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ESCRAVA DO AMOR
(Título original: Slave to love)
MICHELLE REID
Digitalizado por Ilnete
RESUMO
Projeto Romances 1
Escrava do Amor Michelle Reid
CAPÍTULO I
Projeto Romances 2
Escrava do Amor Michelle Reid
dizendo a si mesma que precisava parar de pensar em Mac. Deu uma volta no
salão, pegou outra taça de champanhe e pousou o olhar rapidamente em Joel.
Joel tinha um grande respeito pelo irmão mais velho, de quem acatava
todas as ordens, porque Mac assumira o comando das empresas quando o velho
Maclaine morrera de um súbito ataque cardíaco. Mac tivera de amadurecer
rápido, mas encarara o desafio.
Ela fitou Mac longamente mais uma vez. Não soube quanto durou seu
olhar, até ouvir:
— Já viu o bastante?
Roberta assustou-se com a proximidade sorrateira de Joel.
— Já, já vi o suficiente — respondeu com frieza.
— Opa! — Joel exclamou, brincalhão. — Esses adoráveis, olhos verdes
estão me dizendo que temos problemas à vista.
—Estou pronta para ir embora, se você quiser ir também, claro — disse,
mantendo a pose.
Mas Joel sabia melhor do que ninguém o que ela estava sentindo.
— Tudo bem, querida — ele falou com suavidade, segurando a mão
delicada. — Vamos sair daqui com o queixo erguido.
— Você é muito observador — ela murmurou, acompanhando-o entre os
convidados, até o vestíbulo vazio da casa de campo de Mac.
— E você observa pouco, Roberta. Vá buscar seu casaco.
Joel observou-a subir a escada.
Ela é linda, comentou consigo mesmo. Mac tem bom gosto.
Sorriu, sentindo uma onda de carinho por ela.
— Onde está Roberta? — Mac perguntou, desviando a atenção de Joel.
— Foi buscar o casaco.
— Tão cedo? São apenas... — Mac olhou para seu relógio de pulso. — Dez
e meia. A noite é uma criança.
— E?
— Qual o problema? Foi sarcástico comigo a noite toda. Eu gostaria de
saber o que está querendo.
— Gostaria? Reserve um tempo para mim e terei grande prazer em lhe
contar.
— O que há com você? Parece ofendido com alguma coisa.
Joel teve vontade de afirmar a Mac que fora ofendido, mas, naquele
instante, Roberta apareceu no topo da escada, ganhando toda a atenção de
Mac. Ela parou ao vê-lo, então desceu os degraus calmamente, olhando-o com
frieza bem entro dos olhos acinzentados.
Projeto Romances 3
Escrava do Amor Michelle Reid
CAPÍTULO II
Projeto Romances 4
Escrava do Amor Michelle Reid
Projeto Romances 5
Escrava do Amor Michelle Reid
— Não, Joel não disse nada, mas pelo jeito Mac ficou ligando para o
apartamento em Chelsea e está furioso. Chegou a insinuar que você e Joel
saíram juntos.
— Essa não! — exclamou Roberta, rindo.
— Joel disse a ele que a deixou em casa e não mais a viu — prosseguiu
Jenny.
— Grande Joel! Pelo jeito, decidiu ficar do meu lado.
— Mac vai ligar para cá a qualquer momento. O que vai fazer?
— Eu? Não vou fazer nada. Este é seu apartamento. Seu telefone. Você
atende.
— Em outras palavras, devo mentir.
Roberta encolheu os ombros, tranqüila.
— Achei que gostaria de atendê-lo — falou.
— Adoraria.
Jenny não gostava de homens como Mac, porque, uma vez, envolvera-se
num relacionamento parecido com o de Roberta e passara pelas mesmas
decepções.
— Mas, e se ele vier até aqui? — perguntou.
— Isso não vai acontecer! Sabe tão bem quanto eu que ele não sairá de
Berkshire até que o último convidado deixe a casa.
Roberta fez uma pausa, sorrindo
— Estarei salva até segunda — continuou. — Terei tempo para tirar
minhas coisas do apartamento em Chelsea, antes de enfrentar Mac.
Projeto Romances 6
Escrava do Amor Michelle Reid
Projeto Romances 7
Escrava do Amor Michelle Reid
— Quer dizer que tudo isso é por causa da noite de sexta-feira? — Mac
perguntou, seco.
