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Nabucodonosor invade Jerusalém

Edmario de Jesus Correia


O tempo que Nabudonosor sitiou Jerusalém está indicado em 2 Reis 25.2. Foram 2 anos de cerco à cidade. O término
se deu no 11º ano do reinado de Zedequias. Do 9º ano ao 11º ano, são dois anos. Mas, se contarmos o tempo do cerco
de Jan/588 a julho/agosto de 587, teremos 18 meses, ou seja, 1 ano e meio.

Nabudonosor usou a técnica da época para fazer com que uma cidade ficasse debilitada sem ter como conseguir
alimentos, remédios e efetuar as trocas necessárias para o desenvolvimento de uma vida normal. Sitiou a cidade
de Jerusalém com valas o que dificultava as pessoas de saírem ou entrarem normalmente nela.

A Bíblia relata que o exército de Babilônia, durante o reinado de Nabucodonosor, realizou 03 viagens a
Jerusalém, sendo que cada vez infligia castigos mais severos à cidade. Durante a sua 1ª visita, em 606 a.C.,
Nabucodonosor levou consigo boa parte dos utensílios preciosos que encontrou no templo erguido por
Salomão alguns séculos antes (Daniel 1.1-2; II Crônicas 36.6 e 7), bem como um bom número de reféns, jovens
provenientes da mais alta classe social judaica, inclusive Daniel foi encaminhado para Babilônia.

Após a morte de Jeoaquim e durante o breve reinado de seu filho Joaquim que durou apenas 03 meses, em 597
a.C., a cidade de Jerusalém foi novamente atacada e uma 2ª leva foi encaminhada para Babilônia, incluindo
milhares de cativos e todos os artífices e ferreiros. Ninguém ficou senão o povo pobre da terra (II Reis 24.8-16).

A 3ª investida por parte do exército de Babilônia ocorreu em 586 a.C., durante o reinado de Zedequias. Nesta ocasião Jerusalém caiu e o
templo construído por Salomão foi destruído (II Reis 25.8-9 e II Crônicas 36.17-21). Novamente apenas os pobres dentre o povo foram
deixados na terra de Judá (Jeremias 39.10). Neste episódio ocorreu um fato curioso com o profeta Jeremias. Certamente, por providência
divina, ele foi libertado do cativeiro e teve a oportunidade de optar em ficar na terra de Judá (Jeremias 39.11-14 e 40.6).
O reino do Norte (Israel) terminou em 722 com a tomada da Samaria pelos assírios, e em 587 quando Jerusalém
foi saqueada e o templo destruído pelos babilônios, grande parte da população foi deportada para a Babilônia,
terminando, praticamente, também o reino do Sul (Judá). Com isso, chega ao fim a monarquia em Israel.
ALGUMAS DAS RAZÕES POR QUE DEUS ENTREGOU JUDÁ E JERUSALÉM ÀS MÃOS DOS BABILÔNIOS:
Esse trágico acontecimento foi anunciado pelo profeta Isaías à Ezequias, rei de Judá no ano 700 a.C. Naquele tempo o
rei Ezequias estivera muito doente. A sua doença era mortal. Inconformado, Ezequias chorou e orou a Deus para ser
poupado, Deus concedeu-lhe mais 15 anos de vida. (II Reis 20.8-11).

Ao ouvir falar da doença de Ezequias, o rei de Babilônia, Berodaque Baladã, enviou mensageiros à presença do rei
de Judá. Babilônia ainda não estava em evidência, mas sim os assírios. Por isso essa visita tinha também como
principal objetivo buscar apoio político. A vaidade e o orgulho tomaram conta do coração do rei Ezequias. Em
vez de mostrar a grandeza do seu Deus, ele exibiu toda a sua prosperidade, tesouro e poderio aos babilônicos.

“Então disse Isaías a Ezequias: Ouve a palavra do Senhor. Eis que vêm dias em que será levado para a Babilônia
tudo quanto houver em tua casa, bem como o que os teus pais entesouraram até o dia de hoje; não ficará coisa
alguma, diz o Senhor. E até mesmo alguns de teus filhos, que procederem de ti, e que tu gerares, levarão; e eles
serão eunucos no paço do rei de Babilônia. ” II Reis 20.16-18.

