionadas para conter a alta demanda pelo serviço, por parte da população.

FIQUE ATENTO!
As provas em concursos públicos podem tratar sobre a alta procura pela vacina, motivada pela escassez,
em meio à euforia popular em se vacinar, por conta dos índices de mortes. Vale também manter atenção
quanto às formas de transmissão e de que a vacina, de fato, é melhor forma de se prevenir.

2 - Questão das armas nos EUA

Historicamente, os Estados Unidos têm políticas mais flexíveis de porte armas para os cidadãos, uma questão bas-
tante inserida na cultura do país, diferentemente de nações como o Brasil.
Contudo, com os altos índices de ataques e tiroteios em escolas e outros locais publicados, na maioria das vezes crimes
causados por civis com porte de armas, tem suscitado a discussão sobre endurecer o acesso às armas, com políticas menos
flexíveis.
No governo de Barack Obama (2009-2017), essas discussões foram intensificadas. O então presidente demonstrava ser favorá-
vel à implantação de medidas mais rígidas, mas encontrou grande resistência de seus oponentes no Partido Republicano.
No atual governo de Donald Trump, que assumiu em 2017, essa discussão é tida pela Casa Branca como um assunto que
pode esperar, por não se tratar de prioridade para o atual governo. A camada da sociedade norte-americana inclinada a leis mais
rígidas, defende que haja restrição na venda de armas.

#FicaDica
É importante ressaltar que a questão das armas é um tema que divide a sociedade dos Estados Uni-
CONHECIMENTOS GERAIS

dos. Camadas da sociedade, desde ONGs e pessoas da esfera política, defendem o controle das armas
como forma de minimizar os ataques recentes. Porém quem é contra a ideia, acredita que o momento
é propício para armar ainda mais a população.

1
4 - Crise na Venezuela
FIQUE ATENTO!
Não é difícil de imaginar que algumas ques- Pelo menos há quatro ou cinco anos, a Venezuela
tões previstas em concursos relacionem o tem enfrentado instabilidade econômica, principalmente
tema a Donald Trump, que claramente se pelo desabastecimento de produtos básicos para consu-
mostrou favorável a ao direito de armar a mo diário e crescente pobreza populacional. Também
população. Além disso, é possível que seja é preciso considerar que a queda no valor do preço do
relacionado ainda a polêmica de envolve a petróleo contribuiu para o empobrecimento do país, le-
indústria de armas, ou seja, para os críticos vando em conta de que se trata da principal economia
da flexibilidade de armamento, manter as da nação.
atuais leis interessa esse mercado milioná- Os conflitos políticos também ganharam espaço, em
rio, que vive um bom momento em 2018. meio a protestos violentos entre manifestantes contrá-
rios e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, o atual
presidente do país. A rivalidade entre os grupos se in-
3 - Guerra comercial - China e EUAw tensificou após a morte de Hugo Chávez e chegada de
Maduro ao poder.
De um lado os gigantes norte-americanos, de outro Em 2018, a situação econômica se agravou trazendo
a poderosa China. O embate comercial entre as duas mais miséria à população e busca por melhores condi-
potências tem influenciado o mercado de outros países. ções de vida em outros países, especialmente o Brasil.
Em resumo, ambas as nações implementaram no final do A quantidade diária de venezuelanos que chegaram ao
primeiro semestre de 2018 políticas mais rígidas e restri- país, a partir de Roraima, tem suscitado conflitos na re-
ções de produtos dos dois países no mercado interno do gião, com crescimento de hostilidade da população em
oponente. relação aos vizinhos sul-americanos.
A primeira polêmica começou com imposição de tari-
fas dos EUA sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos
da China, em julho de 2018. A justificativa da Casa Branca #FicaDica
é que a medida fortalece o mercado interno. A nação ain- A crise venezuelana é complexa e traz mui-
da acusou a China de roubo de propriedade intelectual tas narrativas, mas é preciso considerar um
de produtos norte-americanos. tema de muito destaque em 2018: a imigra-
O governo chinês retaliou e aplicou taxas compatí- ção. A chegada maciça de venezuelanos ao
veis em relação a centenas de produtos dos Estados Uni- Brasil enfatiza mais um cenário de xenofobia
dos, o que representa também cerca de US$ 34 bilhões. em território nacional, em meio à rejeição da
Esse cenário trouxe a maior guerra comercial de todos população de Roraima à chegada dos imi-
os tempos. grantes.
As medidas afetam a exportações de diversos pro-
dutos no mundo, desde petróleo, gás e outros produtos
refinados. Numa economia globalizada, embates como
esse causam turbulência no mercado. FIQUE ATENTO!
Pode haver questões de atualidades com
enunciados que requerem atenção e inter-
#FicaDica pretação de texto. Uma boa compreensão
Antes das medidas, o presidente dos Esta- do enunciado pode ser fundamental para
dos Unidos, Donald Trump, já havia anun- chegar à resposta correta.
ciado a necessidade de rever as políticas
comerciais com a China dando sinais de que 5 – Matrizes energéticas
seria rígido quanto às taxas. Nesse mesmo
cenário, os chineses defenderam políticas O conceito de matrizes energéticas implica na soma
mais favoráveis à integração, em um mun- e poderio de fontes de energias produzidas ou contidas
do o qual vigora economias globalizadas. numa nação. No caso do Brasil, o país detém a matriz
energética mais renovável do mundo.
Cerca de 45% de suas fontes de energia são sustentá-
FIQUE ATENTO! veis, como hidrelétrica, biomassa e etanol. A matriz ener-
gética mundial tem a média de 13% de fontes renováveis,
CONHECIMENTOS GERAIS

É importante manter atenção quanto à in- no caso, para países desenvolvidos e industrializados.
fluência desse tema em relação ao Brasil. Há No Brasil, em 2018, muitas usinas produtoras de açú-
quem defenda que a situação favorece a co- car têm intensificado suas atividades na produção de eta-
mercialização de commodities para o merca- nol, em busca de destaque no mercado mundial, disputa-
do chinês. do juntamente com os Estados Unidos. Com o anúncio da
China, em dezembro, sobre aumentar sua cota de etanol
na gasolina para 10%, esse mercado tende a crescer mais.

2
Um dos momentos mais tensos quanto às políticas
#FicaDica de imigração no país ocorreu quando o governo Trump
Brasil e EUA são os dois grandes produtores decidiu separar crianças pequenas de seus pais, na situa-
e consumidores de etanol no mundo. ção em que ocorre detenção de adultos ao atravessar
a fronteira de forma ilegal. A medida faz parte do pro-
grama “Tolerância Zero”, que busca reduzir o índice de
imigrações ilegais no país.
FIQUE ATENTO! Essa prática que separa pais e crianças foi duramente
Existem dois tipos de etanol no mercado: criticada por entidades e organizações internacionais. A
anidro (sem água, vem misturado à gasoli- justificativa do governo quanto à ação era de que não se-
na) e hidratado (com até 7% de água, etanol ria possível abrigar as crianças junto aos pais, nos centros
puro comprado direto da bomba). de detenção federal reservados aos adultos. Por isso, os
menores foram encaminhados a abrigos.
Além disso, as instalações foram consideradas
6 – Desmatamento atinge recordes em 2018 precárias para receber as crianças, na opinião de críticos
da medida. Após a repercussão negativa desse caso, a
Pesquisa divulgada em setembro de 2018, pelo Ins- Casa Branca voltou atrás quanto à separação das famílias,
tituto Ibope Inteligência, cita que 27% dos brasileiros mas críticas prevalecem quanto à tolerância zero.
acreditam que o desmatamento é a maior ameaça para
o meio ambiente. As informações são da Agência Brasil.
Além desse estudo, um relatório da revista Science #FicaDica
mostra que o desmatamento não tem reduzido quan-
A política de imigração nos Estados Unidos
do se trata de espaço para produção de commodities.
demonstra uma tendência por parte de na-
Esses produtos, em geral, requerem grande espaço para
ções ricas quanto aos imigrantes, em meio
cultivo.
à intolerância que pode culminar em xeno-
Porém em entrevista à BBC, o analista de dados Philip
fobia. Na Europa, por exemplo, destino de
Curtis, colaborador da organização não governamental
milhões de imigrantes de várias partes do
The Sustainability Consortium, afirma que os commodi-
planeta, a aversão ao estrangeiro, sobretudo
ties não podem ser culpados. Levando em conta que a
em relação a países pobres e marginalizados,
produção desses produtos é necessária para suprir o au-
tem aumentado significativamente.
mento populacional.
Cerca de 27% do desmatamento é causado pela pro-
dução de commodities. Além disso, 26% dos impactos
ambientais se referem ao manejo comercial florestal, e FIQUE ATENTO!
24% corresponde à agricultura, com produção de produ-
tos para subsistência. Quando se fala de imigração e xenofobia, é
importante ressaltar que mesmo mantendo
historicamente uma cultura que recebe to-
#FicaDica dos, o Brasil tem registrado casos dessa na-
tureza nos últimos anos, como hostilização e
O estudo cita ainda que incêndios florestais preconceitos em relação a haitianos, bolivia-
correspondem a 23% dos danos. No caso, a nos e venezuelanos.
urbanização chega a menos de 1%.

8 - Gillets jaune
FIQUE ATENTO! Os gillets jaune (coletes amarelos, em francês) foram desta-
Nos países ao Norte e mais desenvolvidos, que no cenário mundial ao realizarem protestos e atos contra
o desmatamento é causado principalmente aumento no preço de combustíveis, no início de dezembro,
por incêndios florestais. Na porção mais ao na França. Especialistas ressaltam que desde os anos 60 não
Sul, entre as nações em desenvolvimento, surgiam protestos tão violentos quanto os realizados nesse
a produção de commodities e a agricultura período.
têm impacto no desmatamento. A alta dos preços, segundo o governo francês, é mo-
tivada para desestimular o uso de combustíveis fósseis,
CONHECIMENTOS GERAIS

7 - EUA e questão imigratória como estratégia de sustentabilidade. A ideia é investir


mais em fontes renováveis. Para conter os atos, o gover-
Historicamente, os Estados Unidos têm mantido polí- no cancelou o aumento de preços.
ticas rígidas quando se trata de imigração, num comba-
te à entrada ilegal de estrangeiros no país, em busca de
uma vida melhor. Com a eleição do republicano Donald
Trump, em 2017, a política imigratória tem sido endu-
recida, o que trouxe críticas por parte da comunidade
internacional em relação às medidas adotadas.

3
10 - Brexit e UE
#FicaDica
Marine Le Pen, líder do partido de extrema- O Brexit, o processo de saída do Reino Unido da
-direita francês, se posicionou favorável aos União Europeia, foi aprovado em referendo britânico, em
protestos. 2016, mas a saída oficial pode ser concluída a partir de
2020. Internamente, há certa pressão para que os britâni-
cos recuem da decisão e se mantenham no bloco.
Ainda existe um debate sobre a possibilidade de rea-
FIQUE ATENTO! lizar um segundo referendo para consulta popular, em
A avaliação é de que as manifestações não relação à saída ou não do Reino Unido. Se houver a apro-
estão ligadas a partidos e surgiram essen- vação do Brexit, o bloco europeu perde os seguintes paí-
cialmente por meio de mobilizações popu- ses: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
lares.

9 - Inteligência artificial cada vez mais presente na #FicaDica


sociedade
A decisão de sair foi motivada pela direi-
Num mundo cada vez mais conectado e imerso nas ta britânica, com intuito de fechar mais as
redes sociais, as inovações tecnológicas estabelecem fronteiras do Reino Unido também para
novas configurações nas relações sociais e de trabalho. outros países da Europa, sobretudo, nações
A inteligência artificial se constitui num mecanismo que que exportam imigrantes.
traz mudanças nas formas como as pessoas se relacio-
nam e nas funções que exercem.
No campo profissional, por exemplo, a inteligência FIQUE ATENTO!
artificial – por meio de máquinas ou robôs –, já realiza A União Europeia é o bloco econômico mais
de forma automatizada funções anteriormente exercidas rico e influente do mundo.
por pessoas. Hoje, por exemplo, softwares e máquinas
realizam relatórios e análises que eram feitas por profis-
sionais preparados para essa função. 11 - Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro
Outro exemplo é o uso de atendentes virtuais em
chats de relacionamento com clientes. A GOL Linhas Aé- Em dezembro, o então presidente eleito, Jair Bolso-
reas mantém uma atendente- robô em sua página para naro, anunciou o desmembramento do Ministério do
esclarecer dúvidas mais freqüentes do usuários. Trabalho. As competências da pasta serão direcionadas a
Uma das questões mais complexas quando se fala três ministérios: Justiça, Economia e Cidadania.
nessa tecnologia, é a perda de profissões que passam a Justiça cuidará da concessão das cartas sindicais e
ser exercidas por máquinas. Num futuro nem tão distan- Economia assume questões como o FGTS (Fundo de Ga-
te assim a tendência é essa. E de certa forma, as carreiras rantia do Tempo de Serviço). E a pasta Cidadania cuidará
profissionais vão se adaptando à tecnologia e passam de políticas de geração de renda e emprego.
por transformações intensas para saber lidar com essas
mudanças.
#FicaDica
#FicaDica As cartas sindicais concedidas pelo governo
autorizam o exercício e funcionamento de
Em julho de 2018, uma equipe de cientistas
entidades para práticas sindicais.
estrangeiros assinou um acordo em que se
comprometiam a não criar máquinas e ro-
bôs que possam ameaçar a vida e integrida-
de da raça humana. FIQUE ATENTO!
Governo eleito diz que desmembramento
viabilizará diálogos entre as pastas.
FIQUE ATENTO!
Inteligência artificial é um tema bem con-
CONHECIMENTOS GERAIS

12 – Agrotóxicos
temporâneo e está ligado à realidade das
pessoas, à medida que interfere nas ativida-
Como um dos maiores exportadores de produtos
des profissionais e formas de se relacionar.
como soja, açúcar e laranja, o Brasil é ainda considerado
Por isso, é um assunto bem relevante.
um dos países que mais utilizam agrotóxicos no culti-
vo agrícola. Os setores do agronegócio há algum tem-
po reivindicam a flexibilização na regulamentação. E em
contrapartida, movimentos sociais e ONGs nutrem apoio
a políticas mais rígidas quanto ao uso desses produtos.

4
Em 25 de junho de 2018, foi aprovado um projeto de
lei por uma comissão especial da Câmara dos Deputa- FIQUE ATENTO!
dos que flexibiliza as regras. Um dos pontos discutidos é O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lan-
centralizar a regulamentação dos agrotóxicos no Minis- çou cartilha em 2017 que orienta adultos e
tério da Agricultura. Atualmente, o Ministério da Saúde e crianças a lidarem com a situação.
Meio Ambiente também dividem a função de liberar os
produtos.
Além disso, um dos pontos mais marcantes do projeto 14 - Acordo para reconstrução da Síria
de lei busca eliminar o termo “agrotóxico” por “pesticida”.
No texto original apresentado, o termo usado era “fitossa- Desde 2011, a Síria enfrenta uma intensa guerra civil
nitário”. que já deixou milhões de mortos e refugiados. O país
Outras mudanças discutidas é reduzir o prazo de li- hoje vive um cenário de miséria em meio à devastação.
beração de agrotóxicos, que atualmente é de cerca de Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) citam
dois anos, mas pode chegar a mais de cinco anos. A ideia, que o conflito custou mais de US$ 380 bilhões de dóla-
então, seria estabelecer o prazo de 30 dias a 24 meses, res.
em média. Quem defende a mudança diz que se trata Em 2018, a sociedade mundial tem discutido a im-
de reduzir o preconceito e depreciação da prática, além plantação de um plano para a reconstrução da Síria. Mas
disso, para a bancada ruralista na Câmara, a mudança do a atrair investimentos externos tem sido desafiante para
nome segue a tendência internacional. a nação, tendo em vista as sanções impostas pelos Esta-
dos Unidos, por conta de denúncias de violações de di-
reitos humanos sob a gestão de Bashar al-Assad, o presi-
#FicaDica dente do país. Atualmente, Rússia, China e Irã investiram
Entidades e ONGs de meio ambiente ape- na nação nos últimos e são os países aliados do governo.
lidaram o projeto de lei de “Pacote do Ve- Com as sanções, a Síria fica impedida de exportar e
neno”. Na opinião dessas organizações, até receber investimentos estadunidenses. Na opinião de
flexibilizar as regras quanto aos agrotóxicos especialistas em relações internacionais, executar um pla-
representa ignorar os efeitos nocivos do uso no de reconstrução depende da exclusão das sanções e
desses produtos para saúde das pessoas e participações de mais nações que possam investir no país.
meio ambiente.

#FicaDica
FIQUE ATENTO! Em mais de sete anos de guerra civil, mais
de 5,6 milhões de pessoas foram forçadas
Hoje, é a lei 7.802, de 1989 que regulamenta
a deixar suas casas em busca de uma vida
o uso desses produtos. Para os órgãos que
melhor em outros países. Além disso, mais
defendem a manutenção das atuais práticas,
de 500 mil pessoas vivem deslocadas dentro
é preciso realizar pequenos ajustes, mas a lei
país.
atual é considerada adequada.

FIQUE ATENTO!
13 – Casos de bullying De acordo com a ONU, a maioria dos refu-
giados que vive nos países vizinhos se en-
Pesquisa recente aponta que um em cada 10 brasi- contra abaixo da linha da pobreza em situa-
leiros é vítima de bullying, especialmente no ambiente ção de miséria.
escolar. O Brasil é considerado o segundo país com mais
casos dessa natureza no ambiente virtual, segundo da-
dos do Instituto Ipso, como aponta matéria do “O Cor- 15 - Nova versão do vírus ebola
reio do Povo”.
No levantamento, a Índia lidera essa corrida. No Bra- Em agosto de 2018, cientistas dos Estados Unidos
sil, cerca de 65% das redes sociais foram cenários usados anunciaram a descoberta de uma nova versão do vírus
para a prática do crime. ebola, chamada de Bombali. A descoberta foi feita em
A recomendação aos pais quando detectam as agres- Serra Leoa, por pesquisadores da Universidade da Cali-
sões é entrar em contato com os pais ou responsáveis fórnia (EUA).
CONHECIMENTOS GERAIS

pelo agressor. Dependendo da situação, a indicação é O vírus foi encontrado em morcegos e tem força para
recorrer a alternativas legais. atingir seres humanos. A descoberta possibilitará à ciên-
cia estudar e compreender a dinâmica de vírus desenvol-
vidos em animais e mensurar a capacidade para atingir
#FicaDica as pessoas.
Especialistas orientam pais e educadores a Com a novidade, os cientistas acreditam que, de fato,
manterem-se em alerta e vigilância quanto os morcegos são os hospedeiros do ebola. Para os pes-
a suspeitas de casos de bullying. quisadores, compreender sobre quais são os hospedei-
ros é fundamental para combater a doença.

5
A maioria dos animais extintos da mata atlântica era
#FicaDica de grande porte. Além disso, mais de 50% dos mamíferos
O ebola é transmitido por meio de secreção do bioma foram extintos nas últimas décadas.
ou sangue. A doença é de alto risco e de
difícil cura. Um dos principais sintomas é a #FicaDica
febre hemorrágica. Uma das causas do cenário, segundo pes-
quisadores, é o uso excessivo da terra e ex-
tração de madeira. A ação humana tem con-
FIQUE ATENTO! tribuído decisivamente quanto aos índices
Com a descoberta atual, pela primeira vez, a citados.
doença é identificada em hospedeiro antes
que ocorra um surto.

FIQUE ATENTO!
16 - Primeira mulher latino-americana como pre- Animais como onças pintadas e pardas so-
sidente da Assembleia Geral da ONU freram com 79% de perda, de acordo com os
dados apontados.
A equatoriana María Fernanda Espinosa assumiu em
setembro a presidência da Assembleia Geral da ONU, um
fato inédito. Pela primeira vez uma mulher da América 18 - Depósitos de gelo na Lua
Latina assume o cargo.
Um dos grandes desafios da nova presidente é coman- De acordo com a Agência Espacial dos Estados Uni-
dar acordos dentro da entidade, em questões polêmicas dos (Nasa, na sigla em inglês), os dois polos e algumas
como a crise dos refugiados e guerra comercial liderada partes mais escuras e geladas da Lua contam com depó-
pelos Estados Unidos. O órgão presidido por ela vai rece- sitos gelo. A descoberta ainda não explica com exatidão
ber nos próximos meses encontros importantes entre líde- a presença das camadas de gelo, mas algumas hipóteses
res globais. apontam que um choque com meteoritos e cometas no
Em entrevista à imprensa internacional, Espinosa ad- satélite pode ter influenciado esse cenário.
mitiu que a imigração é uma das questões mais desafian- A novidade é fruto de um estudo da Universidade
tes em seu mandato. A crise na Venezuela também é uma do Havaí, Brown University e do Centro de Pesquisas da
demanda importante a ser discutida nessa gestão. Nasa, que utilizou o equipamento Moon Mineralogy Ma-
pper (M3). As análises da Nasa ainda atestam que boa
parte das camadas de gelo se encontra nas crateras da
#FicaDica
Lua.
María Fernanda Espinosa também afirmou Em julho deste ano também foram descobertas 12 no-
que pretende incentivar debate e buscar so- vas Luas ao redor de Júpiter, totalizando mais de 79 Luas.
luções para a questão ambiental e também a Um dos destaques entre os satélites descobertos é uma
desigualdade de gênero. pequena Lua com somente um quilômetro de diâmetro.

#FicaDica
FIQUE ATENTO!
A gestão de Espinosa dura apenas um ano Outras pesquisas já indicaram que a Lua te-
e em seu mandato terá a função de propor ria tido condições de ser habitada há bilhões
debates e discussões, sem imposições, mas de anos.
com propostas de diálogo e até votações em
questões importantes.
FIQUE ATENTO!
Porém pesquisadores admitem que para co-
17 – Mata Atlântica e maior erosão nos últimos nhecer a fundo se realmente o satélite abri-
tempos gou vidas ou desenvolveu organismos, será
preciso investimento maciço em pesquisas e
A biodiversidade brasileira sofreu grande impacto relati- exploração por lá.
CONHECIMENTOS GERAIS

vo à erosão nos últimos anos, especialmente na mata atlân-


tica. No caso, o bioma conta com apenas menos de 30% dos
mamíferos existentes, quando em comparação ao cenário 19 - Feminicídios no Brasil
do ano de 1500, época em que o Brasil foi descoberto.
O estudo foi divulgado pela revista Plos One. Em re- O Brasil é um dos países como mais casos de femi-
sumo, a mata atlântica teria perdido mais de 70% de es- nicídio do mundo. Segundo informações da “Agência
pécies de mamíferos. Na atualidade, algumas áreas locais Brasil”, nos primeiros sete meses de 2018, o serviço 180
têm sofrido com a erosão no bioma, como aponta repor- (Central de Atendimento à Mulher) registrou mais de 740
tagem de “O Globo”. ocorrências do crime ou tentativas de homicídio.

6
Desse índice, houve 78 casos de feminicídio e 665 https://epocanegocios.globo.com/Economia/noti-
tentativas. Além disso, o serviço de atendimento recebeu cia/2018/07/como-guerra-comercial-entre-eua-e-china-
mais de 80 mil relatos de violência contra as mulheres, -pode-afetar-o-brasil.html - Acesso: 30/08/2018 - 23:33
sendo que 80% está relacionado a denúncias de violência
doméstica. https://www.bbc.com/por tuguese/internacio-
O crime de femicídio é previsto em lei desde 2015 e nal-39716719 - Acesso: 31/08/2018 - 00:27
seu conceito está ligado a desigualdade ou crime hedion-
do com base no gênero. Em 10 anos, houve aumento de http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-
mais 6,4% nos casos de assassinatos contra as mulheres. -em-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-
-combater-fake-news
Acesso: 31/08/2018 – 22:06
#FicaDica
A mídia retratou em junho de 2018 um caso https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/
marcante dessa natureza, onde o biólogo atualidades/imigracao-nos-eua-a-politica-de-tolerancia-
Luiz Felipe Manvaile foi acusado de matar -zero-e-o-drama-das-criancas-na-fronteira.htm - Aces-
a mulher, Tatiana Spitzner. A vítima caiu do so: 31/08/2018 - 23:00
quarto andar do apartamento do casal, em
Guarapuava, no interior do Paraná. https://tecnologia.uol.com.br/noticias/reda-
cao/2018/03/23/o-que-zuckerberg-nao-explicou-sobre-
-a-crise-envolvendo-facebook-e-eleicoes.htm - Acesso:
FIQUE ATENTO! 01/09/2018 - 00: 26
O canal 180 foi criado em 2005 pela então
Secretaria de Políticas para as Mulheres da https://super.abril.com.br/tudo-sobre/inteligencia-
Presidência da República (SPM-PR), no go- -artificial/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:26
verno Lula, com intuito de orientar as mu- https://super.abril.com.br/tecnologia/pesquisadores-
lheres quanto a direitos e serviços. E em -de-inteligencia-artificial-prometem-nao-construir-ro-
2014, o canal se transformou em um dique- bos-assassinos/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:29
-denúncia.
https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-
-noticias/redacao/2018/07/12/o-que-muda-com-o-pro-
20 - Museu Nacional do RJ jeto-de-lei-de-agrotoxicos-em-discussao-no-congresso.
htm - Acesso: 02/09/2018 - 20:35
Incêndio no Museu Nacional, em setembro, no Rio
de Janeiro, chocou a comunidade internacional – em vir- https://extra.globo.com/noticias/economia/alcance-
tude da importância do acervo para a cultura mundial. -amplo-de-sancoes-dos-eua-afeta-reconstrucao-da-si-
O museu mais antigo do país trazia obras de arte raríssi- ria-23033601.html - Acesso: 03/09/2018 - 22:04
mas e de grande valor artístico.
A Biblioteca Nacional, localizada no museu, também https://nacoesunidas.org/guerra-siria-completa-7-a-
sofreu com a perda de suas obras durante o incêndio. nos-em-marco-com-rastro-de-tragedia-para-civis-diz-
Cerca de 90% do acervo de todo o museu foi destruído. -onu/ - Acesso: 03/09/2018 – 22:25

https://g1.globo.com/bemestar/ebola/noti-
#FicaDica cia/2018/08/27/cientistas-encontram-nova-versao-do-
O local já recebeu visitantes importantes, -virus-ebola-em-morcegos-em-serra-leoa.ghtml
como o cientista Albert Einstein, nos anos 20.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/
noticia/2018-08/ligue-180-registra-mais-de-740-casos-
-de-feminicidio-este-ano - Acesso: 04/09/2018 - 22:22
FIQUE ATENTO!
https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/08/27/
O museu foi residência oficial da Família Real pgr-denuncia-jefferson-cristiane-brasil-ex-ministro-e-
portuguesa, entre 1819 a 1821. -mais-23-por-supostas-fraudes-no-ministerio-do-traba-
lho.ghtml - Acesso: 04/09/2018 - 22:22
CONHECIMENTOS GERAIS

Referências https://www.correiodopovo.com.br/Jornalcomtecno-
logia/2018/07/11/brasil-e-o-2o-pais-com-mais-casos-
http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-sau- -de-bullying-virtual-contra-criancas/
de/42655-febre-amarela-ministerio-da-saude-atua- Acesso: 31/10/2018 – 22:44
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https://www.bbc.com/por tuguese/internacio- https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilida-
nal-41501743 - Acesso: 30/08/2018 - 23:02 de/mata-atlantica-perdeu-mais-de-70-de-seus-mamife-
ros-23101270

7
Acesso: 27/09/2018 – 22:50 3. PF- Escrivão – CESPE/2013
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien- São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
te/2010/11/matriz-energetica - Acesso: 04/12/2018 - 22: quatro manifestações seguintes atraíram a atenção na-
44 cional. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderi-
ram às manifestações. Também começam atos em Viçosa
https://www.bbc.com/por tuguese/internacio- e Votuporanga.
nal-46249017 - Acesso: 05/12/2018 - 00:14 O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
https://observador.pt/2018/09/03/museu-nacional- Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
-de-casa-da-familia-real-a-museu-visitado-por-einstein/ traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
- Acesso: 05/12/2018 – 00: 17 Confederações, como Belo Horizonte.

Letícia Veloso - jornalista e radialista O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por
Formada em jornalismo em 2008, possui experiência ele focalizado, julgue os itens.
em TV, impresso e jornalismo online. Passou por empre-
sas como Grupo Folha (UOL), Grupo RBS, Rede Vida e Ainda que as opiniões sobre as manifestações de junho
Portal do Walmart. Também já trabalhou como locuto- de 2013, no Brasil,se distingam em vários aspectos,os
ra (tem DRT na área) em emissoras de rádio em Minas analistas políticos convergem para o seguinte entendi-
Gerais e São Paulo. Hoje é professora de atualidades do mento: essas manifestações populares em nada diferem
Grupo Nova. Mantém ainda um blog focado em cultura, dos movimentos das Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.
comportamento e cotidiano, com a seguinte página no
Facebook: https://www.facebook.com/meulead/ ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Essas mobilizações ainda são centro


de discussões e, de fato, embora houvesse comparação
com Diretas Já e Caras-pintadas, não se configura em um
EXERCÍCIOS COMENTADOS mesmo movimento. Isso porque os protestos de junho
acabaram abraçando várias causas e demandas, enquan-
1. Polícia Militar/MA - 1° Tenente PM - Psicólogo to que ambos os movimentos citados defendiam bandei-
-CESPE /2017. ras específicas, sem pulverização.
O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu
origem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo 4. PF- Escrivão – CESPE/2013
porte, que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de
fluxos de pessoas, mercadorias, informações e capitais São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As
no território brasileiro, configurando uma complexa rede quatro manifestações seguintes atraíram a atenção na-
geográfica de cidades. Com relação ao texto apresenta- cional. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderi-
do e aos múltiplos aspectos a ele relacionados, julgue os ram às manifestações. Também começam atos em Viçosa
seguintes itens. e Votuporanga.
As cidades que apresentam maior grau de complexidade O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
socioeconômica e polarizam todo o território brasileiro as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
e parte da América do Sul são as metrópoles nacionais. Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
( ) CERTO ( ) ERRADO Confederações, como Belo Horizonte.

Resposta: Certo. Metrópoles como São Paulo, Rio de O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Janeiro e Belo Horizonte apresentam cenários socioe- Considerando o texto acima e a amplitude do tema por
conômicos complexos e disparidades sociais, além de ele focalizado, julgue os itens.
serem regiões bem populosas.
Embora com alguma variação de cidade para cidade, as
2. A desconcentração espacial das atividades econômi- manifestações citadas no texto foram organizadas para
cas, a partir de 1990, promoveu o crescimento das cida- protestar contra as deficiências dos serviços prestados
CONHECIMENTOS GERAIS

des médias. pelo poder público, notadamente nas áreas de transpor-


te, saúde, educação e segurança.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. Foi um período marcado pela des-
centralização populacional, com saída do campo em Resposta: Certo. Esses temas foram uma das deman-
direção às cidades. das pedidas nas ruas naquela ocasião. Por isso, a res-
posta está correta.

8
5. PF- Escrivão – CESPE/2013 co permanece insolúvel visto que a fixação desses valo-
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de res depende de lei a ser votada pelas respectivas câmaras
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As municipais e assembleias legislativas estaduais.
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção nacio-
nal. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderiram ( ) CERTO ( ) ERRADO
às manifestações. Também começam atos em Viçosa e Vo-
tuporanga. Resposta: Errado. Na ocasião, os governos de ambas
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as cidades mantiveram o preço da tarifa estável, con-
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. forme reivindicação defendida nas manifestações.
Seis dias depois, as maiores manifestações se concentra-
ram nas cidades que receberam jogos da Copa das Con- 9. PF- Perito Criminal – CESPE/2013
federações, como Belo Horizonte. No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de São
Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As quatro
manifestações seguintes atraíram a atenção nacional. No dia
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
17, manifestantes de outras capitais aderiram às manifesta-
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por
ções. Também começam atos em Viçosa e Votuporanga.
ele focalizado, julgue os itens.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
A convocação, pelo Poder Executivo, de uma assembleia
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
constituinte exclusiva para promover uma ampla reforma Seis dias depois, as maiores manifestações se concen-
política foi uma evidente resposta do governo brasileiro traram nas cidades que receberam jogos da Copa das
às manifestações que tomaram conta de centenas de ci- Confederações, como Belo Horizonte.
dades brasileiras. O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para sediar
( ) CERTO ( ) ERRADO duas grandes competições promovidas pela FIFA, a Copa
das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se ban-
Resposta: Errado. A implantação da assembleia deira presente em muitas das manifestações a que o tex-
constituinte não aprovada nessa ocasião. Uma das to alude, algumas das quais transformadas em atos de
justificativas do governo federal na época era de que violência e vandalismo.
não havia tempo hábil para essa mudança.
( ) CERTO ( ) ERRADO
6. PF- Perito Criminal – CESPE/2009
Com relação à Usina Hidrelétrica de Itaipu e ao acordo Resposta: Certo. Uma das bandeiras utilizadas foram
firmado entre Brasil e Paraguai, em julho de 2009, no os gastos com a Copa. Os manifestantes utilizaram
qual são revistas cláusulas do Tratado de Itaipu, julgue os muito mensagens como “Não vai ter Copa” e fizeram
itens que se seguem críticas quanto aos gastos, os quais poderiam ser dire-
Por esse acordo, o Paraguai tornou-se sócio minoritário cionados à educação e saúde, na opinião deles.
da Usina Hidrelétrica de Itaipu, com 30% de participação
nos lucros advindos da distribuição de energia elétrica, 10. PF-Delegado- CESPE/2004
em razão de as águas da represa terem inundado parte Nos últimos 13 anos, a América Latina cumpriu grande
do território paraguaio. parte de suas tarefas econômicas. Mesmo assim, a de-
sigualdade e a pobreza aumentaram na região. O diag-
( ) CERTO ( ) ERRADO nóstico é da Comissão Econômica para a América Latina
e o Caribe (CEPAL), que propõe para a região uma nova
estratégia de desenvolvimento produtivo. Para o secretá-
Resposta: Errado. A usina pertence a ambos países
rio executivo do órgão das Nações Unidas, a maior inte-
de forma igualitária.
gração da região foi um ganho dos últimos anos.
Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda
7. PF- Perito Criminal /CESPE-2013 existe é a união de crescimento econômico com prote-
No dia 6 de junho, os protestos começaram no centro de ção social. Ele propôs a substituição do conceito de mais
São Paulo, com cerca de cento e cinquenta pessoas. As mercado e menos Estado por uma visão que aponta para
quatro manifestações seguintes atraíram a atenção na- “mercados que funcionem bem e governos de melhor
cional. No dia 17, manifestantes de outras capitais aderi- qualidade”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal
ram às manifestações. Também começam atos em Viçosa do Brasil, 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).
e Votuporanga. Tendo o texto acima como referência inicial e conside-
CONHECIMENTOS GERAIS

O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, rando a amplitude do tema por ele abordado, julgue os
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. itens subseqüentes.
Seis dias depois, as maiores manifestações se concen- Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram
traram nas cidades que receberam jogos da Copa das “grande parte de suas tarefas econômicas” nos últimos
Confederações, como Belo Horizonte. anos, o texto permite supor a existência de algum tipo de
receituário que a região deveria seguir para se moderni-
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações). zar e se desenvolver.
Nas duas maiores cidades brasileiras — São Paulo e Rio
de Janeiro —, o problema das tarifas do transporte públi- ( ) CERTO ( ) ERRADO

9
Resposta: Certo. A lógica retratada se refere a mer-
cados que funcionem bem e não contribuam para in- ANOTAÇÕES
tensificar a desigualdade social e governos com ações
sociais relevantes.
________________________________________________
11. PF-Delegado- CESPE/2004
Mais de 340 pessoas — entre elas 155 crianças — morre- _________________________________________________
ram no desfecho trágico da tomada de reféns na escola
_________________________________________________
de Beslan. Funcionários dos hospitais da região indicam
que pelo menos 531 pessoas foram hospitalizadas, das _________________________________________________
quais 336 eram crianças.
O presidente russo Vladimir Putin culpou o terror inter- _________________________________________________
nacional pelo ataque, após visitar o local do massacre e
ordenar o fechamento das fronteiras da região da Ossé- _________________________________________________
tia do Norte, para evitar a fuga de um número indefinido _________________________________________________
de terroristas que escapou. Para especialistas ocidentais,
a operação das forças de segurança russas foi um fiasco _________________________________________________
total. Mortos no massacre passam de 340. In: O Estado
de S. Paulo, 5/9/2004, capa (com adaptações) _________________________________________________
Tendo o texto acima como referência inicial e conside-
rando algumas características marcantes do mundo con- _________________________________________________
temporâneo, julgue os itens que se seguem. _________________________________________________
A hipotética presença de terroristas árabes — anunciada
pelo governo russo — no episódio focalizado no texto _________________________________________________
indica que, pela primeira vez depois do 11 de setembro
de 2001, esses terroristas resolveram atacar no Ocidente, _________________________________________________
escolhendo um alvo estratégico e de grande visibilidade
_________________________________________________
internacional.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
Resposta: Errado. A questão na Ossétia do Norte é
algo bem específica e regional, envolvendo Rússia e _________________________________________________
Geórgia. Não se compara a dimensões de conflitos de _________________________________________________
impacto global.
_________________________________________________

_________________________________________________

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CONHECIMENTOS GERAIS

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_________________________________________________

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_________________________________________________

10
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL


Administração: conceitos e objetivos; níveis hierárquicos e competências gerenciais. Noções de Planejamento, organização,
Direção e Controle..................................................................................................................................................................................................................01
Como se percebe, a Administração extrapola a ideia
ADMINISTRAÇÃO: CONCEITOS E OBJE- limitada de “gerir uma empresa”.
TIVOS; NÍVEIS HIERÁRQUICOS E COMPE- A administração representa uma habilidade capaz de,
TÊNCIAS GERENCIAIS. NOÇÕES DE PLA- por meio da utilização adequada e inteligente dos diver-
NEJAMENTO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E sos recursos existentes na organização, alcançar os obje-
CONTROLE. tivos definidos via planejamento, organização, direção e
controle.
O ato de administrar é trabalhar com e por intermédio
Como bem definiu Houaiss, a Administração é o de outras pessoas na busca de realizar objetivos da orga-
nização bem como de seus membros.
conjunto de normas e funções cujo objetivo é discipli- Montana e Charnov
nar os elementos de produção e submeter a produtividade
a um controle de qualidade, para a obtenção de um resul- A Administração compreende um conjunto de ca-
tado eficaz, bem como uma satisfação financeira. racterísticas que envolvem atividades interligadas, busca
por resultados, uso de recursos disponíveis, processos
O papel profissional do administrador surgiu na ges- administrativos e, para isso, faz-se necessário o uso de
tão das companhias de navegação inglesa, a partir do mais de uma habilidade, conforme vemos abaixo:
século XVII, e envolve ações elaborar planos, pareceres,
relatórios e desenvolvimento de projetos, fazer uso de • Habilidades Técnicas: aquelas que fazem uso de
indicadores, medir resultados e desempenhos, sempre conhecimento especializado e procedimentos específi-
com a aplicação dos conhecimentos e técnicas que nor- cos e podem ser obtidas por meio de instrução.
teiam a Administração. • Habilidades Humanas: tratam-se de aspectos
Segundo Jonh W. Riegel, pessoais observados no CHA, envolvem também apti-
dão, pois interagem com as pessoas e suas atitudes, exi-
O êxito do desenvolvimento de executivos em uma gem compreensão para liderar com eficiência.
empresa é resultado, em grande parte, da atuação e da • Habilidades Conceituais: englobam um conheci-
capacidade dos seus gerentes no seu papel de educado- mento geral das organizações; o gestor precisa conhecer
res. Cada superior assume este papel quando ele procura cada setor, como ele trabalha e para que ele existe.
orientar e facilitar os esforços dos seus subordinados para
se desenvolverem. ABORDAGENS DA ADMINISTRAÇÃO – ABOR-
DAGENS CLÁSSICA, BUROCRÁTICA E SISTÊMICA
Administração – objetivos, decisões e recursos são as DA ADMINISTRAÇÃO
palavras-chave na definição do conceito de administra-
ção. Administração é o processo de tomar e colocar em O pensamento administrativo caracteriza um ponto
prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos. de vista em relação à organização e sua gestão.
Quando temos vários pontos de vista sobre isso, te-
mos então o conceito de Teorias Administrativas, que são
agrupadas por correntes ou escolas, sendo que essas,
conforme definição de Maximiano (2006), tratam-se da
mesma linha de pensamento ou conjunto de autores que
utilizam o mesmo enfoque.
Portanto, diferentes pensamentos administrativos =
teorias administrativas = mesma linha de pensamento ou
conjunto de autores com mesmo enfoque.

1. As Teorias Administrativas

As principais teorias ou abordagens sobre adminis-


tração estão classificadas de acordo com as variáveis pri-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Segundo Chiavenato, as variáveis que representam o vilegiadas, sendo essas, na ordem, “ênfase em tarefas”,
desenvolvimento da TGA são: tarefas, estrutura, pessoas, “ênfase em estruturas”, “ênfase nas pessoas”, “ênfase no
ambiente, tecnologia e competitividade. ambiente” e “ênfase na tecnologia”. Cada uma delas tem
Na ocorrência de novas situações, as teorias adminis- seu pano de fundo com seus contextos históricos, enfati-
trativas se adaptam a fim de continuarem aplicáveis. zando os problemas frequentes e destacáveis à época de
Dentre tantas definições já apresentadas sobre o con- sua fundamentação, além de, ao focar um aspecto, omitir
ceito de administração, podemos destacar que: ou relegar os demais a um plano secundário.
Administração é um conjunto de atividades dirigidas Dentre as razões que contribuíram para o surgimento
à utilização eficiente e eficaz dos recursos, no sentido de das teorias da administração, podemos destacar:
alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais.
• Consolidação do capitalismo (lógica de merca-
Reinaldo Oliveira da Silva (2001) do) e de novos modos de produção e organização de
trabalho, que levou ao processo de modernização da

1
sociedade (substituição da autoridade tradicional pela 1.1 Administração Científica – Pressupostos de
autoridade racional-legal); Frederick Taylor
• Crescimento acelerado da produção e força de
trabalho desqualificada; • Organização Formal;
• Ausência de sistematização de conhecimentos • Visão de baixo para cima; das partes para o todo;
em gestão. • Estudo das Tarefas, Métodos, Tempo padrão;
Vejamos alguns aspectos de cada uma delas, inician- • Salário, incentivos materiais e prêmios de pro-
do pela Teoria Clássica, considerada a base de todas as dução;
teorias posteriores. • Sistema fechado: foco nos processos internos e
A primeira escola foi a Clássica, responsável pela ên- operacionais;
fase nas tarefas por Frederick Taylor e Henry Ford e fonte • Padrão de Produção: eficiência, racionalidade;
de embasamento de todas as outras teorias posteriores. • Divisão equitativa de trabalho e responsabilida-
As mudanças ocorridas no início do Séc. XX, em de- de entre direção e operário;
• Ser humano egoísta, racional e material: homo
corrência da Revolução Industrial, exigiram métodos que
economicus;
aumentassem a produtividade fabril e economizassem
• Estudo de Tempos e Movimentos e Métodos;
mão de obra evitando desperdícios, ou seja, “a improvi-
• Desenho de cargos e tarefas;
sação deve ceder lugar ao planejamento e o empirismo
• Seleção Científica do Trabalhador (eliminação de
à ciência: a Ciência da Administração.” (Chiavenato, 2004, todos que não adotem os métodos);
p. 43). • Preocupação com fadiga e com as condições de
A abordagem clássica da administração se divide em: trabalho;
• Padronização de instrumentos de trabalho;
• Administração Científica – defendida por Frede- • Divisão do Trabalho e Especialização;
rick Taylor. • Supervisão funcional: autoridade relativa e divi-
• Teoria Clássica – defendida por Henry Fayol. dida a depender da especialização e da divisão de tra-
balho.
Os dois autores acima citados partiram de pontos dis-
tintos com a preocupação de aumentar a eficiência na Princípios da Administração Científica
empresa.
Taylor se preocupava basicamente com a execução • Desenvolvimento de uma ciência de Trabalho:
das tarefas, enquanto Fayol se preocupava com a estru- uma investigação científica poderá dizer qual a capaci-
tura da organização. dade total de um dia de trabalho, para que os chefes
Frederick Taylor buscou o aumento produtivo toman- saibam a capacidade de seus operários.
do como base a eficiência dos trabalhadores. Por meio • Seleção e Desenvolvimento Científicos do Em-
da observação do comportamento dos trabalhadores e pregado: para atingir o nível de remuneração prevista o
dos modos de produção, identificou falhas no processo operário precisa preencher requisitos;
produtivo responsáveis pela baixa produtividade, des- • Combinação da Ciência do trabalho com a Sele-
pertando-o para a necessidade de criação de um méto- ção do Pessoal: os operários estão dispostos a fazer um
do racional padrão de produção. A esse modelo deu-se bom trabalho, mas os velhos hábitos da administração
o nome de Administração Cientifica, “devido à tentati- resistem à inovação de métodos.
va de aplicação dos métodos da ciência aos trabalhos • Cooperação entre Administração e Empregados:
operacionais a fim de aumentar a eficiência industrial. Os uma constante e íntima cooperação possibilitará a obser-
vação e medida sistemática do trabalho e permitirá fixar
principais métodos científicos são a observação e men-
níveis de produção e incentivos financeiros
suração.” (CHIAVENATO, 2004, p. 41).
Henri Fayol enfatizou a estrutura organizacional e de-
Princípios de Taylor
fendia que: [...] a eficiência da empresa é muito mais do
que a soma da eficiência dos seus trabalhadores, e que • Princípio da separação entre o planejamento e
ela deve ser alcançada por meio da racionalidade, isto é, a execução;
da adequação dos meios (órgãos e cargos) aos fins que
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

• Princípio do preparo;
se deseja alcançar. (Chiavenato, 2000, p. 11). • Princípio do controle;
Fayol traz em sua teoria funcionalista a abordagem • Princípio da exceção.
prescritiva e normativa, uma vez que a ciência adminis-
trativa, como toda ciência, deve basear-se em leis ou 1.2 Teoria Clássica – Pressupostos de Henry Fayol
princípios globalmente aplicáveis. Sua maior contribui-
ção para a administração geral são as funções adminis- • Anatomia – estrutura;
trativas – prever, organizar, comandar, coordenar e con- • Fisiologia – funcionamento,
trolar – que são as próprias funções do administrador • Visão de cima para baixo; do todo para as par-
ainda nos dias atuais. tes;
Nesse modelo, a função administrativa difunde-se • Funções da Empresa: Técnica, Comercial, Finan-
proporcionalmente a todos os níveis hierárquicos, dei- ceira, Segurança, Contábil, Administrativa (coordena as
xando, portanto, de ser algo inerente à alta gerência. demais);

2
• Abordagem Prescritiva e Normativa. • Legal, racional ou burocrática: impessoal, for-
mal, meritocrática.
Funções da Administração Clássica - processo orga-
nizacional Outro ponto destacado por Weber é a distinção entre
Autoridade e Poder.
• Prever: adiantar-se ao futuro e traçar plano de
ação. • Autoridade: probabilidade de que um comando
• Organizar: constituir o organismo material e so- ou ordem específica seja obedecido – poder oficializado.
cial da empresa. • Poder: potencial de exercer influência sobre ou-
• Comandar: dirigir o pessoal. tros, imposição de arbítrio de uma pessoa sobre outras.
• Coordenar: ligar, unir e harmonizar os esforços.
• Controlar: tudo corra de acordo com as regras. A Burocracia surge na década de 40 em razão da fra-
gilidade da teoria clássica e relações humanas, buscando
Princípios gerais da Administração Clássica organizar de forma estável, duradoura e especializada a
cooperação de indivíduos, apresentando uma aborda-
• Divisão do Trabalho: especializar funções; gem descritiva e explicativa, mantendo foco interno e
• Autoridade e Responsabilidade: direito de man- estudando a organização como um todo.
dar e poder de se fazer obedecer; Principais características:
• Disciplina: estabelecer convenções, formais e in-
formais com seus agentes, para trazer obediência e res- • Caráter legal das normas;
peito; • Caráter formal das comunicações;
• Unidade de comando: recebimento de ordens • Divisão do trabalho e racionalidade;
de apenas um superior – princípio escalar; • Impessoalidade do relacionamento;
• Unidade de direção: um só chefe e um só pro- • Hierarquização da autoridade;
grama para um conjunto de operações que tenham o • Rotinas e procedimentos padronizados;
mesmo objetivo; • Competência técnica e mérito;
• Subordinação do particular ao geral: O interesse • Especialização da administração – separação do
da empresa deve prevalecer ao interesse individual; público e privado;
• Remuneração do pessoal: premiar e recompen- • Profissionalização: especialista, assalariado; se-
sar; gue carreira.
• Centralização: concentrar autoridade no topo;
• Cadeia escalar ou linha de comando: linha de Vantagens Principais:
autoridade que vai do topo ao mais baixo escalão;
• Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa • Racionalidade;
em seu lugar; • Precisão na definição do cargo;
• Equidade: tratar de forma benevolente e justa; • Rapidez nas decisões;
• Estabilidade: manter as pessoas em suas fun- • Univocidade de interpretação;
ções para que possam desempenhar bem; • Continuidade da organização;
• Iniciativa: liberdade de propor, conceber e exe- • Redução do atrito entre pessoas;
cutar; • Constância;
• Espírito de equipe: harmonia e união entre as • Confiabilidade;
pessoas. • Benefícios para as pessoas;
• O nepotismo é evitado, dificulta a corrupção.
1.3 Comparativo entre Administração Científica e
Escola Clássica A maior vantagem é a democracia: em razão da im-
pessoalidade e das regras legais, que permitem igualda-
Enquanto a administração científica preocupava-se de de acesso.
com a melhoria da produtividade no nível operacional, a Desvantagens:
gestão administrativa preocupava-se com a organização
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

em geral e a busca da efetividade. • Internalização das normas;


• Excesso de formalismo e papelório;
1.4 Abordagem Burocrática • Resistência a mudanças;
• Despersonalização do relacionamento;
Defendida por Max Weber, que é considerado o “pai • Categorização do relacionamento;
da burocracia”, também tem como base a estrutura or- • Superconformidade às rotinas e procedimentos;
ganizacional. • Exibição de sinais de autoridade;
Weber distingue três tipos de sociedade e autorida- • Dificuldades com clientes.
des legítimas: 1.5 Abordagem Sistêmica

• Tradicional: patrimonial, patriarcal, hereditário e Defendida por Ludwig Von Bertalanffy, a Teoria de
delegável. Sistemas defende que os sistemas existem dentro de sis-
• Carismática: personalística, mística. temas e apresenta a Teoria da forma ou Gestalt. Os Sis-

3
temas abertos têm um objetivo ou propósito e as partes O devido processo legal simboliza a obediência às
são interdependentes, provocando globalismo. normas processuais estipuladas em lei; é uma garantia
Características: constitucional concedida a todos os administrados, as-
segurando um julgamento justo e igualitário, assegu-
• Sistema: um conjunto ou combinação de partes, rando a expedição de atos administrativos devidamente
formando um todo complexo ou unitário. motivados bem como a aplicação de sanções em que se
• Organização como sistema vivo: orgânico. tenha oferecido a dialeticidade necessária para carac-
• Comportamento não determinístico e probabi- terização da justiça. Decisões proferidas pelos tribunais
lístico. já têm demonstrado essa posição no sistema brasileiro,
• Interdependência entre as partes. qual seja, de defesa das garantias constitucionais proces-
• Entropia: característico dos sistemas fechados e suais no sentido de conceder ao cidadão a efetividade
orgânicos, estabelece que todas as formas de organiza- de seus direitos.
ção tendem à desordem ou à morte. Seria insuficiente se a Constituição garantisse aos
• Negentropia ou Entropia negativa: os sistemas cidadãos inúmeros direitos e não garantisse a eficácia
sociais se reabastecem de energia, assegurando supri- destes. Nesse desiderato, o princípio do devido processo
mento contínuo de materiais e pessoas. legal ou, também, princípio do processo justo, garante a
• Homeostase dinâmica ou Estado Firme: regula o regularidade do processo, a forma pela qual o processo
sistema interno para manter uma condição estável, me- deverá tramitar, a forma pela qual deverão ser praticados
diante múltiplos ajustes de equilíbrio dinâmico de ruptu- os atos processuais e administrativos.
ra e inovação. Cabe ressaltar que o princípio do devido processo le-
• Fronteiras ou limites: define a área da ação do gal resguarda as partes de atos arbitrários das autorida-
sistema e o grau de abertura em relação ao meio am- des jurisdicionais e executivas.
biente. O processo é composto de fases e atos processuais
• Diferenciação: os sistemas tendem a criar fun- rigorosamente seguidos, viabilizando às partes a efetivi-
ções especializadas – Integração (coordenação). dade do processo, não somente em seu aspecto jurídico-
• Equifinalidade: um sistema pode alcançar o mes- -procedimental, mas também em seu escopo social, ético
mo estado final a partir de diferentes condições iniciais. e econômico, assegurando o cumprimento dos princí-
• Resiliência: determina o grau de defesa ou vul- pios constitucionais processuais, somente aí ter-se-á a
nerabilidade do sistema a pressões ambientais externas. efetivação de um Estado Democrático de Direito.
• Holismo: o sistema só pode ser explicado em Toda atuação do Estado há de ser exercida em prol do
sua globalidade. público, mediante processo justo e mediante a seguran-
• Sinergia: o todo é maior que a soma das partes. ça dos trâmites legais do processo.
• Morfogênese: capacidade das organizações de
modificar a si mesmo e a estrutura. FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO: PLANEJAMEN-
• Fluxos: componentes que entram e saem do sis- TO, ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E CONTROLE
tema (informação, energia, material).
• Feedback: é a retroalimentação, como controle A administração, assim como suas funções, sofreu
do sistema, no qual os resultados retornam ao indivíduo, constantes mudanças, muito visíveis no último século.
para que os procedimentos sejam analisados e corrigi- Com a chegada de novas tecnologias, novas formas de
dos. produção, vendas, logística e mudanças na parte contábil
• Homem Funcional: desempenha um papel es- e financeira as teorias assim como a prática precisaram
pecífico nas organizações, inter-relacionando-se com os adaptar-se a uma nova realidade administrativa.
demais indivíduos. Das funções da administração de Henri Fayol (pre-
cursor dessa teoria), podemos encontrar as seguintes
PROCESSO ADMINISTRATIVO que são demonstradas como PO3C: A primeira delas é:
Planejar, isso significa que você terá que criar pla-
Como vimos anteriormente, a Administração é o ato nos para o futuro de sua organização. Nesse momento,
de administrar ou gerenciar negócios, pessoas ou recur- começamos a programar o que estava no planejamento
sos, com o objetivo de alcançar metas definidas. com o objetivo claro de colocar em prática o que está
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

A gestão de uma empresa ou organização faz-se de no papel, e é durante este passo da programação que
forma que as atividades sejam administradas com plane- vemos a estrutura organizacional, a situação da empresa
jamento, organização, direção e controle. e das pessoas que a compõem.
Segundo alguns autores (Montana e Charnov), o ato A segunda função da administração é organizar.
de administrar é trabalhar com e por intermédio de ou- Afinal, qual o sentido de ser uma pessoa organizada? É
tras pessoas na busca de realizar objetivos da organiza- aquela que sabe onde, fisicamente, se encontra o que
ção bem como de seus membros. é necessário no momento certo? Que transforma o am-
O processo administrativo apresenta-se como uma biente/local de trabalho dela em um ambiente de fácil
sucessão de atos, juridicamente ordenados, destinados entendimento para qualquer um encontrar o que preci-
todos à obtenção de um resultado final. O procedimento sa? Também, mas, no sentido que Fayol define, é que as
é, pois, composto de um conjunto de atos, interligados e empresas são feitas de pessoas e de estrutura física, essa
progressivamente ordenados em vista da produção des- função administrativa utiliza da parte material e social da
se resultado. empresa.

4
A terceira função é comandar. Essa função serve para orientar a organização, dirigir também. Se a empresa está
rumo a um caminho e encontra obstáculos, caberá ao administrador dirigir, se for preciso, ou orientar a organização
para traçar o objetivo, às vezes é preciso intervir e tomar as rédeas da organização e orientá-la e dirigi-la.
A quarta função é coordenar. Sem dúvidas, essa é uma função primordial para motivar as pessoas que estão em um
ambiente de trabalho, tanto para aprender cada vez mais quanto aos que têm relação em se esforçarem com o objetivo
de cumprirem metas e, de forma coletiva, alcançar objetivos traçados pelo administrador da empresa.
E, por último, a quinta função administrativa é controlar. Uma organização sem normas e regras, certamente, terá
menos desempenho que uma que tenha. Segundo Fayol, essas cinco funções administrativas conduzem a uma ad-
ministração eficaz das atividades da organização. Mas, com o passar do tempo, as funções Comando e Coordenação
formaram uma só função, a de Direção. Então as funções de POCCC passaram para PODC (Planejar, Organizar, Dirigir
e Controlar).
Em síntese, dentro do modelo atual temos:

Disponível em: COELHO, Fernando; Carlos Alberto Bonezzi; Luci Léia De Oliveira Pedraça; Paulo Roberto Motta; Car-
los Ramos. Internet: <www.al.sp.gov.br/www.escoladegoverno.pr.gov.br>. (Adaptado.)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

1. Planejamento Estratégico

O conceito de estratégia é realmente amplo, e seu uso corrente permite associá-lo desde a um curso de ação bas-
tante preciso até ao posicionamento organizacional, em última análise, a toda razão de ser da empresa.
A estratégia pode ser considerada um instrumento: o planejamento estratégico. Essa parte do planejamento estra-
tégico corresponderia aos caminhos selecionados para serem trilhados primeiro pela identificação dos pontos fortes
e fracos da organização, e das empresas e oportunidades diagnosticadas em seu ambiente de atuação. Da porta para
fora, o planejamento cumpriria a função de orientar as ações da organização para que ela possa buscar oportunidades
e a própria sobrevivência.
Assim, a estratégia é fruto de processos racionais de reflexão, aprendizagem, elaboração, pensamento e interven-
ção, além de processos não racionais e simbólicos, construídos a partir da “vivência” cotidiana da organização em seus
embates internos e com o ambiente.

5
2. Planejamento Estratégico - Conceitos, métodos portanto, a função social da atividade da empresa dentro
e técnicas de um contexto global.
Vejamos quatro exemplos de missão organizacional:
O planejamento estratégico poderia ser definido Receita Federal do Brasil: “Exercer a administração
como um processo de gestão que apresenta, de maneira tributária e o controle aduaneiro, com justiça fiscal e res-
integrada, o aspecto futuro das decisões institucionais, peito ao cidadão, em benefício da sociedade”.
a partir da formulação da filosofia, da instituição, sua MPOG – “Promover o planejamento participativo e a
missão, sua orientação, seus objetivos, suas metas, seus melhoria da gestão pública para o desenvolvimento sus-
programas e as estratégias a serem utilizadas para as- tentável e socialmente includente do País”.
segurar sua implementação. É a identificação de fatores TCU – “Assegurar a efetiva e regular gestão dos recur-
competitivos de mercado e potencial interno, para atin- sos públicos, em benefício da sociedade”.
gir metas e planos de ação que resultem em vantagem Petrobrás – “Atuar de forma segura e rentável nas ati-
competitiva, com base na análise sistemática de mudan- vidades de indústria de óleo, gás e energia, nos mercados
ças ambientais previstas para um determinado período. nacional e internacional, fornecendo produtos e serviços
Portanto, o planejamento estratégico não deve ser con- de qualidade, respeitando o meio ambiente, consideran-
siderado apenas como uma afirmação das aspirações de do os interesses dos seus acionistas e contribuindo para
uma empresa, pois inclui também o que deve ser feito o desenvolvimento do país”.
para transformar essas aspirações em realidade. Quan- - Negócio: É o ramo de atuação da organização, deli-
do se considera a metodologia para o desenvolvimento mita o campo em que ela estará desenvolvendo suas ati-
do planejamento estratégico nas empresas, têm-se duas vidades. Está muito ligado ao tipo de produto ou serviço
possibilidades, que se definem: que a organização oferece e nem sempre é tão óbvio. Por
• • em termos da empresa como um todo, “aonde exemplo, o negócio da Copenhagen não é chocolates e
se quer chegar e depois se estabelece “como a empresa sim presentes finos. Para exemplificar com uma organi-
está para se chegar à situação desejada”; ou zação pública, o negócio do TCU é o “controle externo da
• • em termos da empresa como um todo “como administração pública e da gestão dos recursos públicos
se está” e depois se estabelece “aonde se quer chegar”. federais”.
Pode-se considerar uma terceira possibilidade que é de-
finir “aonde se quer chegar” juntamente com “como se - Visão de futuro: É considerada como os limites
está para chegar lá”. Cada uma dessas possibilidades tem que os principais responsáveis pela empresa conseguem
a sua principal vantagem. No primeiro caso, é a possibili- enxergar dentro de um período de tempo mais longo e
dade de maior criatividade no processo pela não existên- uma abordagem mais ampla. Representa o que a empre-
cia de grandes restrições. A segunda possibilidade apre- sa quer ser em um futuro próximo ou distante
senta a grande vantagem de colocar o executivo com o
pé no chão quando inicia o processo de planejamento A visão deve ser:
estratégico. • Compartilhada e apoiada por todos na organi-
zação
O planejamento estratégico é o processo por meio do • Abrangente e detalhada
qual a estratégia organizacional será explicitada. • Positiva e inovadora
Podemos identificar, como características do planeja- • Desafiadora mas viável
mento estratégico: • Transmitir uma promessa de novos tempos
- É responsabilidade da cúpula da organização; • Agregar um aspecto emocional
- Envolve a organização como um todo;
- Planejamento de longo prazo; Exemplos de visão:
- Outros níveis do planejamento (tático e operacional) Receita Federal: “Ser uma instituição de excelência em
serão desdobrados dele. administração tributária e aduaneira, referência nacional
e internacional”.
Um bom planejamento estratégico deve, em seu iní- TCU: “Ser instituição de excelência no controle e con-
cio, incluir a definição do referencial estratégico da or- tribuir para o aperfeiçoamento da administração públi-
ganização. Este referencial é o grande guia das organi- ca”.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

zações, são as diretrizes que norteiam a sua atuação e o - Valores: Representam o conjunto dos princípios,
seu posicionamento frente ao mercado. Representam o crenças e questões éticas fundamentais de uma empresa,
planejamento estratégico no seu nível mais amplo e são bem como fornecem sustentação a todas as suas princi-
as bases para que a organização possua uma estratégia pais decisões.
sólida e sustentável. Influencia na qualidade do desenvolvimento e opera-
cionalização do planejamento estratégico.
Esse referencial inclui o negócio, a missão, a visão de Os valores da empresa devem ter forte interação com
futuro e os valores organizacionais. as questões éticas e morais da empresa
- Missão: pode ser entendida como o papel que a
empresa terá perante a sociedade, enfim, quais são os
benefícios que a sua atividade produtiva - seja ela indus-
trial, comercial ou prestação de serviços - trará para a
coletividade ou, pelo menos, aos seus clientes. Missão é,

6
2.2. Elaborar uma estratégia para atingir os obje-
#FicaDica tivos.
Por mais simples que pareçam estes concei- Estabelecer estratégia significa definir de que maneira
tos, comumente são cobrados de forma que pode se atingir os objetivos de desempenho da empre-
gerem dúvidas, portanto, é muito importan- sa. A estratégia é concebida como uma combinação de
te que consiga identificar não só o concei- ações planejadas e reações adaptáveis para a indústria
to, mas como diferenciá-lo em uma situação em desenvolvimento e eventos competitivos. Raramente
prática. a estratégia da empresa resiste ao tempo sem ser alte-
A empresa bem-sucedida tem uma visão do rada. Há necessidade de adaptação de acordo com as
que pretende, e esta visão trabalhada em variáveis do mercado, necessidades e preferências do
consonância com seus valores, tendo como consumidor, manobras estratégias de empresas concor-
base em seu modelo de gestão a missão que rentes.
fornece à empresa o seu impulso e sua di-
reção. 2.3. Analisar fatores externos da empresa
• considerações políticas, legais de cidadania da co-
munidade;
• atratividade da indústria, mudanças da indústria e
2.1. Desenvolver a visão estratégica e a missão do
condições competitivas;
negócio.
• oportunidades e ameaças da empresa. A tarefa de
fazer com que a estratégia de uma empresa seja social-
- Através da visão é possível identificar quais são as
mente responsável, significa conduzir as atividades or-
expectativas e os desejos dos acionistas, conselheiros e
ganizacionais eticamente e no interesse público geral,
elementos da alta administração da empresa, tendo em
responder positivamente às prioridades e expectativas
vista que esses aspectos proporcionam o grande deli-
sociais emergentes, demonstrar boa vontade de executar
neamento do planejamento estratégico a ser desenvolvi-
as ações antes que ocorra um confronto legal, equilibrar
do e implementado. A gerência deve definir: “quem são”, os interesses dos acionistas com os interesses da socie-
“o que fazem” e “para onde estão direcionados”, estabe- dade como um todo e comportar-se como um bom cida-
lecendo um curso para a organização. dão na comunidade. A estratégia de uma empresa deve
A visão pode ser considerada como os limites que os fazer uma combinação perfeita da indústria com as con-
principais responsáveis pela empresa conseguem enxer- dições competitivas e ainda precisa ser direcionada para
gar dentro de um período de tempo mais longo e uma conquistar oportunidades de crescimento. Do mesmo
abordagem mais ampla. Ela deve ser resultante do con- modo a estratégia deve ser equipada para proporcionar
senso e do bom senso de um grupo de líderes e não da defesa do bem-estar da empresa e do seu desempenho
vontade de uma pessoa. futuro contra ameaças externas.
 A missão é a razão de ser da empresa. Neste
ponto procura-se determinar qual o negócio da empre- 2.4. Analisar fatores internos da empresa
sa, por que ela existe, ou ainda em que tipos de ativi- • pontos fortes e pontos fracos da empresa e capaci-
dades a empresa deverá concentrar-se no futuro. Aqui dades competitivas;
se procura responder à pergunta básica: “Aonde se quer • ambições pessoais, filosofia de negócio e princípios
chegar com a empresa?” “Na realidade, a missão da em- éticos dos executivos;
presa representa um horizonte no qual a empresa decide • valores compartilhados e cultura da empresa. A es-
atuar e vai realmente entrar em cada um dos negócios tratégia deve ser muito bem combinada com os pontos
que aparecem neste horizonte, desde que seja viável so- fortes, os pontos fracos e com as capacidades competi-
bre os vários aspectos considerados”. tivas da empresa, ou seja, deve ser baseada naquilo que
ela faz bem e deve evitar aquilo que ela não faz bem.
Esses negócios identificados no horizonte, uma vez Os pontos fortes básicos de uma organização consti-
considerados viáveis e interessantes para a empresa, tuem uma importante consideração estratégia pelas ha-
passam a ser denominados propósitos da empresa. bilidades e capacidades que fornecem para aproveitar
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Os objetivos correspondem à explicitação dos seto- determinada oportunidade, aonde podem proporcionar
res de atuação dentro da missão que a empresa já atua vantagem competitiva para a empresa no mercado e po-
ou está analisando a possibilidade de entrada no setor, tencialidade que tem para se tornar a base da estratégia.
ainda que esteja numa situação de possibilidade reduzi- As ambições, valores, filosofias de negócio, atitudes pe-
da. As empresas precisam de objetivos estratégicos e ob- rante o risco e crenças éticas dos gerentes têm influên-
jetivos financeiros. Os objetivos estratégicos referem-se cias importantes sobre a estratégia e são impregnadas
à competitividade da empresa e as perspectivas de longo nas estratégias que eles elaboram. Os valores gerenciais
prazo do negócio. Os objetivos financeiros relacionam-se também modelam a qualidade ética da estratégia de
com medidas como o crescimento das receitas, retorno uma empresa, quando os gerentes têm fortes convicções
sobre o investimento, poder de empréstimo, fluxo de cai- éticas, exigem que sua empresa observe um estrito códi-
xa e retorno dos acionistas. go de ética em todos os aspectos do negócio, como por
exemplo, falar mal dos produtos rivais. As políticas, prá-

7
ticas, tradições e crenças filosóficas da organização são 3. Modelo ou matriz de Ansoff
combinadas para estabelecer uma cultura distinta. Em
alguns casos as crenças e cultura da empresa chegam a
dominar a escolha das mudanças estratégicas.

O planejamento estratégico deve estar alinhado a


este referencial.

Etapas do Planejamento Estratégico: vamos abaixo


analisar alguns dos apontamentos sobre essas etapas
conforme seus autores.

Segundo Maximiano, o planejamento estratégico com-


preende quatro etapas principais:

A) Análise da situação estratégica presente. Esta eta-


pa busca compreender a situação atual da empresa, e Temos dois componentes principais no modelo: Mer-
as decisões que foram tomadas e levaram a tal posição. cados e Produtos. Cada um deles pode ser classificado
Deve considerar o referencial estratégico, os produtos e quando a existentes e novos, gerando quatro estratégias
mercados atuais ou potenciais da organização, as vanta- empresariais possíveis:
gens competitivas (elementos capazes de diferenciar a Penetração no mercado: Esta estratégia consiste em
organização de outras no mercado), o desempenho atual explorar produtos tradicionais em um mercado tradicio-
nal.
e o uso de recursos.
Desenvolvimento de mercado: “É a estratégia de ex-
B) Análise do ambiente. Na classificação do Maximia-
plorar um mercado novo com produtos tradicionais. Por
no, esta etapa abrange apenas o ambiente externo. exemplo: uma operadora de cartões de crédito que lança
C) Análise interna. É a análise do ambiente interno. o produto para um público específico, como os torcedo-
D) Elaboração do plano estratégico. res de um time”.
Desenvolvimento de produto: consiste em oferecer
A análise de ambiente corresponde à avaliação de produtos novos a mercados tradicionais.
variáveis do ambiente interno (pontos fortes e pontos Diversificação: É uma estratégia mais arrojada, que
fracos) e variáveis do ambiente externo (oportunidades consiste em explorar novos produtos em novos merca-
e ameaças) relevantes para a organização. As variáveis dos. Por exemplo, uma empresa de produção de alimen-
do ambiente interno normalmente são controláveis, en- tos que lança um refrigerante está adotando uma estra-
tégia de diversificação.
quanto as variáveis do ambiente externo estão fora da
governabilidade da organização.
Segundo classificação de Porter temos no Planejamen-
to estratégico, 3 grupos:
Segundo Djalma de Oliveira o Planejamento Estratégi-
co apresenta estas etapas: - Diferenciação: Consiste em “procurar projetar uma
forte identidade própria para o serviço ou produto, que
a) Diagnóstico estratégico: abrange a definição da vi- o torne nitidamente distinto dos produtos e serviços dos
são, a análise externa, análise interna e análise dos con- concorrentes. Isso significa enfatizar uma ou mais van-
correntes; tagens competitivas, como qualidade, serviço, prestígio
b) Definição da missão: esta nós já vimos: é a defini- para o consumidor, estilo do produto ou aspecto das
ção da razão de ser da empresa e as consequências de instalações.
- Liderança de custo: consiste em oferecer produtos
tal definição;
ou serviços mais baratos do que os concorrentes.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

c) Definição dos instrumentos prescritivos e quantitati-


- Estratégias de foco: concentração ou nicho: Consiste
vos: instrumentos prescritivos são aqueles que irão dizer em escolher um segmento do mercado e concentrar-se
como a organização deve atuar para alcançar os objeti- nele. Por exemplo, produtores de alimentos orgânicos
vos definidos. Instrumentos quantitativos, basicamente, oferecem um alimento mais caro, mas concentrado em
são aqueles ligados ao planejamento orçamentário; um nicho específico de clientes.
d) Controle e avaliação: são verificações, etapas em
que se avalia se o que está sendo feito corresponde ao 4. Planejamento Estratégico Situacional (PES)
que foi planejado. O PES foi sintetizado pelo economista chileno Car-
los Matus, para pensar a arte de governar. Este méto-
do “pressupõe constante adaptação do planejamento a
cada situação concreta onde é aplicado”. Além disso, o
PES leva em consideração, em suas formulações teóricas,

8
as interferências dos campos político, econômico e social
nos planos de governo.
Definição de planejamento segundo Matus: “Planejar
significa pensar antes de agir, pensar sistematicamen-
te, com método; explicar cada uma das possibilidades e
analisar suas respectivas vantagens e desvantagens; pro-
por-se objetivos”.
Outro ponto importante deste conteúdo são os mo-
mentos do PES:
• Momento explicativo: compreende-se a realidade,
identificando-se os problemas que os atores sociais de-
claram. Abandona o conceito de setor, utilizado no pla-
nejamento tradicional, e passa a trabalhar com o concei-
to de problemas. “Na explicação da realidade temos que
admitir e processar informação relativa a outras explica-
ções de outros atores sobre os mesmos problemas, isto
é, a abordagem deve ser sempre situacional, posicionada
no contexto”.
• Momento normativo: como se formula o plano. Pro-
duzir as respostas de ação em um contexto de incerte-
za. Definir a situação ideal. “O central neste modelo de Planejamento Tático – relaciona-se a objetivos de mé-
planejamento é discutir a eficácia de cada ação e qual a dio prazo, e com maneiras e ações que, geralmente, afe-
situação objetivo que sua realização objetiva, cada pro- tam somente uma parte da empresa.
jeto e isso só pode ser feito relacionando os resultados Tem como eixo central otimizar determinadas áreas
desejados com os recursos necessários e os produtos de de resultados, e não a empresa como um todo. Portanto,
cada ação” trabalha com decomposição dos objetivos e políticas es-
• Momento estratégico: examinar a viabilidade polí- tabelecidas no planejamento estratégico.
tica do plano e do processo de construção de viabilida- O planejamento tático é desenvolvido em níveis or-
de política das operações não viáveis na situação inicial. ganizacionais inferiores, ou seja, é realizado no nível ge-
Adequa o “deve ser” ao “pode ser”. Busca desenhar as rencial ou departamental, tendo como principal finalida-
melhores estratégias para viabilizar a máxima eficácia do de a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a
plano. consecução de objetivos previamente fixados, segundo
• Momento tático-operacional: o momento do fazer. uma estratégia predeterminada, bem como as políticas
“Neste momento é importante debater o sistema de ges- orientadoras para o processo decisório organizacional.
tão da organização e até que ponto ele está pronto para
sustentar o plano e executar as estratégias propostas”. Características Principais:
- Processo permanente e contínuo;
Os principais pressupostos teóricos do método PES - Aproxima o estratégico do operacional;
são resumidos em quatro perguntas, segundo Matus, - Aproxima os aspectos incertos da realidade;
que apontam as diferenças entre o PES e os demais mé- - É executado pelos níveis intermediários da organi-
todos de planejamento estratégico: zação;
1) como explicar a realidade? - Pode ser considerado uma forma de alocação de
2) como conceber um plano? recursos;
3) como tornar viável o plano necessário? - Tem alcance mais limitado do que o planejamento
4) como agir a cada dia de forma planejada? estratégico, ou seja, é de médio prazo;
- Produz planos mais bem direcionados às atividades
5. Planejamento Tático organizacionais.

Planejamento é a primeira das funções administrati-


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

vas, e está relacionada com tudo aquilo que a organiza-


ção pretende fazer, executar, alcançar.
Podemos considerar o planejamento como “o ato de
determinar as metas da organização e os meios para al-
cançá-las”.
Na prática temos três tipos de planejamentos:

9
Questões essenciais:
- O quê fazer?
- Dá para fazer?
- Vale a pena fazer?
- Quem faz?
- Como fazer bem?
- Funciona?
- Quando fazer?

6. Desenvolvimento de planejamentos táticos

6.1. Planejamento Operacional

Pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escrito das metodologias de
desenvolvimento e implantações estabelecidas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

Portanto, nesta situação, tem-se basicamente os planos de ação, ou planos operacionais.


Os planejamentos operacionais correspondem a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático, e
devem conter com detalhes: os recursos necessários a seu desenvolvimento e implantação; os procedimentos básicos
a serem adotados; os produtos ou resultados finais esperados; os prazos estabelecidos e os responsáveis pela sua
execução e implantação.

10
Ciclo básico dos três tipos de planejamento

#FicaDica
O planejamento estratégico é o ponto de partida da organização e tem como função antecipar o que a
organização deverá fazer e quais objetivos deverão ser atingidos, enquanto quem formaliza as metodolo-
gias de desenvolvimento é o planejamento tático e quem executa é o operacional.

Fonte e textos adaptados de: www periodicos.uniformg.edu.b/Jussara Maria Silva Rodrigues Oliveira/Denise Grzybovs-
ki/Ricardo de Souza Sette/Jaime Crozatti/Carlos Xavier

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (PGE/MT 2016 - FCC) O quadro a seguir apresenta as fases elementares para elaboração e implementação do pla-
nejamento estratégico: 

A correta correlação entre as colunas A e B está descrita em 


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

a) 1-Z; 2-X; 3-W; 4-Y.


b) 1-Z; 2-W; 3-X; 4-Y. 
c) 1-Y; 2-X; 3-W; 4-Z. 
d) 1-W; 2-Z; 3-Y; 4-X. 
e) 1-Y; 2-W; 3-X; 4-Z. 

Resposta: Letra E. Metodologia para a elaboração do planejamento estratégico proposta por Djalma de Oliveira:
Vale lembrar que a banca tem uma tendência a explorar a linha de pensamento desse autor.
Fase I - diagnóstico estratégico: a) Identificação da Visão; b) Identificação dos valores; c) Análise externa; d) Análise
interna; e) Análise dos concorrentes.
Fase II - Missão da empresa: a) Estabelecimento da missão da empresa; b) Estabelecimento dos propósitos atuais e
potenciais; c) Estruturação e debate de cenários; d) Estabelecimento da postura estratégica; e) Estabelecimento das
macroestratégias e macropolíticas.

11
Fase III - instrumentos prescritivos e quantitativos: a)
Estabelecimento de objetivos, desafios e metas; b) Es-
tabelecimento de estratégias e políticas; c) Estabeleci- HORA DE PRATICAR!
mento de projetos programas e planos de ação. 1. (TRT 7ª REGIÃO-CE – CESPE – 2017) Na abordagem
Fase IV - Controle e avaliação: Em sentido amplo, esta científica da organização do trabalho preconizada por
etapa envolve processos de: Estabelecimento de pa- Taylor, destaca-se a variável distintiva
drões de medida e de avaliação; Medida dos desem-
penhos apresentados; Comparação do realizado com a) adaptação das máquinas ao trabalhador.
o planejado; Avaliação dos profissionais envolvidos no b) controle da saúde dos trabalhadores.
processo; Comparação do desempenho real com os ob- c) especialização do trabalho.
jetivos, desafios, metas, projetos e planos de ação esta- d) conforto dos trabalhadores
belecidos; Análise dos desvios observados em relação
ao planejado; Tomada de ações corretivas; e Feedback 2. (TRT 7ª REGIÃO-CE – CESPE – 2017) O objetivo dos
de informações para uso em futuros processos de pla- estudos de Hawthorne, que deram origem à Escola das
nejamento. Relações Humanas, era

2. (TRT/21ª Região/ RN – 2017 - FCC) Os conceitos de a) determinar, por meio de métodos científicos, a tarefa
missão e visão de uma organização, comumente utiliza- ideal a ser desempenhada pelo operário conforme o
dos na etapa de diagnóstico institucional em diferentes seu perfil.
metodologias de planejamento estratégico e de gestão, b) promover melhores condições de trabalho para os
correspondem, respectivamente,  operários nas fábricas.
c) demonstrar o impacto das condições físicas do local de
a) ao cenário externo, consistente em ameaças e oportu- trabalho na produtividade dos operários.
nidades; ao cenário interno, consistente nas forças e d) identificar o tipo de estrutura formal da empresa capaz
fraquezas da organização.  de contribuir para a qualidade de vida dos trabalha-
b) à percepção interna, dos integrantes da organização, dores.
sobre seus principais atributos; à percepção externa,
dos clientes e da sociedade, sobre as características da 3. (TRT 14ª REGIÃO-RO E AC – FCC – 2016) É conside-
organização.   rado um mecanismo característico da administração ge-
c) às metas de curto prazo estabelecidas para a organi- rencial:
zação; às metas e objetivos de longo prazo, ligados à
perenidade da organização.   a) Controle rígido de procedimentos.
d) aos objetivos estratégicos da organização, represen- b) Gestão hierárquica.
tados por indicadores; às metas representativas dos c) Normas e regulamentos.
resultados pretendidos pela organização.  d) Controle de legalidade.
e) à razão de existir da organização, contemplando sua e) Gestão por Competências.
essência e seus propósitos; ao futuro almejado pela
organização, contemplando a forma como pretende
ser reconhecida. 

Resposta: Letra E. Missão: é a razão de existir da or- GABARITO


ganização, bem como seu posicionamento estratégico. 1 C
Visão: é a visão de futuro, como a organização deverá
estar no futuro. 2 C
3 E
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO GERAL

12
ÍNDICE

NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO
Noções de documentação: conceito, importância, natureza, finalidade, características, fases do processo de documentação e
classificação...............................................................................................................................................................................................................................01
• documentos micrográficos : são documentos em
CONCEITO, IMPORTÂNCIA, NATUREZA, suporte fílmico resultante da microreprodução de ima-
FINALIDADE, CARACTERÍSTICAS, FASES gens, mediante utilização de técnicas específicas. Exem-
DO PROCESSO DE DOCUMENTAÇÃO E plos : rolo, microficha, jaqueta e cartão - janela;
CLASSIFICAÇÃO. • documentos informáticos : são os documentos pro-
duzidos, tratados e armazenados em computador. Exem-
plos : disco flexível (disquete), disco rígido (winchester) e
Conceituação de Documentos disco óptico.
b) Caracterização quanto à Espécie
Documento é toda informação registrada em um su- Os documentos podem ser caracterizados segundo
porte material, suscetível de ser utilizada para consulta, seu aspecto formal, ou seja, as espécies documentais são
estudo, prova e pesquisa, pois comprovam fatos, fenô- definidas tanto em razão da natureza dos atos que lhes
menos, formas de vida e pensamentos do homem numa deram origem, quanto à forma de registro de fatos. To-
determinada época ou lugar. mando por base os atos administrativos mais comuns em
Todo documento é uma fonte de informação como, nossas estruturas de governo, temos :
por exemplo: o livro, a revista, o jornal, o manuscrito, a • atos normativos: são as regras e normas expedidas
fotografia, o selo, a medalha, o filme, o disco, a fita mag- por autoridades administrativas.
nética etc. Exemplo : medida provisória, decreto, estatuto, regi-
Documentos de arquivo são todos os que produzidos mento, regulamento, resolução, portaria, instrução nor-
e/ou recebidos por uma pessoa física ou jurídica, pública mativa, ordem de serviço, decisão, acórdão, despacho
ou privada, no exercício de suas atividades, constituem decisório;
elementos de prova ou de informação. Formam um con- • atos enunciativos: são os opinativos, que esclarecem
junto orgânico, refletindo as atividades a que se vincu- os assuntos, visando a fundamentar uma solução. Exem-
lam, expressando os atos de seus produtores no exercí- plos : parecer, relatório, voto, despacho interlocutório;
cio de suas funções. Assim, a razão de sua origem ou a • atos de assentamento: são os configurados por re-
função pela qual são produzidos é que determina a sua gistros, consubstanciando assentamento sobre fatos ou
condição de documento de arquivo e não a natureza do ocorrências. Exemplo : apostila, ata, termo, auto de in-
suporte ou formato. fração;
Documentos públicos são todos os documentos de • atos comprobatórios: são os que comprovam as-
qualquer suporte ou formato, produzidos e/ou recebidos sentamentos, decisões etc. Exemplos : traslado, certidão,
por um órgão governamental na condução de suas ati- atestado, cópia autêntica ou idêntica;
vidades. São também documentos públicos aqueles pro- • atos de ajuste: são representados por acordos em
duzidos e/ou recebidos por instituições de caráter públi- que a administração pública (federal, estadual, do Dis-
co e por entidades privadas responsáveis pela execução trito Federal ou municipal) é parte. Exemplos : tratado,
de serviços públicos. convênio, contrato, termos (transação, ajuste etc);
Características dos Documentos de Arquivo De acor- • atos de correspondência: objetivam a execução dos
do com seus diversos elementos, formas e conteúdos, os atos normativos, em sentido amplo. Exemplos : aviso, ofí-
documentos podem ser caracterizados segundo o gêne- cio, carta, memorando, mensagem, edital, intimação, ex-
ro a espécie e a natureza do assunto. posição de motivos, notificação, telegrama, telex, telefax,
a) Caracterização quanto ao Gênero Os documentos alvará, circular.
podem ser definidos segundo o aspecto de sua repre- c) Caracterização quanto à Natureza do Assunto
sentação no diferentes suportes: Quanto a natureza do assunto os documentos po-
• documentos textuais : são os documentos manus- dem ser ostensivos ou sigilosos.
critos, datilografados/ digitados ou impressos; Arquivos e Documentos – Conceitos e Características
• documentos cartográficos : são os documentos em – por Arquivo Nacional
formatos e dimensões variáveis, contendo represen- A classificação de ostensivo é dada aos documentos
tações geográficas, arquitetônicas ou de engenharia. cuja divulgação não prejudica a instituição, podendo ser
Exemplos: mapas, plantas e perfis; de domínio público.
• documentos iconográficos : são os documentos em Consideram-se sigilosos os documentos que, pela
suportes sintéticos, em papel emulsionado ou não, con- natureza de seu conteúdo, devam ser de conhecimento
tendo imagens estáticas. Exemplos: fotografias (diaposi- restrito e, portanto, requeiram medidas especiais de sal-
tivos, ampliações e negativos fotográficos), desenhos e vaguarda para sua custódia e divulgação.
O Decreto nº 2.134, de 24 de janeiro de 1997, regula-
NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO

gravuras;
• documentos filmográficos : são os documentos em menta o art. 23 da Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991,
películas cinematográficas e fitas magnéticas de imagem dispõe sobre a categoria dos documentos públicos sigi-
(tapes), conjugadas ou não a trilhas sonoras, com bitolas losos e o acesso a eles, e dá outras providências.
e dimensões variáveis, contendo imagens em movimen- Os assuntos sigilosos serão classificados de acordo
to. Exemplos : filmes e fitas videomagnéticas; w.Resumos- com os seguintes graus: ultra secreto, secreto, confiden-
Concursos.hpg.com.br Resumo: Arquivos e Documentos cial e reservado.
– Conceitos e Características – por Arquivo Nacional O Decreto nº 2.910, de 29 de dezembro de 1998, es-
• documentos sonoros : são os documentos com di- tabelece normas para a salvaguarda de documentos, ma-
mensões e rotações variáveis, contendo registros fono- teriais, áreas, comunicações e sistemas de informação de
gráficos. Exemplos : discos e fitas audiomagnéticas; natureza sigilosa, e dá outras providências

1
Fonte: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAA- Atestado - modalidade de documento oficial em que
juAAD/arquivos-documentos-conceitos-caracteristicas. uma pessoa atesta algo em favor de outra, firmado vera-
cidade acerca de algum fato.
A tramitação de um documento dentro de uma ins- Aviso - modalidade de comunicação oficial expedida
tituição depende diretamente se as etapas anteriores fo- exclusivamente por Ministros de Estados para autorida-
ram feitas da forma correta. Se feitas, fica mais fácil, com des da mesma hierarquia.
o auxílio do protocolo, saber sua exata localização, seus Carta - modalidade de comunicação oficial de órgãos
dados principais, como data de entrada, setores por que públicos para outrem em situações não cerimoniosas.
já passou, enfim, acompanhar o desenrolar de suas fun- Tem sido substituída pelo Ofício.
ções dentro da instituição. Isso agiliza as ações dentro Certidão - modalidade de documento oficial emana-
da instituição, acelerando assim, processos que anterior- do de autoridade pública fornecida ao interessado ates-
mente encontravam dificuldades, como a não localização tando fatos verificados de acordo com registros em li-
de documentos, não se podendo assim, usá-los no senti- vros, processos ou documentos das repartições públicas.
do de valor probatório, por exemplo. Circular  - modalidade de comunicação oficial mul-
Após cumprirem suas respectivas funções, os docu- tidirecional, ou seja, vários destinatários, escrita muitas
mentos devem ter seu destino decidido, seja este a sua vezes por ofício, carta ou memorando, sendo identifica-
eliminação ou recolhimento. É nesta etapa que a expedi- das como ofício-circular, carta-circular ou memorando-
ção de documentos torna-se importante, pois por meio -circular.
dela, fica mais fácil fazer uma avaliação do documento, Decreto  - atos administrativos expedido por um
podendo-se assim decidir de uma forma mais confiável, dos  três poderes, competência exclusiva do Chefes do
o destino do documento.  Dentre as recomendações com Executivo, Legislativo ou Judiciário, destinados a prover
relação a expedição de documentos, destacam-se:
situações gerais ou individuais, abstratamente previstas,
• Receber a correspondência, verificando a falta
de modo expresso ou implícito na lei. Quando pelo Exe-
de anexos e completando dados;
cutivo, é assinado pelo Presidente da República, Gover-
• Separar as cópias, expedindo o original;
nadores dos Estados ou Prefeitos. Quando pelo Legislati-
• Encaminhar as cópias ao Arquivo.
• vo, está sujeito à promulgação do Presidente do Senado
É válido ressaltar que as rotinas acima descritas não Federal na regulação de matérias de competência exclu-
valem como regras, visto que cada instituição possui suas siva Congresso Nacional. Se pelo Judiciário, pelos magis-
tipologias documentais, seus métodos de classificação, trados e juízes no caso das sentenças judiciais.
enfim, surgem situações diversas. Servem apenas como Decreto-Lei - norma administrativa com efeito de lei,
exemplos para a elaboração de rotinas em cada institui- expedido pelo poder executivo quando o legislativo esti-
ção. ver com poder suspenso.
Após a discussão das vantagens de implantação de Despachos - modalidade de comunicação oficial de
um sistema de protocolo, cabe avaliar as desvantagens autoridades sobre assuntos de competência, submetidos
do uso deste sistema, se feito de forma errônea. Num pri- a sua apreciação em autos ou papéis administrativos.
meiro momento, deve-se pensar num sistema simples de Edital  - modalidade de documento de acesso pú-
inserção de dados, que venha a atender as necessidades blico de ordem oficial. Exemplo: edital de um concurso
da empresa. Contudo, é essencial que as pessoas que tra- público contém todas as regras e normativos do certame.
balham diretamente com o recebimento e registro de do- Exposição de Motivos  - modalidade de comunica-
cumentos, recebam um treinamento adequado, para que ção oficial em que o Vice-Presidente da República, Mi-
possam executar essa tarefa da forma correta, visto que, nistros de Estados ou dirigentes de órgãos se dirige ao
se feita da forma errada, todo o trâmite do documento Presidente da República, expondo fatos que justifiquem
pode ser comprometido. Deve-se esquecer a ideia de que necessidades de medidas ou providências para a solução
basta inserir dados e números num sistema, que todos de problemas. Por exemplo, proposição de projeto de
os problemas serão resolvidos. A própria conscientização ato normativo, medidas ou comunicação de determina-
dos funcionários, no sentido de que, se organizados e de- do assunto.
vidamente registrados, as tarefas que necessitam do uso Lei - norma ou conjunto de normas jurídicas, emana-
de documentos se tornarão mais fáceis para todos que da pelas autoridades competentes, com efeito de obri-
venham a executá-las., proporcionado assim um melhor
gatoriedade onde se cria, extingue ou modifica direito.
rendimento de todo o pessoal. Portanto, fica claro que o
Memorando  - modalidade de comunicação oficial
protocolo pode ser uma saída para os problemas mais
interna entre unidades administrativas de um órgão.
NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO

comuns de tramitação documental, desde que utilizado


Possui agilidade em sua tramitação e simplicidade em
da forma correta. Do contrário, a implantação deste sis-
tema pode ocasionar outros problemas, talvez de cunho procedimentos burocráticos.
ainda maior. Mensagem - modalidade de comunicação oficial tro-
cada entre os Chefes dos Três Poderes (Executivo, Legis-
Espécies de Documentos lativo e Judiciário).
Notas - modalidade de comunicação oficial entre o
Ata  - modalidade de documento oficial em que um Ministério das Relações Exteriores e as Representações
resumo é feito em um livro específico, sobre os fatos mais Diplomáticas.
importantes ocorridos em uma assembleia, reunião ou Ofício  - modalidade de comunicação oficial trocada
sessão. entre autoridades.

2
Ordem de Serviço - modalidade de documento ofi- Decretos Singulares
cial autorizando a execução de algum serviço por órgãos Os decretos podem conter regras singulares ou con-
públicos subordinados ou servidores dos mesmos. cretas (v. g., decretos de nomeação, de aposentadoria, de
Portaria - ato administrativo expedido por autorida- abertura de crédito, de desapropriação, de cessão de uso
de pública por meio do qual instruções são dadas para a de imóvel, de indulto de perda de nacionalidade, etc.).
execução de um serviço, uma lei, regulamento, nomea-
ção, demissão ou medida disciplinar. Decretos Regulamentares
Regimento - conjunto de princípios ou normas que Os decretos regulamentares são atos normativos su-
estabelecem o funcionamento interno de um órgão pú- bordinados ou secundários.
blico ou repartição. A diferença entre a lei e o regulamento, no Direito
Regulamento - conjunto de normas ou regras esta- brasileiro, não se limita à origem ou à supremacia daque-
belecidas de forma organizada para a execução de uma la sobre este. A distinção substancial reside no fato de
lei. que a lei inova originariamente o ordenamento jurídico,
Relatório - modalidade de comunicação oficial con- enquanto o regulamento não o altera, mas fixa, tão-so-
tendo um conjunto de informações expondo o desenvol- mente, as “regras orgânicas e processuais destinadas a pôr
em execução os princípios institucionais estabelecidos por
vimento de algum serviço à autoridades superiores.
lei, ou para desenvolver os preceitos constantes da lei, ex-
Requerimento - modalidade de comunicação oficial
pressos ou implícitos, dentro da órbita por ela circunscrita,
em que solicitações ou pedidos são feitos a órgãos pú-
isto é, as diretrizes, em pormenor, por ela determinadas”.
blicos ou autoridades competentes. Não se pode negar que, como observa Celso Antônio
Bandeira de Mello, a generalidade e o caráter abstrato
Portaria da lei permitem particularizações gradativas quando não
têm como fim a especificidade de situações insuscetíveis
Definição e Objeto de redução a um padrão qualquer. Disso resulta, não ra-
É o instrumento pelo qual Ministros ou outras auto- ras vezes, margem de discrição administrativa a ser exer-
ridades expedem instruções sobre a organização e fun- cida na aplicação da lei.
cionamento de serviço e praticam outros atos de sua Não se há de confundir, porém, a discricionariedade
competência. administrativa, atinente ao exercício do poder regula-
mentar, com delegação disfarçada de poder, Na discri-
Forma e Estrutura cionariedade, a lei estabelece previamente o direito ou
Tal como os atos legislativos, a portaria contém dever, a obrigação ou a restrição, fixando os requisitos
preâmbulo e corpo. São válidas, pois, as considerações de seu surgimento e os elementos de identificação dos
expendidas no item 11.3. Forma e Estrutura. destinatários. Na delegação, ao revés, não se identificam,
Exemplo de Portaria: na norma regulamentada, o direito, a obrigação ou a li-
“Portaria no5 , de 7 de fevereiro de 2002. mitação. Estes são estabelecidos apenas no regulamento.

Aprova o Regimento Interno do Conselho Nacional Decretos Autônomos


de Arquivos - CONARQ. Com a Emenda Constitucional no 32, de 11 de se-
tembro de 2001, introduziu-se no ordenamento pátrio
O CHEFE DA CASA CIVIL DA PRESIDÊNCIA DA RE- ato normativo conhecido doutrinariamente como decre-
PÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 9o do to autônomo, i. é., decreto que decorre diretamente da
Decreto no 4.073, de 3 de janeiro de 2002, Constituição, possuindo efeitos análogos ao de uma lei
ordinária.
Tal espécie normativa, contudo, limita-se às hipóte-
RESOLVE :
Art. 1o  Fica aprovado, na forma do Anexo, o Regimen- ses de organização e funcionamento da administração
to Interno do Conselho Nacional de Arquivos - CO- federal, quando não implicar aumento de despesa nem
NARQ. criação ou extinção de órgãos públicos, e de extinção de
Art. 2o  Esta Portaria entra em vigor na data de sua funções ou cargos públicos, quando vago (art. 84, VI, da
publicação. Constituição).

PEDRO PARENTE” Forma e Estrutura


Tal como as leis, os decretos compõem-se de dois
NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO

elementos: a ordem legislativa (preâmbulo e fecho) e a


Decreto
matéria legislada (texto ou corpo da lei).
Assinale-se que somente são numerados os decretos
Definição que contêm regras jurídicas de caráter geral e abstrato.
Decretos  são atos administrativos da competência Os decretos que contenham regras de caráter singu-
exclusiva do Chefe do Executivo, destinados a prover si- lar não são numerados, mas contêm ementa, exceto os
tuações gerais ou individuais, abstratamente previstas, relativos a nomeação ou a designação para cargo públi-
de modo expresso ou implícito, na lei. . Esta é a definição co, os quais não serão numerados nem conterão ementa.
clássica, a qual, no entanto, é inaplicável aos decretos au- Todos os decretos serão referendados pelo Ministro
tônomos, tratados adiante. competente.

3
Exemplo de Decreto: Art. 8o As reuniões de servidores com integrantes da
equipe de transição devem ser objeto de agendamen-
“DECRETO No 4.298, DE 11 DE JULHO DE 2002.     to e registro sumário em atas que indiquem os parti-
cipantes, os assuntos tratados, as informações solici-
Dispõe sobre a atuação dos órgãos e entidades da tadas e o cronograma de atendimento das demandas
Administração Pública Federal durante o processo de apresentadas.
transição governamental. Art. 9o Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
que lhe confere o art. 84, inciso VI, alínea “a”, da Consti-
Brasília, 11 de julho de 2002; 181o da Independência
tuição,
e 114o da República.
DECRETA :
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Art. 1o  Transição governamental é o processo que ob- Silvano Gianni”
jetiva propiciar condições para que o candidato eleito
para o cargo de Presidente da República possa rece- O Padrão Ofício
ber de seu antecessor todos os dados e informações Há três tipos de expedientes que se diferenciam an-
necessários à implementação do programa do novo tes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e
governo, desde a data de sua posse. o  memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se
Parágrafo único. Caberá ao Chefe da Casa Civil da adotar uma diagramação única, que siga o que chama-
Presidência da República a coordenação dos trabalhos mos de padrão ofício. As peculiaridades de cada um se-
vinculados à transição governamental. rão tratadas adiante; por ora busquemos as suas seme-
Art. 2o  O processo de transição governamental tem lhanças.
início seis meses antes da data da posse do novo Pre-
sidente da República e com ela se encerra. Partes do documento no Padrão Ofício
Art. 3o O candidato eleito para o cargo de Presiden- O aviso, o ofício e o memorando  devem conter as
te da República poderá indicar equipe de transição, seguintes partes:
a qual terá acesso às informações relativas às contas
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla
públicas, aos programas e aos projetos do Governo
do órgão que o expede:
Federal.
Parágrafo único. A indicação a que se refere este ar-
tigo será feita por meio de ofício ao Presidente da Re- Exemplos:
pública. Mem. 123/2002-MF Aviso 123/2002-SG Of. 123/2002-
Art. 4o Os pedidos de acesso às informações de que MME
trata o art. 3o, qualquer que seja a sua natureza, de- b) local e data  em que foi assinado, por extenso,
verão ser formulados por escrito e encaminhados ao com alinhamento à direita:
Secretário-Executivo da Casa Civil da Presidência da Exemplo:
República, a quem competirá requisitar dos órgãos e Brasília, 15 de março de 1991.
entidades da Administração Pública Federal os dados c) assunto: resumo do teor do documento
solicitados pela equipe de transição, observadas as Exemplos:
condições estabelecidas no Decreto no 4.199, de 16 de Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
abril de 2002. Assunto: Necessidade de aquisição de novos com-
Art. 5o Os Secretários-Executivos dos Ministérios deve- putadores.
rão encaminhar ao Secretário-Executivo da Casa Civil d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem
da Presidência da República as informações de que é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser in-
trata o art. 4o, as quais serão consolidadas pela coor- cluído também o endereço.
denação do processo de transição. e) texto: nos casos em que não for de mero encami-
Art. 6o Sem prejuízo do disposto nos arts. 1o a 5o, o
nhamento de documentos, o expediente deve conter a
Secretário-Executivo da Casa Civil solicitará aos Se-
seguinte estrutura:
cretários-Executivos dos Ministérios informações cir-
cunstanciadas sobre: – introdução, que se confunde com o parágrafo de
NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO

I - programas realizados e em execução relativos ao abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a
período do mandato do Presidente da República; comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”,
II - assuntos que demandarão ação ou decisão da ad- “Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empre-
ministração nos cem primeiros dias do novo governo; gue a forma direta;
III - projetos que aguardam implementação ou que – desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado;
tenham sido interrompidos; e se o texto contiver mais de uma idéia sobre o assunto,
IV - glossário de projetos, termos técnicos e siglas uti- elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que
lizadas pela Administração Pública Federal. confere maior clareza à exposição;
Art. 7o O Chefe da Casa Civil expedirá normas com- – conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente
plementares para execução do disposto no art. 5o. reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.

4
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exce- j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta
to nos casos em que estes estejam organizados em itens em papel branco. A impressão colorida deve ser usada
ou títulos e subtítulos. apenas para gráficos e ilustrações;
Já quando se tratar de mero encaminhamento de do- l) todos os tipos de documentos do  Padrão Ofí-
cumentos a estrutura é a seguinte: cio devem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou
– introdução: deve iniciar com referência ao expe- seja, 29,7 x 21,0 cm;
diente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato
documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
informação do motivo da comunicação, que é  encami- n) dentro do possível, todos os documentos elabora-
nhar, indicando a seguir os dados completos do docu- dos devem ter o arquivo de texto preservado para con-
mento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, sulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos
e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo análogos;
encaminhado, segundo a seguinte fórmula: o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de devem ser formados da seguinte maneira:
1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de tipo do documento + número do documento + pala-
abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, vras-chaves do conteúdo
que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.” Ex.: “Of. 123 - relatório produtividade ano 2002”
ou
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa Fonte:
cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do https://centraldefavoritos.wordpress.
Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a com/2010/12/06/protocolo/
respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas
Prezado candidato, para mais informações e exercí-
na região Nordeste.”
cios relacionados ao assunto, confira na sequÊncia os tó-
– desenvolvimento: se o autor da comunicação de-
picos referente a Arquivologia.
sejar fazer algum comentário a respeito do documento
que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de  de-
senvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de
desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminha-
mento.
f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
g) assinatura do autor da comunicação; e
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação
do Signatário).

Forma de diagramação
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à
seguinte forma de apresentação:
a) deve ser utilizada fonte  do tipo Times New Ro-
man de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10
nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatória constar a partir da segunda página o
número da página;
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão
ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as
margens esquerda e direta terão as distâncias invertidas
nas páginas pares (“margem espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm
de distância da margem esquerda;
f) o campo destinado à margem lateral esquerda
NOÇÕES DE DOCUMENTAÇÃO

terá, no mínimo, 3,0 cm de largura;


g) o campo destinado à margem lateral direita terá
1,5 cm;
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as
linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor
de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma li-
nha em branco;
i)  não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, rele-
vo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que
afete a elegância e a sobriedade do documento;

5
ÍNDICE

NOÇÕES DE ARQUIVO
Conceito,tipos, importância, organização, conservação e proteção de documentos..................................................................................01
NOÇÕES DE ARQUIVO: CONCEITO, TIPOS, IMPORTÂNCIA, ORGANIZAÇÃO, CONSERVAÇÃO E
PROTEÇÃO DE DOCUMENTOS.

CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE ARQUIVOLOGIA

Para iniciar nosso estudo, vamos, primeiramente, fazer uma distinção entre três conceitos que frequentemente se
confundem.

1.Arquivística: princípios e conceitos

A arquivística é uma ciência que estuda as funções do arquivo, e também os princípios e técnicas a serem observados
durante a atuação de um arquivista sobre os arquivos e, tem por objetivo, gerenciar todas as informações que possam
ser registradas em documentos de arquivos.

A Lei nº 8.159/91 (dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e entidades privadas e dá outras providências)
nos dá sobre arquivo:
“Consideram-se arquivos, para os fins desta lei, os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos,
instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por
pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.”

Á título de conhecimento segue algumas outras definições de arquivo.


“Designação genérica de um conjunto de documentos produzidos e recebidos por uma pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, caracterizado pela natureza orgânica de sua acumulação e conservado por essas pessoas ou por seus
sucessores, para fins de prova ou informação”, CONARQ.

“É o conjunto de documentos oficialmente produzidos e recebidos por um governo, organização ou firma, no decorrer
de suas atividades, arquivados e conservados por si e seus sucessores para efeitos futuros”, Solon Buck (Souza, 1950)
(citado por PAES, Marilena Leite, 1986).

“É a acumulação ordenada dos documentos, em sua maioria textuais, criados por uma instituição ou pessoa, no curso
NOÇÕES DE ARQUIVO

de sua atividade, e preservados para a consecução dos seus objetivos, visando à utilidade que poderão oferecer no futuro.”
(PAES, Marilena Leite, 1986).
De acordo com uma das acepções existentes para arquivos, esse também pode designar local físico designado para
conservar o acervo.

1
A arquivística está embasada em princípios que a diferencia de outras ciências documentais existentes. Vejamos:

O princípio de proveniência nos remete a um conceito muito importante aos arquivistas: o Fundo de Arquivo,
que se caracteriza como um conjunto de documentos de qualquer natureza – isto é, independentemente da sua idade,
suporte, modo de produção, utilização e conteúdo– reunidos automática e organicamente –ou seja, acumulados por
um processo natural que decorre da própria atividade da instituição–, criados e/ou acumulados e utilizados por uma
pessoa física, jurídica ou por uma família no exercício das suas atividades ou das suas funções.
Esse Fundo de Arquivo possui duas classificações a se destacar.
Fundo Fechado – quando a instituição foi extinta e não produz mais documentos estamos.
Fundo Aberto - quando a instituição continua a produzir documentos que se vão reunindo no seu arquivo.

Temos ainda outros aspectos relevantes ao arquivo, que por alguns autores, podem ser classificados como princípios
e por outros, como qualidades ou aspectos simplesmente, mas que, independente da classificação conceitual adotada,
são relevantes no estudo da arquivologia. São eles:
- Territorialidade: arquivos devem ser conservados o mais próximo possível do local que o gerou ou que influen-
ciou sua produção.
- Imparcialidade: Os documentos administrativos são meios de ação e relativos a determinadas funções. Sua im-
parcialidade explica-se pelo fato de que são relativos a determinadas funções; caso contrário, os procedimentos aos
quais os documentos se referem não funcionarão, não terão validade. Os documentos arquivísticos retratam com fide-
lidade os fatos e atos que atestam.
- Autenticidade: Um documento autêntico é aquele que se mantém da mesma forma como foi produzido e, por-
tanto, apresenta o mesmo grau de confiabilidade que tinha no momento de sua produção.

Por finalidade a arquivística visa servir de fonte de consulta, tornando possível a circulação de informação registrada,
guardada e preservada sob cuidados da Administração, garantida sua veracidade.

Costumeiramente ocorre uma confusão entre Arquivo e outros dois conceitos relacionados à Ciência da Informação,
que são a Biblioteca e o Museu, talvez pelo fato desses também manterem ali conteúdo guardados e conservados,
porém, frisa-se que trata-se de conceitos distintos.
O quadro abaixo demonstra bem essas distinções:
NOÇÕES DE ARQUIVO

2
2. Arquivos Públicos

Segundo a Lei nº 8.159, de 8 de janeiro de 1991, art.7º, Capítulo II:


“Os arquivos públicos são os conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades,
por órgãos públicos de âmbito federal, estadual, do distrito federal e municipal, em decorrência de suas funções
administrativas, legislativas e judiciárias”.
Igualmente importante, os dois parágrafos do mesmo artigo diz:
“§ 1º São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos por instituições de caráter público, por
entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no exercício de suas atividades.
§ 2º A cessação de atividades de instituições públicas e de caráter público implica o recolhimento de sua documentação
à instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.”

Todos os documentos produzidos e/ou recebidos por órgãos públicos ou entidades privadas (revestidas de caráter
público – mediante delegação de serviços públicos) são considerados arquivos públicos, independentemente da esfera
de governo.

3. Arquivos Privados

De acordo com a mesma Lei citada acima:


“Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas
ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.”
Para elucidar possíveis dúvidas na definição do referido artigo, a pessoa jurídica a qual o enunciado se refere diz
respeito à pessoa jurídica de direito privado, não se confundindo, portanto, com pessoa jurídica de direito público,
pois os órgãos que compõe a administração indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, são também
pessoas jurídicas, destituídas de poder político e dotadas de personalidade jurídica própria, porém, de direito público.
Exemplos:
• Institucional: Igrejas, clubes, associações, etc.
• Pessoais: fotos de família, cartas, originais de trabalhos, etc.
• Comercial: companhias, empresas, etc.
NOÇÕES DE ARQUIVO

A arquivística é desenvolvida pelo arquivista, profissional com formação em arquivologia ou experiência reconhecida
pelo Estado. Ele pode trabalhar em instituições públicas ou privadas, centros de documentação, arquivos privados ou
públicos, instituições culturais etc.
Ao arquivista compete gerenciar a informação, cuidar da gestão documental, conservação, preservação e
disseminação da informação contida nos documentos, assim como pela preservação do patrimônio documental de um
pessoa (física ou jurídica), institução e, em última instância, da sociedade como um todo.

Também é função do arquivista recuperar informações ou elaborar instrumentos de pesquisas arquivisticas.

3
4. Gestão da informação e documentos 5. Diagnóstico
Como diagnóstico entendemos a análise das
Um documento (do latim documentum, derivado de informações básicas (quantidade, localização, estado
docere “ensinar, demonstrar”) é qualquer meio, sobretudo físico, condições de armazenamento, grau de crescimento,
gráfico, que comprove a existência de um fato, a exatidão frequência de consulta e outros) sobre os arquivos, a
ou a verdade de uma afirmação etc. No meio jurídico, fim de implantar sistemas e estabelecer programas de
documentos são frequentemente sinônimos de atos, transferência, recolhimento, microfilmagem, conservação
cartas ou escritos que carregam um valor probatório. e demais atividades”.
Documento arquivístico: Informação registrada, É uma etapa que antecede a aplicação de um
independente da forma ou do suporte, produzida ou programa de gestão de documentos, representando
recebida no decorrer da atividade de uma instituição uma ferramenta que é capaz de retratar determinado
contexto da situação em que se encontra um conjunto
ou pessoa e que possui conteúdo, contexto e estrutura
de documentos, considerando volume, gênero, natureza
suficientes para servir de prova dessa atividade.
dos documentos, suporte, espécie, tipologia, nível de
Administrar, organizar e gerenciar a informação é uma conservação e período cronológico.
tarefa de considerável importância para as organizações
atuais, sejam essas privadas ou públicas, tarefa essa É preciso ter critérios que ajudem a selecionar
que encontra suporte na Tecnologia da Gestão de o método mais apropriado à realidade pretendida,
Documentos, importante ferramenta que auxilia na reconhecer o melhor momento para sua aplicação,
gestão e no processo decisório. enfim, é preciso estudar os diferentes métodos a ponto
A gestão de documentos representa um conjunto de sentir-se seguro para fazer a escolha, pois “o talento
de procedimentos e operações técnicas referentes à sua do pesquisador consiste em adequar os métodos às
produção, tramitação, uso, avaliação e arquivamento em necessidades dos objetos” (LOPES, 1997, p. 45).
fase corrente e intermediária, visando a sua eliminação ou
recolhimento para a guarda permanente. É o instrumento norteador da implantação da política
arquivística institucional
Através da Gestão Documental é possível definir qual a
politica arquivistica adotada, através da qual, se constitui O diagnóstico nos permite dois tipos de levantamento,
o patrimônio arquivistico. Outro aspecto importante sendo o institucional e o documental.
da gestão documental é definir os responsáveis pelo
Institucional
processo arquivistico.
- Tempo histórico de existência
A Gestão de Documentos é ainda responsável pela
- Tamanho e diversidade dos acervos acumulados
implantação do programa de gestão, que envolve ações - Variação e abrangência das atividades presentes e
como as de acesso, preservação, conservação de arquivo, passadas
entre outras atividades. - Número de pessoas vinculadas e as características
Por assegurar que a informação produzida terá estruturais
gestão adequada, sua confidencialidade garantida e com - Uso de tecnologia da informação variadas, de redes
possibilidade de ser rastreada, a Gestão de Documentos de computadores, digitalização, microfilmagem, etc.
favorece o processo de Acreditação e Certificação ISO,
processos esses que para determinadas organizações Documental
são de extrema importância ser adquirido. - Quantidades dos documentos, expressas de acordo
Outras vantagens de se adotar a gestão de com regras aceitas universalmente (metragem linear, em
documentos é a racionalização de espaço para guarda unidades ou bits)
de documentos e o controle deste a produção até - Características diplomáticas – tipologias documen-
arquivamento final dessas informações. tais – que os individualizam
A implantação da Gestão de Documentos associada - Conteúdos informacionais genéricos, expressos de
ao uso adequado da microfilmagem e das tecnologias modo sintético e hierárquico
do Gerenciamento Eletrônico de Documentos deve ser - Unidades físicas de arquivamento, isto é, a movela-
ria e embalagens utilizadas
efetiva visando à garantia no processo de atualização da
- Modo original de arquivamento – classificação, ava-
documentação, interrupção no processo de deterioração
liação e descrição – mesmo que empírico e baseado no
dos documentos e na eliminação do risco de perda do senso comum
acervo, através de backup ou pela utilização de sistemas - Existência e modo de uso de tecnologias da infor-
que permitam acesso à informação pela internet e mação
NOÇÕES DE ARQUIVO

intranet. - Características das instalações e situação dos acer-


A Gestão de Documentos no âmbito da administração vos no que se refere à preservação
pública atua na elaboração dos planos de classificação dos
documentos, TTD (Tabela Temporalidade Documental) Para realizar o diagnóstico respeita-se cinco ETAPAS
e comissão permanente de avaliação. Desta forma é essenciais:
assegurado o acesso rápido à informação e preservação 1. Pesquisa da legislação e histórico do órgão;
dos documentos. 2. Elaboração de roteiros de entrevistas/
questionários;

4
3. Visitas para aplicação de entrevistas/questionários;
4. Análise dos dados coletados;
5. Elaboração de diretrizes.

De uma forma geral, realizar um diagnóstico de arquivo significa fazer uso de informações gerais sobre quem o
produziu, informações essas que são conseguidas por meio de questionários, entrevistas e relatos fornecidos pelo
arquivista.

O Diagnóstico pode ser de três tipos, como veremos a seguir.

5.1. Diagnóstico Estratégico

Também denominado de análise do ambiente, tem por objetivo mapear o maior número possível de variáveis que
de alguma forma afetam direta ou indiretamente uma organização.
De acordo com Chiavenato e Sapiro (2004) o diagnóstico estratégico se subdivide em duas modalidades:
a) diagnóstico estratégico interno: situação frente ás dinâmicas ambientais, relacionando as suas forças e fraquezas,
criando as condições para a formulação de estratégias que representam o melhor ajustamento do elemento no am-
biente em que se situa;
b) Diagnóstico estratégico externo: procura antecipar oportunidades e ameaças para a concretização da visão, da
missão e dos objetivos.

5.2. Diagnótico Físico Ambiental

Deve ser feito com base no relatório do estado de conservação e no mapeamento de danos no ambiente, buscando
identificar as causas da degradação neles registrados.

5.3. Diagnóstico Organizacional

É voltado para conhecer os Recursos humanos, físicos e materiais do arquivo, sem aprofundar em questões físico-
ambiental de conservação, nem apegar-se as questões de fluxo.

O diagnóstico se apresenta, portanto, como uma necessária ferramenta para a gestão documental, pois, fornece
informações estruturadas para o provimento das ações no decorrer do processo de gerenciamento arquivístico,
tendo como principais dados a serem coletados a estrutura, as funções, as atividades e, por conseguinte, ao fluxo de
informações que permeiam a organização, absorvendo assim, a complexidade e a diversidade de documentos e de
informações existentes dentro destas.

6. Arquivos correntes, intermediários e permanentes

O arquivo também pode ser classificado quanto à sua evolução ou frequência de uso, onde temos aqui três tipos
arquivisticos que correspondem cada um a uma fase/idade do arquivo, conforme a Teoria das Três Idades:

Arquivo Corrente - Valor Primário - Representa Fase Obrigatória


Arquivo Intermediário - Valor Primário – Aguarda destino
Arquivo Permanente - Valor Secundário – Preservação definitiva

Vejamos:
NOÇÕES DE ARQUIVO

5
7. Protocolo
Composto por: recebimento, registro, distribuição, tramitação e expedição de documentos.
Esse processo acima descrito de gestão de informação e documentos segue um tramite para que possa ser aplicado
de forma eficaz, é o que chamamos de protocolo.
O protocolo é desenvolvido pelos encarregados das funções pertinentes aos documentos, como, recebimento,
registro, distribuição e movimentação dos documentos em curso.
A finalidade principal do protocolo é permitir que as informações e documentos sejam administradas e coordenadas
de forma concisa, otimizada, evitando acúmulo de dados desnecessários, de forma que mesmo havendo um aumento
de produção de documentos sua gestão seja feita com agilidade, rapidez e organização.
Para atender essa finalidade, as organizações adotam um sistema de base de dados, onde os documentos são
registrados assim que chegam à organização.
A partir do momento que a informação ou documento chega é adotado uma rotina lógica, evitando o descontrole
ou problemas decorrentes por falta de zelo com esses, como podemos perceber:
NOÇÕES DE ARQUIVO

6
Após cumprirem suas respectivas funções, os referente aos conteúdos registrados nos documentos.
documentos devem ter seu destino decidido, seja este a A definição de qual método é o mais adequado, por
sua eliminação ou recolhimento. consenso, torna-se uma definição do arquivista, que
deve analisar o contexto de produção documental em
8. Avaliação de documentos que atua, partindo da premissa de conseguir adequar o
As funções de classificação e avaliação são essenciais instrumento no ambiente organizacional, como elemento
para a gestão dos documentos, pois permitem que associado às atividades administrativas, como acrescenta
as informações sejam organizadas racionalmente – Gonçalves (1998, p. 23), “a elaboração do plano não pode
facilitando a sua recuperação – e, quando não investidas estar desconectada da preocupação com sua aplicação”.
de valor administrativo, histórico ou cultural, sejam Enquanto isso, a tabela de temporalidade de
adequadamente eliminadas. documentos é definida por Bernardes e Delatorre
De acordo com Lopes (1997), a classificação pode ser (1998) como um instrumento aprovado por autoridade
descrita como a sequência de operações que, de acordo competente, que regula a destinação final dos
com as estruturas organizacionais, funções e atividades documentos, definindo prazos para a guarda dos
de uma organização, visam a distribuir os documentos documentos em função de seus valores administrativos,
em classes e subclasses. Bernandes e Delatorre (2008) legais e fiscais, determinando os prazos para sua
descreve que entre os objetivos e benefícios da transferência, recolhimento ou eliminação. A tabela
classificação, destacam-se: a recuperação do contexto de temporalidade pode ser considerada o principal
original de produção de documentos, visibilidade instrumento do processo de avaliação de documentos,
às funções, subfunções e atividades do organismo proporcionando, como resultados práticos, a inexistência
produtor, controle de trâmites, atribuição de códigos de massas documentais acumuladas e o descarte de
numéricos, além de fornecer subsídios para a avaliação informações supérfluas.
dos documentos. Por ser um processo que requer procedimentos
A avaliação de documentos, fase posterior à legais (inclusive atendendo prazos definidos em lei
classificação, cumpre a função de descartar o que não para execução de determinadas tarefas do processo),
seja de interesse para as atividades das organizações, a avaliação de documentos requer atenção redobrada
como, também, para a sociedade em geral, que busca pelos arquivistas, para que sua efetivação não seja
informações para conhecer seu meio, seu passado e comprometida.
constituir uma identidade. Frente a isso, os critérios Os instrumentos que servem de referência são o
de avaliação devem ser pautados na visão crítica dos Código de Classificação, Temporalidade e Destinação de
possíveis usos da informação arquivística. Bernardes e Documentos de Arquivo Relativos às Atividades-Meio
Delatorre (2008) explicam que existem documentos que da Administração Pública e a Tabela de Temporalidade
jamais podem ser eliminados, pois comprovam fatos e e Destinação de Documentos de Arquivo Relativos
atos fundamentais para nossa existência civil e para nossa às Atividades-Fim das Instituições Federais de Ensino
vida pessoal. Ao mesmo tempo, não é possível e nem Superior (IFES).
desejável que todos os documentos sejam preservados, Segundo o Arquivo Nacional (2001), a adoção desses
afinal, documentos que cumprem uma função importante instrumentos, além de possibilitar o controle e a rápida
durante determinado tempo, posteriormente, perdem recuperação de informações, orienta as atividades
o seu valor original, devendo ser eliminados, para que de racionalização da produção e fluxo documentais,
não dificultem o acesso a outros documentos com valor avaliação e destinação dos documentos, aumentando
informativo e probatório relevantes. a eficácia dos serviços arquivísticos da administração
Os principais instrumentos que possibilitam pública em todas as esferas.
a classificação e avaliação de documentos são, Portanto, o desenvolvimento da gestão de
respectivamente, o plano de classificação e a tabela documentos e informações interfere na qualidade das
de temporalidade. Ambos devem ser constituídos com informações utilizadas pelas organizações e, para atingir
referência aos preceitos arquivísticos (de organicidade, esse objetivo, as adoções de instrumentos voltados à
coerência, adaptabilidade, etc.), adequando-se ao classificação e avaliação tornam-se indispensáveis.
contexto de produção informacional. A construção de
um plano de classificação é observada por Gonçalves Resumidamente, a avaliação documental, que tem
(1998), na qual: base na teoria das Três Idades, é uma atividade essencial
Definir atividades-fim e atividades-meio e relacioná-las do ciclo de vida documental arquivístico, na medida
a funções mais abrangentes já significa reunir elementos em que define quais documentos serão preservados
para a classificação dos documentos. A reunião lógica de para fins administrativos ou de pesquisa e em que
funções e atividades, com a percepção de sua maior ou momento poderão ser eliminados ou destinados aos
NOÇÕES DE ARQUIVO

menor autonomia ou subordinação interna, permitirá a arquivos intermediário e permanente, segundo o valor e
elaboração do plano de classificação(GONÇALVES, 1998, o potencial de uso que apresentam para a administração
p. 22). que os gerou e para a sociedade.
O estabelecimento das classes e subclasses de
um plano de classificação pode ser por três critérios: Suas principais vantagens são:
funcional, no qual as classes correspondem à função - Redução da massa documental.
dos documentos; estrutural, de acordo com a estrutura - Agilidade na recuperação de documentos e infor-
organizacional de determinada instituição; e, por assunto, mações.

7
- A conservação dos documentos de guarda perma- De acordo com o estágio de evolução (considera-se
nente. o tempo de vida de um arquivo)
- A racionalização da produção e do fluxo dos docu- • ARQUIVO DE PRIMEIRA IDADE OU CORRENTE
mentos de arquivo. - guarda a documentação mais atual e frequentemente
- A eliminação dos documentos desprovidos de valor, consultada. Pode ser mantido em local de fácil acesso para
gerando ganho de espaço físico. facilitar a consulta.
- A otimização dos gastos com recursos humanos,
materiais e financeiros. • ARQUIVO DE SEGUNDA IDADE OU
- Incremento à pesquisa. INTERMEDIÁRIO - inclui documentos que vieram do
- Garantia da constituição do patrimônio arquivístico. arquivo corrente, porque deixaram de ser usados com
8.1. Sistemas de classificação de documentos de frequência. Mas eles ainda podem ser consultados pelos
arquivo órgãos que os produziram e os receberam, se surgir uma
situação idêntica àquela que os gerou.
O conceito de classificação e o respectivo  sistema • ARQUIVO DE TERCEIRA IDADE OU PERMANENTE
classificativo a ser adotado, são de uma importância - nele se encontram os documentos que perderam o
decisiva na elaboração de um plano de classificação que valor administrativo e cujo uso deixou de ser frequente,
permita um bom funcionamento do arquivo. é esporádico. Eles são conservados somente por causa
Um bom plano de classificação deve possuir as de seu valor histórico, informativo para comprovar algo
seguintes características: para fins de pesquisa em geral, permitindo que se conheça
- Satisfazer as necessidades práticas do serviço, ado- como os fatos evoluíram.
tando critérios que potenciem a resolução dos proble-
mas. Quanto mais simples forem as regras de classifica- De acordo com a extensão da atenção
ção adotadas, tanto melhor se efetuará a ordenação da Os arquivos se dividem em:
documentação; • ARQUIVO SETORIAL - localizado junto aos
- A sua construção deve estar de acordo com as atri-
órgãos operacionais, cumprindo as funções de um arquivo
buições do organismo (divisão de competências) ou em
corrente.
última análise, focando a estrutura das entidades de
• ARQUIVO CENTRAL OU GERAL - destina-se a
onde provém a correspondência;
receber os documentos correntes provenientes dos diversos
- Deverá ter em conta a evolução futura das atribui-
órgãos que integram a estrutura de uma instituição.
ções do serviço deixando espaço livre para novas inclu-
sões;
- Ser revista periodicamente, corrigindo os erros ou De acordo com a natureza de seus documentos
classificações mal efetuadas, e promover a sua atualiza- • ARQUIVO ESPECIAL - guarda documentos de
ção sempre que se entender conveniente. variadas formas físicas como discos, fitas, disquetes,
fotografias, microformas (fichas microfilmadas), slides,
A classificação por assuntos é utilizada com o filmes, entre outros. Eles merecem tratamento adequado
objetivo de agrupar os documentos sob um mesmo não apenas quanto ao armazenamento das peças, mas
tema, como forma de agilizar sua recuperação e facilitar também quanto ao registro, acondicionamento, controle
as tarefas arquivísticas relacionadas com a avaliação, e conservação.
seleção, eliminação, transferência, recolhimento e acesso • ARQUIVO ESPECIALIZADO – também conhecido
a esses documentos, uma vez que o trabalho arquivístico como arquivo técnico, é responsável pela guarda os
é realizado com base no conteúdo do documento, documentos de um determinado assunto ou setor/
o qual reflete a atividade que o gerou e determina departamento específico.
o uso da informação nele contida. A classificação
define, portanto, a organização física dos documentos De acordo com a natureza do assunto
arquivados, constituindo-se em referencial básico para • OSTENSIVO: aqueles que ao serem divulgados
sua recuperação. não prejudicam a administração
Na classificação, as funções, atividades, espécies e • SIGILOSO: em decorrência do assunto, o acesso é
tipos documentais distribuídos de acordo com as funções limitado, com divulgação restrita
e atividades desempenhadas pelo órgão.
A classificação deve ser realizada de acordo com as De acordo com a espécie
seguintes características: • ADMINISTRATIVO: Referente às atividades
puramente ad­ministrativas;
De acordo com a entidade criadora • JUDICIAL: Referente às ações judiciais e
• PÚBLICO – arquivo de instituições públicas de extrajudiciais;
NOÇÕES DE ARQUIVO

âmbito federal ou estadual ou municipal. • CONSULTIVO: Referente ao assessoramento e


• INSTITUCIONAL – arquivos pertencentes orienta­ção jurídica. Busca dirimir dúvidas entre pareceres,
ou relacionados à instituições educacionais, igrejas, busca alternativas para evitar a esfera judicial.
corporações não-lucrativas, sociedades e associações. De acordo com o grau de sigilo
• COMERCIAL- arquivo de empresas, corporações • RESERVADO: Dados ou informações cuja
e companhias. revelação não-autorizada possa comprometer planos,
• FAMILIAR ou PESSOAL- arquivo organizado por operações ou ob­jetivos neles previstos;
grupos familiares ou pessoas individualmente. • SECRETO: Dados ou informações referentes a

8
sistemas, instalações, projetos, planos ou operações de interesse nacional, a assuntos diplomáticos e de inteligência e a
pla­nos ou detalhes, programas ou instalações estratégicos, cujo conhecimento não autorizado possa acarretar dano grave
à segurança da sociedade e do Estado;
• ULTRASSECRETO: Dados ou informações referentes à so­berania e à integridade territorial nacionais, a plano ou
ope­rações militares, às relações internacionais do País, a projetos de pesquisa e desenvolvimento científico e tec­nológico
de interesse da defesa nacional e a programas eco­nômicos, cujo conhecimento não autorizado possa acar­retar dano
excepcionalmente grave à segurança da so­ciedade e do Estado.

8.2 Arquivamento e ordenação de documentos

O arquivamento é o conjunto de técnicas e procedimentos que visa ao acondicionamento e armazenamento dos


documentos no arquivo.
Uma vez registrado, classificado e tramitado nas unidades competentes, o documento deverá ser encaminhado ao
seu destino para arquivamento, após receber despacho final.
O arquivamento é a guarda dos documentos no local estabelecido, de acordo com a classificação dada. Nesta etapa
toda a atenção é necessária, pois um documento arquivado erroneamente poderá ficar perdido quando solicitado
posteriormente.
O documento ficará arquivado na unidade até que cumpra o prazo para transferência ao Arquivo Central ou sua
eliminação.
As operações para arquivamento são:
1) Verificar se o documento destina-se ao arquivamento;
2) Checar a classificação do documento, caso não haja, atribuir um código conforme o assunto;
3) Ordenar os documentos na ordem sequencial;
4) Ao arquivar o documento na pasta, verificar a existência de antecedentes na mesma pasta e agrupar aqueles
que tratam do mesmo assunto, por consequência, o mesmo código;
5) Arquivar as pastas na sequência dos códigos atribuídos – usar uma pasta para cada código, evitando a
classificação “diversos”;
6) Ordenar os documentos que não possuem antecedentes de acordo com a ordem estabelecida – cronológica,
alfabética, geográfica, verificando a existência de cópias e eliminando-as. Caso não exista o original manter uma única
cópia;
7) Arquivar o anexo do documento, quando volumoso, em caixa ou pasta apropriada, identificando externamente
o seu conteúdo e registrando a sua localização no documento que o encaminhou.
8) Endereçamento - o endereço aponta para o local onde os documentos/processos estão armazenados.
Devemos considerar duas formas de arquivamento: A horizontal e a vertical.
- Arquivamento Horizontal: os documentos são dispostos uns sobre os outros, ―deitados, dentro do mobiliário.
É indicado para arquivos permanentes e para documentos de grandes dimensões, pois evitam marcas e dobras nos
mesmos.
- Arquivamento Vertical: os documentos são dispostos uns atrás dos outros dentro do mobiliário. É indicado para
arquivos correntes, pois facilita a busca pela mobilidade na disposição dos documentos.

Para o arquivamento e ordenação dos documentos no arquivo, devemos considerar tantos os métodos quanto os
sistemas.
Os Sistemas de Arquivamento nada mais são do que a possibilidade ou não de recuperação da informação sem o
uso de instrumentos.
Tudo o que isso quer dizer é apenas se precisa ou não de uma ferramenta (índice, tabela ou qualquer outro
semelhante) para localizar um documento em um arquivo.

