Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
deve ter seu uso evitado em pacientes que apresentam edema de córnea associado ao
comprometimento da função endotelial?
a)Betabloqueadores
b)Inibidores da anidrase carbônica
c)Alfa-agonistas
d)Parassimpaticomiméticos
Comentário da questão
Os hipotensores tópicos da classe dos Inibidores da anidrase carbônica devem ser evitados em olhos com
comprometimento endotelial, pelo risco de descompensação corneana. Logo, ALTERNATIVA B
CORRETA. Isso acontece pois existem isoenzimas anidrase carbônica I e II no endotélio corneano, que
participam da manutenção da transparência da córnea. Em indivíduos saudáveis, a inibição dessas enzimas
com o uso dos colírios dessa classe não tem repercussão clínica, mas em indivíduos susceptíveis pode
haver edema corneano clinicamente significativo.
Os inibidores da anidrase carbônica são agentes hipotensores que atuam na redução da produção do humor
aquoso, ao inibir a enzima anidrase carbônica no epitélio ciliar. Lembrando que mais de 90% da atividade
dessa enzima deve ser inibida para que haja redução da produção de humor aquoso (já foi questão de
prova!). A droga via oral dessa classe é a Acetazolamida e as tópicas são o Cloridrato de Dorzolamida 2%
e a Brinzolamida 1%. A acetazolamida 250 mg é prescrita normalmente como 1 comprimido 4 vezes ao
dia. A Dorzolamida e a Brinzolamida podem ser prescritas de 8/8 horas, em monoterapia, mas a maioria
dos médicos prescrevem em 12/12 horas. Os efeitos oculares mais comuns das medicações tópicas são:
ardência à instilação, embaçamento visual, ceratite puntacta. A Brinzolamida pode causar depósitos
brancos no filme lacrimal, por ser uma suspensão. Já os efeitos sistêmicos das medicações tópicas são:
fadiga, parestesia e gosto metálico. Já em relação à Acetazolamida, devemos nos atentar aos efeitos
adversos sistêmicos, que são: acidose metabólica, parestesia, astenia, anorexia, perda de peso, depressão,
perda de libido, desconforto abdominal, risco de crise de falcização em pacientes com anemia falciforme,
litíase renal, trombocitopenia, agranulocitose, hipocalemia. Os inibidores da anidrase carbônica são
derivados da sulfa, e, por isso, podem causar alergia em indivíduos susceptíveis (tema que inclusive já foi
cobrado em prova!).
Comentário da questão
O ciclopentolato é um cicloplégico eficaz, de ação rápida e produz midríase pequena (ótimo cicloplégico,
porém fraco midriático). Uma gota de ciclopentolato produz cicloplegia praticamente tão intensa quanto da
atropina. A cicloplegia máxima ocorre com 30-60 minutos e a recuperação dura um dia
- ALTERNATIVA C INCORRETA.
A concentração do colírio de ciclopentolato varia de 0,5 a 1%. A concentração de 2% não é segura,
gerando bastante efeito colateral ao paciente - ALTERNATIVA D INCORRETA.
Os efeitos colaterais são sonolência, alucinações, reações psicóticas, febre, rubor facial, desorientação,
distensão abdominal, ataxia, convulsão. Um dos efeitos colaterais mais comum é a sonolência. Como uma
gota de ciclopentolato produz cicloplegia praticamente tão intensa quanto da atropina, como já dito acima,
apenas uma gota pode gerar efeitos colaterais do colírio - ALTERNATIVA A CORRETA.
Os bebês são mais suscetíveis a apresentar reações adversas relacionadas ao sistema nervoso central e
cardiopulmonar. Para minimizar a absorção sistêmica, o saco lacrimal deve ser comprimido por 2 a 3
minutos após a aplicação do cicloplégico, além disso a diluição deve ser maior quanto menor a idade do
paciente. Mas pode ser tranquilamente utilizado com a devida diluição em pacientes menores do que 5
anos. Deve ser usado com cautela em pacientes com Síndrome de Down ou com predisposição ao
glaucoma de ângulo fechado - ALTERNATIVA B INCORRETA.
Qual das condições abaixo está associada a maior risco de síndrome de íris flácida
peroperatória (IFIS)?
a)Asma em tratamento com corticoide oral.
b)Hiperplasia prostática benigna em uso de tansulosina.
c)Ciclite heterocrômica de Fuchs.
d)Glaucoma em uso de colírio de prostaglandina.
Comentário da questão
Síndrome da íris flácida peroperatória ou Floppy Iris Syndrome… questão batida de prova! A síndrome se
caracteriza pela tríade: flacidez da íris, prolapso da íris e miose progressiva, e está associada a um maior
risco de complicações intraoperatórias, incluindo trauma da íris e rotura de cápsula posterior.
