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Este é o livro! - foi esta a primeira frase, que me surgiu após a sua
leitura. Talvez tenha sido contagiante o entusiasmo e
autenticidade, que o autor coloca na sua escrita. É o livro e não
mais um livro, porque trata de um tema candente – o despertar
da Consciencia. Esta é entendida como conhecimento, em sentido
amplo - ético, ecológico, autoconhecimento e transcendente –
obtido de modo expeiencial. É o retomar de uma sabedoria, que o
renascetista Duarte Pacheco Pereira condensou numa frase – “a
experiencia é a mãe de todas as coisas”. Na verdade, o autor não
se limita às referências científicas actualizadas e outras
curiosidades históricas relacionadas com os temas abordados,
mas insere críticas e conselhos, que advêm das suas vivências
experienciais.
Como o título indica, trata-se de ampliar o estado de consciência
vigil ordinária, para outros, de vigília diferenciada, induzidos por
plantas, psicadélicos, som e meditação. A designação original,
Estados Alterados de Consciencia, vem dos anos 60, nascida na
Universidade de Berkeley, USA, em que no auge do movimento
Hyppie se consumiam vários produtos derivados de plantas, em
quantidade exagerada , que levavam a estados confusionais e daí
a designação de “Alterados”. Esta designação ainda se mantém na
literatura anglo-saxónica – “Altered States of Consciousness”. Na
literatura mais recente já surge como Estados Modificados de
Consciencia e, recentemente, surgiu a designação de NOSC – “Non
Ordinary States of Consciousness”, para os diferenciar da vigília
“ordinária”, sono e sonho, todos eles fisiológicos.
As características gerais, comuns, destes estados ampliados de
consciencia (EAC) são: a inespecificidade etiológica da sua indução
(daí o subtítulo do livro), o seu uso histórico e multicultural,
domínio de um estado de repouso, domínio da recepção de
estímulos de fontes internas (corporais ou de conteúdos de
memória, imaginação considerável, estado passivo de actividade
mental com domínio da contemplação sobre a acção. De um
ponto de vista psicológico apresentam, em comum, outras
caracteristicas: fenomenologias característica, compreensíveis e
verbalizáveis, que ocorrem raramente durante o estado de vigília
normal, geralmente têm uma duração de minutos ou horas, o que
os diferencia de doenças psiquiátricas, são habitualmente
induzidos, mas também podem ocorrer espontaneamente e não
resultam de doença ou adversidade social. Por outro lado só serão
considerados patológicos se: ocorrem sem ser desejados,
adquirem uma forma dominante na vida quotidiana, evitam
soluções adequadas ao dia a dia (por exemplo, dependências) e
quando na sua vivência não há estruturas cognitivas ou sociais
para lidar com os EAC.
A introdução que o autor escreve, quase dispensaria o meu
prefácio, de tal modo reflecte o conhecimento de experiencia
feito, bem como as suas cogitações sobre “como cheguei aqui” e o
sentido da escrita deste livro, na sua vida. Deixa-nos uma frase
que raramente se ouve: “não acreditem em mim, ou no que
lêem”, propondo o estudo e a experiência ou vivência. Após, se
construiria um sistema de conhecimento, que seria confirmado ou
regeitado, tendo em conta o que Jung propunha como
instrumentos de “avaliação” da “nossa verdade” e que são
conaturais ao humano: a razão, emoção, sensação e a intuição.
Foi com estes que o autor deu sentido à elaboração deste livro.
Este seria o que procurou em muitas livrarias anos a fio para sua
ilustração. Recordo, a este propósito, o que disse Spielberg acerca
dos filmes que dirigiu: “faço os filmes, que gostaria que tivessem
feito para mim, quando era jovem”. Para isso, reconhece, que foi
a “cobaia predilecta” para testes, iniciados na infancia e, ao que
parece, aceitou , de livre vontade, como adulto, para obter o
conhecimento, objecto deste livro – o Despertar para a
Transcendência. Logo faz recordar um outro livro de grande
sucesso, de Powels e Bergier, com o título insinuante “O
Despertar dos Mágicos”.
Que há de novo neste livro? Sobretudo a vivência pessoal e
experiencial, o acervo de informação actual recolhida e que se
encontrava dispersa, os aspectos reflexivos e críticos sobre o uso
dos “instrumentos” tratados no livro. É uma consequência natural
da sua trajectória evolutiva.
O livro começa de modo impactante com uma descrição de um
participante, que toma parte numa cerimónia xamânica de
ayahuasca.
