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Manual do Investidor

Global
Nelson Huoya

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Texto por Nelson Huoya ©2020 Todos os direitos reservados
ATENÇÃO ESSE LIVRO PODE SER DISTRIBUÍDO GRATUITAMENTE,
MAS NÃO PODE SER VENDIDO.
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Sumário
1 POR QUE INVESTIR NO EXTERIOR?
2 RENDA FIXA
3 AÇÕES
4 ANALISANDO AÇÕES
5 REITs
6 DRS
7 IMÓVEIS
8 ABRINDO CONTA EM CORRETORA ESTRANGEIRA
9 MÉTODOS DE TRANSFERÊNCIA
10 IMPOSTO DE RENDA

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Manual do Investidor Global
Nelson Huoya Mendonça

Esse manual tem o objetivo de instruir os leitores para os diferentes tipos de investimentos do
exterior. Cada pessoa deve ponderar e analisar, adequando a sua realidade para então fazer suas
próprias escolhas. Não há certo ou errado, muito menos melhor ou pior, e sim aquilo que se adapta
aos critérios e objetivos pretendidos. Investir, seja no que for, deve lhe deixar o mais confortável
possível. Caso isso não esteja ocorrendo recomendo repensar nas suas escolhas. Recomenda-se a
utilização de bom senso para melhor entendimento de algumas explanações e em tomadas de
decisões.
As análises a seguir são realizadas baseadas na minha experiência, conhecimento e opinião,
portanto estas estão suscetíveis a erros e divergências. Sendo de cada leitor a INTEIRA e TOTAL
responsabilidade das atitudes tomadas posteriormente.

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1 POR QUE INVESTIR NO EXTERIOR?
Maiores Mercados
O mercado financeiro brasileiro é atrasado nas possibilidades de investimento no exterior e
representa um pedaço muito pequeno do mercado financeiro global. Investir no exterior significa
a possibilidade de diversificar em mercados e produtos de proporções muito maiores e mais
evoluídos.
Para se ter uma noção dessa disparidade, segundos dados de 2015 do Banco Mundial, na
BM&FBovespa (atualmente única bolsa de valores brasileira) estavam listadas cerca de 360
empresas com um volume anual de aproximadamente 500 bilhões de dólares em ações, estando
ranqueada como a 18° maior bolsa do mundo em relação ao volume negociado.
A bolsa brasileira fica bem atrás de mercados de outros países emergentes como Índia e China,
porém estes últimos possuem populações e/ou produtos internos brutos maiores. O surpreendente
é ficar atrás de países de tamanho bem menor tanto em população quanto PIB como por exemplo
Coreia do Sul, Espanha, Austrália, Suíça e Holanda.
Nos Estados Unidos, a meca do mercado financeiro mundial, só na NYSE são mais de 2400
empresas de capital aberto com 17,4 trilhões de dólares em ações movimentadas anualmente. Se
somarmos com a NASDAQ, chegamos a mais de 5 mil empresas listadas e 30 trilhões de dólares
em ações movimentadas anualmente.

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Empresas Globais
Não é apenas o número de empresas que impressiona, mas também o tamanho de boa parte
delas. São empresas multinacionais, muitas vezes com suas receitas diversificadas em todo mundo,
com produtos conhecidos e algumas vezes com valores de mercado superiores à soma de todas as
empresas da bolsa de valores brasileira. Empresas como Apple, Johnson and Johnson, Microsoft,
Amazon, Google, Alibaba, Nestle, P&G, Netflix, Disney, Shell e HSBC são alguns exemplos das
inúmeras possibilidades de investimento quando se fala no mercado de capitais no exterior.
Essa grande diferença de tamanho do mercado também é verificada com os REITs, que são
empresas que têm como objetivo investir em imóveis e/ou créditos imobiliários. Enquanto no
Brasil temos fundos imobiliários que podem chegar a poucas dezenas de imóveis, no mercado

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americano é comum encontrar REITs que investem em centenas, até milhares de imóveis,
especializados em inúmeros setores, muitos deles sem possibilidade de investimento no Brasil.
Alguns desses REITS possuem valor de mercado tão expressivo que chegam a fazer parte do índice
composto pelas 500 maiores empresas cotadas na NYSE e NASDAQ, o Standard & Poor’s
500(S&P 500).

Maior Possibilidade de Ativos


As possibilidades de ativos a se investir no exterior são inúmeras, incluindo renda fixa, renda
variável e também imóveis.
O investidor que abre conta em uma corretora em outro país, notadamente nos Estados Unidos,
passa a ter acesso a várias ações de empresas dos mais variados segmentos e países. REITS com
foco em diferentes áreas de interesse, que normalmente não são ofertados aqui através da bolsa,
como residencial, infraestrutura e casas de repouso. ETFs dos mais variados tipos e composições
como de renda fixa, ações, REITs, commodities, moedas, ETFs de ETFs. Por fim há a
possibilidade de adquirir imóveis em outros países.
É possível atender todos os tipos de investidores e permite elevar e ampliar o nível de
diversificação dos portfólios, trazendo uma segurança e conforto ainda maior com seus
investimentos.

Risco Brasil
Por fim, mas não menos importante, investir no exterior leva a outro nível de diversificação,
tanto em relação ao país quanto a sua moeda.
A história complicada do Brasil em termos de instabilidade econômica e política demonstra
claramente os problemas que um país pode passar, principalmente os chamados em
desenvolvimento. As incertezas que a volatilidade econômica e política do país trazem ao
investidor evidenciam uma necessidade de diversificação no exterior ainda maior em prol de maior
conforto e segurança relativa ao seu patrimônio.

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2 RENDA FIXA
Quando governos, empresas ou outras entidades precisam arrecadar dinheiro para financiar
novos projetos, manter operações em andamento ou refinanciar dívidas existentes, eles podem
emitir títulos diretamente para os investidores em vez de obter empréstimos de um banco.
Existem diversos produtos de renda fixa no mercado global, porém todos são baseados no
mesmo princípio, o empréstimo de dinheiro para alguma instituição em troca de um retorno
preestabelecido em uma data pré-determinada. Os principais produtos financeiros de renda fixa
conhecidos mundialmente são os títulos de dívidas como Bonds, Notes e Money Market ou então
Savings Account.

Títulos de Dívida
Os Títulos de Dívidas constituem um ativo financeiro no qual o investidor se torna credor da
dívida com intuito de receber o valor que emprestou de volta mais juros. Esse processo ocorre
comumente através de pagamento de juros periódicos e devolução do valor principal no dia do
vencimento. Contudo também tem ativos sem cupons (zero-coupon), que correspondem a títulos
vendidos com um desconto e o valor integral sendo pago na data de vencimento.
Os títulos podem ser classificados de acordo com diferentes emissores. Um título de uma
empresa privada é denomMunicipal inado como Corporate Bonds. Se for emitido por órgãos
públicos locais, são Securities. Ativos vinculados ao governo federal são denominados de
Sovereign Debt Bonds ou Treasury Bonds (T-Bonds).
A presença ou ausência de garantias também é uma forma de classificação de títulos de dívida.
Para os ativos que possuem garantia (Secured) a empresa define antes de lançar os títulos no
mercado algum ativo, como propriedade ou equipamento, que será utilizada em caso de falência
da empresa para pagar os seus credores, mesmo que de forma parcial. Nos que não possuem
garantias (Unsecured) o investidor do título tem apenas a promessa do retorno não havendo
nenhuma garantia específica determinada para reembolsar os credores. Lembrando que mesmo os
detentores de ativos não garantidos têm uma reivindicação sobre os ativos do emissor
inadimplente, mas somente depois que os investidores cujos títulos são hierarquicamente mais
altos sejam pagos primeiro.
Outra forma de distinção pode ser de acordo com o tempo de vencimento do investimento. Os
títulos com prazos de vencimentos acima de 10 anos são denominados como Bonds. Títulos com
prazos de 1 a 10 anos são os Notes. Ativos de vencimentos menores que 1 ano são os Money
Market. As obrigações com vencimentos maiores de 10 anos consistem na maior parte do mercado
de renda fixa internacional.
Alguns títulos, em especial os Bonds, podem possuir características peculiares. As principais
especificidades extras de um título de dívida podem ser a possibilidade de conversão em ações da
empresa como no caso de Convertible Bonds, a presença de fundos (sinking funds) onde são
depositados os valores do pagamento dos juros e os valores a serem desembolsados no vencimento,
possibilidade de resgate dos títulos antes do vencimento (Callable Bonds), direito de forçar o
emissor recomprar o título em datas específicas antes do vencimento em valor determinado na
emissão (Puttable Bonds) e associação da remuneração do título com receita de um projeto
específico ou os ganhos de uma empresa (Revenue Bonds e Income Bonds).

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Money Market Securities
Money Market além de títulos mais curtos são investimentos de alta liquidez, baixo risco e
consequentemente pouca rentabilidade. Esses títulos são lançados no mercado como um meio para
empréstimos e financiamentos de curto prazo, normalmente um mês, três meses ou seis meses. Os
tipos de Money Market mais conhecidos são os Treasury Bills ou T-Bill, que são obrigações de
dívidas de curto prazos apoiados por governos, Commercial Papers emitidos por grandes
corporações para o financiamento de estoques, contas a receber e passivos de curto prazo ou os
Certificates of Deposit (CD) que são depósitos com o banco durante um determinado período.
Os ativos de Money Market são obrigações sem pagamento de juros antes do vencimento. A
remuneração do investidor desse tipo de investimento ocorre devido a diferença entre o preço de
compra e o preço pago no vencimento (valor de face). Os títulos, que possuem valor face
normalmente de 100 dólares, são vendidos na emissão com desconto e recomprados no vencimento
pelo valor cheio.

