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PSICOLOGIA

DA EDUCAÇÃO

Gabriel Godoi
Necessidades educacionais
de alunos com deficiência
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Reconhecer as necessidades educacionais de alunos com algum tipo


de deficiência.
 Descrever os vários tipos de deficiência e transtornos encontrados
entre os estudantes.
 Estabelecer um relacionamento adequado com os alunos portadores
de algum tipo de deficiência, de modo a lhes oferecer atendimento
e educação de qualidade.

Introdução
Entende-se por educação especial, para os efeitos da Lei nº 9.394/96, a
modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação (BRASIL, 1996). A
partir dos preceitos de educação inclusiva, democracia e direitos humanos,
você aprenderá as principais leis e os dispositivos que orientam a educação
de estudantes com necessidades especiais dentro do ensino público.
Para que seu trabalho possa ser realizado com sucesso, atentando para
adequar os conceitos do currículo escolar para o bom desenvolvimento
intelectual de cada aluno, você conhecerá quais transtornos e deficiências
são mais comuns dentro das salas de aula, suas causas e características,
os meios para identificá-los e para onde encaminhá-los.
Por fim, você estudará algumas estratégias úteis que podem lhe auxi-
liar na hora de definir as que serão usadas em aula, as atividades avaliativas
e a condução do dia a dia escolar. Sempre visando ao desenvolvimento
total dos potenciais os alunos, para que seja construída uma sociedade
cada vez mais justa e igualitária.
2 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

Maneiras de propor uma educação inclusiva:


debates, marcos e leis
O Brasil é um país de proporções continentais, e sua população é composta
de mais diferentes culturas, etnias, gêneros e status socioeconômico. Todos
esses fatores influenciam a forma como os alunos receberam os conteúdos e
as atividades propostos em sala de aula. Além disso, outro fator que também
deve ser levado em conta, quando pensamos nas diferentes populações que
frequentam as instituições de ensino, é as necessidades educacionais de alunos
que convivem com algum tipo de dificuldade, transtorno ou deficiência.
As discussões sobre as formas de incluir esses estudantes na educação se
tornam cada vez mais necessárias, tendo em vista o avanço das tecnologias e a
ascensão de políticas sociais que buscam essa inclusão (SANTOS, et al., 2015).
Sampaio e Morgado (2014) concordam, pois, na atualidade, a inclusão escolar
da pessoa com necessidades especiais se torna um debate de grande relevância.
Esses alunos vêm se apropriando cada vez mais do espaço das escolas, o que
propicia uma discussão cada vez mais determinante entre os debates políticos
que pretendem responsabilizar a escola pela inclusão e educação apropriada
desses alunos, como de qualquer outro estudante em idade escolar.
A perspectiva inclusiva da educação, que suplantou as “classes especiais”,
se torna parte essencial da democratização do ensino. Santrock (2009) coloca
que os educadores já estudam os impactos do preconceito na educação de
alunos com necessidades especiais, sendo que a maioria dos professores já
usa o termo “criança com deficiência” ao invés de “criança deficiente”, para
enfatizar que aquele indivíduo é mais do que apenas sua deficiência. Além
disso, não é válido entender as crianças com deficiências como “incapacitadas”,
pois não são os alunos que são “incapazes” de realizar determinada tarefa,
mas, sim, a sociedade que não fornece os meios pelos quais eles consigam
atingir os objetivos esperados. Por exemplo, quando crianças que usam cadeira
de rodas não têm acesso adequado a banheiros, transporte, etc., referem-se a
isso como uma condição incapacitante.
Esse debate não se trata de algo de menor importância dentro da sociedade
em geral. Dentro dos Estados Unidos, o National Center for Education Statistics
informou que os alunos com necessidades especiais representam cerca de 13%
de todos os indivíduos entre 3 e 21 anos de idade. No Brasil, os números são
semelhantes em relação aos dados da educação especial; registra-se um au-
mento nas matrículas, de 337.326, em 1998, para 843.342, em 2013, expressando
um crescimento de 150%. No que se refere ao ingresso de estudantes com
necessidades especiais em classes comuns do ensino regular fundamental e
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médio, verifica-se um crescimento ainda maior de 1.377%, passando de 43.923