Quando NÃO HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema direto de busca e/ou recuperação, como por
exemplo, os métodos alfabético e geográfico.
Quando HÁ essa necessidade, dizemos que é um sistema indireto de busca e/ou recuperação, como são os métodos
numéricos.

A ORDENAÇÃO é a reunião dos documentos que foram classificados dentre de um mesmo assunto.
Sua finalidade é agilizar o arquivamento, de forma organizada e categorizada previamente para posterior
NOÇÕES DE ARQUIVO

arquivamento.

Para definir a forma da ordenação é considerada a natureza dos documentos, podendo ser:

9
9. Tabela de temporalidade

Instrumento de destinação, que determina prazos e condições de guarda tendo em vista a transferência,
recolhimento, descarte de documentos, com a finalidade de garantir o acesso à informação a quantos dela necessitem.
É um instrumento resultante da atividade de avaliação de documentos, que consiste em identificar seus valores
(primário/administrativo ou secundário/histórico) e definir prazos de guarda, registrando dessa forma, o registra o ciclo
de vida dos documentos.
Para que a tabela tenha validade precisa ser aprovada por autoridade competente e divulgada entre os funcionários
na instituição. 
Sua estrutura básica deve necessariamente contemplar os conjuntos documentais produzidos e recebidos por uma
instituição no exercício de suas atividades, os prazos de guarda nas fases corrente e intermediária, a destinação final –
eliminação ou guarda permanente, além de um campo para observações necessárias à sua compreensão e aplicação.

Apresentam-se a seguir diretrizes para a correta utilização do instrumento:

1. Assunto: Apresenta-se aqui os conjuntos documentais produzidos e recebidos, hierarquicamente distribuídos de


acordo com as funções e atividades desempenhadas pela instituição.
Como instrumento auxiliar, pode ser utilizado o índice, que contém os conjuntos documentais ordenados
alfabeticamente para agilizar a sua localização na tabela.

2. Prazos de guarda: Trata-se do tempo necessário para arquivamento dos documentos nas fases corrente e
intermediária, visando atender exclusivamente às necessidades da administração que os gerou.
Deve ser objetivo e direto na definição da ação – exemplos: até aprovação das contas; até homologação da
aposentadoria; e até quitação da dívida.

Os prazos são preferencialmente em ANOS


Os prazos são determinados pelas:
Normas
Precaução
NOÇÕES DE ARQUIVO

Informações recaptulativas
Frequência de uso

10
3. Destinação final: Registra-se a destinação estabelecida que pode ser:

4. Observações: Neste campo são registradas informações complementares e justificativas, necessárias à correta
aplicação da tabela. Incluem-se, ainda, orientações quanto à alteração do suporte da informação e aspectos elucidativos
quanto à destinação dos documentos, segundo a particularidade dos conjuntos documentais avaliados.
A definição dos prazos de guarda devem ser definidos com base na legislação vigente e nas necessidades administrativas.

10. Acondicionamento e armazenamento de documentos de arquivos

Nos processos de produção, tramitação, organização e acesso aos documentos, deverão ser observados
procedimentos específicos, de acordo com os diferentes gêneros documentais, com vistas a assegurar sua preservação
durante o prazo de guarda estabelecido na tabela de temporalidade e destinação.

FIQUE ATENTO!
Não podemos nos esquecer dos documentos eletrônicos, que hoje em dia está cada vez mais presente.
As alternativas são diversas, como dispositivos externos de gravação, porém, o mais indicado hoje, é
armazenar os dados em nuvem, que oferece além da segurança, a facilidade de acesso.

Armazenamento
NOÇÕES DE ARQUIVO

1. Áreas de armazenamento

1.1. Áreas Externas

A localização de um depósito de arquivo deve prever facilidades de acesso e de segurança contra perigos iminentes,
evitando-se, por exemplo:
- áreas de risco de vendavais e outras intempéries, e de inundações, como margens de rios e subsolos;

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- áreas de risco de incêndios, próximas a postos de - reduzir ao máximo a radiação UV emitida por lâm-
combustíveis, depósitos e distribuidoras de gases, e padas fluorescentes, aplicando filtros bloqueadores aos
construções irregulares; tubos ou às luminárias;
- áreas próximas a indústrias pesadas com altos índi- - promover regularmente a limpeza e o controle de
ces de poluição atmosférica, como refinarias de petróleo; insetos rasteiros nas áreas de armazenamento;
- áreas próximas a instalações estratégicas, como in- - manter um programa integrado de higienização do
dústrias e depósitos de munições, de material bélico e acervo e de prevenção de insetos;
aeroportos. - monitorar as condições do ar quanto à presença
de poeira e poluentes, procurando reduzir ao máximo
1.2. Áreas Internas os contaminantes, utilizando cortinas, filtros, bem como
realizando o fechamento e a abertura controlada de ja-
As áreas de trabalho e de circulação de público deverão nelas;
atender às necessidades de funcionalidade e conforto, - armazenar os acervos de fotografias, filmes, meios
enquanto as de armazenamento de documentos devem magnéticos e ópticos em condições climáticas especiais,
ser totalmente independentes das demais. de baixa temperatura e umidade relativa, obtidas por
meio de equipamentos mecânicos bem dimensionados,
2. Condições Ambientais sobretudo para a manutenção da estabilidade dessas
condições, a saber: fotografias em preto e branco T 12ºC
Quanto às condições climáticas, as áreas de pesquisa ± 1ºC e UR 35% ± 5% fotografias em cor T 5ºC ± 1ºC e
e de trabalho devem receber tratamento diferenciado UR 35% ± 5% filmes e registros magnéticos T 18ºC ± 1ºC
das áreas dos depósitos, as quais, por sua vez, também e UR 40% ± 5%.
devem se diferenciar entre si, considerando-se as
necessidades específicas de preservação para cada tipo 2.1. Acondicionamento
de suporte. Os documentos devem ser acondicionados em
mobiliário e invólucros apropriados, que assegurem sua
preservação.
A deterioração natural dos suportes dos documentos,
A escolha deverá ser feita observando-se as
ao longo do tempo, ocorre por reações químicas, que
características físicas e a natureza de cada suporte. A
são aceleradas por flutuações e extremos de temperatura
confecção e a disposição do mobiliário deverão acatar as
e umidade relativa do ar e pela exposição aos poluentes
normas existentes sobre qualidade e resistência e sobre
atmosféricos e às radiações luminosas, especialmente
segurança no trabalho.
dos raios ultravioleta.
O mobiliário facilita o acesso seguro aos documentos,
A adoção dos parâmetros recomendados por
promove a proteção contra danos físicos, químicos e
diferentes autores (de temperatura entre 15° e 22° C e mecânicos. Os documentos devem ser guardados em
de umidade relativa entre 45% e 60%) exige, nos climas arquivos, estantes, armários ou prateleiras, apropriados
quentes e úmidos, o emprego de meios mecânicos a cada suporte e formato.
sofisticados, resultando em altos custos de investimento Os documentos de valor permanente que apresentam
em equipamentos, manutenção e energia. grandes formatos, como mapas, plantas e cartazes,
Os índices muito elevados de temperatura e umidade devem ser armazenados horizontalmente, em mapotecas
relativa do ar, as variações bruscas e a falta de ventilação adequadas às suas medidas, ou enrolados sobre tubos
promovem a ocorrência de infestações de insetos e o confeccionados em cartão alcalino e acondicionados
desenvolvimento de microorganismos, que aumentam em armários ou gavetas. Nenhum documento deve ser
as proporções dos danos. armazenado diretamente sobre o chão.
Com base nessas constatações, recomenda-se: As mídias magnéticas, como fitas de vídeo, áudio e de
- armazenar todos os documentos em condições am- computador, devem ser armazenadas longe de campos
bientais que assegurem sua preservação, pelo prazo de magnéticos que possam causar a distorção ou a perda
guarda estabelecido, isto é, em temperatura e umidade de dados. O armazenamento será preferencialmente em
relativa do ar adequadas a cada suporte documental; mobiliário de aço tratado com pintura sintética, de efeito
- monitorar as condições de temperatura e umidade antiestático.
relativa do ar, utilizando pessoal treinado, a partir de me- As embalagens protegem os documentos contra
todologia previamente definida; a poeira e danos acidentais, minimizam as variações
- utilizar preferencialmente soluções de baixo custo externas de temperatura e umidade relativa e reduzem
direcionadas à obtenção de níveis de temperatura e umi- os riscos de danos por água e fogo em casos de desastre.
dade relativa estabilizados na média, evitando variações As caixas de arquivo devem ser resistentes ao
súbitas; manuseio, ao peso dos documentos e à pressão, caso
NOÇÕES DE ARQUIVO

- reavaliar a utilidade de condicionadores mecânicos tenham de ser empilhadas. Precisam ser mantidas em
quando os equipamentos de climatização não puderem boas condições de conservação e limpeza, de forma a
ser mantidos em funcionamento sem interrupção; proteger os documentos.
- proteger os documentos e suas embalagens da in- As medidas de caixas, envelopes ou pastas devem
cidência direta de luz solar, por meio de filtros, persianas respeitar formatos padronizados, e devem ser sempre
ou cortinas; iguais às dos documentos que irão abrigar, ou, caso haja
- monitorar os níveis de luminosidade, em especial espaço, esses devem ser preenchidos para proteger o
das radiações ultravioleta; documento.

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Todos os materiais usados para o armazenamento de documentos permanentes devem manter-se quimicamente
estáveis ao longo do tempo, não podendo provocar quaisquer reações que afetem a preservação dos documentos.
Os papéis e cartões empregados na produção de caixas e invólucros devem ser alcalinos e corresponder às
expectativas de preservação dos documentos.
No caso de caixas não confeccionados em cartão alcalino, recomenda-se o uso de invólucros internos de papel
alcalino, para evitar o contato direto de documentos com materiais instáveis.

PRESERVAÇÃO E CONSERVAÇÃO DE DOCUMENTOS DE ARQUIVO

FATORES DE DETERIORAÇÃO EM ACERVOS DE ARQUIVOS

Conhecendo-se a natureza dos materiais componentes dos acervos e seu comportamento diante dos fatores
aos quais estão expostos, torna-se bastante fácil detectar elementos nocivos e traçar políticas de conservação para
minimizá-los.
A grande maioria dos arquivos é constituída de documentos impressos, e o papel é basicamente composto por
fibras de celulose, portanto, identificar os principais agentes nocivos da celulose e descobrir soluções para evita-los é
um grande passo na preservação e na conservação documental.
Essa degradação à qual os acervos estão sujeitos não se limita a um único fator, pelo contrário, são várias as formas
dessa degradação ocorrer, como veremos a seguir:

1. Fatores ambientais

São os agentes encontrados no ambiente físico do acervo, como por exemplo, Temperatura, Umidade Relativa do
Ar, Radiação da Luz, Qualidade do Ar.
- Temperatura e umidade relativa
O calor e a umidade contribuem significativamente para a destruição dos documentos, principalmente quando em
suporte-papel. O desequilíbrio de um interfere no equilíbrio do outro. O calor acelera a deterioração. A velocidade
NOÇÕES DE ARQUIVO

de muitas reações químicas, é dobrada a cada aumento de 10°C. A alteração da umidade relativa proporciona as
condições necessárias para desencadear intensas reações químicas nos materiais.
A circulação do ar ambiente representa um fator bastante importante para amenizar os efeitos da temperatura e
umidade relativa elevada.

- Radiação da luz
Toda fonte de luz, emite radiação nociva aos materiais de acervos, provocando consideráveis danos através da
oxidação.

13
Algumas medidas podem ser tomadas para proteção de excrementos. As baratas se reproduzem no próprio
dos acervos: local e se tornam infestação muito rapidamente, caso
- As janelas devem ser protegidas por cortinas ou não sejam combatidas.
persianas que bloqueiem totalmente o sol; Brocas (Anobídios) – São insetos que causam danos
- Filtros feitos de filmes especiais também ajudam imensos em acervos, principalmente em livros. A fase de
no controle da radiação UV, tanto nos vidros de janelas ataque ao acervo é a de larva. Esse inseto se reproduz
quanto em lâmpadas fluorescentes. por acasalamento, que ocorre no próprio acervo. Uma
vez instalado, ataca não só o papel e seus derivados,
- Qualidades do ar como também a madeira do mobiliário, portas, pisos e
O controle da qualidade é muito importante porque todos os materiais à base de celulose.
os gases e as partículas sólidas contribuem muito para O ataque causa perda de suporte. A larva digere
a deterioração de materiais de bibliotecas e arquivos, os materiais para chegar à fase adulta. Na fase adulta,
destacando que esses poluentes podem tanto vir do acasala e põe ovos. Os ovos eclodem e o ciclo se repete.
ambiente externo como podem ser gerando no próprio Cupins (Térmitas) – Os cupins representam risco
ambiente. não só para as coleções como para o prédio em si. Os
cupins percorrem áreas internas de alvenaria, tubulações,
2. Agentes biológicos conduítes de instalações elétricas, rodapés, batentes de
portas e janelas etc., muitas vezes fora do alcance dos
Os agentes biológicos de deterioração de acervos nossos olhos.
são, entre outros, os insetos (baratas, brocas, cupins), os Chegam aos acervos em ataques massivos, através de
roedores e os fungos, cuja presença depende quase que estantes coladas às paredes, caixas de interruptores de
exclusivamente das condições ambientais reinantes nas luz, assoalhos etc.
dependências onde se encontram os documentos.
3. Intervenções inadequadas nos acervos
- Fungos
Como qualquer outro ser vivo, necessitam de alimento Trata-se de procedimentos de conservação que
e umidade para sobreviver e proliferar. O alimento realizamos em um conjunto de documentos com o
provém dos papéis, amidos (colas), couros, pigmentos, objetivo de interromper ou melhorar seu estado de
tecidos etc. A umidade é fator indispensável para o degradação e que as vezes, resultam em danos ainda
metabolismo dos nutrientes e para sua proliferação. Essa maiores.
umidade é encontrada na atmosfera local, nos materiais Por isso, qualquer tratamento que se queira aplicar
atacados e na própria colônia de fungos. Além da exige um conhecimento das características individuais
umidade e nutrientes, outras condições contribuem para dos documentos e dos materiais a serem empregados
o crescimento das colônias: temperatura elevada, falta de no processo de conservação.
circulação de ar e falta de higiene.
As medidas para proteger o acervo de infestação de 4. Problemas no manuseio de livros e documentos
fungos são:
- estabelecer política de controle ambiental, O manuseio inadequado dos documentos é um fator
principalmente temperatura, umidade relativa e ar de degradação muito frequente em qualquer tipo de
circulante acervo.
- praticar a higienização tanto do local quanto dos O manuseio abrange todas as ações de tocar no
documentos, com metodologia e técnicas adequadas; documento, sejam elas durante a higienização pelos
- instruir o usuário e os funcionários com relação ao funcionários da instituição, na remoção das estantes ou
manuseio dos documentos e regras de higiene do local; arquivos para uso do pesquisador, nas foto-reproduções,
- manter vigilância constante dos documentos contra na pesquisa pelo usuário etc.
acidentes com água, secando-os imediatamente caso
ocorram. 5. Fatores de deterioração

- Roedores Como podemos ver, os danos são intensos e muitos


A presença de roedores em recintos de bibliotecas são irreversíveis. Apesar de toda a problemática dos
e arquivos ocorre pelos mesmos motivos citados acima. custos de uma política de conservação, existem medidas
Tentar obstruir as possíveis entradas para os ambientes que podemos tomar sem despender grandes somas de
dos acervos é um começo. As iscas são válidas, mas para dinheiro, minimizando drasticamente os efeitos desses
que surtam efeito devem ser definidas por especialistas agentes.
NOÇÕES DE ARQUIVO

em zoonose. O produto deve ser eficiente, desde que não Alguns investimentos de baixo custo devem ser feitos,
provoque a morte dos roedores no recinto. A profilaxia a começar por:
se faz nos mesmos moldes citados acima: temperatura e • treinamento dos profissionais na área da conservação
umidade relativa controladas, além de higiene periódica. e preservação;
• atualização desses profissionais (a conservação é
- Ataques de insetos uma ciência em desenvolvimento constante e a cada dia
Baratas – Esses insetos atacam tanto papel quanto novas técnicas, materiais e equipamentos surgem para
revestimentos, provocam perdas de superfície e manchas facilitar e melhorar a conservação dos documentos);

14
• monitoração do ambiente – temperatura e umidade • Papéis de textura muito porosa
relativa em níveis aceitáveis; - Materiais usados para limpeza de superfície - a re-
• uso de filtros e protetores contra a luz direta nos moção da sujidade superficial (que está solta sobre o
documentos; documento) é feita através de pincéis, flanela macia, as-
• adoção de política de higienização do ambiente e pirador e inúmeras outras ferramentas que se adaptam à
dos acervos; técnica, como bisturi, pinça, espátula, agulha, cotonete;
• contato com profissionais experientes que possam
assessorar em caso de necessidade. - Limpeza de livros
- Encadernação (capa do livro) – limpar com trincha,
6. Características gerais dos materiais empregados pincel macio, aspirador, flanela macia, conforme o estado
em conservação da encadernação;
- Miolo (livro em si) – segurar firmemente o livro pela
lombada, apertando o miolo. Com uma trincha ou pincel,
Nos projetos de conservação/preservação de acervos
limpar os cortes, começando pela cabeça do livro, que é
de bibliotecas, arquivos e museus, é recomendado
a área que está mais exposta à sujidade. Quando a sujeira
apenas o uso de materiais de qualidade arquivística,
está muito incrustada e intensa, utilizar, primeiramente,
isto é, daqueles materiais livres de quaisquer impurezas, aspirador de pó de baixa potência ou ainda um pedaço
quimicamente estáveis, resistentes, duráveis. Suas de carpete sem uso;
características, em relação aos documentos onde são - O miolo deve ser limpo com pincel folha a folha,
aplicados, distinguem-se pela estabilidade, neutralidade, numa primeira higienização;
reversibilidade e inércia. - Oxigenar as folhas várias vezes.
Dentro das especificações positivas, encontramos
vários materiais: os papéis e cartões alcalinos, os - Higienização de documentos de arquivo - materiais
poliésteres inertes, os adesivos alcalinos e reversíveis, os arquivísticos têm os seus suportes geralmente quebra-
papéis orientais, borrachas plásticas etc., usados tanto diços, frágeis, distorcidos ou fragmentados. Isso se deve
para pequenas intervenções sobre os documentos como principalmente ao alto índice de acidez resultante do uso
para acondicionamento. de papéis de baixa qualidade. As más condições de ar-
mazenamento e o excesso de manuseio também contri-
7. Critérios para a escolha de técnicas e de materiais buem para a degradação dos materiais. Tais documentos
para a conservação de acervos têm que ser higienizados com muito critério e cuidado.

Como já enfatizamos anteriormente, é muito - Documentos manuscritos - os mesmos cuidados


importante ter conhecimentos básicos sobre os materiais para com os livros devem ser tomados em relação aos
que integram nossos acervos para que não corramos o manuscritos. O exame dos documentos, testes de estabi-
risco de lhes causar mais danos. lidade de seus componentes para o uso dos materiais de
Vários são os procedimentos que, apesar de simples, limpeza mecânica e critérios de intervenção devem ser
são de grande importância para a estabilização dos cuidadosamente realizados.
documentos.
- Documentos em grande formato
8. Higienização - Desenhos de Arquitetura – Os papéis de arquitetura
(no geral em papel vegetal) podem ser limpos com pó de
borracha, após testes. Pode-se também usar um cotone-
A sujidade é o agente de deterioração que mais
te - bem enxuto e embebido em álcool. Muito sensíveis
afeta os documentos. A sujidade não é inócua e, quando
à água, esses papéis podem ter distorções causadas pela
conjugada a condições ambientais inadequadas, provoca umidade que são irreversíveis ou de difícil remoção.
reações de destruição de todos os suportes num acervo. • Posters (Cartazes) – As tintas e suportes de
Portanto, a higienização das coleções deve ser um hábito posters são muito frágeis. Não se recomenda limpar a
de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, área pictórica. Todo cuidado é pouco, até mesmo na
razão por que é considerada a conservação preventiva escolha de seu acondicionamento.
por excelência. • Mapas – Os mapas coloridos à mão merecem
uma atenção especial na limpeza. Em mapas impressos,
- Processos de higienização desde que em boas condições, o pó de borracha pode
- Limpeza de superfície - o processo de limpeza de ser aplicado para tratar grandes áreas.
acervos de bibliotecas e arquivos se restringe à limpeza
de superfície e, portanto, é mecânica, feita a seco, com 9. Pequenos reparos
o objetivo de reduzir poeira, partículas sólidas, incrusta-
NOÇÕES DE ARQUIVO

ções, resíduos de excrementos de insetos ou outros de- Os pequenos reparos são diminutas intervenções que
pósitos de superfície. podemos executar visando interromper um processo
- Avaliação do objeto a ser limpo - cada objeto deve de deterioração em andamento. Essas pequenas
ser avaliado individualmente para determinar se a higie- intervenções devem obedecer a critérios rigorosos de
nização é necessária e se pode ser realizada com segu- ética e técnica e têm a função de melhorar o estado de
rança. No caso de termos as condições abaixo, provavel- conservação dos documentos. Caso esses critérios não
mente o tratamento não será possível: sejam obedecidos, o risco de aumentar os danos é muito
• Fragilidade física do suporte grande e muitas vezes de caráter irreversível.

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Os livros raros e os documentos de arquivo mais antigos devem ser tratados por especialistas da área. Os demais
documentos permitem algumas intervenções, de simples a moderadas. Os materiais utilizados para esse fim devem
ser de qualidade arquivística e de caráter reversível. Da mesma forma, toda a intervenção deve obedecer a técnicas
e procedimentos reversíveis. Isso significa que, caso seja necessário reverter o processo, não pode existir nenhum
obstáculo na técnica e nos materiais utilizados.

FIQUE ATENTO!
Toda e qualquer procedimento acima citada obrigatoriamente deve ser feito com o uso dos EPIs – Equi-
pamentos de Proteção Individual – tais como avental, luva, máscara, toucas, óculos de proteção e pró-pé/
bota, a fim de evitar diversas manifestações alérgicas, como rinite, irritação ocular, problemas respirató-
rios, protegendo assim a saúde do profissional.

TIPOLOGIAS DOCUMENTAIS E SUPORTES FÍSICOS: microfilmagem; automação; preservação, conservação e


restauração de documentos.

Segundo Bellotto (1989), a Tipologia Documental é a ampliação da Diplomática (ocupa-se da estrutura formal dos
atos escritos de origem governamental e/ou notarial) em direção à gênese documental, perseguindo a contextualização
nas atribuições, competências, funções e atividades da entidade geradora/acumuladora. Assim, o objeto da Diplomática
é a configuração interna do documento, o estudo jurídico de suas partes e dos seus caracteres para atingir sua
autenticidade, enquanto o objeto da Tipologia, além disso, é estudá-lo enquanto componente de conjuntos orgânicos,
isto é, como integrante da mesma série documental, advinda da junção de documentos correspondentes à mesma
atividade. Nesse sentido, o conjunto homogêneo de atos está expresso em um conjunto homogêneo de documentos,
com uniformidade de vigência.
A Tipologia Documental como parte integrante da identificação Arquivística é etapa do tratamento dos documentos,
informações e conhecimento e se fundamenta na metodologia da Diplomática para identificar o documento contido
nos arquivos (Digitalizado, digital, papel, microfilme etc.).
Nessa configuração interna do documento, pontua-se alguns aspectos como, espécie (Designação do documento
segundo seu aspecto formal), o tipo (espécie e mais a sua finalidade – Ex. Especie = atestado / tipo = médico).
O tipo documental agrega à espécie documental uma atividade/função/finalidade.
Já o SUPORTE é o material sobre o qual as informações são registradas. Ex: Fita magnética, filme de nitrato, papel,
HD, CD, DVD, pendrive, nuvem.

1. Microfilmagem

É o serviço de armazenamento e preservação de informações, através da captação das imagens dos documentos
por processo fotográfico.
A microfilmagem é uma técnica que propicia uma maneira prática fácil e econômica de registrar, distribuir e localizar
dados manuscritos, registros impressos ou ilustrados.
NOÇÕES DE ARQUIVO

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Seus principais benefícios são:

Outros aspectos relevantes quanto à microfilmagem, conforme a Lei nº 5.433/68, que Regula a microfilmagem de
documentos oficiais e dá outras providências
- Os originais dos documentos ainda em trânsito, microfilmados não poderão ser eliminados antes de seu arquiva-
mento;
- Quando houver conveniência, ou por medida de segurança, poderão excepcionalmente ser microfilmados docu-
mentos ainda não arquivados, desde que autorizados por autoridade competente;
NOÇÕES DE ARQUIVO

- Os documentos de valor histórico não deverão ser eliminados, podendo ser arquivados em local diverso da repar-
tição detentora dos mesmos;
- É dispensável o reconhecimento da firma da autoridade que autenticar os documentos oficiais arquivados, para
efeito de microfilmagem e os traslados e certidões originais de microfilmes;

- Entende-se por microfilme o resultado do processo de reprodução em filme, de documentos, dados e imagens,
por meios fotográficos ou eletrônicos, em diferentes graus de redução;
- O armazenamento do filme original deverá ser feito em local diferente do seu filme cópia;

17
- A eliminação de documentos, após a microfilmagem, dar-se-á por meios que garantam sua inutilização, sendo a
mesma precedida de lavratura de termo próprio e após a revisão e a extração de filme cópia;
- Os traslados, as certidões e as cópias em papel ou em filme de documentos microfilmados, para produzirem efei-
tos legais em juízo ou fora dele, deverão estar autenticados pela autoridade competente detentora do filme original;
- Os microfilmes e filmes cópias, produzidos no exterior, somente terão valor legal, em juízo ou fora dele, quando:
• autenticados por autoridade estrangeira competente;
• tiverem reconhecida, pela autoridade consular brasileira, a firma da autoridade estrangeira que os houver
autenticado;
• forem acompanhados de tradução oficial. 
• Tipos: microfilmagem de substituição (aplicada nos arquivos correntes e intermediários) e microfilmagem de
preservação (aplicada nos arquivos permanentes).

2. Automação. 
 
É o gerenciamento eletrônico dos documentos que funciona com softwares e hardwares específicos e usa as mídias
ópticas para armazenamento.
Tem por finalidade otimizar e racionalizar a gestão documental.
Permite, através de sistemas informatizados de gestão arquivística de documentos, gerenciar a produção, uso e
destinação dos documentos arquivísticos produzidos em uma organização.

3. Preservação, conservação e restauração de documentos.

Conforme já visto acima, esses procedimentos podem ser conceituados como:

Preservar e conservar bens culturais (livros, documentos, objetos de arte, etc) é defendê-los da ação dos agentes
físicos, químicos e biológicos que os atacam.
Através desses procedimentos mantemos protegido o patrimônio documental e cultural, preservando assim a
história, seja de fatos ocorridos em uma organização como se preserva e, consequentemente, passa-se a diante toda a
NOÇÕES DE ARQUIVO

história percorrida e vivida por uma sociedade.


Por isso, devem ser impedidos quaisquer danos e destruição causados pelas mais diversas ameaças conforme vimos
acima, mantendo assim, o registro das informações originais, para que essas auxiliem na construção de uma futura
geração, através da memória institucional que estará resguardada.

Fonte e texto adaptado de: www.agu.gov.br/CONARQ - Conselho Nacional de Arquivos/Murilo Billig Schäfer/Dijeison
Tiago/Rayssa Macedo/ Simone Francisco da Silva/George Melo Rodrigues/Norma Cianflone Cassares

18
EXERCÍCIOS COMENTADOS HORA DE PRATICAR!
1. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca de princípios e de con- 1. (ABIN – 2018 - CESPE) Acerca de princípios e de con-
ceitos arquivísticos, julgue o item que se segue. ceitos arquivísticos, julgue o item que se segue.
O princípio da proveniência e o resultado de sua aplica- A imparcialidade, como característica do documento de
ção — o fundo de arquivo — impõem-se à arquivologia, arquivo, diz respeito à criação, à manutenção e à custó-
pois esta tem como objetivo administrar documentos de dia de arquivos. 
pessoas físicas ou jurídicas.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (ABIN – 2018 - CESPE) A respeito da gestão de docu-
Resposta: “Certo” O principio em questão fixa a identi- mentos, julgue o item a seguir. A gestão de documentos
dade do documento (seja de pessoa física ou jurídica) a compreende a definição da política arquivística, a desig-
quem o produziu, organizando-os de forma a obedecer nação de responsabilidades, o planejamento do progra-
a competência e às atividades de sua origem produtora. ma de gestão e a implantação do programa de gestão.

2. (ABIN - 2018 CESPE) Acerca de princípios e de con- ( ) CERTO ( ) ERRADO


ceitos arquivísticos, julgue o item que se segue. Os arqui-
vos de um órgão público existente há mais de cem anos 3. (ABIN – 2018 - CESPE) No que se refere a protocolo,
fazem parte de um fundo aberto. julgue o item subsequente. O protocolo providencia a
tramitação dos documentos de arquivo e toma decisões
( ) CERTO ( ) ERRADO sobre as demandas contidas neles.

Resposta: “Certo” Se a instituição ainda está em ativi- ( ) CERTO ( ) ERRADO


dade, como no caso, e continua gerando arquivo, trata-
-se de fundo aberto. 4. (SEDF – 2017 - CESPE) Com relação às funções arqui-
vísticas de criação, classificação e avaliação de documen-
tos, julgue o item seguinte. Documentos de um acervo
que podem ser amplamente divulgados à sociedade são
considerados ostensivos quanto à natureza do assunto.

( ) CERTO ( ) ERRADO

5. (FUB – 2014 - CESPE) Acerca da tabela de tem-


poralidade de documentos, julgue o próximo item.
A tabela de temporalidade de documentos de arquivo
é o instrumento de gestão arquivística responsável pela
organização dos documentos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

GABARITO

1 ERRADO
2 CERTO
3 ERRADO
4 CERTO
5 ERRADO
NOÇÕES DE ARQUIVO

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ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE ARQUIVO

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20
ÍNDICE

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS


Noções de Gestão de Pessoas: conceito; objetivos; recrutamento; seleção; treinamento.........................................................................01
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS: CONCEITO; OBJETIVOS; RECRUTAMENTO; SELEÇÃO;
TREINAMENTO.

GESTÃO DE PESSOAS

Quando nos deparamos com um cenário globalizado e com competição cada vez mais acirrada, a Gestão de Pes-
soas torna-se fundamentalmente um instrumento diferenciado para as organizações alcançarem sucesso.

Segundo (CHIAVENATO, 2005, p. 9):


Gestão de pessoas “é o conjunto de decisões integradas sobre as relações de emprego que influenciam a eficácia dos
funcionários e das organizações. Assim, todos os gerentes são, em certo sentido, gerentes de pessoas, porque todos
eles estão envolvidos em atividades como recrutamento, entrevistas, seleção e treinamento”
Exatamente por ser esse diferencial, essa área tem passado por mudanças e transformações, afim de acompanhar
a evolução natural das coisas e permitir que o patrimônio intelectual e humano das organizações esteja sempre em
desenvolvimento, não apenas nos seus aspectos tangíveis e concretos, mas, principalmente, nos aspectos conceituais
e intangíveis.
A área de Gestão de Pessoas é uma área muito sensível aos aspectos contingenciais e situacionais da organização,
considerando fatores como cultura e estrutura organizacional adotada, clima e ambiente, negócio da organização,
tecnologia utilizada dos processos internos, entre vários outros fatores.
O papel da Administração para a Gestão de Pessoas tem como definição o ato de trabalhar com e por meio de
pessoas para realizar os objetivos tanto da organização quanto de seus membros.
Alguns aspectos estão envolvidos na gestão de pessoas, conforme descritos abaixo:

• Comportamento;
• Processo de decisão;
• Ação e execução;
• Relacionamento interpessoal;
• Comprometimento interpessoal e organizacional;
• Perspectiva de futuro;
• Envolvimento com processos;
• Desenvolvimento de habilidades;
• Identificação de capacidades intelectuais – Construindo um patrimônio intelectual.

Essa evolução natural percebida pelas organizações trouxe mudanças também na denominação e na forma como
se enxerga essa área.
Enquanto por muito tempo as organizações consideravam as pessoas como um dos recursos necessários para a
existência da organização, hoje essa compreensão envolve um conceito diferenciado, no qual as pessoas não são vistas
como um recurso e, sim, como parceiro e colaborador na busca pelos resultados desejados.
Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social, e há na organização também o subsistema técnico. A intera-
ção da gestão de pessoas com outros subsistemas, especialmente o técnico, envolve alinhar objetivos organizacionais
e individuais.

A seguir, temos três aspectos que dão sustentação a essa colocação do papel das pessoas hoje nas organizações:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

1
Como vimos acima, a Gestão de Pessoas tem sido a responsável pela excelência das organizações bem-sucedidas e
pelo aporte de capital intelectual, que simboliza, mais do que tudo, a importância do fator humano em plena Era da
Informação e do Conhecimento.
Como pudemos perceber, existe um processo evolutivo na forma como se trata as pessoas dentro da organização,
saindo de um conceito no qual pessoas eram consideradas recursos até chegar no conceito de pessoas como parceiros,
sendo que, nessa transição, as mudanças práticas são bem claras, conforme vemos a seguir:

Pessoas como Recursos Pessoas como Parceiros


Horário rigidamente estabelecido Colaboradores agrupados em equipes
Preocupação com normas e regras Metas negociadas e compartilhadas
Subordinação ao chefe Preocupação com resultados
Fidelidade à organização Satisfação do cliente
Dependência da chefia Vinculação à missão e à visão
Alienação em relação à organização Interdependência entre colegas
Ênfase na especialização Participação e comprometimento
Executoras de tarefas Ênfase na ética e responsabilidade
Ênfase nas destrezas manuais Fornecedores de atividade
Valorização da mão de obra Ênfase no conhecimento
Inteligência e talento
Valorização do intelecto

Uma característica essencial das organizações é que elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas, sendo que,
nesse contexto, a Gestão de Pessoas atua na área do subsistema social.
Dentre os demais sistemas organizacionais, destacamos o subsistema técnico, e é essa interação entre Gestão de
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

pessoas e outros subsistemas, especialmente o técnico, que trabalho para o alinhamento entre os objetivos organiza-
cionais e os objetivos individuais.
Essa teoria surgiu dos apontamentos feitos sobre motivação, mais especialmente sobre as análises de comportamento
que produzem a cooperação por parte dos indivíduos.
Essa teoria resume a relação entre pessoas e organização como sendo um sistema no qual a organização recebe
cooperação dos colaboradores sob a forma de dedicação ou de trabalho e em troca oferece vantagens e incentivos,
dentre os quais podemos citar os salários, prêmios de produção, gratificações, elogios, oportunidades etc.
Essa troca mútua cria uma harmonia no ambiente organizacional, permitindo assim que se alcance o equilíbrio
organizacional.

2
CARACTERÍSTICAS E FUNÇÕES

A Gestão de Pessoas é caracterizada por: participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento do capital


humano da organização, que é formado pelas pessoas que a compõem.
Cabe à área de gestão de pessoas a função de humanizar as empresas.
Atualmente, nas relações de trabalho, vem ocorrendo mudanças conforme as exigências que o mercado impõe ou
na forma de gerir pessoas.
Analisemos agora as características e funções dessa área:

ATRIBUIÇÕES E OBJETIVOS DA GESTÃO DE PESSOAS

Como objetivos, destacamos alguns aspectos bem claros da área de gestão de pessoas:

• Ajudar a organização a alcançar seus objetivos e realizar sua missão;


• Proporcionar competitividade à organização;
• Proporcionar à organização talentos bem treinados e motivados;
• Aumentar a autoatualização e a satisfação das pessoas no trabalho;
• Desenvolver e manter qualidade de vida no trabalho;
• Administrar a mudança;
• Manter política ética e comportamento socialmente responsável.

Assim como também compete à área de gestão de pessoas lidar com alguns desafios e atribuições bem relevantes,
como vemos a seguir.

• Retenção de talentos – antes de mais nada é necessário que a organização consiga identificar os potenciais
existentes ali dentro e, a partir daí, criar condições de reter esse talento. Para que essa retenção seja possível, a
organização precisa criar uma contrapartida para o colaborador, considerando, aqui, não apenas o aspecto fi-
nanceiro, mas os demais aspectos que a geração atual anseia conquistar, como liberdade de tempo, valorização
e reconhecimento, oportunidade de crescimento, espaço para participar de forma mais ativa, entre outros.
• Choque de gerações – Dentro de uma organização, costumeiramente nos deparamos com várias gerações tra-
balhando juntas e, nesse cenário, temos diversidade de características, experiências, expectativas e competências,
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

cabendo à área de gestão de pessoas identificar e equilibrar essas diferenças, evitando assim que um choque de
gerações impeça que talentos possam ser descobertos e que trabalhem em conjunto, contribuindo e potenciali-
zando o patrimônio intelectual da organização.
• Ambiente – Como falamos acima, os anseios da geração atual vão muito além do aspecto financeiro, passando
pelo ambiente em que estão inseridos, portanto, cabe à área de gestão de pessoas, dentro do possível, estimular
a criação de ambientes mais próximos desses anseios, propiciando mais liberdade, criatividade e estímulos ou-
tros que impulsionem esses jovens no processo produtivo.
• Papel do Gestor de Pessoas – A área de gestão de pessoas precisa sair do operacional para assumir uma cadeira
nas decisões estratégicas. Deve participar opinando e mostrando alternativas de preparação dos profissionais.
Antes disso, é preciso estar mais próximo dos clientes internos para acompanhar mudanças, expectativas e
identificar quem pode fazer parte de um plano de carreira e de desenvolvimento. Esse gestor deve ser atual,

3
versátil e flexível para atender às necessidades in- produção em série e de linhas de montagem, conceben-
ternas e às de mercado. O desafio das empresas é a do um ritmo de trabalho em cadeia, para poupar tempo
estruturação de um processo de carreira, tanto hori- e custos.
zontal quanto vertical. As pessoas devem começar a Até que chegamos àquela que começa a trabalhar a
ser valorizadas pelas entregas, inovações e projetos visão diferente em relação ao indivíduo. Alton Mayo, que
que fazem e não mais só pela posição que ocupam. nos apresentou uma teoria que tratava exatamente das
relações humanas. A Teoria das Relações Humanas preo-
Já há algum tempo, a sociedade tem vivido uma tran- cupou-se intensamente com o esmagamento do homem
sição denominada “Era da Informação e Conhecimento”, pelo desenfreado desenvolvimento da civilização indus-
no qual as pessoas precisam ser consideradas parte es- trializada, salientando que, enquanto a eficiência material
sencial desse processo para que as organizações obte- aumentou poderosamente nos últimos duzentos anos, a
nham êxito em suas operações. No âmbito empresarial, capacidade humana para o trabalho coletivo não mante-
são fundamentais que todos os colaboradores engajados ve o mesmo ritmo de desenvolvimento.
nos processos assimilem a missão e os objetivos da orga- Mayo afirma que o problema da cooperação não
nização, como elementos norteadores na formulação e pode ser resolvido apenas por meio do retorno às for-
planejamento de estratégias. Por outro lado, os gerentes mas tradicionais de organização. O que deve haver é
devem desenvolver uma atuação que possibilite a ênfase uma nova concepção das relações humanas no trabalho.
nos focos de aprendizagem da organização. Como resultado de suas experiências dentro das próprias
Nesta 3ª fase da globalização em que vivemos, é viá- empresas, verificou que a colaboração na sociedade in-
vel que as organizações que almejam crescimento e me- dustrializada não pode ser entregue ao acaso, enquanto
lhoria contínua invistam em treinamento e qualificação e se cuida apenas dos aspectos materiais e tecnológicos
requalificação de seu pessoal, gerando assim uma signifi- do progresso humano.
cativa vantagem competitiva num mercado no qual as ino- A tarefa básica da Administração é formar uma elite
vações tecnológicas chegam já com data prevista de saída capaz de compreender e de comunicar, dotada de chefes
para novos critérios. Todavia, as empresas que entenderem democráticos, persuasivos e simpáticos a todo pessoal:
essa interdependência alcançarão gradualmente soluções ao invés de se tentar fazer os empregados compreende-
compensatórias em seus trâmites e processos. rem a lógica da administração da empresa, a nova elite
Conduzir pessoas numa organização significa dispo- de administradores deve compreender as limitações des-
nibilizar o capital (materiais, equipamentos, fatores de sa lógica e ser capaz de entender a lógica dos trabalha-
produção, treinamento) para que todos os envolvidos no dores.
processo (funcionários e parceiros) sintam sua importân- A pessoa humana é motivada essencialmente pela
cia para a organização e se renovem dia após dia no al- necessidade de “estar junto”, de “ser reconhecida”, de re-
cance de suas competências profissionais e pessoais em ceber adequada comunicação: Mayo se opunha à afirma-
busca de suas eficiências e eficácias. ção de Taylor de que a motivação básica do empregado
O desempenho das pessoas no processo de tomada era meramente salarial (homo economicus). Para Mayo, o
de decisão nas instituições, quando entendido o que é conflito social deve ser evitado a todo custo por meio de
eficiência (defeito zero e qualidade total) e eficácia (al- uma administração humanizada que faça um tratamento
cance das metas empresariais), faz com que as empresas preventivo e profilático. As relações humanas e a coope-
entrem no eixo da maturidade mercadológica (posição ração constituem a chave para evitar o conflito social, o
na qual o produto ou serviço da empresa já é conhecido qual é o germe da destruição da própria sociedade. “O
pelos clientes, mas que pode trazer eventuais problemas conflito é uma chaga social, a cooperação é o bem-estar
caso não se identifique a necessidade de constantes me- social.”
lhorias nos processos que serão sentidos pela clientela). Esse processo todo, que veio acompanhando o cená-
Isso tudo traz a área de gestão de pessoas, junto com rio organizacional, justifica a importância da gestão de
todos os demais setores organizacionais, para um impor- pessoas, a espinha dorsal, a viga, a estrutura desse todo.
tante papel estratégico, tanto para despertar e desenvol- Segundo Davel e Vergara (2001, p.31),
ver talentos organizacionais, quanto para potencializar a As pessoas não fazem somente parte da vida produti-
elaboração e a execução de planos estratégicos que a va das organizações. Elas constituem o princípio essencial
organização adote para alcançar seus objetivos. de sua dinâmica, conferem vitalidade às atividades e pro-
Ao longo da história, tivemos muitas teorias pertinen- cessos, inovam, criam, recriam contextos e situações que
tes à Administração, podemos citar: podem levar a organização a posicionarem-se de maneira
Frederick Taylor, que trouxe os princípios da adminis- competitiva, cooperativa e diferenciada com os clientes,
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

tração científica, contribuindo para a racionalização do outras organizações e no ambiente de negócios em geral.
trabalho industrial e para a divisão de autoridade e su-
pervisão ao nível de linha (autoridade vertical). Conforme Barçante e Castro (1995, p. 20),
Temos também Henry Fayol, que nos apresentou uma Ao ouvir a voz do cliente interno, ou seja, dos funcioná-
teoria mais global da ação administrativa, ao contrário de rios, a empresa estará tratando-o como um aliado e não
Taylor, que se dedicou mais as questões relativas à linha só como um mero cumpridor de ordens, estará vendo que
de produção. dele dependem os seus resultados.
Mas para obter bons resultados, a organização preci-
Citamos ainda Henry Ford, que se ocupou do sistema sa abrir mão de alguns paradigmas e criar um cenário em
de produção empresarial como um todo, visando a sua que o colaborador possa pôr em prática toda uma expe-
maior eficiência, introduzindo conceitos modernos de riência profissional já vivenciada ou praticada em outras

4
ocasiões. Nesse momento, o gestor de pessoas (liderança), precisa atuar no sentido de capacitar, estimular e princi-
palmente motivar as pessoas a adquirirem cada vez mais habilidades e atitudes vencedoras para que toda a proposta
de negócios atinja grandes resultados, de forma que tudo que ficou determinado pelas organizações seja cumprido.
A Gestão Estratégica de Pessoas nas organizações é um elo entre metas organizacionais e individuais permitindo
a colaboração e participação eficaz de todas as pessoas envolvidas. Para isso as etapas Planejar, Organizar, Dirigir e
Controlar deve ser bem trabalhado pelas lideranças e gerencias da empresa conduzindo todos num único objetivo.
Nessa abordagem, faz-se necessário a compreensão e o entendimento sobre Planejamento Estratégico e conse-
guintemente o papel potencial das pessoas.
É primordial as organizações estabelecerem alguns critérios para que a gestão de pessoas tenha importância sig-
nificativa, tais como:

– Motivar e reconhecer os esforços de todos os envolvidos;


– Transmitir suas ideias e saber exercer suas influências;
– Transformar Grupos em Equipes;
– Pensar, agir e solucionar problemas;
– Gerar ambiente sinérgico;
– Ter nos conflitos gerados uma oportunidade de fonte de aprendizagem;
– Saber gerenciar o estresse;
– Saber delegar;
– Desenvolver culturas;
– Preparar as pessoas para a avaliação de desempenho;
– Elaborar planos individuais de capacitação por competências;
– Fornecer opinião sobre as competências individuais;
– Identificar, segundo o perfil traçado pela empresa, as pessoas que estão acima, na média ou – aquém das expectativas;
– Agregar pessoas (valorizar o capital intelectual);
– Desenvolver pessoas (integrar e motivar os colaboradores);
– Adotar administração horizontal (faz com que as lideranças estejam em maior proximidade dos liderados, privi-
legiando o acesso à informação e reduzindo os níveis organizacionais);
– Aplicar benchmarking para obtenção de vantagem competitiva;
– Desenvolver políticas de parcerias;
– Manter e recompensar pessoas;
– Monitorar as atividades realizadas diariamente;
– Criar um Canal de Reclamações e Sugestões visando a, por meio de críticas construtivas, agregar valores à orga-
nização;
– Divulgar na Intranet da empresa ou divulgar internamente o desempenho mensal das equipes de trabalho em
comparação à evolução alcançada com relação às metas estipuladas pela organização.

PROCESSO DE GESTÃO DE PESSOAS

Podemos compilar esses e outros critérios dentro de um processo atual de gestão de pessoas, que comporta seis
aspectos básicos, como veremos agora:

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

5
Todos esses processos estão intimamente relacio- COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
nados entre si, de tal maneira que se interpenetram e
se influenciam reciprocamente. Cada processo tende a Comportamento Organizacional “é um campo de
favorecer ou prejudicar os demais, quando bem ou mal estudo que investiga o impacto que indivíduos, grupos
utilizados. Um processo de agregar pessoas malfeito e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das
passa a exigir um processo de desenvolver pessoas mais organizações com o propósito de aplicar este conheci-
intenso para compensar as suas falhas. Se o processo de mento em prol do aprimoramento da eficácia de uma
recompensar pessoas é falho, ele exige um processo de organização”.
manter pessoas mais intenso. Além do mais, todos esses Tem por finalidade compreender os “espaços vazios”
processos são desenhados de acordo com as exigências da organização de forma que estes não prejudiquem o
das in­fluências ambientais externas e das influências or- desenvolvimento da organização, possibilitando, assim,
ganizacionais internas para obter a melhor compatibili- reter talentos, evitar o turnover e promover engajamento
zação entre si. Trata-se, pois, de um modelo de diagnós- e harmonia entre os stakeholders.
Ter uma compreensão quanto ao comportamento
tico de RH.
organizacional é extremamente importante para que as
Uma das ferramentas utilizadas pela área de gestão de
lideranças possam prever, e especialmente evitar, pro-
pessoas para facilitar a administração das informações perti-
blemas individuais ou coletivos entre os colaboradores.
nentes às pessoas envolvidas nos processos organizacionais O comportamento organizacional refere-se a com-
é o Sistema de Informação Gerencial, no qual, por meio de portamentos relacionados a cargos, trabalho, absenteís-
um banco de dados, é possível fazer o registro de informa- mo, rotatividade no emprego, produtividade, desempe-
ções que possam auxiliar o gestor e os lideres nos processos nho humano e gerenciamento.
decisórios. Refere-se ainda à motivação, liderança, poder, co-
Os aspectos administrados por meio do SIG podem municação interpessoal, estrutura e processos de grupo,
ser analisados numa visão geral ou focada. Na visão ge- aprendizagem, desenvolvimento e percepção de atitude,
ral, o sistema permite uma análise de todos os processos processo de mudanças, conflitos.
organizacionais, já os de visão focada, fornecem dados Considerando que, diferentemente das organizações,
setorizados, referentes aos departamentos que se dese- que possuem uma certa formalidade em sua essência,
ja analisar em especifico, sendo que em ambos constam as pessoas são mais complexas, mais influenciáveis por
informações como objetivos, estratégias e políticas da variáveis diversas e, muitas vezes, são pouco previsíveis.
empresa, fatores ambientais da empresa, qualidade dos Ao apresentar aos funcionários os ritos, crenças, valo-
profissionais, das informações e dos processos, tecno- res, rituais, normas, rotinas e tabus da organização, o que
logia da empresa, relação dos custos versus benefícios, se pretende é buscar a sua identificação com os padrões
bem como os riscos envolvidos e aceitos, entre outros. a serem seguidos na empresa. Dessa forma, se fornece
No entanto, dados coletados por si só não contribuem um senso de direção para todas as pessoas que com-
para esse processo, portanto, faz-se necessário que haja partilham desse meio. As definições do que é desejável e
uma análise e classificação desses dados, relacionando indesejável são introjetadas pelos indivíduos atuantes no
entre si as informações e suas possíveis aplicabilidades. sistema, orientando suas ações nas diversas interações
No subsistema gestão de pessoas, para facilitar essa que executam no cotidiano.
classificação e interação de dados, o sistema deve regis- Reconhecer os significados e a própria razão de ser da
trar dados diversos sobre o colaborador e sua relação empresa, bem como se familiarizar com as percepções e
comportamentos mais aceitos e valorizados na organi-
com a organização, tais como:
zação, conduz os funcionários a uma uniformidade de
atitudes, o que é positivo no sentido de possibilitar maior
• Dados pessoais;
coesão. No entanto, pode levar a uma perda de indivi-
• Dados sobre cargos e os encarregados dessas fun- dualidade, pois o comportamento dos indivíduos passa a
ções; ser uma extensão do grupo, muitas vezes se estendendo
• Dados sobre os setores e departamentos existentes para ambientes externos da organização, quando pas-
na organização; sam a adotar comportamentos padronizados nas mais
• Dados sobre remuneração e beneficios; diversas situações.
• Dados sobre processos de treinamento e capacita- Entre os Níveis de Estudos dos Comportamentos Or-
ção desenvolvidos e/ou necessários; ganizacionais, destacamos:
• Dados sobre aspectos relacionados à saúde ocupa- • Nível Individual  – Estuda as expectativas, motiva-
cional, entre outros. ções, habilidades e competências que cada cola-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

borador demonstra individualmente por meio de


Cabe à administração decidir, diante do investimento seu trabalho.
envolvido, qual o melhor e mais indicado sistema a ser • Nível Grupal – Estuda a formação das equipes, dos
implantado, considerando os processos envolvidos e as grupos, as funções desempenhadas por estes e a
expectativas da organização, lembrando também que o comunicação e interação uns com os outros, além
sistema só será eficaz se as informações por ele forneci- de estudar a influência e o poder do líder neste
das forem constantemente atualizadas e revistas, confor- contexto.
me o desenvolvimento dos processos em andamento na
organização. Ao ingressar em uma organização, indivíduos com
características diversas se unem para atuar dentro de um
mesmo sistema sociocultural na busca de objetivos de-

6
terminados. Essa união provoca um compartilhamento • Vantagem competitiva derivada de inovação e ser-
de crenças, valores, hábitos, entre outros, que irão orien- viço ao cliente;
tar suas ações dentro de um contexto preexistente, defi- • Maior desempenho dos empregados;
nindo assim as suas identidades. • Coesão da equipe;
Segundo Dupuis (1996), são os indivíduos que, por • Alto nível de alinhamento na busca da realização
meio de suas ações, contribuem para a construção de de objetivos.
sua sociedade. Entretanto, os indivíduos agem sempre A cultura organizacional tem como base algumas ca-
dentro de contextos que lhes são preexistentes e orien- racterísticas básicas que, em conjunto, capturam a essên-
tam o sentido de suas ações. A construção do mundo cia de uma organização: 
social é assim mais a reprodução e a transformação do
mundo existente do que sua reconstrução total. Para • Inovação e assunção de riscos: o grau em que os fun-
Berger e Luckmann (1983), a vida cotidiana apresenta-se cionários são estimulados a inovar e assumir riscos.
para os homens como realidade ordenada. Os fenôme- • Atenção aos detalhes: o grau em que se espera
nos estão pré-arranjados em padrões que parecem ser que os funcionários demonstrem precisão, análise
independentes da apreensão que cada pessoa faz deles, e atenção aos detalhes.
individualmente. • Orientação para os resultados: o grau em que os
Dentro dessa perspectiva, a ação humana, em nível dirigentes focam mais os resultados do que as téc-
do indivíduo e do grupo, mediada pelos processos cog- nicas e os processos empregados para seu alcance.
nitivos, e interdependente do contexto, varia conforme a • Orientação para as pessoas: o grau em que as de-
inserção ambiental e o tipo de organização, tanto quanto cisões dos dirigentes levam em consideração o
também varia internamente em suas subunidades. É im- efeito dos resultados sobre as pessoas dentro da
portante salientar que o universo simbólico integra um organização.
conjunto de significados, atribuindo-lhes consistência, • Orientação para as equipes: o grau em que as ati-
justificativa e legitimidade. Em outras palavras, o univer- vidades de trabalho são mais organizadas em ter-
so simbólico possibilita aos membros integrantes de um mos de equipes do que de indivíduos.
grupo uma forma consensual de apreender a realidade, • Agressividade: o grau em que as pessoas são com-
integrando os significados e viabilizando a comunicação. petitivas e agressivas em vez de dóceis e acomo-
É por meio desse compartilhar da realidade que as dadas.
identidades dos indivíduos nas organizações são cons- • Estabilidade: o grau em que as atividades organi-
truídas, ao se comunicar aos membros, de forma tangí- zacionais enfatizam a manutenção do status quo
vel, um conjunto de normas, valores e concepções que em contraste com o crescimento.
são tidas como certas no contexto organizacional. Ao de-
finir a identidade social dos indivíduos, o que se preten- TIPOS DE CULTURA
de é garantir a produtividade, pela harmonia e manuten-
• Culturas adaptativas: caracterizam-se pela sua
ção do que foi aprendido na convivência. É importante
maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para
ressaltar que muitas vezes essas identidades precisam ser
a inovação e a mudança. São organizações que
reconstruídas quando a empresa se vê diante de situa-
adotam e fazem constantes revisões e atualiza-
ções que exigem mudanças.
ções, suas culturas adaptativas evidenciam-se pela
 Daí vem o papel principal da análise do comportamen-
criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a
to organizacional, que é o de permitir fazer uma leitura da
necessidade de mudança e a adaptação para ga-
dinâmica existente na organização e como essa interfere e
rantir a atualização e modernização; e de outro, a
influencia o comportamento das pessoas envolvidas. necessidade de estabilidade e permanência para
Considerando que nas relações entre indivíduo e or- garantir a identidade da organização. O Japão, por
ganização existe uma troca de interesses, de conteúdo, exemplo, é um país que convive com tradições mi-
de aporte, entre tantos outros aspectos, gerir essa troca lenares ao mesmo tempo em que cultua e incenti-
é papel da área de gestão de pessoa, que garante que, va a mudança e a inovação constantes.
nessa troca, ambas as partes fiquem satisfeitas. • Culturas conservadoras: caracterizam-se pela ma-
nutenção de ideias, valores, costumes e tradições
CULTURA ORGANIZACIONAL que permanecem arraigados e que não mudam ao
longo do tempo. São organizações conservadoras
A  cultura organizacional  tem por finalidade concei- que se mantêm inalteradas como se nada tivesse
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

tuar os valores e as crenças de uma organização, geran- mudado no mundo ao seu redor.
do um entendimento consciente e coletivo sobre a mais • Culturas fortes: seus valores são compartilhados
indicada e adequada forma de se comportar dentro da intensamente pela maioria dos funcionários e in-
organização. Assim como também gera um ajuste quase fluenciam comportamentos e expectativas.
que automático na interação entre os indivíduos, ressal- • Culturas fracas: são culturas mais facilmente mu-
tando-se que não necessariamente essa cultura esteja for- dadas. Como exemplo, uma empresa pequena e
malmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores jovem, a qual, por estar no início, torna mais fácil
são compartilhados entre as pessoas, habitualmente, sem para a administração comunicar os novos valores.
que haja um regra formal que a leve a agir dessa forma. Isso explica a dificuldade que as grandes corpora-
Entre os benefícios que a cultura organizacional pode ções têm para mudar sua cultura.
trazer à organização, podemos citar:

7
1. Componentes da cultura aspectos que precisam ser melhorados, visando à satis-
fação e ao bem-estar dos colaboradores
A cultura representa a maneira como a organização Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto
visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais de valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual
componentes são os artefatos, valores compartilhados e as pessoas se relacionam umas com as outras, tais como
pressuposições básicas. sinceridade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.”
Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Or- Clima organizacional é um conjunto de causas que
ganizacional de acordo com o nível de superficialidade, interferem no ambiente de trabalho. As causas podem
sendo do mais superficial ao mais profundo. variar de acordo com os níveis culturais, de comunicação,
econômicos e psicológicos dos indivíduos.
• Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível.  Pode-se, ainda, definir clima organizacional como
• Padrões de comportamento: as regras que criam sendo uma visão fotográfica que retrata as percepções
um comportamento linear e padronizado mais negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser
• Valores compartilhados: não são visíveis, estão afetada por fatores internos ou externos.
enraizados nas pessoas, pois esses valores têm re- O clima é em geral influenciado pela cultura da orga-
levância tal que definem as razões pelas quais as nização, embora alguns fatores como políticas organiza-
pessoas fazem ou deixam de fazer algo. cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e
• Pressuposições básicas: trata-se de crenças incons- informais, atuação da concorrência e influências gover-
cientes, pressuposições e sentimentos básicos que namentais também possam alterá-lo.
regem o pensamento e o comportamento das pes- Pode-se também definir clima organizacional como
soas. Este é o nível mais profundo da cultura orga- um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identifica os
nizacional. colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas,
crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconheci-
Diante do exposto, temos que a cultura organizacio- das como importantes nas organizações, pois mostram
nal representa a compreensão que as pessoas envolvidas a visão de cada um em relação ao ambiente de trabalho.
na organização têm das características da cultura desta,
gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência O conceito de clima organizacional é muito abran-
interpessoal. gente e complexo, pois busca sintetizar numerosas per-
cepções, atitudes e sentimentos em um número limitado
CLIMA ORGANIZACIONAL de dimensões, numa tentativa de mensuração.
Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional 2. Avaliação do clima organizacional
influencia a motivação, o desempenho humano e a sa-
tisfação no trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas A avaliação do clima organizacional é necessária a fim
cujas consequências se seguem em decorrência de dife- de que a organização tenha parâmetros para buscar me-
rentes ações. As pessoas esperam certas recompensas, lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que
satisfações e frustrações na base de suas percepções do
possam estar causando insatisfação dos colaboradores e
clima organizacional. Essas expectativas tendem a con-
prejudicando a tanto produtividade dos mesmos quan-
duzir à motivação.
to os resultados da organização. O clima organizacional
O clima organizacional pode ser visto, também, como
reflete, também, a capacidade da empresa para atrair e
um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou
reter colaboradores competentes que contribuam com
descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores
os resultados desejados (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004).
de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos
Daí a preocupação das empresas em avaliar o clima or-
mais positivos do colaborador em relação ao trabalho,
tais como: a realização, o reconhecimento, o trabalho ganizacional.
em si, a responsabilidade e o progresso. Por fatores de Os profissionais de recursos humanos juntamente
descontentamento, temos aqueles que contribuem com com os líderes da organização devem sempre analisar
uma conotação negativa, do ponto de vista do colabora- o clima organizacional buscando todas as informações
dor, tais como: as políticas, a administração, a supervisão, possíveis que possam estar influenciando no resultado
o salário e as condições de trabalho. dos colaboradores, tais como preocupações, insatisfa-
Quando existe um bom clima organizacional, a ten- ções, sugestões, dúvidas e inseguranças. Com base nes-
dência é que a satisfação das necessidades pessoais e sas informações, pode-se fazer um planejamento volta-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

profissionais sejam realizadas, no entanto, quando o cli- do para a melhoria das condições de trabalho tendo em
ma é tenso, ocorre frustração dessas necessidades, pro- vista, além da satisfação do colaborador, o aumento da
vocando insegurança, desconfiança e descontentamento produtividade do mesmo.
entre os colaboradores. Avaliar o clima organizacional não compete apenas
Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima or- aos profissionais de recursos humanos, mas sim a todas
ganizacional é favorável quando proporciona satisfação as pessoas engajadas no processo. Pode-se fazer essa
das necessidades pessoais dos participantes, produzindo constatação, pois pessoas que estão diretamente liga-
elevação do moral interno. É desfavorável quando pro- das às áreas ou setores a serem avaliados podem anali-
porciona frustração daquelas necessidades.” sar com uma margem mais segura como é e como pode
Clima organizacional pode ser definido também ser melhorado o desempenho dos colaboradores para o
como um conjunto de variáveis que busca identificar os cumprimento dos objetivos da organização.

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Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno Na era da informação, o maior patrimônio de uma
com o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais empresa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pes-
significativos identificados na pesquisa, em que são de- soas, e o grande diferencial está na capacidade que ela
finidas quatro frentes de ação para análise, descritas a tem de atrair, motivar e manter esse patrimônio para ob-
seguir: ter melhores resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004).
• Desempenho e avaliação: critérios claros de avalia- Entretanto, considerando que as pessoas têm neces-
ção dos funcionários; sidades específicas de autorrealização profissional e pes-
• Desenvolvimento de pessoas: recrutamento inter- soal, essa tarefa torna-se cada vez mais difícil.
no, treinamento mais alinhado às metas; A necessidade de incentivar e manter o comprometi-
• Integração: forma de maior integração entre as mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes-
pessoas, áreas, unidades, com o propósito de quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão,
maior entrosamento e fortalecimento do banco liderança, motivação, entre outras, analisando que ações
como um todo; devem ser implantadas para obtenção de maiores resul-
• Processo decisório: tornar o processo decisório mais tados, conforme Mattar & Ferraz (2004).
ágil, deixando-o menos burocrático em alguns mo-
mentos, facilitando decisões e realização de negócios. 4. O papel do gestor no clima organizacional

Esses itens mostram como um bom clima de trabalho Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a per-
influencia diretamente nos negócios e resultados de uma cepção que os funcionários têm da empresa. É o resulta-
organização. do do conjunto das políticas, sistemas, processos, valores
e dos estilos gerenciais presentes na empresa. O clima
3. Clima organizacional, motivação e comprome- interno é o combustível para a melhora ou a piora dos
timento resultados do negócio. Hoje, as empresas querem e pre-
cisam olhar de frente para essa relevante variável e atuar
De acordo com Davis & Newstrom (1998), o compor- na gestão do clima.
tamento organizacional integra quatro elementos distin- A primeira etapa, após se conhecer a percepção das
tos: pessoas, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso en- pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber
volve conceitos fundamentais sobre a natureza das pes- em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de então,
soas e das organizações, ou seja, como os colaboradores criam-se ações em busca de um ambiente melhor e com
estão preparados para o desempenho de suas funções, mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores
seu crescimento e desenvolvimento para atingirem níveis resultados.
mais altos de competência, criatividade e realização, face Realizar uma pesquisa de clima organizacional é
à importância dos mesmos serem os recursos centrais trabalhoso, além de demandar alguns cuidados funda-
em qualquer organização e qualquer sociedade. mentais para o sucesso, como metodologia de pesquisa,
Então, o comportamento organizacional deve criar pro- confidencialidade de informações etc. Na opinião de Leal
dutividade nas organizações. Aí se inclui conhecimento, ha- (2001), alguns fatores que costumam impactar de forma
bilidade, atitude e motivação. A motivação faz, segundo Da- positiva ou negativa são: estrutura, remuneração, ima-
vis & Newstrom (1998), o colaborador adquirir capacidade. gem da empresa, estilo gerencial, clareza de objetivos e
É importante, para todo o esse processo ocorrer de saúde financeira da empresa.
forma normal, que as empresas gerem condições que A área de recursos humanos costuma conduzir essas
motivem os colaboradores a um melhor desempenho, pesquisas e, em geral, elas são validadas e “apadrinha-
ou seja, criem um clima organizacional que facilite o tra- das” pelo principal executivo, que tem nos resultados
balho para alcançar os resultados pretendidos. uma ferramenta de diagnóstico e de marketing para o
Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con- planejamento da empresa.
junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien- Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser
tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais colocados no mercado como uma forte ferramenta para
agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”. atrair profissionais, como mostram, por exemplo, algu-
Logo, o comportamento organizacional deve prover mas publicações especializadas no setor.
condições para criar produtividade nas organizações, fa- Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o cli-
zer com que os fatores que atuam sobre a motivação dos ma de forma corporativa e coordenada, o gestor pode
colaboradores estejam presentes. fazê-lo em seu grupo, prestando atenção às reações das
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Mattar & Ferraz (2004) citam que as empresas sabem pessoas, “medindo a temperatura” e analisando cons-
o valor e a importância de obter e manter o comprome- tantemente os fatores de impacto do negócio com seu
timento de seus colaboradores, pois colaboradores com- próprio estilo de gestão. Dentro de uma empresa que
prometidos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém, não cuida institucionalmente de seu ambiente interno,
os autores comentam que nem sempre é fácil conseguir uma área que atue com esses aspectos terá certamente
esse comprometimento por parte dos colaboradores. O índices mais altos de satisfação, menor rotatividade e ob-
mercado atualmente exige das empresas uma alta com- terá melhores resultados. No entanto, isso pode não ser
petitividade, e estas desejariam o comprometimento de suficiente para mudar toda a empresa.
seus colaboradores para atingirem essa maior produtivi- Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu
dade com qualidade nos serviços e, assim, obterem um clima ideal se levar em consideração fatores como es-
crescimento sustentável. tratégias, valores e processos internos. O gestor também

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pode fazer de sua área um ambiente melhor ou pior para 5. O valor da qualidade
se trabalhar, se comparado com outras áreas da empre-
sa. Para isso, outro conjunto de fatores que deve estar “Empresas onde os indicadores de Clima Organiza-
sempre em pauta e sendo bem administrado, o qual in- cional são superiores aos 80% de suporte organizacional
clui: desenvolvimento da equipe, construção e divulga- e 70% de engajamento têm uma produtividade até 20%
ção dos objetivos da área, qualidade e rapidez de de- superior em comparação com outras empresas com in-
cisões, integração e comunicação, autonomia e suporte dicadores menores. As vendas essas empresas também
para a realização das atividades, administração dos con- caminham em par com os indicadores. Uma tendência
flitos, informações sobre a empresa, perspectiva de cres- positiva no clima ambiente profissional pode quadrupli-
cimento profissional e imagem da sua área para outras car as vendas de uma empresa”, aponta Moraes.
da empresa. Observando-se o ranking das “100 melhores empre-
Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e de- sas” e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shio-
senvolver um melhor clima organizacional por meio de sawa, é possível ver a mesma tendência: elas são até 3
intervenções no seu estilo gerencial, no sistema de admi- vezes mais rentáveis que empresas com piores indica-
nistrar pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha dores de ambiente de trabalho. O “turnover” – compara-
do seu pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no tivo entre contratações e demissões – nessas empresas
treinamento de sua equipe, no seu estilo de liderança, também é menor. Levando-se em conta que toda con-
nos esquemas de motivação, na avaliação da equipe e, tratação de um funcionário tem como reflexo um investi-
sobretudo, nos sistemas de recompensas e remuneração. mento por parte da empresa com cursos e treinamentos,
A outra fase para a manutenção do clima organiza- por exemplo, um menor “turnover” é garantia de maior
cional é um trabalho mais localizado e focado, em que manutenção desse investimento no profissional.
o gestor compõe um plano em conjunto com seus pro-
fissionais, cumprindo-o com o envolvimento e a parti- Como explica Shiosawa,
cipação de todos. A gestão de clima, em síntese, é uma Nós observamos 3 itens que podem explicar esse su-
gerência dos fatores ambientais, de relacionamento e cesso.
resultados, em que devem ser cuidados os aspectos de O primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná-
comunicação e valores para que a área e a empresa te- rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem
nham visibilidade, atratividade e um grande poder de re- orgulho da empresa quando são respeitadas e percebem
tenção. A manutenção e a atração de bons profissionais que não são apenas mais um número. Elas trabalham
e de talentos potenciais são um dos grandes prêmios das para continuar nesses ambientes e recomendam para ou-
empresas que cuidam e se atêm às questões ambientais tros profissionais conhecidos. Isso quer dizer um ”turnover”
do trabalho. menor e a atração de mais talentos (profissionais gabari-
tados).
5. Ambiência organizacional
Em segundo lugar, completa o especialista, está o “ní-
A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos vel de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indi-
fatores que influenciam a cultura organizacional, desen- cador de que os times formados no ambiente de traba-
volvimento e implementação de planos de ação que es- lho se complementam (um local mais colaborativo). Além
timulem o comprometimento dos colaboradores, assim disso, a camaradagem é sinônimo de chefias e gerências
como a quantificação do valor percebido pela empresa. equilibradas e respeitosas com os funcionários.
“Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá-
Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work
veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeita-
(GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores em-
dos, creem nos valores da empresa e têm maior sensação
presas para se trabalhar”, diz que: “um melhor ambiente
de imparcialidade dos processos implementados no am-
de trabalho atrai talentos e, mais importante, retêm es-
biente de trabalho”, aponta.
ses talentos no longo prazo. Uma maior da preocupa-
De acordo com Chiavenato (2015), o clima organiza-
ção com as pessoas dentro da empresa – e a percepção
cional varia ao longo de um continuum, que vai desde
desse cuidado da empresa por parte dos funcionários –
um clima favorável e saudável até um clima desfavorável
não apenas se reverte em um bom ambiente de trabalho,
e negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto
mas também em melhores indicadores de saúde econô- intermediário: o clima neutro.
mica da empresa”. É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas desse fenômeno, e uma das mais importantes inter-
em uma maior felicidade interna da empresa e em um venções para levantamento de dados destas variáveis é
maior comprometimento (ou engajamento) do profissio- a pesquisa de Clima Organizacional, na qual podemos
nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os identificar pontos importantes para obtenção de diag-
ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fa- nósticos mais precisos de pesquisa de clima. São eles: di-
miliar). Os resultados dos números mais “frios” também vulgar amplamente o público-alvo que haverá pesquisa
são positivos, claro. Empresas com boa ambiência labo- de clima; aplicar as amostras em fontes confiáveis, livres
ral, ao que tudo comprova, são mais rentáveis. de vícios de procedimento, ou articulações internas; uti-
lizar consultorias externas ou independentes, aumentan-
do a credibilidade e confiabilidade dos dados; alinhar o
processo ao nível gerencial e executivo, imprescindível o

10
acompanhamento destas lideranças; focar em objetivos factuais, após a identificação do público para a amostra, ter
objetivos claros e segmentos; aplicar questionários reduzidos, concisos, ter o foco em atributos importantes, desenvol-
vido no projeto principal; divulgar amplamente os resultados, manter clareza nos procedimento; desenvolver um plano
de ação, planejando novas etapas utilizando dados obtidos; desenvolver periodicamente os estudos, fenômenos como
Clima Organizacional são cíclicos.
Os gestores contemporâneos compreenderão que tratar do fenômeno clima interno como estratégia de gestão
torna-se fundamental para o alcance de grandes resultados, market share, diferencial competitivo, sobrevivência em
cenário de retração e depressão econômica, resiliência organizacional, sinergia, alinhamento executivo e grande gera-
dor de satisfação interna.
Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência de
integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos coletivos, falta de comprometimento das pessoas com negócio
da empresa, ausência de transparências na gestão, comunicação deficiente, custos financeiros imensuráveis e falta de
respeito ao ser humano.
A felicidade em um ambiente empresarial resulta em pessoas produtivas, geradoras de resultados, buscando me-
lhores posições hierárquicas, comunicando ao público externo o lado positivo da organização. O resultado financeiro
do empreendimento está totalmente conectado ao clima organizacional, e faz-se necessário que seus fatores estejam
incorporados aos princípios modernos da gestão estratégica da empresa e que todos dentro da organização tenham
a responsabilidade de sua implementação, desde a alta administração, gerentes, líderes, supervisores, enfim, todos os
integrantes deste time.

MOTIVAÇÃO

Trata-se de processos psíquicos que a pessoa tem que a impulsionam à ação. Existe uma influência tanto individual
como pelo contexto em que essa pessoa se encontre. Indivíduos motivados tendem a ter um melhor desempenho, o
que faz com que a organização invista em estímulos para promover essa motivação.
A ideia de hierarquizar os motivos humanos foi, sem dúvida, a solução inovadora para que se pudesse compreen-
der melhor o comportamento humano na sua variedade. Um mesmo indivíduo ora persegue objetivos que atendem
a uma necessidade, ora busca satisfazer outras. Tudo depende da sua carência naquele momento. Duas pessoas não
perseguem necessariamente o mesmo objetivo ao mesmo tempo. O problema das diferenças individuais assume im-
portância preponderante quando falamos de motivação.
1. Razões da Motivação
1.1 Razões empresariais 
• Concorrência; 
• Produtos e preços;
• Fidelização.

1.2 Razões Pessoais


• Empregabilidade;
• Motivos para servir:
• (ordem material = cliente =lucro)
• (ordem intelectual = interação / troca / oportunidade)
• (ordem espiritual = crescimento pessoal)

O indivíduo precisa suprir suas necessidades para motivar-se e alcançar seus objetivos.
Podemos identificar os seguintes tipos de motivação:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

11
O ideal seria o alinhamento de todos esses tipos de motivação; pessoas automotivadas atuando em grupos coesos,
com orientação clara, sólida e coerente.
Afinal, o que é motivação? É ser feliz? É enxergar o mundo com outros olhos? É conquistar resultados, é superar
obstáculos, é ser persistente, é acreditar nos seus sonhos, é o quê? 

Motivação, segundo o dicionário, é o ato de motivar; exposição de motivos ou causas; conjunto de fatores psicoló-
gicos, conscientes ou não, de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, que determinam um certo tipo de conduta em
alguém. Sendo assim, motivação está intimamente ligada aos motivos que, segundo o dicionário, é fato que leva uma
pessoa a algum estado ou atividade. 
Motivação vem de motivos que estão ligados simplesmente ao que você quer da vida, e seus motivos são pessoais,
intransferíveis e estão dentro da sua cabeça (e do coração). Logo, seus motivos são abstratos e só têm significado pra
você, por isso motivação é algo tão pessoal, porque vem de dentro.
A motivação é uma força interior que se modifica a cada momento durante toda a vida, a qual direciona e intensifica
os objetivos de um indivíduo. Dessa forma, quando dizemos que a motivação é algo interior, ou seja, que está dentro
de cada pessoa de forma particular, erramos em dizer que alguém nos motiva ou desmotiva, pois ninguém é capaz de
fazê-lo. Existem pessoas que pregam a automotivação, mas tal termo é erroneamente empregado, já que a motivação
é uma força intrínseca, ou seja, interior e o emprego desse prefixo deve ser descartado.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

12
Segundo Abraham Maslow, o homem se motiva quando suas necessidades são todas supridas de forma hierárqui-
ca. Maslow organiza tais necessidades da seguinte forma:

• Autorrealização;
• Autoestima;
• Sociais;
• Segurança;
• Fisiológicas.

Tais necessidades devem ser supridas primeiramente no alicerce das necessidades escritas, ou seja, as necessidades
fisiológicas são as iniciantes do processo motivacional, porém, cada indivíduo pode sentir necessidades acima ou abai-
xo das que está executando, o que quer dizer que o processo não é engessado, e sim flexível.
Teoria dos Dois Fatores – Para Frederick Herzberg, a motivação é alcançada por meio de dois fatores:
• Fatores higiênicos, que são estímulos externos que melhoram o desempenho e a ação de indivíduos, mas que não
conseguem motivá-los.
• Fatores motivacionais, que são internos, ou seja, são sentimentos gerados dentro de cada indivíduo a partir do
reconhecimento e da autorrealização gerada por meio de seus atos.

Por outro lado, David McClelland identificou três necessidades que seriam pontos chave para a motivação: poder,
afiliação e realização.
Para McClelland, tais necessidades são “secundárias”, são adquiridas ao longo da vida, mas que trazem prestígio,
status e outras sensações que o ser humano gosta de sentir.
Em relação às teorias, podemos ainda citar as linhas teóricas, que se dividem em Teorias de Conteúdo e Teorias de
Processo, nas quais, em cada uma delas, identificamos as correntes pertencentes.

Disponível em: <gpparaconcursos.blogspot.com.br>.


NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Existem algumas teorias mais clássicas sobre motivação que veremos abaixo:

Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow:


Organiza as necessidades humanas em cinco categorias hierárquicas: necessidades fisiológicas, necessidades de
segurança, necessidades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de autorrealização.

Teoria ERC de Alderfer:


Tentou aperfeiçoar a hierarquia das necessidades de Maslow, criando três categorias: Existência (necessidades fisio-
lógicas e de segurança), Relacionamento (dividiu a estima em duas partes: o componente externo da estima (social) e o
componente interno da estima (autoestima), incluindo nessa categoria as necessidades sociais e o componente externo
da estima) e Crescimento (incluindo aqui autoestima e a necessidade de autorrealização).

13
Teoria dos dois fatores de Herzberg:
Herzberg descobriu que há dois grandes blocos de necessidade humanas: os fatores de higiene (extrínsecos) e
os fatores motivacionais (intrínsecos). Os fatores de Higiene são fatores extrínsecos ou exteriores ao trabalho. Para
Herzberg, eles podem causar a insatisfação e desmotivação se não atendidos, mas, se atendidos, não necessariamente
causarão a motivação. Exemplos: segurança, status, relações de poder, vida pessoal, salário, condições de trabalho, su-
pervisão, política e administração da empresa. Os fatores motivadores são os fatores intrínsecos, internos ao trabalho.
Estes fatores podem causar a satisfação e a motivação. Exemplos: crescimento, progresso, responsabilidade, o próprio
trabalho, o reconhecimento e a realização.

Teoria da determinação de metas:


Considera que a determinação de metas motiva os trabalhadores. A equipe deve participar na definição das metas
(construção conjunta), que devem ser claras, desafiadoras, mas alcançáveis.

Teoria da equidade:
Também conhecida como teoria da comparação social. A motivação seria influenciada fortemente pela percepção
de igualdade e justiça existente no ambiente profissional.

Teoria da expectativa (ou expectância) de Victor Vroom:


Construída em função da relação entre três variáveis: Valência, força (instrumentalidade) e expectativa, referentes
a um determinado objetivo. Valência, ou valor, é a orientação afetiva em direção a resultados particulares. Pode-se
traduzi-la como a preferência em direção, ou não, a determinados objetivos. Valência positiva atrai o comportamento
em sua direção, valência zero é indiferente e valência negativa é algo que o indivíduo prefere não buscar. Força, ou
instrumentalidade, por sua vez, é o grau de energia que o indivíduo irá ter que gastar em sua ação para alcançar o
objetivo. Expectativa é o grau de probabilidade que o indivíduo atribui a determinado evento, em função da relação
entre o esforço que vai ser despendido no evento e o resultado que se busca alcançar.

Teorias X e Y:
McGregor afirmava que havia duas abordagens principais de motivação e liderança: as teorias X e Y. A teoria X
apresentava uma visão negativa da natureza humana: pressupunha que os indivíduos são naturalmente preguiçosos,
não gostam de trabalhar, precisam ser guiados, orientados e controlados para realizarem a contento os trabalhos. A
teoria Y é o oposto: diz que os indivíduos são automotivados, gostam de assumir desafios e responsabilidades e irão
contribuir criativamente para o processo se tiverem suficientes oportunidades de participação.

Dentre as teorias citadas, a mais difundida é a da Hierarquia das Necessidades, abaixo mais detalhes sobre ela:
Teoria da Hierarquia das Necessidades de Maslow: necessidades fisiológicas, necessidades de segurança, necessi-
dades sociais, necessidades de autoestima e necessidades de auto realização.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

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2. Quanto às implicações dessas teorias
Implicações aos Administradores:
As implicações para os administradores estão relacionadas quanto à forma de motivar os subordinados:

• Determinar recompensas que são valorizadas por cada subordinado. Ao serem motivadoras, devem ser adequadas
aos indivíduos, observando suas reações em diferentes situações e perguntando que tipos de recompensas desejam;
• Determinar o desempenho que você deseja e qual o nível de desempenho que os subordinados têm que ter para
serem recompensados;
• Fazer com que o nível de desempenho seja alcançável – a motivação poderá ser baixa se os subordinados acha-
rem que o que foi determinado é difícil ou impossível;
• Ligar as recompensas ao desempenho;
• Certificar se a recompensa e adequada - recompensas pequenas significam motivações fracas.

Implicações para a Organização:


A expectativa da motivação também traz várias implicações para a organização:

• Geralmente, as organizações recebem o equivalente a recompensa e não o que desejam – o sistema de recom-
pensas deve ser projetado para motivar os comportamentos desejados; ex.: segurança e aumento de produção.
• O trabalho em si pode tornar-se intrinsicamente recompensador – se forem projetados para atender as necessidades
mais elevadas dos empregados, como ex.: independência, criatividade e o trabalho pode ser motivador por si mesmo.
• Portanto, a tarefa mais importante para os administradores e organizações é garantir que os subordinados te-
nham os recursos necessários para dar o melhor de si em prol do planejamento da organização.
• Ainda sobre motivação, precisamos entender o processo que leva o indivíduo a tomar uma ação em busca de um
objetivo, conforme mostra o Ciclo Motivacional.

3. O Ciclo Motivacional
O ciclo motivacional percorre as seguintes etapas:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

15
• Uma necessidade rompe o estado de equilíbrio maneiras de se definir saúde mental é descrever as ca-
do organismo; racterísticas de pessoas mentalmente sadias. As caracte-
• Causando um estado de tensão, insatisfação, des- rísticas básicas de saúde mental são:
conforto e desequilíbrio; • As pessoas sentem-se bem consigo mesmas;
• Esse estado de tensão leva o indivíduo a um com- • As pessoas sentem-se bem em relação às outras pessoas;
portamento ou ação capaz de descarregar a ten- • As pessoas são capazes de enfrentar por si as de-
são ou livrá-lo do desconforto e do desequilíbrio. mandas da vida.

Se o comportamento for eficaz, o indivíduo encontra- Diante disso tudo, importante é a postura da área de
rá a satisfação da necessidade e, satisfeita essa necessi- gestão de pessoas frente a esses aspectos, devendo estar
dade, o organismo volta ao estado de equilíbrio anterior sempre atenta, oferecendo ferramentas que proporcio-
e à sua forma de ajustamento ao ambiente. nem a motivação constante dos colaboradores e equipes
As necessidades ou motivos não são estáticos, pelo no dia a dia de trabalho.
contrário, são forças dinâmicas e persistentes que provo-
cam comportamentos. LIDERANÇA
Com a aprendizagem e a repetição (reforço positivo),
os comportamentos tornam-se gradativamente mais efi- Uma característica essencial das organizações é que
cazes na satisfação de certas necessidades. Quando uma elas são sistemas sociais, com divisão de tarefas. É aí que
necessidade é satisfeita, ela não é mais motivadora de entra o conceito de Gestão de Pessoas! Gestão de Pes-
comportamento já que não causa tensão ou desconforto. soas é um modelo geral de como as organizações se re-
O ciclo motivacional pode alcançar vários níveis de re- lacionam com as pessoas.
solução da tensão: uma necessidade pode ser satisfeita, Profissionais capazes de liderar, de exercer poder e in-
frustrada (quando a satisfação é impedida ou bloqueada) fluência sobre as pessoas, fazem a diferença para muitas
ou compensada (a satisfação é transferida para objeto). organizações. É uma atividade que, se bem feita, mantém a
Muitas vezes a tensão provocada pelo surgimento da saúde das relações entre os indivíduos. Por isso, é muito im-
necessidade encontra uma barreira ou obstáculo para a portante essa atenção dada aos fundamentos da psicologia.
sua liberação. Não encontrando a saída normal, a tensão
Segundo Chiavenato,
represada no organismo procura um meio indireto de
Liderança é uma influência interpessoal exercida em
saída, seja por via psicológica (agressividade, desconten-
uma dada situação e dirigida por meio do processo de
tamento, tensão emocional, apatia, indiferença etc.) seja
comunicação humana para a consecução de um ou mais
por via fisiológica (tensão nervosa, insônia, repercussões
objetivos específicos. Os elementos que caracterizam são,
cardíacas ou digestivas etc.). Outras vezes, a necessidade
portanto, quatro: a influência, a situação, o processo de
não é satisfeita nem frustrada, mas é transferida ou com-
comunicação e os objetivos a alcançar.
pensada. Isto se dá quando a satisfação de outra necessi-
dade reduz ou aplaca a intensidade de uma necessidade A liderança não deve ser confundida com direção nem
que não pode ser satisfeita. com gerência. Um bom administrador deve ser necessaria-
A satisfação de alguma necessidade é temporal e mente um bom líder. Por outro lado, nem sempre um líder é
passageira, ou seja, a motivação humana é cíclica e orien- um administrador. Na verdade, os líderes devem estar pre-
tada pelas diferentes necessidades. O comportamento é sentes no nível institucional, intermediário e operacional das
quase um processo de resolução de problemas, de satis- organizações. Todas as organizações precisam de líderes em
fação de necessidade, à medida que elas vão surgindo. todos os seus níveis e em todas as suas áreas de atuação.
A liderança envolve o uso da influência e todas as re-
O conceito de motivação – ao nível individual – con- lações interpessoais podem envolver liderança. Todas as
duz ao de clima organizacional – ao nível da organiza- relações dentro de uma organização envolvem líderes e
ção. Os seres humanos estão continuamente engajados liderados: as comissões, os grupos de trabalho, as rela-
no ajustamento a uma variedade de situações, no sen- ções entre linha e assessoria, supervisores e subordina-
tido de satisfazer suas necessidades e manter um equi- dos etc. Outro elemento importante no conceito de lide-
líbrio emocional. Isto pode ser definido com um estado rança é a comunicação. A clareza e a exatidão da comu-
de ajustamento. Tal ajustamento não se refere somente à nicação afetam o comportamento e o desempenho dos
satisfação das necessidades de pertencer a um grupo so- liderados. A dificuldade de comunicar é uma deficiência
cial de estima e de autorrealização. É a frustração dessas que prejudica a liderança. O terceiro elemento é a con-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

necessidades que causa muitos dos problemas de ajus- secução de metas. O líder eficaz terá de lidar com indi-
tamento. Como a satisfação dessas necessidades supe- víduos, grupos e metas. A eficácia do líder é geralmente
riores depende muito de outras pessoas, particularmente considerada em termos de grau de realização de uma
daquelas que estão em posições de autoridade, torna-se meta ou combinação de metas. Mas, por outro lado, os
importante para a administração compreender a natu- indivíduos podem considerar o líder como eficaz ou ine-
reza do ajustamento e do desajustamento das pessoas. ficaz, em termos de satisfação decorrente da experiência
O ajustamento – assim como a inteligência ou as apti- total do trabalho. De fato, a aceitação das diretrizes e co-
dões – varia de uma pessoa para outra e dentro do mes- mandos de um líder apoia-se muito nas expectativas dos
mo indivíduo de um momento para outro. Varia dentro liderados de que suas respostas favoráveis os levarão a
de um continuum e pode ser definido em vários graus. bons resultados. Nesse caso, o líder serve ao grupo como
Um bom ajustamento denota “saúde mental”. Uma das um instrumento para ajudar a alcançar objetivos.

16
1. Papel do líder

Alcançar eficiência concreta e constante para a organização, por meio de métodos avaliativos, controle e mensura-
ção dos resultados.

2. Estilo de Liderança

3. Teorias sobre Liderança

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

17
É claro que a teoria e o estilo de liderança têm sua importância no contexto, mas o que vale mesmo é que as orga-
nizações compreendam definitivamente o papel do líder, a relevância que esse elemento tem na gestão organizacional,
instigando a equipe a ser melhor a cada dia.
Compete à organização dar o suporte que esse agente motivador precisa para potencializar o desenvolvimento
humano, por meio dos desafios colocados à equipe, provocando alto desempenho, estimulando-os a assumir cada vez
mais o compromisso de atingirem um nível de competência de excelência.
Ao líder compete compreender como fazer isso tudo, por meio de críticas construtivas que visam a melhorar o
desempenho, por meio de decisões que resolvam os conflitos existentes e por meio de um olhar atento para descobrir
talentos, aos quais deve dar feedback e dos quais deve receber, estando disposto a aprender, assim como ensinar.
O papel do líder é o de criar vínculos de confiança, a partir de relações éticas, de postura comprometida com os
liderados em harmonia com os objetivos da organização.
Quando esse papel é notado dentro das organizações, a pessoas nelas envolvidas se sentem respeitadas e valori-
zadas, o clima organizacional é de harmonia e sinergia e, com isso, as organizações atingem não apenas um nível de
competitividade no mercado, mas conseguem firmar seu diferencial de maturidade organizacional.

GESTÃO POR COMPETÊNCIA

A lógica da Gestão por Competências tem como base a obtenção das competências organizacionais, das áreas e das
pessoas, necessárias para que a organização atinja seus objetivos estratégicos.
Os subprocessos (recrutamento e seleção, o planejamento e a alocação da força de trabalho e a capacitação de
pessoal) de gestão de recursos humanos, assim como o plano de carreira e de Remuneração serão balizados pelas
necessidades de suprimento dessas competências.

1. Por que mapear as competências?

O Sistema de Gestão por Competências, no bojo da Gestão Estratégica Organizacional e de Pessoas, permite geren-
ciar as competências e propicia a inovação, a aprendizagem e o desenvolvimento individual e de grupo.
Por meio do mapeamento das competências, a organização consegue identificar a lacuna entre as competências
existentes e as necessárias. Com base nesse mapeamento, ela planeja as formas de preencher essas lacunas por meio
de contratação, capacitação, treinamento e realocação.

2. Principais etapas do processo de gestão por competências

A organização define suas necessidades, em termos de perfis de competências, por meio da formulação da Estra-
tégia Organizacional e do Mapeamento de Competências. Este último, realizado não só por levantamentos, mas por
meio de instrumentos como a Avaliação de Desempenho.
Quanto aos perfis profissionais, as necessidades da organização poderão ser satisfeitas por ações de:
• Captação – incluindo recrutamento, seleção, contratação e realocação.
• Desenvolvimento – incluindo capacitação e treinamento.

Esses processos devem ser avaliados permanentemente e serão os realimentadores da formulação da estratégia
organizacional e do mapeamento de competências.
Por fim, os resultados da aplicação desses mecanismos deverão ser traduzidos em retribuição aos servidores, por
meio do reconhecimento e da premiação pelo desempenho ou até pela remuneração por competências.
Vejamos a dinâmica desses elementos:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

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BRANDÃO, Hugo Pena; BAHRY, Carla Patricia. Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de
competências. Revista do Serviço Público. Brasília 56 (2): pp.179-194. Abr./Jun. 2005.

Num mundo onde as decisões, os processos e as atitudes devem ser rápidas e agressivas, o diferencial de uma or-
ganização são as pessoas que lá trabalham com seus talentos e ideias. Não importa o ramo da organização, se quiser
prosperar, ela precisará de pessoas bem formadas, empreendedoras, visionárias, inovadoras e entusiasmadas. Pessoas
que possam resolver problemas, com muito talento e alto poder de realização, flexíveis e capazes de enfrentar novos
desafios. São elas que ajudarão novos negócios a atravessar os obstáculos da nova economia.
Para atrair e reter talentos em uma organização é fundamental, também, que a organização mantenha um clima de
trabalho sadio, amistoso, motivador, voltado ao progresso. A gestão por competências, ao viabilizar o contínuo desen-
volvimento das pessoas, pode contribuir para o alcance desse objetivo.
A gestão por competências deve ser um processo contínuo e estar alinhada com as estratégias organizacionais. Sua
adoção implica em redirecionamento das ações tradicionais da área de gestão de pessoas, tais como: recrutamento
e seleção, treinamento, gestão de carreira e avaliação de desempenho. Também implica na formalização de alianças
estratégicas para capacitação e desenvolvimento das competências necessárias ao alcance de seus objetivos.
As competências técnicas são sempre mais fáceis de serem gerenciadas, uma vez que são avaliadas de forma mais
objetiva. Exemplos de competência técnica: fluência em inglês, habilidade com o Excel, técnicas de redação, matemá-
tica financeira etc. É possível “medir” o quanto o colaborador possui dessas competências no dia a dia e a capacitação
técnica acaba sendo sempre uma tarefa mais fácil de ser administrada pelo RH das empresas, uma vez que o mercado
de treinamento está repleto de boas soluções para esse fim.
Competência técnica é pré-requisito de qualquer colaborador. Ele simplesmente precisa conhecer o seu negócio.
Para o exercício da sua função, ele deve carregar consigo essa capacitação e estar constantemente atualizado sobre
novas técnicas que o mercado demanda.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Então por que colaboradores altamente capacitados tecnicamente podem não apresentar bons indicadores de per-
formance? Porque o diferencial está na atitude, não na técnica. A gestão das ações está contemplada nas competências
comportamentais. Mais difícil de ser avaliada por ser um tanto quanto subjetiva, uma boa competência comportamen-
tal deve ser elaborada de tal forma que traga alto grau de objetividade. Assim, são criadas as evidências de comporta-
mento para cada competência, que nos dizem como ela deve ser avaliada e desenvolvida.

Exemplo de competência comportamental:


Desenvolvimento de pessoas e da organização.
Mas como medir se o colaborador entrega ou não esse comportamento? Por meio das evidências que são espera-
das para essa competência. Por exemplo:

19
• Busca feedbacks constantemente? • Identificação das competências: após a definição
• Desenvolve planos de ação para seus pontos de do rumo que delineamos para a nossa empresa,
melhoria? devemos então analisar quais as competências
• Auxilia o gestor a identificar potenciais/talentos na existentes. Antes de qualquer ação dentro da em-
equipe? presa, devemos analisar o que já existe para saber-
• Assume responsabilidade pelo autodesenvolvi- mos de que ponto partimos.
mento? • Reavaliação dos cargos: Após analisarmos quais
as competências existentes e necessárias para ob-
Zarifian define a competência como sendo a inteli- termos o sucesso pretendido, devemos procurar
gência prática aplicada na solução dos problemas que formação para atender às necessidades. Essa for-
surgem. Essa inteligência precisa apoiar-se nos conhe- mação poderá ser de caráter comportamental ou
cimentos adquiridos, procurando constantemente revê- técnico, tendo sempre como objetivo permitir que
os colaboradores da empresa alcancem as compe-
-los e atualizá-los, de modo a adaptá-los aos desafios
tências pretendidas.
cotidianos.
• No entanto, é bem provável que não se consiga
Uma das mais conhecidas definições é a que diz ser
obter todas as competências necessárias por meio
competência um conjunto de conhecimentos, habilida-
da formação, assim sendo, devemos procurar pes-
des e atitudes que credenciam um indivíduo a exercer soas com as competências necessárias, ou seja,
uma determinada função, que podemos resumir pela si- implementar processos de recrutamento e seleção
gla: CHA. Veja a imagem a seguir. por competências.
• Treinamento: torna-se necessário implantar e rea-
lizar ações de capacitação e de desenvolvimento
conforme as necessidades identificadas.
• Avaliações de qualificações: verificar a eficácia das
ações de capacitação e de desenvolvimento que
foram implantadas.
• Avaliações de desempenho: verificar se as lacunas de
competências e de desempenho foram superadas.

Segundo Maria Odete Rabaglio, Gestão por Compe-


tências é um conjunto de ferramentas práticas, consistentes
e objetivas que torna possível para as empresas instrumen-
talizar RH e Gestores para fazer Gestão e Desenvolvimen-
to de pessoas com foco, critério e clareza. Isso por meio
de ferramentas mensuráveis, personalizadas e construídas
com base nas atribuições dos cargos e funções.
A Gestão por Competências é composta por alguns
subsistemas, como:
Agora vamos analisar as etapas que envolvem a ges- • Mapeamento e Mensuração por Competências; 
tão por competências, conforme figura abaixo. • Avaliação por Competências (Avaliação de Desem-
penho);
• Plano de Desenvolvimento por Competências;
• Seleção por Competências; 
• Remuneração por Competências.
 
2.1 Mapeamento e Mensuração por Competências

O Mapeamento e Mensuração por Competências é


a base de toda a Gestão por Competências. A partir da
Descrição de Cargo, isto é, das atividades que o cargo
executa no dia a dia, é realizado o mapeamento das
competências técnicas e comportamentais (CHA) para
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

cada uma das atividades. Depois disso, é feita a men-


suração do grau ideal para o cargo, isto é, o quanto o
cargo precisa de cada uma das competências para atingir
os objetivos da empresa. O resultado do Mapeamento e
• Sensibilização: Devemos integrar e informar toda a Mensuração é a identificação do perfil comportamental e
empresa de uma forma clara e inequívoca, estan- técnico ideal para cada cargo ou função.
do os responsáveis sempre abertos a questões ou Deve-se tomar muito CUIDADO com as metodolo-
sugestões. Somente com toda a empresa focada gias subjetivas existentes no mercado, baseadas no acho
neste tipo de gestão e reconhecendo a importân- e não acho, gosto e não gosto, pode e não pode, o ideal
cia da mesma se consegue alcançar os objetivos seria etc. Essas metodologias promovem grandes equí-
pretendidos. vocos na obtenção do perfil ideal do cargo.

20
2.2 Avaliação por Competências • Atendimento às demandas organizacionais com a
utilização das competências adequadas;
A partir da Avaliação por Competências, também cha- • Planejamento de carreira do servidor vinculado às
mada de Avaliação de Desempenho, será identificado se demandas organizacionais;
o perfil comportamental e técnico dos colaboradores de • Melhor aproveitamento dos talentos existentes na
uma corporação estão alinhados ao perfil ideal exigido instituição;
pelos cargos. • Abertura de espaço para a negociação entre os ge-
A Avaliação por Competências é uma maneira de es- rentes e seus subordinados.
timar o aproveitamento do potencial individual de cada
colaborador dentro das organizações. GESTÃO DE DESEMPENHO
O resultado da Avaliação será a identificação das
competências comportamentais e técnicas que precisam A maneira mais eficaz do gestor demonstrar que está
ser aperfeiçoadas. a par dos resultados apresentados por seus colaborado-
res é acompanhando de perto as atividades que esses
2.3 Plano de Desenvolvimento por Competências realizam. E o método mais eficaz de demonstrar esse
acompanhamento é por meio da Avaliação de Desempe-
nho do colaborador. A avaliação de desempenho é uma
Baseado no resultado da Avaliação por Competên-
ferramenta da gestão de pessoas que visa a analisar o
cias, será criado um Plano de Desenvolvimento para os
desempenho individual ou de um grupo de funcionários
colaboradores, cujo objetivo será aperfeiçoar e potencia-
em uma determinada empresa. É um processo de identi-
lizar o perfil individual de cada colaborador. ficação, diagnóstico e análise do comportamento de um
colaborador durante um intervalo de tempo, analisando
• O uso de software na Gestão por Competências sua postura profissional, seu conhecimento técnico, sua
• Um projeto de implantação de gestão por compe- relação com os parceiros de trabalho etc.
tências em uma empresa demanda grande traba- Esse método tem por objetivo analisar as melhores
lho e dedicação da área de Recursos Humanos e práticas dos funcionários, proporcionando um cresci-
gestores. mento profissional e pessoal, visando a um melhor de-
• A utilização de um sistema informatizado desde o sempenho de suas funções no ambiente de trabalho.
início do processo facilita grandemente o geren- Além disso, é uma importante ferramenta de auxílio à
ciamento e as chances de sucesso do projeto. administração de recursos humanos da empresa, alimen-
• Alguns benefícios da Gestão por Competências tando-a com informações que auxiliam a tomada de de-
• Melhora o desempenho dos colaboradores;  cisão sobre práticas de bonificação, aumento de salários,
• Identifica as necessidades de treinamentos;  demissões, necessidades de treinamento etc.
• Alinha os objetivos e metas da organização e da
equipe;  Segundo Wagner Siqueira, o processo de  avaliação
• Reduz a subjetividade na Seleção e Avaliação de de desempenho de um colaborador inclui, dentre outras,
pessoas;  as expectativas desejadas e os resultados reais, sendo di-
• Analisa o desenvolvimento dos colaboradores;  vidida em algumas etapas:
• Enriquece o perfil dos colaboradores, potenciali- • Apreciação diária do comportamento do colabora-
zando seus resultados;  dor, seus progressos e limitações, êxitos e insuces-
• Melhora o relacionamento entre gestores e lidera- sos, com oferecimento permanente de feedback
dos;  instantâneo;
• Mantém a motivação e o compromisso;  • Identificação e equacionamento imediato dos pro-
• Extrai o máximo de produtividade de cada colabo- blemas emergentes, procurando manter continua-
rador.  mente um alto padrão de motivação e de obtenção
de resultados;
2.4 Vantagens na adoção do sistema de gestão por • Entrevistas formais periódicas de avaliação de de-
sempenho, em que avaliador e avaliado analisam
competências
os resultados obtidos no período considerado e
redefinem novas orientações, compromissos recí-
A adoção do sistema de gestão por competências
procos e ações corretivas, se for o caso.
apresenta diversas vantagens, entre as quais se desta-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

cam: Neste processo, o gestor precisa avaliar as fraquezas e


limitações dos funcionários, buscando identificar pontos
• Clara visualização das disponibilidades e necessi- de melhoria, necessidade de treinamento, ou até mes-
dades em termos de competências; mo remanejamento do indivíduo para outras funções em
• Maior flexibilidade para alocar as pessoas confor- que poderia render melhor.
me as competências necessárias; Assim, o papel principal da avaliação de desempenho
• Desenvolvimento de competências para a agre- é identificar e trabalhar de forma sistêmica as diferenças
gação de valor à organização e ao indivíduo, com de desempenho entre os muitos funcionários da organi-
foco em resultados; zação. Tendo sempre como base a interação constante
• Sistematização do plano de desenvolvimento dos entre avaliador e avaliado.
servidores a partir das necessidades reais;

21
Disponível em: <http://www.sobreadministracao. • Relatório de performance: também chamada de
com/avaliacao-de-desempenho-o-que-e-e-como-fun- avaliação por escrito ou avaliação da experiência,
ciona/>. Acesso em: 14 jul. 2018. trata-se de uma descrição mais livre acerca das ca-
racterísticas do avaliado, seus pontos fortes, fracos,
1. Formas de avaliação de desempenho potencialidades e dimensões de comportamento,
entre outros aspectos. Sua desvantagem está na
Listamos abaixo os métodos mais tradicionais de ava- dificuldade de se combinar ou comparar as classifi-
liação: cações atribuídas e por isso exige a suplementação
de um outro método, mais formal.
• Escalas gráficas de classificação: é o método mais • Avaliação por resultados: é um método de avalia-
utilizado nas empresas. Avalia o desempenho por ção baseado na comparação entre os resultados
meio de indicadores definidos, graduados através previstos e realizados. É um método prático, mas
da descrição de desempenho numa variação de que depende somente do ponto de vista do super-
ruim a excepcional. Para cada graduação pode ha- visor a respeito do desempenho avaliado.
ver exemplos de comportamentos esperados para • Avaliação por objetivos: baseia-se numa avaliação
facilitar a observação da existência ou não do indi- do alcance de objetivos específicos, mensuráveis,
cador. Permite a elaboração de gráficos que facili- alinhados aos objetivos organizacionais e nego-
tarão a avaliação e o acompanhamento do desem- ciados previamente entre cada colaborador e seu
penho histórico do avaliado. superior. É importante ressaltar que, durante a
• Escolha e distribuição forçada: consiste na avalia- avaliação, não devem ser levados em consideração
ção dos indivíduos através de frases descritivas de aspectos que não estavam previstos nos objetivos,
determinado tipo de desempenho em relação às ou não tinham sido comunicados ao colaborador.
tarefas que lhe foram atribuídas, entre as quais o E ainda, deve-se permitir ao colaborador sua au-
avaliador é forçado a escolher a mais adequada toavaliação para discussão com seu gestor.
• Padrões de desempenho: também chamado de
para descrever os comportamentos do avaliado.
padrões de trabalho, é quando há estabelecimento
Este método busca minimizar a subjetividade do
de metas somente por parte da organização, mas
processo de avaliação de desempenho.
que devem ser comunicadas às pessoas que serão
• Pesquisa de campo: tem base na realização de
avaliadas.
reuniões entre um especialista em avaliação de
• Frases descritivas: trata-se de uma avaliação atra-
desempenho da área de Recursos Humanos e
vés de comportamentos descritos como ideais
cada  líder, para avaliação do desempenho de cada
ou negativos. Assim, assinala-se “sim” quando o
um dos subordinados, levantando-se os motivos
comportamento do colaborador corresponde ao
de tal desempenho por meio de análise de fatos comportamento descrito, e “não” quando não
e situações. Este método permite um diagnóstico corresponde. É diferente do método da Escolha e
padronizado do desempenho, minimizando a sub- distribuição forçada no sentido da não obrigato-
jetividade da avaliação. Ainda possibilita o planeja- riedade na escolha das frases.
mento, conjuntamente com o líder, do desenvolvi- • Avaliação 360 graus: neste método, o avaliado
mento profissional de cada um. recebe feedbacks (retornos) de todas as pessoas
• Incidentes críticos: enfoca as atitudes que repre- com quem ele tem relação, também chamados
sentam desempenhos altamente positivos (suces- de  stakeholders, como pares, superior imediato,
so), que devem ser realçados e estimulados, ou subordinados, clientes, entre outros.
altamente negativos (fracassos), que devem ser • Avaliação de competências: trata-se da identifica-
corrigidos através de orientação constante. O mé- ção de competências conceituais (conhecimento
todo não se preocupa em avaliar as situações nor- teórico), técnicas (habilidades) e interpessoais (ati-
mais. No entanto, para haver sucesso na utilização tudes) necessárias para que determinado desem-
desse método, é necessário o registro constante penho seja obtido.
dos fatos para que estes não passem despercebi- • Avaliação de competências e resultados: é a con-
dos. jugação das avaliações de competências e resulta-
• Comparação de pares: também conhecida como dos, ou seja, é a verificação da existência ou não
comparação binária, faz uma comparação entre das competências necessárias de acordo com o
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

o desempenho de dois colaboradores ou entre o desempenho apresentado.


desempenho de um colaborador e sua equipe, po- • Avaliação de potencial: com ênfase no desempe-
dendo fazer o uso de fatores para isso. É um pro- nho futuro, identifica as potencialidades do ava-
cesso muito simples e pouco eficiente, mas que se liado que facilitarão o desenvolvimento de tarefas
torna muito difícil de ser realizado quanto maior e atividades que lhe serão atribuídas. Possibilita a
for o número de pessoas avaliadas. identificação de talentos que estejam trabalhando
• Auto avaliação: é a avaliação feita pelo próprio aquém de suas capacidades, fornecendo base para
avaliado com relação a sua performance. O ideal a recolocação dessas pessoas.
é que esse sistema seja utilizado conjuntamente a • Balanced Scorecard: sistema desenvolvido por Ro-
outros sistemas para minimizar o forte viés e a falta bert S. Kaplan e David P. Norton na década de 90,
de sinceridade que podem ocorrer. avalia o desempenho sob quatro perspectivas: fi-

22
nanceira, do cliente, dos processos internos e do • Registro histórico suplementar para ações admi-
aprendizado e crescimento. São definidos objeti- nistrativas de gestão;
vos estratégicos para cada uma das perspectivas e • Apoio às pesquisas de clima organizacional.
tarefas para o atendimento da meta em cada obje-
tivo estratégico. 4. Indicadores de Desempenho

2. Vantagens da Avaliação de desempenho O que não é medido não é gerenciado....


Robert Kaplan
Por meio da  avaliação de desempenho  é possível
identificar novos talentos dentro da própria organização, Se você não mede algo, você não pode entender o pro-
mediante análise do comportamento e das qualidades cesso.
de cada indivíduo, gerando, assim, novas possibilidades Se você não entende o processo, você não consegue
para remanejamento interno de colaboradores. Além aperfeiçoá-lo.
disso, pode oferecer bonificações e premiações aos fun-
Peter Druker
cionários que mais se destacarem na avaliação.
Outra vantagem é a possibilidade de gerar um fee-
A utilização de indicadores de desempenho para
dback mais fácil aos funcionários analisados e gestores,
aferir os resultados alcançados pelos administradores é
uma vez que tem como resultado informações relevan-
tes, sólidas e tangíveis para um resultado eficiente. Esse uma metodologia que está relacionada ao conceito de
feedback faz com que os avaliados queiram investir ain- gerenciamento voltado para resultados (result oriented
da mais em seu desenvolvimento, melhorando seu de- management – ROM). Esse conceito tem sido adotado
sempenho e trazendo vantagens para a empresa. nas administrações públicas de diversos países, espe-
Este método é importante, também, para eliminar cialmente nos de cultura anglo-saxônica (EUA, Austrália,
“achismos” e palpites quanto à avaliação de um funcio- Reino Unido).
nário. É um meio de obter informações reais e avaliar de Para alguns estudiosos/autores da literatura especia-
perto as implicações de uma possível mudança na gestão lizada, o conceito de indicador de desempenho pode ser
de recursos humanos da empresa. definido como um instrumento de mensuração quanti-
tativa ou qualitativa de aspectos do desempenho. Neste
Por isso, manter esse tipo de avaliação pode trazer material, vamos adotar a seguinte definição:
muitos benefícios e mudanças positivas na gestão de Um indicador de desempenho é um número, percen-
pessoas de uma organização, seja qual for o seu tama- tagem ou razão que mede um aspecto do desempenho,
nho. Com ela, o gestor pode avaliar melhor seus subor- com o objetivo de comparar esta medida com metas
dinados, melhorar o clima de trabalho, investir no treina- pré-estabelecidas.
mento de seus pares, melhorar a produtividade, desen-
volver os métodos de remuneração, fazê-los trabalhar 5. Medição de desempenho e indicador de de-
de forma mais eficiente etc. Todos ganham quando uma sempenho
equipe é avaliada de forma satisfatória pelos gerentes.
A expressão indicador de desempenho é também
3. Aplicações normalmente utilizada no sentido de medição de de-
sempenho. Entretanto, é possível estabelecer-se uma
A avaliação de desempenho presta-se ao exercício de distinção entre ambas. Medições de desempenho são
diferentes funções administrativas, motivacionais e de
efetuadas quando os aspectos do desempenho podem
comunicação, como citadas a seguir:
ser mensurados diretamente e quantificados com facili-
dade. Exemplos: quilometragem de estradas conserva-
• Identificação de pontos fortes e fracos dos colabo-
das; número de alunos matriculados no 1º grau.
radores e, consequentemente, da organização;
• Identificação de diferenças individuais; Indicadores de desempenho são utilizados quando
• Estímulo à comunicação interpessoal; não é possível efetuar tais mensurações de forma di-
• Desenvolvimento do conceito “equipe de dois”, reta. Atuam como uma alternativa para a medição do
formada por chefe e subordinado; desempenho, embora não forneçam uma mensuração
• Informação ao colaborador de como o seu desem- direta dos resultados. Exemplo: a utilização do índice de
penho é percebido; repetência na 1ª série do 1º grau, como um dos fatores
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

• Estímulo ao desenvolvimento individual do avalia- a serem considerados na formação de um indicador de


dor e do avaliado; desempenho para medir a efetividade do ensino de 1º
• Indicações de promoções e de aumentos salariais grau.
por mérito; O que se deseja ressaltar com essa diferenciação é
• Indicações de necessidade de treinamento; que os indicadores de desempenho podem fornecer
• Gestão de crises nas equipes e nos processos ope- uma boa visão acerca do resultado que se deseja medir,
racionais (sistemas técnicos e sociais); mas são apenas aproximações do que realmente está
• Auxílio na verificação de aprendizagens; ocorrendo, necessitando, sempre, de interpretação no
• Identificação de problemas de trabalho em geral, contexto em que estão inseridos.
no relacionamento individual, intraequipe ou inte-
requipes;

23
6. Natureza comparativa dos indicadores de desempenho

Informações sobre desempenho são essencialmente comparativas. Um conjunto de dados isolado mostrando os
resultados atingidos por uma instituição não diz nada a respeito do desempenho da mesma, a menos que seja confron-
tado com metas ou padrões preestabelecidos, ou realizada uma comparação com os resultados atingidos em períodos
anteriores, obtendo-se assim uma série histórica para análise.

7. Variáveis empregadas na construção de indicadores

Os indicadores quase sempre são compostos por variáveis provenientes de um dos seguintes grupos: custo, tempo,
quantidade e qualidade.

8. Principais usos de indicadores de desempenho


A utilização de indicadores de desempenho pela instituição:

• Possibilita a avaliação qualitativa e quantitativa do desempenho global da instituição, por meio da avaliação de
seus principais programas e/ou departamentos;
• Permite o acompanhamento e a avaliação do desempenho ao longo do tempo e ainda a comparação entre:
• Desempenho anterior x desempenho corrente;
• Desempenho corrente x padrão de comparação;
• Desempenho planejado x desempenho real;
• Possibilita enfocar as áreas relevantes do desempenho e expressá-las de forma clara, induzindo um processo de
transformações estruturais e funcionais que permite eliminar inconsistências entre a missão da instituição, sua
estrutura e seus objetivos prioritários;
• Ajuda o processo de desenvolvimento organizacional e de formulação de políticas a médio e longo prazos;
• Melhora o processo de coordenação organizacional, a partir da discussão fundamentada dos resultados e o es-
tabelecimento de compromissos entre os diversos setores da instituição;
• Possibilita a incorporação de sistemas de reconhecimento pelo bom desempenho, tanto institucionais quanto
individuais.

9. Qualidades desejáveis em um indicador de desempenho

Tanto na análise de indicadores de desempenho já existentes, quanto na elaboração de novos, deve-se verificar as
seguintes características:

I. Representatividade: o indicador deve ser a expressão dos produtos essenciais de uma atividade ou função; o en-
foque deve ser no produto: medir aquilo que é produzido, identificando produtos intermediários e finais, além dos
impactos desses produtos (outcomes). Este atributo merece certa atenção, pois indicadores muito representativos
tendem a ser mais difíceis de ser obtidos.
II. Homogeneidade: na construção de indicadores devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas. Por
exemplo, ao estabelecer o custo médio por auditoria, devem-se identificar os diversos tipos de auditoria, já que
para cada tipo tem-se uma composição de custo diversa.
III. Praticidade: garantia de que o indicador realmente funciona na prática e permite a tomada de decisões geren-
ciais. Para tanto, deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.
IV. Validade: o indicador deve refletir o fenômeno a ser monitorado.
V. Independência: o indicador deve medir os resultados atribuíveis às ações que se quer monitorar, devendo ser
evitados indicadores que possam ser influenciados por fatores externos.
VI. Confiabilidade: a fonte de dados utilizada para o cálculo do indicador deve ser confiável, de tal forma que dife-
rentes avaliadores possam chegar aos mesmos resultados.
VII. Seletividade: deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais
do que se quer monitorar.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

VIII. Simplicidade: o indicador deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.
IX. Cobertura: os indicadores devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do
fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.
X. Economicidade: as informações necessárias ao cálculo do indicador devem ser coletadas e atualizadas a um
custo razoável, em outras palavras, a manutenção da base de dados não pode ser dispendiosa.
XI. Acessibilidade: deve haver facilidade de acesso às informações primárias bem como de registro e manutenção
para o cálculo dos indicadores.
XII. Estabilidade: a estabilidade conceitual das variáveis componentes e do próprio indicador bem como a estabi-
lidade dos procedimentos para sua elaboração são condições necessárias ao emprego de indicadores para avaliar
o desempenho ao longo do tempo.

24
10. Aspectos do desempenho medidos pelos indicadores
O desempenho na obtenção de um determinado resultado pode ser medido segundo as seguintes dimensões de
análise: economicidade, eficiência, eficácia e efetividade. Para cada dimensão de análise podem existir um ou mais
indicadores.

11. Tipos de indicadores

12. Requisitos dos indicadores

• Disponibilidade – Facilidade de acesso para coleta, estando disponível a tempo;


• Simplicidade – Facilidade de ser compreendido;
• Baixo custo de obtenção;
• Adaptabilidade – Capacidade de resposta às mudanças;
• Estabilidade – Permanência no tempo, permitindo a formação de série histórica;
• Rastreabilidade – Facilidade de identificação da origem dos dados, seu registro e manutenção;
• Representatividade – Atender às etapas críticas dos processos, estes sendo importantes e abrangentes.

13. Exemplo de Indicadores de Desempenho

PROCESSOS MÉTRICAS
Estratégia Corporativa ▪ A posição competitiva na indústria
▪ Custo, tempo de desenvolvimento, tempo de entrega, quantidade, preço e canais dos
produtos oferecidos
▪ Quantidade, complexidade e tamanho dos concorrentes, clientes, parceiros e forne-
cedores
▪ Valor dos recursos disponíveis
Estrutura Corporativa ▪ Número de unidades estratégicas de negócio (UEN)
▪ Diversidade geográfica de produção e vendas
▪ Nível de capacitação para cada (UEN) e gerentes
Sistemas Corporativos ▪ Índice de retenção de clientes e funcionários
▪ Produtos e índices de qualidade de processos
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Investimento na formação de equipes


Recursos ▪ Recursos financeiros disponíveis para investimento no negócio
▪ Avaliação de competências dos funcionários existentes
▪ Avaliação da qualidade da tecnologia atual e dos processos
Ambiente externo ▪ Avaliação dos investimentos dos concorrentes
▪ Avaliação das necessidades do cliente
▪ das necessidades de fornecedores e recursos

25
Liderança ▪ Tempo dedicado ao negócio
▪ Orçamento por cento atribuído às iniciativas no segmento
▪ Porcentagem de desempenho vinculados ao sucesso do negócio no mercado
▪ Objetivos do negócio claramente comunicados aos administradores e funcionários
▪ Percentagem de gerentes preparados para o negócio
Criar e executar estraté- ▪ Número, preço de custo e a percepção dos produtos e serviços oferecidos pela em-
gias adequadas para o presa
negócio Disponibilidade e planejamento de recursos de segurança do segmento
▪ Percepção da marca
▪ Quantidade e qualidade das informações disponíveis sobre a empresa
▪ Os níveis de qualidade, opções de entrega, taxas de cumprimento e satisfação do clien-
te de encomendas personalizadas
▪ Rentabilidade das operações para o segmento
Suporte e estrutura exter- ▪ Quantidade de produtos terceirizados
na ao negócio ▪ Qualidade das parcerias estratégicas formadas
▪ Variação do custo e da qualidade de contratos de fornecedores
▪ Integração ante unidades fornecedoras e funções internas
▪ Número de produtos, canais e serviços específicos
Desenvolver e implemen- ▪ Quantidade, qualidade, habilidades e conhecimentos dos funcionários da empresa
tar sistemas apropriados ▪ Quantidade e qualidade de treinamentos específicos
ao negócio ▪ Porcentagem de medidas de desempenho e recompensas alinhados e ligados à ati-
vidade do negócio
▪ Quantidade e qualidade dos dados dos clientes através de sistemas promocionais
▪ Tempo necessário para atender aos pedidos do cliente e solicitações de serviços feitas
pessoalmente ou por outros meios
▪ Nível de integração interdepartamental por via eletrônica
▪ Qualidade de vendas e performance de entrega
Otimização de canal ▪ Valores em R$ das atividades realizadas pelo segmento concorrente
▪ Número de clientes atendidos pela concorrência
▪ Tempo de inatividade médio por unidade
▪ Nível de satisfação com a cadeia de fornecedores
▪ Melhoria de vendas juntos aos clientes já existentes
Redução de custos ▪ R$ economizados em despesas com pessoal, aquisição de produtos e materiais, ar-
mazenamento etc.
▪ R$ economizados no desenvolvimento de novos produtos e a introdução no mercado
▪ Os custos trabalhistas por unidade vendida
Aquisição de novos clien- ▪ Novos clientes adquiridos através de promoções
tes ▪ Percentagem de clientes por novo produto
▪ Percentagem de novos clientes específicos
▪ Número de novos clientes por meio de outros canais
▪ Novos clientes que se convertem em clientes fidelizados (taxa de conversão)
Fidelização e retenção de ▪ Frequência de visitas e retorno de cliente
cliente ▪ Vendas médias, anual por cliente
▪ A satisfação do cliente com o atendimento
▪ Compras do cliente versus a taxa de desistência
▪ Percentagem de atritos com clientes
▪ Relação de novos clientes versus os costumeiros
Geração de valor ▪ Custo e preço dos produtos e serviços oferecidos aos clientes
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Média dos preços pagos pelos consumidores


▪ Número de novos produtos e linhas de serviços introduzidos
▪ Rentabilidade das operações do negócio
▪ As receitas geradas através da iniciativa (receita total, receita por cliente)
▪ Rentabilidade por cliente
Rentabilidade da empresa ▪ Preço do estoque
a longo prazo ▪ Evolução do capital
▪ O crescimento das vendas

Vale reforçar que, mesmo adotando-se todos os cuidados na elaboração de indicadores de desempenho, o aperfei-
çoamento sempre será possível, à medida em que forem sendo colocados em prática.

26
Criar um canal para críticas e sugestões dos usuários dos serviços públicos, organizações governamentais, entida-
des de classe, entidades governamentais fiscalizadoras, enfim, de todos os que, de certa forma, estão interessados no
desempenho do serviço da entidade pública é outra forma de aperfeiçoar o uso de indicadores, buscando sempre um
processo de melhoria que traga o serviço o mais próximo possível do desejado e necessário.

TRABALHO EM EQUIPE

Trabalho em equipe pode ser definido como os esforços conjuntos de um grupo ou sociedade visando à solução
de um problema. Ou seja, um grupo ou conjunto de pessoas que se dedicam a realizar determinada tarefa estão tra-
balhando em equipe.
Essa denominação se origina da época logo após a Primeira Guerra Mundial. O trabalho em equipe, por meio da
ação conjunta, possibilita a troca de conhecimentos entre especialistas de diversas áreas.
Como cada pessoa é responsável por uma parte da tarefa, o trabalho em equipe oferece também maior agilidade
e dinamismo.
Para que o trabalho em equipe funcione bem, é essencial que o grupo possua metas ou objetivos compartilhados.
Também é necessário que haja comunicação eficiente e clareza na delegação de cada tarefa.
A diferença de pensamento e visão entre pessoas distintas é fundamental para uma resolução de problemas efi-
ciente. Quanto mais perspectivas uma equipe tiver sobre um único problema, mais fácil é encontrar a melhor solução
possível.

1. Diferença entre Grupo e Equipe

Grupo e equipe não são a mesma coisa. Grupo é definido como dois ou mais indivíduos, em interação e interdepen-
dência, que se juntam para atingir um objetivo. Um grupo de trabalho é aquele que interage basicamente para compar-
tilhar informações e tomar decisões para ajudar cada membro em seu desempenho na sua área de responsabilidade.
Os grupos de trabalho não têm necessidade nem oportunidade de se engajar em um trabalho coletivo que requeira
esforço conjunto. Assim, seu desempenho é apenas a somatória das contribuições individuais de seus membros. Não
existe uma sinergia positiva que possa criar um nível geral de desempenho maior do que a soma das contribuições
individuais.
Uma equipe de trabalho gera uma sinergia positiva por meio do esforço coordenado. Os esforços individuais resul-
tam em um nível de desempenho maior do que a soma daquelas contribuições individuais. Veja a seguir as diferenças
entre grupos de trabalho e equipes de trabalho.

#FicaDica
Distinguir equipe e grupo é um aspecto muito importante para soluções de exercícios que tratem de tra-
balho em equipe. O ponto principal é o objetivo em comum existente quando as pessoas compõem uma
equipe.

2. Comparação entre Grupos de Trabalho e Equipes de Trabalho

2.1 Transformando indivíduos em membros de equipe

▪ Partilham suas ideias para a melhoria do que fazem e de todos os processos do grupo;
▪ Respeitam as individualidades e sabem ouvir;
▪ Comunicam-se ativamente;
▪ Desenvolvem respostas coordenadas em benefícios dos propósitos definidos;
▪ Constroem respeito, confiança mútua e afetividade nas relações;
▪ Participam do estabelecimento de objetivos comuns;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Desenvolvem a cooperação e a integração entre os membros.

2.2 Fatores que interferem no trabalho em equipe

▪ Estrelismo;
▪ Ausência de comunicação e de liderança;
▪ Posturas autoritárias;
▪ Incapacidade de ouvir;
▪ Falta de treinamento e de objetivos;
▪ Não saber “quem é quem” na equipe.

27
2.3 São características das equipes eficazes: e assumir total responsabilidade pelos resultados.
São grupos de funcionários que realizam trabalhos
▪ Comprometimento dos membros com um propó- muito relacionados ou interdependentes e assuem
sito comum e significativo; muitas das responsabilidades que antes eram de
▪ O estabelecimento de metas específicas para a seus antigos supervisores.
equipe que conduzam os indivíduos a um melhor ▪ Normalmente, isso inclui o planejamento e o cro-
desempenho e também energizem as equipes. nograma de trabalho, a delegação de tarefas aos
Metas específicas ajudam a tornar a comunicação membros, o controle coletivo sobre o ritmo de
mais clara, além de manter a equipe focada na ob- trabalho, a tomada de decisões operacionais e a
tenção de resultados; implementação de ações para solucionar proble-
▪ Os membros defendem suas ideias, sem radicalis- mas. As equipes de trabalho totalmente autoge-
mo; renciadas até escolhem seus membros e avaliam o
▪ Grande habilidade para ouvir; desempenho uns dos outros.
▪ Liderança é situacional; ou seja, o líder age de ▪ Consequentemente, as posições de supervisão
acordo com o grau de maturidade da equipe; de perdem a sua importância e até podem ser elimi-
acordo com a contingência; nadas.
▪ Questões comportamentais são discutidas aberta- ▪ Equipes multifuncionais: São equipes formadas por
mente, principalmente as que podem comprome- funcionários do mesmo nível hierárquico, mas de
ter a imagem da equipe ou organização diferentes setores da empresa, que se juntam para
▪ O nível de confiança entre os membros é elevado; cumprir uma tarefa. As equipes desempenham vá-
▪ Demonstram confiança em seus líderes, tornando rias funções (multifunções), ao mesmo tempo, ou
a equipe disposta a aceitar e a se comprometer seja, não há especificação para cada membro. O
com as metas e as decisões do líder; sentido de equipe é exatamente esse, os membros
▪ Flexibilidade permitindo que os membros da equi- compensam entre si as competências e as carên-
pe possam completar as tarefas uns dos outros. cias, num aprendizado contínuo.
Isso deixa a equipe menos dependente de um úni- ▪ As equipes multifuncionais representam uma for-
co membro; ma eficaz de permitir que pessoas de diferentes
▪ Conflitos são analisados e resolvidos; áreas de uma empresa (ou até de diferentes em-
presas) possam trocar informações, desenvolver
Há uma preocupação / ação contínua em busca do novas ideias e solucionar problemas, bem como
autodesenvolvimento. coordenar projetos complexos. Evidentemente,
não é fácil administrar essas equipes. Seus pri-
O desempenho de uma equipe não é apenas a soma- meiros estágios de desenvolvimento, enquanto as
tória das capacidades individuais de seus membros. pessoas aprendem a lidar com a diversidade e a
Contudo, essas capacidades determinam parâmetros complexidade, costumam ser muito trabalhosos e
do que os membros podem fazer e de quão eficientes demorados. Demora algum tempo até que se de-
eles serão dentro da equipe. Para funcionar eficazmente, senvolva a confiança e o espírito de equipe, espe-
uma equipe precisa de três tipos diferentes de capacida- cialmente entre pessoas com diferentes históricos,
des. Primeiro, ela precisa de pessoas com conhecimen- experiências e perspectivas.
tos técnicos. Segundo, pessoas com habilidades para ▪ Equipes Virtuais: Os tipos de equipes analisados
solução de problemas e tomada de decisões que se- até agora realizam seu trabalho face a face. As
jam capazes de identificar problemas, gerar alternativas, equipes virtuais usam a tecnologia da informática
avalia-las e fazer escolhas competentes. Finalmente, as para reunir seus membros, fisicamente dispersos, e
equipes precisam de pessoas que saibam ouvir, deem permitir que eles atinjam um objetivo comum. Elas
feedback, solucionem conflitos e possuam outras ha- permitem que as pessoas colaborem on-line utili-
bilidades interpessoais. zando meios de comunicação como redes internas
3. Tipos de Equipe e externas, videoconferências ou correio eletrônico
– quando estão separadas apenas por uma parede
As equipes podem realizar uma grande variedade de ou em outro continente. São criadas para durar al-
coisas. Elas podem fazer produtos, prestar serviços, ne- guns dias para a solução de um problema ou mes-
gociar acordos, coordenar projetos, oferecer aconselha- mo alguns meses para conclusão de um projeto.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

mentos ou tomar decisões. Não são muito adequadas para tarefas rotineiras e
cíclicas.
▪ Equipe de solução de problemas: neste tipo de
equipe, os membros trocam ideias ou oferecem Em todo processo em que haja interação entre as
sugestões sobre os processos e métodos de tra- pessoas vamos desenvolver relações interpessoais.
balho que podem ser melhorados. Raramente, en- Ao pensarmos em ambiente de trabalho, onde as ati-
tretanto, estas equipes têm autoridade para imple- vidades são predeterminadas, alguns comportamentos
mentar unilateralmente suas sugestões. são precisam ser alinhados a outros, e isso sofre influên-
▪ Equipes de trabalho autogerenciadas: são equipes cia do aspecto emocional de cada envolvido, tais como:
autônomas, que podem não apenas solucionar os comunicação, cooperação, respeito, amizade. À medida
problemas, mas também implementar as soluções que as atividades e interações prosseguem, os senti-

28
mentos despertados podem ser diferentes dos indicados à intenção de se comportar de determinada maneira em
inicialmente e então – inevitavelmente – os sentimentos relação a alguém ou alguma coisa. Então, para continuar
influenciarão as interações e as próprias atividades. As- no exemplo, posso decidir evitar a presença de João por
sim, sentimentos positivos de simpatia e atração provo- causa dos meus sentimentos em relação a ele.
carão aumento de interação e cooperação, repercutindo Encarar a atitude como composta por três compo-
favoravelmente nas atividades e ensejando maior produ- nentes – cognição, afeto e comportamento – é algo mui-
tividade. Por outro lado, sentimentos negativos de an- to útil para compreender sua complexidade e as relações
tipatia e rejeição tenderão à diminuição das interações, potenciais entre atitudes e comportamento. Ao contrário
ao afastamento nas atividades, com provável queda de dos valores, as atitudes são menos estáveis.
produtividade.
Esse ciclo “atividade-interação-sentimentos” não se COMPETÊNCIA INTERPESSOAL
relaciona diretamente com a competência técnica de
cada pessoa. Profissionais competentes individualmente A competência interpessoal é habilidade de lidar efi-
podem render muito abaixo de sua capacidade por in- cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou-
fluência do grupo e da situação de trabalho. tras pessoas de forma adequada à necessidade de cada
Quando uma pessoa começa a participar de um gru- uma delas e às exigências da situação. Segundo C. Ar-
po, há uma base interna de diferenças que englobam gyris (1968), é a habilidade de lidar eficazmente com re-
valores, atitudes, conhecimentos, informações, precon- lações interpessoais de acordo com três critérios:
ceitos, experiência anterior, gostos, crenças e estilo com- ▪ Percepção acurada da situação interpessoal, de
portamental, o que traz inevitáveis diferenças de percep- suas variáveis relevantes e respectiva inter-relação;
ções, opiniões, sentimentos em relação a cada situação ▪ Habilidade de resolver realmente os problemas de
compartilhada. Essas diferenças passam a constituir um tal modo que não haja regressões;
repertório novo: o daquela pessoa naquele grupo. Como ▪ Soluções alcançadas de tal forma que as pessoas
essas diferenças são encaradas e tratadas determina a envolvidas continuem trabalhando juntas tão efi-
modalidade de relacionamento entre membros do gru- cientemente, pelo menos, como quando começa-
po, colegas de trabalho, superiores e subordinados. Por ram a resolver seus problemas.
exemplo: se no grupo há respeito pela opinião do outro,
se a ideia de cada um é ouvida, e discutida, estabelece-se Dois componentes da competência interpessoal as-
uma modalidade de relacionamento diferente daquela sumem importância capital: a percepção e a habilidade
em que não há respeito pela opinião do outro, quan- propriamente dita. O processo da percepção precisa ser
do ideias e sentimentos não são ouvidos, ou ignorados, treinado para uma visão acurada da situação interpes-
quando não há troca de informações. A maneira de lidar soal.
com diferenças individuais cria certo clima entre as pes- ▪ Percepção seletiva: é um processo que aparece na
soas e tem forte influência sobre toda a vida em grupo, comunicação, pois os receptores vêm e ouvem se-
principalmente nos processos de comunicação, no rela- letivamente com base em suas necessidades, expe-
cionamento interpessoal, no comportamento organiza- riências, formação, interesses, valores etc.
cional e na produtividade. ▪ Percepção social: é o meio pelo qual a pessoa
Valores: Representa convicções básicas de que um forma impressões de uma outra na esperança de
modo específico de conduta ou de condição de existên- compreendê-la.
cia é individualmente ou socialmente preferível ao modo
contrário ou oposto de conduta ou de existência. Eles Novas competências começam a ser exigidas pelas
contêm um elemento de julgamento, baseado naquilo organizações, que reinventam sua dinâmica produtiva,
que o indivíduo acredita ser correto, bom ou desejável. desenvolvendo novas formas de trabalho e de resolução
Os valores costumam ser relativamente estáveis e dura- de conflitos. Surgem novos paradigmas de relações das
douros. organizações com fornecedores, clientes e colaborado-
Atitudes: As atitudes são afirmações avaliadoras – fa- res. Nesse contexto, as relações humanas no ambiente
voráveis ou desfavoráveis – em relação a objetos, pes- de trabalho têm sido foco da atenção dos gestores, para
soas ou eventos. Refletem como um indivíduo se sente que sejam desenvolvidas habilidades e atitudes neces-
em relação a alguma coisa. Quando digo “gosto do meu sárias ao manejo inteligente das relações interpessoais.
trabalho” estou expressando minha atitude em relação
ao trabalho. As atitudes não são o mesmo que os valo- 1. Definição de competência
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

res, mas ambos estão inter-relacionados e envolvem três


componentes: cognitivo, afetivo e comportamental. Chamamos de competência a integração e a coorde-
A convicção de que “discriminar é errado” é uma afir- nação de um conjunto de conhecimentos, habilidades e
mativa avaliadora. Essa opinião é o componente cogni- atitudes (C.H.A.) que na sua manifestação produzem uma
tivo de uma atitude. Ela estabelece a base para a parte atuação diferenciada.
mais crítica de uma atitude: o seu componente afetivo. O C – Conhecimento – SABER
afeto é o segmento da atitude que se refere ao sentimen- H – Habilidade – SABER FAZER
to e às emoções e se traduz na afirmação “Não gosto de A – Atitude – QUERER FAZER
João porque ele discrimina os outros”. Finalmente, o sen-
timento pode provocar resultados no comportamento. O A competência técnica: envolve o C.H.A em áreas téc-
componente comportamental de uma atitude se refere nicas específicas.