— Foi a gota de água.
— Não posso acreditar! Terminou nosso relacionamento porque não fiquei
a seu lado, na festa?
— Nem um minuto sequer.
— Tinha outras coisas a fazer! Era a noite de Lulu. Minha única filha
tinha o direito de ter toda a minha atenção!
— E teve — Roberta falou secamente. — Com certeza teve! A total
atenção da maioria do pessoal naquela festa. E eu fui deixada de lado!
— Onde esteve nesse fim de semana? — indagou, mudando de assunto.
— No apartamento de Jenny.
— Aquela mentirosa! Jurou que não sabia de você! Joel levou você lá?
— Fui para lá depois que ele me deixou em casa — mentiu.
Mas Mac não acreditou.
— Meu irmão tomou seu partido!
— O que Joel fez por mim não significa que ele tenha, sido desleal a
você.
— Não? Do meu ponto de vista, ele é um traidor! —ergueu-lhe o rosto,
pegando-a pelo queixo. — O que mais ele fez com você? Meu irmão está
tentando conquistá-la, Roberta? É por isso que está terminando comigo?
Furiosa, ela o empurrou.
— Que idéia ridícula! — retrucou.
— Não mais do que os insultos que tem me dirigido desde que entrei aqui.
Joel gosta de você, sempre gostou. E não me venha dizer o contrário.
— Você está louco!
— Louco, não. Apenas consciente do que está acontecendo ao meu redor.
Projeto Romances 8
Escrava do Amor Michelle Reid
CAPÍTULO III
Projeto Romances 9
Escrava do Amor Michelle Reid
Projeto Romances 10
Escrava do Amor Michelle Reid
Projeto Romances 11
Escrava do Amor Michelle Reid
CAPÍTULO IV
Mais tarde, depois de dividir um jantar leve com Jenny, Roberta ligou a
televisão, mas, na verdade, não mostrou nenhum interesse em qualquer
programa.
Suspirou diversas vezes, torcendo para que as estranhas sensações que
estava experimentando, e que a faziam sentir-se infeliz, passassem logo.
— Vou fazer café — Jenny falou, levantando-se. — Quer uma xícara?
— Eu... não, obrigada — respondeu. — Acho que vou dormir...
— Tudo bem — Jenny concordou e acompanhou-a com os olhos, quando
Roberta ergueu-se do sofá e caminhou para o quarto.
Sabia que a amiga não conseguiria dormir bem, depois dos
acontecimentos da noite.
Roberta deitou-se. pensando em Mac, recordando que o conhecera no
escritório de Joel, em seu segundo dia de trabalho na empresa.
Os dois irmãos estavam rindo, quando ela entrou no escritório de Joel.
Bastou-lhe olhar para Mac uma vez, para notar seus cabelos pretos, os lábios
sensuais, os olhos acinzentados brilhantes e enigmáticos. Notou também a pele
bronzeada, que como ela soube depois, fora resultado das férias que ele
passara nas Bahamas, com a filha adolescente.
Joel percebeu como Roberta ficou maravilhada com Mac e apresentou-os
com um sorriso meio forçado.
— Nosso presidente, Solomon Maclaine — informou, seco, desconfiando
de que perdia mais uma garota para o irmão.
— Roberta Chandler, minha assistente pessoal.
- Tem o apelido de Bertie, ou algo mais exótico, como Coelhinha? — Mac
perguntou, aproximando-se para apertar a mão dela.
— Não! — Roberta exclamou, lutando para manter a compostura, porque
o simples toque da mão firme na sua fez seu coração bater acelerado e o corpo
aquecer. — Eu não responderia, se alguém me chamasse assim!
— Exceto que esse alguém fosse um amante...
— Nem que fosse um amante — ela negou e desviou o olhar, sentindo as
faces em fogo.
— Veremos.
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CAPÍTULO V
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Projeto Romances 18
Escrava do Amor Michelle Reid
Ela moveu a cabeça numa negativa, feliz por ter uma desculpa real para
recusar o convite.
— Desculpe, mas já tenho com quem jantar esta noite, — disse
confiante.
— Com quem? Mac questionou, obviamente enciumado. — Está em
Zurique a menos de cinco horas!
Roberta encolheu os ombros, indiferente, dizendo a si mesma que não
devia satisfações a Mac.