estudantes, em 1998, para 648.921, em 2013 (BRASIL, 2014).
No entanto, as escolas e faculdades brasileiras ainda têm pouco suporte
teórico-metodológico para a educação inclusiva, sendo que nem todos os
professores têm conhecimento para lidar com as diferentes necessidades dos
alunos. Mesmo quando os professores são preparados e têm experiência,
muitas escolas não têm estrutura física para oferecer o melhor ensino, como
não ter rampas de acesso a cadeirantes, não ter livros em braile ou material em
áudio para cegos, entre outras situações que ocorrem com outras deficiências
menos visíveis que as deficiências físicas e sensoriais (SANTOS et al., 2015).
Essa demanda por uma educação mais inclusiva gerou a necessidade de
se legislar acerca do que é dever da escola e quais dispositivos são essenciais
dentro das instituições de ensino para proporcionar uma educação igualitária
e democrática. O Estado brasileiro entende que educação inclusiva é a mo-
dalidade de atendimento realizado nas escolas de ensino comum. Deve ter
como referência as propostas contidas nas adaptações curriculares, de forma
a assegurar aos alunos com necessidades educacionais especiais os mesmos
parâmetros considerados básicos para o aluno dito “normal”, em qualquer
nível ou modalidade de ensino (BRASIL, 1996).
A partir da leitura da lei, podemos entender que a educação inclusiva parte
da premissa de que todos os estudantes devam compartilhar dos mesmos
conhecimentos, sem fazer distinção por suas características ou necessidades
especiais. Além disso, devem ser tratados como iguais por meio do ofereci-
mento das mesmas possibilidades de estudo e convívio. Portanto, podemos
compreender que incluir não significa apenas inserir alunos com necessidades
especiais em uma classe comum, mas, sim, permitir que eles possam desen-
volver todo o seu potencial em um meio que favoreça a sua participação nos
estudos com os demais estudantes.

Os transtornos do desenvolvimento escolar


São diversos os transtornos que podem impactar no desenvolvimento social e
cognitivo de uma criança em idade escolar. A seguir, listamos os mais comuns
para que você possa auxiliar os alunos, modificando suas aulas, atividades
e provas, além de estar atento a algum caso que ainda não tenha sido diag-
nosticado. Lembre-se de que, quanto antes os transtornos são descobertos e
tratados, menores serão seus impactos na vida das crianças (BRASIL, 2014).
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Uma série de transtornos que dificultam a compreensão das crianças pode


ser caracterizada por:

 dificuldades significativas em uma área acadêmica (especialmente


leitura ou matemática);
 QI considerado esperado, ou seja, acima da faixa de deficiência
intelectual;
 nenhum outro problema ou transtorno, tais como deficiências senso-
riais ou transtornos emocionais graves diagnosticados como causa da
dificuldade.

Essas dificuldades de aprendizagem são apresentadas a seguir.

Dislexia
Dificuldade com habilidades fonológicas, que envolve ser capaz de entender
como os sons e as letras se combinam para formar palavras. A dislexia é uma
categoria reservada para indivíduos com uma limitação grave em sua capa-
cidade de ler e soletrar (SPAFFORD; GROSSER; DAURICH, 2005). Fique
atento, pois a dislexia é o problema mais comum que caracteriza crianças com
dificuldade de aprendizagem que envolve a leitura (MOATS, 2004).

Disgrafia
Dificuldade em expressar pensamentos na forma escrita (HAMMIL, 2004).
Em geral, crianças com disgrafia escrevem muito lentamente, sendo que essa
escrita é praticamente ilegível e com inúmeros erros ortográficos, devido à
inabilidade para juntar sons e letras.