Como Comprar Ativos de Renda Fixa


Esses ativos são negociados diretamente com as instituições ou pelo mercado secundário. No
último caso, o mais comum é através do mercado Over-The-Counter (OTC), conhecido no Brasil
como Mercado de Balcão, onde são realizadas negociações fora da parte principal da bolsa de
valores. Apesar de no mercado OTC haver uma infinidade de títulos de dívida emitidos, as
transações possuem menos transparência e regulamentação menos rigorosa do que com ações e
também uma liquidez muito menor.
O acesso ao mercado OTC e, consequentemente, aos ativos de renda fixa de forma direta é feito
através de bancos e corretoras maiores, como TD Ameritrade, Charles Schwab e Interactive
Brokers. O valor mínimo necessário varia normalmente entre um a dez mil dólares.

Saving Accounts
Por fim existe também a possibilidade de investir em Saving Accounts que são contas
remuneradas que se assemelham às nossas Cadernetas de Poupança. A rentabilidade recebida nesse
investimento varia de acordo com o banco e principalmente o país. Países com taxas de juros
básicas menores costumam ter Saving Accounts menos rentáveis, pois se trata de uma forma de
incentivar que esse dinheiro seja injetado na economia e não guardado. A utilização de Saving
Accounts pode ser interessante como uma forma de reserva na moeda local, principalmente para
aqueles que viajam muito para tal país.

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3 AÇÕES

Common x Preferred
Assim como no mercado brasileiro, existe no mercado estrangeiro a diferenciação das ações,
principalmente em relação aos direitos de votos e sua representatividade na empresa. Os tipos
principais de ações são denominados de Common e Preferred.
A primeira é a forma que a maioria das ações no mercado estrangeiro são emitidas e representam
a posse de uma porcentagem da empresa e consequentemente parte dos seus lucros. Os
investidores, normalmente, também possuem direitos de voto em decisões nas assembleias assim
como na escolha dos membros do conselho. Se equivalem às nossas Ordinárias ou ONs.
O nome preferencial é devido ao fato que este tipo de ação possui preferência ao receber os
dividendos pagos pela empresa, bem como prioridade sobre as ações ordinárias em situações de
falência da empresa e liquidação da massa falida para ressarcimento dos acionistas.
As ações preferenciais representam algum grau de propriedade da empresa, mas, com raras
exceções, sem direitos a votos. Os dividendos acordados com os compradores das ações
preferenciais podem ser fixos ou baseados em taxas de títulos públicos, porém o primeiro caso é o
mais comum no mercado.
Possibilidade de conversão em ações ordinárias, acumulação de dividendos de anos anteriores
não pagos, participação nos lucros remanescentes e possibilidade de recompra por parte da
empresa são algumas características específicas que podem ser adicionadas às ações preferenciais
quando estas são emitidas. Além dessas condições não serem exclusivas, e, portanto, uma ação
preferencial pode ter uma ou mais destas, cada uma delas afetará o ativo trazendo maior segurança
e menores retornos ou maiores riscos e uma possibilidade de maior rendimento.
Devido a todas as suas características, em especial seu caráter de ganho limitado e ausência
participação na decisão das empresas, as ações preferenciais são vistas muito mais próximas de
um ativo de renda fixa do que ações ordinárias. Isso demonstra que o ativo não é adequado para
aqueles que querem se tornar sócios de boas empresas. Diferente do mercado brasileiro, no
mercado do exterior o acesso às ações preferenciais é bem mais restrito sem contar sua liquidez
reduzida tornando-as ainda menos interessantes.

Dual Class Shares


Além da distinção entre ações ordinárias e preferenciais, em algumas empresas pode haver a
separação de ações ordinárias que se diferenciam pela quantidade de votos por ações, o que pode
também refletir no preço da ação.
Esse mecanismo é utilizado normalmente para que um determinado grupo de pessoas
permaneçam com a maior parte dos votos nas decisões das empresas, sendo normalmente utilizado
por companhias gerenciadas pelos seus fundadores. Berkshire Hathaway, Brown Forman,
Alphabet, Constellations Brands, Facebook e Comcast são alguns dos exemplos de empresas que
possuem esta estrutura acionária. As empresas que utilizam desse artifício podem possuir todos os

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tipos de ações ordinárias negociados na bolsa, ou podem ter as ações que permite o controle da
empresa fora do mercado sendo negociadas apenas as com menores quantidades de votos.
Apesar de alguns estudos, nunca foi comprovado qualquer relação dessa estrutura com a
qualidade da empresa para se tornar sócio. A garantia de controle por um pequeno grupo de pessoas
pode dificultar ou até mesmo impossibilitar o afastamento dos controladores mesmo que suas
decisões possam vir a prejudicar os resultados da empresa e por isso alguns investidores podem
não se sentir confortáveis ao investir em empresas nessa situação. Em contrapartida, o mecanismo
de Dual Class Shares permite que aqueles que normalmente foram os responsáveis por tornar a
empresa o que ela é, não sofram tentativas de interferências externas sobre a sua administração
que até no momento vem sendo bem-sucedida.

ETFs x Stocks Picking


Uma premissa comum utilizada pelos favoráveis à compra de ETFs de ações é que índices como
o S&P 500 possuem características muito favoráveis aos investidores de Buy and Hold e devido a
sua diversificação e praticidade estes não teriam necessidade, portanto, de escolher empresas
individuais.
De fato, se compararmos com o índice ao qual estamos acostumados, o IBOVESPA, estas
premissas são verdadeiras. O índice Standard & Poor’s 500 engloba as 500 empresas mais
importantes do mercado de capitais americano, a maioria saudáveis financeiramente e com boas
perspectivas futuras. Já o IBOVESPA é composto de 60 empresas brasileiras, muitas com
resultados financeiros no mínimo questionáveis.
Em relação à concentração de empresas no índice, mais uma vez o S&P 500 se destaca, porém
não tanto quanto algumas pessoas pensam. Enquanto no IBOV as 4 empresas com os maiores
pesos (ITUB, BBDC, PETR e VALE) representam cerca de 40% do índice, no S&P 500 Apple,
Microsoft, Facebook e Google correspondem a aproximadamente 12%. Já as dez empresas com
os maiores pesos representam 20% do índice. Outra questão importante a salientar é que devido à
grande quantidade de empresas, aquelas com bons fundamentos que podem estar nos critérios de
muitos investidores representam muito pouco no índice. Por exemplo Ross Stores (0.11%), Nike
(0.31%), Hormel Foods (0.03%) dentre muitas outras empresas com boas perspectivas.

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Fonte: S&P Capital IQ

Apesar de uma economia muito mais estabilizada que a do Brasil, o índice das maiores empresas
de capital aberto nos EUA já foi alterado diversas vezes. Para se ter uma ideia, de 1963 até 2014
houve 1186 substituições no índice, uma média anual de 23. Em 1976, ano com mais alterações,
foram 60.
O principal motivo dessas mudanças são fusões e aquisições, o que não é necessariamente ruim
para os investidores, podendo resultar até na potencialização dos retornos. Contudo o segundo
motivo dessas mudanças é não atender mais o mínimo de valor de mercado requerido para estar
no índice (6.1b U$). Esse motivo é prejudicial aos investidores, em especial aos cotistas de ETFs,
pois mesmo com ciência do motivo dessa queda de valor de mercado não poderá tomar atitude
alguma a não ser esperar que o ativo seja substituído no índice. Podemos estar falando, por
exemplo, de olhar empresas que valiam 30, 50, 80, 120 bilhões de dólares perderem seus
fundamentos e o valor de mercado diminuir para menos 6.1b U$ (vide Yahoo, Kodak, Blackberry
etc).
Todas essas mudanças de ativos no índice ao longo dos anos, assim como mudanças de pesos
das mesmas significam alterações nos cestos de ativos do ETF e consequentemente custos maiores
para o fundo.
Uma questão muito importante a ser também considerada nesse debate é a relação que o
investidor tem com cada um dos ativos. Quando se compra ações de empresas de forma direta, o
investidor entende que se não se trata apenas de um papel, mas sim um pedaço de uma empresa.
Esse comportamento ajuda o investidor a assimilar que as oscilações no mercado de ações não têm
reflexo nas operações e qualidade da empresa que ele tem ações. No de ETFs, como o investidor
não é sócio de nenhuma empresa e sim cotista de um fundo, cria-se um maior distanciamento do
ativo, o que pode ser crucial em momentos de quedas das cotações para uma venda desesperada.

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Portanto, esse grande debate de stock picking vs ETFs se resume na opção de ser sócios de
empresas, fazendo suas próprias escolhas e consequente possíveis erros, porém sempre tendo uma
possibilidade maior e mais rápida de rever seus conceitos, tentando corrigir mais rápido suas
decisões, como zerar uma posição em uma empresa que ficou ruim ou até mesmo aumentar sua
posição em empresa que se mostra cada vez melhor. Ou ainda, adquirir sem necessidade alguma
de estudo, seleção e acompanhamento uma cesta de ativos que incluem todas empresas excelentes,
boas, médias e ruins que passarão ao longo dos anos no índice de S&P 500 com os pesos pré-
determinados.

