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Figura 1: Uma instalação industrial bombeia água de um reservatório inferior (com superfı́cie livre à cota z0 )
para outro (com superfı́cie livre à cota z9 ). A ligação entre os dois depósitos inclui vários troços de tubo, dois
cotovelos e uma válvula. A diferença de cotas entre os pontos 8 e 9 e entre 9 e 10 é h = 2 m.
1. Calcule a potência de accionamento da bomba, sabendo que ela roda a 1500 rpm. Tenha em
conta o rendimento da bomba. [2,5 valores]
3. Determine a cota máxima a que a entrada da bomba pode estar (ponto 3) relativamente à cota
do reservatório de montante (z0 ) para a pressão absoluta local não descer abaixo de 3500 Pa.
[2,5 valores]
RESPOSTA DESENVOLVIDA: A equação de Bernoulli desde o ponto ∞0 de velocidade
nula no reservatório de montante até ao ponto 3, à entrada bomba, é
1 2 1 2 L1,3 1 2
p∞0 + ρgz∞0 + ρv∞0 + ρgH = p3 + ρgz3 + ρv3 + f + k1 + k2 ρv .
2 2 d 2
Isto é, o ponto 3 pode ficar até 6,53 m acima da superfı́cie livre z0 do reservatório.
Habitualmente, a limitação de pressão à entrada da bomba justifica-se para evitar a cavi-
tação no interior da bomba.
2
Figura 2: Curvas da bomba para a velocidade de rotação de 1500 rpm: altura de elevação H e rendimento η
em função do caudal Q.
4. Calcule a área do orifı́cio de descarga 10 para manter constante o nı́vel do reservatório superior.
O orifı́cio descarrega para a atmosfera conforme se sugere na figura 1. [2,5 valores]
1 2 1 2
p∞9 + ρgz∞9 + ρv∞9
= p10 + ρgz10 + ρv10 .
2 2
Por o ponto ∞9 estar em condições hidrostáticas, p∞9 + ρgz∞9 = p9 + ρgz9 . Por sua vez,
p9 = p10 , porque, segundo o enunciado, a atmosfera tem pressão uniforme. Obtém-se assim
q
v10 = 2g z9 − z10 = 6,261 m/s.
5. Havendo uma perturbação no caudal de descarga 10, que faz o nı́vel z9 do reservatório superior
subir 1 m, mantendo o nı́vel do reservatório inferior z0 , calcule o novo caudal na bomba. Como
o caudal na bomba e nas condutas pouco se altera, o factor de atrito mantém-se praticamente
igual. [2,5 valores]
3
A curva a azul na figura 2 representa esta nova curva da instalação. Os cı́rculos azúis são
pontos que serviram para a traçar. Para Q = 0,020 m3 /s, A + B Q2 = 14,39 m; para
Q = 0,025 m3 /s, A + B Q2 = 17,31 m; para Q = 0,028 m3 /s, A + B Q2 = 19,38 m; para
Q = 0,030 m3 /s, A+B Q2 = 20,88 m; obviamente, para Q = 0,0314 m3 /s, A+B Q2 = 22 m.
Para resolver este exercı́cio não era preciso ter calculado tantos pontos, porque é evidente
que o ponto de funcionamento, onde a curva da bomba se cruza com a curva da instalação,
se situa à volta do caudal Q = 0,0305 m3 /s. Este ponto está marcado na figura 2 pela
circunferência azul aberta.
Note-se que o caudal sofreu uma pequena variação percentual (o novo caudal é 97,1% do
anterior), o número de Reynolds diminui na mesma proporção (passa a ser 3,89 × 105 , cf.
alı́nea 2), de modo que o coeficiente de atrito praticamente não se altera (passa de 0,01777
a 0,01780, cf. alı́nea 2), tal como sugerido no enunciado. Além disso, repare-se que, na
equação (1), o termo relativo às perdas de carga em linha, f L/d, se soma com o das perdas
P
de carga concentradas e da pressão dinâmica em 8, ( i ki + 1), de modo que a variação
percentual da soma é ainda mais pequena. É evidente que, na prática, a correlação em que
se baseia o cálculo de f não tem 4 algarismos significativos, nem os dados do problema são
conhecidos com esse tipo de precisão. Por exemplo, bastava que, com o novo Reynolds, a
rugosidade média equivalente fosse ε = 0,0495 mm, em vez de ε = 0,05 mm, para o factor
de atrito ser igual ao da alı́nea 2, f = 0,01777, até ao quarto algarismo.