Discalculia
Também conhecida como transtorno de desenvolvimento de matemática,
envolve a dificuldade em desenvolver cálculos matemáticos. Kaufmann (2002)
informa que crianças com dificuldade em cálculo frequentemente apresentam
transtornos neuropsicológicos e cognitivos, incluindo desempenho fraco na
memória de trabalho, percepção visual e capacidade visuoespacial.
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Dislalia
É um distúrbio que acomete a fala, caracterizado pela dificuldade em arti-
cular as palavras. A pessoa portadora de dislalia troca as palavras por outras
similares na pronúncia, fala erroneamente, omitindo ou trocando as letras.
Resumidamente, as manifestações clínicas da dislalia consistem em omissão,
substituição ou deformação de fonemas.

Deficiência intelectual
A característica mais marcante da deficiência intelectual é a maneira ina-
dequada do funcionamento intelectual (ZIGLER, 2002). Essa condição é
caracterizada por:

 baixo nível intelectual (pontuação abaixo de 70 em um teste de


inteligência);
 dificuldade de adaptação às atividades cotidianas, como cuidados pes-
soais e responsabilidade social, saber se vestir, higienizar, alimentar,
manter o autocontrole e interagir com colegas;
 manifestação antes dos 18 anos.

Santrock (2009) ressalta que QI baixo e dificuldades para se adaptar devem


estar presentes desde a infância e não seguidos de um período longo de com-
portamento normal, interrompido por causa de um acidente ou outro tipo de
agressão ao cérebro. A deficiência intelectual é classificada como um espectro
pelo DSM-V (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014), que leva
em conta o QI, a adaptação social e as dificuldades psicomotoras, indo desde
leve, moderada, severa e profunda. Aproximadamente 89% dos estudantes
com deficiência intelectual se enquadram na categoria leve.
Esse transtorno apresenta etiologias diversas, mas as duas principais causas
são por fatores genéticos ou dano cerebral (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2014). Entender a causa da deficiência lhe ajudará a montar
conteúdos adaptados para os alunos com deficiência intelectual, pois há di-
ferentes características dependendo da origem do transtorno.
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Fatores genéticos

A forma de deficiência intelectual identificada mais comumente é a síndrome


de Down. Crianças portadoras desta síndrome têm um cromossomo a mais
(são 47). Suas características físicas são facilmente percebidas, como:

 face arredondada;
 crânio achatado;
 uma dobra extra na pálpebra;
 língua proeminente;
 membros curtos;
 dificuldades nas capacidades motoras e intelectuais.

Síndrome do X frágil

É a segunda forma mais identificada de deficiência intelectual (AMERICAN


PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). É transmitida geneticamente por
uma anormalidade no cromossomo X, resultando em deficiência intelectual
em diferentes níveis de gravidade (ROBERTS et al., 2005). Características
de crianças com síndrome do X frágil incluem:

 face oblonga, mandíbula proeminente;


 orelhas alongadas;
 nariz achatado; e
 falta de coordenação motora.

Dano cerebral

Diversas intercorrências podem causar dano cerebral (HODAPP; DYKENS,


2006). Infecções na gestante, como rubéola, sífilis, herpes e AIDS podem
causar deficiência na criança. Meningite e encefalite são infecções que podem
desenvolver-se na infância e também evoluir para um quadro de deficiência
intelectual. Algumas intercorrências ambientais e alguns fatores sociais, que
também podem resultar em deficiência intelectual, incluem traumatismo cra-
niano, subnutrição, envenenamento, lesões no parto e alcoolismo por parte da
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gestante (BERINE-SMITH; PATTON; KIM, 2006). A deficiência intelectual


mais comum decorrente de dano cerebral é a síndrome alcoólica fetal (SAF).
A SAF é um conjunto de anormalidades que aparecem nos filhos cujas mães
consomem álcool em excesso. As características incluem:

 deformidades faciais;
 problemas nos membros e no coração.