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4 ANALISANDO AÇÕES

Informações dos Balanços


O investidor deve verificar se a empresa consegue refletir suas vantagens competitivas em bons
resultados financeiros. Para isso é preciso analisar os balanços. Essas informações são encontradas
nos documentos do tipo press releases, 10-Q e 10-K, encontrados nos sites de relações com
investidores de todas as empresas de capital aberto. O site Bastter.com fornece aos seus assinantes
informações financeiras compiladas de aproximadamente 5 mil empresas do mercado americano
na Área de Investimentos no Exterior.

Para uma análise mais eficiente, o ideal é que se faça comparações, evitando correlações
equivocadas de curto prazo. A análise de uma empresa engloba o estudo de vários parâmetros.
Através de dados isolados somente, não se têm respostas adequadas da qualidade das empresas
para o acionista.
Os critérios utilizados na análise financeira de uma empresa devem ser determinados por cada
investidor. Alguns podem querer utilizar mais dados, já outros menos, mas o importante é que
independente dos indicadores utilizados o acionista esteja analisando a capacidade de gerar
dinheiro de forma eficiente da empresa e consequentemente trazer bons retornos aos seus
acionistas.

Principais indicadores financeiros para identificar empresas de valor:

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Receita (Revenue): A receita é o parâmetro mais básico de qualquer empresa, pois indica o
faturamento. Essa informação permite uma análise da demanda do mercado pelo produto ou
serviço fornecido. Para o crescimento de uma empresa é de extrema importância o aumento de
vendas ao longo do tempo. A receita consegue demonstrar se a empresa está conseguindo vender
mais e/ou vender mais caro.

Lucro Líquido (Net Income) / Lucro Líquido por Ação (Earnings Per Share): Por melhor
que sejam os outros parâmetros presentes nos balanços de uma empresa, se os lucros não forem
consistentes, deve-se desconsiderá-la para o portfólio de um investidor que busca ser sócio de boas
empresas. Ao escolher empresas sem lucros consistentes estará indo contra todas as probabilidades
de ter seu dinheiro rentabilizado de forma expressiva ao longo do tempo.
Diferente do mercado de ações brasileiro, programas de recompra de ações e consequentemente
o cancelamento delas, são muito utilizados como uma das formas de potencializar o retorno das
empresas aos seus acionistas, evitando assim que os mesmos paguem impostos sobre dividendos.
Diante desse cenário no exterior e notadamente nos EUA, em vez de utilizar o lucro líquido
como parâmetro para mensurar a eficiência da empresa em trazer retornos aos seus donos, o ideal
é considerar o Lucro por Ação (EPS). Essa informação permite identificar situações de menos
ações no mercado e, portanto, maior retorno ao acionista mesmo com a estabilidade ou queda do
lucro líquido. Da mesma forma se a empresa emitiu mais ações diluindo os acionistas e trazendo
menos retorno, mesmo com a estabilidade ou aumento do lucro líquido, o retorno aos acionistas
pode ser menor.
Nos documentos divulgados pelas empresas, normalmente são divulgados tanto o EPS básico
quanto o diluído. O EPS básico considera em sua conta apenas as ações ordinárias enquanto o EPS
diluído leva em conta todos os títulos conversíveis (ações preferenciais, dívidas conversíveis,
opções de compra no mercado e para empregados e garantias). O segundo dado permite uma visão
mais fidedigna de qual é o valor real de retorno do lucro líquido para cada acionista.

EBITDA
O EBITDA, em português Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciações e Amortizações.
Informa propriamente o quanto a empresa gera de caixa das suas atividades operacionais. O
EBITDA é o dado operacional mais completo devido aos descontos de todos os dados não
operacionais, porém devido à mesma razão este se torna o dado mais complexo também. O
tratamento das amortizações e depreciações por ser feito utilizando diversos métodos, os quais têm
diferentes pontos positivos e negativos. Podemos dividir o EBITDA pela receita, chegando ao
valor da margem EBITDA, que é justamente a informação da margem operacional “crua”, devido
a não inclusão de quaisquer informações não operacionais.

Fluxo de Caixa Livre (Free Cash Flow): Consiste de quanto dinheiro resta no caixa das
empresas ao final de um certo período, resultado do que entra pelos ganhos menos o que sai devido
a qualquer tipo de gasto. Sua fórmula é Fluxo de Caixa por Atividades Operacionais – CAPEX
(Capital Expenditure). Resumindo seria o quanto entra de dinheiro nas atividades operacionais da
empresa menos o que ela gasta para manter sua atividade operacional. Essa informação é de
extrema importância para ter noção da saúde financeira e principalmente da capacidade de gerar
dinheiro da empresa.

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Informações da Dívida (Net Debt, Net Debt/EBITDA): Diferente de pessoas físicas, onde
dívidas são sempre ruins, utilizar dinheiro de terceiros por empresas é algo que deve ser analisado
com muita naturalidade, principalmente em situações em que o objetivo é alavancar o crescimento.
De qualquer forma o endividamento torna necessário acompanhar mais de perto para saber se estes
empréstimos estão sendo positivos no sentido de a empresa alcançar seus objetivos de crescimento
e, além disso, principalmente, saber se essas dívidas não estão começando a pesar e levando ao
desequilíbrio.
Para este tipo de análise existem diferentes indicadores. Primeiramente, olhamos a dívida
líquida (Net Debt) que é o total de dívidas que a empresa possui menos seu caixa. Neste parâmetro
estão incluídas dívidas tanto de curto prazo quanto de longo prazo. O aumento da dívida líquida
pode significar que a empresa continua precisando de dinheiro de terceiros para manter seus planos
e até mesmo suas operações. Essa informação não pode ser analisada isoladamente, mas seu
aumento já é uma evidência que a empresa está gerando menos dinheiro do que precisa para pagar
suas contas e/ou crescimento. A diminuição, por outro lado, pode significar que a empresa está
utilizando cada vez mais seu próprio dinheiro para pagar suas contas e/ou crescimento. Quando o
caixa é maior que a dívida se diz que a dívida líquida é negativa e pode-se considerar que a empresa
virtualmente não tem dívida.
De todos os indicadores que avaliam dívidas, o mais importante é a Dívida Líquida/EBITDA
(Net Debt/EBITDA). Uma empresa precisa gerar caixa para pagar suas dívidas e essa caixa é
gerado principalmente através das atividades operacionais, que é justamente a informação dada
pelo EBITDA. Resumidamente, Dívida Líquida/EBITDA nos informa em quanto anos a empresa
consegue pagar suas dívidas, considerando o numerador e denominador. Comumente, utiliza-se
valores acima de 3 como sinal de alerta, porém esse indicador pode variar de acordo com o setor
da empresa.

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5 REITs
Criado em 1960 pelo Congresso Americano com o intuito de tornar mais acessível o
investimento no mercado imobiliário, o REIT, ou Real Estate Investiment Trust, é uma empresa
que possui ou financia imóveis que geram renda. Os REITs permitem que qualquer pessoa invista
em portfólios de imóveis de grande escala da mesma forma que estas fazem com outros setores,
ou seja, através da compra de ações no mercado financeiro.
É importante salientar que o REIT não é visto como um ativo diferente, sendo considerado uma
ação, e, portanto, seguem as mesmas regras de órgãos regulatórios e divulgação de resultados
financeiros que é aplicado às outras empresas de capital aberto. Dessa forma os REITs são
obrigados a divulgar seus resultados trimestrais e anuais através de releases, assim como realizar
webcast. Porém devido ao fato destes terem como o foco o investimento no mercado imobiliário
é adequado separá-los em uma categoria especial de ativos.

Benefício Fiscal
Os REITs se diferenciam das outras empresas de capital aberto também devido à sua própria
legislação que as isenta da tributação de pessoa jurídica, havendo apenas a cobrança de impostos
quando os lucros são repassados aos seus acionistas. Para que uma empresa seja qualificada como
REIT no EUA precisa:

● Investir pelo menos 75% de seu patrimônio em imóveis geradores de renda;


● Obter pelo menos 75% de seu lucro bruto proveniente de aluguéis de imóveis,
juros de financiamento imobiliários ou venda de imóveis;
● Pagar no mínimo de 90% de seu lucro tributável em forma de dividendos para
seus acionistas anualmente;
● Ser uma instituição tributável como corporação;
● Ser administrado por um conselho de administração ou administradores;
● Possuir no mínimo de 100 acionistas;
● Possuir não mais que 50% de suas ações em mãos de 5 ou menos acionistas.

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Mercado de REITs
Os números dos REITs no mercado americano são impressionantes. De acordo com
informações de fevereiro de 2023, apenas na bolsa de Nova York (NYSE) são 167 ativos listados
que juntos somam a capitalização no mercado de 1,116 trilhão de dólares. Já entre as 500 maiores
empresas de capital aberto dos Estados Unidos, representadas pelo índice S&P 500, temos 30
REITs.

Fonte: NAREIT

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Dos ativos listados em bolsa nos EUA, cerca de 23% são do tipo Mortage REIT e 77% Equity
REIT. Estes últimos possuem e gerenciam uma grande variedade de tipos de propriedades: centros
comerciais, centros de saúde, apartamentos, armazéns, edifícios de escritórios, hotéis, timberlands
e outros, contudo a maioria se especializa em apenas um tipo de propriedade. Além da distinção
por setor, a diversificação geográfica nos Reits é outro fator predominante. Há portfólios com
imóveis por todo os EUA e às vezes até imóveis em outros países, assim como REITs com
portfólios focados em algumas poucas regiões do país. Podemos encontrar vários grandes REITs
também com propriedades na Europa e Ásia..