— Vou jantar com um amigo de Joel — respondeu com frieza.
— Joel! Eu devia saber! Qual é o nome desse amigo?
— Karl, Karl Loring.
— Cancele.
Ela negou com um gesto de cabeça, tomando um gole de café.
— Lamento, mas não posso cancelar — declarou.
Para surpresa de Roberta, o jantar com Karl foi maravilhoso. Ela deixou-
se envolver pelo charme de Karl. Depois de jantarem, ele tirou-a para dançar.
Estava imersa na música suave que tocava, nos braços de Karl, quando um
homem pediu, com voz grave e fria:
— Com licença.
Roberta fechou os olhos, tomada de emoções conflitantes.
Não precisava olhar para saber que era Mac.
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Escrava do Amor Michelle Reid
CAPÍTULO VI
— É minha vez — Mac disse com firmeza, tirando Roberta dos braços de
Karl.
— Mac... — Roberta protestou, em vão, sentindo as faces corarem. —
Você...
— Desculpe, estou atrasado, querida.
Roberta e Mac se olharam, e a tensão entre eles começou a crescer. Ela
baixou o olhar, tendo consciência de que estavam chamando a atenção de todos.
Mac ergueu-lhe o queixo e beijou-a na boca. Roberta teve vontade de acertar-
lhe um tapa, mas ficou desarmada, quando ele desatou a rir.
— Não vai me apresentar sua companhia, querida? —Mac perguntou
zombeteiramente.
— Este é Karl Loring — Roberta declarou com aspereza. — Um amigo de
Joel e meu intérprete, enquanto eu estiver em Zurique. Karl...
Ela fitou-o, desconcertada, e notou que ele a observava com ar intrigado.
— Este é Solomon Maclaine — prosseguiu. — Irmão de Joel —
acrescentou, notando que, ao ouvir o nome de Mac, Karl mostrara-se nervoso.
— E claro, meu...
— Acho que o sr. Loring sabe muito bem o que sou para você, querida —
Mac intrometeu-se, irônico.
Focalizou a atenção em Karl, enquanto Roberta lutava para manter o
autocontrole, pois sentia-se morrer de vergonha.
— Prazer em conhecê-lo, sr. Loring — disse Mac. — Meu irmão já me
falou do senhor.
Roberta notou que Karl empalidecia.
— Eu não sabia que estava em Zurique, sr. Maclaine —o alemão
murmurou, em tom trêmulo.
— Não? — Mac franziu a testa, desconfiado. — Estou surpreso por Joel
não ter comentado as mudanças nos planos que fez com você. Bem, acho que ele
não diria nada. Afinal estou aqui por razões pessoais, o que me faz lembrar...
Sorriu, fazendo uma pausa.
— Obrigado por cuidar de Roberta esta noite — continuou. — Ela
detesta ficar esperando por mim, quando estou tratando de negócios, não é,
querida?
Roberta tentou afastar-se, mas Mac puxou-a para si, apertando o braço
delicado com mais força do que a necessária.
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Escrava do Amor Michelle Reid
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Escrava do Amor Michelle Reid
Mais tarde, quando chegaram ao hotel, Mac acompanhou Roberta até sua
suíte. Ela ignorou-o, abriu a porta e entrou, mas não teve tempo para impedi-lo
de segui-la.
Ele entrou também e caminhou até o centro da sala, parando ao lado da
mesinha de centro.
— Onde está a pasta com os relatórios das reuniões com Franc Brunner?
— indagou.
— Tranquei-a na maleta — Roberta respondeu, surpresa com a pergunta.
— Pegue-a para mim, por favor.
Confusa, ela foi ao quarto e pegou a maleta, voltando em seguida.
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Escrava do Amor Michelle Reid
Ele a observou.
— Para ser minha assistente — brincou. — Algo a dizer esse respeito,
srta. Chandler?
— Depende. Estou falando com o patrão ou com o homem com quem
dividia a cama?
— Com o homem com quem divide a cama, querida — Mac disse, dando
ênfase ao tempo presente. — Com seu namorado.
— Você não passa de um inescrupuloso!
— Inescrupuloso? O que fiz, para ser chamado assim?
— Trouxe sua ex-namorada aqui, apenas para ver se consegue reatar um
relacionamento do jeito que você quer.
— Você acha mesmo, Roberta?
