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Escrava do Amor Michelle Reid

ESCRAVA DO AMOR
(Título original: Slave to love)

MICHELLE REID
Digitalizado por Ilnete

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estritamente proibida.

RESUMO

Roberta sabia que o primeiro casamento de Mac deixara cicatrizes profundas,


mas ele ainda gastava boa parte de seu tempo com a ex-esposa e a filha
mimada. Se Roberta quisesse um compromisso sério, teria que deixá-lo. Mas
seria capaz de matar o amor que sentia por Mac, de renunciar às loucas noites
de paixão?

Projeto Romances 1
Escrava do Amor Michelle Reid

CAPÍTULO I

— A atual loira-burra do papai...


Na festa cheia de pessoas alegres, Roberta Chandler sentia-se
aborrecida e só. Controlando a raiva, observou a mocinha que acabara de fazer
aquela desprezível declaração a um grupo de jovens. Teve vontade de replicar,
mas conteve-se, olhando para a taça de champanhe que segurava.
Lulu Maclaine devia levar uns tapas do pai, de vez em quando, pensou.
Olhou para Mac, que se encontrava do outro lado da sala, conversando
com alguns amigos.
Será que ele não percebe a maneira horrível como estou sendo tratada?,
perguntou-se. Ou pouco se importa? Tem sorte de eu me comportar bem
melhor do que sua filhinha, ou estaria assistindo a um escândalo!
Uma risada alta chamou lhe a atenção. Era Lulu quem ria, na roda de
amigos, olhando diretamente para Roberta.
— A loira-burra do papai — a garota repetiu com desdém.
Tomou um gole do champanhe, lentamente.
Mas, afinal, é o aniversário de dezoito anos de Lulu, e talvez ela tenha o
direito de celebrá-lo sem a loira-burra do papai por perto, disse a si mesma.
No entanto, fora convidada para a festa. O próprio Mac a convidara. Ela,
porém, não deveria ter aceitado. Parecia que daquela vez ele ia deixar bem
claro para todos o que realmente significava o relacionamento entre os dois.
Que piada!, pensou Roberta. Eu devia saber que Mac designou Joel como
meu acompanhante para evitar falatórios. Não quer que ninguém saiba que
somos amantes.
Joel, além de ser seu patrão, era irmão de Mac. Onde estaria naquele
momento? Conversando com alguma mulher bonita, com certeza.
Olhando ao redor da sala, ela o viu dançando com a mãe de Lulu. Os dois
conversavam, mas não pareciam nada amistosos.
Falam a meu respeito, com certeza, concluiu Roberta.
Joel deve estar pedindo desculpas por ter me trazido aqui.
Respirou fundo e olhou na direção de Mac, observando-o de cima a baixo.
Aproximou-se de uma janela e olhou para fora, sempre pensativa. Mac
era alto, charmoso, elegante, sofisticado, sexy, musculoso.. - Olhou ao redor,

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dizendo a si mesma que precisava parar de pensar em Mac. Deu uma volta no
salão, pegou outra taça de champanhe e pousou o olhar rapidamente em Joel.
Joel tinha um grande respeito pelo irmão mais velho, de quem acatava
todas as ordens, porque Mac assumira o comando das empresas quando o velho
Maclaine morrera de um súbito ataque cardíaco. Mac tivera de amadurecer
rápido, mas encarara o desafio.
Ela fitou Mac longamente mais uma vez. Não soube quanto durou seu
olhar, até ouvir:
— Já viu o bastante?
Roberta assustou-se com a proximidade sorrateira de Joel.
— Já, já vi o suficiente — respondeu com frieza.
— Opa! — Joel exclamou, brincalhão. — Esses adoráveis, olhos verdes
estão me dizendo que temos problemas à vista.
—Estou pronta para ir embora, se você quiser ir também, claro — disse,
mantendo a pose.
Mas Joel sabia melhor do que ninguém o que ela estava sentindo.
— Tudo bem, querida — ele falou com suavidade, segurando a mão
delicada. — Vamos sair daqui com o queixo erguido.
— Você é muito observador — ela murmurou, acompanhando-o entre os
convidados, até o vestíbulo vazio da casa de campo de Mac.
— E você observa pouco, Roberta. Vá buscar seu casaco.
Joel observou-a subir a escada.
Ela é linda, comentou consigo mesmo. Mac tem bom gosto.
Sorriu, sentindo uma onda de carinho por ela.
— Onde está Roberta? — Mac perguntou, desviando a atenção de Joel.
— Foi buscar o casaco.
— Tão cedo? São apenas... — Mac olhou para seu relógio de pulso. — Dez
e meia. A noite é uma criança.
— E?
— Qual o problema? Foi sarcástico comigo a noite toda. Eu gostaria de
saber o que está querendo.
— Gostaria? Reserve um tempo para mim e terei grande prazer em lhe
contar.
— O que há com você? Parece ofendido com alguma coisa.
Joel teve vontade de afirmar a Mac que fora ofendido, mas, naquele
instante, Roberta apareceu no topo da escada, ganhando toda a atenção de
Mac. Ela parou ao vê-lo, então desceu os degraus calmamente, olhando-o com
frieza bem entro dos olhos acinzentados.

Projeto Romances 3
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— Qual o problema? — Mac perguntou em tom suave, quando ela os


alcançou. — Está fugindo com meu irmão?
Roberta olhou para Joel, desejando que ele fosse seu namorado. Mas,
apesar dos dois Maclaine serem atraentes, charmosos e sofisticados, Joel
nunca a atraíra.
— Estou cansada — falou com doçura. — Foi um longo dia.
— Vamos, me dê seu casaco. Vamos embora — Joel declarou, seco.

CAPÍTULO II

Jenny ficou surpresa ao ver Roberta na porta de seu apartamento,


pedindo para usar seu velho quarto.
— Claro — concordou, sem hesitar.
As duas seguiram direto para a sala de estar.
— O que aquele canalha fez, que a mandou de volta par cá? — Jenny
perguntou.
— Não foi Mac. Foi a família dele — explicou.
E contou o que se passara naquela noite.
— Então, quer dizer que um homem com aparência de durão como
Solomon Maclaine é um fraco frente à família — Jenny concluiu com aspereza.
— Ele ama a família. Sente-se culpado por tê-la deixado e só pensa em
agradar aquelas duas.
— E dá a você o segundo lugar.

Projeto Romances 4
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— Dava. Não se esqueça de que hoje deixei esse lugar vago.


— Ainda não disse a ele.
— Não, mas direi. Na verdade, estou me sentindo bem, embora, é claro,
um pouco magoada.
Jenny fitou-a, parecendo não acreditar no que estava ouvindo, mas não
fez nenhum comentário.
— Vim aqui esta noite porque me senti humilhada, mas por outro lado,
tenho a sensação de que tirei um peso dos ombros — Roberta declarou. — Não
sou mais o “caso” do famoso Mac. Talvez agora eu possa recuperar meu
respeito próprio.
— Ele virá aqui assim que descobrir que você não para o seu
apartamento.
— Apartamento dele — Roberta corrigiu com rancor. —Mac levou-me
para lá porque um homem de sua posição tem de manter um certo status!
— Além do mais, comigo por perto, o estilo dele seria prejudicado —
comentou Jenny.
Roberta sorriu.
Jenny era uma mulher alta, de ossos largos, com os músculos bem
desenvolvidos de uma treinada fisioterapeuta.
— Posso ficar com o quarto que era meu? — indagou.
— Claro que pode! — Jenny exclamou, feliz por ter sua antiga
companheira de volta, embora parecesse acreditar que não seria por muito
tempo. — Acha que vai conseguir dormir?
Roberta levantou-se do sofá.
— Não — admitiu com sinceridade. — Mas preciso tentar. Para sua
surpresa, dormiu muito bem. Fechou os olhos assim que se acomodou na cama.
Tinha a impressão de que estava livre de um enorme peso que vinha carregando
havia muito tempo.

— Joel ligou — Jenny informou assim que Roberta entrou cozinha, na


manhã seguinte. — Para avisá-la de que, ao contrário do que pensou, Mac ligou
para o seu apartamento e, como não a encontrou, quer saber onde você está.
Roberta, usando um conjunto de moletom azul da amiga, surpresa e
satisfeita.
— E Joel disse onde estou? — perguntou, com fingida indiferença,
verificando se ainda havia café quente na cafeteira.

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— Não, Joel não disse nada, mas pelo jeito Mac ficou ligando para o
apartamento em Chelsea e está furioso. Chegou a insinuar que você e Joel
saíram juntos.
— Essa não! — exclamou Roberta, rindo.
— Joel disse a ele que a deixou em casa e não mais a viu — prosseguiu
Jenny.
— Grande Joel! Pelo jeito, decidiu ficar do meu lado.
— Mac vai ligar para cá a qualquer momento. O que vai fazer?
— Eu? Não vou fazer nada. Este é seu apartamento. Seu telefone. Você
atende.
— Em outras palavras, devo mentir.
Roberta encolheu os ombros, tranqüila.
— Achei que gostaria de atendê-lo — falou.
— Adoraria.
Jenny não gostava de homens como Mac, porque, uma vez, envolvera-se
num relacionamento parecido com o de Roberta e passara pelas mesmas
decepções.
— Mas, e se ele vier até aqui? — perguntou.
— Isso não vai acontecer! Sabe tão bem quanto eu que ele não sairá de
Berkshire até que o último convidado deixe a casa.
Roberta fez uma pausa, sorrindo
— Estarei salva até segunda — continuou. — Terei tempo para tirar
minhas coisas do apartamento em Chelsea, antes de enfrentar Mac.

Roberta estava na sua sala, na segunda-feira, ditando uma carta para


Mitzy, quando Mac apareceu.
— O que pensa que está fazendo? — ele questionou, furioso, dando um
soco na mesa.
Mitzy assustou-se, pasma com aquela entrada intempestiva. Roberta foi
pega desprevenida, mas sabia que mais cedo ou mais tarde aquilo iria
acontecer. Fitou-o bem dentro dos olhos, sem se deixar intimidar.
— Sabe pelo que passei nesse final de semana? — Mac perguntou, irado.
— Quase fiquei maluco, pensando no que poderia ter acontecido com você!
— Mas não foi o suficiente para tirá-lo de Berkshire para ver se eu
estava bem — Roberta retrucou com frieza.
— O que quer dizer?

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— Nada. — Roberta olhou para Mitzy, que os olhava perplexa e receosa.


— Terminaremos depois.
— Claro — Mitzy respondeu, aliviada, levantando-se da cadeira e saindo
da sala o mais rápido possível.
— Explique-se — Mac exigiu.
Como sempre, muito econômico com as palavras. Roberta pensou,
sarcástica.
— É muito simples. Mudei-me de seu apartamento.
— Sei disso! Fui lá e vi que todos os seus pertences haviam desaparecido!
— Decidi pôr fim ao nosso relacionamento ela declarou, como se ele não a
houvesse interrompido.
— O quê?
— Você me ouviu. Está tudo acabado entre nós.
Terminado, fim, ponto final. Roberta acrescentou mentalmente com
cinismo. Acabou.
— Coelhinha... Mac murmurou, sedutor. — O que foi que eu fiz? — Mac
perguntou
— Nada.
E foi exatamente o que fez. Mac, pensou Roberta. Nada.
— Decidi que chegou a hora de acabarmos — Roberta declarou, decidida.
— Mas por quê? E por que dessa maneira? Sem aviso prévio, deixando um
apartamento vazio a minha espera!
— Nosso relacionamento não estava chegando a lugar nenhum — disse
Roberta.
— E você queria que chegasse a algum lugar?
— Oh, claro que queria.
— Mas sabia que eu não queria me casar, mesmo antes de começarmos a
namorar.
— Sabia.
— Concordamos em morar juntos — Mac falou.
— Mas não vivíamos juntos, vivíamos? Você tem uma casa em Berkshire,
onde não sou bem-vinda. Um apartamento em Knightsbridge, onde não sou bem-
vinda. E o apartamento em Chelsea, que era meu lugar, de onde não deveria
sair!
— Usei pouco o apartamento em Knightsbridge e não fico muito tempo
em Berkshire! Sabe tão bem quanto eu que quero estar onde você está.
— A menos que esteja se divertindo, claro. Ou quando tem um ataque de
amnésia e passa a me ignorar.

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— Quer dizer que tudo isso é por causa da noite de sexta-feira? — Mac
perguntou, seco.
— Foi a gota de água.
— Não posso acreditar! Terminou nosso relacionamento porque não fiquei
a seu lado, na festa?
— Nem um minuto sequer.
— Tinha outras coisas a fazer! Era a noite de Lulu. Minha única filha
tinha o direito de ter toda a minha atenção!
— E teve — Roberta falou secamente. — Com certeza teve! A total
atenção da maioria do pessoal naquela festa. E eu fui deixada de lado!
— Onde esteve nesse fim de semana? — indagou, mudando de assunto.
— No apartamento de Jenny.
— Aquela mentirosa! Jurou que não sabia de você! Joel levou você lá?
— Fui para lá depois que ele me deixou em casa — mentiu.
Mas Mac não acreditou.
— Meu irmão tomou seu partido!
— O que Joel fez por mim não significa que ele tenha, sido desleal a
você.
— Não? Do meu ponto de vista, ele é um traidor! —ergueu-lhe o rosto,
pegando-a pelo queixo. — O que mais ele fez com você? Meu irmão está
tentando conquistá-la, Roberta? É por isso que está terminando comigo?
Furiosa, ela o empurrou.
— Que idéia ridícula! — retrucou.
— Não mais do que os insultos que tem me dirigido desde que entrei aqui.
Joel gosta de você, sempre gostou. E não me venha dizer o contrário.
— Você está louco!
— Louco, não. Apenas consciente do que está acontecendo ao meu redor.

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CAPÍTULO III

Joel estava esperando por Mac, sentado tranqüilamente em sua


confortável cadeira atrás da mesa de madeira de lei.
— Que irmão leal eu tenho! — Mac zombou.
— E que amante leal você é — Joel retrucou com ironia. — Eu não
submeteria nem uma pessoa de quem não gosto ao que você submeteu Roberta,
na sexta á noite.
Observou, curioso, as faces de Mac avermelharem-se de raiva.
— Roberta pode se cuidar sozinha, sem você precisar bancar o
cavalheiro! Mac replicou.
— Aposto que acabou de discutir com minha assistente pessoal, certo?
— Joel conjecturou. — Agora, acha que pode me “pulverizar” também, não é?
— Não venha passar sermão em mim! Não, depois que me fez bancar o
idiota neste final de semana, quantas vezes liguei para você?
— Oh, umas dez. Pena não ter deixado de telefonar para se pôr
verdadeiramente em ação. Poderia ter pego Roberta entre as idas e vindas dela
ao apartamento.
Mac cruzou os braços e bufou, exasperado.
— Ah, vejo que Roberta apontou-lhe esse mesmo erro —Joel comentou
com sarcasmo.
— Eu tinha outros compromissos. Ela sabia disso e, caso se importasse
comigo, teria entendido.
— Como você entendeu como era humilhante para ela passar a noite ao
lado de seu irmão, na festa de aniversário de Lulu?
— Oh, vá para o inferno! — Mac exclamou, com raiva, passando a mão
atrás do pescoço e acomodando-se numa cadeira. — Sabe como Lulu é sensível
em relação a mim e a mãe. Tive de colocar os sentimentos dela em primeiro
lugar.
— Então, por que convidou Roberta?
— Por que ela aceitou o convite?
Joel praguejou baixinho, incrédulo e furioso.
— Seu canalha! — praguejou, levantando-se. — Se todos fingem que
estão felizes, Solomon Maclaine fica com a consciência tranqüila. Realmente
você é muito egoísta.