REITs x FIIs
Apesar de possuírem a mesma origem, os REITs e os FIIs são ativos com características
diferentes. Como citado no início desse capítulo, o REIT é uma empresa em que seus donos são
acionistas, já os FIIs são fundos com cotistas como donos.
Em um fundo imobiliário, vários investidores se juntam para comprar imóveis e contratar um
administrador para cuidar deles. Em um REIT vários investidores aportam capital em uma empresa
que investe em imóveis. Nos FIIs as decisões de compra e venda de imóveis e outras questões
importantes operacionais devem passar por assembleias para que sejam aprovadas ou rejeitadas
por seus cotistas. Nos REITs os diretores da empresa possuem total autonomia nas questões
operacionais, necessitando de convocar assembleia apenas em situações de aquisições de outras
empresas ou eventos que possam diluir os acionistas.
O endividamento, emissões recorrentes de novas ações e consequentemente crescimento são
características associadas ao mercado de REITs e não presentes no mercado brasileiro de Fundo
de Investimento Imobiliário.
Outra diferença para o mercado de fundos imobiliários brasileiros é o de pagamento de
dividendos em menor frequência. Poucos REITs nos EUA pagam rendimentos mensais, sendo o
mais comum o pagamento trimestral, assim como ocorre com muitas empresas que possuem ações
nas Bolsas dos EUA. Ainda assim, os REITs no EUA costumam pagar mais rendimentos do que
as outras ações, como evidenciado nos dados abaixo (Fonte: NAREIT):

Fonte: NAREIT. Fevereiro de 2023.

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Dívidas, para que te quero?
Uma das dúvidas mais comuns quando o investidor começa a estudar os REITs, é sobre o
tamanho das dívidas, o que muitas vezes traz insegurança quanto aos ativos. Esse comportamento
é ainda mais comum para aqueles que estão acostumados a investir e/ou estudar em ações no
exterior e lidar, normalmente, com empresas com pouca ou nenhuma dívida.
O que esses investidores ainda não compreenderam é que para a grande maioria dos REITs, as
dívidas são catalisadores de crescimento extremamente importantes. Juntamente com a emissão
de novas ações, utilizar dinheiro de terceiros é a única forma que esse tipo de empresa tem de
expandir seu portfólio de ativos, já que a maior parte dos valores gerados dos aluguéis são
distribuídos como dividendos.
Ainda assim, independente de ser uma estratégia comumente utilizada e que trouxe ótimos
retornos para boa parte dos REITs, dívidas sempre trazem um risco maior para qualquer negócio e
o investidor deve estar ciente disso. Mas no caso dos REITs, esse risco, quando bem gerenciado,
tem papel fundamental na empresa.
No longo prazo, os REITs em geral possuem um ótimo resultado, chegando a entregar retorno
melhor que o índice S&P 500.

Fonte: Bloomberg. Dados de 31/12/1992 a 29/07/2016

6 DRS
ADR

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O primeiro ADR foi introduzido por J.P. Morgan em 1927 para o revendedor britânico
Selfridges no New York Curb Exchange, o precursor da American Stock Exchange. Estes ativos
foram criados para que empresas estrangeiras possam participar das grandes Bolsas dos Estados
Unidos
Muitos ADRs possuem uma proporção maior que 1 por ação no país de origem, devido aos
valores pequenos destas ações quando convertidos em dólar. Os bancos depositários compilam
várias ações da mesma empresa em um único ADR, normalmente com valores entre US$10 e
US$100. Devido à grande procura pelas empresas que querem abrir capital no mercado americano,
o mais comum é que as ADRs sejam níveis patrocinadas III, ou seja, abertura de capital simultânea
em bolsas de países diferentes.
Com ADRs é possível investir em ações de inúmeros países do mundo sem a necessidade da
abertura de mais uma conta em corretora e sem operações de câmbio e envio de dinheiro para outro
país. ADRs possuem inúmeras possibilidade de investimentos dos mais diferentes segmentos e
países. São 246 ADRs na New York Stock Exchange, 126 na NASDAQ e quase 2200 no OTC
(mercado de balcão).
No mercado exterior, a liquidez para esse tipo de ativo é mais do que suficiente para se tornar
sócio pois são as bolsas com maiores volumes do mundo. Para se ter uma noção apenas, as ADRs
da AMBEV na bolsa de Nova Iorque movimentam em média cerca de 21 milhões de ativos
diariamente, o que corresponde um volume diário superior aos das ações da empresa
movimentadas no Brasil.

Estrutura Acionária das Empresas Chinesas


O governo chinês proíbe o investimento de estrangeiros em empresas chinesas em certos setores
de negócios considerados estratégicos. Indústrias como telecomunicações, e-commerce e jogos
online que incluem empresas gigantescas como China Mobile (NYSE:CHL), Alibaba
(NYSE:BABA) e NetEase (NASDAQ:NTES), respectivamente, são alguns exemplos de setores
com essa restrição.
Ainda assim, as empresas chinesas queriam ter acesso a bolsas de valores de outros países, em
especial dos Estados Unidos. Portanto com o objetivo de contornar as restrições do governo chinês
ao investimento estrangeiro, foi criado a estrutura acionária denominada de VIE (variable interest
entity) em que se criou uma empresa intermediária com sede normalmente nas Ilhas Cayman.
Apesar de na prática esse modelo estar funcionando sem qualquer problema, existem algumas
preocupações sobre sua aplicação. A legislação chinesa não aborda diretamente a estrutura da VIE,
no entanto, ela claramente estabelece que o tribunal pode declarar um contrato nulo “quando uma
forma legal é usada para ocultar um propósito ilegal”. Dessa forma, se o tribunal considerar a
estrutura como uma forma de ocultar ilegalmente o investimento estrangeiro em negócios restritos,
o contrato passa a não ter qualquer validade. A China Securities Regulatory Commission (CSRC)
divulgou um relatório em 2011 expressando suas preocupações sobre o uso de VIE, mas não se
pronunciou desde então sobre essa estrutura. Outras agências reguladoras da China, incluindo o
Ministério do Comércio e o Banco Central, também questionaram a viabilidade da estrutura da
VIE em declarações públicas.

21
Os dados mostram que mais da metade das ADRs chinesas listadas na NYSE ou NASDAQ
estão usando a estrutura do VIE e embora muitos advogados na China acreditem que o risco de o
governo chinês reprimir a estrutura do VIE seja muito baixo, os investidores destas empresas
precisam entender que seu investimento é muito sensível às mudanças legais e políticas chinesas.
Inclusive as próprias empresas que possuem esse modelo de estrutura enfatizam em seus
documentos que existem incertezas substanciais em relação à interpretação e aplicação das leis e
regulamentos atuais sobre o assunto.

Dual Listing

Dual Listing, ou listagem dupla em tradução livre, se refere a empresas que possuem suas ações
em duas ou mais bolsas de valores.
As empresas usam a listagem dupla com o objetivo de ter uma liquidez adicional nas suas ações,
maior acesso ao capital e/ou a possibilidade de ter suas ações sendo negociadas por mais tempo
durante o dia em virtude aos diferentes fusos horários das diferentes bolsas de valores. Em
contrapartida, a empresa possui um custo maior devido a manutenção de suas listagens em mais
de uma bolsa.
Para o investidor esse processo em nada afeta, já que as ações que são negociadas em bolsas
distintas fornecem, normalmente, os mesmos direitos de sócio aos seus compradores.

BDRs, Vale a Pena Investir?


Os Depositary Receipts não são ativos exclusivos dos Estados Unidos, eles podem ser
encontrados em diversos países, inclusive no Brasil. Porém, apesar do mercado de DRs no Brasil
ser regulamentado e ter regras muito próximas da dos Estados Unidos, este peca pela falta de
interesse dos investidores e das empresas. São ativos com muito menos liquidez quando
comparado com mercado americano, inclusive muitas vezes ficando dias sem negociação. As
possibilidades são poucas também em comparação com as mais de 5000 empresas disponíveis
investindo diretamente no mercado norte americano. Por fim, mas não menos importante, a maior
parte são ativos sem participações das empresas emissoras, pois a maior parte dos BDRs são não-
patrocinados.
Todas essas características do mercado, o fato do dinheiro estar custodiado no Brasil e a
facilidade de abrir conta em corretora no exterior e investir em outros países diretamente, fazem
com que os BDRs não sejam adequados para os investidores que pretendem diversificar parte de
seu capital internacionalmente.

22
7 IMÓVEIS
Estados Unidos
No caso dos EUA, qualquer estrangeiro pode comprar um imóvel, desde que tenha um visto,
mesmo que de turista, e um passaporte válido. Outros documentos solicitados são comprovantes
de renda e residência (ambos brasileiros). O processo de aquisição se resume à confirmação da
disponibilidade do valor necessário para a compra, à elaboração de uma minuta contratual,
posteriormente à realização do contrato e ao envio do dinheiro para os Estados Unidos. Veja que
nem a conta em um banco americano é necessária.
Nosso imposto de IPTU se compara ao imposto predial dos EUA, o Property Tax, que gira em
torno de 1,6% do valor do imóvel, variando de acordo com o estado no qual a propriedade está
localizada. Além desse custo, caso a propriedade faça parte de algum condomínio, as taxas
cobradas por estes são proporcionais ao que é oferecido, como academia, piscina etc.·.