— Não chegue perto de mim! — ela gritou, levantando-se, vendo-o
caminhar em sua direção.
— Por que não?
— Porque é muito seguro de si em relação aos seus propósitos.
— Seguro bastante para fazê-la sentir-se maravilhosamente bem, se me
der uma chance — ele disse, pousando as mãos na cintura delicada. — Que tal
três dias de minha completa atenção, brincando de turista, enquanto
descobrimos a verdadeira intenção de Franc Brunner?
— Com que propósito? — Roberta indagou, sabendo muito bem que Mac
não sugeriria nada, sem segundos intenções.
— Com o propósito de apreciarmos a companhia um do outro, claro — ele
declarou, apertando-a contra si. —Não seria gostoso, Coelhinha? Três dias de
minha completa atenção.
— Achei que tivesse orgulho, mas fica correndo atrás de mulheres — ela
falou, embora estivesse adorando o contato do corpo dele.
— O que é meu orgulho, perto... disso? — ele indagou.
Beijou-a com suavidade e carinho. Ela adorou a sensação de prazer que
percorreu seu corpo. Deixou escapar um gemido, querendo odiar Mac, mas
sabendo que não podia. Num ato de rendição, envolveu o pescoço largo com os
braços.
— Diga que me quer — ele murmurou.
— Oh! — ela sussurrou, detestando-se por deixar-se levar pelos carinhos
dele. — Eu te quero, Solomon Maclaine. — Que inferno! Eu te quero!
Mac ergueu-a nos braços e carregou-a para o quarto. Tirou as roupas
dela com rapidez, beijando-a por todo o cor nu. Roberta tirou-lhe o paletó, a
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Escrava do Amor Michelle Reid
Voltar à realidade não foi nada fácil, nem rápido, para nenhum dos dois.
Roberta estava completamente relaxada, e Mac ficou um longo tempo imóvel.
— É a mulher mais altruísta que já conheci, sabia? — ele comentou.
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Projeto Romances 26
Escrava do Amor Michelle Reid
— Sabe que te amo, minha filha — Mac falou. — Mas, pelo menos uma
vez, não pode cuidar disso sozinha?
Fosse lá o que fosse que Lulu respondeu, foi algo bastante forte para
fazer Mac render-se.
— Tudo bem, tudo bem! ele exclamou, impaciente. —Se realmente
precisa de mim...
Parou de falar ao ouvir a porta do quarto abrir e virou-se para encarar
Roberta.
Ela se virou e observou-o.
Vá, e essa será a última vez que fizemos amor, pensou.
— Claro, claro que volto — ele disse. — Vou pegar o próximo vôo.
Roberta saiu do quarto.
Três dias de sua total atenção?, falou a si mesma. magoada.
Caminhou até o bar e serviu-se de uma dose de conhaque francês, que
tomou num gole só.
— Desculpe — Mac pediu, entrando na sala. Roberta encarou-o. Ele já
estava vestido. Ela deu-lhe as costas, magoada.
— Pelo amor de Deus, Roberta! Eu não tinha escolha!
— Escolha? Todos temos, Mac. Você acabou de fazer a sua.
— Então é assim? Porque não pode me possuir por inteiro, não quer nada?
Isso não a torna uma mulher possessiva e egoísta, Roberta?
— Em outras palavras, a menos que eu esteja disposta a me contentar
com alguns momentos na cama, serei considerada egoísta.
— Não. Tento lidar com os problemas que aparecem em minha vida, da
melhor maneira possível, mas sua insegurança quanto ao nosso relacionamento é
problema seu, querida, e tem que lidar com isso sozinha.
— Minha insegurança, como disse, reside no fato de você negar minha
existência! — Roberta gritou, irada. —Tem idéia de quanto me faz sentir
insignificante?
— Gostaria que eu dissesse a minha filha angustiada para ligar quando eu
tivesse terminado de fazer amor com você?
— Já havia terminado. E, quando o telefone tocou, você negou que eu
existo, mais uma vez.
— Que praga, Roberta! Não dá para discutir com você agora. Tenho de ir.
Não quer dizer que eu queira ir, apenas que eu tenho de ir! Dou-lhe minha
completa lealdade, mas não posso fingir que não tenho compromisso com minha
família. Não posso lhe oferecer mais nada!
