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2. MÉTODOS E
TÉCNICAS DE ANÁLISE
REGIONAL
1º Ciclo em Ciências Empresariais
Docente: Anderson Galvão (arg@estg.ipp.pt)
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Os sistemas económicos são entidades dinâmicas e a natureza e consequência das mudanças que ocorrem nestes
sistemas são de importância considerável. Tais mudanças afetam o bem-estar dos indivíduos, cuja reação pode ser
passiva ou ativa.
Neste contexto, a economia regional ou “espacial” pode ser sumariada na questão:
“O que está onde, porquê – e qual é o problema?”
• O primeiro "quê“ refere-se a todo o tipo de atividade económica: não só a empresas de produção, mas
também a outros tipos de atividades: comércio, habitação e instituições públicas e privadas.
• O "onde“ refere-se à localização em relação a outra atividade económica; envolve questões de proximidade,
concentração, dispersão, e similaridade e disparidade de padrões espaciais. Pode ser discutido em termos
alargados, tais como regiões, ou micro geograficamente, em termos de zonas, vizinhança.
• O "porquê – e qual é o problema“ refere-se às interpretações dentro dos limites (de algum modo) elásticos da
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competência e preocupação do economista.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
A análise económica tradicional supõe que todos os agentes e bens estejam reunidos num ponto único,
para que as leis sejam válidas.
Os economistas da escola clássica e neoclássica ignoram o espaço e identificam uma tripla ausência do
espaço no desenvolvimento da economia:
- Na teoria do produtor: a localização do produtor não é definida, vende produtos a clientes sem localização
definida e na sua função de produção combina fatores não localizados;
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
No entanto, o espaço enquanto superfície tem a caraterística da exclusão (quando um agente económico
utiliza uma quantidade de solo ou espaço construído, o outro não o poderá fazer):
Ocupação de espaço → definição de localização → criação de uma posição relativa face aos demais
agentes económicos → geração de efeitos de proximidade e afastamento.
A concorrência pelo uso do solo gera um mercado de uso do solo com impacto sobre aumento e diminuição
do seu preço.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
A ciência regional é portanto um dos ramos mais recentes das ciências sociais e económicas. O seu
nascimento ficou a dever-se aos numerosos problemas que não podiam ser adequadamente tratados com
os métodos tradicionais dos ramos científicos já existentes.(…)
Trata-se de uma disciplina cruzamento — onde muitos passam, mas poucos param — situada na
encruzilhada das ciências económicas, da geografia, da sociologia, das ciências políticas, do direito, do
urbanismo e mesmo da antropologia.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
i) Espaço enquanto espaço geográfico ou físico: considera que o espaço constitui um suporte da
atividade económica, um continente onde a localização dos agentes económicos é explicada em termos de
racionalidade económica, isto é, o espaço possui um conjunto de caraterísticas que diferenciam o lugar
(exemplos: solo, clima, relevo, ...)
ii) Espaço económico enquanto espaço abstrato que possibilita a formalização matemática de
relações económicas espacializadas: considera o espaço abstrato a “n” dimensões definido por um
conjunto de relações económicas que se estabelecem entre os elementos económicos que o integram.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Não se desenvolvendo as atividades económicas de forma uniforme no espaço, resultam daí diferentes
padrões de localização dessas atividades, bem como caraterísticas diferenciadas das estruturas produtivas
das unidades territoriais (UT) que integram o espaço em análise.
Trata-se de medidas de natureza descritiva que permitem caraterizar as várias atividades consideradas na
análise, do ponto de vista do seu nível de localização/concentração espacial, e as diferentes UT, do ponto
de vista do nível de especialização/diversificação das suas estruturas produtivas.
• Ou, a partir de uma análise comparativa de duas distribuições, referidas ou não à mesma variável –
indicadores de localização/especialização relativos. 9
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Por fim, dado que as diferentes UT consideradas na análise não têm em geral a mesma dimensão e para
que a sua diferente dimensão não influencie os resultados, os indicadores deverão ser calculados em
frequência relativa. 10
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Seja uma variável x, usada para medir o fenómeno em estudo, e relativamente à qual se dispõe dos
valores observados, desagregados por setor de atividade e por unidade territorial. Designe-se por:
x
i =1
ik
= x k → Valor total da variável x para o setor k;
x =x i
k =1
ik → Valor total da variável x na unidade espacial i;
I k
x = x ik
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→ valor global da variável x, isto é, o valor registado em todos os K setores e todas as I unidades espaciais.