Originalmente foi associada ao uso atual ou prévio da Tansulosina, que é um antagonista alfa1a
adrenérgico seletivo, usado no tratamento de hiperplasia prostática benigna e
nefrolitíase. ALTERNATIVA B CORRETA. Atualmente já foi descrita associada também a antagonistas
alfa-adrenérgicos não seletivos, como Doxazosina, Terazosina, Alfuzosina e Prazosina, assim como
agentes antipsicóticos como a Clorpromazina e Risperidona, entre outras drogas.
Lembrando que a suspensão da droga antes da cirurgia não parece alterar a intensidade da síndrome. Para
reduzir os efeitos da síndrome durante a cirurgia, pode-se utilizar atropina pré-operatória, injeção
intracameral de fenilefrina ou epinefrina, uso de ganchos de íris ou anéis expansores pupilares, uso de
viscodilatação da íris e uso de parâmetros de fluxo baixo
Comentário da questão
Um dos efeitos colaterais da brimonidina é a sedação ou letargia. Esse efeito se dá por sua
lipossolubilidade e capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica, atingindo o sistema nervoso
central. Devido aos riscos de depressão profunda do sistema nervoso central, a brimonidina deve ser
utilizada com cuidado, ou nem ser utilizada em crianças menores de 5 anos de idade. ALTERNATIVA A
CORRETA.
Quando falamos em asma, devemos lembrar da contraindicação do uso de betabloqueadores como o
maleato de timolol. ALTERNATIVA C INCORRETA.
Já a acetazolamida, inibidor de anidrase carbônica via oral, é que é contraindicada em pacientes com
anemia falciforme. A formação de cálculos renais nesses pacientes também é descrita, apesar de menos
comum. ALTERNATIVAS B e D INCORRETAS.
Comentário da questão
Esse grupo de fármacos causam depósito de pigmento no epitélio anterior do cristalino em uma
configuração axial (ALTERNATIVA B CORRETA) (e transcrita da Academia Americana).
Os depósitos ocorrem de maneira lenta e gradual (ALTERNATIVA A INCORRETA), sendo
dependentes da dose e duração do tratamento.
Caracteristicamente causam alterações visuais geralmente insignificantes (ALTERNATIVA C
INCORRETA), e portanto, não há necessidade de suspensão da droga em decorrência
disso (ALTERNATIVA D INCORRETA).
Lembrando que as drogas dessa classe mais associadas aos depósitos são a Clorpromazina e Tioridazina.
Depósitos de pigmentos na cápsula anterior do cristalino de paciente tratado com fenotiazinas.
Imagem retirada de Lens and Cataract página 74 - American Academy of Ophthalmology.
Comentário da questão
A atropina é um agente anticolinérgico que bloqueia a acetilcolina nos receptores pós-sinápticos do sistema
nervoso autônomo parassimpático, impedindo a atuação do músculo ciliar, gerando cicloplegia; e a ação do
esfíncter da pupila, gerando midríase. É o cicloplégico mais potente de todos! E causa uma midríase boa,
porém menor que outros fármacos. ALTERNATIVA B INCORRETA.
Vale lembrar aqui do detalhe cobrado com frequência em prova: seu efeito varia conforme a coloração da
íris, assim como outros cicloplégicos (EXCETO a tropicamida), sendo retardado em pacientes com íris
escura devido à ligação do fármaco à melanina.
ALTERNATIVA D INCORRETA: segundo o CBO, sua ação máxima de midríase ocorre de 30-40 min
após instilação e de cicloplegia de 1-3 h.
ALTERNATIVA C CORRETA: seu efeito midriático pode durar até 10 dias e seu efeito cicloplégico até
15 dias. Obs.: os valores diferem conforme a referência bibliográfica utilizada.
ALTERNATIVA A INCORRETA: o tratamento oclusivo do olho fixador é, ainda hoje, a melhor opção
e mais barata para tratamento da ambliopia. Há sim a opção de penalização do olho fixador com fármacos
(atropina), com isso o olho amblíope é obrigado a fixar, sendo algumas das indicações: na fase final do
tratamento da ambliopia com tratamento oclusivo ou em ambliopias leves ou em crianças totalmente
refratárias ao tratamento com tampão.