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— Sabia como as coisas seriam, quando concordou em acompanhá-la.


— Concordei pelo bem dela, não pelo seu. Aconselhei-a a não ir, mas sabe
o que ela disse? “Dessa vez, Joel, ele ficará a meu lado, me mostrará a todos.
Se ele realmente se importa comigo, vai ficar comigo na festa”.
Joel sentou-se novamente.
Mac, então, saiu da sala exasperado. ,Joel apertou o botão do interfone.
— Venha aqui, Roberta, por favor — pediu num tom de voz formal.
Roberta seguiu para o escritório de Joel no mesmo instante.
— Sente-se.
Roberta sentou-se, esperando pelo pior.
— Ele a convenceu a reatar o namoro? — Joel indagou.
— Não!
— Não foi o que Mac deu a entender.
— Seu irmão diz o que quer. Gosta de viver de ilusão.
Joel sorriu.
— E o que pretende fazer, quando ele vier buscá-la esta tarde? Sim,
porque ele me disse que virá buscá-la esta tarde para você levar de volta suas
coisas para o apartamento dele.
— Não vou a lugar nenhum com Mac — respondeu firmemente.
— Tem certeza?
— Tenho.
— Então, não há por que não jantar comigo esta noite, certo?
Roberta franziu a testa, surpresa com o convite.
— Não preciso ser consolada — disse, com determinação. — E muito
menos ser protegida de Mac.
— Na verdade, vou jantar com Lou Saies, de Portsmouth, e sabemos o
que esse encontro significa!
Lou Sales era um ex-engenheiro naval que, depois de se aposentar da
Macinha, abrira sua própria companhia de engenharia naval, com financiamento
dos Maclaine,
— 0k, eu irei.
— Encerre o trabalho uma hora mais cedo, à tarde — Joel declarou. —
Pego você às sete — ele informou.

Mac chegou ao apartamento de Jenny ás seis e meia, exatamente quando


Roberta tinha acabado de sair do banho, com os cabelos presos em forma de
coque e um doce perfume cobrindo-lhe o corpo.

Projeto Romances 10
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Jenny tentava impedi-lo de entrar, de todas as maneiras. Mac olhou para


Roberta e gritou, furioso:
— Diga para ela me deixar entrar!
— Este é meu apartamento, Solomon Maclaine — Jenny retrucou com
firmeza. — E eu...
— Diga. Roberta!
— Tudo bem — falou, antes que ele pusesse a casa abaixo. Deixe-o
entrar.
Jenny afastou-se. Roberta colocou as mãos nos bolsos do robe cor-de-
rosa e caminhou na direção da sala de estar. Parou no meio do aposento e
encarou-o.
— Volte para casa — Mac pediu calmamente.
— Não. Roberta negou com firmeza. — Não, Mac. Você e eu queremos
coisas diferentes da vida. Se eu permitir que me convença a voltar, estarei
mentindo a mim mesma.
— Eu sei que você me ama. Você me deseja. Não vai conseguir viver sem
mim.
Quando estava se aproximando de Roberta, a campainha tocou. Era Joel
A discussão foi acirrada, e Roberta participou como mera espectadora,
vendo os irmãos discutirem sobre ela como se ela não estivesse ali.
Quando não pôde mais suportar, gritou, descontrolada:
— Vamos! Saiam daqui. Os dois!

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CAPÍTULO IV

Mais tarde, depois de dividir um jantar leve com Jenny, Roberta ligou a
televisão, mas, na verdade, não mostrou nenhum interesse em qualquer
programa.
Suspirou diversas vezes, torcendo para que as estranhas sensações que
estava experimentando, e que a faziam sentir-se infeliz, passassem logo.
— Vou fazer café — Jenny falou, levantando-se. — Quer uma xícara?
— Eu... não, obrigada — respondeu. — Acho que vou dormir...
— Tudo bem — Jenny concordou e acompanhou-a com os olhos, quando
Roberta ergueu-se do sofá e caminhou para o quarto.
Sabia que a amiga não conseguiria dormir bem, depois dos
acontecimentos da noite.
Roberta deitou-se. pensando em Mac, recordando que o conhecera no
escritório de Joel, em seu segundo dia de trabalho na empresa.
Os dois irmãos estavam rindo, quando ela entrou no escritório de Joel.
Bastou-lhe olhar para Mac uma vez, para notar seus cabelos pretos, os lábios
sensuais, os olhos acinzentados brilhantes e enigmáticos. Notou também a pele
bronzeada, que como ela soube depois, fora resultado das férias que ele
passara nas Bahamas, com a filha adolescente.
Joel percebeu como Roberta ficou maravilhada com Mac e apresentou-os
com um sorriso meio forçado.
— Nosso presidente, Solomon Maclaine — informou, seco, desconfiando
de que perdia mais uma garota para o irmão.
— Roberta Chandler, minha assistente pessoal.
- Tem o apelido de Bertie, ou algo mais exótico, como Coelhinha? — Mac
perguntou, aproximando-se para apertar a mão dela.
— Não! — Roberta exclamou, lutando para manter a compostura, porque
o simples toque da mão firme na sua fez seu coração bater acelerado e o corpo
aquecer. — Eu não responderia, se alguém me chamasse assim!
— Exceto que esse alguém fosse um amante...
— Nem que fosse um amante — ela negou e desviou o olhar, sentindo as
faces em fogo.
— Veremos.

Projeto Romances 12
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No dia seguinte, Roberta foi trabalhar tão mal-humorada, que seria


capaz de brigar com qualquer um que cruzasse seu caminho. Atravessou o
vestíbulo do imponente prédio onde localizavam-se os escritórios dos
executivos da companhia dos Maclaine pronta para guerrear com quem fosse
preciso.
Mas Joel era seu alvo principal, já que na noite anterior ele se
comportara tão mal quanto Mac. Ela entrou no elevador e apertou o botão do
andar onde ficava seu escritório.
— Emergência! Emergência! — Mitzy gritou ao vê-la. — Joel teve de sair
para um compromisso inesperado e urgente, em Portsmouth e você tem de ir
para Zurique no lugar dele.
— Eu? Mas não tenho autoridade para assinar nenhum contrato em nome
dos Maclaine! — Roberta protestou, aturdida.
— Não vai assumir nada, apenas protelar o prazo, até que Joel chegue em
Zurique.
— Mas isso é loucura! Franc Brunner já estava impaciente na última
sexta-feira. Se não assinarmos logo esse contrato, perderemos o cliente.
Mitzy nada disse. Apenas voltou para sua mesa, pegou uma pasta e
entregou-a à Roberta.
— Isto é para você — disse. — Tudo relacionado com o negócio está aí.
Joel falou para você ler e encontrar algo para discutir com o sr. Brunner,
ganhando tempo até que ele chegue.
— O que mais Joel disse?
— Joel disse que o sr. Brunner precisa mais de nós do que nós dele. Adiei
a reunião de hoje com o sr. Brunner para amanhã de manhã. Seu vôo sai ao
meio-dia, de Heathrow para Zurique.
— Mas... — Roberta tentou argumentar.
— Há um quarto reservado para você em nome da empresa, num melhores
hotéis de Zurique — a secretária prosseguiu, ignorando-a. — Terá de se
apressar. Volte agora mesmo para casa, faça as malas e corra para o aeroporto.
— Quando foi que Joel organizou tudo isso?
— Esta manhã, bem cedo, quando me tirou da cama e me obrigou a estar
aqui às seis e meia!
— E o que aconteceu em Portsrnouth? — Roberta perguntou, lembrando-
se do jantar que ela e Joel teriam com Lou Saies na noite anterior.
— Aparentemente, o sr. Saies teve um problema, e Joel seguiu para lá
para ver se conseguia ajudar a resolver.

Projeto Romances 13
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Roberta, muito elegante, usando um tailleur verde, com os longos cabelos


loiros soltos, caminhava segura de si pelo aeroporto de Zurique, chamando a
atenção dos homens, que a fitavam com admiração. Mas não demonstrava
nenhum interesse em flertar. Estava com a mente ocupada, procurando, entre
as várias pessoas que seguravam cartazes, à espera de passageiros daquele
vôo, o estranho que a levaria ao hotel.
Mitzy dissera que um amigo de Joel cuidaria dela e que seria o
intérprete, em suas conversa Franc Brunner.
Continuou a procurar o cartaz com seu nome, até que encontrou-o.
Caminhou vagarosamente na direção do homem que o segurava, com todos os
instintos em alerta.
Alto, corpo atlético, loiro e bonito, recitou para si mesma.
E por sua expressão, sabe muito bem que é um homem atraente.
Ao parar na frente dele, teve seus pensamentos confirmados, pois
recebeu um sorriso amplo e sedutor.
— Srta. Chandler? — ele indagou com um leve e charmoso sotaque
alemão. — Meu nome é Karl Loring e serei sua companhia nos próximos dias aqui
em Zurique.
Trocaram um aperto de mãos.
— Sr. Loring, obrigada por me conceder seu tempo —Roberta agradeceu
educadamente.
— Será um prazer. Sabe, Joel nunca falou que tinha uma assistente tão
bonita. O prazer será todo meu, em tê-la como companhia.
Roberta estreitou os olhos e encarou-o com especulação.
Notou que teria problemas com Karl Loring, se não fosse cuidadosa e se
mantivesse sempre atenta.
— Podemos ir?
Karl ofereceu-se para carregar a mala e pegou-a pelo braço, guiando-a
até o estacionamento do aeroporto.
O carro dele era um possante BMW branco, que ele dirigiu
tranqüilamente pelas ruas da cidade até estacionar perto do hotel.
— Que tal um jantar hoje à noite? — sugeriu. — Talvez, assim, possamos
nos conhecer melhor, antes de nos concentrarmos no trabalho.
Roberta queria esquivar-se, achando que ele podia tornar-se um
problema. Mas é amigo de Joel, e Joel é meu patrão, ponderou mentalmente.
— Tenho de ler alguns relatórios — disse.

Projeto Romances 14
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— Só trabalho, nada de diversão, srta. Chandler? Tem o resto da tarde


para dedicar-se ao trabalho. Será só um jantar, para aliviar a cabeça do
trabalho.
— Aceito, sr. Loring — ela aquiesceu. — Obrigada por me convidar.
— Por favor, me chame de Karl.
— Pode me chamar de Roberta — ela disse, depois de hesitar por alguns
segundos.
— As sete e meia?
— Tudo bem.

Depois de acomodada em uma elegante suíte, colocou a maleta preta em


cima da mesinha de centro, retirou o contrato e sentou-se num dos sofás,
começando a ler o grosso maço de papéis.
Eram quase cinco horas quando resolveu fazer um intervalo. Ligou para o
serviço de quarto, pedindo sanduíches de presunto e uma xícara de café.
Então, decidiu tomar um banho, para refrescar-se.
Usando um robe branco do hotel e com uma toalha enrolada nos cabelos
saiu do banheiro. Foi quando ouviu barulho na sala de estar.
O serviço de quarto, lembrou-se, correndo para lá. Entrou na sala pronta
para dizer obrigada, mas espantou-se ao ver Mac, sentado num dos sofás,
parecendo muito à vontade.

CAPÍTULO V

Mac usava um terno cinzento, estava sem gravata e desabotoara os três


primeiros botões da camisa azul, expondo parte do peito largo, coberto de
pêlos escuros.
— Mac! — Roberta exclamou, assustada. — O que está fazendo aqui?

Projeto Romances 15
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— Trabalhando, como você — ele respondeu em tom displicente. Na


verdade, nem tirou os olhos dos papéis que segurava. — O que Joel está
negociando com o sr. Brunner? — Agora sei por que esse alemão ainda não
assinou o contrato — Mac prosseguiu com aspereza. —Estamos aceitando todas
as exigências dele, desde que as negociações começaram!
Roberta pestanejou, tentando controlar-se, incapaz de pensar com
clareza. Não conseguia acreditar que Mac estivesse ali, sentado no sofá de sua
suíte.
— Venha aqui e veja isso — ele ordenou seco, sem fitá-la.
Roberta apertou o nó do cinto do robe e caminhou na direção dele,
simplesmente porque não sabia o que mais poderia fazer. Mac estava agindo de
modo diferente, intrometendo-se no negócio com o sr. Brunner. Até então,
seguira estritamente a regra de não se envolver numa transação que estivesse
aos cuidados de Joel.
— Concessões, concessões! — Mac falou, furioso, sacudindo os papéis no
ar. — Em todas as reuniões com Franc Brunner, ele fez exigências que nós
aceitamos. Sente-se.
Impaciente, separou os documentos que achou mais relevantes.
— Aqui — disse, apontando uma cláusula com o dedo. —São concessões
que ele não tinha o direito de pedir, e que nós concordamos em fazer
Roberta percebeu que, durante os quinze minutos que estivera fora da
sala de estar. Mac entrara de mansinho, acomodara-se confortavelmente no
sofá e lera o contrato. Fitou-o, vendo, pela primeira vez, um lado desconhecido
de sua personalidade.
— Queremos as patentes que pertencem ao sr. Brunner — argumentou
com calma.
— A qualquer preço?
— Fibras ópticas são um produto revolucionário, Mac, e você sabe disso.
Ele moveu a cabeça afirmativamente.
— Bem, essas patentes serão a revolução da revolução! — exclamou. O
sr. Brunner sabe que pode pedir o preço que bem entender. Se você estivesse
no lugar dele, faria a mesma coisa.
— É verdade. Mas se minha empresa fosse realmente sólida, eu não
venderia essas patentes, certo?
Ele tem razão, Roberta admitiu. O único motivo pelo qual Franc Brunner
quer vender as patentes é porque sua empresa está passando por dificuldades
financeiras.

Projeto Romances 16
Escrava do Amor Michelle Reid

— A transação toda é uma vergonhosa bagunça — Mac falou com rigidez.