i =1 k =1
k 1 … k … K K
x ik
= x i
I k =1 Matriz de informação
x ik
= xk X1 … Xk … x k X I k
x = x
i =1
ik
i =1 k =1
Depois de obtida a matriz inicial, há que transformar os
dados originais com vista a obter as distribuições de
Coluna k – vetor coluna com a distribuição
frequência relativa necessárias ao cálculo das medidas de
localização e/ou de especialização. espacial da variável x no setor k 12
(ex.: distribuição espacial do emprego no setor k)
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização:
São obtidos a partir da matriz de frequências relativas da distribuição espacial da variável x por setores de
atividade.
Quando se compara as caraterísticas da distribuição espacial da variável x para cada setor de atividade k,
com as caraterísticas da distribuição espacial de uma variável de referência, obtêm-se indicadores relativos
de localização.
Estes podem ser obtidos através dos quocientes ou do cálculo de desvios.
De entre os indicadores deste tipo apresentam-se os quatro mais frequentemente utilizados em análise
regional:
1. O quociente de localização;
2. O coeficiente de localização;
3. O Índice de Herfindahl;
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4. O índice de entropia.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização: x ik
QL = x k
, QLik ≥ 0
1. Quociente de localização:
ik
x i
x
Se QLik > 1 o setor k está relativamente concentrado na UT i, no sentido em que a UT detém no setor k uma importância
mais do que proporcional à que possui no espaço de referência; diz-se então que o setor k está sobre representado na UT i.
Se QLik < 1 o setor k não está relativamente concentrado na UT i, no sentido em que a UT detém no setor k uma importância
relativa inferior à que detém no espaço referência.
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Se QLik = 1 então a importância relativa da UT i no setor k é igual à que aquela UT detém no agregado.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização:
1 I x x
2. Coeficiente de localização:
CLk = 2 ik
− i
, CLk E [0,1[
i =1 x k
x
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização:
2. Coeficiente de localização:
Os limites de variação do coeficiente de localização situam-se entre 0 e 1.
• O valor mínimo, zero, ocorre quando o padrão de localização da atividade k é exatamente igual ao do modelo de
referência, o que indica que a atividade k não evidencia qualquer padrão de localização específico em relação ao modelo
de referência, e nesse sentido, existe ausência de concentração relativa desta atividade no espaço em análise;
• O valor máximo tende para 1, situação que ocorrerá, por exemplo, quando a atividade k se encontra localizada numa
única UT i a qual possui uma expressão reduzida no agregado de referência.
Obtém-se a partir do cálculo da semi-soma do módulo dos desvios entre a distribuição espacial do setor k e
a distribuição espacial do agregado de referência.
Em suma, quanto mais elevado o valor do CL, tanto mais o padrão de distribuição espacial da atividade k
se afasta do conjunto das atividades, e nesse sentido, a atividade k está relativamente concentrada no16
espaço.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização: 2
xik
I
H =
k
, Hk E [1/I, 1]
xk
3. Índice de Herfindahl: i =1
O índice de Herfindahl é calculado a partir da agregação, para o conjunto das UTs consideradas na análise,
do quadrado do contributo de cada UT i no setor de atividade k.
O seu limite inferior, que depende do número total de UTs consideradas na análise, corresponde a
uma situação de concentração espacial mínima do setor, isto é, o setor encontra-se igualmente
distribuído pelo conjunto das I UTs consideradas.
O limite superior do Índice corresponde à situação de máxima concentração espacial, a qual se
obtém quando o setor k está presente numa única das I UTs em estudo.
Note-se que, ao elevar ao quadrado o contributo de cada UT i para o setor k, se associa a cada UT uma
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ponderação (xik/xk) que corresponde ao seu peso relativo no setor em questão.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização:
I xik x
E k = − log x
ik , Ek E [0, log I]
xk
4. Índice de Entropia: i =1 k
Neste Índice a importância relativa de cada UT no setor é ponderada pelo respetivo logaritmo, pelo que o
índice de entropia é menos sensível à presença de UTs com forte representação no setor do que o Índice
de Herfindahl.
• O limite inferior do intervalo de variação do índice ocorre quando o setor está localizado numa única
UT, exprimindo a situação de máxima concentração.
