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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE PENÁPOLIS

Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Penápolis

Alessandra Aparecida Madeira

Carlos Eduardo Rocha Laureti

Fernanda Domingues Alves Luna

Suelen Regina Leite Martins

Thuane Oliveira Prior

Penápolis
Março/2020
O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E O RESPEITO ÀS REGRAS.

Segundo o Relatório Mundial sobre a Deficiência (2012), a deficiência


intelectual é considerada como um estado de desenvolvimento incompleto ou
estagnado, resultando em dificuldades no processo de aprendizagem, de entendimento,
nos aspectos mnemônicos e no uso de recursos aprendidos frente a situações do
cotidiano. As causas são associadas a uma variedade de fatores, que vão desde
condições sindrômicas, lesões cerebrais, enfermidades que provocam alterações de
âmbito físico, sensorial e/ou neurológico, dentre outros. Todo esse conjunto de
situações tem como fator resultante comum disfunções cognitivas e de linguagem,
resultando em dificuldades nos processos de comunicação e aprendizagem.

"A deficiência intelectual não é considerada uma doença ou um transtorno


psiquiátrico, e sim um ou mais fatores que causam prejuízo das funções
cognitivas que acompanham o desenvolvimento diferente do cérebro".
(HONORA & FRIZANCO, 2008, p. 103)

Para que a aprendizagem possa acontecer de forma consolidada, é necessário


que essas aprendizagens sejam realizadas levando em conta as habilidades do estudante,
onde valorizamos suas potencialidades, fazendo as adaptações curriculares e didáticas
necessárias. A aprendizagem deve ser significativa para o estudante.
Para Piaget, o jogo oferece uma grande contribuição para o desenvolvimento
cognitivo, dando acesso a mais informações e tornando mais rico o conteúdo do
pensamento infantil. O jogo infantil propicia a prática do intelecto, já que utiliza a
análise, a observação, a atenção, a imaginação, o vocabulário, a linguagem e outras
dimensões próprias do ser humano.
Piaget demonstrou que as atividades lúdicas sensibilizam, socializam e
conscientizam, destacando a importância de aplicá-las nas diferentes fases da
aprendizagem escolar.
PIAGET (1975) valoriza a prática lúdica para que o desenvolvimento infantil
seja harmonioso, pois tal atividade propicia a expressão do imaginário, a aquisição de
regras e a apropriação do conhecimento.
Vejamos:
-Jogos de regras: são praticados a partir dos 7 anos de idade. A regra é o elemento
principal deste tipo de jogo, que surge da organização coletiva das atividades lúdicas e
são indispensáveis para o desenvolvimento moral, cognitivo, social, político e
emocional. Há dois tipos de regras nesse jogo: as regras transmitidas, mantidas em
sucessivas gerações (bolinha de gude, amarelinha), e as regras espontâneas: contratual e
momentânea, propostas pelas próprias crianças.

Brincadeira: Pular amarelinha

Sabemos que a limitação motora é uma característica importante no


desenvolvimento das crianças com deficiência intelectual, e a brincadeira amarelinha é
um dos recursos lúdicos em que podemos trabalhar de forma a respeitar o ritmo e
coordenação da criança proporcionando avanços e desafios conforme forem evoluindo.
A amarelinha é de origem francesa e foi trazida ao Brasil pelos portugueses.
Rapidamente se tornou popular pelo fato de poder ser jogada em praticamente todos os
lugares. As linhas podem ser desenhadas com giz ou com um graveto no chão, no
entanto, hoje já encontramos tapetes de amarelinhas para serem comprados, dando um
aspecto mais moderno a este jogo.
REGRAS
*Cada jogador precisa de uma pedrinha.
*Quem for começar, joga a pedrinha na casa marcada com o número 1 e começa a pular
de casa em casa, partindo da casa 2 até o "céu".
*Só pode colocar um pé em cada casa de cada vez. Quando há uma casa ao lado da
outra, os dois pés podem ficar no chão.
*Quando chegar ao "céu", o jogador vira e volta pulando da mesma maneira, pegando a
pedrinha quando estiver na casa 2 (sem colocar o pé no chão).