— Tem consciência disso, não?
Roberta fez um gesto afirmativo com a cabeça.
— Joel tem se comportado como um idiota, o que aumentou a ganância de
Brunner — Mac declarou. — Em vez de já estarmos com o contrato assinado,
patinamos no mesmo lugar.
Fez uma pausa, jogando os papéis na mesa.
— Brunner deve estar planejando pedir mais concessões. Mas não
faremos nenhuma, Coelhinha. Dessa vez, não.
Roberta sentiu os músculos de seu corpo enrijecerem, pois, além de
pronunciar o apelido dela em tom sedutor.
Mac deslizou a mão por seu joelho, sensualmente.
Desde que ele começara a falar, ela o vira apenas como o patrão, aquele
que tinha todo o direito de questionar e criticar qualquer assunto relacionado
ao trabalho, Mas, de repente, viu-o como o amante.
— O que veio fazer aqui, Mac?
Pela primeira vez, ele a fitou nos olhos.
— Vim trabalhar — respondeu com frieza.
— Mas as negociações com Franc Brunner estavam a cargo de Joel.
Geralmente você não se intromete nos negócios dele.
— Joel está em Portsmouth.
— Eu sei. É por isso que estou aqui.
— É mesmo? — Mac perguntou, irônico.
— O que quer dizer?
— O que acha? — perguntou sedutoramente.
— Eu...
Roberta levantou-se e encarou-o, furiosa.
— Arranjou tudo, não? — questionou.
— Arranjei, o quê?
Mac baixou o olhar, examinando o robe branco que cobria o corpo
esbelto.
— A súbita ida de Joel para Portsmouth! — Roberta exclamou, irada. —
Minha vinda no lugar dele! Você arranjou tudo!
Mac sorriu amplamente.
— Brava, você fica ainda mais sexy, sabia? — brincou.
— Diga, por que veio aqui! — insistiu, determinada. —A negócios, ou atrás
de prazer? Se está aqui como meu patrão, colaborarei no que for preciso, mas
se procura prazer, vá para o inferno!

Projeto Romances 17
Escrava do Amor Michelle Reid

Mac sorriu zombeteiro e aproximou-se dela. Quando ia abraçá-la, alguém


bateu na porta.
Roberta levantou de um salto e caminhou na direção da porta.
Era um garçom, que entrou com uma bandeja, onde havia o sanduíche de
presunto e a xícara de café que ela pedira. Depois que o garçom saiu, Roberta
indagou:
— Escute, esta suíte foi reservada para você? Se foi, pego minha mala
e...
— Oh, é sua, é sua. Estou numa outra, no andar acima.
— Então, prefiro que se retire.
— Sem nos dar a chance de terminar nossos... negócios? — Mac brincou,
depois olhou para a bandeja na mesinha de centro. — Maravilha — disse,
levantando o guardanapo que cobria o prato com os sanduíches. — Boa garota.
Pegou uma parte do sanduíche e sentou-se no sofá.
— Não pedi o lanche para você — ela observou com azedume.
Mac deu uma mordida no sanduíche, ignorando-a. Convencendo-se de que
não adiantaria enfrentá-lo, e de que a negociação com Franc Brunner realmente
precisava ser revista, Roberta sentou-se numa poltrona e pegou a xícara de
café.
— Tudo bem — disse, num tom de voz frio e profissional. — Vamos falar
de negócios. O que quer que eu faça em relação aos negócios com o sr.
Brunner? — ela indagou, áspera.
— Nada, exatamente nada.
Roberta franziu a testa, confusa.
— Foi por isso que veio? — perguntou. — Vai cuidar de tudo?
— Não. Como você mesma disse, a negociação está a cargo de Joel. Ele
entrou sozinho nessa bagunça e sozinho vai ter de sair. E depois, me dar
explicações.
— Mas Joel não está aqui. Há uma reunião Maccada com Franc Brunner
para amanhã de manhã. O que devo fazer?
— O que Joel sugeriu?
— Disse para eu protelar. Para descobrir o que mais o sr. Brunner quer,
então adiar as reuniões para quando ele chegar.
— Então, é o que deve fazer.
— Mas se você está aqui, não há razão para adiarmos nada!
— Quer jantar comigo, para conversarmos? Pode me perdoar, e veremos
o que podemos fazer para tirar meu irmão da encrenca que ele criou.

Projeto Romances 18
Escrava do Amor Michelle Reid

Ela moveu a cabeça numa negativa, feliz por ter uma desculpa real para
recusar o convite.
— Desculpe, mas já tenho com quem jantar esta noite, — disse
confiante.
— Com quem? Mac questionou, obviamente enciumado. — Está em
Zurique a menos de cinco horas!
Roberta encolheu os ombros, indiferente, dizendo a si mesma que não
devia satisfações a Mac.
— Vou jantar com um amigo de Joel — respondeu com frieza.
— Joel! Eu devia saber! Qual é o nome desse amigo?
— Karl, Karl Loring.
— Cancele.
Ela negou com um gesto de cabeça, tomando um gole de café.
— Lamento, mas não posso cancelar — declarou.

Para surpresa de Roberta, o jantar com Karl foi maravilhoso. Ela deixou-
se envolver pelo charme de Karl. Depois de jantarem, ele tirou-a para dançar.
Estava imersa na música suave que tocava, nos braços de Karl, quando um
homem pediu, com voz grave e fria:
— Com licença.
Roberta fechou os olhos, tomada de emoções conflitantes.
Não precisava olhar para saber que era Mac.

Projeto Romances 19
Escrava do Amor Michelle Reid

CAPÍTULO VI

— É minha vez — Mac disse com firmeza, tirando Roberta dos braços de
Karl.
— Mac... — Roberta protestou, em vão, sentindo as faces corarem. —
Você...
— Desculpe, estou atrasado, querida.
Roberta e Mac se olharam, e a tensão entre eles começou a crescer. Ela
baixou o olhar, tendo consciência de que estavam chamando a atenção de todos.
Mac ergueu-lhe o queixo e beijou-a na boca. Roberta teve vontade de acertar-
lhe um tapa, mas ficou desarmada, quando ele desatou a rir.
— Não vai me apresentar sua companhia, querida? —Mac perguntou
zombeteiramente.
— Este é Karl Loring — Roberta declarou com aspereza. — Um amigo de
Joel e meu intérprete, enquanto eu estiver em Zurique. Karl...
Ela fitou-o, desconcertada, e notou que ele a observava com ar intrigado.
— Este é Solomon Maclaine — prosseguiu. — Irmão de Joel —
acrescentou, notando que, ao ouvir o nome de Mac, Karl mostrara-se nervoso.
— E claro, meu...
— Acho que o sr. Loring sabe muito bem o que sou para você, querida —
Mac intrometeu-se, irônico.
Focalizou a atenção em Karl, enquanto Roberta lutava para manter o
autocontrole, pois sentia-se morrer de vergonha.
— Prazer em conhecê-lo, sr. Loring — disse Mac. — Meu irmão já me
falou do senhor.
Roberta notou que Karl empalidecia.
— Eu não sabia que estava em Zurique, sr. Maclaine —o alemão
murmurou, em tom trêmulo.
— Não? — Mac franziu a testa, desconfiado. — Estou surpreso por Joel
não ter comentado as mudanças nos planos que fez com você. Bem, acho que ele
não diria nada. Afinal estou aqui por razões pessoais, o que me faz lembrar...
Sorriu, fazendo uma pausa.
— Obrigado por cuidar de Roberta esta noite — continuou. — Ela
detesta ficar esperando por mim, quando estou tratando de negócios, não é,
querida?
Roberta tentou afastar-se, mas Mac puxou-a para si, apertando o braço
delicado com mais força do que a necessária.

Projeto Romances 20
Escrava do Amor Michelle Reid

— Mas já cheguei — ele falou, fitando-a com ar furioso. — Pare de fazer


biquinho.
Encarou-o, irada. Mac fitou-a, desafiando-a a negar uma única palavra
sua. Ela não tinha como, e ele sabia disso.
Baixou a cabeça, evitando que Karl visse sua expressão frustrada.
— Agradeça ao sr. Loring por ter cuidado de você esta noite — Mac
falou. — É tarde, e estou cansado.
Odeio você. Solomon Maclaine, ela pensou.
Ergueu a cabeça, embaraçada, notando como Karl ainda estava pálido.
— Obrigada — agradeceu e, povo provocar Mac, em vez de apenas
estender a mão para Karl ela lhe deu um beijo na face. — Desculpe por ter
terminado a noite tão cedo.
Mas, em vez de mostrar-se triunfante com a atitude dela, o alemão
recuou, parecendo assustado.
— Nenhum problema — garantiu. — O sr. Maclaine tem razão, já está
tarde. E ainda preciso fazer algumas ligações. — Foi um prazer conhecê-lo , sr.
Maclaine! — Karl declarou, apertando a mão de Mac. — Sem dúvida nos
encontraremos amanhã, certo?
Mac ergueu uma sobrancelha como se estivesse confuso.
— Na... na reunião com o sr. Brunner — Karl explicou.
Mac não respondeu, e Karl empalideceu ainda mais, afastando-se
rapidamente.
— Como ele mesmo disse, precisa fazer algumas ligações — Mac zombou.
— A esta hora da noite? Para quem? Ele fugiu porque você foi muito
“gentil”! Quando vai aceitar que não pertenço mais a você?
— Venha aqui.
— Não.
— Venha — ele insistiu, envolvendo-a nos braços, começando a dançar no
ritmo lento da música. — Você é minha mulher. Minha, quer queira, ou não.
— Que arrogância!
— É engraçado, você lutar contra uma coisa que seu corpo tanto deseja.
Roberta sentiu o corpo enrijecer de raiva. Pousou as mãos nos ombros
largos e empurrou Mac, sem muita delicadeza.
— Vá para o inferno — sussurrou livrando-se dele. —Vou dormir.
— Muito bem — Mac concordou, segurando-a pelo braço. — Vou com
você.
— Na minha cama não há mais lugar para você. Sabe, eu estava me
divertindo muito, com Karl!

Projeto Romances 21
Escrava do Amor Michelle Reid

— Percebi — ele disse, guiando-a para fora do restaurante.


Roberta encarou-o
— Estava nos espionando? — questionou.
— Desde o começo — Mac admitiu. — Percebi também a maneira como
você o olhava e o prazer que sentiu em dançar com ele! Vi que adoraria tê-lo em
sua cama!
— Isso é mentira!
— É? Quer dizer que não imaginou nem por um momento como seria
fazer amor com ele?
— Eu...
— Deixe-me dizer uma coisa docinho — Mac declarou, quando forçou-a a
entrar no carro que devia ter alugado ao chegar em Zurique. — Nunca saberá
como é ter outro homem na cama.
— Como pode ter certeza?
— Porque não terá outro amante, se dá valor ao seu emprego em minha
empresa.
— O que... o que quer dizer?
— Que Karl Loring deve sair de sua agenda. E esta é uma ordem direta
de patrão, não de seu namorado ciumento.
— Ex-namorado — ela corrigiu.
— Ex-patrão também, se me desobedecer, Roberta. Estou falando sério.
Ou não vê mais Karl Loring, ou está despedida. Entendeu?
Roberta esperou que ele desse a volta no carro e se acomodasse atrás do
volante.
— Só porque paga meu salário, sr. Maclaine, não significa que... —
Roberta começou a protestar.
— Pare de discutir — ele comandou.

Mais tarde, quando chegaram ao hotel, Mac acompanhou Roberta até sua
suíte. Ela ignorou-o, abriu a porta e entrou, mas não teve tempo para impedi-lo
de segui-la.
Ele entrou também e caminhou até o centro da sala, parando ao lado da
mesinha de centro.
— Onde está a pasta com os relatórios das reuniões com Franc Brunner?
— indagou.
— Tranquei-a na maleta — Roberta respondeu, surpresa com a pergunta.
— Pegue-a para mim, por favor.
Confusa, ela foi ao quarto e pegou a maleta, voltando em seguida.

Projeto Romances 22
Escrava do Amor Michelle Reid

— Pensei que tinha dito que não ia se envolver nesse assunto —


comentou.
— As coisas mudaram. Nenhum de nós vai se envolver nessa negociação.
— Como assim?
— É simples. Não estaremos disponíveis para conversas, reuniões ou
qualquer coisa no gênero, nos próximos dias.
— Mas tenho uma reunião marcada com o sr. Brunner amanhã, e Karl...
— Cancele. Cancele tudo. Ou melhor, peça para a recepção cancelar por
você. Não quero que tenha nenhum contato com Karl Loring ou Franc Brunner.
— Mas Karl está do nosso lado, Mac. Por que acha...
— Karl Loring com certeza não está do nosso lado, srta. Chandler. Karl
Loring só está do lado dele mesmo. Ele quer conseguir o mais que puder de nós,
antes que o sr. Brunner assine o contrato. Joel e Karl são amigos desde o
tempo do colegial.
Mac passou a mão nos cabelos, interrompendo-se por um instante. Então,
prosseguiu:
— Joel e Karl são amigos desde a universidade. Quando Brunner entrou
em contato com nossa empresa, Joel pediu a Karl que checasse a reputação do
homem corno empresário. Karl logo viu que teria muito a ganhar, jogando dos
dois lados.
— Está dizendo que Karl Loring está usando a amizade com Joel para
obter lucros?
Mac moveu a cabeça afirmativamente e começou a folhear os papéis que
Roberta entregara-lhe.
— A primeira regra de sobrevivência no mundo dos negócios é nunca
confiar em ninguém, nem nos amigos —instruiu. — Joel sabe disso, mas deve
ter esquecido da regra, ao lidar com Karl.
Roberta sentou-se numa poltrona, tentando descobrir como Mac chegara
àquela conclusão, tão rápido.
— Não vejo como pode saber de tudo isso com tanta certeza —
murmurou.
— Fácil. Ontem à noite fui ao apartamento de Joel para brigar com ele
por tentar conquistar você e.. Enquanto Joel falava sobre você, eu e ele,
demonstrou preocupação com os negócios com Franc Brunner, consciente da
confusão que criou.
— Então, você veio aqui para ajeitar a situação?
— Claro.
— E se recusa a me deixar ajudar! Mac, por que vim para cá, então?