• O limite superior corresponde à situação em que todas as UTs têm o mesmo peso no setor k, ou seja,
o setor encontra-se uniformemente distribuído no espaço.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de localização:
É possível normalizar os valores do Índice de Entropia a fim de obter um indicador que seja crescente com
o nível de concentração e cujo intervalo de variação se situe entre 0 e 1. Para o efeito dever-se-á utilizar a
seguinte transformação:
LogI − E k
• Entropia normalizada: E' k
=
LogI
Esta transformação tem ainda a vantagem de tornar equivalente o significado do limite inferior e superior
dos índices de entropia e de Herfindahl, já que ambos são agora crescentes com o nível de concentração
espacial da atividade k.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Exercício prático:
Com vista a ilustrar os indicadores estudados, apresenta- Região Região Região Região TOTAL
Setores
Alfa Beta Gama Delta (País)
se o seguinte exemplo de aplicação.
1 1440 320 2750 1750 6260
A seguinte matriz de informação contem a distribuição do
2 0 340 0 0 340
emprego por setores de atividade (k) e por regiões (i) num
3 2800 300 8250 21000 32350
dado país, tomado também como espaço de referência na 4 800 280 5500 3500 10080
análise da localização das atividades e da especialização 5 400 360 5500 3500 9760
das regiões. 6 2560 400 33000 5250 41210
Em que:
Setor 1 – Agricultura, silvicultura e pesca; TOTAL 8000 2000 55000 35000 100000
Setor 2 – Indústrias extrativas;
Setor 3 – Indústrias transformadoras;
Setor 4 – Construção civil e obras públicas;
Setor 5 – Eletricidade, gás e água; 20
Setor 6 – Serviços.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Primeiro passo (recomendado) calcular o peso relativo da UT i no valor total da variável x para o setor k:
x ik
Setores Região Alfa Região Beta Região Gama Região Delta TOTAL (País)
Segundo passo calcular o peso relativo dessa mesma UT para o agregado de referência :
x 21
i
x 0,08 0,02 0,55 0,35 100%
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Exercício prático:
QUOCIENTE de localização
CL - Coeficiente de Hk - Índice de Ek - Índice E‘k - Entropia
Sectores Região Alfa Região Beta Região Gama Região Delta
Localização Herfindahl de Entropia normalizada
1 2,88 2,56 0,80 0,80 0,181 0,327 0,525 0,129
Se o objetivo da análise for o de examinar o padrão de localização de cada setor, comparativamente ao que
é evidenciado pelo conjunto dos setores da economia nacional, recorremos aos indicadores relativos de
localização.
Se o objetivo for o de avaliar o nível de concentração espacial de cada setor, haverá que atender aos
valores obtidos para o índice de Herfindhal ou para a entropia.
• Análise do valor do quociente de localização permite determinar que regiões constituem, ou não, pólos
de concentração relativa de cada setor de atividade. Dos valores apresentados resulta que:
➢ As industrias extrativas (k2) estão fortemente sobre representadas na região Beta, a qual possui
neste setor uma importância relativa muitíssimo superior à que detém no emprego nacional;
➢ A agricultura, silvicultura e pesca (k1) apresenta-se também localizada, face ao modelo de
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referência, nas regiões Alfa e Beta.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
➢ Dos restantes setores, salienta-se a construção civil e obras públicas (k4), que embora
relativamente concentrada na região Beta, tem nas demais regiões quocientes de localização muito
próximos da unidade, ou seja, a importância dessas regiões no setor é quase idêntica à importância
que essas regiões assumem no emprego global.
➢ As atividades de serviços (k6) encontram-se relativamente concentradas na região Gama, embora o
valor do quociente de localização não seja muito elevado
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
• Análise do coeficiente de localização permite avaliar o grau de semelhança ou de desvio entre o padrão
de localização de um dado setor e o padrão de localização do modelo de referência, neste caso o
padrão de localização do emprego total. Dos valores apresentados resulta que:
➢ Em termos globais, o setor que apresenta um padrão de localização mais diferenciado do do
modelo de referência é o setor das indústrias extrativas (k2), que é aquele que apresenta o valor
mais elevado do coeficiente de localização;
➢ Por outro lado, é nos setores da construção civil e obras públicas (k4) e da eletricidade, gás e água
(k5) que a distribuição espacial do emprego está mais próxima da do emprego total.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
• Para medir o nível de concentração espacial de cada setor (índice de Herfindahl, entropia ou entropia
normalizada) tem-se que:
➢ A indústria extrativa (k2) exibe os valores desses indicadores para a situação de máxima
concentração.
