SECRETARIA DE ESTADO DE ASSSITÊNCIA SOCIAL E CIDADANIA

Secretaria Adjunta De Assistência Social - SAAS

Superintendência de Gestão do SUAS – SGS
Coordenadoria De Vigilância Socioassistencial

PANORAMA DA GESTÃO DO SUAS NOS MUNICIPIOS DE MATO GROSSO BOLETIM INFORMATIVO Nº 32

28 DE DEZEMBRO DE 2020

A Política de Assistência Social, direito do cidadão e dever do Estado, organizada através do Sistema Único de Assistência
Social – SUAS, tem como objetivos:

•Garantia à vida
Proteção Social • Redução de danos
• Prevenção da incidência de riscos

•Análise territorial da capacidade protetiva

Vigilância Socioassistencial das famílias
• Ocorrência de vulnerabilidades, de
ameaças, de vitimização e danos

•Garantia do pleno acesso aos direitos no

Defesa dos direitos conjunto das provisões socioassistenciais

O SUAS apoia-se na coparticipação dos entes federados, com responsabilidades específicas e comuns, e integra-se também
aos conselhos de assistência social e às unidades socioassistenciais que, em conjunto, devem garantir a oferta e ampliação da proteção
social, o enfrentamento a pobreza, a defesa dos direitos, conforme disposto na NOB SUAS.

Constitui-se como responsabilidade comum aos entes federados, a garantia de um único comando das ações do SUAS no
território (art. 12, inciso V). Em Mato Grosso, o órgão gestor da política de assistência social, em nível municipal, na sua maioria, é a
Secretaria de Assistência Social.

De acordo com os dados do Censo SUAS 2019, em dezesseis municípios mato-

grossenses não há uma secretaria exclusiva de assistência social. Nestes, as ações desta
política são executadas junto às secretarias de trabalho e habitação.

Em Mato Grosso, conforme apurado pelo Censo Suas 2019, 81 municípios ainda
não possuem Lei do SUAS. Dos 60 que possuem, 13 não atualizam suas leis desde 2010.

A lei de regulamentação do SUAS é uma necessidade que incumbe aos entes

federados, de acordo com suas competências, a organização da Assistência Social
conforme as peculiaridades de cada território, adequando necessidades específicas e
adaptando características regionais, observando a Constituição Federal e as normas
gerais publicadas pela União.

É imprescindível para a concretização da política de assistência social como

direito fundamental e para o avanço da consolidação e aprimoramento da gestão do
SUAS e da qualidade dos serviços e benefícios socioassistenciais que os municípios
atualizem a legislação municipal à Lei Orgânica da Assistência Social - LOAS e integrem
todas as leis correlacionadas ao tema da assistência social em uma lei única, visando a
uniformização e organização do SUAS no país.
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Importante destacar também que a organização do SUAS depende do cofinanciamento federal para a manutenção das atividades que
lhes são atribuídas. Nesta direção, a LOAS, em seu artigo 30, rege que:

“ É condição para os repasses, aos Municípios, aos Estados e ao Distrito

Federal, dos recursos de que trata esta lei, a efetiva instituição e
funcionamento de:
I - Conselho de Assistência Social, de composição paritária entre
governo e sociedade civil;
II - Fundo de Assistência Social, com orientação e controle dos
respectivos Conselhos de Assistência Social;
III - Plano de Assistência Social. ”

A execução da Política de Assistência é organizada através do Plano de Assistência Social - PMAS, de responsabilidade do
órgão gestor e que deve ser submetido ao conselho de assistência social, conforme regulamentação da Lei Orgânica da Assistência
Social - LOAS

O plano, um dos critérios para repasse do recurso federal, deverá ser elaborado quadrienalmente, de acordo com a LOAS, e
em consonância com o PPA, observando as deliberações das conferências de assistência social, as pactuações nacionais e estaduais de
aprimoramento do SUAS, ações intersetoriais e de apoio técnico.

O diagnóstico socioterritorial deverá subsidiar toda a elaboração do PMAS, sinalizando a existência de situações de riscos e
vulnerabilidades no território, identificando a rede socioassistencial disponível e reconhecendo a demanda por serviços
socioassistenciais.

De acordo com o Censo SUAS 2018, ano em que foi coletada informações sobre o PMAS, os municípios encontravam-se na
seguinte situação, conforme o gráfico 1 a seguir:

Gráfico 1 - Situação dos Planos Municipais de

Assistência Social

Não sabem; Atualizados;

33 35

Não
atualizados;
73

Observa-se que a maioria dos municípios não possui PMAS atualizado conforme a orientação da LOAS. Em 36 municípios, não há
atualização de seus planos há mais de 4 anos, conforme dados do Censo SUAS 2018. Importante ressaltar também que os 33 municípios
que responderam “não saber”, possivelmente não elaboraram seus respectivos planos.

O segundo critério que condiciona o repasse do cofinanciamento federal é a instituição do Fundo Municipal de Assistência Social –
FMAS, sob a orientação e controle dos conselhos de assistência social.

