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MECÂNICA

5. Atrito

André Castro – andre.castro@estsetubal.ips.pt

2º Semestre, 2020-2021
MECÂNICA

Introdução

• Até aqui, consideramos que as superfícies em contato eram:


– Sem atrito
• As superfícies podiam mover-se livremente uma em relação à outra;
– Rugosas
• Forças tangenciais impediam o movimento relativo entre as superfícies.

• Como empiricamente se sabe, não existe uma superfície


perfeitamente sem atrito.
– Quando duas superfícies estão em contato, forças tangenciais,
chamadas forças de atrito, estão sempre presentes quando tentarmos
mover uma superfície em relação à outra.

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MECÂNICA

Introdução

• As forças de atrito têm intensidade limitada:


– Não impedem o movimento caso sejam aplicadas forças
suficientemente grandes.

• A distinção entre superfícies sem atrito e superfícies rugosas


é, portanto, uma questão de avaliação.
• Existem dois tipos de atrito:
– Atrito seco
• Vamos limitar-nos a discutir o atrito seco entre superfícies não-
lubrificadas;

– Atrito de Coulomb e atrito fluido


• O atrito fluído aplica-se a mecanismos lubrificados.

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MECÂNICA

As Leis de Atrito Seco. Coeficientes de Atrito

• Considemos um bloco de peso W colocado


sobre uma superfície horizontal.
– As forças que atuam sobre o bloco são o
seu peso e a reação normal N da superfície.

• Uma pequena força horizontal P é aplicada


ao bloco. Para que o bloco permaneça
estacionário, um componente de força
horizontal F de reação da superfície é
necessário.
– F é uma força de atrito estático.

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MECÂNICA

As Leis de Atrito Seco. Coeficientes de Atrito

• À medida em que P aumenta, a


força de atrito estático F Fm = µ s N
também aumenta até sua
intensidade atingir um valor
máximo Fm.

• Se P aumentar ainda mais, o


bloco começará a deslizar e a
intensidade de F diminui. Daí
em diante, atua sobre o corpo a
força de atrito cinético Fk.

Fk = µ k N
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MECÂNICA

As Leis de Atrito Seco. Coeficientes de Atrito

• A força de atrito estático máxima e a força de atrito cinético são:


- Proporcionais à força normal;
- Dependentes do tipo e das condições de contato entre as superfícies;
- Independentes da área de contato.

ü Força de atrito estático máxima:

Fm = µ s N
ü Força de atrito cinético:

Fk = µ k N
µ k @ 0.75µ s
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MECÂNICA

As Leis de Atrito Seco. Coeficientes de Atrito

Ø Quatro situações podem ocorrer quando um corpo rígido


está em contato com uma superfície horizontal:

ü Sem atrito ü Sem movimento ü Movimento ü Movimento


(Px = 0) (Px < Fm) iminente (Px > Fm)
(Px = Fm)
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Ângulos de Atrito

• Poderá ser conveniente substituir a força normal N e a força


de atrito F pela sua resultante R:

ü Sem atrito ü Sem ü Movimento ü Movimento


movimento. iminente.
Fm µ N Fk µ k N
tg fs = = s tg fk = =
N N N N
tg fs = µ s tg fk = µ k
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MECÂNICA

Ângulos de Atrito

• Consideremos um bloco de peso W em repouso sobre uma


prancha com ângulo de inclinação q variável.

ü Sem ü Sem ü Movimento ü Movimento


atrito movimento iminente

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MECÂNICA

Problemas que Envolvem Atrito Seco

ü Todas as forças ü Todas as forças aplicadas ü O coeficiente de atrito


aplicadas são são conhecidas. estático é conhecido.
conhecidas. ü O movimento é iminente.
ü O movimento é iminente.
ü O coeficiente de atrito ü Determinamos o valor do ü Determinamos a
estático é conhecido. intensidade ou a direção
coeficiente de atrito
ü Determinamos se o estático. de uma das forças
corpo permanecerá em aplicadas.
repouso ou deslizará.
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Cunhas

• Cunhas:
üMáquinas simples usadas para
erguer cargas pesadas.