➢ O segundo setor espacialmente mais concentrado é o setor dos serviços (k6), seguindo-se-lhe a
indústria transformadora (k3), eletricidade, gás e água (k5) e o setor da construção civil e obras
públicas (k4).
➢ Finalmente, a agricultura, silvicultura e pesca (k1) é o setor que, no espaço em análise, se encontra
mais disperso.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização:
Indicador global do nível de especialização de uma região i (face a um espaço de referência, no caso, o
conjunto das regiões).
Obtém-se comparando a distribuição setorial da variável x na unidade territorial i com a distribuição setorial
da variável x no espaço de referência.
Por um lado, pode medir-se a especialização de cada UT em relação à de um dado modelo de referência (o
da economia nacional, por ex.), tanto em termos globais como para cada um dos setores de atividade
considerados na análise. => Neste caso, está-se perante indicadores relativos de especialização de que
são exemplo, o quociente de especialização e o coeficiente de especialização.
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k 1 … k … K K
x ik
= x i
I k =1 Matriz de informação
x ik
= xk X1 … Xk … x k X I k
x = x
i =1
ik
i =1 k =1
Depois de obtida a matriz inicial, há que transformar os
dados originais com vista a obter as distribuições de
Coluna k – vetor coluna com a distribuição
frequência relativa necessárias ao cálculo das medidas de
localização e/ou de especialização. espacial da variável x no setor k 28
(ex.: distribuição espacial do emprego no setor k)
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização: x
ik
QE = x i , QEik ≥ 0
1. Quociente de especialização: ik
x k
x
Este indicador compara a importância relativa do setor k na UT i com a que o mesmo setor detém no
espaço de referência. Avalia-se dessa forma em que medida a UT i é especializada no setor k relativamente
ao espaço de referência.
Indicadores de especialização:
1 k x −x
2. Coeficiente de especialização:
CE i = 2 ik k , CEi E [0,1[
k =1 x x
i
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização:
2. Coeficiente de especialização:
O limite inferior do CE obtém-se quando . Neste caso, a UT i e o espaço de referência têm idênticos
perfis de especialização, pelo que existe ausência de especialização relativa daquela UT.
Quanto maior o valor do CE (mais próximo de 1), mais a UT i tem uma estrutura produtiva especializada
relativamente à do espaço de referência, na medida em que o perfil de especialização da UT i se afasta
muito do que o espaço de referência evidencia.
Note-se que, precisamente porque se trata de uma medida relativa de especialização, um valor baixo do
coeficiente de especialização não implica diversificação da estrutura produtiva regional mas, antes,
proximidade entre os perfis de especialização da UT i e do espaço de referência.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização: k
Este indicador atribui maior ponderação aos setores que têm maior importância relativa na estrutura
produtiva da unidade territorial i.
Os seus limites de variação dependem do número total de setores (K) considerados na análise.
• O limite inferior ocorre quando existe igual distribuição da variável x pelos diferentes setores de
atividade, correspondendo à situação de máxima diversificação ou de mínima especialização da
unidade territorial i.
• O limite superior obtém-se quando apenas um único setor de atividade está presente na unidade
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territorial i, exprimindo a situação de máxima especialização.
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
k
=
Indicadores de especialização:
f = x
ik
1.º Cálculo para cada setor de: (contribuição relativa do setor k para a região i)
ik
x i
2.º Ordenação por ordem decrescente dos valores obtidos no 1.º passo, sendo que designaremos o termo
mais elevado por fi1 (correspondente ao setor com maior peso na região i), o seguinte por fi2, e assim
sucessivamente até fiK (correspondente ao setor com menor peso na região i).
Indicadores de especialização:
4.º Por último, somam-se todos os valores acumulados parciais, obtendo-se o valor do Índice Bruto de
Diversificação de Rogers, para a unidade territorial i. Ou seja, o Índice Bruto de Diversificação de Rogers é
igual a (Fi1+Fi2+Fi3+…+FiK).
