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TRÊS FILÓSOFOS ENTRAM EM UM BAR...

O problema já começou com a escolha da mesa. Aristóteles queria mais perto da porta para ver
o movimento na rua. Viktor, com medo de alguma ação da polícia, queria mais perto da saída
dos fundos e o Jean-Paul Sartre apontou para o canto mais escuro e sombrio do bar.

Optaram por uma mesa no meio do ambiente:


Aristóteles (bem tranquilo): - Caros colegas, afirmo que a essência da vida é a busca pela
plenitude, alcançada através da prática de virtudes. Não é uma simples felicidade passageira,
mas um florescimento do ser humano para sua natureza plena, equilibrando razão e caráter.
Viktor, sua ênfase no significado é louvável, mas não vê que o verdadeiro significado emerge
naturalmente de uma vida virtuosa? E Jean-Paul, sua liberdade sem estrutura é um convite ao
caos. Sem virtudes como guia, como pode alguém encontrar um caminho verdadeiro?
Viktor Frankl (se colocando com força): - Aristóteles, respeito sua visão, mas a virtude sozinha
não pode garantir significado. Em minhas experiências mais sombrias, vi que o significado pode
ser encontrado mesmo na mais profunda aflição, algo que sua visão de virtude e plenitude não
abrange completamente. E Jean-Paul, concordo que a liberdade é fundamental, mas sem um
direcionamento para um significado maior, essa liberdade se torna vazia. A liberdade deve ser
usada para encontrar um propósito, mesmo no sofrimento.
Jean-Paul Sartre (falando sem olhar para os demais): - Viktor, Aristóteles, ambos subestimam a
importância da liberdade individual e da escolha. Viktor, o significado que você descreve ainda
coloca a pessoa em uma busca externa. E Aristóteles, sua plenitude parece um ideal distante,
quase inatingível. A verdadeira essência da vida está em aceitar nossa liberdade radical e a
responsabilidade que vem com ela. Nossa essência não é dada, mas construída por nós mesmos,
através de nossas escolhas e ações.
Aristóteles (nervoso): - Jean-Paul, a liberdade sem direção moral é perigosa. E Viktor, o
significado na adversidade é admirável, mas não é toda a história. A virtude é o que nos dá a
estrutura para usar nossa liberdade sabiamente e encontrar significado em todas as facetas da
vida.
Viktor Frankl (olhando para o garçom): - Aristóteles, mesmo uma vida virtuosa pode ser
destituída de significado se confrontada com extremo sofrimento ou desafios inesperados. E
Jean-Paul, a liberdade é essencial, mas é o significado que orienta essa liberdade, dando-lhe um
propósito verdadeiro e profundo.
Jean-Paul Sartre (sínico): - Vejo que ambos têm visões restritas. Viktor, o significado pode ser
uma armadilha, limitando nossa liberdade. E Aristóteles, sua ideia de virtude parece quase
predeterminada, contradizendo a liberdade essencial do ser. A verdadeira liberdade é abraçar a
incerteza e criar nossa própria essência.
Garçom(irritado): - Senhores, desculpem interromper este fascinante debate que não leva a
nada, mas preciso perguntar: vão consumir algo ou apenas continuar a conversa sem rumo?

Por João Oliveira

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