• A força necessária para erguer


um bloco é consideravelmen-te
menor que o peso do bloco.
• O atrito mantém a cunha no lugar.
• O objetivo é encontrar a força P
necessária para erguer o bloco.

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MECÂNICA

Cunhas

• Para o bloco como corpo livre • Para a cunha como corpo livre
temos: temos:
å Fx = 0 : åF x = 0:
- N1 + µ s N 2 = 0 - µ s N 2 - N 3 (µ s cos 6° - sen 6°)
+P=0
å Fy = 0 :
- W - µ s N1 + N 2 = 0 åF y = 0:
- N 2 + N 3 (cos 6° - µ s sen 6°) = 0

ou " " ! ou ! ! !
R1 + R2 + W = 0 P - R2 + R3 = 0
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MECÂNICA

Exercício 5.1

• Uma força de 450 N atua do modo mostrado na figura, sobre


um bloco de 1.350 N posicionado sobre um plano inclinado.
Os coeficientes de atrito entre o bloco e o plano são µs = 0,25
e µk = 0,20.
– Determine se o bloco está em equilíbrio e encontre a força de atrito.

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MECÂNICA

Exercício 5.1

• Determinamos os valores da força de atrito e da reação


normal do plano necessárias para manter o bloco em
equilíbrio.

• Calculamos a força de atrito máxima e a comparamos com a


força de atrito necessária para o equilíbrio. Se a primeira for
a maior do que a segunda, o bloco não vai deslizar.

• Se a força de atrito máxima for me-nor que a força de atrito


necessária para o equilíbrio, o bloco deslizará. Calcula-se
então a força de atrito cinético.

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MECÂNICA

Exercício 5.1

• Determinamos os valores da força de atrito e da


reação normal do plano necessárias para manter
o bloco em equilíbrio.

å Fx = 0 : 450 N - 53 (1.350 N ) - F = 0
F = -360 N
å Fy = 0 : N - 54 (1.350 N) = 0
N = 1.080 N

• Calculamos a força de atrito máxima e a compara-mos com a força de atrito


necessárias para o equilíbrio. Se a primeira for a maior do que a segunda, o bloco
não deslizarará.
Fm = µs N Fm = 0.25(1.080 N) = 270 N

O bloco deslizará pelo plano abaixo


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MECÂNICA

Exercício 5.1

• Como a força de atrito máxima é menor que a força de atrito


necessárias para o equilíbrio, o bloco deslizará.
• Calcula-se então a força de atrito cinético:

Freal = Fk = µ k N
= 0.20 (1.080 N )

Freal = 216 N
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Exercício 5.2

• Um bloco com peso de 850N está colocado num plano inclinado, conforme representado no
esquema.
a) Se o ângulo de inclinação for de 30º, e não está sujeito a mais nenhuma força, qual será a menor
força de atrito capaz de manter o bloco em equilíbrio sobre o plano?
b) Se o ângulo de inclinação for de 18º, qual será o coeficiente de atrito estático para que o bloco não
deixe de estar em equilíbrio sobre o plano?
c) Se o ângulo de inclinação fosse novamente de 18º, o coeficiente de atrito estático calculado na
alínea b) e o coeficiente de atrito dinâmico 20% inferior a este, qual será o comportamento do
bloco acrescentando uma carga de 600N a empurrar o bloco pelo plano acima e qual a força de
atrito real?

α
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MECÂNICA

Exercício 5.2

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MECÂNICA

Exercício 5.2

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MECÂNICA

Exercício 5.2

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Chumaceiras

• Chumaceiras fornecem apoio lateral a árvores e eixos rotativos ou apoio


axial quando ancoradas
• A resistência de atrito para chumaceiras completamente lubrificados
depende da velocidade de rotação, da folga entre o eixo e o chumaceira e
da viscosidade do lubrificante.

• Podemos supor que um


eixo e uma chumaceira
parcialmente lubrificado
estejam em contato ao
longo de uma linha reta
única.