Esta profecia demorou quase um século para ser cumprida. Nem o rei Ezequias e nem o
profeta Isaías presenciaram o seu cumprimento. A triste realidade é que ao longo dos anos
seguintes a maioria dos israelitas resolveu não amar e nem obedecer a Deus.
Pecados como: idolatria e assassinato de pessoas inocentes (II Reis 21.10-16); práticas do mal (II Reis 24.18-20);
resistindo a voz de Deus (Jer. 3.13) e zombarias e desprezo para com os profetas de Deus (II Crônicas 36.15-17).

Em Jeremias 9.14; 17.19-27; 22.1-5; Ezequiel 8.1-18 relatam atos de desonestidade, injustiças para com os pobres,
assassinatos, transgressões do Sábado, perseguições aos verdadeiros profetas de Deus e idolatria. Privilégios
concedidos aos profetas que prometiam prosperidade, sem condenar simultaneamente o pecado.

Era propósito de Deus que Jeoaquim, rei de Judá, atendesse os conselhos do profeta Jeremias. No entanto, por
causa da sua ganância, derramou sangue inocente e praticou opressão e violência (Jer. 22.13-17). Depois que o
rolo de Jeremias foi lido no templo, o rei ordenou que o rolo fosse trazido e lido em sua presença. Apenas uma
pequena parte havia sido lida, e num acesso de ira lançou-o para ser consumido no fogo (Jer. 36.1-32).

Depois da morte de Jeoaquim, assumiu o trono o seu filho Joaquim, com apenas 18 anos de idade. Ele reinou apenas 03
meses em Jerusalém, e “fez o que era mau aos olhos do Senhor, conforme tudo quanto fizera seu pai”. II Reis 24.9.

O último rei de Judá, Zedequias, tinha sido orientado a submeter-se pacificamente ao domínio temporário de seus
conquistadores e que ele não desse ouvido aos falsos profetas (Jeremias 27.1-11). Nada, porém, adiantou. O rei
Zedequias fez o que era mau aos olhos de Deus e rebelou-se contra o rei Nabucodonosor (II Crônicas 36.11-20). A
quebra de seu juramento de ser leal ao rei da Babilônia, motivou a destruição de Jerusalém e de seu templo em 586 a.C.
Os anos de cativeiro foram amargos e difíceis, pois Babilônia é apresentada como extremamente corrupta e
opressora do povo de Deus. A palavra “Babilônia” está associada à palavra “Babel”, que quer dizer confusão.

Babilônia sempre é identificada com as forças que se opõem à Deus. Eram adoradores do deus sol. Também acreditavam em
adivinhações. Foram eles que desenvolveram a ideia do horóscopo, baseado nos astros. Os ensinos de Babilônia continuam
exercendo forte influência nos dias atuais. Há de se lembrar que a Babilônia do passado foi destruída e o mesmo fim terá a
Babilônia de hoje. Deus fez e ainda faz esse veemente apelo para os dias atuais: “Sai dela povo Meu”. (Jer. 50.8 e Apoc. 18.4).

Embora Judá tenha sido conquistado, a mão de Deus é óbvia; Ele está no comando. Isto foi profetizado em Isaías
39.7: E eles levarão embora alguns de seus filhos... e eles serão eunucos no palácio do rei de Babilônia.

Eunucos
No Oriente Médio antigo, os haréns reais geralmente eram supervisionados por homens castrados, considerados
confiáveis para desempenhar tal tarefa. Um eunuco geralmente era tido como um oficial privilegiado. Ele
desfrutava de relacionamento pessoal com o rei. Cremos que Daniel e seus amigos se tornaram eunucos.

Os amigos de Daniel se uniram a ele na recusa de comer do cardápio real (vers. 7,17, 19). A declaração arriscareis a minha
cabeça sugere que o rei poderia mandar executar o chefe dos eunucos caso ele aceitasse as exigências de Daniel e seus amigos.
O rei designou para eles uma provisão diária das iguarias do rei: Era costume do governo babilônico prover o
treinamento desses jovens. No entanto, ter a mesma comida e vinho preparados para o rei era uma honra especial.