Projeto Romances 23
Escrava do Amor Michelle Reid

Ele a observou.
— Para ser minha assistente — brincou. — Algo a dizer esse respeito,
srta. Chandler?
— Depende. Estou falando com o patrão ou com o homem com quem
dividia a cama?
— Com o homem com quem divide a cama, querida — Mac disse, dando
ênfase ao tempo presente. — Com seu namorado.
— Você não passa de um inescrupuloso!
— Inescrupuloso? O que fiz, para ser chamado assim?
— Trouxe sua ex-namorada aqui, apenas para ver se consegue reatar um
relacionamento do jeito que você quer.
— Você acha mesmo, Roberta?
— Não chegue perto de mim! — ela gritou, levantando-se, vendo-o
caminhar em sua direção.
— Por que não?
— Porque é muito seguro de si em relação aos seus propósitos.
— Seguro bastante para fazê-la sentir-se maravilhosamente bem, se me
der uma chance — ele disse, pousando as mãos na cintura delicada. — Que tal
três dias de minha completa atenção, brincando de turista, enquanto
descobrimos a verdadeira intenção de Franc Brunner?
— Com que propósito? — Roberta indagou, sabendo muito bem que Mac
não sugeriria nada, sem segundos intenções.
— Com o propósito de apreciarmos a companhia um do outro, claro — ele
declarou, apertando-a contra si. —Não seria gostoso, Coelhinha? Três dias de
minha completa atenção.
— Achei que tivesse orgulho, mas fica correndo atrás de mulheres — ela
falou, embora estivesse adorando o contato do corpo dele.
— O que é meu orgulho, perto... disso? — ele indagou.
Beijou-a com suavidade e carinho. Ela adorou a sensação de prazer que
percorreu seu corpo. Deixou escapar um gemido, querendo odiar Mac, mas
sabendo que não podia. Num ato de rendição, envolveu o pescoço largo com os
braços.
— Diga que me quer — ele murmurou.
— Oh! — ela sussurrou, detestando-se por deixar-se levar pelos carinhos
dele. — Eu te quero, Solomon Maclaine. — Que inferno! Eu te quero!
Mac ergueu-a nos braços e carregou-a para o quarto. Tirou as roupas
dela com rapidez, beijando-a por todo o cor nu. Roberta tirou-lhe o paletó, a

Projeto Romances 24
Escrava do Amor Michelle Reid

gravata e a camisa, deslizo as mãos pelos braços musculosos, pelo peito


poderoso...
De repente, a sanidade soprou em seus ouvidos, alertando-a para o que
estava prestes a fazer.
— Mac... — murmurou.
Mas ele se deitou sobre ela, movimentando-se sedutoramente.
— Você me quer, eu quero você — sussurrou. — Somos loucos um pelo
outro. — Acariciou-a entre as coxas. — Vê? Seu corpo está clamando por mim.
Quer sentir meus lábios em seus seios, beijando-os, sugando os mamilos...
Roberta gemeu e Mac baixou a cabeça, correndo a língua por um dos
seios redondos. Ela pousou as mãos na cabeça dele, segurando-o, e inclinou a
cabeça para trás, prestes a perder o controle.
Mac sentiu-se triunfante, pois sabia o poder de sedução que tinha sobre
ela. Mas também começava a render-se, pois sua respiração estava ofegante, e
o coração batia descompassado.
— Minha, minha mulher, escutou? murmurou. — Minha e de mais ninguém.
De mais ninguém!
Beijou-a com ardor. Roberta arranhou o peito amplo de leve, fazendo
Mac gemer de prazer, depois massageou os ombros largos e as costas
musculosas. Ele sugou-lhe os mamilos eretos, um de cada vez, enquanto afagava
o ponto sensível entre as coxas macias.
— O que você quer? — perguntou. acabando de despir-se.
— Quero você!
Roberta tentou beijá-lo, mas Mac afastou a cabeça, como se estivesse
provocando-a.
— Por favor, Mac, por favor!
— De hoje em diante... sempre vai me querer?
— Sempre! — Roberta gritou, tão em estado de êxtase que nem pensou
no que estava dizendo, ou mesmo no que ele estava lhe perguntando. — Para
sempre. Eu te amo, sabe disso.
De inicio, fizeram amor bem devagar, mas o ritmo tornou-se cada vez
mais intenso, excitante, delirante, até que ambos chegaram ao clímax. Os
gemidos descontrolados subiram juntos no ar.

Voltar à realidade não foi nada fácil, nem rápido, para nenhum dos dois.
Roberta estava completamente relaxada, e Mac ficou um longo tempo imóvel.
— É a mulher mais altruísta que já conheci, sabia? — ele comentou.

Projeto Romances 25
Escrava do Amor Michelle Reid

— Obrigada — Roberta murmurou, tomando consciência de que não


conseguiria parar de amá-lo.
—Não, eu é que agradeço por você ser o que é. Obrigado. Mac beijou-a
carinhosamente. Voltariam a trocar carícias, se o telefone não tocasse naquele
instante. Ele murmurou algumas palavras e fez menção de sair da cama, mas
Roberta impediu-o.
Não atenda, deixe tocar — ela pediu, beijando-o.
— Não posso. Pode ser importante.
Ela se deitou sobre ele e movimentou-se sensualmente. Ele deslizou as
mãos possessivamente por seu corpo, apertando-o contra si. Depois, empurrou-
a gentilmente para o lado.
— Volto num minuto — disse. — Espere por mim, querida, por favor. ——
Virou-se e tirou o telefone do gancho. — Alô?
Observava Roberta intensamente, fazendo com que uma onda de calor a
percorresse. De súbito, pareceu irritado, sentando-se na cama, tenso.
— Lulu? — perguntou. — O que pensa que está fazendo, ligando para cá a
essa hora da noite?
Roberta teve a sensação de que seu coração congelava.
Lulu, Lulu, Lulu. repetiu para si mesma. Claro, só podia ser Lulu. Quem
mais conhece a hora certa de estragar meus momentos com Mac?
— Está dizendo que ligou para cá só para dizer que sua mãe ficou
doente? — Mac indagou, ríspido.
Délia e Lulu, Lulu e Délia, Roberta pensou. Não é uma só que está se
intrometendo. São duas, as intrometidas.
—O quê? Quando? — ele perguntou, preocupado. — Tudo bem, querida,
não chore. Ela ficará bem, com certeza. Uma operação para extrair o apêndice
não é mais preocupante, hoje em dia...
Bufou exasperado, depois de ouvir algo que Lulu dissera.
— Lógico que me preocupo, mas sua mãe não é mais minha
responsabilidade! — exclamou. — Tenho coisas mais importantes a fazer aqui...
Suspirou fundo, curvou os ombros e baixou a cabeça.
O que Lulu está querendo que ele faça?, Roberta perguntou-se. Mac
parece atormentado.
— Claro que não trouxe nenhuma mulher para cá! —ele mentiu.
Roberta sentiu os músculos enrijecerem numa reação de desapontamento
e raiva.
Movendo-se devagar, saiu da cama e vestiu o robe.

Projeto Romances 26
Escrava do Amor Michelle Reid

— Sabe que te amo, minha filha — Mac falou. — Mas, pelo menos uma
vez, não pode cuidar disso sozinha?
Fosse lá o que fosse que Lulu respondeu, foi algo bastante forte para
fazer Mac render-se.
— Tudo bem, tudo bem! ele exclamou, impaciente. —Se realmente
precisa de mim...
Parou de falar ao ouvir a porta do quarto abrir e virou-se para encarar
Roberta.
Ela se virou e observou-o.
Vá, e essa será a última vez que fizemos amor, pensou.
— Claro, claro que volto — ele disse. — Vou pegar o próximo vôo.
Roberta saiu do quarto.
Três dias de sua total atenção?, falou a si mesma. magoada.
Caminhou até o bar e serviu-se de uma dose de conhaque francês, que
tomou num gole só.
— Desculpe — Mac pediu, entrando na sala. Roberta encarou-o. Ele já
estava vestido. Ela deu-lhe as costas, magoada.
— Pelo amor de Deus, Roberta! Eu não tinha escolha!
— Escolha? Todos temos, Mac. Você acabou de fazer a sua.
— Então é assim? Porque não pode me possuir por inteiro, não quer nada?
Isso não a torna uma mulher possessiva e egoísta, Roberta?
— Em outras palavras, a menos que eu esteja disposta a me contentar
com alguns momentos na cama, serei considerada egoísta.
— Não. Tento lidar com os problemas que aparecem em minha vida, da
melhor maneira possível, mas sua insegurança quanto ao nosso relacionamento é
problema seu, querida, e tem que lidar com isso sozinha.
— Minha insegurança, como disse, reside no fato de você negar minha
existência! — Roberta gritou, irada. —Tem idéia de quanto me faz sentir
insignificante?
— Gostaria que eu dissesse a minha filha angustiada para ligar quando eu
tivesse terminado de fazer amor com você?
— Já havia terminado. E, quando o telefone tocou, você negou que eu
existo, mais uma vez.
— Que praga, Roberta! Não dá para discutir com você agora. Tenho de ir.
Não quer dizer que eu queira ir, apenas que eu tenho de ir! Dou-lhe minha
completa lealdade, mas não posso fingir que não tenho compromisso com minha
família. Não posso lhe oferecer mais nada!

Projeto Romances 27
Escrava do Amor Michelle Reid

— Leve-me com você! — pediu impulsivamente. — Se não quer me deixar,


leve-me com você! Por favor, Mac! Dê-me algo mais, além de seu corpo, para
que nosso relacionamento possa seguir em frente!
— Tudo bem. Pode vir!
— Obrigada.
— Não me agradeça, Roberta. Estou aceitando isso sob protesto, como
bem sabe. Quer mais de mim e está tendo. Mas isso causará problemas.
Ela sentiu-se culpada por pressioná-lo, mas não voltou atrás.
Ergueu o queixo, determinada, dizendo a si mesma que voltaria para
Londres, quisesse ele, ou não.
— E os negócios com o sr. Brunner? — perguntou calmamente. — O que
quer que eu faça, já que nós dois vamos deixar Zurique?
— Leve os relatórios. Joel virá para cá daqui a alguns dias e poderá
trazê-los com ele. Vou comprar duas passagens para o próximo vôo. É o
suficiente, ou quer exigir mais alguma coisa?
— É o suficiente, por enquanto. Foi só o começo.
— Você é uma mulher exigente, Roberta.
— Mas ainda sou sua mulher, como gosta de dizer.
— Até daqui a pouco — ele disse, então foi embora.
Roberta sentou-se no sofá.

Projeto Romances 28
Escrava do Amor Michelle Reid

CAPÍTULO VII

As cinco horas da manhã, Roberta e Mac estavam no aeroporto de


Zurique, esperando a hora do embarque. Mac foi telefonar para Londres, para
saber como Délia estava, e Roberta ficou sentada numa das cadeiras, cuidando
da bagagem de mão.
Ele voltou pouco depois, parecendo preocupado.
— O que foi? — ela perguntou.
— Não sei — respondeu Mac, sentando-se na cadeira ao lado. — Délia
ainda não saiu do centro cirúrgico. Para uma operação de apêndice, acho que
está demorando muito.
— Há quanto tempo ela está lá?
Mac olhou para o relógio de pulso.
— Quase quatro horas — respondeu, franzindo a testa. — E esse maldito
avião que está atrasado!
Roberta afagou o braço musculoso.
— Ela vai ficar bem — disse. — Délia é uma mulher saudável. Qualquer
que seja a complicação, ela superará.
— Não é com Délia que estou preocupado — ele murmurou, pondo-se de
pé.
Lulu. Roberta pensou. Ele está preocupado com a filha.
Será que aquela garota tem idéia de como é afortunada por ter um pai
como Mac?
Ao chegarem ao Aeroporto de Heathrow, bem na hora do rush. Roberta
agradeceu a Deus por haver um carro esperando-os para levá-los direto para
Londres. Ela e Mac estavam exaustos, pois nenhum dos dois dormira durante o
vôo.
Lulu ligara para o hotel por volta das duas horas da madrugada. Então, os
dois só tiveram tempo para fazer as malas e chegar ao aeroporto de Zurique
em cima da hora marcada para o embarque. Depois de deixarem a cidade alemã,
mal tinham se falado.
Mac ficara entretido com seus próprios pensamentos, esperando o fim
da viagem com aparente paciência, mas sua expressão fechada mostrava que
estava preocupado com a filha e com a ex-esposa. Assim, Roberta permanecera
em silêncio.
A manhã já estava chegando ao fim quando entraram no hospital
particular onde Délia fora internada. Depois de uma rápida conversa com a

Projeto Romances 29
Escrava do Amor Michelle Reid

garota da recepção, que não estava autorizada a dar informações, os dois


toMacam o elevador e desceram no andar do quarto de Délia.
Lulu, pálida e preocupada, logo os viu e correu na direção de Mac.
— Oh, pai! É horrível! Ninguém me diz nada, e mamãe está lá dentro há
horas!
— Calma — Mac murmurou. — Dê-me cinco minutos e descobrirei o que
está acontecendo. Há uma sala de espera ou qualquer coisa do gênero, onde
você possa ficar esperando, enquanto eu...
— Vou com você! — Lulu exclamou, chorando. — Quero ver a cara deles
quando forem obrigados a dar as informações que esconderam de mim!
Apesar da gravidade da situação, Roberta não pôde conter um sorriso.
Tal pai, tal filha, pensou. Conheço muito bem a força de intimidação que
Mac demonstra, quando encontra resistência.
Ao vê-la sorrindo, Mac também sorriu.
— Vai esperar? — perguntou.
Roberta movimentou a cabeça afirmativamente.
— Não se preocupe comigo — falou. — Vá e descubra como Délia está.
Mac concordou, então voltou a atenção para Lulu, envolvendo os ombros
da garota com um braço e guiando-a pelo corredor.
Roberta observou-os partir, desejando poder ir com eles para oferecer
seu apoio, mas sabia que havia um pequeno limite entre apoio e intrusão.
Terei de ser paciente e cuidadosa, se quiser ser aceita pela filha dele,
disse a si mesma, encaminhando-se para a sala de espera.

A porta da sala de espera abriu-se, e Roberta observou Lulu entrar, com


os longos cabelos pretos espalhados nos ombros. Mas foram os grandes olhos
azuis, arregalados, que chamaram sua atenção.
— Lulu! — exclamou, alarmada. — O que foi?
— Ela acabou de sair da cirurgia! Está horrorosa! Tubos por todos os
lados! Papai me trouxe até aqui e foi ver o que pode descobrir sobre o estado
dela.
— Oh, Lulu! — Roberta sussurrou, abraçando a garota, que começou a
chorar. — Eles disseram por que demoraram tanto?
— Um cisto no ovário, ou algo parecido. — Lulu contou soluçando. —
Disseram que o cisto estava lá há tempos e a cada ano piorava. Mas ela nunca
me disse nada. É tudo sua culpa!
Empurrou Roberta com força, fitando-a com raiva.
— Apareceu na minha festa de aniversário só para se exibir! — acusou.

Projeto Romances 30
Escrava do Amor Michelle Reid

Roberta encarou-a, incrédula.


— Lulu, eu nunca...
— Você é a culpada! Fez com que minha mãe se sentisse tão triste, que
ela não contou a ninguém que estava doente. Aí você sumiu e deixou papai tão
irritado, que ele gritou com todo o mundo, inclusive com minha mãe!
Lulu fez uma pausa.
— Ele nem deu a ela uma carona de volta a Londres porque estava ansioso
para reencontrar você! — gritou. Então, quando mamãe tentou contar que
estava doente, voou para Zurique atrás de você! Eu te odeio! Como pode se
intrometer na vida de um casal?
Pálida e trêmula, Roberta pestanejou, atônita.
— Mas seus pais não são mais marido e mulher — defendeu-se.
— Talvez não agora, mas serão, assim que você desaparecer!
Roberta moveu a cabeça numa negativa.
— Não sabe o que está dizendo — replicou.
— Não sei? — retrucou Lulu. — Eles ainda dormem juntos, sabia? Toda
vez que ele vai lá em casa, vai para a cama com minha mãe.
Não, isso não é verdade, Roberta disse a si mesma, incrédula.
— Ficou abismada, não? — Lulu prosseguiu. — A idéia de meu pai indo
para a cama com minha mãe deixou-a perturbada? Por que acha que quando ela
liga ele vai correndo? Porque os dois ainda se amam. E um dia, casarão de novo!
— Chega! Aceito que esteja perturbada, mas, se seu pai ouvir você
falando assim, é ele quem vai ficar abismado.
— Acha que estou mentindo, não é? Mas não estou.
— Sei que está. Seu pai tem respeito por mim e por sua mãe. Não acha
melhor concentrar suas energias em desejar a melhora de sua mãe, em vez de
mostrar seu ódio por mim?
— Vou me livrar de você, vou tirá-la de nossas vidas, nem que seja a
última coisa que eu faça!
A porta da sala de espera abriu-se e Mac entrou. Lulu olhou-o e jogou-se
em seus braços.
— Oh, pai! Ela disse coisas horríveis! Disse que a mamãe vai morrer, e
que quando você se casar com ela, fará com que eu nunca mais o veja!
Roberta olhou para Mac, esperando que ele percebesse que a filha
estava mentindo.
— Mande-a embora, pai! Ela me detesta. Por favor, mande-a embora!
Mac olhou para Roberta.
— É melhor ir — disse.