29
A competência interpessoal: envolve o C.H.A nas rela- A busca pelo equilíbrio depende de sabermos quais
ções interpessoais. são nossas necessidades e nossos interesses, por isso a
importância que se deve dar às experiências que pas-
2. Inteligência emocional samos e ao que elas nos agrega, mostrando-nos as si-
tuações em que somos mais positivos, produtivos e nos
Qualquer um pode zangar-se. Isso é fácil. sentimos com mais potencial e também aquelas nas
Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, quais nos abatemos ou nos sentimos mais fragilizados
na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa não ou impotentes, além da busca pelo processo de melhora
é fácil. interno, em que, como indivíduos, conseguimos atingir
um nível de evolução satisfatório.
Aristóteles
5. Diferenças individuais
Como trabalhar bem com os outros? Como entender
os outros e fazer-se entender? O processo de autoconhecimento acima comentado
A inteligência acadêmica pouco tem a ver com a vida é fundamental para lidarmos com as diferenças existen-
emocional. As pessoas mais brilhantes podem afogar-se tes entre as pessoas. Saber como sou, porque sou assim
nos recifes das paixões e dos impulsos desenfreados, e me aceitar dessa forma facilita a compreensão e a acei-
pessoas com alto nível de QI podem ser pilotos incom- tação do próximo tal qual ele é.
petentes de sua vida particular. Essas diferenças existem em decorrência de nossas
A aptidão emocional é uma capacidade que determi- características, sendo que essas podem ser inatas ou ad-
na até onde podemos usar bem quaisquer outras apti- quiridas.
dões que tenhamos, incluindo o intelecto bruto. Entende-se por características inatas tudo aquilo que
Inteligência emocional: é a habilidade de lidar efi- trazemos conosco desde nosso nascimento, isto é, nossa
cazmente com relações interpessoais, de lidar com ou- carga hereditária.
tras pessoas de forma adequada às necessidades de cada Já as características adquiridas são todas aquelas que
uma e às exigências da situação, observando as emoções vamos agregando no nosso processo de crescimento,
e reações evidenciadas no comportamento do outro e no amadurecimento, são as experiências pelas quais passa-
seu próprio comportamento. mos e que nos deixam marcas, nos dão forma.
Inteligência intrapessoal: é a habilidade de lidar A junção dessas duas características é responsável
com o seu próprio comportamento. Exige autoconheci- pela formação de nossa personalidade, ou seja, fatores
mento, controle emocional, automotivação e reconheci- internos e externos vão se moldando em nossa vivência e
mento dos sentimentos quando eles ocorrem. nos tornando seres únicos e extremamente interessantes
Inteligência interpessoal: é a habilidade de lidar efi- no contexto do que podemos fazer com o que acumu-
cazmente com outras pessoas de forma adequada. lamos de informação e experiência ao longo do tempo.
No campo organizacional isso é muito válido, porque
3. Elementos básicos da inteligência emocional se tem uma rica rede de características que, somadas,
podem atingir resultados incríveis para essas organiza-
▪ Autoconhecimento: conhecer a si próprio, gerar ções, visto que a presença de algumas características em
autoconfiança, conhecer pontos positivos e nega- algumas pessoas supre a ausência delas em outras e vi-
tivos. ce-versa, tornando essa rede mais valiosa, na qual as di-
▪ Controle Emocional: capacidade de gerenciar as ferenças se encaixam e se completam formando um qua-
próprias emoções e impulsos. dro de talentos e potencialidades administráveis quando
▪ Automotivação: capacidade de gerenciar as pró- esses indivíduos, por se conhecerem, são capazes de ad-
prias emoções com vistas a uma meta a ser alcan- ministrar suas qualidades e deficiências, proporcionando
çada. Persistir diante de fracassos e dificuldades. crescimento coletivo.
▪ Reconhecer emoções nos outros: empatia.
▪ Habilidade em relacionamentos interpessoais: ap- 6. Personalidade
tidão social.
Ao estudar a personalidade, compreendemos o com-
4. Autoconhecimento portamento e a atitude das pessoas.
Como vimos acima, a personalidade é a resultante de
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

De acordo com estudos psicológicos, autoconheci- um conjunto de características que integradas, estabe-
mento significa o conhecimento que a pessoa tem de si lece a forma única como ele se comporta ou reage ao
próprio. Ao nos conhecermos, temos condições de domi- meio. A personalidade demonstra a essência da pessoa.
nar nossas emoções, controlar nossos impulsos, estimu- Temos também a persona (latim) que, em alguns mo-
lar nossas potencialidades, controlar nossas fraquezas, mentos, é como se adotássemos algum personagem, ou
impedir que sentimentos negativos e destrutivos, como seja, é como se fosse uma máscara que cada um de nós
ansiedade, baixa autoestima, instabilidade emocional usa conforme a circunstância ou as conveniências e, por
entre outras sensações negativas nos afete, resultando meio dessas facetas, causamos impressões aos outros.
em falta de produtividade e um desenvolvimento pessoal Anteriormente falamos sobre as características inatas
prejudicado. e as adquiridas, vejamos alguns desses exemplos.

30
6.1 Inatas Empatia implica certo grau de compartilhamento
emocional – um pré-requisito para realmente compreen-
▪ A genética determina a aparência externa da pes- der o mundo interior do outro.
soa;
▪ A genética determina a estrutura da espécie, co- 8. A empatia nas empresas
mum a todos os indivíduos;
▪ A genética determina traços individuais e únicos QUAL A RELAÇÃO ENTRE EMPATIA E PRODUTI-
de cada indivíduo particular. VIDADE?
O conceito de empatia está relacionado à capacidade
6.2 Adquiridas de ouvir o outro de tal forma a compreender o mundo a
partir de seu ponto de vista. Não pressupõe concordância
▪ Ambiente físico: nutrição, temperatura, altitude; ou discordância, mas o entendimento da forma de pen-
▪ Ambiente social: cultura, relações interpessoais; sar, sentir e agir do interlocutor. No momento em que isso
▪ As experiências da vida de uma pessoa são deter- ocorre de forma coletiva, a organização dialoga e conhece
minantes para a constituição de sua personalidade; saltos de produtividade e de satisfação das pessoas. (Silvia
▪ Dentre os aspectos importantes da personalidade, Dias – Diretora de RH da Alcoa)
citamos o temperamento e o caráter. A empatia é primordial para o desenvolvimento de
lideranças e o aperfeiçoamento da gestão de pessoas, pois
O temperamento é uma característica inata, que re- pressupõe o respeito ao outro; em uma dinâmica que fa-
cebemos em nossa carga genética, determinando nossas vorece o aumento da produtividade. (Olga Lofredi – Presi-
reações, principalmente quando se envolve emoção, por dente da Landmark )
exemplo, tolerância, otimismo, paciência, agressividade,
enfim, é a forma como vamos lidar com todas as emo- É quando desenvolvemos a compreensão mútua, ou
ções que podem aflorar quando estamos em uma deter- seja, um tipo de relacionamento em que as partes com-
minada situação. preendem bem os valores, deficiências e virtudes do ou-
Já o caráter é o resultado moral do que agregamos de tro. No contexto das relações humanas, pode-se afirmar
princípios e valores ao longo de nosso desenvolvimento. que o sucesso dos relacionamentos interpessoais depen-
A base sobre a qual agimos e decidimos. de do grau de compreensão entre os indivíduos. Quando
No campo organizacional, o estudo da personalidade há compreensão mútua, as pessoas comunicam-se me-
permite compreender o conjunto que se tem, as caracte- lhor e conseguem resolver conflitos de modo saudável.
rísticas presentes na equipe, o que permite o gestor apro-
veitar todas as potencialidades e estimular o desenvolvi-
mento das competências e a melhoria do desempenho. COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Visto que grande parte dos conflitos nas organizações Conduzir eficientemente processos de comunicação
ocorre por diferenças e discordâncias entre as caracterís- interpessoal e trocar feedback de forma motivadora têm
ticas e os interesses entre colaboradores e também en- sido um grande desafio na liderança de equipes e grupos
tre estes e os objetivos da organização, as políticas de de trabalho em geral.
Gestão de Pessoas precisam ser flexíveis e adaptáveis à Sendo assim, o profissional precisa aprender a admi-
realidade e à necessidade de cada indivíduo para assim nistrar:
conseguir tirar o máximo de proveito do conjunto exis- ▪ A correta utilização da comunicação verbal e não
tente no corpo de colaboradores focando nos objetivos verbal;
organizacionais e no desenvolvimento individual de cada ▪ A comunicação como elemento de integração e
colaborador. motivação na empresa;
▪ Competências técnicas e humanas;
7. Empatia ▪ Como o ouvinte percebe a sua comunicação;
▪ Gerenciamento de relações;
Colocar-se no lugar do outro, mediante sentimentos ▪ Resolução de conflitos;
e situações vivenciadas. ▪ Como ouvir melhor: a arte de esclarecer e confir-
“Sentir com o outro é envolver-se”. A empatia leva ao mar;
envolvimento, ao altruísmo e a piedade. Ver as coisas da ▪ Como especificar méritos e sugerir mudanças;
perspectiva dos outros quebra estereótipos tendencio- ▪ A importância de argumentar para os valores do
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

sos e assim leva à tolerância e à aceitação das diferenças. outro.


A empatia é um ato de compreensão tão seguro quanto
à apreensão do sentido das palavras contidas numa pá- 1. Processo comunicacional
gina impressa.
A empatia é o primeiro inibidor da crueldade huma- O processo comunicacional tem como maior objeti-
na: reprimir a inclinação natural de sentir com o outro vo a interação humana, buscando o estabelecimento das
nos faz tratar o outro como um objeto. relações e o entendimento entre os indivíduos.
O ser humano é capaz de encobrir intencionalmente Desde os tempos antigos, Aristóteles já dizia que:
a empatia, é capaz de fechar os olhos e os ouvidos aos (...) devemos olhar para três ingredientes na comunica-
apelos dos outros. Suprimir essa inclinação natural de ção: quem fala, o discurso e a audiência. Ele quis dizer que
sentir com outro desencadeia a crueldade. cada um destes elementos é necessário à Comunicação e

31
que podemos organizar nosso estudo do processo sob estes 4. Emissor
três títulos: 1) a pessoa que fala; 2) o discurso que faz; 3) a
pessoa que ouve. É o agente do processo de Comunicação, ou seja, é
a pessoa que tem uma mensagem para comunicar. Ele é
É interessante notar que praticamente todos os mo- a fonte ou a origem do processo de Comunicação. Além
delos atuais de processos comunicacionais são parecidos disso, é quem vai tomar a iniciativa de se comunicar e
com o de Aristóteles, sendo que o que mudou foi a com- buscar a interação com as outras pessoas, a fim de alcan-
plexidade com que eles estão sendo abordados. çar o seu objetivo.
As primeiras abordagens da Comunicação defendiam Para alcançar a eficácia da Comunicação, o emissor
um processo comunicacional constituído por apenas tem que ter como requisitos fundamentais:
quatro elementos fundamentais: emissor, receptor, men- ▪ Habilidades: para que possa falar, ler, ouvir e racio-
sagem e meio. Já as abordagens mais recentes da Comu- cinar.
nicação, defendem que o processo é desencadeado por ▪ Atitudes: por influenciar o comportamento e por
oito elementos, são eles: objetivos, emissor, mensagem, estarem relacionadas a ideias pré-concebidas,
meio, receptor, significado, resposta e situação. quanto a vários assuntos, as comunicações são
Todos os elementos do processo são interdependen- influenciadas por determinados tipos de atitudes
tes e devem seguir uma ordem para que haja uma inte- que as pessoas tomam.
gração lógica entre esses elementos e o próprio proces- ▪ Conhecimento: a extensão e profundidade do co-
so comunicacional. nhecimento das pessoas sobre um assunto pode
A seguir, os componentes do processo serão especi- restringir (se o assunto não é de conhecimento do
ficados um a um: emissor) ou ampliar (quando o receptor não com-
preende a mensagem que está sendo transmitida)
2. Situação o campo comunicacional.
▪ Sistema sociocultural: a situação cultural em que o
A situação pode ser considerada a circunstância na emissor se situa, com suas crenças, valores e atitu-
qual as mensagens são passadas do emissor ao receptor. des influencia o tempo todo a sua função de co-
“Todos os processos de Comunicação acontecem em de- municador.
terminada situação, seja ela favorável ou desfavorável. A
situação real que deve ser considerada, no processo de Um requisito significativo no contexto organizacio-
Comunicação, é aquela percebida e sentida pelo recep- nal é a representatividade do emissor, ou seja, a posição
tor e não aquela vivida ou sentida pelo emissor”. Para hierárquica exercida pelo emissor, que é de fundamental
que a transmissão da mensagem seja considerada efi- importância para a credibilidade da mensagem a ser co-
caz, deve-se procurar a situação mais favorável, pois, se municada.
o emissor procurar comunicar-se em uma situação des-
favorável, poderá acontecer que o receptor não lhe dará 5. Mensagem
a atenção devida e, consequentemente, não entenderá a
mensagem que lhe foi transmitida. É o que vai ser comunicado pelo emissor. Deve estar
adequada ao nível cultural, técnico e hierárquico do re-
3. Objetivos ceptor. É composta por conteúdo e forma.
O conteúdo representa o que será transmitido e de-
Podem ser caracterizados como os estímulos que le- pende dos objetivos do processo comunicacional. Não
vam o emissor a transmitir a mensagem. Como a Comu- deve ser insuficiente ou excessivo, deve comunicar o
nicação é um processo de interação, na qual as pessoas essencial, frente aos objetivos a serem alcançados pelo
integram-se umas com as outras, os objetivos podem ser emissor. O conteúdo também “deve ter uma sequencia
considerados como “os interesses” que levaram o emis- lógica, ou seja, um início (objetivos), um meio e um fim
sor a interagir com o receptor. Alguns exemplos de ob- (conclusões)”. A forma é a maneira pela qual a mensa-
jetivos: ouvir opiniões a respeito de algo ou dar um aviso gem é transmitida. As formas básicas são as verbais e as
sobre o churrasco do final de semana. não verbais. As verbais podem ser orais e escritas (pala-
Além dos objetivos serem um interesse que o emissor vras, letras, símbolos). Já as não verbais, podem ser ges-
tem em relação ao receptor, alguns autores lançam uma tuais (mímicas, movimentos corporais), vocais (timbre de
reflexão intrínseca de que os objetivos também devem voz e entonação) e espaciais (local físico e layout).
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

chamar a atenção de quem recebe a mensagem, por- (...) não há uma forma melhor do que a outra. A es-
que senão o receptor não se sentirá atraído e também colha da forma depende de um conjunto de fatores, den-
não verá utilidade alguma na mensagem. Desta forma, tre os quais os mais relevantes são: rapidez requerida (na
para que o receptor perceba a utilidade da mensagem, transmissão da mensagem, na obtenção das respostas);
o emissor deve conhecer as necessidades, os gostos, quantidade de receptores; localização geográfica dos re-
ações, pensamentos, crenças e valores de quem vai rece- ceptores; necessidade de formalizar a mensagem; neces-
ber a mensagem, pois só assim a Comunicação valerá a sidade de consultas posteriores sobre a mensagem; com-
pena. É imprescindível a clareza dos objetivos, pois sem plexidade do assunto tratado; facilidade de retenção da
isso, o processo não ocorre eficazmente. mensagem (lembrança)

32
Além disso, também se destaca que um único proces- Portanto, quando o receptor interpreta a mensagem
so pode utilizar mais de uma forma de Comunicação. Um da mesma forma que o emissor quis transmiti-la, pode-se
exemplo de conteúdo e formas diferentes de se transmi- dizer que o receptor captou o significado da mensagem.
tir a mensagem pode ser: demissão de um colaborador Quando a mensagem é transmitida pelo emissor, ela
da Organização (conteúdo) – comunicada por e-mail a é codificada e quando é recebida pelo receptor, ela é
todos os outros colaboradores (forma não verbal) ou na decodificada. As codificações e decodificações são com-
reunião pelo gerente (forma verbal). postas por um conjunto de signos, utilizados pelas pes-
soas para representar seus pensamentos, a realidade em
6. Meio que vivem etc.
Os signos devem expressar a mesma coisa para o
Pode ser chamado, também, de canal ou veículo de emissor e para o receptor, ou seja, o significado que o
transmissão. Como a própria denominação já diz, o meio objeto porta para o emissor deve ser o mesmo que o
é o recurso utilizado pelo emissor para transmitir a men- do receptor. Caso isso não ocorra, a mensagem não será
sagem. O meio “é determinado pelos requisitos de for- transmitida eficazmente, já que a interpretação do recep-
ma da mensagem a ser transmitida e da resposta a ser tor não é a correta ou a esperada pelo emissor.
obtida.” Ou seja, o meio de Comunicação está associado Mas, mesmo que o significado seja o mesmo, para
à forma verbal ou não verbal de transmissão da men- o emissor e para o receptor, não se pode dizer que as
sagem, isso quer dizer que, dependendo das situações questões referentes ao processo de comunicação foram
específicas de cada mensagem, o meio pode ser caracte- resolvidas, pois, “a compreensão, através da comunhão
rizado de várias formas, desde a voz humana à televisão do significado, não quer dizer, necessariamente, acordo.
e até pelo fax ou pelo e-mail. Posso compreender uma ideia, sem concordar com ela.”
Vale ressaltar que não existe um meio ou uma forma Portanto, não é apenas o entendimento do significado,
melhor que o outro, existe, sim, um mais adequado, de por ambas as partes que assegura a eficácia da comuni-
acordo com as características da mensagem a ser trans- cação. Em relação a isso, podemos dizer que “ainda que
mitida. “O requisito fundamental na escolha do meio é o significado comum não assegure sozinho, a eficácia do
que ele não provoque ruído” nas mensagens, pois o ruído processo de comunicação como um todo, é um requisito
é uma interferência que prejudica a transmissão da men- fundamental para promover o entendimento.”
sagem, comprometendo a recepção da mesma, ou seja,
a decodificação da mensagem pelo receptor. Para que
9. Resposta
haja um melhor entendimento do significado de ruído,
vale a pena exemplificar: uma linha cruzada do telefone,
Pode ser chamada, também, de feedback ou compor-
um documento sujo ou borrado, alguém que fale muito
tamento esperado, pois é a reação do receptor à mensa-
baixo, um ambiente de trabalho desconfortável etc.
gem recebida. É o último objetivo do processo, pois é o
desejado pelo emissor ao emitir uma mensagem.
7. Receptor
A resposta pode ser considerada como a efetivação
É quem recebe a Comunicação, ou seja, é o foco da do recebimento da mensagem, determinando, ou não,
comunicação. É ele quem vai reagir ao estímulo promo- o sucesso da mesma. Por meio da comunicação oral, as
vido pelo emissor. pessoas conseguem personificar seu ser.
Sem o receptor, não há Comunicação, pois, se o re- Comunicação é tornar algo comum, compartilhar, di-
ceptor não faz parte do processo, o emissor não tem para vidir, trocar.
quem comunicar a sua mensagem e, consequentemente, Enfim, é o processo de transmitir uma informação a
não terá uma resposta. outra pessoa, no entanto, o que caracteriza a comuni-
Sendo assim, pode-se dizer que todo o processo de cação é a compreensão e não simplesmente o informar.
Comunicação deve ser direcionado de acordo com as ca- Daí a diferença de comunicação (que é a informação
racterísticas do receptor. A seguir algumas características sendo transmitida) e comunicabilidade (que é o ato co-
que, assim como o emissor, o receptor necessita ter, para municativo otimizado).
que a Comunicação seja eficaz: Barreiras à comunicação eficaz – alguns elementos
(...) assim como o emissor foi limitado por suas ha- prejudicam a transmissão e a compreensão da comuni-
bilidades, atitudes, conhecimento e sistema sociocultural, o cação, entre eles podemos citar:
receptor é restringido da mesma maneira. Assim como o ▪ Ruídos;
emissor deve ter habilidades de escrever ou falar, oreceptor ▪ Sobrecarga de informações;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

deve ser hábil em ler ou ouvir, e ambos devem ser capazes ▪ Tipos de informações;
de raciocinar. O conhecimento, atitudes e formação cultural ▪ Fonte de informações;
de alguém influenciama sua capacidade de receber, assim ▪ Localização Física;
como o fazem com a capacidade de enviar mensagens. ▪ Defensidade.

8. Significado Além desses, as barreiras são um conjunto de fatores


que impedem ou dificultam a recepção da mensagem,
É a compreensão da mensagem, no seu sentido cor- no processo comunicacional.
reto. É o “entendimento comum” da mensagem entre o A seguir, serão abordadas as teorias da Sociologia e
emissor e o receptor. Isso ocorre quando o emissor e o da Administração, em relação às barreiras, especifican-
receptor entendem da mesma forma a mensagem. do-as:

33
10. Abordagem sociológica 10.2 Barreiras sociais

As barreiras podem ser divididas em seis grupos: 1. Educação: os princípios e valores adquiridos pelos
• Barreiras pessoais; indivíduos também fazem parte do processo co-
• Barreiras sociais; municacional.
• Barreiras fisiológicas; 2. Cultura: a comunicação, como já foi visto, muda de cultu-
• Barreiras da personalidade; ra para cultura. Por conseguinte, se as pessoas têm cul-
• Barreiras da linguagem; turas muito distintas, a comunicação ficará prejudicada.
• Barreiras psicológicas. 3. Crenças, normas sociais e dogmas religiosos: assim
como em relação à cultura, se as pessoas que estão
10.1 Barreiras pessoais se comunicando divergem com muita intensidade
nessas questões, os processos comunicacionais se-
1. Nível de conhecimento: está ligado à profundidade rão prejudicados ou a mensagem não será trans-
de conhecimento que as pessoas têm e revelam no mitida adequadamente.
decorrer do processo comunicacional. Pode tam-
bém ser atribuído pelas outras pessoas que fazem 10.3 Barreiras fisiológicas
parte do processo, por perceberem o conhecimen-
to e o reconhecerem. “Este aspecto pode conduzir As deficiências do aparelho fonoaudiológico e do
à maior ou menor credibilidade ao emissor e tra- aparelho visual criam dificuldades na Comunicação.
zer-lhe um estatuto que pode marcar o desempe-
nho do seu papel enquanto comunicador.” Algu- 10.4 Barreiras da personalidade
mas pessoas, por conhecerem profundamente um
assunto, não gostam ou se incomodam em con- 1. Autossuficiência: ocorre quando a pessoa acha que
versar com alguém que não tem o mesmo domínio sabe tudo, ou seja, a pessoa acha que o que ela
do assunto e vice-versa. sabe e conhece é o suficiente. Esta barreira ocorre
2. Aparência: a forma de se vestir e se cuidar pode de duas maneiras: “julgamento do todo pela parte”
determinar o jeito com que as pessoas se comu- – acontece quando a pessoa julga outras pessoas
nicarão umas com as outras. Dias (2001) coloca e/o coisas pelo que ela conhece; e intolerância, a
que, tanto as expectativas provocadas, como as qual acontece quando a pessoa não aceita o ponto
primeiras impressões, são determinantes para um de vista das outras pessoas, pois julga que o único
processo comunicacional eficaz. Por exemplo, um ponto de vista correto é o seu próprio.
homem de terno e gravata tem muito mais faci- 2. Congelamento das avaliações: acontece quando
lidade de receber atenção do que um homem de a pessoa acredita que as pessoas e as coisas não
bermuda e tênis. mudam, ou seja, quando a pessoa supõe que as
3. Postura corporal: deve ser estabelecida de acordo circunstâncias sempre serão as mesmas, indepen-
com o que se quer comunicar. Alguns teóricos da dente das mudanças que surgirem com as pessoas
Sociologia dizem que a postura também deve ser e coisas. Fazem parte dessas avaliações os precon-
adequada de acordo com o grupo com o qual se ceitos e a insegurança que as pessoas têm frente a
está comunicando. algumas situações e frente às outras pessoas
4. Movimento corporal: certos movimentos podem 3. Comportamento Humano: aspectos objetivos e
ser favoráveis ou não para um processo eficaz. subjetivos: está no conflito personalidade subjetiva
Podemos citar o livro “O corpo fala”, que aborda (interior de cada pessoa ou as opiniões próprias) X
a questão de que o corpo também se comunica, personalidade objetiva (o que é exteriorizado para
as expressões corporais manifestam a ansiedade, a as outras pessoas ou a realidade concreta). Quan-
atração, o nervosismo, a tristeza etc. do se diz personalidade, toma-se como princípio
5. Contato visual: a forma como as pessoas se olham a caracterização da personalidade por processos
demonstra como uma está se sentindo em relação comportamentais, que são estabelecidos pela in-
à outra, além de informar o grau de atenção que teração das reações individuais com o meio social.
está sendo dirigida à pessoa que está falando. “O “A Comunicação Humana baseia-se na concepção
direcionamento, o tempo, o contexto, a oportuni- da personalidade projetiva, na evidência de que,
dade, a intensidade, o status de quem olha ou de na sociedade humana, o homem precisa ‘vender’ a
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

quem é olhado impõem um quadro interpretativo sua personalidade.” Para tanto, ele precisa torná-la
que cada cultura se encarrega de transmitir aos socialmente aceitável, e aí está o conflito, pois a
seus membros pelo processo de socialização.” pessoa tem que estar o tempo todo tornando a
6. Expressão facial: é determinante, pois é uma forma sua personalidade vendível, para que o outro pos-
de demonstrar o interesse das pessoas pela men- sa aceitar se comunicar com ela. Exemplificando,
sagem que está sendo transmitida. ocorre quando alguém tem uma determinada opi-
7. Fluência: a articulação das palavras, a modulação nião negativa sobre o aborto, mas, ao conversar
(intensidade dos sons), o ritmo e o timbre da voz com alguém que acabou de conhecer e que é a
fazem diferença em termos da maneira como são favor do aborto, deixa de expressar a sua opinião e
utilizados para a eficácia da transmissão da men- conversa com a outra pessoa como se não tivesse
sagem. uma opinião bem formada a respeito do assunto.

34
4. Geografite: está relacionada com as atitudes das de serem transmitidas, com fidelidade, de uma
pessoas que se comovem mais com os “mapas” cabeça para outra.” E como as palavras abstratas
do que com os “territórios”. Mapas são os senti- fazem parte do repertório específico de cada um,
mentos, imaginações, palpites, hipóteses, pres- fica difícil um processo comunicativo eficaz, sem
sentimentos, preconceitos, inferências etc. Já os uma predefinição dessas palavras, já que elas pos-
territórios são os objetos, as pessoas, as coisas, os sibilitam muitos equívocos.
acontecimentos etc. Isso é relevado devido ao fato
de que, atualmente, as pessoas têm se envolvido, 3. Desencontros:
constantemente, com quaisquer tipos de sugestio- Esta barreira pode ser caracterizada como a diferença
nabilidades, tornando-se exageradamente crédu- de percepção de cada indivíduo, ou seja, a sub-
las; ou pela forma como as pessoas vêm distorcen- jetividade de cada um. Uma determinada palavra,
do a realidade, como por exemplo, por meio dos para um indivíduo, tem um significado A; já para
horóscopos, das coisas sobrenaturais, das profe- outro indivíduo, um significado B, e isso ocorrerá
cias etc. Essas questões ocasionam uma certa falta com todos os indivíduos, pois ninguém percebe as
de civilização, ou seja, falta de equilíbrio racional coisas da mesma forma, cada um tem a sua for-
para lidar com os acontecimentos e com as coisas ma de perceber e significar as coisas, palavras etc.
e pessoas. Caso não aconteça um consenso e/ou esclareci-
mento das questões a serem comunicadas, o pro-
5. Tendência à complicação: essa é uma das barreiras cesso ficará comprometido e cheio de equívocos
mais comuns, pois está concebida no fato de que de compreensão.
as pessoas têm o hábito de restringir e complicar
coisas e acontecimentos simples, o tempo todo, 4. Indiscriminação:
até mesmo quando se trata de sistematização e Ocorre quando há uma rotulação das coisas, pessoas
pensamento lógico. e acontecimentos, quando a percepção está fo-
cada, apenas, nas semelhanças ou em alguns pa-
10.5 Barreiras da linguagem
drões (ou clichês) criados por cada indivíduo, não
havendo um discernimento entre as diferenças. Em
1. Confusões entre:
relação à indiscriminação, a Comunicação Humana
a) Fatos X Opiniões: As pessoas estão o tempo todo
é prejudicada por alguns fatores, são eles: abuso
se referindo a fatos, como se estivessem emitin-
dos ditados populares e a crença de que “a voz do
do opiniões e vice-versa. “Fato é acontecimento;
povo é a voz de Deus”.
é coisa ou ação feita. Opinião é modo de ver, é
conjectura”. Pode-se dizer que uma das coisas
mais ameaçadoras do processo comunicacional é 5. Polarização:
a transformação de uma opinião em fato, pois, a “Há polarização quando tratamos os contrários como
partir do momento em que a pessoa se conven- se fossem contraditórios. Polarização é a tendência
ce de que sua suposição realmente aconteceu, ela a reconhecer apenas os extremos, negligenciando
perde a noção dos verdadeiros acontecimentos e as posições intermediárias.” O processo comunica-
divulga para outras pessoas as suas opiniões sobre cional fica bastante prejudicado quando os pontos
os fatos, como sendo os próprios acontecimentos, de vistas são extremistas, pois dificilmente encon-
causando distorções na realidade. Exemplifican- tra-se um meio termo, sem causar grandes discus-
do: o gerente de departamento chegou duas ho- sões ou fugir aos objetivos do processo.
ras atrasado no trabalho (fato). Patrícia diz que foi
porque ele acordou atrasado; já Fabíola diz que foi 6. Falsa identidade baseada em palavras:
por razão de algum problema pessoal (opiniões). Acontece quando uma pessoa percebe coisas em co-
b) Inferências X Observações: trata-se de conside- mum entre duas ou mais coisas e conclui que essas
rar as inferências como observações e vice-ver- coisas são idênticas. Um exemplo claro disso é: os
sa. Inferir é deduzir e observar é prestar atenção, cariocas são flamenguistas. Camila é flamenguista.
olhar algo que está acontecendo. “As inferências Por conseguinte, Camila é carioca. A palavra tem
são menos prováveis do que as observações; (...) uma força fora do comum, podendo beneficiar ou
as inferências nos oferecem certezas relativas; as prejudicar alguém por meio dessas conclusões das
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

observações nos oferecem certezas absolutas.” O semelhanças entre as coisas.


tempo todo as pessoas fazem inferências. Quando
leem um jornal, por exemplo, inferem o que real- 7. Polissemia:
mente ocorreu. O problema desta barreira está no É a reunião de vários sentidos em apenas uma pa-
fato das pessoas tomarem sempre como lei as in- lavra. Cada um tem um repertório de palavras e
ferências e não se utilizarem mais de observações. significados e uma mesma palavra pode ter vários
significados para um mesmo indivíduo. Então, já
2. Descuidos nas palavras abstratas: que o processo comunicacional precisa de no mí-
“Atrás de uma palavra nem sempre está uma coisa. nimo duas pessoas para acontecer, pode-se ima-
Palavras não são coisas; são representações de coi- ginar o quão complexo é a Comunicação entre
sas, quase sempre específicas, e por isso, difíceis diversas pessoas.

35
“A palavra é a maneira de traduzir ideias ou pensa- tipos de mensagem, sendo que o que vai deter-
mentos.” Portanto, cada indivíduo tende a trans- minar se o meio é o mais adequado, ou não, é a
mitir as mensagens “carregadas” de palavras com situação específica de cada mensagem. ▪ A Comu-
suas percepções das coisas. Essa barreira está nicação Oral tem a tendência de aumentar a eficá-
lado a lado com a barreira de desencontros, pois cia da Comunicação, quando bem utilizada, pois
as duas abordam as diferenças de percepções de proporciona uma resposta imediata, além de esti-
cada indivíduo. mular o pensamento do receptor, no momento em
Tem uma palavra que serve de exemplo desta barreira, que a mensagem está sendo transmitida e por dar
qual seja: abacaxi pode ser uma fruta ou um proble- um toque mais pessoal à mensagem e ao processo
ma que dá muito trabalho para ser resolvido. como um todo. Deve ser mais usada quando se
quer comunicar mensagens mais complexas e difí-
7. Barreiras verbais: ceis de serem transmitidas. Já a comunicação escri-
São aquelas provocadas por palavras e expressões ta, tem a tendência de ser mal-entendida, porque
causadoras de antagonismos, ou seja, são as cau- quem escreveu pode não ter sido suficientemente
sadoras de oposições de ideias. claro ou não ter expressado o que queria correta-
mente.
11. Abordagem da Administração ▪ Linguagem: pode ser considerada uma das barrei-
ras mais comuns, pois ocorre o tempo todo, no dia
As barreiras mais destacadas neste campo de estudos a dia das pessoas em uma Organização. Como as
são: pessoas tendem a achar que os significados que as
▪ Falta de comunicação: “é um dos problemas mais palavras têm para elas são os mesmos significados
frequentes nas empresas e que gera as consequên- que outras pessoas atribuem, uma barreira acaba
cias mais graves.” Pode ser causada por: interpre- surgindo no processo.
tações distorcidas dos fatos; falta de adesão a uma ▪ Efeito status: A hierarquia dentro das organizações
decisão e às mudanças; desmotivação das pessoas pode criar barreiras nas comunicações. Esta bar-
pela não participação e pelo desconhecimento do reira está ligada a outra barreira, a filtragem, que
que se passa na Organização; conflitos entre pes- já foi citada anteriormente. Quando os colabora-
soas e departamentos etc. dores têm que comunicar algo aos gerentes das
▪ Falta de clareza de objetivos: ocorre quando a Organizações, eles tendem a filtrar a mensagem,
mensagem não tem conteúdo e forma bem defini- de forma que ela seja transmitida e decodificada,
dos. Exemplo: uma reunião em que ninguém con- no intuito de agradar os gerentes.
segue entender o porquê de estar acontecendo. ▪ Impertinência da mensagem: quando as mensa-
▪ Texto fora do contexto: quando a comunicação é gens são transmitidas em momentos inoportunos
feita, apenas, sobre um determinado acontecimen- e desagradáveis, o processo se prejudica pela ina-
to, sem dizer o contexto no qual ele está inserido. dequação da situação escolhida.
Acontece quando uma decisão é simplesmente
comunicada, sem que se expliquem os porquês e
motivos em questão. 12. Como melhorar a comunicação interpessoal
▪ Filtragem: ocorre quando o emissor manipula a
mensagem, de acordo com os seus objetivos e in- ▪ Habilidades de transmissão;
teresses, de forma que a mensagem favoreça o seu ▪ Linguagem apropriada;
ponto de vista ou o que ele deseja que o receptor ▪ Informações claras;
decodifique. ▪ Canais múltiplos;
▪ Percepção seletiva: o emissor vê e ouve, apenas, ▪ Comunicação face a face sempre que possível.
ou mais acuradamente, aquilo que lhe interessa, É notório que problemas de comunicação são de di-
ou seja, faz uma seleção das mensagens relaciona- fícil intervenção e por isso demandam do emissor um
das com suas necessidades, motivações, referên- enorme cuidado ao transmitir a mensagem necessária de
cias etc. As pessoas “não veem a realidade; em vez forma clara e objetiva.
disso, interpretam o que veem e chamam de reali-
dade.” Pode ser prejudicial, à medida que a pessoa Existem três fontes de sinais de comunicação e cada
tende a perceber só aquilo que lhe convém e isso uma representa um percentual deste processo:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

não permite uma percepção neutra dos aconteci- ▪ Comunicação verbal: palavras expressas 7%;
mentos, coisas e pessoas. ▪ Comunicação vocal: entonação, o tom e timbre de
▪ Defensiva: “Quando as pessoas se sentem amea- voz 38%; 
çadas, geralmente respondem de forma que atra- ▪ Expressão facial e corporal 55%;
palha a Comunicação.” A partir do momento em
que a pessoa se sente ameaçada, ela não consegue A falta de comunicação adequada pode gerar pro-
decodificar e nem transmitir as mensagens com blemas de diversos tipos e com consequências variadas,
eficácia. entre as quais podemos citar:
▪ Uso inadequado dos meios: como já foi falado ▪ Confusão entre os envolvidos; 
anteriormente, não existe um meio mais adequa- ▪ Perda na prestação do serviço ou na confecção do
do para ser utilizado na transmissão de diferentes produto; 

36
▪ Comprometer a imagem da empresa;  14. Eficácia na comunicação
▪ Desmotivação; 
▪ Retrabalho;  Comunicar-se eficazmente é proporcionar transfor-
▪ Falta de procedimentos e ordens claras;  mação e mudança na atitude das pessoas. Se a comuni-
▪ Insatisfação de uma forma geral. cação apenas muda as ideias das pessoas, mas não muda
suas atitudes, então a comunicação não atingiu seu re-
Um princípio fundamental para a boa comunicação é sultado. Ela não foi eficaz.
a disposição e a sabedoria em ouvir. A clareza e a certeza de que se foi entendido repre-
Toda a eficácia do processo depende, essencialmente, sentam um dos pilares de um projeto bem sucedido e
de saber ouvir e entender a mensagem que foi transmi- essa sempre foi uma das principais preocupações de to-
tida inicialmente, para então começar um processo de das as empresas. Várias são as vezes que apenas infor-
comunicação. mamos e não formamos a ideia do que queremos que a
outra parte faça.
13. Formas de comunicação Existem algumas ferramentas e regras que ajudam na
conscientização sobre o próprio nível de comunicação.
A comunicação vem sofrendo evoluções ao longo do Abaixo, o “Modelo de Quatro Elementos”, comprova-
tempo, assim como todo o processo que sofre influência do e aplicado por Philip Walser, como uma das ferramen-
do mundo globalizado. As formas mais tradicionais de tas das quais podemos dispor.
comunicação englobam: Os quatro elementos são: “Framing” – “Advocating” –
▪ Manual; “Inquiring” –“Illustrating”:
▪ Revista; 
▪ Jornal;  ▪ Framing: é definir o tema a ser abordado durante
▪ Boletim;  uma conversa logo no começo. Pode ser necessá-
▪ Quadro de aviso. rio redefinir o tema durante o andamento (“Re-fra-
ming”), mas deve-se evitar que a conversa vá para
Com o desenvolvimento dos meios de comunicação, lugares distantes que não têm nada a ver com o
figuram novos métodos efetivos para desenvolvê-la, tais assunto.
como: ▪ Advocating: é explicar o seu próprio ponto de vista
▪ Intranet;  de forma clara e objetiva, não deixando de lado os
▪ Correio eletrônico;  porquês desse ponto de vista, ou seja, não engolir
▪ Comunicação face a face;  sapos, mas mencionar os valores que são a base
▪ Telão. deste seu ponto de vista.
▪ Inquiring: até mais importante do que esclarecer o
Em linhas gerais, torna-se necessário que o profissio- seu, é importante entender o ponto de vista do ou-
nal exercite tanto a linguagem verbal como a linguagem tro. Isto se faz através de perguntas benevolentes
não verbal, que forçam o tempo todo as habilidades de que não tem o objetivo de interrogar.
comunicação. ▪ Illustrating:  é resumir os diversos pontos de vis-
Alguns itens são vitais na linguagem não verbal e de- ta, procurar pontos em comum, colocar assuntos
vem ser compreendidos para a sua melhor utilização: polêmicos na mesa, visando a uma solução sendo
▪ Gestos; flexível e contando com a flexibilidade do outro,
▪ Postura;  diminuir complexidade para focar o que realmente
▪ Movimentos do corpo; está no centro da conversa.
▪ Tom da voz e velocidade da fala; 
▪ Movimentação entre receptor /emissor. Observar, ouvir e dar importância para o outro é de-
terminante para a eficácia da comunicação.
A linguagem não verbal é considerada vital para o De qualquer forma, a comunicação começa pelos
processo de comunicação, tendo em vista que esta não sentidos (visão, audição, tato, olfação e gustação). Uma
ocorre apenas por meio de palavras, sendo um processo maneira prática de identificar a forma como uma pessoa
muito mais complexo do que se imagina. está pensando é prestar atenção às palavras que ela uti-
No momento da comunicação, é necessário decodi- liza, pois nossa linguagem está repleta de sinais, gestos,
ficar as mensagens não verbais, pois, quando isso não posturas e palavras baseados nos sentidos. Observar, ou-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

ocorre, estima-se que há uma perda de 65% do que é vir e dar importância para o outro é determinante para a
comunicado. eficácia da comunicação.
No momento em que o profissional domina as men- É preciso abandonar a ilusão de que há solução fácil
sagens não verbais, ele passa a conduzir o processo de ou improvisada na construção de métricas que avaliem
comunicação de forma eficaz e consegue atingir os ob- nosso trabalho. Não se deve supor que a outra parte
jetivos propostos. entendeu, ou julgar que já deveria entender a mensa-
Em suma, é necessário para o profissional aprender gem. O que deve ser feito para que a comunicação seja
a utilizar sinais não verbais no processo de comunica- adequada é investigar se a outra parte compreendeu a
ção, bem como dominar a linguagem verbal. Na ausência mensagem.
destas habilidades, existirá um desnível significativo no
processo de comunicação entre emissor /receptor.

37
15. Comunicação interpessoal eficaz: cinco ele- nificativos Mediante a comunicação verbal e não verbal
mentos críticos com esses outros significativos, cada um passa a reco-
nhecer se é apreciado ou não, se é aceito ou rejeitado,
Há cinco componentes que distinguem claramente se é merecedor de respeito ou desdém, se é um sucesso
os bons dos maus comunicadores. Tais componentes são ou um fracasso.
Autoimagem, Saber Ouvir, Clareza de Expressão, Capaci- Para que um indivíduo venha a ter uma sólida au-
dade para lidar com sentimentos de contrariedade (irri- toimagem, ele precisa de amor, respeito e aceitação dos
tação) e autoabertura. outros significativos de sua vida.
O autoconceito, portanto, constitui um fator crítico
14.1 Autoimagem (ou autoconceito) para que alguém seja um comunicador eficaz. Em es-
sência, a autoimagem de um indivíduo é delineada por
O fator isolado mais importante que afeta a comu- aqueles que o tiverem amado ou pelos que não o tive-
nicação entre pessoas é a sua autoimagem: a imagem rem amado.
que têm de si mesmas e das situações que vivenciam.
Enquanto as situações podem variar em função do mo- 14.2 Saber ouvir
mento ou do lugar, as crenças que as pessoas possuem
acerca de si próprias estão sempre determinando seus Toda a aprendizagem relativa à comunicação tem fo-
comportamentos na comunicação. O “eu” é a estrela em calizado as habilidades de expressão oral e de persua-
todo ato de comunicação. são; até há bem pouco tempo dava-se pouca atenção à
Cada um tem, literalmente, milhares de conceitos a capacidade de ouvir. Esta ênfase exagerada dirigida para
respeito de si mesmo: quem é, o que significa, onde exis- a habilidade de expressão levou a maioria das pessoas a
te, o que faz e não faz, o que valoriza, no que acredita. subestimarem a importância da capacidade de ouvir em
Estas autopercepções variam em clareza, precisão e im- suas atividades diárias de comunicação.
portância de pessoa para pessoa. O ouvir, naturalmente, é algo muito mais intrincado
e complicado do que o processo físico da audição, ou
a) A importância da autoimagem de escutar. A audição se dá através do ouvido, enquan-
A autoimagem de alguém é quem ele é. É o centro do to que o ouvir implica num processo intelectual e emo-
seu universo, seu quadro referencial, sua realidade pes- cional que integra dados (inputs) físicos, emocionais e
soal, o seu ponto de vista particular. É um visor através intelectuais na busca de significados e de compreensão.
do qual ele percebe, ouve, avalia a compreende todas as O ouvir eficaz ocorre quando o “destinatário” é capaz de
coisas. É o seu filtro individual do mundo que o cerca. discernir e compreender o significado da mensagem do
A autoimagem de uma pessoa afeta sua maneira de remetente. O objetivo da comunicação só assim é atin-
se comunicar com os outros. Um autoconceito forte, po- gido.
sitivo, é necessário para haver interações hígidas e satis- O “Terceiro Ouvido”: Reik refere-se ao processo de
fatórias. Por outro lado, uma autoimagem fraca, inferior, ouvir eficazmente como sendo “ouvir com o terceiro
frequentemente distorce a percepção do indivíduo relati- ouvido”. O ouvinte eficaz escuta não só as palavras em
vamente a como os outros o veem, o que gera sentimen- si, como também seus significados subjacentes. Seu ter-
tos de insegurança no seu relacionamento interpessoal. ceiro ouvido, diz Reik, ouve aquilo que é dito entre as
Alguém que tenha a seu próprio respeito uma impressão sentenças e sem palavras, aquilo que se expressa silen-
negativa poderá encontrar dificuldades em conversar ciosamente, o que o emissor fala e pensa.
com outros, em admitir que esteja errado, em expressar Logicamente, o ouvir com eficácia não é um proces-
seus sentimentos, em aceitar críticas construtivas que lhe so passivo. Ele desempenha um papel ativo na comuni-
forem feitas ou em apresentar ideias diferentes das dos cação. O ouvinte eficaz interage com o interlocutor no
outros. Sua insegurança o leva a temer que os outros dei- sentido de desenvolver os significados e chegar à com-
xem de apreciá-lo se discordar deles. preensão.
Pelo fato de sentir-se desvalorizado, inadequado e Diversos princípios podem servir de auxílio para o
inferior, ele não tem confiança e pensa que suas ideias aprimoramento das habilidades essenciais para saber
não interessam aos outros e que não vale a pena comu- ouvir:
nicá-las. Ele pode tornar-se arredio e defensivo em sua 1. O ouvinte deve ter uma razão ou propósito de ou-
comunicação, renegando suas próprias ideias. vir;
2. O ouvinte deve suspender julgamentos;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

b) Formação da autoimagem 3. O ouvinte deve resistir a distrações – barulhos, pes-


Da mesma forma que o autoconceito de alguém afe- soas, olhares – e focalizar o interlocutor;
ta sua capacidade de se comunicar, a comunicação que 4. O ouvinte deve esperar antes de responder ao seu
trava com outros modela também sua autoimagem. Uma interlocutor. As respostas imediatas reduzem a efi-
vez que o homem é, antes de tudo, um animal social, ele cácia do ouvir;
forma os mais relevantes conceitos acerca do seu pró- 5. O ouvinte deve repetir palavra por palavra aquilo
prio eu a partir de suas experiências com outros seres que o interlocutor está dizendo;
humanos. 6. O ouvinte deve recolocar em suas próprias palavras
Os indivíduos aprendem a se reconhecer pela manei- o conteúdo e o sentimento daquilo que o outro
ra como são tratados pelas pessoas importantes de sua está dizendo, para que o interlocutor confirme se a
vida pessoas estas às vezes denominadas os outros sig- mensagem que transmitiu foi realmente recebida;

38
7. O ouvinte deve buscar os temas, os pontos centrais das, observadas, relatadas e integradas. Aí então
daquilo que o interlocutor está dizendo, ouvindo as pessoas podem fazer instintivamente os ajusta-
“através” das palavras para atingir sua real signi- mentos necessários, à luz de seus próprios concei-
ficação; tos de crescimento. Eles podem acompanhar a vida
8. O ouvinte deve utilizar o tempo diferencial entre a e mudar com ela.
velocidade do pensamento (400 a 500 palavras por
minuto) para “refletir” sobre o conteúdo e “buscar” 14.3 Autoabertura
o seu significado;
9. O ouvinte deve estar pronto para reagir aos co- A capacidade de falar total e francamente a respeito
mentários do interlocutor. de si mesmo – é necessária à comunicação eficaz. O in-
divíduo não pode se comunicar com outro ou chegar a
a) Clareza de expressão conhecê-lo a menos que se esforce pela autoabertura.
Ouvir eficazmente é uma habilidade necessária e ne- A capacidade de alguém para se autorrevelar é um
gligenciada na comunicação, porém muitas pes- sintoma de personalidade sadia.
soas consideram igualmente difícil dizer aquilo que Pode-se dizer que um indivíduo compreenderá tanto
querem dizer ou expressar aquilo que sentem. É a respeito de si próprio quanto ele estiver disposto a co-
que com frequência elas presumem simplesmente municar a outra pessoa.
que o outro compreende a sua mensagem, mes- Obstáculos à autorrevelação: para que se conheçam
mo que sejam descuidadas ou confusas em sua a si próprias e para que consigam relações interpessoais
fala. Parecem achar que as pessoas deveriam ser satisfatórias, as pessoas precisam revelar-se aos outros.
capazes de ler as mentes uns dos outros: “Se está Ainda assim, a autorrevelação é obstruída por muitos.
claro para mim, deve estar claro para você tam- A comunicação eficaz, então, tem por base estes cin-
bém”. Essa suposição é uma das maiores barreiras co componentes: uma autoimagem adequada; capaci-
ao êxito da comunicação humana. O comunicador dade de ser bom ouvinte; habilidade de expressar clara-
deficiente deixa que o ouvinte adivinhe o que ele mente os próprios pensamentos e ideias; capacidade de
quer dizer, partindo da premissa de que está, de lidar com emoções, tais como a ira, de maneira funcional
fato, comunicando. Por sua vez, o ouvinte age de e a disposição para se expor, para se revelar aos outros.
acordo com suas adivinhações. O resultado óbvio
disto é um mal-entendido recíproco. ATENDIMENTO AO PÚBLICO
Para se chegar a resultados objetivos planejados
– desde a execução da rotina diária de trabalho, A qualidade do atendimento ao público apresenta-
até a comunhão mais profunda com alguém – as -se como um desafio institucional e deve ter como meta
pessoas precisam ter um meio de se comunicarem aprimorar e uniformizar o serviço oferecido tanto ao pú-
satisfatoriamente. blico externo como ao público interno.
Vale ressaltar que o agente responsável por realizar
b) Capacidade para lidar com sentimentos de con- o atendimento, ao fazê-lo, não o faz por si mesmo, mas
trariedade (irritação) pela instituição, ou seja, ele representa a organização
A incapacidade de alguém para lidar com manifesta- naquele momento, é a imagem da organização que se
ções de irritação e contrariedade resulta, com fre- apresenta na figura desse agente.
quência, em curtos-circuitos na comunicação. Quando falamos em atendimento de qualidade, pen-
Expressão. A exteriorização das emoções é impor- samos em excelência na forma com que nossos clientes
tante para construir bons relacionamentos com os (internos ou externos) são tratados. Lidar com pessoas,
outros. As pessoas precisam expressar seus senti- como ocorre em um atendimento, exige uma postura
mentos de tal modo que elas influenciem, remode- comportamental comprometida com o outro, com suas
lem e modifiquem a si próprias e aos outros. Elas necessidades, seus anseios, mas também com a organi-
precisam aprender a expressar sentimentos de ira zação, suas regras, ou seja, exige responsabilidade, co-
de forma construtiva e não destrutivamente. As se- nhecimento de funções, uso adequado de ferramentas
guintes orientações podem ser úteis: para se enquadrar ao sistema de funcionamento da or-
1. Esteja alerta para suas emoções; ganização, agilidade, cordialidade, eficiência e, principal-
2. Admita suas emoções. Não as ignore ou renegue; mente, empatia para realizar um atendimento de exce-
3. Seja dono de suas emoções. Assuma responsabili- lência junto ao público.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

dade por aquilo que fizer; Atendimento corresponde ao ato de atender, ou seja,
4. Investigue suas emoções. Não procure “vencer” ao ato de prestar atenção às pessoas com as quais man-
uma discussão na base do revide, ou de “dar o tro- temos contato.
co”; A qualidade do atendimento prestado depende da
5. Relate suas emoções. A comunicação congruente capacidade de se comunicar com o público e da mensa-
significa uma combinação satisfatória entre o que gem transmitida.
você está dizendo e aquilo que está vivenciando;
6. Integre suas emoções, o seu intelecto e a sua von- O edital cita características que são imprescindíveis
tade. Dê uma oportunidade a você mesmo de quando se almeja alcançar um nível de excelência em
aprender e crescer como pessoa. As emoções não qualidade no atendimento. Vejamos:
podem ser reprimidas. Elas devem ser identifica-

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▪ Atenção: o cliente precisa ser o foco de suas ações. tamente com o cliente. Esta postura de abertura
É necessário fazer com que ele se sinta realmente do atendente suscita alguns sentimentos positivos
o elemento de maior importância nessa relação, nos clientes, como por exemplo:
e isso será possível quando o atende dispender a ▪ Postura do atendente de manter os ombros aber-
atenção necessária nesse contato, criando empa- tos e o peito aberto, passa ao cliente um sentimen-
tia para identificar de fato qual a melhor forma de to de receptividade e acolhimento;
atender esse cliente. ▪ A cabeça meio curva e o corpo ligeiramente inclina-
▪ Cortesia: ser cortês significa usar de gentileza, edu- do transmitem ao cliente a humildade do atendente;
cação, lidar as pessoas com amabilidade, generosi- ▪ O olhar nos olhos e o aperto de mão firme tradu-
dade e delicadeza no trato. zem respeito e segurança;
▪ Interesse: como dissemos acima, desenvolver em- ▪ A fisionomia amistosa alenta um sentimento de
patia, ou seja, quando se coloca no lugar da pessoa afetividade e calorosidade.
e demonstra interesse naquilo que é importante ▪ Ter sintonia entre fala e expressão corporal: ca-
para ela, consequentemente, realiza-se um traba- racteriza-se pela existência de uma unidade entre
lho melhor. o que dizemos e o que expressamos no nosso
▪ Presteza: está relacionado com a boa vontade e corpo. Quando fazemos isso, nos sentimos mais
pré-disposição em servir. harmônicos e confortáveis. Não precisamos fingir,
▪ Eficiência: eficiência é a capacidade de “fazer as mentir ou encobrir os nossos sentimentos e eles
coisas direito”, um administrador é considerado fluem livremente. Dessa forma, nos sentimos mais
eficiente quando minimiza o custo dos recursos livres do stress, das doenças, dos medos.
usados para atingir determinado fim. ▪ As expressões faciais: podemos extrair dois aspec-
▪ Tolerância: representa a capacidade de uma pes- tos: o expressivo, ligado aos estados emocionais
soa ou grupo de aceitar, em outra pessoa ou grupo que elas traduzem e a identificação desses estados
uma atitude diferente das que são a norma de seu pelas pessoas; e a sua função social, que diz em
grupo. que condições ocorreu a expressão, seus efeitos
▪ Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer- sobre o observador e quem a expressa.
nimento e sensatez quando fornece uma informa-
ção ao cliente. É necessário manter-se reservado Podemos concluir, entendendo que qualquer com-
sobre o que o cliente lhe diz. Assim, estará trans- portamento inclui posturas e é sempre fruto da interação
mitindo confiabilidade e seriedade no trabalho de- complexa entre o organismo e o seu meio ambiente.
senvolvido. Observando essas condições principais que causam a
▪ Conduta: espera-se que o atendente conheça e vinculação ou o afastamento do cliente da empresa, po-
respeite as normas internas, afinal, ele é um canal demos separar a estrutura de uma empresa de serviços
de transmissão da imagem da organização e, como em dois itens:
tal, deve manter postura profissional, agir dentro
da cultura da empresa/ instituição e conforme os 2. Os serviços
interesses institucionais, mas, ainda sim, atingindo
o resultado desejado de atender com excelência o O serviço assume uma dimensão macro nas organi-
cliente, resolvendo sua necessidade ou atendendo zações e, como tal, está diretamente relacionado ao pró-
seu desejo. prio negócio.
▪ Objetividade, clareza e concisão: ser direto, objeti- Nesta visão mais global, estão incluídas as políticas
vo e claro em suas respostas para o cliente e se ater de serviços, a sua própria definição e filosofia. Aqui, tam-
ao foco do que está sendo perguntado, fornecen- bém são tratados os aspectos gerais da organização que
do informações precisas e sucintas com atenção e dão peso ao negócio, como: o ambiente físico, as cores
clareza. (pintura), os jardins. Este item, portanto, depende mais
diretamente da empresa e está mais relacionado com as
1. Postura de atendimento condições sistêmicas.

Aqui, falamos em fatores pessoais que influenciam o 3. Pontos e políticas do atendimento


atendimento: apresentação pessoal, cortesia (persona-
lizar o atendimento), atenção, tolerância (grau de acei- É o tratamento dispensado às pessoas, está mais rela-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

tação de diferente modo de pensar), discrição, conduta, cionado com o funcionário em si, com as suas atitudes e
objetividade. o seu modo de agir com os clientes. Portanto, está ligado
A postura pode ser entendida como a junção de to- às condições individuais.
dos esses aspectos relacionados com a nossa expressão É necessário unir esses dois pontos e estabelecer nas
corporal na sua totalidade e nossa condição emocional. políticas das empresas o treinamento e a definição de um
Podemos destacar 3 pontos necessários para falar- padrão de atendimento e de um perfil básico para o pro-
mos de postura. São eles: fissional de atendimento, como forma de avançar no pró-
prio negócio. Dessa maneira, esses dois itens se tornam
▪ Ter uma postura de abertura: caracteriza-se por complementares e inter-relacionados, com dependência
um posicionamento de humildade, mostrando-se recíproca para terem peso.
sempre disponível para atender e interagir pron-

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4. O profissional do atendimento Essas empresas que perdem 68% dos seus clientes
não contratam profissionais com características básicas
Para conhecermos melhor a postura de atendimen- para atender o público, não treinam esses profissionais
to, faz-se necessário falar do verdadeiro profissional do na postura adequada, não criam um padrão de atendi-
atendimento. mento e este passa a ser realizado de acordo com as ca-
Os três passos do verdadeiro profissional de atendi- racterísticas individuais e o bom senso de cada um.
mento: A falta de noção clara da causa primária da perda de
clientes faz com que as empresas demitem os funcio-
4.1 Entender o seu verdadeiro papel: que é o de nários “porque eles não sabem nem atender o cliente”.
compreender e atender as necessidades dos clientes, fa- Parece até que o atendimento é a tarefa mais simples da
zer com que ele seja bem recebido, ajudá-lo a se sentir empresa e que menos merece preocupação. Ao contrá-
importante e proporcioná-lo um ambiente agradável. rio, é a mais complexa e recheada de nuances que per-
Este profissional é voltado completamente para a intera- passam pela condição individual e por condições sistê-
ção com o cliente, estando sempre com as suas antenas micas.
ligadas neste, para perceber constantemente as suas ne-
cessidades. Para o profissional, não basta apenas conhe- Essas condições sistêmicas estão relacionadas a:
cer o produto ou serviço, o mais importante é demons-
trar interesse em relação às necessidades dos clientes e 1. Falta de uma política clara de serviços;
atendê-las. 2. Indefinição do conceito de serviços;
3. Falta de um perfil adequado para o profissional de
4.2 Entender o lado humano: conhecendo as neces- atendimento;
sidades dos clientes, aguçando a capacidade de perce- 4. Falta de um padrão de atendimento;
ber o cliente. Para entender o lado humano, é necessário 5. Inexistência do follow up;
que este profissional tenha uma formação voltada para 6. Falta de treinamento e qualificação de pessoal.
as pessoas e goste de lidar com gente. Espera-se que ele
fique feliz em fazer o outro feliz, pois, para este profissio- Nas condições individuais, podemos encontrar a contra-
nal, a felicidade de uma pessoa começa no mesmo ins- tação de pessoas com características opostas ao necessário
tante em que ela cessa a busca de sua própria felicidade para atender ao público, como: timidez, avareza, rebeldia...
para buscar a felicidade do outro.
6. Os requisitos para contratação deste profissio-
4.3 Entender a necessidade de manter um estado nal
de espírito positivo: cultiva-se pensamentos e senti- Para trabalhar com atendimento ao público, alguns
mentos positivos para ter atitudes adequadas no mo- requisitos são essenciais ao atendente. São eles:
mento do atendimento. Ele sabe que é fundamental se-
parar os problemas particulares do dia a dia do trabalho ▪ Gostar de servir, de fazer o outro feliz;
e, para isso, cultiva o estado de espírito antes da chegada ▪ Gostar de lidar com gente;
do cliente. O primeiro passo de cada dia é iniciar o tra- ▪ Ser extrovertido;
balho com a consciência de que o seu principal papel é o ▪ Ter humildade;
de ajudar os clientes a solucionarem suas necessidades. ▪ Cultivar um estado de espírito positivo;
A postura é de realizar serviços para o cliente. ▪ Satisfazer as necessidades do cliente;
▪ Cuidar da aparência.
5. A fuga dos clientes
Com esses requisitos, o sinal fica verde para o aten-
As pesquisas revelam que 68% dos clientes das em- dimento.
presas fogem delas por problemas relacionados à postu-
ra de atendimento. 7. Outros fatores importantes no atendimento
Numa escala decrescente de importância, podemos
observar os seguintes percentuais: 7.1 O olhar

▪ 68% dos clientes fogem das empresas por proble- Os olhos transmitem o que está na nossa alma. Através
mas de postura no atendimento; do olhar, podemos passar para as pessoas os nossos senti-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ 14% fogem por não terem suas reclamações aten- mentos mais profundos, pois ele reflete o nosso estado de
didas; espírito.
▪ 9% fogem pelo preço;
▪ 9% fogem por competição, mudança de endereço, Ao analisar a expressão do olhar, não vamos nos
morte. prender somente a ele, mas à fisionomia como um todo
A origem dos problemas está nos sistemas implan- para entendermos o real sentido dos olhos.
tados nas organizações, muitas vezes obsoletos. Esses Um olhar brilhante transmite ao cliente a sensação de
sistemas não definem uma política clara de serviços, não acolhimento, de interesse no atendimento das suas ne-
definem o que é o próprio serviço e qual é o seu produto. cessidades, de vontade de ajudar. Ao contrário, um olhar
Sem isso, existe muita dificuldade em satisfazer plena- apático, traduz fraqueza e desinteresse, dando ao cliente,
mente o cliente. a impressão de desgosto e dissabor pelo atendimento.

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Mas, você deve estar se perguntando: a que causa soal e social, o que podemos traduzir como a necessida-
este brilho nos nossos olhos? A resposta é simples: Gos- de de privacidade, de respeito, de manter uma distância
tar do que faz, gostar de prestar serviços ao outro, gostar ideal entre si e os outros de acordo com cada situação.
de ajudar ao próximo. Quando esses territórios são invadidos, ocorrem cor-
Para atender ao público, é preciso que haja interesse tes na privacidade, o que normalmente traz consequên-
e gosto, pois só assim conseguimos repassar uma sensa- cias negativas. Podemos exemplificar essas invasões com
ção agradável para o cliente. Gostar de atender o público algumas situações corriqueiras: uma piada muito picante
significa gostar de atender as necessidades dos clientes, contada na presença de pessoas estranhas a um grupo
querer ver o cliente feliz e satisfeito. social; ficar muito próximo do outro, quase se encostan-
Como o olhar revela a atitude da mente, ele pode do nele; dar um tapinha nas costas etc.
transmitir: Nas situações de atendimento, são bastante comuns
a). Interesse quando: as invasões de território pelos atendentes. Estas, na sua
▪ Brilha; maioria, causam mal-estar aos clientes, pois são traduzi-
▪ Tem atenção; das por eles como atitudes grosseiras e pouco sensíveis.
▪ Vem acompanhado de aceno de cabeça. Alguns são os exemplos destas atitudes e situações mais
comuns:
b) Desinteresse quando: ▪ Insistência para o cliente levar um item ou adquirir
▪ É apático; um bem;
▪ É imóvel, rígido; ▪ Seguir o cliente por toda a loja;
▪ Não tem expressão. ▪ O motorista de taxi que não para de falar com o
passageiro;
O olhar desbloqueia o atendimento, pois quebra o ▪ O garçom que fica de pé ao lado da mesa sugerin-
gelo. O olhar nos olhos dá credibilidade e não há como do pratos sem ser solicitado;
dissimular com o olhar. ▪ O funcionário que cumprimenta o cliente com dois
beijinhos e tapinhas nas costas;
7.2 A aproximação – raio de ação ▪ O funcionário que transfere a ligação ou desliga o
telefone sem avisar.
A aproximação do cliente está relacionada ao concei-
to de raio de ação, que significa interagir com o público, Essas situações não cabem na postura do verdadeiro
profissional do atendimento.
independentemente deste ser cliente ou não.
Essa interação ocorre dentro de um espaço físico de 3
7.4 O sorriso
metros de distância do público e de um tempo imediato,
ou seja, prontamente.
O sorriso abre portas e é considerado uma linguagem
Além do mais, deve ocorrer independentemente de o
universal.
funcionário estar ou não na sua área de trabalho. Esses
Imagine que você tem um exame de saúde muito im-
requisitos para a interação tornam-na mais eficaz.
portante para receber e está apreensivo com o resultado.
Essa interação pode se caracterizar por um cumpri-
Você chega à clínica e é recebido por uma recepcionis-
mento verbal, uma saudação, um aceno de cabeça ou ta que apresenta um sorriso caloroso. Com certeza você
apenas por um aceno de mão. O objetivo com isso é se sentirá mais seguro e mais confiante, diminuindo um
fazer o cliente sentir-se acolhido e certo de estar rece- pouco a tensão inicial. Neste caso, o sorriso foi interpre-
bendo toda a atenção necessária para satisfazer os seus tado como um ato de apaziguamento.
anseios. O sorriso tem a capacidade de mudar o estado de es-
Alguns exemplos são: pírito das pessoas e as pesquisas revelam que as pessoas
1. No hotel, a arrumadeira está no corredor com o sorridentes são avaliadas mais favoravelmente do que as
carrinho de limpeza e o hóspede sai do seu apartamen- não sorridentes.
to. Ela prontamente olha para ele e diz com um sorriso: O sorriso é um tipo de linguagem corporal, um tipo de
“bom dia!” comunicação não-verbal. Como tal, expressa as emoções
2. O caixa de uma loja cumprimenta o cliente no mo- e geralmente informa mais do que a linguagem falada e a
mento do pagamento; escrita. Dessa forma, podemos passar vários tipos de sen-
3. O frentista do posto de gasolina aproxima-se ao timentos e acarretar as mais diversas emoções no outro.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

ver o carro entrando no posto e faz uma sudação.


7.5 Ir ao encontro do cliente
7.3 A invasão
Ir ao encontro do cliente é um forte sinal de com-
Porém, interagir no raio de ação não tem nada a ver promisso no atendimento por parte do atendente. Este
com invasão de território. item traduz a importância dada ao cliente no momen-
Vamos entender melhor isso. to de atendimento, no qual o atendente faz tudo o que
Todo ser humano sente necessidade de definir um é possível para atender as suas necessidades, pois ele
território, que é um certo espaço entre si e os estranhos. compreende que satisfazê-las é fundamental. Indo ao
Esse território não se configura apenas em um espaço encontro do cliente, o atendente demonstra o seu inte-
físico demarcado, mas principalmente num espaço pes- resse para com ele.

42
7.6 A primeira impressão A apresentação pessoal, a aparência, é um aspecto
importante para criar uma relação de proximidade e con-
Você já deve ter ouvido milhares de vezes esta frase: fiança entre o cliente e o atendente.
a primeira impressão é a que fica.
Você concorda com ela? 7.8 Cumprimento caloroso
No mínimo seremos obrigados a dizer que será difícil
a empresa ter uma segunda chance para tentar mudar a O que você sente quando alguém aperta a sua mão
impressão inicial se ela foi negativa, pois dificilmente o sem firmeza?
cliente irá voltar. Às vezes ouvimos as pessoas comentando que é
É muito mais difícil e também mais caro trazer de possível conhecer alguém, a sua integridade moral, pela
volta o cliente perdido, aquele que foi mal atendido ou qualidade do seu aperto de mão.
que não teve os seus desejos satisfeitos. Estes clientes O aperto de mão “frouxo” transmite apatia, passivida-
perdem a confiança na empresa e normalmente os cus- de, baixa energia, desinteresse, pouca interação, falta de
tos para resgatá-los são altos. Alguns mecanismos que compromisso com o contato.
as empresas adotam são os contatos via telemarketing, Ao contrário, o cumprimento muito forte, do tipo
mala-direta, visitas, mas nem sempre são eficazes. que machuca a mão, ao invés de trazer uma mensagem
positiva, causa um mal-estar, traduzindo hiperatividade,
A maioria das empresas não tem noção da quanti- agressividade, invasão e desrespeito. O ideal é ter um
dade de clientes perdidos durante a sua existência, pois cumprimento firme, que prenda toda a mão, mas que a
elas não adotam mecanismos de identificação de recla- deixe livre, sem sufocá-la. Este aperto de mão demonstra
mações e/ou insatisfações de clientes. Assim, elas deixam interesse pelo outro, firmeza, bom nível de energia, ativi-
escapar as armas que teriam para reforçar os seus pro- dade e compromisso com o contato.
cessos internos e o seu sistema de trabalho. É importante lembrar que o cumprimento deve estar
Quando as organizações atentam para essa impor- associado ao olhar nos olhos, à cabeça erguida, aos om-
tância, elas passam a aplicar instrumentos de medição, bros e ao peito abertos, totalizando uma sintonia entre
porém, esses coletores de dados nem sempre traduzem fala e expressão corporal.
a realidade, pois muitas vezes trazem perguntas vagas, Não se esqueça: apesar de haver uma forma adequa-
subjetivas ou pedem a opinião aberta sobre o assunto. da de cumprimentar, esta jamais deverá ser mecânica e
Dessa forma, fica difícil mensurar e acaba-se por não automática.
colher as informações reais.
A saída seria criar medidores que traduzissem com 7.9 Tom de voz
fatos e dados, as verdadeiras opiniões do cliente sobre o
serviço e o produto adquiridos da empresa. A voz é carregada de magnetismo e, como tal, traz
7.7 Apresentação pessoal uma onda de intensa vibração. O tom de voz e a maneira
como dizemos as palavras são mais importantes do que
Que imagem você acha que transmitimos ao cliente as próprias palavras.
quando o atendemos com unhas sujas, os cabelos des- Podemos dizer ao cliente: “a sua televisão deveria sair
penteados, as roupas mal cuidadas... ? hoje do conserto, mas, por falta de uma peça, ela só esta-
O atendente está na linha de frente e é responsável rá pronta na próxima semana”. De acordo com a maneira
pelo contato, além de representar a empresa neste mo- que dizemos e de acordo com o tom de voz que usamos,
mento. Para transmitir confiabilidade, segurança, bons vamos perceber reações diferentes do cliente.
serviços e cuidado, faz-se necessário, também, ter uma Se dissermos isso com simpatia, naturalmente nos
boa apresentação pessoal. desculpando pela falha e assumindo uma postura de
Alguns cuidados são essenciais para tornar este item humildade, falando com calma e num tom amistoso e
mais completo. São eles: agradável, percebemos que a reação do cliente será de
compreensão.
a) Tomar um banho antes do trabalho diário: além da Por outro lado, se a mesma frase é dita de forma me-
função higiênica, também é revigorante e espanta cânica, estudada, artificial, ríspida, fria e com arrogância,
a preguiça; poderemos ter um cliente reagindo com raiva, procuran-
b) Cuidar sempre da higiene pessoal: unhas limpas, do o gerente, gritando etc.
cabelos cortados e penteados, dentes cuidados, As palavras são símbolos com significados próprios.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

hálito agradável, axilas asseadas, barba feita; A forma como elas são utilizadas também traz o seu sig-
c) Roupas limpas e conservadas; nificado e, com isso, cada palavra tem a sua vibração es-
d) Sapatos limpos; pecial.
e) Usar o crachá de identificação em local visível
pelo cliente. 7.10 Saber escutar

Quando esses cuidados básicos não são tomados, o Você acha que existe diferença entre ouvir e escutar?
cliente se questiona: puxa, se ele não cuida nem dele, Se você respondeu que não, você errou.
da sua aparência pessoal, como é que vai cuidar de me Escutar é muito mais do que ouvir, pois é captar o
prestar um bom serviço ? verdadeiro sentido, compreendendo e interpretando a
essência, o conteúdo da comunicação.

43
O ato de escutar está diretamente relacionado com a o cliente se sente bem e trata o atendente com respeito.
nossa capacidade de perceber o outro. E, para perceber- Se este atende mal, o cliente reage de forma negativa e
mos o outro, o cliente que está diante de nós, precisamos hostil. O cliente não está na esteira da linha de produção,
nos despojar das barreiras que atrapalham e empobre- merecendo ser tratado com diferenciação e apreço.
cem o processo de comunicação. São elas: Precisamos ter em atendimento pessoas descontraí-
▪ Os preconceitos; das, que façam do ato de atender o seu verdadeiro sen-
▪ As distrações; tido de vida, que é servir ao próximo.
▪ Os julgamentos prévios; Atitudes de apatia, frieza, desconsideração e hostili-
▪ As antipatias. dade retratam bem a falta de calor do atendente. Com
essas atitudes, o atendente parece estar pedindo ao
Para interagirmos e nos comunicarmos a contento, pre- cliente que este se afaste, vá embora, desapareça da sua
cisamos compreender o todo, captando os estímulos que frente, pois ele não é bem-vindo. Assim, o atendente es-
vêm do outro, fazendo uma leitura completa da situação. quece que a sua missão é servir e fazer o cliente feliz.
Precisamos querer escutar, assumindo uma postura 8. As gafes no atendimento
de receptividade e simpatia, afinal, nós temos dois ouvi-
dos e uma boca, o que nos sugere que é preciso escutar Depois de conhecermos a postura correta de atendi-
mais do que falar. mento, também é importante sabermos quais são as formas
Quando não sabemos escutar o cliente – interrom- erradas, para jamais praticá-las. Quem as pratica com certeza
pendo-o, falando mais que ele, dividindo a atenção com não é um verdadeiro profissional de atendimento. A seguir,
outras situações – tiramos dele a oportunidade de ex- alguns pontos que são considerados postura inadequada:
pressar os seus verdadeiros anseios e necessidades e
corremos o risco de aborrecê-lo, pois não iremos conse- 8.1 Postura inadequada
guir atendê-los.
A mais poderosa forma de escutar é a empatia (que
A postura inadequada é abrangente, indo desde a
vamos conhecer mais na frente). Ela nos permite escutar,
postura física ao mais sutil comentário negativo sobre a
de fato, os sentimentos por trás do que está sendo dito,
empresa na presença do cliente.
mas, para isso, é preciso que o atendente esteja sintoniza-
Em relação à postura física, podemos destacar como
do emocionalmente com o cliente. Essa sintonia se dá por
inadequado o atendente:
meio do despojamento das barreiras que já falamos antes.
▪ Escorar-se nas paredes da loja ou debruçar a ca-
7.11 Agilidade beça no seu birô por não estar com o cliente (esta
atitude impede que ele interaja no raio de ação);
Atender com agilidade significa ter rapidez sem per- ▪ Mascar chicletes durante o atendimento;
der a qualidade do serviço prestado. ▪ Cuspir, pôr o dedo no nariz ou no ouvido quando
A agilidade no atendimento transmite ao cliente a estiver falando pessoalmente com o cliente. O as-
ideia de respeito. Sendo ágil, o atendente reconhece a seamento deve ser feito apenas no banheiro;
necessidade do cliente em relação à utilização adequada ▪ Comer enquanto atende o cliente (comum nas em-
do seu tempo. presas que oferecem lanches ou têm cantina);
Quando há agilidade, podemos destacar: ▪ Vociferar um pedido a alguém da empresa. Pedir
▪ O atendimento personalizado; com gentileza seria o correto porque o grito além
▪ A atenção ao assunto; de ser algo deselegante é uma forma de agressão;
▪ O saber escutar o cliente; ▪ Coçar-se na frente do cliente;
▪ O cuidar das solicitações e o acompanhar o cliente ▪ Bocejar. O atendente tem de conter o bocejo, que
durante todo o seu percurso na empresa. é um sinal de cansaço. O cliente pode entender
que sua presença é desinteressante.
7.12 O calor no atendimento
Em relação aos itens mais sutis, podemos destacar:
O atendimento caloroso evita dissabores e situações ▪ Achar-se íntimo do cliente a ponto de lhe pedir ca-
constrangedoras, além de ser a comunhão de todos os rona, por exemplo;
pontos estudados sobre postura. ▪ Receber presentes do cliente em troca de um bom serviço;
O atendente escolhe a condição de atender o clien- ▪ Fazer críticas a outros setores, pessoas, produtos
te e, para isso, é preciso sempre lembrar que o cliente ou serviços na frente do cliente;
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

deseja se sentir importante e respeitado. Na situação de ▪ Desmerecer ou criticar o fabricante do produto


atendimento, o cliente busca ser reconhecido e, transmi- que vende, o parceiro da empresa, denegrindo a
tindo calorosidade nas atitudes, o atendente satisfaz as sua imagem para o cliente;
necessidades do cliente de estima e consideração. ▪ Falar mal de pessoas ausentes na presença do cliente;
Ao contrário, o atendimento áspero transmite ao ▪ Usar o cliente como desabafo dos problemas pessoais;
cliente a sensação de desagrado, descaso e desrespeito, ▪ Lamentar;
além de retornar ao atendente como um bumerangue. ▪ Colocar problemas salariais;
O efeito bumerangue é bastante comum em situações ▪ Reclamar de outrem ou da própria vida na frente
de atendimento, pois ele reflete o nível de satisfação, ou do cliente.
não, do cliente em relação ao atendente. Com esse efeito, ▪ Lembre-se: a ética do trabalho é servir aos outros e
as atitudes batem e voltam, ou seja, se você atende bem, não se servir dos outros.

44
8.2 Usar chavões

O mau profissional utiliza-se de alguns chavões como forma de fugir à sua responsabilidade no atendimento ao
cliente. Citamos aqui os mais comuns:
Pare e reflita: você gostaria de ser comparado a este atendente?
▪ O senhor como cliente tem que entender;
▪ O senhor deveria agradecer o que a empresa faz pelo senhor;
▪ O cliente é um chato que sempre quer mais;
▪ Aí vem ele de novo.

Essas frases geram um bloqueio mental, dificultando a liberação do lado bom da pessoa que atende o cliente.
Aqui, podemos ter o efeito bumerangue, que torna um círculo vicioso na postura inadequada, pois o atendente usa
os chavões (pensa dessa forma em relação ao cliente e à situação de atendimento), o cliente se aborrece e descarrega
no atendente ou simplesmente não volta mais.
Para quebrar esse ciclo, é preciso haver uma mudança radical no pensamento e postura do atendente.

8.3 Impressões finais do cliente

Toda a postura e comportamento do atendente vai levar o cliente a criar uma impressão sobre o atendimento e,
consequentemente, sobre a empresa.
Duas são as formas de impressões finais mais comuns do cliente:
a) Momento da verdade: por meio do contato direto (pessoal) e/ou telefônico com o atendente;
b) Teleimagem: por meio do contato telefônico. (Vamos conhecê-la com mais detalhes.)

8.4 Momentos da verdade

Segundo Karl Albrecht, Momento da Verdade é qualquer episódio no qual o cliente entra em contato com qualquer
aspecto da organização e obtém uma impressão da qualidade do seu serviço.
O funcionário tem poucos minutos para fixar na mente do cliente a imagem da empresa e do próprio serviço pres-
tado. Este é o momento que separa o grande profissional dos demais.

NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

45
Este verdadeiro profissional trabalha em cada mo- São eles:
mento da verdade, considerando-o único e fundamental ▪ O tom de voz: é através dele que transmitimos in-
para definir a satisfação do cliente. Ele se fundamenta na teresse e atenção ao cliente. Ao usarmos um tom
chamada Tríade Do Atendimento ou Triângulo Do Atendi- frio e distante, passamos ao cliente a ideia de de-
mento, que é composto de elementos básicos do proces- satenção e desinteresse. Ao contrário, se falamos
so de interação, que são: com entusiasmo, de forma decidida e atenciosa-
mente, satisfazemos as necessidades do cliente de
a) A pessoa sentir-se assistido, valorizado, respeitado, impor-
A pessoa mais importante é aquela que está na sua tante.
frente. Então, podemos entender que a pessoa ▪ O uso de palavras adequadas: pois com elas o
mais importante é o cliente que está na frente e atendente passa a ideia de respeito pelo cliente.
precisa de atenção. Aqui fica expressamente proibido o uso de termos
No Momento da Verdade, o atendente se relaciona como: amor, bem, benzinho, chuchu, mulherzinha,
diretamente com o cliente, tentando atender a to- queridinha, colega etc.
das as suas necessidades. Não existe outra forma ▪ As atitudes corretas: dar ao cliente a impressão de
de atender, a não ser pelo contato direto e, por- educação e respeito. São incorretas as atitudes de
tanto, a pessoa fundamental neste momento é o transferir a ligação antes do cliente concluir o que
cliente. iniciou a falar; passar a ligação para a pessoa ou
ramal errado (demostrando, assim, que não ou-
b) A hora viu o que ele disse), desligar sem cumprimento ou
A hora mais importante das nossas vidas é o agora, o saudação, dividir a atenção com outras conversas,
presente, pois somente nele podemos atuar. deixar o telefone tocar muitas vezes sem atender,
O passado ficou para atrás, não podendo ser muda- dar risadas no telefone etc.
do e o futuro não cabe a nós conhecer. Então, só
nos resta o presente como fonte de atuação. Nele,
9. Aspectos psicológicos do atendente
podemos agir e transformar. O aqui e agora são os
únicos momentos nos quais podemos interagir e
Nós falamos sobre a importância da postura de aten-
precisamos fazer isto da melhor forma.
dimento. Porém, a base dela está nos aspectos psicoló-
c) A tarefa
gicos do atendimento. Vamos a eles.
Para finalizar, falamos da tarefa. A nossa tarefa mais
importante, diante da pessoa mais importante
9.1 Empatia
para nós, na hora mais importante, que é o aqui e
o agora, é fazer o cliente feliz, atendendo as suas
necessidades. Capacidade humana de se colocar no lugar do outro.
Como esse é um assunto cobrado no tópico seguinte,
Essa tríade se configura no fundamento dos Momen- vamos abordá-lo mais detalhadamente a seguir.
tos da Verdade e, para que estes sejam plenos, é
necessário que os funcionários de linha de frente, 9.2 Percepção
ou seja, que atendem os clientes, tenham poder de
decisão. É necessário que os chefes concedam au- Percepção é a capacidade que temos de compreen-
tonomia aos seus subordinados para atuarem com der e captar as situações, o que exige sintonia e é fun-
precisão nos Momentos da Verdade. damental no processo de atendimento ao público. Para
percebermos melhor, precisamos passar pela “escra-
8.5 Teleimagem vidão” de nós mesmos, ficando, assim, mais próximos
do outro. Mas, como é isso? Vamos ficar vazios? É isso
Pelo telefone, o atendente transmite a teleimagem da mesmo. Vamos ficar vazios dos nossos preconceitos, das
empresa e dele mesmo. nossas antipatias, dos nossos medos, dos nossos blo-
Teleimagem, então, é a imagem que o cliente forma queios, vamos observar as situações na sua totalidade,
na sua mente (imagem mental) sobre quem o está aten- para entendermos melhor o que o cliente deseja. Vamos
dendo e, consequentemente, sobre a empresa ( que é ilustrar com um exemplo real: certa vez, em uma loja de
representada pelo atendente). carros, entra um senhor de aproximadamente 65 anos,
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Quando a teleimagem é positiva, a facilidade do clien- usando um chapéu de palha, camiseta rasgada e calça
te encaminhar os seus negócios é maior, pois ele supõe amarrada na cintura por um barbante. Ele entrou na sala
que a empresa é comprometida com o cliente. No entan- do gerente, que imediatamente se levantou pedindo
to, se a imagem é negativa, vemos normalmente o clien- para ele se retirar, pois não era permitido “pedir esmolas
te fugindo da empresa. Como exemplo, no atendimento ali “. O senhor, com muita paciência, retirou, de um saco
telefônico, o único meio de interação com o cliente é por plástico que carregava, um “bolo“ de dinheiro e disse:
meio da palavra e, sendo a palavra o instrumento, faz-se “eu quero comprar aquele carro ali”.
necessário usá-la de forma adequada para satisfazer as Esse exemplo, apesar de extremo, é real e retrata
exigências do cliente. Dessa forma, classificamos 03 itens claramente o que podemos fazer com o outro quando
básicos ligados à palavra e às atitudes como fundamen- pré-julgamos as situações.
tais na formação da teleimagem.

46
Precisamos ver o todo, não só as partes, pois o todo é falta de liderança e o nível de burocracia são fatores que
muito mais do que a soma das partes. Ele nos diz o que contribuem para uma interação fraca com o cliente. Essa
é e não é harmônico e com ele percebemos a essência fraqueza de envolvimento não permite captar a essência
dos fatos e situações. dos desejos do cliente, o que se traduz em insatisfação.
Ainda falando em percepção, devemos ter cuidado Um exemplo simples disso é a divisão de atenção por
com a percepção seletiva, que é uma distorção de per- parte do atendente. Quando este divide a atenção no
cepção, na qual vemos, escutamos e sentimos apenas atendimento entre o cliente e os colegas ou outras situa-
aquilo que nos interessa. Essa seleção age como um fil- ções, o cliente sente-se desrespeitado, diminuído e res-
tro, que deixa passar apenas o que convém. Essa filtra- sentido. A sua impressão sobre a empresa é de fraqueza
gem está diretamente relacionada com a nossa condição e o momento da verdade é pobre.
física-psíquica-emocional. Como é isso? Vamos entender: Essa ação traz consequências negativas como: impos-
a) Se estou com medo de passar em rua deserta e sibilidade de escutar o cliente, falta de empatia, desres-
escura, a sombra do galho de uma árvore pode me peito com o seu tempo, pouca agilidade e baixo compro-
assustar, pois eu posso percebê-lo como um braço misso com o atendimento.
com uma faca para me apunhalar; Às vezes, a própria empresa não oferece uma estrutu-
b) Se estou com muita fome, posso ter a sensação de ra adequada para o atendimento ao público, obrigando o
um cheiro agradável de comida; atendente a dividir o seu trabalho entre atendimento pes-
soal e telefônico, quando normalmente há um fluxo grande
c) Se fiz algo errado e sou repreendida, posso ouvir a
de ambos no setor. Neste caso, o ideal seria separar os dois
parte mais amena da repreensão e reprimir a mais
tipos de atendimento, evitando problemas desta espécie.
severa.
Alguns exemplos comuns de divisão de atenção são:
▪ Atender pessoalmente e interromper com o telefone;
Em alguns casos, a percepção seletiva age como me-
▪ Atender o telefone e interromper com o contato
canismo de defesa.
direto;
▪ Sair para tomar café ou lanchar;
9.3 O estado interior ▪ Conversar com o colega do lado sobre o final de
semana, férias, namorado, tudo isso no momento
O estado interior, como o próprio nome sugere, é a de atendimento ao cliente.
condição interna, o estado de espírito diante das situações.
A atitude de quem atende o público está diretamente Esses exemplos, muitas vezes, soam ao cliente como
relacionada ao seu estado interior. Ou seja, se o atenden- um exibicionismo funcional, o que não agrega valor ao
te mantém um equilíbrio interno, sem tensões ou preo- trabalho. O cliente deve ser poupado dele.
cupações excessivas, as suas atitudes serão mais positi-
vas frente ao cliente. 9.5 Atendimento e qualidade
Dessa forma, o estado interior está ligado aos pensa-
mentos e sentimentos cultivados pelo atendente. E estes, A globalização, os desafios do desenvolvimento tec-
dão suporte às atitudes frente ao cliente. nológico e cultural e a competição entre as organizações
Se o estado de espírito supõe sentimentos e pensa- trazem como consequência o interesse pela qualidade de
mentos negativos, relacionados ao orgulho, egoísmo e seus produtos e serviços.
vaidade, as atitudes advindas deste estado sofrerão as Esse interesse não se restringe às empresas privadas
suas influências e serão: e se estende, também, ao setor público.
▪ Atitudes preconceituosas; Assim, vemos que:
▪ Atitudes de exclusão e repulsa; ▪ Os empresários buscam aperfeiçoar o desempe-
▪ Atitudes de fechamento; nho em suas áreas de atuação (produtos ou servi-
▪ Atitudes de rejeição. ços) e o relacionamento com os seus clientes.
▪ O setor público enfrenta os desafios de melhorar
É necessário haver um equilíbrio interno, uma estabi- (1) a qualidade de seus serviços, (2) aumentar a sa-
lidade, para que o atendente consiga manter uma atitu- tisfação dos usuários e (3) instituir um atendimento
de positiva com os clientes e as situações. de excelência ao público.
▪ Os clientes e usuários das organizações públicas
9.4 O envolvimento e privadas também se mostram mais exigentes na
escolha de serviços e produtos de melhor qualida-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

A demonstração de interesse, prestando atenção ao de. Assim, a relação com os clientes e usuários pas-
cliente e voltando-se inteiramente ao seu atendimento, é sa ser um novo foco de preocupação e demanda
o caminho para o verdadeiro sentido de atender. esforços para sua melhoria.
Na área de serviços, o produto é o próprio serviço
prestado, que se traduz na interação do funcionário com 9.6 Qualidade
o cliente. Um serviço é, então, um resultado psicológi-
co e pessoal que depende de fatores relacionados com O conceito de qualidade é amplo e suscita várias
a interação com o outro. Quando o atendente tem um interpretações. As mais expressivas se referem, por um
envolvimento baixo com o cliente, este percebe com cla- lado, à definição de qualidade como busca da satisfação
reza a sua falta de compromisso. As preocupações ex- do cliente, e, por outro, à busca da excelência para todas
cessivas, o trabalho estafante, as pressões exacerbadas, a as atividades de um processo.

47
Na mesma vertente, a qualidade é também consi- da satisfação do cliente com a qualidade do produto e
derada como fator de transformação no modo como a também com o tratamento recebido e com o resultado
organização se relaciona com seus clientes, agregando da própria negociação.
valor aos serviços a ele destinados. No setor público, este princípio se relaciona sobretu-
Em face dessa diversidade de significados, cabe às do aos conceitos de cidadania, participação, transparên-
organizações identificar os atributos ou indicadores de cia e controle social.
qualidade dos seus produtos e serviços do ponto de vista Para cumprir este princípio, é necessário ter atenção
dos seus usuários. Entre eles, podem ser destacados a com dois aspectos:
eficiência, a eficácia, a ética profissional, a agilidade no ▪ Verificar se o que é estabelecido como qualidade
atendimento, entre outros. atende a todos os usuários, inclusive aos mais exi-
No Brasil, a questão da qualidade na área pública gentes;
vem sendo abordada pelo Programa de Qualidade no ▪ Fazer bem feito o serviço e, depois, checar os pas-
Serviço Público que tem por objetivo elevar o padrão dos sos necessários para a sua execução.
serviços prestados e tornar o cidadão mais exigente em
Deve-se lembrar que tais atitudes levam em conta
relação a esses serviços. Para tanto, o Programa visa à
tanto o atendimento do usuário quanto as atividades e
transformação das organizações e entidades públicas no
rotinas que envolvem o serviço.
sentido de valorizar a qualidade na prestação de serviços
O serviço ou produto deve atender a uma real ne-
ao público, retirando o foco dos processos burocráticos. cessidade do usuário. Este princípio se relaciona à di-
O programa estabelece o cidadão como principal mensão da validade, isto é, o serviço ou produto deve ser
foco de atenção de qualquer órgão público federal, defi- exatamente como o usuário espera, deseja ou necessita
ne padrões de qualidade do atendimento e prevê a ava- que ele seja.
liação de satisfação do usuário por todos os órgãos e Manutenção da qualidade. O padrão de qualidade
entidades da Administração Pública Federal direta, indi- mantido ao longo do tempo é que leva à conquista da
reta e fundacional que atendem diretamente ao cidadão. confiabilidade.
Nesse sentido, considera-se que o serviço público
deve ter as seguintes características: A atuação com base nesses princípios deve ser orien-
▪ Adequado: realizado na forma prevista em lei de- tada por algumas ações que imprimem qualidade ao
vendo atender ao interesse público. atendimento, tais como:
▪ Eficiente: alcança o melhor resultado com menor ▪ Identificar as necessidades dos usuários;
consumo de recursos. ▪ Cuidar da comunicação (verbal e escrita);
▪ Seguro: não coloca em risco a vida, a saúde, a se- ▪ Evitar informações conflitantes;
gurança, o patrimônio ou os direitos materiais e ▪ Atenuar a burocracia;
imateriais do cidadão-usuário. ▪ Cumprir prazos e horários;
▪ Contínuo: oferecido sem risco de interrupção, sen- ▪ Desenvolver produtos e/ou serviços de qualidade;
do obrigatório o planejamento e a adoção de me- ▪ Divulgar os diferenciais da organização;
didas de prevenção para evitar a descontinuidade. ▪ Imprimir qualidade à relação atendente/usuário;
▪ Fazer uso da empatia;
9.7 Usuários/Clientes ▪ Analisar as reclamações;
▪ Acatar as boas sugestões.
Existem dois tipos de usuários ou clientes de uma or-
Essas ações estão relacionadas a indicadores que po-
ganização:
dem ser percebidos e avaliados de forma positiva pelos
▪ Externos – recebem serviços ou produtos na sua
usuários, entre eles: competência, presteza, cortesia, pa-
versão final.
ciência, respeito.
▪ Internos – fazem parte da organização, de seus se-
Por outro lado, arrogância, desonestidade, impaciên-
tores, grupos e atividades. cia, desrespeito, imposição de normas ou exibição de
poder tornam o atendente intolerável, na percepção dos
Para identificar esses tipos de usuários, as pessoas da usuários.
organização devem responder o seguinte: No conjunto dessas ações, deve ainda ser ressaltada a
▪ Com que pessoas mantenho contato enquanto empatia como um fator crucial para a excelência no aten-
trabalho? dimento ao público. A utilização adequada dessa ferra-
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

▪ Quem recebe o resultado do meu trabalho? menta no momento em que as pessoas estão interagin-
▪ Qual o nível de satisfação das pessoas que de- do é fundamental. No bom atendimento, é importante a
pendem do resultado dos serviços executados por utilização de frases como “Bom dia”, “Boa tarde”, “Sente-
mim? -se por favor”, ou “Aguarde um instante, por favor”, que,
ditas com suavidade e cordialidade, podem levar o usuá-
9.8 Princípios para o bom atendimento na gestão rio a perceber o tratamento diferenciado que algumas
da qualidade organizações já conseguem oferecer ao seu público-alvo.

Foco no cliente. Nas empresas privadas, a importân- Fonte e texto adaptado de: Mônica Larissa Pereira,
cia dada a esse princípio se deve principalmente ao fato Camila Lopes Ramos, Andreia Ribas, Marcelo Rodrigues,
de que o sucesso da venda (lucro financeiro) depende Gustavo Periard,Wagner Siqueira, Marcos Thadeu Ro-

48
drigues, Daniel Martins, Luis Araújos, Ana França, Vera A responsabilidade da avaliação, não é apenas res-
Souza, Inacio Stoffel, Idalberto Ciavenato, Wagner Ap. ponsabilidade do recrutador mais também do requisi-
Ramos de Oliveira, Roseane de Queiroz Santos. Dispo- tante da vaga que elaborou, participou de testes, dinâ-
nível em: <www.portal.tcu.gov.br/www.sbcoaching.com. micas de grupos. A participação do requisitante amplia o
br>/<www.paulorodrigues.pro.br>/<www.administrado- compromisso nos resultados (VIEIRA,1994).
res.com.br>/<www.gestaodepessoasmba.com.br>
TÉCNICAS DE SELEÇÃO
ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE SELEÇÃO
1. Entrevistas
1. Triagem
Pontes (1996) diz: “A entrevista é uma técnica univer-
A atração de candidatos com potencial pelo perfil de sal, sendo em muitos casos a única forma de seleção”.
competências e os candidatos que atendem os requisitos As entrevistas podem ser individuais e coletivas, em
se apresentam com maior probabilidade de possuírem as forma de comitê, podendo ser dirigidas (com roteiro),
competências procuradas. Inicia-se por análise curricular semi dirigidas e não dirigidas ou livres (sem roteiros),
e posteriormente entrevista para confirmação dos dados. busca fundamentar as decisões relativas à contratação de
A análise de um currículo se deve inicialmente a partir um novo colaborador. São perguntas objetivando ava-
de uma triagem (filtro), que dá uma primeira impressão liar determinadas competências como perfil profissional,
das qualificações dos candidatos ao perfil. Nesta triagem competências não vistas por meio de outras técnicas, in-
é necessário ao selecionador concentrar-se em realiza- vestigar competências não exploradas e esclarecer fatos,
ções, resultados que o indivíduo gerou para as organi- impressões, confirmar ou rejeitar hipóteses que surgem
zações que já trabalhou. O desenvolvimento de carreira ao longo do processo seletivo. Sendo um dos meios mais
é considerável, ela não se torna a partir de vários cargos importantes para selecionadores, é um dos instrumentos
mais segundo Dutra (2004), “a ampliação do espaço ocu- mais usados, onde os testes psicológicos eram predo-
pacional, entendido como o nível de complexidade das minantes. No entanto com o passar do tempo, os testes
atribuições e das responsabilidades de um empregado.” psicológicos estão cedendo lugar às entrevistas.
O passo seguinte é a entrevista breve e que mostrará Existem dois tipos de entrevistas:
pontos que poderão ser aprofundados ao longo da sele- As entrevistas podem ser estruturadas, quando é so-
ção. Para Almeida (2004), “tem como objetivo esclarecer licitado ao candidato responder questões padronizadas,
alguns aspectos do currículo do profissional e estabele- onde as informações coletadas são as principais vantagens
cer as primeiras impressões sobre algumas características é descobrir um provável sucesso no cargo pretendido.
do candidato.” Características tais como: apresentação As entrevistas não-estruturadas, as perguntas serão feitas
pessoal, atitudes, capacidade de expressão e comporta- de acordo com a entrevista, tornando-se menos objetiva.
mento serão observados. Almeida (2004) diz: ”Estudos empíricos, conduzidos
2. Análise do Perfil de Competências por vários pesquisadores, são unânimes em apontar a
superioridade das entrevistas estruturadas sobre as en-
O conhecimento sobre requisitos e competências; trevistas não-estruturadas.”
quanto maior volume de informações, melhor será a se-
leção do melhor candidato para a posição. 1.1. Entrevista técnica
A descrição do cargo com suas tarefas, deveres, res-
ponsabilidades e requisitos são apenas alguns dos aspec- Obtém e aprofunda informações técnicas, experiência
tos levantados para análise. Outro aspecto de relevância profissional e habilidades do candidato, realizadas pelo
para análise é a cultura organizacional, pois constitui colaborador que o candidato se reportará. Fundamenta a
aspectos como crenças, valores constituídos a partir de decisão de qual candidato será escolhido, portanto é de
práticas macrossociais, integração de práticas sociais, o caráter decisivo (MENDONÇA, 2002).
que determinam nossas atitudes. Gramigna (2002), diz
que “a atitude é o principal componente da competência, 1.2. Entrevista psicológica
estando relacionada ao querer ser e ao querer agir.”
Ou seja, um candidato pode ter todos os requisitos Busca a personalidade da pessoa, aspectos, vida pes-
para um bom desempenho profissional, mas se suas soal, em família, lazer, sua história. Tem como objetivo
crenças e valores não estiverem alinhadas com a organi- investigar vários aspectos da vida do candidato como
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

zação, ele pode não se tornar o que a organização deseja analisar perfil psicológico adequado ao perfil de compe-
(GRAMIGNA, 2002). tências que se procura (PASSOS, 2005).
Este tipo de entrevista está cada vez mais raro uma
3. Avaliação dos candidatos vez que, a profundidade das informações colhidas, dado
ao tempo disponível para os processos e as entrevistas,
Os meios utilizados que permitem avaliar os candi- deve ser conduzida por psicólogos (PASSOS, 2005).
datos são distribuídos em testes, dinâmicas de grupo,
entrevistas. Essas técnicas supõem que há uma corres- 1.3. Entrevista tradicional
pondência com o desempenho no futuro trabalho (PAI-
VA, 2010). Com perguntas abertas, envolvem assuntos técnicos
e psicológicos tais como:

49
- Interesse em trabalhar na empresa; QUADRO - Técnicas de Seleção.
- Habilidades que você julga essenciais para o bom
desempenho do cargo;
-Quais os motivos levaram a deixar o último emprego;
- Pontos fortes e pontos fracos.
Essas entrevistas possibilitam ao candidato a forma-
ção do seu perfil, permitem avaliar as competên-
cias contidas no candidato que estão sendo procu-
radas (PASSOS, 2005).

1.4. Entrevista situacional

É uma variação da entrevista tradicional. Perguntas


abertas enfocam características do trabalho. Sua vanta-
gem é focalizar situações de trabalho especificas. Elas
remetem no candidato a idealização em situação hipo-
tética (PASSOS, 2005).

1.5. Entrevista comportamental

Para Reis (2003), esse tipo de entrevista específica


mostra experiências do passado, essa situação possibili- 2. Provas de Conhecimento ou de Capacidade
ta prever o comportamento no futuro do candidato. Ao
invés de submeter os candidatos a perguntas que reme- Segundo Chiavenato (2004), as provas de conheci-
tem ao hipotético, o entrevistador solicita ao candidato mento são instrumentos para avaliar o nível de conhe-
descrever uma situação concreta, onde demonstre fatos cimentos gerais e específicos dos candidatos, exigidos
específicos do passado buscando prever um comporta- pelo cargo a ser preenchido. Procura medir o grau de
mento futuro, ilustrando a competência que se pretende conhecimentos dos profissionais ou técnicos, como no-
analisar. As competências podem ser de capacidades em ções de informática, contabilidade, redação entre outros.
administração de tempo, planejamento, organização e As provas de conhecimentos gerais medem o grau de cul-
negociação. tura do candidato, já as provas específicas avaliam os conhe-
Para Reis (2003) as perguntas devem ser abertas e cimentos profissionais do candidato (CHIAVENATO, 1999).
especificas, usando verbos em ação, mas no passado, fo-
cando competências, ou seja, o principal objetivo deve 2.1. Teste
ser obter descrições de fatos específicos da vida que po-
dem ser usados como evidências. Instrumento padronizado, de seriedade, garantindo
O candidato interrompe o contato visual com o en- objetividade e cientificidade, visa medir pontos da perso-
trevistador, pára por alguns segundos enquanto pensa nalidade, refletindo diferenças individuais de cada pessoa
ou visualiza um exemplo, e então retoma o contato vi- testada. Os testes podem ser considerados amostras de
sual e descreve um acontecimento especifico de sua vida. comportamento, onde é possível fazer predições a res-
Essas descrições das experiências são acompanhadas de peito de outro comportamento, sendo importante que
descrição de tempo, datas, números, locais e quaisquer aja uma descrição do cargo e das competências exigidas.
outras particularidades que evidenciam que o fato real- As diferentes formas de aplicar os testes podem ser
mente ocorreu (REIS, 2003). consideradas variantes de padrão básico sendo eles:
2.2. Testes de conhecimento
Abaixo no Quadro estão listadas as técnicas com per-
centagens mais utilizadas na seleção de pessoas em al- São provas que apuram conhecimentos ou habilida-
gumas organizações brasileiras: des sendo elas: Idiomas, matemática financeira entre ou-
tros, podendo ser aplicadas via internet e muito utilizado
em concursos públicos (ALMEIDA, 2004).
Segundo Almeida (2004), “. O teste objetivo utiliza
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

questões com respostas diretas, usando teste de múltipla


escolha”. Nos testes objetivos exigem como característica
avaliar o candidato em habilidades como leitura, inter-
pretação e crítica, pois cobre vários conhecimentos ne-
cessários para desempenho do cargo. Nele o julgamento
se torna mais objetivo através das respostas do candida-
to, usando gabaritos de respostas como apoio busca-se a
subjetividade, as questões têm uma opção correta; difícil
de ser elaborado, é um teste que trata as questões de
forma direta, desenvolvido para cargos mais específicos
(FAISSAL, 2004).

50
O teste discursivo as questões são abertas para co- - Casa-árvore-pessoa
nhecer os conhecimentos necessários para o cargo em Idealizado por John N. Buck, em 1948, trata-se de um
questão. Usa-se leitura e redação, sua elaboração é mais teste que, projeta experiências internas, pois inves-
rápida em relação aos testes objetivos e é recomendada tiga o fluxo da personalidade invadindo a área da
para um número reduzido de candidatos (ALMEIDA, 2004). criatividade artística. É possível fazer uma análise
quantitativa e qualitativa (CAMPOS, 1999).
2.3. Testes Psicológicos - Testes psicométricos/aptidões: teste P.M.A.
A “PMA” (Primary Mental Abilities) é um conjunto de
“Os testes psicológicos, objetivam avaliar o desenvol- testes que avaliam conteúdos e situações especí-
vimento intelectual geral, aptidões especificas e a perso- ficas (verbais, numéricas, mecânicas, espaciais, ou
nalidade dos candidatos” (Anastasi, 1977) então, tomando a percepção, a memória, a criati-
O objetivo e avaliar o intelecto, aptidões específicas e vidade) (PASQUALI, 2002). Realizado com papel e
personalidade dos candidatos (FORMIGA e MELLO 2000). lápis, de aplicação individual ou coletiva, com limi-
te de tempo. Elaborada por LL Thurstone, mede 5
2.4. Testes de inteligência fatores.

Contém tarefas de funções intelectuais, onde o re- Cada um desses fatores é medido por um teste, des-
sultado gera o quociente intelectual (QI). Esses testes critos abaixo:
acabaram privilegiando certas funções e negligenciando O fator V refere-se à compreensão verbal, sendo me-
outras. A partir de 1930 este teste passou a ter aptidões dido por uma prova de vocabulário; o fator E refere-se à
diferenciais como: cálculos, memória, raciocínio mecâni- visualização espacial, onde há 6 figuras e o sujeito apre-
co, espacial e abstrato, atenção concentrada e difusa, pla- senta as figuras com a mesma forma sendo elas dispos-
nejamento e organização (FAISSAL; MENDONÇA, 2006). tas em posições diferentes; o fator R refere-se ao racio-
Já os testes de personalidade identificam traços da cínio lógico, sendo medido por uma prova que consiste
personalidade, aspectos motivacionais e de interesses. em séries de letras colocadas numa determinada ordem,
Propõe identificar aspectos da dinâmica da personali- seguindo uma certa lógica, onde o examinado indica a
dade do candidato tais como introversão e extroversão continuação dessa lógica; o fator N refere-se ao cálculo
apresentando níveis necessários para o selecionador numérico, sendo avaliado por uma prova em que o indi-
avaliar as características em compatibilidade com a com- víduo tem de indicar se a soma de 4 números e 2 alga-
petência que está buscando (CUNHA, 2000). rismos está certa ou errada; o fator F refere-se à fluência
verbal, sendo avaliado por uma prova em que o sujeito
2.5. Principais Testes tem de escrever, dentro do tempo determinado, o maior
número de palavras iniciadas por uma letra.
- Wartegg Para a aplicação de cada um destes testes é necessária
No teste de personalidade, são usados desenhos, de- a respectiva folha de teste, um lápis preto e cronometro.
senvolvidos pelo indivíduo. Idealizado por Ehrig
Wartegg em 1930 na Alemanha Oriental. Destaca- 2.5. Teste Grafológico
do como um dos testes mais utilizados no Brasil
para seleção de pessoal (CHIAVENATO; CUNHA, Analisa a grafia individual, onde conclui-se dezenas
2000). de traços da personalidade. Para isso os grafólogos soli-
- Rorscharch citam que os candidatos escrevam alguma coisa em folha
Criado por Hermmam Rorscharch em 1921 em Zuri- branca (uma redação de 20 linhas ou mais) para análise
que, Suíça. Esse teste é feito de forma individual do tamanho de letra, inclinação, direção, altura, pres-
com apresentação de lâminas e tintas onde o can- são, velocidade; o conteúdo da redação não é analisado.
didato será avaliado dentro de um processo psí- Apresenta baixo custo, detecta traços da personalidade
quico, afetivo-emocional, motor-conativo e cog- não identificados em outros métodos (SINGER, 1999).
nição, funções e sistemas cerebrais entre outros
envolvidos na construção das imagens (CHIAVE- 2.6. Técnicas de Simulação
NATO, 1999).
- PMK São criadas situações para os candidatos interagirem e
Idealizado por Emilio Mira Y Lopez em Londres, mos- participarem em grupo visando seu comportamento social.
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

tra como a pessoa realmente é na sua personalida- Para isso estão citados abaixo os processos mais conhecidos:
de; na sua estrutura, dinâmica e reação em contato
com meio ambiente como: depressão, agressivida- 2.7. Provas (técnicas) situacionais
de, emotividade (CHIAVENATO, 1999).
- Machover Elaboradas a partir das características ou peculiarida-
O teste da figura humana (1949) usada para perceber des do cargo ou área de atuação. Bueno (1995) propõe
a imagem que o próprio candidato faz de si mes- passos para elaboração de um teste.
mo, uma vez que o desenho representa a si mesmo
e o papel o ambiente. Esse teste proporciona uma - Objetivo claro: perfil do cargo, resultados espera-
série de informações descritivas e significativas a dos, processo que se delineou, participação do re-
respeito da personalidade (TELLES, 1997). quisitante;

51
- Identificar situações mais comuns, repercussão dos resultados, contexto empresarial e local, tecnologia envolvida,
abrangência de tarefas a serem focadas;
- Definir a tarefa a ser desenvolvida e a forma de avaliação;
- Orientar o requisitante quanto à forma de elaboração de prova e definir quem fará a aplicação e a avaliação, que
costuma ser mais qualitativa do que quantitativa;

Se a atividade escolhida para prova situacional atende a dois requisitos básicos:


- Essencialidade: Importância do desempenho.
- Abrangência: Volume de atividades relevantes que a prova avaliará.
- Logística adequada: local da aplicação, clareza de provas, orientações, tempo para sua realização, material de
apoio.

2.8. Dinâmica de Grupo

A dinâmica de grupo pode ser conduzida. Em 1939, Kurt Lewin, definiu como:
- Um campo específico de pesquisa da psicologia;
- Uma pessoa ou mais se reúne, há um conjunto de fenômenos;
- Refere-se a um conjunto de métodos práticos de trabalho com grupos.

Quando utilizada na seleção de pessoas propõe a um grupo de candidatos um conjunto de vivências, jogos, simu-
lações, testes situacionais, estudos de caso ou debates, estimulando a interação dos participantes promovendo uma
dinâmica onde é possível a observação direta do comportamento dos candidatos.

Através da dinâmica de grupo é possível avaliar habilidades interpessoais e atitudes.


Uma das funções do Recursos Humanos é ter disponível instrumentos que acompanhem a variável do tempo em
relação à posição que o candidato for ocupar, sendo ele contratado ou promovido, dando assim mais confiança ao
recrutamento e seleção.
A importância de um departamento de Recrutamento e Seleção estratégico agregando resultados viabiliza negó-
cios e aumenta a responsabilidade em aspectos como:
Informações reservadas, pessoais, não podem ser abertas e nem utilizadas. Um ponto de relevância dentro da ética
e a valorização das diferenças entre os candidatos é respeitar as pessoas. A diversidade diz respeito ao grau de diferen-
ças humanas básicas em uma determinada população, ela realça e contrapõe à homogeneidade, que procura tratar as
pessoas como se fossem padronizadas e despersonalizadas.
A partir do exposto, observa-se o quadro abaixo demonstrando o tipo de seleção:
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

Fontes:
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
FORMIGA, N. S., & MELLO, I. (2000). Testes psicológicos e técnicas projetivas: uma integração para um desenvolvi-
mento da interação interpretativa indivíduo-psicólogo. Psicologia: Ciência e Profissão, 20, 8-11.
MAILHIOT, G. B. Dinâmica e gênese dos grupos. 3. ed. São Paulo: Livraria duas cidades, 1976
PASSOS, Antonio E.V.M, Atração e seleção de pessoas. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

52
REIS, Valéria dos. A entrevista de seleção com foco Quando bem conduzida, uma entrevista devolutiva
em competências comportamentais. Rio de Janeiro: Qua- pode trazer importantes contribuições ao candidato que
litymark, 2003. tem a oportunidade de aprimorar seu autoconhecimento
TELLES, V. S. A Leitura cognitiva da psicanálise: proble- e autopercepção, favorecendo seu autodesenvolvimento
mas e transformações de conceitos., São Paulo, v. 8, n. 1, (Goulart Júnior, 2003).
p. 157-182, 1997. Não é conveniente, no entanto, que se forneçam re-
Disponível em: http://monografias.brasilescola.uol. sultados em forma de respostas certas e esperadas aos
com.br/administracao-financas/recrutamento-selecao- instrumentos psicológicos utilizados, visto que tal com-
-uma-revisao-bibliografica.htm portamento pode inviabilizar o uso futuro desses instru-
mentos. Além de estar em relação com o sistema da or-
AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ganização da qual faz parte ou para a qual presta serviço
e em relação com os indivíduos que avalia, o psicólogo
Cabe ao próprio psicólogo a tarefa de correção dos também está em relação com sua própria categoria pro-
instrumentos psicológicos, seguindo os critérios apro- fissional, devendo considerações a ela e a todo o conhe-
priados de cada instrumento de modo a contextualizar cimento construído.
os dados quantitativos obtidos, integrando-os com uma Em relação à devolutiva para o empregador solicitan-
avaliação qualitativa (Wechsler, 1999). te, é importante que o psicólogo se paute em uma visão
Ao considerar a instabilidade dos sistemas, o psicólo- dinâmica do indivíduo naquele momento (quando foi
go também considera que o desempenho apresentado feita a avaliação). Logo, não se colocam inferências sobre
pelo indivíduo está relacionado à situação em que foi o sujeito, sendo todos seus comentários feitos com base
avaliado, ao momento de vida e tantas outras variáveis nos dados obtidos. Assim, seu relatório focará a relação e
inter-relacionadas, podendo se alterar à medida que não fatores isolados, ou seja, a apresentação dos resulta-
muda a relação do indivíduo com o ambiente (ao iniciar dos abrangerá uma visão integrada dos dados, os quais
a atuação na organização, após passar por um processo estão em constante processo de mudança.
de treinamento, quando concluir os estudos etc.). Não é apropriado, no entanto, que a devolutiva para
A instabilidade também se faz presente nas constan- o empregador contenha informações ou interpretações
tes mudanças das relações de trabalho, sendo oportuno sobre o sujeito que não digam respeito à avaliação sobre
que tal fato seja levado em conta na avaliação dos resul- o cargo solicitado. Apesar de o todo ser maior do que
tados, bem como a cultura da organização e o perfil do a soma das partes, também é menor que ela: nem tudo
cargo pleiteado. que abrange um indivíduo está diretamente relacionado
Dessa forma, o psicólogo, ao adotar uma epistemo- a sua atuação na organização; há nele aspectos outros
logia sistêmica, estará adotando efetivamente o caminho que não necessariamente estarão contemplados em sua
da objetividade entre parênteses. Então, as questões que ação profissional e que, portanto, não precisam ser re-
irão nortear as suas decisões no processo seletivo de- velados ao empregador sob o risco de favorecer vieses.
vem ser as seguintes: “minha ação está condizente com
minhas crenças em que o sistema é auto organizador, Fonte: PARPINELLI, R. F.; LUNARDELLI, M. C. F. Avalia-
em que não posso dirigi-lo, nem instrui-lo e em que o ção psicológica em processos seletivos: contribuições da
sistema está criando para si uma realidade da qual ine- abordagem sistêmica. Estudos de Psicologia. Campinas,
vitavelmente participo? Estou levando em consideração 2006
as conexões intersistêmicas e as possíveis repercussões
de minha ação em outros pontos da rede ou do sistema DECISÃO FINAL
de sistemas? É claro que essas respostas ele só terá por
meio de sua constante interação conversacional com o Neste momento a decisão cabe ao requisitante e não
sistema”. ao selecionador. Serão consolidados uma série de infor-
mações coletadas do perfil do candidato durante o pro-
1. Devolutiva cesso, pontos favoráveis e desfavoráveis que levam a uma
decisão. Monta-se um relatório onde o requisitante terá
A entrevista devolutiva com o candidato avaliado se acesso, mas é necessário observar que a decisão cabe a
caracteriza como etapa legítima do processo de avalia- um grupo, mesmo porque poderá haver distorções, dú-
ção psicológica, pois reafirma o cuidado com os indiví- vidas que poderão ser eliminadas, onde os requisitantes
duos e confere seriedade e credibilidade ao trabalho do podem não ter tanta experiência (MENDONÇA, 2006).
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

psicólogo. É o momento em que o psicólogo expõe ao O próximo passo é seguir para exames médicos e
avaliando suas análises e interpretações (Goulart Júnior, referencias dos candidatos. Pode acontecer que algum
2003). candidato venha a negligenciar alguma informação. O
Ao realizar a entrevista devolutiva, o profissional con- melhor meio é procurar organizações que os candidatos
textualiza seu trabalho, não abstraindo uma parte impor- já tenham trabalhado. Essa coleta pode ser feita por tele-
tante do todo maior que foi a avaliação psicológica, a fone, internet. É importante ter cuidado com informações
saber: o candidato. Com isso, ele está também focando recebidas, não apenas à vínculos de trabalho, mas vida
para as relações do processo. Tal relação é estendida ain- acadêmica, registros de trânsito, verificações de créditos.
da à própria organização que, assim como o profissional
psicólogo, está expressando seu cuidado para com o in-
divíduo.

53
1. Exame Médico Ao finalizar esse processo de interpretação, segue a
montagem do laudo, nela constam todas as informações
Indispensável para segurança da organização e do recebidas durante todo o processo e objetiva confirmá-
colaborador. O exame físico é compatível em relação -las, podendo também ser pesquisadas através de SERA-
as atividades que serão exercidas, onde o resultado irá SA, SPC entre outras instituições (FAISSAL, 2006).
apontar se o colaborador já tem algum problema de
saúde, se é hereditário ou mesmo problemas adquiridos O laudo finalizado é um poderoso instrumento para a
em trabalhos anteriores. Essa prática é determinante em tomada de decisão (BARBOSA e DALPOZZO, 2006)
pagamentos de indenizações trabalhistas, quando impli- A tomada de decisão é uma tarefa de grande res-
que risco de morte. Por outro lado, quando as condições ponsabilidade, Chiavenato (2004), diz “Após todos os
físicas são compatíveis as atividades que serão exercidas, aspectos preliminares do processo de seleção, estabele-
o processo está concluído (FAISSAL, 2005). cimento de critérios adequados, recrutamento, seleção e
entrevistas não podem dar a certeza absoluta de ter sido
2. Organização dos Traços do Candidato feita a escolha certa. Os gerentes não falham porque to-
maram decisões erradas, mas sim porque usam os estilos
Cada afirmação e resposta examinada identifica tra- errados para a decisão, sendo decidido muito depressa e
ços positivos que indicam as características requeridas impulsivamente, reúnem informações excessivas ou pro-
pelo o cargo. telando informações”.
Após esta etapa, é hora de iniciar o processo de se- Sendo assim é importante perceber os seguintes
leção dos candidatos. É importante ressaltar que, assim pontos:
como os métodos de recrutamento, cada organização - Considerar as realizações e não credenciais do can-
desenvolve os seus métodos seletivos particulares, que didato;
podem ainda variar conforme o cargo e os interesses de - Preconceitos devem ser excluídos;
cada momento em específico (BOHLANDER, 2003). - Candidatos fortes ameaçam gerentes fracos;
Os pontos mais comuns são: - Candidatos super qualificados sentem-se desmoti-
- Desenvolver estratégias que visam levantar o perfil dos
vados;
candidatos e comparar com um “ideal” previamente
- Candidatos finalistas não devem ser dispensados
determinado para ocupar a vaga em disposição.
até o escolhido aceitar o cargo.
- Identificar um conjunto de habilidades e de com-
petências que caracterizam os profissionais como
Aos candidatos que foram reprovados, recomenda-se
sendo um diferencial para o mercado, se encarre-
dar um retorno o mais rápido possível, principalmente
gando de passar o know how adquirido pela insti-
aqueles que ficaram no processo final da seleção. Procu-
tuição após a suposta contratação.
- Encontrar os candidatos que apresentam as caracte- rar sempre passar uma resposta construtiva para motivar
rísticas mais próximas dos executivos que se desta- os candidatos na procura de um próximo emprego.
cam na própria empresa, funcionando como uma Toda a documentação dos candidatos reprovados
espécie de método de clonagem. pode ser arquivada de forma a serem úteis para o preen-
- Avaliar os candidatos dando ênfase ao que se cha- chimento de um cargo onde o mesmo possa ser ade-
ma incidente crítico da função. Trata-se de iden- quado.
tificar no cargo os possíveis acontecimentos que
demandem do profissional um determinado com-
portamento que será considerado pelo contra- EXERCÍCIOS COMENTADOS
tante como desejável ou indesejável, ou seja, que
produziriam um desempenho melhor ou pior no
dia-a-dia de trabalho de um profissional. 1. (STM – CESPE – 2018) Uma pesquisa de qualidade no
atendimento em um órgão da administração pública de-
Para George (2003), nem sempre após a escolha do monstrou discrepância entre as avaliações quando foram
candidato e a negociação ter ocorrido verbalmente, a comparados os atendimentos prestados por servidores
contratação é realizada. Muitas vezes o candidato recebe mais experientes e por servidores mais novos. A análise
outra proposta mais atraente, então podemos: dos motivos mostrou que os mais novos consideravam-
- reduzir o máximo de tempo entre a proposta verbal -se autossuficientes e ignoravam o conhecimento dos
da escrita; mais experientes. Por outro lado, os mais experientes
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

- acreditar que o candidato está esperando apenas a consideravam que os mais novos eram arrogantes e omi-
sua proposta; tiam informações importantes sobre o atendimento.
- aguardar um tempo para o candidato estudar sua Nessa situação hipotética,  percebe-se que a comunica-
proposta, mas não deve perder contato com ele; bilidade no órgão em questão ocorre de maneira fluida,
- estar preparado para a recusa, e se ocorrer, retomar em decorrência de os integrantes de um mesmo grupo
o processo de seleção. pactuarem a adoção de comportamentos similares.

O processo de avaliação demonstra-se complexo


diante da quantidade de informações fornecidas pelo ( ) CERTO ( ) ERRADO
candidato, porém deverão ser observadas para que a
melhor escolha seja feita.

54
Resposta: Errado. Quando analisamos o texto, obser-
vamos que não existe um equilíbrio na comunicação
entre os servidores, há pontos de discordância entre HORA DE PRATICAR!
eles, o que que gera uma comunicação truncada, sem
canal de compreensão, portanto, fluidez não é um as- 1. (ABIN – CESPE – 2018) Julgue o próximo item, referen-
pecto que faça parte da comunicação no cenário apre- te ao conceito de gestão de pessoas e à função do órgão
sentado. responsável pela gestão de pessoas nas organizações.
Do ponto de vista de gestão de pessoas, os empregados
2. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade vinculados à organização compõem o patrimônio físico
no atendimento ao público, julgue o item seguinte: da organização.
Eficácia no atendimento ao público significa atender às
necessidades do cliente, fazendo o melhor uso dos recur- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sos disponíveis na organização.
2. (ABIN – 2018 – CESPE) Julgue o próximo item, referen-
te ao conceito de gestão de pessoas e à função do órgão
( ) CERTO ( ) ERRADO responsável pela gestão de pessoas nas organizações.
Resposta: Errado. Mais uma questão que exige co- É recomendado que os órgãos responsáveis pela gestão
nhecimento de conceitos. Vejamos: de pessoas implementem políticas para aumentar a qua-
▪ Eficácia: fazer o que foi proposto, atingir a meta. Está lidade de vida no trabalho e garantir que as condições de
relacionado ao resultado. trabalho sejam excelentes para os empregados.
▪ Eficiência: atingir a meta considerando os recursos,
os custos, ou seja, fazer o proposto com baixo custo. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Está relacionado ao recurso.
▪ Efetividade: aquilo que causa impacto, ou seja, o re- 3. (DPU – CESPE – 2016) Acerca da gestão de pessoas,
sultado tem que ser relevante, fazer diferença, positi- função da área de gestão de pessoas, políticas e sistemas
vamente, para quem receber a ação. Está relacionado de informações gerenciais, gestão de pessoas baseada
ao impacto provocado. em competências e aprendizagem organizacional, julgue
o item a seguir:
3. (TRF 1ª REGIÃO – CESPE – 2017) Acerca da qualidade Os processos, as políticas e as práticas de gestão de pes-
no atendimento ao público, julgue o item seguinte. soas alicerçam as decisões de organizações contemporâ-
Atendente que compartilha informações de um cliente neas no desenvolvimento da aprendizagem contínua das
com um colega atendente na frente de outras pessoas pessoas a fim de contribuir para o alcance da estratégia
não atende aos parâmetros conduta e discrição e, por organizacional.
conseguinte, compromete a qualidade do atendimento.
( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (SEDF – CESPE – 2017) Com relação ao equilíbrio or-


ganizacional, liderança, motivação e objetivos da gestão
de pessoas, julgue o seguinte item:
Resposta: Errado. Entre os Atributos da Qualidade no A área de recursos humanos (RH) deve articular-se com
Atendimento temos: as demais áreas da organização para a elaboração de
a) Discrição: envolve zelo, respeito, prudência, discer- planos estratégicos.
nimento e sensatez quando fornece uma informação ( ) CERTO ( ) ERRADO
ao cliente. É necessário manter-se reservado sobre o
que o cliente lhe diz. Assim, estará transmitindo con-
fiabilidade e seriedade no trabalho desenvolvido. 5. (STM – CESPE – 2018) Julgue o item seguinte, relativo
b) Conduta: espera-se que atendente conheça e res- à gestão e estrutura de organizações.
peite as normas internas, afinal, ele é um canal de Líderes liberais são aqueles que adotam postura consultiva,
transmissão da imagem da organização e, como tal, compartilhando com suas equipes a tomada de decisão. 
deve manter postura profissional e agir dentro da cul-
tura da empresa/ instituição, conforme os interesses ( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

institucionais, mas, ainda assim, atingindo o resultado


desejado de atender com excelência o cliente resol- 6. (TRT 7ª Região-CE – CESPE – 2017) “A motivação
vendo sua necessidade ou atendendo seu desejo. depende do esforço despendido pelo empregado para
Conforme os conceitos acima, temos que a assertiva atingir um resultado e do valor atribuído por ele a esse
não confere com os conceitos. resultado.” Essa premissa se refere à teoria motivacional
denominada teoria

a) das necessidades de Maslow.


b) da expectativa. 
c) da equidade.
d) behaviorista.

