Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Natal/RN
2016
BÁRBARA LOUISE COSTA MESSIAS
Natal/RN
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
FOLHA DE APROVAÇÃO
RESUMO
Introdução ............................................................................................ 7
Anexos................................................................................................... 26
7
1. INTRODUÇÃO
1
Hipotonia muscular é a diminuição do tônus muscular e da força, consequentemente causando a
flacidez.
8
doença, mas sim uma condição genética que difere essas pessoas das outras,
porém não as tornam menos humanas e importantes. Essa alteração
cromossômica faz com que essas pessoas possuam um atraso mental,
cognitivo, e motor, além de alguns traços diferentes na aparência física,
entretanto, nenhuma dessas características faz com que o indivíduo deixe de
ter uma vida saudável.
2. A SÍNDROME DE DOWN
2
De acordo com Marconi e Lakatos (2003), a entrevista semiestruturada ocorre quando o entrevistador
fica a vontade para progredir qualquer situação que julgar necessário; as perguntas são abertas, abrindo
possibilidades para a realização de um diálogo informal entre o entrevistado e o entrevistador.
11
De acordo com Gaio e Gois (apud Terra; Tonietti, 2010), estudos que
falam a respeito da ressignificação do estar em comunidade através da
inclusão social, vem mostrando há algum tempo a procura de novas
concepções e ações que explanem as distintas possibilidades de tratar com as
diferenças humanas, como um modo de tornar possível o engrandecimento da
convivência entre as pessoas e da aprendizagem através das diferenças.
É válido ressaltar que a dança traz uma grande diversidade que se torna
visível através dos movimentos. Pessoas que desde seu nascimento já são
consideradas diferentes, buscam através da dança, aprender a se comunicar
corporalmente e mostrar quem são.
Nesse contexto, podemos afirmar que cada corpo tem uma linguagem
própria, que lhe é peculiar. Através dos movimentos, a dança faz o uso dessa
14
3
No início do século XX, Rudolf Laban (1879 - 1958) desenvolveu uma teoria do movimento pautada
num estudo “dos círculos existentes na natureza e na vida”. Partindo desse entendimento, Laban
conceitua a Coreologia como “a lógica ou a ciência dos círculos” (GUIMARÃES, 2006, p. 44). Nesse
sentido, podemos dizer que a Coreologia pode ser entendida como “uma gramática ou sintaxe do
movimento que engloba a corêutica, a eukinética, o uso instrumental do corpo, o relacionamento, do
corpo com ele mesmo, do corpo com outros corpos, e do corpo com o espaço e sistemas de notação”
(RENGEL, 2003, p. 35).
16
movimentos para expressar seu entendimento daquilo que lhe foi proposto
(BARNABE, 2001, apud BOFF; MAIA, 2008).
raras vezes, reproduzir, da maneira dela, uma pequena parte do exercício que
estava sendo proposto, porém, logo tinha sua concentração desviada para
alguma outra coisa. Notei que constantemente ela tinha sua atenção voltada
para objetos como algumas bolas coloridas que haviam na sala, elásticos
coloridos, ou o próprio aparelho de som. Ela gostava de manuseá-los e
procurava em todo o tempo chamar a atenção do professor para tais
elementos.
presente” não deve se restringir apenas ao ambiente das aulas. Segundo ele, o
que é ensinado deve ser levado para a vida, para auxiliá-los em todas as
atividades que eles forem fazer, de modo que eles consigam ter autonomia.
Segue abaixo uma afirmação do professor D durante a entrevista:
O ápice do trabalho da dança com pessoas com Síndrome de Down,
para mim, é dar autonomia para eles. Autonomia em tudo. É o
principal e é o que eu sempre busco. Quando eu posso, através da
dança, ensiná-los a amarrar um tênis, por exemplo. Ou ensiná-los,
através de movimentos que utilizamos na aula de dança, a abrir um
pacote de biscoito. É gratificante ver o quanto eles ficam felizes ao
conseguirem fazer as coisas sozinhos, sem depender de ninguém, ao
conquistarem essa tão desejada autonomia (Professor D)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ENTREVISTADO A
LOCAL DE TRABALHO: COMPANHIA GIRA DANÇA
FUNÇÃO: DIRETOR ARTÍSTICO
tonificado e sua memória operacional, de curto e longo prazo, também são bem
desenvolvidas. O único aspecto que o torna diferente dos demais é seu modo
“lúdico” de ver o mundo. As abordagens que devemos ter para com ele são
sempre de maneira lúdica e metafórica. Assim é trabalhar com o Wilson Jr da
Cia Gira Dança.