No primeiro capítulo – a curiosidade do aprendiz – leva-nos ao
conhecimento dos EAC, nos seus aspectos fisiológicos, endócrinos
bem como ao consumo de plantas psicadélicas ou enteógenas
(“que despertam o divino no interior”) no país e no Mundo,
referindo-se ainda aos aspectos legais. Acerca destes, discute, de
modo crítico e abrangente, os critérios científicos que sustentam a
classificação de drogas ilícitas e que são a sua base para o
enquadramento legal.
Tocarei, ao de leve, um ou outro aspecto referido em cada
capitulo, para aliciar o leitor...
É o mote para iniciar com duas substancias legais, derivadas de
plantas, que alteram a consciencia e que podem ter efeitos
nocivos na saúde – o álcool e o tabaco. Se é fácil admitir que
através do alcool se pode entrar em contacto com o mundo dos
espíritos (álcool em alemão, traduz-se por “spiritus” ) já com o
tabaco não é tão credivel. O autor demonstra essa possibilidade.
Outras substancias legais, também derivadas de plantas, como a
cafeína, cacau e chá são tratadas, de modo abrangente, tal como
as anteriores, nos aspectos históricos, do consumo, legais, usos
terapeuticos e medicinais e na expansão da consciencia. Como
curiosidade, referida pelo autor, a cafeína é a substancia psico
activa mais usada no Mundo e a mais comercializada a seguir ao
petróleo. O chá e a cafeina são as substancias mais antigas
conhecidas com uso medicinal e fica-se a saber, curiosamente,
que o único local onde se produz, em Portugal, é em São Miguel
nos Açores - o Chá Gorreana - é a mais antiga e, neste momento, a
única plantação de chá da Europa.
Sobre a Cannabis (THC), depois de uma “diabolização” do seu
consumo, fala-se sobre a sua forma legal – o cannabidiol (CBD) –
com múltiplas aplicações médicas, bem explicitadas no capítulo.
Mesmo o consumo do THC encontra-se descriminalizado em
Portugal. Curioso é referir, que o a Cannabis era utilizada , no
tempo das Navegações, para produzir cordas e velame.
A Coca faz parte do imaginário comum ligado a uma marca de
refrigerantes. Convido o leitor a ler sobre essas conotações. Se
hoje se encontra nas tabelas de estupefacientes da classe 1,
proibidos, continua a usar-se, tradicionalmente, nos Andes, sob a
forma de folhas verdes mascadas, ou bebida como chá, para
melhor suportar as alturas. Na realidade, os problemas
começaram quando passou a ser sintetizada e comercializada
levando a problemas vários de dependência.
Ayahuasca – na realidade é composta de duas plantas:Psychotria
viridis e Banisteriopsis caapi. São, respectivamente um arbusto
(folhas) e um cipó. Conhecida como “vinho dos mortos”, pois
facilita contactos com o mundo espiritual e experiências de quase
morte. Aconselho vivamente a leitura deste capítulo, pois cada
vez mais se tem vindo a difundir o seu uso na Europa e também o
seu estudo para uso em depressões resistentes à terapeutica e
dependências químicas entre outras indicações. Fica já o aviso,
que são verdadeiramente poucos os que dizem que esta bebida é
um momento de prazer. Não é consumida por diversão mas para
obter respostas, para conhecer os desafios que enfrentam, para
aprenderem sobre coisas que os podem afectar. Então é como se
fosse na verdade um ritual de cura.
A Iboga, planta do jardim do éden, é praticamente desconhecida
no nosso país. Tem as suas indicações principais no tratamento de
tioxicodependências, mas é também um potente enteógeno.
A Kava, apesar de ter propriedades ansiolíticas e provocando um
sentimento de comunhão com a natureza, é talvez mais conhecida
entre nós pelo seu potencial afrodisíaco.
Bufo Alvarius - Outro psicadélico, que poucas pessoas conhecem.
É a utilização de uma substância que existe na pele do sapo do
deserto de Sonora no Colorado. Actua rapidamente e provoca
uma sensação de estar fora do tempo e do espaço, sentimento de
unidade do universo, estados muitas vezes referidos por místicos
na Europa. Leia-se, com atenção, este capítulo, dados os seus
efeitos, se se pensar em fazer uma experiencia!
Cogumelos Amanita – a sua imagem icónica é de um chapéuzinho
vermelho com pintas brancas e pé branco. Como o autor refere, o
uso recreativo sem qualquer acompanhamento é fortemente
desaconselhado dado o estado de consciência em que se entra
LSD – um potente alcaloide resultante de um fungo do grão de
centeio. Começa, de novo, a ser usado, experimentalmente no
acompanhamento de doentes terminais ou com formas de cancro
grave para a melhor aceitação da sua doença. Entre a excelente
informaçã sobre o LSD, aponto uma curiosidade: foi também
tomado pelos Beatles e uma canção posta a circular na altura-
Lucy in the Sky with Diamonds – traduzia as letras iniciais da sigla
LSD. De novo recomendo ler com atenção este capítulo, se houver
vontade de fazer uma experiência.