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Projeto Romances 28
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CAPÍTULO VII
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CAPÍTULO VIII
Viajar com os pais para Tenerife fora a melhor decisão que Roberta
tomara, em muitos anos.
Não apenas teve duas semanas de completo descanso, como também
pôde conhecer melhor os dois aventureiros que a haviam posto no mundo.
Os três conversaram bastante sobre a poluição mundial e o desequilíbrio
ecológico. A sra. Chandler explicou que o trabalho dela e do marido ajudava os
biólogos que lutavam para preservar espécies em perigo.
Caminhar à beira do mar com os pais foi uma linda experiência para
Roberta. O pai informava a que espécie pertencia cada pequena forma de vida
marinha e por que era encontrada ali.
As vezes, Roberta tinha a impressão de que era tratada como uma
criança ignorante, mas não podia dizer que isso não a agradava.
Percebeu que nunca se tornaria uma discípula dos pais. Muito tempo se
passara, e não era mais possível mudar as circunstâncias que a haviam tornado
o que ela era. Isso, sem contar a mágoa provocada pelas lembranças dos
momentos de solidão na infância, quando se sentira negligenciada. Mas, pelo
menos, estava aprendendo a entendê-los ,talvez, admirá-los por sua total
dedicação à causa que aviam abraçado.
Ao voltar para Londres, sentia-se muito mais tranqüila. As longas horas
que passara na praia, bronzeando-se, sem nada para fazer, a não ser pensar,
ajudaram-na a reorganizar a vida.
Amava Mac, e esse era um fato inalterável. Mas concluiu que apenas seu
amor não seria capaz de sustentar o relacionamento.
Precisava livrar-se por completo do poder de Mac, e a única maneira de
conseguir isso era sair da empresa, encontrar outro emprego e começar vida
nova.
Foi com essa decisão que entrou em seu departamento, no edifício dos
Maclaine, depois das duas semanas de férias. A primeira pessoa que viu foi
Mitzy.
— Como você está bonita! — a secretária elogiou, olhando a pele
bronzeada, que contrastava lindamente com os longos cabelos loiros. Porém,
completou: — E está com sérios problemas!
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Escrava do Amor Michelle Reid
— Oh. claro! — ele concordou, irônico. — Que outra razão eu teria para
querer ficar sozinho com você, a não ser levá-la para a cama?
— Meu Deus, Mac! Você é um canalha! Tramou tudo, apenas para fazer
sexo comigo!
— É verdade. Mas a trama foi perda de tempo e esforço, porque bastou
que eu a acariciasse para fazê-la perder o controle e cair nos meus braços!
Roberta baixou o olhar, envergonhada.
— Como fechou o negócio com o sr. Brunner tão rapidamente? —
perguntou.
Mac deu de ombros, indiferente.
— Minha reunião com Brunner foi marcada antes de eu sair de Londres
— contou. — Nós dois conversamos e expusemos nossos pontos de vista
durante o jantar, enquanto você gentilmente mantinha o sr. Loring ocupado!
Roberta ergueu o queixo altivamente e colocou a carta de demissão
sobre a mesa.
— Joel está com medo de aceitar isso, então resolvi entregar a você
pessoalmente — declarou. — É minha carta de demissão.
Mac olhou para o envelope e depois para ela.
— Essa é outra de suas doces maneiras de me dizer que terminamos? —
indagou.
— Não se pode terminar o que nunca existiu. Como acabou de me
explicar, fui simplesmente usada.
Ele bufou, irritado.
— Não entendeu que eu estava sendo sarcástico, repetindo o que você
insiste em acreditar? — gritou. — Nunca lhe ocorreu Roberta, que não sou eu
quem tem uma péssima opinião de você, e sim você mesma?
Ela desviou o olhar.
— Minha carta de demissão Mac. — Insistiu com firmeza.
— Não aceito.
Roberta virou-se de costas.
— Como ousa demitir-se? — Mac censurou.
— O que estamos discutindo? Minha saída da empresa ou de sua vida?
— As duas coisas! Ou melhor, nenhuma das duas, já que você não vai sair
de lugar nenhum! Esperei por você durante duas semanas infernais! E o que
você faz? Entra aqui com sua carta de demissão e uma expressão indignada!
Mac aproximou-se dela, pegou-a pelos ombros e virou-a.