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade


(TDAH)
Pode ser verificado em crianças que apresentam um padrão consistente e
contínuo de uma ou mais das seguintes características ao longo de um período
de tempo, cujos comportamentos deve ser observados em pelo menos dois
ambientes diferente (casa e escola, por exemplo):

 falta de atenção;
 hiperatividade;
 impulsividade.

O DSM-5 (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014) informa


que as crianças impulsivas têm dificuldade em controlar suas reações e não
costumam pensar nos seus atos antes de agir. Dependendo das características
que as crianças com TDAH apresentam, elas podem ser diagnosticadas com:

 TDAH com predominância de falta de atenção;


 TDAH com predominância de hiperatividade/impulsividade.

Santrock (2009) diz que os sinais da TDAH podem estar presentes desde
a pré-escola. Cuidadores e professores podem perceber que a criança tem um
nível de atividade extremamente alto e um período de concentração limitado.
Eles podem comentar que a criança é “muito agitada”, “não consegue ficar
sentada nem por um segundo” ou “parece nunca estar escutando”. Muitas
crianças com TDAH são difíceis de serem disciplinadas, são intolerantes à
frustração e têm dificuldade de relacionamento com os colegas.
8 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

Denney (2001) relata que cerca de 85% a 90% das crianças com TDAH, nos Estados
Unidos, tomam medicação tomam medicação estimulante, como Ritalina e Adderall,
para controlar seu comportamento. No Brasil também houve um aumento exponencial
das crianças que tomam medicações para controle da TDAH. No entanto, nem todas as
crianças com TDAH respondem positivamente aos estimulantes. Um estudo mostrou
que a Ritalina foi menos eficaz com crianças com alto nível de ansiedade, crianças mais
velhas e crianças com sintomas menos graves (GRAY; KAGAN, 2000).

Deficiências físicas
São todas limitações ortopédicas, bem como paralisia cerebral e transtornos
convulsivos, como a epilepsia.
Limitações ortopédicas envolvem restrição ou falta de controle sobre
os movimentos devido a problemas musculares, ósseos ou articulares. As
principais causas são problemas pré-natais ou perinatais, ou podem ocorrer
devido a uma doença ou um acidente sofrido durante a infância.
A paralisia cerebral é um transtorno que envolve falta de coordenação
muscular, tremores ou dificuldade na fala. A causa mais comum da paralisia
cerebral é a falta de oxigenação na ocasião do parto. No tipo de paralisia
cerebral mais comum, a chamada de espasmódica, os músculos das crianças
são rígidos e difíceis de movimentar (MEBERG; BROCH, 2004).

Epilepsia
É um distúrbio neurológico caracterizado por ataques sensório-motores re-
correntes ou movimentos convulsivos. A epilepsia se manifesta de diferentes
maneiras (BARR, 2000): em uma das formas comuns, chamada de ausência,
as crises têm duração de menos de 30 segundos e ocorrem entre dezenas e
centenas de vezes ao dia. Elas ocorrem frequentemente como um breve estupor
(olhar para o nada), às vezes, acompanhado de movimentos motores, como
contração das pálpebras (olhos virados). Em outra forma comum de epilepsia,
chamada de tônico-clônica, a criança primeiro perde a consciência e fica com
o corpo rígido e, depois, treme e contrai-se. A porção mais severa de uma
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crise tônico-clônica dura de três a quatro minutos. Crianças que experimentam


crises convulsivas geralmente são tratadas com uma ou mais medicações
anticonvulsivantes, que costumam ser eficientes na redução da quantidade
de episódios, mas nem sempre em eliminá-los por completo. Quando não são
acometidos por uma crise convulsiva, estudantes com epilepsia apresentam
comportamento normal.

Deficiências sensoriais
Incluem deficiências na recepção de informações por meio dos sentidos, sendo
as auditivas e visuais as que mais influenciam o desenvolvimento escolar
(SANTROCK, 2009).