Projeto Romances 31
Escrava do Amor Michelle Reid

Roberta ficou observando-o, pasma, e teve a impressão e que podia ouvir


a risada triunfante de Lulu por trás daquelas lágrimas falsas.
— Mac — murmurou. — Você...
Tentou defender-se, mais era tarde demais, pois Mac estava com a
atenção voltada para a filha, levando-a para fora da sala de espera.
Ficou olhando para a porta fechada por um longo tempo, antes de tomar
total consciência do que Mac fizera.
Roberta acreditava que Mac descobriria que a filha mentira, quando
voltasse a pensar com clareza. Mas e ela? Seria capaz de conviver com o ódio
de Lulu?
Olhou para as mãos ainda trêmulas e refletiu que não podia continuar a
ser tratada daquela maneira, sem o direito de protestar e defender-se.
Respirou fundo, contendo a vontade de chorar.

Roberta chegou no apartamento de Jenny e não a encontrou lá, pois


àquela hora a amiga ainda estava no trabalho. Ficou grata por não ter de
explicar por que voltara de Zurique tão cedo e rapidamente fez as malas,
escreveu um bilhete, pegou a chave de seu carro e saiu. Decidira ir para a casa
dos pais, que estava vazia.
Parou no caminho apenas para fazer compras num supermercado.
A casa encontrava-se limpa e arrumada, pois os Chandler tinham uma
empregada que, duas vezes por semana, ia lá fazer a limpeza.
Roberta deixou a bagagem no vestíbulo, voltando para carro para buscar
as compras. Depois, guardou o veículo na garagem.
Minutos depois, preparou uma xícara de café instantâneo e sentou-se à
mesa da cozinha. Já era final de tarde, e noite não demoraria a chegar. Não
havia nada que pudesse perturbar a tranqüilidade de Roberta.
Oxfordshire era na zona rural, e a casa mais próxima, ficava a meio
quilômetro de distância. O silêncio era algo que ela não experimentava havia um
bom tempo, na tumultuada e barulhenta Londres. Por mais estranho pudesse
parecer, ela se sentia calma, recusando-se a qualquer inquietude penetrar em
sua mente.
Estou fisicamente cansada por não ter tido uma boa de sono, e
emocionalmente exausta das muitas batalhas com Mac, pensou.

Ficou sentada no escuro por um longo tempo, pensando, deixando a


sensação de completa solidão rodeá-la. Mas, de repente, um barulho chamou-

Projeto Romances 32
Escrava do Amor Michelle Reid

lhe a atenção, e de súbito a porta da cozinha abriu-se. Alguém entrou e


acendeu a luz.
Ela pestanejou, ofuscada, e olhou para as duas pessoas que a fitavam.
A sra. Chandler estava com os cabelos compridos e grisalhos, obviamente
precisando da atenção de um cabeleireiro profissional. Usava calça jeans
surrada e uma amassada camisa amarela-clara.
O sr. Chandler, com os cabelos ruivos compridos demais, estava muito
magro, dando a impressão de que seria carregado para longe por um vento mais
forte.
Os olhos verdes de ambos exibiam surpresa e consternação.
— Robby! — o sr. Chandler exclamou, chamando-a pelo apelido da
infância. — O que está fazendo aqui?
Robby, Roberta repetiu mentalmente, sorrindo. Robby! Ele me chama
assim desde que fiz um ano. Aos quinze, implorei para que parasse, porque
achava que era um apelido masculino e, naquela época, queria ser vista como
uma mulher.
Olhou para as mãos, pensativa.
Será que não fui trocada por outro bebê, no berçário?, perguntou-se.
Será que não existe uma loira hippie, de vinte e cinco anos de idade e olhos
verdes, andando por aí com uma câmera fotográfica pendurada no pescoço?
Desatou a rir, imaginando um casal tentando controlar a filha indócil, que
preferia fotografar animais selvagens a usar vestidos bonitos, dançar e tocar
piano.
Fitou os pais e notou que eles não estavam entendendo nada. De repente,
parou de rir e começou a chorar.
As lágrimas dela pegou-os de surpresa. Roberta sentiu tensão aumentar
na cozinha. Não conseguia lembrar a última vez em que chorara na frente deles.
Baixou a cabeça de súbito, sentiu um braço envolver seus ombros e duas mãos
segurar as suas.
— Roberta, querida, qual o problema? — a sra. Chandler
Pela primeira vez na vida. Roberta teve a sensação de que a mãe
realmente estava preocupada. Então, contou tudo o que acontecera, desde seu
primeiro encontro com Mac até aquele dia.
Falou ao pais que sempre quisera ser amada por eles, e que realmente
nunca sentira esse amor, que achava que eles estavam preocupados única e
exclusivamente com eles próprios e que nunca sobrara lugar para a filha no
relacionamento de ambos.

Projeto Romances 33
Escrava do Amor Michelle Reid

Só quando as lágrimas e as palavras acabaram, foi que percebeu que os


dois tinham ouvido tudo sem se manifestar.
— Vim aqui para ficar sozinha..., para pensar — explicou. — Não esperava
encontrá-los.
— E por que esperaria? — a sra. Chandler murmurou com amargura. —
Nunca estivemos aqui para você antes, por que esperaria por nós agora?
— Não quis dizer isso...
— Sei o que quis dizer Roberta, e sei também...
O silêncio pairou no ar, quando a mãe calou-se, emocionada.
— Não nos perguntou o que estamos fazendo aqui — o sr. Chandler
comentou.
— Oh, é mesmo! Roberta exclamou, enxugando a lágrimas. — Achei que
estivessem na África.
O sr. Chandler sentou-se junto dela e começou a contar sobre conflitos
entre facções políticas, a perseguições que haviam sofrido, os cartões de
crédito confiscados, os rolos de filmes destruídos. E de como voltaram para
casa apenas com as roupas do corpo.
Roberta ouviu tudo, mais calma, divertindo-se com aquela historia, que
poderia ser o enredo de uma tragicomédia.
— Olhe como estamos sujos — o sr. Chandler finalizou. Nem nos
deixaram pegar nossa bagagem, e não pudemos trocar de roupas!
A sra. Chandler serviu-se de uma xícara de café e acomodou-se numa
cadeira.
— Então, como todo nosso projeto arruinado, decidimos voltar para casa,
nos tornar apresentáveis e procurar um lugar tranqüilo para passarmos umas
férias — contou. —Pensamos em Tenerife.
— Parece uma ótima idéia — Roberta aprovou.
Desejou poder tirar duas semanas de folga para não fazer nada, a não
ser comer, dormir, nadar e esquecer todos os problemas. Mas só poderia tirar
férias no ano seguinte.
— Venha conosco — a sra. Chandler convidou impulsivamente. — Poderá
descansar.
— Desculpem-me, mas não posso — Roberta recusou. —Se eu não voltar
para o trabalho na segunda-feira, a empresa vai cancelar meu pagamento.
— Não acha que conquistou o direito de passar duas semanas longe
daquele Maclaine? — o sr. Chandler perguntou com aspereza.
— Joshua! — a esposa repreendeu-o.

Projeto Romances 34
Escrava do Amor Michelle Reid

— Bem, posso entender melhor os hábitos dos animais selvagens do que


dos humanos, mas isso não quer dizer que não perceba, quando um homem está
usando uma mulher de forma egoísta.
— Tem razão — Roberta concordou. — Mas ele me usou porque eu deixei.
O telefone tocou, assustando-os.
— Pode ser para você? — o sr. Chandler perguntou a Roberta.
— Talvez — ela respondeu, dando de ombros. — Não disse a ninguém que
vinha para cá. mas...
Pode ser Mac, pensou. Pode ser Jenny.
— Quer falar com a pessoa, Roberta, seja lá quem for? o pai indagou.
— Não, ela não quer — a mãe respondeu, antecipando-se. Não quer falar
com ninguém nos próximos dias.
Roberta ergueu a cabeça e viu os pais trocando um olhar sugestivo.
Então, o sr. Chandler foi atender o telefone.
— Não quer falar com ninguém, quer? — a mãe perguntou.
— Não — Roberta respondeu.
— Podemos ter sido péssimos pais, mas amamos você. E ficaremos aqui o
tempo que for necessário para provar isso.
— Não posso deixá-los fazer isso! Vou me sentir culpada por estragar as
férias que tanto merecem!
— Era para mim — o sr. Chandler informou ao voltar.
— Nossos planos mudaram — a esposa informou. — Não vamos a lugar
nenhum. Vamos ficar aqui, com nossa filha.
— Não, não vão — Roberta protestou. — Eu é que vou com vocês.
Não sabia se mudara de idéia porque se sentira decepcionada ao saber
que não fora Mac quem ligara, ou porque ficara extasiada com a atitude
carinhosa dos pais.

Projeto Romances 35
Escrava do Amor Michelle Reid

CAPÍTULO VIII

Viajar com os pais para Tenerife fora a melhor decisão que Roberta
tomara, em muitos anos.
Não apenas teve duas semanas de completo descanso, como também
pôde conhecer melhor os dois aventureiros que a haviam posto no mundo.
Os três conversaram bastante sobre a poluição mundial e o desequilíbrio
ecológico. A sra. Chandler explicou que o trabalho dela e do marido ajudava os
biólogos que lutavam para preservar espécies em perigo.
Caminhar à beira do mar com os pais foi uma linda experiência para
Roberta. O pai informava a que espécie pertencia cada pequena forma de vida
marinha e por que era encontrada ali.
As vezes, Roberta tinha a impressão de que era tratada como uma
criança ignorante, mas não podia dizer que isso não a agradava.
Percebeu que nunca se tornaria uma discípula dos pais. Muito tempo se
passara, e não era mais possível mudar as circunstâncias que a haviam tornado
o que ela era. Isso, sem contar a mágoa provocada pelas lembranças dos
momentos de solidão na infância, quando se sentira negligenciada. Mas, pelo
menos, estava aprendendo a entendê-los ,talvez, admirá-los por sua total
dedicação à causa que aviam abraçado.
Ao voltar para Londres, sentia-se muito mais tranqüila. As longas horas
que passara na praia, bronzeando-se, sem nada para fazer, a não ser pensar,
ajudaram-na a reorganizar a vida.
Amava Mac, e esse era um fato inalterável. Mas concluiu que apenas seu
amor não seria capaz de sustentar o relacionamento.
Precisava livrar-se por completo do poder de Mac, e a única maneira de
conseguir isso era sair da empresa, encontrar outro emprego e começar vida
nova.
Foi com essa decisão que entrou em seu departamento, no edifício dos
Maclaine, depois das duas semanas de férias. A primeira pessoa que viu foi
Mitzy.
— Como você está bonita! — a secretária elogiou, olhando a pele
bronzeada, que contrastava lindamente com os longos cabelos loiros. Porém,
completou: — E está com sérios problemas!

Projeto Romances 36
Escrava do Amor Michelle Reid

Roberta sorriu. Fora com Mitzy que conversara, antes de ir para


Tenerife, deixando a assistente com a tarefa de avisar Joel de que ela tirara
duas semanas de folga, sem permissão.
— Não sei o que está acontecendo, mas desde que você resolveu sair de
férias isto aqui virou uma bagunça — Mitzy informou.
— Como assim?
— Mac exigiu que Joel explicasse seu desaparecimento. Joel, então,
perguntou-lhe se ele achava que você devia ficar eternamente à espera de um
minuto de sua atenção. Mac ficou furioso, e agora anda por aí, brigando com
todo o mundo.
— E como você sabe de tudo isso?
— Porque fiquei escutando, colada na porta do escritório de Joel.
Discutiram também sobre o contrato com o sr. Brunner, mas essa parte não
entendi direito. O que acontece em Zurique?
— Nada. Qual foi o desfecho com o sr. Brunner?
— Oh, não sabe? Mac acertou tudo, antes de sair de Zurique.
Roberta franziu a testa, intrigada.
— Mas ele não poderia ter feito isso — falou. — Nem entrou em contato
com Franc Brunner!
Mitzy deu de ombros.
— Bem, tenho a cópia do contrato aqui, em algum lugar — disse,
começando a remexer nos papéis sobre a m depois abrindo e fechando gavetas.
— Achei!
Entregou a cópia do contrato a Roberta.
— Veja a assinatura de Mac, logo acima da do sr. Brunner — continuou. —
E a data, olhe a data! Ele fechou o negócio no mesmo dia em que vocês
chegaram a Zurique.
Roberta leu rapidamente o contrato e começou a enfurecer-se.
— Onde está Joel? — indagou.
— Na sala dele — Mitzy respondeu. franzindo a testa ao ver um envelope
branco que Roberta tirou da bolsa. —Se você tiver um pouco de juízo, vai subir
e falar com Mac, antes que ele apareça aqui, gritando como louco!
— Vou vê-lo na hora que eu achar melhor!
Roberta caminhou até o escritório de Joel e abriu a porta sem bater.
— Roberta! — ele exclamou, pondo-se de pé. — Está maravilhosa! Essas
duas semanas lhe fizeram muito bem.
— Fizeram, até que eu vim aqui e li isto! — Roberta replicou, jogando a
cópia do contrato com o sr. Brunner em cima da mesa: — O que significa?