— Que praga, Roberta! Com você, quando acho que dei um passo à frente,
descubro que dei dois para trás!
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CAPITULO IX
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Projeto Romances 46
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— Você não quer que ninguém ameace seu poder sobre Mac — Roberta
continuou. — E tudo por quê? Para puni-lo. Sabe que a ama profundamente, e
então o culpa por ter terminado um casamento que já acabara há anos. Mas isso
não lhe interessa, certo?
— Está dizendo essas coisas por despeito, porque ele nunca vai casar
com você — Lulu replicou, erguendo-se lentamente.
— Casar? — Roberta repetiu, rindo. — Deve ser muito burra para
acreditar que quero ter contato com uma família como a sua. Não, Lulu, não
quero casar com seu pai. Não quero mais nada dele.
Fez uma pausa, engolindo um repentino nó na garganta.
— Quero um homem que me ame acima de tudo — prosseguiu. — Seu pai
não pode ser esse homem, pelo menos enquanto estiver atrelado às suas
rédeas.
— Vagabunda! — a garota xingou.
Roberta sorriu.
— Insultos não me atingem, menina mimada — declarou e saiu
calmamente da sala.
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Mac suspirou, inclinou a cabeça para trás e fechou os olhos. Vendo sua
perturbação, Roberta sentiu vontade de chorar. Voltou a olhar pela janela,
procurando controlar-se.
— Acho que devo lhe contar algumas coisas sobre Lulu — Mac murmurou
por fim, fazendo com que Roberta se virasse para fitá-lo. Há uns três anos, ela
fez péssimas amizades e tornou-se tão rebelde que Délia não conseguia mais
controlá-la.
Fez uma pausa, como se lhe custasse continuar o assunto.
— Lulu começou a roubar objetos da casa, coisas pequenas, cuja falta
demorava para ser notada — continuou. —Mas eram peças de valor, que
conseguiam um bom preço nas ruas.
Fez nova pausa.
— Vendia os objetos para comprar drogas — contou com tristeza. —
Sorte eu ter descoberto antes que ela ficasse envolvida mais profundamente.
Deixou o vício, mas durante a terapia, contou que se sentia rejeitada por mim e
pela mãe.
Olhou para as mãos, parecendo ainda mais cansado do que quando
chegara.
— Desde então, Délia e eu fingimos que ainda somos um casal feliz,
quando Lulu está por perto — prosseguiu. —Como você mesma disse, fingimos
tão bem que ela acreditou.
Roberta não fez nenhum comentário.
— Acha que não ouvi as coisas que minha filha lhe disse aquela manhã, no
hospital? — Mac indagou.
— Ouviu tudo?
— Ouvi e briguei com ela. Para ser honesto, perdi a paciência e cheguei a
ser bruto. Perguntei a mim mesmo o que estava fazendo, entregando minha vida
nas mãos de Lulu, deixando que ela me controlasse.
Mac calou-se e ficou em silêncio por alguns instantes.
— Ela pediu desculpas — continuou. — Explicou que disse aquelas coisas a
você porque estava atormentada com sentimento de culpa.
— Culpa? Por quê? — Roberta admirou-se.
- Délia contou-lhe que estava doente, um dia antes, na festa, mas Lulu
implorou para que ela não dissesse a ninguém. Não queria que as pessoas se
preocupassem, ou estragaria a comemoração de seu aniversário! - Passando a
mão no rosto, Mac suspirou. — Ao descobrir a gravidade da doença de Délia,
ela ficou cheia de remorso e explodiu com você, de quem sentia raiva. Fiquei
envergonhado com as coisas que lhe disse.
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— Não vê? Foi você quem começou tudo, Roberta. Sou eu quem não
entende por que não quer me ajudar a terminar!
— Terminar o quê? Não pode me contar o que pretende fazer?
Ele negou, movendo a cabeça.
— Vai descobrir em breve — respondeu. — Vamos logo.
Roberta tirou o casaco do armário e jogou-o nos ombros.
Mac abriu a porta do escritório e saiu, parando na mesa de Mitzy.
— Se sabe onde meu irmão está, avise-o de que seqüestrei sua
assistente pessoal — ordenou. — Diga-lhe para ir à casa de Délia. E que chegue
lá o mais rápido possível.
— Isso é loucura — Roberta protestou, quando já estavam no carro. —
Deve ter ficado louco, se acha que pode me tratar assim!