55
7. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CESPE – 2017) O
fato de os indivíduos estabelecerem conexões humanas ANOTAÇÕES
uns com os outros favorece o trabalho coletivo, o que,
por sua vez, implica maior desempenho na execução das
atividades das organizações. Considerando-se essas in- ________________________________________________
formações, é correto afirmar que a unidade de trabalho
fundamentada na sinergia denomina-se: _________________________________________________

_________________________________________________
a) repartição.
b) equipe.  _________________________________________________
c) grupo.
d) setor. _________________________________________________
e) diretoria.
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO
_________________________________________________
1 ERRADO _________________________________________________
2 CERTO
_________________________________________________
3 CERTO
4 CERTO _________________________________________________

5 CERTO _________________________________________________
6 B _________________________________________________
7 B
_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

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_________________________________________________
NOÇÕES DE GESTÃO DE PESSOAS

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_________________________________________________

_________________________________________________

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_________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________

56
ÍNDICE

NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS


Conceitos. Noções fundamentais de compras;............................................................................................................................................................01
Licitação no serviço público: conceito; finalidade; princípios; modalidades; cadastro de fornecedores; noções básicas de almo-
xarifado e recebimento de materiais. .............................................................................................................................................................................14
Decreto nº 9.094/2017 – dispõe sobre a simplificação do atendimento prestado aos usuários dos serviços públicos, ratifica a
dispensa do reconhecimento de firma e da autenticação em documentos produzidos no País e institui a Carta de Serviços ao
Usuário.........................................................................................................................................................................................................................................24
Cadastro: cabe a esse subsistema o cadastramento
CONCEITOS. NOÇÕES FUNDAMENTAIS de fornecedores, pesquisa de mercado e compras.
DE COMPRAS
2. Subsistemas Específicos

Segundo Razzonili Filho (2012) os materiais podem


“A Administração de Materiais consiste em ter os ma-
ser classificados nos seguintes subsistemas: Normaliza-
teriais necessários na quantidade certa, no local certo e
ção, Controle, Aquisição e Armazenamento.
no tempo certo à disposição dos órgãos que compõem
Subsistema Normalização: tem como função sele-
o processo produtivo da empresa” (CHIAVENATO, 2005,
cionar, padronizar e especificar os materiais. Classifica
p. 36 - 37).
e codifica os materiais garantindo a uniformidade dos
A administração de materiais tem como foco atuar no
materiais que entram no processo produtivo para que o
controle e planejamento de materiais e na relação entre
produto final atenda às especificações da produção e a
as necessidades de suprimentos de uma organização e
qualidade exigida.
os recursos financeiros e operacionais da mesma, geran-
“Entende-se por normalização a forma como são or-
do dessa forma condições cada vez mais favoráveis para
ganizadas as atividades, como definem as normas e a
seu desenvolvimento.
utilização de regras; bem como a elaboração, publicação
“A Administração de Materiais envolve a totalidade
e disseminação do uso das normas e regras, como o ob-
dos fluxos de materiais da empresa, desde a programa-
jetivo de selecionar, avaliar e certificar os fornecedores
ção de materiais, compras, recepção, armazenamento
da organização” (RAZZOLINI FILHO, 2012, p. 32).
no almoxarifado, movimentação de materiais, transporte
As principais atividades do Subsistema Normalização:
interno e armazenamento no depósito de produtos aca-
Normalização e padronização de materiais; Classificação
bados” (CHIAVENATO, 2005, p. 38).
de materiais.
Subsistema Controle: responsável pela gestão e va-
SUBSISTEMAS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATE-
loração dos estoques da organização, ou seja, determina
RIAIS
quando e como comprar, busca garantir que os mate-
riais estejam em quantidade necessária, no tempo preci-
1. Subsistemas típicos
so, com a qualidade requerida e tenham sido adquiridos
Controle de Estoque: esse subsistema é responsável
pelo melhor preço.
pela gestão do estoque, logo cabe a ele o planejamento
e a programação de material por meio de análise, previ-
são, controle e ressuprimento. #FicaDica
Aquisição / Compra de Material: esse subsistema Valoração pode ser conceituado como a
é responsável pela aquisição dos materiais, logo, suas determinação de qualidade ou valor a algo.
principais ações são a gestão, negociação e contratação
de compras de material. Tal subsistema deve assegurar
que os materiais adquiridos estejam na quantidade cer-
Subsistema Aquisição: responsável pela realização
ta, na qualidade requerida e a entrega seja realizada no
de compras dos materiais de acordo com as informações
prazo estabelecido. Além disso, deve preocupar-se com
e especificações apontadas pelo Subsistema Controle
o preço dos materiais adquiridos negociando-o com o
(por meio de requisições), para que as compras realiza-
fornecedor.
das respondam às necessidades da organização, evitan-
Inspeção de Recebimento: subsistema que tem por
do-se assim desperdícios por aquisição de materiais fora
responsabilidade realizar a verificação física e documen-
do padrão exigido ou em quantidades desnecessárias.
tal do recebimento de material, ou seja, deve inspecionar
O Subsistema aquisição “também é responsável pela
se o material recebido está de acordo com as normas
venda (alienação) dos materiais inutilizáveis ou inserví-
e exigências solicitadas e estabelecidas quando da sua
veis, e mesmo do patrimônio da organização que esteja
aquisição.
obsoleto ou já completamente depreciado” (RAZZOLINI
Classificação de Material: cabe a esse sistema identi-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

FILHO, 2012, p. 33 e 34).


ficar (especificar), classificar, codificar, cadastrar e catalo-
Também atua em sintonia com o Subsistema Norma-
gar os materiais.
lização na busca de fornecedores aprovados pela norma-
Armazenagem/Almoxarifado: tem por objetivo en-
lização e o Subsistema de Armazenamento na verificação
carregar-se pela gestão física dos estoques. Dentre suas
da estocagem dos materiais.
atividades estão: recepção de material, expedição de ma-
Subsistema Armazenamento: recepciona os mate-
terial, guarda, preservação, embalagem.
riais, armazena e os distribuem para os departamentos.
Controle e Distribuição de Materiais: esse subsiste-
Além disso, inspeciona e controla a qualidade dos mate-
ma controla os materiais e sua distribuição aos diversos
riais, especialmente a qualidade da guarda e movimen-
setores da empresa, ou seja, após classificados os mate-
tação dos materiais, para que entrem nos processos pro-
riais devem seguir para as áreas que os solicitaram.
dutivos com qualidade garantida. Também é responsável
Movimentação de Material: controla e normaliza
pela movimentação interna e seu transporte. Além do
as movimentações dos materiais: recebimento, forneci-
controle qualitativo, exerce o controle quantitativo que
mento, devoluções, transferências entre outras ações de
dentre suas ações estão: conferência, contagem, registro
movimentação dos materiais.
e documentação.

1
Proporcionar economias de escala por meio da com-
pra ou produção de lotes econômicos; pela flexibilidade
EXERCÍCIOS COMENTADOS do processo produtivo; pela rapidez e eficiência no aten-
1. (JUCEPAR-PR – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – dimento às necessidades (CHIAVENATO, 2005, p. 68).
FAU – 2016) As funções da Administração de Materiais
são, EXCETO: CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOQUES

a) Compras. Os estoques são classificados em:


b) Vendas. Estoques de matérias-primas (MPs): São os insumos e
c) Transporte. materiais básicos necessários para o processo de produ-
d) Armazenagem. ção. São os elementos iniciais e principais para a produ-
e) Manuseio. ção da empresa, seja de produtos ou serviços.

Resposta: Letra B. A função de vendas compete a


Área de Vendas, não sendo função de responsabili- #FicaDica
dade da Administração de Materiais. Segundo Chia-
Insumos são os elementos diretamente ne-
venato (2005, p. 36-37) “A Administração de Materiais
consiste em ter os materiais necessários na quantida- cessários para a produção de produtos ou
de certa, no local certo e no tempo certo à disposição serviços, como matéria-prima, equipamen-
dos órgãos que compõem o processo produtivo da tos e outros.
empresa”, logo, dentre suas funções podem ser consi-
deradas compras (aquisição), transporte (movimenta- ▪ Estoques de materiais em processamento (ou em
ção), armazenagem e manuseio. vias)

É composto por materiais que estão em fase de pro-


cessamento nas diversas seções do processo produtivo,
INTRODUÇÃO
ou seja, são os materiais que estão em processo de pro-
dução ou em vias de serem processados.
O estoque representa papel importante na operacio-
nalização da empresa, pois ao passo que deve ser bem
▪ Estoques de materiais semiacabados
definido a corresponder às necessidades de produção da
empresa, não pode ser um gerador de custos desnortea-
São materiais parcialmente acabados, seu processo
dos e de desperdícios.
produtivo está em estágio intermediário de acabamen-
CONCEITO DE ESTOQUE to. Estão quase acabados, dessa forma encontram-se em
estágio mais avançado do que os materiais em proces-
O Estoque pode ser definido como a quantidade de samento.
materiais que é armazenada para determinado fim. Tais
materiais podem ser matérias-primas, materiais em pro- ▪ Estoques de materiais acabados (ou componen-
cessamento, materiais semiacabados, materiais acaba- tes)
dos, produtos acabados.
Esses materiais são estocados e em determinado mo- Este estoque é composto por materiais ou compo-
mento serão requisitados para processamento. Ou seja, nentes acabados que serão anexados ao produto aca-
o estoque possui um sortimento de materiais que em al- bado.
gum momento será utilizado seja no processo produtivo.
Segundo Viana (2009, p.109) estoque pode ser defi- ▪ Estoques de produtos acabados (PAs)
nido como
E composto pelos produtos prontos (acabados), ou
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Materiais, mercadorias ou produtos acumulados para seja, o processo produtivo foi completamente finalizado
utilização posterior, de modo a permitir o atendimento e o produto já está pronto para o fornecimento.
regular das necessidades dos usuários para a continuida-
de das atividades da empresa, sendo o estoque gerado,
consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a
demanda com exatidão.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
FUNÇÕES DO ESTOQUE 1. (COREN-SP – AGENTE DE ALMOXARIFADO – MÉ-
DIO – VUNESP – 2013) Os estoques de matérias-primas
As principais funções do estoque são: (MPs) são constituídos por:
Garantir que a empresa seja abastecida com materiais
sempre que necessário, neutralizando ou minimizando a) insumos e materiais básicos para a produção dos pro-
os efeitos gerados por problemas no fornecimento de dutos ou serviços da empresa.
materiais, tais como demoras, atrasos, sazonalidade dos b) produtos já prontos e acabados, cujo processamento
suprimentos e demais dificuldades. foi completado inteiramente.

2
c) componentes já acabados e prontos para serem ane- Modelo de evolução de consumo sujeito a tendência:
xados ao produto. a possibilidade de consumo médio aumenta ou diminui
d) materiais semiacabados, em estágio intermediário de no decorrer do tempo e das situações do mercado.
acabamento. Modelo de evolução sazonal de consumo: nesse mo-
e) materiais que estão em fase de processamento e pro- delo há previsões de oscilações regulares (positivas ou
dutos já finalizados ou semiacabados. negativas) de consumo, ou seja, o consumo é sazonal.

Resposta: Letra A. Os estoques de matérias-primas 2. Método do consumo do último período


(MPs) são compostos por insumos e materiais básicos
para produção dos produtos ou serviços da empresa, Tal método visa a previsão de consumo do próximo
ou seja, são os elementos iniciais e primordiais neces- período baseado no consumo ou demanda do período
sários para o processamento de produtos ou serviços. anterior. Caso o consumo seja crescente de um período
ao outro, é possível acrescentar uma certa quantidade a
2. (DCTA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLO- cada período.
GIA AEROESPACIAL – ASSISTENTE EM C&T ASSISTEN- Exemplo:
TE 1 (ALMOXARIFADO) – MÉDIO – VUNESP – 2013)
Pode-se considerar estoque como a (o): Consumo do último pe- Previsão de Consumo
ríodo do próximo período
a) capacidade produtiva total em relação à disponibilida-
de de matéria-prima no mercado. Mês de Fevereiro: Mês de Março:
b) conjunto de materiais que está disponível para ser re- 150 unidades 150 unidades
quisitado e utilizado no processo produtivo.
c) crescimento e evolução das variações decorrentes do 3. Método da Média Móvel
cálculo do giro de estoque e ponto de pedido.
Nesse método a previsão de consumo para o próxi-
d) planejamento de utilização dos materiais de consumo
mo período baseia-se nas médias de consumo dos pe-
e produtos de acordo com o recebimento dos pedi-
ríodos anteriores.
dos.
Exemplo: Cálculo da previsão de consumo para o mês
e) posicionamento da quantidade de materiais em trânsi-
de junho pelo Método da Média Móvel:
to e em produção vinculado a transações de compras.

Resposta: Letra B. O Estoque pode ser definido como Período Consumo Unidade
a quantidade de materiais que é armazenada para ser Fevereiro 120
utilizada no processo produtivo quando requisitado.
De acordo com Chiavenato (2005, p.67) “o estoque Março 150
constitui todo o sortimento de materiais que a empre- Abril 160
sa possui e utiliza no processo de produção de seus
Maio 110
produtos/serviços”.
Média Móvel: 120 + 150 + 160 + 110
4
PREVISÃO DE CONSUMO PARA OS ESTOQUES
Média Móvel: 540 = 135
4
Dentre as técnicas de previsão de estoque, três se Previsão de consumo para mês de Junho: 135 unida-
destacam: des.
Projeção: utiliza dados passados (mês ou meses an-
teriores) para previsão de demanda futura (quantida-
de adequada a ser adquirida). Essa técnica é de caráter #FicaDica
quantitativo (referem-se a quantidades). Para o cálculo do Método da Média Móvel
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Explicação: assim como a projeção, essa técnica tam- utiliza-se a fórmula para cálculo de Média
bém é de caráter quantitativo. A explicação relaciona ati- Simples, que se baseia na soma das unida-
vidades produtivas ou comerciais passadas com outras des dividida pela soma da quantidade de
variáveis. períodos.
Predileção: baseada na opinião de especialistas (fun-
cionários experientes, conhecedores de fatores influen-
tes em vendas e mercado) os quais estabelecem a evolu- 4. Método da Média Móvel Ponderada
ção das vendas futuras.
Nesse método os valores por período recebem pesos,
1. Evolução do consumo para tanto, os valores de períodos mais recentes rece-
bem pesos maiores do que os de períodos mais antigos.
Modelo de evolução horizontal de consumo: também
conhecido como consumo médio horizontal, nesse mo- Exemplo:
delo há evolução do consumo de maneira horizontal e Cálculo da previsão de consumo para o mês de Junho
sua tendência é quase invariável ou constante. pelo Método da Média Móvel Ponderada:

3
Consumo Uni- da, caracterizado pela aplicação de pesos maiores aos
Período Peso dados de consumo mais novos e pesos menores aos
dade
dados mais antigos.
Fevereiro 120 1 c) Com base no método da média móvel para 3 perío-
Março 150 2 dos, a previsão de consumo para janeiro é superior
a 111 unidades por causa da tendência crescente de
Abril 160 3 consumo.
Maio 110 4 d) Com base no método do último período, a previsão de
consumo para janeiro é de 111 unidades.
Média Móvel Ponderada:
(120 x 1) + (150 x 2) + (160 x 3) + (110 x 4) Resposta: Letra C. Com base no método da média
10 móvel para 3 períodos, a previsão de consumo para
Média Móvel Ponderada: 1340 = 134 janeiro será de 106 unidades, conforme cálculo:
10 Média Móvel: 102 + 105 + 111 = 318 = 106
Previsão de consumo para mês de Junho: 134 unida- 3 3
des. Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou
Errado.
#FicaDica
4. (TJ-DF – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
Para o cálculo do Método da Média Móvel NISTRATIVA – MÉDIO – CESPE – 2008) Considere o
Ponderada deve-se multiplicar os valores consumo de determinado material apresentado a seguir.
pelo peso dado a cada um deles, após, so-
ma-se os resultados dos valores multiplica-
dos e dividindo pela soma dos pesos. mês unidades
janeiro 250
05. Método da Média com Ponderação Exponen- fevereiro 280
cial março 320
Esse método é semelhante ao Método de Média Mó- abril 290
vel Ponderada, porém há um acréscimo de parcela do maio 300
erro anterior de previsão. Nesse método consideram-se
algumas variáveis como tendência e sazonalidade ocor- junho 310
ridas no tempo.
Nessa situação, a previsão de consumo para julho
será superior a 310 unidades, se for empregado o méto-
do do último período para previsão do consumo.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
3. (TSE – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA Resposta: Errado. O método do último período visa
– SUPERIOR – CESPE – 2007) Considere o seguinte con- a previsão de consumo do próximo período baseado no
sumo de determinado material. consumo ou demanda do período anterior. Logo, a pre-
visão de consumo para julho será de 310 unidades.
60 unidades em março
70 unidades em abril
85 unidades em maio CUSTOS DOS ESTOQUES
88 unidades em junho
94 unidades em julho Custos de estoques ou custos de estocagem referem-
98 unidades em agosto -se aos custos que todo material gera ao ser estocado.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

98 unidades em setembro Duas variáveis impactam no custo de estoque, que


102 unidades em outubro são a quantidade de material em estoque e o tempo de
105 unidades em novembro permanência desse material em estoque. Ou seja, quanto
111 unidades em dezembro maior a quantidade e o tempo que o material ficará em
estoque, maior será o custo de estoque.
Com base nos dados acima e considerando que os
Os custos podem ser agrupados em modalidades
estudos acerca de estoques dependem da previsão do
como: Custo com pessoal: salários dos recursos huma-
consumo de material, assinale a opção incorreta.
nos, encargos sociais. Custo de capital: juros e deprecia-
a) Com base no método da média com ponderação ex- ção. Custo com edificação: aluguel, água, luz, impostos.
ponencial, apenas o consumo do mês de dezembro Custo de manutenção: obsolescência, deterioração, con-
será utilizado na fórmula de cálculo da previsão do servação de equipamentos.
consumo para o mês de janeiro.
b) Para reduzir a influência do baixo consumo nos meses 1. Custos de Armazenagem
de março e abril na previsão de consumo para janeiro, Os Custos de Armazenagem se referem aos custos
é correto utilizar o método da média móvel pondera- gerados pelo acondicionamento e movimentação dos

4
materiais, tais como mão de obra, aluguel do armazém, (CP) é o valor em moeda corrente dos custos incorridos
salários do pessoal do armazém, quantidade de material, no processamento de cada pedido de compra”. Ou seja,
tempo de permanência do material, seguros, deprecia- o custo do pedido se refere ao valor que a empresa gas-
ção de máquinas e equipamentos entre outros. tou para realizar o pedido do material para o fornecedor.
Os custos podem ser variáveis, como quantidade de Fórmula para cálculo do Custo de Pedido:
material e tempo de permanência. Ou fixos como aluguel CP = CAP
do armazém, salários do pessoal do armazém, seguros N
entre outros. Onde:
Cálculo do Custo de Armazenagem CAP: Custo anual dos pedidos
CA = Q/2 · T · P · I N: Número de pedidos no ano
Onde:
Q: Quantidade de material em estoque no período #FicaDica
considerado
T: Tempo de armazenamento O Custo de Estoque (CE) refere-se a soma
P: Preço unitário do material dos Custos de Armazenagem e o Custo do
I: Taxa de armazenamento expressa em porcentagem Pedido.
do preço unitário CE = CA + CP
Para cálculo da fórmula do Custo de Armazenagem
(CA), é preciso utilizar mais uma fórmula a fim de calcular
a Taxa de Armazenamento (I).
A Taxa de Armazenamento é expressa pela soma das 3. Custo de falta de estoque
Taxas de armazenamento físico, Taxa de retorno do ca-
pital empatado em estoque, Taxa de seguro do material Esses custos ocorrem quando a demanda deixa de ser
estocado, Taxa de transporte, manuseio e distribuição do atendida por haver itens em falta no estoque da empre-
material, Taxa de obsolescência do material, Outras taxas, sa. Podem ser classificados em: Custos de Vendas Perdi-
como mão-de-obra, água, luz etc. As quais serão classifi- das, ou seja, houve perda da venda por indisponibilidade
cadas em Ta, Tb, Tc, Td, Te e Tf. do produto; Custo de Atraso: gastos gerados pelo atraso
Ta: Taxa de armazenamento físico da entrega do produto ao cliente.Os custos de falta de
Ta= 100 · A · Ca estoques não podem ser calculados, visto que o resul-
C·P tado qualitativo se sobressai ao quantitativo, ou seja, a
Onde: insatisfação do cliente gera impacto qualitativo à empre-
A: Área ocupada pelo estoque sa (o que não se pode quantificar), ela não só perdeu
Ca: Custo anual do metro quadrado de armazena- aquela venda, mas pode perder vendas futuras não só
mento a esse cliente, mas a outros os quais ele poderá efetuar
C: Consumo anual do material propagandas negativas, ou seja, esse custo vai além da
P: Preço unitário do material receita que a empresa deixou de realizar ao não vender
o produto ao cliente.
Tb: Taxa de retorno do capital empatado em estoque
Tb = lucro
Q·P
Onde: EXERCÍCIOS COMENTADOS
Q · P = Valor dos produtos estocados 5. (SEE-RJ – PROFESSOR DOCENTE – ADMINISTRA-
Tc: Taxa de seguro do material estocado ÇÃO – SUPERIOR – CEPE-RJ – 2007) Todo e qualquer
Tc = 100 · Custo anual do seguro armazenamento de material gera determinados custos,
Q·P que podem ser agrupados em custos de capital, com
Td: Taxa de transporte, manuseio e distribuição do pessoal, com edificação e de manutenção. Um exemplo
material de custo de capital é:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Td = 100 · Depreciação anual do equipamento


Q·P a) impostos
Te: Taxa de obsolescência do material b) deterioração
Te = 100 · Perdas anuais por obsolescência c) aluguel
Q·P d) salário
Tf: Outras taxas, como mão-de-obra, água, luz etc. e) depreciação
Tf = 100 · Despesas anuais
Q·P Resposta: Letra E. Os custos podem ser agrupados
Logo, a Taxa de Armazenamento (I) será a soma de em modalidades como: Custo com pessoal: salários
todas essas taxas: dos recursos humanos, encargos sociais. Custo de
I = Ta + Tb + Tc + Td + Te + Tf capital: juros e depreciação. Custo com edificação:
aluguel, água, luz, impostos. Custo de manutenção:
2. Custo de Pedido (CP) obsolescência, deterioração, conservação de equipa-
mentos.
Segundo Chiavenato, 2005, p. 95, “o Custo do Pedido

5
Instruções: Julgue a questão a seguir como Certo ou • Três partes do Tempo de Reposição ou de Ressupri-
Errado. mento:
• Emissão do pedido: emissão do pedido do departa-
6. (ANS – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – MÉDIO – mento de compras ao fornecedor.
CESPE – 2005) Os custos de armazenagem aumentam • Preparação do pedido: tempo em que o fornecedor
em função da quantidade em estoque e do tempo de recebeu o pedido de compra, preparação dos produtos
permanência em estoque, mas não chegam a zero se o do pedido pelo fornecedor até o momento em que estão
estoque for zero. prontos para o transporte à empresa compradora.
Transporte: saída dos produtos do fornecedor até o
Resposta: Certo. Duas variáveis impactam no custo
recebimento dos mesmos pela empresa compradora.
de estoque, que são a quantidade de material em esto-
De acordo com Viana (2006, p. 156) o tempo de res-
que e o tempo de permanência desse material em esto-
que. Ou seja, quanto maior a quantidade e o tempo que suprimento é composto por tempos internos da empre-
o material ficará em estoque, maior será o custo de esto- sa, como também por externo:
que. Mesmo tendo um estoque zero de materiais, ainda a) TPC - Tempo de Preparação da Compra
há custos de estoque, visto que há variáveis que ainda b) TAF - Tempo de Atendimento do Fornecedor
geram gastos, como aluguel do armazém, depreciação c) IT - Tempo de Transporte
de equipamentos, entre outros. d) TRR - Tempo de Recebimento e Regularização
Onde: TR = TPC + TAF + TT + TRR
NÍVEIS DE ESTOQUE
3. Ponto de Pedido
1. Curva dente de serra
O Ponto de Pedido (PP) indica o ponto (ou nível de
A Curva Dente de Serra é demonstrada graficamente estoque) em que há necessidade de reposição (ressupri-
por linhas que formam uma imagem parecida com um mento) do estoque.
serrote, por isso o nome Dente de Serra. Cálculo do Ponto de Pedido:
Ela apresenta as flutuações de estoques (geometri- PP = Em + (C × Tr)
camente apresenta o comportamento dos estoques ao Onde:
longo do tempo) por meio da identificação do tempo
PP: Ponto de Pedido
de reposição e nível de ressuprimento. Dessa forma, a
Tr: Tempo de Reposição
empresa poderá tomar decisões necessárias para o co-
nhecimento e controle das atividades de reposição dos C: Consumo Médio Mensal
estoques. Em: Estoque Mínimo
Por exemplo, com a utilização da Curva Dente de Ser-
ra, a empresa conseguirá visualizar graficamente a movi-
mentação (entrada e saída) de um material do estoque, #FicaDica
visualizando melhor os pontos de estoque mínimo e es-
toque máximo. Ponto de Pedido também conhecido como
O eixo x (horizontal) representa o tempo decorrido, Ponto de Reposição (PR) ou Ponto de En-
enquanto o eixo y (vertical) representa a quantidade do comenda (PE).
material em estoque.

4. Intervalo de Ressuprimento

O Intervalo de Ressuprimento (IR) determina o tempo


existente entre uma reposição e outra, entre dois pontos
de pedido, ou seja, o tempo equivalente entre dois res-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

suprimentos consecutivos.

5. Estoque Máximo

O Estoque Máximo define a quantidade máxima de


estoque permitida para determinado material, ou seja,
Disponível em: <http://universidadeestoque.com.br/ é a quantidade máxima do material a ser mantida em
blog/index.php/grafico-dente-de-serra/>. estoque.
O cálculo do estoque máximo é definido pela soma
2. Tempo de Reposição ou de Ressuprimento do Estoque mínimo com o Lote Econômico de Compra
O Tempo de Reposição ou de Ressuprimento (Tr) refe- (quantidade ideal a ser comprada).
re-se ao tempo gasto para reposição do estoque, desde Emáx = Em + Lote Econômico de Compra
a verificação das necessidades para reposição do esto- Onde:
que até a chegada dos materiais no almoxarifado. Em: Estoque Mínimo

6
6. Ruptura de estoque

Ponto em que o estoque encontra-se em nível zero, ou seja, o estoque torna-se nulo, entretanto ainda existe de-
manda do material. A demanda existe, porém a empresa não pode atender visto que o estoque está nulo.

7. Giro de estoque

O Giro de estoque define a rotatividade de estoque em determinado período de tempo.


Cálculo do Giro de Estoque:
Giro de Estoque = Consumo Médio Anual
Estoque Médio

#FicaDica
O índice do Giro de Estoque demonstra a saída das mercadorias da empresa, ou seja, as vendas. Logo,
quanto maior o índice de Giro de Estoque, melhores resultados da empresa.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

7. (ANCINE – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR – CESPE – 2006) O conceito de estoque máximo diz res-
peito ao número máximo de unidades de um determinado item de estoque e é definido da seguinte forma: estoque
máximo = estoque mínimo - lote de compra.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O Estoque Máximo define a quantidade máxima de estoque permitida para determinado mate-
rial. É determinado pela soma do estoque mínimo com o lote de compra (e não a subtração).

8. (TRE-PB – ANALISTA JUDICIÁRIO – ADMINISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2007) Um material é consumido a


uma razão de 3.000 unidades por mês, e seu tempo de reposição é de dois meses. O ponto de pedido, uma vez que o
estoque mínimo deve ser de um mês de consumo é igual a:

a) 3.000 unidades.
b) 6.000 unidades.
c) 9.000 unidades.
d) 12.000 unidades.
e) 15.000 unidades.

Resposta: Letra C. O cálculo do Ponto de Pedido é determinado pela seguinte fórmula.


PP = Em + (C · Tr). Onde: PP: Ponto de Pedido, Tr: Tempo de Reposição, C: Consumo Médio Mensal, Em: Estoque
Mínimo.
De acordo com a questão, o Tr equivale a 2 meses, C equivale a 3.000 unidades, assim como o Estoque Mínimo
equivale a 3.000 (um mês de consumo). Portanto:
PP = Em + (C · Tr)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

PP = 3.000 + (3.000 · 2) = 3.000 + 6.000 = 9.000 unidades

CLASSIFICAÇÃO ABC

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 79) “a Classificação ABC baseia-se no princípio de que a maior parte do in-
vestimento em materiais está concentrada em um pequeno número de itens”.
Ou seja, a Classificação ABC ordena os itens consumidos conforme um valor financeiro. Os itens quando ordenados
são divididos em três classes A, B e C:
Classe A: poucos itens, porém com peso no investimento em estoque bem elevado. Até 10% ou 20% dos itens em
estoque, com valor de 80% aproximadamente. Poucos itens, porém de elevada importância.
Classe B: quantidade média de itens (35% a 40%) que possui valor de consumo de 15% aproximadamente. Itens de
importância relativa.
Classe C: grande quantidade de itens (40% a 50%) com valor de consumo acumulado baixo (5% a 10%) dos esto-
ques. A classe C compõe os itens mais numerosos, porém menos importantes.

7
#FicaDica
As porcentagens de classificação não são fixas, sendo valores de porcentagens aproximados, podendo
variar para mais ou para menos.

Com a classificação ABC a atenção dada a cada item é relativa a importância do mesmo. Aos itens da Classe A há
uma maior concentração de atenção, embora sejam poucos itens, são os de maiores valores monetários. Aos itens da
classe B a atenção é menor, e aos itens da classe C a atenção aos itens é ainda mais reduzida, muitas vezes tratados por
processos mais automáticos ou semiautomáticos que não exigem muitos esforços e tempo de decisão.

Tabela com acumulação dos estoques para composição da classificação ABC

Porcentagem
Valor do estoque Porcentagem Valor do estoque
Classificação Código do item acumulada
do item do item acumulado
(%)
1 012 360.000 36,0 360.000 36,0
2 025 280.000 28,0 640.000 64,0
3 011 100.000 10,0 740.000 74,0
4 015 70.000 7,0 810.000 81,0
5 009 55.000 5,5 865.000 86,5
6 014 28.000 2,8 893.000 89,3
7 016 22.000 2,2 915.000 91,5
8 005 20.000 2,0 935.000 93,5
9 017 15.000 1,5 950.000 95,0
10 018 10.000 1,0 960.000 96,0
Demais itens 40.000 4,0 1.000.000 100,0

CHIAVENATO, 2005. p. 80.

Por meio dessa tabela é possível realizar a divisão dos itens nas classes A, B e C.
Percebe-se que os itens 1 a 4 representam acumuladamente 81% do valor monetário do estoque, logo pertencem
a Classe A.
Os itens de 5 a 10 representam acumuladamente 15% do valor monetário do estoque, logo pertencem a Classe B.
Já os demais itens representam 4% do valor monetário do estoque e pertencem a Classe C.
A Classificação ABC pode ser transformada na curva ABC ou Curva de Pareto.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

8
Resposta: Certo. O modelo de lote econômico busca
o equilíbrio entre o custo de manutenção de estoque
EXERCÍCIOS COMENTADOS e o curso de aquisição do pedido, logo, quando há
9. (SERPRO – TÉCNICO – SUPORTE ADMINISTRATIVO uma igualdade entre esses dois itens, pode-se definir
– MÉDIO – CESPE – 2013) O gerente que adota a classifi- que houve uma quantidade ótima de estoques.
cação ABC para controle do seu estoque possui uma pe-
quena quantidade de produtos na denominada classe C. 12. (BNDES – PROFISSIONAL BÁSICO – FORMAÇÃO
EM ENGENHARIA – SUPERIOR – CESGRANRIO – 2013)
( ) CERTO ( ) ERRADO Uma empresa utiliza o Lote Econômico de Compra (LEC)
para repor o estoque de uma das suas peças cuja deman-
Resposta: Errada. De acordo com a classificação ABC, da anual é de 90.000 unidades. Se o custo de colocação
a classe C é composta por grande quantidade de pro- de um pedido é de R$ 4.000,00, e o custo de manutenção
dutos com valor de consumo acumulado baixo. de estoques é de R$ 20,00 por peça por ano, qual é o LEC
utilizado?
10. (TJ-AJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – CESPE
– 2012) Ao se classificar um almoxarifado com base na a) 30
classificação ABC, os itens mais volumosos e que agre- b) 60
gam pouco resultado para a organização devem ser in- c) 4.243
cluídos na(s) classe(s): d) 6.000
e) 12.000
a) A e C.
b) B e C. Resposta: Letra D. Para cálculo do Lote Econômi-
c) A. co de Compra (LEC) utiliza-se a seguinte fórmula
d) B.
e) C. Onde: C: Consumo ou demanda, CP: Custo do Pedido,
CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma-
Resposta: Letra E. De acordo com a classificação ABC, nutenção unitário.
a classe C é composta por grande quantidade de pro- Logo, em resposta a questão, aplica-se a fórmula:
dutos (itens mais volumosos) com valor de consumo
acumulado baixo (agregam pouco resultado para a
organização).

LOTE ECONÔMICO DE COMPRAS


JUST IN TIME
O Lote Econômico de Compra (LEC) baseia-se na de-
finição de reabastecimento do estoque pelo menor custo O Just in Time (JIT), método surgido no Japão, visa a
possível, ou seja, decide a quantidade de itens a ser re- produção dos itens exatamente no momento em que são
posta (comprada) pelo menor custo possível em busca necessários, dessa forma, busca a redução de desperdí-
de um equilíbrio econômico entre custo de manutenção cios por meio da redução de estoques, minimização de
de estoque e o custo de aquisição do pedido. defeitos e retrabalho. O Justi in Time visa à produção na
Fórmula para o cálculo do LEC: quantidade necessária, no momento certo para atender a
demanda com mínimo de estoque ou estoque zero, seja
estoque em produtos acabados, estoque de produtos
semiacabados ou estoque de matéria-prima. Está pauta-
Onde: do na melhoria contínua da produtividade.
C: Consumo ou demanda O Just in Time é conhecido como o sistema que “puxa”
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

CP: Custo do Pedido a produção, visto que a produção só acontece conforme


CA: Custo da armazenagem unitário ou custo de ma- a necessidade sinalizada pelo comprador. Ao contrário
nutenção unitário dos sistemas tradicionais que “empurram” a produção,
ou seja, produzem mesmo que não haja a demanda, de-
pois da produção, “empurram” o produto para a possível
demanda.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
11. (ANP – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPERIOR 1. Kanban
– CESPE – 2013) No modelo de lote econômico, a quan-
tidade ótima de estoques que deve compor cada pedido Kanban é considerada uma das técnicas do Just in
de compra é aquela em que os valores dos custos dos Time. A palavra japonesa Kanban significa cartão ou sinal.
pedidos são iguais aos dos custos de manutenção dos Essa técnica controla a retirada dos materiais e a transfe-
estoques. rência para outro estágio da operação. Além disso, serve
para informar a quantidade a ser produzida no processo
( ) CERTO ( ) ERRADO em que se encontra.

9
Slack et. al (2006, p. 368) define alguns tipos de Kanban:
“Kanban de transporte: usado para avisar o estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferi-
do para uma destinação específica [...] Kanban de produção: sinal para um processo produtivo de que ele pode começar
a produzir um item para que seja colocado em estoque [...] Kanban do fornecedor: usado para avisar ao fornecedor que
é necessário enviar material ou componentes para um estágio da produção.”

EXERCÍCIOS COMENTADOS
13. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESPECIALIDADE GESTÃO HOSPITALAR – SUPERIOR – CESPE –
2018) Na administração dos estoques just in time, se mantém um estoque de segurança para que, na necessidade do
produto, o material já esteja disponível.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. O Just in time visa à produção na quantidade necessária, no momento certo para atender a de-
manda com mínimo de estoque ou estoque zero. Portanto, não prevê estoque de segurança.

14. (IF-RS – PROFESSOR – GESTÃO, PRODUÇÃO E LOGÍSTICA – SUPERIOR – 2010) O _________ é usado para avisar o
estágio anterior que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica. A alternativa
que completa corretamente o sentido desse conceito é:

a) Kanban;
b) Kanban de produção;
c) Kanban do fornecedor;
d) Kanban do cliente interno;
e) Kanban de transporte.

Resposta: Letra E. Segundo Slack et. al (2006, p. 368) Kanban de transporte é usado para avisar o estágio anterior
que o material pode ser retirado do estoque e transferido para uma destinação específica.

AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

“A Avaliação dos estoques é o levantamento do valor financeiro dos materiais - desde as matérias-primas iniciais,
os materiais em processamento, semi-acabados ou acabados, até os produtos acabados – tomando por base o preço
de curso ou o preço de mercado” (CHIAVENATO, 2005, p. 88). A avaliação de estoque é composta por alguns métodos:
Avaliação do Custo Médio, Avaliação pelo Método PEPS (FIFO), Avaliação pelo Método UEPS (LIFO) e Avaliação pelo
Custo de Reposição.

1. Custo Médio

Nesse método os custos médios são aplicados no lugar dos custos efetivos. Ou seja, os materiais ao saírem do esto-
que são calculados pelo custo médio de sua aquisição. Esse método visa ao longo prazo, aproximar pelo custo médio
aos custos reais dos materiais comprados. Esse é considerado o método mais utilizado.

Quadro: Cálculo pelo Custo Médio


NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

2017 Entradas Saídas Saldo em estoque


Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33
15/04 50 4,50 225,00 250 4,30
23/04 50 4,50 225,00 200 4,25 850,00
03/05 325 50 4,00 200,00 250 4,20

02. Método PEPS (FIFO)


PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que as primeiras unida-
des compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo ou a serem vendidas.
Ou seja, as unidades que foram adquiridas primeiro e estão a mais tempo no estoque serão as primeiras a saírem.

10
Dessa forma, existe maior probabilidade do valor do estoque estar sempre atualizado ao valor do mercado, visto que
ele será composto pelas últimas unidades que entram, uma vez que as unidades que estão a mais tempo no estoque
sairão primeiro.

Quadro: Cálculo pelo Método PEPS


2017 Entradas Saídas Saldo em estoque
Preço Preço Preço
Data NF Qtide. Total $ Qtde. Total $ Qtde. Total $
unit. unit. unit.

02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00


06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 5,00 250,00 250 4,20 1050,00
23/04 50 5,00 250,00 200 4,00 800,00
03/05 150 4,00 600,00 50 4,00 200,00

3. Método UEPS (LIFO)

UEPS (Último que Entra, Primeiro que Sai) ou LIFO (Last In - First Out) determina que as unidades armazenadas mais
recentemente no estoque (ou seja, as unidades que entraram por último) são as primeiras unidades a serem destinadas
à produção e/ou à venda.
Por meio desse método, entende-se que os custos dos itens que saíram primeiro refletem os custos dos itens recen-
temente comprados ou produzidos.

Quadro: Cálculo pelo Método UEPS


2017 Entradas Saídas Saldo em estoque
Data NF Qtide. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
02/04 233 100 5,00 500,00 100 5,00 500,00
06/04 278 200 4,00 800,00 300 4,33 1300,00
15/04 50 4,00 200,00 250 4,40 1100,00
23/04 50 4,00 200,00 200 4,50 900,00
03/05 100 4,00 400,00 100 5,00 500,00
12/05 50 5,00 250,00 50 5,00 250,00

4. Custo de Reposição

De acordo com CHIAVENATO (2005, p. 89) “é o custo de reposição de estoque que ajusta a avaliação financeira dos
estoques. Assim o valor dos estoques é sempre atualizado em função dos preços de mercado”.
Geralmente é utilizado o seguinte cálculo para definição do Custo de Reposição:
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

CR = PU + ACR
Onde:
CR: Custo de Reposição
PU: Preço Unitário do material
ACR: Acréscimo do Custo de Reposição em porcentagem (%)

EXERCÍCIOS COMENTADOS
15. (GÁS BRASILIANO – CONTADOR JUNIOR – SUPERIOR – IESES – 2017) Com base no controle de estoques de um
determinado produto, pelo PEPS, temos: Estoque Inicial em 01/03/X17 composto por 40 unidades, adquiridas no valor
de R$ 2.000,00 cada. No dia 06/03/X17 compra de 20 unidades, no valor de R$ 3.000,00 cada. No dia 10/03/X17 venda
de 20 unidades por R$ 2.500,00 cada. No dia 20/03/X17 venda de 30 unidades por R$ 3.500,00 cada. Qual o saldo total
em R$ no estoque?

11
a) R$ 35.000,00
b) R$ 30.000,00
c) R$ 5.000,00
d) R$ 40.000,00

Resposta: Letra B. Pelo método PEPS, os primeiros produtos a entrarem no estoque serão os primeiros produtos a
saírem. Logo, de acordo com a questão apresentada, saíram 40 produtos ao custo de R$ 2.000,00 e 10 produtos ao
custo de 3.000,00, totalizando a saída de R$ 110.000. O estoque continha R$ 140.000,00 em peças (R$ 80.000,00 do
estoque inicial + R$ 60.000,00 adquiridas no dia 06/06/X17). Portanto restaram R$ 30.000,00 em custo de peças em
estoque (R$ 140.000,00 – R$ 110.000,00), conforme demonstrado no quadro abaixo.

Entradas Saídas Saldo em estoque


Data Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $ Qtde. Preço Total $
unit. unit. unit.
01/03/ 40 2.000 80.000
X17
06/03/ 20 3.000 60.000 60 2.333 140.000
X17
10/03/ 20 2.000 40.000 40 2.500 100.000
X17
20/03/ 20 2.000 40.000 20 3.000 60.000
X17
10 3.000 30.000 10 3.000 30.000

16. (CFR-PI – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO – CRESCER – 2016) Com relação à gestão de um estoque, qual
critério utilizado dá destaque à ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque?

a) UEPS.
b) LIFO.
c) PEPS.
d) MPM.

Resposta. Letra C. PEPS (Primeiro que Entra, Primeiro que Sai) ou FIFO (First In - First Out), esse método define que
as primeiras unidades compradas e estocadas serão as primeiras unidades a serem utilizadas no processo produtivo
ou a serem vendidas. Ou seja, utiliza como critério a ordem cronológica das entradas dos produtos no estoque.

NOÇÕES DE COMPRAS

INTRODUÇÃO

Compra significa basicamente a procura e providência de entrega de materiais necessários à empresa de acordo
com as especificações exatas, qualidade e quantidade requerida, no prazo estabelecido, a um preço adequado e justo.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

1. Atividades do departamento de compras

Preparação do Processo de Compras: recebimento de documentos e elaboração do processo de compra;


Planejamento da Compra: nessa etapa verifica a indicação de fornecedores e elabora condições gerais e específicas
relacionadas à compra;
Seleção de Fornecedores: seleciona os fornecedores com enfoque na abertura de concorrência, analisa o desempe-
nho dos fornecedores, analisa suas capacidades em atender as necessidades da empresa;
Concorrência: nessa etapa surge a negociação com os fornecedores, a fim de verificar quais atendem a necessidade
de compra. Nessa etapa há expedição de consulta, abertura, análise e avaliação de propostas;
Contratação: definição dentre as propostas da concorrência pelo fornecedor ideal para a aquisição dos materiais, a
definição ocorre pela equalização das propostas. Nessa fase há a realização do pedido;
Controle de entrega: acompanhamento com o fornecedor desde o pedido até a fase de entrega, recebimento do
material, análise de quantidade e qualidade de acordo com as exigências contratadas, e encerramento do processo.

12
ESTRATÉGIAS DE AQUISIÇÃO DE RECURSOS Resposta: Letra A. A sequência ideal do processo de
MATERIAIS compras são Preparação do Processo de Compras (fase
de elaboração do processo de compra), Planejamen-
1. Verticalização to da Compra (indicação de fornecedores e elabora
condições gerais e específicas relacionadas à compra),
A Verticalização prevê que a empresa tentará produzir Seleção de Fornecedores (seleciona os fornecedores
internamente tudo o que puder para suprir a produção com enfoque na abertura de concorrência, analisa o
até o produto final. Se necessário comprará de terceiros desempenho dos fornecedores e sua capacidade de
as menores quantidades possíveis. suprimento), Concorrência (negociação com os for-
Vantagens: a empresa possui independência em re- necedores: expedição de consulta, abertura, análise e
lação à terceirização, maior lucratividade, visto que ab- avaliação de propostas), Contratação (definição pelo
sorve os lucros que repassaria aos fornecedores, maior fornecedor ideal e realização do pedido), Controle de
autonomia, domínio em relação a tecnologias próprias. entrega (acompanhamento com o fornecedor desde o
Desvantagens: alto investimento, menor flexibilidade, pedido até a fase de entrega, recebimento do material
estrutura da empresa deve ser ampla (estrutura física, hu- e encerramento do processo).
mana e material).
2. (CRQ 18ª – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – MÉDIO
2. Horizontalização – QUADRIX – 2016) Vários são os tipos ou critérios de
classificação de materiais, determinados em função das
A Horizontalização prevê que a empresa comprará de informações gerenciais desejadas pelo gestor de mate-
terceiros o máximo dos itens necessários para composi- riais. A possibilidade de fazer ou comprar é um desses
ção do produto final. critérios e tem por objetivo prover a informação de quais
materiais poderão ser produzidos internamente pela or-
ganização e quais deverão ser adquiridos no mercado.
Vantagens: custos reduzidos, flexibilidade na defini- As categorias de classificação podem ser assim listadas:
ção dos volumes de produção (sendo esses menores, • materiais a serem produzidos internamente; • materiais
visto que itens serão adquiridos de terceiros), engenharia a serem adquiridos; • materiais a serem recondicionados
simultânea (empresa e fornecedor), esforços concentra- (recuperados) internamente; • materiais a serem produ-
dos apenas no produto principal da empresa. zidos ou adquiridos (depende de análise caso a caso pela
Desvantagens: controle tecnológico reduzido, depen- organização). A decisão sobre produzir ou adquirir um
dência elevada de terceiros, lucros menores, menor do- item de material no mercado é tomada pela cúpula da
mínio tecnológico. organização, considerando os custos e a estrutura en-
volvida. Nesse contexto, há duas estratégias possíveis: a
verticalização e a horizontalização. Podem ser apontadas
como desvantagens da verticalização:
EXERCÍCIOS COMENTADOS
I. perda de flexibilidade;
1. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL UNI- II. maior investimento (custos maiores);
VERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR – III. dependência de terceiros.
UFPR – 2017) A empresa ALFA, presente há 15 anos no
mercado, abrirá uma nova fábrica e com isso precisará Pode-se afirmar que:
de novos insumos para sua operação. A equipe de com-
pras precisará estruturar o processo para adquirir esses a) somente I está correta.
novos insumos visando atender essa nova necessidade. b) somente II está correta.
Assinale a alternativa que representa a sequência ideal c) somente III está correta.
do processo de compras a ser estabelecido. d) há apenas duas afirmativas corretas.
e) todas estão corretas.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

a) Preparação do processo, planejamento da compra,


seleção de fornecedores, concorrência, contratação e Resposta: Letra D. As desvantagens da verticalização
controle da entrega. incluem perda de flexibilidade e maior investimen-
b) Planejamento da compra, preparação do processo, to. Porém não há dependência de terceiros, uma vez
seleção de fornecedores, concorrência, contratação e que a empresa prioriza por produzir todos ou a maior
controle da entrega. quantidade de itens para a produção do produto final.
c) Preparação do processo, planejamento da compra, A dependência de terceiros ocorre estratégia de hori-
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e zontalização.
controle da entrega.
d) Planejamento da compra, preparação do processo,
concorrência, seleção de fornecedores, contratação e
controle da entrega.
e) Preparação do processo, planejamento da compra,
concorrência, contratação, seleção de fornecedores e
controle da entrega.

13
Nas empresas estatais e autárquicas, como também
LICITAÇÃO NO SERVIÇO PÚBLICO: CON- no serviço público em geral, o processo de compras
CEITO; FINALIDADE; PRINCÍPIOS; MODA- obedece uma série de requisitos, conforme estabelece a
LIDADES; CADASTRO DE FORNECEDORES; Lei nº 8.666, de 21/6/1993, alterada pela Lei nº 8.883, de
NOÇÕES BÁSICAS DE ALMOXARIFADO E 8/6/1994, motivo pelo qual se tornam totalmente trans-
RECEBIMENTO DE MATERIAIS. parentes.
Sabemos que há várias diferenças entre o processo
de compra no sistema privado e no sistema público, mas
Nota-se nos dias atuais a necessidade extrema e destacamos como principal:
constante da aquisição de bens e serviços para a ma- – Compras na Administração Pública – FORMALIDADE
nutenção tanto das necessidades essenciais, quanto das – Compras na Administração Privada – INFORMALI-
supérfluas. Dentro dessa realidade de consumo, abor- DADE
dar-se-á neste trabalho as formas disponíveis para que
De acordo com o Art. 14 da Lei da Licitação, dois prin-
a gestão pública aplique de maneira consciente o orça-
cípios preliminares devem ser seguidos:
mento disponível para manutenção de bens e serviços.
Nesse contexto, os gastos de verbas públicas devem
• A definição precisa do seu objeto;
seguir uma série de trâmites e regras para que sejam
• A existência de recursos orçamentários que garantam
aplicados da forma mais vantajosa, com o menor gasto o pagamento resultante.
e a melhor qualidade. Trata-se de uma tarefa complexa,
devido às influências que podem provocar do ponto de A seguir, as condições necessárias para validar o pro-
vista econômico, social e político no município ou região cesso de compras públicas:
de atuação, devendo, portanto, ser realizada com aten- • Avaliar a necessidade (planejamento);
ção e cuidado, de forma a satisfazer os direitos e garan- • Definir o quanto adquirir;
tias do cidadão e cuidar para que não haja desperdício. • Verificar as condições de guarda e armazenamento;
O legislador brasileiro elaborou uma série de nor- • Buscar atender o princípio da padronização;
mas a serem seguidas com o intuito de padronizar as • Obter as informações técnicas quando necessárias;
aquisições e alienações. Dentre elas, destacam-se a • Proceder a pesquisas de mercado;
Lei nº 8.666/1993, que regulamenta o art. 37, XXI, da • Definir a modalidade e tipo de licitação ou a sua dis-
Constituição Federal, instituindo normas para licitações pensa / inexigibilidade;
e contratos da Administração Pública e, ainda, a Lei nº • Indicar (empenho) os recursos orçamentários.
10.520/2002 (Lei do Pregão).
A licitação é obrigatória para toda Administração Pú- O principal elemento que justifica o processo licita-
blica e deve seguir vários princípios, conforme preconi- tório para realização de compras no setor público é a
zado no art. 37, caput, XXI, da Constituição Federal: TRANSPARÊNCIA que este representa.
Art. 37 – A administração pública direta e indireta de Portanto, conceituando temos que:
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Licitação é o procedimento administrativo pelo qual
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega- uma pessoa governamental, pretendendo alienar, adqui-
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiên- rir ou locar bens, realizar obras ou serviços, segundo con-
cia e, também, ao seguinte: [...] dições por ela estipuladas previamente, convoca interes-
XX – Ressalvados os casos específicos na legislação, as sados na apresentação de propostas, a fim de selecionar
a que se revele mais conveniente em função de parâme-
obras, serviços, compras e alienações serão contratados
tros antecipadamente estabelecidos e divulgados. Este
mediante processo de licitação pública que assegure igual-
procedimento visa a garantir duplo objetivo: de um lado,
dade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
proporcionar às entidades governamentais possibilidade
que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
de realizarem o negócio mais vantajoso; de outro, asse-
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual gurar aos administrados ensejo de disputarem entre si a
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

somente permitirá as exigências de qualificação técnica e participação nos negócios que as pessoas administrati-
econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das vas entendam de realizar com os particulares.
obrigações.
DISPENSA E INEXIBILIDADE
COMPRAS NO SETOR PÚBLICO
Quem está obrigado a licitar: União, Estados, Municí-
O Setor de Compras ocupa papel de destaque na Ca- pios, Distrito Federal, Territórios e autarquias estão obriga-
deia de Suprimentos das organizações. dos a licitar, em obediência às pertinentes leis de licitação,
Segundo Martins et al. (2006, p. 81): o que é ponto incontroverso.
A função de compras assume papel verdadeiramente Inexigibilidade de Licitação: A obrigatoriedade somen-
estratégico nos negócios de hoje em face do volume de te não se aplica em determinados casos descritos a seguir,
recursos, principalmente financeiros envolvidos, deixan- conforme art. 25, da Lei 8.666/1993:
do cada vez mais a visão preconceituosa de que era uma I – nos casos de haver um fornecedor exclusivo de de-
atividade burocrática e repetitiva, um centro de despesas terminado material, equipamento ou gênero, vedada a
e não um centro de lucros. preferência de marca, devendo haver a comprovação de

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exclusividade por meio de atestado fornecido por órgão A não observação desse princípio impregnará o pro-
competente; cesso licitatório de vício, trazendo nulidade como con-
II – para a contratação de serviços técnicos, dentro sequência.
do conceito de serviços técnicos previsto pela própria Lei O Princípio da Isonomia ou Igualdade
8666/93 em seu artigo 13 e Consiste na ideia de que todos devem receber trata-
III – para a contratação de profissional de qualquer se- mento paritário, em situações uniformes, não sendo ad-
tor artístico, desde que consagrado pela crítica especializa- mitidos privilégios ou discriminações arbitrárias.
da ou pela opinião pública. Princípio da igualdade
Além de consistir na obrigação de tratar isonomi-
Dispensa da licitação só ocorrerá nos casos previstos camente todos os licitantes, também significa ensejar a
no artigo 24 da Lei 8.666/1993, que seguem descritos a qualquer interessado que atender às condições indispen-
seguir: sáveis de garantia, a oportunidade de disputar o certame.

É dispensável a licitação: Nos casos de guerra, grave Princípio da Impessoalidade


perturbação da ordem ou calamidade pública; Quando sua
realização comprometer a segurança nacional, a juízo do Para evitar a preferência por alguma empresa especi-
Presidente da República; Quando não acudirem interessa- ficamente, cuja não observação implicaria prejuízo para
dos à licitação anterior, mantidas, neste caso, as condições a lisura do processo licitatório, e como consequência a
preestabelecidas; Na aquisição de materiais, equipamen-
decretação da nulidade do processo, ou seja, estabele-
tos ou gêneros que só podem ser fornecidos por produtor,
ce que “a atividade administrativa deve ser destinada a
empresa ou representante comercial exclusivo, bem como
todos os administrados, dirigida aos cidadãos em geral,
na contratação de serviços com profissionais ou firmas de
notória especialização; Na aquisição de obras de arte e sem determinação de pessoa ou discriminação de qual-
objetos históricos; Quando a operação envolver conces- quer natureza”.
sionário de serviço público ou, exclusivamente, pessoas de
direito público interno ou entidades sujeitas ao seu contro- Princípio da Moralidade
le majoritário; Na aquisição ou arrendamento de imóveis
destinados ao Serviço Público; Nos casos de emergência, O Princípio da Moralidade significa que a Adminis-
caracterizada a urgência de atendimento de situação que tração Pública, além de obedecer à Lei, deve respeitar a
possa ocasionar prejuízos ou comprometer a segurança de moral, adotar condutas honestas.
pessoas, obras, bens ou equipamentos; Nas compras ou Destaca-se como diz Marcio Cammarosano, o prin-
execução de obras e serviços de pequeno vulto, entendidos cípio da moralidade não é a moral comum, mas sim a
como tal os que envolverem importância inferior a cinco moralidade juridicizada.
vezes, no caso de compras e serviços, e a cinquenta vezes,
no caso de obras, o valor do maior salário mínimo mensal. Princípio da Publicidade

Diferença entre inexigibilidade e dispensa, segundo Visa a tornar a futura licitação conhecida dos inte-
Maria Sylvia Zanella Di Pietro, “a diferença básica entre as ressados e dar conhecimento aos licitantes bem como à
duas hipóteses está no fato de que, na dispensa, há possi- sociedade em geral, sobre seus atos. Outra função desse
bilidade de competição que justifique a licitação; de modo princípio é garantir aos cidadãos o acesso à documenta-
que a lei faculta a dispensa, que fica inserida na compe- ção referente à licitação, bem como sua participação em
tência discricionária da Administração. Nos casos de ine- audiências públicas
xigibilidade, não há possibilidade de competição, porque
só existe um objeto ou uma pessoa que atenda às necessi- Princípio da Probidade Administrativa
dades da Administração; a licitação é, portanto, inviável”.
Atos de improbidade (são aqueles que apresentam
PRINCÍPIOS DA LICITAÇÃO
imoralidade administrativa especialmente qualificada,
por atuar de forma desonesta, corrupta, dolosa). Além de
O processo de licitatório também se baseia em princí-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

serem inválidos, ensejam a aplicação de sanções severas


pios, como vemos a seguir:
O art. 3º, da Lei nº 8.666/1993, prevê a observância a seus autores.
dos princípios da isonomia, legalidade, impessoalidade,
moralidade, igualdade, publicidade, probidade adminis- Princípio da Eficiência
trativa, vinculação ao instrumento convocatório, julga-
mento objetivo e demais correlatos. Consiste no dever da Administração realizar a função
administrativa com rapidez, perfeição e rendimento.
O Princípio da Legalidade Princípios da Razoabilidade e Proporcionalidade
Pela Razoabilidade, as decisões administrativas de-
Vincula o administrador a fazer apenas o que a lei vem ser amparadas e pautadas em justificativas racionais,
autoriza, sendo que, na licitação, o procedimento deverá com fulcro no bom senso
desenvolver-se não apenas com observância estrita às le-
gislações a ele aplicáveis, mas também ao regulamento,
caderno de obrigações e ao próprio edital ou convite,
segundo Hely Lopes Meirelles.

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Princípio da Competitividade Concurso – é a modalidade de licitação destinada à
escolha de trabalho técnico ou artístico predominante-
Competitividade garante a livre participação a todos, mente de criação intelectual. Normalmente, há atribuição
porém, essa liberdade de participação é relativa, não sig- de prêmio aos classificados, mas a lei admite também a
nificando que qualquer empresa será admitida no pro- oferta de remuneração;
cesso licitatório. Por exemplo, não faz sentido uma em- Leilão – é espécie de licitação utilizável na venda de
presa fabricante de automóveis tencionar participar de bens móveis e semoventes e, em casos especiais, também
um processo de licitação, quando o objeto do certame de imóveis.
seja compra de alimentos. Pregão – é a modalidade de licitação destinada à con-
É pelo Princípio da Competitividade que o edital não tratação de bens e serviços comuns, independentemente
pode conter exigências descabidas, cláusulas ou condi- de seu valor, estando disciplinada na Lei nº 10.520/2002.
ções que restrinjam indevidamente o possível universo Consideram-se bens e serviços comuns aqueles cujos pa-
de licitantes para aquele certame. drões de desempenho e qualidade possam ser objetiva-
mente definidos pelo edital, sem grande necessidade de
Princípio da Vinculação avaliações detalhadas, visto que a relação dos bens ou
serviços comuns encontra-se disposta em anexo do De-
Administração e licitantes vinculam-se ao estabeleci- creto Federal nº 3.555/2000, posteriormente alterado pelo
do no edital ou carta-convite. Decreto Federal nº 7.174/2010.
Princípio do Julgamento Objetivo
A Administração está obrigada a efetuar o julgamen-
to das propostas com base nos critérios já definidos no FIQUE ATENTO!
instrumento convocatório. Não confundir modalidades de licitação
com tipos de licitação.
Princípio da Motivação

Todas as decisões administrativas devem ser sempre Por modalidade, compreendemos o procedimento
justificadas por escrito no processo da licitação, motiva- por meio do qual o agente público selecionará a melhor
das, ou seja, o agente responsável pela tomada da deci- proposta para a Administração Pública.
são deve enunciar expressamente os motivos de fato e
Já tipo de licitação, é o que determina os critérios
de direito que justificam determinada decisão.
para a escolha da melhor proposta.
Existem três tipos básicos de licitação:
MODALIDADES DE LICITAÇÃO
Menor preço – neste caso, o que vale é o menor
preço. Teoricamente, esse menor preço pode chegar a
A licitação, como espécie de processo administrativo,
zero (ou até mesmo preço negativo). Muitas empresas
é dividida em seis modalidades distintas:
Concorrência – é a modalidade de licitação própria acabam aceitando preços menores que o viável econo-
para contratos de grande valor, em que se admite a par- micamente porque interessa a elas outros fatores como
ticipação de quaisquer interessados, cadastrados ou não, a vinculação da imagem a determinado projeto ou a con-
que satisfaçam as condições do edital, convocados com a quista de um novo cliente;
antecedência mínima prevista na lei, com ampla publici- Melhor técnica – em alguns casos, principalmente
dade pelo órgão oficial e pela imprensa particular. quando o trabalho é complexo, o órgão público pode
Tomada de preços – é a licitação realizada entre inte- basear-se nos parâmetros técnicos para determinar o
ressados previamente registrados, observada a necessá- vencedor;
ria habilitação, convocados com a antecedência mínima Menor preço e melhor técnica – neste caso, os dois
prevista na lei, por aviso publicado na imprensa oficial e parâmetros são importantes. Assim, no próprio edital de
em jornal particular, contendo as informações essenciais licitação deve estar claro o peso que cada um dos parâ-
da licitação e o local onde pode ser obtido o edital. A metros (preço e qualidade técnica) deve ter para que se
nova lei aproximou a tomada de preços da concorrência, possa fazer uma média ponderada.
exigindo a publicação do aviso e permitindo o cadastra- Enfim, ao passo que os tipos de licitação estão rela-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

mento até o terceiro dia anterior à data do recebimento cionados à recepção de propostas, as modalidades estão
das propostas. relacionadas aos demais procedimentos administrativos
Convite – é a modalidade de licitação mais simples, adotados na gestão do processo licitatório.
destinada às contratações de pequeno valor, consistin-
do na solicitação escrita a pelo menos três interessados EDITAL DE LICITAÇÃO
do ramo, registrados ou não, para que apresentem suas
propostas no prazo mínimo de cinco dias úteis. O convite É o instrumento pelo qual a Administração leva ao
não exige publicação, porque é feito diretamente aos es- conhecimento público a abertura de concorrência, de
colhidos pela Administração por meio de carta-convite. tomada de preços, de concurso e de leilão, fixa as condi-
A lei nova, porém, determina que cópia do instrumento ções de sua realização e convoca os interessados para a
convocatório seja afixada em local apropriado, esten- apresentação de suas propostas.
dendo-se automaticamente aos demais cadastrados da Como lei interna, vincula a Administração e os parti-
mesma categoria, desde que manifestem seu interesse cipantes.
até vinte e quatro horas antes da apresentação das pro- Funções do edital:
postas; • Dá publicidade à licitação;

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• Identifica o objeto licitado e delimita o universo das oportunamente: o edital ou convite e respectivos anexos;
propostas; comprovante das publicações do edital ou da entrega
• Circunscreve o universo dos proponentes; do convite; ato de designação da comissão de licitação,
• Estabelece os critérios para análise e avaliação dos do leiloeiro, administrativo ou oficial, ou do responsável
proponentes e das propostas; pelo convite; original das propostas e dos documentos
• Regula atos e termos processuais do procedimento; que as instruem; atas, relatórios e deliberações da Comis-
• Fixa cláusulas do futuro contrato. são de Licitação; pareceres técnicos ou jurídicos emitidos
sobre a licitação, dispensa ou inexigibilidade; atos de ad-
Quanto à sua habilitação, por vezes denominada judicação do objeto da licitação e da sua homologação;
“qualificação”, é a fase do procedimento em que se ana- recursos eventualmente apresentados pelos licitantes e
lisa a aptidão dos licitantes. respectivas manifestações e decisões; despacho de anu-
Detalhe Importante: lação ou de revogação da licitação, quando for o caso,
• Aptidão – qualificação indispensável para que a pro- fundamentado circunstancialmente; termo de contrato
posta possa ser objeto de consideração. ou instrumento equivalente; outros comprovantes de
• Sem aptidão – o órgão competente não habilita. publicações e demais documentos relativos à licitação.
Observa-se: modalidade de licitação, chamada “con-
vite”, inexiste a fase de habilitação – aqui a aptidão é FASE EXTERNA
presumida; é feita a priori pelo próprio órgão licitante
que escolhe e convoca aqueles que julgam capacitados a Fase de Habilitação
participar do certame, admitindo, também, eventual inte-
ressado, não convidado, mas cadastrado. Após a publicação do edital, tem início a fase externa
Classificação – momento em que as propostas admi- da licitação, que é caracterizada pela habilitação e pela
tidas são ordenadas em função das vantagens que ofe- seleção do melhor licitante, dentre os habilitados. Para a
recem, na conformidade dos critérios de avaliação esta- habilitação nas licitações, será exigido dos interessados:
belecidos no edital. documentação relativa à habilitação jurídica, qualificação
A classificação é dividida em duas fases: técnica, qualificação econômico-financeira, regularidade
• Abertura de envelopes “proposta” – a abertura é fei- fiscal e prova de que o interessado não empregue em
ta em ato público, previamente designado, lavrando-se trabalho noturno, perigoso ou insalubre menores de de-
ata circunstanciada ao final. zoito anos, bem como não empregue em qualquer tra-
• Julgamento das propostas – objetivo e conforme os balho menores de dezesseis anos, salvo na condição de
tipos de licitação. aprendiz, a partir de quatorze anos. A inabilitação do lici-
tante importa preclusão do seu direito de participar das
As propostas que estiverem de acordo com o edital fases subsequentes do processo licitatório.
serão classificadas na ordem de preferência, na escolha
conforme o tipo de licitação. Aquelas que não se apre- Fase de Classificação e Julgamento
sentarem em conformidade com o instrumento convoca-
tório serão desclassificadas. Não se pode aceitar propos- O julgamento das propostas será objetivo, devendo a
ta que apresente preços unitários simbólicos, irrisórios Comissão de Licitação ou o responsável pelo convite reali-
ou de valor zero, ainda que o instrumento convocatório zá-lo em conformidade com os tipos de licitação e os cri-
não tenha estabelecido limites mínimos (Art. 44, § 3º, da térios previamente estabelecidos no ato convocatório. No
Lei 8.666/1993). caso de empate entre duas ou mais propostas, deverá ser
observado o disposto no artigo 3º, § 2º, da Lei de Licita-
FASES DO PROCESSO DE LICITAÇÃO ções.
Nota-se nesta fase que, com o advento da Lei Comple-
O processo de licitação é dividido em duas fases: fase mentar nº 123, de 14 de dezembro de 2006, que estabele-
interna e fase externa, as quais, por sua vez, subdividem- ceu o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de
-se em fases específicas. Pequeno Porte, ocorreu a adoção de novas regras de licita-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

ções públicas, dando tratamento diferenciado e favorecido


Fase interna às microempresas e empresas de pequeno porte no âmbito
Fase preliminar da licitação que compreende os se- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
guintes atos: definição do objeto a ser contratado, esti- dos Municípios, com relação à preferência nas aquisições
mativa do custo do contrato, reserva da receita orçamen- de bens e serviços pelos Poderes Públicos. Na prática, os
tária, elaboração do instrumento convocatório, exame do direitos são: deverão apresentar toda a documentação exi-
edital ou carta-convite pela assessoria jurídica, autoriza- gida para efeito de comprovação de regularidade fiscal,
ção para licitar e publicação do edital. mesmo que com restrições. Porém, havendo alguma restri-
ção, será assegurado o prazo de dois dias úteis, prorrogá-
Fase de Abertura veis por igual período, cujo termo inicial corresponderá ao
Assim sendo, o procedimento de licitação é iniciado momento em que o proponente for declarado o vencedor
com a abertura de processo administrativo, devidamen- do certame, para a regularização da documentação. Ou-
te autuado, protocolado e numerado, contendo a au- tro privilégio é o direito de preferência nas situações de
torização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto empate, ou seja, quando as propostas apresentadas pelas
e do recurso para a despesa, e ao qual serão juntados microempresas e empresas de pequeno porte sejam iguais

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ou até 10% superiores à proposta mais bem classificada. Principais características
No caso do pregão, aplica-se às propostas que não sejam
superiores a 5% da proposta com o menor valor. Dessa for- Os contratos administrativos devem estabelecer com
ma, a microempresa ou empresa de pequeno porte mais clareza e precisão as condições para a sua execução, ex-
bem classificada poderá apresentar proposta de preço in- pressas em cláusulas que definam os direitos, obrigações
ferior àquela considerada vencedora do certame, situação e responsabilidades das partes, em conformidade com
em que será adjudicado em seu favor o objeto licitado. Por os termos da licitação e da proposta a que se vinculam.
fim, o legislador ainda permitiu a promoção de licitação Sendo assim, conforme o disposto no art. 55 da Lei nº
pública, desde que os valores envolvidos não superem R$ 8.666/1993, são consideradas cláusulas necessárias em
80.000,00 (oitenta mil reais), restrita às microempresas e todo contrato administrativo:
empresas de pequeno porte.
Art. 55. São cláusulas necessárias em todo contrato as
Fase de Homologação e Adjudicação que estabeleçam:
I – o objeto e seus elementos característicos;
Uma vez concluída a fase de classificação e julgamen- II – o regime de execução ou a forma de fornecimento;
to, a autoridade superior à Comissão de Licitação, com III – o preço e as condições de pagamento, os crité-
fundamento no poder-dever que lhe é atribuído, poderá, rios, data-base e periodicidade do reajustamento de
alternativamente: homologar os atos administrativos pra- preços, os critérios de atualização monetária entre a
ticados, confirmando o resultado da licitação; revogar os data do adimplemento das obrigações e a do efetivo
atos administrativos praticados ou mesmo a licitação toda, pagamento;
motivada por razões de interesse público, que decorram de IV – os prazos de início de etapas de execução, de con-
fato superveniente devidamente comprovado, pertinente clusão, de entrega, de observação e de recebimento
e hábil para justificar tal conduta ou anular os atos ad- definitivo, conforme o caso;
ministrativos praticados ou mesmo a licitação toda, mo- V – o crédito pelo qual correrá a despesa, com a in-
tivada por ilegalidade relacionada ao processo licitatório, dicação da classificação funcional programática e da
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. categoria econômica;
Com o resultado homologado, o licitante cuja proposta VI – as garantias oferecidas para assegurar sua plena
tiver sido selecionada terá o direito à adjudicação do ob- execução, quando exigidas;
jeto da licitação. A adjudicação consiste na atribuição do VI – os direitos e as responsabilidades das partes, as
objeto da licitação àquele cuja proposta tenha sido sele- penalidades cabíveis e os valores das multas;
cionada, para imediata execução do contrato. VIII – os casos de rescisão;
IX – o reconhecimento dos direitos da Administração,
Inversão de fases no procedimento licitatório em caso de rescisão administrativa prevista no art. 77
desta Lei;
Convém ressaltar uma exceção trazida pela Lei nº X – as condições de importação, a data e a taxa de
11.196/2005 e pela Lei nº 10.520/2002, prevendo que o câmbio para conversão, quando for o caso;
edital de licitação estabelecerá a inversão da ordem das XI – a vinculação ao edital de licitação ou ao termo
fases de habilitação e julgamento nas modalidades de pre- que a dispensou ou a inexigiu, ao convite e à proposta
gão e concorrência para outorga de concessões e permis- do licitante vencedor;
sões de serviços públicos. Nesses casos, uma vez encerrada XII – a legislação aplicável à execução do contrato e
a fase de classificação das propostas, será aberto o enve- especialmente aos casos omissos;
lope com os documentos de habilitação do licitante mais XIII – a obrigação do contratado de manter, durante
bem classificado. Uma vez constatado o atendimento às toda a execução do contrato, em compatibilidade com
exigências editalícias, o licitante será declarado vencedor. as obrigações por ele assumidas, todas as condições
Por outro lado, caso o licitante melhor classificado seja de habilitação e qualificação exigidas na licitação.
inabilitado, serão analisados os documentos do licitante
classificado em segundo lugar, e assim sucessivamente. Além das cláusulas necessárias, os contratos adminis-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

trativos possuem determinadas características especiais


CONTRATOS ADMINISTRATIVOS que os diferenciam dos contratos submetidos a outros
regimes jurídicos. São elas:
Contrato Administrativo é o contrato celebrado pela
Administração Pública, com o propósito de satisfazer as Formalidade
necessidades de interesse público. De acordo com Bel-
lote Gomes: A formalidade caracteriza, em regra, os contratos ad-
ministrativos. Assim, é nulo e de nenhum efeito o con-
Contrato administrativo é um acordo de vontades ce- trato verbal com a Administração Pública, exceto o que
lebrado entre a Administração Pública e o particular ou tenha por objeto pequenas compras de pronto paga-
outro ente administrativo (órgão ou pessoa jurídica de mento, assim entendidas aquelas de valor não superior
direito público ou privado) para a realização de objetivos a R$ 4.000,00 (quatro mil reais).
de interesse público, nas condições estabelecidas pela Todo contrato administrativo deve trazer o nome das
própria Administração Pública, sendo disciplinado prefe- partes e os de seus representantes, a finalidade, o ato
rencialmente pela Lei de Licitações. que autoriza a sua lavratura, o número do processo de li-

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citação, da dispensa ou da inexigibilidade, a sujeição dos Hipóteses de alteração dos contratos administra-
contratantes às normas previstas na Lei de Licitações e às tivos
cláusulas contratuais.
Os contratos administrativos podem ser alterados,
Licitação Prévia desde que haja motivação legal, de forma unilateral pela
Administração Púbica ou por acordo entre as partes.
Ressalvadas as hipóteses legais de dispensa e inexi-
gibilidade de licitação, a celebração dos contratos ad- Responsabilidade contratual
ministrativos deve ser precedida de licitação, sob pena
de nulidade, devendo ainda a minuta do futuro contrato O contratado é responsável pelos danos causados
administrativo constar do edital ou do ato convocatório diretamente à Administração Pública ou a terceiros, de-
da licitação. correntes de sua culpa ou dolo na execução do contrato,
sendo de sua responsabilidade, ainda, os encargos traba-
Cláusulas Exorbitantes lhistas, previdenciários, fiscais e comerciais resultantes da
execução do contrato. A inadimplência de sua parte com
São cláusulas existentes apenas nos contratos admi- relação a tais obrigações não transfere à Administração
nistrativos e que conferem determinadas prerrogativas à Pública a responsabilidade por seu pagamento, nem po-
Administração Pública, colocando-a em posição de supe- derá onerar o objeto do contrato ou restringir a regula-
rioridade em relação aos contratados. Estão previstas no rização e o uso das obras e edificações, inclusive perante
art. 58 da Lei de Licitações. o registro de imóveis.
Prazo Determinado Principais modalidades de contratos administrati-
vos
Como regra, os contratos administrativos devem ter
início e término predeterminados, sendo vedados os
Os contratos administrativos são usualmente classi-
contratos administrativos com prazo indeterminado.
ficados nas seguintes modalidades, conforme seu obje-
to: contratos de obra, contratos de serviço, contratos de
Prestação de Garantias
compra, contratos de alienação, parcerias público-priva-
das, contratos de gestão, contratos de concessão de uso
A critério da autoridade competente, em cada caso,
de bem público, contratos de concessão de serviço pú-
e desde que prevista no instrumento convocatório, po-
blico precedida da execução de obra pública, contratos
derá ser exigida prestação de garantia nas contratações
de obras, serviços e compras, não excedendo 5% do va- de empréstimo público, consórcios e convênios.
lor do contrato, podendo o contratado optar por uma
das seguintes modalidades de garantia: seguro-garantia, Hipóteses de extinção dos contratos administra-
fiança bancária ou caução em dinheiro ou em títulos da tivos
dívida pública, devendo estes ter sido emitidos sob a for-
ma escritural, mediante registro em sistema centralizado Os contratos administrativos podem ser extintos pela
de liquidação e de custódia autorizado pelo Banco Cen- conclusão do objeto, pelo término do prazo ou por res-
tral do Brasil, e avaliados pelos seus valores econômicos, cisão contratual.
conforme definido pelo Ministério da Fazenda. Nota-se, de forma clara e precisa, a importância da
Ressalta-se que, para obras, serviços e fornecimentos Administração Pública, como responsável pela gestão
de grande vulto, envolvendo alta complexidade técnica e do dinheiro público. Assim, diante da necessidade de re-
riscos financeiros consideráveis, demonstrados por meio gulamentar e padronizar os procedimentos, o legislador
de parecer tecnicamente aprovado pela autoridade com- pátrio instituiu a Lei n° 8.666/1993, para controlar de for-
petente, o limite de garantia de 5% poderá ser elevado ma mais estrita as atividades do administrador público,
para até 10% do valor do contrato. relacionados à contratação de obras, serviços, inclusive
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

A garantia prestada pelo contratado será liberada ou publicidade, compras, alienações e locações no âmbito
restituída após a execução do contrato, e, quando em da Administração Pública, aperfeiçoando as regras conti-
dinheiro, atualizada monetariamente. das em normas já existentes.

Publicidade
O controle imposto pela Lei de Licitações visa a pro-
Depois de celebrado o contrato, este é publicado na porcionar que o administrador atue em harmonia com
imprensa oficial, até o quinto dia útil do mês seguinte ao os princípios que norteiam a sua atividade e busque, na
de sua assinatura, como condição de sua eficácia, uma contratação de bens de serviços, a proposta mais vanta-
vez que a Lei de Licitações define a imprensa oficial como josa, de modo a evidenciar o interesse público.
o veículo oficial de divulgação da Administração Pública, Ademais, pode-se concluir que a licitação é a regra
sendo para a União o Diário Oficial da União e, para os imposta pela Constituição da República e pode ser de-
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, o que for de- finida como o conjunto de regras destinadas à seleção
finido nas respectivas leis. da melhor proposta, dentre as apresentadas por aqueles
que desejam controlar com a Administração Pública.

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Por fim, cabe à sociedade e aos administradores exer- ALMOXARIFADO
cer uma fiscalização habitual, capaz de proporcionar al-
terações no quadro de gestão do dinheiro público, de O almoxarifado é o espaço destinado à armazenagem
forma a impulsionar os administradores a utilizarem a dos materiais iniciais, em sua maioria as matérias-primas,
licitação de forma contida na legislação. mas também podem ser compostos por materiais secun-
dários e demais materiais necessários ao processo pro-
dutivo.
Diferente de depósito, este é o espaço destinado à
EXERCÍCIOS COMENTADOS armazenagem de produtos acabados.
1. (TRE/PE – CESPE – 2017) O edital de licitação terá de Os materiais necessários ao processo produtivo são
conter, obrigatoriamente: adquiridos dos fornecedores externos pelo departamen-
to de compras.
a) indicação das sanções para o caso de inadimplemento. O departamento de compras, após aprovação dos
b) a descrição técnica detalhada, minuciosa e exauriente materiais pelo órgão de Controle de Qualidade, libera
do objeto da licitação. os mate­riais comprados para entrada ao almoxarifado.
c) a indicação de que os critérios para julgamento serão Os materiais ao chegarem ao almoxarifado são ar-
informados após a fase de habilitação. mazenados e passam a seguir ao processo produtivo
d) condições de pagamento que estabeleçam preferência somente quando requisitados pelas diversas seções por
para empresas brasileiras. meio da Requisição de Materiais.
e) a previsão de irrecorribilidade das decisões da comissão
de licitação. 01. Classificação de materiais

Resposta: Letra A. Alternativa A – Certa – Conforme A classificação de materiais é o processo que tem por
art. 40, III. objetivo agrupar os materiais por características comuns.
Alternativa B – Errada – A descrição deve ser sucinta e A classificação de materiais é responsável pela identi-
clara. ficação, simplificação, codificação, normalização, padro-
Alternativa C – Errada – Os critérios para julgamento nização e catalogação dos materiais.
deverão constar no edital.
Alternativa D – Errada – O edital estabelecerá condições a) Identificação: primeira etapa responsável por
de pagamento para empresas brasileiras e estrangeiras. classificar os materiais. Analisa e registra as característi-
Alternativa E – Errada – O edital não preverá esse tipo cas físico/químicas e aplicações do material.
de previsão. b) Simplificação: redução da grande diversidade
de itens destinados a uma mesma finalidade, nesse caso
2. (STJ – CESPE – 2018) Em relação aos princípios aplicá- havendo dois ou mais materiais destinados a uma mes-
veis à administração pública, julgue o próximo item: ma finalidade é recomendável escolha pelo uso de ape-
A indicação dos fundamentos jurídicos que determina- nas uma delas.
ram a decisão administrativa de realizar contratação por c) Codificação: após a classificação, são atribuídos
dispensa de licitação é suficiente para satisfazer o princí- códigos representativos aos materiais para que sejam
pio da motivação. identificados.
d) Normalização: definem as normas, ou seja, as
( ) CERTO ( ) ERRADO prescrições relativas ao uso do material.
e) Padronização: responsável por estabelecer pa-
Resposta: Errado. Os atos administrativos que dispen- drões relacionados a peso, medidas e formatos aos ma-
sem ou declarem a inexigibilidade de processo licitató- teriais, de maneira a evitar muitas variações entre os ma-
rio deverão ser motivados com indicação dos fatos e dos teriais.
fundamentos jurídicos. f) Catalogação: ordena os dados do material de
forma lógica para que suas informações sejam facilmente
3. (EBSERH – CESPE – 2018) Julgue o próximo item, rela- identificadas.
tivo às modalidades de licitação.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Convite é a modalidade de licitação entre interessados 02. Atributos para classificação de materiais
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia • Abrangência: a classificação deve abranger um
anterior à data do recebimento das propostas, observada número elevado de características do material;
a necessária qualificação. • Flexibilidade: permite interfaces entre os diver-
sos tipos de classificação de forma a obter visão ampla
( ) CERTO ( ) ERRADO do gerenciamento de estoques.
• Praticidade: o processo de classificação deve
Resposta: Errado. O item se refere à tomada de pre- ser prático, ou seja, direto e simples.
ço. Conforme art. 22, § 2º, da Lei nº 8.666, “tomada de CLASSIFICAÇÃO DE MATERIAIS POR TIPO DE
preços é a modalidade de licitação entre interessados DEMANDA
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
condições exigidas para cadastramento até o terceiro A Classificação de Materiais por Tipo de Demanda
dia anterior à data do recebimento das propostas, ob- divide-se em Materiais de Estoque e Materiais Não de
servada a necessária qualificação”. Estoque.

20
01. Materiais de estoque •M
 ateriais Z: materiais de aplicação muito im-
portante, não há similar. Sua falta acarreta a
Os Materiais de Estoque devem existir em estoque paralização da produção.
para utilização futura. Para esses materiais são determi-
nados critérios e parâmetros de ressuprimento automá- 02. Materiais de não estoque
tico para que eles nunca faltem em estoque. Tais critérios
e parâmetros são baseados na previsão da demanda e na Materiais comprados para utilização imediata. Não
importância para a empresa. são estocados, ou podem ser estocados temporariamen-
Classificação dos Materiais de Estoque: te no almoxarifado. Isso, pois, no processo produtivo
podem existir necessidades de materiais de demanda
a) Quanto à aplicação: imprevisível, ou seja, materiais em que não há regula-
• Materiais produtivos: materiais ligados direta- ridade de consumo, não havendo definição de parâme-
mente e indiretamente ao processo produtivo. tros para ressuprimento automático. A aquisição desses
• Matérias-primas: materiais básicos e insumos existe por solicitação direta do usuário de acordo com a
que formam os itens iniciais e integram o pro- constatação da necessidade.
cesso produtivo da empresa.
• Produtos em fabricação: materiais em proces- MATERIAIS CRÍTICOS
samento, materiais que estão sendo processa-
dos. Por estarem em processamento, não se De acordo com Viana (2006, p.56) Materiais Críticos
encontram no almoxarifado e nem no estoque “são materiais de reposição específica de um equipa-
final. mento ou de um grupo de equipamentos iguais, cuja
• Produtos acabados: produtos pertencentes ao demanda não é previsível e cuja decisão de estocar é
estágio final do processo produtivo, produtos tomada com base na análise de risco que a empresa cor-
finalizados. re, caso esses materiais não estejam disponíveis quando
• Materiais de manutenção: materiais aplicados necessário”.
em manutenção, sua utilização é repetitiva.
• Materiais improdutivos: materiais que não Razões para existência de Materiais críticos
constituem o produto no processo produtivo
(materiais de limpeza, materiais de escritório). Por problemas
• Materiais de consumo geral: materiais de con- Material importado
de Obtenção
sumo, utilizados em diversas áreas da empre-
sa, de maneira repetitiva, porém não são utili- Existência de um único
zados para fins de manutenção. fornecedor
Escassez no mercado
b) Quanto ao valor do consumo anual: para ob-
tenção de resultados positivos no processo de geren- Material estratégico
ciamento de estoques, se faz necessário e importante a De difícil fabricação ou
separação dos materiais, definindo o que é importante obtenção
quanto ao valor de consumo e o que não é tão importan- Material de elevado
te, ou seja, o que é essencial, do que é secundário. Para Por razões econômicas
valor
essa separação utiliza-se a Curva ABC. De acordo com
Chiavenato (2005, p. 79) “a Classificação ABC baseia-se Material com elevado
no princípio de que a maior parte do investimento em custo de armazenagem
materiais está concentrada em um pequeno número de Material com elevado
itens”. custo de transporte
• Materiais A: poucos itens, porém com peso no
investimento em estoque bem elevado. Por problemas de armaze-
Material perecível
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

• Materiais B: quantidade média de itens que nagem e transporte


possui valor de consumo de 15% aproximada- Material de alta pericu-
mente. Itens de importância relativa. losidade
• Materiais C: grande quantidade de itens com Material de elevado
valor de consumo acumulado baixo (5% a peso
10%) dos estoques. A classe C compõe os itens
mais numerosos, porém menos importantes. Material de grandes di-
c) Quanto à importância operacional: define a im- mensões
portância operacional dos materiais no processo pro- Material com utilização
dutivo para não prejudicar a continuidade de produção Por problemas de previsão
de difícil previsão
operacional.
• Materiais X: materiais de aplicação não impor- Material de reposição de
Por razões de segurança
tante, podendo haver similares na empresa; alto custo
• Materiais Y: materiais de aplicação de média Material para equipa-
importância, podendo haver similar ou não; mento vital da produção

21
Por problemas INVENTÁRIO
Material importado
de Obtenção
O inventário refere-se a contagem dos materiais
Material de reposição de existentes na empresa, ocorridas periodicamente, com
alto custo o objetivo de comparar com os estoques registrados e
contabilizados em controle da empresa. Dessa forma é
VIANA, 2006, p.56. possível comprovar a existência dos materiais e a exa-
tidão dos mesmos. Ou seja, os inventários confrontam
MATERIAIS OBSOLETOS E INSERVÍVEIS a realidade física dos estoques em relação aos registros
contábeis.
Essa classificação compõem os materiais são obso- Por essa razão, o inventário pode ser considerado um
letos (antigos, ultrapassados) ou inservíveis (inúteis) por instrumento de gerenciamento de grande relevância e
isso devem ser eliminados, pois compõem um estoque importância.
morto.
1. Inventários anuais

EXERCÍCIOS COMENTADOS O Inventário anual é realizado em época de balanço.


Para efetuá-lo exige-se a paralisação das atividades para
1. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS- contagem dos materiais. Portanto impraticáveis em em-
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO, presas de grande porte, pela inviabilidade de paralização
CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) A classifica- das atividades.
ção de materiais busca uma organização que permita a
melhor gestão dos materiais em um dado processo. Um 2. Inventários rotativos
bom sistema de classificação deve possuir os seguintes
atributos: O inventário rotativo é um processo de recontagem
física de todo o estoque e ocorre de maneira contínua,
a) simplicidade, precisão e abrangência; em frequência pré-determinada, seja esta diária, sema-
b) abrangência, flexibilidade e praticidade; nal, mensal. O Inventário Rotativo pode utilizar os recur-
c) praticidade, durabilidade e precisão; sos de informática para inventariar os materiais. O Inven-
d) durabilidade, simplicidade e precisão; tário Rotativo pode ser:
e) precisão, praticidade e maneabilidade.
a) Inventário Automático: realizado quando surge
Resposta: Letra B. Os atributos para classificação ocorrência de eventos que indicam possível divergência
de materiais são: Abrangência: a classificação deve ou para garantir confiabilidade de estoque em relação
abranger um número elevado de características do a materiais vitais. Os eventos podem ser: saldo zero no
material; Flexibilidade: permite interfaces entre os di- sistema de controle, requisição de material atendida par-
versos tipos de classificação de forma a obter visão cialmente, requisição de material não atendida, material
ampla do gerenciamento de estoques; Praticidade: o crítico requisitado, material crítico recebido e transferên-
processo de classificação deve ser prático, ou seja, di- cia de localização.
reto e simples. b) Inventário Programado: programado em sis-
tema em períodos estabelecidos e por amostragem de
2. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
itens.
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
c) Inventário a Pedido: realizado quando solicita-
CONTRATOS E CONVÊNIOS – FGV – 2018) Um sistema
de classificação eficaz deve abordar as seguintes etapas: do em sistema seja pela administração de materiais ou
controladoria. Podem ser solicitados devido falhas de
a) identificação – simplificação – codificação – normaliza- processamento, solicitações do almoxarife, da gestão da
ção – padronização – catalogação; auditoria ou por outros motivos.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

b) catalogação – simplificação – especificação – normati-


zação – aglutinação – codificação; Quadro comparativo entre opções de inventário:
c) catalogação – complementação – identificação – nor-
matização – padronização – codificação; Inventário Anual Inventário Rotativo
d) sintetização – simplificação – normatização – padroni-
zação – codificação – identificação; Esforço concentrado, pro- Sem grandes esforços,
e) catalogação – simplificação – flexibilização – normali- duzindo pico de custo. com custos distribuídos.
zação – padronização – codificação. Gera impacto nas ativi- É possível a continuida-
dades da empresa, com de de atendimento com
Resposta: Letra A. A classificação de materiais é o almoxarifado de portas o almoxarifado de portas
processo que tem por objetivo agrupar os materiais fechadas. abertas.
por características comuns. A classificação de mate-
riais é responsável pela identificação, simplificação,
codificação, normalização, padronização e cataloga-
ção dos materiais.

22
Incremento da produ- das e danificações aos materiais e redução de custos em
Produtividade da mão- despesas por meio de despesas menores de transporte e
tividade, com ações
-de-obra decrescente níveis de estoque de materiais reduzidos.
preventivas, que, sem
ocorrendo falhas durante o
consequência, reduzem
processo. Instrução: Em algumas questões a seguir, preencha
as falhas.
nos campos a seguir o campo designado com o código
Almoxarifes tornam-se C, caso julgue o item CERTO; ou o campo designado com
Almoxarifes “reaprendem”
especialistas no proces- o código E, caso julgue o tem ERRADO.
ano após ano.
so e no ajuste.
O feedback imediato
eleva a qualidade, ha-
As causas divergências não
vendo motivação e par- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ticipação geral; assim, as
são identificadas. 3. (FBN – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO I, II E III –
causas das divergências
são rapidamente identi- MÉDIO – 2013 – FGV) O inventário físico é um impor-
ficadas. tante instrumento de controle de estoques. A respeito da
sua obrigatoriedade, é correto afirmar que
Confiabilidade não me- Aprimoramento contí-
lhora. nuo da confiabilidade. a) ele identifica eventual discrepância entre a apura-
ção do estoque físico e do estoque contábil.
VIANA, 2006, p. 384. b) ele permite a reanálise da arrumação física do es-
toque frente aos registros contábeis.
MOVIMENTAÇÃO DE MATERIAIS c) ele exige a verificação do tamanho das embalagens
e do volume a ser estocado.
Movimentação de Materiais refere-se a todo o flu- d) ele obriga a redução dos custos de recebimento
xo de materiais ocorrido dentro da empresa. Em todo e frente aos registros contábeis.
qualquer sistema de produção existe a movimentação de
materiais. Resposta: Letra A. O inventário tem o objetivo de
A movimentação de materiais tem por objetivo ga- comparar os estoques físicos aos estoques registrados
rantir o abastecimento das seções de produção e a se- e contabilizados em controle da empresa. Ou seja, os
quência do processo entre as várias seções que o envol- inventários confrontam a realidade física dos estoques
vem. em relação aos registros contábeis.
Esta pode ser horizontal (em um espaço plano e em
um mesmo nível) ou vertical (em prédios que contém an- 4. (AGU – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – CESPE –
dares ou níveis de altura). 2010) Com relação à administração de materiais, julgue
De acordo com Chiavenato (2005, p. 145) as princi- os itens a seguir. Os inventários rotativos são efetuados
pais finalidades da movimentação de materiais são: no final de cada exercício fiscal da empresa e incluem a
totalidade dos itens de estoque de uma só vez.
1. Aumentar a capacidade produtiva da empresa
CERTO ( ) ERRADO ( )
A eficiência na movimentação de materiais permite
utilizar a capacidade produtiva da empresa de manei- Resposta: Errado. O inventário rotativo é um proces-
ra plena, e às vezes, até aumentá-la. Tal aumento pode so de recontagem física do estoque e ocorre de ma-
ocorrer devido: neira contínua, em frequência pré-determinada, seja
Redução do tempo de fabricação; esta diária, semanal, mensal.
Incremento da produção por meio do abastecimento
de materiais intensificado;
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

Utilização racional da capacidade de armazenagem. GERENCIAMENTO DA CADEIA DE SUPRIMEN-


TOS OU SUPPLY CHAIN MANAGEMENT
2. Melhorar as condições de trabalho
De acordo com Slack et. al (2006, p. 305) a expressão
Contribuindo para que as pessoas tenham melhores rede de suprimentos é utilizada para “designar todas as
condições de trabalho, vez que deve proporcionar maior unidades produtivas que estavam ligadas para prover o
segurança e redução de acidentes, redução das fadigas, suprimento de bens e serviços para uma empresa e para
aumento da produtividade da mão-de-obra. gerar a demanda por esses bens e serviços até os clientes
finais”.
3. Reduzir os custos de produção por meio da re- A rede de suprimentos é formada pela cadeia de su-
dução da mão de obra braçal primentos que gerencia todas as tarefas, atividades e
unidades produtivas que ligadas fluem bens e serviços,
Vez que são utilizados equipamentos de manuseio e para dentro e para fora da empresa, na busca de agregar
transporte, redução dos custos de materiais visto que são valor a todos os envolvidos na cadeia.
acondicionados e transportados de maneira a evitar per-

23
A Gestão da Cadeia de Suprimentos ou Supply Chain
Management (SCM) refere-se a um processo integrado DECRETO Nº 9.094/2017 – DISPÕE SOBRE
que envolve fornecedores, produtor, distribuidores e
A SIMPLIFICAÇÃO DO ATENDIMENTO
clientes no compartilhamento de informações e planeja-
mentos que visam o canal mais eficiente e mais competi-
PRESTADO AOS USUÁRIOS DOS SERVI-
tivo para prover suprimentos. ÇOS PÚBLICOS, RATIFICA A DISPENSA DO
A Cadeia de Suprimentos visa otimizar os processos RECONHECIMENTO DE FIRMA E DA AU-
objetivando a satisfação do cliente e a criação de vanta- TENTICAÇÃO EM DOCUMENTOS PRODU-
gem competitiva. ZIDOS NO PAÍS E INSTITUI A CARTA DE
Segundo Chiavenato (2005, p. 112) SERVIÇOS AO USUÁRIO.
O SCM permite visualizar todo o processo de geração
continuada de valor desde a chegada da matéria-prima
até a entrega do produto acabado ao cliente final de ma-
neira integrada e sistêmica. Esse é o ciclo integral que vai O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição
da matéria-prima entregue pelo fornecedor até a chega- que lhe confere o art. 84, caput, inciso VI, alínea “a”, da
da do produto acabado ao consumidor final. Constituição,

Para haver as ações integradas entre os diversos par- DECRETA:


ticipantes da Cadeia de Suprimentos, há necessidade de Art. 1º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo
uso avançado de tecnologia da informação, por meio de federal observarão as seguintes diretrizes nas relações
sistemas de gerenciamento de informações e pesquisas entre si e com os usuários dos serviços públicos:
operacionais modernos e avançados. I - presunção de boa-fé;
II - compartilhamento de informações, nos termos da
lei;
EXERCÍCIOS COMENTADOS III - atuação integrada e sistêmica na expedição de
atestados, certidões e documentos comprobatórios de
regularidade;
1. (COBRA TECNOLOGIA S.A. – TÉCNICO ADMINIS- IV - racionalização de métodos e procedimentos de
TRATIVO – MÉDIO – ESPP – 2012) __________ é a inte-
controle;
gração dos processos do negócio, desde os fornecedores
V - eliminação de formalidades e exigências cujo custo
até o consumidor final, que assegure os suprimentos de
econômico ou social seja superior ao risco envolvido;
produtos, serviços e informações, de tal forma que acres-
VI - aplicação de soluções tecnológicas que visem a
cente valor ao cliente.
simplificar processos e procedimentos de atendimento
aos usuários dos serviços públicos e a propiciar me-
a) Administração de Materiais.
lhores condições para o compartilhamento das infor-
b) Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos.
c) Gestão do Estoque. mações;
d) Compras. VII - utilização de linguagem clara, que evite o uso de
siglas, jargões e estrangeirismos; e
Resposta. Letra B. A Gestão da Cadeia de Suprimen- VIII - articulação com os Estados, o Distrito Federal,
tos ou Supply Chain Management (SCM) refere-se a os Municípios e os outros Poderes para a integração,
um processo integrado que envolve fornecedores, racionalização, disponibilização e simplificação de
produtor, distribuidores e clientes no compartilha- serviços públicos.
mento de informações e planejamentos que visam o Parágrafo único. Usuários dos serviços públicos são as
canal mais eficiente e mais competitivo para prover pessoas físicas e jurídicas, de direito público ou priva-
suprimentos. Busca otimizar os processos objetivando do, diretamente atendidas por serviço público.
a satisfação do cliente e a criação de vantagem com-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

petitiva. CAPÍTULO I
DA RACIONALIZAÇÃO DE EXIGÊNCIAS E DA TRO-
CA DE INFORMAÇÕES

Art. 2º Salvo disposição legal em contrário, os órgãos


e as entidades do Poder Executivo federal que neces-
sitarem de documentos comprobatórios da regulari-
dade da situação de usuários dos serviços públicos,
de atestados, de certidões ou de outros documentos
comprobatórios que constem em base de dados oficial
da administração pública federal deverão obtê-los di-
retamente do órgão ou da entidade responsável pela
base de dados, nos termos do Decreto nº 8.789, de 29
de junho de 2016, e não poderão exigi-los dos usuá-
rios dos serviços públicos.

24
Art. 3º Na hipótese dos documentos a que se refere o III - número e série da Carteira de Trabalho e Previ-
art. 2º conterem informações sigilosas sobre os usuá- dência Social - CTPS, de que trata o art. 16 da Conso-
rios dos serviços públicos, o fornecimento pelo órgão lidação das Leis do Trabalho, aprovado pelo Decreto-
ou pela entidade responsável pela base de dados ofi- -Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943; (Incluído pelo
cial fica condicionado à autorização expressa do usu- Decreto nº 9.723, de 2019)
ário, exceto nas situações previstas em lei. IV - número da Permissão para Dirigir ou da Carteira
Parágrafo único. Quando não for possível a obtenção Nacional de Habilitação, de que trata o inciso VII do
dos documentos a que a que se refere o art. 2º direta- caput do art. 19 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
mente do órgão ou da entidade responsável pela base 1997 - Código de Trânsito Brasileiro; (Incluído pelo
de dados oficial, a comprovação necessária poderá ser Decreto nº 9.723, de 2019)
feita por meio de declaração escrita e assinada pelo V - número de matrícula em instituições públicas fe-
usuário dos serviços públicos, que, na hipótese de de- derais de ensino superior; (Incluído pelo Decreto nº
claração falsa, ficará sujeito às sanções administrati- 9.723, de 2019)
vas, civis e penais aplicáveis. VI - números dos Certificados de Alistamento Militar,
Art. 4º Os órgãos e as entidades responsáveis por ba- de Reservista, de Dispensa de Incorporação e de Isen-
ses de dados oficiais da administração pública federal ção de que trata a Lei nº 4.375, de 17 de agosto de
prestarão orientações aos órgãos e às entidades públi- 1964; (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
cos interessados para o acesso às informações cons- VII - número de inscrição em conselho de fiscalização
tantes das bases de dados, observadas as disposições de profissão regulamentada;(Incluído pelo Decreto nº
legais aplicáveis. 9.723, de 2019)
Art. 5º No atendimento aos usuários dos serviços pú- VIII - número de inscrição no Cadastro Único para
blicos, os órgãos e as entidades do Poder Executivo fe- Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico, de
deral observarão as seguintes práticas: que trata o Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007;
I - gratuidade dos atos necessários ao exercício da ci- e (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
dadania, nos termos da Lei nº 9.265, de 12 de feverei- IX - demais números de inscrição existentes em bases
ro de 1996;
de dados públicas federais. (Incluído pelo Decreto nº
II - padronização de procedimentos referentes à utili-
9.723, de 2019)
zação de formulários, guias e outros documentos con-
§ 1º O disposto no inciso IV do caput não se aplica
gêneres; e
aos processos administrativos em trâmite nos órgãos
III - vedação de recusa de recebimento de requerimen-
federais do Sistema Nacional de Trânsito para os quais
tos pelos serviços de protocolo, exceto quando o órgão
seja necessário apresentar o número da Permissão
ou a entidade for manifestamente incompetente.
para Dirigir ou da Carteira Nacional de Habilitação
§ 1º Na hipótese referida no inciso III do caput, os ser-
viços de protocolo deverão prover as informações e as para obter acesso à informação. (Incluído pelo Decreto
orientações necessárias para que o interessado possa nº 9.723, de 2019)
dar andamento ao requerimento. § 2º O disposto no inciso VI do caput não se aplica aos
§ 2º Após a protocolização de requerimento, caso o processos administrativos em trâmite nos órgãos fede-
agente público verifique que o órgão ou a entidade do rais vinculados ao Ministério da Defesa para os quais
Poder Executivo federal é incompetente para o exame seja necessário apresentar o número dos Certificados
ou a decisão da matéria, deverá providenciar a remes- de Alistamento Militar, de Reservista, de Dispensa de
sa imediata do requerimento ao órgão ou à entidade Incorporação ou de Isenção para obter acesso à infor-
do Poder Executivo federal competente. mação. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
§ 3º Quando a remessa referida no § 2º não for pos- § 3º Os cadastros, formulários, sistemas e outros ins-
sível, o interessado deverá ser comunicado imediata- trumentos exigidos dos usuários para a prestação de
mente do fato para adoção das providências neces- serviço público conterão campo de preenchimento
sárias. obrigatório para registro do número de inscrição no
Art. 5º-A Para fins de acesso a informações e serviços, CPF. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

de exercício de obrigações e direitos e de obtenção de § 4º Ato do Secretário Especial de Desburocratização,


benefícios perante os órgãos e as entidades do Poder Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia
Executivo federal, o número de inscrição no Cadastro poderá dispor sobre outras hipótese, além das previs-
de Pessoas Físicas - CPF é suficiente e substitutivo para tas no caput. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de
a apresentação dos seguintes dados:(Incluído pelo De- 2019)
creto nº 9.723, de 2019) (Vide Decreto nº 9.723, de § 5º A substituição dos dados constantes nos incisos I
2019) a VIII do caput pelo número de inscrição no CPF é ato
I - Número de Identificação do Trabalhador - NIT, de preparatório à implementação do Documento Nacio-
que trata o inciso I do caput do art. 3º do Decreto nº nal de Identidade a que se refere oart. 8º da Lei nº
97.936, de 10 de julho de 1989; (Incluído pelo Decre- 13.444, de 11 de maio de 2017. (Incluído pelo Decreto
to nº 9.723, de 2019) nº 9.723, de 2019)
II - número do cadastro perante o Programa de Inte- Art. 6º As exigências necessárias para o requerimento
gração Social - PIS ou o Programa de Formação do serão feitas desde logo e de uma só vez ao interessado,
Patrimônio do Servidor Público - Pasep; (Incluído justificando-se exigência posterior apenas em caso de
pelo Decreto nº 9.723, de 2019) dúvida superveniente.

25
Art. 7º Não será exigida prova de fato já comprova- VI - à forma de comunicação com o solicitante do ser-
do pela apresentação de documento ou informação viço; e
válida. VII - aos locais e às formas de acessar o serviço.
Art.8º Para complementar informações ou solicitar § 3º Além das informações referidas no § 2º, a Carta
esclarecimentos, a comunicação entre o órgão ou a de Serviços ao Usuário deverá, para detalhar o padrão
entidade do Poder Executivo federal e o interessado de qualidade do atendimento, estabelecer:
poderá ser feita por qualquer meio, preferencialmente I - os usuários que farão jus à prioridade no atendi-
eletrônico. mento;
Art. 9º Exceto se existir dúvida fundada quanto à au- II - o tempo de espera para o atendimento;
tenticidade ou previsão legal, fica dispensado o reco- III - o prazo para a realização dos serviços;
nhecimento de firma e a autenticação de cópia dos IV - os mecanismos de comunicação com os usuários;
documentos expedidos no País e destinados a fazer V - os procedimentos para receber, atender, gerir e res-
prova junto a órgãos e entidades do Poder Executivo ponder às sugestões e reclamações;
federal. VI - as etapas, presentes e futuras, esperadas para a
Art. 10. A apresentaç de documentos por usuários dos realização dos serviços, incluídas a estimativas de pra-
serviços públicos poderá ser feita por meio de cópia zos;
autenticada, dispensada nova conferência com o do- VII - os mecanismos para a consulta pelos usuários
cumento original. acerca das etapas, cumpridas e pendentes, para a re-
§ 1º A autenticação de cópia de documentos poderá alização do serviço solicitado;
ser feita, por meio de cotejo da cópia com o documen- VIII - o tratamento a ser dispensado aos usuários
to original, pelo servidor público a quem o documento quando do atendimento;
deva ser apresentado. IX - os elementos básicos para o sistema de sinaliza-
§ 2º Constatada, a qualquer tempo, a falsificação de ção visual das unidades de atendimento;
firma ou de cópia de documento público ou particular, X - as condições mínimas a serem observadas pelas
o órgão ou a entidade do Poder Executivo federal con- unidades de atendimento, em especial no que se refe-
siderará não satisfeita a exigência documental respec- re à acessibilidade, à limpeza e ao conforto;
tiva e, no prazo de até cinco dias, dará conhecimento XI - os procedimentos para atendimento quando o sis-
do fato à autoridade competente para adoção das tema informatizado se encontrar indisponível; e
providências administrativas, civis e penais cabíveis. XII - outras informações julgadas de interesse dos usu-
ários.
CAPÍTULO II
DA CARTA DE SERVIÇOS AO USUÁRIO CAPÍTULO III
DA RACIONALIZAÇÃO DAS NORMAS
Art. 11. Os órgãos e as entidades do Poder Executi-
vo federal que prestam atendimento aos usuários dos Art. 12. A edição e a alteração das normas relativas
serviços públicos, direta ou indiretamente, deverão ao atendimento dos usuários dos serviços públicos ob-
elaborar e divulgar Carta de Serviços ao Usuário, no servarão os princípios da eficiência e da economicida-
âmbito de sua esfera de competência. de e considerarão os efeitos práticos tanto para a ad-
§ 1º A Carta de Serviços ao Usuário tem por objetivo ministração pública federal quanto para os usuários.
informar aos usuários: (Redação dada pelo Decreto nº
9.723, de 2019) CAPÍTULO IV
I - os serviços prestados pelo órgão ou pela entidade DA SOLICITAÇÃO DE SIMPLIFICAÇÃO
do Poder Executivo federal;(Incluído pelo Decreto nº
9.723, de 2019) Art. 13. Os usuários dos serviços públicos poderão
II - as formas de acesso aos serviços a que se refere o apresentar Solicitação de Simplificação aos órgãos e
inciso I;(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019) às entidades do Poder Executivo federal, por meio de
III - os compromissos e padrões de qualidade do formulário próprio denominado Simplifique!, nas se-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

atendimento ao público; e (Incluído pelo Decreto nº guintes hipóteses: (Redação dada pelo Decreto nº
9.723, de 2019) 9.723, de 2019)
IV - os serviços publicados no Portal de Serviços do I - quando a prestação de serviço público não observar
Governo Federal, nos termos do disposto no Decreto o disposto:(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016. (Incluído pelo a) neste Decreto; (Incluída pelo Decreto nº 9.723, de
Decreto nº 9.723, de 2019) 2019)
§ 2º Da Carta de Serviços ao Usuário, deverão constar b) na Lei nº 13.460, de 2017; (Incluída pelo Decreto
informações claras e precisas sobre cada um dos ser- nº 9.723, de 2019)
viços prestados, especialmente as relativas: c) na Lei nº 13.726, de 8 de outubro de 2018; ou (In-
I - ao serviço oferecido; cluída pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
II - aos requisitos e aos documentos necessários para d) na legislação correlata; e (Incluída pelo Decreto nº
acessar o serviço; 9.723, de 2019)
III - às etapas para processamento do serviço; II - sempre que vislumbrarem oportunidade de sim-
IV - ao prazo para a prestação do serviço; plificação ou melhoria do respectivo serviço público.
V - à forma de prestação do serviço; (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)

26
§ 1º A Solicitação de Simplificação deverá ser apre- procedimentos cuja exigibilidade não esteja informa-
sentada, preferencialmente, por meio eletrônico, em da no Portal de Serviços do Governo Federal. (Incluído
canal único oferecido pela Ouvidoria-Geral da União pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
da Controladoria-Geral da União. (Redação dada § 1º A disponibilização de informações sobre serviços
pelo Decreto nº 9.723, de 2019) públicos nos portais institucionais próprios dos órgãos
§ 2º Sempre que recebida por meio físico, os órgãos e e das entidades da administração pública federal não
as entidades deverão digitalizar a Solicitação de Sim- dispensa a obrigatoriedade da divulgação no Portal
plificação e promover a sua inserção no canal a que de Serviços do Governo Federal. (Incluído pelo Decreto
se refere o § 1º. nº 9.723, de 2019)
Art. 14. Do formulário Simplifique! deverá constar: § 2º A criação ou a alteração do rol de requisitos,
I - a identificação do solicitante; documentos, informações e procedimentos do serviço
II - a especificação do serviço objeto da simplificação; público deverá ser precedida de publicação no Portal
III - o nome do órgão ou da entidade perante o qual o de Serviços do Governo Federal. (Incluído pelo Decre-
serviço foi solicitado; to nº 9.723, de 2019)
IV - a descrição dos atos ou fatos; e § 3º A Secretaria de Governo Digital da Secretaria
V - facultativamente, a proposta de melhoria. Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
Art. 15. Ato conjunto dos Ministros de Estado da Con-
Digital do Ministério da Economia disponibilizará os
troladoria-Geral da União e da Economia disciplinará
meios para publicação dos serviços públicos no Portal
o procedimento aplicável à Solicitação de Simplifica-
de Serviços do Governo Federal e definirá as regras de
ção.(Redação dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
acesso, credenciamento e procedimentos de publica-
CAPÍTULO V ção. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
DAS SANÇÕES PELO DESCUMPRIMENTO Art. 19. As informações do formulário Simplifique!,
de que trata o art. 14, serão divulgadas no painel de
Art. 16. O servidor público ou o militar que descum- monitoramento do desempenho dos serviços públicos
prir o disposto neste Decreto estará sujeito às penali- prestados a que se refere o inciso V do caput do art.
dades previstas, respectivamente, na Lei nº 8.112, de 3º do Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016.
11 de dezembro de 1990, e na Lei nº 6.880, de 9 de
dezembro de 1980. CAPÍTULO VII
Parágrafo único. Os usuários dos serviços públicos DA AVALIAÇÃO E DA MELHORIA DOS SERVIÇOS
que tiverem os direitos garantidos neste Decreto des- PÚBLICOS
respeitados poderão representar à Controladoria-Ge-
ral da União. (Redação dada pelo Decreto nº 9.723, de Art. 20. Os órgãos e as entidades do Poder Executivo
2019) Art. 17. Cabe à Controladoria-Geral da União e federal deverão utilizar ferramenta de pesquisa de sa-
aos órgãos integrantes do sistema de controle interno tisfação dos usuários dos seus serviços, constante do
do Poder Executivo federal zelar pelo cumprimento do Portal de Serviços do Governo federal, e do Sistema de
disposto neste Decreto e adotar as providências para a Ouvidoria do Poder Executivo federal, e utilizar os da-
responsabilização dos servidores públicos e dos milita- dos como subsídio relevante para reorientar e ajustar
res, e de seus superiores hierárquicos, que praticarem a prestação dos serviços.
atos em desacordo com suas disposições. (Redação § 1º Os canais de ouvidoria e as pesquisas de satis-
dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019) fação objetivam assegurar a efetiva participação dos
usuários dos serviços públicos na avaliação e identifi-
CAPÍTULO VI car lacunas e deficiências na prestação dos serviços.
DA DIVULGAÇÃO AOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS § 2º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo fe-
PÚBLICOS deral deverão dar ampla divulgação aos resultados
das pesquisas de satisfação.
Art. 18. A Carta de Serviços ao Usuário, a forma de
Art. 20-A. As avaliações da efetividade e dos níveis de
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

acesso, as orientações de uso e as informações do


satisfação dos usuários, de que trata o art. 24 da Lei
formulário Simplifique! deverão ser objeto de perma-
nº 13.460, de 2017, serão feitas na forma definida em
nente divulgação aos usuários dos serviços públicos, e
mantidos visíveis e acessíveis ao público: ato do Secretário de Governo Digital da Secretaria Es-
I - nos locais de atendimento, por meio de extração pecial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital
das informações, em formato impresso, a partir do do Ministério da Economia. (Incluído pelo Decreto nº
Portal de Serviços do Governo Federal; e (Redação 9.723, de 2019)
dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019) Art. 20-B. A Secretaria de Governo Digital da Secreta-
II - nos portais institucionais e de prestação de serviços ria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
na internet, a partir de link de acesso ao Portal de Ser- Digital do Ministério da Economia publicará no Portal
viços do Governo Federal.(Redação dada pelo Decreto de Serviços do Governo Federal o ranking das entida-
nº 9.723, de 2019) des com maior incidência de reclamação dos usuários
Art. 18-A. Fica vedado aos órgãos e às entidades da e com melhor avaliação de serviços por parte dos usu-
administração pública federal solicitar ao usuário do ários, de que trata o § 2º do art. 23 da Lei nº 13.460, de
serviço público requisitos, documentos, informações e 2017.(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)

27
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
HORA DE PRATICAR!
Art. 21. A Controladoria-Geral da União terá prazo de
cento e oitenta dias, contado da data de publicação 1. (TRE-RR – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI-
deste Decreto, para disponibilizar os meios de acesso NISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2015) As funções da
à Solicitação de Simplificação e ao Simplifique!. (Re- Administração de Materiais são consideradas como a
dação dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
Art. 22. A Controladoria-Geral da União, por meio a) estrutura de um sistema para solucionar problemas
da Ouvidoria-Geral da União, e o Ministério da Eco- por meio do uso de um conjunto específico de téc-
nomia, por meio da Secretaria de Governo Digital nicas, um corpo de conhecimento e pessoas especia-
da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão lizadas.
e Governo Digital, poderão expedir normas comple- b) atividade que planeja as compras empresariais.
mentares ao disposto neste Decreto. (Redação dada c) atividade que executa a entrega do produto ao cliente
pelo Decreto nº 9.723, de 2019) final.
Art. 23. O Decreto nº 8.936, de 2016, passa vigorar d) sequência estruturada de atividades que, por meio
com as seguintes alterações: de ações físicas, comportamentais e/ou informações,
“Art. 3º .................................................................. permitem a agregação de valor a uma ou mais entra-
....................................................................................... das, transformando-as em uma ou mais saídas.
V - ........................................................................... e) sequência de operações que se inicia na identificação
........................................................................................ do fornecedor, na compra do bem, seu recebimento,
b) tempo médio de atendimento; transporte interno e acondicionamento, seu transpor-
c) grau de satisfação dos usuários; e te durante o processo produtivo/uso, na armazena-
d) número de Solicitações de Simplificação relativas gem como produto acabado e na sua distribuição ao
ao serviço.” (NR) consumidor final.
Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua
publicação. 2. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL
Art. 25. Ficam revogados: UNIVERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO –SUPERIOR
I - o Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009; e – UFPR – 2017) Com relação à administração de ma-
II - o Decreto nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. teriais, considere as seguintes afirmativas: 1. O objetivo
fundamental da administração de materiais é determinar
Brasília, 17 de julho de 2017; 196º da Independência quando e quanto adquirir para a reposição do estoque.
e 129º da República. 2. A administração de materiais é composta por cadas-
tramento, gestão, compras, recebimento, armazenagem,
inventário e requisição de materiais. 3. O cadastramento
dos materiais é responsável pela classificação, codifica-
ção, especificação, padronização e catalogação dos ma-
teriais. 4. A produção faz parte da estrutura organizacio-
nal da administração de materiais. Assinale a alternativa
correta.

a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.


b) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
c) Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

3. (FAU UNICENTRO – ADMINISTRADOR – JUCEPAR


– SUPERIOR – 2016) As funções da Administração de
Materiais são, EXCETO:

a) Compras.
b) Vendas.
c) Transporte.
d) Armazenagem.
e) Manuseio.

4. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ASSISTEN-


TE LEGISLATIVO MUNICIPAL – MÉDIO – FGV – 2018)
Um jornal publicou recentemente o seguinte anúncio de
emprego: “Auxiliar administrativo – responsável por dar
suporte administrativo e técnico na área de materiais,

28
patrimônio e logística. Atividades: monitorar material Consumo/Utilização Preço unitário
de expediente; levantar necessidade de material; requi- CÓD SKU
anual (em unidades) (em R$)
sitar materiais; conferir material solicitado; providenciar
devolução de material fora de especificação; distribuir 111 10.000 0,10
material de expediente; conferir expedição de malotes 121 5.000 16,00
e recebimentos; monitorar execução de serviços gerais
limpeza, transporte, vigilância. Aceita-se primeiro empre- 131 6.000 2,00
go”. As atividades do cargo estão relacionadas, majorita- 141 20.000 1,00
riamente, à seguinte função administrativa: 151 400 20,00
a) operações; 161 100 70,00
b) planejamento; 171 200 300,00
c) controle;
d) organização; 181 30.000 0,20
e) patrimônio. 191 10 200,00
201 4 1.000,00
5. (MPE-RO – ANALISTA – ADMINISTRAÇÃO – SUPE-
RIOR – FUNCAB – 2012) Na administração de materiais, TOTAL 71.714
temos os subsistemas típicos e os específicos. Assinale
a alternativa correta em relação aos subsistemas espe- Após a reclassificação, os grupos A, B e C podem ser
cíficos mais frequentemente presentes nas organizações representados, respectivamente, por:
mais complexas. Cabe ao subsistema de:
a) 20% − 30% − 50%.
a) controle de estoque – a gestão econômica dos esto- b) 50% − 30% − 20%.
ques por meio do planejamento e da programação de c) 70% − 20% − 10%.
material, compreendendo a análise, a previsão, o con- d) 20% − 50% − 30%.
trole e o ressuprimento de material. e) 50% − 20% − 30%.
b) aquisição de material – a gestão, negociação e a con-
tratação de compras de material por meio de processo 7. (TRT 2ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
licitatório. ADMINISTRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2014) No al-
c) movimentação de material – o controle e a normali- moxarifado de uma empresa prestadora de serviços, um
zação das transações de recebimento, fornecimento, determinado item de estoque é consumido na razão de
devoluções, transferências de materiais e quaisquer 100 unidades por mês e o seu tempo de reposição é de
outros tipos de movimentações de entrada e de saída 3 meses. Sabendo que o estoque mínimo é de 1 mês do
de material. seu consumo, o ponto de pedido será, em unidades:
d) inspeção de recebimentos – a verificação física e do-
cumental do recebimento de material, que pode ainda a) 300.
se encarregar da verificação dos atributos qualitativos b) 200.
pelas normas de controle de qualidade. c) 400.
e) padronização e normalização – a obtenção de menor d) 150.
variedade de determinado tipo de material, por meio e) 500.
da sua unificação e especificação, propondo medidas
de redução de estoques. 8. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL NÍVEL UNI-
VERSITÁRIO JR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR –
6. (TRF 3ª – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- UFPR – 2017) Considerando o contexto da classificação
TRATIVA – SUPERIOR – FCC – 2016) O almoxarifado de dos materiais, que é um elemento de suma importância
um determinado Tribunal Regional Federal movimen- para auxiliar a tomada de decisão em relação à gestão
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

ta anualmente R$ 200.000,00 em Stock Keeping Unit − dos materiais, assinale a alternativa correta.
SKU’s. Em função de algumas falhas no atendimento das
requisições de materiais, foi solicitada pelo gestor do a) A classificação ABC refere-se à classificação dos ma-
almoxarifado uma classificação “ABC” seguindo novos teriais pertencentes ao estoque, considerando-se a
parâmetros, conforme abaixo. relevância dos materiais em relação ao seu consumo.
b) A classificação quanto à perecibilidade restringe-se
− Curva A: 70% do valor anual do consumo, em R$. aos materiais que possuem um prazo de validade cla-
− Curva B: 20% do valor anual do consumo, em R$. ramente definido.
− Curva C: 10% do valor anual do consumo, em R$. c) Na classificação XYZ, os materiais de classe X repre-
sentam os materiais de alta importância operacional.
Cada grupo reclassificado em A, B e C compõe-se por d) Na classificação XYZ, os materiais de classe Z repre-
um número de SKU’s, no qual cada um representa uma sentam os materiais de baixa importância operacional.
fração do total movimentado no estoque, conforme ta- e) A classificação ABC serve para identificar materiais crí-
bela abaixo. ticos em relação às empresas industriais.

29
9. (IFN-MG – ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS – SU- 8 100,00 8
PERIOR – GESTÃO DE CONCURSOS – 2014) Segundo
Arnold (1999) “(...) se o suprimento satisfizesse exata- 9 2,00 350
mente a demanda, haveria pouca necessidade de manter 10 25,00 200
estoques. As mercadorias poderiam ser produzidas na
mesma velocidade da demanda e nenhum estoque iria Utilizando-se da Curva ABC, nas proporções 20/30/50,
se acumular.” respectivamente, sobre a correlação entre Itens e Classe,
Sendo o propósito básico dos estoques o de separar o é correto afirmar que:
suprimento da demanda, é CORRETO afirmar que o esto-
que serve como um armazenamento intermediário entre: a) 1 e 4 são da classe A;
b) 3 e 4 são da classe B;
a) demanda dos vendedores e produtos semiacabados, c) 3, 4 e 9 são da classe A;
produtos em processamento e a compra de compo- d) 3, 4 e 9 são da classe C;
nentes, exigências de uma operação e resultado da e) 6, 9 e 10 são da classe B.
operação anterior.
b) oferta e demanda, produtos acabados e a disponibili- 12. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
dade de componentes, peças e materiais necessários
CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018)
ao início da produção e fornecedores de materiais.
O método da Curva ABC é uma ferramenta que permite
c) demanda de clientes e produtos acabados, administra- organizar os itens de material em estoque em quantida-
ção de processos, produtos estruturados e disponibili- de e valor de demanda. A relação correta, de cima pra
dade de compra de insumos. baixo, entre a coluna da esquerda e a coluna da direita
d) exigência de uma operação e início da operação an- (com percentuais aproximados) é:
terior, custo e investimentos, demanda de clientes e
produtos acabados. A = CLASSE A ( ) 50% do estoque
( ) 80% do valor de demanda
10. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS- B = CLASSE B ( ) 20% do estoque
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO, ( ) 15% do valor de demanda
CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018) C = CLASSE C ( ) 30% do estoque
A definição de estoque pode ser dada como a acumula- ( ) 5% do valor de demanda
ção armazenada de materiais em um sistema de trans-
formação. Um dos métodos para a sua reposição é o de a) A-A-C-B-B-C;
previsão de demanda. A técnica de previsão de demanda b) A-B-C-B-A-C;
realizada por meio de informações qualitativas é definida c) B-A-C-C-B-A;
d) C-A-A-B-B-C;
como:
e) C-B-A-A-C-B.
a) explicação; 13. (CEBRASPE – ADMINISTRADOR – SUPERIOR –
b) predileção; CESPE – 2018) Gráfico 1A2AAA. O gráfico seguinte re-
c) projeção; presenta a curva dente de serra de um item dentro de um
d) ponderação; sistema de estoque.
e) mínimos quadrados.

11. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-


TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV –
2018) A empresa NOVA tem o controle de estoque apre-
sentado na tabela abaixo, em que aos itens à esquerda
estão correlacionados: preço por unidade (PU), em reais
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

(R$); e quantidade de unidades vendidas ao ano (QUA).

PU
Item QUA
(R$)
1 100,00 120
2 25,00 4 No gráfico 1A2AAA, o ponto de pedido é representado
3 5,00 1400 pelos pontos
4 4,00 5000 a) II e III.
5 20,00 20 b) IV e VI.
c) IV e VIII.
6 15,00 200
d) VI e X.
7 20,00 50 e) VII e XI.

30
14. (CEBRASPE – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – d) qualidade precária e os defeitos são tolerados no sen-
CESPE – 2018) Gráfico 1A2AAA. O gráfico seguinte re- tido de se manter a prontidão de suprimentos.
presenta a curva dente de serra de um item dentro de um e) fornecedor é um parceiro ativo que se encarrega de
sistema de estoque. suprir as necessidades dos clientes, sendo estes trata-
dos como uma extensão da empresa.

17. (TRANSPETRO – ADMINISTRADOR(A) JÚNIOR –


SUPERIOR – CESGRANRIO – 2018) A função de cálculo
do lote econômico de compras (LEC) é derivada de duas
equações. Essas equações são as de custos

a) de estocar e do capital de giro.


b) de estocar e do pedido.
c) do pedido e do capital de giro.
d) do lote e da unidade.
e) do capital de giro e de custo médio de estoque.

18. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-


TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018)
No gráfico 1A2AAA, o trecho com consumo mais lento O departamento de compras de uma fábrica adquiriu
do referido item é representado pelo segmento de reta chapas de aço que serão empregadas na construção de
carenagens de grupos geradores silenciados. O departa-
mento de compras classificou essas chapas como mate-
a) I-III.
rial de consumo, por terem sido enquadradas no critério
b) V-VI.
excludente:
c) V-VII.
d) IX-XI.
a) durabilidade;
e) XI-XIII.
b) fragilidade;
c) perecibilidade;
15. (TRANSPETRO – ADMINISTRADOR(A) JÚNIOR –
d) incorporabilidade;
SUPERIOR – CESGRANRIO – 2018) A nova realidade da e) transformabilidade.
demanda global e da percepção do consumidor condu-
ziu partes do setor de manufatura para um modelo de 19. (CEMIG-MG – ANALISTA DE GESTÃO ADMI-
negócios que busca reduzir ou eliminar a dependência NISTRATIVA JR. – SUPERIOR – 2018 – FUMARC) “O
das previsões por meio do planejamento conjunto e da ________________ é um contrato formal entre a empresa e
troca rápida de informações entre os participantes da ca- o fornecedor, devendo representar fielmente todas as
deia de suprimentos. Nesse cenário, o processo de ma- condições e características da compra aí estabelecidas,
nufatura, de forma geral, inicia-se a partir de uma venda, razão pela qual o fornecedor deve estar ciente de todas
em detrimento dos antigos sistemas fundamentados na as cláusulas e pré-requisitos constantes do impresso, dos
previsão. Além disso, verificam-se processos de produ- procedimentos que regem o recebimento das peças ou
ção mais curtos com menos etapas, com um tempo de produtos, dos controles e das exigências de qualidade,
execução mais rápido e maior potencial de customização para que o pedido possa legalmente ser considerado em
para o cliente. Essa nova realidade está mais próxima dos vigor”. A expressão que preenche corretamente a lacuna
sistemas de produção do texto, tornando-o verdadeiro, é:

a) alavancados. a) Contrato de Compra.


b) empurrados. b) Contrato de fornecimento.
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

c) puxados. c) Pedido de Compra.


d) especializados. d) Pedido de Ressuprimento.
e) contínua.
20. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – GESTÃO E IN-
16. (TRANSPETRO – ADMINISTRADOR(A) JÚNIOR – FRAESTRUTURA – SUPERIOR – FGV – 2017) Uma fun-
SUPERIOR – CESGRANRIO – 2018) Na filosofia/progra- ção da Administração de Compras é:
mação de suprimentos just-in-time, a(o)
a) especificar detalhadamente o objeto ou serviço a com-
a) seu caráter de prontidão apresenta a necessidade de prar;
altas capacidades de estoques de processamento. b) definir quantidades, qualidades e prazos de entrega;
b) tamanho dos lotes e as quantidades de compras são c) acompanhar administrativamente o processo de for-
determinados por economias de escala, em detrimen- necimento;
to da necessidade imediata. d) receber o produto da compra e proceder às inspeções
c) tempo de reposição longo não se constitui um pro- quantitativas e de qualidade;
blema. e) aceitar ou devolver o produto.

31
21. (UFG – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – SUPERIOR d) sintetização – simplificação – normatização – padroni-
– CS-UFG – 2017) Nas etapas do processo de compras, zação – codificação – identificação;
cabe ao setor responsável pela aquisição de produtos: e) catalogação – simplificação – flexibilização – normali-
zação – padronização – codificação.
a) selecionar pessoal para realizar tomada de preços.
b) gerar receitas e lucros para expandir os negócios. 26. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
c) estabelecer contato e manter relacionamento com for- TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
necedores. CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018)
d) gerenciar obras e tratar dos aspectos relacionais da A classificação de materiais busca uma organização que
empresa. permita a melhor gestão dos materiais em um dado pro-
cesso. Um bom sistema de classificação deve possuir os
22. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL DE ALMO- seguintes atributos:
XARIFADO – MÉDIO – UFPR – 2015) A finalidade básica
do inventário de materiais é o controle de: a) simplicidade, precisão e abrangência;
b) abrangência, flexibilidade e praticidade;
a) custo. c) praticidade, durabilidade e precisão;
b) demanda. d) durabilidade, simplicidade e precisão;
c) fluxo. e) precisão, praticidade e maneabilidade.
d) saída de mercadoria.
e) estoque. 27. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS-
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO,
23. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL DE AL- CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018)
MOXARIFADO – MÉDIO – UFPR – 2015) Com base no A classificação de materiais é um procedimento necessá-
conceito de movimentação de materiais, assinale a alter- rio a fim de racionalizar o controle de materiais em es-
nativa correta. toque. Trata-se de um procedimento de aglutinação de
materiais por características semelhantes. Classificar itens
a) A movimentação de materiais abrange todo o fluxo de de materiais tem o objetivo de prover informação ge-
materiais interno e externo da empresa. rencial ao tomador de decisão, tornando possível elencar
b) A movimentação não impacta na cadeia produtiva da prioridades e estabelecer rotinas operacionais eficientes.
empresa. Um dos atributos de um sistema de classificação de ma-
c) O custo com a movimentação de materiais não impac- teriais é a Abrangência, que:
ta no custo total de fabricação.
d) O foco da movimentação de materiais é o abasteci- a) deve demandar procedimentos complexos;
mento do sistema de produção. b) refere-se à comunicação entre os tipos de classifica-
e) A movimentação horizontal se dá em um espaço plano ção, bem como à possibilidade de adaptar e melhorar
e em um mesmo nível. o sistema de classificação sempre que desejável;
c) deve considerar aspectos físicos, financeiros e con-
24. (ITAIPU BINACIONAL – PROFISSIONAL DE AL- tábeis, apresentando diversas facetas de um item de
MOXARIFADO – MÉDIO – UFPR – 2015) “_____________ material;
constituem os insumos e materiais básicos que ingres- d) deve ser simples e direta;
sam no processo produtivo da empresa, ou seja, todos e) permite interface entre diversos tipos de classificação,
os itens iniciais necessários para a produção”. Assinale a de modo a apresentar uma visão ampla da gestão de
alternativa que preenche corretamente a lacuna. estoque.

a) Matérias-primas. 28. (COBRA TECNOLOGIA S.A. – TÉCNICO ADMINIS-


b) Materiais em processamento. TRATIVO – MÉDIO – ESPP – 2012) ________ é o elo en-
c) Materiais semiacabados. tre o fornecedor e a produção, e entre a produção e o
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

d) Materiais acabados. cliente.


e) Materiais componentes.
a) Armazenagem.
25. (CÂMARA MUNICIPAL DE SALVADOR – ANALIS- b) Vendas.
TA LEGISLATIVO MUNICIPAL – ÁREA DE LICITAÇÃO, c) Manutenção.
CONTRATOS E CONVÊNIOS – SUPERIOR – FGV – 2018) d) Compras.
Um sistema de classificação eficaz deve abordar as se-
guintes etapas: 29. (COBRA TECNOLOGIA S.A. – TÉCNICO ADMINIS-
TRATIVO – MÉDIO – ESPP – 2012) A Armazenagem é
a) identificação – simplificação – codificação – normaliza- necessária pelas razões abaixo, exceto:
ção – padronização – catalogação;
b) catalogação – simplificação – especificação – normati- a) Obter economias de transporte.
zação – aglutinação – codificação; b) Obter economias de produção.
c) catalogação – complementação – identificação – nor- c) Manter a satisfação do cliente.
matização – padronização – codificação; d) Manter uma fonte de financiamento.