Inglaterra
Não há nenhum empecilho para que estrangeiros comprem imóveis na Inglaterra, contudo as
negociações obrigatoriamente devem ser feitas por meio de advogados. O advogado é responsável
por verificar a procedência do dinheiro do próprio cliente, sendo ele responsabilizado caso a
origem não seja segura. Esse processo se dá pelo fornecimento de documentos de renda pelo cliente
para o advogado. Outro papel realizado pelo advogado é de intermediário do envio do dinheiro
para efetivação do pagamento. O dinheiro deve ser enviado para o advogado e posteriormente este
encaminha para a outra parte. Por fim, mas não menos importante, cabe também ao advogado
inspecionar o imóvel com intuito de verificar seu histórico, além de apontar possíveis ônus futuros,
como questões de planejamento urbano que possam a vir afetar o valor do bem. Os documentos
necessários para a compra são o passaporte, assim como comprovantes de renda e endereço, além
da abertura de uma conta em um banco da Inglaterra. Não há necessidade de visto para entrada de
brasileiros e estes podem permanecer por até 6 meses, para turismo ou estudos.
Os custos envolvidos na negociação e aquisição dos imóveis, além do preço da propriedade,
são: Advogado (1000-2000 libras), custo de registro (0,1% do valor do imóvel), imposto de
transmissão do imóvel (1% a 4% do valor do imóvel), empresa de consultoria que intermedia a
venda (1,5% do valor do imóvel), chatered surveyour, responsável pela inspeção técnica do imóvel
(600-1500 libras). Em relação ao último, o vendedor é obrigado a fazer um seguro para cobrir
eventuais problemas que não puderam ser identificados no relatório de inspeção. No caso do IPTU
inglês, varia de acordo com o município e são proporcionais ao valor da propriedade. De qualquer
forma, as taxas são muito menores do que as cobradas no Brasil.

França
Assim como nos outros países citados anteriormente, não há restrição na compra de imóveis na
França por estrangeiros e, como na Inglaterra, não há necessidade de visto para a entrada de
brasileiros no país.

23
O primeiro passo do registro legal da aquisição de propriedade na França é o acordo formal
entre o vendedor e o comprador, que é chamado de Sous-Ao ver Prive (se é intermediado pelo
agente de propriedade real francesa) ou Compromis de Vente (se for feito por um notário). Esse
acordo deve ser assinado por ambas as partes, sendo de responsabilidade do comprador o depósito,
de pelo menos de 10% do valor do imóvel que será depositado em uma conta bancária específica
de um notário e assim continuarão até o pagamento do restante ou o cancelamento da compra. O
comprador tem o prazo legal de 7 dias para desistir da compra e ter o reembolso integral do
depósito inicial. Se a recusa da compra for feita após essa data, o contrato é rescindido e o
comprador perde o depósito realizado, a não ser que a causa da recusa atenda a alguma condição
contratual que dê o direito ao reembolso total.
O notário, ou em francês notaire, tem o papel semelhante ao advogado no processo da Inglaterra.
A intermediação do pagamento, fiscalização da qualidade do imóvel, do seu histórico, além da
verificação de documentos e de ônus futuros em função de futuras melhorias públicas na região
onde o imóvel está localizado. Esse funcionário não age no interesse de qualquer das partes na
operação, ele representa os interesses do governo francês e tem como sua tarefa principal assegurar
que a transação seja realizada em conformidade com todas as normas legais e sendo escolhido
livremente pelo comprador.
O segundo passo do registro legal para comprar uma propriedade na França, é a assinatura do
vendedor e comprador do Acordo Final (Acte de Vente) na presença do notário. O imóvel é
transferido para o novo dono, que deve arcar com o restante dos custos que somam, normalmente,
cerca de 7,5% do valor do imóvel. Nesses custos estão incluídos a taxa do notário, imposto sobre
a transferência além do imposto do registro da propriedade. Há também imposto anual como nosso
IPTU, que como aqui vai variar de acordo com a região.

Portugal
Outro país muito procurado por brasileiros com intuito de investir em imóveis é Portugal, devido
ao idioma semelhante e em muitos casos a dupla nacionalidade portuguesa que muitos brasileiros
possuem.
Para a compra de imóvel em terras portuguesas é necessário ter uma inscrição na Administração
Fiscal, para que com isso se possa obter o Número de Identificação Fiscal. Além destes
documentos, é necessário ter em mãos a Certidão do Registro Predial, também conhecida como
Certidão de Teor, que confirma e legitima o proprietário e comprador. Já para saber qual a situação
fiscal do imóvel interessado deve-se solicitar no Serviço de Finanças o documento de nome
Caderneta Predial. Outros documentos também são necessários como a Licença de Utilização, que
serve para atestar para que serve o imóvel alvo da compra e pode ser obtido na prefeitura da cidade
do imóvel e a Ficha Técnica de Habitação que é exigida para descrever as características técnicas
e funcionais do imóvel e que também pode ser solicitada na prefeitura. Esses documentos não
podem ser solicitados diretamente por não residentes, sendo necessário, portanto um representante
fiscal que deve ser cidadão português e ter residência permanente em Portugal. É recomendado à
utilização de advogados especializados na área para atuar como representante fiscal.
O comprador deve arcar com custos na aquisição, na escritura e nos registros que normalmente
não passam de mil euros. A contribuição autárquica, o IPTU deles, varia entre 0,7% a 1,3% do
valor do imóvel e assim como no Brasil este imposto é cobrado anualmente.

24
Uruguai
O governo uruguaio também não tem nenhuma restrição quanto à compra de imóveis por
estrangeiros. Porém, assim como na Inglaterra, todas as transações imobiliárias são executadas por
um advogado especializado na área, denominado no Uruguai de escribano, tendo o comprador o
direito de escolha deste. O papel do escribano é ser responsável pela escrituração do imóvel, pelas
informações dos registros públicos, pela averiguação de possíveis pendências judiciais do bem,
além do registro do contrato.
Os impostos prediais no Uruguai são cobrados anualmente e com valores que variam entre 2%
a 3% do valor da propriedade.

Imóveis têm risco


É comum no Brasil financiar imóveis sem condições reais de arcar com esse processo, porém
com a “brilhante” ideia de alugá-lo e com o dinheiro do aluguel pagar as prestações. Além de ruim
financeiramente, este tipo de estratégia carrega um risco muito grande, já que não há nenhuma
garantia de que quando ou se o imóvel será alocado. Além de raramente o valor do aluguel ser
suficiente para pagar as prestações.
Ao transferir essa situação para outro país, o investidor praticamente estaria participando de
uma “roleta russa” financeira. As oscilações da moeda estrangeira juntamente com a incerteza da
locação do imóvel trazem riscos ilimitados.
Um exemplo prático dessa situação ocorreu com alguns brasileiros que resolveram comprar
imóveis nos Estados Unidos, especialmente em Orlando, nos anos seguintes à crise de 2008-2009
achando se tratar de uma grande oportunidade. A bomba estourou nas mãos de muitos quando o
dólar, que na época da compra estava próximo de 2 reais, passou a valer mais de 4 reais fazendo
com que muitos não conseguissem mais pagar os financiamentos e perdessem os imóveis.

25
8 ABRINDO CONTA EM CORRETORA
ESTRANGEIRA
Além de permitir a abertura de contas para não-residentes de qualquer país, a corretora tem que
custodiar os ativos no exterior e ser totalmente flexível no recebimento e retiradas do dinheiro do
investidor, tanto em relação ao país quanto à instituição financeira a ser utilizada. A corretoras
deve permitir o depósito e retirada de dinheiro de e para qualquer conta bancária com titularidade
do investidor sem qualquer tipo de burocracia. Isso é muito importante pois hoje o investidor mora
no Brasil, mas futuramente, por qualquer motivo, ele pode ter que mudar de país, o que não deve
impactar a manutenção da conta na corretora do exterior e os envios para a mesma.
Após esse filtro, deve-se checar as corretoras restantes nos órgãos reguladores e outras
instituições que protegem em caso de fraude ou quebra das mesmas.

Segurança
No caso das corretoras americanas, os principais órgãos a serem verificados são FINRA e SIPC.
A FINRA ou Financial Industry Regulatory Authority é uma corporação não governamental que
atua como uma organização autorreguladora das corretoras membros e mercados cambiais, com a
função de certificar que a indústria de valores mobiliários dos Estados Unidos opera de forma justa
e honesta. Para verificar se uma corretora faz parte da FINRA é só pesquisar pelo seu nome no site
brokercheck.finra.org. Já o SIPC (Securities Investor Protection Corporation) é um fundo
projetado para proteger os clientes de corretoras em casos de perda devido à falência e/ou fraude,
se assemelhando ao nosso FGC (Fundo Garantidor de Crédito). Assim como FGC, o SIPC é
suportado pelas contribuições dos próprios membros, no caso as corretoras, e é supervisionado
pela SEC (Securities and Exchange Commision). No próprio site da SIPC,
http://www.sipc.org/list-of-members, é possível encontrar todas as corretoras que fazem parte
desse grupo. As garantias são de até 500 mil dólares, incluindo a proteção de até 250 mil dólares
em dinheiro, por conta. Caso alcance o valor limite em investimentos pode-se criar uma nova conta
se beneficiando do novo limite. Vale lembrar que não há a necessidade de se morar ou ser cidadão
dos Estados Unidos para se beneficiar deste seguro. O tratamento é o mesmo para qualquer
nacionalidade que possua conta em uma corretora membro da SIPC.