Conforme a NOBSUAS os fundos de assistência social são entendidos como:

Alocação de
receitas Relativas às ações,
Instrumentos de gestão
serviços, programas,
orçamentários e
financeiros para projetos e benefícios
Execução de socioassistenciais
despesas
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Os municípios do Estado, de acordo com o Censo SUAS 2019, na sua maioria (135), possui o FMAS como unidade orçamentária,
tendo como ordenador de despesa, em 76% dos municípios, o (a) gestor (a) da assistência social, com níveis de conhecimento sobre os
gastos de recursos, predominantemente, entre o básico a intermediário (Relatório Anual SUAS MT 2019).

Quanto a alocação dos recursos próprios, apenas sete municípios informaram no Censo SUAS 2019 não ter disponibilizado
recurso próprio para a manutenção das ações da assistência social local. Importante ressaltar que dezenove municípios responderam
não saber sobre a alocação de recursos próprios, mesmo tendo como ordenador de despesa o/a gestor/a de assistência social, na
maioria deles (17).

O terceiro critério diz respeito à instituição e paridade dos Conselhos de Assistência Social – CAS, compreendidos como
instâncias deliberativas colegiadas do SUAS e têm como atribuições principais: normatizar, disciplinar, acompanhar, avaliar e fiscalizar
a gestão e a execução dos SUAS (Brasil, 2013, art. 116, § 3º).

Quanto à instituição dos CAS, apenas um município do Estado não está instituído por regulamento, segundo dados do Censo
SUAS 2019 e, em 15 municípios, a sua composição não está paritária, como pode ser observado no gráfico 2.

Gráfico 2 - Situação dos Conselhos

Municipais de Assistência Social em MT

11

Paritários 15

Não paritários

Não instituído por 124

Lei
Não respondeu ao
Censo SUAS 2019

Os dados deste gráfico são resultados do processo de averiguação de informações realizado pelo Ministério da Cidadania, que
cruzou as informações do Censo SUAS 2019 com a legislação dos conselhos municipais de todo o Estado, onde encontrou algumas
divergências entre o Regimento Interno e a nomeação dos conselheiros.

1.1 - PERFIL DOS GESTORES DE ASSISTENCIA SOCIAL

Os dados do CadSUAS apontam que a gestão do SUAS (2017-2020) nos municípios do Estado, foi realizada, na grande maioria,
por mulheres, atingindo 96%.

Do total, 78% são servidores comissionados; Apenas 26 são servidores efetivos.

Com relação a escolaridade, o CadSUAS aponta que cerca de 46% dos gestores possuem escolaridade de nível superior,
principalmente com formação na área de serviço social, como apontados nos gráficos 3 e 4:

Gráfico 3 - Grau de escolaridade - Gestores/as Municipais

de Assistência Social - 2020

Fundamental
Médio incompleto
Médio
Superior incompleto
Superior completo/pos graduação

0 20 40 60 80 100
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Gráfico 4 - Profissões - Gestores/as municipais de

Assistência Social - 2020

Outros porfissionais de nível médio

Outros profissionais de nível superior
Psicólogos/as
Pedadogos/as
Assistentes sociais
Administradores/as
0 5 10 15 20 25 30

O tempo de mandato de 4 anos foi exercido por 59% dos gestores nomeados para esta função, 6 desses gestores foram
reconduzidos ao cargo desde a gestão anterior. No gráfico 5, informações com o tempo de atuação no SUAS dos atuais gestores:

Gráfico 5 - Início de mandato das/os gestoras/es municipais

do SUAS

6 24
Menos de 1 ano
12
2 anos
3 anos 15
84
4 anos
Mais de 4 anos

1.2 - ATUAÇÃO DA GESTÃO NA PANDEMIA DO COVID 19

Com o objetivo de verificar a organização na oferta dos serviços socioassistenciais no período da pandemia, a Secretaria
Adjunta de Assistência Social – SAAS encaminhou aos 141 municípios um instrumental de coleta de dados que foi respondido por 66%
dos municípios do Estado, no período de agosto a outubro de 2020.

De acordo com os dados levantados, 93 municípios (91%) fizeram adesão ao crédito extraordinário do Governo Federal
(regulamentado pela Portaria 369/2020), para financiar a continuidade da oferta das ações socioassistenciais no período da pandemia
pelo Covid – 19.

Dentre os motivos da não adesão os municípios informaram: valor ineficiente, muita burocracia, EPI já adquiridos com
recursos próprios, sem registro de caso de Covid-19.

Apenas 53 municípios elaboraram o Plano de Contingência para enfrentamento do Covid -19, destes, apenas 19 municípios
informaram ter elaborado o referido plano junto com outras políticas públicas, em destaque, com a saúde.

Apenas 77% dos munícipios encaminharam seus planos para serem apreciados pelo CMAS.