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização:
K xik x
E i = − log x
ik , Ei E [0, log K]
4. Índice de Entropia: k =1
xi i
No cálculo deste indicador pondera-se a importância relativa de cada setor de atividade k na unidade
espacial i, isto é, ik, pelo logaritmo dessa mesma importância relativa. Daí que este indicador seja menos
sensível do que o Índice de Rogers à presença, numa dada unidade espacial, de setores de atividade com
uma forte sobre-representação, pois a ponderação intervém sob forma logarítmica.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização:
4. Índice de Entropia:
O limite inferior deste indicador corresponde à situação de máxima especialização e o limite superior à
situação de máxima diversificação.
• O valor mínimo da entropia ocorre quando, na unidade espacial i, o valor assumido pela variável x
depende apenas do contributo de uma única atividade, caso em que essa unidade espacial i
evidencia a máxima especialização.
Indicadores de especialização:
Note-se que o índice de entropia, tal como o índice de Rogers, mede o grau de
especialização/diversificação da estrutura produtiva de cada unidade espacial, nada indicando sobre os
aspetos relativos à composição dessas mesmas estruturas. Consequentemente, se 2 unidades espaciais
apresentarem o mesmo valor do índice não se poderá daí inferir que tenham o mesmo perfil de
especialização, mas apenas que possuem o mesmo nível de especialização/diversificação das suas
estruturas produtivas.
Para o efeito, pode-se normalizar o valor do índice de entropia a fim de obter um indicador que seja
crescente com o nível de especialização e cujo intervalo de variação se situe entre 0 e 1.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Indicadores de especialização:
LogK − E i
• Entropia normalizada: E 'i = LogK
O índice de entropia normalizado, tal como o Índice de Rogers, associa a situação de mínima
especialização ao limite inferior e a de máxima especialização ao limite superior do intervalo de variação.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
1º Passo (recomendado): calcular o peso relativo do setor k no 2º Passo: calcular o peso relativo desse
valor total da variável x na UT i. mesmo setor para o agregado de referência:
Região Região
x ik
Setores Região Alfa Região Beta
Gama Delta
x i
1
2
3
4
5
6
TOTAL 39
(País)
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
1º Passo (recomendado): calcular o peso relativo do setor k no 2º Passo: calcular o peso relativo desse
valor total da variável x na UT i. mesmo setor para o agregado de referência:
Região Região x
x ik
Setores Região Alfa Região Beta
Gama Delta
k
x
x i
1 0,18 0,16 0,05 0,05 0,06
2 0 0,17 0 0 0,00
3 0,35 0,15 0,15 0,6 0,32
4 0,1 0,14 0,1 0,1 0,10
5 0,05 0,18 0,1 0,1 0,10
6 0,32 0,2 0,6 0,15 0,41
TOTAL 40
1 1 1 1 1
(País)
QUOCIENTE de ESPECIALIZAÇÃO
Sectores Região Alfa Região Beta Região Gama Região Delta
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Se o objetivo da análise é comparar o perfil de especialização de cada região com o da economia nacional
e isolar os pólos de especialização relativa de cada região, haverá que utilizar os valores do coeficiente de
especialização e do quociente de especialização, respetivamente.
• Pelo contrário as regiões Alfa e Gama têm um padrão de especialização muito próximo do do espaço de
referência, apresentando a primeira um pólo relativo de especialização nos setores da agricultura,
silvicultura e pesca (k1), enquanto que a região Gama é relativamente especializada nos serviços (k6).
A partir dos valores do índice de entropia ou do índice de Rogers, pode-se concluir que:
• a região Beta é a mais diversificada, apresentando valores que a situam muito próximo da
equidistribuição do emprego pelos setores de atividade apresentados. No entanto, note-se que esta era
a região que apresentava o coeficiente de especialização mais elevado. Esta aparente contradição
marca bem a diferença dos indicadores relativos e absolutos de especialização. É assim possível dizer
que o espaço de referência tem uma estrutura produtiva especializada. 43
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
• as regiões Gama e Delta têm o mesmo grau de especialização/diversificação das suas estruturas
produtivas, pois apresentam valores idênticos para o índice de entropia ou para o índice de Rogers,
embora tenham diferentes perfis de especialização.
• O coeficiente da região Gama é mais baixo, evidenciando uma maior proximidade ao perfil de
especialização do espaço de referência, do que a região Delta.
• Podemos ainda concluir que um mesmo grau de especialização é compatível com diferentes estruturas
setoriais e diferentes níveis de especialização relativa.
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MÉTODOS E TÉCNICAS DE ANÁLISE REGIONAL
Conclusão:
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