Mescalina - presente nos cactos Peiote e San Pedro. Talvez mais
conhecida através da obra “Portas da Percepção” de Aldous
Huxley bem como músicos como os Doors, cujo nome foi
inspirado neste romance ou ainda os livros de Carlos Castañeda.
São potentes alucinogénios e deve também ser tomados em
contexto de acompanhamento antes e depois da sua ingestão.
Psylocibina –cogumelos psylocibe. É produzida por cogumelos
chamados cogumelos mágicos. Uma parte triste é o conhecimento
que muitas mulheres foram condenadas à fogueira, pela
inquisição, pois confessaram usar este cogumelo para terem
visões e ou viajar “ a cavalo numa vassoura, no sabath, para se
encontrarem com belzebu”.
MDMA ou ecstasy – psicadélico sintético, produz um efeito
socializador,mas tambem tem havido estudos para a sua aplicação
em autistas, anorexia nervosa e compulsão alimentar.
Frequentemente usado em rave parties, frequentemente
adulterado.
Num excurso para além dos enteógenos, o autor brinda-nos com
um parágrafo sobre som, frequência e vibração, orientado para a
criatividade artistica como também um caminho para a divindade
do homem. Fala-nos de tambores, gongos e chocalhos, taças
tibetanas e instrumentos musicais. Não esquece as batidas
bineurais, às quais se pode aceder na net. LembraoOs festivais de
cultura visionária, como por exemplo, o Boom em Portugal.
E, por fim a meditação sobre a qual discursa de modo sabedor,
nas suas diferentes formas e não esquecendo referências à
respiração!
Antes de finalizar, realço algumas advertências, que o autor faz e
com as quais concordo.
Cuidado com a informação, que circula na net pois muita é falsa,
inclusive alguns relatos de experiência. Recomenda, que saiba
bem com quem se vai fazer avivência, o seu background, o local
(setting) bem como o estado interior (set), que o motiva. A
experiência deve ser feita com um acompanhante (sitter), que
pode ser o próprio xamã ou uma pessoa, que não tome a
substância, que esteja atento ao que se passa, que conhece bem
as doses e a substância e, eventualmente, ter alguém, a posteriori,
para intergrar alguns dos conteudos, na sua vida quotidiana. É
bom saber que a nível psicológico surgem atribuições de
significados e causalidades inesperadas e estar atento pois nem
sempre vem daí a chamada de verdade tipo “Oráculo de Deus”.
Finalmente, como escreve o autor, talvez seja necessário uma boa
dose de loucura e coragem.
Trata-se de uma obra titânica! Uma conjugação harmoniosa entre
ciência, experiência e espiritualidade. O leitor nunca mais vai olhar
ou falar de plantas psicadélicas e EAC da mesma maneira. Será o
livro de referência futura, em Portugal, sempre que se abordem
os temas sobre despertar da consciência e plantas psicadélicas.
O autor, naturalmente, deixa-nos com água na boca quando
refere, no final, que outros temas irão ser tratados, em livro
futuro, dando como exemplo a Ketamina, ou também ainda
outros estados de consciência atingidos pela prática tântrica
sexual, técnicas respiratórias, a dança ou, simplesmente (ou não!),
o Silêncio. O fio condutor mantém-se: perspectiva de atingir a
iluminação ou de uma evolução espiritual, deixando vir ao de cima
o melhor de cada um.
Aguardamos com grande expectativa!
a mescalina Talvez mais difundida por alguns é que sei sobre tudo
com a obra as portas aos portões da percepção ou ainda como
artistas com os Doors difundiram Monte MC Carolina e mais tarde
Até livros clássicos Como editados por Carlos Castanheira
trouxeram esta referência mês a mês que vem sobre tudo de um
cacto Mas não só disse cacto Olá fora biliares Sim mas também o
São Pedro são potentes alucinogénios deve também ser tomados
em contexto de acompanhamento antes e depois da sua ingestão
hoje terapêutico e medicinal pois pode ter um efeito afrodisíaco
ou psicadélico dependendo da dosagem não é frequente este uso
na Europa Salvo na sua utilização do São Pedro podes ir buscar é
Um obra titânica.
pois a pratica regularmente e há muito