Deficiências visuais

Alguns estudantes apresentam problemas visuais leves que não foram corrigi-
dos. Se você notar alunos piscando demais, aproximando muito os livros dos
olhos para ler, esfregando os olhos com frequência, reclamando que as coisas
parecem embaçadas ou que as palavras se movem na página, encaminhe-os
para um exame de visão (BOYLES; CONTADINO, 1997).

Deficiência auditiva

Uma deficiência auditiva pode dificultar muito a aprendizagem (ANDERSON;


SHAMES, 2006; GOLDBERG; RICHBURG, 2004). Crianças surdas de
nascença ou que experimentam uma perda significativa de audição nos primei-
ros anos de vida geralmente não desenvolvem fala e linguagem normais. Você
também poderá ter algumas crianças em sua classe com deficiência auditiva
que ainda não foi identificada (WAKE; POULAKIS, 2004).

Transtornos de fala e linguagem

Incluem diversos problemas de fala (como transtornos de articulação, de voz e


de fluência) e de linguagem (dificuldade em receber informações e se expressar).
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Transtornos de articulação

São problemas para pronunciar corretamente as palavras.

Transtornos de voz

As crianças produzem uma fala rouca, muito alta, muito aguda ou muito
grave. Crianças com fenda palatina geralmente apresentam um transtorno
de fala que torna difícil a compreensão do que dizem. Fique atento: Santrock
(2009) aconselha que, ao observar esse transtorno, encaminhe a criança para
um fonoaudiólogo.

Transtornos de fluência

Envolvem o que é comumente chamado de “gagueira” (AMERICAN PSYCHIA-


TRIC ASSOCIATION, 2014). A ansiedade que muitas crianças sentem porque
gaguejam com frequência só piora a condição. É recomendado um tratamento
fonoaudiológico.

Transtornos de linguagem

Incluem uma limitação significativa na linguagem receptiva ou expressiva da


criança. Transtornos de linguagem podem resultar em problemas substanciais
de aprendizagem (ANDERSON; SHAME, 2006). Os transtornos de linguagem
incluem dificuldade para:

 formular perguntas adequadamente para obter a informação desejada;


 seguir orientações verbais;
 acompanhar conversas, especialmente quando são rápidas ou complexas;
 entender e usar palavras corretamente nas frases.

Santrock (2009) esclarece que a linguagem receptiva envolve a recepção


e a compreensão das palavras. Crianças com um transtorno de linguagem
receptiva apresentam uma falha na maneira como recebem informações — a
informação é recebida, mas a criança tem dificuldade em processá-la com
eficiência, o que pode fazer com que ela pareça desinteressada ou distraída.
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Transtorno específico de linguagem (TEL)

Envolve “problemas de desenvolvimento de linguagem que não estão acompa-


nhados de qualquer outra dificuldade física, sensorial ou emocional evidente”.

Transtorno autista (TA)


O autismo é compreendido pelo DSM-V (AMERICAN PSYCHIATRIC AS-
SOCIATION, 2014) como um amplo espectro de características que varia de
leve a severo. Santrock (2009) complementa afirmando que o autismo é um
transtorno severo de desenvolvimento que surge nos primeiros três anos de
vida. Manuais mais antigos entendiam que o espectro severo seria o autismo,
enquanto os níveis mais leves seriam denominados síndrome de Asperger.
Crianças com esses transtornos são caracterizadas por:

 problemas de integração social;


 padrões de comportamento restritos, repetitivos e estereotipados;
 problemas de comunicação verbal e não-verbal;
 comportamentos repetitivos.

Transtornos emocionais e comportamentais


A maioria das pessoas têm problema ou dificuldades emocionais durante a vida.
No entanto, algumas crianças apresentam problemas tão sérios e persistentes
que chegam a ser classificadas como portadoras de algum transtorno emocio-
nal ou comportamental (LANE; GRESHMAN; O’SHAUGH-NESSY, 2002).
Transtornos emocionais e comportamentais consistem em problemas sérios e
persistentes, que envolvem relacionamentos, agressividade, depressão, medos
associados a questões pessoais ou escolares e outras características socioe-
mocionais inadequadas (KAUFFMAN, 2005; AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2014).