Projeto Romances 37
Escrava do Amor Michelle Reid

— O que significa? — Joel repetiu, parecendo pouco à vontade. —


Significa que Mac fechou um grande negócio. Não sei por que está me olhando
assim. Sabe que Mac foi à Alemanha para cuidar desse assunto!
— Sei, mas não entendo como ele pôde ser tão rápido, como fechou o
negócio no mesmo dia em que chegou!
— Oh... — Joel sentou-se. — Ele não lhe contou? Ah, deve ter esquecido,
por causa da operação de Délia.
— Ou não queria que eu soubesse! Que tipo de jogo você e seu irmão
estão fazendo, Joel? Fui mandada para Zurique apenas porque Mac me queria
lá?
Joel corou.
— Escute, não brigue comigo, brigue com meu irmão! —exclamou. — Foi
ele quem planejou tudo!
— Com sua ajuda! O que me dá a certeza de estar fazendo a coisa certa,
entregando isto! Roberta jogou em cima da mesa o envelope que segurava. Joel
olhou-o e logo adivinhou que continha uma carta de emissão.
— Não posso aceitar — declarou, movendo a cabeça negativamente.
— Pode sim, porque eu insisto.
— Oh, Roberta, não faça isso comigo! Mac vai me esfolar vivo, se eu
aceitar!
— Quer uma sugestão, Joel? Enquanto ele estiver arrancando sua pele,
arranque a dele também. Mac passou você para trás, no negócio com o Brunner.
— Não pude fazer nada para impedir. Vá tirar satisfações com ele!
— Oh, vou, sim, mas antes quero saber uma coisa. Como foi que Karl
Loring entrou nessa história?
— Achei que um pouco de competição faria com que Mac percebesse o
quanto ama você.
Eu vi como ele me ama, Roberta pensou, amargurada. Mac adora ficar
comigo, até a filhinha ou a ex-mulher exigirem sua presença!
— E como Délia está? — perguntou, mudando de assunto,
— Ainda no hospital. Teve infecção e passou muito mal, mas já está bem
melhor. Irá para casa dentro de poucos dias. Roberta, por favor, rasgue essa
carta de demissão!
— Não. Não gosto de ser usada. E vocês me usaram o tempo todo!
— Ei, aonde vai? — Joel perguntou, ao vê-la virar-se para a porta.
— Tirar satisfações com o patrão, como sugeriu.
— Leve a carta com você! ele disse, empurrando o envelope sobre a mesa.
— Não tenho coragem suficiente para aceitar seu pedido de demissão.

Projeto Romances 38
Escrava do Amor Michelle Reid

Roberta pegou a carta e saiu da sala. Estava furiosa, entrar no escritório


de Mac, sem bater. De pé junto à janela ele olhava para fora. Não estava
usando paletó, e pusera as mãos nos bolsos da calça.
Roberta sentiu o coração bater acelerado, como batia todas as vezes em
que ela o via.
Não vim aqui para me jogar nos braços dele, pensou. Vim para...
— Onde esteve? — Mac indagou, virando-se.
— Andando por aí! -— ela respondeu.
— Não é com seu ex-namorado que está falando, srta. Chandler, mas com
seu patrão. Exijo uma explicação!
Ex-namorado, Roberta repetiu mentalmente, sentindo-se empalidecer. É
a primeira vez que Mac fala assim.
— Onde esteve? — ele insistiu.
— Numa das ilhas Tenerife. Uns amigos de meus pais emprestaram-nos a
casa que têm lá.
— Você viajou com seus pais? Não acredito!
— Por que tanto espanto? — Roberta perguntou.
— Porque você sempre disse que os odiava!
— Nunca disse isso!
— Oh, então ama seus pais, mas gosta de desprezá-los, como tem feito
comigo.
— Não é nada disso! Nós apenas... nunca nos entendemos muito bem, mas
agora está tudo resolvido.
— Comigo, ou com seus pais?
— Com meus pais! Nunca, nem em um milhão de anos, eu conseguiria me
entender com você! E, por favor, diga-me se está falando como meu patrão.
Devo responder de outra maneira, se estiver.
Mac bufou e passou a mão nos cabelos.
— Como vou saber? — indagou. — Sou uma pessoa só, para todos, mas
com você tenho de ser duas!
— Que tal falarmos de Zurique? Mais precisamente, do contrato com o
sr. Brunner?
— Ah! — Mac fitou-a. — Não vou pedir desculpas por isso.
— Mandou-me para Zurique para servir aos seus propósitos!?
— Não. Para nós dois ficarmos sozinhos por algum tempo. Achei que
poderíamos resolver nossos problemas.
— Em outras palavras, achou que poderia me levar para cama outra vez!

Projeto Romances 39
Escrava do Amor Michelle Reid

— Oh. claro! — ele concordou, irônico. — Que outra razão eu teria para
querer ficar sozinho com você, a não ser levá-la para a cama?
— Meu Deus, Mac! Você é um canalha! Tramou tudo, apenas para fazer
sexo comigo!
— É verdade. Mas a trama foi perda de tempo e esforço, porque bastou
que eu a acariciasse para fazê-la perder o controle e cair nos meus braços!
Roberta baixou o olhar, envergonhada.
— Como fechou o negócio com o sr. Brunner tão rapidamente? —
perguntou.
Mac deu de ombros, indiferente.
— Minha reunião com Brunner foi marcada antes de eu sair de Londres
— contou. — Nós dois conversamos e expusemos nossos pontos de vista
durante o jantar, enquanto você gentilmente mantinha o sr. Loring ocupado!
Roberta ergueu o queixo altivamente e colocou a carta de demissão
sobre a mesa.
— Joel está com medo de aceitar isso, então resolvi entregar a você
pessoalmente — declarou. — É minha carta de demissão.
Mac olhou para o envelope e depois para ela.
— Essa é outra de suas doces maneiras de me dizer que terminamos? —
indagou.
— Não se pode terminar o que nunca existiu. Como acabou de me
explicar, fui simplesmente usada.
Ele bufou, irritado.
— Não entendeu que eu estava sendo sarcástico, repetindo o que você
insiste em acreditar? — gritou. — Nunca lhe ocorreu Roberta, que não sou eu
quem tem uma péssima opinião de você, e sim você mesma?
Ela desviou o olhar.
— Minha carta de demissão Mac. — Insistiu com firmeza.
— Não aceito.
Roberta virou-se de costas.
— Como ousa demitir-se? — Mac censurou.
— O que estamos discutindo? Minha saída da empresa ou de sua vida?
— As duas coisas! Ou melhor, nenhuma das duas, já que você não vai sair
de lugar nenhum! Esperei por você durante duas semanas infernais! E o que
você faz? Entra aqui com sua carta de demissão e uma expressão indignada!
Mac aproximou-se dela, pegou-a pelos ombros e virou-a.
— Que praga, Roberta! Com você, quando acho que dei um passo à frente,
descubro que dei dois para trás!

Projeto Romances 40
Escrava do Amor Michelle Reid

— Explique a que o leva esse “passo à frente”.


— Me leva a você, será que não vê?
— Não, porque tem um grande obelisco chamado “família” entre nós dois.
— Desculpe pelo que aconteceu no hospital.
— Achei que tinha dito que não ia pedir desculpas —Roberta observou,
encarando-o desafiadoramente.
— Não vou pedir desculpas pela negociação com o sr. Brunner, mas peço
por Lulu. Tem que entender que ela é uma garota explosiva...
Egoísta, mimada e dona de uma língua ferina, Roberta completou
mentalmente, mas guardou seus pensamentos para si.
— Ela sofreu um choque terrível — ele prosseguiu. —Ficou amedrontada
e insegura. Disse coisas terríveis a você, mas se arrependeu logo em seguida.
— Que bom. Fico feliz por ela ter reconhecido o erro.
Ou o erro tático, Roberta disse a si mesma.
— Pelo amor de Deus! — Mac exclamou. — A mãe dela está doente, quase
morreu! Não pode mostrar um pouco de compaixão?
— Vai aceitar meu pedido de demissão, se eu demonstrar compaixão? —
perguntou.
— Não, não vou aceitar nada!
Com rapidez, Mac abraçou-a e beijou-a com ardor, mas ela se manteve
imóvel.
— Beije-me também. Roberta! — ele falou.
Roberta moveu a cabeça, negando.
— Posso forçá-la — ele avisou.— Só preciso fazer isso.
Passou a língua sedutoramente nos lábios dela. Roberta não resistiu e
entreabriu-os.
— Renda-se — ele murmurou. — Sabe o que quer.
Não, não sei, ela pensou. Mas sentiu uma onda de prazer, quando as mãos
másculas deslizaram até seus quadris. Segurou o colarinho da camisa dele,
como se precisasse de apoio para manter-se de pé, então deslizou as mãos pelo
peito largo e musculoso.
Mac gemeu de prazer e puxou-a para si. Como se quisesse puni-lo,
Roberta mordeu-lhe a língua. Em vez de protestar contra aquele pequeno
gesto, ele riu.
— Atrevida — murmurou, começando a morder levemente o pescoço
delicado.
O telefone tocou. Por alguns segundos, nenhum dos dois pareceu ouvir os
toques estridentes.

Projeto Romances 41
Escrava do Amor Michelle Reid

— Atenda — Roberta murmurou por fim.


— Sabe, seus olhos ficam ainda mais verdes quando está excitada.
— Atenda o telefone. Pode ser importante, como Délia pedindo uns
cachos de uva, ou Lulu querendo saber se não há nenhuma mulher aqui.
— Para uma mulher tão linda, você tem uma língua venenosa demais,
sabia?
— Cuidado, então.
Roberta beijou-o, passando a língua nos lábios firmes, depois cobriu de
beijos o pescoço largo. Mac nunca resistia, quando ela o provocava daquela
maneira.
— Sabe como me deixar louco, não? — ele sussurrou, beijando-a com
paixão.
O telefone não parou de tocar, mas eles também não pararam de se
beijar. Por fim. Mac soltou um suspiro irritado, deu dois passos para trás e
ergueu o aparelho do gancho.
— O que é? — atendeu.
Roberta sorriu, grata por não ser ela a pessoa do outro lado da linha.
— Oh, Jenson — Mac falou, desconcertado, sentando-se na borda da
mesa. — Obrigado por retornar minha ligação. Não, não está interrompendo
nada. Só estou tendo um probleminha com um dos empregados.
Fitou Roberta com um sorriso cúmplice, enquanto ouvia o que o Jenson
dizia.
— Não, nada grave. Já está tudo resolvido — garantiu falando com o
outro homem.
Roberta foi à janela e olhou para fora, deliciando-se com a vista.
— Ótimo — Mac disse. — Está tudo certo, então, o primeiro avião e
estarei com você às... — Olhou para relógio de pulso. — Lá pelas duas horas,
horário de seu horário de seu país?
O primeiro avião?, Roberta repetiu, falando consigo mesma.
Lembrou que Jenson era o diretor da filial dos Maclaine nos Estados
Unidos, e concluiu que Mac viajaria imediatamente para Nova York. Sentiu-se
sozinha e frustrada mais uma vez.
— Gosto desse seu vestido — Mac comentou, ao desligar o telefone. —
Você fica muito sensual com ele... Começo a ter idéias não muito apropriadas
para um escritório... Poderíamos fazer amor aqui mesmo, Roberta...
— Desculpe, mas decidi que só vou proporcionar esse prazer ao homem
com quem me casar — Roberta respondeu, virando-se.

Projeto Romances 42
Escrava do Amor Michelle Reid

— Ah! Voltamos à batalha, certo? — Mac encostou-se na mesa e cruzou


os braços. — O que aconteceu agora?
Roberta ignorou a pergunta.
— Eu lhe entreguei meu pedido de demissão — disse. — Estou esperando
que o aceite.
Foi a vez de Mac ignorá-la.
— Conheceu alguém nessas duas semanas de folga? —indagou.
— E se tivesse conhecido? Eu gostaria de encontrar um homem que
realmente entendesse e respeitasse uma mulher.
Ele riu.
— Eu entendo você muito bem...
— Sexo. Sempre tem que ver sexo em tudo! Tentar conversar com você
é o mesmo que pretender manter um diálogo com um louco! Só consigo
respostas sem sentido!
— Estou tentando descobrir o que transformou a mulher carinhosa que
estava em meus braços minutos atrás, nessa megera!
— Jante comigo esta noite e falaremos sobre isso.
— Ah, está brava porque vou para os Estados Unidos.
— Estou brava porque deixei-o, mais uma vez, me desviar do rumo que
tracei para minha vida! Aceite logo meu pedido de demissão, para que eu possa
me ver livre de você!
— Por que se incomoda com isso, quando na verdade não é o que quer? —
Mac indagou. — Tem razão, a situação está completamente fora de controle.
Vou fazer um favor a nós dois.
Pegou o envelope branco sobre a mesa e rasgou-o. enquanto Roberta
observava-o, pasma.
— Agora, tudo que tem a fazer é esperar uma semana e datilografar
outra carta de demissão — ele disse. — Estarei de volta dos Estados Unidos e
discutiremos o assunto durante um jantar, como você mesma propôs, e eu lhe
garanto que terá minha completa e total atenção.
— A menos que o telefone toque.
— Roberta! — Mac gritou, impaciente. — Estou tentando fazer com que
nosso relacionamento dê certo, não vê?
— Por quê?
— Prometa esperar uma semana, por favor! — Mac pediu, levantando-se e
pousando as mãos nos ombros dela. — Não gostaria de ir aos Estados Unidos
agora, mas preciso. Estão com problemas que só eu posso resolver! Mas daqui a
uma semana conversaremos, prometo.

Projeto Romances 43
Escrava do Amor Michelle Reid

— Não vejo o que essa conversa pode trazer de bom! Continuaremos


andando em círculos e não chegaremos a lugar nenhum, como sempre!
— Não dessa vez. Uma semana só, Coelhinha. — Ele inclinou a cabeça e
beijou-a gentilmente. — Seja generosa comigo, pelo menos desta vez, e espere
uma semana.
Roberta suspirou, olhando-o nos olhos.
— Tudo bem — concordou, Marchando para a porta.
Mac conseguiu de novo, disse a si mesma, saindo da sala. Mais uma vez,
ele me seduziu.

Projeto Romances 44
Escrava do Amor Michelle Reid

CAPITULO IX

A semana seguinte foi tumultuada. Joel começou um novo projeto, e


Roberta ficou muito ocupada. Mac não telefonou, mas ela também não esperava
que ele telefonasse. O que tinham a dizer um ao outro era muito importante,
para ser tratado por telefone, então era melhor que não mantivessem nenhum
contato.
Roberta entregou-se ao trabalho e, para sua surpresa, conseguiu tirar
Mac dos pensamentos. Até que, na tarde de sexta-feira, quando entrou sem se
anunciar no escritório de Joel, viu Lulu.
— Oh, desculpe — pediu com delicadeza e fez menção de fechar a porta.
— Olhe, é a amiguinha do meu pai — Lulu ironizou. —Ou devo dizer ex-
amiguinha?
— Lulu! — Joel exclamou, num tom de voz nada amigável.
Roberta conseguiu manter o autocontrole e focalizou a atenção no chefe.
— Volto depois, Joel — disse com determinação. — Quando não estiver
ocupado.
— Não. Espere — ele pediu, levantando-se. — Merece um pedido de
desculpas dessa jovem senhorita. E ela vai se desculpar, não vai, Lulu?
— Não, não vou — Lulu respondeu desafiadoramente. — Na verdade, tio
Joel, não sei como mantém ela trabalhando aqui, depois que papai expulsou-a!
— Chega! — Joel gritou, impaciente. — Como ousa falar desse jeito com
Roberta? Como se atreve?
— Ela ousa porque a deixaram acreditar que pode fazer tudo o que quer
Roberta declarou com raiva. — Mas acho que está na hora de alguém colocá-la a
par de algumas coisas, srta. Maclaine. E uma das principais é que seu pai não me
expulsou!
— Mentirosa! — Lulu retrucou, furiosa. — Foi lá no hospital, quando
minha mãe estava doente, lembra-se? Ouvi meu pai mandar você embora!
— O que ouviu foi seu pai pedir para eu me retirar para não ver a
vergonha que ele estava sentindo da filha!
Roberta tinha certeza de que Mac pedira para que ela fosse embora, não
porque acreditara nas mentiras de Lulu, mas porque tanta falsidade o deixara
demasiadamente constrangido.
Lulu levantou-se da poltrona.