Repare-se que, neste caso particular, apesar de a altura de elevação da bomba ter aumentado,
a potência de accionamento reduziu-se em relação à da alı́nea 1. A altura de elevação passou
de 21 m para H = 21,276 m; o caudal passou de 0,0314 m3 /s para Q = 0,0305 m3 /s; o rendi-
mento hidráulico manteve-se praticamente igual. Assim, a potência passou de 7,602×103 W
(cf. alı́nea 1) para ẇ = 7,482 × 103 W.
6. Para confirmar que o jacto de descarga 10 (ver figuras 1 e 3), não produz demasiadas oscilações
na superfı́cie do reservatório de jusante, construiu-se um modelo reduzido à escala 1:10. Todos
os comprimentos do modelo estão nessa mesma escala. Admita que os efeitos viscosos e a tensão
superficial se podem desprezar. Em contrapartida, a aceleração gravı́tica condiciona significa-
tivamente as oscilações. Qual deve ser a velocidade de descarga do modelo, correspondente à
do jacto 10 do protótipo? Se não determinou a velocidade de descarga do protótipo, basta que
determine a razão de velocidade entre o modelo e o protótipo. [2,5 valores]
RESPOSTA DESENVOLVIDA:
As variáveis relevantes para este problema são a velocidade de
[v10 ] = L
descarga v10 , o comprimento de referência, por exemplo, a altura
[h] = LT −1
h e a aceleração gravı́tica g. Com três variáveis e duas dimen-
[g] = LT −2
sões fı́sicas fundamentais, existe um único grupo adimensional
3 2
independente.
v10
Uma das infinitas possibilidades é Π = √ , conhecido como número de Froude.
gh
Se este grupo adimensional é único, tem de ser igual no modelo e no protótipo, para haver
condições de semelhança.
4
Nesse caso, designando as variáveis do modelo com o ı́ndice m e as do protótipo com o
ı́ndice p, tem-se s
v v10 hm
√ 10m = p p ou v10m = v10p = 0,3162 v10p ,
gm hm gp hp hp
Figura 3: O jacto 10 alimenta o terceiro reservatório, que descarrega através da fresta vertical 11.
7. Calcule a largura w da fresta para que o sistema funcione em regime estacionário. Apresente o
cálculo. [2,5 valores]
5
Figura 4: A vermelho, esquema do volume de controlo, interceptando o jacto 10 à saı́da do reservatório de
montante, onde a sua velocidade é conhecida, e o jacto 11, que passa através da fresta vertical, também na zona
em que a componente horizontal da sua velocidade é conhecida.
√ √
Na fronteira 10, vx = v10 e v · n = −v10 ; na fronteira 11, vx = 2g y e v · n = 2g y. Como
o escoamento é estacionário, o balanço resume-se a
Z Z Z Z
ρv (v · n) dS = −p n dS + T · n dS + ρ g dV + f .
S S S V
h11
h211
Z p p
−ρ v10 Q + w ρ 2g y 2g y dy = fx , donde fx = −196,6 + 2ρg w = −16,0 N.
0 2
A força exercida pelo fluido sobre o reservatório tem componente horizontal simétrica:
+16,0 m.
4 2
Se a altura da fresta fosse h11 = 3 h = 3,(5) m, a componente horizontal da força resul-
tante seria nula. Atenção, que neste caso a largura da fresta seria w = 0,00159 m, diferente
da obtida na alı́nea 7.
Se a altura da fresta fosse superior a h11 = 3,(5) m, a resultante exercida sobre o reservatório
seria negativa, isto é, ele estaria a ser empurrado para a esquerda na figura 4.