Comportamentos agressivos

Algumas crianças são classificadas como tendo um sério transtorno emocional


quando apresentam comportamentos:
12 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

 provocativos e desafiadores;
 agressivos;
 perigosos.

Normalmente, as crianças com esses transtornos são retiradas da sala de


aula. Santrock (2009) conta que a incidência costuma ser maior em meninos
do que em meninas.

Depressão, ansiedade e medos

Algumas crianças interiorizam seus problemas emocionais. A depressão, a


ansiedade e os medos que sentem tornam-se tão intensos e persistentes que sua
capacidade de aprender fica significativamente comprometida (JENSEN, 2005).
Essas crianças têm um padrão de humor negativo, mais sério e prolongado. A
depressão é um tipo de transtorno do humor em que o indivíduo se sente inútil,
acredita que as coisas não vão melhorar e se comporta de maneira letárgica
por um tempo prolongado. Quando crianças mostram esses sinais por duas
semanas ou mais, provavelmente elas estão em depressão. Falta de apetite ou
insônia podem estar associadas à depressão (AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION, 2014).

Maneiras de proporcionar um
ensino inclusivo e de qualidade para alunos
com necessidades especiais
Nesta seção, exploraremos algumas propostas criadas por outros educadores
que poderão ajudá-lo a adequar sua sala de aula de forma a incluir todos os
estudantes da escola. Como as necessidades especiais dos alunos podem
variar muito, dependendo do tipo de dificuldade/transtorno/deficiência, sub-
dividiremos esta parte do capítulo para um melhor entendimento, sendo que
abordaremos atividades para mais bem atender as dificuldades de aprendizagem
(dislexia, disgrafia, discalculia), transtorno de déficit de atenção e hiperatividade
(TDAH), deficiência intelectual e deficiências sensoriais.
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Estratégias úteis para diferentes necessidades

Dificuldade de aprendizagem

Estudantes com dificuldade de aprendizagem conseguem apresentar melhores


resultados quando o ensino é direto, do que quando passam por uma aborda-
gem construtivista. Portanto, Berninger (2006) propõe o uso de “blocos de
linguagem” para ajudar os estudantes em diferentes graus de dificuldade de
aprendizagem, sendo que deve haver um determinado momento do dia em
que as aulas de linguagem devam ser ministradas para diversas classes ao
mesmo tempo. Nesses momentos, ela recomenda que, em pelo menos uma aula
ou seção do nível fundamental médio, seja oferecido um ensino explícito e
intelectualmente envolvente de leitura e escrita que siga as seguintes diretrizes.

a) Conscientização fonológica, ortográfica e morfológica: conscientização


fonológica envolve ser capaz de identificar os sons da palavra e as partes
dela (como as sílabas); conscientização ortográfica é a habilidade de
perceber visualmente as sequências e os padrões das letras impressas
individualmente nas palavras — por exemplo, os estudantes precisam
distinguir entre b e d quando tentam decodificar o texto; conscientização
morfológica envolve ajudar os estudantes a entender o significado das
palavras ao soletrá-las. Essa abordagem é resultado da pesquisa com
imagens do cérebro, mostrando como tal treinamento pode produzir
nele mudanças importantes relacionadas a processos de leitura (RI-
CHARDS et al., 2006).
b) Um conjunto de habilidades que inclui: princípio alfabético (envolve
a capacidade de associar sons a letras e usar esses sons para formar
palavras); famílias de palavras (um grupo de palavras que compartilham
um som comum, como fazenda e emenda); fluência em leitura em voz
alta e silenciosa; escrita automática de letras; fluência composicional
(número de palavras escritas por minuto); anotações; habilidade de
estudo e realização de provas.

Santrock (2009) também cita algumas estratégias que podem ser utilizadas
por educadores nesses casos. Ele explica que é comum que os educadores
inconscientemente acabam excluindo determinadas crianças pelo fato de
demandarem mais tempo para aprender. Por isso, verifique a forma e o tempo
que você está dando aos seus alunos — ele é igual para todos?
14 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

Após essa primeira avaliação interna, você pode tentar adotar as seguintes
estratégias.