Projeto Romances 45
Escrava do Amor Michelle Reid

— Ele odeia você! — exclamou. — Ele me disse!


— Sente-se — Roberta ordenou com firmeza, colocando a mão no ombro
da garota e obrigando-a a sentar-se.
— Roberta... — Joel tentou interferir.
— Fique fora disso. — Roberta disse, áspera, sem desviar os olhos do
rosto da jovem. — A conversa é entre mim e Lulu. Cansei dos insultos dessa
garota mal-educada. Mais ainda, cansei de mentiras. Agora, pela primeira vez
em sua vida de menina mimada, ela vai ouvir umas verdades.
— Não tenho de ficar sentada aqui, escutando o que tem a dizer — Lulu
retrucou, parecendo assustada com a reação de Roberta.
— Oh, vai ficar sentadinha aí, sim, senhora. Seu pai nunca tentou me
tirar da vida dele. Eu é que me afastei, porque não agüentava mais a
desprezível família que ele tem!
— Você é uma mentirosa! Ele a expulsou, não quer mais vê-la! Papai
sempre se livra das mulheres, porque faço com que elas...
Lulu interrompeu-se, corando.
— Oh, Lulu, isso prova que você é uma menininha mimada e egoísta —
Roberta zombou.
— Odeio você! — Lulu gritou, irada. — Toda minha família odeia você!
Quer separar meus pais e...
— Separá-los? — Joel intrometeu-se, incrédulo. — Ficou maluca, Lulu?
Eles já estão separados há oito anos!
— O que não entendo é como alguém que tem tanto carinho por eles pode
se tornar uma pessoa mordaz e maldosa como você — Roberta declarou
tranqüilamente. — Mas está na hora de Mac tomar consciência do que faz,
Lucinda. Disse o nome completo da mocinha, porque Lulu simplesmente
detestava-o.— Você é a pessoa mais egoísta que tive a infelicidade de conhecer
— prosseguiu, depois de uma breve pausa.— Só enxerga a si mesma e não se
importa em deixar tristes as pessoas ao seu redor, contanto que seja o centro
das atenções!
— Isso não é verdade! — Lulu protestou, desconcertada. — Não sou
egoísta!
— Não? Veja como obriga seu pai a fingir que não tem vida própria, fora
do grupo da família! Você não o deixa encontrar a felicidade ao lado de uma
mulher, fazendo-o sentir-se culpado! E é tão má, que se sente orgulhosa disso.
— Roberta... — Joel sussurrou em tom de aviso, vendo a expressão
furiosa da sobrinha.

Projeto Romances 46
Escrava do Amor Michelle Reid

— Você não quer que ninguém ameace seu poder sobre Mac — Roberta
continuou. — E tudo por quê? Para puni-lo. Sabe que a ama profundamente, e
então o culpa por ter terminado um casamento que já acabara há anos. Mas isso
não lhe interessa, certo?
— Está dizendo essas coisas por despeito, porque ele nunca vai casar
com você — Lulu replicou, erguendo-se lentamente.
— Casar? — Roberta repetiu, rindo. — Deve ser muito burra para
acreditar que quero ter contato com uma família como a sua. Não, Lulu, não
quero casar com seu pai. Não quero mais nada dele.
Fez uma pausa, engolindo um repentino nó na garganta.
— Quero um homem que me ame acima de tudo — prosseguiu. — Seu pai
não pode ser esse homem, pelo menos enquanto estiver atrelado às suas
rédeas.
— Vagabunda! — a garota xingou.
Roberta sorriu.
— Insultos não me atingem, menina mimada — declarou e saiu
calmamente da sala.

— Joel levou Lulu para casa — a secretária informou, entrando na sala


minutos depois. — Ele disse que não voltará, porque não quer encontrar-se com
Mac.
Mac?, Roberta repetiu mentalmente, franzindo a testa.
— Está dizendo que Mac já voltou?
— Chegou na hora do almoço — Mitzy contou. — Almocei com a
secretária dele. Ela disse que ele foi direto para casa, descansar da viagem.
Roberta sentiu um calafrio. Não imaginava qual seria a reação de Mac,
quando ele soubesse o que acontecera no escritório de Joel.
Mas agora já está feito, pensou.

Mac apareceu no escritório dela meia hora depois.


— Já soube o que aconteceu entre você e minha filha. Precisava ser tão
dura com ela?
— Está se referindo às verdades que eu disse a Lulu? indagou,
levantando-se da cadeira giratória.
— Foi essa a maneira que encontrou para vingar-se das mentiras de
minha filha?

Projeto Romances 47
Escrava do Amor Michelle Reid

— Não. Foi a maneira de devolver os vários insultos que ela me fez. Na


primeira vez que encontrei Lulu, ela me avisou que eu não ficaria um mês com
você.
Mac virou-se e encarou-a, pasmo.
— Ou devo contar o que houve na festa de aniversário? — Roberta
continuou. — Ela, com enorme prazer, andou pelo salão falando de mim a todos
os convidados, e bem alto, para que eu ouvisse também, chamando-me de a
atual loira-burra do papai.
Ele passou a mão nos cabelos, parecendo não acredita no que estava
ouvindo.
— Ou devo descrever a cena no hospital, quando ela tentou me convencer
de que você ainda dormia com Délia?
Mac ficou pálido e virou-se.
— Não pense que estou colocando toda a culpa em Lulu — Roberta disse
calmamente. — Ela foi encorajada por você e Délia. Vocês dois dão um
espetáculo bastante convincente. Não é de admirar que a garota alimente a
esperança de que um dia os pais voltem a se casar.
Ele abanou a cabeça, num gesto de desalento.
— Délia participa da encenação, mas não tenho certeza de que seja
apenas isso — Roberta falou. — Posso estar errada, mas tenho a impressão de
que ela também espera que você volte, um dia.
Mac suspirou e massageou a nuca, então virou-se e ocupou uma cadeira
na frente da mesa.
— Conte o resto — pediu. — O que aconteceu hoje, no escritório de
Joel?
— Entrei lá e encontrei Lulu. Minha primeira reação foi sair, mas ela
começou a me provocar e...
Roberta deu de ombros e começou a contar tudo o que acontecera.
— Se não acredita em mim, pergunte a Joel — disse ao terminar. — Ou
mesmo a Mitzy, porque ela escutou tudo, como sempre.
Levantou-se e caminhou até a janela.
— De tanto proteger sua filha, você acabou criando um monstro —
comentou. — E, se não fizer alguma coisa, logo será tarde demais. Ela não é
feliz e nunca será se continuar a acreditar que sua felicidade baseia-se numa
nova união dos pais.
— Délia e eu nunca voltaremos a ficar juntos — Mac assegurou.
— Não está na hora de um de vocês dizer isso a Lulu? Não gosto de sua
filha, mas entendo por que ela ainda tem esperança de vê-los juntos.

Projeto Romances 48
Escrava do Amor Michelle Reid

Mac suspirou, inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Vendo sua
perturbação, Roberta sentiu vontade de chorar. Voltou a olhar pela janela,
procurando controlar-se.
— Acho que devo lhe contar algumas coisas sobre Lulu — Mac murmurou
por fim, fazendo com que Roberta se virasse para fitá-lo. Há uns três anos, ela
fez péssimas amizades e tornou-se tão rebelde que Délia não conseguia mais
controlá-la.
Fez uma pausa, como se lhe custasse continuar o assunto.
— Lulu começou a roubar objetos da casa, coisas pequenas, cuja falta
demorava para ser notada — continuou. —Mas eram peças de valor, que
conseguiam um bom preço nas ruas.
Fez nova pausa.
— Vendia os objetos para comprar drogas — contou com tristeza. —
Sorte eu ter descoberto antes que ela ficasse envolvida mais profundamente.
Deixou o vício, mas durante a terapia, contou que se sentia rejeitada por mim e
pela mãe.
Olhou para as mãos, parecendo ainda mais cansado do que quando
chegara.
— Desde então, Délia e eu fingimos que ainda somos um casal feliz,
quando Lulu está por perto — prosseguiu. —Como você mesma disse, fingimos
tão bem que ela acreditou.
Roberta não fez nenhum comentário.
— Acha que não ouvi as coisas que minha filha lhe disse aquela manhã, no
hospital? — Mac indagou.
— Ouviu tudo?
— Ouvi e briguei com ela. Para ser honesto, perdi a paciência e cheguei a
ser bruto. Perguntei a mim mesmo o que estava fazendo, entregando minha vida
nas mãos de Lulu, deixando que ela me controlasse.
Mac calou-se e ficou em silêncio por alguns instantes.
— Ela pediu desculpas — continuou. — Explicou que disse aquelas coisas a
você porque estava atormentada com sentimento de culpa.
— Culpa? Por quê? — Roberta admirou-se.
- Délia contou-lhe que estava doente, um dia antes, na festa, mas Lulu
implorou para que ela não dissesse a ninguém. Não queria que as pessoas se
preocupassem, ou estragaria a comemoração de seu aniversário! - Passando a
mão no rosto, Mac suspirou. — Ao descobrir a gravidade da doença de Délia,
ela ficou cheia de remorso e explodiu com você, de quem sentia raiva. Fiquei
envergonhado com as coisas que lhe disse.

Projeto Romances 49
Escrava do Amor Michelle Reid

— Por isso me mandou embora.


— Foi. Estava furioso, mas como a doença de Délia era grave, esperei até
que ela melhorasse, antes de dizer umas verdades a Lulu.
Mac levantou-se, caminhou até a mesa, tirou o telefone do gancho e
discou um número.
— Délia?
Roberta sentiu um aperto no coração ao perceber que Mac ligara para a
ex-esposa. Ele chegara a uma decisão, e ela estava com receio de saber qual
fora.
— Lulu está aí? — ele indagou. — O quê? Já? Ela não demorou muito para
se recuperar, não? — A resposta de Délia o fez ficar carrancudo. — Está
resolvido, Délia. Mais do que resolvido.
Olhou para Roberta, que ergueu o queixo e encarou-o desafiadoramente.
Como resposta, ele apenas sorriu.
— Como está se sentindo? perguntou, fazendo Roberta lembrar-se de
que Délia ainda estava se recuperando da cirurgia. — Acho que deve saber que
estamos perto de uma crise, e que precisamos conversar.
Délia disse algo que o deixou bravo.
— Não! — Mac negou. — Não só Lulu, mas você e eu também. Posso ir aí
daqui a meia hora?
Délia devia ter concordado, porque Mac moveu a cabeça
afirmativamente, colocou o telefone no gancho e voltou sua atenção para
Roberta.
— Onde está Joel? — indagou.
— Saiu. Escondeu-se de você.
— Ah, é? Ele adora me provocar!
— Como pode... — Roberta começou a protestar.
Mac não a deixou terminar apossando-se de sua boca com um beijo
sedutor.
— Eu precisava disso — sussurrou. — Onde está seu casaco?
Roberta encarou-o, confusa.
— Onde está seu casaco? — ele repetiu, olhando em volta com
impaciência. — Vá pegá-lo. Você vai comigo.
— Não vou a lugar nenhum! Estou trabalhando!
— Sou seu patrão, lembra-se? Pegue seu casaco! Temos coisas a resolver
e decidi resolvê-las agora.
— Coisas, tipo... Mac! Não quero ir à casa de Délia! E não vejo por que
quer que eu vá!

Projeto Romances 50
Escrava do Amor Michelle Reid

— Não vê? Foi você quem começou tudo, Roberta. Sou eu quem não
entende por que não quer me ajudar a terminar!
— Terminar o quê? Não pode me contar o que pretende fazer?
Ele negou, movendo a cabeça.
— Vai descobrir em breve — respondeu. — Vamos logo.
Roberta tirou o casaco do armário e jogou-o nos ombros.
Mac abriu a porta do escritório e saiu, parando na mesa de Mitzy.
— Se sabe onde meu irmão está, avise-o de que seqüestrei sua
assistente pessoal — ordenou. — Diga-lhe para ir à casa de Délia. E que chegue
lá o mais rápido possível.
— Isso é loucura — Roberta protestou, quando já estavam no carro. —
Deve ter ficado louco, se acha que pode me tratar assim!
Ignorando-a, Mac colocou o Lotus em movimento.
Délia ainda morava na mesma casa onde vivera durante o casamento. Era
uma vasta propriedade, com portão eletrônico, que se abriu, quando Mac
acionou o controle remoto.
Entraram, e ele estacionou o carro, desceu, deu a volta e abriu a porta
para Roberta. Quando ela não fez menção de sair, puxou-a para fora.
— Não quero entrar lá! — Roberta falou.
— Mas vai entrar, queira, ou não.
Um homem alto, de cabelos grisalhos, foi ao encontro deles, assim que
Mac abriu a porta da casa e os dois entraram no vestíbulo.
— Na sala íntima, senhor — informou.
Mac atravessou o vestíbulo, puxando Roberta. Percorrendo um corredor
largo, chegaram a uma sala acolhedora onde Délia encontrava-se deitada num
sofá, de olhos fechados. O rosto pálido contrastava dramaticamente com a
arruivada dos cabelos espalhados no travesseiro.
— Como você está Délia? — indagou Mac.
— Um pouco melhor, apesar das dores — ela respondeu sem se
incomodar em abrir os olhos. — Por que decidiu falar comigo agora? Aquela
mulherzinha à toa fez mais alguma coisa à pobre Lulu?
— Pergunte a ela mesma, já que a “mulherzinha à toa” está bem aqui do
meu lado.
Obviamente atônita, Délia abriu os olhos, fixando-os em Roberta.
— Com relação à “pobre Lulu”, eu e você criamos um grande problema,
Délia, e já está mais do que na hora de resolvê-lo — declarou Mac.
— Problema? Que tipo de problema? — a ex-esposa quis saber.

Projeto Romances 51
Escrava do Amor Michelle Reid

— Você se casaria comigo, Délia? — ele perguntou, surpreendendo as


duas mulheres.
— Deve estar brincando! Não casaria com você de novo nem que fosse o
último homem do mundo!
— Ótimo, pois a última coisa que eu faria seria casar-me com você outra
vez. Sendo assim, suponho que não fará nenhum escândalo quando meu
casamento com Roberta for anunciado. Estou certo?

CAPÍTULO X

Seguiu-se profundo silêncio. Tanto Roberta quanto Délia estavam


atônitas.
— Lulu ficará louca de raiva. — Délia falou por fim.
— Que palhaçada é essa Mac? — Roberta gritou, livrando-se da mão
dele. — Não vamos nos casar! Estou cansada de suas manipulações. E também
não quero nenhuma ligação com sua família horrorosa!
Fez uma pequena pausa e acrescentou:
— Estou indo embora.
— Não vai a lugar algum — Mac declarou com alcançando-a e segurando-a
pelo braço. — Começou isso, portanto vai ficar aqui e me ajudar a terminar!

