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7 – Atrito
Introdução
O atrito é problemático e útil em muitas aplicações de engenharia, tais como pneus e travões.
Neste capítulo o estudo limita-se ao atrito seco entre superfícies não lubrificadas.
As Leis do Atrito Seco. Coeficientes de Atrito
Num bloco em repouso numa superfície horizontal, as forças externas são o seu P P
peso 𝑃Ԧ e a reação da superfície 𝑁. Q
Valores aproximados dos coeficientes de atrito estático para várias superfícies secas:
Tipicamente, os correspondentes valores dos coeficientes de atrito cinético serão cerca de 25% mais baixos:
𝜇𝑐 ≅ 0,75 𝜇𝑒
As Leis do Atrito Seco. Coeficientes de Atrito
Quatro situações distintas podem ocorrer quando um corpo rígido está em contacto com uma superfície
horizontal:
Q
P Q P Q P Q P
𝑄𝑦 𝑄𝑦 𝑄𝑦
𝑄𝑥 𝑄𝑥 𝑄𝑥
Fe = 0 Fe Fm Fc
N N N N
𝑁 =𝑃+𝑄 𝐹𝑒 < 𝐹𝑚 = 𝜇𝑒 𝑁 𝐹𝑚 = 𝜇𝑒 𝑁 𝐹𝑐 = 𝜇𝑐 𝑁
𝐹𝑒 = 𝑄𝑥 𝐹𝑚 = 𝑄𝑥 𝐹𝑐 < 𝑄𝑥
𝑁 = 𝑃 + 𝑄𝑦 𝑁 = 𝑃 + 𝑄𝑦 𝑁 = 𝑃 + 𝑄𝑦
Ângulos de Atrito
Às vezes é conveniente substituir a força normal 𝑁 e a força de atrito 𝐹Ԧ pela sua resultante 𝑅:
P Q P Q P Q P
𝑄𝑦 𝑄𝑦 𝑄𝑦
𝑄𝑥 𝑄𝑥 𝑄𝑥
𝑅 𝑅 𝑅
R=N 𝜙 < 𝜙𝑒 N 𝜙 = 𝜙𝑒 N 𝜙 = 𝜙𝑐
N
N
𝐹 𝐹𝑚 𝜇𝑒 𝑁 𝐹𝑐 𝜇𝑐 𝑁
Ângulo de atrito: 𝜙 tan 𝜙 = tan 𝜙𝑒 = = tan 𝜙𝑐 = =
𝑁 𝑁 𝑁 𝑁 𝑁
Ângulo de atrito estático: 𝜙𝑒 tan 𝜙𝑒 = 𝜇𝑒 tan 𝜙𝑐 = 𝜇𝑐
P 𝑃 sen 𝜃
P 𝜃 P
P
𝑃 cos 𝜃
𝜃=0 𝜙 = 𝜙𝑒
𝑁 = 𝑃 cos 𝜃
R=N 𝑁 = 𝑃 cos 𝜃 𝜙𝑐
𝑁 = Pcos 𝜃
𝑅 𝑅
𝜃 < 𝜙𝑒 𝐹 = 𝑃sen 𝜃 𝐹𝑚 = 𝑃 sen 𝜃 𝜃 > 𝜙𝑒 𝑅 𝐹𝑐 < sen 𝜃
𝜃 = 𝜙𝑒
Problemas que Envolvem Atrito Seco
P
Q P
Q P
Q
N
N N
1. Todas as forças aplicadas 1. Todas as forças aplicadas 1. O coeficiente de atrito
são conhecidas. são conhecidas. estático é conhecido.
2. O coeficiente de atrito 2. O movimento é iminente. 2. O movimento é iminente.
estático é conhecido. 3. Pretende-se determinar o 3. Pretende-se determinar a
3. Pretende-se determinar coeficiente de atrito intensidade e o sentido de
se o corpo permanecerá estático 𝜇𝑒 . uma das forças aplicadas.
em repouso ou deslizará.