 Tenha em mente que existem crianças com mais dificuldades de absor-


verem os conteúdos em sua sala de aula, porém não se esqueça de que
elas conseguem aprender dentro do seu próprio ritmo. Por isso, defina
claramente o objetivo da aula, utilize estratégias visuais e atualizadas
para expor o que você está tentando explicar e certifique-se de que os
estudantes estão entendendo o que você quer dizer. Peça para os alunos
lhe explicarem o conteúdo que acabaram de ver e, caso necessário, volte
e explique de novo, utilizando exemplos mais simples.
 Se a sua sala de aula é diversa, então não faz sentido que todos os estu-
dantes passem por uma mesma avaliação. Portanto, faça adaptações nas
provas e outras atividades avaliativas. No entanto, você não deve “cobrar
menos” dos estudantes com necessidades especiais — o conteúdo da
avaliação em si não precisa ser alterado, mas modificar o ambiente
acadêmico pode facilitar para que as crianças possam demonstrar o
que sabem. As adaptações mais comuns incluem ler instruções para
as crianças, enfatizar palavras importantes e dar mais tempo para a
realização de tarefas.
 Modifique as estratégias avaliativas e de explicação. O ambiente escolar
também deve servir como um dos primeiros ambientes de socialização
das crianças, portanto propor atividades diferenciadas pode estimular a
confiança e melhorar a autoestima dos estudantes. Um exemplo dessa
diferenciação pode ser pedir a um aluno com dislexia que faça um
relatório oral enquanto as outras crianças fazem um relatório escrito.
 Muitos estudantes com dificuldade de aprendizagem têm mais propensão
a ser desorganizados. Verifique se isso acontece com os alunos de sua
turma e tente estimulá-los a organizem os afazeres cotidianos. Isso pode
ser feito por meio de agendas de longo ou curto prazos e demonstrando
tarefas complexas em pequenos passo a passo de tarefas simples.
 Como visto na seção anterior, a maior parte das dificuldades de
aprendizagem se relaciona às habilidades de leitura ou escrita. Dessa
forma, procure trabalhar essas habilidades de maneira mais detalhada
e específica. Crianças com problemas de leitura frequentemente lêem
devagar, portanto precisam ser notificadas com mais antecedência
sobre o material de leitura e utilizar mais tempo para isso em classe.
Necessidades educacionais de alunos com deficiência 15

Muitos alunos com dificuldade de aprendizagem têm problemas na


escrita, portanto podem ser ajudados por ferramentas de correção de
texto fornecidas pelos computadores. Outras ferramentas digitais, como
dicionários online e corretor ortográfico, podem ajudar a fornecer um
ambiente de maior inclusão dentro das instituições de ensino.

Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH)

Santrock (2009) nos fornece algumas boas práticas no caso do ensino de


estudantes que convivem com o TDAH.

 Verifique se a medicação está fazendo efeito no aluno e a qual propósito


ela se vale. Tomar remédios ajuda o aluno a estudar melhor ou a ficar
quieto e não atrapalhar a aula?
 Procure modificar a forma como você constrói as atividades avaliativas
e explicativas, adequando para que cada aluno entenda no seu ritmo.
 Utilize mais exemplos visuais do que verbais.
 Busque informar-se sobre mais ferramentas para ajudar seus alunos
com os professores que tenham experiência com educação especial.
 Verifique se o estudante está entendendo quais objetivos ele deve atingir
e reforce rapidamente quando ele estiver no caminho certo.
 Certifique-se de que sua aula tem uma estrutura organizada e utilize
um direcionamento bem claro. Um ambiente de estudo bem organizado
e estruturado pode ajudar muito as crianças com TDAH.
 Sempre dê exemplos dos conteúdos utilizando situações que acontecem
no cotidiano dos estudantes.
 A internet e os dispositivos eletrônicos, como smartphones, videogames
e computadores, podem ajudar muito na educação de crianças com
TDAH — tente aplicar o conteúdo em forma de jogo.
 Permita que os alunos se levantem e caminhem durante a aula, escla-
recendo que não podem atrapalhar os outros.
 Transforme tarefas complexas, dividindo-as em um passo a passo de
tarefas curtas e simples.
16 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