Paciente com história de glaucoma unilateral, em tratamento há oito anos com colírio
hipotensor ocular, refere que o seu olho está mais "fundo". Qual medicamento,
provavelmente, levou o paciente a apresentar esse aspecto?
a)Inibidor de anidrase carbônica
b)Betabloqueador
c)Análogo de prostaglandinas
d)Alfa-agonista
Comentário da questão
Os análogos de prostaglandinas são a classe de medicamentos hipotensores mais nova no tratamento do
glaucoma. Esses medicamentos atuam aumentando a drenagem do humor aquoso pela via uveoescleral.
Após a administração, o pico do efeito hipotensor ocorre em 2-4 horas, segundo o consenso da Sociedade
Brasileira de Glaucoma, porém, pode ultrapassar as 12 horas, segundo o livro de Glaucoma do CBO. As
drogas dessa classe disponíveis no mercado são: Latanoprosta 0,005%, Travoprosta 0,004% e
Bimatoprosta 0,03%. De forma geral, são os medicamentos mais eficientes na redução da PIO, sendo que,
preferencialmente inicia-se o tratamento para glaucoma com essa classe ou com um beta-bloqueador. A
posologia de todos os análogos é de 1 vez à noite e a redução pressórica esperada fica entre 20 e 30%. Os
efeitos sistêmicos são geralmente bem tolerados e incluem sintomas gripais, dor muscular, dor articular,
cefaleia e dispneia. Os efeitos adversos oculares mais frequentes são: hiperemia conjuntival, quebra da
barreira hemato-aquosa, aumento do tamanho dos cílios, triquíase, distiquíase, hiperpigmentação da íris e
da pele periocular, edema macular cistóide, reativação de ceratite herpética, sensação de corpo estranho,
prurido ocular. Além disso, é descrita a periorbitopatia associada ao uso de prostaglandinas, que é
resultado da atrofia da gordura periorbital e acarreta em: aprofundamento do sulco palpebral superior,
ptose palpebral superior, enoftalmia e scleral show inferior. Dessa forma, ALTERNATIVA C
CORRETA. As outras classes de medicamentos não estão associadas a esse efeito adverso.
Os inibidores da anidrase carbônica, dos quais os principais representantes tópicos são a brinzolamida e a
dorzolamida, apresentam como efeitos adversos oculares o borramento visual, blefarite, olho seco,
sensação de corpo estranho, hiperemia, ceratite e prurido ocular. ALTERNATIVA A INCORRETA.
Os beta bloqueadores, dos quais o principal representante é o timolol, tem como efeitos adversos oculares:
hiperemia, hipoestesia corneana, ceratite puntata, olho seco, blefaroconjuntivite alérgica e redução da
perfusão na cabeça do nervo óptico. ALTERNATIVA B INCORRETA.
Os alfa-agonistas, dos quais o principal representante é a brimonidina, tem como efeitos adversos oculares
a hiperemia, sensação de queimação e pontadas, sensação de corpo estranho, conjuntivite folicular, reações
alérgicas oculares, prurido, olho seco, fotofobia e blefarite. ALTERNATIVA D INCORRETA.
Comentário da questão
Pacientes com disfunção das glândulas de Meibomius associada à rosácea podem se beneficiar do uso de
Tetraciclinas e seus análogos por efeitos diferentes do seu mecanismo antibacteriano, devido a capacidade
de inibição das metaloproteinases, como a colagenase e a elastase. Além disso, a sua ação nas lipases
contribui para aumentar a fluidez do filme lacrimal melhorando o olho seco e prevenindo a formação de
Hordéolos. Por causa disso, as tetraciclinas tem ação protetora nas ulceras bacterianas prevenindo a
perfuração.
Antibióticos sistêmicos, como a tetraciclina e derivados, têm a vantagem de apresentar efeito terapêutico e
boa resposta com uso prolongado, com recomendações de iniciar Doxiciclina 100mg 12/12h por 15 a 30
dias, e depois redução para 100mg/dia ou 50mg/dia por 8 semanas ou mais. ALTERNATIVA A
INCORRETA.
Caso o paciente seja refratário ao tratamento convencional, deverá ser considerada a infestação dos
folículos pilosos pelo Demodex blepharithis, cujo tratamento local é realizado com xampu a base de óleo
de melaleuca (tea tree oil). ALTERNATIVA B INCORRETA.
O tratamento de primeira escolha em pacientes com rosácea é a expressão manual das glândulas com
drenagem do seu conteúdo, limpeza das pálpebras com xampu neutro diluído e
antibioticoterapia sistêmica. ALTERNATIVA C INCORRETA.
Sabe-se que as tetraciclinas podem interagir com outros fármacos. No uso associado a varfarina, esta pode
ter seu efeito anticoagulante intensificado, com sérios prejuízos a coagulação sanguínea do paciente.