32
30. (CEBRASPE – ADMINISTRADOR – SUPERIOR – 34. (SEPLAG-RJ – ESPECIALISTA EM POLÍTICAS PÚ-
CESPE – 2018) A cadeia de suprimentos que trata dos BLICAS E GESTÃO GOVERNAMENTAL – SUPERIOR
fornecedores diretos e clientes distribuidores é denomi- – CEPERJ – 2012) Uma cadeia de suprimento típica é
nada cadeia formada por:
a) total. a) governo, fornecedores de matéria-prima, indústria
b) imediata.
principal e consumidor final.
c) de abastecimento.
d) interna. b) fornecedores de matéria-prima, indústria principal,
e) de distribuição. atacadistas, distribuidores, varejistas e consumidor fi-
nal.
31. (DAE – DEPARTAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO DE c) fornecedores de matéria-prima, governo, indústria
SÃO CAETANO DO SUL – ANALISTA ADMINISTRATI- principal e consumidor final.
VO – SUPERIOR – CAIPIMES – 2015) Considerando (V) d) governo, indústria principal, varejistas e consumidor
para verdadeiro ou (F) para falso, analise as afirmações final.
abaixo e assinale a alternativa que apresenta a ordem e) governo, indústria principal, atacadistas, distribuido-
correta. res, varejistas e consumidor final.
( ) O Supply Chain Management, ou administração
das cadeias de suprimentos, trata-se de uma abordagem
mais estratégica de logística, em que a mesma é perce- GABARITO
bida como fator de diferenciação para as organizações,
a partir da utilização das tecnologias da informação e da
comunicação. 1 E
( ) O Supply Chain Management é a integração da or-
ganização a partir de uma abordagem da logística como 2 D
elemento diferenciador, buscando integrar o ambiente 3 B
interno com o externo para otimizar processos, possibili-
tando maior valor agregado a todas as etapas da cadeia 4 D
produtiva. 5 E
( ) São três os objetivos do Supply Chain Manage-
ment: redução de custos, adição de valor e gerar vanta- 6 A
gem estratégica para a organização. 7 C
a) V – F – V. 8 A
b) F – V – F. 9 B
c) V – V – V.
d) F – F – F. 10 B
11 A
32. (IF-SC – INSTITUTO FEDERAL SANTA CATARINA –
PROFESSOR – ADMINISTRAÇÃO – SUPERIOR – IF-SC 12 D
– 2015) A gestão da cadeia de abastecimento ou supply 13 D
chain management diz respeito às práticas de gestão que
são necessárias para que todas as empresas agreguem 14 A
valor ao cliente. Assinale a alternativa que APRESENTA 15 C
um dos objetivos da visão da supply chain.
16 E
a) Associar materiais com características semelhantes. 17 B
b) Permitir o efeito chicote ou efeito Forrester de pro-
dução. 18 E
c) Reduzir os custos de fornecimento e aumentar a pro-
NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

19 C
dução.
d) Manter uma relação binária entre os stakeholders. 20 C
e) Reduzir o retorno de investimentos. 21 C
33. (MPE-AC – ANALISTA ADMINISTRATIVO – SUPE- 22 E
RIOR – FMP – 2013) Dentro da moderna visão do “Sup- 23 E
ply Chain Management” (SCM) os canais de distribuição
desempenham quatro funções básicas. A alternativa que 24 A
não é uma função do SCM é 25 A
a) indução da demanda. 26 B
b) serviço pós-venda. 27 C
c) financiamento do consumidor final.
d) satisfação da demanda. 28 A
e) troca de informações. 29 D

33
30 B ANOTAÇÕES
31 C
32 C
________________________________________________
33 C
34 B _________________________________________________

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NOÇÕES DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

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34
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL


Noções de Direito Constitucional: Constituição; Conceito, classificações, princípios fundamentais;...................................................01
Direitos e garantias fundamentais; ireitos e deveres individuais e coletivos, direitos sociais, nacionalidade, cidadania, direitos
políticos, partidos políticos;.................................................................................................................................................................................................10
Organização político-administrativa; União, estados, Distrito Federal, municípios e territórios;............................................................31
Administração pública; Disposições gerais, servidores públicos;.........................................................................................................................44
1.3 Supremacia
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL:
O ordenamento jurídico, conjunto de todas as nor-
CONSTITUIÇÃO; CONCEITO, CLASSIFICA- mas que integram o Direito, é formado por normas de di-
ÇÕES, PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS; ferente hierarquia, o que significa que umas valem mais
do que as outras. Por tal motivo, ele pode ser represen-
tado na forma de uma pirâmide (teoria de Hans Kelsen),
1. Constituição: conceito, objeto, supremacia e clas- em cujo topo estão as normas hierarquicamente supe-
sificações. riores e, abaixo delas, as hierarquicamente inferiores.
Nesta estrutura, a Constituição é a norma de mais alto
1.1 Conceito grau hierárquico, encontrando-se no ápice da pirâmide
que representa o Direito. Isto significa que todas as de-
A Constituição é a norma que cria e organiza o Esta- mais normas que integram o ordenamento jurídico são
do, regulando o funcionamento de seus órgãos, o exer- inferiores à Constituição, sendo, portanto, subordinadas
cício do poder estatal e os direitos e as garantias funda- a ela. Esta ideia representa o Princípio da Supremacia da
mentais (conceito político de Constituição). Por tratar de Constituição, segundo o qual a Constituição é a norma
tais assuntos, ela é considerada a norma fundamental de suprema do ordenamento jurídico, ou seja, a norma de
organização do Estado. maior valor hierárquico do Direito, devendo ser respei-
tada por todas as demais normas. Assim, as normas que
1.2 Objeto contrariarem qualquer regra da Constituição serão consi-
deradas inconstitucionais e, portanto, inválidas.
São os assuntos e temas de que trata a Constituição.
O objeto essencial da Constituição é a criação e a organi- 1.4 Classificações
zação do Estado. Assim, ela contém normas que regulam:
a) a estrutura e a organização do Estado, de seus en- FIQUE ATENTO!
tes (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) e Este é um tema bastante cobrado nos concur-
Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário): são os sos!
chamados elementos orgânicos da Constituição;
b) os direitos e as garantias fundamentais, que limi-
tam a atuação estatal: são os chamados elementos
limitativos da Constituição; Existem diversos critérios didáticos de classificação
c) a finalidade e a ideologia adotada pelo Estado das Constituições. Abordaremos os principais e mais co-
(como, por exemplo, o Artigo 6º da Constituição brados nas provas, que são:
brasileira de 1988, que trata dos direitos sociais): a) Quanto à forma: as Constituições podem ser es-
são os chamados elementos sócio-ideológicos da critas ou não escritas. As Constituições escritas
Constituição; (também chamadas instrumentalizadas) são as
d) os instrumentos de solução dos conflitos consti- que têm todas as suas normas escritas e reunidas
tucionais e de defesa da Constituição, do Estado formalmente num único texto normativo. É o caso
e das instituições democráticas: são os chamados da Constituição brasileira de 1988. Já as Constitui-
elementos de estabilização constitucional e ções não escritas (também chamadas costumeiras
e) a aplicação da Constituição, como é o caso do Ato ou consuetudinárias) são as que não têm todas as
das Disposições Constitucionais Transitórias: são suas normas reunidas num único texto normativo.
os chamados elementos formais de aplicabilidade. Ao contrário, suas normas estão esparsas pelo or-
A Constituição também contém e regula os deno- denamento jurídico, sendo encontradas em dife-
minados elementos constitutivos do Estado, que, rentes textos legislativos, reconhecidos como nor-
segundo a doutrina predominante, são: o povo, o mas fundamentais;
território, a soberania e a finalidade. Em seu Artigo b) Quanto à origem: as Constituições podem ser pro-
12, por exemplo, a Constituição brasileira de 1988 mulgadas, outorgadas, cesaristas ou pactuadas. As
Constituições promulgadas (também chamadas
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

define quem são os brasileiros natos, os natura-


lizados e as hipóteses de perda da nacionalidade votadas ou populares) são as que têm origem
brasileira, tratando do povo. No seu Artigo 48, V, a democrática, sendo elaboradas com a participa-
Constituição atribui ao Congresso Nacional a com- ção popular, por meio de parlamentares eleitos
petência para editar lei dispondo sobre os limites para tanto. É o caso da Constituição brasileira de
do território nacional, tratando, portanto, do terri- 1988, que foi redigida por uma Assembleia Nacio-
tório. Em seus Artigos 1º, I e 17, caput, a Constitui- nal Constituinte composta por deputados eleitos
ção trata da soberania do Estado brasileiro. E, em diretamente pelo povo para fazer a Constituição.
seu Artigo 3º, a Constituição relaciona os objetivos As Constituições outorgadas (também chamadas
fundamentais do Estado brasileiro, dispondo sobre Carta Constitucional) são as que não têm origem
a sua finalidade. democrática, pois não contam com a participa-
ção popular na sua elaboração. São impostas de
forma unilateral pelo governante ou pelo agente
revolucionário à população, não tendo, portanto,

1
legitimidade popular. As Constituições cesaristas Constituições imutáveis, como sugere o nome, são
(também chamadas napoleônicas) são as elabora- as que não podem ser alteradas. Já as Constitui-
das de forma unilateral pelo Estado, por um poder ções rígidas são as que precisam passar por um
ditatorial, mas que recebem aprovação popular procedimento mais rigoroso, solene e complexo
em plebiscito. Já as Constituições pactuadas são de alteração do que o necessário à elaboração
as elaboradas a partir de um pacto entre os vários das normas comuns, aquelas que estão abaixo da
titulares de poder do Estado; Constituição, chamadas normas infraconstitucio-
c) Quanto à extensão: as Constituições podem ser sin- nais. Já as Constituições superrígidas são as que,
téticas ou analíticas. As Constituições sintéticas são além de necessitar de um procedimento rigoroso
as que têm um texto enxuto, conciso ou sucinto. e solene de alteração, como as rígidas, contém um
Tratam apenas dos temas fundamentais à criação e núcleo imutável, ou seja, normas que não podem
à organização do Estado e contém mais normas de ser retiradas da Constituição. É o caso da Consti-
caráter principiológico. Já as Constituições analíti- tuição brasileira de 1988, que, em seu Artigo 60,
cas têm textos longo, prolixos e extensos, tratando prevê um procedimento rigoroso de alteração e,
de forma ampla sobre diversos assuntos, muito ainda, uma relação de matérias que não podem ser
além da criação e da organização do Estado. É o abolidas por meio de emenda constitucional. São
caso da Constituição brasileira de 1988, que con- as chamadas cláusulas pétreas: forma federativa de
tém 250 artigos; Estado; separação dos poderes; voto direto, secre-
d) Quanto ao conteúdo: as Constituições podem ser to, universal e periódico e direitos e garantias indi-
formais ou materiais. As Constituições formais viduais, conforme o Artigo 60, §4º, I a IV, da Cons-
são aquelas em que todas as normas constantes tituição de 1988. É correto, portanto, classificar a
do texto constitucional são consideradas consti- Constituição brasileira de 1988 como rígida, por-
tucionais, independentemente do seu conteúdo, que a sua modificação é mais dificultosa do que a
ou seja, do assunto de que tratam. Nas Constitui- elaboração de uma lei comum, e/ou como superrí-
ções materiais, ao contrário, as normas tidas como gida, já que, além disto, também existem matérias
constitucionais são apenas as que têm conteúdo
que não podem ser suprimidas da Constituição por
constitucional, ou seja, que tratam de assuntos
emenda constitucional. Já as Constituições semirrí-
próprios da Constituição, como a criação e a or-
gidas, também chamadas semiflexíveis, são as que,
ganização do Estado, de seus entes e Poderes e
como o próprio nome sugere, contém uma parte
os direitos e as garantias fundamentais. Assim, nas
que exige um procedimento de mudança rígido,
Constituições do tipo material, as normas que não
ou seja, mais rigoroso, complexo e solene do que
tratam de matéria constitucional não integram a
o de elaboração das normas infraconstitucionais,
Constituição, ainda que estejam inseridas no seu
texto. A Constituição brasileira de 1988 é do tipo e outra cuja modificação não precisa atender a
formal. Isto significa que todas as suas normas, regras especiais, sendo idêntico ao processo de
independentemente do seu conteúdo, são cons- elaboração das normas comuns. Daí o seu nome:
titucionais e, assim, dotadas de supremacia (são semi (“metade”) rígida ou semi (“metade”) flexível,
superiores às demais normas jurídicas) e só podem isto é, uma parte rígida, outra flexível. Era o caso,
ser alteradas pelo processo próprio das emendas por exemplo, da primeira Constituição brasileira,
constitucionais. Um exemplo bastante citado pela a Constituição do Império de 1824, que em seu
doutrina é o Artigo 242, §2º, da Constituição de Artigo 178 estabelecia um procedimento mais ri-
1988, que dispõe: “O Colégio Pedro II, localizado goroso para alteração das normas materialmente
na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita constitucionais (aquelas que tratam de assunto
federal.” Embora constante do texto constitucional, típico da Constituição) e outro mais simplificado
este Artigo não trata de um assunto próprio da para modificação das normas formalmente consti-
Constituição, já que não diz respeito à criação ou à tucionais (aquelas que tratam de outros assuntos,
organização do Estado brasileiro nem aos direitos mas que estão inseridas na Constituição). Por fim,
fundamentais. Apesar disto, por estar na Constitui- as Constituições flexíveis, como o nome indica, são
ção, é norma constitucional, suprema e modificável as mais fáceis de ser alteradas. O procedimento de
apenas por meio de emenda constitucional; modificação das Constituições flexíveis é o idêntico
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) Quanto ao modo de elaboração: as Constituições ao de elaboração das normas infraconstitucionais.


podem ser dogmáticas ou históricas. As Constitui- Neste caso, se não há diferenças entre o modo de
ções dogmáticas são as que estão fundadas em elaboração de uma emenda constitucional e o de
dogmas constantes expressamente do texto cons- uma norma comum, isto significa que uma norma
titucional. É o caso da Constituição de 1988, que infraconstitucional pode modificar a Constituição,
afirma, por exemplo, em seu Artigo 1º os funda- caso trate do mesmo assunto de forma distinta, já
mentos do Estado brasileiro. Já as Constituições que o processo para fazer ambas as coisas (a lei e
históricas são as que advém de um longo processo a emenda constitucional) é o mesmo. Por tal moti-
histórico, fundando-se nas tradições e nos costu- vo, em sistemas que adotam Constituições flexíveis
mes de seu povo; não existe a supremacia da Constituição, pois o seu
f) Quanto à mutabilidade, alterabilidade ou esta- texto pode ser alterado por uma lei comum. Assim,
bilidade: as Constituições podem ser imutáveis, a Constituição flexível tem a mesma hierarquia de
rígidas, superrígidas, semirrígidas ou flexíveis. As uma norma infraconstitucional.

2
a) precise ser observada por todos os que vivam no terri-
#FicaDica tório do respectivo País;
b) seja escrita, distinguindo-se, portanto, das Constitui-
Segundo os critérios estudados acima, a ções que se formam a partir do costume;
Constituição brasileira de 1988 é classificada c) vincule todas as estruturas estatais de poder aos seus
como: Formal, Rígida, Analítica, Promulga- comandos;
da, Escrita, Superrígida e Dogmática. Lem- d) só possa ser reformada mediante um processo legisla-
bre-se que vai tomar FRAPES DELICIOSOS tivo qualificado, mais complexo que o comum;
depois da prova! e) não possa ser revogada por outra Constituição, ainda
que haja uma revolução.

Resposta: Letra D - A Constituição rígida é aquela que


EXERCÍCIO COMENTADO pode ser alterada, mas por um processo mais complexo
e solene do que o de elaboração das demais normas,
1. (TRT-CE 7ª Região – Técnico Judiciário – Área Ad- como consta na alterativa D.
ministrativa Nível Médio – CESPE-2017). Classifica-se a
Constituição Federal de 1988 (CF) como:
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) histórica, pelo critério do modo de elaboração.
b) cesarista e outorgada, pelo critério de origem. A disciplina de direito constitucional é talvez a mais
c) eclética e ortodoxa, pelo critério da dogmática. importante de todo o ordenamento jurídico, em especial
d) prolixa, pelo critério da extensão das matérias contem- do brasileiro posto que todas as demais normas devem
pladas no texto constitucional. estar de acordo com a Constituição Federal.
a) Errada, pois quanto ao modo de elaboração, a CF/88 é
dogmática (fundada em dogmas escritos no seu tex- Segundo Nathália Masson, “Direito Constitucional é
to). um dos ramos do Direito Público, a matriz que funda-
b) Errada. pois quanto à origem, a CF/88 é promulgada menta e orienta todo o ordenamento jurídico. Surgiu
(tem origem democrática). com os ideais liberais atentando-se, a princípio, para a
organização estrutural do Estado, o exercício e transmis-
Resposta: Letra D - c) Errada, pois contempla um cri- são do poder e a enumeração de direitos e garantias fun-
tério de classificação pouco cobrado: quanto à dogmá- damentais dos indivíduos. Atualmente, preocupa-se não
tica, as Constituições podem ser ortodoxas (pautadas somente com a limitação do poder estatal na esfera par-
em apenas uma ideologia) ou ecléticas (integradas por ticular, mas também com a finalidade das ações estatais
várias ideologias). A Constituição de 1988 é do tipo ec- e a ordem social, democrática e política”.
lética.
A constituição, por sua vez, é o documento que alicer-
2. (TRE-PE – Técnico Judiciário - Área Administrativa ça os fundamentos do Estado para a qual ela foi delinea-
Nível Médio – CESPE-2017). Além de ser uma Constitui- da. Também é possível utilizar outros sinônimos como
ção escrita, a CF é classificada como: constituir, delimitar, organizar; enfim, a Constituição tem
essa finalidade: organizar e estruturar o Estado.
a) promulgada, flexível, dirigente e histórica.
b) outorgada, rígida, garantia e dogmática. Portanto, podemos definir constituição como um
c) promulgada, rígida, dirigente e dogmática. conglomerado de normas de caráter fundamental e su-
d) outorgada, rígida, dirigente e histórica. premo, escritas ou alicerçadas nos costumes, responsá-
veis pela criação, estruturação e organização do Estado
Resposta: Letra C - A questão contempla mais um cri- – uma espécie de estatuto do poder.
tério de classificação, de autoria de Manoel Gonçalves
Ferreira Filho, segundo o qual as Constituições podem: O estudo da disciplina de direito constitucional pode
garantia (limitam o poder do Estado para garantir a ser feito tomando por base três perspectivas: a primeira,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

liberdade); balanço (refletem o balanço da organização direito constitucional geral, fica adstrita as normas ge-
social à época de sua elaboração) ou dirigente (contém rais para o direito constitucional; a segunda perspectiva,
normas programáticas, que dirigem a atuação do Esta- direito constitucional específico, estuda o direito cons-
do para a concretização de certas metas). Segundo esta titucional específico de um estado e, por fim, a terceira
classificação, a Constituição de 1988 é dirigente. perspectiva, direito constitucional comparado, analisa
a influência das constituições de outros estados e sua
3. (MPE-RJ – Técnico do Ministério Público – Admi- participação no tempo e espaço no decorrer da história.
nistrativa Nível Médio – FGV-2016). Pedro, estudante
de direito, disse ao seu professor que lera, em um livro, Entendemos que o edital utilizou o termo “perspec-
que a Constituição brasileira era classificada como rígida. tiva” neste tópico de forma equivocada. Referido termo
O professor explicou-lhe que deve ser classificada como cabível apenas para justificar as três formas de estudo do
rígida a Constituição que: direito constitucional, conforme explicado acima. No en-
tanto, a classificação sociológica, política ou jurídica refe-

3
rente a constituição – portanto, cabível no tópico a seguir 2. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PGM - AM
e, tecnicamente, ao invés de perspectiva, mais apropria- Prova: Procurador do Município.
do seria a palavra “concepção”, ou seja, concepção socio- No tocante às técnicas de decisão em sede de controle
lógica, concepção filosófica ou concepção jurídica. abstrato, julgue o item que se segue. Caso uma norma
comporte várias interpretações e o STF afirme que so-
1. Perspectiva sociológica mente uma delas atende aos comandos constitucionais,
diz-se que houve interpretação conforme.
Ferdinand Lassale foi o idealizador desta teoria.
Para ele “a constituição nada mais é do que a soma dos ( ) CERTO ( ) ERRADO
fatores reais de poder que regem a sociedade”, ou seja,
para Lassale a constituição é o reflexo da sociedade. Resposta: Letra A. A questão está correta. A interpre-
tação feita conforme a constituição garante presunção
2. Perspectiva política de constitucionalidade. Entende-se por interpretação
conforme aquela realizada por órgão judiciário com-
Esta concepção foi idealizada por Carl Schmitt que petente e que referida interpretação seja compatível
sintetizava a constituição como um documento que com o texto maior.
sintetizava unicamente as decisões políticas do Estado.
Para o Autor, necessário a constituição conter decisões 3. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: TCM-BA
políticas fundamentais, posto que do contrário estaría- Prova: Auditor Estadual de Infraestrutura.
mos diante de um lei formal/comum qualquer. O princípio fundamental da Constituição que consiste
em fundamento da República Federativa do Brasil, de
3. Perspectiva Jurídica eficácia plena, e que não alcança seus entes internos é:
Idealizada por Hans Kelsen, a constituição seria fru- a) o pluralismo político.
to da vontade racional de um povo e não a realidade
b) a soberania.
social; é uma norma pura, positivada e suprema. Para
c) o conjunto dos valores sociais do trabalho e da livre
Kelsen, a constituição seria o ápice da pirâmide, e todas
iniciativa.
as demais leis, devem estar em consonância com ela.
d) a prevalência dos direitos humanos.
e) a dignidade da pessoa humana.
4. Fontes formais
Resposta: Letra B. Os princípios fundamentais estão
O direito constitucional se instrui em diversas fontes. Po-
dem ser consideradas fontes formais do direito constitucio- elencados no art. 1º da CF/88 e dentre eles podemos
nal a própria Constituição do estado, as emendas constitu- destacar a soberania, cidadania, dignidade da pessoa
cionais e os tratados internacionais de direitos humanos. humana, valores sociais do trabalho e da livre iniciati-
va e pluralismo político. Das alternativas lançadas, en-
contramos a soberania como item correto, posto que
#FicaDica não depende de qualquer lei complementar ou mes-
mo qualquer condição para sua eficácia. Trata-se de
Nossa constituição segue a perspectiva de fundamento auto aplicável, reconhecendo a República
hans kelsen, chamada de jurídica. Federativa do Brasil como ente maior perante outros
países e, inclusive, dentro do próprio país, já que não
reconhece qualquer outra forma de Estado dentro de
nossas fronteiras.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
A Constituição sob o prisma sociológico está direta-
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PGM - AM mente ligada a teoria elaborada por Ferdinand Lassale.
Prova: Procurador do Município. Considerando a juris- Segundo o autor a constituição seria o reflexo das re-
prudência do STF a respeito do direito de greve dos ser- lações de poder vigentes em determinada comunidade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vidores públicos, julgue o item seguinte. A norma consti- política, ou seja, a constituição deveria exprimir as rela-
tucional que garante ao servidor público o direito à greve ções vigentes no estado e não se furtar de regras ultra-
é classificada como norma de eficácia plena. passadas ou mesmo caídas no desuso, posto que se as-
sim fosse, não passaria de um simples pedaço de papel.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Do ponto de vista político, Carl Schimtt entende que a
Resposta Letra B. Trata-se de norma de eficácia li- constituição deve ser o produto de uma decisão da von-
mitada, posto que apesar de se tratar de um direito tade que se impõe ao ordenamento; é resultante de uma
fundamental, garantido pelo artigo 5º, a CF/88 infor- decisão fundamental oriunda de poder originário, apto a
ma que esse direito deverá ser regulamentado por lei criar aquele texto.
complementar para sua regulamentação. Portanto, Para Hans Kelsen, precursor da concepção jurídica,
esse direito não é auto aplicável, dependendo de lei a constituição é a lei maior, nada acima dela; todas as
posterior para sua efetivação. demais leis devem obediência obrigatória ao texto cons-

4
titucional. Trata-se da chamada Teoria Pura do Direito, bilidade. Segundo José Afonso da Silva, Para José
por onde Kelsen coloca a Constituição no topo de uma Afonso da Silva, “as normas de eficácia contida são
pirâmide, e na sequência as demais normas possíveis. as que possuem atributos imperativos, positivos
ou negativos que limitam o Poder Público. Geral-
As constituições podem ser classificadas por diversos mente estabelecem direitos subjetivos de indivídu-
ângulos. Quanto ao conteúdo uma constituição pode ser os e entidades privadas ou públicas”.
classificada como material ou formal. Será considerada - Normas de eficácia limitada: são normas constitu-
formal, nas palavras de Nathália Masson, “assuntos im- cionais que dependem de uma norma, infraconsti-
prescindíveis à organização política do Estado. Em outros tucional, para que dê aplicabilidade a norma.
termos, são constitucionais os preceitos que compõe o
documento constitucional, ainda que o conteúdo de al-
guns desses preceitos não possa ser considerado mate-
rialmente constitucional”. Nas constituições classificadas EXERCÍCIOS COMENTADOS
como materiais, considera-se constitucional toda norma
de cunho constitucional ainda que não esteja inserida na 1. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: SEFAZ-RS
constituição. Prova: Auditor do Estado - Bloco II. No título referente
à Ordem Social, o constituinte dispôs o seguinte: “o Es-
tado promoverá e incentivará o desenvolvimento cientí-
#FicaDica fico, a pesquisa, a capacitação científica e tecnológica e
Material: não importa se a norma está inse- a inovação”. Considerando-se a classificação das normas
constitucionais quanto a sua eficácia, é correto afirmar
rida no texto da constituição. Será conside-
que tal dispositivo é uma norma:
rada constitucional se o seu conteudo for
de natureza constitucional. Formal: para ser
a) de eficácia plena.
considerada constitucional deverá a norma
b) de eficácia contida.
compor o texto da constituição.
c) exaurida.
d) autoexecutável.
e) programática.
Também é possível classificar uma constituição quan-
to a sua finalidade. Poderá ser classificada como cons- Resposta: Letra E. As normas podem ser classificadas
tituição garantia que tem por característica a restrição do como normas de eficácia plena, contida e limitada. Anali-
poder estatal, ou seja, núcleos de direitos que não poderão sando as alternativas, o candidato pode ser induzido a erro
sofre interferência do Estado. Uma constituição com essa ca- no que tange a ausência da modalidade “limitada”. Estão
racterística é aquela que se preocupa com a manutenção de presentes alternativas contendo o termo “contida” e “ple-
direitos já conquistados, ou seja, protege-se aquilo que se na” e não as “limitadas”. As normas constitucionais limita-
conquistou impedindo a ingerência do Estado. Ainda quanto das também recebem o nome de normas constitucionais
a finalidade, poderá uma constituição ser chamada de cons- programáticas que se voltas as propostas, as promessas do
tituição dirigente que, ao contrário da garantia, ocupa-se de Estado, diretrizes que por este devem ser alçadas.
um plano futuro para a conquista de direitos. Na realidade
essas constituições estabelecem uma meta a ser alcançada 2. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro-
pelos Estados. va: Escrivão de Polícia. O art. 5.° , inciso XIII, da Consti-
tuição Federal de 1988 (CF) assegura ser livre o exercício
de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
#FicaDica qualificações profissionais que a lei estabelecer. Com
base nisso, o Estatuto da Ordem dos Advogados do Bra-
A constituição federal de 1988, em vigência, sil estabelece que, para exercer a advocacia, é necessária
é classificada quanto ao conteúdo como for- a aprovação no exame de ordem. A norma constitucional
mal e quanto a finalidade como dirigente. mencionada, portanto, é de eficácia:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) contida.
Normas Constitucionais b) programática.
c) plena.
1. Classificação quanto a aplicabilidade d) limitada.
e) diferida.
- Normas de eficácia plena: tem aplicabilidade imediata.
Desde sua entrada em vigor já começa a produzir efei- Resposta: Letra A. É considerada norma de eficácia
tos. Não precisa de outra norma para regulamenta-la. contida pelo fato de que, apesar de ter aplicabilida-
Poderá até tê-la, mas desnecessária do ponto de vista de imediata, quis o legislador originário vincular essa
de sua aplicabilidade. aplicabilidade a um encargo futuro; no caso, regula-
- Normas de eficácia contida: possuem aplicabilidade menta por lei infraconstitucional. É o que depreende
imediata, direta, mas não integral, posto que su- ao analisar no enunciado a expressão “[...] qualifica-
jeito a restrições que limitem sua eficácia e aplica- ções profissionais que a lei estabelecer [...]”

5
Princípios fundamentais Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da Repú-
blica Federativa do Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
FIQUE ATENTO! II – garantir o desenvolvimento nacional;
Este tema é bastante cobrado nos con- III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir
cursos. Recomenda-se a leitura dos as desigualdades sociais e regionais;
arts. 1º a 4º da CF, já que as questões, IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de
em sua grande maioria, cobram a lite- origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras for-
ralidade do texto constitucional. mas de discriminação.

4. Princípios das relaçõs internacionais


1. Fundamentos da República Federativa do Brasil
O art. 4º da CF contempla os princípios orientadores
Em seu art. 1º, a CF estabelece os fundamentos da das relações internacionais do Estado brasileiro, nos se-
República Federativa do Brasil, que são as bases, as re- guintes termos:
gras fundamentais sob as quais está alicerçado o Estado Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas
brasileiro, que são: a soberania, a cidadania, a dignidade suas relações internacionais pelos seguintes princípios:
da pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da I – independência nacional;
livre iniciativa e o pluralismo político. O Parágrafo úni- II – prevalência dos direitos humanos;
co do art. 1º da CF prevê, ainda, o princípio democrático, III – autodeterminação dos povos;
segundo o qual todo poder emana do povo, que o exer- IV – não intervenção;
cerá diretamente, por meio dos chamados instrumentos V – igualdade entre os Estados;
da democracia participativa (ação popular, plebiscito, re- VI – defesa da paz;
ferendo e iniciativa popular das leis), e indiretamente, por VII – solução pacífica dos conflitos;
meio de representantes eleitos para tanto (Presidente da VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo;
República, Prefeitos, Governadores de Estados e parla- IX – cooperação entre os povos para o progresso da
mentares). A CF adotou, portanto, o sistema híbrido de humanidade;
democracia participativa, que reúne a democracia direta X – concessão de asilo político.
e a democracia indireta ou representativa. Parágrafo único. A República Federativa do Brasil bus-
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela cará a integração econômica, política, social e cultural
união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Dis- dos povos da América Latina, visando à formação de
trito Federal, constitui-se em Estado Democrático de uma comunidade latino-americana de nações.
Direito e tem como fundamentos:
I – a soberania;
II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana; EXERCÍCIOS COMENTADOS
IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V – o pluralismo político.
1. (PC-SC – Agente de Polícia Civil– Nível Médio – FE-
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
PESE – 2017) Com base na Constituição Federal, a Re-
exerce por meio de representantes eleitos ou direta-
pública Federativa do Brasil, formada pela união indis-
mente, nos termos desta Constituição.
solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal,
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem
2. Separação dos poderes
como fundamentos:
1. a autonomia.
A Constituição de 1988 adotou a teoria da tripartição
2. a cidadania.
das funções estatais, idealizada por Montesquieu, que,
3. a dignidade da pessoa humana.
por sua vez, se inspirou em lições de Aristóteles e de
4. o pluralismo político.
John Locke. Assim, em seu art. 2º, a CF estabelece que
são poderes harmônicos e independentes entre si o Exe-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.


cutivo, o Legislativo e o Judiciário: “Art. 2º São Poderes
da União, independentes e harmônicos entre si, o Legis-
a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3. 
lativo, o Executivo e o Judiciário.”. O princípio da separa-
b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
ção dos poderes é uma das cláusulas pétreas da CF, não
c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
podendo ser retirado (abolido) do seu texto por meio de
d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
emenda constitucional (art. 60, §4º, III, da CF).
e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
3. Objetivos fundamentais da República Federati-
Resposta: Letra D Segundo o art. 1º da CF, são funda-
va do Brasil
mentos da República Federativa do Brasil: a soberania,
a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores
O art. 3º da CF prevê os objetivos fundamentais da
sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo
República Federativa do Brasil, que são as metas que o
político.
Estado brasileiro se propõe a atingir. São elas:

6
2. (TRE-TO – Técnico Judiciário – Nível Médio – CES- Poder Constituinte
PE – 2017) Em determinado seminário sobre os rumos
jurídicos e políticos do Oriente Médio, dois professores Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder consti-
debateram intensamente sobre a atual situação políti- tuinte é a força política que se funda em si mesma, a
ca da Síria. Hugo, professor de relações internacionais, expressão sublime da vontade de um povo em estabele-
defendeu que o Brasil deveria realizar uma intervenção cer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade
militar com fins humanitários. José, professor de direito política”.
constitucional, argumentou que essa ação não seria pos- O poder constituinte é, portanto, aquele poder res-
sível conforme os princípios constitucionais que regem ponsável por dar origem ao regramento do Estado. É
as relações internacionais da República Federativa do graças a esse poder que serão definidas a estrutura de
Brasil. Nessa situação hipotética, com base na Constitui- jurídicas e políticas do novo ordenamento que está sur-
ção Federal de 1988 (CF), gindo. Esse poder normalmente nasce junto com o pró-
prio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as
a) Hugo está correto, pois a intervenção humanitária é regras que regerão aquela nova unidade.
um dos princípios constitucionais que rege as relações O poder constituinte é aquele que também cria os demais
internacionais do Brasil. poderes, que apresenta o regramento, seus limites e suas atri-
b) José está correto, pois a não intervenção e a solução buições. Tem enorme importância no processo de formação
pacífica dos conflitos são princípios constitucionais do novo estado, pois, graças a ele será possível dar vida ao
que orientam as relações internacionais do Brasil. novo ordenamento.
c) Hugo está errado, pois a defesa da paz e dos direi- Existem duas correntes que definem a natureza do
tos humanos não são princípios constitucionais que poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e cor-
regem as relações internacionais do Brasil. rente juspositivista. A primeira, considerada que o poder
d) Hugo está correto, pois a dignidade da pessoa huma- constituinte é uma espécie de poder de direito, pois para
na é um dos fundamentos constitucionais do estado autores como Sieyés o direito natural precede ao novo
brasileiro e uma das causas que autorizam a interven- Estado em surgimento, uma espécie de poder de direito
ção militar do Brasil em outros Estados soberanos. nascido antes do Estado com a tarefa de organizar essa
e) José está errado, pois a declaração de guerra é ato nova sociedade. A segunda corrente defende que não há
político discricionário e unilateral do presidente da Re- como existir regramentos (direitos) precedentes ao Es-
pública, não estando sujeito a limites jurídicos. tado, posto que estes surgem a partir do momento que
o povo decide se organizar em sociedade; estar-se-ia,
Resposta: Letra B Segundo o art. 4º da CF, são princí- portanto, diante de um poder de fato, um poder político
pios das relações internacionais da República Federa- fruto das forças sociais que o criam.
tiva do Brasil: a independência nacional; a prevalência
dos direitos humanos; a autodeterminação dos povos;
a não intervenção; a igualdade entre os Estados; a de- #FicaDica
fesa da paz; a solução pacífica dos conflitos; o repúdio
Jusnaturalista – poder de fato: o poder
ao terrorismo e ao racismo; a cooperação entre os po-
constituinte é anterior ao estado. Tem natu-
vos para o progresso da humanidade e a concessão
reza jurídica, por isso apto a organizar uma
de asilo político.
constituição.
Juspositivista – poder de direito: é um po-
3. (MPE-RN – Técnico do Ministério Público Estadual der político, fruto da vontade do povo que
– Nível Médio – COMPERVE – 2017) Os objetivos fun- legitima a construção de um novo docu-
damentais da república brasileira são metas que o Estado mento formal.
deve promover com força vinculante e imediata, servindo
como norte a ser seguido em toda e qualquer atividade
- Classificação
estatal. Nessa acepção, a Constituição Federal aponta,
expressamente, como objetivo fundamental a promoção:
1. Quanto ao momento de manifestação (surgimen-
to):
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

a) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça,


- Fundacional: é o poder que produz a primeira cons-
sexo e cor.
tituição do Estado.
b) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio
- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vi-
ao racismo e ao terrorismo.
gente, necessário elaborar novo texto.
c) da erradicação da miséria e da marginalização e da
redução da desigualdade nacional.
2. Quanto às dimensões
d) da autodeterminação dos povos e dos direitos humanos.
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados
pela constituição.
Resposta: Letra A Esta questão cobrou a literalidade
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a
do art. 3º da CF, estando as alternativas b e c erradas
ideia de direito convencionada.
em razão da troca de uma palavra e a d porque traz
um princípio das relações internacionais da República
Federativa do Brasil, e não um objetivo.

7
- Características
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada antes dele. O poder constituinte elabora um documento que
inaugura um novo Estado.
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro regramento.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a condições previamente estipuladas.
- Autônomo: possibilidade do poder definir o conteúdo da nova constituição.
- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vigente, apto a elaborar nova constituição.

#FicaDica

1. Poderes Constituídos

Os poderes constituídos são aqueles criados pelo poder constituinte originário. Os poderes constituídos são, por-
tanto, derivados do poder constituinte originário e podem ser divididos nas seguintes espécies:

- Poder Constituído Derivado reformador: tem por escopo alterar a constituição de modo a adequá-la as transfor-
mações decorrentes de novas dinâmicas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Constitucionais.

O poder derivado reformador tem enorme importância para o direito constitucional, posto que é por ele que a
Constituição se adequa as transformações proporcionadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de um novo
texto constitucional sempre que for necessária sua adequação aos novos contornos da sociedade, utiliza-se do poder
reformador.

Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como uma constituição rígida, não podendo ser mudada a qualquer tempo e por
qualquer modo. Apesar da possibilidade de sua modificação, para que isso ocorra necessário respeitar um procedimento rigoroso,
também previsto pela própria Constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legislador é a percepção correto daquilo que de fato precisa ser
mudado e do tempo em que aquilo deve ser mudado. Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto cons-
titucional já que intenções controvertidas podem prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a própria CF/88
trouxe em seu texto alguns limites à possibilidade de reforma; essas limitações se dividem em implícitas e expressas.
As expressas, por sua vez, podem ser divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e formais. Iniciaremos com o
estudo das limitações expressas.

2. Limitações expressas

A - Temporais: referidas limitações não constam no texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legislação
qualquer restrição temporal para sua mudança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer
mudanças a qualquer tempo.

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B – Materiais: como o próprio nome já explica, são
matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer #FicaDica
alteração, não podem ser reformadas. Segundo o
art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser obje- Limites a possibilidade de reforma do texto
to de deliberação a proposta de emenda constitu- constitucional:
cional tendente a abolir a: - matérias, circunstâncias e procedimentos.
- forma federativa de Estado,
- o voto direto, secreto, universal e periódico,
- a separação dos Poderes e 2.1. Limitações Implícitas
- os direitos e as garantias individuais.
C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou São aquelas limitações que não se encontram grafa-
seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 das no texto da constituição, mas que orientam a refor-
não poderá ser alterada. Nos termos do art. 60 §1º, ma constitucional, como por exemplo:
a CF/88 não poderá ser alterada na vigência do es- - Impossibilidade de mudança do art. 60.
tado de sítio, do estado de defesa e da intervenção - Poder reformador não pode mudar a titularidade.
federal. Importante lembrar que essas 03 situações - Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Re-
trazidas pelo artigo da Constituição são momentos pública, insculpidos no art. 1º.
de crise no país e, por conta disso, a impossibilida-
de de reforma do texto. - Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma recebido pelos estados-membros do poder constituinte
constituição considerada rígida, qualquer mudan- originário para que estes possam elaborar sua própria
ça em seu texto deverá passar por rigoroso pro- constituição. No Brasil, referida possibilidade vem ex-
cedimento. Em primeiro, não é qualquer “pessoa” pressa no art. 25 da CF/88.
que pode requerer a mudança do texto constitu-
cional; em segundo, essa mudança deve obedecer 2.2. Limites ao Poder Decorrente
a um procedimento específico, também rigoroso e
complexo para evitar que a constituição seja alte- Não obstante, pelo princípio da simetria, terem rece-
rada a qualquer momento. bido do poder constituinte originário a possibilidade de
criarem suas próprias constituições, os estados-membros
- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro- encontram algumas limitações ao exercício desta liberali-
porem projetos de emenda à constituição (art. 60) dade. A justificativa reside no fato de que, sendo a cons-
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara tituição federal a lei maior, nada poderá dela destoar.
dos Deputados ou do Senado Federal;
II - do Presidente da República; Assim, apesar da permissão constitucional de elabo-
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas rarem seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os es-
das unidades da Federação, manifestando-se, cada tados-membros devem guardar observância a algumas
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. restrições impostas pela lei maior. As limitações são as
seguintes:
- Limitação formal objetiva: procedimento que deve 1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os fun-
ser adotado para alteração do texto constitucional (art. damentos da organização constitucional do país.
60 §2º). A proposta será: No caso, estão dispostos no art. 34 VII da CF/88.
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso Ao elaborarem suas próprias constituições os esta-
Nacional, dos-membros devem observar:
II - em dois turnos, - forma republicana,
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, - sistema representativo e ao regime democrático,
três quintos dos votos dos respectivos membros. - direitos da pessoa humana,
Portanto, a proposta de emenda constitucional de- - autonomia municipal,
verá ser discutida e votada nas duas casas do Congresso - prestação de contas da administração pública, dire-
Nacional (executivo e legislativo). Essa votação deverá ta e indireta,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ser aprovada por no mínimo 3/5 dos integrantes da res- - aplicação do mínimo exigido da receita resultante
pectiva casa. de impostos estaduais na manutenção e desen-
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados te- volvimento do ensino e nos serviços públicos de
mos 513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Se- saúde.
nadores, para aprovação de uma emenda, necessário a 2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se de
anuência de 308 deputados e 49 Senadores. normas de organização da federação extensíveis
Por fim, importante lembrar que essa votação deverá aos estados-membros, Distrito Federal e municí-
ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá pios. Estas normas podem estar explícitas ou im-
alcançar o mesmo número de votantes. plícitas no texto da Constituição. Exemplificando:

Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previs-


to para a eleição do chefe do executivo federal (Presiden-
te da República) deve ser o mesmo para eleição do chefe

9
do executivo estadual. Em outras palavras, no que tange
ao sistema eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas #FicaDica
devem ser aplicadas aos demais entes da federação. O presente estudo tem por finalidade a
análise pormenorizada de todos os inci-
Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão par- sos previstos no art. 5º da Constituição
lamentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no Federal; referido artigo elenca os direi-
art. 58 §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso fo- tos e os deveres individuais e coletivos,
ram definidas por leis infraconstitucionais. Deste modo, assegurando-os a todos que estejam em
referidas regras se estendem aos demais entes. território nacional, seja brasileiro nato,
naturalizado ou mesmo estrangeiro por
motivos diversos. Cada inciso receberá o
#FicaDica comentário pertinente.
São chamados de princípios extensíveis,
pois devem ser observados pelos demais
entes da federação, independente de es- Título II
tarem explícitos ou implícitos na Lei Maior. Dos direitos e garantias fundamentais
Capítulo I
Dos direitos e deveres individuais e coletivos

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de


EXERCÍCIO COMENTADO qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos
estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-
reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: PC-MAPro- propriedade, nos termos seguintes:
va: Delegado de Polícia Civil. I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
O poder constituinte originário ções, nos termos desta Constituição;
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
a) é fático e soberano, incondicional e preexistente à or- alguma coisa senão em virtude de lei;
dem jurídica. III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
b) é reformador, podendo emendar e reformular. mento desumano ou degradante;
c) é decorrente e normativo, subordinado e condiciona- IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
do aos limites da própria Constituição. dado o anonimato;
d) é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com cri- V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
térios específicos e de forma contínua. ao agravo, além da indenização por dano material,
e) é derivado e de segundo grau, culminando em ativi- moral ou à imagem;
dade diferida. VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
Resposta: Letra A. Trata-se de um poder de fato, e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
posto que preexistente à ordem jurídica. Logo, não culto e a suas liturgias;
foi criado pela ordem jurídica para ser chamado de VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
poder de direito. No mais, é incondicional. O fato de assistência religiosa nas entidades civis e militares de
ser precedente a ordem jurídica, não guarda nenhuma internação coletiva;
restrição em sua atuação. VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS; todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter-
nativa, fixada em lei;
DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E CO-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís-
LETIVOS, DIREITOS SOCIAIS, NACIONALI-
tica, científica e de comunicação, independentemente
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

DADE, CIDADANIA, DIREITOS POLÍTICOS, de censura ou licença;


PARTIDOS POLÍTICOS; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon-
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in-
denização pelo dano material ou moral decorrente de
Antes de ingressarmos no estudo da temática pro- sua violação;
posta pelo edital, importante justificar o motivo pelo XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
qual os tópicos foram unificados. Cumpre destacar que nela podendo penetrar sem consentimento do mora-
a Constituição Federal trata os direitos individuais e co- dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou
letivos dentro do capítulo I do Título II chamado de “Dos para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi-
Direitos e garantias fundamentais”. Portanto, didatica- nação judicial;
mente se torna indispensável a unificação de tais temas XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
municações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,

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nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
fins de investigação criminal ou instrução processual distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
penal; volvimento tecnológico e econômico do País;
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou XXX - é garantido o direito de herança;
profissão, atendidas as qualificações profissionais que XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
a lei estabelecer; País será regulada pela lei brasileira em benefício do
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao seja mais favorável a lei pessoal do de cujus ;
exercício profissional; XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa
XV - é livre a locomoção no território nacional em do consumidor;
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi-
da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus cos informações de seu interesse particular, ou de in-
bens; teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra-
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar- zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas
mas, em locais abertos ao público, independentemente aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da
de autorização, desde que não frustrem outra reunião sociedade e do Estado;
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo XXXIV - são a todos assegurados, independentemente
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente; do pagamento de taxas:
XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci- a) o direito de petição aos poderes públicos em defe-
tos, vedada a de caráter paramilitar; sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, b) a obtenção de certidões em repartições públicas,
a de cooperativas independem de autorização, sendo para defesa de direitos e esclarecimento de situações
vedada a interferência estatal em seu funcionamento; de interesse pessoal;
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- ciário lesão ou ameaça a direito;
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
em julgado; jurídico perfeito e a coisa julgada;
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
permanecer associado; XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a
XXI - as entidades associativas, quando expressamen- organização que lhe der a lei, assegurados:
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus a) a plenitude de defesa;
filiados judicial ou extrajudicialmente; b) o sigilo das votações;
XXII - é garantido o direito de propriedade; c) a soberania dos veredictos;
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; d) a competência para o julgamento dos crimes do-
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- losos contra a vida;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- nem pena sem prévia cominação legal;
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
Constituição; o réu;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
de competente poderá usar de propriedade particular, dos direitos e liberdades fundamentais;
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
houver dano; e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida da lei;
em lei, desde que trabalhada pela família, não será XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
objeto de penhora para pagamento de débitos decor- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
os meios de financiar o seu desenvolvimento; os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

utilização, publicação ou reprodução de suas obras, evitá-los, se omitirem;


transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
a) a proteção às participações individuais em obras ordem constitucional e o Estado democrático;
coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
inclusive nas atividades desportivas; do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco- tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
nômico das obras que criarem ou de que participarem estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre- até o limite do valor do patrimônio transferido;
sentações sindicais e associativas; XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus- tará, entre outras, as seguintes:
triais privilégio temporário para sua utilização, bem a) privação ou restrição da liberdade;
como proteção às criações industriais, à propriedade b) perda de bens;

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c) multa; LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
d) prestação social alternativa; responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
e) suspensão ou interdição de direitos; cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
XLVII - não haverá penas: infiel;
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
termos do art. 84, XIX; guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
b) de caráter perpétuo; ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
c) de trabalhos forçados; lidade ou abuso de poder;
d) de banimento; LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
e) cruéis; proteger direito líquido e certo, não amparado por
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade
e o sexo do apenado;
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida-
atribuições do poder público;
de física e moral;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im-
L - às presidiárias serão asseguradas condições para
petrado por:
que possam permanecer com seus filhos durante o pe-
ríodo de amamentação; a) partido político com representação no Congresso
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- Nacional;
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes b) organização sindical, entidade de classe ou as-
da naturalização, ou de comprovado envolvimento sociação legalmente constituída e em funcionamento
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de
forma da lei; seus membros ou associados;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
crime político ou de opinião; que a falta de norma regulamentadora torne inviável
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e
pela autoridade competente; das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobe-
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus rania e à cidadania;
bens sem o devido processo legal; LXXII - conceder-se-á habeas data :
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- a) para assegurar o conhecimento de informações
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis-
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos tros ou bancos de dados de entidades governamen-
a ela inerentes; tais ou de caráter público;
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas b) para a retificação de dados, quando não se pre-
por meios ilícitos; fira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou adminis-
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito trativo;
em julgado de sentença penal condenatória; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
LVIII - o civilmente identificado não será submetido ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas nio público ou de entidade de que o Estado participe,
em lei; à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal-
pública, se esta não for intentada no prazo legal;
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
ônus da sucumbência;
processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral
resse social o exigirem;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi- cursos;
ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi- LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju-
litar ou crime propriamente militar, definidos em lei; diciário, assim como o que ficar preso além do tempo
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se fixado na sentença;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

encontre serão comunicados imediatamente ao juiz LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po-
competente e à família do preso ou à pessoa por ele bres, na forma da lei:
indicada; a) o registro civil de nascimento;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os b) a certidão de óbito;
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e
a assistência da família e de advogado; habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- ao exercício da cidadania.
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada são assegurados a razoável duração do processo e os
pela autoridade judiciária; meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias
quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou fundamentais têm aplicação imediata.
sem fiança;

12
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex:
Constituição não excluem outros decorrentes do igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos chamados de direitos sociais não por serem direitos da
tratados internacionais em que a República Federativa coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os
do Brasil seja parte. titulares são os próprios indivíduos singularizados, ape-
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre sar dos mesmos poderem se voltar a coletividade.
direitos humanos que forem aprovados, em cada - 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difu-
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três sa. Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos,
quintos dos votos dos respectivos membros, serão não mais individualmente.
equivalentes às emendas constitucionais. Característica: proteção do homem em grupos. Ex: di-
§ 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal reito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz.
Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
adesão. Conclusão

Histórico A visão dos direitos fundamentais em termos de ge-


rações indica a evolução desses direitos no tempo. Cada
- Direitos Fundamentais direito de cada geração interage com os das outras e,
nesse processo, dá-se à compreensão.
Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não
são sempre os mesmos em todas as épocas. Porém de- Características dos direitos fundamentais
vem constar obrigatoriamente em textos constitucionais
considerados democráticos; constando referidos direitos - Universais e absolutos
podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos
pilares da democracia. A questão da universalidade: direito previsto para
Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianis- todo homem, ainda que nem todo homem o exerça.
mo, uma vez que segundo essa religião o homem era Absoluto: os direitos fundamentais não são abso-
feito a imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, ga- lutos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre
nhou uma proteção especial no texto da Constituição. qualquer outro direito.
Importante lembrar que falar em dignidade humana é fa-
lar em garantir o direito do indivíduo ter direitos – iguais
- Historicidade
entre seres humanos.
Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Rights,
Os direitos fundamentais são um conjunto de facul-
Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. Tais docu-
dades e instituições que somente faz sentido num deter-
mentos trataram de positivar direitos que naturalmente
minado contexto histórico. A história permite entender a
são inerentes ao homem.
existência de cada um dos direitos.
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo A história explica que os direitos possam ser apre-
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus ci- goados em certa época, desaparecendo em outras, ou
dadãos. É a demonstração clara do pacto social firmado se modificam no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução
entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de dos direitos fundamentais.
suas liberdades, entregando-as ao Estado de modo que
este, em contrapartida, devolva algo que seja positivo – - Inalienabilidade e Indisponibilidade
como, por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade
previstas na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) Inalienável: o titular do direito não pode impossibili-
entregando essa função ao Estado para que este exerça tar o exercício para si mesmo. Encontra fundamento no
a tutela da segurança do indivíduo. valor da dignidade humana. A indisponibilidade gera nu-
lidade de qualquer disposição contratual feita.
Geração de Direitos Fundamentais Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.: manifes-
tação religiosa em templo religioso diverso do seu.
- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção - Direitos humanos são direitos postulados em
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dos governantes se obrigando a não intervir na vida pes- bases jusnaturalistas, contam índole filosófica e não pos-
soal de cada indivíduo. Indispensável a todos os homens. suem como característica básica a positivação numa or-
Como por exemplo, direito a vida, ou seja, salvo em si- dem jurídica particular.
tuações específicas, o Estado não privará o indivíduo de - Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos
seguir sua vida. relacionados com posições básicas das pessoas, inscri-
Característica: universal; não ocasiona desigualdade tos em diplomas normativos de cada Estado. São direi-
social. Ex: liberdade, tos que vigem numa ordem jurídica concreta, sendo, por
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do isso, garantidos e limitados no espaço e no tempo.
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direitos - Vinculação dos Poderes Públicos
que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua vida,
com dignidade. São os valores sociais variados, impor- O fato de os direitos fundamentais estarem previs-
tando intervenção ativa do Estado na vida econômica tos na Constituição torna-os parâmetros de organização
com o viés de proporcionar justiça social. e de limitação dos poderes constituídos. A constitucio-

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nalização dos direitos fundamentais impede que sejam A segurança é outro importante direito fundamental,
considerados meras autolimitações dos poderes consti- pois compreende não apenas aquela que visa a proteção
tuídos - dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário patrimonial (seja ele material ou mesmo imaterial), mas
-, passíveis de serem alteradas ou suprimidas ao talante também a segurança jurídica. Deste modo, todo cidadão
destes. deve ter conhecimento das leis que regem o país para
que não “sejam mais pegos de surpresa”.
- Aplicabilidade imediata
Por fim, o direito à propriedade abarca o último gru-
As normas que definem direitos fundamentais são po dos direitos fundamentais. A CF/88 confere a todo
normas de caráter preceptivo, e não meramente progra- cidadão o direito à propriedade privada, particular. Po-
mático. Explicita-se, além disso, que os direitos funda- rém, importante que aquele que detenha a propriedade
mentais se fundam na Constituição, e não na lei - com se atente para a função social que a mesmo carrega.
o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se no I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário. ções, nos termos desta Constituição;

A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa ten- Neste inciso está insculpido o princípio da isonomia,
dência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que que é exatamente o tratamento igualitário, para todos,
se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias vedada qualquer forma de discriminação – modalidade
fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere de preceito universal. Segundo a Declaração Universal
aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo dos direitos do homem, “todos os seres humanos nas-
apenas aos direitos individuais. cem livres e iguais em dignidade e direitos.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e alguma coisa senão em virtude de lei;
aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do Eis o princípio da legalidade. Referido princípio limita
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à toda forma de arbitrariedade; evidente que o convívio
propriedade, nos termos seguintes: em sociedade pressupõe o aceite de determinadas re-
O caput do art. 5º é talvez um dos mais importantes
gras de convívio. Porém, tais regras derivam de autori-
artigos do texto constitucional, para não dizer o princi-
dade com competência para tanto que agem de maneira
pal artigo da constituição federal. Esse artigo nos elenca
impessoal e geral.
cinco grupos de direitos que são amplamente protegidos
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata-
pela nossa lei maior. A saber:
mento desumano ou degradante;
- Direito à vida (integridade física e moral), - di-
reito à liberdade (manutenção de qualquer forma de
Entende-se por tortura qualquer forma de castigo
manifestação do indivíduo), - direito à igualdade (o tra-
tamento da lei é conferido igualmente para todos), - di- corpóreo agressivo, violento, que utilize de qualquer ins-
reito à segurança (direito de todos – necessidade de leis trumento mecânico ou psicológico levando aquele que
que definam crimes e sanções) e – direito à propriedade está sendo torturado praticar ato que não o faria se esti-
(propriedade particular, privada, desde que atendida sua vesse em condições normais. A tortura é crime inafiançá-
função social). vel e insuscetível de fiança.
O direito à vida pressupõe a negativa do Estado de IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo ve-
promover qualquer ato que ofenda a integridade física dado o anonimato;
ou moral do indivíduo; por esta razão, proíbe-se a tortura
ou qualquer exposição vexatória. Também não permite É a liberdade conferida ao indivíduo para que o
que a vida chegue ao fim se não pelas causas naturais – mesmo possa expressar de qualquer forma o que pensa
caso venha ocorrer, o Estado oferece sanções àquele que a respeito de religião, política, ciência ou qualquer
promoveu o encurtamento da vida humana. outro instituto. Importante lembrar que essa liberdade
No que tange a liberdade, pode o indivíduo fazer tudo de manifestação está condicionada ao não anonimato;
aquilo que a lei não proíbe, tem a faculdade de decidir os deste modo, todos podem se manifestar sendo porém
rumos de sua própria vida. Por esta razão sua liberdade vedada a manifestação anônima.
de locomoção é amplamente protegida; dentro do con- Também importante lembrar que a liberdade de ma-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ceito de liberdade se enquadra o direito a manifestação nifestação protegida pela CF/88 não protege a prática de
de toda espécie: religiosa, de pensamento, de associa- crimes sob a argúcia da liberdade. Qualquer manifesta-
ção, ou seja, a todos é conferido o direito de expor seus ção ofensiva a terceiros que fira sua honra, imagem ou
pensamentos e suas escolhas. Neste ponto é importante integridade poderá ser punida pela lei.
demonstrar que essa liberdade de expressão não pode V - é assegurado o direito de resposta, proporcional
ocasionar danos a outrem de modo que se assim o fizer, ao agravo, além da indenização por dano material,
estará praticando ato contra terceiros e por isso poderá moral ou à imagem;
ser responsabilizado.
A igualdade também é dos pilares dos direitos fun- A CF/88 assegura o direito de resposta proporcional
damentais. Por conta desse princípio a lei deve conferir ao agravo. Assim, aquele que causar prejuízo a outrem
tratamento igualitário para todos; assim, não se permite tem assegurado para si o direito a indenização por dano
qualquer espécie de distinção da lei, além de vedar toda material ou moral. O prejuízo a que se refere o inciso V
espécie de discriminação. pode patrimonial ou não. Prejuízo de ordem não patri-

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monial é aquele causado por pessoa (física ou jurídica) É inviolável tudo aquilo que não pode ser entregue ao
que ofenda liberdade, honra, família ou profissão de de- público, que merece ser preservado. Sempre que violada
terminado indivíduo. a honra, a imagem, a vida privada, sem consentimento do
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, indivíduo, a este caberá indenização pelo dano material
sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos ou moral pelo ato cometido. No que tange ao domicílio,
e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de este poderá ser violado a qualquer horário sempre que
culto e a suas liturgias; caso de flagrante delito ou desastre, ou ainda no caso de
VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de determinação judicial, neste último caso apenas durante
assistência religiosa nas entidades civis e militares de o dia (06h00 as 18h00).
internação coletiva; Das formas de comunicação, sejam elas por corres-
VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de pondência, comunicação telegráfica ou telefônica, so-
crença religiosa ou de convicção filosófica ou política, mente a última, por determinação judicial, poderá ser
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a parcialmente quebrada, com prazo de duração.
todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alter- XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
nativa, fixada em lei; profissão, atendidas as qualificações profissionais que
a lei estabelecer;
Assegurada a plena liberdade de consciência, ofer-
tando a lei de proteção aos locais de culto e suas litur- Toda atividade profissional exercida espontaneamen-
gias. Esse inciso compreende três formas de liberdade: te pelo indivíduo é respeitada pela CF/88, inclusive aque-
crença, culto e organização religiosa. A possibilidade de las não classificadas para efeito de registro em carteira
escolher qual religião seguir, ou mesmo não seguir ne- de trabalho. Assim, em se tratando de atividade lícita po-
nhuma religião está amparada pela liberdade de crença. derá o indivíduo exercê-la livremente.
Porém, importante destacar que a liberdade de escolher XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
sua própria religião não pode servir de amparo ao emba- resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
raçamento daquele que pretende praticar outra religião. exercício profissional;
A assistência religiosa é assegurada a quem dela
queira fazer uso; logo, não será ofertada assistência reli- Tem esse inciso a função de afastar o indivíduo da
giosa sem a anuência do interessado. censura; permite-se a liberdade de expressão do indiví-
Por fim, sob o tópico “religião”, importante fazer duo desde que não venha a ferir direitos de outrem.
menção ao direito de professar ou não qualquer religião XV - é livre a locomoção no território nacional em
inclusive exercer suas práticas, com cultos. Importante tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos
lembrar que a prática religiosa amparada pela CF/88 não da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair com seus
pode se confundir com aquelas práticas consideradas ile- bens;
gais para o direito brasileiro, como por exemplo aquelas
que leva a necessidade de sacrifício humano. Neste caso, É a possibilidade conferida em tempos de paz a todos
sendo considerado crime o encurtamento da vida, não os indivíduos de circular livremente no território nacional
será amparado o sacrifício pela liberdade religiosa. sem qualquer limitação, nos termos da lei.
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artís- XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
tica, científica e de comunicação, independentemente mas, em locais abertos ao público, independentemente
de censura ou licença; de autorização, desde que não frustrem outra reunião
anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
Este inciso é autoexplicativo. No que tange a liber- apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
dade de expressão é importante destacar alguns institu-
tos legislativos que conferem regulamentação ao tema, O direito de reunião vem estampado no art. 5º como
como por exemplo, a lei de imprensa (Lei 5.250/67), Lei modalidade de direito fundamental para demonstrar a
de Direitos autorais (Lei 9.610/98) entre outras. força da democracia. Por conta desse direito, todos po-
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a hon- dem reunir-se em local público com finalidades diversas,
ra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a in- independentemente de autorização. É necessário, no en-
denização pelo dano material ou moral decorrente de tanto, que aqueles que desejam se reunir comuniquem
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

sua violação; autoridade competente, especialmente para não ferir di-


XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém reitos daqueles que previamente se decidiram pela reu-
nela podendo penetrar sem consentimento do mora- nião em local da vontade de ambos. Assim, desde que
dor, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou pacificamente, sem armas, indivíduos podem se reunir
para prestar socorro, ou, durante o dia, por determi- em locais públicos, necessitando apenas informar as au-
nação judicial; toridades. Não é necessário autorização do poder públi-
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co- co, mas apenas sua comunicação.
municações telegráficas, de dados e das comunicações XVII - é plena a liberdade de associação para fins líci-
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, tos, vedada a de caráter paramilitar;
nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para XVIII - a criação de associações e, na forma da lei,
fins de investigação criminal ou instrução processual a de cooperativas independem de autorização, sendo
penal; vedada a interferência estatal em seu funcionamento;

15
XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente ganização da cidade expressas em seu plano diretor; já
dissolvidas ou ter suas atividades suspensas por deci- a propriedade rural exercerá sua função social quando
são judicial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito fizer o aproveitamento correto dos recursos naturais,
em julgado; preservando o meio ambiente e protegendo relações de
XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a trabalho e exploração que favoreçam o bem estar dos
permanecer associado; proprietários e dos trabalhadores.
XXI - as entidades associativas, quando expressamen-
te autorizadas, têm legitimidade para representar seus
filiados judicial ou extrajudicialmente;
#FicaDica
Referidos incisos tratam da questão da associação. O direito à propriedade também poderá ser
Em primeiro, a associação é livre, não podendo ninguém relativizado quando o Estado necessitar de
ser compelido a associar-se se assim não desejar. As as- determinada propriedade, bem ou serviços
sociações poderão ser criadas para fins lícitos; de forma prestados por particular, mediante indeni-
alguma será autorizado funcionar associações com obje- zação. A CF/88 autoriza o poder público a
tivos paramilitares (corporações privadas de nacionais ou se utilizar da propriedade particular na imi-
também de estrangeiros normalmente aparelhados por nência ou na ocorrência de alguma situação
uniformes e armamentos militares sem contudo perten- que ofereça perigo à coletividade.
cer aos quadros das forças armadas).
Importante também explicar que a necessidade pú-
#FicaDica blica ocorre sempre que o Estado se coloca diante de uma
Cumpridos tais requisitos, poderá a associa- situação extremamente urgente que não pode ser adiada.
ção funcionar sem, inclusive, sofrer qualquer A utilidade pública é quando impõe ao Poder Público a
interferência do Estado; no entanto, por possibilidade de propor o uso de determinado bem em
meio de decisão judicial transitada em jul- contrapartida a oferta de alguma serviço que seja útil para
gada poderá ser dissolvida a associação ou a coletividade. Por fim, tem interesse social aquilo que ve-
ter suas atividades suspensas. Além das as- nha a trazer melhorias as classes menos privilegiadas.
sociações também possíveis as cooperativas XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de
com objetivos diferentes das associações. utilização, publicação ou reprodução de suas obras,
transmissível aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar;
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei:
XXII - é garantido o direito de propriedade; a) a proteção às participações individuais em obras
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; coletivas e à reprodução da imagem e voz humanas,
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desa- inclusive nas atividades desportivas;
propriação por necessidade ou utilidade pública, ou b) o direito de fiscalização do aproveitamento eco-
por interesse social, mediante justa e prévia indeniza- nômico das obras que criarem ou de que participarem
ção em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta aos criadores, aos intérpretes e às respectivas repre-
Constituição; sentações sindicais e associativas;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autorida- XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos indus-
de competente poderá usar de propriedade particular, triais privilégio temporário para sua utilização, bem
assegurada ao proprietário indenização ulterior, se como proteção às criações industriais, à propriedade
houver dano; das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida distintivos, tendo em vista o interesse social e o desen-
em lei, desde que trabalhada pela família, não será volvimento tecnológico e econômico do País;
objeto de penhora para pagamento de débitos decor-
rentes de sua atividade produtiva, dispondo a lei sobre Esse conjunto de incisos trata dos direitos autorais;
os meios de financiar o seu desenvolvimento; são os frutos a serem colhidos por aqueles que desenvol-
vem trabalho intelectual. Referidos direitos versam sobre
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os incisos acima compõem o grupo dos direitos indi- o ineditismo da obra; importante lembrar que os suces-
viduais e coletivos voltados à propriedade. A CF/88 con- sores do autor permanecerão recebendo a título univer-
fere a todos o direito de propriedade, ter para si proprie- sal os louros da obra daquele que sucedeu.
dade particular (privada); no entanto, o uso deve atender
A marca também é protegida em todo território na-
a função daquela propriedade. Assim, por exemplo, de-
cional e o seu uso exclusivo a quem dela fez o registro;
terminada propriedade rural deve atender sua finalidade,
esse tema consta inserido na seara do direito empresa-
qual seja, produção de riqueza por meio do agronegócio
rial, em especial no código de propriedade industrial.
(seja para o próprio sustento ou comércio com terceiros). XXX - é garantido o direito de herança;
Não exercendo sua função social, a propriedade pode- XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no
rá ser destacada do patrimônio daquele indivíduo. Em País será regulada pela lei brasileira em benefício do
outras palavras, a propriedade urbana exerce sua função cônjuge ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes
social quando atende às exigências fundamentais de or- seja mais favorável a lei pessoal do de cujus;

16
Entende-se por herança a totalidade dos bens móveis c) a soberania dos veredictos;
e imóveis deixados por aquele que veio a falecer, tam- d) a competência para o julgamento dos crimes do-
bém chamado de de cujus. Aquele que vier a suceder o losos contra a vida;
falecido poderá aceitar a herança, renunciá-la ou mesmo
imitir-se na posse. O júri é o formato mais antigo de tribunal. Compos-
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa tos por pessoas comuns, chamados de jurados, formam
do consumidor; o conselho de sentença, cuja função principal é opinar
pela culpa ou não do indivíduo que praticou um crime
Enquadra-se no conceito de consumidor a coletivida- doloso contra a vida. Serão escolhidos 07, dentre 21 pes-
de de pessoas, ainda que não seja possível determiná- soas a comporem o conselho de sentença. Aos jurados é
assegurado o sigilo das votações e ao réu a plenitude de
-las, que tenham participado de uma relação de consu-
defesa; ao júri, como um todo, assegurado a soberania
mo composta por fornecedor e consumidor.
do veredicto. O tribunal do júri funcionará sempre que
No Brasil, as relações de consumo são disciplinadas houver um crime doloso contra a vida.
pelo Código de Defesa do Consumidor, Lei 8.078/90, XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
além de outras cuja matéria é mais específica como leis nem pena sem prévia cominação legal;
relacionadas a crimes contra ordem tributária, ordem
econômica, entre outras. Também chamado de princípio da legalidade. Por este
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públi- princípio o indivíduo só poderá responder criminalmente
cos informações de seu interesse particular, ou de in- por alguma conduta por ele praticado se esta conduta
teresse coletivo ou geral, que serão prestadas no pra- houver sido considerada crime antes de sua prática. Ou
zo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas seja, a conduta definida como crime deve ser anterior a
aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sua prática.
sociedade e do Estado; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente o réu;
do pagamento de taxas: XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
a) o direito de petição aos poderes públicos em defe- dos direitos e liberdades fundamentais;
sa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;
b) a obtenção de certidões em repartições públicas, A exceção ao princípio da irretroatividade, anterior-
para defesa de direitos e esclarecimento de situações mente explicado, é exatamente com relação ao benefício
de interesse pessoal; para o réu.
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
Essência da democracia, ao cidadão cabível a prote- e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
ção do seu direito de manter-se informado de tudo aqui- da lei;
lo que envolve tanto o Estado como seu próprio nome. XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
Ato contínuo, protege-se também o direito de petição ao tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
indivíduo; assim, todo aquele que pretender buscar pela ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e
tutela jurisdicional do Estado ou mesmo acessar legisla- os definidos como crimes hediondos, por eles respon-
tivo e executivo, terá assegurado seu direito de petição.
dendo os mandantes, os executores e os que, podendo
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judi-
evitá-los, se omitirem;
ciário lesão ou ameaça a direito;
XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
ação de grupos armados, civis ou militares, contra a
jurídico perfeito e a coisa julgada;
ordem constitucional e o Estado democrático;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condena-
do, podendo a obrigação de reparar o dano e a decre-
O Brasil adota uma jurisdição. Assim, não serão to-
lerados tribunais de exceção ou o exercício de juízes tação do perdimento de bens ser, nos termos da lei,
ad-hoc, voltados a julgar um ou outro caso. Marco da estendidas aos sucessores e contra eles executadas,
democracia, onde a lei vale para todos e todos devem até o limite do valor do patrimônio transferido;
cumpri-la. Uma lei nova não pode prejudicar direitos já XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
tará, entre outras, as seguintes:
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

conquistados pelo indivíduo sob pena de ferir o pacto


social firmado entre o indivíduo e o Estado – aceitando a) privação ou restrição da liberdade;
mudanças sem previsão legal estar-se-ia referendando b) perda de bens;
arbitrariedades – é o chamado princípio da irretroati- c) multa;
vidade. Vale lembrar que, em se tratando de retroação d) prestação social alternativa;
benéfica da lei, nenhum obstáculo se imporá. Portanto, e) suspensão ou interdição de direitos;
uma crime praticado cuja pena seja alta passe por um XLVII - não haverá penas:
abrandamento dessa pena por nova lei, aquilo punido a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
nos moldes da lei antiga será beneficiado pela novel le- termos do art. 84, XIX;
gislação. b) de caráter perpétuo;
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a c) de trabalhos forçados;
organização que lhe der a lei, assegurados: d) de banimento;
a) a plenitude de defesa; e) cruéis;
b) o sigilo das votações;

17
XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas
distintos, de acordo com a natureza do delito, a idade por meios ilícitos;
e o sexo do apenado; LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito
XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integrida- em julgado de sentença penal condenatória;
de física e moral; LVIII - o civilmente identificado não será submetido
L - às presidiárias serão asseguradas condições para a identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas
que possam permanecer com seus filhos durante o pe- em lei;
ríodo de amamentação;
Rol de incisos que estipulam regras aos processos
Rol de incisos relacionados a seara do direito penal e judiciais ou administrativos. Princípios de extrema im-
direito processual penal. As penas no Brasil são definidas portância, o contraditório e a ampla defesa derivam do
pela CF/88; assim, possível apenas as penas de privação princípio da legalidade. Assim, ao indivíduo garantido o
ou restrição da liberdade, perda de bens, multa, pres- direito de se defender e ofertar contestação a tudo quan-
tação alternativa e suspensão parcial ou temporária de to a ele estiver sendo alegado.
direitos. Toda pena diferente destas não será autorizada LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação
pela legislação infraconstitucional em especial aquelas pública, se esta não for intentada no prazo legal;
que levem a morte, tortura, caráter perpétuo, trabalho LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos
forçado, cruéis ou de banimento. Inserido no sistema pri- processuais quando a defesa da intimidade ou o inte-
sional, ao indivíduo assegurado respeito a sua integrida- resse social o exigirem;
de física e moral. Para as mulheres, tratativa diferenciada
em períodos de amamentação, podendo ficar com seu Cabe ao Ministério Público o exercício das ações
filho. penais públicas. No entanto, a lei faculta ao indivíduo,
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu- nas hipóteses previstas em lei, a possibilidade do pró-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes prio indivíduo intentar a ação. Em regra, todos os atos
da naturalização, ou de comprovado envolvimento são públicos, resguardada a defesa da intimidade e do
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na interesse social do indivíduo.
forma da lei; LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por por ordem escrita e fundamentada de autoridade judi-
crime político ou de opinião; ciária competente, salvo nos casos de transgressão mi-
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão litar ou crime propriamente militar, definidos em lei;
pela autoridade competente; LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se
encontre serão comunicados imediatamente ao juiz
Os incisos acima compõem a proteção do direito à competente e à família do preso ou à pessoa por ele
nacionalidade. Ao brasileiro nato (aquele que nasceu em indicada;
território brasileiro – respeitada exceção em que os geni- LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada
tores, estrangeiros, estão a serviço de seu país – ou aque-
a assistência da família e de advogado;
le tem por seus genitores algum, ou ambos, brasileiros)
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon-
não será autorizada a extradição. Portanto, o brasileiro
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial;
nato não será extraditado em hipótese alguma. O natu- LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada
ralizado, em regra não será extraditado; salvo se houver pela autoridade judiciária;
praticado crime comum antes de sua naturalização ou LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido
comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpe- quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou
centes e drogas afins. sem fiança;
Outra vedação à extradição é aquela solicitada em LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do
razão de estrangeiro ter praticado crime político ou de responsável pelo inadimplemento voluntário e ines-
opinião em seu país de origem. Por defendermos a li- cusável de obrigação alimentícia e a do depositário
berdade de manifestação, seja ela qual for, asseguramos infiel;
também ao estrangeiro esse direito.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus Rol de incisos que garante direitos àqueles que esti-
bens sem o devido processo legal; verem presos. Em regra, o indivíduo somente será preso
por determinação judicial ou em caso de flagrante delito.
Este inciso revela em simples palavras que ninguém Aquele que vier a ser preso indicará alguém de sua famí-
pode “ser pego de surpresa”, que “as regras do jogo” de- lia ou qualquer outro sobre a prisão. Além da assistência
vem ser cumpridas. Logo, tanto a privação da liberdade da família e de advogado, terá o preso direito de perma-
como a privação de bens deve observar o cumprimento necer em silêncio.
de um processo judicial e o esgotamento das formas de LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al-
defesa. guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência
LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilega-
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o con- lidade ou abuso de poder;
traditório e a ampla defesa, com os meios e recursos LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para
a ela inerentes; proteger direito líquido e certo, não amparado por
habeas corpus ou habeas data , quando o responsá-

18
vel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal
pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de Penal Internacional a cuja criação tenha manifestado
atribuições do poder público; adesão.
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser im- Regras gerais a respeito dos direitos fundamentais.
petrado por:
a) partido político com representação no Congresso Dos direitos sociais
Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou asso- Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a ali-
ciação legalmente constituída e em funcionamento há mentação, o trabalho, a moradia, o transporte, o lazer,
pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus a segurança, a previdência social, a proteção à ma-
membros ou associados; ternidade e à infância, a assistência aos desampara-
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre dos, na forma desta Constituição. (Artigo com redação
que a falta de norma regulamentadora torne inviável dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais,
das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à sobera- além de outros que visem à melhoria de sua condição
nia e à cidadania; social:
LXXII - conceder-se-á habeas data : I - relação de emprego protegida contra despedida
a) para assegurar o conhecimento de informações arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei com-
relativas à pessoa do impetrante, constantes de regis- plementar, que preverá indenização compensatória,
tros ou bancos de dados de entidades governamentais dentre outros direitos;
ou de caráter público; II - seguro-desemprego, em caso de desemprego in-
b) para a retificação de dados, quando não se prefira voluntário;
fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo; III - fundo de garantia do tempo de serviço;
LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente uni-
ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô- ficado, capaz de atender às suas necessidades vitais
nio público ou de entidade de que o Estado participe, básicas e às de sua família com moradia, alimentação,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte
patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, sal- e previdência social, com reajustes periódicos que lhe
vo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua vin-
ônus da sucumbência; culação para qualquer fim;
V - piso salarial proporcional à extensão e à comple-
Este rol de incisos apresentam os remédios consti- xidade do trabalho;
tucionais. São eles, habeas corpus, habeas data, manda- VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
do de segurança, mandado de injunção e ação popular, convenção ou acordo coletivo;
cada qual disciplinado por lei específica. VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral para os que percebem remuneração variável;
e gratuita aos que comprovarem insuficiência de re- VIII - décimo terceiro salário com base na remunera-
cursos; ção integral ou no valor da aposentadoria;
LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro ju- IX - remuneração do trabalho noturno superior à do
diciário, assim como o que ficar preso além do tempo diurno;
fixado na sentença; X - proteção do salário na forma da lei, constituindo
LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente po- crime sua retenção dolosa;
bres, na forma da lei: XI - participação nos lucros, ou resultados, desvincu-
a) o registro civil de nascimento; lada da remuneração, e, excepcionalmente, participa-
b) a certidão de óbito; ção na gestão da empresa, conforme definido em lei;
LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e XII - salário-família pago em razão do dependente do
habeas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
exercício da cidadania. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada
são assegurados a razoável duração do processo e os a compensação de horários e a redução da jornada,
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

meios que garantam a celeridade de sua tramitação. mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;
§ 1º As normas definidoras dos direitos e garantias XIV - jornada de seis horas para o trabalho realizado
fundamentais têm aplicação imediata. em turnos ininterruptos de revezamento, salvo nego-
§ 2º Os direitos e garantias expressos nesta ciação coletiva;
Constituição não excluem outros decorrentes do XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
regime e dos princípios por ela adotados, ou dos aos domingos;
tratados internacionais em que a República Federativa XVI - remuneração do serviço extraordinário superior,
do Brasil seja parte. no mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
§ 3º Os tratados e convenções internacionais sobre XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
direitos humanos que forem aprovados, em cada menos, um terço a mais do que o salário normal;
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por três XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e
quintos dos votos dos respectivos membros, serão do salário, com a duração de cento e vinte dias;
equivalentes às emendas constitucionais.
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;

19
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, me- II - é vedada a criação de mais de uma organização
diante incentivos específicos, nos termos da lei; sindical, em qualquer grau, representativa de catego-
XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço, ria profissional ou econômica, na mesma base territo-
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei; rial, que será definida pelos trabalhadores ou empre-
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por gadores interessados, não podendo ser inferior à área
meio de normas de saúde, higiene e segurança; de um Município;
XXIII - adicional de remuneração para as atividades III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei; ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em
XXIV - aposentadoria; questões judiciais ou administrativas;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em
desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em se tratando de categoria profissional, será desconta-
creches e pré-escolas; da em folha, para custeio do sistema confederativo da
XXVI - reconhecimento das convenções e acordos co- representação sindical respectiva, independentemente
letivos de trabalho; da contribuição prevista em lei;
XXVII - proteção em face da automação, na forma da V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se
lei; filiado a sindicato;
XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
negociações coletivas de trabalho;
do empregador, sem excluir a indenização a que este
VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser vo-
está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa;
tado nas organizações sindicais;
XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das re-
VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado
lações de trabalho, com prazo prescricional de cinco
a partir do registro da candidatura a cargo de direção
anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o li-
ou representação sindical e, se eleito, ainda que su-
mite de dois anos após a extinção do contrato de tra-
plente, até um ano após o final do mandato, salvo se
balho;
cometer falta grave nos termos da lei.
a) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº
Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-
28, de 2000)
-se à organização de sindicatos rurais e de colônias
b) (Alínea revogada pela Emenda Constitucional nº
de pescadores, atendidas as condições que a lei esta-
28, de 2000)
belecer.
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
de funções e de critério de admissão por motivo de
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
sexo, idade, cor ou estado civil;
exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
XXXI - proibição de qualquer discriminação no tocante
dele defender.
a salário e critérios de admissão do trabalhador porta-
§ 1º A lei definirá os serviços ou atividades essenciais
dor de deficiência;
e disporá sobre o atendimento das necessidades
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual,
inadiáveis da comunidade.
técnico e intelectual ou entre os profissionais respec-
§ 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis às
tivos;
penas da lei.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou in-
Art. 10. É assegurada a participação dos trabalhadores
salubre a menores de dezoito e de qualquer trabalho
e empregadores nos colegiados dos órgãos públicos
a menores de dezesseis anos, salvo na condição de
em que seus interesses profissionais ou previdenciários
aprendiz, a partir de quatorze anos;
sejam objeto de discussão e deliberação.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador com
Art. 11. Nas empresas de mais de duzentos empre-
vínculo empregatício permanente e o trabalhador
gados, é assegurada a eleição de um representante
avulso.
destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes o
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos tra-
entendimento direto com os empregadores.
balhadores domésticos os direitos previstos nos incisos
IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, XVIII, XIX, XXI, XXII,
Direitos sociais em espécie (11 espécies): os direitos
XXIV, XXVI, XXX, XXXI e XXXIII e, atendidas as condi-
sociais “disciplinam situações subjetivas pessoais ou gru-
ções estabelecidas em lei e observada a simplificação
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pais de caráter concreto”. Tratam-se de prestações posi-


do cumprimento das obrigações tributárias, principais
tivas do Estado a serem implementadas, no sentido de
e acessórias, decorrentes da relação de trabalho e suas
possibilitar busca por melhores condições de vida. São
peculiaridades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII,
irrenunciáveis. Ao contrário dos direitos individuais que
XXV e XXVIII, bem como a sua integração à previdên-
se apresentam pelo “não fazer” do Estado, no que tange
cia social. (Parágrafo único com redação dada pela
aos direitos sociais, estes demandam o “agir” do Estado.
Emenda Constitucional nº 72, de 2013)
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, ob-
Rol de direitos sociais
servado o seguinte:
- Art. 6
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para
- Art. 7 a 11
a fundação de sindicato, ressalvado o registro no ór-
- Art. 193 a 232 (Da ordem Social)
gão competente, vedadas ao poder público a interfe-
Cláusula pétrea? Art. 60 §4 IV
rência e a intervenção na organização sindical;

20
Destinatários dos direitos sociais: todos os indivíduos, especialmente os hipossuficientes. Aqueles que necessitam
da ação positiva do Estado.
Modalidades do artigo 6º (círculo virtuoso) (rol exemplificativo)
5 - Educação
2 – Saúde (art. 196 a 200)
3 - Alimentação
7 - Trabalho
4 - moradia
11 - Lazer
10 - Segurança
9 - Previdência Social
1 - Proteção a maternidade e a infância
8 - Assistência aos desamparados (art. 194 e 195)
6 - Transportes
Educação – direito de todos / dever do Estado e da família: exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
Ver art. 205 a 214.
- Educação de baixa qualidade = reflexos políticos negativos. Ex: referendo / plesbicito.
Saúde – direito de todos / dever do Estado: redução do risco de doenças e acesso universal aos serviços de saúde.
Ver art. 196
- SUS – Art. 200: atendimento integral, com prioridade para atividades preventivas.
- Judicialização do direito a saúde. (problemas de gestão)
Alimentação – Comissão de Direitos Humanos da ONU (1993). EC 64/2010. Direito a alimentação adequada, ou seja,
inerente a dignidade da pessoa humana e indispensável.
Trabalho – instrumento para assegurar uma existência digna. Governo, política econômica não recessiva, possibili-
tando a busca por empregos.
Moradia - promover programas de construção de moradias e melhoria das condições habitacionais e de saneamen-
to básico. Princípios: intimidade, privacidade, inviolabilidade de domicílio.
Impenhorabilidade do bem de família
Regra geral: impenhorabilidade.
Exceções: fiador em contrato de aluguel, devedor de IPTU, pagamento de débitos trabalhistas aos trabalhadores
domésticos do imóvel. E imóvel de maior valor?
Lazer – função urbanística do Estado. O lazer interfere nas condições de trabalho e de vida do ser humano.
Segurança: também presente no artigo 5. Porém, lá com as características de garantia individual. Já como social,
volta-se a segurança pública.
Previdência social: direitos relacionados com a seguridade social. Erradicar a pobreza e a marginalização, reduzir as
desigualdades sociais e promover o bem de todos.
Proteção a maternidade e a infância: dois aspectos:
Direito previdenciário: assistência pelo afastamento, desoneração do empregador.
Direito assistencial: estatuto da juventude.
Assistência aos desamparados: ver art. 203 V – LOAS. Garantir o sustento, provisório ou permanente, dos que não
têm condições para tanto. Não significa estabelecer boas condições de vida, mas condições suficientes para manuten-
ção de sua dignidade.
Transporte: transporte público tem influência direta em outros aspectos da vida dos cidadãos. Ex: evasão escolar;
trabalho; bem estar.

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

21
Direitos relativos aos trabalhadores II - naturalizados:
a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionali-
Quem é empregado? Pessoa física presta serviços de dade brasileira, exigidas aos originários de países de
natureza não eventual para um empregador mediante língua portuguesa apenas residência por um ano inin-
salário. Como se identificar um contrato de trabalho? Ca- terrupto e idoneidade moral;
ráter personalíssimo, subordinação, remuneração e per- b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade resi-
manência de vínculo. dentes na República Federativa do Brasil há mais de
Art. 7 cabível para empregado urbano ou rural que quinze anos ininterruptos e sem condenação penal,
preencha as características acima. desde que requeiram a nacionalidade brasileira.
Direitos das relações individuais de trabalho (exem- § 1º Aos portugueses com residência permanente no
plos) País, se houver reciprocidade em favor dos brasileiros,
- Proteção contra dispensa arbitrária, sem justa causa. serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro,
- Seguro desemprego salvo os casos previstos nesta Constituição.
- Fundo de garantia § 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre
- Salário mínimo fixado em lei. brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos
- Piso salarial previstos nesta Constituição.
- 13 Salário § 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
- remuneração trabalho noturno I - de Presidente e Vice-Presidente da República;
- repouso semanal II - de Presidente da Câmara dos Deputados;
- Férias III - de Presidente do Senado Federal;
- Licença gestante IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;
Atenção para o Art. 7 parágrafo único: empregado V - da carreira diplomática;
doméstico. VI - de oficial das Forças Armadas;
Direitos das relações coletivas VII – de Ministro de Estado da Defesa.
- direito de associação profissional ou sindical; § 4º Será declarada a perda da nacionalidade do bra-
Vedado impedir a criação sileiro que:
Liberdade de ser associado ou não I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença
Possibilidade de cobranças para custos judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse
Vedação de dispensa de empregado sindicalizado nacional;
- direito de greve; II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:
Cabe aos empregados decidir o momento oportuno a) de reconhecimento de nacionalidade originária
e a pauta de reinvindicações. Alguns serviços são consi- pela lei estrangeira;
derados essenciais, necessários. Nesse caso, a lei definirá b) de imposição de naturalização, pela norma es-
que tipo de serviço será considerado essencial. trangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangei-
- direito de substituição processual; ro, como condição para permanência em seu território
Legitimidade dos sindicatos para a representação dos ou para o exercício de direitos civis;
empregados sindicalizados. Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da Re-
- direito de participação; pública Federativa do Brasil.
Participação de trabalhadores em colegiados de ór- § 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a
gãos públicos em assuntos de interesse da categoria. bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.
- direito de representação classista. § 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-
Empresas com mais de 200 empregados podem ele- derão ter símbolos próprios.
ger um representante para estabelecer diálogo com em-
pregadores. Direitos de nacionalidade

Capítulo III Introdução


Da nacionalidade Conceitos importantes: segundo Nathália Masson,
entende-se por nacionalidade o “vínculo jurídico-político
Art. 12. São brasileiros: que liga o indivíduo a um determinado Estado, coman-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - natos: do-o um componente do povo, o que o capacita a exi-


a) os nascidos na República Federativa do Brasil, gir a proteção estatal, a fruição de prerrogativas ínsitas
ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não à condição de nacional, bem como o sujeita ao cumpri-
estejam a serviço de seu país; mento de deveres. Referida associação - entre indivíduo
b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou e Estado é que determina e permite a identificação dos
de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a sujeitos que compõe a dimensão pessoal do Estado, um
serviço da República Federativa do Brasil; dos seus elementos constitutivos básicos”. Trata-se de
c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de direito previsto no artigo 15 da Declaração Universal dos
mãe brasileira, desde que sejam registrados em repar- Direitos do Homem.
tição brasileira competente ou venham a residir na - Elementos do Estado: território, soberania e povo.
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer - Vínculo político e social: nacionalidade. (obs: na-
tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacio- cionalidade ≠ nação).
nalidade brasileira; Modalidades de aquisição da nacionalidade

22
- Primária: nascimento do indivíduo.
- Secundário: obtida voluntariamente pelo indivíduo – Ex: casamento.
Critérios para determinar nacionalidade
- Jus soli: indivíduo nascido em território específico.
- jus sanguinis: prioriza laços familiares, filiação.

Apátridas: conhecidos por serem aqueles que não detêm pátria por não se enquadrarem no critério previsto
para aquisição da nacionalidade. Os poliapátridas são aqueles que preenchem tanto os critérios para aquisição de
nacionalidade do Estado que nasceu como no Estado de origem dos pais.
Exemplo: nascido em território estrangeiro que adota com exclusividade o critério jus sanguinis; ou ainda pelo can-
celamento da naturalização cujo país não admite dupla naturalização. Atualmente os países adotam critérios mistos.

1) Espécies de nacionalidade
- Originária: é aquela que se adquire pela ocorrência do fato natural (nascimento). Trata-se de um meio involuntá-
rio.
- Secundária: trata-se, normalmente, de ato voluntário. A naturalização decorre da vontade do interessado de
compor o povo de um Estado específico.

Hipóteses de aquisição
- Originária

- Critério jus soli


Trata-se de critério territorial. Será considerado nato o indivíduo nascido em território nacional; independe da na-
cionalidade de seus ascendentes. O que faz parte do território nacional?
Território nacional: - Terras delineadas pelos limites geográficos do país
- rios, baías, golfos, ilhas, bem como o espaço aéreo e o mar territorial;
Atenção! Extensão ficcional:
É o ato de reconhecer como parte do território nacional os navios e as aeronaves públicos (ou requisitados)
brasileiros, onde quer que se encontrem, assim como os navios privados brasileiros em alto mar, as aeronaves privadas
brasileiras em voo sobre o alto mar e as embarcações privadas estrangeiras em mar (ou espaço aéreo) brasileiro.
Obs: se o nascido for filho de estrangeiros a serviço do seu país de origem, não haverá o reconhecimento da nacio-
nalidade. Ex: casal de suíços a serviço da Suíça (o mesmo não se pode falar daqueles a serviço de empresa privada ou
outro país) concebem seu filho em solo brasileiro – o filho, ainda que nascido em território no Brasil não será brasileiro.
No exemplo acima, caso um dos genitores seja brasileiro, o fato do outro cônjuge estar a serviço de seu país, será o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

nascido brasileiro.
- Critério jus sanguinis
Trata-se de uma espécie de mitigação do critério territorial com a finalidade de se evitar a existência de apátridas.
Oportuno registrar que esse critério não se resume sozinho. Sempre dependerá da conjugação com alguns elementos:
- Critério funcional: um dos pais brasileiros (ou ambos) a serviço do Brasil. Ex: nascido em território estrangeiro,
filho de um dos pais (ou ambos) brasileiro, estando este a serviço do país. Mesmo não nascendo em território
brasileiro, será considerado brasileiro nat.

23
- Registro em repartição brasileira: criança nascida no estrangeiro, filho de brasileiro (ou ambos), com registro
de nascimento feito em repartição brasileira competente, como por exemplo, embaixada ou consulado. Em tempo, esse
direito foi suprimido e posteriormente reinserido no texto em 2007.

- Opção após maioridade: nascido no estrangeiro, filho de pai ou mãe (ou ambos) brasileiro, resolve residir, após
a maioridade, no Brasil. Esta poderá fazer a opção de se registrar como brasileira.

- Secundária
- Tácita: países com número de nacionais inferior ao desejado; caso não declare o estrangeiro sua intenção de
permanecer estrangeiro, automaticamente se torna nacional daquele país. (não aceito no Brasil).
- Expressa (duas formas: ordinária / extraordinária).
Ordinária
- Estatuto do Estrangeiro:
Residência permanente por mais de 04 anos
Capacidade Civil
Domínio da língua
Exercício da profissão
Bons procedimentos
Boa saúde.
- Países de língua Portuguesa:
Residência permanente por no mínimo 01 ano
Demais condições apontadas acima.
- Radicação precoce:
Vem residir no Brasil antes de completar 05 anos.
Necessário requerimento de naturalização
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Prazo: 02 anos a partir da maioridade (18 anos).


- Conclusão ensino superior:
Estrangeiros vindo a residir no país antes da maioridade;
Conclusão ensino superior instituição nacional;
Requisição nacionalidade até 01 ano formado.
- Procedimento
Tem natureza administrativa uma vez que todo o procedimento ocorre no Ministério da Justiça até decisão final do
Presidente da República; a entrega, porém, é feita pela Justiça Federal. Trata-se de ato ex nunc.
Extraordinária
- Quinze anos de residência ininterrupta
- Ausência de condenação penal
- Requerimento de naturalização.

24
4) Quase naturalização

Segundo Nathália Masson, “o texto constitucional,


se houver reciprocidade em favor de brasileiros residen-
tes em Portugal, os portugueses que aqui residam terão
tratamento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro
naturalizado, sem precisarem, para isso, de se submete-
rem a qualquer procedimento de naturalização. Como a
reciprocidade existe, os portugueses residentes na Re-
pública Federativa do Brasil em caráter permanente po-
derão comparecer ao Ministério da Justiça, munidos de
documento que comprove a nacionalidade portuguesa,
2) Diferença de tratamento (natos e naturalizados) a capacidade civil e a admissão na República Federativa
Vedação: nos termos do art. 5º, desdobrado no art. do Brasil em caráter permanente, para requerer a quase
12§2º da Constituição Federal. Exceções: nacionalidade”.
1º) Cargos: Presidente da República e aqueles em
sua linha de sucessão, além dos cargos responsáveis pela Capítulo IV
Segurança Nacional: Dos direitos políticos
- Presidente da República e Vice-Presidente da
República, Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrá-
- Presidente da Câmara dos Depurados, Presiden- gio universal e pelo voto direto e secreto, com valor
te do Senado Federal e Ministro do STF, igual para todos, e, nos termos da lei, mediante:
- Membro da carreira diplomática, I - plebiscito;
- Oficial das Forças Armadas e II - referendo;
- Ministro de Estado da Defesa. III - iniciativa popular.
2º) Conselho da República: art. 89 VII (formação) § 1º O alistamento eleitoral e o voto são:
I - o Vice-Presidente da República; I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - o Presidente da Câmara dos Deputados; II - facultativos para:
III - o Presidente do Senado Federal; a) os analfabetos;
IV - os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos b) os maiores de setenta anos;
Deputados; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
V - os líderes da maioria e da minoria no Senado Fe- § 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangei-
deral; ros e, durante o período do serviço militar obrigatório,
VI - o Ministro da Justiça; os conscritos.
VII - seis cidadãos brasileiros natos, com mais de trin- § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
ta e cinco anos de idade, sendo dois nomeados pelo Pre- I - a nacionalidade brasileira;
sidente da República, dois eleitos pelo Senado Federal II - o pleno exercício dos direitos políticos;
e dois eleitos pela Câmara dos Deputados, todos com III - o alistamento eleitoral;
mandato de três anos, vedada a recondução. IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
3º) Extradição (brasileiro nato não pode ser extradi- V - a filiação partidária;
tado). No que tange ao naturalizado, a CF/88 permitiu a VI - a idade mínima de:
extradição do naturalizado em duas situações). a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presi-
- Crime comum antes da naturalização. dente da República e Senador;
- Envolvimento comprovado com o tráfico ilícito b) trinta anos para Governador e Vice-Governador
de entorpecentes ou drogas afins. de Estado e do Distrito Federal;
4º) Propriedade de empresa jornalística e de radiodi- c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputa-
fusão sonora e de sons e imagens. do Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz
- Privativo de brasileiros natos ou naturalizados de paz;
há mais de 10 anos. d) dezoito anos para Vereador.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 4º São inelegíveis os inalistáveis e os analfabetos.


3) Perda do Direito de Nacionalidade § 5º O Presidente da República, os Governadores de
Previsão: art. 12 §4º CF/88 Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
Hipóteses: houver sucedido ou substituído no curso dos manda-
- Cancelamento por sentença judicial (atividade tos poderão ser reeleitos para um único período sub-
nociva ao interesse nacional: sequente.
Ordem pública ou segurança nacional) Chamada de § 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente
perda-punição. da República, os Governadores de Estado e do Distrito
- Aquisição voluntária de nova nacionalidade Federal e os Prefeitos devem renunciar aos respectivos
(perda mudança). Vale tanto para natos como naturaliza- mandatos até seis meses antes do pleito.
dos. § 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do ti-
tular, o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins,
até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da

25
República, de Governador de Estado ou Território, do E continua:
Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substi- “Cidadão, no direito brasileiro, é o indivíduo que seja
tuído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo titular dos direitos políticos de votar e ser votado e suas
se já titular de mandato eletivo e candidato à reelei- consequências. Nacionalidade é o conceito mais amplo
ção. do que cidadania, e é pressuposto desta, uma vez que só
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguin- o titular da nacionalidade brasileiro poder ser cidadão”.
tes condições:
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá 1. Regime democrático
afastar-se da atividade; - Democracia direta: exercício do poder diretamente
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agre- pelo povo, sem intermediários.
gado pela autoridade superior e, se eleito, passará - Democracia representativa: povo elege seus repre-
automaticamente, no ato da diplomação, para a ina- sentantes.
tividade. - Democracia participativa: sistema híbrido; parte
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de exercida diretamente pelo povo e parte pelos re-
inelegibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de presentantes eleitos pelo povo.
proteger a probidade administrativa, a moralidade
para o exercício do mandato, considerada a vida pre- #FicaDica
gressa do candidato, e a normalidade e legitimidade
Modelo brasileiro: democracia participativa
das eleições contra a influência do poder econômico
– CF Art. 1º par. Único e Art. 14.
ou o abuso do exercício de função, cargo ou emprego
na administração direta ou indireta.
§ 10. O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a Democracia direta (institutos)
Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da - Plesbicito, referendo, participação popular e ação
diplomação, instruída a ação com provas de abuso do popular.
poder econômico, corrupção ou fraude. Plesbicito e referendo: ambos são formas de consulta
§ 11. A ação de impugnação de mandato tramitará ao povo de matéria de extrema relevância (ex: sistema de
em segredo de justiça, respondendo o autor, na forma governo; desarmamento). O que os difere é o momento
da lei, se temerária ou de manifesta má-fé. em que essa consulta é feita.
Art. 15. É vedada a cassação de direitos políticos, cuja - Plesbicito (consulta prévia): primeiro ocorre a con-
perda ou suspensão só se dará nos casos de: sulta popular para só então ser tomada a decisão
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- política. Ex: sistema de governo.
sitada em julgado; - Referendo (consulta a posteriori): primeiro é toma-
II - incapacidade civil absoluta; da a decisão política para então ser levada a apre-
III - condenação criminal transitada em julgado, en- ciação do povo que poderá ratificar ou rejeitar. Ex:
quanto durarem seus efeitos; desarmamento.
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou - Iniciativa popular: apresentação de projeto de lei
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; para a Câmara dos Deputados, subscrito por no
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, mínimo 1% do eleitorado brasileiro, distribuídos
§ 4º. por no mínimo 5 estados com não menos de 0,3%
Art. 16. A lei que alterar o processo eleitoral entrará dos eleitores de cada um deles.
em vigor na data de sua publicação, não se aplican- - Ação popular: Lei 4.717/65
do à eleição que ocorra até um ano da data de sua
vigência. #FicaDica
Trata-se de prerrogativa do direito de nacionalidade. Uma vez proclamado o resultado do ples-
É assegurado a determinado grupo de pessoas chama- bicito ou do referendo, seria possível sua
alteração por meio de Emenda Constitu-
dos de cidadãos. São os meios pelos quais o povo exerce cional ou Lei? Não. Tais medidas seriam in-
sua soberania, ou seja, a soberania popular. É a exteriori- constitucionais. Logo, a democracia direta
zação da vontade do povo na condução da coisa pública. prevalece sobre a representativa. Sua mu-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dança poderia ocorrer apenas após nova


#FicaDica consulta popular.
Nacionalidade ≠ Cidadania: segundo José
Afonso da Silva, “a nacionalidade é o vín-
Conceitos (Teoria Geral do Estado)
culo ao território estatal por nascimento ou
Cidadania: capacidade de possuir direitos políticos,
por naturalização, tem status político”; cida-
votar e ser votado.
dania “qualifica os participantes da vida do
Sufrágio: direito de votar e ser votado.
Estado, é atributo das pessoas integradas
Voto: modo pelo qual se exerce o sufrágio.
na sociedade estatal, atributo político de-
Escrutínio: modo pelo qual se exercita o voto.
corrente do direito de participar no governo
e direito de ser ouvido pela representação
política”.

26
2. Classificação dos Direitos Políticos
Memorizar:

2.1 Positivos (liberdade do cidadão participar ativamente da vida pública)


Ativo: direito de votar, capacidade de ser eleitor, alistabilidade.
Passivo: direito de ser votado, elegibilidade.
- Ativa (pressupostos para votar) – Palavra chave: alistabilidade (capacidade de ser eleitor).
- Alistamento eleitoral: qualificação e inscrição da pessoa como eleitor perante a Justiça Eleitoral (título de eleitor)
- Nacionalidade brasileira (excluídos os estrangeiros)
- Idade mínima de 16 anos
Facultativo: entre 16 e 18 anos; acima de 70 anos.
Obrigatório: entre 18 e 70 anos.
- Não ser conscrito (serviço militar obrigatório): o conscrito não poderá votar. E se por acaso o conscrito se engajar
no serviço miltar permanente? São obrigados a se alistarem como eleitores
- Soberania Popular: exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto. É possível classificar a soberania
como: una, indivisível, inalienável e imprescritível.
- Sufrágio: direito que o cidadão possui de participar da organização política estatal. É a permissão para eleger
e/ou ser eleito. Sufrágio universal: “quando se outorga o direito de votar a todos os nacionais de um país, sem
restrições derivadas das condições de nascimento, de fortuna e capacidade especial”.
- Direito de voto e escrutínio: o voto é uma das formas do exercício do sufrágio; é o instrumento pelo qual se exte-
rioriza sua vontade. Tem por características: direto, secreto, Periódico e universal. No Brasil, tem por característica
ser personalíssimo e obrigatório. A obrigatoriedade do voto é cláusula pétrea? Não, nos termos do art. 60 §4º II.

#FicaDica
Características do voto: direto, secreto, universal e periódico.

- Direto: o eleitor vota diretamente no candidato. Obs: eleição indireta – possível. Vacância do cargo de presi-
dente e vice presidente nos dois últimos anos de mandato – eleição realizada pelo Congresso nacional.
- Secreto: veda-se a publicidade do voto. Votação parlamentar: aberta. O sigilo do voto deverá ser assegurado
e, adotadas as seguintes providências:
- Isolamento em cabine indevassável
- Verificação documental e sua autenticidade
- Urna que assegure a inviolabilidade.
- Universal: direcionada a qualquer cidadão, sem discriminação de natureza econômica, social, racial.
- Periódica: posto que o mandato é por prazo determinado.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Eleitorado: conjunto de todos aqueles que detém o direito ao sufrágio. A organização brasileira é da seguinte forma:
- Circunscrições eleitorais: nas eleições presidenciais a circunscrição será o país; nas eleições federais e estaduais
a circunscrição será o estado e nas municipais o próprio município.
- Zonas eleitorais: unidades territoriais de natureza jurisdicional sob a titularidade de um juiz de direito.
- Seções eleitorais (de 300 a 400 eleitores)
- Passiva (pressupostos para ser votado) – Palavra chave: elegibilidade
Condições de elegibilidade (capacidade de ser eleito)
- Nacionalidade: brasileira
- Pleno exercício dos direitos políticos
- Alistamento eleitoral
- Domicílio eleitoral na circunscrição (onde for concorrer ao mandato)
- Filiação partidária
- Idade Mínima:

27
35 – Presidente, vice, senador.
30 – Governador e vice.
21 – Deputados estaduais e federais, prefeito e vice.
18 – Vereador.

#FicaDica

2.2 Direitos Políticos Negativos


Podem ser definidas como as suspensões e/ou privações de direitos políticos. Atenção! Segundo Nathália Masson,
“importante, desde já, deixar firmado que a cassação dos direitos políticos, consistente na retirada arbitrária dos direi-
tos, engendrada por perseguições ideológicas, tão típicas dos períodos de hiato constitucional (antidemocráticos), é
vedada pela atual Constituição de 1988”.
- Inelegibilidade (Art. 14 §4º a 8º)
Absolutas: impedimento eleitoral para qualquer cargo eletivo, taxativamente previstas na CF/88.
- Inalistável: se não pode ser eleitor, não pode se eleger (estrangeiros e conscritos).
- Analfabeto: pode se alistar, mas não pode ser eleito.
- Relativas: impedimento eleitoral para algum cargo eletivo ou mandato, em função de situações em que se en-
contre o cidadão candidato, previstas na CF/88 ou lei complementar.
- Em razão da função exercida:
- Referente ao mesmo cargo: - Chefes do executivo nas 03 esferas, não podem ser eleitos para um terceiro mandato.
(subsequente e sucessivo).
- Referente a outro cargo (desincompatibilização).
- Prefeito profissional: cumpre dois mandatos, transfere seu domicílio para concorrer ao terceiro. Impossibilidade
tanto para o próprio município como para diverso.
- Desincompatibilização: afastamento das funções por 06 meses para concorrer a outros cargos. Ex: é deputado,
quer concorrer para prefeito.
- Grau de parentesco.
- Cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o segundo grau. (presidente, governador e prefeito).
- Conhecida como inelegibilidade reflexa, haja vista incidir sobre terceiros, isto é, “refletir” em indivíduos em razão
do parentesco, da afinidade ou da condição de cônjuge que possuem freme a um chefe do Poder Executivo.
- Candidato for militar.
- Menos de 10 anos de atividade: afastamento definitivo.
- Mais de 10 anos: afastamento temporário. Se eleito, inatividade.
- Outras inelegibilidades previstas pela LC 64/90
- Probidade administrativa
- Moralidade
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Normalidade e legitimidade das eleições.

3. Perda dos direitos políticos


Definitiva.
- Cancelamento da naturalização
- Recusa de cumprir obrigação imposta a maioria
- Perda da nacionalidade em razão de ter adquirido outra.

4. Suspensão dos direitos políticos


Temporária.
- Incapacidade civil absoluta
- Condenação criminal definitiva.
- Improbidade administrativa.

28
- Exercício de direitos políticos em outro país. Pode permanentes e provisórios e sobre sua organização e
votar em Portugal, suspende o direito de votar no funcionamento e para adotar os critérios de escolha e
Brasil. o regime de suas coligações nas eleições majoritárias,
vedada a sua celebração nas eleições proporcionais,
#FicaDica sem obrigatoriedade de vinculação entre as
candidaturas em âmbito nacional, estadual, distrital ou
Não existe “cassação” de direitos políticos. municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas
Ou poderá ocorrer a perda ou mesmo a de disciplina e fidelidade partidária. (Parágrafo com
suspensão. O termo cassação pressupõe redação dada pela Emenda Constitucional nº 97, de
ato unilateral em contraditório e ampla de- 2017)
fesa, ferindo os alicerces da democracia. § 2º Os partidos políticos, após adquirirem
personalidade jurídica, na forma da lei civil, registrarão
seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral.
5. Das Eleições § 3º Somente terão direito a recursos do fundo
partidário e acesso gratuito ao rádio e à televisão, na
Segundo José Afonso da Silva, “as eleições são pro- forma da lei, os partidos políticos que alternativamente:
cedimentos técnicos para a designação de pessoas para (“Caput” do parágrafo com redação dada pela Emenda
um cargo (outras maneiras de designação são a suces- Constitucional nº 97, de 2017)
são, a cooptação, a nomeação, a aclamação) ou para a I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputa-
formação de assembleias. Eleger significa, geralmente, dos, no mínimo, 3% (três por cento) dos votos válidos,
expressar uma preferência entre alternativas, realizar um distribuídos em pelo menos um terço das unidades da
ato formal de decisão”. Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento)
Reeleição: “possibilidade que a Constituição reco- dos votos válidos em cada uma delas; ou (Inciso acres-
nhece ao titular de um mandato eletivo de pleitear sua cido pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
própria eleição para um mandato sucessivo ao que está II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Fe-
desempenhando”. derais distribuídos em pelo menos um terço das uni-
dades da Federação. (Inciso acrescido pela Emenda
Constitucional nº 97, de 2017)
§ 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de
organização paramilitar.
§ 5º Ao eleito por partido que não preencher os
requisitos previstos no § 3º deste artigo é assegurado
o mandato e facultada a filiação, sem perda do man-
dato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo
essa filiação considerada para fins de distribuição dos
Majoritário: “a representação, em dado território,
cabe ao candidato ou candidatos que obtiveram a maio- recursos do fundo partidário e de acesso gratuito ao
ria (absoluta/relativa) dos votos. O Brasil consagra o sis- tempo de rádio e de televisão. (Parágrafo acrescido
tema majoritário por maioria absoluta (com dois turnos pela Emenda Constitucional nº 97, de 2017)
se preciso) para a eleição de Presidenta e Vice-Presidente
da República, de Governador e Vice-governador de esta- Instrumento indispensável no regime democrático
do e de Prefeito e Vice-Prefeito municipal e por maioria por ser responsável pela organização da vontade popular
relativa para a eleição de Senadores”. na busca de realização de projetos comuns. Vale lembrar
Proporcional: utilizado para as eleições de deputados que o exercício da cidadania não se faz exclusivamente
federais, estaduais e para vereadores. através de partidos políticos; no entanto, o exercício desse
mister quando estivermos diante da elegibilidade, a filiação
Capítulo v partidária se torna obrigatória – requisito indispensável.
Dos partidos políticos Atualmente o Brasil tem 35 partidos políticos regis-
trados no Tribunal Superior Eleitoral, sendo o PMDB o
Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extin- partido mais antigo, registrado em 30/06/1981, seguido
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ção de partidos políticos, resguardados a soberania neste mesmo ano pelos Partidos PTB (03/11/81) e PDT
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, (10/11/1981) e o partido político mais jovem é o PMB
os direitos fundamentais da pessoa humana e obser- (Partido da Mulher Brasileira) registrado em 29/09/2015.
vados os seguintes preceitos:
I - caráter nacional; Conceito
II - proibição de recebimento de recursos financeiros
de entidade ou governo estrangeiros ou de subordi- A Professora Nathália Masson, destaca em sua obra
nação a estes; conceito de Georg Jellinek, segundo o qual os partidos
III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; políticos podem ser definidos como “grupos políticos
IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. formados sob a influência de convicções comuns volta-
§ 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia das para cercos fins políticos, que se esforçam para rea-
para definir sua estrutura interna e estabelecer regras lizar”. Em regra, esses grupos têm por base concepções
sobre escolha, formação e duração de seus órgãos políticas ou interesses políticos comuns.

29
A lei 9.096/95, também chamada de “Lei dos Partidos
Políticos” também tratou de conceituar os partidos polí-
ticos no Brasil. Nos termos do art. 1º desta lei, “o partido EXERCÍCIOS COMENTADOS
político, pessoa jurídica de direito privado, destina-se a
assegurar, no interesse do regime democrático, a autenti- 1. Aplicada em: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 1ª RE-
cidade do sistema representativo e a defender os direitos GIÃO Prova: Técnico Judiciário - Segurança e Transporte.
fundamentais definidos na Constituição Federal”. Considerando o que dispõe a Constituição Federal de
1988 (CF) sobre direitos humanos, julgue o item que se
Natureza Jurídica segue. Desde que não frustrem outra reunião anterior-
mente convocada para o mesmo local, todos podem reu-
Pessoa Jurídica de Direito Privado. Sua organização nir-se em locais abertos ao público, independentemente
está prevista no texto da Constituição Federal, lhes as- de autorização, sendo apenas exigido prévio aviso à au-
segurando autonomia, liberdade de criação, fusão, in- toridade competente.
corporação e extinção, além de resguardar a soberania
( ) CERTO ( ) ERRADO
nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e os
direitos fundamentais. Essa pessoa jurídica deve ser re-
gistrada em Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas e Resposta: Certo Trata-se de direito fundamental pre-
os estatutos do partido registrados no TSE. visto no art. 5º XVI que aborda o direito de reunião.
- Requisitos a serem observados quando de sua Todos podem se reunir pacificamente, sem armas, em
criação locais públicos; não necessitam de autorização do po-
- Caráter Nacional: evitar partidos com projetos re- der público, mas sim a sua comunicação para evitar
gionais ou mesmo municipais. frustrar outra reunião já previamente agendada.
- Critério: 0,5% dos votos válidos nas últimas elei-
ções para a Câmara dos Deputados, distribuídos 2. Aplicada em: 2017Banca: CESPEÓrgão: TCE-PE Prova:
no mínimo entre 1/3 dos estados-membros (9 es- Analista de Gestão – Julgamento.
tados) e, em cada estado, 1/10 dos eleitores da- Acerca dos princípios fundamentais e dos direitos e de-
quele estado. veres individuais e coletivos, julgue o item a seguir.
- Proibição de recebimento de recursos financeiros A liberdade para o exercício de qualquer trabalho, ofí-
de entidades ou governos estrangeiros ou de su- cio ou profissão está condicionada ao atendimento das
bordinação qualificações profissionais estabelecidas por lei, mas nem
todos os ofícios ou profissões, para serem exercidos, es-
Vedado receber qualquer recurso de entidade ou go- tarão sujeitos à existência de lei.
verno estrangeiro, pois o aceite poderia tornar o partido
subordinado a estes apoiadores. É uma forma indireta de ( ) CERTO ( ) ERRADO
também proteger a soberania nacional.
- Prestação de constas à Justiça Eleitoral
Com o propósito de afastar o abuso do poder econô- Resposta: Certo A constituição coloca no art. 5º XIII
mico, tudo aquilo que for recebido deve ser apresentado que é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
em forma de prestação de contas para a justiça eleitoral. profissão; porém, algumas profissões podem ser re-
Esta prestação vem disciplinada pela lei 9.504/97 em seus gulamentadas por lei infraconstitucional. É o caso, por
arts. 17 a 27. exemplo, do exercício da advocacia que além da con-
clusão do bacharelado em direito, necessário aprova-
Características dos Partidos Políticos ção no exame da OAB.
Autonomia: o Estado evitará intervir em qualquer par-
tido político, posto que os mesmos possuem liberdade 3. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: PC-MA Prova:
para definir sua estrutura, organização e funcionamento. Investigador de Polícia. Entre os direitos sociais previstos
Por esta razão as coligações eleitorais são possíveis. pela Constituição Federal de 1988 (CF) inclui-se o direito
à
Fidelidade Partidária: sua não observância acarreta a
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

perda do mandato de Deputado Federal e de Senador se a) amamentação aos filhos de presidiárias.


estes trocarem de partido sem justa causa. Sobre a fideli- b) moradia.
dade partidária, importante consignar que: c) propriedade.
- a vaga do titular do mandato parlamentar perten- d) gratuidade do registro civil de nascimento.
ce à coligação e não ao partido político. e) assistência jurídica e integral gratuita.
- Reconhecida a justa causa, afastamento da perda
do mandato eletivo. Resposta: Letra B Nos termos do art. 6º são direitos
sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,
a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previ-
dência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Cons-
tituição.

30
4. Aplicada em: 2018 Banca: CESPE Órgão: ABIN Prova: § 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
Agente de Inteligência. Julgue o item seguinte, relativo criação, transformação em Estado ou reintegração ao
ao direito de nacionalidade. Filho de brasileiros nascido Estado de origem serão reguladas em lei complemen-
no estrangeiro que opte pela nacionalidade brasileira tar.
não poderá ser extraditado, uma vez que os efeitos dessa § 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, subdivi-
opção são plenos e têm eficácia retroativa. dir-se ou desmembrar-se para se anexarem a outros,
ou formarem novos Estados ou Territórios Federais,
mediante aprovação da população diretamente inte-
( ) CERTO ( ) ERRADO
ressada, através de plebiscito, e do Congresso Nacio-
nal, por lei complementar.
Resposta: Certo Brasileiro nato não poderá ser extra- § 4º A criação, a incorporação, a fusão e o desmem-
ditado, salvo se vier a perder, nos casos previsto na bramento de Municípios, far-se-ão por lei estadual,
Constituição Federal, a sua nacionalidade. O naturali- dentro do período determinado por Lei Complementar
zado também não será extraditado, exceto se pratica Federal, e dependerão de consulta prévia, mediante
comprovada de crime comum antes de sua naturaliza- plebiscito, às populações dos Municípios envolvidos,
ção ou tráfico ilícito de drogas e entorpecentes. após divulgação dos Estudos de Viabilidade Municipal,
apresentados e publicados na forma da lei.
5. Aplicada em: 2017Banca: CESPE Órgão: TRE-TO Prova: Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fe-
Analista Judiciário - Área Administrativa. A perda ou a deral e aos Municípios:
suspensão dos direitos políticos do eleitor ocorrerá se: I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencio-
ná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter
a) sua naturalização for cancelada por sentença transita- com eles ou seus representantes relações de depen-
da em julgado. dência ou aliança, ressalvada, na forma da lei, a cola-
b) for-lhe imposta condenação criminal, ainda que seja boração de interesse público;
passível de recurso. II - recusar fé aos documentos públicos;
c) ele completar setenta anos de idade. III - criar distinções entre brasileiros ou preferências
d) ele completar oitenta anos de idade. entre si.
e) sobrevier-lhe, por qualquer motivo, incapacidade civil
relativa. Capítulo II
Da união
Resposta: Letra A Nos termos do art. 15 é vedada a
cassação de direitos políticos, mecanismo característi- Art. 20. São bens da União:
co de períodos de regimes ditatoriais, desvinculados I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie-
da democracia. No entanto, possível a suspensão ou a rem a ser atribuídos;
perda nas seguintes hipóteses: II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
I - cancelamento da naturalização por sentença tran- fronteiras, das fortificações e construções militares,
sitada em julgado; das vias federais de comunicação e à preservação am-
II - incapacidade civil absoluta; biental, definidas em lei;
III - condenação criminal transitada em julgado, en- III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em
quanto durarem seus efeitos; terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de um
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou Estado, sirvam de limites com outros países, ou se es-
prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; tendam a território estrangeiro ou dele provenham,
V - improbidade administrativa, nos termos do art. 37, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;
§ 4º. IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas
e as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRA- sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao
TIVA; UNIÃO, ESTADOS, DISTRITO FEDE- serviço público e a unidade ambiental federal, e as
RAL, MUNICÍPIOS E TERRITÓRIOS; referidas no art. 26, II; (Redação dada pela Emenda
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constitucional nº 46, de 2005)


V - os recursos naturais da plataforma continental e
Título III da zona econômica exclusiva;
Da organização do estado VI - o mar territorial;
Capítulo I VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Da organização político-administrativa VIII - os potenciais de energia hidráulica;
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Art. 18. A organização político-administrativa da Re- X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios ar-
pública Federativa do Brasil compreende a União, os queológicos e pré-históricos;
Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autô- XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
nomos, nos termos desta Constituição. § 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
§ 1º Brasília é a Capital Federal. Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos
da administração direta da União, participação no re-

31
sultado da exploração de petróleo ou gás natural, de XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
recursos hídricos para fins de geração de energia elé- tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
trica e de outros recursos minerais no respectivo terri- nacional;
tório, plataforma continental, mar territorial ou zona XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
econômica exclusiva, ou compensação financeira por diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
essa exploração. XVII - conceder anistia;
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
largura, ao longo das fronteiras terrestres, designada tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
como faixa de fronteira, é considerada fundamental as inundações;
para defesa do território nacional, e sua ocupação e XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de
utilização serão reguladas em lei. recursos hídricos e definir critérios de outorga de direi-
Art. 21. Compete à União: tos de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desen-
I - manter relações com Estados estrangeiros e partici- volvimento urbano, inclusive habitação, saneamento
par de organizações internacionais; básico e transportes urbanos;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
III - assegurar a defesa nacional; nacional de viação;
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, XXII - executar os serviços de polícia marítima, aero-
que forças estrangeiras transitem pelo território na- portuária e de fronteiras;
cional ou nele permaneçam temporariamente; XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
intervenção federal; pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamen-
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de to, a industrialização e o comércio de minérios nuclea-
material bélico; res e seus derivados, atendidos os seguintes princípios
VII - emitir moeda; e condições:
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- a) toda atividade nuclear em território nacional so-
calizar as operações de natureza financeira, espe- mente será admitida para fins pacíficos e mediante
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem aprovação do Congresso Nacional;
como as de seguros e de previdência privada; b) sob regime de permissão, são autorizadas a co-
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais mercialização e a utilização de radioisótopos para a
de ordenação do território e de desenvolvimento eco- pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
nômico e social; c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; dução, comercialização e utilização de radioisótopos
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- d) a responsabilidade civil por danos nucleares inde-
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organiza- pende da existência de culpa;
ção dos serviços, a criação de um órgão regulador e XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
outros aspectos institucionais; balho;
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exer-
concessão ou permissão: cício da atividade de garimpagem, em forma associa-
a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e tiva.
imagens; Art. 22. Compete privativamente à União legislar so-
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o bre:
aproveitamento energético dos cursos de água, em ar- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
ticulação com os Estados onde se situam os potenciais agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
hidroenergéticos; II - desapropriação;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru- III - requisições civis e militares, em caso de iminente
tura aeroportuária; perigo e em tempo de guerra;
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário IV - águas, energia, informática, telecomunicações e
entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que radiodifusão;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

transponham os limites de Estado ou Território; V - serviço postal;


e) os serviços de transporte rodoviário interestadual VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garan-
e internacional de passageiros; tias dos metais;
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferên-
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis- cia de valores;
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a VIII - comércio exterior e interestadual;
Defensoria Pública dos Territórios; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia mili- X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, ma-
tar e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, rítima, aérea e aeroespacial;
bem como prestar assistência financeira ao Distrito XI - trânsito e transporte;
Federal para a execução de serviços públicos, por meio XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e meta-
de fundo próprio; lurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;

32
XIV - populações indígenas; XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex- direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos
pulsão de estrangeiros; e minerais em seus territórios;
XVI - organização do sistema nacional de emprego e XII - estabelecer e implantar política de educação para
condições para o exercício de profissões; a segurança do trânsito.
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pú- para a cooperação entre a União e os Estados, o Dis-
blica dos Territórios, bem como organização adminis- trito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilí-
trativa destes; brio do desenvolvimento e do bem-estar em âmbito
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de nacional.
geologia nacionais; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da Federal legislar concorrentemente sobre:
poupança popular; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
XX - sistemas de consórcios e sorteios; mico e urbanístico;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material II - orçamento;
bélico, garantias, convocação e mobilização das polí- III - juntas comerciais;
cias militares e corpos de bombeiros militares; IV - custas dos serviços forenses;
XXII - competência da polícia federal e das polícias V - produção e consumo;
rodoviária e ferroviária federais; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
XXIII - seguridade social; reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; do meio ambiente e controle da poluição;
XXV - registros públicos; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artísti-
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; co, turístico e paisagístico;
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
todas as modalidades, para as administrações públicas
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estéti-
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados,
co, histórico, turístico e paisagístico;
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tec-
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades
nologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Re-
de economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III;
dação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa
2015)
marítima, defesa civil e mobilização nacional;
X - criação, funcionamento e processo do juizado de
XXIX - propaganda comercial.
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar pequenas causas;
os Estados a legislar sobre questões específicas das XI - procedimentos em matéria processual;
matérias relacionadas neste artigo. XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
do Distrito Federal e dos Municípios: XIV - proteção e integração social das pessoas porta-
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das doras de deficiência;
instituições democráticas e conservar o patrimônio XV - proteção à infância e à juventude;
público; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção polícias civis.
e garantia das pessoas portadoras de deficiência; § 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe-
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de tência da União limitar-se-á a estabelecer normas
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as gerais.
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; § 2º A competência da União para legislar sobre nor-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- mas gerais não exclui a competência suplementar dos
ção de obras de arte e de outros bens de valor históri- Estados.
co, artístico ou cultural; § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à edu- tados exercerão a competência legislativa plena, para
cação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação; atender a suas peculiaridades.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 85, de § 4º A superveniência de lei federal sobre normas ge-
2015) rais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição contrário.
em qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; Capítulo III
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o Dos estados federados
abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
e a melhoria das condições habitacionais e de sanea- Constituições e leis que adotarem, observados os prin-
mento básico; cípios desta Constituição.
X - combater as causas da pobreza e os fatores de § 1º São reservadas aos Estados as competências que
marginalização, promovendo a integração social dos não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
setores desfavorecidos;

33
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou me- Capítulo IV
diante concessão, os serviços locais de gás canalizado, Dos municípios
na forma da lei, vedada a edição de medida provisória
para a sua regulamentação. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, vo-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, tada em dois turnos, com o interstício mínimo de dez
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urba- dias, e aprovada por dois terços dos membros da Câ-
nas e microrregiões, constituídas por agrupamentos mara Municipal, que a promulgará, atendidos os prin-
de municípios limítrofes, para integrar a organização, cípios estabelecidos nesta Constituição, na Constitui-
o planejamento e a execução de funções públicas de ção do respectivo Estado e os seguintes preceitos:
interesse comum. I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Verea-
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: dores, para mandato de quatro anos, mediante pleito
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, direto e simultâneo realizado em todo o País;
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
forma da lei, as decorrentes de obras da União; primeiro domingo de outubro do ano anterior ao tér-
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que esti- mino do mandato dos que devam suceder, aplicadas
verem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio as regras do art. 77, no caso de Municípios com mais
da União, Municípios ou terceiros; de duzentos mil eleitores;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de
União; janeiro do ano subseqüente ao da eleição;
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
da União. observado o limite máximo de:
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legis- a) 9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
lativa corresponderá ao triplo da representação do Es- (quinze mil) habitantes;
tado na Câmara dos Deputados e, atingido o número b) 11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
de trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
os Deputados Federais acima de doze. mil) habitantes;
c) 13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados
de 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cin-
Estaduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Consti-
quenta mil) habitantes;
tuição sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imuni-
d) 15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais
dades, remuneração, perda de mandato, licença, im-
de 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000
pedimentos e incorporação às Forças Armadas.
(oitenta mil) habitantes;
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado
e) 17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais
por lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na ra-
de 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000
zão de, no máximo, setenta e cinco por cento daquele (cento e vinte mil) habitantes;
estabelecido, em espécie, para os Deputados Federais, f) 19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de
observado o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, mais de 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de
150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. até 160.000 (cento sessenta mil) habitantes;
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre g) 21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de
seu regimento interno, polícia e serviços administrati- mais de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de
vos de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. até 300.000 (trezentos mil) habitantes;
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no proces- h) 23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de
so legislativo estadual. mais de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á i) 25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, mais de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habi-
e no último domingo de outubro, em segundo turno, tantes e de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
se houver, do ano anterior ao do término do mandato j) 27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de
de seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro mais de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até
de janeiro do ano subseqüente, observado, quanto ao 750.000 (setecentos cinquenta mil) habitantes;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mais, o disposto no art. 77. k) 29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de


§ 1º Perderá o mandato o Governador que assumir mais de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitan-
outro cargo ou função na administração pública dire- tes e de até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
ta ou indireta, ressalvada a posse em virtude de con- l) 31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de
curso público e observado o disposto no art. 38, I, IV mais de 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até
e V. (R 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
§ 2º Os subsídios do Governador, do Vice-Governador m) 33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
e dos Secretários de Estado serão fixados por lei de de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e de
iniciativa da Assembléia Legislativa, observado o que até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;
dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, n) 35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de
§ 2º, I. mais de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habi-
tantes e de até 1.350.000 (um milhão e trezentos e
cinquenta mil) habitantes;

34
o) 37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de f) em Municípios de mais de quinhentos mil habi-
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) ha- tantes, o subsídio máximo dos Vereadores correspon-
bitantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos derá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Depu-
mil) habitantes; tados Estaduais;
p) 39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de VII - o total da despesa com a remuneração dos Ve-
mais de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habi- readores não poderá ultrapassar o montante de cinco
tantes e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) por cento da receita do Município;
habitantes; VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões,
q) 41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios palavras e votos no exercício do mandato e na cir-
de mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) cunscrição do Município;
habitantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatro- IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da
centos mil) habitantes; vereança, similares, no que couber, ao disposto nesta
r) 43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios Constituição para os membros do Congresso Nacional
de mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos e na Constituição do respectivo Estado para os mem-
mil) habitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de bros da Assembléia Legislativa;
habitantes; ( X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Jus-
s) 45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios tiça; (
de mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de XI - organização das funções legislativas e fiscalizado-
até 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; ras da Câmara Municipal;
t) 47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios XII - cooperação das associações representativas no
de mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e planejamento municipal;
de até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse
u) 49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios específico do Município, da cidade ou de bairros, atra-
de mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e vés de manifestação de, pelo menos, cinco por cento
de até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída do eleitorado;
pela Emenda Constitucional nº 58, de 2009) XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do
v) 51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios art. 28, parágrafo único.
de mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de Art. 29-A. O total da despesa do Poder Legislativo
até 7.000.000 (sete milhões) de habitantes; Municipal, incluídos os subsídios dos Vereadores e ex-
w) 53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios cluídos os gastos com inativos, não poderá ultrapassar
de mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de os seguintes percentuais, relativos ao somatório da
até 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e receita tributária e das transferências previstas no §
x) 55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios 5o do art. 153 e nos arts. 158 e 159, efetivamente rea-
de mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; lizado no exercício anterior:
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secre- I - 7% (sete por cento) para Municípios com população
tários Municipais fixados por lei de iniciativa da Câ- de até 100.000 (cem mil) habitantes;
mara Municipal, observado o que dispõem os arts. 37, II - 6% (seis por cento) para Municípios com popula-
XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; ção entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil)
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respec- habitantes;
tivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popu-
subseqüente, observado o que dispõe esta Constitui- lação entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000
ção, observados os critérios estabelecidos na respecti- (quinhentos mil) habitantes;
va Lei Orgânica e os seguintes limites máximos: IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento)
a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsí- para Municípios com população entre 500.001 (qui-
dio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por nhentos mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de ha-
cento do subsídio dos Deputados Estaduais; bitantes;
b) em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popu-
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres- lação entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000
ponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados (oito milhões) de habitantes;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Estaduais; VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para


c) em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil Municípios com população acima de 8.000.001 (oito
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres- milhões e um) habitantes.
ponderá a quarenta por cento do subsídio dos Depu- § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de seten-
tados Estaduais; ta por cento de sua receita com folha de pagamento,
d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil incluído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corres- § 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito
ponderá a cinqüenta por cento do subsídio dos Depu- Municipal:
tados Estaduais; I - efetuar repasse que supere os limites definidos nes-
e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhen- te artigo;
tos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou
corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada
Deputados Estaduais; na Lei Orçamentária.