• Na figura ao lado, as forças que atuam na


chumaceira são o peso W das rodas e do
eixo, um binário M que mantém as rodas
girando e a reação R da chumaceira. 21
MECÂNICA

Chumaceiras

üA reação tem direção vertical e intensidade igual à de W.

üA linha de ação da reação não passa pelo centro O do eixo;


R localiza-se à direita de O, produzindo um momento que é
contrabalanceado por M.

üFisicamente, o ponto de contato é deslocado quando o eixo


“sobe” na chumaceira até que ocorra escorregamento.

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MECÂNICA

Chumaceiras

• O ângulo entre R e a • Podemos tratar a • Para uma solução


normal à superfície do reação do gráfica, R deve ser
chumaceira é o ângulo chumaceira como tangente ao círculo
de atrito cinético jk. um sistema força- de atrito.
binário.
M = Rr sen fk rf = r sen fk
» Rrµ k » rµ k 23
MECÂNICA

Chumaceiras

ü Para uma árvore oca rotativa temos:


P
DM = rDF = rµ k DN = rµ k DA
A
rµ k PDA
=
Chumaceira na (
p R22 - R12 )
extremidade
2p R2
Chumaceira em anel µk P 2
M = ò ò r drdq
(
p R22 - R12 )0 R 1

R23 - R13
= 23 µ k P
R22 - R12

ü Para um círculo completo de raio R:

M = 23 µ k PR
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Resistência ao Rolamento

• O ponto da roda em contato com o solo não apresenta movimento em


relação solo.
• Idealmente, não há atrito.
• O momento M devido à da
resistência de atrito de um
chumaceira faz com que
sejam necessárias duas
forças iguais e contrárias P e
F que formem um binário
para contrabalancear M.

• Se não houvesse atrito com


o solo, a roda deslizaria.

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MECÂNICA

Resistência ao Rolamento

• As deformações da roda e do solo


fazem com que a resultante do solo
seja aplicada em B.

• Dessa forma, P é necessária para


contrabalancear o momento de W
em relação a B.

Ø Pr = Wb, em que b é o coeficiente


de resistência ao rolamento

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Atrito em Correia

• Para a figura ao lado, relacionamos, T1 e T2 quando a correia


está prestes a deslizar para a direita.

• Traçamos um diagrama de corpo livre do elemento da correia


mostrado abaixo, para o qual temos:
Dq Dq
å Fx = 0 : (T + DT ) cos - T cos - µ s DN = 0
2 2
Dq Dq
åF y = 0 : DN - (T + DT ) sen - T sen =0
2 2

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MECÂNICA

Atrito em Correia

• Resolvemos a segunda equação para DN, substituímos na


primeira equação, simplificamos e obtemos:

DT Dq æ DT ö sen (Dq 2)
cos - µs çT + ÷
Dq 2 è 2 ø Dq 2

• Se fizermos Dq tender a 0 teremos,


dT
- µ sT = 0
dq

• Separando as variáveis e integrando de


: q = 0 até q = b

T2 T2
ln = µs b ou = e µs b
T1 T1
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MECÂNICA

Exercício 5.3

• Uma correia plana liga a polia A à polia B.


• Os coeficientes de atrito são µs = 0,25 e µk = 0,20 entre
ambas as polias e a correia.
• Sabendo que a tração máxima admissível na correia é 2.700
N, determine o binário máximo que poderá ser exercido pela
correia sobre a polia A.

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MECÂNICA

Exercício 5.3

• O escorregamento vai acontecer


de início na polia B, uma vez que
o ângulo de contato é ali menor.
• Então, determinamos as trações
na correia com base na polia B.

T2 2.700 N
= e µs b = e 0.25(2p 3 ) = 1,688
T1 T1
2.700 N
T1 = = 1.599,5 N
1,688
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MECÂNICA

Exercício 5.3

• Tomando a polia A como um corpo livre, somamos os


momentos em relação ao centro da polia para obter o binário
máximo.
åM A = 0: M A + (20 cm)(1.599,5 N - 2.700 N) = 0

M A = 220,1 N × m

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MECÂNICA

Exercício 5.4

• Determine se este bloco está em equilíbrio e qual o valor da


respectiva força de atrito se θ=25º e P=750N.