Projeto Romances 52
Escrava do Amor Michelle Reid

— Terminar o quê? — perguntou Joel, entrando na sala.


Aliviada, sabendo que ele a tiraria daquela situação, Roberta olhou-o,
suplicante.
— Me ajude, Joel! — pediu. — Mande esse arrogante me soltar! Quero ir
embora!
— Eu a deixaria ir se fosse você, Mac — falou Joel tom sério. — Não
acha que é muita covardia ficar ameaçando mulheres?
— Não estou ameaçando ninguém! Mac defendeu impaciente. — Estou
tentando convencer essa louca a se casar comigo!
Joel mostrou-se confuso por um instante, então sorriu amplamente.
— Casar? Oh, está tudo bem, então. Achei que vocês estavam se
matando! Aperte aqui, mano. — Estendeu a mão para Mac, que apertou-a,
sorrindo. — Vai me convidar para ser seu padrinho?
— Parem! — Roberta gritou, à beira de uma crise de nervos. — Querem
fazer o favor de parar com isso?
Então, começou a chorar, e Mac abraçou-a.
— Não chore, Coelhinha — ele murmurou suavemente. — Tudo vai acabar
bem, você verá.
— Não posso me casar com você! Sua filha não gosta de mim! — Roberta
argumentou.
— Mas eu gosto — Mac sussurrou carinhosamente, afagando os cabelos
sedosos. — Gosto muito de você!
Beijou-a com ardor, e ela acabou por render-se, abraçando-o pelo
pescoço e entreabrindo os lábios para que ele aprofundasse o beijo. Nenhum
dos dois se incomodou em saber se Délia e Joel estavam olhando, se estavam
constrangidos, testemunhando aquele momento de paixão.
— Mesmo assim, não posso me casar com você — Roberta insistiu, quando
se separaram. — Minha vida seria pura infelicidade.
— Está se referindo a Lulu?
— Estou. Ela é sua filha, e você a ama. Não vou permitir que a magoe por
minha causa — disse, deixando as lágrimas rolarem. — Lulu nunca me perdoaria,
se eu permitisse!
— Eu perdoaria, sim.
Os quatros olharam espantados para a porta, e viram Lulu parada lá, com
as mãos nos bolsos da calça jeans, uma expressão compenetrada no rosto
bonito.
Instintivamente, Roberta afastou-se de Mac, mas ele puxou-a para perto
de si.

Projeto Romances 53
Escrava do Amor Michelle Reid

Lulu olhou para Mac, depois para Roberta, com ar desconfiado. Fitou
Joel longamente, muito séria, como se estivesse zangada com ele.
— Acho que tenho sido uma idiota — declarou por fim, entrando na sala.
— Desculpem.
— Oh, Lulu, minha querida! — Délia murmurou, emocionada. A mocinha
olhou para a mãe e sorriu levemente.
— A culpa é sua, mamãe. Ou melhor, é sua e de papai — acusou. —
Sempre pareceram estar muito bem, juntos. Vocês dois não passam de um casal
de crianças que têm medo de encarar a verdade!
Délia engoliu em seco, enquanto Joel ria sarcasticamente.
— Muito bem — Joel incentivou, batendo palmas. — Deve mesmo dizer a
seus pais o que pensa deles. Estava na hora de alguém fazer isso.
— Alguém já fez, tio Joel. — Lulu olhou para Roberta,
— Você ama meu pai?
Roberta teve a sensação de que a sala ficara pequena e abafada demais.
Em seguida, achou que estava sonhando e piscou várias vezes, como que
tentando acordar.
— Vamos, Coelhinha — Mac murmurou com doçura. —Responda.
— Odeio você — Roberta sussurrou. — Odeio você e toda sua
desprezível família!
— Eu sei, eu sei — Mac disse, então beijou-a carinhosamente. — Mas...
— Mas também te amo — ela confessou.
— Então, podem se casar, com minha aprovação — Lulu murmurou, como
se lhe custasse fazer essa concessão.
— Oh, não vou me casar com seu pai! — Roberta gritou, exasperada.
então olhou para Mac. — Não vou me casar com você.
Mac, parecendo desanimado, soltou-a.
— Por quê? — Lulu indagou, caminhando até Roberta e parando na frente
dela. — Queria que meu pai agisse como um homem forte! Bem, ele não esta
provando que é forte, pedindo-a em casamento, mesmo sabendo que me magoa?
— Isso não tem nada a ver com força — Roberta respondeu.
— O problema sou eu, não? Não me quer como enteada, é isso, não é? Sei
por que! Afinal, depois do que lhe fiz. Roberta, se eu prometer não interferir,
você casa meu pai?
Lágrimas brotaram de seus olhos, atestando sua sinceridade.
— Minha decisão não tem nada a ver com Lulu! — Roberta afirmou. —
Tem a ver com amor, puro simples, nada mais! Seu pai não me ama, não sabia
disso?

Projeto Romances 54
Escrava do Amor Michelle Reid

— Está louca? — Mac indagou, atônito. — Quando foi que eu disse que
não a amava?
— Mas também nunca disse que me amava — Roberta pressionou.
— Quer dizer que ele nunca se declarou a você? — Lulu perguntou,
perplexo.
— Lulu! — Mac a repreendeu.
— Vou embora — Roberta anunciou, ansiosa por livrar-se daquele clima
desagradável.
— Muito bem — Mac concordou, ríspido. — Vou com você.
Virando-se para os outros, disse:
— Nos veremos na semana que vem, em meu apartamento, numa reunião
com todos os Maclaine — anunciou, então olhou para Roberta e perguntou: —
Seus pais ainda estão no país?
— Estão — ela respondeu, franzindo a testa, sem compreender onde Mac
queria chegar. — Mas...
— Sua tia Sadie? Seus dois tios solteirões?
— Também, mas...
— Então, faremos uma festa com todos os Maclaine e os Chandler, para
celebrar nosso noivado!
Com aquela declaração. Mac saiu da sala, levando Roberta. sem lhe dar
chance de protestar.
— Quer me soltar, por favor? — ela exigiu, tentando livrar-se dele, mas
em vão.
— Só quando estiver segura, no carro — ele respondeu com seriedade,
abrindo a porta da frente da bela e luxuosa casa.
Pouco depois, paravam junto ao carro.
— Entre — Mac falou, abrindo a porta do passageiro.
— Não — ela respondeu, cruzando os braços num gesto de teimosia. —
Não quero me casar com você, Mac! Pode fazer o que quiser, mas não vou mudar
de idéia.
— Entre no carro. Roberta.
— Eu...
Mac abraçou-a e beijou-a de modo avassalador. Quando a soltou,
Roberta estava tão aturdida, que mal podia manter-se de pé.
— Não sou forte o suficiente, não é? — Mac murmurou, acariciando-lhe
os cabelos.
— Não estava me referindo a sua força física!
— A minha força sexual, então?

Projeto Romances 55
Escrava do Amor Michelle Reid

— Disso eu nunca duvidei.


— Então, duvidava da força do meu amor. Não duvide mais. Amo você,
Roberta. Levei algum tempo para perceber, mas acabei descobrindo que não
posso viver sem você. Sei que fui um idiota, Roberta. Mas só percebi que a
amava tanto naquele dia em que cheguei ao apartamento e descobri que você
me abandonara.
— Essa não é uma desculpa aceitável.
— Não, não é. — Mac abanou a cabeça com desânimo, então encostou-se
no carro. — Mas é a verdade. Quanto Lulu... — Olhou para a casa e suspirou. —
Eu amo minha filha. Magoá-la é como magoar a mim mesmo, mas descobri que
fico mais magoado sem você. — Encarou Roberta. Fui egoísta, vendo você como
minha propriedade, minha mulher — confessou. — Não percebia que você queria
me ver como seu homem. Nunca mais deixarei que minha família interfira, se
ficarmos juntos.
— Até quando? Até Lulu ou Délia telefonarem, exigências e
reclamações?
— Está se lembrando do que aconteceu em Zurique?
— É, estou! Você me usou naquela noite, Mac! Me usou porque sabia que
correria para sua família ao primeiro chamado, sem se importar com o fato de
que isso me magoaria.
— Mas permiti que você me acompanhasse, o que não nos fez nenhum
bem — ele a lembrou, ríspido. — Lulu fez um escândalo no hospital, e você ficou
furiosa.
— Você me mandou embora.
— Fui procurá-la, depois. Faz idéia de como me senti, quando cheguei ao
apartamento de ,Jenny e não a encontrei lá?
— Ficou frustrado, porque imaginou que eu estaria sua espera, de braços
abertos, louca para ir para a cama com você! — Roberta respondeu, sarcástica.
— Não. Fiquei preocupado! Você saiu muito descontrolada, do hospital. A
noite, tive a idéia de ligar para a casa de seus pais e, quando liguei, seu pai me
disse friamente que não a via há meses.
Roberta encarou-o.
— Meu pai? — repetiu. — Falou com meu pai e ele disse que não me via há
meses?
— Isso mesmo.
— Eu estava lá. O telefone tocou, ele foi atender e disse que a ligação
não era para mim.
— Quer dizer que você nem sabia que eu telefonei?

Projeto Romances 56
Escrava do Amor Michelle Reid

— Não.
— Por que seu pai fez isso?
— Ele e minha mãe perceberam que eu não queria falar com você, nem
com ninguém.
Meu pai me protegeu, do mesmo modo que Mac protege Lulu, Roberta
pensou, sorrindo, feliz com aquela sensação de ser amada, de pertencer a uma
família.
— Por isso fiquei tão surpreso, quando você me contou que passou duas
semanas com eles — Mac comentou. — E, a propósito. como foram aquelas
férias?
— Foram ótimas.
— Contou a eles sobre nós dois? — indagou Mac, afagando o queixo dela.
— Aposto que disse que me amava, mas que eu era um canalha. Por isso, para
protegê-la, eles decidiram escondê-la de mim. Estou certo?
— Também gosto de me sentir amada e protegida. A doce Lulu não é a
única!
— Amada e protegida por duas pessoas que a ignoraram a maior parte de
sua vida? Ora, vamos, Roberta, confesse que ficou chocada, quando eles agiram
como pais normais.
— Normais? Acha que você e Délia são pais normais? Eu não acho e
aposto que Lulu também não!
— É verdade, mas nunca neguei amor a minha filha. Sabe, Coelhinha,
quando conheci você, logo percebi que estava sedento de afeto.
Roberta sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, porque Mac tinha
razão. Na época em que o conhecera, estava cansada de ser rejeitada pelos
pais e parentes mais próximos, sem falar na decepção que experimentara em
desastrosos relacionamentos amorosos.
— Descobriu que eu era carente de amor e aproveitou-se disso — acusou.
Mac suspirou, concordando com um gesto de cabeça.
— Mas só percebi que estava me aproveitando, naquela madrugada em
Zurique, quando você pediu para voltar comigo para Londres. Vi que a fazia
ansiar cada vez mais por meu amor, que era dessa maneira que a estava usando.
Mac respirou fundo, passando a mão nos cabelos pretos e lisos.
— Não posso mudar o passado, mas posso controlar o futuro —
continuou. — Você me perdoa, Roberta? Por favor, me dê uma segunda chance.
Uma segunda chance?, ela repetiu mentalmente. Tenho vontade de rir.
Eu o amo tanto, que sou capaz de dar-lhe quantas chances ele quiser.
Mac afagou os cabelos dela.

Projeto Romances 57
Escrava do Amor Michelle Reid

— Só preciso beijá-la, para levá-la à submissão — declarou


sedutoramente. — Em dois minutos, sou rapaz de colocá-la sob meu poder.
— E eu, sei que pontos de seu corpo devo tocar, para fazê-lo perder o
controle, em poucos segundos! — Roberta retrucou com malícia. — Sou capaz
de fazer isso agora, mesmo com o perigo de sua filha, Délia ou seu irmão
aparecerem!
Mac sorriu, nem um pouco embaraçado ao ouvi-la declarar aquela
verdade.
— Podemos ir para casa — sugeriu sensualmente. — Com a porta
trancada, e o telefone fora do gancho, vamos ver quem perde o controle
primeiro.
— Não adianta Mac. Não vou me casar com você!
— E por que não?
— Porque ainda não implorou o bastante. Quero você de joelhos, Mac. Só
sua completa entrega me deixará satisfeita.
— Então, entre no carro. Deixe-me levá-la para onde me entregarei, de
corpo, alma e coração.
— Que casa? — Roberta perguntou, lembrando-se de ele tinha três
residências.
— O apartamento de Chelsea, claro. Estamos muito longe de Berkshire, e
estou muito ansioso para..
— E o apartamento em Knightsbridge? — ela quis saber, entrando no
veículo. — Ainda não tenho permissão para entrar lá?
— Que o apartamento em Knightsbridge se exploda —Mac falou,
ajudando-a a entrar no carro. — Nem cheguei perto de lá, desde que você se
mudou para Chelsea! —exclamou.
Acomodou-se no banco do motorista e colocou o cinto de segurança.
— A única cama em que quero dormir, Coelhinha. é aquela que divido com
você — declarou. — E é para lá que vamos agora!

— Está bem assim? — Mac perguntou, beijando o pé de Roberta


apaixonadamente.
— Não. Quero mais.
— Mais? — Ele mordiscou de leve o calcanhar delicado.
— Assim?
— Mais, mais.
— Mulher sem coração — Mac reclamou, brincalhão, estendendo-se ao
lado dela. — Diga que vai se casar comigo, e eu lhe dou mais.
— Dê nome a esse “mais”.

Projeto Romances 58
Escrava do Amor Michelle Reid

Ele ficou calado por alguns segundos, pensativo, então beijou-lhe a


orelha.
— Amor, casamento. Casamento com um homem que a ama, e filhos —
declarou.
— Filhos? Quer realmente ter mais filhos?
— Mais pirralhos para pular em volta de mim? — ele indagou, fazendo
uma cômica careta. — Claro que quero! Seus filhos, nossos filhos, crianças
lindas, que terão uma irmã mimada, malvada e egoísta.
— Lulu não é malvada — Roberta protestou. — É super-protetora com
aqueles a quem ama, só isso.
— Diz isso porque, de repente, ela se arvorou em sua protetora. Chega
de “mais”, ou terei de lhe dar outros?
Ela afagou os cabelos pretos, depois arranhou a nuca larga numa carícia
sensual.
— Vou aceitar o que está me oferecendo, mas ainda terá de passar por
um ultimo teste — respondeu com voz enrouquecida de desejo.
— E qual seria esse último teste?
Roberta puxou-o para si, e Mac começou a correr as mãos por seu corpo.
Não tiveram pressa. Por longo tempo, tocaram-se de modo intimo e ardente,
experimentando várias formas de prazer, até que não agüentaram mais.
Então, fizeram amor, entregando-se um ao outro de corpo, alma e
coração.
***Fim***

Projeto Romances 59

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