35
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presiden- § 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
te da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste observadas as regras do art. 77, e dos Deputados Dis-
artigo. tritais coincidirá com a dos Governadores e Deputados
Art. 30. Compete aos Municípios: Estaduais, para mandato de igual duração.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa
II - suplementar a legislação federal e a estadual no aplica-se o disposto no art. 27.
que couber; § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo Gover-
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competên- no do Distrito Federal, das polícias civil e militar e do
cia, bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da corpo de bombeiros militar.
obrigatoriedade de prestar contas e publicar balance-
tes nos prazos fixados em lei; Seção II
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a Dos territórios
legislação estadual;
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de Art. 33. A lei disporá sobre a organização administra-
concessão ou permissão, os serviços públicos de inte- tiva e judiciária dos Territórios.
resse local, incluído o de transporte coletivo, que tem § 1º Os Territórios poderão ser divididos em Municí-
caráter essencial; pios, aos quais se aplicará, no que couber, o disposto
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da no Capítulo IV deste Título.
União e do Estado, programas de educação infantil e § 2º As contas do Governo do Território serão subme-
de ensino fundamental; tidas ao Congresso Nacional, com parecer prévio do
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da Tribunal de Contas da União.
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde § 3º Nos Territórios Federais com mais de cem mil ha-
da população; bitantes, além do Governador nomeado na forma des-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamen- ta Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira
e segunda instância, membros do Ministério Público
to territorial, mediante planejamento e controle do
e defensores públicos federais; a lei disporá sobre as
uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano;
eleições para a Câmara Territorial e sua competência
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cul-
deliberativa.
tural local, observada a legislação e a ação fiscaliza-
dora federal e estadual.
Capítulo VI
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
Da intervenção
Poder Legislativo Municipal, mediante controle exter-
no, e pelos sistemas de controle interno do Poder Exe- Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
cutivo Municipal, na forma da lei. trito Federal, exceto para:
§ 1º O controle externo da Câmara Municipal será I - manter a integridade nacional;
exercido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Es- II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
tados ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais Federação em outra;
de Contas dos Municípios, onde houver. III - pôr termo a grave comprometimento da ordem
§ 2º O parecer prévio, emitido pelo órgão competente pública;
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente pres- IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
tar, só deixará de prevalecer por decisão de dois terços nas unidades da Federação;
dos membros da Câmara Municipal. V - reorganizar as finanças da unidade da Federação
§ 3º As contas dos Municípios ficarão, durante ses- que:
senta dias, anualmente, à disposição de qualquer a) suspender o pagamento da dívida fundada por
contribuinte, para exame e apreciação, o qual poderá mais de dois anos consecutivos, salvo motivo de força
questionar-lhes a legitimidade, nos termos da lei. maior;
§ 4º É vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór- b) deixar de entregar aos Municípios receitas tribu-
gãos de Contas Municipais. tárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos
estabelecidos em lei;
Capítulo V VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Do distrito federal e dos territórios judicial;


Seção I VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
Do distrito federal constitucionais:
a) forma republicana, sistema representativo e regi-
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Mu- me democrático;
nicípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois b) direitos da pessoa humana;
turnos com interstício mínimo de dez dias, e aprova- c) autonomia municipal;
da por dois terços da Câmara Legislativa, que a pro- d) prestação de contas da administração pública, di-
mulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta reta e indireta.
Constituição. e) aplicação do mínimo exigido da receita resultan-
§ 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as competên- te de impostos estaduais, compreendida a proveniente
cias legislativas reservadas aos Estados e Municípios. de transferências, na manutenção e desenvolvimento
do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde.

36
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, II - a investidura em cargo ou emprego público de-
nem a União nos Municípios localizados em Território pende de aprovação prévia em concurso público de
Federal, exceto quando: provas ou de provas e títulos, de acordo com a nature-
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por za e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
dois anos consecutivos, a dívida fundada; prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da em comissão declarado em lei de livre nomeação e
lei; exoneração;
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da re- III - o prazo de validade do concurso público será de
ceita municipal na manutenção e desenvolvimento do até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a represen- de convocação, aquele aprovado em concurso público
tação para assegurar a observância de princípios in- de provas ou de provas e títulos será convocado com
dicados na Constituição Estadual, ou para prover a prioridade sobre novos concursados para assumir car-
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. go ou emprego, na carreira;
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Le- por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
gislativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, em comissão, a serem preenchidos por servidores de
ou de requisição do Supremo Tribunal Federal, se a carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
coação for exercida contra o Poder Judiciário; previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judi- direção, chefia e assessoramento;
ciária, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do VI - é garantido ao servidor público civil o direito à
Superior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior livre associação sindical;
Eleitoral; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de limites definidos em lei específica;
representação do Procurador-Geral da República, na VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
hipótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
de lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitu- definirá os critérios de sua admissão;
cional nº 45, de 2004)
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por
2004) tempo determinado para atender a necessidade tem-
§ 1º O decreto de intervenção, que especificará a am- porária de excepcional interesse público;
plitude, o prazo e as condições de execução e que, se X - a remuneração dos servidores públicos e o sub-
couber, nomeará o interventor, será submetido à apre- sídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão
ciação do Congresso Nacional ou da Assembléia Le- ser fixados ou alterados por lei específica, observada a
gislativa do Estado, no prazo de vinte e quatro horas. iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão
§ 2º Se não estiver funcionando o Congresso Nacional geral anual, sempre na mesma data e sem distinção
ou a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação ex- de índices;
traordinária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de
cargos, funções e empregos públicos da administra-
§ 3º Nos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, ção direta, autárquica e fundacional, dos membros
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
pela Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a Distrito Federal e dos Municípios, dos detentores de
suspender a execução do ato impugnado, se essa me- mandato eletivo e dos demais agentes políticos e os
dida bastar ao restabelecimento da normalidade. proventos, pensões ou outra espécie remuneratória,
§ 4º Cessados os motivos da intervenção, as autori- percebidos cumulativamente ou não, incluídas as van-
dades afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo tagens pessoais ou de qualquer outra natureza, não
impedimento legal. poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, dos
Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando-se
Capítulo VII como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito, e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Da administração pública nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal do


Seção I Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsídio
Disposições gerais dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do Po-
der Legislativo e o subsidio dos Desembargadores do
Art. 37. A administração pública direta e indireta de Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis- e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, em
trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida- no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite
de e eficiência e, também, ao seguinte: aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
I - os cargos, empregos e funções públicas são aces- e aos Defensores Públicos;
síveis aos brasileiros que preencham os requisitos es- XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo
tabelecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na e do Poder Judiciário não poderão ser superiores aos
forma da lei; pagos pelo Poder Executivo;

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XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- § 3º A lei disciplinará as formas de participação do
quer espécies remuneratórias para o efeito de remu- usuário na administração pública direta e indireta, re-
neração de pessoal do serviço público; gulando especialmente:
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servi- I - as reclamações relativas à prestação dos serviços
dor público não serão computados nem acumulados públicos em geral, asseguradas a manutenção de ser-
para fins de concessão de acréscimos ulteriores; viços de atendimento ao usuário e a avaliação perió-
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de dica, externa e interna, da qualidade dos serviços; (II
cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva- - o acesso dos usuários a registros administrativos e a
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos informações sobre atos de governo, observado o dis-
arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; posto no art. 5º, X e XXXIII;
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos III - a disciplina da representação contra o exercício
públicos, exceto, quando houver compatibilidade de negligente ou abusivo de cargo, emprego ou função
horários, observado em qualquer caso o disposto no na administração pública.
inciso XI: § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
a) a de dois cargos de professor; tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
científico; sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis- em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
sionais de saúde, com profissões regulamentadas; § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos ilícitos praticados por qualquer agente, servidor ou
e funções e abrange autarquias, fundações, empresas não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as
públicas, sociedades de economia mista, suas subsi- respectivas ações de ressarcimento.
diárias, e sociedades controladas, direta ou indireta- § 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de di-
mente, pelo poder público; reito privado prestadoras de serviços públicos respon-
XVIII - a administração fazendária e seus servidores derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
fiscais terão, dentro de suas áreas de competência e causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
jurisdição, precedência sobre os demais setores admi- contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
nistrativos, na forma da lei; § 7º A lei disporá sobre os requisitos e as restrições
XIX – somente por lei específica poderá ser criada au- ao ocupante de cargo ou emprego da administração
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, direta e indireta que possibilite o acesso a informações
de sociedade de economia mista e de fundação, ca- privilegiadas.
bendo à lei complementar, neste último caso, definir § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e financeira
as áreas de sua atuação; dos órgãos e entidades da administração direta e in-
XX - depende de autorização legislativa, em cada direta poderá ser ampliada mediante contrato, a ser
caso, a criação de subsidiárias das entidades mencio- firmado entre seus administradores e o poder público,
nadas no inciso anterior, assim como a participação que tenha por objeto a fixação de metas de desempe-
de qualquer delas em empresa privada; nho para o órgão ou entidade, cabendo à lei dispor
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação, sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 19, de
as obras, serviços, compras e alienações serão con- 1998)
tratados mediante processo de licitação pública que I - o prazo de duração do contrato;
assegure igualdade de condições a todos os concor- II - os controles e critérios de avaliação de desempe-
rentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri-
pagamento, mantidas as condições efetivas da pro- gentes;
posta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as III - a remuneração do pessoal.”
exigências de qualificação técnica e econômica indis- § 9º O disposto no inciso XI aplica-se às empresas pú-
pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações. blicas e às sociedades de economia mista, e suas subsi-
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- diárias, que receberem recursos da União, dos Estados,
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades do Distrito Federal ou dos Municípios para pagamento
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por de despesas de pessoal ou de custeio em geral.
servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- § 10. É vedada a percepção simultânea de proventos
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ritários para a realização de suas atividades e atuarão de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts.
de forma integrada, inclusive com o compartilhamen- 42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou
to de cadastros e de informações fiscais, na forma da função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na
lei ou convênio. forma desta Constituição, os cargos eletivos e os car-
§ 1º A publicidade dos atos, programas, obras, serviços gos em comissão declarados em lei de livre nomeação
e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter e exoneração.
educativo, informativo ou de orientação social, dela § 11. Não serão computadas, para efeito dos limites
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens remuneratórios de que trata o inciso XI do caput deste
que caracterizem promoção pessoal de autoridades artigo, as parcelas de caráter indenizatório previstas
ou servidores públicos. em lei.
§ 2º A não observância do disposto nos incisos II e III § 12. Para os fins do disposto no inciso XI do caput
implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade deste artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito
responsável, nos termos da lei. Federal fixar, em seu âmbito, mediante emenda às

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respectivas Constituições e Lei Orgânica, como limite § 5º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
único, o subsídio mensal dos Desembargadores do res- Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior
pectivo Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e a menor remuneração dos servidores públicos, obede-
e vinte e cinco centésimos por cento do subsídio men- cido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
sal dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, não § 6º Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
se aplicando o disposto neste parágrafo aos subsídios blicarão anualmente os valores do subsídio e da re-
dos Deputados Estaduais e Distritais e dos Vereadores. muneração dos cargos e empregos públicos.)
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, § 7º Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
autárquica e fundacional, no exercício de mandato dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: çamentários provenientes da economia com despesas
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
ou distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
função; dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do modernização, reaparelhamento e racionalização do
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
pela sua remuneração; prêmio de produtividade.
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- § 8º A remuneração dos servidores públicos organiza-
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; cípios, incluídas suas autarquias e fundações, é asse-
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para gurado regime de previdência de caráter contributivo
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço e solidário, mediante contribuição do respectivo ente
será contado para todos os efeitos legais, exceto para público, dos servidores ativos e inativos e dos pensio-
promoção por merecimento; nistas, observados critérios que preservem o equilíbrio
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
afastamento, os valores serão determinados como se § 1º Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
no exercício estivesse. dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
culados os seus proventos a partir dos valores fixados
na forma dos §§ 3º e 17:
Seção II
I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro-
Dos servidores públicos
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor-
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
Municípios instituirão conselho de política de adminis-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais
tração e remuneração de pessoal, integrado por servi-
ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de
dores designados pelos respectivos Poderes. idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na
§ 1º A fixação dos padrões de vencimento e dos demais forma de lei complementar;
componentes do sistema remuneratório observará: III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mí-
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a comple- nimo de dez anos de efetivo exercício no serviço pú-
xidade dos cargos componentes de cada carreira; blico e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a
II - os requisitos para a investidura; aposentadoria, observadas as seguintes condições:
III - as peculiaridades dos cargos. a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contri-
§ 2º A União, os Estados e o Distrito Federal manterão buição, se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoa- e trinta de contribuição, se mulher;
mento dos servidores públicos, constituindo-se a par- b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e ses-
ticipação nos cursos um dos requisitos para a promo- senta anos de idade, se mulher, com proventos propor-
ção na carreira, facultada, para isso, a celebração de cionais ao tempo de contribuição.
convênios ou contratos entre os entes federados. § 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por
§ 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo pú- ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re-
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blico o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em
XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei esta- que se deu a aposentadoria ou que serviu de referên-
belecer requisitos diferenciados de admissão quando a cia para a concessão da pensão.
natureza do cargo o exigir. § 3º Para o cálculo dos proventos de aposentadoria,
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato ele- por ocasião da sua concessão, serão consideradas as
tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais remunerações utilizadas como base para as contribui-
e Municipais serão remunerados exclusivamente por ções do servidor aos regimes de previdência de que
subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei.
de qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, § 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios di-
verba de representação ou outra espécie remunera- ferenciados para a concessão de aposentadoria aos
tória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res-
37, X e XI. salvados, nos termos definidos em leis complementa-
res, os casos de servidores:

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I - portadores de deficiência; regime de que trata este artigo, o limite máximo esta-
II - que exerçam atividades de risco; belecido para os benefícios do regime geral de previ-
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições dência social de que trata o art. 201.
especiais que prejudiquem a saúde ou a integridade § 15. O regime de previdência complementar de que
física. trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
no § 1º, III, “a”, para o professor que comprove exclu- de entidades fechadas de previdência complementar,
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
magistério na educação infantil e no ensino funda- participantes planos de benefícios somente na moda-
mental e médio. lidade de contribuição definida.
§ 6º Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos § 16 Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à dor que tiver ingressado no serviço público até a data
conta do regime de previdência previsto neste artigo. da publicação do ato de instituição do correspondente
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen- regime de previdência complementar.
são por morte, que será igual: § 17. Todos os valores de remuneração considerados
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- vidamente atualizados, na forma da lei.
nefícios do regime geral de previdência social de que § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de apo-
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- sentadorias e pensões concedidas pelo regime de que
cela excedente a este limite, caso aposentado à data trata este artigo que superem o limite máximo esta-
do óbito; ou belecido para os benefícios do regime geral de previ-
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor dência social de que trata o art. 201, com percentual
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o igual ao estabelecido para os servidores titulares de
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- cargos efetivos.
me geral de previdência social de que trata o art. 201, § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a completado as exigências para aposentadoria volun-
este limite, caso em atividade na data do óbito. tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-
§ 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para manecer em atividade fará jus a um abono de per-
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, manência equivalente ao valor da sua contribuição
conforme critérios estabelecidos em lei. previdenciária até completar as exigências para apo-
§ 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu- sentadoria compulsória contidas no § 1º, II.
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o § 20. Fica vedada a existência de mais de um regime
tempo de serviço correspondente para efeito de dis- próprio de previdência social para os servidores titu-
ponibilidade. lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de gestora do respectivo regime em cada ente estatal,
contagem de tempo de contribuição fictício. ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X.
§ 11 Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma § 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo in-
total dos proventos de inatividade, inclusive quando cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo-
decorrentes da acumulação de cargos ou empregos sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite
públicos, bem como de outras atividades sujeitas a máximo estabelecido para os benefícios do regime ge-
contribuição para o regime geral de previdência so- ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
cial, e ao montante resultante da adição de proventos Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei,
de inatividade com remuneração de cargo acumulável for portador de doença incapacitante.
na forma desta Constituição, cargo em comissão de- Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercí-
clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de cio os servidores nomeados para cargo de provimento
cargo eletivo. efetivo em virtude de concurso público.
§ 12 Além do disposto neste artigo, o regime de previ- § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
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dência dos servidores públicos titulares de cargo efe- I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
tivo observará, no que couber, os requisitos e critérios gado;
fixados para o regime geral de previdência social. II - mediante processo administrativo em que lhe seja
§ 13 Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo assegurada ampla defesa;
em comissão declarado em lei de livre nomeação e III - mediante procedimento de avaliação periódica de
exoneração bem como de outro cargo temporário ou desempenho, na forma de lei complementar, assegu-
de emprego público, aplica-se o regime geral de pre- rada ampla defesa.
vidência social. § 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do
§ 14 A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
nicípios, desde que instituam regime de previdência ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
complementar para os seus respectivos servidores ti- de origem, sem direito a indenização, aproveitado em
tulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor outro cargo ou posto em disponibilidade com remune-
das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo ração proporcional ao tempo de serviço.

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§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- deração. O primeiro ponto é que nenhuma fede-
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com ração fez esse tipo de inclusão; o segundo ponto é
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até a ausência de participação nacional, uma vez que
seu adequado aproveitamento em outro cargo. vereadores não participam das assembleias legis-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, lativas. Por fim, caso afrontem a indissolubilidade
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por do pacto federativo, não poderão sofrer interven-
comissão instituída para essa finalidade. ção federal, apenas estadual.
- Forma de organização: Lei Orgânica – votada em
Introdução dois turnos com interstício de 10 dias com apro-
vação de 2/3 da Câmara Municipal. O legislativo,
- Princípio Federativo: descentralização do poder. composto por vereadores, tem a quantidade pre-
Uma ordem jurídica central e outras ordens jurí- vista na CF/88. A faixa de habitantes no município
dicas parciais, de forma que a primeira abarca to- corresponderá ao número de vereadores.
dos os indivíduos que se encontrem no território - Distrito Federal: local no qual os órgãos do Poder
do Estado Nacional, e as outras, os sujeitos que se Federal possam se estabelecer e apresentar as di-
achem na circunscrição dos entes federados. retrizes governamentais ora pertinentes a toda a
federação, ora relacionadas somente à União. É
Estado Federado um ente federativo autônomo, com capacidade de
auto-organização. Possui atribuições legislativas
- Segundo Jellinek, citado por Nathália Masson, fe- (tanto de estado-membro como de município) e
deralismo por ser entendido como a unidade na judiciárias.
pluralidade. É a reunião, feita por uma constituição, - Territórios federais: antes da CF/88 eram asseme-
de entidades políticas autônomas unidas por um lhados aos estados-membros. Com a novel consti-
vínculo indissolúvel. tuição os antigos territórios se tornaram estados-
-membros (Roraima e Amapá). Atualmente não
Características existem territórios; mas, se criados fossem, não
passaram de unidades descentralizadas de admi-
- Descentralização no exercício do poder político; nistração.
- Auto-organização - Formação de novos estados-membros e municí-
- Auto-governo pios
- Auto-administração - Inadmissibilidade do direito à secessão
- Indissolubilidade do vínculo federativo; - Formação de novos estados-membros (possibili-
- Rigidez Constitucional; dades):
- Existência de um Tribunal Constitucional
Federalismo pelo CF/88 Requisitos para incorporação, subdivisão ou des-
É o primeiro princípio da CF/88. Trata-se, inclusive, de membramento:
cláusula pétrea. Compreende a seguinte divisão: União, - Consulta a população interessada (plebiscito): tan-
estados-membros, Distrito Federal e municípios. to da população da área desmembrada como da
- União: “União é o ente central da federação, área remanescente. Somente a manifestação da
possui total autonomia em relação às demais entidades maioria permitirá que o processo dê sequência;
federadas e concentra um grande volume de atribuições - Oitiva assembleias legislativas envolvidas (parecer
administrativas, legislativas e tributárias enunciadas ao opinativo – não vincula o CN): fornecimento de de-
longo do texto constitucional”. Presença de duas perso- talhamento técnico;
nalidades: ambas representadas pelo Pres. da República: - Aprovação do Congresso Nacional expedindo-se
a primeira como chefe de Estado e a segunda como che- Lei complementar;
fe de governo. Trata-se de um ente autônomo e central. - Formação de novos municípios (possibilidades):
União ≠ Federação: união é a congregação dos esta- - Edição de lei complementar federal fixando o perí-
dos-membros. Federação é a reunião dos entes federa- odo em que poderá ocorrer a mudança;
dos, leia-se, união, estados-membros, municípios e DF. - Aprovação de Lei ordinária apresentando a viabili-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Estados-membros: resultado da descentralização dade municipal;


do poder político; são partes autônomas do Estado - Consulta a população interessada (plebiscito), não
Federal. Podem ter sua própria constituição, desde podendo ser substituída por outra espécie de con-
que analisados os limites traçados pelo texto da sulta;
lei maior. Cada estado-membro tem competência - Aprovação de lei ordinária estadual.
para estruturar seus poderes – sem interferência - Vedações Constitucionais
federal. A saber: - Estabelecer cultos religiosos ou embaraçar o fun-
- Legislativo: art. 27 / - Executivo: art. 28 / - Judiciá- cionamento de igrejas.
rio: art. 125 - Entes federados não podem adotar oficialmente
- Municípios: passaram a integrar a estrutura da fe- uma religião.
deração com a CF/88 que lhes garantiu plena auto- - Repartição de competências
nomia. Alguns pontos merecem análise no tocante
a participação dos municípios na estrutura da fe-

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#FicaDica

Trata-se de elemento fundamental do federalismo. A descentralização propõe que cada ente federado pode disci-
plinar determinados comandos e, por conta disso, necessária a repartição de competências. A temática se alicerça ao
princípio da preponderância dos interesses.
- Técnicas de Repartição
Sistema Americano: (modelo adotado no Brasil) – prevê competências taxativas da União e os remanescentes ao
estado; como nossos municípios também são entes autônomos, estes também recebem atribuições.
Sistema canadense: a atribuição taxativa fica voltada aos estados, reservados aqueles da União.
Sistema indiano: enumeração exaustiva de atribuições para todos os entes da federação. Constituição robusta,
prolixa ao extremo. Muitos artigos.
Técnicas de efetivação
- Repartição horizontal: Constituição Federal delega a cada ente atribuições que lhe sejam próprias, particulares.
Distribui, portanto, a cada um, o que é seu; a cada entidade, matéria específica de sua competência. (competên-
cias privativas e exclusivas)
- Repartição vertical: distribuição de competências exercidas em conjunto. (competências comuns e concorrentes).
- Das competências
As competências podem ser divididas em duas espécies. São as chamadas competências não legislativas (são com-
petências políticas e administrativas) e as legislativas (autorização para legislar). A saber, em formato esquematizado:

- Da união: - exclusivas: art. 21


- privativas: art. 22 (cunho legislativo)
- comuns: art. 23 (dispostas para todos os entes da federação)
- concorrentes: art. 24

Competências exclusivas (art. 21) dão a ideia da necessidade de fazer algo (organizar / administrar). Estão todas
organizadas em verbos. Por serem indelegáveis (intransferíveis), devem ser necessariamente prestadas pela União. Ex:
“organizar”, “manter”, “emitir”, “conceder”.
Obs: dos incisos I ao V do art. 21 apresentam-se as competências pelas quais a União representa o Estado brasileiro
internacionalmente. Exemplo:
- Manter relações com Estados estrangeiros.
- Assegurar a defesa nacional.
- Declarar guerra e celebrar a paz.
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Outros destaques (segundo Nathália Masson) das competências mais importantes:


Inciso I – União representa a República Federativa no Brasil na esfera internacional. Porém, União e RFB são pessoas
jurídicas distintas. A primeira, de direito público interno; a segunda, de direito público externo.
Inciso X – compete a União a manutenção do serviço postal e correio aéreo nacional.
Inciso XI – disciplinar e prestar serviços de telecomunicação.
Inciso XII “a” – obrigatoriedade de irradiação da voz do Brasil.
Competências privativas (art. 22): se tratam de temas em que a União irá legislar. Os incisos iniciam sempre com
substantivos. Ao contrário das exclusivas, estas podem ser delegáveis, inclusive com autorização expressa no art. 22,
parágrafo único. Importante aduzir que essa modalidade de competência pode ser transferida e não cedida pela União;
é possível aos estados-membros legislarem sobre temas dentre os assuntos principais de competência da União, sem-
pre que a estes forem feitas delegações.

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Exemplo:
- Estado do Maranhão edita lei estadual dando prioridade no andamento processual em litígios que apresente
mulher vítima de violência doméstica. Referida lei foi declarada inconstitucional por vício formal, já que invadida
competência privativa da União.
- Estado do Paraná editou lei que obrigava empresas comerciantes de GLP a pesarem os botijões na frente do
consumidor e abater eventual irregularidade. Referida lei julgada inconstitucional pelo STF, por vício formal, já
que compete privativamente a União legislar sobre recursos energéticos.
- Estado de Santa Catarina teve lei estadual declarada inconstitucional, pois proibia veiculação de propaganda de
medicamentos. Como a competência para legislar sobre propaganda comercial é privativa da União, não poderia
ter o estado-membro legislado.
- Requisitos para delegação:
- Formal: apenas a União pode efetuar a delegação por meio de lei complementar.
- Material: a delegação não será voltada para legislar sobre toda a matéria, mas sim alguns temas afetos ao tema.
- Implícito: a delegação não pode privilegiar um ou outro ente da federação; a delegação deverá ser para todos –
princípio da isonomia.

Competências comuns (art. 23) serão cumpridas pela União e demais entes federados. São atribuições exercitadas por
todos os entes concomitantemente; podem ser intituladas “cumulativas”, uma vez que não há limites prévios estipulados
para o cumprimento delas, isto é, a atuação de um ente não inviabiliza ou restringe a atuação dos demais. Por conta de
serem comuns, ideal que se faça pelo legislativo federal a normatização das matérias que podem ser alvo de conflitos
entre os entes. Em havendo o conflito, o STF irá analisar mediante os critérios de preponderância dos interesses.
Exemplos:
- Zelar pela guarda da Constituição e das leis, das instituições democráticas e patrimônio público.
- Cuidar da saúde, da assistência pública.
- Proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico.
- Proteger o meio ambiente e combater a poluição.
- Preservar as florestas, fauna, flora.

Competência concorrente (art. 24) – verificação explícita do chamado federalismo de cooperação (marble cake):
verifica-se para a União competências legislativas concorrentes, pertencentes ao ente em estudo em concorrência com
os Estados-membros e o Distrito Federal. Ao contrário das “comuns” que são cumulativas, a competência concorrente é
“não cumulativa”, pois existem limitações expressas à atuação dos entes, ou seja, as tarefas são previamente definidas.
A União deverá fazer a normatização geral e os estados-membros fazer a sua complementação (competência com-
plementar), adequando-a a sua realidade. Se a União não fizer, os estados poderão fazer (competência suplementar).
Caso o estado-membro tenha feito pela inércia da União e esta depois resolva fazer, prevalecerá a norma da união
pela superveniência da norma geral federal; isso não significa que a lei estadual será revogada, mas sim suspensa a sua
eficácia no que for contrária a lei federal.
Exemplos:
- Legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza. Em âmbito federal presente a Lei dos
Crimes ambientais (Lei 9605/98) e no âmbito estadual, como no Rio Grande do Sul, lei dispondo sobre essa temática.
- Dos estados-membros

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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Competem aos estados-membros e DF as atribuições Resposta: Certo Nos termos do art. 48 X, Cabe ao
que não são reservadas, posto que vedadas à União. Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da
Conforme doutrina, trata-se de uma atuação bastante República, não exigida esta para o especificado nos
esvaziada em virtude da existência de diversas atribui- arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de
ções já previstas para a União. competência da União, especialmente sobre criação,
- Materiais exclusivos (art. 25§1º) são as matérias re- transformação e extinção de cargos, empregos e fun-
manescentes; aquelas não enumeradas pelo art. 21 ções públicas, observado o que estabelece o art. 84,
e/ou de interesse local. VI, b.
- Legislativas privativas: poderão legislar sobre ma-
térias que não tenham sido previstos nem para a 2. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: PGM - Manaus
União nem para os municípios, ou que sejam ve- - AM Prova: Procurador do Município. Conforme regras e
dadas pela CF/88. interpretação da CF, julgue o item subsequente, relativo
- Atenção! Competência legislativa tributária expres- a autonomia municipal e intervenção de estado-membro
sa: art. 155. Tratam-se dos impostos com possibili- em município. Da capacidade de auto-organização mu-
dade de regulamentação pelos estados-membros nicipal decorre a constatação de que o estado-membro
e DF. não pode ingerir na autonomia organizatória do municí-
pio, o que confere a este a possibilidade de ordenar in-
Municípios ternamente, inclusive por meio de lei orgânica, sem a ne-
Competência não legislativa: - Comum (art.23) cessidade de anuência do respectivo governo estadual.
- Exclusiva (art. 30 III a IX)
Competência legislativa: - Elaborar Lei Orgânica (art.
29 caput) ( ) CERTO ( ) ERRADO
- Legislar assunto de interesse local (art. 30 I)
- Suplementar (art. 30 II) Resposta: Certo. Os entes da federação são indepen-
- Elaborar plano diretor (art. 182 §1º) dentes e autônomos entre si. Tem por característica
- Tributária (art. 156). auto-organização, autogoverno e auto-administração.
- Competência do Distrito Federal: este ente da fe- É o que dispõe o art. 18 e também o art. 29, segundo
deração acumula competências voltadas aos esta- o qual, Município reger-se-á por lei orgânica, votada
dos-membros e aos municípios, posto que não é em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias,
apenas reconhecido como estado ou como mu- e aprovada por dois terços dos membros da Câmara
nicípio. Ao ente serão atribuídas as competências Municipal, que a promulgará, atendidos os princípios
legislativas reservadas aos Estados e Municípios estabelecidos nesta Constituição, na Constituição do
(art. 32, § 1°, CF/88) e a competência tributária dos respectivo Estado e os seguintes preceitos.
Municípios (art. 147 CF/88).

Competências (Nathália Masson) ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA; DISPOSI-


(i) editar sua própria Lei Orgânica; ÇÕES GERAIS, SERVIDORES PÚBLICOS
(ii) exercer a competência legislativa remanescente (e
as eventuais enumeradas) dos Estados-membros;
(iii) exercer a eventual competência legislativa dele- CONCEITO DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
gada pela União;
(iv) exercer a competência legislativa concorrente- Administração Pública é uma expressão que pode
-suplementar (complementar e supletiva) com os comportar pelo menos dois sentidos: na sua acepção
Estados-membros; subjetiva e formal, a Administração Pública confunde-se
(vi) exercer a competência legislativa enumerada dos com a pessoa de seus agentes, órgãos, e entidades públi-
Municípios; e cas que exercem a função administrativa. Já na acepção
(vii) exercer a competência legislativa suplementar objetiva e material da palavra, podemos definir a admi-
dos Municípios. nistração pública (alguns doutrinadores preferem colo-
car a palavra em letras minúsculas para distinguir melhor
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

suas concepções), como a atividade estatal de promover


concretamente o interesse público.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Também podemos dividir, na acepção material, em
administração pública lato sensu e stricto sensu. Em sen-
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPE Órgão: EMAP Prova: tido amplo, abrange não somente a função administrati-
Conhecimentos Básicos - Cargos de Nível Médio. No que va, como também a função política, incluindo-se nela os
se refere à organização dos poderes, julgue o item que órgãos governamentais. Em sentido estrito, administra-
segue. A criação de cargo público federal é matéria que ção pública envolve apenas a função administrativa em
cabe ao Congresso Nacional dispor, mas depende da si.
sanção do presidente da República.

( ) CERTO ( ) ERRADO

44
segurança jurídica para os administrados, na me-
EXERCÍCIO COMENTADO dida em que proíbe que a Administração Pública
pratique atos abusivos. Ao contrário dos particu-
1. (CÂMARA DE BELO HORIZONTE-MG – CONSUL- lares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
TOR LEGISLATIVO – CONSULPLAN – 2018) proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
Quanto aos fundamentos do direito administrativo, assi- é expressamente autorizado por lei.
nale a afirmativa correta. b) Impessoalidade: a atividade da Administração
Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
a) Dentre as prerrogativas advindas do regime jurídico- haver qualquer forma de tratamento diferenciado
-administrativo, destaca-se o dever de prestar contas entre os administrados. Há uma forte relação entre
ao cidadão. a impessoalidade e a finalidade pública, pois quem
b) As prerrogativas públicas decorrem do princípio da age por interesse próprio não condiz com a finali-
indisponibilidade, enquanto as sujeições decorrem da dade do interesse público.
supremacia do interesse público. c) Moralidade: a Administração impõe a seus agen-
c) Dentre as sujeições advindas do regime jurídico-ad- tes o dever de zelar por uma “boa-administração”,
ministrativo, destacam-se o poder de polícia e a inter- buscando atuar com base nos valores da moral co-
venção do estado na propriedade. mum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé e lealdade. A
d) O regime jurídico-administrativo sustenta-se nos pila- moralidade não é somente um princípio, mas tam-
res da supremacia do interesse público e da indisponi- bém requisito de validade dos atos administrativos.
bilidade dos interesses e bens públicos. d) Publicidade: a publicação dos atos da Adminis-
tração promove maior transparência e garante
Resposta: Letra D. A supremacia do interesse públi- eficácia erga omnes. Além disso, também diz res-
co e a indisponibilidade dos bens públicos são mui- peito ao direito fundamental que toda pessoa tem
tas vezes denominadas “pedras de toque” do Direito de obter acesso a informações de seu interesse pe-
Administrativo pelos doutrinadores, pois são basilares
los órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse
para fundamentá-lo. A supremacia do interesse públi-
direito ponha em risco a vida dos particulares ou
co gera as prerrogativas públicas, enquanto a indispo-
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
nibilidade gera as sujeições. Lembre-se que o poder
vida íntima dos envolvidos.
de polícia e a intervenção do Estado na propriedade
e) Eficiência: Implementado pela reforma adminis-
são prerrogativas da Administração Pública, e não su-
trativa promovida pela Emenda Constitucional nº
jeições.
19 de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Ad-
ministração de alcançar os seus resultados de uma
PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA forma célere, promovendo melhor produtividade
e rendimento, evitando gastos desnecessários no
Os princípios que regem a atividade da Administra- exercício de suas funções. A eficiência fez com que
ção Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor- a Administração brasileira adquirisse caráter ger-
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém denota- encial, tendo maior preocupação na execução de
dos segundo a interpretação das normas jurídicas. Além serviços com perfeição ao invés de se preocupar
disso, os princípios administrativos podem ser constitu- com procedimentos e outras burocracias. A adoção
cionais, ou infraconstitucionais. da eficiência, todavia, não permite à Administração
agir fora da lei, não se sobrepõe ao princípio da
1. Princípios constitucionais legalidade.

São os princípios previstos no Texto Constitucional, 2. Princípios infraconstitucionais


mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo o
dispositivo: Os princípios administrativos não se esgotam no âm-
bito constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
“A administração pública (observe que o texto legal não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação in-
não fez questão de colocar a expressão em letras fraconstitucional. É o caso do disposto no caput do artigo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

maiúsculas, embora esteja claramente dissertando 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública obe-
sobre a entidade que exerce a função administrativa) decerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, fina-
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, lidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, mo-
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obe- ralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica,
decerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, interesse público e eficiência”.
moralidade, publicidade e eficiência [...]” Convém, então, detalhar esses princípios de origem
legal.
Assim, esquematicamente, temos os princípios cons-
titucionais da: 2.1 Princípio da autotutela

a) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de Alguns concursos utilizam também o nome “princí-
Direito, as atividades do gestor público estão sub- pio da sindicabilidade” para designar a autotutela, que diz
missas a forma da lei. A legalidade promove maior respeito ao controle interno que a Administração Pública

45
exerce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, de toda população brasileira, no seu coletivo. Para atin-
havendo algum ato administrativo ilícito ou que seja in- gir os seus objetivos, a supremacia do interesse público
conveniente e contrário ao interesse público, não é ne- garante diversas prerrogativas à Administração, de modo
cessária a intervenção judicial para que a própria Admi- a facilitar a sua atuação, sobrepondo-se ao interesse dos
nistração anule ou revogue esses atos. particulares.
O interesse privado, por mais que seja protegido e
#FicaDica tenha garantias jurídicas (sobretudo os direitos funda-
Anulação é o procedimento que tem por mentais individuais, dispostos nos incisos do art. 5º da
CF/1988), deve se submeter ao interesse coletivo. Exem-
objetivo retirar um ato ilícito, por ser consi-
plificando: por mais que o direito à propriedade privada
derado uma afronta a lei. A anulação possui
(interesse privado) deva ser protegido e amparado pela
efeito retroativo, ataca a validade do ato até
legislação, isso não impede que o Poder Público possa
o momento da sua concepção (eficácia ex
proibir a construção projetada em terreno onde se situa
tunc). A revogação, por sua vez, é a forma um prédio tombado. A preservação daquele local, como
de desfazer um ato válido, perfeito e legíti- patrimônio histórico, é de interesse público.
mo, mas que por trazer certa inconveniên-
cia, não é mais útil ou oportuno. Não tem 2.3 Princípio da motivação
efeito retroativo, não podendo atingir as
situações advindas antes da revogação (efi- Também pode constar em outras obras como “princí-
cácia ex nunc). pio da obrigatória motivação”. Trata-se de uma técnica de
controle dos atos administrativos, o qual impõe à Admi-
nistração o dever de indicar os pressupostos de fato e de
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judi- direito que justificam a prática daquele ato. A fundamen-
ciário, quis o legislador que a Administração possa, dessa tação da prática dos atos administrativos será sempre por
forma, promover maior celeridade na recomposição da escrito. Possui previsão no art. 50 da Lei nº 9.784/1999:
ordem jurídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior “Os atos administrativos deverão ser motivados, com indi-
proteção ao interesse público contra os atos inconve- cação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, quando (...)”;
nientes. e também no art. 2º, par. único, VII, da mesma Lei: “Nos
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: processos administrativos serão observados, entre outros,
“A Administração deve anular seus próprios atos, quan- os critérios de: VII - indicação dos pressupostos de fato e
do eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por de direito que determinarem a decisão”. A motivação é
motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os uma decorrência natural do princípio da legalidade, pois a
direitos adquiridos”. A distinção feita pelo legislador é prática de um ato administrativo fundamentado, mas que
bastante oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do não esteja previsto em lei, seria algo ilógico.
ato anulatório, e a discricionariedade do ato revogatório. Convém estabelecer a diferença entre motivo e mo-
A Administração pode revogar os atos inconvenientes, tivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida
mas tem o dever de anular os atos ilegais. administrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A
A autotutela também tem previsão em duas súmulas motivação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato ou
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: de direito, que justifica a prática da referida medida. Exem-
plo: na hipótese de alguém sofrer uma multa por ultrapas-
“A Administração Pública pode declarar a nulidade de sar limite de velocidade, a infração é o motivo (ultrapassa-
seus próprios atos”. gem do limite máximo de velocidade); já o documento de
notificação da multa é a motivação. A multa seria, então, o
Súmula nº 473: ato administrativo em questão.
Quanto ao momento correto para sua apresentação,
“A administração pode anular seus próprios atos, entende-se que a motivação pode ocorrer simultanea-
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, mente, ou em um instante posterior a prática do ato (em
porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, respeito ao princípio da eficiência). A motivação intempes-
por motivo de conveniência ou oportunidade, respei- tiva, isso é, aquela dada em um momento demasiadamen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tados os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os te posterior, é causa de nulidade do ato administrativo.
casos, a apreciação judicial”.
2.4 Princípio da finalidade
A utilização do verbo “poder” nas duas súmulas está
incorreta: o certo seria dizer que a Administração deve Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da
anular os seus próprios atos. Lei nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão
observados, entre outros, os critérios de: II - atendimento
2.2 Princípio da supremacia do interesse público a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
de poderes ou competências, salvo autorização em lei”. O
Esse princípio advém da própria autotutela adminis- princípio da finalidade muito se assemelha ao da primazia
trativa. Diz respeito a atuação estatal que, quando age em do interesse público. O primeiro impõe que o Adminis-
vista de algum interesse imediato, o seu fim último deve trador sempre aja em prol de uma finalidade específica,
ser sempre almejar o interesse público, que é a vontade prevista em lei. Já o princípio da supremacia do interesse

46
público diz respeito à sobreposição do interesse da co-
letividade em relação ao interesse privado. A finalidade EXERCÍCIO COMENTADO
disposta em lei pode, por exemplo, ser justamente a pro-
teção ao interesse público. 2. (PC-PI – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo ato, – 2018)
além de ser devidamente motivado, possui um fim espe- A administração pública direta e indireta de qualquer
cífico, com a devida previsão legal. O desvio de finalidade, dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
ou desvio de poder, são defeitos que tornam nulo o ato e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalida-
praticado pelo Poder Público. de, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Aponte a alternativa incorreta.
2.5 Princípio da razoabilidade
a) A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção indeterminado para atender a necessidade temporária
de competência. Todo poder tem suas correspondentes de excepcional interesse público.
limitações. O Estado deve realizar suas funções com coe- b) As funções de confiança, exercidas exclusivamente por
rência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas atender servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
à finalidade prevista na lei, mas é de igual importância o em comissão, a serem preenchidos por servidores de
como ela será atingida. É uma decorrência lógica do prin- carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
cípio da legalidade. previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio- direção, chefia e assessoramento.
nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse pú- c) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
blico, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela associação sindical.
própria entidade administrativa que praticou tal medida. d) O direito de greve será exercido nos termos e nos limi-
Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais tes definidos em lei específica.
aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do e) A lei reservará percentual dos cargos e empregos pú-
poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar blicos para as pessoas com deficiência e definirá os
traduz-se na prática de atos de controle exercidos contra critérios de sua admissão.
seus próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder
de polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado que Resposta: Letra A. O erro encontra-se na palavra “in-
tem por escopo limitar e condicionar o exercício de direi- determinado”: se a necessidade excepcional é tempo-
tos individuais e o direito à propriedade privada. rária, então o correto seria dizer que a contratação é
por tempo determinado. O candidato deve estar bas-
2.6 Princípio da proporcionalidade tante atento e fazer uma leitura minuciosa de cada
alternativa para não cair nesse tipo de “pegadinha”
O princípio da proporcionalidade tem similitudes com muito comum em questões de múltipla escolha.
o princípio da razoabilidade. Há muitos autores, inclusive,
que preferem unir os dois princípios em uma nomencla- CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO
tura só. De fato, a Administração Pública deve atentar-se
a exageros no exercício de suas funções. A proporciona- Estudar a organização administrativa é matéria im-
lidade é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar portantíssima que pode cair em diversas provas com o
a justa medida na prática de atos administrativos. Busca intuito de forçar o candidato a cair em uma “pegadinha”.
evitar extremos e/ou exageros, pois podem ferir o inte- Por isso, é imprescindível saber as diferentes entidades
resse público. que integram a Administração Pública como um todo. O
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, Decreto-Lei nº 200/1967 é a legislação que dispõe sobre
deve o Administrador agir com “adequação entre meios a organização administrativa, além de estabelecer diretri-
e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e zes para a Reforma Administrativa.
sanções em medida superior àquelas estritamente neces- A Administração, para executar suas funções e expe-
sárias ao atendimento do interesse público”. Na prática, dir seus atos, dispõe de duas técnicas distintas: a descon-
a proporcionalidade também encontra sua aplicação no centração, e a descentralização.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

exercício do poder disciplinar e do poder de polícia. Há centralização quando o exercício das competên-
Esses não são os únicos princípios que regem as rela- cias administrativas é realizado por uma única pessoa
ções da Administração Pública. Porém, escolhemos trazer jurídica, como ocorre quando a União, os Estados, Mu-
com mais detalhes os princípios que julgamos ser mais nicípios e o Distrito Federal agem para exercer suas res-
característicos da Administração. Isso não quer dizer que pectivas funções. A descentralização, por sua vez, é a
outros princípios não possam ser estudados ou aplicados técnica em que a Administração Pública atribui suas
a esse ramo jurídico. A Administração também está sub- competências a pessoas jurídicas autônomas, criadas
missa ao princípio da responsabilidade, ao princípio da por ela própria para esse fim. É considerada um prin-
segurança jurídica, ao princípio do contraditório e ampla cípio fundamental da própria Administração, nos termos
defesa, ao princípio da isonomia, entre outros. do art. 6º, III, do Dec-Lei nº 200/1967.
Na descentralização, costuma-se utilizar com bastan-
te frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º,
§ 2º, II, da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, con-

47
sideram-se: II – entidade - a unidade de atuação dotada b) Criação dependente de Lei específica: o surgi-
de personalidade jurídica”. Entidade da Administração, mento da personalidade jurídica da autarquia ad-
assim, é qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço vém com a redação de uma Lei cuja matéria seja
público foi outorgado pela entidade federativa, isso é, somente a criação da referida autarquia (art. 37,
pelas pessoas jurídicas de Direito Público interno (União, XIX, da CF/1988).
Estados, Municípios, Distrito Federal, etc.). Os membros c) Autonomia gerencial, patrimonial e orçamen-
federais, nesses casos, realizam apenas uma tarefa de tária: ter autonomia significa que as autarquias
controle e fiscalização do serviço prestado pela entidade não possuem relação de hierarquia com a Admin-
outorgada. O conjunto de pessoas jurídicas autônomas istração Direta, tendo patrimônio próprio e fun-
criadas pelo próprio Estado para atingir determinada fi- ções típicas que não se confundem com os demais
nalidade denomina-se Administração Indireta ou Des- entes da Federação. Não significa, todavia, que não
centralizada. são independentes de seus entes, podendo sofrer
Se as entidades são dotadas de personalidade jurí- fiscalização destes no exercício de suas atividades.
dica própria, elas têm responsabilidade pelos danos e d) Regime estatutário: os membros da autarquia
prejuízos causados por seus agentes públicos, podendo ocupam cargos públicos. A contratação pelo re-
responder judicialmente pela prática desses atos. gime celetista, isso é, nos termos da CLT, somente
As entidades da Administração Indireta podem ter é admitida em casos excepcionais.
personalidade jurídica de Direito Público ou de Direito e) Responsabilidade objetiva: não há necessidade
Privado. Tal diferença é bastante relevante no que diz de demonstração de culpa para as autarquias
respeito ao procedimento de criação dessas entidades serem responsáveis pela prática de atos de seus
autônomas. agentes. A Administração Direta responde apenas
As pessoas jurídicas de direito público são criadas por subsidiariamente pela prática dos atos danosos,
lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade jurí- caso a autarquia careça de condições patrimoniais
dica advém no momento em que tal legislação entra em para reparar os danos causados.
vigor no âmbito jurídico, não havendo necessidade de
registro em cartório. 1.2 Classificação
As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são
autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja, a
A doutrina tende a classificar as autarquias nos seguin-
legislação deve permitir que ela exista, para que o Poder
tes grupos:
Executivo regulamente suas funções mediante a expedi-
ção de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa forma,
I) Administrativas: são as autarquias comuns, apre-
está condicionada ao seu registro em cartório.
sentam regime jurídico ordinário. Exemplo: Insti-
São pessoas jurídicas de Direito Público membros da
tuto Nacional de Seguridade Social (INSS).
Administração Indireta: as autarquias, as fundações pú-
blicas, agências reguladoras e associações públicas. São II) Especiais: possuem maior autonomia em relação
pessoas jurídicas de Direito Privado: as empresas públi- as autarquias administrativas devido a presença de
cas, as sociedades de economia mista, as fundações go- certas características, como a presença de dirigen-
vernamentais com estrutura de pessoa jurídica de Direito tes com mandato fixo. Podem se subdividir em:
Privado, as subsidiárias, e os consórcios públicos de Di- b.1) especiais stricto sensu (Banco Central); e b.2)
reito Privado. agências reguladoras (Anatel, Anvisa).
III) Corporativas: são as corporações profissionais,
1. Autarquias que promovem o controle e a fiscalização de cat-
egorias profissionais. Exemplos: Crea, CRO, CRM.
As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público IV) Fundacionais: são as fundações públicas, enti-
interno, criadas por legislação própria, que tem por es- dades que arrecadam patrimônio para o cumpri-
copo exercer as funções típicas da Administração Pública. mento de um objetivo específico. Exemplos: Funai,
Seu conceito também encontra-se disposto no art. 5º, I, Procon, Funasa.
do Dec-Lei nº 200/1967: V) Territoriais: são as autarquias de controle da
União, também denominadas territórios federais
Para os fins desta lei, considera-se: I - Autarquia - o (art. 33 da CF/1988). A atual Constituição aboliu os
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

serviço autônomo, criado por lei, com personalidade territórios federais remanescentes.
jurídica, patrimônio e receita próprios, para executar VI) Associativas: são as autarquias criadas pelo re-
atividades típicas da Administração Pública, que re- sultado de uma celebração de consórcio público,
queiram, para seu melhor funcionamento, gestão ad- também denominadas associações públicas. Se o
ministrativa e financeira descentralizada. contrato de consórcio público envolver múltiplos
1.1 Características principais das autarquias entes da Federação, tais autarquias podem ser
transfederativas. Exemplo: associação criada entre
Pelo conceito legal, podemos destacar algumas carac- União, Estados e Municípios para a construção de
terísticas próprias das autarquias. um teatro.

a) Pessoa Jurídica de Direito Público: isso signifi-


ca, em termos gerais, que às autarquias não são
aplicáveis as regras de Direito Privado.

48
ambas de 1995, para atuar como órgãos reguladores, fis-
FIQUE ATENTO! calizadores e controladores da iniciativa privada, que pas-
Curioso é o caso da Ordem dos Advogados saram a desenvolver as tarefas originalmente atribuídas ao
do Brasil (OAB). A princípio, a OAB possui as Estado. Alguns exemplos de agências reguladoras: Aneel,
características de uma autarquia profissio- Anatel, Ancine, ANP, entre outros.
nal ou corporativa, dado seus objetivos de
proteger os interesses de todos os advoga- 3.1 Características
dos do país. Porém, no julgamento da ADI
nº 3.026/2006, o STF decidiu por retirar a As agências reguladoras também são autarquias sob
natureza autárquica da OAB, alegando que, um regime especial, se diferenciando das autarquias co-
muns em dois aspectos:
por não possuir personalidade jurídica de
Direito Público, é entidade independente,
a) Estabilidade: os dirigentes das agências regulado-
não possui nenhum vínculo com a Admi-
ras não podem ser exonerados por qualquer mo-
nistração Pública, apesar de exercer função tivo, ao contrário das autarquias, em que seus di-
institucional. Sendo assim, para todos os rigentes atuam em cargos de comissão. Assim, os
efeitos, o mais correto é afirmar que a OAB dirigentes das agências têm maior proteção contra
não é autarquia! o desligamento forçado, promovendo maior esta-
bilidade no exercício de seu cargo.

b) Mandato fixo: os dirigentes não possuem cargo


2. Fundações públicas vitalício. Mas a existência de mandato fixo garante
também maior estabilidade no seu cargo, visto
As fundações públicas são consideradas espécies de que ele tem prazo determinado para se encerrar.
autarquias, possuindo diversas características similares. A duração dos mandatos pode variar dependendo
Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec-Lei de cada agência, podendo ser de 3 anos como na
nº 200/1967: Anvisa, 4 anos como na Aneel, ou até 5 anos como
na Anatel.
a entidade dotada de personalidade jurídica de di-
reito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude 3.2 Classificação
de autorização legislativa, para o desenvolvimento
de atividades que não exijam execução por órgãos ou As agências reguladoras podem ser classificadas:
entidades de direito público, com autonomia admin-
istrativa, patrimônio próprio gerido pelos respectivos I) Quanto à sua origem: a) agências federais; b) esta-
órgãos de direção, e funcionamento custeado por re- duais; c) municipais; d) distritais.
cursos da União e de outras fontes. II) Quanto à atividade preponderante: a) agências de
serviço, que exercem as funções típicas; b) agências
A Funai, Funasa, o IBGE, são alguns exemplos de fun- de polícia, que exercem fiscalização das atividades
dações públicas. econômicas; c) agências de fomento, que ajudam
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que a desenvolver o setor privado; d) agências de uso
o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como de bens públicos.
entidades com personalidade jurídica de Direito Privado. III) Quanto à previsão constitucional: a) agências
Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição com referência constitucional (a Anatel tem pre-
de 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal dis- visão no art. 21, XI, da CF/1988); b) agências sem
tinção: “somente por lei específica poderá ser criada au- referência constitucional, são a grande maioria.
tarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de IV) Quanto ao instante de sua criação: a) agências de
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à primeira geração (1996 a 1999) na época das pri-
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de vatizações; b) de segunda geração, de 2000 a 2004;
sua atuação”. c) de terceira geração, que adveio com as agên-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Dessa forma, concluímos que as fundações podem cias pluripotenciárias (2005 em diante), exercendo
ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, de- múltiplas funções simultaneamente.
pendendo do que a lei instituidora da fundação delimitar
quanto as suas competências. Todavia, importante frisar 4. Associações públicas
que, mesmo as fundações de regime jurídico privado de-
vem obediência às normas públicas, e não à legislação civil. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
são os entes responsáveis pela regulamentação dos con-
3. Agências reguladoras sórcios públicos e dos convênios de cooperação, autori-
zando a gestão associada de serviços públicos, bem como a
O surgimento das agências reguladoras possui fortes transferência total ou parcial de encargos, serviços, pessoal e
relações com a época das privatizações na segunda me- bens essenciais à continuidade dos serviços transferidos (art.
tade dos anos 1990. Neste contexto, as agências regula- 241 da CF/1988).
doras foram introduzidas, sobretudo pelas ECs nos 8 e 9,

49
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos
entes federados, e que tem por objeto medidas de mú- FIQUE ATENTO!
tua cooperação, denominam-se consórcios públicos. O Tribunal de Contas é instituto criado para
Os consórcios públicos são disciplinados pela Lei nº exercer controle e fiscalização contábil, fi-
11.107/2005. Uma das características mais distintas dos nanceira e orçamentária dos membros do
consórcios é a possibilidade de eles possuírem natureza Estado e da Administração Pública Direta e
de Direito Público ou de Direito Privado. Indireta. Apesar de seu nome, o Tribunal de
Consórcios de Direito Privado obedecem às normas Contas não integra o Poder Judiciário. Na
da legislação civil. Possuem regime celetista, embora não realidade, a doutrina tem suas divergências
possam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a Admi- quanto à matéria, embora a grande maioria
nistração Pública. Já os consórcios de direito público são
admite que o Tribunal de Contas seja vin-
as associações públicas propriamente ditas, podendo ser
culado ao Poder Legislativo, na forma do
inclusive transfederativas se integrarem todas as esferas
art. 71 da CF/1988. Apesar dessa discussão,
das pessoas consorciadas (federal, estadual, municipal).
inegável é a sua autonomia na medida que
5. Empresas Estatais. Empresas públicas e socieda- ajuda o Congresso Nacional no exercício de
des de economia mista controle externo dos membros do Estado.

Empresas do Estado são as pessoas jurídicas de Di- As empresas públicas são pessoas jurídicas de Di-
reito Privado pertencentes à Administração Indireta. São reito Privado, cuja criação depende de autorização legal.
duas: as empresas públicas, e as sociedades de econo- Sua personalidade é concedida pelo registro de seus atos
mia mista. constitutivos em cartório, com a totalidade de seu capi-
tal público, e regime organizacional livre (art. 5º, II, do
5.1 Características das empresas estatais Dec-Lei nº 200/1967), podendo ser organizadas como
sociedade anônima, ou de responsabilidade limitada, ou
As empresas públicas e as sociedades de economia ainda sociedade por comandita de ações. São empresas
mista apresentam características em comum: públicas: o Banco Nacional de Desenvolvimento Econô-
mico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF),
a) Atuação na prestação de serviços públicos ou e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
no desenvolvimento de atividade econômica: (Infraero).
as empresas exploradoras de atividade econômica As sociedades de economia mista têm seu conceito
geralmente recebem menor controle pela Admin- legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São
istração, embora também apresentem certas des- pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação também
vantagens, como não ter imunidade a impostos, e depende de autorização legal e registro em cartório,
seus bens não têm natureza pública, podendo ser possui a maioria de seu capital público, e devem ser obri-
penhorados. gatoriamente organizadas como sociedades anônimas.
b) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União: São sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do
bem como do Poder Judiciário, no que couber. Brasil, Eletrobrás.
c) Contratação de bens e serviços mediante prévia Percebemos algumas diferenças entre as empresas
licitação: a licitação é processo utilizado a fim de públicas e as sociedades de economia mista. A primei-
promover uma competição justa com as empre- ra diz respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas
sas privadas do mesmo setor. Tal imposição não empresas públicas, todo o seu capital deve ser público (o
é exigida para as empresas públicas e sociedades Dec-Lei nº 200/1967 dispõe que seu capital deve advir
de economia mista exploradoras de atividade totalmente “da União”, mas admite-se também o capital
econômica. de origem estadual e municipal), as sociedades de eco-
d) Obrigatoriedade de realização de concurso públi- nomia mista admitem a presença do capital de origem
co: trata-se de uma forma de avaliar os melhores privada, mas pelo menos 50% mais uma de suas ações
funcionários dentro de um grupo seleto de candi- com direito a voto devem pertencer ao Estado. Além dis-
datos. so, outra diferença relevante é em relação à forma de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

e) Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus sua organização: as sociedades de economia mista de-
membros são denominados empregados públicos, vem obrigatoriamente ter a estrutura de sociedade anô-
salvo as hipóteses de contratação para cargo co- nima, trata-se de disposição legal do próprio Dec-Lei nº
missionado. É também vedada a acumulação de 200/1967. As empresas públicas, por sua vez, não sofrem
cargos, empregos ou funções públicas. essa imposição, podendo adotar a estrutura que desejar.
f) Impossibilidade de decretar sua falência: nos ter-
mos do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.

50
finir órgão público como um núcleo de competências do
EXERCÍCIO COMENTADO Estado, sem personalidade jurídica própria. Por ser órgão
despersonalizado, não pode integrar no polo ativo ou
3. (TRT 1ª REGIÃO-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – passivo das ações que objetivam a reparação de danos
INSTITUTO AOCP – 2018) causados pelo exercício da Administração, devendo a
A respeito da organização da Administração Pública, as- pessoa jurídica a que o órgão pertence ser acionada em
sinale a alternativa correta. tais hipóteses.
São exemplos de órgãos públicos: os Ministérios da
a) Os pagamentos devidos, em razão de pronunciamento União, as secretarias estaduais, as Prefeituras e Subpre-
judicial, pelos Conselhos Profissionais, submetem-se feituras, os Tribunais, as Casas Legislativas, entre outros.
ao regime de precatórios. Todos esses órgãos, somados à União, os Estados, Muni-
b) O regime jurídico de direito privado das empresas pú- cípios e o Distrito Federal, compõem a denominada Ad-
blicas é parcialmente derrogado por normas de direito ministração Direta ou Centralizada.
público, cenário este que a doutrina denomina de re-
gime jurídico híbrido. 1. Classificação
c) A dotação patrimonial, no que tange às fundações
instituídas pelo Poder Público, deve ser inteiramente Em relação às modalidades de desconcentração, a
pública. doutrina tende a classificar a desconcentração em três
d) Quanto à forma de organização, as sociedades de eco- espécies distintas:
nomia mista podem ser estruturadas sob qualquer das
formas admitidas em direito. a) Desconcentração territorial ou geográfica: é
e) Descentralização por serviço é a que se verifica quan- aquela em que todos os órgãos recebem as mes-
do, por meio de contrato, transfere-se a execução de mas competências em relação à matéria, a diferen-
determinado serviço público à pessoa jurídica de di- ça encontra-se apenas nas regiões em que devem
reito privado. atuar. É o caso da Delegacias de Polícia.
b) Desconcentração material ou temática: é a que
Resposta: Letra B. A alternativa A está incorreta, pois distribui as competências administrativas tendo
trata-se de entendimento do STF que os conselhos em vista a especialização de cada órgão em um as-
profissionais não se submetem ao regime de precató- sunto específico. Exemplo: o Ministério da Cultura
rios. Alternativa C está incorreta pois há a modalidade da União.
de fundação pública como pessoa jurídica de Direi- c) Desconcentração hierárquica ou funcional: o el-
to Privado. Alternativa D está incorreta pois as socie- emento diferenciador é a relação de subordinação
dades de economia mista só poderão ser instituídas e hierarquia entre os órgãos públicos. Exemplo: os
como sociedades anônimas. Alternativa E está incor- tribunais administrativos possuem subordinação
reta pois a hipótese descrita é a de descentralização em relação aos órgãos de primeira instância.
por delegação.
EXERCÍCIO COMENTADO
CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO
4. (PREFEITURA-SP – AUDITOR FISCAL DO MUNICÍ-
São técnicas utilizadas para o exercício de compe- PIO – FCC – 2007)
tências administrativas, mediante órgãos públicos des- A organização administrativa brasileira tem como carac-
personalizados e vinculados hierarquicamente aos entes terística a:
da Federação. A concentração é caso raríssimo na nossa
Administração, pois pressupõe a ausência completa de a) não previsão de estruturas descentralizadas.
distribuições de tarefas entre suas repartições internas, b) personificação de entes integrantes da Administração
havendo uma forte concentração de poderes em uma indireta.
única pessoa jurídica de Direito Público. c) ausência de relações de hierarquia.
Na desconcentração, todavia, há a repartição das atri- d) ausência de mecanismos de coordenação e de contro-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

buições entre os órgãos públicos pertencentes a uma le finalístico.


mesma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierár- e) inexistência de entidades submetidas a certas regras
quica. Difere-se da descentralização justamente nesse de direito privado.
aspecto: os órgãos públicos, ao contrário das autarquias,
fundações, etc, não têm personalidade jurídica própria, Resposta: Letra B. Impossível dizer que não há re-
e por isso, não possuem a mesma autonomia dos entes lações de hierarquia e subordinação na organização
descentralizados, permanecendo vinculados hierarquica- administrativa. É o caso dos órgãos públicos. Já os en-
mente ao Estado. tes da Administração Indireta possuem, sim, persona-
Muito importante para a desconcentração é a noção lidade jurídica própria, seus bens e patrimônio não se
de órgão público. Nos termos do art. 1º, § 2º, I, da Lei confundem com os membros federativos. Porém, so-
nº 9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação frem controle de fiscalização pelo Poder Público que
integrante da estrutura da Administração direta e da es- lhe concedeu suas competências.
trutura da Administração indireta”. Assim, podemos de-

51
SERVIDORES PÚBLICOS b) servidores públicos, que se dividem em funcioná-
rio público, empregado público e contratados em
1. Conceito caráter temporário. Os servidores públicos formam
a grande massa dos agentes do Estado, desenvol-
Agente público é expressão que engloba todas as vendo variadas funções. O funcionário público é o
pessoas lotadas na Administração, isto é, trata-se da- tipo de servidor público que é titular de um cargo,
queles que servem ao Poder Público. “A expressão se sujeitando a regime estatutário (previsto em es-
agente público tem sentido amplo, significa o conjunto tatuto próprio, não na CLT). O empregado público
de pessoas que, a qualquer título, exercem uma função é o tipo de servidor público que é titular de um
pública como prepostos do Estado. Essa função, é mister emprego, sujeitando-se ao regime celetista (CLT).
que se diga, pode ser remunerada ou gratuita, definitiva Tanto o funcionário público quanto o emprega-
ou transitória, política ou jurídica. O que é certo é que, do público somente se vinculam à Administração
quando atuam no mundo jurídico, tais agentes estão de mediante concurso público, sendo nomeados em
alguma forma vinculados ao Poder Público. Como se caráter efetivo. Contratados em caráter temporário
sabe, o Estado só se faz presente através das pessoas são servidores contratados por um período certo e
físicas que em seu nome manifestam determinada von- determinado, por força de uma situação de excep-
tade, e é por isso que essa manifestação volitiva acaba cional interesse público, não sendo nomeados em
por ser imputada ao próprio Estado. São todas essas caráter efetivo, ocupando uma função pública.
pessoas físicas que constituem os agentes públicos”1. c) particulares em colaboração com o Estado – são
Neste sentido, o artigo 2º da Lei nº 8.429/92 (Lei de agentes que, embora sejam particulares, executam
Improbidade Administrativa): funções públicas especiais que podem ser qualifi-
Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, cadas como públicas. Ex.: mesário, jurado, recruta-
todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou dos para serviço militar.
sem remuneração, por eleição, nomeação, designação,
contratação ou qualquer outra forma de investidura ou
vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entida- #FicaDica
des mencionadas no artigo anterior. Os agentes públicos podem ser agentes po-
Quanto às entidades as quais o agente pode estar líticos, particulares em colaboração com o
vinculado, tem-se o artigo 1º da Lei nº 8.429/92: Estado e servidores públicos. Logo, o servi-
Os atos de improbidade praticados por qualquer
dor público é uma espécie do gênero agen-
agente público, servidor ou não, contra a administração
te público. Com efeito, funcionário público
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes
é uma espécie do gênero servidor público,
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Muni-
abrangendo apenas os servidores que se
cípios, de Território, de empresa incorporada ao patri-
sujeitam a regime estatutário.
mônio público ou de entidade para cuja criação ou cus-
teio o erário haja concorrido ou concorra com mais de
cinquenta por cento do patrimônio ou da receita anual,
serão punidos na forma desta lei. 2.1. Natureza jurídica da relação de emprego público
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalida-
des desta lei os atos de improbidade praticados contra O servidor público de sociedade de economia mista e
o patrimônio de entidade que receba subvenção, bene- de empresa pública não se sujeita a Estatuto, mas sim à
fício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público Consolidação das Leis do Trabalho – CLT. Em suma, não
bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erá- são estatutários e sim celetistas. Logo, a natureza jurídi-
rio haja concorrido ou concorra com menos de cinquen- ca da relação de emprego público é contratual, embo-
ta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitan- ra o vínculo tenha natureza pública. Inclusive, eventuais
do-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão conflitos trabalhistas são resolvidos perante a justiça do
do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. trabalho.
Apesar disso, são contratados mediante concurso pú-
2. Espécies; cargo, emprego e função blico de provas ou provas e títulos, pois mesmo as em-
presas públicas e as sociedades de economia mista são
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Os agentes públicos subdividem-se em: obrigadas a respeitar um núcleo obrigatório mínimo, que
a) agentes políticos – “são os titulares dos cargos es- envolve o dever de contratar apenas por concurso.
truturais à organização política do País [...], Presi-
dente da República, Governadores, Prefeitos e res-
pectivos vices, os auxiliares imediatos dos chefes #FicaDica
de Executivo, isto é, Ministros e Secretários das di-
versas pastas, bem como os Senadores, Deputados Empregado público é celetista – Sujeita-se
Federais e Estaduais e os Vereadores”2. O agente à CLT – Relação contratual
político é aquele detentor de cargo eletivo, eleito Servidor público é estatutário – Sujeita-se à
por mandatos transitórios. respectiva lei especial – Relação estatutária
1 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
2 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrati-
vo. 32. ed. São Paulo: Malheiros, 2015.

52
3. Ausência de competência: agente de fato mais que empresas públicas e sociedades de economia
mista sejam pessoas jurídicas de direito privado, devem
O agente precisa estar legitimamente investido num respeitar o núcleo mínimo de imposições ao poder pú-
cargo para praticar um ato administrativo, isto é, deve ter blico, inclusive a obrigação de prover seus empregos por
competência para tanto. Contudo, existe a situação do meio de concurso público.
agente de fato, que é aquele em relação ao qual a investi-
dura está maculada de um defeito.
Di Pietro3 exemplifica tal situação: “falta de requisito #FicaDica
legal para investidura, como certificado de sanidade venci- Todas entidades da administração direta e
do; inexistência de formação universitária para função que
indireta devem realizar concurso público
a exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo ocorre
para contratar funcionários públicos.
quando o servidor está suspenso do cargo, ou exerce fun-
Exceção: cargo em comissão, baseado em
ções depois de vencido o prazo de sua contratação, ou
confiança.
continua em exercício após a idade-limite para aposenta-
doria compulsória”.
Essa ilegalidade gera efeitos na competência do ato ad- 4. Servidor ocupante de cargo em comissão
ministrativo, mas não pode ser confundida com o crime de
usurpação de função (art. 328, CP), no qual o sujeito exerce Os cargos em comissão são de nomeação livre, dis-
uma atribuição de cargo, emprego ou função pública, sem pensando concurso público.
ocorrer nenhuma forma de investidura. No caso do agente de O ocupante de cargo em comissão não precisa ser
fato, há investidura, mas ela se deu sem os devidos requisitos. titular de cargo efetivo.
Quanto aos atos praticados pelo agente de fato, a dou- Serve para cargos de chefias, assessoramento e dire-
trina majoritária considera-os válidos, por causa da aparên- ção, notadamente, cargos de confiança.
cia de conformidade com a lei e em preservação da boa-fé Os servidores que ocupam cargo em comissão po-
dos administrados. Entretanto, será necessário ponderar dem ser exonerados a qualquer tempo, pois não adqui-
no caso concreto, utilizando como vetores a segurança ju- rem estabilidade e nem as garantias que dela decorrem
rídica e a boa-fé da população, bem como observando se a
(exonerado “ad nutum”).
falta de competência não poderia ser facilmente detectada.
Se sujeita ao regime geral da previdência social.
Quanto ao regime de trabalho, será o mesmo dos
3.1. Exigência de concurso público para investidura
demais servidores do órgão em que ocupa o cargo – se
em cargo ou emprego público
for estatutário, seguirá o mesmo estatuto e fará jus aos
direitos ali previstos, exceto os de natureza previdenciá-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego
ria; se for celetista, seguirá as normas da CLT e terá os
público depende de aprovação prévia em concurso pú-
blico de provas ou de provas e títulos, de acordo com a mesmos direitos ali assegurados, inclusive FGTS.
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para #FicaDica
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea-
ção e exoneração. Servidor que ocupe cargo em comissão ja-
mais adquire estabilidade.
Neste sentido, preconiza o artigo 10 da Lei nº Pode ser exonerado a qualquer tempo.
8.112/1990: Não se sujeita a regime estatutário – contri-
Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de bui pelo INSS e se sujeita à CLT.
carreira ou cargo isolado de provimento efetivo de-
pende de prévia habilitação em concurso público de
provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de 4.1. Servidor efetivo e vitalício: garantias
classificação e o prazo de sua validade.
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso O servidor público efetivo, aquele que foi provido em
e o desenvolvimento do servidor na carreira, mediante cargo mediante nomeação seguida da aprovação em con-
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as curso público, está apto a adquirir estabilidade, nos mol-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

diretrizes do sistema de carreira na Administração des do artigo 41, CF, após três anos de efetivo exercício.
Pública Federal e seus regulamentos. Os primeiros 3 anos de serviço correspondem ao es-
tágio probatório, período em que o servidor deverá ser
No concurso de provas o candidato é avaliado ape- submetido a uma avaliação especial de desempenho.
nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos Nos moldes do artigo 41, §1º, CF, o servidor apenas
concursos de provas e títulos o seu currículo em toda perderá o cargo em virtude de sentença judicial transi-
sua atividade profissional também é considerado. tada em julgado, mediante processo administrativo em
Cargo em comissão é o cargo de confiança, que não que lhe seja assegurada ampla defesa ou mediante pro-
exige concurso público, sendo exceção à regra geral. cedimento de avaliação periódica de desempenho, na
Em todas outras situações, a administração direta e forma de lei complementar, assegurada ampla defesa.
indireta é obrigada a prover seus cargos, empregos e Logo, é possível a perda do cargo mesmo após adquirir a
funções por meio de concursos públicos. Inclusive, por estabilidade, mas há garantias quanto à forma como isso
3 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São pode ocorrer.
Paulo: Atlas editora, 2010.

53
Além das hipóteses citadas, existe mais uma possibi- § 3º  Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida-
lidade de perda de cargo (sem caráter punitivo), mesmo de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com
que o seu detentor seja estável no serviço público. Tra- remuneração proporcional ao tempo de serviço, até
ta-se da perda de cargo para adequação dos gastos do seu adequado aproveitamento em outro cargo.
Estado à Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF. § 4º  Como condição para a aquisição da estabilidade,
A Constituição Federal inicialmente impõe que os en- é obrigatória a avaliação especial de desempenho por
tes federativos, no caso de extrapolação dos limites de comissão instituída para essa finalidade.
gastos previstos na LRF, reduzam as despesas com servi- Art. 20, Lei nº 8.112/1990. Ao entrar em exercício, o
dores públicos comissionados e não estáveis, conforme servidor nomeado para cargo de provimento efetivo
art. 169, §3º, CF. Mas se as medidas previstas no §3º do ficará sujeito a estágio probatório por período de 24
art. 169 não forem suficientes para adequar e controlar (vinte e quatro) meses, durante o qual a sua aptidão e
as despesas públicas, a CF/88 prevê, em seu §4º, a perda capacidade serão objeto de avaliação para o desem-
do cargo até mesmo na hipótese em que o seu ocupante penho do cargo, observados os seguinte fatores:
detenha estabilidade no serviço público. Se ocorrer esta I - assiduidade;
hipótese, o servidor estável que perder o cargo terá di- II - disciplina;
reito a indenização correspondente a 1 mês de remune- III - capacidade de iniciativa;
ração por ano de serviço público. IV - produtividade;
Existem alguns servidores públicos efetivos que não V - responsabilidade.
possuem apenas estabilidade, mas sim vitaliciedade. São § 1º 4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
eles os membros do Poder Judiciário e do Ministério Pú- tágio probatório, será submetida à homologação da
blico (artigo 95, I, CF; artigo 128, §5º, I, “a”, CF). autoridade competente a avaliação do desempenho
O prazo para a aquisição da vitaliciedade é diferente do servidor, realizada por comissão constituída para
do prazo para aquisição da estabilidade, sendo adquiri- essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
da após 2 anos de serviço público. Durante esse perío- ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
do, também é submetido o servidor a “estágio probató-
sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
rio”, chamado de processo de vitaliciamento.
enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
Um fator importantíssimo a favor dos agentes vi-
§ 2º O servidor não aprovado no estágio probatório
talícios é que eles somente podem perder o cargo em
será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
decorrência de decisão judicial transitada em julgado.
anteriormente ocupado, observado o disposto no pa-
Então, as várias hipóteses de perda de cargo previstas
rágrafo único do art. 29.
para servidores estáveis não se aplicam aos servidores
§ 3º O servidor em estágio probatório poderá exercer
vitalícios.
quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
#FicaDica ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Na-
Apenas o servidor público efetivo pode se tureza Especial, cargos de provimento em comissão do
tornar estável. Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de
A estabilidade depende de aprovação no es- níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
tágio probatório, cujo período é de 3 anos. § 4º Ao servidor em estágio probatório somente po-
derão ser concedidas as licenças e os afastamentos
previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
5. Estágio probatório assim afastamento para participar de curso de forma-
ção decorrente de aprovação em concurso para outro
Estabelece a Constituição Federal em seu artigo 41, a cargo na Administração Pública Federal.
ser lido em conjunto com o artigo 20 da Lei nº 8.112/1990: § 5º O estágio probatório ficará suspenso durante as
licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
Artigo 41, CF.  São estáveis após três anos de efetivo § 1º, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
exercício os servidores nomeados para cargo de provi- em curso de formação, e será retomado a partir do
mento efetivo em virtude de concurso público. término do impedimento.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo:


I -  em virtude de sentença judicial transitada em julgado; O estágio probatório pode ser definido como um lap-
II -  mediante processo administrativo em que lhe seja so de tempo no qual a aptidão e capacidade do servidor
assegurada ampla defesa; serão avaliadas de acordo com critérios de assiduidade,
III -  mediante procedimento de avaliação periódica de disciplina, capacidade de iniciativa, produtividade e res-
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- ponsabilidade. O servidor não aprovado no estágio pro-
rada ampla defesa. batório será exonerado ou, se estável, reconduzido ao
§ 2º  Invalidada por sentença judicial a demissão do cargo anteriormente ocupado. Não existe vedação para
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual um servidor em estágio probatório exercer quaisquer
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo cargos de provimento em comissão ou funções de di-
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em reção, chefia ou assessoramento no órgão ou entidade
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune- de lotação.
ração proporcional ao tempo de serviço.

54
Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a dis- Em relação às formas de vacância, que ocorre quando
ciplina do estágio probatório mudou, notadamente au- o cargo púbico anteriormente ocupado fica livre, colo-
mentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista cam-se: falecimento, aposentadoria, promoção, demis-
que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal, são, exoneração, readaptação, posse em outro cargo cuja
mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir acumulação seja vedada.
o disposto no artigo 41 da Constituição Federal.
Uma vez adquirida a aprovação no estágio probató-
rio, o servidor público somente poderá ser exonerado #FicaDica
nos casos do §1º do artigo 40 da Constituição Federal, Vacância = liberação do cargo que antes se
notadamente: em virtude de sentença judicial transitada encontrava ocupado/provido.
em julgado; mediante processo administrativo em que Provimento = preenchimento do cargo
lhe seja assegurada ampla defesa; ou mediante procedi- vago, podendo ser originário ou derivado.
mento de avaliação periódica de desempenho, na forma
de lei complementar, assegurada ampla defesa (sendo
esta lei complementar ainda inexistente no âmbito fe- 5.2. Direitos, deveres e responsabilidades dos ser-
deral). vidores públicos civis
5.1. Formas de provimento e vacância dos cargos No âmbito federal, são objeto da Lei nº 8.112/1990,
públicos que institui o regime jurídico dos servidores públicos ci-
vis federais.
Provimento é o preenchimento do cargo público; ao
passo que vacância é a sua desocupação.

O provimento pode se dar de forma originária ou de- EXERCÍCIOS COMENTADOS


rivada.
De forma originária, o provimento pressupõe que não
1.(EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
exista uma relação jurídica anterior entre servidor público
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos fede-
e Administração.
rais, julgue o item a seguir.
A única forma de provimento originário é a nomea-
A promoção não constitui forma de provimento em car-
ção, que pode ser em caráter efetivo (mediante aprova-
go público.
ção em concurso) ou em comissão (tratando-se de cargo
de confiança).
( ) CERTO ( ) ERRADO
De forma derivada, o provimento pressupõe que exis-
ta uma relação jurídica anterior entre servidor público e
Administração. Resposta: Errado - A promoção é uma forma deriva-
Pode se dar de diversas formas: promoção, readap- da de provimento do cargo público, acessível àqueles
tação, reversão, aproveitamento, reintegração e recon- que estão na carreira e vão galgar novo degrau em
dução. cargo de nível superior ao ocupado no momento.
Promoção é a elevação de um servidor de uma classe
para outra dentro de uma mesma carreira. 2. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-
Readaptação é a passagem do servidor para outro PE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as
cargo compatível com a deficiência física que ele venha disposições constitucionais e legais acerca dos agentes
a apresentar. públicos.
Reversão é o retorno ao serviço ativo do servidor A investidura em cargo, emprego ou função pública exi-
aposentado por invalidez quando insubsistentes os mo- ge a prévia aprovação em concurso público de provas ou
tivos da aposentadoria. de provas e títulos, na forma prevista em lei.
Aproveitamento é o retorno ao serviço ativo do ser-
vidor que se encontrava em disponibilidade e foi apro- ( ) CERTO ( ) ERRADO
veitado em cargo semelhante àquele anteriormente ocu-
pado. Resposta: Errado - A função pública é exercida por
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Reintegração é o retorno ao serviço ativo do servi- servidores contratados temporariamente com base
dor que fora demitido, quando a demissão for anulada no artigo 37, IX, CF, não dependendo de concurso.
administrativamente ou judicialmente, voltando para o Destaca-se que o artigo 37, II, CF, prevê: “a investidura
mesmo cargo que ocupava anteriormente. em cargo ou emprego público depende de aprovação
Recondução é o retorno ao cargo anteriormente ocu- prévia em concurso público de provas ou de provas e
pado, do servidor que não logrou êxito no estágio pro- títulos, de acordo com a natureza e a complexidade
batório de outro cargo para o qual foi nomeado decor- do cargo ou emprego, na forma prevista em lei, ressal-
rente de outro concurso. vadas as nomeações para cargo em comissão declara-
Obs.: São consideradas formas inconstitucionais de do em lei de livre nomeação e exoneração”.
provimento a transferência, que era a passagem de um
servidor de um quadro para outro dentro de um mesmo
poder, e a ascensão, que significava a passagem de uma
carreira para outra.

55
3. (STM - Técnico Judiciário - Administrativa - CES- Preconiza o artigo 10 da Lei nº 8.112/1990:
PE/2018) Acerca do direito administrativo, dos atos Artigo 10, Lei nº 8.112/90. A nomeação para cargo de
administrativos e dos agentes públicos, julgue o item a carreira ou cargo isolado de provimento efetivo de-
seguir. pende de prévia habilitação em concurso público de
Em que pese ocuparem cargos eletivos, as pessoas físi- provas ou de provas e títulos, obedecidos a ordem de
cas que compõem o Poder Legislativo são consideradas classificação e o prazo de sua validade.
agentes públicos. Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso
e o desenvolvimento do servidor na carreira, median-
( ) CERTO ( ) ERRADO te promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú-
Resposta: Certo - Existem três espécies de agentes blica Federal e seus regulamentos.
públicos: agentes políticos, agentes administrativos
(entram aqui os servidores e empregados públicos) No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
e particulares em colaboração com o Estado. Aqueles nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
que ocupam cargo eletivo, exercendo assim manda- concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
to, são agentes políticos, espécie do gênero agente atividade profissional também é considerado. Cargo em
público. comissão é o cargo de confiança, que não exige concurso
público, sendo exceção à regra geral.
Artigo 37, III, CF. O prazo de validade do concurso pú-
Preceitos constitucionais blico será de até dois anos, prorrogável uma vez, por
igual período.
O artigo 37 da Constituição Federal estabelece os
princípios da administração pública estudados no tópico Artigo 37, IV, CF. Durante o prazo improrrogável pre-
anterior, aos quais estão sujeitos servidores de quaisquer visto no edital de convocação, aquele aprovado em
dos Poderes em qualquer das esferas federativas, e, em concurso público de provas ou de provas e títulos será
seus incisos, regras mínimas sobre o serviço público: convocado com prioridade sobre novos concursados
Artigo 37, I, CF. Os cargos, empregos e funções públi- para assumir cargo ou emprego, na carreira.
cas são acessíveis aos brasileiros que preencham os Prevê o artigo 12 da Lei nº 8.112/1990:
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos es- Artigo 12, Lei nº 8.112/1990. O concurso público terá
trangeiros, na forma da lei. validade de até 2 (dois) anos, podendo ser prorrogado
uma única vez, por igual período.
Aprofundando a questão, tem-se o artigo 5º da Lei nº §1º O prazo de validade do concurso e as condições
8.112/1990, que prevê: de sua realização serão fixados em edital, que será pu-
Artigo 5º, Lei nº 8.112/1990. São requisitos básicos blicado no Diário Oficial da União e em jornal diário
para investidura em cargo público: de grande circulação.
I - a nacionalidade brasileira; § 2º Não se abrirá novo concurso enquanto houver
II - o gozo dos direitos políticos; candidato aprovado em concurso anterior com prazo
III - a quitação com as obrigações militares e eleitorais; de validade não expirado.
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício
do cargo; O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
V - a idade mínima de dezoito anos; crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
VI - aptidão física e mental. validade. Havendo candidatos aprovados na vigência do
§ 1º As atribuições do cargo podem justificar a exigên- prazo do concurso, ele deve ser chamado para assumir
cia de outros requisitos estabelecidos em lei. [...] eventual vaga e não ser realizado novo concurso.
§ 3º As universidades e instituições de pesquisa cientí- Destaca-se que o §2º do artigo 37, CF, prevê:
fica e tecnológica federais poderão prover seus cargos Artigo 37, §2º, CF. A não-observância do disposto
com professores, técnicos e cientistas estrangeiros, de nos incisos II e III implicará a nulidade do ato e a pu-
acordo com as normas e os procedimentos desta Lei. nição da autoridade responsável, nos termos da lei.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Destaca-se a exceção ao inciso I do artigo 5° da Lei Com efeito, há tratamento rigoroso da responsabi-
nº 8.112/1990 e do inciso I do artigo 37, CF, prevista no lização daquele que viola as diretrizes mínimas sobre o
artigo 207 da Constituição, permitindo que estrangeiros ingresso no serviço público, que em regra se dá por con-
assumam cargos no ramo da pesquisa, ciência e tecno- curso de provas ou de provas e títulos.
logia. Artigo 37, V, CF. As funções de confiança, exercidas ex-
clusivamente por servidores ocupantes de cargo efeti-
Artigo 37, II, CF. A investidura em cargo ou emprego vo, e os cargos em comissão, a serem preenchidos por
público depende de aprovação prévia em concurso pú- servidores de carreira nos casos, condições e percentu-
blico de provas ou de provas e títulos, de acordo com a ais mínimos previstos em lei, destinam-se apenas às
natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na atribuições de direção, chefia e assessoramento.
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para Observa-se o seguinte quadro comparativo4:
cargo em comissão declarado em lei de livre nomea-
4 http://direitoemquadrinhos.blogspot.com.br/2011/03/quadro-
ção e exoneração.
-comparativo-funcao-de-confianca.html

56
Função de Confiança Cargo em Comissão
Exercidas exclusivamente por servidores ocupantes de Qualquer pessoa, observado o percentual mínimo reserva-
cargo efetivo. do ao servidor de carreira.
Com concurso público, já que somente pode exercê-la
Sem concurso público, ressalvado o percentual mínimo re-
o servidor de cargo efetivo, mas a função em si não
servado ao servidor de carreira.
prescindível de concurso público.
É atribuído posto (lugar) num dos quadros da Administração
Somente são conferidas atribuições e responsabilidade Pública, conferida atribuições e responsabilidade àquele
que irá ocupá-lo
Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e Destinam-se apenas às atribuições de direção, chefia e as-
assessoramento sessoramento
De livre nomeação e exoneração no que se refere à
De livre nomeação e exoneração
função e não em relação ao cargo efetivo.

Artigo 37, VI, CF. É garantido ao servidor público civil o direito à livre associação sindical.

A liberdade de associação é garantida aos servidores públicos tal como é garantida a todos na condição de direito
individual e de direito social.

Artigo 37, VII, CF. O direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica.

O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos possuem o direito de greve, devendo se atentar
pela preservação da sociedade quando exercê-lo. Enquanto não for elaborada uma legislação específica para os fun-
cionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n° 7.783/89
(Mandado de Injunção nº 20).

Artigo 37, VIII, CF. A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência
e definirá os critérios de sua admissão.
Neste sentido, o §2º do artigo 5º da Lei nº 8.112/1990:
Artigo 5º, Lei nº 8.112/90. Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso
público para provimento de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para
tais pessoas serão reservadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Prossegue o artigo 37, CF:
Artigo 37, IX, CF. A lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a necessidade tem-
porária de excepcional interesse público.

A Lei nº 8.745/1993 regulamenta este inciso da Constituição, definindo a natureza da relação estabelecida entre o
servidor contratado e a Administração Pública, para atender à “necessidade temporária de excepcional interesse pú-
blico”.
“Em se tratando de relação subordinada, isto é, de relação que comporta dependência jurídica do servidor perante
o Estado, duas opções se ofereciam: ou a relação seria trabalhista, agindo o Estado iure gestionis, sem usar das prerro-
gativas de Poder Público, ou institucional, estatutária, preponderando o ius imperii do Estado. Melhor dizendo: o siste-
ma preconizado pela Carta Política de 1988 é o do contrato, que tanto pode ser trabalhista (inserindo-se na esfera do
Direito Privado) quanto administrativo (situando-se no campo do Direito Público). [...] Uma solução intermediária não
deixa, entretanto, de ser legítima. Pode-se, com certeza, abonar um sistema híbrido, eclético, no qual coexistam normas
trabalhistas e estatutárias, pondo-se em contiguidade os vínculos privado e administrativo, no sentido de atender às
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

exigências do Estado moderno, que procura alcançar os seus objetivos com a mesma eficácia dos empreendimentos
não-governamentais”5.
Artigo 37, X, CF. A remuneração dos servidores públicos e o subsídio de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser
fixados ou alterados por lei específica, observada a iniciativa privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
sempre na mesma data e sem distinção de índices.
Artigo 37, XV, CF. O subsídio e os vencimentos dos ocupantes de cargos e empregos públicos são irredutíveis, ressalva-
do o disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I.
Artigo 37, §10, CF. É vedada a percepção simultânea de proventos de aposentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts.
42 e 142 com a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressalvados os cargos acumuláveis na forma desta
Constituição, os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em lei de livre nomeação e exoneração.

Sobre a questão, disciplina a Lei nº 8.112/1990 nos artigos 40 e 41:


5 VOGEL NETO, Gustavo Adolpho. Contratação de servidores para atender a necessidade temporária de excepcional interesse público. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/revista/Rev_39/Artigos/Art_Gustavo.htm>. Acesso em: 23 dez. 2014.

57
Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo Com efeito, os §§ 11 e 12 do artigo 37, CF tecem apro-
exercício de cargo público, com valor fixado em lei. fundamentos sobre o mencionado inciso XI:
Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efeti-
vo, acrescido das vantagens pecuniárias permanentes Artigo 37, § 11, CF. Não serão computadas, para efeito
estabelecidas em lei. dos limites remuneratórios de que trata o inciso XI do
§ 1º A remuneração do servidor investido em função caput deste artigo, as parcelas de caráter indenizató-
ou cargo em comissão será paga na forma prevista no rio previstas em lei.
art. 62. Artigo 37, § 12, CF. Para os fins do disposto no inciso
XI do caput deste artigo, fica facultado aos Estados
§ 2º O servidor investido em cargo em comissão de ór- e ao Distrito Federal fixar, em seu âmbito, mediante
gão ou entidade diversa da de sua lotação receberá a emenda às respectivas Constituições e Lei Orgânica,
remuneração de acordo com o estabelecido no § 1º do como limite único, o subsídio mensal dos Desembar-
art. 93. gadores do respectivo Tribunal de Justiça, limitado a
§ 3º O vencimento do cargo efetivo, acrescido das noventa inteiros e vinte e cinco centésimos por cento
vantagens de caráter permanente, é irredutível. do subsídio mensal dos Ministros do Supremo Tribunal
§ 4º É assegurada a isonomia de vencimentos para Federal, não se aplicando o disposto neste parágrafo
cargos de atribuições iguais ou assemelhadas do mes- aos subsídios dos Deputados Estaduais e Distritais e
mo Poder, ou entre servidores dos três Poderes, ressal- dos Vereadores.
vadas as vantagens de caráter individual e as relativas
à natureza ou ao local de trabalho. Por seu turno, o artigo 37 quanto à vinculação ou
§ 5º Nenhum servidor receberá remuneração inferior equiparação salarial:
ao salário mínimo.
Artigo 37, XIII, CF. É vedada a vinculação ou equipa-
Ainda, o artigo 37 da Constituição: ração de quaisquer espécies remuneratórias para o
efeito de remuneração de pessoal do serviço público.
Artigo 37, XI, CF. A remuneração e o subsídio dos Os padrões de vencimentos são fixados por conselho
ocupantes de cargos, funções e empregos públicos da de política de administração e remuneração de pessoal,
administração direta, autárquica e fundacional, dos integrado por servidores designados pelos respectivos
membros de qualquer dos Poderes da União, dos Esta- Poderes (artigo 39, caput e § 1º), sem qualquer garantia
dos, do Distrito Federal e dos Municípios, dos detento- constitucional de tratamento igualitário aos cargos que
res de mandato eletivo e dos demais agentes políticos se mostrem similares.
e os proventos, pensões ou outra espécie remunera-
tória, percebidos cumulativamente ou não, incluídas Artigo 37, XIV, CF. Os acréscimos pecuniários percebi-
as vantagens pessoais ou de qualquer outra natureza, dos por servidor público não serão computados nem
não poderão exceder o subsídio mensal, em espécie, acumulados para fins de concessão de acréscimos ul-
dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, aplicando- teriores.
-se como limite, nos Municípios, o subsídio do Prefeito,
e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio mensal A preocupação do constituinte, ao implantar tal pre-
do Governador no âmbito do Poder Executivo, o subsí- ceito, foi de que não eclodisse no sistema remuneratório
dio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito do dos servidores, ou seja, evitar que se utilize uma vanta-
Poder Legislativo e o subsídio dos Desembargadores gem como base de cálculo de um outro benefício. Dessa
do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e forma, qualquer gratificação que venha a ser concedida
vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal, ao servidor só pode ter como base de cálculo o próprio
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Fede- vencimento básico. É inaceitável que se leve em conside-
ral, no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite ração outra vantagem até então percebida.
aos membros do Ministério Público, aos Procuradores
e aos Defensores Públicos.
Artigo 37, XII, CF. Os vencimentos dos cargos do Poder Artigo 37, XVI, CF. É vedada a acumulação remunera-
Legislativo e do Poder Judiciário não poderão ser su- da de cargos públicos, exceto, quando houver compa-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

periores aos pagos pelo Poder Executivo. tibilidade de horários, observado em qualquer caso o
Prevê a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 42: disposto no inciso XI: a)  a de dois cargos de professor;
b)  a de um cargo de professor com outro, técnico ou
Artigo 42, Lei nº 8.112/90. Nenhum servidor pode- científico; c)  a de dois cargos ou empregos privativos
rá perceber, mensalmente, a título de remuneração, de profissionais de saúde, com profissões regulamen-
importância superior à soma dos valores percebidos tadas.
como remuneração, em espécie, a qualquer título, no Artigo 37, XVII, CF. A proibição de acumular estende-
âmbito dos respectivos Poderes, pelos Ministros de Es- -se a empregos e funções e abrange autarquias, fun-
tado, por membros do Congresso Nacional e Minis- dações, empresas públicas, sociedades de economia
tros do Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. mista, suas subsidiárias, e sociedades controladas, di-
Excluem-se do teto de remuneração as vantagens pre- reta ou indiretamente, pelo poder público.
vistas nos incisos II a VII do art. 61.

58
Segundo Carvalho Filho6, “o fundamento da proibição vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela
é impedir que o cúmulo de funções públicas faça com Lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
que o servidor não execute qualquer delas com a ne- com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
cessária eficiência. Além disso, porém, pode-se observar cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni-
que o Constituinte quis também impedir a cumulação de dades para regularizar sua situação e escapar da pena de
ganhos em detrimento da boa execução de tarefas pú- demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro-
blicas. [...] Nota-se que a vedação se refere à acumulação cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de
remunerada. Em consequência, se a acumulação só en- rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 7.
cerra a percepção de vencimentos por uma das fontes,
não incide a regra constitucional proibitiva”. Artigo 37, XVIII, CF. A administração fazendária e seus
servidores fiscais terão, dentro de suas áreas de com-
A Lei nº 8.112/1990 regulamenta intensamente a petência e jurisdição, precedência sobre os demais se-
questão: tores administrativos, na forma da lei.
Artigo 118, Lei nº 8.112/1990.  Ressalvados os casos Artigo 37, XXII, CF. As administrações tributárias da
previstos na Constituição, é vedada a acumulação re- União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
munerada de cargos públicos. cípios, atividades essenciais ao funcionamento do Es-
§  1o   A proibição de acumular estende-se a cargos, tado, exercidas por servidores de carreiras específicas,
empregos e funções em autarquias, fundações públi- terão recursos prioritários para a realização de suas
cas, empresas públicas, sociedades de economia mista atividades e atuarão de forma integrada, inclusive
da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territó- com o compartilhamento de cadastros e de informa-
rios e dos Municípios. ções fiscais, na forma da lei ou convênio.
§ 2o   A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica
condicionada à comprovação da compatibilidade de “O Estado tem como finalidade essencial a garantia
horários. do bem-estar de seus cidadãos, seja através dos serviços
§ 3o  Considera-se acumulação proibida a percepção públicos que disponibiliza, seja através de investimentos
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo na área social (educação, saúde, segurança pública). Para
com proventos da inatividade, salvo quando os cargos atingir esses objetivos primários, deve desenvolver uma
de que decorram essas remunerações forem acumulá- atividade financeira, com o intuito de obter recursos in-
veis na atividade. dispensáveis às necessidades cuja satisfação se compro-
Art.  119, Lei nº 8.112/1990.   O servidor não poderá meteu quando estabeleceu o “pacto” constitucional de
exercer mais de um cargo em comissão, exceto no 1988. [...] A importância da Administração Tributária foi
caso previsto no parágrafo único do art. 9o, nem ser reconhecida expressamente pelo constituinte que acres-
remunerado pela participação em órgão de delibera- centou, no artigo 37 da Carta Magna, o inciso XVIII, esta-
ção coletiva.  belecendo a sua precedência e de seus servidores sobre
os demais setores da Administração Pública, dentro de
Parágrafo único.  O disposto neste artigo não se aplica suas áreas de competência”8.
à remuneração devida pela participação em conse-
lhos de administração e fiscal das empresas públicas Artigo 37, XIX, CF. Somente por lei específica poderá
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e ser criada autarquia e autorizada a instituição de em-
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- presa pública, de sociedade de economia mista e de
dades em que a União, direta ou indiretamente, dete- fundação, cabendo à lei complementar, neste último
nha participação no capital social, observado o que, a caso, definir as áreas de sua atuação.
respeito, dispuser legislação específica. Artigo 37, XX, CF. Depende de autorização legislativa,
Art. 120, Lei nº 8.112/1990.  O servidor vinculado ao em cada caso, a criação de subsidiárias das entidades
regime desta Lei, que acumular licitamente dois cargos mencionadas no inciso anterior, assim como a partici-
efetivos, quando investido em cargo de provimento em pação de qualquer delas em empresa privada.
comissão, ficará afastado de ambos os cargos efetivos,
salvo na hipótese em que houver compatibilidade de Órgãos da administração indireta somente podem
horário e local com o exercício de um deles, declarada ser criados por lei específica e a criação de subsidiárias
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

pelas autoridades máximas dos órgãos ou entidades destes dependem de autorização legislativa (o Estado
envolvidos. cria e controla diretamente determinada empresa públi-
ca ou sociedade de economia mista, e estas, por sua vez,
“Os artigos 118 a 120 da Lei nº 8.112/90 ao tratarem passam a gerir uma nova empresa, denominada subsi-
da acumulação de cargos e funções públicas, regulamen- diária. Ex.: Transpetro, subsidiária da Petrobrás). “Abrimos
tam, no âmbito do serviço público federal a vedação ge- um parêntese para observar que quase todos os autores
nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons- que abordam o assunto afirmam categoricamente que,
tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de a despeito da referência no texto constitucional a ‘sub-
cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns sidiárias das entidades mencionadas no inciso anterior’,
praticadas por servidores públicos, o que se constata ob- 7 MORGATO, Almir. O Regime Disciplinar dos Servidores Públicos
servando o elevado número de processos administrati- da União. Disponível em: <http://www.canaldosconcursos.com.br/
artigos/almirmorgado_artigo1.pdf>. Acesso em: 11 ago. 2013.
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 8 http://www.sindsefaz.org.br/parecer_administracao_tribu-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. taria_sao_paulo.htm

59
somente empresas públicas e sociedades de economia A prescrição dos ilícitos praticados por servidor en-
mista podem ter subsidiárias, pois a relação de controle contra disciplina específica no artigo 142 da Lei nº
que existe entre a pessoa jurídica matriz e a subsidiá- 8.112/1990:
ria seria própria de pessoas com estrutura empresarial,
e inadequada a autarquias e fundações públicas. OU- Art. 142, Lei nº 8.112/1990.  A ação disciplinar prescreverá:
SAMOS DISCORDAR. Parece-nos que, se o legislador de I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
um ente federado pretendesse, por exemplo, autorizar demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
a criação de uma subsidiária de uma fundação pública, dade e destituição de cargo em comissão;
NÃO haveria base constitucional para considerar inválida II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
sua autorização”9. III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertência.
Ainda sobre a questão do funcionamento da adminis- § 1o  O prazo de prescrição começa a correr da data
tração indireta e de suas subsidiárias, destaca-se o pre- em que o fato se tornou conhecido.
visto nos §§ 8º e 9º do artigo 37, CF: § 2o   Os prazos de prescrição previstos na lei penal
aplicam-se às infrações disciplinares capituladas tam-
Artigo 37, §8º, CF. A autonomia gerencial, orçamen- bém como crime.
tária e financeira dos órgãos e entidades da adminis- §  3o   A abertura de sindicância ou a instauração de
tração direta e indireta poderá ser ampliada mediante processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de-
contrato, a ser firmado entre seus administradores e o cisão final proferida por autoridade competente.
poder público, que tenha por objeto a fixação de me- § 4o  Interrompido o curso da prescrição, o prazo come-
tas de desempenho para o órgão ou entidade, caben- çará a correr a partir do dia em que cessar a interrupção.
do à lei dispor sobre: Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
I -  o prazo de duração do contrato; direito de acionar judicialmente. No caso, o prazo é de
II -  os controles e critérios de avaliação de desempe- 5 anos para as infrações mais graves, 2 para as de gra-
nho, direitos, obrigações e responsabilidade dos diri- vidade intermediária (pena de suspensão) e 180 dias
gentes; para as menos graves (pena de advertência), contados
III -  a remuneração do pessoal. da data em que o fato se tornou conhecido pela admi-
Artigo 37, § 9º, CF. O disposto no inciso XI aplica-se nistração pública. Se a infração disciplinar for crime,
às empresas públicas e às sociedades de economia valerão os prazos prescricionais do direito penal, mais
mista e suas subsidiárias, que receberem recursos da longos, logo, menos favoráveis ao servidor. Interrup-
União, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Muni- ção da prescrição significa parar a contagem do prazo
cípios para pagamento de despesas de pessoal ou de para que, retornando, comece do zero. Da abertura da
custeio em geral. sindicância ou processo administrativo disciplinar até
a decisão final proferida por autoridade competente
Continua o artigo 37, CF: não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo
Artigo 37, XXI, CF. Ressalvados os casos especificados começa a contar do zero. Passado o prazo, não caberá
na legislação, as obras, serviços, compras e alienações mais propor ação disciplinar.
serão contratados mediante processo de licitação pú- Artigo 37, §6º, CF. As pessoas jurídicas de direito pú-
blica que assegure igualdade de condições a todos os blico e as de direito privado prestadoras de serviços
concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obriga- públicos responderão pelos danos que seus agentes,
ções de pagamento, mantidas as condições efetivas da nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá direito de regresso contra o responsável nos casos de
as exigências de qualificação técnica e econômica indis- dolo ou culpa.
pensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.
Este dispositivo, que aborda a questão da responsa-
A Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamenta bilidade civil do Estado e dos seus agentes a ser apro-
o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui nor- fundada adiante, deixa clara a formação de uma relação
mas para licitações e contratos da Administração Pública jurídica autônoma entre o Estado e o agente público
e dá outras providências. Licitação nada mais é que o con- que causou o dano no desempenho de suas funções.
junto de procedimentos administrativos (administrativos Nesta relação, a responsabilidade civil será subjetiva, ou
porque parte da administração pública) para as compras seja, caberá ao Estado provar a culpa do agente pelo
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ou serviços contratados pelos governos Federal, Estadual dano causado, ao qual foi anteriormente condenado a
ou Municipal, ou seja todos os entes federativos. De forma reparar. Direito de regresso é justamente o direito de
mais simples, podemos dizer que o governo deve comprar acionar o causador direto do dano para obter de volta
e contratar serviços seguindo regras de lei, assim a licita- aquilo que pagou à vítima, considerada a existência de
ção é um processo formal onde há a competição entre os uma relação obrigacional que se forma entre a vítima e
interessados. a instituição que o agente compõe.
Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
Artigo 37, §5º, CF. A lei estabelecerá os prazos de pres- te causar aos membros da sociedade, mas se este agen-
crição para ilícitos praticados por qualquer agente, te agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do
servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, res- que foi pago à vítima. O agente causará danos ao prati-
salvadas as respectivas ações de ressarcimento. car condutas incompatíveis com o comportamento ético
dele esperado.10
9 ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Administrativo Descomplicado.
São Paulo: GEN, 2014. 10 SPITZCOVSKY, Celso. Direito Administrativo. 13. ed. São Paulo:

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Artigo 37, §7º, CF. A lei disporá sobre os requisitos e dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998 e
as restrições ao ocupante de cargo ou emprego da ad- aplicação suspensa pela ADIN nº 2.135-4, destacando-
ministração direta e indireta que possibilite o acesso a -se a redação anterior: “A União, os Estados, o Distrito
informações privilegiadas. Federal e os Municípios instituirão, no âmbito de sua
competência, regime jurídico único e planos de carrei-
A Lei nº 12.813, de 16 de maio de 2013 dispõe sobre ra para os servidores da administração pública direta,
o conflito de interesses no exercício de cargo ou empre- das autarquias e das fundações públicas”).
go do Poder Executivo federal e impedimentos poste- § 1º  A fixação dos padrões de vencimento e dos demais
riores ao exercício do cargo ou emprego; e revoga dis- componentes do sistema remuneratório observará:
positivos da Lei nº 9.986, de 18 de julho de 2000, e das I -  a natureza, o grau de responsabilidade e a comple-
Medidas Provisórias nºs 2.216-37, de 31 de agosto de xidade dos cargos componentes de cada carreira;
2001, e 2.225-45, de 4 de setembro de 2001. II -  os requisitos para a investidura;
III -  as peculiaridades dos cargos.
Neste sentido, conforme seu artigo 1º: § 2º  A União, os Estados e o Distrito Federal manterão
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoa-
Artigo 1º, Lei nº 12.813/2013. As situações que con- mento dos servidores públicos, constituindo-se a parti-
figuram conflito de interesses envolvendo ocupantes cipação nos cursos um dos requisitos para a promoção
de cargo ou emprego no âmbito do Poder Executivo na carreira, facultada, para isso, a celebração de con-
federal, os requisitos e restrições a ocupantes de cargo vênios ou contratos entre os entes federados.
ou emprego que tenham acesso a informações privi- § 3º Aplica-se aos servidores ocupantes de cargo
legiadas, os impedimentos posteriores ao exercício do público o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII,
cargo ou emprego e as competências para fiscaliza- XV,XVI, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei
ção, avaliação e prevenção de conflitos de interesses estabelecer requisitos diferenciados de admissão quan-
regulam-se pelo disposto nesta Lei. do a natureza do cargo o exigir.
§ 4º  O membro de Poder, o detentor de mandato ele-
Já a questão do exercício de mandato eletivo pelo tivo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
servidor público encontra previsão constitucional em Municipais serão remunerados exclusivamente por sub-
seu artigo 38, que notadamente estabelece quais tipos sídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
de mandatos geram incompatibilidade ao serviço públi- qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba
co e regulamenta a questão remuneratória: de representação ou outra espécie remuneratória, obe-
decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
Artigo 38, CF.  Ao servidor público da administração § 5º  Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
direta, autárquica e fundacional, no exercício de man- dos Municípios poderá estabelecer a relação entre a
dato eletivo, aplicam-se as seguintes disposições: maior e a menor remuneração dos servidores públicos,
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; § 6º  Os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário pu-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do blicarão anualmente os valores do subsídio e da remu-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar neração dos cargos e empregos públicos.
pela sua remuneração; § 7º  Lei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- çamentários provenientes da economia com despesas
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remu- aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
neração do cargo eletivo, e, não havendo compatibili- dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
dade, será aplicada a norma do inciso anterior; modernização, reaparelhamento e racionalização do
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço prêmio de produtividade.
será contado para todos os efeitos legais, exceto para § 8º  A remuneração dos servidores públicos organiza-
promoção por merecimento; dos em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de


afastamento, os valores serão determinados como se Artigo 40, CF.  Aos servidores titulares de cargos efe-
no exercício estivesse. tivos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
Regulamenta-se o regime de remuneração e pre- assegurado regime de previdência de caráter contri-
vidência dos servidores públicos nos artigo 39 e 40 da butivo e solidário, mediante contribuição do respectivo
Constituição Federal: ente público, dos servidores ativos e inativos e dos pen-
sionistas, observados critérios que preservem o equilí-
Artigo 39, CF. A União, os Estados, o Distrito Federal e brio financeiro e atuarial e o disposto neste artigo.
os Municípios instituirão conselho de política de admi- §  1º  Os servidores abrangidos pelo regime de previ-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por ser- dência de que trata este artigo serão aposentados, cal-
vidores designados pelos respectivos Poderes. (Redação culados os seus proventos a partir dos valores fixados
na forma dos §§ 3º e 17:
Método, 2011.

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I - por invalidez permanente, sendo os proventos pro- § 8º É assegurado o reajustamento dos benefícios para
porcionais ao tempo de contribuição, exceto se decor- preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real,
rente de acidente em serviço, moléstia profissional ou conforme critérios estabelecidos em lei.
doença grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei; § 9º O tempo de contribuição federal, estadual ou mu-
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o
tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade, tempo de serviço correspondente para efeito de dis-
ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de ponibilidade.
lei complementar; § 10. A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
III - voluntariamente, desde que cumprido tempo míni- contagem de tempo de contribuição fictício.
mo de dez anos de efetivo exercício no serviço público § 11. Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma
e cinco anos no cargo efetivo em que se dará a aposen- total dos proventos de inatividade, inclusive quando
tadoria, observadas as seguintes condições: decorrentes da acumulação de cargos ou empregos
a) sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribui- públicos, bem como de outras atividades sujeitas a
ção, se homem, e cinquenta e cinco anos de idade e contribuição para o regime geral de previdência so-
trinta de contribuição, se mulher; cial, e ao montante resultante da adição de proventos
b) sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessen- de inatividade com remuneração de cargo acumulável
ta anos de idade, se mulher, com proventos proporcio- na forma desta Constituição, cargo em comissão de-
nais ao tempo de contribuição. clarado em lei de livre nomeação e exoneração, e de
§ 2º Os proventos de aposentadoria e as pensões, por cargo eletivo.
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a re- § 12. Além do disposto neste artigo, o regime de pre-
muneração do respectivo servidor, no cargo efetivo em vidência dos servidores públicos titulares de cargo efe-
que se deu a aposentadoria ou que serviu de referência tivo observará, no que couber, os requisitos e critérios
para a concessão da pensão. fixados para o regime geral de previdência social.
§  3º  Para o cálculo dos proventos de aposentadoria, § 13. Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo
por ocasião da sua concessão, serão consideradas as em comissão declarado em lei de livre nomeação e
remunerações utilizadas como base para as contribui- exoneração bem como de outro cargo temporário ou
ções do servidor aos regimes de previdência de que de emprego público, aplica-se o regime geral de pre-
tratam este artigo e o art. 201, na forma da lei. vidência social.
§  4º  É vedada a adoção de requisitos e critérios di- § 14. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
ferenciados para a concessão de aposentadoria aos nicípios, desde que instituam regime de previdência
abrangidos pelo regime de que trata este artigo, res- complementar para os seus respectivos servidores ti-
salvados, nos termos definidos em leis complementa- tulares de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor
res, os casos de servidores: das aposentadorias e pensões a serem concedidas pelo
I -  portadores de deficiência; regime de que trata este artigo, o limite máximo esta-
II -  que exerçam atividades de risco; belecido para os benefícios do regime geral de previ-
III -  cujas atividades sejam exercidas sob condições es- dência social de que trata o art. 201.
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. § 15. O regime de previdência complementar de que
§ 5º Os requisitos de idade e de tempo de contribuição trata o § 14 será instituído por lei de iniciativa do res-
serão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto pectivo Poder Executivo, observado o disposto no art.
no  § 1º, III, a, para o professor que comprove exclu- 202 e seus parágrafos, no que couber, por intermédio
sivamente tempo de efetivo exercício das funções de de entidades fechadas de previdência complementar,
magistério na educação infantil e no ensino funda- de natureza pública, que oferecerão aos respectivos
mental e médio. participantes planos de benefícios somente na moda-
§  6º  Ressalvadas as aposentadorias decorrentes dos lidade de contribuição definida.
cargos acumuláveis na forma desta Constituição, é § 16. Somente mediante sua prévia e expressa opção,
vedada a percepção de mais de uma aposentadoria à o disposto nos §§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servi-
conta do regime de previdência previsto neste artigo. dor que tiver ingressado no serviço público até a data
§ 7º Lei disporá sobre a concessão do benefício de pen- da publicação do ato de instituição do correspondente
são por morte, que será igual: regime de previdência complementar.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor § 17. Todos os valores de remuneração considerados
falecido, até o limite máximo estabelecido para os be- para o cálculo do benefício previsto no § 3° serão de-
nefícios do regime geral de previdência social de que vidamente atualizados, na forma da lei.
trata o art. 201, acrescido de setenta por cento da par- § 18. Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen-
cela excedente a este limite, caso aposentado à data tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
do óbito; ou este artigo que superem o limite máximo estabelecido
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor para os benefícios do regime geral de previdência social
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o de que trata o art. 201, com percentual igual ao estabe-
limite máximo estabelecido para os benefícios do regi- lecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
me geral de previdência social de que trata o art. 201, § 19. O servidor de que trata este artigo que tenha
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a completado as exigências para aposentadoria volun-
este limite, caso em atividade na data do óbito. tária estabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por per-
manecer em atividade fará jus a um abono de per-

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manência equivalente ao valor da sua contribuição quando houver compatibilidade de horários, observa-
previdenciária até completar as exigências para apo- do em qualquer caso o disposto no inciso XI: [...] c) a
sentadoria compulsória contidas no § 1º, II. de dois cargos ou empregos privativos de profissio-
§ 20. Fica vedada a existência de mais de um regime nais de saúde, com profissões regulamentadas”.
próprio de previdência social para os servidores titu-
lares de cargos efetivos, e de mais de uma unidade 3. (STM - Analista Judiciário - Área Administrativa -
gestora do respectivo regime em cada ente estatal, CESPE/2018) A respeito do direito administrativo, dos
ressalvado o disposto no art. 142, § 3º, X. atos administrativos e dos agentes públicos e seu regime,
§ 21. A contribuição prevista no § 18 deste artigo in- julgue o item a seguir.
cidirá apenas sobre as parcelas de proventos de apo- As funções de confiança, correspondentes a encargos de
sentadoria e de pensão que superem o dobro do limite direção, chefia ou assessoramento, só podem ser exerci-
máximo estabelecido para os benefícios do regime ge- das por titulares de cargos efetivos.
ral de previdência social de que trata o art. 201 desta
Constituição, quando o beneficiário, na forma da lei, ( ) CERTO ( ) ERRADO
for portador de doença incapacitante.
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 37, V, CF: “as fun-
ções de confiança, exercidas exclusivamente por servido-
#FicaDica res ocupantes de cargo efetivo, e os cargos em comissão,
a serem preenchidos por servidores de carreira nos casos,
Muitas vezes os preceitos constitucionais
condições e percentuais mínimos previstos em lei, desti-
não são expressamente cobrados na maté-
nam-se apenas às atribuições de direção, chefia e asses-
ria de direito administrativo, mas o são em
soramento”.
direito constitucional. Fique atento ao seu
edital e dê atenção especial a este conteúdo
que muitas vezes poderá ser cobrado não
em uma, mas em DUAS matérias!

EXERCÍCIO COMENTADO

1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)


Em relação ao direito administrativo, julgue o item seguinte.
A proibição estabelecida na Constituição Federal de
1988, acerca de acumulação remunerada de cargos pú-
blicos, não abrange autarquias, fundações, empresas pú-
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias,
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público.

( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Prevê o artigo 37, XVII, CF: “a proi-
bição de acumular estende-se a empregos e funções
e abrange autarquias, fundações, empresas públicas,
sociedades de economia mista, suas subsidiárias, e
sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo
poder público”.

2. (STJ - Técnico Judiciário - Administrativa - CES-


NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

PE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as


disposições constitucionais e legais acerca dos agentes
públicos.
A acumulação remunerada de cargos públicos é vedada,
exceto quando houver compatibilidade de horários, caso
em que será possível, por exemplo, acumular até três car-
gos de profissionais de saúde.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Limita-se a acumulação, no caso, a


dois cargos, conforme artigo 37, XVI, “c”: “é vedada a
acumulação remunerada de cargos públicos, exceto,

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ANOTAÇÕES
HORA DE PRATICAR!

1. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com ________________________________________________


referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à _________________________________________________
organização político-administrativa, à administração pú-
blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos. _________________________________________________
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e de-
termina que cabe à lei definir os serviços ou atividades _________________________________________________
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessida-
des inadiáveis da comunidade. _________________________________________________

_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
2. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organi- _________________________________________________
zação político-administrativa da República Federativa do
_________________________________________________
Brasil.
O poder constituinte dos estados, dada a sua condição _________________________________________________
de ente federativo autônomo, é soberano e ilimitado.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
3. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES- _________________________________________________
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à organi-
zação político-administrativa da República Federativa do _________________________________________________
Brasil.
A despeito de serem entes federativos, os territórios fe- _________________________________________________
derais carecem de autonomia.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO _________________________________________________

_________________________________________________

_________________________________________________
GABARITO
_________________________________________________

________________________________________________
1 CERTO
_________________________________________________
2 ERRADO
3 ERRADO _________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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64
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Noções de organização administrativa; Centralização, descentralização, concentração e desconcentração; Administração direta
e indireta; Autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista...........................................................................01
Ato administrativo; Conceito, requisitos, atributos, classificação e espécies...................................................................................................09
Poderes administrativos; Hierárquico, disciplinar, regulamentar e de polícia; Uso e abuso do poder..................................................15
Licitação; Princípios; Contratação direta: dispensa e inexigibilidade; Modalidades; . Tipos; Procedimento.......................................20
União respondem diretamente ao Presidente da Repú-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO: blica e, por isso, não possuem plena discricionariedade
NOÇÕES DE ORGANIZAÇÃO ADMINIS- na prática dos atos administrativos que lhe foram dele-
TRATIVA; CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRA- gados.
Concentrar, ao inverso, significa exercer atribuições
LIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCON-
privativas da Administração pública direta no âmbito
CENTRAÇÃO; ADMINISTRAÇÃO DIRETA
mais central possível, isto é, diretamente pelo chefe do
E INDIRETA; AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, Poder Executivo, seja porque não são atribuições delegá-
EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE veis, seja porque se optou por não delegar.
ECONOMIA MISTA;
Artigo 84, CF. Compete privativamente ao Presidente
da República:
CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CON- I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;
CENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a
direção superior da administração federal;
Em linhas gerais, descentralização significa transferir a III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos
execução de um serviço público para terceiros que não previstos nesta Constituição;
se confundem com a Administração direta; centralização IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
significa situar na Administração direta atividades que, como expedir decretos e regulamentos para sua fiel
em tese, poderiam ser exercidas por entidades de fora execução;
dela; desconcentração significa transferir a execução de V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
um serviço público de um órgão para o outro dentro da VI - dispor, mediante decreto, sobre: 
própria Administração; concentração significa manter a a) organização e funcionamento da administração fe-
execução central ao chefe do Executivo em vez de atri- deral, quando não implicar aumento de despesa nem
bui-la a outra autoridade da Administração direta. criação ou extinção de órgãos públicos; 
Passemos a esmiuçar estes conceitos: b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va-
gos; 
Desconcentração implica no exercício, pelo chefe do VII - manter relações com Estados estrangeiros e acre-
Executivo, do poder de delegar certas atribuições que ditar seus representantes diplomáticos;
são de sua competência privativa. Neste sentido, o pre- VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacio-
visto na CF: nais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
Artigo 84, parágrafo único, CF. O Presidente da Re- IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
pública poderá delegar as atribuições mencionadas X - decretar e executar a intervenção federal;
nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros XI - remeter mensagem e plano de governo ao Con-
de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao gresso Nacional por ocasião da abertura da sessão le-
Advogado-Geral da União, que observarão os limites gislativa, expondo a situação do País e solicitando as
traçados nas respectivas delegações. providências que julgar necessárias;
XII - conceder indulto e comutar penas, com audiên-
Neste sentido: cia, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
Artigo 84, VI, CF. dispor, mediante decreto, sobre:  XIII - exercer o comando supremo das Forças Arma-
a) organização e funcionamento da administração fe- das, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército
deral, quando não implicar aumento de despesa nem e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e
criação ou extinção de órgãos públicos;  nomeá-los para os cargos que lhes são privativos; 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando va- XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal,
gos;  os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tri-
Artigo 84, XII, CF. conceder indulto e comutar penas, bunais Superiores, os Governadores de Territórios, o
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos Procurador-Geral da República, o presidente e os di-
em lei; retores do banco central e outros servidores, quando
Artigo 84, XXV, CF. prover e extinguir os cargos públi- determinado em lei;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cos federais, na forma da lei; (apenas o provimento é XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Mi-
delegável, não a extinção) nistros do Tribunal de Contas da União;
XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nes-
Com efeito, o chefe do Poder Executivo federal tem ta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
opções de delegar parte de suas atribuições privativas XVII - nomear membros do Conselho da República,
para os Ministros de Estado, o Procurador-Geral da Re- nos termos do art. 89, VII;
pública ou o Advogado-Geral da União. O Presidente irá XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o
delegar com relação de hierarquia cada uma destas es- Conselho de Defesa Nacional;
sencialidades dentro da estrutura organizada do Estado. XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira,
Reforça-se, desconcentrar significa delegar com hie- autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado
rarquia, pois há uma relação de subordinação dentro de por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões le-
uma estrutura centralizada, isto é, os Ministros de Estado, gislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou
o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da parcialmente, a mobilização nacional;

1
XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do de interesses não essenciais do Estado, que poderiam ser
Congresso Nacional; atribuídos a entes de fora da Administração por outorga
XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas; ou delegação.
XXII - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
nacional ou nele permaneçam temporariamente; #FicaDica
XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano pluria- Todos envolvem transferência na execução
nual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as de serviços:
propostas de orçamento previstos nesta Constituição; Descentralização – da Administração para
XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, terceiros;
dentro de sessenta dias após a abertura da sessão le- Centralização – de terceiros para a Adminis-
gislativa, as contas referentes ao exercício anterior; tração;
XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, Desconcentração – de um órgão central para
na forma da lei; outro na Administração;
XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos Concentração – de um órgão na Administra-
termos do art. 62; ção para o órgão central.
XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Descentralização e centralização são movi-
Constituição. mentos externos, desconcentração e concen-
tração são movimentos internos.
Descentralizar envolve a delegação de interesses es-
tatais para fora da estrutura da Administração direta, o
que é possível porque não se refere a essencialidades, ou
seja, a atos administrativos que somente possam ser pra- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ticados pela Administração direta porque se referem a
interesses estatais diversos previstos ou não na CF. Des- 1. (PGM - AM - PROCURADOR DO MUNICÍPIO -
centralizar é uma delegação sem relação de hierarquia, CESPE/2018)
pois é uma delegação de um ente para outro (não há Acerca dos instrumentos jurídicos que podem ser cele-
subordinação nem mesmo quanto ao chefe do Executivo, brados pela administração pública para a realização de
há apenas uma espécie de tutela ou supervisão por parte serviços públicos, julgue o item a seguir.
dos Ministérios – se trata de vínculo e não de subordi- A União poderá celebrar convênio com consórcio público
constituído por municípios para viabilizar a descentrali-
nação).
zação e a prestação de políticas públicas em escalas ade-
Basicamente, se está diante de um conjunto de pes-
quadas na área da educação fundamental.
soas jurídicas estatais criadas ou autorizadas por lei para
prestarem serviços de interesse do Estado. Possuem pa-
( ) CERTO ( ) ERRADO
trimônio próprio e são unidades orçamentárias autôno-
mas. Ainda, exercem em nome próprio direitos e obriga-
Resposta: Certo - Pelo instrumento utilizado – convê-
ções, respondendo pessoalmente por seus atos e danos.
nio ou consórcio público – já cabe determinar que se
Existem duas formas pelas quais o Estado pode efe- trata de um movimento externo (descentralização ou
tuar a descentralização administrativa: outorga e dele- centralização). Se for de dentro da Administração para
gação. fora, é descentralização, pois sai da autoridade central
A outorga se dá quando o Estado cria uma entidade da Administração para um terceiro. Assim, o exemplo
e a ela transfere, através de previsão em lei, determinado descreve corretamente a descentralização.
serviço público e é conferida, em regra, por prazo inde-
terminado. Isso é o que acontece quanto às entidades da 2.(STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
Administração Indireta prestadoras de serviços públicos. TRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos princípios da
Neste sentido, o Estado descentraliza a prestação dos administração pública, de noções de organização admi-
serviços, outorgando-os a outras entidades criadas para nistrativa e da administração direta e indireta, julgue o
prestá-los, as quais podem tomar a forma de autarquias, item que se segue.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

empresas públicas, sociedades de economia mista e fun- A descentralização administrativa consiste na distribui-
dações públicas. ção interna de competências agrupadas em unidades
A delegação ocorre quando o Estado transfere, por individualizadas.
contrato ou ato unilateral, apenas a execução do serviço,
para que o ente delegado o preste ao público em seu ( ) CERTO ( ) ERRADO
próprio nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do
Estado. A delegação é geralmente efetivada por prazo Resposta: Errado - Quando a distribuição se dá de
determinado. Ela se dá, por exemplo, nos contratos de forma interna, fala-se em concentração (de um órgão
concessão ou nos atos de permissão, pelos quais o Es- fragmentário para o central) ou em desconcentração
tado transfere aos concessionários e aos permissionários (de um órgão central para unidades individualizadas,
apenas a execução temporária de determinado serviço. como é o caso do exemplo). A descentralização é um
Centralizar envolve manter na estrutura da Adminis- movimento externo, de dentro da Administração para
tração direta o desempenho de funções administrativas terceiro, externo à estrutura administrativa.

2
3. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS Esta impossibilidade de se imputar diretamente a res-
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) A respeito ponsabilidade a agentes ou órgãos públicos que estejam
da organização e dos poderes da administração pública, exercendo atribuições da Administração direta é deno-
julgue o próximo item. minada teoria da imputação objetiva, de Otto Giërke, que
A criação de secretaria municipal de defesa do meio am- institui o princípio da impessoalidade.
biente por prefeito municipal configura caso de descon-
centração administrativa. - Órgãos Públicos: teorias
“Várias teorias surgiram para explicar as relações do
( ) CERTO ( ) ERRADO Estado, pessoa jurídica, com suas agentes: Pela teoria do
mandato, o agente público é mandatário da pessoa jurí-
Resposta: Certo - A secretaria municipal seria um dica; a teoria foi criticada por não explicar como o Estado,
que não tem vontade própria, pode outorgar o manda-
órgão interno que desempenharia atribuições que
to”1. A origem desta teoria está no direito privado, não
poderiam ser exercidas pelo órgão central, a prefei-
tendo como prosperar porque o Estado não pode outor-
tura. No caso, para melhor desempenhar as funções, gar mandato a alguém, afinal, não tem vontade própria.
a Prefeitura transferiu o exercício de funções para a Num momento seguinte, adotou-se a teoria da re-
Secretaria, um movimento interno, caracterizando presentação: “Posteriormente houve a substituição dessa
desconcentração. concepção pela teoria da representação, pela qual a von-
tade dos agentes, em virtude de lei, exprimiria a vontade
do Estado, como ocorre na tutela ou na curatela, figuras
ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA jurídicas que apontam para representantes dos incapa-
zes. Ocorre que essa teoria, além de equiparar o Estado,
1. Administração Direta pessoa jurídica, ao incapaz (sendo que o Estado é pessoa
jurídica dotada de capacidade plena), não foi suficiente
Administração Pública direta é aquela formada pelos para alicerçar um regime de responsabilização da pessoa
entes integrantes da federação e seus respectivos ór- jurídica perante terceiros prejudicados nas circunstâncias
gãos. Os entes políticos são a União, os Estados, o Dis- em que o agente ultrapassasse os poderes da represen-
trito Federal e os Municípios. À exceção da União, que é tação”2. Criticou-se a teoria porque o Estado estaria sen-
dotada de soberania, todos os demais são dotados de do visto como um sujeito incapaz, ou seja, uma pessoa
autonomia. que não tem condições plenas de manifestar, de falar,
de resolver pendências; bem como porque se o repre-
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
sentante estatal exorbitasse seus poderes, o Estado não
poderia ser responsabilizado.
Art. 4° A Administração Federal compreende:
Finalmente, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giër-
I - A Administração Direta, que se constitui dos servi- ke, segundo a qual os órgãos são apenas núcleos admi-
ços integrados na estrutura administrativa da Presi- nistrativos criados e extintos exclusivamente por lei, mas
dência da República e dos Ministérios. que podem ser organizados por decretos autônomos do
Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de perso-
A administração direta é formada por um conjunto de nalidade jurídica própria. Com efeito, o Estado brasileiro
núcleos de competências administrativas, os quais já fo- responde pelos atos que seus agentes praticam, mesmo
ram tidos como representantes do poder central (teoria se estes atos extrapolam das atribuições estatais conferi-
da representação) e como mandatários do poder central das, sendo-lhe assegurado o direito de regresso.
(teoria do mandato). A teoria da imputação objetiva, derivada da teoria do
Hoje, adota-se a teoria do órgão, de Otto Giërke, órgão, também de Otto Giërke, impõe que o órgão cen-
segundo a qual os órgãos e agentes são apenas núcleos tral da Administração, por ser o único dotado de perso-
administrativos criados e extintos exclusivamente por lei, nalidade jurídica, responderá por danos praticados em
mas que podem ser organizados por decretos autôno- seus órgãos despersonalizados e por seus agentes. Não
mos do Executivo (art. 84, VI, CF), sendo desprovidos de significa que os agentes ficarão impunes, mas caberá à
Administração buscar contra ele o direito de regresso,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

personalidade jurídica própria.