Deficiência intelectual

 Os educadores devem deixar que os estudantes com deficiência inte-


lectual tenham autonomia e façam as próprias escolhas sempre que
for possível.
 Entenda que as crianças com deficiência intelectual terão maiores
dificuldades de acompanhar determinado conteúdo, portanto, se você
verificar que a criança não está conseguindo acompanhar a atividade,
tente retornar a uma anterior. No entanto, não subestime as capacidades
dos alunos, pois isso pode lentificar seu desenvolvimento — não dê
lições muito avançadas e nem simples demais.
 Contextualize os conteúdos para que todas as crianças possam
compreender.
 Dê exemplos concretos e contextualizados dos conteúdos e simplifique,
se necessário.
 Certifique-se de que os alunos fixaram bem os conteúdos, faça ativida-
des que permitam que repitam os conhecimentos adquiridos.
 Tome cuidado para não fazer comparações, exigir demais ou dar ati-
vidades muito simplórias, pois conviver com alguma deficiência pode
causar diversos traumas em uma criança no seu desenvolvimento escolar.
Respeite o estudante enquanto indivíduo.
 Sempre tenha boas expectativas acerca do desenvolvimento do estu-
dante, entenda a demora no aprendizado de forma tranquila e normal.
 Converse com outros professores que tenham experiência com educação
especial, busque ajuda de psicólogos e outros profissionais da saúde
mental para incrementar seus conhecimentos.
 Rogan, Luecking e Held (2001) aconselham os educadores do nível
médio a estarem atentos às habilidades profissionais dos estudantes.
Incentive as habilidades que você percebe e encaminhe-os para cursos
que os deixem mais preparados para o mercado de trabalho.
Necessidades educacionais de alunos com deficiência 17

Deficiência auditiva

 Procure incentivar a turma a fazer menos barulho e reduza o ruído para


poder ser compreendido.
 Não fale muito rápido ou muito devagar — procure manter o seu ritmo
normal.
 Procure sempre ficar de frente para o estudante ou posicioná-lo para
que fique de frente para você — essa forma facilitará a compreensão
do que está dizendo.
 Procure ter uma boa dicção e falar as palavras completamente — gritar
atrapalha mais do que ajuda.
 Procure atualizar-se, faça um curso de LIBRAS (língua brasileira de
sinais), se necessário, incentive os colegas da turma a também apren-
derem a se comunicar dessa forma.

A seguir, estão algumas estratégias para auxiliar estudantes com transtorno


de linguagem receptiva:

 Use uma abordagem de aprendizagem multissensorial em vez de apenas


uma abordagem oral. Suplemente a informação oral com materiais ou
orientações por escrito.
 Monitore a velocidade com que você apresenta as informações. Diminua
o ritmo ou volte e confirme com as crianças se elas entenderam.
 Dê à criança algum tempo para responder, de 10 a 15 segundos.
 Dê exemplos concretos, específicos, para conceitos abstratos.

A seguir, estão algumas estratégias para auxiliar estudantes com transtorno


de linguagem expressiva oral:

 Dê à criança algum tempo para responder.


 Considere que a criança tem dificuldade em responder através da fala,
portanto considere pedir a ela que faça um trabalho escrito em vez de
uma apresentação oral.
 Ofereça opções ou dê uma dica para a criança, pronunciando o som
inicial no caso de problemas de encontrar palavras.
 Forneça as perguntas que serão feitas para a criança algum tempo antes.
Dessa forma, ela pode preparar uma resposta adequada.
18 Necessidades educacionais de alunos com deficiência

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos


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