Perde a vez quem:


*Pisar nas linhas do jogo.
*Pisar na casa onde está a pedrinha.
*Não acertar a pedrinha na casa onde ela deve cair.
*Não conseguir (ou esquecer) de pegar a pedrinha na volta.

Ganha quem: pular todas as casas primeiro.


A amarelinha possui outras variações, principalmente no que se refere a seu
formato. Além de receber outros nomes em várias regiões do Brasil, como por exemplo:
academia, maré, sapata, avião ou macaca.

No jogo da amarelinha, podemos desenvolver nas crianças:


Capacidade de pular em um pé só, indica o aperfeiçoamento da coordenação motora, do
equilíbrio e do desenvolvimento cognitivo;

1- Controle corporal;
2- Ritmo corporal;
3- Força muscular;
4- Equilíbrio;
5- Noção de espaço;
6- Coordenação óculo-manual;
7- Coordenação motora fina;
8- Sequência e Senso de prioridade;
9- Desenvolvimento social.

Podemos trabalhar de diferentes maneiras a amarelinha.

Tradicional: Comece jogando a “pedrinha” no 1° quadrado sem tocar nas bordas ou


quicar para fora. Se a sua pedrinha não cair dentro deste quadrado, você perde a vez e
passa para a pessoa seguinte. Mas se acertar vá para o próximo passo. Pule os
quadrados, passando por aquele que tem a pedrinha da seguinte maneira: um pé só para
quadrado sozinho e dois pés para quadrado duplo. Pule até o n° 10 e pegue sua pedrinha
quando estiver voltando.
Associações musicais: Em cada quadradinho o professor coloca um tipo de instrumento
musical. A criança deve pisar somente nos desenhos que emitem o som que escuta.
Com canções infantis, escolhe duas canções e a criança só pode pisar quando a música
tocar. Podemos variar com um pé, dois, colocando a mão no chão...

Mude o formato da amarelinha: Deixe-a circular com os números desenhados em


espiral, ou desenhe-a em formato de retângulo, triângulo ou fogos de artifício!É mais
fácil começar pelo centro e ir desenhando para fora. Assim você poderá fazer os
quadrados do tamanho que quiser, em vez de terminar com o último deles em tamanho
microscópico!

Varie o tamanho e o formato dos quadrados: Faça alguns menores, para que as
crianças tenham que pular na ponta dos pés. Você pode até fazer um em formato de
sapato, para controlar a direção do pé da criança.

Transforme alguns quadrados em ilhas: Assim, a criança vai precisar pular por cima
de uma distância maior para chegar até ele.

Estabeleça um limite de tempo: Crie um jogo de “amarelinha com velocidade”. A


criança tem um tempo determinado para completar o jogo, senão perderá a vez. Você
também pode transformar a brincadeira em uma corrida!

BOLICHE
“Os PCN’S apontam para essa perspectiva, indicando a presença de jogos na atividade
escolar: “Para crianças pequenas, os jogos são as ações que elas repetem
sistematicamente, mas, que possuem um sentido funcional (jogos de exercício).Isto é,
são fonte de significados e, portanto, possibilitam compreensão, geram satisfação,
formam hábitos que se estruturam num sistema. Essa repetição funcional, também deve
estar presente na atividade escolar, pois, é importante no sentido de ajudar a criança a
perceber regularidades.” Nesta situação, o jogo de boliche é um grande exercício, ou
seja, exige muitas habilidades tanto cognitivas quanto motoras de qualquer indivíduo
apto a jogar."