Assim, os órgãos da Administração direta não pos- retomando o que foi obrigada a indenizar. Ex.: se uma
pessoa é vítima de dano numa delegacia estadual por
suem patrimônio próprio; e não assumem obrigações
parte de um delegado da polícia civil, ajuizará deman-
em nome próprio e nem direitos em nome próprio (não
da indenizatória contra a Fazenda Pública do Estado, a
podem ser autor nem réu em ações judiciais, exceto para qual poderá exercer direito de regresso contra o agente
fins de mandado de segurança – tanto como impetrante público, delegado causador do dano. Repare que a Ad-
como quanto impetrado). ministração não se exime de indenizar mesmo que seu
Já que não possuem personalidade, atuam apenas no agente seja culpado.
cumprimento da lei, não atuando por vontade própria.
Logo, órgãos são impessoais quando agem no estrito 1 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 23. ed. São
cumprimento de seus deveres, não respondendo dire- Paulo: Atlas editora, 2010.
2 NOHARA, Irene Patrícia. Direito Administrativo – esquematizado,
tamente por seus atos e danos – o órgão central, com
completo, atualizado, temas polêmicos, conteúdo dos principais
personalidade, que responderá. concursos públicos. 3. ed. São Paulo: Atlas editora, 2013.

3
que além da pessoa jurídica central existem outras inter-
#FicaDica nas que compõem o sistema político. Sendo uma pessoa
jurídica, o Estado manifesta sua vontade através de seus
Teoria do mandato e teoria da representação: agentes, ou seja, as pessoas físicas que pertencem a seus
ultrapassadas. quadros. Entre a pessoa jurídica em si e os agentes, com-
Teoria do órgão: adotada. põe o Estado um grande número de repartições internas,
A teoria da imputação objetiva deriva da teo- necessárias à sua organização, tão grande é a extensão
ria do órgão. Ambas são de autoria de Otto que alcança e tamanha as atividades a seu cargo. Tais
Giërke. repartições é que constituem os órgãos públicos”.

Apresenta-se, detalhes, a classificação dos órgãos:


- Órgãos Públicos: classificações a) Quanto à pessoa federativa: federais, estaduais,
Quanto se faz desconcentração da autoridade central distritais e municipais.
– chefe do Executivo – para os seus órgãos, se depara b) Quanto à situação estrutural: os diretivos, que
com diversos níveis de órgãos, que podem ser classifica- são aqueles que detêm condição de comando e de dire-
dos em simples ou complexos (simples se possuem ape- ção, e os subordinados, incumbidos das funções rotinei-
nas uma estrutura administrativa, complexos se possuem ras de execução.
uma rede de estruturas administrativas) e em unitários c) Quanto à composição: singulares, quando inte-
ou colegiados (unitário se o poder de decisão se concen- grados em um só agente, e os coletivos, quando com-
tra em uma pessoa, colegiado se as decisões são toma- postos por vários agentes.
das em conjunto e prevalece a vontade da maioria): d) Quanto à esfera de ação: centrais, que exercem
a) Órgãos independentes – encabeçam o poder atribuições em todo o território nacional, estadual, dis-
ou estrutura do Estado, gozando de independência para trital e municipal, e os locais, que atuam em parte do
agir e não se submetendo a outros órgãos. Cabe a eles território.
definir as políticas que serão implementadas. É o caso e) Quanto à posição estatal: são os que represen-
da Presidência da República, órgão complexo composto tam os poderes do Estado – o Executivo, o Legislativo e o
pelo gabinete, pela Advocacia-Geral da União, pelo Con- Judiciário.
selho da República, pelo Conselho de Defesa, e unitário f) Quanto à estrutura: simples ou unitários e com-
(pois o Presidente da República é o único que toma as postos. Os órgãos compostos são constituídos por vários
outros órgãos.
decisões).
b) Órgãos autônomos – estão no primeiro escalão
2. Administração Indireta
do poder, com autonomia funcional, porém subordina-
dos politicamente aos independentes. É o caso de todos
A Administração Pública indireta pode ser definida
os ministérios de Estado.
como um grupo de pessoas jurídicas de direito público
c) Órgãos superiores – são desprovidos de auto-
ou privado, criadas ou instituídas a partir de lei específi-
nomia ou independência, sendo plenamente vinculados
ca, que atuam paralelamente à Administração direta na
aos órgãos autônomos. Ex.: Delegacia Regional do Tra- prestação de serviços públicos ou na exploração de ativi-
balho, vinculada ao Ministério do Trabalho e Emprego; dades econômicas.
Departamento da Polícia Federal, vinculado ao Ministério “Enquanto a Administração Direta é composta de
da Justiça. órgãos internos do Estado, a Administração Indireta se
d) Órgãos subalternos – são vinculados a todos compõe de pessoas jurídicas, também denominadas de
acima deles com plena subordinação administrativa. Ex.: entidades”4. Em que pese haver entendimento diverso
órgãos que executam trabalho de campo, policiais fede- registrado em nossa doutrina, integram a Administração
rais, fiscais do MTE. indireta do Estado quatro espécies de pessoa jurídica, a
saber: as Autarquias, as Fundações, as Sociedades de Eco-
FIQUE ATENTO! nomia Mista e as Empresas Públicas.
Dispõe o Decreto nº 200/1967:
O Ministério Público, os Tribunais de Contas Art. 4° A Administração Federal compreende:
e as Defensorias Públicas não se encaixam II - A Administração Indireta, que compreende as se-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

nesta estrutura, sendo órgãos independentes guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
constitucionais. Em verdade, para Canotilho jurídica própria:
e outros constitucionalistas, estes órgãos não a) Autarquias;
pertencem nem mesmo aos três poderes. b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
d) fundações públicas.
Conforme Carvalho Filho3, “a noção de Estado, como
visto, não pode abstrair-se da de pessoa jurídica. O Es- Ao lado destas, podemos encontrar ainda entes que
tado, na verdade, é considerado um ente personalizado, prestam serviços públicos por delegação, embora não
seja no âmbito internacional, seja internamente. Quando integrem os quadros da Administração, quais sejam, os
se trata de Federação, vigora o pluripersonalismo, por- permissionários, os concessionários e os autorizados.
3 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra- 4 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010. tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

4
Essas quatro pessoas integrantes da Administração Órgão público é ente despersonalizado, razão por que
indireta serão criadas para a prestação de serviços públi- lhe é defeso, em qualquer hipótese, ser parte em proces-
cos ou, ainda, para a exploração de atividades econômi- so judicial, ainda que a sua atuação seja indispensável à
cas, como no caso das empresas públicas e sociedades defesa de suas prerrogativas institucionais.
de economia mista, e atuam com o objetivo de aumentar
o grau de especialidade e eficiência da prestação do ser- ( ) CERTO ( ) ERRADO
viço público ou, quando exploradoras de atividades eco-
nômicas, visando atender a relevante interesse coletivo e Resposta: Errado - Caso a atuação direta do órgão
imperativos da segurança nacional. público seja indispensável às suas prerrogativas ins-
Com efeito, de acordo com as regras constantes do titucionais, protegendo suas atividades, sua autono-
artigo 173 da Constituição Federal, o Poder Público só mia e sua independência, poderá atuar como parte
poderá explorar atividade econômica a título de exceção, em processo judicial. O entendimento é firmado pelo
próprio STJ (5a Turma; RO em MS: 21.813/AP; Rel. Min.
em duas situações, conforme se colhe do caput do refe-
FELIX FISCHER; Data de Julgamento: 13/12/2007).
rido artigo, a seguir reproduzido:
3. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de
Artigo 173. Ressalvados os casos previstos nesta Cons- Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) A respeito da
tituição, a exploração direta de atividade econômica pelo organização do Estado e da administração pública, jul-
Estado só será permitida quando necessária aos imperati- gue o item a seguir.
vos de segurança nacional ou a relevante interesse coleti- O principal critério de distinção entre empresa pública e
vo, conforme definidos em lei. sociedade de economia mista é que esta integra a admi-
nistração indireta, enquanto aquela integra a administra-
Cumpre esclarecer que, de acordo com as regras ção direta.
constitucionais e em razão dos fins desejados pelo Es-
tado, ao Poder Público não cumpre produzir lucro, tare- ( ) CERTO ( ) ERRADO
fa esta deferida ao setor privado. Assim, apenas explora
atividades econômicas nas situações indicadas no artigo Resposta: Errado - O artigo 4o, II, Decreto nº 200/1967
173 do Texto Constitucional. Quando atuar na econo- enumera as sociedades de economia mista e as em-
mia, concorre em grau de igualdade com os particulares, presas públicas, ambas, como integrantes da adminis-
e sob o regime do artigo 170 da Constituição, inclusi- tração indireta, ao lado das autarquias e das funda-
ve quanto à livre concorrência, submetendo-se ainda a ções públicas.
todas as obrigações constantes do regime jurídico de
direito privado, inclusive no tocante às obrigações civis,
AUTARQUIAS
comerciais, trabalhistas e tributárias.
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
EXERCÍCIOS COMENTADOS
executar atividades típicas da Administração Pública, que
1. (STJ - Analista Judiciário - Judiciária - CESPE/2018) requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
Tendo como referência a jurisprudência dos tribunais su- nistrativa e financeira descentralizada.
periores a respeito da organização administrativa e dos
agentes públicos, julgue o item a seguir. As autarquias são pessoas jurídicas de direito públi-
O fato de a advocacia pública, no âmbito judicial, defen- co, de natureza administrativa, criadas para a execução
der ocupante de cargo comissionado pela prática de ato de serviços tipicamente públicos, antes prestados pelas
no exercício de suas atribuições amolda-se à teoria da entidades estatais que as criam. Por serviços tipicamente
representação. públicos entenda-se aqueles sem fins lucrativos criados
por lei e comum monopólio do Estado.
( ) CERTO ( ) ERRADO “O termo autarquia significa autogoverno ou gover-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

no próprio, mas no direito positivo perdeu essa noção


Resposta: Errado - Vigora no Direito Administrativo semântica para ter o sentido de pessoa jurídica adminis-
trativa com relativa capacidade de gestão dos interesses
brasileiro a teoria do órgão, de Otto Giërke. Quando
a seu cargo, embora sob controle do Estado, de onde
um agente público atua, é como se o próprio Esta-
se originou. Na verdade, até mesmo em relação a esse
do atuasse, então não há problemas com o fato da sentido, o termo está ultrapassado e não mais reflete
advocacia pública defender o ocupante de um cargo uma noção exata do instituto. [...] Pode-se conceituar au-
público, não importando se o cargo é efetivo ou em tarquia como a pessoa jurídica de direito público, inte-
comissão. grante da Administração Indireta, criada por lei para de-
sempenhar funções que, despidas de caráter econômico,
2. (TRF 1ª REGIÃO - Técnico Judiciário - Área Adminis- sejam próprias e típicas do Estado”5.
trativa - CESPE/2017) No que diz respeito a organiza-
ção administrativa, julgue o item que se segue. 5 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

5
Logo, as autarquias são regidas integralmente pelo O patrimônio da autarquia é formado por bens públi-
regime jurídico de direito público, podendo, tão-somen- cos, razão pela qual seu patrimônio se sujeita às mesmas
te, ser prestadoras de serviços públicos, contando com regras aplicáveis aos bens públicos em geral, inclusive no
capital oriundo da Administração direta. O Código Civil, que se refere à impenhorabilidade e à impossibilidade de
em seu artigo 41, IV, as coloca como pessoas jurídicas de oneração e de usucapião.
direito público, embora exista controvérsia na doutrina. Os agentes públicos das autarquias são concursados
Carvalho Filho6 classifica quanto ao regime jurídico: e estatutários, logo, se sujeitam a estatuto próprio e não
“a) autarquias comuns (ou de regime comum); b) au- à CLT. Já os dirigentes não precisam ser concursados e
tarquias especiais (ou de regime especial). Segundo a são nomeados e destituídos livremente pelo chefe do
própria terminologia, é fácil distingui-las: as primeiras Executivo.
estariam sujeitas a uma disciplina jurídica sem qualquer
especificidade, ao passo que as últimas seriam regidas 1. Agências reguladoras
por disciplina específica, cuja característica seria a de
atribuir prerrogativas especiais e diferenciadas a certas São figuras muito recentes em nosso ordenamento
autarquias”. São exemplos de autarquias especiais aque- jurídico. Possuem natureza jurídica de autarquias de regi-
las criadas para serviços especiais, como autarquias de me especial, são pessoas jurídicas de Direito Público com
ensino (ex.: USP) e autarquias de fiscalização (ex.: CRM capacidade administrativa, aplicando-se a elas todas as
e CREA). regras das autarquias.
A título de exemplo, citamos as seguintes autarquias: O dirigente é nomeado pelo chefe do Executivo, mas
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária a nomeação se sujeita à aprovação do legislativo, que
(Incra), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), De- se baseia nos critérios de conhecimento. Uma vez no-
partamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), meado, o dirigente passa a gozar de mandato com prazo
Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), determinado e só pode ser destituído por processo com
Departamento nacional de Registro do Comércio (DNRC), decisão motivada.
Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), Insti- Possuem como objetivo regular e fiscalizar a execu-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Natu- ção de serviços públicos. Elas não executam o serviço
rais Renováveis (Ibama), Banco Central do Brasil (Bacen). propriamente, elas o fiscalizam. Logo, são entidades com
típica função de controle da prestação dos serviços pú-
Ainda sobra as autarquias: blicos e do exercício de atividades econômicas, evitando
Contam com patrimônio próprio, constituído a partir a prática de abusos por parte de entidades do setor pri-
de transferência pela entidade estatal a que se vinculam, vado.
portanto, capital exclusivamente público. São titulares da matéria técnica que regulam, de
São dotadas, ainda, de autonomia financeira, plane- modo que somente elas podem disciplinar as regras e
jando seus gastos e compromissos a cada exercício. A padrões técnicos desta determinada seara.
proposta orçamentária é encaminhada anualmente ao
chefe do Executivo, que a inclui no orçamento fiscal da No exercício de seus poderes, compete a elas: fiscali-
lei orçamentária anual. A própria autarquia presta contas zar o cumprimento de contratos de concessões e o atin-
diretamente ao Tribunal de Contas. gimento de metas neles fixadas, fiscalizar e controlar o
Podem pagar aos seus credores por meio de precató- atendimento a consumidores e usuários (inclusive rece-
rios e requisição de pequeno valor, tal como a Adminis- bendo e processando denúncias e reclamações, aplican-
tração direta. Podem emitir sozinhas certidão de dívida do penas administrativas e multas, bem como rescindin-
ativa de seus devedores. do contratos), definir política tarifária e reajustá-la.
Gozam de imunidade tributária recíproca em relação Entre as agências reguladoras inseridas no ordena-
a todas unidades da federação. mento brasileiro, destacam-se: ANEEL – Agência Nacio-
A elas se conferem as mesmas prerrogativas proces- nal de Energia Elétrica, criada pela Lei nº 9.427/1996; a
suais que à Fazenda Pública, inclusive prazo em dobro ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações, pela
para contestar e recorrer, além de reexame necessário Lei nº 9.472/1997; e a ANP – Agência Nacional do Petró-
da causa em situações de condenação acima de certos leo, pela Lei nº 9.478/1997.
valores.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Todas autarquias devem ser criadas, organizadas e 1.2. Agências executivas


extintas por lei, que podem ser complementadas por
atos do Executivo, notadamente Decretos. Agência executiva é a qualificação conferida a autar-
As autarquias podem ser federais, estaduais, distritais quia, fundação pública ou órgão da administração direta
e municipais, contudo não podem ser interestaduais ou que celebra contrato de gestão com o próprio ente po-
intermunicipais (não é permitida a associação de unida- lítico com o qual está vinculado. As agências executivas
des federativas para a criação de autarquias). se distinguem das agências reguladoras por não terem
Devem executar atividades típicas do direito público como objetivo principal o de exercer controle sobre par-
e, notadamente, serviços públicos de natureza social e ticulares que prestam serviços públicos, que é o objetivo
atividades administrativas, com a exclusão dos serviços e fundamental das agências reguladoras. Assim, a expres-
atividades de cunho econômico e mercantil. são “agências executivas” corresponde a um título ou
qualificação atribuída à autarquia ou a fundações públi-
6 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito administra-
cas cujo objetivo seja exercer atividade estatal.
tivo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

6
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito
#FicaDica Privado, criadas para a prestação de serviços públicos ou
As agências reguladoras sempre serão para a exploração de atividades econômicas, que contam
autarquias, embora sujeitas a regime especial. com capital exclusivamente público, e são constituídas
As agências executivas podem ser autarquia, por qualquer modalidade empresarial, após autorização
fundação pública ou órgão da administração legislativa do ente federativo criador.
direta que firme contrato de gestão. Sendo a empresa pública uma prestadora de servi-
ços públicos, estará submetida a regime jurídico público,
ainda que constituída segundo o modelo imposto pelo
3. Fundações públicas Direito Privado. Se a empresa pública é exploradora de
atividade econômica, estará submetida a regime jurídi-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: co denominado pela doutrina como semipúblico, ante a
IV - Fundação Pública - a entidade dotada de perso- necessidade de observância, ao menos em suas relações
nalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, com os administrados, das regras atinentes ao regime da
criada em virtude de autorização legislativa, para o de- Administração, a exemplo dos princípios expressos no
senvolvimento de atividades que não exijam execução por “caput” do artigo 37 da Constituição Federal.
órgãos ou entidades de direito público, com autonomia Podemos citar, a título de exemplo, algumas empre-
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos respecti- sas públicas, nas mais variadas esferas de governo, como
vos órgãos de direção, e funcionamento custeado por re- o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e So-
cursos da União e de outras fontes.
cial (BNDES); a Empresa Municipal de Urbanização de
São Paulo (EMURB); a Empresa Brasileira de Correios e
As Fundações são pessoas jurídicas compostas por
Telégrafos (ECT); a Caixa Econômica Federal (CEF).
um patrimônio personalizado, destacado pelo seu insti-
Estas empresas públicas se caracterizam e se diferen-
tuidor para atingir uma finalidade específica, denomina-
das, em latim, universitas bonorum. Entre estas finalida- ciam das sociedades de economia mista por: não possuí-
des, destacam-se as de escopo religioso, moral, cultural rem fins lucrativos (o capital excedente não se transforma
ou de assistência. em lucro, é reinvestido na própria empresa), podem ado-
Essa definição serve para qualquer fundação, inclu- tar perfis empresariais diversos (LTDA, comandita, nome
sive para aquelas que não integram a Administração coletivo, S/A), o capital social é formado por recursos pú-
indireta (não-governamentais). No caso das fundações blicos e só admite sócios públicos (pode ter apenas um
que integram a Administração indireta (governamentais), sócio – unipessoalidade originária ou inicial).
quando forem dotadas de personalidade de direito pú-
blico, serão regidas integralmente por regras de direito 5. Sociedades de economia mista
público. Quando forem dotadas de personalidade de di-
reito privado, serão regidas por regras de direito público Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967:
e direito privado. III - Sociedade de Economia Mista - a entidade do-
Quando as fundações são criadas pelo Estado são tada de personalidade jurídica de direito privado, criada
conhecidas como fundações públicas, ou autarquias por lei para a exploração de atividade econômica, sob a
fundacionais ou fundações autárquicas. O estatuto da forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a
fundação, no caso, terá a forma de lei, cujo escopo será voto pertençam em sua maioria à União ou a entidade da
criar e organizar a fundação. As fundações públicas são Administração Indireta.
regulamentadas por lei complementar. Sendo fundações
públicas que adotam regime jurídico de direito público, As sociedades de economia mista são pessoas jurídi-
se equiparam às autarquias e se sujeitam às mesmas re- cas de Direito Privado criadas para a prestação de servi-
gras que elas. ços públicos ou para a exploração de atividade econômi-
Obs.: é possível que a lei autorize (não crie) uma ca, contando com capital misto e constituídas somente
fundação pública que adote regime jurídico de direito sob a forma empresarial de S/A.
privado, ou então um regime misto, caso em que seus Por capital misto, entenda-se que não é apenas o Es-
servidores poderão se sujeitar à CLT, seu patrimônio não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tado que participa dela, existem acionistas a ela vincu-


será exclusivamente oriundo de verbas estatais. A lei au-
lados. Entretanto, o Estado deve ser o acionista contro-
torizadora deve ser expressa neste sentido.
lador do direito a voto, mesmo que não seja o acionista
majoritário (se o Estado for sócio, mas não for controla-
4. Empresas públicas
dor, trata-se de empresa comum, não sociedade de eco-
Conceitua-se no artigo 5º do Decreto nº 200/1967: nomia mista).
II - Empresa Pública - a entidade dotada de personali- Alguns exemplos de sociedade mista:
dade jurídica de direito privado, com patrimônio próprio e
capital exclusivo da União, criado por lei para a explora- - Exploradoras de atividade econômica: Banco do Bra-
ção de atividade econômica que o Governo seja levado a sil e Banespa.
exercer por força de contingência ou de conveniência ad- - Prestadora de serviços públicos: Petrobrás, Sabesp,
ministrativa podendo revestir-se de qualquer das formas Metrô e CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habita-
admitidas em direito. cional Urbano).

7
Estas sociedades de economia mista se caracterizam e se diferenciam das empresas públicas por: possuírem fins
lucrativos (os lucros são distribuídos entre os acionistas), adotam o perfil de sociedade anônima S/A, o capital social é
formado por recursos públicos e privados, os sócios são privados e públicos (Estado).

6. Empresas públicas e sociedades de economia mista: semelhanças

Embora a Constituição Federal reserve a atividade econômica à iniciativa privada, resguardando ao Estado os papéis
de integração (integrar o Brasil na economia global), regulação (definindo regras e limites na exploração da atividade
econômica por particulares) e intervenção (fixação de regras e normas para combater o abuso do poder econômico)
(conforme artigos 173 e seguintes, CF), autoriza-se excepcionalmente que o Estado explore diretamente atividades
econômicas se houver um relevante interesse em matérias (serviços públicos em geral) ou atividades de soberania.
Quando está autorizado a fazê-lo, somente atua por meio de sociedades de economia mista e empresas públicas.
Tais empresas são regidas por regime jurídico de direito privado, o que evita que o próprio Estado possa abusar do
poder econômico. Logo, o Estado não pode dar às suas próprias empresas benefícios previdenciários, tributários e tra-
balhistas. Além disso, em termos processuais, não gozam das prerrogativas que as autarquias gozam.

FIQUE ATENTO!
O impedimento de prerrogativas somente se aplica quando o Estado está explorando atividade econômica
propriamente dita, não quando está ofertando serviços públicos. Afinal, se o serviço é público, então o
Estado pode sobre ele exercer monopólio, o que afasta a necessidade de regras que impeçam o abuso
do poder econômico. Por exemplo, os Correios são uma empresa pública e possuem isenção fiscal e
impenhorabilidade de bens.

Tanto as empresas públicas quanto as sociedades de economia mista são criadas por lei e a existência delas deve ser
fundada em contrato ou estatuto. Ambas se sujeitam, ainda, ao regime jurídico de direito privado. Inclusive, seus bens
são, a princípio, penhoráveis (exceto se for prestadora de serviço público e não exploradora de atividade econômica).
No entanto, não se sujeitam à falência ou à recuperação judicial (art. 2º, Lei nº 11.101/2005).
Contudo, devem obedecer ao núcleo obrigatório mínimo: licitar (exceto no que tange à prestação da atividade-fim),
concursar (os agentes se sujeitam ao regime da CLT, são celetistas e não estatutários, mas são contratados mediante
concurso público de provas ou provas e títulos), prestar contas ao Tribunal de Contas e obedecer ao teto de remunera-
ção (exceto no caso de sociedade de economia mista que subsista sem qualquer auxílio do governo, apenas com seus
lucros).

#FicaDica
Empresa Pública Sociedade de Economia Mista
Não possuem fins lucrativos Possuem fins lucrativos
Adotam perfis empresariais diversos (inclusive
Adotam o perfil de sociedade anônima S/A
pode ser S/A)
Capital social de recursos públicos Capital social de recursos públicos e privados
Apenas sócios públicos Sócios públicos e privados

EXERCÍCIOS COMENTADOS
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - CESPE/2018) Em relação ao direito administrativo, julgue o item


seguinte.
Somente por decreto específico poderá ser criada autarquia e autorizada a instituição de empresa pública, de socieda-
de de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar definir as áreas de atuação.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado - Disciplina o artigo 37, XIX, CF: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia e autori-
zada a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à lei complementar,
neste último caso, definir as áreas de sua atuação”. Somente fundação pública tem suas áreas de atuação determina-
das por lei federal. Basta lei ordinária para criar autarquia e autorizar a instituição de empresa pública ou sociedade
de economia mista – Decreto é insuficiente para tanto.

8
2. (STM - Técnico Judiciário - Área Administrativa -
CESPE/2018) A respeito dos princípios da administração
pública, de noções de organização administrativa e da EXERCÍCIO COMENTADO
administração direta e indireta, julgue o item que se se- 1. (TRT1-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – INSTITUTO
gue. AOCP – 2018) Referente aos atos administrativos, assi-
As autarquias são pessoas jurídicas criadas por lei e pos- nale a alternativa correta.
suem liberdade administrativa, não sendo subordinadas
a órgãos estatais. a) Atos de gestão são os praticados pela Administração
Pública com todas as prerrogativas e privilégios de au-
( ) CERTO ( ) ERRADO toridade, como os atos de polícia.
b) Atos complexos são os que decorrem da declaração
Resposta: Certo - O artigo 5o, I, Decreto-Lei nº de vontade de um único órgão, desde que este seja
200/1967 descreve a autarquia como serviço autôno- colegiado.
mo, ou seja, estas possuem independência em relação c) Ato composto é o que resulta da manifestação de dois
aos órgãos da Administração direta; e também diz que ou mais órgãos, em que a vontade de um é instrumen-
estas são criadas por lei. tal em relação a de outro, que edita o ato principal.
d) Os atos que apresentarem defeitos sanáveis, estes en-
3. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ- tendidos por vícios na forma e no motivo, poderão ser
RIA - CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária, convalidados pela própria Administração, desde que
julgue o próximo item, referente ao poder administrati- não acarretem lesão ao interesse público ou prejuízo
vo, à organização administrativa federal e aos princípios a terceiros.
básicos da administração pública. e) Prevalece na doutrina que os meros atos administra-
Quando criadas como autarquias de regime especial, as tivos, como certidões e atestados, são suscetíveis de
agências reguladoras integram a administração direta. revogação pela Administração.

( ) CERTO ( ) ERRADO Resposta: Letra C. Alternativa A está incorreta pois


os atos de polícia são considerados atos de império,
Resposta: Errado - Como autarquias de regime espe- e não de gestão. Alternativa B está errada pois atos
cial, as agências reguladoras fazem parte da Adminis- complexos são aqueles manifestados por dois ou mais
tração Indireta. órgãos distintos. Alternativa D está incorreta pois os
vícios quanto ao motivo dos atos é caso de nulida-
de, não sendo possível sua convalidação. Alternativa E
ATO ADMINISTRATIVO; CONCEITO, RE- está incorreta pois as certidões e enunciados são atos
QUISITOS, ATRIBUTOS, CLASSIFICAÇÃO E meramente enunciativos, não são passíveis de revo-
gação.
ESPÉCIES;

REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS


CONCEITO DE ATO ADMINISTRATIVO
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser é matéria com grande divergência doutrinária. A maioria
considerados atos. Mas, para o Direito, os atos são aque- dos concursos públicos ainda adota a concepção mais
les capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como clássica dos requisitos dos atos administrativos e, por
as pessoas na vida privada, a Administração Pública tam- isso, daremos maior destaque a ela. De modo geral, a
bém pratica atos, que são capazes de produzir efeitos corrente clássica, defendida por autores como Hely Lo-
jurídicos diversos. pes Meirelles, tende a atribuir aos atos administrativos
Os atos administrativos são as manifestações de cinco requisitos para a sua formação, utilizando como
vontade da Administração Pública que objetivam ad- inspiração o preceito legal disposto no art. 2º da Lei nº
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

quirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e 4.717/1965. São eles: a) competência, b) objeto, c) for-
declarar direitos ou impor obrigações aos particula- ma, d) motivo, e e) finalidade.
res ou a si própria. Isso significa que a Administração,
antes mesmo de iniciar sua atuação, deve expedir uma 1. Competência
declaração que exprime a sua vontade de realizar o re-
ferido ato. Competência diz respeito à capacidade do agente pú-
Importante frisar o caráter infralegal dos atos admi- blico para o exercício dos atos administrativos. É requisi-
nistrativos, pois imprescindível é a submissão da Ad- to de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a
ministração Pública, seus agentes e órgãos à soberania lei é quem estabelece as competências atribuídas a seus
popular. O ato administrativo, dessa forma, deve estar agentes para o desempenho de suas funções. Quando o
previsto em lei, e seu conteúdo não pode ser contrário à agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu
lei (contra legem), mas complementar a ela, isso é, deve ato nulo por excesso de poder. É, por isso, sempre um
estar conforme a lei (secundum legem). ato vinculado.

9
A competência possui certas características próprias, O motivo pode ser tanto requisito vinculado como
a saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imo- discricionário, dependendo do comando legal imposto
dificável, imprescritível e improrrogável. Obrigatória aos agentes. O motivo será vinculado quando a lei ex-
porque representa um dever do agente público. Irrenun- pressamente obrigar o agente a agir de um certo modo,
ciável porque o agente público não pode abrir mão de como na hipótese de lançamento tributário (o fiscal da
sua competência. Imprescritível, porque a competência Receita não tem direito de escolha, se deve ou não fazer
perdura ao longo do tempo, ela não caduca. Improrro- o lançamento). Situação diversa é a do pedido de demis-
gável significa dizer que se é competente hoje, continua- são de servidor público no caso de incontinência públi-
rá sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em ca (art. 132, V, da Lei nº 8.112/1990), hipótese em que a
sentido contrário. Intransferível, ou inderrogável, é a im- autoridade competente tem maior liberdade para avaliar
possibilidade de se transferir a competência de um para se a demissão é realmente ato necessário ou não, depen-
outro, por interesse das partes. dendo do caso concreto.
No entanto, essas características não vedam a possi- Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus-
bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em tificativa para a realização de determinado ato. O motivo
lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade ocorre em momento anterior a prática do ato, enquanto
é outra característica da competência. Porém, atente-se que a motivação, por ser uma série de explicações que
ao disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem justificam a expedição do ato, ocorre sempre em mo-
ser objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter mento posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas
normativo; II - a decisão de recursos administrativos; III nem sempre é expedido adjunto com a motivação, que
- as matérias de competência exclusiva do órgão ou au- nada mais é do que a exteriorização dos motivos.
toridade”. Alguns atos, então, não podem ser delegados
a outras autoridades, principalmente se tais atos são de 5. Finalidade
competência exclusiva do agente público.
Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática
2. Objeto daquele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo
almejado é a proteção do interesse público. Sempre que
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre- o ato for praticado tendo em vista o interesse alheio, será
tende ser almejado pela prática do ato administrativo. nulo por desvio de finalidade.
Todo ato administrativo tem por objeto a criação, modi- Além dessa concepção clássica, há também uma clas-
ficação, ou comprovação de situações jurídicas concer- sificação mais moderna dos requisitos dos atos admi-
nentes a pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercí- nistrativos, elaborada por autores como Celso Antônio
cio do Poder Público. É através dele que a Administração Bandeira de Mello. Por ser pouco utilizada em concursos
exerce seu poder, concede um benefício, aplica uma públicos, observaremos apenas os pontos essenciais e
sanção, declara sua vontade, estabelece um direito do didáticos da referida classificação.
administrado, etc. Para essa concepção moderna, são requisitos dos
O objeto pode não estar previsto expressamente na atos administrativos: a) sujeito; b) motivo; c) requisitos
legislação, cabendo ao agente competente a opção que procedimentais; d) finalidade; e) causa e f) formalização.
seja mais oportuna e conveniente ao interesse público. Sujeito, requisitos procedimentais e causa são os requi-
A definição de objeto do ato administrativo trata-se, por sitos vinculados, enquanto que o motivo, a finalidade e a
isso, de ato discricionário. formalização são requisitos discricionários.

3. Forma

A forma é o modo através do qual se exterioriza o EXERCÍCIO COMENTADO


ato administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à
forma do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato 2. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO – FCC – 2018)
vinculado, quando exigida por Lei, e discricionário quan- Desvio de poder é a denominação de um dos possíveis
do a sua escolha couber ao próprio agente público. vícios que acometem os atos administrativos, implican-
Em regra, os atos administrativos são sempre exterio- do invalidade. Referido vício relaciona-se diretamente ao
rizados por escrito, mas podem também ser orais, ges- elemento:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tuais, ou até mesmo expedidos por máquinas. O art. 22


da Lei nº 9.784/1999 determina que “os atos do processo a) objeto, também conhecido como conteúdo do ato.
administrativo não dependem de forma determinada se- b) forma, que diz respeito às formalidades essenciais à
não quando a lei expressamente a exigir”. existência do ato.
c) finalidade do ato, podendo, também, estar vinculado
4. Motivo à competência.
d) pressuposto fático, que leva à inexistência do ato.
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que e) motivos de fato, em razão, no Brasil, da teoria dos mo-
determina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação tivos determinantes.
fática que justifica a realização do ato. Situação de fato
é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização Resposta: Letra C. Desvio de poder é hipótese de
do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à vício de ato administrativo praticado com finalidade
realização do ato. diversa daquela legalmente prevista. Por haver uma

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sobreposição de interesses particulares do agente pú- deveres e obrigações. A imperatividade garante ao Poder
blico em face do interesse público, trata-se de ato in- Público a capacidade de produzir atos que geram conse-
válido, sujeito a anulação com efeitos retroativos. quências perante terceiros.
A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a
vontade dos administrados, dos atos administrativos é o
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder
Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os
Atributos são as características dos atos administra- atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos
tivos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois administrados. Assim, não têm essa característica os atos
estão submetidos ao regime jurídico administrativo. Es- que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
sas características traduzem em prerrogativas concedi- bem como aqueles meramente administrativos (certidão,
das à Administração Pública para que ela possa atender
parecer).
de maneira adequada às necessidades da população.
A doutrina mais moderna faz referência a cinco atri-
butos distintos: a) presunção de legitimidade e veraci- 3. Exigibilidade
dade; b) imperatividade; c) exigibilidade; d) autoexe-
cutoriedade; e e) tipicidade. Consiste no atributo que permite à Administração
Pública aplicar sanções aos particulares por violação da
1. Presunção de legitimidade e veracidade ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer ao proces-
so judicial, que é demasiado longo e repleto de soleni-
Também pode ser denominado presunção de legali- dades. A exigibilidade permite ao Administrador aplicar
dade, significa que todo ato administrativo é considera- as sanções administrativas, como multas, advertências, e
do válido no âmbito jurídico, até surgir prova em contrá- interdição de estabelecimentos comerciais.
rio. Se, pelo princípio da legalidade, ao Administrador só
cabe fazer o que a lei permite, então presume-se que o 4. Autoexecutoriedade
fez respeitando a lei.
Nosso Direito admite duas formas de presunção: A autoexecutoriedade permite que a Administração
presunção juris et de jure que significa “de direito e por Pública possa realizar a execução material de seus atos. A
direito”, é presunção absoluta, que não admite prova expressão “auto” advém do fato de que o Poder Público
em contrário. Temos também a presunção juris tantum,
não necessita de autorização judicial para desconstituir
resultante do próprio direito e, embora por ele estabe-
a situação irregular e violadora da ordem jurídica, o que
lecida como verdadeira, admite prova em contrário. A
presunção dos atos administrativos é juris tantum. a difere da exigibilidade, que não tem o condão de, por
Trata-se, então, de presunção relativa. Cabe ao particular si só, desconstituir a irregularidade do ato, apenas pune
que alegou a ilegalidade do ato administrativo provar a o infrator. Para tanto, necessita da presença de dois re-
carência de legitimidade do mesmo. quisitos: a previsão legal, como nos casos de Poder de
A presunção atinge todos os atos, inclusive aqueles Polícia; e o caráter de urgência, a fim de preservar o in-
praticados pela Administração com base no direito pri- teresse coletivo.
vado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Admi- Assim, não há necessidade de intervenção judicial nas
nistração Pública, será presumidamente legítimo e ver- hipóteses de: apreensão de mercadorias contrabandea-
dadeiro. das, na demolição de construção irregular, na interdição
de estabelecimento comercial irregular, entre outros. To-
2. Imperatividade davia, afirmar que a execução independe de manifesta-
ção do Judiciário não significa dizer que escapa do con-
Compreendida também como coercibilidade, os trole judicial. Poderá ser levado ao crivo, mas somente a
atos administrativos se impõem aos destinatários, inde- posteriori, depois de seu cumprimento, se houver pro-
pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes vocação da parte interessada. As medidas judiciais mais
deveres e obrigações. A imperatividade garante ao Poder adequadas para contestar a força coercitiva administrati-
Público a capacidade de produzir atos que geram conse-
va são o mandado de segurança e o habeas data (art. 5º,
quências perante terceiros.
A justificativa da criação unilateral, ainda que contra a LXIX e LXVIII, da CF/1988).
vontade dos administrados, dos atos administrativos é o Importante ressaltar ainda que os princípios da razoa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Poder coercitivo do Estado, também denominado Poder bilidade e proporcionalidade impõem limites na atuação
Extroverso. Esse não é um atributo comum a todos os coercitiva dos agentes públicos. A autoexecutoriedade
atos, mas tão somente aos que impõem obrigações aos (leia-se o uso de força física) deve ser utilizada com bom
administrados. Assim, não têm essa característica os atos senso e moderação.
que outorgam direitos (autorização, permissão, licença),
bem como aqueles meramente administrativos (certidão, 5. Tipicidade
parecer).
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar
2. Imperatividade as finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada
espécie de ato administrativo. Dependendo da finalidade
Compreendida também como coercibilidade, os que o Poder Público almeja, existe um ato definido em
atos administrativos se impõem aos destinatários, inde- lei. A lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas
pendentemente de sua concordância, outorgando-lhes consequências, promovendo ao particular a garantia de

11
que a Administração Pública não fará uso de atos ino- são de aposentadoria para o contribuinte beneficiário.
minados, sem tipificação, que impõem obrigações cuja Atos discricionários: a lei também estabelece uma série
previsão legal não existe. É um atributo que deriva do de regras para a prática de um ato, mas deixa certo grau
próprio princípio da legalidade. de liberdade ao agente público, que poderá optar por
um entre vários caminhos igualmente válidos. Há uma
avaliação subjetiva prévia à edição do ato. É o caso das
#FicaDica permissões para o uso de bem público.

A tipicidade é característica marcante da ex- b) Quanto à formação de vontade:


propriação de bens particulares pelo Poder Atos simples: são aqueles que nascem da manifesta-
Público. É o caso de desapropriação adminis- ção de vontade de apenas um órgão, seja ele unipessoal
trativa, hipótese em que o Poder Público tem (formado só por uma pessoa) ou colegiado (composto
a prerrogativa de tirar da esfera de alguma por várias pessoas). O ato que altera o horário de aten-
pessoa física a titularidade sobre bem imó- dimento da repartição pública, emitido por uma única
vel, transformando-o em bem público. Para pessoa, bem como a decisão administrativa do Conselho
tanto, deve realizar um procedimento envol- de Contribuintes do Ministério da Fazenda, que expressa
vendo aspectos mais complexos, como a de- vontade única apesar de ser órgão colegiado, são exem-
claração de utilidade ou necessidade pública plos de atos simples.
(art. 5º, XXIV, da CF/1998), bem como a ne- Atos complexos: são aqueles que se formam pela
cessidade de prévia indenização ao particular união de várias vontades, isso é, que necessitam da ma-
que teve seu bem expropriado, em pecúnia nifestação de vontade de dois ou mais órgãos diferentes
(art. 182, § 3º, da CF/1988). para a sua formação. Enquanto todos os órgãos compe-
tentes não se manifestarem da forma devida, o ato não
estará perfeito.
Atos compostos: é aquele que advém de manifes-
tação de apenas um órgão. Porém, para que produza
EXERCÍCIO COMENTADO efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência de
3. (DPE-AM – ASSISTENTE TÉCNICO – FCC – 2018) outro ato, que o homologa, como condição para a exe-
O atributo do ato administrativo que depende de expres- cutoriedade daquele ato. Costuma-se afirmar que o ato
sa previsão legal ou se justifica diante de necessidade posterior é acessório do anterior, pois a manifestação do
urgente denomina-se: segundo ato não possui a mesma matéria do primeiro:
ele apenas complementa a aplicação deste. Exemplo: a
a) autoexecutoriedade. nomeação de servidor público, que deve sempre antece-
b) presunção de legitimidade e veracidade. der a sua aprovação em concurso público.
c) motivo ou finalidade.
d) unilateralidade ou tipicidade. c) Quanto aos destinatários:
e) imperatividade. Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter abs-
trato e impessoal. Seus destinatários são muitos, mas
Resposta: Letra A. A autoexecutoriedade permite unidos por características em comum, que os faz desti-
que a Administração Pública possa realizar a execução natários do mesmo ato. Para produzirem seus efeitos, já
material de seus atos. Necessita da presença de dois que externos, devem ser publicados na imprensa oficial.
requisitos autorizadores: a expressa previsão legal, Exemplos: os editais de concurso público, as instruções
como nos casos de poder de polícia, e o caráter de normativas.
urgência, a fim de preservar o interesse coletivo. Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
definido de destinatários. É o caso, por exemplo, de al-
teração de horário de funcionamento de uma repartição
CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS pública. Tal ato, evidentemente, somente é do interesse
daqueles funcionários. A publicidade é atendida apenas
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. com a comunicação dos interessados, visto que é um ato
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, interno da Administração Pública.


formando-se uma verdadeira classificação desses atos. Atos individuais: são aqueles destinados a apenas
Portanto, passemos a analisar as diversas modalidades um único destinatário. Exemplo: a promoção de um de-
de atos administrativos, observando os seguintes crité- terminado servidor público. A exigência da publicidade
rios: depende somente da comunicação do interessado, não
há necessidade de publicação pelo Diário Oficial.
a) Quanto ao grau de liberdade:
Atos vinculados: são aqueles praticados pela Ad- d) Quanto aos efeitos:
ministração Pública sem nenhuma liberdade de atua- Atos constitutivos: são aqueles que geram uma
ção. A lei define todas as margens de sua conduta. nova situação jurídica aos destinatários. Pode ser pela
Havendo vício no ato vinculado, pode-se pleitear a outorga de um novo direito, como permissão de uso de
sua anulação e não a revogação, pois trata-se de ví- bem público, ou a imposição de uma obrigação, como
cio de legalidade. É o caso, por exemplo, da conces- estabelecer um período de suspensão.

12
Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma b) vinculado, de natureza bilateral, que se denomina li-
situação já existente, seja de fato ou de direito. Não cria, cença.
transfere ou extingue situação jurídica, apenas a reco- c) discricionário e precário, que se denomina licença e se
nhece. É o caso da expedição de uma certidão de tempo fundamenta no poder disciplinar.
de serviço. d) discricionário, mas não precário, bilateral, podendo
Atos modificativos: são os que têm capacidade de denominar-se licença ou autorização, indistintamente.
alterar a situação já existente, sem que seja extinta. To- e) unilateral, discricionário e precário, que se denomina
davia, não tem o condão de criar direitos e obrigações. autorização.
Exemplo: a alteração do horário de atendimento da re-
partição Resposta: Letra E. No caso mencionado, é evidente
Atos extintivos: também denominados atos des- que o interesse pelo porte de arma é somente do par-
constitutivos, são aqueles que põem termo a um direito ticular. A análise das condições, nesse caso, está sub-
ou dever pré-existentes. Exemplo: a demissão de servidor metida aos requisitos de conveniência e oportunidade
público. (“aspectos subjetivos do requerente”). Não se trata de
ato vinculado, logo, jamais poderia ser a licença. A au-
e) Quanto ao objeto: torização é ato administrativo discricionário e precário
Atos de império: são aqueles praticados pela Admi- pelo qual a Administração autoriza o particular a exer-
nistração em posição de superioridade perante os parti- cer determinada atividade que seja de seu interesse.
culares, como na imposição de multa por infração admi-
nistrativa.
Atos de gestão: são expedidos pela Administração, ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
em posição de igualdade em relação aos administrados.
É o caso da alienação de bem público. Os atos administrativos tipificados pela legislação
Atos de expediente: são atos internos, elaborados brasileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para
por autoridade subalterna, que não têm capacidade de-
fins didáticos, uma sistematização dos atos administrati-
cisória. Exemplo: numeração dos autos no processo ju-
vos. A doutrina divide os atos administrativos previstos
dicial.
da legislação em cinco espécies distintas:
f) Quanto à exequibilidade:
a) Atos normativos: são aqueles que apresentam co-
Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu
mandos gerais e abstratos para o cumprimento da lei.
processo de formação, e estão prestes a produzir seus
Alguns autores, inclusive, chegam a considerar tais atos
efeitos. Perfeição não se confunde com validade, pois um
“leis em sentido material”. São atos normativos: os de-
ato válido pode não ser obrigatoriamente perfeito.
Atos imperfeitos: são os que ainda não completa- cretos e regulamentos; as instruções normativas; os regi-
ram seu processo de formação, e por isso mesmo, não mentos; as resoluções; e as deliberações.
estão aptos a produzirem efeitos. Atos imperfeitos geral-
mente necessitam de outro ato que o homologue. b) Atos ordinatórios: correspondem a manifestações
Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a con- internas da Administração Pública decorrentes do poder
dição ou termo para começar a produzir efeitos. Seu ciclo hierárquico, estabelecendo regras de funcionamento de
de formação está concluído, porém depende ainda de seus órgãos internos e regras de conduta de seus agen-
um evento para tornar-se apto a produzir efeitos. tes. Tais atos não podem disciplinar as condutas dos
particulares. São atos ordinatórios: as instruções; as cir-
Os critérios apresentados não são exaustivos: há culares; os avisos; as portarias; os ofícios; as ordens de
outras formas de classificação dos atos administrativos serviço; os despachos; entre outros.
adotadas por diversos autores. Escolhemos apresen-
tar aqueles que têm mais chances de aparecer em uma c) Atos negociais: são aqueles que manifestam a
questão de concurso público. vontade da Administração em consonância com o inte-
resse dos particulares. Exemplos: a licença, a autorização,
a permissão, a concessão, a aprovação, a homologação,
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a renúncia, etc. Os atos negociais podem ser vinculados


(licença) ou discricionários (autorização), definitivos ou
EXERCÍCIO COMENTADO precários, sendo passíveis de revogação pelo Poder Pú-
4. (TRT-PE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) blico a qualquer tempo. A característica especial desses
Um particular interessado em obter porte de arma soli- atos é que eles não disciplinam direitos, e sim interesses
citou à Administração consentimento para tanto. Nesta dos particulares.
hipótese, a manifestação positiva da Administração, que
demanda análise de aspectos subjetivos do requerente, d) Atos enunciativos: também denominados “atos
consistirá em um ato administrativo: de pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam
a existência de uma situação jurídica peculiar. Tais atos
a) unilateral e vinculado, que faculta o uso, sem restri- possuem caráter predominantemente declaratório. São
ções, quando o particular preencher as condições ob- atos enunciativos: as certidões; os atestados; os parece-
jetivas necessárias e previstas em lei. res; etc.

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e) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são pessoa ou objeto: os atos administrativos podem dizer
os atos que aplicam sanções aos particulares, ou aos ser- respeito a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um des-
vidores que pratiquem condutas irregulares, nos termos ses elementos, o ato extingue-se automaticamente, pois
da lei. São atos punitivos: as multas, as interdições; e a perdeu a sua utilidade. As pessoas “desaparecem” com
destruição de coisas. seu falecimento, como a morte de servidor público que
receberia promoção; e as coisas com a sua ruína ou des-
truição, como o desabamento de prédio que recebeu li-
cença para a sua reforma.
EXERCÍCIO COMENTADO c) Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio
5. (AL-RS – ANALISTA LEGISLATIVO – FUNDATEC – beneficiário abre mão da situação proporcionada pelo
2018) Considerando o entendimento da clássica e majo- ato administrativo. É o caso da exoneração de cargo pú-
ritária doutrina administrativista, quanto às espécies de blico a pedido do seu ocupante.
atos administrativos, é incorreto afirmar que: d) Retirada do ato: é a forma mais importante de
extinção dos atos administrativos, para os concursos pú-
a) A instrução normativa pode ser classificada como ato blicos. É a extinção que se dá pela expedição de um se-
administrativo negocial. gundo ato, elaborado para extinguir ato administrativo
b) O alvará é ato administrativo que formaliza o consen- anterior a ele. Comporta cinco modalidades, que serão
timento da administração pública para o exercício de vistas com maiores detalhes: revogação, anulação, cassa-
atividades pelos particulares. ção, caducidade e contraposição.
c) O parecer é considerado ato administrativo que exte-
rioriza manifestação técnica de caráter opinativo, sal- 1. Revogação
vo previsão legal em contrário.
d) O regimento interno é ato administrativo normativo. Revogação é a extinção de ato administrativo que se
e) As certidões podem ser classificadas como atos admi- encontra perfeito e apto a produzir seus efeitos, pratica-
nistrativos enunciativos. do pela própria Administração Pública, fundada em ra-
zões de conveniência e oportunidade, sempre almejando
Resposta: Letra A. A instrução normativa é modalida- a proteção do interesse público. Nessa hipótese, ocor-
de de ato normativo, que apresenta comandos gerais re uma causa superveniente, que altera o juízo de con-
e abstratos para o fiel cumprimento da lei. Os atos ne- veniência e oportunidade sobre a permanência de ato
gociais, por sua vez, são aqueles que manifestam uma discricionário, obrigando a Administração a expedir um
declaração de vontade do Poder Público coincidente segundo ato capaz de revogar esse ato anterior.
com a pretensão do particular, visando à concretiza-
O conceito de revogação tem previsão no art. 53 da
ção de negócios jurídicos públicos ou à atribuição de
Lei nº 9.784/1999: “A Administração deve anular seus
certos direitos ou vantagens ao interessado.
próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e
pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportu-
nidade, respeitados os direitos adquiridos”. Sobre o mes-
INVALIDAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
mo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A administração
pode anular seus próprios atos, quando eivados de ví-
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida.
Eles são criados, começam a produzir efeitos, e depois cios que os tornam ilegais, porque deles não se originam
de um tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou
detalhes justamente o desaparecimento dos atos admi- oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
nistrativos, embora seja preferível utilizar o termo “extin- salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
ção” (ou “invalidação”) dos atos administrativos. Por tratar-se de questão de mérito, a revogação so-
Para melhor compreensão do tema, a doutrina utili- mente pode ser decretada pela própria Administração
za-se de uma sistematização das formas de extinção dos Pública. É, também, decorrência do princípio da autotu-
atos administrativos. A principal divisão que deve ser fei- tela: a Administração Pública tem competência para anu-
ta é em relação a produção de efeitos: existem atos ad- lar e revogar seus atos, sendo descabido a manifestação
ministrativos eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, do Poder Judiciário nos atos administrativos discricioná-
o ato pode ser extinto pela retirada, ou pela sua recusa rios. A revogação é elaborada pela mesma autoridade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pelo beneficiário. Tratando-se de atos eficazes, há quatro que praticou o ato principal.
formas de distinção dos atos administrativos: O ato revocatório é sempre secundário, constituti-
vo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato admi-
a) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos: nistrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e eficaz,
é a extinção que ocorre pelo cumprimento integral dos destituído de qualquer vício. A revogação atinge so-
efeitos do ato administrativo. É a extinção natural espe- mente os atos discricionários: para os atos vinculados,
rada por todo ato administrativo. Pode ocorrer mediante: a medida cabível é a anulação.
a.1) esgotamento do conteúdo, como a vacinação de Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
enfermos após expedição de ordem de entrega das va- pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signi-
cinas; a.2) execução da ordem, como o guinchamento fica que a revogação produz efeitos futuros, não retroa-
de veículo; a.3) implemento de condição resolutiva ou tivos, ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se
termo final, como o prazo final para renovação da CNH. sentiu prejudicado com a referida medida, ingressar em
b) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da juízo com pedido de indenização contra a Administração.

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2. Anulação

É a extinção de ato administrativo defeituoso, pois EXERCÍCIO COMENTADO


carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi- 6. (SEFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO – CESPE –
nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. 2018) Determinado prefeito exarou ato administrativo
A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e autorizando o uso de bem público em favor de um parti-
autotutela. Também possui fundamento no art. 53, da Lei cular. Pouco tempo depois, lei municipal alterou o plano
nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF. diretor, no que tange à ocupação do espaço urbano, ten-
A anulação realizada pela própria Administração do proibido a destinação de tal bem público à atividade
ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas ca- particular.
racterísticas principais são: ato secundário, constitutivo Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo
e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judi- de autorização de uso de bem público extingue-se por
ciário podem decretar a anulação de ato administrativo.
Outra característica importante é o prazo definido pelo a) revogação.
caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Ad- b) anulação.
ministração de anular os atos administrativos de que de- c) contraposição.
corram efeitos favoráveis para os destinatários decai em d) caducidade.
cinco anos, contados da data em que foram praticados, e) cassação.
salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco
anos é atributo exclusivo da anulação. Resposta: Letra D. Pela leitura do enunciado, pode-
Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar mos perceber que a extinção da referida autorização
que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o de uso de bem público se deu pela edição de lei mu-
seu defeito constatado desde a sua concepção. Por isso, nicipal que alterou o plano diretor da cidade. A única
a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data da hipótese cabível é a caducidade, por ser justamente
prática daquele ato. Podemos afirmar, então, que a anu- hipótese de extinção de ato administrativo devido a
lação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não norma jurídica superveniente que altera, ou impede a
gera ao particular direito à indenização pela anulação de permanência da situação jurídica anterior.
ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal
para ocorrência, do qual não tenha participado.

3. Cassação PODERES ADMINISTRATIVOS; HIERÁR-


QUICO, DISCIPLINAR, REGULAMENTAR E
São hipóteses em que o administrado deixa de preen-
cher condição necessária para a permanência da referi- DE POLÍCIA; USO E ABUSO DO PODER;
da vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por
pessoa enferma.
A Administração Pública deve cumprir suas atribui-
4. Caducidade ções constitucionais, por imposição legal. Para tanto, o
exercício de suas funções depende de certas prerroga-
Também denominada decaimento, consiste na mo- tivas, ou Poderes, conferidos pela legislação. Esses po-
dalidade de extinção de ato administrativo em conse- deres são considerados instrumentos de trabalho. Signi-
quência de norma jurídica superveniente, a qual impede fica dizer que esses poderes-deveres são instrumentais,
a permanência da situação anteriormente consentida. utilizados pela Administração com o objetivo maior de
Como não pode produzir efeitos automaticamente, é ne- promover a supremacia do interesse público.
cessária a prática de um ato secundário, determinando Quando o agente público exerce adequadamente
a extinção do ato decaído. Exemplo: perda do direito de suas competências, atuando em conformidade com a
comercializar em área que passa a ser considerada exclu- legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
sivamente residencial. uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses de
exercício de competências fora dos limites legais, visan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

5. Contraposição do apenas interesses alheios, trata-se de clara hipótese


de uso irregular do poder, também denominado abuso
É o modo de extinção que ocorre com a expedição de poder. O abuso de poder, além de causar a invalidade
de um segundo ato, fundado em competência diversa, do ato, constitui em ilícito ensejador de responsabilidade
cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma pela autoridade competente que causou danos com seu
espécie de revogação praticada por autoridade distinta uso irregular.
da que expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um Abuso de poder pode se manifestar no exercício das
funcionário anteriormente exonerado de seu cargo. funções administrativas sob duas formas: pelo exces-
so de poder, e pelo desvio de finalidade. Excesso de
poder é a hipótese de uso irregular dos poderes admi-
nistrativos pelo qual a autoridade competente ou não,
pratica algum ato desrespeitando os limites impostos,
exorbitando o uso de suas faculdades administrativas. Ao

15
exceder sua competência legal, o agente responsável age sofrer controle pelo Poder Judiciário, exceto quando a
com exageros e desproporcionalidade, o que torna o ato questão for referente ao mérito dos atos discricionários,
praticado por ele absolutamente inválido. Mas o excesso cuja competência é exclusiva da própria Administração.
de poder admite convalidação, ou seja, há hipóteses em
que se pode corrigir vício cometido no ato preservando PODER REGULAMENTAR
sua eficácia, dependendo do caso concreto.
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato admi- O poder regulamentar consiste na possibilidade do
nistrativo, praticado sempre por autoridade competente, Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federa-
que tem por fim diverso daquele previsto, explícita ou ção de editar atos administrativos gerais, abstratos ou
implicitamente, nas regras de competência da legislação concretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei.
(art. 2º, par. único, e, da Lei nº 4.717/1965). A finalida- Seu fundamento legal encontra-se disposto no art. 84,
de diversa não macula os requisitos essenciais dos atos IV, da CF/1988: “Compete privativamente ao Presidente
administrativos (competência, objeto, forma, motivo), da República: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar
mas tende a macular o ato, tornando-o nulo. O único as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
caminho possível para esse ato é a anulação, ou seja, não sua fiel execução”. Por ser de competência exclusiva do
há possibilidade de convalidação. O desvio de finalida- Chefe do Poder Executivo, é indelegável a qualquer su-
de pode ocorrer tanto nas condutas comissivas, em seu bordinado. Embora o texto constitucional faça menção
campo de atuação, quanto nas condutas omissivas, isso somente ao Presidente da República, o referido poder
é, quando o agente público se abstém de realizar tarefa pode ser exercido, por simetria, pelos Governadores e
legalmente imposta. Prefeitos.
Exemplos de desvio de finalidade são bastante co- Uma das palavras chave do poder regulamentar é
muns na Administração Pública brasileira: a construção “regulamento”. Trata-se de ato administrativo que tem
de estrada cujo trajeto foi elaborado com objetivo de va- por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao
lorizar a propriedade rural de um governador; a transfe- modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior
rência de servidor público para outro Estado apenas para concretude aos comandos gerais e abstratos presentes
ficar longe da filha do delegado de polícia da cidade, a na legislação. Não se confunde com o decreto, que é ou-
tro ato administrativo que introduz o regulamento em
nomeação de réu em ação penal a cargo público para
si. Decreto representa a forma do ato administrativo, en-
obter foro privilegiado e transferir seu processo para o
quanto o regulamento representa seu conteúdo.
STF, etc. Percebe-se que, em todos os casos, há a sobre-
Ambos os decretos e regulamentos são atos em po-
posição de um interesse particular sobre o interesse da
sição de inferioridade em relação as leis e, por isso, não
coletividade: os agentes estatais, dessa forma, praticam
são capazes de criar direitos e obrigações aos particula-
atos visando obter alguma vantagem pessoal, para eles
res sem fundamento legal. Suas funções primordiais, no
mesmos ou para outrem, concretizando, assim, o desvio
entanto, são a redução da margem de interpretação das
de finalidade.
normas, pois se um decreto dispõe qual é a forma mais
O estudo dos poderes da Administração Pública, as- correta de aplicação da lei, esta perde um pouco de seu
sim, é de extrema importância para verificar quais são caráter geral e abstrato, seu campo de discricionariedade
os seus limites de atuação. Para tanto, a doutrina costu- é reduzido a uma única forma válida de aplicação no âm-
ma dividir esse poder conferido à Administração em seis bito jurídico. Por isso, o poder regulamentar apresenta
vertentes: poder vinculado; poder discricionário; poder natureza vinculada.
disciplinar; poder hierárquico; poder de polícia; e poder Existem diversas espécies de regulamentos adminis-
regulamentar. trativos:
Poder vinculado é aquele em que a lei atribui de-
terminada competência ao administrador, delimitando a) Regulamentos administrativos ou de organiza-
todos os aspectos de sua conduta, o qual deve compul- ção: são aqueles que disciplinam questões internas de
soriamente seguir a forma prevista na lei, não havendo estruturação e funcionamento da Administração Pública,
qualquer margem de liberdade para que o agente pú- bem como as relações jurídicas de sujeição especial do
blico escolha a melhor forma de cumprir suas funções. Poder Público perante particulares. Exemplo: regulamen-
Os atos praticados no exercício do poder vinculado são to que disciplina organização e funcionamento da admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

denominados atos vinculados. nistração federal (art. 84, VI, a, da CF/1988).


Poder discricionário é o poder que o legislador, ao
delimitar a competência da Administração Pública, confe- b) Regulamentos habilitados ou delegados: em
re também uma margem de liberdade para que o agente alguns países, há a possibilidade do Poder Legislativo
público possa escolher, diante da situação jurídica, qual delegar ao Executivo a disciplina de matérias reservadas
o caminho mais adequado, ou qual a melhor forma de privativamente à lei, havendo uma transferência de com-
solução daquela desavença. A lei não impõe um único petência legislativa. Tais regulamentos não são admiti-
comportamento como no poder vinculado: ela delega dos no direito administrativo brasileiro.
ao administrador a faculdade de avaliar a melhor solu-
ção para cada caso. Garantir margem de liberdade não c) Regulamentos executivos: são os regulamentos
significa que o administrador deve agir fora da lei, pois comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela le-
a discricionariedade não o permite estar acima da legis- gislação, permitindo a fiel execução da norma legal. É a
lação. Além disso, o poder discricionário também pode hipótese do art. 84, IV, da CF/1988.

16
d) Regulamentos autônomos: são os que dispõem que atinge apenas os próprios membros da Administra-
sobre tema não disciplinado pela legislação. Há um con- ção, não tem o condão de atingir as relações dos parti-
junto de temas que a norma constitucional retirou da culares. É também um poder permanente, porque não é
competência do Poder Legislativo e atribuiu sua disci- exercido de modo esporádico e episódico, como o que
plina ao Poder Executivo. A EC nº 32/2001 elenca dois acontece no poder disciplinar.
temas que só podem ser disciplinados por decreto ex- Do poder hierárquico são decorrentes certas faculda-
pedido pelo Presidente da República: a organização da des implícitas ao superior, tais como dar ordens e fis-
administração federal; e a extinção de funções e cargos calizar o seu cumprimento, delegar e avocar atribuições,
vagos e não ocupados. bem como rever atos de seus inferiores.

#FicaDica
EXERCÍCIO COMENTADO
A Lei nº 9.784/1999 dispõe sobre a dele-
1. (CÂMARA DE BELO HORIZONTE-MG – CONSUL-
gação e a avocação. A delegação traduz-se
TOR LEGISLATIVO – CONSULPLAN – 2018) Conside- numa distribuição temporária de competên-
rando os conceitos de abuso de poder, excesso de poder cias para um subalterno, representando um
e desvio de poder, assinale a afirmativa em que a hipó- movimento centrífugo. As delegações devem
tese apresentada está corretamente identificada com a ser feitas nos casos em que as atribuições fo-
espécie de uso indevido do poder: rem genéricas e não fixadas como privativas
de certo executor. A avocação, por sua vez,
a) Excesso de poder – “o servidor deixa, propositadamen- concentra (absorve) as competências em um
te, de praticar um ato de sua competência, estando único agente, caracterizando um movimento
presente o dever de agir”. centrípeto. Para melhor recordação:
b) Desvio de poder – “remoção de um servidor, para ou-
tro setor, como medida disciplinar pela prática de in- Delegação = Distribuição de competências
fração administrativa”. Avocação = Absorção de competências
c) Desvio de poder – “a demissão de um servidor impro-
bo, realizada por sua chefia imediata, sendo tal com-
petência da autoridade máxima”.
d) Excesso de poder – “qualquer forma de abuso de po- A delegação é a transferência temporária de com-
der ou desvio de poder perpetrada por agente público petência administrativa de seu titular, a outro órgão ou
no exercício de suas funções”. agente público subordinado à autoridade outorgante
(delegação vertical), ou fora da sua linha hierárquica (de-
Resposta: Letra B. Alternativa A está incorreta pois o legação horizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 dispõe
excesso de poder pressupõe uma ação de agente que do mesmo modo: “Um órgão administrativo e seu titular
praticou conduta fora de sua competência, não uma poderão, se não houver impedimento legal, delegar par-
omissão. Alternativa C está incorreta pois trata-se de te da sua competência a outros órgãos ou titulares, ainda
hipótese de excesso de poder. Alternativa D está erra- que estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
da pois o abuso de poder é gênero, do qual o excesso quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
de poder é espécie. índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial”.
Essa transferência de competência é sempre provisória, o
que significa que pode ser revogada a qualquer tempo.
PODER HIERÁRQUICO A regra geral é sempre a delegabilidade das compe-
tências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei nº
Poder hierárquico é o poder que dispõe o Executivo 9.784/1999) assevera três matérias que não podem ser
para organizar e distribuir as funções de seus órgãos, delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato de
bem como ordenar e rever a atuação de seus agentes, caráter normativo, pois constituem-se em regras gerais
estabelecendo uma relação de subordinação entre os aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com a dele-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

servidores do seu quadro de pessoas. As relações de gação; a decisão em recursos administrativos, para evitar
hierarquia são características únicas, existem somente no que a mesma autoridade possa julgar o mesmo processo
âmbito do Poder Executivo, isso é, não existe hierarquia mais de uma vez pela delegação; e as matérias que fo-
entre órgãos do Poder Legislativo e do Judiciário. Além rem consideradas de competência exclusiva do órgão ou
disso, importante frisar que não existe poder hierárquico autoridade.
entre membros da Administração Indireta, pois estes são A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei
entidades autônomas, que não se subordinam aos entes nº 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autorida-
que o criaram. Pela hierarquia, há a imposição ao subal- de competente de chamar para si a competência de
terno da estrita obediência às ordens e instruções legais um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida
superiores, além de definir a responsabilidade de cada excepcional e temporária, e somente pode ser realizada
um de seus agentes e órgãos públicos. dentro da mesma linha hierárquica, o que significa que a
Quanto às suas características, diz-se que o poder avocação só pode ser vertical, não se admite a avocação
hierárquico é interno e permanente. Interno é o poder horizontal.

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Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos contratados pela Administração Pública. Todavia, distin-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus gue-se do poder hierárquico na medida em que é não-
aspectos para a análise de sua manutenção ou invali- -permanente, isso é, só será aplicado apenas se e quan-
dação. É somente possível a revisão de atos praticados do o servidor cometer infração funcional. Percebe-se,
pelos órgãos públicos e agentes subordinados hierarqui- então, que o poder disciplinar apresenta caráter punitivo
camente. e sancionador, enquanto o poder hierárquico advém da
Para as entidades da Administração Indireta, existe simples obediência dos subalternos para com a entida-
apenas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico de detentora deste poder. A discricionariedade do poder
de seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial, disciplinar traduz-se na possibilidade da Administração
que não tem relação com o poder hierárquico. A supervi- em poder escolher qual a punição mais apropriada para
são ministerial não admite a revisão dos atos praticados cada caso, isso é, ela possui certa margem de liberdade
pelas autarquias, fundações, e demais entidades da Ad- para o seu exercício.
ministração Indireta. Os servidores públicos que cometerem qualquer
infração no exercício de suas funções estão sujeitos às
seguintes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº
8.112/1990: advertência; suspensão; demissão; cassa-
EXERCÍCIO COMENTADO
ção de aposentadoria ou disponibilidade; destituição de
2. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) cargo em comissão; e destituição de função comissio-
Os poderes de comando, de fiscalização e revisão de atos nada. A aplicação de qualquer uma dessas penalidades
administrativos, assim como os poderes de delegação e depende de prévio processo administrativo, respeitada
avocação de competências são expressão do poder ad- a garantia de contraditório e ampla defesa, sob pena de
ministrativo: nulidade da sanção.

a) de autotutela.
b) hierárquico.
c) disciplinar. EXERCÍCIO COMENTADO
d) de polícia judiciária. 3. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE –
e) de polícia. 2018) Para que a Administração Pública possa exercer
suas funções, se faz necessário que seja dotada de pode-
Resposta: Letra B. Alternativa A está errada pois a res, a fim de que organize e cumpra o seu planejamento.
autotutela não é poder, mas uma característica pró- Assim, marque a alternativa CORRETA em relação aos
pria da Administração Pública de rever os próprios Poderes Administrativos:
atos sem a necessidade de intervenção judicial. Alter-
nativa C está incorreta pois poder disciplinar sempre a) Poder hierárquico ocorre quando há a faculdade de
pressupõe a prática de uma infração por um agente punir internamente as infrações funcionais dos servi-
público (característica sancionadora). Alternativas D dores.
e E estão incorretas porque o poder de polícia é, em b) Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para
regra, exercido contra os particulares, e não dentro da organizar e distribuir as funções de seus órgãos, esta-
esfera da Administração. Lembre-se que a delegação belecendo a relação de subordinação entre os servi-
e a avocação são elementos característicos do poder dores do seu quadro de pessoal.
hierárquico. c) Poder regulamentar tem como objetivo ordenar, coor-
denar, controlar e corrigir as atividades administrati-
vas, no âmbito interno da Administração Pública.
PODER DISCIPLINAR d) Poder Revisional é o poder de avocar, delegar ou con-
ferir a outrem, da própria Administração Pública, seus
O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi- poderes originais.
nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em que e) Poder hierárquico deve detalhar a lei para sua correta
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

estes tenham cometido alguma infração de ordem execução, ou de expedir decretos autônomos sobre
funcional. Correlato com o poder hierárquico, mas não matéria de sua competência ainda não disciplinada
se confunde com o mesmo. No poder hierárquico, a Ad- por lei. É um poder inerente do Chefe do Executivo.
ministração Pública distribui e escalona as suas funções
executivas. Já no uso do poder disciplinar, a Administra- Resposta: Letra B. Alternativa A está errada, pois na
ção simplesmente controla o desempenho de funções e verdade ela descreve hipótese do poder disciplinar.
a conduta de seus servidores, responsabilizando-os pelas Alternativa C está incorreta porque ela descreve as ca-
faltas porventura cometidas. racterísticas do poder hierárquico. Alternativa D está
Em relação as suas características, o poder discipli- incorreta pois o poder revisional diz respeito à capa-
nar é interno, não-permanente ou temporário, . Assim cidade da Administração de rever seus próprios atos,
como o poder hierárquico, a imposição de sanções pela é intrínseco ao poder hierárquico. Alternativa E está
Administração não se aplica aos particulares, somente a incorreta pois, na verdade, descreve as características
seus próprios servidores, salvo as hipóteses destes serem
do poder regulamentar.

18
PODER DE POLÍCIA Para o seu exercício, a Administração Pública deve
regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos.
A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obrigações
de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde a negativas, ou de não fazer, impostas aos particulares, li-
qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade pri- mitando a esfera de atuação dos seus direitos. Excepcio-
vada, de origem administrativa ou legislativa. Há também nalmente, pode também manifestar-se mediante obriga-
o poder de polícia em sentido restrito, mais utilizado pela ções positivas ou de fazer, como é o caso da imposição
doutrina, que engloba apenas as restrições impostas pe- da função social da propriedade ao dono do imóvel, dis-
las limitações administrativas, excluindo as limitações de posta no art. 5º, XXII, da CF/1988.
ordem legal. Em sentido restrito, envolve atividades ad- O poder de polícia se manifesta pela expedição de
ministrativas de fiscalização e condicionamento da esfera atos normativos, como é o caso das regras sobre o di-
privada de interesses, em prol da coletividade. reito de construir, ou por meio de atos concretos, como
O poder de polícia tem grande destaque no exercí- a obtenção de licença para a reforma de um imóvel, cujo
cio das funções da Administração moderna, junto com interesse é exclusivo do particular (proprietário do imó-
a prestação de serviços públicos e o fomento à iniciati- vel, no caso).
va privada. Porém, essas duas funções representam uma Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de
atuação estatal ampliativa, enquanto que o poder de po- polícia, qual seja, agir em prol do interesse público. Por
lícia representa uma atuação restritiva do Estado, limi- isso, o Estado deve conciliar os direitos individuais, com
tando a liberdade e a propriedade individual em favor do o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica da Ad-
interesse público. ministração Pública, pois tem como fundamento o prin-
O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu cípio sistêmico da primazia do interesse público sobre o
conceito legal de poder de polícia: privado.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da 1. Natureza jurídica do poder de polícia
administração pública que, limitando ou disciplinan-
do direito, interesse ou liberdade, regula a prática de Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento majo-
ato ou abstenção de fato, em razão de interesse públi- ritário que o poder de polícia é discricionário. Na dou-
co concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos trina, muitos autores costumam definir poder de polícia,
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
utilizando-se a expressão “faculdade que o Estado possui
exercício de atividades econômicas dependentes de
de impor limites...”. Isso quer dizer que não apresenta ca-
concessão ou autorização do Poder Público, à tran-
racterísticas de obrigação legal, mas de uma permissão.
quilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos
A escolha sobre qual método utilizar para o exercício do
direitos individuais ou coletivos.
referido poder, e quando, compete somente à própria
Administração Pública.
Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar
poder de polícia como a atividade da Administração Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de li-
Pública, com fundamento na lei e na supremacia ge- cença. A licença é ato administrativo relacionado ao po-
ral, que consiste na imposição de limites à liberdade e à der de polícia, que apresenta previsão legal para a sua
propriedade dos particulares, regulando a prática desses obtenção, tratando-se por isso, de ato vinculado. Com
atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestando-se por isso, podemos afirmar que a manifestação do poder de
meio de atos normativos ou concretos, tudo isso em be- polícia pode ocorrer mediante a expedição de atos no
nefício do interesse público. exercício da competência discricionária da Administra-
Ao dizer que se trata de atividade da Administração ção, ou por meio de atos vinculados, com a devida pre-
Pública, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu visão legal. O poder de polícia também é indelegável,
do poder de polícia, que não se confunde com as limi- uma vez que pressupõe a posição de superioridade de
tações à liberdade e ao direito de propriedade impostas quem o exerce, não podendo ser transferido a particula-
pelo legislador. Por ser atividade da Administração, deve res (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004).
ser exercido, respeitando os princípios da razoabilidade
e proporcionalidade. 2. Polícia administrativa e polícia judiciária
A fundamentação legal é outro aspecto importante
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o exer- A concepção do poder de polícia abrange muito mais
cício de determinadas atividades à obtenção de licenças do que a simples promoção de segurança pública. To-
ou concessões pelo Poder Público. O legislador deve, en- davia, imprescindível destacar as atividades estatais de
tão, elaborar os requisitos necessários para o exercício prevenção e repressão da criminalidade sob a ótica do
do poder de polícia pelo Estado. poder de polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do
O poder de polícia tem por objeto a imposição de Estado para promoção da segurança pública em duas ca-
limitações à liberdade e propriedade dos particula- tegorias de “polícias” distintas: a polícia administrativa, e
res, instituindo condições capazes de compatibilizar seu a polícia judicial.
exercício às necessidades de interesse público. Tais im- A polícia administrativa tem um caráter preventivo.
posições também podem ser aplicadas ao Estado. Isso Isso significa que a sua atuação deve ocorrer antes da
significa que até mesmo o Poder Público pode ter suas prática do crime, tendo por finalidade evitar a sua ocor-
liberdades e propriedades limitadas em detrimento das rência. Submete-se às regras de Direito Administrativo.
necessidades do interesse público. No Brasil, a polícia administrativa é exercida pela Polí-

19
cia Militar e os vários órgãos de fiscalização de diversas
áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e LICITAÇÃO; PRINCÍPIOS; CONTRATA-
assistência social. A polícia administrativa protege os in- ÇÃO DIRETA: DISPENSA E INEXIGIBILI-
teresses primordiais da sociedade ao impedir comporta- DADE; MODALIDADES; TIPOS; PROCE-
mentos individuais que possam causar prejuízos maiores DIMENTO.
à coletividade.
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter re-
pressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do cri-
me. Após a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária LEI Nº 8.666, DE 21 DE JUNHO DE 1993 – LICITA-
abrir um processo de investigação em busca da autoria ÇÕES
e materialidade do crime. Sua razão de ser é a punição
dos infratores. Rege-se pelas regras de Direito Processual Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Fe-
Penal. Ela incide sobre pessoas, ao contrário da polícia deral, institui normas para licitações e contratos da
administrativa, que age sobre a atividade das pessoas. A Administração Pública e dá outras providências.
polícia judiciária é exercida pelas corporações especiali- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
zadas, denominadas Polícia Civil e Polícia Federal. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: [...]

#FicaDica
EXERCÍCIO COMENTADO
A Lei nº 8.666/1993 é bastante ampla e de-
4. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – FGV – 2018) dica espaço a duas temáticas centrais: licita-
Poder de polícia pode ser conceituado como uma ativi- ções e contratos administrativos. Em muitos
dade da Administração Pública que se expressa por meio concursos públicos é cobrado apenas o con-
de seus atos normativos ou concretos, com fundamento teúdo de licitações, enquanto que em outros
na supremacia geral do interesse público para, na forma é cobrado tanto o conteúdo de contratos
da lei, condicionar a liberdade e a propriedade individual, administrativos quanto o de licitações. Se no
mediante ações fiscalizadoras preventivas e repressivas. seu concurso a Lei nº 8.666/1993 for cobrada
De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Ad- na íntegra, ambos os conteúdos poderão in-
ministrativo, são características ou atributos do poder de cidir em questões da prova.
polícia:

a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade.


b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibi- LICITAÇÕES
lidade.
c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coer- 1. Conceito
cibilidade.
d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças Licitação é o processo pelo qual a Administração Pú-
de segurança pública. blica contrata serviços e adquire bens dos particulares,
e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a dis- evitando-se que a escolha dos contratados seja fraudu-
ciplina. lenta e prejudicial ao Estado em favor dos interesses par-
ticulares do governante.
Resposta: Letra C. Lembre-se que, como regra geral, o
poder de polícia é função da Administração que atinge Segundo Carvalho Filho7, “não poderia a lei deixar ao
os particulares, o que a diferencia do poder hierárquico e exclusivo critério do administrador a escolha das pessoas
disciplinar. O poder de polícia não precisa de prévia au- a serem contratadas, porque, fácil é prever, essa liber-
torização do Poder Judiciário (autoexecutoriedade). Não dade daria margem a escolhas impróprias, ou mesmo a
há relação de hierarquia, embora o Poder Público utilize- concertos escusos entre alguns administradores públicos
-se de força física (coercibilidade) para impor limitações inescrupulosos e particulares, com o que prejudicada, em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

aos direitos e liberdades dos particulares. A Administra- última análise, seria a Administração Pública, gestora dos
ção possui margem de liberdade para escolher a melhor interesses públicos”.
forma de impor tais limites (discricionariedade). Deste modo, Carvalho Filho8 conceitua licitação como
“o procedimento administrativo vinculado por meio do
qual os entes da Administração Pública e aqueles por ela
controlados selecionam a melhor proposta entre as ofe-
recidas pelos vários interessados, com dois objetivos – a
celebração de contrato, ou a obtenção do melhor traba-
lho técnico, artístico ou científico”.

7 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-


trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.
8 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

20
Destaca-se a natureza de procedimento administra- § 1°, III”. Por normas gerais de licitação e contratação,
tivo, pois apesar da Lei nº 8.666/93 se referir à licitação entendam-se aquelas com capacidade de criar, alterar ou
como ato administrativo, não se detecta verdadeiramen- extinguir modalidades, tipos e princípios licitatórios.
te ato, que é um elemento formal que indica uma inten- Não significa que os Estados e municípios não pos-
ção de agir da administração, mas sim um procedimento, sam legislar sobre licitações, apenas não podem se imis-
diante do cumprimento de etapas previstas em lei para cuir nas normas gerais. Os Estados e municípios podem
que se atinja uma meta ou um objetivo. regulamentar questões instrumentais e de interesse lo-
Logo, a licitação é um procedimento administrativo cal, mas não se trata de competência concorrente. Por
que tem por finalidade evitar práticas fraudulentas na isso mesmo, não podem ampliar os casos de dispensa e
Administração Pública, garantindo a contratação do ser- inexigibilidade, alterar os limites de valor para cada mo-
viço ou produto que melhor atenda às expectativas de dalidade de licitação ou reduzir os prazos de publicidade
custo-benefício para o aparato público. e dos recursos.

2. Objeto 5. Destinatários

O objeto da licitação é a aquisição de bens e serviços Além do próprio Poder Público, também são desti-
pela Administração Pública, bem como a alienação do natários os licitantes interessados em contratar com o
Poder Público e qualquer pessoa interessada em saber
patrimônio dela, conforme a melhor proposta que aten-
sobre os procedimentos públicos de licitação.
da aos interesses públicos. Toda licitação que é aberta
Uma vez que o texto constitucional prevê a obrigato-
volta-se especificamente para isto, permitindo que a Ad-
riedade da licitação (artigo 37, XXVII, CF), estão obriga-
ministração desempenhe suas atividades uma vez que
dos a licitar todos os entes estatais, incluindo-se a admi-
dispõe dos bens e serviços necessários para tanto. nistração direta (e o conjunto de órgãos que a compõem
no âmbito do Executivo) e a administração indireta, além
3. Finalidade/Objetivos do Legislativo e do Judiciário, bem como os órgãos in-
dependentes (Tribunais de Contas, Defensoria Pública e
1) Garantir a competição entre os interessados: to- Ministério Público) e os entes sociais autônomos (paraes-
dos os concorrentes devem ter igualdade de condições tatais).
quanto à possibilidade de contratar com o Poder Público. Os particulares do terceiro setor que celebram com o
Trata-se de via de mão dupla, pois se de um lado os con- Estado contratos de convênio são obrigados a licitar para
correntes terão a garantia de imparcialidade no proces- gastar as verbas públicas recebidas, prestando contas
so licitatório, de outro lado a Administração conseguirá nos termos da Instrução Normativa nº 01 da Secretaria
atrair um contrato mais vantajoso. do Tesouro Nacional.
2) Alcançar a melhor proposta para o interesse públi- As empresas públicas e sociedades de economia mis-
co: a finalidade da licitação deve ser sempre atender o ta desempenham operações peculiares de nítido caráter
interesse público. Afinal, os agentes públicos são meros econômico, que estão vinculadas aos próprios objetivos
representantes do Estado e jamais devem agir em prol de da entidade, ou seja, são suas atividades-fim. Ex.: Caixa
seus interesses particulares (princípio da impessoalida- Econômica Federal estabelece relações bancárias, Cor-
de), sendo dever a preservação e proteção dos interesses reios ofertam serviços de postagem. Tais operações com
públicos. Com efeito, é dever do condutor da licitação caráter econômico relacionadas à atividade-fim da socie-
buscar a proposta mais vantajosa, garantindo a igualda- dade de economia mista ou da empresa pública não se
de de condições entre os concorrentes, respeitando to- sujeitam às regras de licitação, sendo tratadas conforme
dos os demais princípios resguardados pela constituição. as regras comerciais comuns. As regras licitatórias ape-
3) Servir de ferramenta de direito econômico: a lici- nas incidem quanto as atividades-meio.
tação é uma ferramenta que pode ser empregada para a
6. Princípios
intervenção estatal na economia, promovendo o desen-
volvimento e a tecnologia nacionais (tanto é verdade que
Entre outros, os princípios básicos que regem a lici-
empresas nacionais poderão vencer a licitação mesmo
tação são: legalidade, impessoalidade, moralidade, igual-
que ofereçam preço até 25% mais caro que empresas es-
dade, publicidade, probidade administrativa, vinculação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

trangeiras). ao instrumento convocatório e julgamento objetivo.


“- Legalidade: só é possível fazer o que está previsto
4. Competência legislativa na Lei;
- Impessoalidade: o interesse da Administração
A União tem competência privativa para legislar so- prevalece acima dos interesses pessoais;
bre normas gerais licitatórias, conforme previsto no texto - Moralidade: as regras morais vigentes devem ser
constitucional: “Art. 22. Compete privativamente à União obedecidas em conjunto com as leis em vigor;
legislar sobre: [...] XXVII - normas gerais de licitação e - Igualdade: todos são iguais perante a lei e não
contratação, em todas as modalidades, para as adminis- pode haver discriminação nem beneficiamento entre os
trações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da participantes da licitação;
União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obedecido - Publicidade: a licitação não pode ser sigilosa e
o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas públicas e as decisões tomadas durante a licitação devem ser públi-
sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, cas, garantida a transparência do processo licitatório;

21
- Probidade administrativa: a licitação deve ser
processada por pessoas que tenham honestidade; #FicaDica
- Vinculação ao instrumento convocatório: o
Edital é a lei entre quem promove e quem participa da Conceito: Licitação é o procedimento admi-
licitação, não podendo ser descumprido; nistrativo formal utilizado para a contratação
- Julgamento objetivo: as propostas dos licitantes de serviços ou para a aquisição/venda de
devem ser julgadas de acordo com o que diz o Edital”9. bens/produtos pela Administração Pública,
direta ou indireta, em todas esferas da fede-
Entre os princípios correlatos, Carvalho Filho10 des- ração (União, Estados, DF, Municípios).
taca: Objetivo: Proporcionar à Administração Pú-
- Competitividade: correlato ao princípio da blica que adquira e venda bens ou contrate
igualdade, pelo princípio da competitividade a Adminis- serviços da forma menos onerosa e com a
tração não pode criar regras que comprometam, restrin- maior qualidade possível.
jam ou frustrem o caráter competitivo da licitação; Finalidades: Permitir a melhor contratação
- Indistinção: correlato ao princípio da igualdade, possível, selecionando a proposta mais van-
pelo princípio da indistinção é vedado criar preferências tajosa; possibilitar amplo acesso por parte de
ou distinções relativas à naturalidade, à sede ou ao domi- qualquer interessado para que possa partici-
cílio dos licitantes; par da disputa pelas contratações; e ser fer-
- Inalterabilidade do edital: correlato aos princí- ramenta de direito econômico.
pios da publicidade e da vinculação ao instrumento con-
vocatório, pelo princípio da inalterabilidade do edital a
Administração está vinculada às regras que foram por ela
própria divulgadas; LEGISLAÇÃO SECA
- Sigilo das propostas: correlato aos princípios
da probidade administrativa e da igualdade, pelo prin- Os principais aspectos que podem ser observados
cípio do sigilo das propostas todas as propostas devem nos apontamentos teóricos acima são notadamente ex-
vir lacradas e só devem ser abertas em sessão pública traídos da Lei nº 8.666/1993 em seu primeiro capítulo,
devidamente agendada; que também dá atenção a alguns aspectos procedimen-
- Formalismo procedimental: correlato ao prin- tais, que se colaciona abaixo com grifos.
cípio da legalidade, pelo princípio do formalismo pro-
cedimental as regras do procedimento adotadas para a CAPÍTULO I
licitação devem seguir os parâmetros que a lei fixar; DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
- Vedação à oferta de vantagens: correlato ao SEÇÃO I
princípio do julgamento objetivo, pelo princípio da veda- DOS PRINCÍPIOS
ção à oferta de vantagens as regras de seleção devem ser
adstritas aos critérios fixados no edital, não se admitindo Art. 1º Esta Lei estabelece normas gerais sobre licita-
a intervenção de fatores adversos; ções e contratos administrativos pertinentes a obras,
- Obrigatoriedade das licitações: consagrado no serviços, inclusive de publicidade, compras, alienações
artigo 37, XXI, CF, determina que “ressalvados os casos e locações no âmbito dos Poderes da União, dos Esta-
especificados na legislação, as obras, serviços, com- dos, do Distrito Federal e dos Municípios.
pras e alienações serão contratados mediante pro- Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei,
cesso de licitação pública que assegure igualdade de além dos órgãos da administração direta, os fundos
condições a todos os concorrentes, com cláusulas que especiais, as autarquias, as fundações públicas, as em-
estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as presas públicas, as sociedades de economia mista e
condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual demais entidades controladas direta ou indiretamente
somente permitirá as exigências de qualificação técnica pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento Art. 2º As obras, serviços, inclusive de publicidade,
das obrigações”. Também se repete no artigo 2o da Lei nº compras, alienações, concessões, permissões e loca-
8.666/1993. ções da Administração Pública, quando contratadas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

com terceiros, serão necessariamente precedidas de


licitação, ressalvadas as hipóteses previstas nesta Lei.
Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se
contrato todo e qualquer ajuste entre órgãos ou en-
tidades da Administração Pública e particulares, em
que haja um acordo de vontades para a formação de
vínculo e a estipulação de obrigações recíprocas, seja
qual for a denominação utilizada.
Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observân-
cia do princípio constitucional da isonomia, a seleção
da proposta mais vantajosa para a administração e
9 http://www.sebrae.com.br/ a promoção do desenvolvimento nacional sustentável
10 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito admi-
e será processada e julgada em estrita conformidade
nistrativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

22
com os princípios básicos da legalidade, da impesso- V - em suas revisões, análise retrospectiva de resul-
alidade, da moralidade, da igualdade, da publicidade, tados.
da probidade administrativa, da vinculação ao instru- § 7º Para os produtos manufaturados e serviços nacio-
mento convocatório, do julgamento objetivo e dos que nais resultantes de desenvolvimento e inovação tec-
lhes são correlatos. nológica realizados no País, poderá ser estabelecido
§ 1º É vedado aos agentes públicos: margem de preferência adicional àquela prevista no
I - admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de con- § 5º.
vocação, cláusulas ou condições que comprometam, § 8º As margens de preferência por produto, serviço,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo, in- grupo de produtos ou grupo de serviços, a que se refe-
clusive nos casos de sociedades cooperativas, e esta- rem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo
beleçam preferências ou distinções em razão da na- federal, não podendo a soma delas ultrapassar o mon-
turalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de tante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço
qualquer outra circunstância impertinente ou irrele- dos produtos manufaturados e serviços estrangeiros.
vante para o específico objeto do contrato, ressalvado § 9º As disposições contidas nos §§ 5º e 7º deste artigo
o disposto nos §§ 5º a 12 deste artigo e no art. 3º da não se aplicam aos bens e aos serviços cuja capaci-
Lei nº 8.248, de 23 de outubro de 1991; dade de produção ou prestação no País seja inferior:
II - estabelecer tratamento diferenciado de natureza I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
comercial, legal, trabalhista, previdenciária ou qual- II - ao quantitativo fixado com fundamento no § 7º do
quer outra, entre empresas brasileiras e estrangeiras, art. 23 desta Lei, quando for o caso.
inclusive no que se refere a moeda, modalidade e § 10. A margem de preferência a que se refere o § 5º
local de pagamentos, mesmo quando envolvidos fi- poderá ser estendida, total ou parcialmente, aos bens
nanciamentos de agências internacionais, ressalvado e serviços originários dos Estados Partes do Mercado
o disposto no parágrafo seguinte e no art. 3º da Lei nº Comum do Sul - Mercosul.
8.248, de 23 de outubro de 1991. § 11. Os editais de licitação para a contratação de
§ 2º Em igualdade de condições, como critério de de- bens, serviços e obras poderão, mediante prévia jus-
sempate, será assegurada preferência, sucessivamen- tificativa da autoridade competente, exigir que o
te, aos bens e serviços: contratado promova, em favor de órgão ou entidade
I - (Revogado) integrante da administração pública ou daqueles por
II - produzidos no País; ela indicados a partir de processo isonômico, medi-
III - produzidos ou prestados por empresas brasileiras; das de compensação comercial, industrial, tecnológica
IV - produzidos ou prestados por empresas que invis- ou acesso a condições vantajosas de financiamento,
tam em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia cumulativamente ou não, na forma estabelecida pelo
no País; Poder Executivo federal.
V - produzidos ou prestados por empresas que com- § 12. Nas contratações destinadas à implantação,
provem cumprimento de reserva de cargos prevista manutenção e ao aperfeiçoamento dos sistemas de
em lei para pessoa com deficiência ou para reabilita- tecnologia de informação e comunicação, considera-
do da Previdência Social e que atendam às regras de dos estratégicos em ato do Poder Executivo federal, a
acessibilidade previstas na legislação. licitação poderá ser restrita a bens e serviços com tec-
§ 3º A licitação não será sigilosa, sendo públicos e nologia desenvolvida no País e produzidos de acordo
acessíveis ao público os atos de seu procedimento, sal- com o processo produtivo básico de que trata a Lei nº
vo quanto ao conteúdo das propostas, até a respectiva 10.176, de 11 de janeiro de 2001.
abertura.
§ 4º (Vetado). § 13. Será divulgada na internet, a cada exercício fi-
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabeleci- nanceiro, a relação de empresas favorecidas em de-
da margem de preferência para: corrência do disposto nos §§ 5º, 7º, 10, 11 e 12 deste
I - produtos manufaturados e para serviços nacionais artigo, com indicação do volume de recursos destina-
que atendam a normas técnicas brasileiras; e dos a cada uma delas.
II - bens e serviços produzidos ou prestados por em- § 14. As preferências definidas neste artigo e nas de-
presas que comprovem cumprimento de reserva de mais normas de licitação e contratos devem privilegiar
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou o tratamento diferenciado e favorecido às microem-
para reabilitado da Previdência Social e que atendam presas e empresas de pequeno porte na forma da lei.
às regras de acessibilidade previstas na legislação. § 15. As preferências dispostas neste artigo prevale-
§ 6º A margem de preferência de que trata o § 5º será cem sobre as demais preferências previstas na legisla-
estabelecida com base em estudos revistos periodica- ção quando estas forem aplicadas sobre produtos ou
mente, em prazo não superior a 5 (cinco) anos, que serviços estrangeiros.
levem em consideração: Art. 4º Todos quantos participem de licitação promo-
I - geração de emprego e renda; vida pelos órgãos ou entidades a que se refere o art. 1º
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estadu- têm direito público subjetivo à fiel observância do per-
ais e municipais; tinente procedimento estabelecido nesta lei, podendo
III - desenvolvimento e inovação tecnológica realiza- qualquer cidadão acompanhar o seu desenvolvimen-
dos no País; to, desde que não interfira de modo a perturbar ou
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e impedir a realização dos trabalhos.

23
Parágrafo único. O procedimento licitatório previsto a) empreitada por preço global - quando se contrata a
nesta lei caracteriza ato administrativo formal, seja execução da obra ou do serviço por preço certo e total;
ele praticado em qualquer esfera da Administração b) empreitada por preço unitário - quando se contrata
Pública. a execução da obra ou do serviço por preço certo de
Art. 5º Todos os valores, preços e custos utilizados nas unidades determinadas;
licitações terão como expressão monetária a moeda c) (Vetado).
corrente nacional, ressalvado o disposto no art. 42 d) tarefa - quando se ajusta mão-de-obra para pe-
desta Lei, devendo cada unidade da Administração, no quenos trabalhos por preço certo, com ou sem forne-
pagamento das obrigações relativas ao fornecimento cimento de materiais;
de bens, locações, realização de obras e prestação de e) empreitada integral - quando se contrata um em-
serviços, obedecer, para cada fonte diferenciada de re- preendimento em sua integralidade, compreendendo
cursos, a estrita ordem cronológica das datas de suas todas as etapas das obras, serviços e instalações ne-
exigibilidades, salvo quando presentes relevantes ra- cessárias, sob inteira responsabilidade da contratada
zões de interesse público e mediante prévia justificati- até a sua entrega ao contratante em condições de en-
va da autoridade competente, devidamente publicada. trada em operação, atendidos os requisitos técnicos e
§ 1º Os créditos a que se refere este artigo terão seus legais para sua utilização em condições de segurança
valores corrigidos por critérios previstos no ato convo- estrutural e operacional e com as características ade-
catório e que lhes preservem o valor. quadas às finalidades para que foi contratada;
§ 2º A correção de que trata o parágrafo anterior cujo IX - Projeto Básico - conjunto de elementos necessá-
pagamento será feito junto com o principal, correrá à rios e suficientes, com nível de precisão adequado,
conta das mesmas dotações orçamentárias que aten- para caracterizar a obra ou serviço, ou complexo de
deram aos créditos a que se referem. obras ou serviços objeto da licitação, elaborado com
§ 3º Observados o disposto no caput, os pagamentos base nas indicações dos estudos técnicos prelimina-
decorrentes de despesas cujos valores não ultrapas- res, que assegurem a viabilidade técnica e o adequado
sem o limite de que trata o inciso II do art. 24, sem tratamento do impacto ambiental do empreendimen-
prejuízo do que dispõe seu parágrafo único, deverão to, e que possibilite a avaliação do custo da obra e a
ser efetuados no prazo de até 5 (cinco) dias úteis, con- definição dos métodos e do prazo de execução, deven-
tados da apresentação da fatura. do conter os seguintes elementos:
Art. 5o-A. As normas de licitações e contratos devem a) desenvolvimento da solução escolhida de forma a
privilegiar o tratamento diferenciado e favorecido às fornecer visão global da obra e identificar todos os
microempresas e empresas de pequeno porte na for- seus elementos constitutivos com clareza;
ma da lei.  b) soluções técnicas globais e localizadas, suficiente-
mente detalhadas, de forma a minimizar a necessida-
SEÇÃO II de de reformulação ou de variantes durante as fases
DAS DEFINIÇÕES de elaboração do projeto executivo e de realização das
obras e montagem;
Art. 6º Para os fins desta Lei, considera-se: c) identificação dos tipos de serviços a executar e de
I - Obra - toda construção, reforma, fabricação, recu- materiais e equipamentos a incorporar à obra, bem
peração ou ampliação, realizada por execução direta como suas especificações que assegurem os melhores
ou indireta; resultados para o empreendimento, sem frustrar o ca-
II - Serviço - toda atividade destinada a obter determi- ráter competitivo para a sua execução;
nada utilidade de interesse para a Administração, tais d) informações que possibilitem o estudo e a dedu-
como: demolição, conserto, instalação, montagem, ção de métodos construtivos, instalações provisórias e
operação, conservação, reparação, adaptação, manu- condições organizacionais para a obra, sem frustrar o
tenção, transporte, locação de bens, publicidade, se- caráter competitivo para a sua execução;
guro ou trabalhos técnico-profissionais; e) subsídios para montagem do plano de licitação e
III - Compra - toda aquisição remunerada de bens gestão da obra, compreendendo a sua programação,
para fornecimento de uma só vez ou parceladamente; a estratégia de suprimentos, as normas de fiscalização
IV - Alienação - toda transferência de domínio de bens e outros dados necessários em cada caso;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a terceiros; f) orçamento detalhado do custo global da obra, fun-


V - Obras, serviços e compras de grande vulto - aque- damentado em quantitativos de serviços e forneci-
las cujo valor estimado seja superior a 25 (vinte e cin- mentos propriamente avaliados;
co) vezes o limite estabelecido na alínea “c” do inciso I X - Projeto Executivo - o conjunto dos elementos ne-
do art. 23 desta Lei; cessários e suficientes à execução completa da obra,
VI - Seguro-Garantia - o seguro que garante o fiel de acordo com as normas pertinentes da Associação
cumprimento das obrigações assumidas por empresas Brasileira de Normas Técnicas - ABNT;
em licitações e contratos; XI - Administração Pública - a administração direta
VII - Execução direta - a que é feita pelos órgãos e en- e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal
tidades da Administração, pelos próprios meios; e dos Municípios, abrangendo inclusive as entidades
VIII - Execução indireta - a que o órgão ou entidade com personalidade jurídica de direito privado sob con-
contrata com terceiros sob qualquer dos seguintes re- trole do poder público e das fundações por ele institu-
gimes: ídas ou mantidas;

24
XII - Administração - órgão, entidade ou unidade ad- III - houver previsão de recursos orçamentários que
ministrativa pela qual a Administração Pública opera assegurem o pagamento das obrigações decorrentes
e atua concretamente; de obras ou serviços a serem executadas no exercício
XIII - Imprensa Oficial - veículo oficial de divulgação financeiro em curso, de acordo com o respectivo cro-
da Administração Pública, sendo para a União o Diário nograma;
Oficial da União, e, para os Estados, o Distrito Federal IV - o produto dela esperado estiver contemplado nas
e os Municípios, o que for definido nas respectivas leis; metas estabelecidas no Plano Plurianual de que trata
XIV - Contratante - é o órgão ou entidade signatária o art. 165 da Constituição Federal, quando for o caso.
do instrumento contratual; § 3º É vedado incluir no objeto da licitação a obtenção
XV - Contratado - a pessoa física ou jurídica signatária de recursos financeiros para sua execução, qualquer
de contrato com a Administração Pública; que seja a sua origem, exceto nos casos de empre-
XVI - Comissão - comissão, permanente ou especial, endimentos executados e explorados sob o regime de
criada pela Administração com a função de receber, concessão, nos termos da legislação específica.
examinar e julgar todos os documentos e procedimen- § 4º É vedada, ainda, a inclusão, no objeto da licitação,
tos relativos às licitações e ao cadastramento de lici- de fornecimento de materiais e serviços sem previsão
tantes. de quantidades ou cujos quantitativos não correspon-
XVII - produtos manufaturados nacionais - produtos dam às previsões reais do projeto básico ou executivo.
manufaturados, produzidos no território nacional de § 5º É vedada a realização de licitação cujo objeto in-
acordo com o processo produtivo básico ou com as clua bens e serviços sem similaridade ou de marcas,
regras de origem estabelecidas pelo Poder Executivo características e especificações exclusivas, salvo nos
federal; casos em que for tecnicamente justificável, ou ainda
XVIII - serviços nacionais - serviços prestados no País, quando o fornecimento de tais materiais e serviços for
nas condições estabelecidas pelo Poder Executivo fe- feito sob o regime de administração contratada, pre-
deral; visto e discriminado no ato convocatório.
XIX - sistemas de tecnologia de informação e comu- § 6º A infringência do disposto neste artigo implica a
nicação estratégicos - bens e serviços de tecnologia nulidade dos atos ou contratos realizados e a respon-
da informação e comunicação cuja descontinuidade sabilidade de quem lhes tenha dado causa.
provoque dano significativo à administração pública e § 7º Não será ainda computado como valor da obra
que envolvam pelo menos um dos seguintes requisitos ou serviço, para fins de julgamento das propostas de
relacionados às informações críticas: disponibilidade, preços, a atualização monetária das obrigações de
confiabilidade, segurança e confidencialidade. pagamento, desde a data final de cada período de
XX - produtos para pesquisa e desenvolvimento - bens, aferição até a do respectivo pagamento, que será cal-
insumos, serviços e obras necessários para atividade culada pelos mesmos critérios estabelecidos obrigato-
de pesquisa científica e tecnológica, desenvolvimento riamente no ato convocatório.
de tecnologia ou inovação tecnológica, discriminados § 8º Qualquer cidadão poderá requerer à Administra-
em projeto de pesquisa aprovado pela instituição con- ção Pública os quantitativos das obras e preços unitá-
tratante. rios de determinada obra executada.
SEÇÃO III § 9º O disposto neste artigo aplica-se também, no que
DAS OBRAS E SERVIÇOS couber, aos casos de dispensa e de inexigibilidade de
licitação.
Art. 7º As licitações para a execução de obras e para Art. 8º A execução das obras e dos serviços deve pro-
a prestação de serviços obedecerão ao disposto neste gramar-se, sempre, em sua totalidade, previstos seus
artigo e, em particular, à seguinte sequência:
custos atual e final e considerados os prazos de sua
I - projeto básico;
execução.
II - projeto executivo;
Parágrafo único. É proibido o retardamento imotivado
III - execução das obras e serviços.
da execução de obra ou serviço, ou de suas parcelas,
§ 1º A execução de cada etapa será obrigatoriamente
se existente previsão orçamentária para sua execução
precedida da conclusão e aprovação, pela autoridade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

total, salvo insuficiência financeira ou comprovado


competente, dos trabalhos relativos às etapas anterio-
motivo de ordem técnica, justificados em despacho
res, à exceção do projeto executivo, o qual poderá ser
desenvolvido concomitantemente com a execução das circunstanciado da autoridade a que se refere o art.
obras e serviços, desde que também autorizado pela 26 desta Lei.
Administração.
§ 2º As obras e os serviços somente poderão ser lici- Art. 9º Não poderá participar, direta ou indiretamente,
tados quando: da licitação ou da execução de obra ou serviço e do
I - houver projeto básico aprovado pela autoridade fornecimento de bens a eles necessários:
competente e disponível para exame dos interessados I - o autor do projeto, básico ou executivo, pessoa física
em participar do processo licitatório; ou jurídica;
II - existir orçamento detalhado em planilhas que ex- II - empresa, isoladamente ou em consórcio, respon-
pressem a composição de todos os seus custos unitá- sável pela elaboração do projeto básico ou executivo
rios; ou da qual o autor do projeto seja dirigente, gerente,

25
acionista ou detentor de mais de 5% (cinco por cento) I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos
do capital com direito a voto ou controlador, respon- ou executivos;
sável técnico ou subcontratado; II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
III - servidor ou dirigente de órgão ou entidade contra- III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
tante ou responsável pela licitação. financeiras ou tributárias;
§ 1º É permitida a participação do autor do projeto IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de
ou da empresa a que se refere o inciso II deste artigo, obras ou serviços;
na licitação de obra ou serviço, ou na execução, como V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou admi-
consultor ou técnico, nas funções de fiscalização, su- nistrativas;
pervisão ou gerenciamento, exclusivamente a serviço VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
da Administração interessada. VII - restauração de obras de arte e bens de valor his-
§ 2º O disposto neste artigo não impede a licitação ou tórico.
contratação de obra ou serviço que inclua a elabora- VIII - (Vetado).
ção de projeto executivo como encargo do contratado § 1º Ressalvados os casos de inexigibilidade de licita-
ou pelo preço previamente fixado pela Administração. ção, os contratos para a prestação de serviços técnicos
§ 3º Considera-se participação indireta, para fins do profissionais especializados deverão, preferencialmen-
disposto neste artigo, a existência de qualquer vínculo te, ser celebrados mediante a realização de concurso,
de natureza técnica, comercial, econômica, financeira com estipulação prévia de prêmio ou remuneração.
ou trabalhista entre o autor do projeto, pessoa física § 2º Aos serviços técnicos previstos neste artigo aplica-
ou jurídica, e o licitante ou responsável pelos serviços, -se, no que couber, o disposto no art. 111 desta Lei.
fornecimentos e obras, incluindo-se os fornecimentos § 3º A empresa de prestação de serviços técnicos es-
de bens e serviços a estes necessários. pecializados que apresente relação de integrantes
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se aos de seu corpo técnico em procedimento licitatório ou
membros da comissão de licitação. como elemento de justificação de dispensa ou inexigi-
Art. 10. As obras e serviços poderão ser executados nas bilidade de licitação, ficará obrigada a garantir que os
seguintes formas: referidos integrantes realizem pessoal e diretamente
I - execução direta; os serviços objeto do contrato.
II - execução indireta, nos seguintes regimes:
a) empreitada por preço global; SEÇÃO V
b) empreitada por preço unitário; DAS COMPRAS
c) (Vetado).
d) tarefa; Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada
e) empreitada integral. caracterização de seu objeto e indicação dos recursos or-
Parágrafo único. (Vetado). çamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade
Art. 11. As obras e serviços destinados aos mesmos do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa.
fins terão projetos padronizados por tipos, categorias Art. 15. As compras, sempre que possível, deverão:
ou classes, exceto quando o projeto-padrão não aten- I - atender ao princípio da padronização, que imponha
der às condições peculiares do local ou às exigências compatibilidade de especificações técnicas e de desempe-
específicas do empreendimento. nho, observadas, quando for o caso, as condições de ma-
Art. 12. Nos projetos básicos e projetos executivos de nutenção, assistência técnica e garantia oferecidas;
obras e serviços serão considerados principalmente os II - ser processadas através de sistema de registro de
seguintes requisitos: preços;
I - segurança; III - submeter-se às condições de aquisição e pagamen-
II - funcionalidade e adequação ao interesse público; to semelhantes às do setor privado;
III - economia na execução, conservação e operação; IV - ser subdivididas em tantas parcelas quantas ne-
IV - possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate- cessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado,
riais, tecnologia e matérias-primas existentes no local visando economicidade;
para execução, conservação e operação;
V - facilidade na execução, conservação e operação, V - balizar-se pelos preços praticados no âmbito dos
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sem prejuízo da durabilidade da obra ou do serviço; órgãos e entidades da Administração Pública.


§ 1º O registro de preços será precedido de ampla pes-
VI - adoção das normas técnicas, de saúde e de segu- quisa de mercado.
rança do trabalho adequadas; § 2º Os preços registrados serão publicados trimestral-
VII - impacto ambiental. mente para orientação da Administração, na imprensa
oficial.
SEÇÃO IV § 3º O sistema de registro de preços será regulamen-
DOS SERVIÇOS TÉCNICOS PROFISSIONAIS ES- tado por decreto, atendidas as peculiaridades regionais,
PECIALIZADOS observadas as seguintes condições:
I - seleção feita mediante concorrência;
Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços II - estipulação prévia do sistema de controle e atuali-
técnicos profissionais especializados os trabalhos re- zação dos preços registrados;
lativos a: III - validade do registro não superior a um ano.

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§ 4º A existência de preços registrados não obriga a de bens imóveis residenciais construídos, destinados
Administração a firmar as contratações que deles poderão ou efetivamente utilizados no âmbito de programas
advir, ficando-lhe facultada a utilização de outros meios, habitacionais ou de regularização fundiária de inte-
respeitada a legislação relativa às licitações, sendo asse- resse social desenvolvidos por órgãos ou entidades da
gurado ao beneficiário do registro preferência em igual- administração pública;
dade de condições. g) procedimentos de legitimação de posse de que trata
§ 5º O sistema de controle originado no quadro geral o art. 29 da Lei nº 6.383, de 7 de dezembro de 1976,
de preços, quando possível, deverá ser informatizado. mediante iniciativa e deliberação dos órgãos da Admi-
§ 6º Qualquer cidadão é parte legítima para impugnar nistração Pública em cuja competência legal inclua-se
preço constante do quadro geral em razão de incompati- tal atribuição;
bilidade desse com o preço vigente no mercado. h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces-
§ 7º Nas compras deverão ser observadas, ainda: são de direito real de uso, locação ou permissão de uso
I - a especificação completa do bem a ser adquirido de bens imóveis de uso comercial de âmbito local com
sem indicação de marca; área de até 250 m² (duzentos e cinquenta metros qua-
II - a definição das unidades e das quantidades a serem drados) e inseridos no âmbito de programas de regu-
adquiridas em função do consumo e utilização prováveis, larização fundiária de interesse social desenvolvidos
cuja estimativa será obtida, sempre que possível, mediante por órgãos ou entidades da administração pública;
adequadas técnicas quantitativas de estimação; i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
III - as condições de guarda e armazenamento que não ou onerosa, de terras públicas rurais da União e do In-
permitam a deterioração do material. cra, onde incidam ocupações até o limite de que trata
§ 8º O recebimento de material de valor superior ao o § 1o do art. 6o da Lei nº 11.952, de 25 de junho de
limite estabelecido no art. 23 desta Lei, para a modalidade 2009, para fins de regularização fundiária, atendidos
de convite, deverá ser confiado a uma comissão de, no mí- os requisitos legais; e
nimo, 3 (três) membros. II - quando móveis, dependerá de avaliação prévia e
Art. 16. Será dada publicidade, mensalmente, em ór- de licitação, dispensada esta nos seguintes casos:
gão de divulgação oficial ou em quadro de avisos de am- a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso
plo acesso público, à relação de todas as compras feitas de interesse social, após avaliação de sua oportuni-
pela Administração Direta ou Indireta, de maneira a clari- dade e conveniência socioeconômica, relativamente à
ficar a identificação do bem comprado, seu preço unitário, escolha de outra forma de alienação;
a quantidade adquirida, o nome do vendedor e o valor b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
total da operação, podendo ser aglutinadas por itens as entidades da Administração Pública;
compras feitas com dispensa e inexigibilidade de licitação. c) venda de ações, que poderão ser negociadas em
bolsa, observada a legislação específica;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
aos casos de dispensa de licitação previstos no inciso IX do e) venda de bens produzidos ou comercializados por
art. 24. órgãos ou entidades da Administração Pública, em
virtude de suas finalidades;
SEÇÃO VI f) venda de materiais e equipamentos para outros
DAS ALIENAÇÕES órgãos ou entidades da Administração Pública, sem
utilização previsível por quem deles dispõe.
Art. 17. A alienação de bens da Administração Pública, § 1º Os imóveis doados com base na alínea «b» do
subordinada à existência de interesse público devida- inciso I deste artigo, cessadas as razões que justifica-
mente justificado, será precedida de avaliação e obe- ram a sua doação, reverterão ao patrimônio da pessoa
decerá às seguintes normas: jurídica doadora, vedada a sua alienação pelo bene-
I - quando imóveis, dependerá de autorização legisla- ficiário.
tiva para órgãos da administração direta e entidades § 2º A Administração também poderá conceder título
autárquicas e fundacionais, e, para todos, inclusive as de propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia dispensada licitação, quando o uso destinar-se:
e de licitação na modalidade de concorrência, dispen- I - a outro órgão ou entidade da Administração Públi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sada esta nos seguintes casos: ca, qualquer que seja a localização do imóvel;
a) dação em pagamento; II - a pessoa natural que, nos termos de lei, regula-
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão mento ou ato normativo do órgão competente, haja
ou entidade da administração pública, de qualquer implementado os requisitos mínimos de cultura, ocu-
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas pação mansa e pacífica e exploração direta sobre área
f, h e i; rural, observado o limite de que trata o § 1o do art. 6o
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisi- da Lei nº 11.952, de 25 de junho de 2009;
tos constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; § 2º-A. As hipóteses do inciso II do § 2º ficam dispen-
d) investidura; sadas de autorização legislativa, porém submetem-se
e) venda a outro órgão ou entidade da administração aos seguintes condicionamentos:
pública, de qualquer esfera de governo; I - aplicação exclusivamente às áreas em que a deten-
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, conces- ção por particular seja comprovadamente anterior a
são de direito real de uso, locação ou permissão de uso 1o de dezembro de 2004;

27
II - submissão aos demais requisitos e impedimentos ciais ou de dação em pagamento, poderão ser aliena-
do regime legal e administrativo da destinação e da dos por ato da autoridade competente, observadas as
regularização fundiária de terras públicas; seguintes regras:
III - vedação de concessões para hipóteses de explora- I - avaliação dos bens alienáveis;
ção não-contempladas na lei agrária, nas leis de desti- II - comprovação da necessidade ou utilidade da alie-
nação de terras públicas, ou nas normas legais ou ad- nação;
ministrativas de zoneamento ecológico-econômico; e III - adoção do procedimento licitatório, sob a modali-
IV - previsão de rescisão automática da concessão, dade de concorrência ou leilão.
dispensada notificação, em caso de declaração de uti-
lidade, ou necessidade pública ou interesse social. 7. Obrigatoriedade e suas exceções
§ 2º-B. A hipótese do inciso II do § 2o deste artigo:
I - só se aplica a imóvel situado em zona rural, não su- A obrigatoriedade das licitações está consagrada no
jeito a vedação, impedimento ou inconveniente a sua artigo 37, XXI, CF, que determina que “ressalvados os
exploração mediante atividades agropecuárias; casos especificados na legislação, as obras, serviços,
II – fica limitada a áreas de até quinze módulos fiscais, compras e alienações serão contratados mediante
desde que não exceda mil e quinhentos hectares, ve- processo de licitação pública que assegure igualdade
dada a dispensa de licitação para áreas superiores a de condições a todos os concorrentes, com cláusulas
esse limite; que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as
III - pode ser cumulada com o quantitativo de área condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual
decorrente da figura prevista na alínea g do inciso I somente permitirá as exigências de qualificação técnica
do caput deste artigo, até o limite previsto no inciso II e econômica indispensáveis à garantia do cumprimen-
deste parágrafo. to das obrigações”. Logo, a não ser nos casos em que a
IV - (VETADO) lei expressamente fixe exceções, a licitação é uma provi-
§ 3º Entende-se por investidura, para os fins desta lei: dência obrigatória para contratação de obras, serviços e
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros compras e para a alienação do patrimônio da Adminis-
de área remanescente ou resultante de obra pública, tração.
área esta que se tornar inaproveitável isoladamente, O princípio da obrigatoriedade se repete no artigo
por preço nunca inferior ao da avaliação e desde que 2º, caput, da Lei nº 8.666/93: “as obras, serviços, inclu-
esse não ultrapasse a 50% (cinquenta por cento) do sive de publicidade, compras, alienações, concessões,
valor constante da alínea “a” do inciso II do art. 23 permissões e locações da Administração Pública, quando
desta lei; contratadas com terceiros, serão necessariamente pre-
cedidas de licitação, ressalvadas as hipóteses previstas
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, nesta Lei”.
na falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins Com efeito, percebe-se que paralelamente à fixação
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos do princípio da obrigatoriedade das licitações é deter-
a usinas hidrelétricas, desde que considerados dis- minado que a lei pode excepcionar quando tal princípio
pensáveis na fase de operação dessas unidades e não será relativizado, o que acontece nas hipóteses de dis-
integrem a categoria de bens reversíveis ao final da pensa e inexigibilidade.
concessão. Logo, em alguns casos, a maioria na verdade, a licita-
§ 4º A doação com encargo será licitada e de seu ins- ção será obrigatória; em outros, poderá ser dispensada
trumento constarão, obrigatoriamente os encargos, o apesar de viável (dispensa), sendo possível ainda que se
prazo de seu cumprimento e cláusula de reversão, sob enquadre numa exceção em que nem ao menos é exi-
pena de nulidade do ato, sendo dispensada a licitação gida (inexigibilidade) – ambos casos de contratação
no caso de interesse público devidamente justificado; direta. Todas as hipóteses de contratação direta são ex-
cepcionais (justamente por serem peculiares).
§ 5º Na hipótese do parágrafo anterior, caso o dona-
tário necessite oferecer o imóvel em garantia de finan- 8. Motivação da dispensa e da inexigibilidade
ciamento, a cláusula de reversão e demais obrigações
serão garantidas por hipoteca em segundo grau em Sempre que o administrador enquadrar um caso em
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

favor do doador. dispensa ou em inexigibilidade deve motivar de forma


§ 6º Para a venda de bens móveis avaliados, isolada clara a sua decisão.
ou globalmente, em quantia não superior ao limite
previsto no art. 23, inciso II, alínea «b» desta Lei, a Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art.
Administração poderá permitir o leilão. 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações de
§ 7º (VETADO). inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamente
Art. 18. Na concorrência para a venda de bens imó- justificadas, e o retardamento previsto no final do pa-
veis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação rágrafo único do art. 8º11 desta Lei deverão ser comu-
do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cin- 11 “Artigo 8º, parágrafo único, Lei nº 8.666/93. É proibido o retar-
co por cento) da avaliação. damento imotivado da execução de obra ou serviço, ou de suas
Parágrafo único. (Revogado) parcelas, se existente previsão orçamentária para sua execução to-
Art. 19. Os bens imóveis da Administração Pública, tal, salvo insuficiência financeira ou comprovado motivo de ordem
técnica, justificados em despacho circunstanciado da autoridade a
cuja aquisição haja derivado de procedimentos judi-
que se refere o art. 26 desta Lei”.

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nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior, ou ainda quando o fornecimento de tais materiais e
para ratificação e publicação na imprensa oficial, no serviços for feito sob o regime de administração con-
prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia tratada, previsto e discriminado no ato convocatório.
dos atos.
Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi- Acompanha-se o entendimento dominante, eis que
lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será a expressão “salvo”, em destaque confere a ideia de res-
instruído, no que couber, com os seguintes elementos: trição.
I - caracterização da situação emergencial, calamitosa
ou de grave e iminente risco à segurança pública que 9.1. Hipóteses de dispensa de licitação
justifique a dispensa, quando for o caso;
II - razão da escolha do fornecedor ou executante; As hipóteses de dispensa de licitação se concentram
III - justificativa do preço; no artigo 24 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicáveis para
IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa casos em que a disputa é, em tese, viável, mas o interesse
aos quais os bens serão alocados. público é atendido de forma mais adequada se a dispu-
ta não ocorrer. Trata-se de causa de natureza discricio-
Em algumas hipóteses de alienação de bens públi- nária, pois o administrador decidirá se irá ou não licitar
cos e em outras hipóteses de contratação é dispensável com base em critérios de oportunidade e conveniência
a licitação (o que parte da doutrina chama de licitação – afinal, pode não licitar. São hipóteses taxativas, não
dispensável), da mesma forma que noutras situações ela podendo o administrador ampliar os casos em que a dis-
nem mesmo é exigida (o que parte da doutrina chama de pensa é permitida.
licitação dispensada). Contudo, caberá ao administrador Art. 24. É dispensável a licitação:
motivar a sua decisão pela dispensa ou pela inexigibili-
dade. a) Valor baixo
A não ser no caso de dispensa pelo critério do valor, I - para obras e serviços de engenharia de valor até
previstos no artigo 24, I e II, Lei nº 8.666/93, em que se 10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do
aceita uma motivação mais simples e objetiva, em todas inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram a par-
celas de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras
outras situações o administrador deve motivar em deta-
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que pos-
lhes sua decisão, notadamente inserindo no processo de
sam ser realizadas conjunta e concomitantemente;
dispensa e inexigibilidade: caracterização da situação de
II - para outros serviços e compras de valor até 10%
emergência ou calamidade em que houve dispensa, se
(dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do inciso
for o caso; motivo daquele fornecedor ou executante ter
II do artigo anterior e para alienações, nos casos previstos
sido escolhido; justificativa do preço que será pago; do-
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um mes-
cumento que aprove os projetos de pesquisa aos quais
mo serviço, compra ou alienação de maior vulto que possa
os bens serão alocados, se for o caso. ser realizada de uma só vez;
Não obstante, deve o administrador comunicar a si- § 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput
tuação de dispensa em três dias à autoridade superior, deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras,
cabendo a esta ratifica-la e publicá-la na imprensa oficial obras e serviços contratados por consórcios públicos, socie-
em cinco dias, sendo tal publicação condição de eficácia dade de economia mista, empresa pública e por autarquia
do ato. Também existe o dever de adotar este procedi- ou fundação qualificadas, na forma da lei, como Agências
mento em caso de retardamento na execução da obra Executivas.
ou serviço quando existir previsão orçamentária para a
execução total. É a dispensa de licitação se o valor do objeto licitado
for muito baixo de modo que a realização da licitação
9. Vedação da licitação seria mais onerosa do que a aquisição direta do bem ou
serviço. Isso ocorre sempre que se referir a bens e servi-
A legislação anterior, qual seja, o Decreto-lei nº ços em geral até R$80.000 e a obras e serviços de enge-
2.300/1986, previa a vedação do procedimento de licita- nharia até R$150.000.
ção, estabelecendo-se contratação direta, nos casos em Caso o contratante seja consórcio público, sociedade
que houvesse comprometimento da segurança nacional, de economia mista, empresa pública ou por autarquia
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mas a disciplina não se repetiu no atual estatuto. ou fundação qualificadas o limite dobra: R$160.000 para
Contudo, há posicionamento de que o artigo 7º, §5º bens e serviços em geral e R$300.000 para obras e servi-
da Lei nº 8.666/1993 traz um caso remanescente de ve- ços de engenharia.
dação, mas predomina o posicionamento de Carvalho Nos termos da Lei nº 11.107/05, que rege normas ge-
Filho12, segundo o qual não se trata de vedação, mas sim rais de contratação de consórcios públicos e dá outras
de restrição. Prevê o dispositivo: providências, para as associações públicas por ela regidas
o limite também é maior do que o fixado na regra geral:
Art. 7º, § 5º. É vedada a realização de licitação cujo nas associações formadas por até três entes estatais, o
objeto inclua bens e serviços sem similaridade ou de limite é dobrado (R$160.000 para bens e serviços em ge-
marcas, características e especificações exclusivas, ral e R$300.000 para obras e serviços de engenharia); nas
salvo nos casos em que for tecnicamente justificável, associações formadas por mais de três entes estatais o
limite é triplicado (R$240.000 para bens e serviços em
12 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- geral e R$450.000 para obras e serviços de engenharia).
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

29
Obs.: Em regra, não é permitido fracionar o objeto d) Intervenção no domínio econômico
da licitação em contratações menores, pois assim o ad- VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
ministrador estaria burlando os limites fixados pelo le- nômico para regular preços ou normalizar o abastecimen-
gislador e induzindo dispensa ilícita. Contudo, é possível to;
fracionar caso exista vantagem ao interesse público, mas
não caberá a dispensa, cabendo adotar para cada fração É possível intervir no domínio econômico para regu-
a modalidade de licitação que seria empregada se não larizar preços e normalizar abastecimento, conforme o
houvesse fracionamento. artigo 173, §4º, CF. Para Carvalho Filho13 apenas a União
pode dispensar licitação neste caso, pois apenas ela
b) Situações excepcionais pode intervir no domínio econômico. Aliás, é o que se
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or- depreende do próprio texto.
dem;
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú- e) Disparidade de propostas
blica, quando caracterizada urgência de atendimento de VII - quando as propostas apresentadas consignarem
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer preços manifestamente superiores aos praticados no mer-
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e cado nacional, ou forem incompatíveis com os fixados pe-
outros bens, públicos ou particulares, e somente para os los órgãos oficiais competentes, casos em que, observado
bens necessários ao atendimento da situação emergencial o parágrafo único do art. 48 desta Lei e, persistindo a si-
ou calamitosa e para as parcelas de obras e serviços que tuação, será admitida a adjudicação direta dos bens ou
possam ser concluídas no prazo máximo de 180 (cento serviços, por valor não superior ao constante do registro
e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, contados da de preços, ou dos serviços;
ocorrência da emergência ou calamidade, vedada a pror-
rogação dos respectivos contratos; Na hipótese de disparidade de propostas os candida-
tos à contratação, geralmente em conluio, fixam preços
Quando se fala em estado de guerra e grave pertur- incompatíveis com as condições de mercado e manifes-
bação da ordem, pode-se depreender da doutrina que as
tamente superiores a elas; ou então apresentam propos-
dispensas nestes casos são aquelas destinadas ao estado
tas com valor tão irrisório que seja impossível dar cumpri-
de guerra direta ou indiretamente, bem como as desti-
mento ao contrato. Nestes casos, será possível contratar
nadas a atender graves perturbações da ordem, como
diretamente, dentro da faixa adequada de preços.
protestos, manifestações e paralisações.
A verificação da disparidade de preços, se não houver
O fundamento da urgência é o mesmo para os casos
órgão de registro, deve se dar dentro do próprio proces-
de emergências e calamidades públicas. Contudo, para a
so administrativo. Deverá a administração dar um prazo
doutrina, não é possível fundamentar a dispensa em ur-
gência se ela decorrer da omissão administrativa – pode de 8 dias úteis para a apresentação de propostas viáveis
até dispensar, porque não é possível deixar a população (artigo 48, §3º, Lei nº 8.666/93) e, caso não sejam apre-
a mercê, mas o administrador poderá ser responsabili- sentadas, poderá adjudicar diretamente os bens e servi-
zado. Nas contratações por emergência e calamidade ços pelo valor adequado.
pública o limite temporal é o necessário ao atendimento
das circunstâncias extraordinárias, pelo prazo máximo de f) Em função do contratante ou do contratado: Poder
180 dias, improrrogável. público
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
c) Licitação deserta público interno, de bens produzidos ou serviços prestados
V - quando não acudirem interessados à licitação an- por órgão ou entidade que integre a Administração Públi-
terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida sem ca e que tenha sido criado para esse fim específico em data
prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso, todas anterior à vigência desta Lei, desde que o preço contratado
as condições preestabelecidas; seja compatível com o praticado no mercado;
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direi-
Quando ocorre a chamada licitação deserta o que se to público interno de insumos estratégicos para a saúde
percebe é o total desinteresse na contratação. Na licita- produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental
ção deserta realiza-se a fase preparatória, publica-se o ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

edital, mas nenhum interessado comparece para a dis- administração pública direta, sua autarquia ou fundação
puta. A lei prevê que será necessário repetir o procedi- em projetos de ensino, pesquisa, extensão, desenvolvimen-
mento, mas se o legislador mostrar que a repetição irá to institucional, científico e tecnológico e estímulo à ino-
prejudicar o interesse público, principalmente por causa vação, inclusive na gestão administrativa e financeira ne-
da demora, será possível dispensar. No caso, o adminis- cessária à execução desses projetos, ou em parcerias que
trador poderá contratar quem quiser, mas deverá ofere- envolvam transferência de tecnologia de produtos estraté-
cer exatamente o mesmo contrato ofertado na licitação gicos para o Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do
que foi deserta. inciso XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse
Obs.: Licitação deserta é diferente de licitação fracas- fim específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
sada. Na licitação fracassada aparecem candidatos, mas que o preço contratado seja compatível com o praticado
nenhum deles preenche os requisitos e por isso ninguém no mercado.
pode ser contratado. Neste caso a lei não admite a dis-
pensa, cabendo ao administrador repetir a licitação. 13 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis-
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

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XXXV - para a construção, a ampliação, a reforma e XX - na contratação de associação de portadores de
o aprimoramento de estabelecimentos penais, desde que deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada ido-
configurada situação de grave e iminente risco à seguran- neidade, por órgãos ou entidades da Administração Públi-
ça pública. ca, para a prestação de serviços ou fornecimento de mão-
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entidade -de-obra, desde que o preço contratado seja compatível
que integre a administração pública estabelecido no inciso com o praticado no mercado.
VIII do caput deste artigo não se aplica aos órgãos ou en- XXIV - para a celebração de contratos de prestação
tidades que produzem produtos estratégicos para o SUS, de serviços com as organizações sociais, qualificadas no
no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990, âmbito das respectivas esferas de governo, para atividades
conforme elencados em ato da direção nacional do SUS. contempladas no contrato de gestão.
XXX - na contratação de instituição ou organização,
Se foi criado antes da Lei nº 8.666/93 um órgão pú- pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
blico ou entidade do poder público apenas para fornecer prestação de serviços de assistência técnica e extensão ru-
bens e prestar serviços à Administração, fazendo-o em ral no âmbito do Programa Nacional de Assistência Técni-
respeito ao preço praticado no mercado, será possível ca e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na Reforma
dispensar a licitação e contratá-lo de forma direta. Se Agrária, instituído por lei federal.
o órgão ou entidade ofertar produtos estratégicos no XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins
âmbito do SUS, pode ter sido criado depois da Lei nº lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras
8.666/93 e terá plena validade. tecnologias sociais de acesso à água para consumo huma-
Há entendimento da doutrina de Carvalho Filho14 no no e produção de alimentos, para beneficiar as famílias
sentido de que apenas se aplica o dispositivo se a dis- rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta regular
pensa se der entre órgãos do mesmo âmbito federativo, de água.
por exemplo, não seria possível entre a União e uma en- Em todos os dispositivos apontados, exceto no inci-
tidade estadual; além do que apenas valeria entre pes- so XXX, exige-se a ausência de fins lucrativos. No arti-
soas jurídicas de direito público e a entidade ou órgão go XXX, embora se aceite o fim lucrativo, se denota o
contratado (excluídas as sociedades de economia mista propósito social da contratação, viabilizando a reforma
e empresas públicas). agrária. O propósito social é essencial nas demais hipó-
teses, sempre se fazendo presente nas OS e OSCIP, ou na
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- própria causa militada pela associação, como a questão
lários padronizados de uso da administração, e de edições da recuperação social do preso, da inserção da pessoa
técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços de com deficiência no mercado de trabalho ou do acesso à
informática a pessoa jurídica de direito público interno, água potável.
por órgãos ou entidades que integrem a Administração Destaca-se que nem toda contratação de entes do
Pública, criados para esse fim específico; terceiro setor é dispensável. Haverá dispensa principal-
Embora também seja um caso de contratação direta mente para oferecer contratos de gestão, criando uma
da administração pela administração, neste caso dos diá- OS, ou oferecer termo de parceria, criando uma OSCIP
rios oficiais, formulários padronizados e edições técnicas (inciso XXIV); bem como em serviços ou projetos em que
não existe limite temporal, de modo que o órgão ou en- o ente não tem fins lucrativos e é especializado na ativi-
tidade pode ter sido criado depois da Lei nº 8.666/93. dade, impondo-se a este contratado uma contrapartida,
isto é, o poder público não entra apenas com o dinheiro
XXIII - na contratação realizada por empresa pública e cria verdadeira parceria. Se a participação estatal for
ou sociedade de economia mista com suas subsidiárias e exclusivamente econômica, em atividade que mais de
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, pres- uma organização ou associação é especializada, deve se
tação ou obtenção de serviços, desde que o preço contra- licitar.
tado seja compatível com o praticado no mercado.
Também independentemente de prazo limite, as em- h) Consórcios e convênios de cooperação
presas públicas e sociedades de economia mista podem XXVI - na celebração de contrato de programa com
contratar diretamente com suas subsidiárias e controla- ente da Federação ou com entidade de sua administração
das para adquirir e alienar bens e serviços em preço com- indireta, para a prestação de serviços públicos de forma
patível com o de mercado. A justificativa é que se tratam associada nos termos do autorizado em contrato de con-
de pessoas jurídicas de direito privado. Destaca-se que sórcio público ou em convênio de cooperação.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a contratação apenas por se der com suas subsidiárias e


controladas que foram criadas pela empresa pública ou O dispositivo sobre consórcios e convênios de coo-
sociedade de economia mista. peração foi inserido pela Lei nº 11.107/05, tornando dis-
pensável a licitação no caso de ser celebrado contrato de
g) Contratação de entidade sem fim lucrativo programa entre o consórcio público e a entidade da ad-
XIII - na contratação de instituição brasileira incumbi- ministração para que prestem serviços públicos de modo
da regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino associado. Justifica-se a hipótese pelo regime de parceria
ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição de-
dicada à recuperação social do preso, desde que a contra- i) Gêneros perecíveis
tada detenha inquestionável reputação ético-profissional XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
e não tenha fins lucrativos; gêneros perecíveis, no tempo necessário para a realização
dos processos licitatórios correspondentes, realizadas dire-
14 CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de direito adminis- tamente com base no preço do dia;
trativo. 23. ed. Rio de Janeiro: Lumen juris, 2010.