Assim, a tetraciclina e seus derivados, como a minociclina e a doxiciclina devem ser evitados nesse
paciente devido ao uso do anticoagulante varfarina, dando preferência ao antibiótico
eritromicina. ALTERNATIVA D CORRETA.
Comentário da questão
Os agentes cicloplégicos são antagonistas colinérgicos, portanto vão inibir a ação do sistema
parassimpático no músculo ciliar, responsável pela acomodação e por isso geram cicloplegia.
Entretanto, esse agentes anticolinérgicos também inibem os receptores do músculo esfíncter da pupila,
responsável por manter a pupila contraída e, por isso, acabam gerando dilatação pupilar também. Logo,
todo agente cicloplégico possui ação midriática.
Os antagonistas colinérgicos possuem tanto ação cicloplégica quanto midriática e isso é variável para cada
classe de medicação.
Nessa questão, o examinador exigia que o aluno soubesse sobre a duração do efeito cicloplégico e
midriático dos agentes cicloplégicos. Essa informação dos efeitos mais cicloplégicos ou mais midriáticos
dos fármacos, bem como tempo máximo de ação e duração dos efeitos estão no livro do CBO de
farmacologia:
Atropina (cicloplégico mais potente disponível):
o Midríase (máxima): 30 a 40 min
Recuperação do efeito midriático: 7 a 12 dias
o Cicloplegia (máxima): 1 a 3 horas
Recuperação do efeito cicloplégico: 6 a 12 dias (ALTERNATIVA A
INCORRETA).
Homatropina (maior efeito midriático do que cicloplégico):
o Midríase (máxima): 40 a 60 min
Recuperação do efeito midriático: 1 a 3 dias
o Cicloplegia (máxima): 30 a 60 min
Recuperação do efeito cicloplégico: 1 a 3 dias
Escopolamina (mais cicloplégico que a homatropina, porém menos que a atropina. Não muito
utilizado na prática pelo seu alto índice de reação tóxica):
o Midríase (máxima): 20 a 30 min
Recuperação do efeito midriático: 3 a 7 dias
o Cicloplegia (máxima): 30 a 60 min
Recuperação do efeito cicloplégico: 5 a 7 dias
Ciclopentolato (excelente efeitos cicloplégico e midriático):
o Midríase (máxima): 30 a 60 min
Recuperação do efeito midriático: 1 dia
o Cicloplegia (máxima): 30 a 60 min (ALTERNATIVA B INCORRETA).
Recuperação do efeito cicloplégico: 1 dia
Tropicamida (efeito midriático maior do que o cicloplégico e com efeito fugaz. ALTERNATIVA
D CORRETA. Ação não é influenciada pela pigmentação iriana; diferentemente da atropina,
homatropina e ciclopentolato; nos quais quanto maior a pigmentação, menor o efeito):
o Midríase (máxima): 20 a 35 min
Recuperação do efeito midriático: 6 horas
o Cicloplegia (máxima): 20 a 35 min
Recuperação do efeito cicloplégico: 6 horas
A fenilefrina é um simpaticomimético sintético que age, principalmente, nos receptores alfa-1 e não tem
quase nenhum efeito nos nos receptores β. Não tem ação cicloplégica, apenas midriática. Utilizada para
midríase do paciente e gera dilatação máxima entre 45 a 60 minutos, dependendo da concentração (2,5 a
10%). A reversão da midríase ocorre em 6-7 horas após sua administração. ALTERNATIVA C
INCORRETA.
Qual das medicações abaixo, de uso oral, prescrita nos casos de queimadura química
ocular por substância alcalina, é utilizada para auxiliar na promoção da síntese do
colágeno da córnea?
a)Ácido ascórbico.
b)Medroxiprogesterona.
c)Azitromicina.
d)Doxiciclina.
Comentário da questão
O ácido ascórbico (vitamina C) possui papel fundamental na síntese do colágeno, da norepinefrina e no
metabolismo do colesterol, além de função antioxidante. No caso do colágeno, ele atua como cofator na
hidroxilação da prolina e da lisina, formando a hidroxiprolina e hidroxilisina que irão constituir a fibrila de
colágeno. ALTERNATIVA A CORRETA.
A medroxiprogesterona tem uma ação anti-inflamatória leve, sendo menos eficaz que os corticoides
tópicos. Tem vantagem de não interferir na síntese do colágeno ou reparação estromal. ALTERNATIVA
B INCORRETA.
A azitromicina e os derivados da Tetraciclina, incluindo a Doxiciclina, além da função antibiótica, atuam
inibindo as metaloproteinases (como a colagenase e a elastase), contribuindo para uma menor degradação
do colágeno, mas não na síntese do mesmo. ALTERNATIVAS C e D INCORRETAS.