Ativos Fornecidos
Após realizada essa filtragem inicial, tanto em relação à possibilidade de criar uma conta para
não residente quanto a segurança da corretora, o investidor deve se questionar em relação a quais
são os tipos de ativos que pretende colocar seu dinheiro. Diferente do mercado brasileiro, as
corretoras de fora variam bastante seus leques de investimentos e possibilidades, além dos países
dos quais se pode comprar ativos. Essas características podem influenciar tanto em relação a
valores mínimos de depósitos iniciais quanto aos custos de corretagem.

Exemplos de Corretoras Adequadas para o Investimento no Exterior:

26
- TD Ameritrade*
TD Ameritrade é uma das maiores e mais tradicionais corretoras americanas. A corretora não
cobra taxas de corretagens para ativos listados e não possui taxa de manutenção. Oferece uma
ampla gama de produtos como ações (incluindo REITs e ADRs), ETFs e também ativos de renda
fixa, além de operações com opções. As ações encontradas no portfólio da corretora vão desde as
mais consolidadas até as empresas que acabaram de abrir o capital.
Tutorial - Abertura de Conta na TD Ameritrade
- Interactive Brokers
Com 38 anos de história, a Interactive Brokers é a maior corretora dos EUA em relação aos
números de operações diárias. Possui uma plataforma global pela qual possibilita o acesso a mais
de 100 mercados de 24 países, com um portfólio composto por ações (incluindo REITs e ADRs),
ETFs e produtos de renda fixa. A corretora não tem valor mínimo para abrir conta nem taxa de
manutenção e sua corretagem é bem baixa.
Tutorial - Abertura de Conta na Interactive Brokers
- Charles Schwab
Possui em seu portfólio opções, ações (incluindo REITs e ADRs), ETFs e ativos de renda fixa.
Apesar de não cobrar taxa de corretagem, a Charles Schwab possui um valor mínimo para abertura
de conta de investidores internacionais de 25 mil dólares. Se diferencia por disponibilizar cartão
de débito para não-residentes, inclusive com envio para o Brasil.
Tutorial - Abertura de Conta na Charles Schwab

*A TD Ameritrade foi recém adquirida pela Charles Schwab. Por enquanto as duas corretoras
operam de forma independentes, inclusive com a TD Ameritrade ainda abrindo novas contas. Em
breve as corretoras devem unir as operações e atuar apenas com o nome de Charles Schwab.

Documentos
Concluídas todas as etapas de análise e escolha da corretora é chegada a hora de iniciar o
processo de abertura da conta. Atualmente os processos são bem rápidos e práticos e em várias
corretoras de forma totalmente online. Para abrir uma conta, o investidor deve ir no site da
corretora escolhida, preencher um formulário online com suas informações pessoais e em seguida
será solicitado por e-mail ou no próprio site os seguintes documentos (podendo variar de corretora
para corretora, assim como país):
Documento de identidade (Carteira de motorista brasileira, identidade ou passaporte*);
Comprovante de Residência Brasileiro;
Formulário W-8BEN preenchido (Apenas para corretoras americanas, sendo que algumas destas
preenchem para você).

*O visto americano não é obrigatório

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W-8BEN
O formulário W-8BEN identifica um investidor não residente nos Estados Unidos. Utilizado
também como registro para justificar casos de cooperação de outros países, como o existente entre
Brasil – EUA, evitando que o imposto pago lá seja cobrado aqui também. Seu preenchimento,
como mostrado na imagem abaixo, é bem simples, sendo obrigatório apenas os campos 1, 2, 3, 4
e 7 para todos sem identificação na receita americana e que não irão solicitar a utilização de um
acordo de impostos diferente do existente entre seu país com os EUA. Nesses campos serão
informados o Nome Completo, País, Tipo de Investidor (Individual), Endereço Completo e CPF,
respectivamente, além de assinar e datar o documento.

28
29
Registro de Ativos
O registro do tipo “Street Name” é o padrão do mercado, sendo este modelo escolhido pela
maioria das corretoras de forma automática a não ser que hajam instruções específicas por parte
do acionista. Apesar de não permitir um contato direto entre a empresa e o acionista, torna o
processo de compra e venda de ações muito mais prático, ainda mais em um mercado
descentralizado como visto no exterior, com diversos bancos custodiando ações de diferentes
empresas adquiridas por milhares de corretoras diferentes, além de facilitar a utilização dos ativos
para operar alavancado na corretora. Não recomendo, entretanto, a alavancagem, principalmente
se tratando de operações que serão realizadas em moedas estrangeiras

Frações de Ações
Algumas corretoras no exterior permitem que o investidor compre frações de ações. Utilizando
desse o investidor pode comprar, por exemplo, 0,056 ações de uma empresa.
Apesar de trazer praticidade, esse sistema acarreta em maior risco. Além de uma possibilidade
da corretora deixar de ofertar essa forma de compra de ativos, já que se trata de um serviço
exclusivo da corretora e não da bolsa, frações de ações não podem ser transferidas. Com isso é
necessário vender ou completar em números inteiros as ações em caso de mudança de corretora.
Vender todos os ativos ou completar em números inteiros resulta em grande trabalho e altos
gastos com corretagens. Por esse motivo é melhor evitar esse tipo de sistema e comprar sempre
ação inteira. Caso já tenha frações de ações, o adequado é completar estas e não adquirir mais
ativos dessa forma.

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9 MÉTODOS DE TRANSFERÊNCIA
Após a abertura de uma conta em corretora no exterior será necessário o envio de recursos para
que sejam realizados os aportes. Os métodos de transferência podem variar de acordo com as
formas aceitas pela corretora, contudo a mais comum, além de muitas vezes ser a mais barata a
depender do valor enviado, é a transferência bancária internacional, também conhecida como
Swift.
Nesse método basta informar os dados de quem vai receber no exterior, assim como o código
do banco para onde os recursos serão enviados e também o motivo do envio. O motivo serve para
que a operadora (banco/corretora de câmbio) registre a transferência e informe ao Banco Central,
pois toda e qualquer transferência internacional é registrada lá e por isso só podem ser realizadas
por agentes autorizados pela autarquia federal. Inclusive, caso ache necessário, o investidor pode
checar os registros dos envios na ferramenta Registrato do site do Banco Central. Caso resolva
checar, o investidor precisará levar em consideração que as operadoras de câmbio possuem um
prazo para fazer o registro no sistema.
Essa forma de envio pode ser realizada tanto através de bancos quanto através de corretoras de
câmbio. Os bancos além de cobrarem taxas maiores, em média 150 reais por operação além do
IOF (pode variar entre 0,38 e 1,1% a depender da natureza) e spread do câmbio, não estão
habituados a fazer transferências internacionais para investimentos em corretoras estrangeiras.
Complica ainda mais quando a transferência é para a conta da corretora e não diretamente dos
clientes, o que é muito comum, e acaba sendo uma transferência internacional de pessoa física para
pessoa jurídica. Essa situação está fora dos padrões dos bancos que muitas vezes acabam não
conseguindo realizar a transferência ou dificultando bastante como, por exemplo, solicitar
documentos que só serão adquiridos após a compra das ações. Essa situação normalmente não
ocorre ao utilizar corretoras de câmbio que estão mais acostumadas com o processo. Normalmente
estas instituições cobram taxas menores por operações e spread bancário mais em conta, além de
realizarem com facilidade este tipo de operação e, a depender da corretora, tudo online. Na
Remessa Online, por exemplo, o investidor faz tudo de forma online e paga 5,90 por operação e
spread de aproximadamente 1,5%, além de IOF. Sem contar que envios acima de 2500 reais
isentam a taxa de 5,90 reais e usando o código promocional de assinantes fornecido na Bastter.com,
bastterblue, o spread cobrado é ainda menor.
O processo de envio se resume à solicitação da transferência, na qual serão informados os
valores e a moeda que será convertida e transferida, e as informações do receptor. Após a
solicitação, a corretora de câmbio entrará em contato solicitando documentos necessários para
efetuação, sendo uma identificação com foto e comprovante da finalidade da transferência. Este
último documento pode ser o e-mail de confirmação da abertura de conta na corretora ou qualquer
outro documento que prove a existência dessa conta. Caso o investidor não tenha nenhum
documento do tipo, ele pode solicitar à corretora de investimento no exterior e a mesma
providenciará um documento comprovando a existência de sua conta e contendo informações que
servirão para provar a finalidade da transferência.
Atualmente, quando confirmado o pagamento da transferência, que é por transferência bancária,
demora normalmente no máximo 1 dia útil para que os créditos sejam adicionados na conta da
corretora estrangeira.

31
Após realizado o processo da primeira transferência, as informações e documentos ficam
gravados na corretora de câmbio, não necessitando, portanto, a repetição de todas etapas nos
próximos envios, se limitando apenas à solicitação de envio e informação da finalidade.
Dependendo do banco receptor pode haver cobrança de recebimento, porém muitas corretoras
estrangeiras isentam esses valores por parte de seus bancos para não prejudicarem seus clientes ou
quando há taxas, são bem pequenas. No caso de retirada, os bancos brasileiros vão cobrar as
mesmas taxas de envio. De qualquer forma, é importante que o investidor que decidiu ter parte de
seu capital no exterior evite ao máximo trazer de volta, a não ser em situações emergenciais.
Quando o patrimônio já for grande que dê tranquilidade financeira, o ideal pode ser abrir uma
conta em uma instituição bancária no país onde estão os recursos e fazer transferências locais,
posteriormente utilizando esse dinheiro através de saques ou compras com cartões daquela
instituição bancária.
O fato de ter uma taxa fixa para transferências inviabiliza o envio de pequenas quantidades,
sendo, portanto necessário, a depender da condição do investidor, juntar alguns aportes para então
fazer uma transferência.