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MECÂNICA

Exercício 5.4

• Assumindo de início a situação de equilíbrio:

• Confirma-se o equilíbrio;
• A força de atrito é de 172.6N num ângulo de 25º para baixo
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Exercício 5.5

• O bloco A de 8kg está ligado à articulação AC e repousa sobre o bloco B


de 12kg. Sabendo que o coeficiente de atrito estático entre todas as
superfícies é 0,20 e desprezando a massa da articulação, determine o
valor de θ para que o movimento do bloco B seja iminente.

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MECÂNICA

Exercício 5.5

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MECÂNICA

Exercício 5.5

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MECÂNICA

Exercício 5.6

• O bloco A tem 10 kg e está em repouso sobre um tapete rolante, estando


ligado a um apoio tipo pino pelo braço AB.
• Sabendo que os coeficientes de atrito estático e dinâmico são de 0.30 e
0.25, respectivamente, determine a magnitude da força horizontal P que
deve ser aplicada no tapete rolante para:
a) Manter o movimento para a esquerda;
b) Modificar o movimento para a direita.

ü Despreze o peso do braço AB

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Exercício 5.6a

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Exercício 5.6b

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MECÂNICA

Exercício 5.7

• Este cilindro está encostado nas paredes A e B, podendo rodar com o


efeito de um dado momento M.
• Determine o valor máximo deste momento M de forma a que o cilindro
permaneça em repouso.
• Dados:
– μA=0.25
– μB=0.30
– r=0.5m
– W=300N

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MECÂNICA

Exercício 5.7

• Tendo μA=0.25, μB=0.30, r=0.5m e W=300N:

– M = 52.35 N.m
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MECÂNICA

Exercício 5.8

• Determine a força minima P que é necessária para fazer com


que o bloco 2 entre em movimento.
• Dados (para todas as superficies em contacto):
– μs=0.40
– μk=0.30

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MECÂNICA

Exercício 5.8

Bloco 1

Bloco 2

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MECÂNICA

Exercício 5.9

• O suporte móvel mostrado pode


ser posicionado a qualquer
altura sobre o tubo de 7,5 cm de
diâmetro.

– Determine a distância x mínima


para a qual a carga W pode ser
suportada.
• O peso do suporte deverá ser
considerado desprezável.
• O coeficiente de atrito estático entre
o tubo e o suporte é 0,25.

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MECÂNICA

Exercício 5.9

• Quando W for aplicada à distância mínima x, o suporte estará


prestes a deslizar e as forças de atrito nos colares superior e
inferior terão atingido os seus valores máximos.
• Aplicamos então as condições de equilíbrio para encontrar a
distância mínima x.

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MECÂNICA

Exercício 5.9

• Quando W for aplicada à distância mínima x, o suporte estará prestes a


deslizar e as forças de atrito nos colares superior e inferior terão atingido
seus valores máximos.
FA = µ s N A = 0,25 N A
FB = µ s N B = 0,25 N B
• Aplicamos então as condições de equilíbrio para encontrar a distância
mínima x.
å Fx = 0 : N B - N A = 0 NB = N A

å Fy = 0 : FA + FB - W = 0
0,25 N A + 0,25 N B - W = 0
N A = N B = 2W
0,5 N A = W

åMB = 0: N A (15 cm ) - FA (7,5 cm ) - W (x - 3,75 cm ) = 0


15 N A - 7,5(0,25 N A ) - Wx + 3,75W = 0
x = 30 cm
15(2W ) - 1,875(2W ) - Wx + 3,75W = 0
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Exercício 5.10

• Considere a situação mostrada na figura, em que um homem tenta subir


uma escada (AB) que está apoiada noutra escada igual (BC).
• Qual é a altura máxima que vai conseguir subir sem que a escada BC
escorregue?
• Dados:
– Massa do homem = 80 kg
– Massa de cada escada = 10 kg

– µs = 0,5

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MECÂNICA

Exercício 5.10

ü Diagramas de corpo livre independentes para


cada escada;
ü Verificação da força de atrito máxima em A,
admitindo que AB escorrega primeiro.

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