31
A dispensa para a aquisição de gêneros perecíveis n) Coleta de materiais recicláveis
não é permanente, devendo se realizar a licitação assim XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
que possível. Logo, também se trata de hipótese de dis- mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis ou
pensa em situação emergencial. reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva de
lixo, efetuados por associações ou cooperativas formadas
j) Obras de arte exclusivamente por pessoas físicas de baixa renda reco-
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e nhecidas pelo poder público como catadores de materiais
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde que recicláveis, com o uso de equipamentos compatíveis com
compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou enti- as normas técnicas, ambientais e de saúde pública.
dade. Trata-se de modalidade de dispensa que serve de
incentivo à formação de cooperativas e associações de
Na dispensa de licitação para adquirir ou restaurar reciclagem e reutilização de resíduos sólidos compos-
obras de arte a lei exige que o objeto tenha autenticida- tas por pessoas de baixa renda. É uma forma do poder
de certificada e que os objetos adquiridos sejam compa- público incentivar a organização e a união de catadores,
tíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou entidade, retirando-os da marginalização. A hipótese de dispensa
o que é o caso de museus, bibliotecas e escolas, não ser- foi criada pela Lei nº 11.445/07, que estabelece diretrizes
vindo os objetos adquiridos de adorno aos gabinetes das nacionais para saneamento básico.
autoridades públicas. No caso de restauração de objeto o) Risco à segurança nacional
que já é do patrimônio do órgão, cabível a dispensa. IX - quando houver possibilidade de comprometimento
k) Complementação de objeto da segurança nacional, nos casos estabelecidos em decreto
XI - na contratação de remanescente de obra, serviço do Presidente da República, ouvido o Conselho de Defesa
ou fornecimento, em consequência de rescisão contratual, Nacional;
desde que atendida a ordem de classificação da licitação XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, pro-
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo li- duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumulativa-
citante vencedor, inclusive quanto ao preço, devidamente mente, alta complexidade tecnológica e defesa nacional,
corrigido; mediante parecer de comissão especialmente designada
pela autoridade máxima do órgão.
Trata-se de hipótese de complementação de objeto,
Em ambos os casos, prioriza-se a manutenção da se-
possível quando a administração rescinde contrato ante-
gurança nacional e a defesa do país, prevendo-se a dis-
rior antes que a obra, serviço ou fornecimento se encer-
pensa da licitação. É necessário equilibrar os interesses,
re, procedendo-se com a contratação direta daquele que
pois se o propósito da licitação é atender ao interesse
sequencialmente se classificou no certame, respeitadas público, sem dúvidas deve ser dispensada quando a sua
as mesmas condições de contratação. Se não for pos- realização significar o comprometimento deste interesse.
sível obedecer à regra de contratação daquele que foi
classificado na licitação anterior sequencialmente pelas p) Navios, embarcações, aeronaves e tropas
mesmas condições, nada resta senão promover nova li-
citação. XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o
abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas
l) Garantia técnica ou tropas e seus meios de deslocamento quando em es-
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de tada eventual de curta duração em portos, aeroportos ou
origem nacional ou estrangeira, necessários à manuten- localidades diferentes de suas sedes, por motivo de mo-
ção de equipamentos durante o período de garantia téc- vimentação operacional ou de adestramento, quando a
nica, junto ao fornecedor original desses equipamentos, exiguidade dos prazos legais puder comprometer a nor-
quando tal condição de exclusividade for indispensável malidade e os propósitos das operações e desde que seu
para a vigência da garantia; valor não exceda ao limite previsto na alínea “a” do inciso
II do art. 23 desta Lei:
Dispensa-se a licitação para a compra de componen-
tes ou peças na garantia técnica. Logo, deve estar na vi- Trata-se de dispensa em caso de necessidade de
gência da garantia. Após o prazo de garantia, a licitação abastecimento de navios, embarcações, aeronaves e tro-
é obrigatória. Ainda, é preciso que o fornecedor original pas e de seus meios de deslocamento, quando houver
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

seja exclusivo e tal exclusividade seja indispensável, por estada eventual de curto período em portos, aeroportos
exemplo, se ao comprar uma peça paralela a administra- e outros locais diversos da sede. O valor não pode ex-
ção correr o risco de perder a garantia. ceder a R$80.000, pelo texto da lei, mas isso pode ser
relativizado em uma situação de emergência.
m) Serviços de energia e gás
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento q) Materiais de uso militar
de energia elétrica e gás natural com concessionário, per-
missionário ou autorizado, segundo as normas da legisla- XIX - para as compras de material de uso pelas For-
ção específica; ças Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
administrativo, quando houver necessidade de manter a
Para energia e gás serão contratadas as concessio- padronização requerida pela estrutura de apoio logístico
nárias com dispensa licitatória, ainda que a região seja dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer de
servida por mais de um concessionário. comissão instituída por decreto;

32
XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços § 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do
para atender aos contingentes militares das Forças Sin- caput do art. 9º à hipótese prevista no inciso XXI do caput.
gulares brasileiras empregadas em operações de paz no XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
exterior, necessariamente justificadas quanto ao preço e disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2
à escolha do fornecedor ou executante e ratificadas pelo de dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
Comandante da Força. contratação dela constantes.

A dispensa para materiais de uso militar apenas é Nos termos do inciso XXI, é dispensável a licitação no
assegurada para insumos militares ou propriamente bé- caso de aquisição de bens destinados exclusivamente à
licos. Neste sentido, bens de consumo, bens comuns e pesquisa científica e tecnológica com recursos concedi-
materiais de escritório deverão ser licitados. dos pela CAPES, FINEP, CNPq e outras entidades de fo-
mento à pesquisa credenciadas pela última, exigindo-se
r) Compra ou locação de imóvel que os recursos venham das entidades específicas e que
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao os bens sejam adquiridos exclusivamente para pesquisa
atendimento das finalidades precípuas da administração, científica e tecnológica.
cujas necessidades de instalação e localização condicio- Por motivos óbvios, não se proíbe que o autor do pro-
nem a sua escolha, desde que o preço seja compatível com jeto, básico ou executivo, pessoa física ou jurídica partici-
o valor de mercado, segundo avaliação prévia; pe, direta ou indiretamente, da licitação ou da execução
de obra ou serviço e do fornecimento de bens a eles ne-
Quando a administração quer comprar ou alugar um cessários. Trata-se de preservação do direito autoral e de
imóvel, é preciso se ater às seguintes diretrizes: caso um garantia de que a pesquisa seja devidamente executada.
determinado bem privado esteja se opondo ao interesse A dispensa para obras e serviços de engenharias vol-
público, caberá promover a desapropriação; caso a ad- tados a pesquisa e desenvolvimento se limita ao valor de
ministração possa motivar o interesse sobre um determi- R$300.000, seguindo procedimento especial.
nado imóvel, embora não exista a oposição ao interesse
público, mas se faça presente a peculiaridade decorrente u) Transferência de tecnologia
da localização ou das características do bem, é possível XXV - na contratação realizada por Instituição Cientí-
adquirir de forma direta mediante dispensa de licitação, fica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para
desde que os preços sejam compatíveis com os de mer- a transferência de tecnologia e para o licenciamento de
cado; noutras situações, deverá obrigatoriamente licitar. direito de uso ou de exploração de criação protegida.
Obs.: as operações imobiliárias entre entes estatais XXXII - na contratação em que houver transferência de
não exige licitação e é classificada por parte da doutrina tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema Único
como licitação dispensada (por exemplo, União empresta de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19 de se-
imóvel para que município instale uma UPA – unidade de tembro de 1990, conforme elencados em ato da direção
pronto-atendimento, ou doa tal imóvel sob a condição nacional do SUS, inclusive por ocasião da aquisição destes
de que a UPA seja criada, em verdadeira doação modal; produtos durante as etapas de absorção tecnológica.
Estado compra imóvel de município para instalar sua se-
cretaria estadual). Há dispensa em caso de transferência de tecnologia
ou licença de uso/exploração de criação protegida, con-
s) Negócios internacionais siderando esta como invenção, modelo de utilidade, de-
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos senho industrial, programa de computador ou qualquer
de acordo internacional específico aprovado pelo Congres- outro desenvolvimento tecnológico que resulte em novo
so Nacional, quando as condições ofertadas forem mani- produto, processo ou aperfeiçoamento de natureza tec-
festamente vantajosas para o Poder Público; nológica (conforme define a Lei nº 10.973/04, que criou
o inciso XXV). A dispensa também vale para transferência
Há acordos internacionais que permitem condições de tecnologia de produto estratégico no âmbito do sis-
vantajosas para que sejam adquiridos bens e serviços, tema de saúde.
dispensando-se a licitação nestes casos. Contudo, tal
acordo internacional deve ter sido regularmente incor- 10. Hipóteses de inexigibilidade de licitação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

porado ao ordenamento brasileiro, com aprovação do


Congresso Nacional e ratificação, promulgação e publi- As hipóteses de inexigibilidade de licitação se con-
cação pela Presidência da República. centram no artigo 25 da Lei nº 8.666/93, sendo aplicá-
veis para casos em que a disputa nem ao menos é viável.
t) Pesquisa científica e tecnológica Trata-se de causa de natureza vinculante, de forma que
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para o administrador não tem a liberdade de decidir se irá ou
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras e não licitar – afinal, não deve licitar.
serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23; Conforme o § 2º do artigo 25, é fixado um regime de
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do responsabilização solidária pelo dano causado ao erário
caput, quando aplicada a obras e serviços de engenharia, entre fornecedor/prestador de serviços e agente públi-
seguirá procedimentos especiais instituídos em regula- co, nada excluindo outra sanção penal, civil ou admi-
mentação específica. nistrativa: “Na hipótese deste artigo e em qualquer dos

33
casos de dispensa, se comprovado superfaturamento, § 1º Considera-se de notória especialização o profissio-
respondem solidariamente pelo dano causado à Fazen- nal ou empresa cujo conceito no campo de sua especiali-
da Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e o dade, decorrente de desempenho anterior, estudos, expe-
agente público responsável, sem prejuízo de outras san- riências, publicações, organização, aparelhamento, equipe
ções legais cabíveis”. técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas
atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi- indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do
lidade de competição, em especial: objeto do contrato.
O rol é meramente exemplificativo, eis que a inexigi- c) Profissional de setor artístico consagrado
bilidade pode ser aceita em qualquer outra hipótese de III - para contratação de profissional de qualquer setor
inviabilidade da disputa (tanto é que o artigo 25 trata de artístico, diretamente ou através de empresário exclusivo,
três hipóteses “em especial” e não “apenas”). desde que consagrado pela crítica especializada ou pela
opinião pública.
a) Unicidade Trata-se de caso de contratação de trabalhos artísti-
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou gê- cos de artistas renomados. A intenção é a de explorar o
neros que só possam ser fornecidos por produtor, empresa prestígio do sujeito. A expressão artista deve ser tomada
ou representante comercial exclusivo, vedada a preferên- genericamente, por exemplo, pode se encaixar um es-
cia de marca, devendo a comprovação de exclusividade ser portista renomado ou um cientista renomado. O prestí-
feita através de atestado fornecido pelo órgão de registro gio do artista deve existir em relação à população local.
do comércio do local em que se realizaria a licitação ou
a obra ou o serviço, pelo Sindicato, Federação ou Confe-
deração Patronal, ou, ainda, pelas entidades equivalentes;
#FicaDica
Trata-se de caso de unicidade, quando houver apenas
um fabricante, fornecedor, produtor ou distribuidor. Esta Regra: Obrigatoriedade de licitação.
unicidade deve ser provada por certidões das confede- Exceções: Licitação dispensada, dispensável
rações de indústrias, de comércio, juntas comerciais, etc. e inexigível.
É possível fixar uma determinada região do territó- Licitação dispensada: a Administração pode
rio nacional que admita participantes da licitação e, se em alguns casos previstos na lei efetuar a
houver apenas um participante possível se admite a ine- contratação direta, todos eles envolvendo
xigibilidade, não importando que existam participantes alienações subordinadas ao interesse públi-
em outras regiões porque as licitações podem ser usadas co e respeitadas avaliações prévias.
como ferramenta de política econômica, incentivando a Licitação dispensável: A Administração
economia local. pode em alguns casos previstos taxativa-
Em regra, não se pode definir/fixar marca no edital mente na lei efetuar a contratação direta de
porque poderia fraudar o caráter competitivo, mas é bens, produtos, serviços e obras, entre eles:
possível indicar a marca motivando-se pelo princípio da contratação de pequeno valor, emergência
padronização. Não é possível burlar a regra indicando ou calamidade públicas, licitação fracassada
especificações que apenas uma marca pode concluir (ex.: ou deserta.
PGR foi alvo de críticas quando licitou tablets e, embora Inexigibilidade: Em casos que nem ao me-
não mencionasse em nenhum momento que deveriam nos seja possível a competição, a Adminis-
ser iPads, faziam referências a especificações técnicas tração promoverá a contratação direta. O
que apenas os aparelhos da Apple poderiam conter). rol é taxativo e mais restrito: materiais, equi-
pamentos ou gêneros que só possam ser
b) Serviços técnicos notoriamente especializados fornecidos por produtor ou representante
II - para a contratação de serviços técnicos enumera- comercial exclusivo; serviços técnicos espe-
dos no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profis- cializados de natureza singular e promovido
sionais ou empresas de notória especialização, vedada a por profissionais de notória especialização
inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação; (não cabe para serviços de publicidade); e
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

contratações de profissionais do setor artís-


Trata-se de caso de contratação de serviços singu- tico, que tenha aceitação pela crítica e pela
lares de profissionais de notória especialização. O que opinião pública.
diferencia dos demais serviços, que devem ser licitados,
é a notória especialização, comprovada pelo reconheci-
mento no mercado, por publicações e patentes, etc. Ex.: 11. Modalidades
para um órgão governamental contratar uma consultoria
jurídica deve licitar, mas se a contratação necessária for Prosseguindo o estudo, quanto às modalidades de
de um advogado de notório conhecimento em direitos licitação, podem ser apontadas as seguintes modalida-
humanos e justiça internacional será possível a inexigi- des: Concorrência, tomada de preços, convite, concurso
bilidade. De forma específica, destaca-se o §1º do dis- e leilão (artigo 22, Lei nº 8.666/1993). Dos parágrafos 1º
positivo: a 5º, o artigo 22 conceitua cada uma das modalidades:

34
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação prelimi-
nar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.
§ 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados devidamente cadastrados ou que atenderem
a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas,
observada a necessária qualificação.
§ 3º Convite é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados ou não,
escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará, em local apro-
priado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá aos demais cadastrados na correspondente especialidade
que manifestarem seu interesse com antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
§ 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para escolha de trabalho técnico, científico ou
artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, conforme critérios constantes de edital
publicado na imprensa oficial com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
§ 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens móveis inservíveis para a
administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou para a alienação de bens imóveis prevista
no art. 19, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.

Por sua vez, a LEI Nº 10.520, DE 17 DE JULHO DE 2002, trabalha com uma modalidade adicional de licitação, o
pregão. É a modalidade de licitação voltada à aquisição de bens e serviços comuns, assim considerados aqueles cujos
padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente definidos no edital por meio de especificações do
mercado.

#FicaDica
- Concorrência (contratações de maior vultou ou valor) – A habilitação não depende de cadastro prévio,
qualquer um que preencha os requisitos pode participar. Publicidade: edital publicado na imprensa.
Obras, serviços e compras de maior valor – Geral acima de R$650.000; Engenharia acima de R$1.500.000.
Compra ou alienação de bens imóveis, independente do valor;
Concessão de direito real de uso;
Licitações internacionais (também cabe tomada de preços ou convite);
Alienação de bens móveis de maior valor;
Registro de preços.
- Tomada de preços (contratações de valor intermediário) – Os interessados são previamente cadastrados
ou devem apresentar documentos até o 3o dia anterior ao recebimento das propostas. Publicidade: edital
publicado na imprensa.
Obras, serviços e compras de valor intermediário – Geral R$80.000 a R$650.000; Engenharia R$150.000 a
R$1.500.000.
- Convite (contratações de menor valor) – Apenas participam os convocados pela Administração (três
recebem a carta-convite) e cadastrados que se manifestem até 24 horas antes da proposta. Publicidade:
edital afixado no local da repartição.
Obras, serviços e compras de valor intermediário – Geral até R$80.000; Engenharia até R$150.000.
- Concurso (ajustado para objetos específicos) – É instituído um prêmio ou remuneração a ser pago pela
Administração aos vencedores. Publicidade: edital deve ser publicado com antecedência mínima de 45
dias e deve ser amplamente divulgado.
Trabalhos intelectuais – técnicos, científicos ou literários.
- Leilão (ajustado para objeto específico) – Utiliza-se para a venda de bens móveis e imóveis da Adminis-
tração, exigindo-se prévia avaliação. Publicidade: deve ser ampla.
Bens móveis que não servem mais para a Administração;
Produtos legalmente apreendidos ou penhorados;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Bens imóveis cuja aquisição tenha derivado de procedimentos judiciais ou de dação em pagamento (nesse
caso também seria possível concorrência).
- Pregão (bens e serviços comuns) – As propostas serão julgadas sempre pelo critério de menor preço.
Realiza-se em duas fases – interna e externa.
Bens e serviços comuns, que são aqueles cujo padrão de desempenho e qualidade podem ser objetiva-
mente definidos pelo edital, a partir de especificações usuais no mercado.

11.1. Tipos

Em relação aos tipos de licitação, apontam-se no Estatuto: melhor preço, melhor técnica, técnica e preço, e melhor
lance ou oferta. Os tipos licitatórios não passam de critérios de julgamento para a escolha da proposta mais adequada
aos interesses da Administração Pública. A disciplina encontra-se no caput e no §1º da Lei nº 8.666/1993:

35
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de- revogação. Após a assinatura do contrato, entretanto,
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo não poderá haver a revogação da licitação. Somente se
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de justifica a revogação quando houver um fato posterior
licitação, os critérios previamente estabelecidos no à abertura da licitação e quando o fato for pertinente,
ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi- ou seja, quando possuir uma relação lógica com a re-
vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua vogação da licitação. Ainda deve ser suficiente, quando
aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle. a intensidade do fato justificar a revogação. Deve ser
§ 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de respeitado o direito ao contraditório e ampla defesa, e
licitação, exceto na modalidade concurso: a revogação deverá ser feita mediante parecer escrito e
I - a de menor preço - quando o critério de seleção da devidamente fundamentado.
proposta mais vantajosa para a Administração deter- Logo, anulação e revogação estão previstos no ar-
minar que será vencedor o licitante que apresentar a tigo 49 da lei nº 8.666/93. Revogação da licitação por
proposta de acordo com as especificações do edital ou interesse público decorrente de fato superveniente de-
convite e ofertar o menor preço; vidamente comprovado, pertinente e suficiente para jus-
II - a de melhor técnica; tificar tal conduta, bem como a obrigatoriedade de sua
III - a de técnica e preço; anulação por ilegalidade, neste último caso podendo agir
IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena- de oficio ou provocado por terceiros, mediante parecer
ção de bens ou concessão de direito real de uso. escrito e devidamente fundamentado.
Revogação segundo Diógenes Gasparini “é o desfazi-
11.2. Procedimento mento da licitação acabada por motivos de conveniência
e oportunidade (interesse público) superveniente – art.
Além do capítulo introdutório, do artigo 38 ao 53 da 49 da lei nº 8.666/93”15. Trata-se de um ato administra-
Lei nº 8.666/93 está descrito o procedimento a ser ado-
tivo vinculado, embora assentada em motivos de conve-
tado nas licitações em geral. A modalidade pregão tem
niência e oportunidade; e ainda, a lei referida, prevê que
procedimento próprio, previsto na lei especial.
no caso de desfazimento da licitação ficam assegurados
o contraditório e a ampla defesa, garantia essa que é
11.3 Anulação e revogação
dada somente ao vencedor, o único com efeitos interes-
No que tange à revogação e à anulação, ambas volta- ses na permanência desse ato, pois através dele pode
das às consequências dos vícios no processo de licitação, chegar a contrato.
destaca-se a previsão do artigo 49: Hely Lopes Meireles16 conceitua anulação como “é a
invalidação da licitação ou do julgamento por motivo de
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação do ilegalidade, pode ser feita a qualquer fase e tempo antes
procedimento somente poderá revogar a licitação por da assinatura do contrato, desde que a Administração ou
razões de interesse público decorrente de fato super- o Judiciário verifique e aponte a infringência à lei ou ao
veniente devidamente comprovado, pertinente e sufi- edital”. Cabe ainda ressaltar que a anulação da licitação
ciente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por acarreta a nulidade do contrato (art. 49, § 2º). No mesmo
ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, sentido “a anulação poderá ocorrer tanto pela Via Judi-
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado. cante como pela Via Administrativa”.
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por motivo de
ilegalidade não gera obrigação de indenizar, ressalvado
o disposto no parágrafo único do art. 59 desta Lei. LEGISLAÇÃO SECA
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do Abaixo, colaciona-se com grifo a disciplina dos tópi-
art. 59 desta Lei. cos abordados teoricamente acima, com destaque aos
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, fica procedimentos licitatórios.
assegurado o contraditório e a ampla defesa.
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica-se CAPÍTULO II
aos atos do procedimento de dispensa e de inexigibili- DA LICITAÇÃO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dade de licitação. SEÇÃO I


DAS MODALIDADES, LIMITES E DISPENSA
Anular é extinguir um ato ou um conjunto de atos
em razão de sua ilegalidade. Quando se fala, portanto,
Art. 20. As licitações serão efetuadas no local onde se
em anulação de uma licitação, pressupõe-se a ilegalida-
situar a repartição interessada, salvo por motivo de
de da mesma, pois anula-se o que é ilegítimo. A licitação
interesse público, devidamente justificado.
poderá ser anulada pela via administrativa ou pela via
judiciária. A anulação de uma licitação pode ser total (se Parágrafo único. O disposto neste artigo não impedirá
o vício atingir a origem dos atos licitatórios) ou parcial (se a habilitação de interessados residentes ou sediados
o vício atingir parte dos atos licitatórios). em outros locais.
Revogar uma licitação é extingui-la por ser inconve- 15 GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 11. ed. São Pau-
niente ou inoportuna. Desde o momento em que a lici- lo: Saraiva, 2006.
16 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
tação foi aberta até o final da mesma, pode-se falar em
Paulo: Malheiros, 1993.

36
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das § 2º Tomada de preços é a modalidade de licitação
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos entre interessados devidamente cadastrados ou que
e dos leilões, embora realizados no local da repartição atenderem a todas as condições exigidas para cadas-
interessada, deverão ser publicados com antecedên- tramento até o terceiro dia anterior à data do recebi-
cia, no mínimo, por uma vez: mento das propostas, observada a necessária qualifi-
I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de li- cação.
citação feita por órgão ou entidade da Administração § 3º Convite é a modalidade de licitação entre interes-
Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras fi- sados do ramo pertinente ao seu objeto, cadastrados
nanciadas parcial ou totalmente com recursos federais ou não, escolhidos e convidados em número mínimo
ou garantidas por instituições federais; de 3 (três) pela unidade administrativa, a qual afixará,
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal em local apropriado, cópia do instrumento convoca-
quando se tratar, respectivamente, de licitação feita tório e o estenderá aos demais cadastrados na cor-
por órgão ou entidade da Administração Pública Esta- respondente especialidade que manifestarem seu in-
dual ou Municipal, ou do Distrito Federal; teresse com antecedência de até 24 (vinte e quatro)
III - em jornal diário de grande circulação no Estado horas da apresentação das propostas.
e também, se houver, em jornal de circulação no Mu- § 4º Concurso é a modalidade de licitação entre quais-
nicípio ou na região onde será realizada a obra, pres- quer interessados para escolha de trabalho técnico,
tado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, científico ou artístico, mediante a instituição de prê-
podendo ainda a Administração, conforme o vulto da mios ou remuneração aos vencedores, conforme crité-
licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação rios constantes de edital publicado na imprensa oficial
para ampliar a área de competição. com antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco)
§ 1º O aviso publicado conterá a indicação do local em dias.
que os interessados poderão ler e obter o texto integral § 5º Leilão é a modalidade de licitação entre quais-
do edital e todas as informações sobre a licitação. quer interessados para a venda de bens móveis inser-
§ 2º O prazo mínimo até o recebimento das propostas víveis para a administração ou de produtos legalmen-
ou da realização do evento será: te apreendidos ou penhorados, ou para a alienação
I - quarenta e cinco dias para: de bens imóveis prevista no art. 19, a quem oferecer o
a) concurso; maior lance, igual ou superior ao valor da avaliação.
b) concorrência, quando o contrato a ser celebrado § 6º Na hipótese do § 3º deste artigo (CONVITE), exis-
contemplar o regime de empreitada integral ou quan- tindo na praça mais de 3 (três) possíveis interessados,
do a licitação for do tipo “melhor técnica” ou “técnica a cada novo convite, realizado para objeto idêntico ou
e preço”; assemelhado, é obrigatório o convite a, no mínimo,
II - trinta dias para: mais um interessado, enquanto existirem cadastrados
a) concorrência, nos casos não especificados na alínea não convidados nas últimas licitações.
“b” do inciso anterior; § 7º Quando, por limitações do mercado ou manifesto
b) tomada de preços, quando a licitação for do tipo desinteresse dos convidados, for impossível a obten-
“melhor técnica” ou “técnica e preço”; ção do número mínimo de licitantes exigidos no § 3o
III - quinze dias para a tomada de preços, nos casos deste artigo, essas circunstâncias deverão ser devida-
não especificados na alínea “b” do inciso anterior, ou mente justificadas no processo, sob pena de repetição
leilão; do convite.
IV - cinco dias úteis para convite. § 8º É vedada a criação de outras modalidades de li-
§ 3º Os prazos estabelecidos no parágrafo anterior citação ou a combinação das referidas neste artigo.
serão contados a partir da última publicação do edi- § 9º Na hipótese do § 2º deste artigo (TOMADA DE
tal resumido ou da expedição do convite, ou ainda da PREÇOS), a administração somente poderá exigir do
efetiva disponibilidade do edital ou do convite e res- licitante não cadastrado os documentos previstos nos
pectivos anexos, prevalecendo a data que ocorrer mais arts. 27 a 31, que comprovem habilitação compatível
tarde. com o objeto da licitação, nos termos do edital.
§ 4º Qualquer modificação no edital exige divulga- Art. 23. As modalidades de licitação a que se referem
ção pela mesma forma que se deu o texto original, os incisos I a III do artigo anterior serão determinadas
reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido, exceto em função dos seguintes limites, tendo em vista o va-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

quando, inquestionavelmente, a alteração não afetar lor estimado da contratação:


a formulação das propostas. I - para obras e serviços de engenharia:
Art. 22. São modalidades de licitação: a) convite - até R$ 150.000,00 (cento e cinquenta mil
I - concorrência; reais);
II - tomada de preços; b) tomada de preços - até R$ 1.500.000,00 (um milhão
III - convite; e quinhentos mil reais);
IV - concurso; c) concorrência: acima de R$ 1.500.000,00 (um milhão
V - leilão. e quinhentos mil reais);
§ 1º Concorrência é a modalidade de licitação entre II - para compras e serviços não referidos no inciso
quaisquer interessados que, na fase inicial de habilita- anterior:
ção preliminar, comprovem possuir os requisitos míni- a) convite - até R$ 80.000,00 (oitenta mil reais);
mos de qualificação exigidos no edital para execução b) tomada de preços - até R$ 650.000,00 (seiscentos e
de seu objeto. cinquenta mil reais);

37
c) concorrência - acima de R$ 650.000,00 (seiscentos e a parcelas de uma mesma obra ou serviço ou ainda
cinquenta mil reais). para obras e serviços da mesma natureza e no mesmo
§ 1º As obras, serviços e compras efetuadas pela Ad- local que possam ser realizadas conjunta e concomi-
ministração serão divididas em tantas parcelas quan- tantemente;
tas se comprovarem técnica e economicamente viá- II - para outros serviços e compras de valor até 10%
veis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, do in-
aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado ciso II do artigo anterior e para alienações, nos casos
e à ampliação da competitividade sem perda da eco- previstos nesta Lei, desde que não se refiram a par-
nomia de escala. celas de um mesmo serviço, compra ou alienação de
§ 2º Na execução de obras e serviços e nas compras maior vulto que possa ser realizada de uma só vez;
de bens, parceladas nos termos do parágrafo anterior, III - nos casos de guerra ou grave perturbação da or-
a cada etapa ou conjunto de etapas da obra, serviço dem;
ou compra, há de corresponder licitação distinta, pre- IV - nos casos de emergência ou de calamidade pú-
servada a modalidade pertinente para a execução do blica, quando caracterizada urgência de atendimento
objeto em licitação. de situação que possa ocasionar prejuízo ou compro-
meter a segurança de pessoas, obras, serviços, equi-
§ 3º A concorrência é a modalidade de licitação ca- pamentos e outros bens, públicos ou particulares, e
bível, qualquer que seja o valor de seu objeto, tanto somente para os bens necessários ao atendimento da
na compra ou alienação de bens imóveis, ressalvado situação emergencial ou calamitosa e para as par-
o disposto no art. 19, como nas concessões de direito celas de obras e serviços que possam ser concluídas
real de uso e nas licitações internacionais, admitindo- no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias con-
-se neste último caso, observados os limites deste arti- secutivos e ininterruptos, contados da ocorrência da
go, a tomada de preços, quando o órgão ou entidade emergência ou calamidade, vedada a prorrogação dos
dispuser de cadastro internacional de fornecedores ou respectivos contratos;
o convite, quando não houver fornecedor do bem ou V - quando não acudirem interessados à licitação an-
serviço no País. terior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
§ 4º Nos casos em que couber convite, a Administra- sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste
ção poderá utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, todas as condições preestabelecidas;
caso, a concorrência. VI - quando a União tiver que intervir no domínio eco-
nômico para regular preços ou normalizar o abaste-
§ 5º É vedada a utilização da modalidade “convite” ou cimento;
“tomada de preços”, conforme o caso, para parcelas VII - quando as propostas apresentadas consignarem
de uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras preços manifestamente superiores aos praticados no
e serviços da mesma natureza e no mesmo local que mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
possam ser realizadas conjunta e concomitantemente, fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em
sempre que o somatório de seus valores caracterizar que, observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei
o caso de “tomada de preços” ou “concorrência”, res- e, persistindo a situação, será admitida a adjudicação
pectivamente, nos termos deste artigo, exceto para as direta dos bens ou serviços, por valor não superior ao
parcelas de natureza específica que possam ser execu- constante do registro de preços, ou dos serviços;
tadas por pessoas ou empresas de especialidade diver- VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
sa daquela do executor da obra ou serviço. público interno, de bens produzidos ou serviços pres-
§ 6º As organizações industriais da Administração Fe- tados por órgão ou entidade que integre a Adminis-
deral direta, em face de suas peculiaridades, obedece- tração Pública e que tenha sido criado para esse fim
rão aos limites estabelecidos no inciso I deste artigo específico em data anterior à vigência desta Lei, desde
também para suas compras e serviços em geral, desde que o preço contratado seja compatível com o prati-
que para a aquisição de materiais aplicados exclusiva- cado no mercado;
mente na manutenção, reparo ou fabricação de meios IX - quando houver possibilidade de comprometimen-
operacionais bélicos pertencentes à União. to da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
§ 7º Na compra de bens de natureza divisível e desde decreto do Presidente da República, ouvido o Conse-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é lho de Defesa Nacional;
permitida a cotação de quantidade inferior à deman- X - para a compra ou locação de imóvel destinado
dada na licitação, com vistas a ampliação da compe- ao atendimento das finalidades precípuas da admi-
titividade, podendo o edital fixar quantitativo mínimo nistração, cujas necessidades de instalação e localiza-
para preservar a economia de escala. ção condicionem a sua escolha, desde que o preço seja
§ 8º No caso de consórcios públicos, aplicar-se-á o compatível com o valor de mercado, segundo avalia-
dobro dos valores mencionados no caput deste artigo ção prévia;
quando formado por até 3 (três) entes da Federação, e XI - na contratação de remanescente de obra, serviço
o triplo, quando formado por maior número. ou fornecimento, em consequência de rescisão con-
Art. 24. É dispensável a licitação: tratual, desde que atendida a ordem de classificação
I - para obras e serviços de engenharia de valor até da licitação anterior e aceitas as mesmas condições
10% (dez por cento) do limite previsto na alínea “a”, oferecidas pelo licitante vencedor, inclusive quanto ao
do inciso I do artigo anterior, desde que não se refiram preço, devidamente corrigido;

38
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e ou- XXIII - na contratação realizada por empresa pública
tros gêneros perecíveis, no tempo necessário para a ou sociedade de economia mista com suas subsidiá-
realização dos processos licitatórios correspondentes, rias e controladas, para a aquisição ou alienação de
realizadas diretamente com base no preço do dia; bens, prestação ou obtenção de serviços, desde que o
XIII - na contratação de instituição brasileira incum- preço contratado seja compatível com o praticado no
bida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do mercado.
ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de ins- XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
tituição dedicada à recuperação social do preso, desde serviços com as organizações sociais, qualificadas no
que a contratada detenha inquestionável reputação âmbito das respectivas esferas de governo, para ativi-
ético-profissional e não tenha fins lucrativos; dades contempladas no contrato de gestão.
XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos XXV - na contratação realizada por Instituição Cien-
de acordo internacional específico aprovado pelo Con- tífica e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento
gresso Nacional, quando as condições ofertadas forem para a transferência de tecnologia e para o licencia-
manifestamente vantajosas para o Poder Público; mento de direito de uso ou de exploração de criação
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte protegida.
e objetos históricos, de autenticidade certificada, des- XXVI - na celebração de contrato de programa com
de que compatíveis ou inerentes às finalidades do ór- ente da Federação ou com entidade de sua adminis-
gão ou entidade. tração indireta, para a prestação de serviços públicos
XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formu- de forma associada nos termos do autorizado em con-
lários padronizados de uso da administração, e de trato de consórcio público ou em convênio de coope-
edições técnicas oficiais, bem como para prestação de ração.
serviços de informática a pessoa jurídica de direito pú- XXVII - na contratação da coleta, processamento e co-
blico interno, por órgãos ou entidades que integrem mercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
a Administração Pública, criados para esse fim espe- ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta sele-
cífico; tiva de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
XVII - para a aquisição de componentes ou peças de formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
origem nacional ou estrangeira, necessários à manu- renda reconhecidas pelo poder público como catado-
tenção de equipamentos durante o período de garan- res de materiais recicláveis, com o uso de equipamen-
tia técnica, junto ao fornecedor original desses equi- tos compatíveis com as normas técnicas, ambientais e
pamentos, quando tal condição de exclusividade for de saúde pública.
indispensável para a vigência da garantia;
XVIII - nas compras ou contratações de serviços para XXVIII - para o fornecimento de bens e serviços, pro-
o abastecimento de navios, embarcações, unidades duzidos ou prestados no País, que envolvam, cumula-
aéreas ou tropas e seus meios de deslocamento quan- tivamente, alta complexidade tecnológica e defesa na-
do em estada eventual de curta duração em portos, cional, mediante parecer de comissão especialmente
aeroportos ou localidades diferentes de suas sedes, designada pela autoridade máxima do órgão.
por motivo de movimentação operacional ou de ades- XXIX - na aquisição de bens e contratação de serviços
tramento, quando a exiguidade dos prazos legais pu- para atender aos contingentes militares das Forças
der comprometer a normalidade e os propósitos das Singulares brasileiras empregadas em operações de
operações e desde que seu valor não exceda ao limite paz no exterior, necessariamente justificadas quanto
previsto na alínea “a” do inciso II do art. 23 desta Lei: ao preço e à escolha do fornecedor ou executante e
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças ratificadas pelo Comandante da Força.
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e XXX - na contratação de instituição ou organização,
administrativo, quando houver necessidade de manter pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
a padronização requerida pela estrutura de apoio lo- prestação de serviços de assistência técnica e extensão
gístico dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência
parecer de comissão instituída por decreto; Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
XX - na contratação de associação de portadores de Reforma Agrária, instituído por lei federal.
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

idoneidade, por órgãos ou entidades da Administra- disposto nos arts. 3º, 4º, 5º e 20 da Lei nº 10.973, de 2
ção Pública, para a prestação de serviços ou forneci- de dezembro de 2004, observados os princípios gerais
mento de mão-de-obra, desde que o preço contratado de contratação dela constantes.
seja compatível com o praticado no mercado. A Lei nº 10.973/2004 dispõe sobre incentivos à inova-
XXI - para a aquisição ou contratação de produto ção e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente
para pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso produtivo e dá outras providências.
de obras e serviços de engenharia, a 20% (vinte por XXXII - na contratação em que houver transferência
cento) do valor de que trata a alínea “b” do inciso I do de tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
caput do art. 23; Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento 19 de setembro de 1990, conforme elencados em ato
de energia elétrica e gás natural com concessionário, da direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
permissionário ou autorizado, segundo as normas da aquisição destes produtos durante as etapas de absor-
legislação específica; ção tecnológica.

39
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins § 1º Considera-se de notória especialização o pro-
lucrativos, para a implementação de cisternas ou ou- fissional ou empresa cujo conceito no campo de sua
tras tecnologias sociais de acesso à água para consu- especialidade, decorrente de desempenho anterior,
mo humano e produção de alimentos, para beneficiar estudos, experiências, publicações, organização, apa-
as famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca relhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos
ou falta regular de água. relacionados com suas atividades, permita inferir que
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de di- o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais
reito público interno de insumos estratégicos para a adequado à plena satisfação do objeto do contrato.
saúde produzidos ou distribuídos por fundação que, § 2º Na hipótese deste artigo e em qualquer dos casos
regimental ou estatutariamente, tenha por finalidade de dispensa, se comprovado superfaturamento, res-
apoiar órgão da administração pública direta, sua au- pondem solidariamente pelo dano causado à Fazen-
tarquia ou fundação em projetos de ensino, pesquisa, da Pública o fornecedor ou o prestador de serviços e
extensão, desenvolvimento institucional, científico e o agente público responsável, sem prejuízo de outras
tecnológico e estímulo à inovação, inclusive na ges- sanções legais cabíveis.
tão administrativa e financeira necessária à execução
desses projetos, ou em parcerias que envolvam trans- Art. 26. As dispensas previstas nos §§ 2º e 4º do art.
ferência de tecnologia de produtos estratégicos para o 17 e no inciso III e seguintes do art. 24, as situações
Sistema Único de Saúde – SUS, nos termos do inciso de inexigibilidade referidas no art. 25, necessariamen-
XXXII deste artigo, e que tenha sido criada para esse te justificadas, e o retardamento previsto no final do
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, parágrafo único do art. 8º desta Lei deverão ser comu-
desde que o preço contratado seja compatível com o nicados, dentro de 3 (três) dias, à autoridade superior,
praticado no mercado. para ratificação e publicação na imprensa oficial, no
§ 1º Os percentuais referidos nos incisos I e II do caput prazo de 5 (cinco) dias, como condição para a eficácia
deste artigo serão 20% (vinte por cento) para compras, dos atos.
obras e serviços contratados por consórcios públicos, Parágrafo único. O processo de dispensa, de inexigibi-
sociedade de economia mista, empresa pública e por lidade ou de retardamento, previsto neste artigo, será
autarquia ou fundação qualificadas, na forma da lei, instruído, no que couber, com os seguintes elementos:
como Agências Executivas. I - caracterização da situação emergencial ou calami-
§ 2º O limite temporal de criação do órgão ou entida- tosa que justifique a dispensa, quando for o caso;
de que integre a administração pública estabelecido II - razão da escolha do fornecedor ou executante;
no inciso VIII do caput deste artigo não se aplica aos III - justificativa do preço;
órgãos ou entidades que produzem produtos estraté- IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa
aos quais os bens serão alocados.
gicos para o SUS, no âmbito da Lei nº 8.080, de 19
de setembro de 1990, conforme elencados em ato da
SEÇÃO II
direção nacional do SUS.
DA HABILITAÇÃO
§ 3º A hipótese de dispensa prevista no inciso XXI do
caput, quando aplicada a obras e serviços de enge-
Art. 27. Para a habilitação nas licitações exigir-se-á
nharia, seguirá procedimentos especiais instituídos em
dos interessados, exclusivamente, documentação rela-
regulamentação específica.
tiva a:
§ 4º Não se aplica a vedação prevista no inciso I do I - habilitação jurídica;
caput do art. 9o à hipótese prevista no inciso XXI do II - qualificação técnica;
caput. III - qualificação econômico-financeira;
Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabi- IV - regularidade fiscal e trabalhista;
lidade de competição, em especial: V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art.
I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou 7º da Constituição Federal.
gêneros que só possam ser fornecidos por produtor, Prevê o artigo 7o, XXXIII, CF: “proibição de trabalho
empresa ou representante comercial exclusivo, vedada noturno, perigoso ou insalubre a menores de dezoito
a preferência de marca, devendo a comprovação de e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos,
exclusividade ser feita através de atestado fornecido salvo na condição de aprendiz, a partir de quatorze
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

pelo órgão de registro do comércio do local em que se anos”.


realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo Sindi- Art. 28. A documentação relativa à habilitação jurídi-
cato, Federação ou Confederação Patronal, ou, ainda, ca, conforme o caso, consistirá em:
pelas entidades equivalentes; I - cédula de identidade;
II - para a contratação de serviços técnicos enume- II - registro comercial, no caso de empresa individual;
rados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com III - ato constitutivo, estatuto ou contrato social em vi-
profissionais ou empresas de notória especialização, gor, devidamente registrado, em se tratando de socie-
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade dades comerciais, e, no caso de sociedades por ações,
e divulgação; acompanhado de documentos de eleição de seus ad-
III - para contratação de profissional de qualquer setor ministradores;
artístico, diretamente ou através de empresário exclu- IV - inscrição do ato constitutivo, no caso de socie-
sivo, desde que consagrado pela crítica especializada dades civis, acompanhada de prova de diretoria em
ou pela opinião pública. exercício;

40
V - decreto de autorização, em se tratando de empresa II - (Vetado).
ou sociedade estrangeira em funcionamento no País, a) (Vetado).
e ato de registro ou autorização para funcionamento b) (Vetado).
expedido pelo órgão competente, quando a atividade § 2º As parcelas de maior relevância técnica e de valor
assim o exigir. significativo, mencionadas no parágrafo anterior, se-
Art. 29. A documentação relativa à regularidade fiscal rão definidas no instrumento convocatório.
e trabalhista, conforme o caso, consistirá em: § 3º Será sempre admitida a comprovação de aptidão
I - prova de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas através de certidões ou atestados de obras ou serviços
(CPF) ou no Cadastro Geral de Contribuintes (CGC); similares de complexidade tecnológica e operacional
II - prova de inscrição no cadastro de contribuintes es- equivalente ou superior.
tadual ou municipal, se houver, relativo ao domicílio § 4º Nas licitações para fornecimento de bens, a com-
ou sede do licitante, pertinente ao seu ramo de ativi- provação de aptidão, quando for o caso, será feita
dade e compatível com o objeto contratual; através de atestados fornecidos por pessoa jurídica de
III - prova de regularidade para com a Fazenda Fe- direito público ou privado.
deral, Estadual e Municipal do domicílio ou sede do § 5º É vedada a exigência de comprovação de ativida-
licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
de ou de aptidão com limitações de tempo ou de épo-
IV - prova de regularidade relativa à Seguridade Social
ca ou ainda em locais específicos, ou quaisquer outras
e ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS),
não previstas nesta Lei, que inibam a participação na
demonstrando situação regular no cumprimento dos
licitação.
encargos sociais instituídos por lei.
§ 6º As exigências mínimas relativas a instalações de
V - prova de inexistência de débitos inadimplidos pe- canteiros, máquinas, equipamentos e pessoal técnico
rante a Justiça do Trabalho, mediante a apresentação especializado, considerados essenciais para o cumpri-
de certidão negativa, nos termos do Título VII-A da mento do objeto da licitação, serão atendidas median-
Consolidação das Leis do Trabalho, aprovada pelo De- te a apresentação de relação explícita e da declaração
creto-Lei no 5.452, de 1º de maio de 1943. formal da sua disponibilidade, sob as penas cabíveis,
Art. 30. A documentação relativa à qualificação técni- vedada as exigências de propriedade e de localização
ca limitar-se-á a: prévia.
§ 7º (Vetado).
I - registro ou inscrição na entidade profissional com- I - (Vetado).
petente; II - (Vetado).
II - comprovação de aptidão para desempenho de § 8º No caso de obras, serviços e compras de grande
atividade pertinente e compatível em características, vulto, de alta complexidade técnica, poderá a Admi-
quantidades e prazos com o objeto da licitação, e indi- nistração exigir dos licitantes a metodologia de exe-
cação das instalações e do aparelhamento e do pesso- cução, cuja avaliação, para efeito de sua aceitação ou
al técnico adequados e disponíveis para a realização não, antecederá sempre à análise dos preços e será
do objeto da licitação, bem como da qualificação de efetuada exclusivamente por critérios objetivos.
cada um dos membros da equipe técnica que se res- § 9º Entende-se por licitação de alta complexidade
ponsabilizará pelos trabalhos; técnica aquela que envolva alta especialização, como
III - comprovação, fornecida pelo órgão licitante, de fator de extrema relevância para garantir a execução
que recebeu os documentos, e, quando exigido, de que do objeto a ser contratado, ou que possa comprome-
tomou conhecimento de todas as informações e das ter a continuidade da prestação de serviços públicos
condições locais para o cumprimento das obrigações essenciais.
objeto da licitação; § 10. Os profissionais indicados pelo licitante para fins
IV - prova de atendimento de requisitos previstos em de comprovação da capacitação técnico-profissional
lei especial, quando for o caso. de que trata o inciso I do § 1º deste artigo deverão
§ 1º A comprovação de aptidão referida no inciso II do participar da obra ou serviço objeto da licitação, ad-
«caput» deste artigo, no caso das licitações pertinen- mitindo-se a substituição por profissionais de expe-
tes a obras e serviços, será feita por atestados forneci- riência equivalente ou superior, desde que aprovada
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dos por pessoas jurídicas de direito público ou privado, pela administração.


devidamente registrados nas entidades profissionais § 11. (Vetado).
competentes, limitadas as exigências a: § 12. (Vetado).
I - capacitação técnico-profissional: comprovação do Art. 31. A documentação relativa à qualificação eco-
licitante de possuir em seu quadro permanente, na nômico-financeira limitar-se-á a:
data prevista para entrega da proposta, profissional I - balanço patrimonial e demonstrações contábeis do
de nível superior ou outro devidamente reconhecido
último exercício social, já exigíveis e apresentados na
pela entidade competente, detentor de atestado de
forma da lei, que comprovem a boa situação financei-
responsabilidade técnica por execução de obra ou
ra da empresa, vedada a sua substituição por balan-
serviço de características semelhantes, limitadas estas
cetes ou balanços provisórios, podendo ser atualizados
exclusivamente às parcelas de maior relevância e va-
por índices oficiais quando encerrado há mais de 3
lor significativo do objeto da licitação, vedadas as exi-
(três) meses da data de apresentação da proposta;
gências de quantidades mínimas ou prazos máximos;

41
II - certidão negativa de falência ou concordata expe- § 3º A documentação referida neste artigo poderá ser
dida pelo distribuidor da sede da pessoa jurídica, ou substituída por registro cadastral emitido por órgão
de execução patrimonial, expedida no domicílio da ou entidade pública, desde que previsto no edital e o
pessoa física; registro tenha sido feito em obediência ao disposto
III - garantia, nas mesmas modalidades e critérios pre- nesta Lei.
vistos no caput e § 1o do art. 56 desta Lei, limitada § 4º As empresas estrangeiras que não funcionem no
a 1% (um por cento) do valor estimado do objeto da País, tanto quanto possível, atenderão, nas licitações
contratação. internacionais, às exigências dos parágrafos anterio-
§ 1º A exigência de índices limitar-se-á à demonstra- res mediante documentos equivalentes, autenticados
ção da capacidade financeira do licitante com vistas pelos respectivos consulados e traduzidos por tradu-
aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja tor juramentado, devendo ter representação legal no
adjudicado o contrato, vedada a exigência de valores Brasil com poderes expressos para receber citação e
mínimos de faturamento anterior, índices de rentabili- responder administrativa ou judicialmente.
dade ou lucratividade. § 5º Não se exigirá, para a habilitação de que trata
este artigo, prévio recolhimento de taxas ou emolu-
§ 2º A Administração, nas compras para entrega fu- mentos, salvo os referentes a fornecimento do edital,
tura e na execução de obras e serviços, poderá esta- quando solicitado, com os seus elementos constituti-
belecer, no instrumento convocatório da licitação, a vos, limitados ao valor do custo efetivo de reprodução
exigência de capital mínimo ou de patrimônio líquido gráfica da documentação fornecida.
mínimo, ou ainda as garantias previstas no § 1º do § 6º O disposto no § 4o deste artigo, no § 1o do art.
art. 56 desta Lei, como dado objetivo de comprovação 33 e no § 2o do art. 55, não se aplica às licitações in-
da qualificação econômico-financeira dos licitantes e ternacionais para a aquisição de bens e serviços cujo
para efeito de garantia ao adimplemento do contrato pagamento seja feito com o produto de financiamento
a ser ulteriormente celebrado. concedido por organismo financeiro internacional de
§ 3º O capital mínimo ou o valor do patrimônio líqui- que o Brasil faça parte, ou por agência estrangeira de
do a que se refere o parágrafo anterior não poderá cooperação, nem nos casos de contratação com em-
exceder a 10% (dez por cento) do valor estimado da presa estrangeira, para a compra de equipamentos fa-
contratação, devendo a comprovação ser feita rela- bricados e entregues no exterior, desde que para este
tivamente à data da apresentação da proposta, na caso tenha havido prévia autorização do Chefe do Po-
forma da lei, admitida a atualização para esta data der Executivo, nem nos casos de aquisição de bens e
através de índices oficiais. serviços realizada por unidades administrativas com
§ 4º Poderá ser exigida, ainda, a relação dos com- sede no exterior.
promissos assumidos pelo licitante que importem § 7o A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 e
diminuição da capacidade operativa ou absorção de este artigo poderá ser dispensada, nos termos de regu-
disponibilidade financeira, calculada esta em função lamento, no todo ou em parte, para a contratação de
do patrimônio líquido atualizado e sua capacidade de produto para pesquisa e desenvolvimento, desde que
rotação. para pronta entrega ou até o valor previsto na alínea
§ 5º A comprovação de boa situação financeira da em-
“a” do inciso II do caput do art. 23.
presa será feita de forma objetiva, através do cálculo
Art. 33. Quando permitida na licitação a participação
de índices contábeis previstos no edital e devidamen-
de empresas em consórcio, observar-se-ão as seguin-
te justificados no processo administrativo da licitação
tes normas:
que tenha dado início ao certame licitatório, vedada a
I - comprovação do compromisso público ou particular
exigência de índices e valores não usualmente adota-
de constituição de consórcio, subscrito pelos consor-
dos para correta avaliação de situação financeira su-
ciados;
ficiente ao cumprimento das obrigações decorrentes
da licitação. II - indicação da empresa responsável pelo consórcio
§ 6º (Vetado). que deverá atender às condições de liderança, obriga-
Art. 32. Os documentos necessários à habilitação po- toriamente fixadas no edital;
derão ser apresentados em original, por qualquer pro- III - apresentação dos documentos exigidos nos arts.
cesso de cópia autenticada por cartório competente 28 a 31 desta Lei por parte de cada consorciado, admi-
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ou por servidor da administração ou publicação em tindo-se, para efeito de qualificação técnica, o soma-
órgão da imprensa oficial. tório dos quantitativos de cada consorciado, e, para
§ 1º A documentação de que tratam os arts. 28 a 31 efeito de qualificação econômico-financeira, o soma-
desta Lei poderá ser dispensada, no todo ou em parte, tório dos valores de cada consorciado, na proporção
nos casos de convite, concurso, fornecimento de bens de sua respectiva participação, podendo a Adminis-
para pronta entrega e leilão. tração estabelecer, para o consórcio, um acréscimo de
§ 2º O certificado de registro cadastral a que se refere até 30% (trinta por cento) dos valores exigidos para
o § 1o do art. 36 substitui os documentos enumerados licitante individual, inexigível este acréscimo para os
nos arts. 28 a 31, quanto às informações disponibi- consórcios compostos, em sua totalidade, por micro e
lizadas em sistema informatizado de consulta direta pequenas empresas assim definidas em lei;
indicado no edital, obrigando-se a parte a declarar, IV - impedimento de participação de empresa con-
sob as penalidades legais, a superveniência de fato sorciada, na mesma licitação, através de mais de um
impeditivo da habilitação. consórcio ou isoladamente;

42
V - responsabilidade solidária dos integrantes pelos II - comprovante das publicações do edital resumido,
atos praticados em consórcio, tanto na fase de licita- na forma do art. 21 desta Lei, ou da entrega do con-
ção quanto na de execução do contrato. vite;
§ 1º No consórcio de empresas brasileiras e estrangei- III - ato de designação da comissão de licitação, do
ras a liderança caberá, obrigatoriamente, à empresa leiloeiro administrativo ou oficial, ou do responsável
brasileira, observado o disposto no inciso II deste ar- pelo convite;
tigo. IV - original das propostas e dos documentos que as
§ 2º O licitante vencedor fica obrigado a promover, instruírem;
antes da celebração do contrato, a constituição e o V - atas, relatórios e deliberações da Comissão Julga-
registro do consórcio, nos termos do compromisso re- dora;
ferido no inciso I deste artigo. VI - pareceres técnicos ou jurídicos emitidos sobre a
licitação, dispensa ou inexigibilidade;
SEÇÃO III VII - atos de adjudicação do objeto da licitação e da
DOS REGISTROS CADASTRAIS sua homologação;
VIII - recursos eventualmente apresentados pelos lici-
Art. 34. Para os fins desta Lei, os órgãos e entidades da tantes e respectivas manifestações e decisões;
Administração Pública que realizem frequentemente IX - despacho de anulação ou de revogação da licita-
licitações manterão registros cadastrais para efeito de ção, quando for o caso, fundamentado circunstancia-
habilitação, na forma regulamentar, válidos por, no damente;
máximo, um ano. X - termo de contrato ou instrumento equivalente,
conforme o caso;
§ 1º O registro cadastral deverá ser amplamente di- XI - outros comprovantes de publicações;
vulgado e deverá estar permanentemente aberto aos XII - demais documentos relativos à licitação.
interessados, obrigando-se a unidade por ele respon- Parágrafo único. As minutas de editais de licitação,
sável a proceder, no mínimo anualmente, através da bem como as dos contratos, acordos, convênios ou
imprensa oficial e de jornal diário, a chamamento pú- ajustes devem ser previamente examinadas e aprova-
blico para a atualização dos registros existentes e para das por assessoria jurídica da Administração.
o ingresso de novos interessados. Art. 39. Sempre que o valor estimado para uma lici-
§ 2º É facultado às unidades administrativas utiliza- tação ou para um conjunto de licitações simultâneas
rem-se de registros cadastrais de outros órgãos ou en- ou sucessivas for superior a 100 (cem) vezes o limite
tidades da Administração Pública. previsto no art. 23, inciso I, alínea “c” desta Lei, o pro-
cesso licitatório será iniciado, obrigatoriamente, com
Art. 35. Ao requerer inscrição no cadastro, ou atualiza- uma audiência pública concedida pela autoridade
ção deste, a qualquer tempo, o interessado fornecerá responsável com antecedência mínima de 15 (quin-
os elementos necessários à satisfação das exigências ze) dias úteis da data prevista para a publicação do
do art. 27 desta Lei. edital, e divulgada, com a antecedência mínima de 10
Art. 36. Os inscritos serão classificados por categorias, (dez) dias úteis de sua realização, pelos mesmos meios
tendo-se em vista sua especialização, subdivididas em previstos para a publicidade da licitação, à qual terão
grupos, segundo a qualificação técnica e econômica acesso e direito a todas as informações pertinentes e a
avaliada pelos elementos constantes da documenta- se manifestar todos os interessados.
ção relacionada nos arts. 30 e 31 desta Lei. Parágrafo único. Para os fins deste artigo, conside-
§ 1º Aos inscritos será fornecido certificado, renovável ram-se licitações simultâneas aquelas com objetos si-
sempre que atualizarem o registro. milares e com realização prevista para intervalos não
§ 2º A atuação do licitante no cumprimento de obri- superiores a trinta dias e licitações sucessivas aque-
gações assumidas será anotada no respectivo registro las em que, também com objetos similares, o edital
cadastral. subsequente tenha uma data anterior a cento e vinte
Art. 37. A qualquer tempo poderá ser alterado, sus- dias após o término do contrato resultante da licitação
penso ou cancelado o registro do inscrito que deixar antecedente.
de satisfazer as exigências do art. 27 desta Lei, ou as Art. 40. O edital conterá no preâmbulo o número de
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estabelecidas para classificação cadastral. ordem em série anual, o nome da repartição interes-
sada e de seu setor, a modalidade, o regime de execu-
SEÇÃO IV ção e o tipo da licitação, a menção de que será regida
DO PROCEDIMENTO E JULGAMENTO por esta Lei, o local, dia e hora para recebimento da
documentação e proposta, bem como para início da
Art. 38. O procedimento da licitação será iniciado com abertura dos envelopes, e indicará, obrigatoriamente,
a abertura de processo administrativo, devidamente o seguinte:
autuado, protocolado e numerado, contendo a auto- I - objeto da licitação, em descrição sucinta e clara;
rização respectiva, a indicação sucinta de seu objeto II - prazo e condições para assinatura do contrato ou
e do recurso próprio para a despesa, e ao qual serão retirada dos instrumentos, como previsto no art. 64
juntados oportunamente: desta Lei, para execução do contrato e para entrega
I - edital ou convite e respectivos anexos, quando for do objeto da licitação;
o caso; III - sanções para o caso de inadimplemento;

43
IV - local onde poderá ser examinado e adquirido o I - o projeto básico e/ou executivo, com todas as suas
projeto básico; partes, desenhos, especificações e outros complemen-
V - se há projeto executivo disponível na data da pu- tos;
blicação do edital de licitação e o local onde possa ser II - orçamento estimado em planilhas de quantitativos
examinado e adquirido; e preços unitários;
VI - condições para participação na licitação, em con- III - a minuta do contrato a ser firmado entre a Admi-
formidade com os arts. 27 a 31 desta Lei, e forma de nistração e o licitante vencedor;
apresentação das propostas; IV - as especificações complementares e as normas de
VII - critério para julgamento, com disposições claras e execução pertinentes à licitação.
parâmetros objetivos; § 3º Para efeito do disposto nesta Lei, considera-se
VIII - locais, horários e códigos de acesso dos meios como adimplemento da obrigação contratual a pres-
de comunicação à distância em que serão fornecidos tação do serviço, a realização da obra, a entrega do
elementos, informações e esclarecimentos relativos à bem ou de parcela destes, bem como qualquer outro
licitação e às condições para atendimento das obriga- evento contratual a cuja ocorrência esteja vinculada a
ções necessárias ao cumprimento de seu objeto; emissão de documento de cobrança.
IX - condições equivalentes de pagamento entre em- § 4º Nas compras para entrega imediata, assim enten-
presas brasileiras e estrangeiras, no caso de licitações didas aquelas com prazo de entrega até trinta dias da
internacionais; data prevista para apresentação da proposta, poderão
ser dispensadas:
X - o critério de aceitabilidade dos preços unitário e I - o disposto no inciso XI deste artigo;
global, conforme o caso, permitida a fixação de pre- II - a atualização financeira a que se refere a alínea
ços máximos e vedados a fixação de preços mínimos, “c” do inciso XIV deste artigo, correspondente ao perí-
critérios estatísticos ou faixas de variação em relação odo compreendido entre as datas do adimplemento e
a preços de referência, ressalvado o disposto nos pará- a prevista para o pagamento, desde que não superior
grafos 1º e 2º do art. 48; a quinze dias.
XI - critério de reajuste, que deverá retratar a variação § 5º A Administração Pública poderá, nos editais de
efetiva do custo de produção, admitida a adoção de licitação para a contratação de serviços, exigir da
índices específicos ou setoriais, desde a data prevista contratada que um percentual mínimo de sua mão
para apresentação da proposta, ou do orçamento a de obra seja oriundo ou egresso do sistema prisional,
que essa proposta se referir, até a data do adimple- com a finalidade de ressocialização do reeducando, na
mento de cada parcela; forma estabelecida em regulamento.
XII - (Vetado). Art. 41. A Administração não pode descumprir as nor-
XIII - limites para pagamento de instalação e mobili- mas e condições do edital, ao qual se acha estritamen-
zação para execução de obras ou serviços que serão te vinculada.
obrigatoriamente previstos em separado das demais § 1º Qualquer cidadão é parte legítima para impug-
parcelas, etapas ou tarefas; nar edital de licitação por irregularidade na aplicação
XIV - condições de pagamento, prevendo: desta Lei, devendo protocolar o pedido até 5 (cinco)
a) prazo de pagamento não superior a trinta dias, con- dias úteis antes da data fixada para a abertura dos
tado a partir da data final do período de adimplemen- envelopes de habilitação, devendo a Administração
to de cada parcela; julgar e responder à impugnação em até 3 (três) dias
b) cronograma de desembolso máximo por período, úteis, sem prejuízo da faculdade prevista no § 1o do
em conformidade com a disponibilidade de recursos art. 113.
financeiros; § 2º Decairá do direito de impugnar os termos do
c) critério de atualização financeira dos valores a se- edital de licitação perante a administração o licitante
rem pagos, desde a data final do período de adimple- que não o fizer até o segundo dia útil que anteceder
mento de cada parcela até a data do efetivo paga- a abertura dos envelopes de habilitação em concor-
mento; rência, a abertura dos envelopes com as propostas em
d) compensações financeiras e penalizações, por even- convite, tomada de preços ou concurso, ou a realiza-
tuais atrasos, e descontos, por eventuais antecipações ção de leilão, as falhas ou irregularidades que vicia-
de pagamentos; riam esse edital, hipótese em que tal comunicação não
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) exigência de seguros, quando for o caso; terá efeito de recurso.


XV - instruções e normas para os recursos previstos § 3º A impugnação feita tempestivamente pelo licitan-
nesta Lei; te não o impedirá de participar do processo licitatório
XVI - condições de recebimento do objeto da licitação; até o trânsito em julgado da decisão a ela pertinente.
XVII - outras indicações específicas ou peculiares da § 4º A inabilitação do licitante importa preclusão do
licitação. seu direito de participar das fases subsequentes.
§ 1º O original do edital deverá ser datado, rubricado Art. 42. Nas concorrências de âmbito internacional, o
em todas as folhas e assinado pela autoridade que o edital deverá ajustar-se às diretrizes da política mo-
expedir, permanecendo no processo de licitação, e dele netária e do comércio exterior e atender às exigências
extraindo-se cópias integrais ou resumidas, para sua dos órgãos competentes.
divulgação e fornecimento aos interessados. § 1º Quando for permitido ao licitante estrangeiro co-
§ 2º Constituem anexos do edital, dele fazendo parte tar preço em moeda estrangeira, igualmente o poderá
integrante: fazer o licitante brasileiro.

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§ 2º O pagamento feito ao licitante brasileiro even- § 2º Todos os documentos e propostas serão rubrica-
tualmente contratado em virtude da licitação de que dos pelos licitantes presentes e pela Comissão.
trata o parágrafo anterior será efetuado em moeda § 3º É facultada à Comissão ou autoridade superior,
brasileira, à taxa de câmbio vigente no dia útil imedia- em qualquer fase da licitação, a promoção de dili-
tamente anterior à data do efetivo pagamento. gência destinada a esclarecer ou a complementar a
§ 3º As garantias de pagamento ao licitante brasilei- instrução do processo, vedada a inclusão posterior de
ro serão equivalentes àquelas oferecidas ao licitante documento ou informação que deveria constar origi-
estrangeiro. nariamente da proposta.
§ 4º Para fins de julgamento da licitação, as propostas § 4º O disposto neste artigo aplica-se à concorrência
apresentadas por licitantes estrangeiros serão acresci- e, no que couber, ao concurso, ao leilão, à tomada de
das dos gravames consequentes dos mesmos tributos preços e ao convite.
que oneram exclusivamente os licitantes brasileiros § 5º Ultrapassada a fase de habilitação dos concor-
quanto à operação final de venda. rentes (incisos I e II) e abertas as propostas (inciso III),
§ 5º Para a realização de obras, prestação de serviços não cabe desclassificá-los por motivo relacionado com
ou aquisição de bens com recursos provenientes de fi- a habilitação, salvo em razão de fatos supervenientes
nanciamento ou doação oriundos de agência oficial ou só conhecidos após o julgamento.
de cooperação estrangeira ou organismo financeiro § 6º Após a fase de habilitação, não cabe desistência
multilateral de que o Brasil seja parte, poderão ser de proposta, salvo por motivo justo decorrente de fato
admitidas, na respectiva licitação, as condições decor- superveniente e aceito pela Comissão.
rentes de acordos, protocolos, convenções ou tratados Art. 44. No julgamento das propostas, a Comissão le-
internacionais aprovados pelo Congresso Nacional, vará em consideração os critérios objetivos definidos
bem como as normas e procedimentos daquelas en- no edital ou convite, os quais não devem contrariar as
tidades, inclusive quanto ao critério de seleção da normas e princípios estabelecidos por esta Lei.
proposta mais vantajosa para a administração, o qual § 1º É vedada a utilização de qualquer elemento, cri-
poderá contemplar, além do preço, outros fatores de tério ou fator sigiloso, secreto, subjetivo ou reservado
avaliação, desde que por elas exigidos para a obten- que possa ainda que indiretamente elidir o princípio
ção do financiamento ou da doação, e que também da igualdade entre os licitantes.
não conflitem com o princípio do julgamento objetivo § 2º Não se considerará qualquer oferta de vantagem
e sejam objeto de despacho motivado do órgão execu- não prevista no edital ou no convite, inclusive finan-
tor do contrato, despacho esse ratificado pela autori- ciamentos subsidiados ou a fundo perdido, nem preço
dade imediatamente superior. ou vantagem baseada nas ofertas dos demais licitan-
§ 6º As cotações de todos os licitantes serão para en- tes.
trega no mesmo local de destino. § 3º Não se admitirá proposta que apresente preços
Art. 43. A licitação será processada e julgada com ob- global ou unitários simbólicos, irrisórios ou de valor
servância dos seguintes procedimentos: zero, incompatíveis com os preços dos insumos e salá-
I - abertura dos envelopes contendo a documentação rios de mercado, acrescidos dos respectivos encargos,
relativa à habilitação dos concorrentes, e sua aprecia- ainda que o ato convocatório da licitação não tenha
ção; estabelecido limites mínimos, exceto quando se referi-
II - devolução dos envelopes fechados aos concorrentes rem a materiais e instalações de propriedade do pró-
inabilitados, contendo as respectivas propostas, desde prio licitante, para os quais ele renuncie a parcela ou
que não tenha havido recurso ou após sua denegação;
à totalidade da remuneração.
III - abertura dos envelopes contendo as propostas
§ 4º O disposto no parágrafo anterior aplica-se tam-
dos concorrentes habilitados, desde que transcorrido
bém às propostas que incluam mão-de-obra estran-
o prazo sem interposição de recurso, ou tenha havido
geira ou importações de qualquer natureza.
desistência expressa, ou após o julgamento dos recur-
Art. 45. O julgamento das propostas será objetivo, de-
sos interpostos;
vendo a Comissão de licitação ou o responsável pelo
IV - verificação da conformidade de cada proposta
convite realizá-lo em conformidade com os tipos de
com os requisitos do edital e, conforme o caso, com
os preços correntes no mercado ou fixados por ór- licitação, os critérios previamente estabelecidos no
gão oficial competente, ou ainda com os constantes ato convocatório e de acordo com os fatores exclusi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do sistema de registro de preços, os quais deverão ser vamente nele referidos, de maneira a possibilitar sua
devidamente registrados na ata de julgamento, pro- aferição pelos licitantes e pelos órgãos de controle.
movendo-se a desclassificação das propostas descon- § 1º Para os efeitos deste artigo, constituem tipos de
formes ou incompatíveis; licitação, exceto na modalidade concurso:
V - julgamento e classificação das propostas de acordo I - a de menor preço - quando o critério de seleção da
com os critérios de avaliação constantes do edital; proposta mais vantajosa para a Administração deter-
VI - deliberação da autoridade competente quanto à minar que será vencedor o licitante que apresentar a
homologação e adjudicação do objeto da licitação. proposta de acordo com as especificações do edital ou
§ 1º A abertura dos envelopes contendo a documen- convite e ofertar o menor preço;
tação para habilitação e as propostas será realizada II - a de melhor técnica;
sempre em ato público previamente designado, do III - a de técnica e preço;
qual se lavrará ata circunstanciada, assinada pelos li- IV - a de maior lance ou oferta - nos casos de aliena-
citantes presentes e pela Comissão. ção de bens ou concessão de direito real de uso.

45
§ 2º No caso de empate entre duas ou mais propostas, IV - as propostas de preços serão devolvidas intactas
e após obedecido o disposto no § 2o do art. 3o desta Lei, aos licitantes que não forem preliminarmente habi-
a classificação se fará, obrigatoriamente, por sorteio, litados ou que não obtiverem a valorização mínima
em ato público, para o qual todos os licitantes serão estabelecida para a proposta técnica.
convocados, vedado qualquer outro processo. § 2º Nas licitações do tipo “técnica e preço” será ado-
§ 3º No caso da licitação do tipo “menor preço”, entre tado, adicionalmente ao inciso I do parágrafo anterior,
os licitantes considerados qualificados a classificação o seguinte procedimento claramente explicitado no
se dará pela ordem crescente dos preços propostos, instrumento convocatório:
prevalecendo, no caso de empate, exclusivamente o I - será feita a avaliação e a valorização das propostas
critério previsto no parágrafo anterior. de preços, de acordo com critérios objetivos preestabe-
§ 4º Para contratação de bens e serviços de informáti- lecidos no instrumento convocatório;
ca, a administração observará o disposto no art. 3o da II - a classificação dos proponentes far-se-á de acordo
Lei no 8.248, de 23 de outubro de 1991, levando em com a média ponderada das valorizações das propos-
conta os fatores especificados em seu § 2o e adotando tas técnicas e de preço, de acordo com os pesos prees-
obrigatoriamente o tipo de licitação “técnica e preço”, tabelecidos no instrumento convocatório.
permitido o emprego de outro tipo de licitação nos ca-
sos indicados em decreto do Poder Executivo. § 3º Excepcionalmente, os tipos de licitação previstos
§ 5º É vedada a utilização de outros tipos de licitação neste artigo poderão ser adotados, por autorização
não previstos neste artigo. expressa e mediante justificativa circunstanciada da
§ 6º Na hipótese prevista no art. 23, § 7º, serão se- maior autoridade da Administração promotora cons-
lecionadas tantas propostas quantas necessárias até tante do ato convocatório, para fornecimento de bens
que se atinja a quantidade demandada na licitação. e execução de obras ou prestação de serviços de gran-
Art. 46. Os tipos de licitação “melhor técnica” ou “téc- de vulto majoritariamente dependentes de tecnologia
nica e preço” serão utilizados exclusivamente para nitidamente sofisticada e de domínio restrito, atestado
serviços de natureza predominantemente intelectual, por autoridades técnicas de reconhecida qualificação,
em especial na elaboração de projetos, cálculos, fisca- nos casos em que o objeto pretendido admitir soluções
lização, supervisão e gerenciamento e de engenharia alternativas e variações de execução, com repercus-
consultiva em geral e, em particular, para a elabora- sões significativas sobre sua qualidade, produtividade,
ção de estudos técnicos preliminares e projetos básicos rendimento e durabilidade concretamente mensurá-
e executivos, ressalvado o disposto no § 4o do artigo veis, e estas puderem ser adotadas à livre escolha dos
anterior. licitantes, na conformidade dos critérios objetivamen-
te fixados no ato convocatório.
§ 1º Nas licitações do tipo “melhor técnica” será ado- § 4º (Vetado).
tado o seguinte procedimento claramente explicitado Art. 47. Nas licitações para a execução de obras e ser-
no instrumento convocatório, o qual fixará o preço viços, quando for adotada a modalidade de execução
máximo que a Administração se propõe a pagar: de empreitada por preço global, a Administração de-
I - serão abertos os envelopes contendo as propostas verá fornecer obrigatoriamente, junto com o edital,
técnicas exclusivamente dos licitantes previamente todos os elementos e informações necessários para
qualificados e feita então a avaliação e classificação que os licitantes possam elaborar suas propostas de
destas propostas de acordo com os critérios perti- preços com total e completo conhecimento do objeto
nentes e adequados ao objeto licitado, definidos com da licitação.
clareza e objetividade no instrumento convocatório Art. 48. Serão desclassificadas:
e que considerem a capacitação e a experiência do I - as propostas que não atendam às exigências do ato
proponente, a qualidade técnica da proposta, compre- convocatório da licitação;
endendo metodologia, organização, tecnologias e re- II - propostas com valor global superior ao limite esta-
cursos materiais a serem utilizados nos trabalhos, e a belecido ou com preços manifestamente inexequíveis,
qualificação das equipes técnicas a serem mobilizadas assim considerados aqueles que não venham a ter de-
para a sua execução; monstrada sua viabilidade através de documentação
II - uma vez classificadas as propostas técnicas, proce- que comprove que os custos dos insumos são coeren-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

der-se-á à abertura das propostas de preço dos licitan- tes com os de mercado e que os coeficientes de produ-
tes que tenham atingido a valorização mínima esta- tividade são compatíveis com a execução do objeto do
belecida no instrumento convocatório e à negociação contrato, condições estas necessariamente especifica-
das condições propostas, com a proponente melhor das no ato convocatório da licitação.
classificada, com base nos orçamentos detalhados § 1º Para os efeitos do disposto no inciso II deste artigo
apresentados e respectivos preços unitários e tendo consideram-se manifestamente inexequíveis, no caso
como referência o limite representado pela proposta de licitações de menor preço para obras e serviços de
de menor preço entre os licitantes que obtiveram a engenharia, as propostas cujos valores sejam inferio-
valorização mínima; res a 70% (setenta por cento) do menor dos seguintes
III - no caso de impasse na negociação anterior, proce- valores:
dimento idêntico será adotado, sucessivamente, com a) média aritmética dos valores das propostas supe-
os demais proponentes, pela ordem de classificação, riores a 50% (cinqüenta por cento) do valor orçado
até a consecução de acordo para a contratação; pela administração, ou

46
b) valor orçado pela administração. estiver devidamente fundamentada e registrada em
§ 2º Dos licitantes classificados na forma do parágra- ata lavrada na reunião em que tiver sido tomada a
fo anterior cujo valor global da proposta for inferior decisão.
a 80% (oitenta por cento) do menor valor a que se § 4º A investidura dos membros das Comissões per-
referem as alíneas “a” e “b”, será exigida, para a assi- manentes não excederá a 1 (um) ano, vedada a recon-
natura do contrato, prestação de garantia adicional, dução da totalidade de seus membros para a mesma
dentre as modalidades previstas no § 1º do art. 56, comissão no período subsequente.
igual a diferença entre o valor resultante do parágrafo § 5º No caso de concurso, o julgamento será feito por
anterior e o valor da correspondente proposta. uma comissão especial integrada por pessoas de repu-
§ 3º Quando todos os licitantes forem inabilitados ou tação ilibada e reconhecido conhecimento da matéria
todas as propostas forem desclassificadas, a adminis- em exame, servidores públicos ou não.
tração poderá fixar aos licitantes o prazo de oito dias Art. 52. O concurso a que se refere o § 4o do art. 22
úteis para a apresentação de nova documentação ou desta Lei deve ser precedido de regulamento próprio,
de outras propostas escoimadas das causas referidas a ser obtido pelos interessados no local indicado no
neste artigo, facultada, no caso de convite, a redução edital.
deste prazo para três dias úteis. § 1º O regulamento deverá indicar:
Art. 49. A autoridade competente para a aprovação I - a qualificação exigida dos participantes;
do procedimento somente poderá revogar a licitação II - as diretrizes e a forma de apresentação do traba-
por razões de interesse público decorrente de fato su- lho;
perveniente devidamente comprovado, pertinente e III - as condições de realização do concurso e os prê-
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá- mios a serem concedidos.
-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de ter- § 2º Em se tratando de projeto, o vencedor deverá au-
ceiros, mediante parecer escrito e devidamente fun- torizar a Administração a executá-lo quando julgar
damentado. conveniente.
§ 1º A anulação do procedimento licitatório por mo- Art. 53. O leilão pode ser cometido a leiloeiro oficial ou
tivo de ilegalidade não gera obrigação de indenizar, a servidor designado pela Administração, proceden-
ressalvado o disposto no parágrafo único do art. 59 do-se na forma da legislação pertinente.
desta Lei. § 1º Todo bem a ser leiloado será previamente avalia-
§ 2º A nulidade do procedimento licitatório induz à do do pela Administração para fixação do preço mínimo
contrato, ressalvado o disposto no parágrafo único do de arrematação.
art. 59 desta Lei. § 2º Os bens arrematados serão pagos à vista ou no
percentual estabelecido no edital, não inferior a 5%
§ 3º No caso de desfazimento do processo licitatório, (cinco por cento) e, após a assinatura da respectiva ata
fica assegurado o contraditório e a ampla defesa. lavrada no local do leilão, imediatamente entregues
§ 4º O disposto neste artigo e seus parágrafos aplica- ao arrematante, o qual se obrigará ao pagamento do
restante no prazo estipulado no edital de convocação,
-se aos atos do procedimento de dispensa e de inexigi-
sob pena de perder em favor da Administração o valor
bilidade de licitação.
já recolhido.
Art. 50. A Administração não poderá celebrar o con-
§ 3º Nos leilões internacionais, o pagamento da parce-
trato com preterição da ordem de classificação das
la à vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
propostas ou com terceiros estranhos ao procedimen-
§ 4º O edital de leilão deve ser amplamente divulgado,
to licitatório, sob pena de nulidade.
principalmente no município em que se realizará.
Art. 51. A habilitação preliminar, a inscrição em regis-
tro cadastral, a sua alteração ou cancelamento, e as
propostas serão processadas e julgadas por comissão
permanente ou especial de, no mínimo, 3 (três) mem- #FicaDica
bros, sendo pelo menos 2 (dois) deles servidores qua-
Dos artigos 54 a 80, a Lei nº 8.666/1993
lificados pertencentes aos quadros permanentes dos aborda os contratos administrativos, disci-
órgãos da Administração responsáveis pela licitação. plina que costuma incidir em concursos de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 1º No caso de convite, a Comissão de licitação, ex- nível superior ou específicos das áreas de
cepcionalmente, nas pequenas unidades administra- auditoria. Se em seu concurso for cobrado o
tivas e em face da exiguidade de pessoal disponível, conteúdo da lei, sem especificação de quais
poderá ser substituída por servidor formalmente de- aspectos, deve ser dada atenção à aborda-
signado pela autoridade competente. gem dos contratos administrativos.
§ 2º A Comissão para julgamento dos pedidos de ins-
crição em registro cadastral, sua alteração ou cance-
lamento, será integrada por profissionais legalmente 12. Sanções administrativas
habilitados no caso de obras, serviços ou aquisição de
equipamentos. Em relação ao cumprimento as normas estabelecidas
§ 3º Os membros das Comissões de licitação respon- pela Lei de Licitações e Contratos Administrativos - Lei
derão solidariamente por todos os atos praticados nº 8.666/1993, caso haja alguma irregularidade, compro-
pela Comissão, salvo se posição individual divergente vação da prática de atos ilícitos pela parte que causou o

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dano, além das responsabilidades civis, caberá também sando a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se
aplicação das responsabilidades administrativas e judi- às sanções previstas nesta Lei e nos regulamentos pró-
ciais. prios, sem prejuízo das responsabilidades civil e crimi-
A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o nal que seu ato ensejar.
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
dentro do prazo estabelecido pela Administração, carac- Art. 83. Os crimes definidos nesta Lei, ainda que sim-
teriza o descumprimento total da obrigação assumida, plesmente tentados, sujeitam os seus autores, quando
sujeitando-o às penalidades legalmente estabelecidas. servidores públicos, além das sanções penais, à perda
Isto não se aplica aos licitantes convocados, que não do cargo, emprego, função ou mandato eletivo.
aceitarem a contratação, nas mesmas condições propos- Art. 84. Considera-se servidor público, para os fins
tas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto ao prazo desta Lei, aquele que exerce, mesmo que transitoria-
e preço. mente ou sem remuneração, cargo, função ou empre-
Os agentes administrativos que praticarem atos em go público.
desacordo com os preceitos definidos pela Lei de Licita- § 1º Equipara-se a servidor público, para os fins desta
ções e Contratos Administrativos ou visando a frustrar os Lei, quem exerce cargo, emprego ou função em enti-
objetivos da licitação sujeitam-se às sanções previstas na dade paraestatal, assim consideradas, além das fun-
lei licitatória e nos regulamentos próprios, sem prejuízo dações, empresas públicas e sociedades de economia
das responsabilidades civil e criminal que seu ato ensejar. mista, as demais entidades sob controle, direto ou in-
direto, do Poder Público.
§ 2º A pena imposta será acrescida da terça parte,
quando os autores dos crimes previstos nesta Lei fo-
#FicaDica rem ocupantes de cargo em comissão ou de função de
confiança em órgão da Administração direta, autar-
As sanções administrativas podem ser:
quia, empresa pública, sociedade de economia mista,
Advertência;
fundação pública, ou outra entidade controlada direta
Multa;
ou indiretamente pelo Poder Público.
Suspensão temporária/Descredenciamento
Art. 85. As infrações penais previstas nesta Lei per-
temporário - pelo prazo máximo de 2 anos,
tinem às licitações e aos contratos celebrados pela
o qual cessado permite o automático resta-
União, Estados, Distrito Federal, Municípios, e respecti-
belecimento, não se condicionando ao res-
vas autarquias, empresas públicas, sociedades de eco-
sarcimento do erário;
nomia mista, fundações públicas, e quaisquer outras
Declaração de inidoneidade - por prazo in-
entidades sob seu controle direto ou indireto.
determinado, sendo que o restabelecimento
depende de reabilitação, condicionada ao
SEÇÃO II
ressarcimento do erário, concedida pela au-
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS
toridade sancionadora.
As sanções administrativas são independen-
Art. 86. O atraso injustificado na execução do contra-
tes de eventuais sanções civis e criminais –
to sujeitará o contratado à multa de mora, na forma
cabe a cumulação de punição entre as esfe-
prevista no instrumento convocatório ou no contrato.
ras, pois elas são independentes entre si.
§ 1º A multa a que alude este artigo não impede que
a Administração rescinda unilateralmente o contrato
e aplique as outras sanções previstas nesta Lei.
CAPÍTULO IV § 2º A multa, aplicada após regular processo admi-
DAS SANÇÕES ADMINISTRATIVAS E DA TUTE- nistrativo, será descontada da garantia do respectivo
LA JUDICIAL contratado.
§ 3º Se a multa for de valor superior ao valor da ga-
SEÇÃO I rantia prestada, além da perda desta, responderá o
DISPOSIÇÕES GERAIS contratado pela sua diferença, a qual será descontada
dos pagamentos eventualmente devidos pela Admi-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 81. A recusa injustificada do adjudicatário em nistração ou ainda, quando for o caso, cobrada judi-
assinar o contrato, aceitar ou retirar o instrumento cialmente.
equivalente, dentro do prazo estabelecido pela Ad- Art. 87. Pela inexecução total ou parcial do contrato
ministração, caracteriza o descumprimento total da a Administração poderá, garantida a prévia defesa,
obrigação assumida, sujeitando-o às penalidades le- aplicar ao contratado as seguintes sanções:
galmente estabelecidas. I - advertência;
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica II - multa, na forma prevista no instrumento convoca-
aos licitantes convocados nos termos do art. 64, § 2o tório ou no contrato;
desta Lei, que não aceitarem a contratação, nas mes- III - suspensão temporária de participação em licita-
mas condições propostas pelo primeiro adjudicatário, ção e impedimento de contratar com a Administração,
inclusive quanto ao prazo e preço. por prazo não superior a 2 (dois) anos;
Art. 82. Os agentes administrativos que praticarem IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contra-
atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou vi- tar com a Administração Pública enquanto perdura-

48
rem os motivos determinantes da punição ou até que dos contratos celebrados com o Poder Público, sem
seja promovida a reabilitação perante a própria auto- autorização em lei, no ato convocatório da licitação
ridade que aplicou a penalidade, que será concedida ou nos respectivos instrumentos contratuais, ou, ain-
sempre que o contratado ressarcir a Administração da, pagar fatura com preterição da ordem cronológica
pelos prejuízos resultantes e após decorrido o prazo de sua exigibilidade, observado o disposto no art. 121
da sanção aplicada com base no inciso anterior. desta Lei:
§ 1º Se a multa aplicada for superior ao valor da ga- Pena - detenção, de dois a quatro anos, e multa.
rantia prestada, além da perda desta, responderá o Parágrafo único. Incide na mesma pena o contratado
contratado pela sua diferença, que será descontada que, tendo comprovadamente concorrido para a con-
dos pagamentos eventualmente devidos pela Admi- sumação da ilegalidade, obtém vantagem indevida ou
nistração ou cobrada judicialmente. se beneficia, injustamente, das modificações ou pror-
§ 2º As sanções previstas nos incisos I, III e IV des- rogações contratuais.
te artigo poderão ser aplicadas juntamente com a do Art. 93. Impedir, perturbar ou fraudar a realização de
inciso II, facultada a defesa prévia do interessado, no qualquer ato de procedimento licitatório:
respectivo processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis. Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
§ 3º A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo multa.
é de competência exclusiva do Ministro de Estado, do Art. 94. Devassar o sigilo de proposta apresentada em
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso, fa- procedimento licitatório, ou proporcionar a terceiro o
cultada a defesa do interessado no respectivo proces- ensejo de devassá-lo:
so, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista, po- Pena - detenção, de 2 (dois) a 3 (três) anos, e multa.
dendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos Art. 95. Afastar ou procura afastar licitante, por meio
de sua aplicação. (Vide art. 109 inciso III) de violência, grave ameaça, fraude ou oferecimento de
Art. 88. As sanções previstas nos incisos III e IV do arti- vantagem de qualquer tipo:
go anterior poderão também ser aplicadas às empre- Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa,
sas ou aos profissionais que, em razão dos contratos além da pena correspondente à violência.
regidos por esta Lei: Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se
I - tenham sofrido condenação definitiva por pratica- abstém ou desiste de licitar, em razão da vantagem
rem, por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento oferecida.
de quaisquer tributos; Art. 96. Fraudar, em prejuízo da Fazenda Pública, lici-
II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os tação instaurada para aquisição ou venda de bens ou
objetivos da licitação; mercadorias, ou contrato dela decorrente:
III - demonstrem não possuir idoneidade para contra- I - elevando arbitrariamente os preços;
tar com a Administração em virtude de atos ilícitos II - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercado-
praticados. ria falsificada ou deteriorada;
III - entregando uma mercadoria por outra;
SEÇÃO III IV - alterando substância, qualidade ou quantidade da
DOS CRIMES E DAS PENAS mercadoria fornecida;
V - tornando, por qualquer modo, injustamente, mais
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóte- onerosa a proposta ou a execução do contrato:
ses previstas em lei, ou deixar de observar as formali- Pena - detenção, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.
dades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade: Art. 97. Admitir à licitação ou celebrar contrato com
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos, e multa. empresa ou profissional declarado inidôneo:
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
tendo comprovadamente concorrido para a consuma- multa.
ção da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou ine- Parágrafo único. Incide na mesma pena aquele que,
xigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder declarado inidôneo, venha a licitar ou a contratar com
Público. a Administração.
Art. 90. Frustrar ou fraudar, mediante ajuste, combi- Art. 98. Obstar, impedir ou dificultar, injustamente, a
nação ou qualquer outro expediente, o caráter com- inscrição de qualquer interessado nos registros cadas-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

petitivo do procedimento licitatório, com o intuito de trais ou promover indevidamente a alteração, suspen-
obter, para si ou para outrem, vantagem decorrente são ou cancelamento de registro do inscrito:
da adjudicação do objeto da licitação: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. multa.
Art. 91. Patrocinar, direta ou indiretamente, interesse Art. 99. A pena de multa cominada nos arts. 89 a 98
privado perante a Administração, dando causa à ins- desta Lei consiste no pagamento de quantia fixada na
tauração de licitação ou à celebração de contrato, cuja sentença e calculada em índices percentuais, cuja base
invalidação vier a ser decretada pelo Poder Judiciário: corresponderá ao valor da vantagem efetivamente
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e obtida ou potencialmente auferível pelo agente.
multa. § 1º Os índices a que se refere este artigo não poderão
Art. 92. Admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer ser inferiores a 2% (dois por cento), nem superiores a
modificação ou vantagem, inclusive prorrogação con- 5% (cinco por cento) do valor do contrato licitado ou
tratual, em favor do adjudicatário, durante a execução celebrado com dispensa ou inexigibilidade de licitação.

49
§ 2º O produto da arrecadação da multa reverterá, c) anulação ou revogação da licitação;
conforme o caso, à Fazenda Federal, Distrital, Estadual d) indeferimento do pedido de inscrição em registro
ou Municipal. cadastral, sua alteração ou cancelamento;
e) rescisão do contrato, a que se refere o inciso I do art.
SEÇÃO IV 79 desta Lei;
DO PROCESSO E DO PROCEDIMENTO JUDICIAL f) aplicação das penas de advertência, suspensão tem-
porária ou de multa;
Art. 100. Os crimes definidos nesta Lei são de ação II - representação, no prazo de 5 (cinco) dias úteis da
penal pública incondicionada, cabendo ao Ministério intimação da decisão relacionada com o objeto da li-
Público promovê-la. citação ou do contrato, de que não caiba recurso hie-
rárquico;
Art. 101. Qualquer pessoa poderá provocar, para os III - pedido de reconsideração, de decisão de Ministro
efeitos desta Lei, a iniciativa do Ministério Público, de Estado, ou Secretário Estadual ou Municipal, con-
fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato forme o caso, na hipótese do § 4o do art. 87 desta Lei,
e sua autoria, bem como as circunstâncias em que se no prazo de 10 (dez) dias úteis da intimação do ato.
deu a ocorrência. § 1º A intimação dos atos referidos no inciso I, alíneas
Parágrafo único. Quando a comunicação for verbal, «a», «b», «c» e «e», deste artigo, excluídos os relativos
mandará a autoridade reduzi-la a termo, assinado a advertência e multa de mora, e no inciso III, será
pelo apresentante e por duas testemunhas. feita mediante publicação na imprensa oficial, salvo
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que co- para os casos previstos nas alíneas “a” e “b”, se pre-
nhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais sentes os prepostos dos licitantes no ato em que foi
ou Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos in- adotada a decisão, quando poderá ser feita por comu-
tegrantes do sistema de controle interno de qualquer nicação direta aos interessados e lavrada em ata.
dos Poderes verificarem a existência dos crimes de- § 2º O recurso previsto nas alíneas “a” e “b” do inciso I
finidos nesta Lei, remeterão ao Ministério Público as deste artigo terá efeito suspensivo, podendo a autori-
cópias e os documentos necessários ao oferecimento dade competente, motivadamente e presentes razões
da denúncia.
de interesse público, atribuir ao recurso interposto efi-
Art. 103. Será admitida ação penal privada subsidiária
cácia suspensiva aos demais recursos.
da pública, se esta não for ajuizada no prazo legal,
§ 3º Interposto, o recurso será comunicado aos demais
aplicando-se, no que couber, o disposto nos arts. 29 e
licitantes, que poderão impugná-lo no prazo de 5 (cin-
30 do Código de Processo Penal.
co) dias úteis.
Art. 104. Recebida a denúncia e citado o réu, terá este
§ 4º O recurso será dirigido à autoridade superior, por
o prazo de 10 (dez) dias para apresentação de defesa
intermédio da que praticou o ato recorrido, a qual po-
escrita, contado da data do seu interrogatório, poden-
derá reconsiderar sua decisão, no prazo de 5 (cinco)
do juntar documentos, arrolar as testemunhas que ti-
ver, em número não superior a 5 (cinco), e indicar as dias úteis, ou, nesse mesmo prazo, fazê-lo subir, de-
demais provas que pretenda produzir. vidamente informado, devendo, neste caso, a decisão
Art. 105. Ouvidas as testemunhas da acusação e da ser proferida dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis,
defesa e praticadas as diligências instrutórias deferi- contado do recebimento do recurso, sob pena de res-
das ou ordenadas pelo juiz, abrir-se-á, sucessivamen- ponsabilidade.
te, o prazo de 5 (cinco) dias a cada parte para alega- § 5º Nenhum prazo de recurso, representação ou pe-
ções finais. dido de reconsideração se inicia ou corre sem que os
Art. 106. Decorrido esse prazo, e conclusos os autos autos do processo estejam com vista franqueada ao
dentro de 24 (vinte e quatro) horas, terá o juiz 10 (dez) interessado.
dias para proferir a sentença. § 6º Em se tratando de licitações efetuadas na moda-
Art. 107. Da sentença cabe apelação, interponível no lidade de “carta convite” os prazos estabelecidos nos
prazo de 5 (cinco) dias. incisos I e II e no parágrafo 3o deste artigo serão de
Art. 108. No processamento e julgamento das infra- dois dias úteis.
ções penais definidas nesta Lei, assim como nos recur-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

sos e nas execuções que lhes digam respeito, aplicar- Disposições finais e transitórias – Legislação seca
-se-ão, subsidiariamente, o Código de Processo Penal Como é de praxe, a Lei de Licitações se encerra com
e a Lei de Execução Penal. disposições finais e transitórias, voltadas à sua aplica-
bilidade geral na prática, as quais constam abaixo com
CAPÍTULO V grifos.
DOS RECURSOS ADMINISTRATIVOS
CAPÍTULO VI
Art. 109. Dos atos da Administração decorrentes da DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
aplicação desta Lei cabem:
I - recurso, no prazo de 5 (cinco) dias úteis a contar da Art. 110. Na contagem dos prazos estabelecidos nesta
intimação do ato ou da lavratura da ata, nos casos de: Lei, excluir-se-á o dia do início e incluir-se-á o do ven-
a) habilitação ou inabilitação do licitante; cimento, e considerar-se-ão os dias consecutivos, ex-
b) julgamento das propostas; ceto quando for explicitamente disposto em contrário.

50
Parágrafo único. Só se iniciam e vencem os prazos re- Parágrafo único. As normas a que se refere este artigo,
feridos neste artigo em dia de expediente no órgão ou após aprovação da autoridade competente, deverão
na entidade. ser publicadas na imprensa oficial.
Art. 111. A Administração só poderá contratar, pagar, Art. 116. Aplicam-se as disposições desta Lei, no que
premiar ou receber projeto ou serviço técnico especia- couber, aos convênios, acordos, ajustes e outros instru-
lizado desde que o autor ceda os direitos patrimoniais mentos congêneres celebrados por órgãos e entidades
a ele relativos e a Administração possa utilizá-lo de da Administração.
acordo com o previsto no regulamento de concurso ou § 1º A celebração de convênio, acordo ou ajuste pelos
no ajuste para sua elaboração. órgãos ou entidades da Administração Pública depen-
Parágrafo único. Quando o projeto referir-se a obra de de prévia aprovação de competente plano de tra-
imaterial de caráter tecnológico, insuscetível de privi- balho proposto pela organização interessada, o qual
légio, a cessão dos direitos incluirá o fornecimento de
deverá conter, no mínimo, as seguintes informações:
todos os dados, documentos e elementos de informa-
I - identificação do objeto a ser executado;
ção pertinentes à tecnologia de concepção, desenvol-
vimento, fixação em suporte físico de qualquer natu- II - metas a serem atingidas;
reza e aplicação da obra. III - etapas ou fases de execução;
Art. 112. Quando o objeto do contrato interessar a IV - plano de aplicação dos recursos financeiros;
mais de uma entidade pública, caberá ao órgão con- V - cronograma de desembolso;
tratante, perante a entidade interessada, responder VI - previsão de início e fim da execução do objeto,
pela sua boa execução, fiscalização e pagamento. bem assim da conclusão das etapas ou fases progra-
§ 1º Os consórcios públicos poderão realizar licitação madas;
da qual, nos termos do edital, decorram contratos ad- VII - se o ajuste compreender obra ou serviço de en-
ministrativos celebrados por órgãos ou entidades dos genharia, comprovação de que os recursos próprios
entes da Federação consorciados. para complementar a execução do objeto estão de-
§ 2º É facultado à entidade interessada o acompanha- vidamente assegurados, salvo se o custo total do em-
mento da licitação e da execução do contrato. preendimento recair sobre a entidade ou órgão des-
Art. 113. O controle das despesas decorrentes dos con- centralizador.
tratos e demais instrumentos regidos por esta Lei será § 2º Assinado o convênio, a entidade ou órgão repas-
feito pelo Tribunal de Contas competente, na forma da sador dará ciência do mesmo à Assembleia Legislativa
legislação pertinente, ficando os órgãos interessados ou à Câmara Municipal respectiva.
da Administração responsáveis pela demonstração da
§ 3º As parcelas do convênio serão liberadas em estri-
legalidade e regularidade da despesa e execução, nos
ta conformidade com o plano de aplicação aprovado,
termos da Constituição e sem prejuízo do sistema de
controle interno nela previsto. exceto nos casos a seguir, em que as mesmas ficarão
§ 1º Qualquer licitante, contratado ou pessoa física ou retidas até o saneamento das impropriedades ocor-
jurídica poderá representar ao Tribunal de Contas ou rentes:
aos órgãos integrantes do sistema de controle interno I - quando não tiver havido comprovação da boa e
contra irregularidades na aplicação desta Lei, para os regular aplicação da parcela anteriormente recebida,
fins do disposto neste artigo. na forma da legislação aplicável, inclusive mediante
§ 2º Os Tribunais de Contas e os órgãos integrantes procedimentos de fiscalização local, realizados perio-
do sistema de controle interno poderão solicitar para dicamente pela entidade ou órgão descentralizador
exame, até o dia útil imediatamente anterior à data de dos recursos ou pelo órgão competente do sistema de
recebimento das propostas, cópia de edital de licitação controle interno da Administração Pública;
já publicado, obrigando-se os órgãos ou entidades da II - quando verificado desvio de finalidade na apli-
Administração interessada à adoção de medidas cor- cação dos recursos, atrasos não justificados no cum-
retivas pertinentes que, em função desse exame, lhes primento das etapas ou fases programadas, práticas
forem determinadas. atentatórias aos princípios fundamentais de Adminis-
Art. 114. O sistema instituído nesta Lei não impede a tração Pública nas contratações e demais atos prati-
pré-qualificação de licitantes nas concorrências, a ser
cados na execução do convênio, ou o inadimplemento
procedida sempre que o objeto da licitação recomende
do executor com relação a outras cláusulas conveniais
análise mais detida da qualificação técnica dos inte-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ressados. básicas;
§ 1º A adoção do procedimento de pré-qualificação III - quando o executor deixar de adotar as medidas
será feita mediante proposta da autoridade compe- saneadoras apontadas pelo partícipe repassador dos
tente, aprovada pela imediatamente superior. recursos ou por integrantes do respectivo sistema de
§ 2º Na pré-qualificação serão observadas as exigên- controle interno.
cias desta Lei relativas à concorrência, à convocação § 4º Os saldos de convênio, enquanto não utilizados,
dos interessados, ao procedimento e à analise da do- serão obrigatoriamente aplicados em cadernetas de
cumentação. poupança de instituição financeira oficial se a previ-
Art. 115. Os órgãos da Administração poderão expedir são de seu uso for igual ou superior a um mês, ou
normas relativas aos procedimentos operacionais a em fundo de aplicação financeira de curto prazo ou
serem observados na execução das licitações, no âm- operação de mercado aberto lastreada em títulos da
bito de sua competência, observadas as disposições dívida pública, quando a utilização dos mesmos veri-
desta Lei. ficar-se em prazos menores que um mês.

51
§ 5º As receitas financeiras auferidas na forma do pa- Art. 122.Nas concessões de linhas aéreas, observar-se-
rágrafo anterior serão obrigatoriamente computadas -á procedimento licitatório específico, a ser estabeleci-
a crédito do convênio e aplicadas, exclusivamente, no do no Código Brasileiro de Aeronáutica.
objeto de sua finalidade, devendo constar de demons- Art. 123. Em suas licitações e contratações administra-
trativo específico que integrará as prestações de con- tivas, as repartições sediadas no exterior observarão
tas do ajuste. as peculiaridades locais e os princípios básicos desta
§ 6º Quando da conclusão, denúncia, rescisão ou ex- Lei, na forma de regulamentação específica.
tinção do convênio, acordo ou ajuste, os saldos finan- Art. 124. Aplicam-se às licitações e aos contratos para
ceiros remanescentes, inclusive os provenientes das permissão ou concessão de serviços públicos os dispo-
receitas obtidas das aplicações financeiras realizadas, sitivos desta Lei que não conflitem com a legislação
serão devolvidos à entidade ou órgão repassador dos específica sobre o assunto.
recursos, no prazo improrrogável de 30 (trinta) dias do
evento, sob pena da imediata instauração de tomada Parágrafo único. As exigências contidas nos incisos II
de contas especial do responsável, providenciada pela a IV do § 2º do art. 7º serão dispensadas nas licita-
autoridade competente do órgão ou entidade titular ções para concessão de serviços com execução prévia
dos recursos. de obras em que não foram previstos desembolso por
parte da Administração Pública concedente.
Art. 117. As obras, serviços, compras e alienações rea-
Art. 125. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
lizados pelos órgãos dos Poderes Legislativo e Judici-
blicação.
ário e do Tribunal de Contas regem-se pelas normas
Art. 126. Revogam-se as disposições em contrário, es-
desta Lei, no que couber, nas três esferas administra-
pecialmente os Decretos-leis nºs 2.300, de 21 de no-
tivas. vembro de 1986, 2.348, de 24 de julho de 1987, 2.360,
Art. 118. Os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e de 16 de setembro de 1987, a Lei nº 8.220, de 4 de
as entidades da administração indireta deverão adap- setembro de 1991, e o art. 83 da Lei nº 5.194, de 24 de
tar suas normas sobre licitações e contratos ao dispos- dezembro de 1966.
to nesta Lei.
Brasília, 21 de junho de 1993, 172º da Independência
Art. 119. As sociedades de economia mista, empresas e 105º da República.
e fundações públicas e demais entidades controladas
direta ou indiretamente pela União e pelas entidades
referidas no artigo anterior editarão regulamentos
próprios devidamente publicados, ficando sujeitas às EXERCÍCIO COMENTADO
disposições desta Lei. 1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
Parágrafo único. Os regulamentos a que se refere este Julgue o item subsequente de acordo com a orientação
artigo, no âmbito da Administração Pública, após traçada pela Lei nº 8.666/1993.
aprovados pela autoridade de nível superior a que es- É inexigível a licitação para a aquisição de bens e insumos
tiverem vinculados os respectivos órgãos, sociedades e destinados exclusivamente à pesquisa científica e tecno-
entidades, deverão ser publicados na imprensa oficial. lógica com recursos concedidos pela CAPES, pela FINEP,
Art. 120. Os valores fixados por esta Lei poderão ser pelo CNPq ou por outras instituições de fomento à pes-
anualmente revistos pelo Poder Executivo Federal, que quisa credenciadas pelo CNPq para esse fim específico.
os fará publicar no Diário Oficial da União, observan-
do como limite superior a variação geral dos preços do ( ) CERTO ( ) ERRADO
mercado, no período.
Art. 121. O disposto nesta Lei não se aplica às licita- Resposta: Errado. Tratava-se de hipótese de licitação
ções instauradas e aos contratos assinados anterior- dispensável, conforme artigo 24, XXI, Lei nº 8.666/1993,
mente à sua vigência, ressalvado o disposto no art. que tinha a seguinte redação: “para a aquisição de
57, nos parágrafos 1o, 2o e 8o do art. 65, no inciso XV bens e insumos destinados exclusivamente à pesquisa
do art. 78, bem assim o disposto no “caput” do art. 5o, científica e tecnológica com recursos concedidos pela
com relação ao pagamento das obrigações na ordem Capes, pela FINEP, pelo CNPq ou por outras institui-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cronológica, podendo esta ser observada, no prazo de ções de fomento a pesquisa credenciadas pelo CNPq
noventa dias contados da vigência desta Lei, separa- para esse fim específico”. Hoje a redação dada pela
damente para as obrigações relativas aos contratos Lei nº 13.242/2016 é a seguinte: “XXI - para a aquisi-
regidos por legislação anterior à Lei nº 8.666, de 21 ção ou contratação de produto para pesquisa e de-
de junho de 1993. senvolvimento, limitada, no caso de obras e serviços
Parágrafo único. Os contratos relativos a imóveis do de engenharia, a 20% (vinte por cento) do valor de
patrimônio da União continuam a reger-se pelas dis- que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art. 23
posições do Decreto-lei nº 9.760, de 5 de setembro de (até R$ 1.500.000,00)”. O inciso não mais restringe às
1946, com suas alterações, e os relativos a operações requisições feitas com recursos das entidades de pes-
de crédito interno ou externo celebrados pela União quisa e, de outro lado, restringe no que se refere a
ou a concessão de garantia do Tesouro Nacional con- obras e serviços de engenharia (ex.: construção de um
tinuam regidos pela legislação pertinente, aplicando- laboratório).
-se esta Lei, no que couber.

52
permitido). Consta na Lei nº 8.666/1993, em seu artigo
FIQUE ATENTO! 23, § 4o, o seguinte: “Nos casos em que couber convi-
Cuidado com a pegadinha muito comum te, a Administração poderá utilizar a tomada de preços
em concursos, que é a substituição das pa- e, em qualquer caso, a concorrência”.
lavras dispensável ou inexigível. É inexigível
apenas nos casos de fornecedor exclusivo, 5. (STM -Técnico Judiciário - Programação de Siste-
notória especialização de profissional técni- mas - CESPE/2018) Em relação à organização adminis-
co e artista reconhecido. trativa e à licitação administrativa, julgue o item a seguir.
Ao contratar serviços ou obras visando à promoção de
baixo impacto sobre recursos naturais, a administração
2. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) pública atende ao princípio do desenvolvimento nacional
Julgue o item subsequente de acordo com a orientação sustentável.
traçada pela Lei nº 8.666/1993.
Para a habilitação nas licitações, serão exigidas dos lici- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tantes, além de habilitação jurídica, qualificação técnica,
qualificação econômico-financeira, regularidade fiscal e Resposta: Certo. O artigo 3o da Lei nº 8.666/1993 fixa
trabalhista. o princípio do desenvolvimento sustentável como um
dos que deve ser observado no processo licitatório.
( ) CERTO ( ) ERRADO Este princípio do desenvolvimento sustentável está
relacionado não só com o âmbito ambiental, como
Resposta: Certo. Preconiza o artigo 27, Lei nº a maioria das pessoas pensam quando ouve falar
8.666/1993: “Para a habilitação nas licitações exigir- em sustentabilidade, mas aqui também refere-se ao
-se-á dos interessados, exclusivamente, documenta- desenvolvimento sustentável em diversos aspectos,
ção relativa a: como social, econômico, político, ético e também o
I - habilitação jurídica; ambiental.
II - qualificação técnica;
III - qualificação econômico-financeira;
IV - regularidade fiscal e trabalhista; #FicaDica
V - cumprimento do disposto no inciso XXXIII do art. 7o
Dos artigos 54 a 80, a Lei nº 8.666/1993
da Constituição Federal”.
aborda os contratos administrativos, disci-
plina que costuma incidir em concursos de
3. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018)
nível superior ou específicos das áreas de
Julgue o próximo item, relativo às modalidades de licitação.
auditoria. Se em seu concurso for cobrado o
A concorrência pública pressupõe uma fase preliminar
conteúdo da lei, sem especificação de quais
denominada habilitação, que habilita os que poderão
aspectos, deve ser dada atenção à aborda-
participar da fase seguinte, a de classificação.
gem dos contratos administrativos.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo. Se depreende do próprio conceito


de concorrência que a Lei nº 8.666/1993 traz em seu
artigo 22, § 1º: “Concorrência é a modalidade de lici-
tação entre quaisquer interessados que, na fase ini-
cial de habilitação preliminar, comprovem possuir os
requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital
para execução de seu objeto”.

4. (ABIN - Oficial Técnico de Inteligência - Área 2 -


CESPE/2018) Considerando que a ABIN escolha a mo-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

dalidade licitatória convite para contratar empresa de


engenharia para modernizar suas instalações, julgue o
item que se segue, com base nas disposições da Lei nº
8.666/1993.
Pelo seu caráter simplificado, a modalidade convite não
pode ser substituída pela concorrência.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado. Cabe seguir a seguinte máxima: se


pode o menos, pode o mais, ou seja, se cabe uma mo-
dalidade simplificada de licitação não há problemas
em optar pela mais complexa (o inverso que não é

53
7. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-
PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
HORA DE PRATICAR! Acerca da organização da administração direta e indireta,
centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
1. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
Autarquia é pessoa jurídica criada por lei específica, com
VA – CESPE/2018). Tendo em vista as convergências e
divergências entre a gestão pública e a gestão privada, personalidade jurídica de direito público.
julgue o item que se segue.
Na gestão pública, o foco das ações é o cliente, indivíduo ( ) CERTO ( ) ERRADO
que manifesta seus interesses no mercado; na gestão
privada, é o cidadão, membro da sociedade, que possui 8. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-
direitos e deveres. PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
Acerca da organização da administração direta e indireta,
( ) CERTO ( ) ERRADO centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
As sociedades de economia mista sujeitam-se ao regime
2. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
trabalhista próprio das empresas privadas.
TRATIVA - CESPE/2018) Acerca da administração pú-
blica no Brasil, julgue o item a seguir.
Na administração pública, ao contrário da gestão priva- ( ) CERTO ( ) ERRADO
da, a otimização de recursos é prioridade secundária com
relação à execução de políticas governamentais voltadas 9. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-
ao atendimento do interesse público. PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
Acerca da organização da administração direta e indireta,
( ) CERTO ( ) ERRADO centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
Define-se desconcentração como o fenômeno adminis-
3. (TCE-PE - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS trativo que consiste na distribuição de competências de
1 E 2 – CESPE/2017) Acerca das agências reguladoras e determinada pessoa jurídica da administração direta para
da construção de agendas de políticas públicas, julgue o
outra pessoa jurídica, seja ela pública ou privada.
item a seguir.
No processo de construção da agenda de políticas públi-
cas, define-se a lista dos problemas ou dos assuntos que ( ) CERTO ( ) ERRADO
chamam a atenção de atores governamentais e cidadãos
em geral. 10. (CGM de João Pessoa/PB - Técnico Municipal de
Controle Interno - Geral - CESPE/2018) Acerca da orga-
( ) CERTO ( ) ERRADO nização da administração direta e indireta, centralizada e
descentralizada, julgue o item a seguir.
4. (TRT - 10ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - AD- A empresa pública, entidade da administração indireta,
MINISTRATIVO - CESPE/2013) Julgue os itens a se- possui personalidade jurídica de direito público.
guir, relativos à administração pública.
A administração pública é una, sendo descentralizadas as
suas funções, para melhor atender ao bem comum. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 11. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MUNICI-


PAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CESPE/2018)
5. (TRE-ES - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- Acerca da organização da administração direta e indireta,
NISTRATIVA - CESPE/2011) Julgue os itens a seguir, centralizada e descentralizada, julgue o item a seguir.
com relação à excelência nos serviços públicos e ao pa- É possível a constituição de fundação pública de direito
radigma do cliente na gestão pública. público ou de direito privado para a exploração direta de
O Estado do bem-estar, ao buscar o atendimento ao atividade econômica pelo Estado, quando relevante ao
cidadão- cliente pela gestão pública, preconiza a inter- interesse público.
venção estatal como mecanismo de mercado válido para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

proteger determinados grupos.


( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
12. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
6. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com relação à ad-
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No tocan- ministração direta e indireta, centralizada e descentraliza-
te às organizações da sociedade civil de interesse público da, julgue o item a seguir.
e aos consórcios públicos, julgue o item subsequente. Administração direta remete à ideia de administração
O instrumento que estabelece o vínculo entre o poder centralizada, ao passo que administração indireta se re-
público e as organizações da sociedade civil de interesse laciona à noção de administração descentralizada.
público é o termo de parceria.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

54
13. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - vogar esse ato administrativo, a autoridade pública de-
CONHECIMENTOS GERAIS - CESPE/2018) No que se verá explicitar os motivos de sua segunda decisão, com a
refere a atos administrativos, julgue o item que se segue. indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos.
Na discricionariedade administrativa, o agente possui al-
guns limites à ação voluntária, tais como: o ordenamento ( ) CERTO ( ) ERRADO
jurídico estabelecido para o caso concreto, a competên-
cia do agente ou do órgão. Qualquer ato promovido fora 19. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
desses limites será considerado arbitrariedade na ativida- BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Com re-
de administrativa. lação ao controle no âmbito da administração pública,
julgue o item seguinte.
( ) CERTO ( ) ERRADO A competência do Poder Judiciário quanto ao controle
restringe-se ao mérito e à legalidade do ato impugnado.
14. (ABIN - AGENTE DE INTELIGÊNCIA - CES-
PE/2018) No que tange aos atos administrativos, julgue ( ) CERTO ( ) ERRADO
o item seguinte.
Uma diferença entre a revogação e a anulação de um 20. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU-
ato administrativo é a de que a revogação é medida pri- NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES-
vativa da administração, enquanto a anulação pode ser PE/2018) Em relação à anulação e à revogação dos atos
determinada pela administração ou pelo Poder Judiciá- administrativos, julgue o item seguinte.
rio, não sendo, nesse caso, necessária a provocação do O Poder Judiciário e a própria administração pública pos-
interessado. suem competência para anular ato administrativo.
( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO
15. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
21. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
ÁREA 2 - CESPE/2018) Com relação aos atos adminis-
TRATIVA - CESPE/2018) Acerca do direito administrati-
trativos discricionários e vinculados, julgue o item que
vo, dos atos administrativos e dos agentes públicos, jul-
se segue.
gue o item a seguir.
Em decorrência da própria natureza dos atos administra-
Os empregados das empresas públicas submetem-se ao
tivos discricionários, não se permite que eles sejam apre-
regime celetista e, por isso, estão fora do rol de agentes
ciados pelo Poder Judiciário.
públicos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
16. (STM - Analista Judiciário - Administrativa - CES-
PE/2018) A respeito do direito administrativo, dos atos 22. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS
administrativos e dos agentes públicos e seu regime, jul- BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que se
gue o item a seguir. refere às características do poder de polícia e ao regime
A imperatividade é o atributo pelo qual o ato administra- jurídico dos agentes administrativos, julgue o item que
tivo é presumido verídico até que haja prova contrária à se segue.
sua veracidade. A garantia constitucional de permanecer no cargo pú-
blico após três anos de efetivo exercício denomina-se
( ) CERTO ( ) ERRADO efetividade.

17. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - JUDICIÁRIA - ( ) CERTO ( ) ERRADO


CESPE/2018) Considerando a doutrina majoritária, jul-
gue o próximo item, referente ao poder administrativo, à 23. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA
organização administrativa federal e aos princípios bási- JUDICIÁRIA - CESPE/2017) Considerando o disposto
cos da administração pública. nas Leis n° 8.112/1990 e n° 8.429/1992, julgue o item que
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

De acordo com o princípio da autoexecutoriedade, os se segue, acerca dos agentes públicos.


atos administrativos podem ser aplicados pela própria Servidor público estável poderá perder o seu cargo em
administração pública, de forma coativa, sem a necessi- virtude de sentença judicial transitada em julgado ou de
dade de prévio consentimento do Poder Judiciário. processo administrativo disciplinar no qual lhe seja asse-
gurada ampla defesa.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
18. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - PROGRAMAÇÃO
DE SISTEMAS - CESPE/2018) Acerca do acesso à in- 24. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - OFI-
formação, dos servidores públicos e do processo admi- CIAL DE JUSTIÇA AVALIADOR FEDERAL - CES-
nistrativo no âmbito federal, julgue o item que se segue. PE/2017) Com base na Lei nº 8.112/1990 e no regime
Caso edite ato administrativo que remova, de ofício, um jurídico aplicável aos agentes públicos, julgue o item a
servidor público federal e, posteriormente, pretenda re- seguir.

55
A destituição de servidor de cargo em comissão ou de Considerando essa situação hipotética, julgue o item que
função comissionada não pode ser aplicada como pena- se segue.
lidade disciplinar. A alteração tarifária promovida pela agência reguladora
é exemplo de exercício do poder hierárquico da agência
( ) CERTO ( ) ERRADO sobre as concessionárias.
25. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ( ) CERTO ( ) ERRADO
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) A respeito dos
agentes públicos, julgue o item seguinte.
30. (TRF 1ª REGIÃO - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA
Para que pessoas físicas que colaboram com o poder pú-
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Com referência aos
blico sejam consideradas agentes públicos é necessário
que elas, obrigatoriamente, tenham vínculo empregatí- poderes administrativos, julgue o item subsecutivo.
cio com a administração pública e sejam por esta remu- Em regra, o poder regulamentar é dotado de originarie-
neradas, como ocorre, por exemplo, com os leiloeiros, dade e, por conseguinte, cria situações jurídicas novas,
tradutores e intérpretes públicos. não se restringindo apenas a explicitar ou complementar
o sentido de leis já existentes.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
26. (STJ - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI-
VA - CESPE/2018) Acerca dos poderes da administração 31. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS
pública e da responsabilidade civil do Estado, julgue o 1, 3 A 26 - CESPE/2017) No que se refere aos poderes
item a seguir. administrativos, aos atos administrativos e ao controle da
Em razão da discricionariedade do poder hierárquico, administração, julgue o item seguinte.
não são considerados abuso de poder eventuais exces- A avocação se verifica quando o superior chama para si
sos que o agente público, em exercício, sem dolo, venha a competência de um órgão ou agente público que lhe
a cometer. seja subordinado. Esse movimento, que é excepcional e
temporário, decorre do poder administrativo hierárquico.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
27. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA-
DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Com relação a
processo administrativo, poderes da administração e ser- 32. (STM - TÉCNICO JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS-
viços públicos, julgue o item subsecutivo. TRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes admi-
Situação hipotética: Um secretário municipal removeu nistrativos, de licitações e contratos e do processo admi-
determinado assessor em razão de desentendimentos nistrativo, julgue o item subsequente.
pessoais motivados por ideologia partidária. Assertiva: Embora o poder de polícia da administração seja coer-
Nessa situação, o secretário agiu com abuso de poder, na citivo, o uso da força para o cumprimento de seus atos
modalidade excesso de poder, já que atos de remoção demanda decisão judicial.
de servidor não podem ter caráter punitivo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
33. (PREFEITURA DE FORTALEZA/CE - PROCURA-
28. (SEDF - CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGO 2 DOR DO MUNICÍPIO - CESPE/2017) Acerca do direito
- CESPE/2017) Acerca de administração pública, orga- administrativo, julgue o item que se segue.
nização do Estado e agentes públicos, julgue o item a O exercício do poder de polícia reflete o sentido objetivo
seguir. da administração pública, o qual se refere à própria ativi-
O abuso de poder pelos agentes públicos pode ocorrer
dade administrativa exercida pelo Estado.
tanto nos atos comissivos quanto nos omissivos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

29. (TRF 1ª REGIÃO - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA 34. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO -
ADMINISTRATIVA - CESPE/2017) Alguns meses após CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com
a assinatura de contrato de concessão de geração e a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
transmissão de energia elétrica, a falta de chuvas com- Quando da aquisição de bens e serviços de informática
prometeu o nível dos reservatórios, o que deteriorou as e automação por parte dos órgãos e das entidades da
condições de geração de energia, elevando os custos da administração pública federal, direta ou indireta, das fun-
concessionária. A agência reguladora promoveu, então, dações instituídas e mantidas pelo poder público e das
alterações tarifárias visando restabelecer o equilíbrio demais organizações sob o controle direto ou indireto
econômico-financeiro firmado no contrato. Todavia, sem da União, a preferência pelos bens e serviços com tecno-
que houvesse culpa ou dolo da concessionária, o forneci- logia desenvolvida no Brasil é uma exceção legal à regra
mento do serviço passou a ser intermitente, o que provo- estabelecida na lei em questão.
cou danos em eletrodomésticos de usuários de energia
elétrica. ( ) CERTO ( ) ERRADO

56
35. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - A comissão de licitação poderá ser substituída por um
CESPE/2018) Julgue o item subsequente de acordo com servidor formalmente designado para essa finalidade.
a orientação traçada pela Lei nº 8.666/1993.
Em toda licitação, é indispensável a celebração de con- ( ) CERTO ( ) ERRADO
trato, sendo esse instrumento insubstituível, porque, no
direito administrativo, prevalece a formalização do pro- 41. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA -
cesso licitatório. ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN es-
colha a modalidade licitatória convite para contratar em-
( ) CERTO ( ) ERRADO presa de engenharia para modernizar suas instalações,
julgue o item que se segue, com base nas disposições da
36. (EBSERH - ASSISTENTE ADMINISTRATIVO - Lei nº 8.666/1993.
CESPE/2018) Julgue o próximo item, relativo às modali- Se não for alcançado o número mínimo legalmente exi-
gido de empresas qualificadas no certame, estará confi-
dades de licitação.
gurada hipótese de dispensa de licitação.
Convite é a modalidade de licitação entre interessados
devidamente cadastrados ou que atenderem a todas as
( ) CERTO ( ) ERRADO
condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada 42. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
a necessária qualificação. NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes
administrativos, da contratação com a administração pú-
( ) CERTO ( ) ERRADO blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –,
julgue o item seguinte.
37. (EBSERH - ENGENHEIRO CLÍNICO - CESPE/2018) Será inexigível a licitação, caso os agentes administrati-
Acerca dos princípios do processo licitatório, julgue o vos com competência técnica para tanto concluam que
item que se segue. a característica de determinado objeto atende melhor ao
Durante a execução de um contrato, a fim de garantir interesse público.
o princípio da vinculação ao instrumento convocatório,
para qualquer alteração contratual que modifique con- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dições previstas inicialmente no edital de licitação, é
necessário consultar os licitantes à época da licitação a 43. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
respeito dessas alterações. RIA - CESPE/2018) Considerando o disposto na Lei nº
8.666/1993, julgue o seguinte item, a respeito da licita-
( ) CERTO ( ) ERRADO ção e dos contratos administrativos.
É possível que a administração pública autorize o início
38. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- da execução de obra contratada antes da aprovação do
VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente respectivo projeto executivo, desde que o projeto básico
a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub- já tenha sido aprovado.
sequente.
A garantia da observância do princípio da isonomia, a ( ) CERTO ( ) ERRADO
seleção da proposta mais vantajosa para a administração
44. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI-
pública e a promoção do desenvolvimento nacional sus-
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito dos poderes
tentável são objetivos da licitação.
administrativos, da contratação com a administração pú-
blica e do processo administrativo – Lei nº 9.784/1999 –,
( ) CERTO ( ) ERRADO
julgue o item seguinte.
Situação hipotética: O Poder Legislativo sustou decreto
39. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ADMINISTRATI- editado pelo presidente da República, sob o entendi-
VA - CESPE/2018) Considerando a legislação pertinente mento de que houve exorbitância do poder regulamen-
a licitação e contratos administrativos, julgue o item sub- tar. Assertiva: Nesse caso, o Poder Legislativo agiu errado,
sequente. haja vista que a competência para sustar atos do Poder
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

É possível estabelecer margem de preferência adicional Executivo é exercida pelo Poder Judiciário, mediante pro-
no caso de produtos manufaturados nacionais resultan- vocação.
tes de desenvolvimento e inovação tecnológica realiza-
dos no país. ( ) CERTO ( ) ERRADO

( ) CERTO ( ) ERRADO 45. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS


BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) No que
40. (ABIN - OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA - se refere a tipos e formas de controle, julgue o item a
ÁREA 2 - CESPE/2018) Considerando que a ABIN es- seguir.
colha a modalidade licitatória convite para contratar em- Quanto ao órgão que o exerce, o controle pode ser ad-
presa de engenharia para modernizar suas instalações, ministrativo, legislativo ou judicial.
julgue o item que se segue, com base nas disposições da
Lei nº 8.666/1993. ( ) CERTO ( ) ERRADO

57
46. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - CONHECIMENTOS No direito brasileiro, constitui objeto do direito adminis-
BÁSICOS - CARGOS: 1, 2 E 3 - CESPE/2018) Com re- trativo a responsabilidade civil das pessoas jurídicas que
lação ao controle no âmbito da administração pública, causam danos à administração.
julgue o item seguinte.
A competência do Congresso Nacional para sustar atos ( ) CERTO ( ) ERRADO
normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder
regulamentar constitui hipótese de controle parlamentar. 53. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA JUDICIÁ-
RIA - CESPE/2018) João, servidor público civil, motoris-
( ) CERTO ( ) ERRADO ta do Exército brasileiro, enquanto conduzia veículo ofi-
cial, no exercício da sua função, colidiu com o automóvel
47. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU- de Maria, que não possui qualquer vínculo com o poder
NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES- público. Após a devida apuração, ficou provado que os
PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos, dois condutores agiram com culpa.
A partir dessa situação hipotética e considerando a dou-
tipos e formas de controle na administração pública.
trina majoritária referente à responsabilidade civil do Es-
Quanto ao aspecto controlado, o controle classifica-se
tado, julgue o item que se segue.
em controle de legalidade ou de correção.
A União tem direito de regresso em face de João, con-
siderando que, no caso, a responsabilidade do agente
( ) CERTO ( ) ERRADO público é subjetiva.
48. (CGM DE JOÃO PESSOA/PB - TÉCNICO MU- ( ) CERTO ( ) ERRADO
NICIPAL DE CONTROLE INTERNO - GERAL - CES- ERRADO
PE/2018) Julgue o item a seguir, referente a conceitos, CERTO
tipos e formas de controle na administração pública.
A administração pública, no exercício de suas funções,
controla seus próprios atos e se sujeita ao controle dos
Poderes Judiciário, Legislativo e Executivo. GABARITO

( ) CERTO ( ) ERRADO
1 ERRADO
49. (EBSERH - TECNÓLOGO EM GESTÃO PÚBLICA 2 CERTO
- CESPE/2018) No que concerne a direitos, deveres e 3 CERTO
responsabilidades dos servidores públicos, julgue o pró-
4 CERTO
ximo item.
Em caso de dano causado a terceiros, responderá o servi- 5 CERTO
dor perante a fazenda pública, em ação regressiva. 6 CERTO

( ) CERTO ( ) ERRADO 7 CERTO


8 CERTO
50. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- 9 ERRADO
TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo
à responsabilidade civil do Estado. 10 ERRADO
As empresas prestadoras de serviços públicos respon- 11 ERRADO
derão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, 12 CERTO
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso
contra o responsável exclusivamente no caso de dolo. 13 CERTO
14 ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO
15 ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

51. (STJ - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMINIS- 16 ERRADO


TRATIVA - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo 17 CERTO
à responsabilidade civil do Estado.
18 CERTO
A responsabilidade civil do Estado por atos comissivos
abrange os danos morais e materiais. 19 ERRADO
20 CERTO
( ) CERTO ( ) ERRADO
21 ERRADO
52. (STM - ANALISTA JUDICIÁRIO - ÁREA ADMI- 22 ERRADO
NISTRATIVA - CESPE/2018) A respeito do direito ad- 23 CERTO
ministrativo, dos atos administrativos e dos agentes pú-
blicos e seu regime, julgue o item a seguir. 24 ERRADO

58
25 ERRADO ANOTAÇÕES
26 ERRADO
27 ERRADO
________________________________________________
28 CERTO
29 ERRADO _________________________________________________
30 ERRADO _________________________________________________
31 CERTO _________________________________________________
32 ERRADO
_________________________________________________
33 CERTO
34 CERTO _________________________________________________

35 ERRADO _________________________________________________
36 ERRADO _________________________________________________
37 ERRADO
_________________________________________________
38 CERTO
_________________________________________________
39 CERTO
40 CERTO _________________________________________________
41 ERRADO _________________________________________________
42 ERRADO
_________________________________________________
43 CERTO
_________________________________________________
44 ERRADO
45 CERTO _________________________________________________
46 CERTO _________________________________________________
47 ERRADO
_________________________________________________
48 CERTO
_________________________________________________
49 CERTO
50 ERRADO _________________________________________________
51 CERTO _________________________________________________
52 CERTO _________________________________________________
53 CERTO
_________________________________________________

_________________________________________________

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_________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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59
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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