Bitcoin:
Bitcoin é uma criptomoeda e um sistema de pagamento online baseado em protocolo de código
aberto que é independente de qualquer autoridade central. Ou seja, trata-se de uma moeda virtual
totalmente descentralizada de um país ou órgão regulador. Dessa forma, ao utilizar esse meio de
envio o único custo presente é a corretagem das corretoras de bitcoins e o spread entre a compra e
venda que devido a baixa liquidez no Brasil, ainda é relativamente alto.
Nenhuma corretora aceita esse tipo de transferência atualmente, sendo necessário o envio entre
corretoras de bitcoins de diferentes países para depois encaminhar o capital para uma conta
bancária para então enviar para a corretora.

32
10 IMPOSTO DE RENDA
A primeira informação que se deve ter ao investir em outro país, é saber se há acordo ou
reciprocidade e, portanto, se os impostos pagos com rendimentos ou ganho de capital pagos no
país onde o capital está investido poderão ser descontados dos impostos devidos à receita brasileira
evitando a bitributação. Existem quatro situações: Países que o Brasil tem reciprocidade que o
investidor não precisa comprovar, países que o Brasil tem reciprocidade que o investidor precisa
comprovar, países com acordo e países sem acordo. Na primeira situação encontra-se apenas três
países, Estados Unidos da América, Reino Unido e Alemanha. Na terceira situação encontra-se,
atualmente, todos os países da tabela abaixo:

Ao investir nos países com reciprocidade que não Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido, a
reciprocidade deve ser comprovada pelo contribuinte, através de cópia da lei publicada no órgão
da imprensa oficial do país de origem do rendimento, traduzida por tradutor juramentado e
autenticada pela representação diplomática do Brasil naquele país, ou mediante declaração desse
órgão atestando a reciprocidade de tratamento tributário.
Por fim, estão os países sem acordo com o Brasil. Nestes casos os rendimentos submetem-se às
disposições da legislação tributária brasileira vigente, não podendo ser compensado o valor do
imposto porventura pago no país de origem, ou seja, ocorre a bitributação.
Outra informação importante é que o fator gerador do imposto tanto para os rendimentos e
dividendos quanto para ganho de capital é independente da repatriação ou não dos recursos, ou
seja, teve ganho de capital ou recebeu proventos em outro país resultantes de ativos no exterior,
deve-se declarar e pagar os impostos devidos.

Imposto sobre Rendimentos e Dividendos

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A tributação sobre os dividendos ou rendimentos pagos por ações, REITs, ADRs, ETFs e
aluguéis de imóveis no exterior é calculada com o uso do carnê-leão, que utiliza a tabela
progressiva do imposto de renda vigente no mês do efetivo recebimento dos recursos. Um processo
similar é feito para aqueles que possuem imóveis alugados no Brasil e precisam declarar essa
renda. Caso haja valores a serem pagos, estes devem ser recolhidos até o último dia útil do mês
seguinte ao recebimento, com o código 0190. O programa Carnê-Leão pode ser baixado no site da
Receita Federal.
Para calcular o valor devido de impostos sobre os dividendos e/ou rendimentos, o investidor
deve abrir o programa do Carnê-Leão, fazer um novo registro colocando nome e CPF. Em “Origem
dos Recebimentos” a opção “Outros” será marcada. Dando prosseguimento ao processo, o
investidor clicará em “Demonstrativo de Apuração” e visualizará os meses do ano assim como
várias opções de rendimentos. Para os investimentos no exterior, as abas a serem preenchidas são
“Exterior” e “Impostos Pago no Exterior a Compensar”. Em “Exterior” será informado o valor
bruto de dividendos e/ou rendimentos recebidos naquele mês.
Esse valor deve ser informado em reais, usando-se o valor de compra do dólar americano do
último dia útil da primeira quinzena do mês anterior informado pelo Banco Central do Brasil. No
caso de rendimentos em outra moeda estrangeira, estes devem ser convertidos primeiramente para
dólares dos Estados Unidos, pelo seu valor fixado pela autoridade monetária do país de origem e
depois convertido em reais, seguindo o processo descrito acima.
Já em “Imposto Pago no Exterior a Compensar”, como o nome já fala, deve-se informar os
impostos recolhidos no país de origem. Assim como com os rendimentos informados em
“Exterior”, os impostos pagos devem ser informados em reais e convertidos através do mesmo
padrão.
Caso o imposto pago no exterior seja maior que o imposto relativo ao Carnê-Leão no mês do
pagamento, situação comum para os investidores com ações no EUA onde os dividendos são
taxados em 30%, a diferença pode ser compensada nos meses subsequentes até dezembro no ano-
calendário e na Declaração de Ajuste Anual desde que haja acordos, tratados ou convenções
internacionais firmadas pelo Brasil ou reciprocidade de tratamento.

Imposto sobre Ganho de Capital


A alienação de bens ou direitos e liquidação ou resgate de aplicações financeiras, inclusive
depósito remunerado, adquiridos, a qualquer título, em moeda estrangeira, bem como a alienação
de moedas estrangeiras e moedas virtuais mantida em espécie, de propriedade de pessoa física,
estão sujeitos a apuração de ganho de capital e consequentemente à tributação definitiva.
A alíquota para ganhos de capital no exterior de até 5 milhões de reais é de 15%. Acima desse
valor é aplicado uma alíquota progressiva, como mostrado na imagem abaixo:

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Operações no exterior que totalizam valores menores que 35 mil reais no mês e que tenham
gerado ganho de capital, são isentas de recolhimento de imposto, pois são considerados ganhos de
capital decorrentes de alienação de bens de pequeno valor.
Juros recebidos de contas remuneradas, cupons e juros intermediários de renda fixa e ganhos
com operações com moeda estrangeira em espécie não se aplicam a isenção de alienação de bens
de pequeno valor. Para vendas de moedas estrangeiras em espécie a isenção é para um total de
alienações, no ano-calendário, igual ou inferior a 5 mil dólares dos Estados Unidos. E moedas
virtuais não são consideradas moedas e sim bens, e operações de até 35 mil reais mesmo com lucro
são isentos de impostos.
O ganho de capital pode se enquadrar em três situações distintas: Resultante de Bens ou direitos
adquiridos e aplicações financeiras realizadas com rendimentos auferidos originariamente em
reais, resultante de bens ou direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas com rendimentos
auferidos originariamente em moeda estrangeira e resultante de bens ou direitos adquiridos e
aplicações financeiras realizadas com rendimentos auferidos originariamente parte em reais, parte
em moeda estrangeira. Como o nome já descreve, a diferenciação das situações ocorre devido à
moeda de origem do rendimento utilizado para se investir no exterior, que não só resultará em
situações distintas para declaração e recolhimento do imposto como também a forma de cálculo
do ganho de capital.
Na hipótese de bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas em moeda
estrangeira com rendimentos auferidos originariamente em reais, o ganho de capital corresponde
à diferença positiva, em reais, entre o valor de alienação, liquidação ou resgate e o custo de
aquisição do ou direito ou o valor original da aplicação financeira. O valor de alienação, liquidação
ou resgate, quando expresso em moeda estrangeira, deve ser convertido em dólares dos Estados
Unidos da América e, em seguida, em moeda nacional pela cotação do dólar fixada, para compra,
pelo Banco Central do Brasil, para a data do recebimento. Já o custo de aquisição segue o mesmo
processo, contudo é convertido para reais pela cotação fixada para venda da data de pagamento. A
conversão de moeda estrangeira para dólares americanos, em qualquer uma das três situações, é
feita pela cotação fixada pela autoridade monetária do país emissor da moeda, para data do
pagamento, na aquisição, e para data de recebimento, na liquidação, alienação ou resgate. Ou seja,
para esses casos onde os investimentos se originaram em reais, primeiro se converte os valores de
35
liquidação, alienação ou resgate e de aquisição para reais de acordo com a cotação para compra e
para venda respectivamente, em seguida se calcula o lucro da operação para então pagar 15% sobre
o valor do ganho do capital, caso a operação ultrapasse o montante de 35 mil reais.
Para bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira com
rendimentos auferidos originariamente em moeda estrangeira, o ganho de capital corresponde à
diferença positiva, em dólares dos Estados Unidos da América, entre o valor de alienação,
aquisição ou resgate e custo de aquisição do bem ou direito ou o valor original da aplicação,
convertida em moeda nacional mediante a utilização da cotação do dólar americano fixada, para
compra, pelo Banco Central do Brasil, para data do recebimento. Em resumo, para ganhos de
capital com investimentos auferidos originariamente em moeda estrangeira, deve-se primeiro
calcular o lucro da operação em dólares e posteriormente converte esse valor para reais utilizando
a cotação de compra para o dia do recebimento e por fim apurar-se 15% sobre esse valor para
efetuar o pagamento caso a operação ultrapasse o limite de 35 mil reais de isenção.
No caso de bens e direitos adquiridos e aplicações financeiras realizadas em moeda estrangeira
sejam resultantes de rendimentos auferidos originariamente parte em reais e parte moeda
estrangeira, serão utilizados, de forma proporcional, os dois processos descritos acima para o
cálculo do ganho de capital gerado na operação. Divide-se em duas aplicações, uma para o
montante utilizado de rendimentos auferidos em reais seguindo o processo descrito para este tipo
de ganho de capital e outra para valores utilizados de rendimentos auferidos em moeda estrangeira
obedecendo sua forma de cálculo de ganho de capital.
A apuração dos ganhos de capital de operações que excedam o limite de isenção deve ser feita
através do programa da Receita Federal destinado para esse propósito, o GCAP (Programa Ganhos
de Capital). Assim como definido para o imposto sobre dividendos e rendimentos, a data limite do
preenchimento do programa com as informações de possíveis ganhos de capital é o último dia útil
do mês subsequente à operação da venda, depois desse prazo o investidor será passível de multa.
Além disso, em operações realizadas a prestações o ganho de capital deve ser apurado para cada
parcela seguindo a mesma forma de cálculo que as operações a vista ou a prazo, sendo esta forma
definida apenas pela origem do rendimento utilizado no investimento liquidado ou resgatado.
Outra informação importante que o investidor deve estar ciente é que possíveis prejuízos com
operações no exterior não são compensáveis