ENTREVISTADA B
LOCAL DE TRABALHO: COLÉGIO MASTER
FUNÇÃO: PROFESSORA DE DANÇA
Eu não vejo nenhuma diferença explícita nesse sentido dos alunos que
não tem a SD para os que tem. Existe a questão do aprendizado deles ser
mais lento, mas ainda assim o poder de observação deles é incrivelmente
grande e eles conseguem absorver tudo o que nós passamos e muitas vezes
28
com mais atenção e mais detalhes do que uma pessoa considerada normal
absorve. Eles gostam, eles querem aprender e por isso eles conseguem
absorver tudo o que você passa e com mais atenção ainda do que as outras
pessoas. Eles tem uma grande capacidade de imitar, andam repetindo as
coisas que eu, como professora de dança, faço, por exemplo. É um poder de
observação e de reprodução muito grande.
A dança possibilita esse passeio pela percepção, até porque para que a
dança aconteça existe o processo de entender que corpo é esse que você tem,
que possibilidade você tem de usar o seu instrumento que vai ser utilizado para
a dança, para representar uma coreografia ou um personagem específico ou
alguma coisa coreograficamente falando, é ideal a criança, jovem ou adulto
com SD, assim como todos os outros, que eles possam entender um pouco
mais justamente pela dificuldade de serem estimulados desde a infância. O que
eles deixam que afete o corpo deles lá fora, seja pela família ou sociedade, traz
consequências e possibilidades, limites ou não, para a dança deles. Então a
dança chega com esse papel de mostrar que o corpo deles podem fazer
determinada coisa, até onde eles podem ir, até onde eles podem ir com o
colega, como respeitar os colegas.
Uma coisa que eu noto e que foi um grande positivo da dança foi a
empolgação que ela trouxe para eles, a maneira que eles passaram a encarar
cada momento de dançar, uma mudança corporal de postura, de se colocar
diante daquilo, da sala, dos outros, da sociedade, de ficarem mais confiantes e
seguros de si ao perceberem que eles tem um espaço.
29
ENTREVISTADA C
LOCAL DE TRABALHO: NA PONTINHA
FUNÇÃO: DIRETORA E PROFESSORA DE BALÉ CLÁSSICO
ENTREVISTADA D
LOCAL DE TRABALHO: STUDIO SORAYA LIMA
30
Eu trabalho há 16 anos com SD, faz parte dos meus estudos como
pedagoga e eu não faço um trabalho apenas de dança com eles, mas um
trabalho educacional. Antes deles perceberem o movimento da dança, eles
estudam a história de cada dança atrelada a cada movimento. Faço uma
contextualização com eles, porque as pessoas com SD precisam dessa
contextualização no sentido de tornar tudo com mais significado para eles, de
modo que não seja apenas a dança por si só. Eles tem uma grande capacidade
de observação, então captam todas as coreografias, e além de coreografias, eu
dou a eles a liberdade de criarem sozinhos, faço um trabalho de expressão
livre, para tentar buscar a espontaneidade de cada um, além da cópia. Eu
tenho 22 SD e trabalho nessa perspectiva com eles, envolvendo-os em outras
coisas e trazendo as experiências deles de movimentação, que são poucas,
pois alguns não são estimulados desde pequenos, essa movimentação parte
desde o andar, por exemplo, então desenvolvo todo esse trabalho com eles.
Ao ver o antes e o depois deles, percebo que eles estão bem mais
maduros, que a capacidade de atenção, de observação e de expressão deles
melhorou de mais. Hoje, inclusive, tenho monitores na turma de SD, onde os
monitores são pessoas que também tem SD. Ou seja, se hoje eles estão no
32
ENTREVISTADA E
LOCAL DE TRABALHO: APAE NATAL – RN
FUNÇÃO: PROFESSORA DE DANÇA
tem que estar bem limpinho, que tem que ter o cuidado com o corpo, etc, então
nessa proposta também ajuda. Enquanto corpo, tenho um exemplo de uma
aluna que não fazia nada, que chegou aqui muito gorda, não fazia nada, não
falava. E hoje a dança contribuiu muito, hoje ela dança, ela fala, da forma dela,
mas fala, ela andava toda pesada e hoje anda normalmente. Então a dança
ajudou muito. É uma ótima aliada para contribuir na questão da comunicação
deles. Na questão corporal, nós trabalhamos a lateralidade, o que é direita,
esquerda, frente, trás, movimentos lentos, rápidos, o ritmo, a música,
colocamos músicas para eles ouvirem e sentirem o que podem fazer através
daquela música, dentre outras coisas, então em todos esses aspectos a dança
contribui muito.
ENTREVISTADO F
LOCAL DE TRABALHO: STUDIO CORPO DE BAILE
FUNÇÃO: PROFESSOR DE DANÇA