Problema Tipo
Uma força de 100 N actua num bloco de 300 N colocado sobre um plano inclinado. Os
coeficientes de atrito entre o bloco e o plano são 𝜇𝑒 = 0,25 e 𝜇𝑐 = 0,20. Verifique se o
bloco se encontra em equilíbrio e calcule o valor da força de atrito. 100 N
∑ 𝑀𝐵 = 0: 𝑁𝐴 150 mm − 𝐹𝐴 80 mm − 𝑃 𝑥 − 40 mm = 0 150 mm
𝑁1 −𝑁2
𝐹2 = 𝜇𝑒 𝑁2
𝑄 𝑄
𝐹2 = 𝜇𝑒 𝑁2
𝐹3 = 𝜇𝑒 𝑁3
𝑁2
𝑁3
Base
Base
Base
Base
Q
Parafusos de Rosca Quadrada
Análise de um parafuso através de um bloco e um plano inclinado:
Movimento iminente para cima Movimento iminente para baixo Movimento iminente para baixo
(Parafuso a ser apertado) (Parafuso autoblocante) (Necessário aplicar força 𝑄)
(𝜙𝑒 > 𝜃) (𝜙𝑒 < 𝜃)
P P P
Q
Q Q
Q
R 𝜙𝑒
𝜙𝑒 R
𝜙𝑒
Problema Tipo
Um grampo é utilizado para segurar dois pedaços de madeira juntos. O grampo tem
uma rosca quadrada dupla de diâmetro médio igual a 10 mm com um passo de 2 mm.
O coeficiente de atrito entre roscas é 𝜇𝑒 = 0,30. Se um binário máximo de 40 N ⋅ m é
aplicado quando o grampo é apertado, determine (a) a força exercida nas peças de
madeira, (b) o binário necessário para desapertar o grampo.
𝑄
tan 𝜙𝑒 − 𝜃 = ⇒ 𝑄 = 17,94 kN tan 9,4° = 2,975 kN
𝑃
𝜙𝑒
Binário = 𝑄𝑟 = 2,975 kN 5 mm
P = 17,97 kN
Chumaceiras Radiais. Atrito em Eixos
As chumaceiras radiais são utilizadas como apoio lateral em veios e eixos
em rotação.
Quando o apoio não está lubrificado, podemos supor que o eixo e o apoio
contactam diretamente ao longo de uma única linha recta.
Em alguns problemas, pode ser mais conveniente fazer a linha de acção de 𝑅 passar por 𝑂, como quando o
veio não roda. Tal é conseguido adicionando à reacção 𝑅 um binário −𝑀.
A linha de acção de 𝑅 pode ser traçada com facilidade sabendo que esta tem de ser tangente ao círculo do
atrito do veio e do apoio, com centro em 𝑂 e raio
𝑟𝑎 = 𝑟 sen 𝜙𝑐 = 𝑟𝜇𝑐
P P P
𝜙𝑐
Chumaceiras Axiais. Atrito em Discos
As chumaceiras axiais são usadas para apoiar axialmente
veios e eixos em rotação.
Δ𝑁 = 𝑄𝛥𝐴Τ𝐴
𝛥𝐹 = 𝜇𝑐 𝛥𝑁 = 𝜇𝑐 𝑄𝛥𝐴Τ𝜋(𝑅22 − 𝑅12 ).
2
Num circulo completo de raio 𝑅: 𝑀 = 𝜇𝐶 𝑄𝑅.
3
Atrito em Rodas
Considere a roda sujeita ao seu peso 𝑃Ԧ e à força de reacção da superfície 𝑁. O contacto da roda com a
superfície é pontual e como não existe movimento relativo entre a roda e a superfície, o atrito é mínimo.
Contudo, existe sempre atrito:
• no eixo e também na periferia da roda em contacto com a superfície;
• devido à deformação da roda e da superfície, o que aumenta a superfície de contacto
∑𝑀𝐵 = 0: 𝑃𝑏 − 𝑄𝑟 = 0 ⇒ 𝑄𝑟 = 𝑃𝑏
Quando as forças 𝑃Ԧ e 𝑄 são iguais, o contacto entre a roldana e o eixo tem lugar em 𝐴.
Com o aumento de 𝑄, a roldana roda ligeiramente em torno do eixo e o contacto tem
lugar em 𝐵, tendo-se:
𝑟𝑎 = 𝑟 sen 𝜙𝑒 ≈ 𝑟𝜇𝑒 = 25,4 mm 0,20 = 5,1 mm Q
O contacto situa-se em 𝐵 para que a componente de P = 2224 N R
Somando os momentos em relação a 𝐵: atrito da reacção 𝐵 crie momento (em relação a 𝑂) 56,1 mm 45,9 mm
contrário ao movimento iminente.