Ignorando-a, Mac colocou o Lotus em movimento.
Délia ainda morava na mesma casa onde vivera durante o casamento. Era
uma vasta propriedade, com portão eletrônico, que se abriu, quando Mac
acionou o controle remoto.
Entraram, e ele estacionou o carro, desceu, deu a volta e abriu a porta
para Roberta. Quando ela não fez menção de sair, puxou-a para fora.
— Não quero entrar lá! — Roberta falou.
— Mas vai entrar, queira, ou não.
Um homem alto, de cabelos grisalhos, foi ao encontro deles, assim que
Mac abriu a porta da casa e os dois entraram no vestíbulo.
— Na sala íntima, senhor — informou.
Mac atravessou o vestíbulo, puxando Roberta. Percorrendo um corredor
largo, chegaram a uma sala acolhedora onde Délia encontrava-se deitada num
sofá, de olhos fechados. O rosto pálido contrastava dramaticamente com a
arruivada dos cabelos espalhados no travesseiro.
— Como você está Délia? — indagou Mac.
— Um pouco melhor, apesar das dores — ela respondeu sem se
incomodar em abrir os olhos. — Por que decidiu falar comigo agora? Aquela
mulherzinha à toa fez mais alguma coisa à pobre Lulu?
— Pergunte a ela mesma, já que a “mulherzinha à toa” está bem aqui do
meu lado.
Obviamente atônita, Délia abriu os olhos, fixando-os em Roberta.
— Com relação à “pobre Lulu”, eu e você criamos um grande problema,
Délia, e já está mais do que na hora de resolvê-lo — declarou Mac.
— Problema? Que tipo de problema? — a ex-esposa quis saber.
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CAPÍTULO X
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Lulu olhou para Mac, depois para Roberta, com ar desconfiado. Fitou
Joel longamente, muito séria, como se estivesse zangada com ele.
— Acho que tenho sido uma idiota — declarou por fim, entrando na sala.
— Desculpem.
— Oh, Lulu, minha querida! — Délia murmurou, emocionada. A mocinha
olhou para a mãe e sorriu levemente.
— A culpa é sua, mamãe. Ou melhor, é sua e de papai — acusou. —
Sempre pareceram estar muito bem, juntos. Vocês dois não passam de um casal
de crianças que têm medo de encarar a verdade!
Délia engoliu em seco, enquanto Joel ria sarcasticamente.
— Muito bem — Joel incentivou, batendo palmas. — Deve mesmo dizer a
seus pais o que pensa deles. Estava na hora de alguém fazer isso.
— Alguém já fez, tio Joel. — Lulu olhou para Roberta,
— Você ama meu pai?
Roberta teve a sensação de que a sala ficara pequena e abafada demais.
Em seguida, achou que estava sonhando e piscou várias vezes, como que
tentando acordar.
— Vamos, Coelhinha — Mac murmurou com doçura. —Responda.
— Odeio você — Roberta sussurrou. — Odeio você e toda sua
desprezível família!
— Eu sei, eu sei — Mac disse, então beijou-a carinhosamente. — Mas...
— Mas também te amo — ela confessou.
— Então, podem se casar, com minha aprovação — Lulu murmurou, como
se lhe custasse fazer essa concessão.
— Oh, não vou me casar com seu pai! — Roberta gritou, exasperada.
então olhou para Mac. — Não vou me casar com você.
Mac, parecendo desanimado, soltou-a.
— Por quê? — Lulu indagou, caminhando até Roberta e parando na frente
dela. — Queria que meu pai agisse como um homem forte! Bem, ele não esta
provando que é forte, pedindo-a em casamento, mesmo sabendo que me magoa?
— Isso não tem nada a ver com força — Roberta respondeu.
— O problema sou eu, não? Não me quer como enteada, é isso, não é? Sei
por que! Afinal, depois do que lhe fiz. Roberta, se eu prometer não interferir,
você casa meu pai?
Lágrimas brotaram de seus olhos, atestando sua sinceridade.
— Minha decisão não tem nada a ver com Lulu! — Roberta afirmou. —
Tem a ver com amor, puro simples, nada mais! Seu pai não me ama, não sabia
disso?
Projeto Romances 54
Escrava do Amor Michelle Reid
— Está louca? — Mac indagou, atônito. — Quando foi que eu disse que
não a amava?