Dentre as parcerias realizadas entre a sociedade civil e iniciativa privada 37 municípios realizaram parcerias com organizações
da sociedade civil, que prestaram apoio das seguintes formas: doações de EPIs, cestas básicas, testes para o Covid -19, produtos
alimentícios, produtos de higiene, campanhas de prevenção contra a Covid - 19.
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Gráfico 5 - Parcerias realizadas pelos municípios para o enfrentamento

a Covid 19
37

28

Parcerias com a sociedade civil Parcerias com a inciativa privada

A gestão municipal teve também que reorganizar o funcionamento das unidades socioassistenciais primando tanto pela saúde
dos profissionais do SUAS e usuários quanto pela continuidade da oferta dos serviços. Em alguns municípios manteve-se a jornada de
8h, em outros, houve a redução da jornada de trabalho, como pode ser observado no gráfico ao lado.

Em vinte municípios houve Gráfico 6 - Reorganização dos municípios na jornada de

remanejamento de servidores, tanto da trabalho na pandemia - Covid 19
assistência social quanto de outras áreas, em
9 7 32
especial, da educação, para auxiliarem nas
demandas emergenciais, principalmente para o
atendimento às pessoas em situação de rua,
45
cadastramento de usuários no CadÚnico,
atendimento nas unidades de acolhimento, apoio
nas barreiras sanitárias, entrega de cestas
básicas, confecção de máscaras, etc. Jornada de 8h Matutino 6h Matutino 4h Outras formas

Além do remanejamento, em 18 municípios, foi realizada contratação temporária de 71 novos servidores.

Houve afastamento de 262 servidores municipais da assistência social, pertencentes aos grupos de risco e, 77, devido ao
contágio pelo Covid - 19, com registro de uma morte.

A maioria dos municípios disponibilizaram EPIs aos seus servidores; em 32 destes foram disponibilizados testes de Covid - 19
aplicados, em grande parte, aos que apresentavam sintomas, na minoria, em todos os servidores periodicamente. Em 15 municípios,
não houve a disponibilização de EPIs ou testes.

Algumas unidades de CRAS e CREAS foram fechadas temporariamente em função do contágio de profissionais que tiveram
contato com os demais. Unidades de Centros de Convivência para idosos também foram fechadas até o controle da pandemia.

Em todos os municípios que responderam ao questionário, as atividades coletivas, ofertadas pelo PAIF, PAEFI e SCFV, foram
suspensas e o atendimento foi realizado de forma remota, seja por meio de celular, através da entrega de materiais, cestas básicas e
materiais de higiene, entre outras formas.

A grande maioria desses municípios deram continuidade às visitas domiciliares, priorizando público prioritário do SCFV,
usuários pertencentes ao grupo de risco, requerentes e beneficiários de Benefícios Eventuais e do Auxílio Emergencial e demais
situações de emergência.

As estratégias de apoio aos grupos tradicionais e específicos realizadas, em especial, aos indígenas, deram-se por meio de
orientações nas aldeias, concessão dos Benefícios Eventuais e EPIs, e às pessoas em situação de rua, encaminhamentos às unidades de
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acolhimento emergencial, como forma de isolamento, alimentação, encaminhamento para as suas famílias, acolhimento para as que
testaram positivos para Covid - 19 em parceria com a saúde, entrega de kits de higiene e cobertores, etc.

O ano de 2020 trouxe muitos desafios para a Política de Assistência Social, exclusivamente no enfrentamento a pandemia do
Covid – 19 que exigiu da gestão do SUAS, em todas as esferas administrativas, novas estratégias para manter as ações de proteção
social aos mais vulneráveis, mesmo com a necessidade do isolamento social.

A partir desta experiência é possível dar novos rumos a assistência social ressignificando práticas, identificando as demandas
e reorganizando as ofertas.

A atuação da assistência social aliada a outras políticas públicas foi essencial para minimizar os impactos da pandemia.
Termos vivenciado uma experiência comum nos impôs a necessidade de não ficarmos mais no mesmo lugar. Está claro que ainda há
muito o que se fazer para o fortalecimento do SUAS em todo Mato Grosso.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Norma Operacional Básica. Resolução nº 33 de 12 de dezembro de
2012. Brasília – DF, 2012.

BRASIL. Lei nº 8742, de 7 de dezembro de 1993. Leo Orgânica da Assistência Social – LOAS. Dispõe sobre a organização da Assistência
Social e dá outras providencias. DOU. Brasília – DF, 1998

BRASIL. Ministério da Cidadania. Base de dados do Censo SUAS 2019. Brasília – DF, 2019.

BRASIL. Ministério da Cidadania. Base de dados do Censo SUAS 2018. Brasília – DF, 2018.

EXPEDIENTE
Rosamaria Carvalho - Secretária de Estado de Assistência Social e Cidadania
Leicy Lucas de Miranda Vitório - Secretária Adjunta de Assistência Social
Sheila Carla de Queiroz Gomes - Superintendente de Gestão do SUAS

ELABORAÇÃO
COORDENADORIA DE VIGILÂNCIA SOCIOASSISTENCIAL
Lucienne Alves Corrêa - Coordenadora de Vigilância Socioassistencial
Antônia Angélica Lopes de Oliveira
Dayana Karolina da Silva
Jussara do Espírito Santo Dias
Marina de Fátima Colombo
Roverson Ferreira da Costa
Analistas de Desenvolvimento Econômico e Social