Declaração Anual de Imposto de Renda Pessoa Física


Assim como é feito com os investimentos no Brasil, é necessário anualmente declarar todos os
ativos que possua no exterior, assim como seus rendimentos. A posse dos ativos deve ser declarada
em Bens e Direitos. Para isso basta entrar no item de Declaração de Bens e Direitos no programa
da Receita da Declaração Anual de Imposto de Renda Pessoa Física e selecionar “Novo”.
No primeiro campo será informado a qual grupo o ativo pertence. No caso de
Stocks/REITs/ADRs o grupo será “03 - Participações Societárias”. Para ativos de renda fixa ou
poupança no exterior a opção será o grupo “04 - Aplicações e Investimentos”. Já para ETFs e
depósitos em conta-corrente no exterior(bancos ou corretoras) ou dinheiro estrangeiro em espécie
os grupos serão “07 - Fundos” e “06 - Depósito à Vista e Numerário”, respectivamente. Imóveis
no exterior deverão ser declarados com código “01 - Bens Imóveis”.

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No “Código” será informado o tipo do ativo o qual está sendo declarado. Os mais utilizados
pelos investidores no exterior são:

Apartamento ou Casa - Código 11 ou Código 12, respectivamente.


Ações (inclui o REITs e ADRs) - Código 01;
ETFs - Código 09
Conta Remunerada/Poupança no Exterior - Código 01
Aplicação em Renda Fixa em Geral no Exterior - Código 02;
Depósito Bancário em Conta-Corrente no Exterior (bancos ou corretoras) - Código 01;
Dinheiro em Espécie Moeda Estrangeira - Código 11.

Na “Localização” será informado o país onde estão alocados os investimentos informados. Para
ativos nos Estados Unidos, Reino Unido e Alemanha, utiliza-se os códigos 249, 628 e 023,
respectivamente. Para outros países, verificar o código no programa da Receita.
O campo “Discriminação” tem como objetivo detalhar os ativos que estão sendo declarados,
assim como os seus valores de aplicação. A Receita não informa um modelo exato de como deve
ser essa descrição nem para ativos no Brasil ou no exterior, cabendo, portanto, a cada investidor
determinar como deve ser feito, tentando ser o mais transparente possível. Abaixo segue sugestões
de modelos de preenchimento para a descrição dos diferentes tipos de ativos:

Ações/ETFs - Informar a bolsa, o ticker da empresa ou ETF, quantidade, corretora pelo qual foi
comprada, valor aplicado nesse ativo na moeda estrangeira, o montante de rendimentos auferidos
originariamente em reais e/ou moedas estrangeiras utilizadas na aquisição. Em casos de mais de
uma aplicação somar os valores de aplicações;
Aplicações Financeiras - Deve ser informado o valor da aplicação financeira na moeda
estrangeira, o tipo da aplicação, a instituição financeira e o montante de rendimentos auferidos em
reais e/ou moedas estrangeiras utilizados na aquisição;
Depósito Bancário em Conta-Corrente no Exterior (bancos ou corretoras) - Informar o
valor em moeda estrangeira, a instituição bancária e a conta;
Imóveis - Descrever o endereço, a data da compra, o valor pago em moeda estrangeira, o nome
do vendedor e o montante de rendimentos auferidos em reais e/ou moedas estrangeiras;
Moeda Estrangeira em Espécie - São descritos a quantidade em posse de moeda estrangeira.

Nos campos “Situação”, para ações, ETFs, imóveis, aplicações e moeda estrangeira em espécie,
serão informados os valores de aquisição dos bens e direitos adquiridos. Esses valores deverão ser
convertidos para reais pela cotação do dólar para venda informado pelo Banco Central do Brasil.
Caso adquirido em outra moeda estrangeira, deve ser primeiro converter para dólares dos Estados
Unidos da América pelo valor fixado pela autoridade monetária do país emissor da moeda e
posteriormente converter para reais seguindo o processo descrito acima. Para contas de depósitos
não remunerados no exterior, ou seja, em conta corrente os valores informados no campo situação
é igual ao seu saldo existente no último dia do ano anterior e do ano da declaração. Diferente dos
outros investimentos, a conversão para reais será feita pela cotação de compra fixada pelo Banco
Central do Brasil. O possível acréscimo patrimonial decorrente da variação cambial desses saldos
é isento de impostos, porém devem ser declarados em “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”
como “Outros”.
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No caso de BDR deve-se usar o grupo “04 - Aplicações e Investimentos” e código 04. O
preenchimento da descrição seguirá o modelo apresentado para ações com a adição da informação
que se trata de um recibo depositário brasileiro. Como os outros investimentos, na localização será
informado o país onde se encontra o capital investido, ou seja, para BDR será Brasil. E por fim, o
preenchimento do campo Situação será também igual ao de ações, descrito logo acima. Lembrando
que como o BDR é um investimento brasileiro, será operado em reais não precisando, portanto,
nenhum tipo de conversão de moedas.
A posse de Bitcoin e qualquer outro Criptoativo também deve ser declarada. A Receita informa
que este tipo de ativo deve ser informado também na Ficha de Bens e Direitos, porém com o grupo
“08 - Criptoativos” e código que melhor classifica o tipo de criptoativo. Na descrição informa-se
o tipo de moeda virtual assim como a quantidade em posse. O campo Situação será preenchido
com o valor de aquisição do ativo, sendo este alterado apenas caso haja novas operações. A receita
chama atenção pelo fato de as moedas virtuais não terem cotações oficiais já que não possuem
órgão responsável pelo controle das suas emissões. Com isso é necessário que o investidor guarde
um documento que comprove suas operações e seus valores de aquisição e/ou vendas para fins
tributários.
Os rendimentos e proventos dos ativos serão declarados no item “Rendimentos Tributáveis de
Pessoa Física/Exterior” na aba “Outras Informações”. Basicamente pode-se preencher todos
proventos e rendimentos recebidos do ano numa única vez na época do preenchimento da
declaração anual ou fazer o acompanhamento mensal com o programa do carnê leão. A primeira
opção só será possível caso o investidor esteja posicionado em países com acordo de reciprocidade
e que os impostos taxados na distribuição dos rendimentos e proventos sejam iguais ou superiores
aos cobrados pelo governo brasileiro (ex. Estados Unidos da América), não necessitando assim
pagamento mensais da diferença de taxações. Independentemente da forma escolhida, o processo
de cálculo é o mesmo.
Os ganhos de capital, explicados com maior detalhamento em tópico anterior, ocasionados por
alienação de bens e direitos no exterior devem ser declarados em “Rendimentos Isentos e Não
Tributáveis” caso se encaixem em vendas de bens de pequeno valor sem a necessidade de taxação
ou em “Rendimentos Sujeitos à Tributação Exclusiva/Definitiva” para as operações com lucro que
não se caracterizem com a situação anterior.
Saldo em conta correntes e demais aplicações financeiras, cujo valor unitário não exceda a 140
reais, bens móveis cujo valor unitário não ultrapasse 5 mil reais, conjunto de ações, negociadas em
bolsa ou não, bem como ouro, ativo financeiro, cujo valor de constituição ou de aquisição seja
inferior a mil reais e/ou são dispensados de declarar.
Basicamente esse é o processo Declaração Anual de Imposto de Renda Pessoa Física para a
maioria dos pequenos investidores com ativos no exterior, que por sinal é bem parecido de como
é feito com os investimentos situados no Brasil. Contudo para aqueles que possuem ativos no
exterior que totalizam montante igual ou superior a 1 milhão de dólares no último dia de cada ano
é obrigatório também o preenchimento da Declaração de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE).
Ela é feita na internet no site do Banco Central e deve ser entregue, geralmente, até o início de
abril, informando em valores da moeda estrangeira cada investimento em posse no exterior. Caso
o valor em investimentos no exterior seja igual ou superior a 100 milhões de dólares, essa
declaração deve ser feita trimestralmente.

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Bastter System

O gerenciador de ativos Bastter System do site da Bastter.com tem uma ferramenta completa de
Imposto de Renda tanto para ativos brasileiros quanto para estrangeiros. Utilizando essa
ferramenta o investidor consegue realizar os processos de Declaração de Imposto de Renda Pessoa
Física e de recolhimento de possíveis impostos, ambos de acordo com as regras oficiais, de forma
muito mais simples, precisando apenas informar corretamente suas movimentações.

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