— Mas também nunca disse que me amava — Roberta pressionou.
— Quer dizer que ele nunca se declarou a você? — Lulu perguntou,
perplexo.
— Lulu! — Mac a repreendeu.
— Vou embora — Roberta anunciou, ansiosa por livrar-se daquele clima
desagradável.
— Muito bem — Mac concordou, ríspido. — Vou com você.
Virando-se para os outros, disse:
— Nos veremos na semana que vem, em meu apartamento, numa reunião
com todos os Maclaine — anunciou, então olhou para Roberta e perguntou: —
Seus pais ainda estão no país?
— Estão — ela respondeu, franzindo a testa, sem compreender onde Mac
queria chegar. — Mas...
— Sua tia Sadie? Seus dois tios solteirões?
— Também, mas...
— Então, faremos uma festa com todos os Maclaine e os Chandler, para
celebrar nosso noivado!
Com aquela declaração. Mac saiu da sala, levando Roberta. sem lhe dar
chance de protestar.
— Quer me soltar, por favor? — ela exigiu, tentando livrar-se dele, mas
em vão.
— Só quando estiver segura, no carro — ele respondeu com seriedade,
abrindo a porta da frente da bela e luxuosa casa.
Pouco depois, paravam junto ao carro.
— Entre — Mac falou, abrindo a porta do passageiro.
— Não — ela respondeu, cruzando os braços num gesto de teimosia. —
Não quero me casar com você, Mac! Pode fazer o que quiser, mas não vou mudar
de idéia.
— Entre no carro. Roberta.
— Eu...
Mac abraçou-a e beijou-a de modo avassalador. Quando a soltou,
Roberta estava tão aturdida, que mal podia manter-se de pé.
— Não sou forte o suficiente, não é? — Mac murmurou, acariciando-lhe
os cabelos.
— Não estava me referindo a sua força física!
— A minha força sexual, então?
Projeto Romances 55
Escrava do Amor Michelle Reid
Projeto Romances 56
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— Não.
— Por que seu pai fez isso?
— Ele e minha mãe perceberam que eu não queria falar com você, nem
com ninguém.
Meu pai me protegeu, do mesmo modo que Mac protege Lulu, Roberta
pensou, sorrindo, feliz com aquela sensação de ser amada, de pertencer a uma
família.
— Por isso fiquei tão surpreso, quando você me contou que passou duas
semanas com eles — Mac comentou. — E, a propósito. como foram aquelas
férias?
— Foram ótimas.
— Contou a eles sobre nós dois? — indagou Mac, afagando o queixo dela.
— Aposto que disse que me amava, mas que eu era um canalha. Por isso, para
protegê-la, eles decidiram escondê-la de mim. Estou certo?
— Também gosto de me sentir amada e protegida. A doce Lulu não é a
única!
— Amada e protegida por duas pessoas que a ignoraram a maior parte de
sua vida? Ora, vamos, Roberta, confesse que ficou chocada, quando eles agiram
como pais normais.
— Normais? Acha que você e Délia são pais normais? Eu não acho e
aposto que Lulu também não!
— É verdade, mas nunca neguei amor a minha filha. Sabe, Coelhinha,
quando conheci você, logo percebi que estava sedento de afeto.
Roberta sentiu os olhos encherem-se de lágrimas, porque Mac tinha
razão. Na época em que o conhecera, estava cansada de ser rejeitada pelos
pais e parentes mais próximos, sem falar na decepção que experimentara em
desastrosos relacionamentos amorosos.
— Descobriu que eu era carente de amor e aproveitou-se disso — acusou.
Mac suspirou, concordando com um gesto de cabeça.
— Mas só percebi que estava me aproveitando, naquela madrugada em
Zurique, quando você pediu para voltar comigo para Londres. Vi que a fazia
ansiar cada vez mais por meu amor, que era dessa maneira que a estava usando.
Mac respirou fundo, passando a mão nos cabelos pretos e lisos.
— Não posso mudar o passado, mas posso controlar o futuro —
continuou. — Você me perdoa, Roberta? Por favor, me dê uma segunda chance.
Uma segunda chance?, ela repetiu mentalmente. Tenho vontade de rir.
Eu o amo tanto, que sou capaz de dar-lhe quantas chances ele quiser.
Mac afagou os cabelos dela.
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