Movimento
iminente
∑ 𝑀𝐵 = 0: 51 mm + 5,1 mm 2224 N − 51 mm − 5,1 mm 𝑄 = 0 ⇒ 𝑄 = 2718 N
À medida que 𝑄 diminui, a roldana roda em torno do eixo e o contacto dá-se agora em 𝐶.
Somando os momentos em relação a 𝐶:
P = 2224 N Q
∑ 𝑀𝐶 = 0: 51 mm − 5,1 mm 2224 N − 51 mm + 5,1 mm 𝑄 = 0 ⇒ 𝑄 = 1820 N R
46 mm 56 mm
Problema Tipo
Uma roldana com 102 mm de diâmetro pode rodar em torno de um eixo fixo com 51 mm de diâmetro.
O coeficiente de atrito estático entre a roldana e o eixo é de 0,20. Determine (a) a menor força vertical 𝑄
necessária para começar a elevar uma carga de 2224 N, (b) a menor força vertical 𝑄 necessária para
equilibrar a carga, (c) a menor força horizontal 𝑄 necessária para elevar a mesma carga.
Movimento
iminente
c) Força horizontal 𝑸 necessária para começar a elevar a carga
𝑃 2224 N
= tan(45° − 𝜃) ⇒𝑄= = 2567 N P = 2224 N
𝑄 tan 40,9°
R
Atrito de Correia
Considere uma correia plana que passa sobre um tambor cilíndrico.
Pretende-se determinar a relação que existe entre os valores 𝑇1 e 𝑇2 da força
de tracção nas duas partes da correia quando está na iminência de começar
a escorregar para a direita.
Δ𝜃 Δ𝜃 Δ𝜃
∑ 𝐹𝑦 = 0: Δ𝑁 − 𝑇 + Δ𝑇 sen − 𝑇 sen = 0 ⟺ Δ𝑁 = 2𝑇 + Δ𝑇 sen
2 2 2
Δ𝜃 Δ𝜃 Δ𝑇 Δ𝜃 Δ𝑇 sen Δ𝜃 Τ2
⇒ Δ𝑇 cos = 𝜇𝑐 2𝑇 + Δ𝑇 sen ⇒ cos = 𝜇𝑐 𝑇 +
2 2 Δ𝜃 2 2 Δ𝜃 Τ2
Na fórmula obtida:
𝛽 = 2𝜋 + 𝜋 = 3𝜋
Problema Tipo
Uma correia plana liga a roldana 𝐴, que move uma ferramenta mecânica, à
roldana 𝐵, que se liga ao eixo de um motor eléctrico. Os coeficientes de atrito
entre ambas as roldanas e a correia são 𝜇𝑒 = 0,25 e 𝜇𝑐 = 0,20. Sabendo que
a tracção máxima permissível na correia é de 2669 N, determine o binário
203 mm
máximo que a correia pode exercer sobre a roldana 𝐴. 𝑟 = 25 mm
Roldana B
𝛽 = 120° = 2𝜋Τ3
𝑇2 2669 N
⇒ = 𝑒 𝜇𝑒 𝛽 ⟺ = 𝑒 0,25 2𝜋Τ3 = 1,688
𝑇2 = 2669 N 𝑇1 𝑇1
2669 N
⟺ 𝑇1 = = 1581 𝑁 𝑇2 = 2669 N
1,688
𝑇1
Problema Tipo
Uma correia plana liga a roldana 𝐴, que move uma ferramenta mecânica, à
roldana 𝐵, que se liga ao eixo de um motor eléctrico. Os coeficientes de atrito
entre ambas as roldanas e a correia são 𝜇𝑒 = 0,25 e 𝜇𝑐 = 0,20. Sabendo que
a tracção máxima permissível na correia é de 2669 N, determine o binário
203 mm
máximo que a correia pode exercer sobre a roldana 𝐴. 𝑟 = 25 mm
Roldana A
No diagrama de corpo livre da roldana A, o binário 𝑀𝐴 é aplicado à roldana pela ferramenta mecânica à qual
está ligada, sendo igual e oposto ao binário exercido pela correia:
Nota 𝑇1 = 1581 N
Podemos confirmar que a correia não escorrega na roldana calculando o valor de 𝜇𝑒 necessário para impedir
o escorregamento em A:
𝛽 = 180° + 60° = 240° = 4𝜋Τ3 ⇒ 𝜇𝑒 𝛽 = 𝑇2 Τ𝑇1 = 2669 NΤ1581 N ⇒ 𝜇𝑒 = 0,125 < 0,25