No mundo antigo, muito mais do que no mundo moderno, havia uma enorme DIFERENÇA
entre a comida apreciada pela elite e o que as pessoas comuns comiam.
A eles o chefe dos eunucos deu nomes:
1º: Daniel (Deus é meu juiz) foi mudado para Belteshazzar (príncipe de Bel).
2º: Ananias (Amado pelo SENHOR) foi mudado para Sadraque (Iluminado pelo deus-sol).
3º: Misael (Quem é como Deus) foi alterado para Mesaque (Quem é como Vênus).
4º: Azarias (O SENHOR é minha ajuda) foi mudado para AbedNego (Servo de Nebo).

Esta foi uma doutrinação total, trabalhando para fazer com que esses jovens judeus deixassem
para trás seu Deus hebraico e sua cultura.
Calvino escreveu que Nabucodonosor sabia que os judeus eram um povo obstinado e que ele
usava a comida suntuosa para sensibilizar os cativos.
Satanás usa estratégia semelhante contra os crentes hoje, querendo nos doutrinar no sistema
mundial. Satanás quer que: Alimentar-nos com o que o mundo oferece; Identificar-nos
("nome") em relação ao mundo; educar-nos nos caminhos do que todos seguem e vivem.
Daniel percebeu que seu relacionamento com Deus afetava todas as áreas de sua vida, até mesmo o que
ele comia. Significativamente, a própria raiz do pecado remonta a comer alimentos proibidos.
Os reis antigos eram bem conhecidos pelas punições severas contra aqueles que os cruzavam. Nabucodonosor era
capaz de grande crueldade. Ele assassinou os filhos de um rei de Judá diante dos olhos do rei; então
imediatamente arrancou os olhos do rei, de modo que sua última lembrança seria sempre o assassinato de seus
filhos (Jer 39.6-7). Outros governantes de Judá foram literalmente assados até a morte no fogo (Jer 29.22).

Rejeitar o menu era rejeitar o rei, e poderia resultar em punição severa. Havia dois problemas
com o cardápio real: (1) certamente ele incluía alimentos IMUNDOS (Lev 11); (2).
Provavelmente a carne era DEDICADA A ÍDOLOS, como era costume na Babilônia. Participar
da mesa real seria como reconhecer os ídolos como divindades...

Daniel não se opôs ao nome dado a ele, porque ele sabia quem ele era. Daniel não se opôs à
educação babilônica, porque ele sabia no que cria. Daniel se opôs à comida da mesa do rei,
porque comer era DESOBEDIENCIA DIRETA à palavra de Deus.
Era fácil pensar que Deus os havia decepcionado ao permitir que fossem carregados para a
Babilônia. Por que eles deveriam arriscar suas vidas por um Deus que os decepcionou?
Entre os filhos de Israel que foram levados cativos
para Babilônia no início dos setenta anos do
cativeiro havia cristãos patriotas, homens que eram
tão fiéis ao princípio como o aço, e que se não
deixariam corromper pelo egoísmo, mas
honrariam a Deus com prejuízo de tudo para si. Na
terra de seu cativeiro esses homens deviam levar
avante o propósito de Deus de dar às nações pagãs
as bênçãos que vêm pelo conhecimento de Jeová.
Deviam eles ser Seus representantes. Jamais deviam
comprometer-se com idólatras; sua fé e seu nome
como adoradores do Deus vivo deveriam ser
levados como alta honra. E isto eles fizeram. Na
prosperidade e na adversidade honraram a Deus; e
Deus os honrou a eles. PR, 479.
Na aquisição da sabedoria dos babilônios, Daniel e
seus companheiros foram muito melhor
sucedidos que seus colegas; mas sua cultura não
veio por acaso. Eles obtiveram o conhecimento
mediante o fiel uso de suas faculdades, sob a guia
do Espírito Santo. Colocaram-se em conexão com
a Fonte de toda sabedoria, tornando o
conhecimento de Deus o fundamento de sua
educação. Oraram com fé por sabedoria, e
viveram as suas orações. Puseram-se onde Deus
poderia abençoá-los. Evitaram o que lhes poderia
enfraquecer as faculdades, e aproveitaram toda
oportunidade de se tornarem versados em todo
ramo do saber. Seguiram as regras da vida que não
poderiam falhar em dar-lhes força de intelecto.
Procuraram adquirir conhecimento para um
determinado propósito - para que pudessem
honrar a Deus. PR, 486

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