REGRAS
*Colocar os pinos em “V”;
*Esperar a vez;
*Ficar em filas;
*Começa quem tirar mais no dado;
*Depois que jogar preencher a tabela, e ir para o final da fila;
*Se descumprir as regras do jogo e da sala, vai para o final da fila;
*Terá três chances para acertar os pinos.

DOMINÓ

Você pode criar um dominó que tenha os tradicionais pontinhos em alto-relevo (faça
isso com tinta plástica ou botões, por exemplo).
Em uma variação, use cores e texturas diferentes, que precisam ser combinadas (lixa,
botões, purpurina, borracha...). As peças podem ter figuras coloridas, que chamam a
atenção de crianças com deficiência intelectual e permitem a participação de quem
ainda está aprendendo as letras e os números.
Usando essas mesmas dicas, você pode fazer um superdominó, com caixas de leite
longa vida ou de sabão em pó.
TRILHA
O Jogo Trilha é um jogo tradicional de tabuleiro, considerado desafiante em relação aos
estímulos no raciocínio lógico e nas habilidades manipulativas de motricidade refinada,
entre outras finalidades.

REGRAS
* Colocar 3 peças em linha reta, formando uma Trilha para capturar as peças do
adversário;
* Bloquear a movimentação do adversário.
É um jogo com regras de fácil compreensão, porém exige mais atenção e concentração
do jogador para atingir os objetivos propostos.
VÔLEI SENTADO

“Por meio do voleibol sentado, podem ser exploradas diferentes possibilidades,


utilizando diversas estratégias de ensino-aprendizagem, na busca do desenvolvimento
dos mais variados aspectos, sejam eles lúdicos, sociais, culturais, e ainda abordar os
aspectos táticos, técnicos e físicos do esporte, respeitando uma perspectiva pedagógica.”

REGRAS
*Pode ser jogado por jogadores amputados, paralisados cerebrais, lesionados na coluna
vertebral ou com outros tipos de deficiência locomotora;
*Não é permitido bater na bola sem estar sentado;
*É permitido o bloqueio de saque.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação


Fundamental.– Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC/SEF,
1997.

DIAS, L. P. A construção do conhecimento em crianças com dificuldades em


matemática, utilizando o Jogo de Regras Mancala. Dissertação (Mestrado em
Educação)– Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
SP, 2009.

GRANDO, Regina Célia. O jogo e a matemática no contexto da sala de aula – São


Paulo: Paulus, 2004. – (Coleção pedagogia e educação).

KISHIMOTO, T. M. O brincar e suas teorias. São Paulo: Pioneiro Thompson Learning,


2002.

KOOGAN, A.; HOUAISS, A. (Ed.). Enciclopédia e dicionário ilustrado. São Paulo:


Editora Delta, 1994.

MATTA, Eloana Conceição Cucolo da; FREITAS, Maria de Socorro Tavares de;
MORAES, Roberto.– Jogos, brinquedos e brincadeiras: como metodologia para o
ensino aprendizagem.

MIRON, Edison Martins. From pedagogy of the game to sitting volleyball: inclusive
possibilities for physical education at elementary school. 2011. 340 f. Tese (Doutorado
em Ciências Humanas) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2011.

Referências: OMO, Blog. Brincando de amarelinha: conheça a história. 2011.


Disponível em: <http://www.omo.com.br/porque-se-sujar/brincando-de-amarelinha-
conheca-a-historia> Acesso em 18 mar. 2021.

Santos, T., Seabra Junior, M., & Rodrigues, V. (2020). Adaptação do jogo trilha no
desempenho das habilidades manipulativas de uma estudante com paralisia cerebral.
Revista Educação Especial, 33, e27/ 1-27. doi:https://doi.org/10.5902/1984686X44023

SMOLE, Kátia Stocco, DINIZ, Maria Ignez e CANDIDO, Patrícia (org.).– Brincadeiras
Infantis nas aulas de Matemática. Coleção matemática de 0 a 6 anos. Porto Alegre:
Artmed, 2000.

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