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O cativeiro na Babilônia: ordem

cronológica da queda de Judá


Gabriel Filgueiras

Atualizado por último 20 de janeiro de 2023

O cativeiro na Babilônia é, de modo geral, a remoção forçada


da maior parte da população, especialmente das pessoas mais
habilidosas e de classe superior, de sua pátria para outro país.
Esta foi a ocasião em que os israelitas foram retirados à força de
sua terra prometida, e levados cativos para outros países por
imperadores e reis. O exílio babilônico durou ao todo mais de 70
anos.

Cronologia do cativeiro babilônico e


assírio:
O primeiro a acontecer foi o exílio dos israelitas do reino do
norte (Samaria) efetuado pelos assírios, que é conhecido como
cativeiro assírio. Ele ocorreu em duas fases, a primeira em 734
a. C. sob Tiglate-Pileser III (2 Reis 15:29). Logo após, em 722 a.
C., sob Salmaneser e seu sucessor, Sargão II, quando a cidade
de Samaria foi destruída e o reino do norte deixou de existir (2
Rs 17:5-6).
:
imagem ilustrativa

Quando começou o exílio babilônico de


Judá?
Em 605 a. C. Nabucodonosor II empreendeu uma grande
campanha militar a fim de estender o território de seu império na
Babilônia. Este rei foi um instrumento do próprio Deus JAVÉ para
disciplinar seu povo devido sua inclinação ao mal (Jr 32:28-30;
Dn 5:18). Logo, o próximo grande exílio dos judeus envolveu a
destruição do reino do Sul (Judá) e a cidade de Jerusalém.
Esse também ocorreu em várias fases, todas sob o rei
Nabucodonosor II (Jr 52:28-30).

Portanto, em 605 a. C. ocorreu a primeira deportação para a


Babilônia, estima-se que um pequeno grupo de pessoas foram
levadas cativas, onde também estavam Daniel e seus três
amigos (Dn 1:1-6).

A segunda deportação ocorreu em 597 a. C., era o oitavo ano


do reinado de Nabucodonosor. O templo de Jerusalém foi
saqueado, mas não destruído (2 Rs 24:8-16). Nesta ocasião,
cerca de 10 mil pessoas foram levadas a cativeiro, inclusive o
profeta Ezequiel, que sempre data suas profecias a partir do
:
cativeiro de Joaquim, rei de Judá em Jerusalém, também
levado cativo nessa fase (2 Rs 24:15; Ez 1:1-3).

A mais terrível, quando ocorreu a queda de Judá, foi em 587-


586 a. C. (Jr 52:29). Esta pode ser considerada a data oficial do
início dos 70 anos do cativeiro. Você entenderá por que mais
adiante.

Foi dessa vez que o templo de Salomão em Jerusalém foi


destruído, e a dinastia de Davi chegou ao fim (2 Cron. 36:14-20).
Este rei babilônico tinha também a intenção de preparar diversos
jovens para trabalhar nos negócios de interesse de seu império;
de fato alguns jovens hebreus tiveram que se sujeitar a isso (Dn
1:1-4).

Uma outra deportação, a terceira, aconteceu em 582 a. C.,


provavelmente em represália ao assassinato de Gedalias,
homem que o rei Nabucodonosor colocou como governador de
Jerusalém em lugar do rei Zedequias, que fora levado cativo
devido sua rebelião contra o rei da Babilônia (2 Rs 25:7,22-25).

Essas três últimas deportações são registradas


pelo profeta Jeremias.

Jeremias 52:27-30 registra:

E o rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de


Hamate. Desta forma Judá foi levado cativo da sua própria
terra. Este é o povo a quem Nabucodonosor levou cativo: no
sétimo ano três mil e vinte três judeus. (598-597 a. C.)

No décimo oitavo ano de Nabucodonosor ele levou cativos de


Jerusalém oitocentas e trinta e duas pessoas. (587-586 a.
C.)
:
No vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, Nebuzaradã, o
capitão da guarda, levou cativos dos judeus setecentas e
quarenta e cinco pessoas. Todas as pessoas foram quatro mil
e seiscentas. (582 a. C.).

JAVÉ também prenunciou pela boca do profeta Jeremias que este


cativeiro duraria 70 anos, veja:

E esta terra inteira será uma desolação, e um assombro. E


estas nações servirão ao rei de Babilônia por setenta anos.
E acontecerá que, quando setenta anos forem completados,
que eu punirei o rei de Babilônia, e aquela nação, diz o
SENHOR, pela sua iniquidade, e a terra dos caldeus, e a farei
desolações perpétuas. (Jeremias 25:11-12 KJF)

Note que o evento que marcaria o início dos 70 anos do cativeiro


na Babilônia seria a desolação total de Jerusalém, o que inclui a
destruição de seu templo, de seus muros, seus palácios etc.
Portanto, este evento aconteceu na deportação do ano 586 a. C.

Veja também em Jeremias 29:8-10, que o evento que marcaria o


fim dos 70 anos de cativeiro seria a restauração total da cidade.
Mais abaixo veremos quando isso aconteceu.

Os profetas que viveram durante e que


anunciaram o cativeiro na Babilônia.
Para saber com mais detalhes como aconteceu o exílio
babilônico, leia os versículos referenciados em cada trecho
acima. E como nós também pudemos perceber nestes breves
relatos, os principais profetas do exílio babilônico foram
Jeremias, Daniel e Ezequiel.

Isaías viveu entre 765 e 681 a. C. e profetizou muitas coisas


:
acerca do Cativeiro na Babilônia (Is 39:5-7). Já Jeremias, que
viveu entre 650 e 586 a. C., um tempo durante o próprio exílio
babilônico, não foi levado cativo ao mesmo, mas foi-lhe
concedido viver em liberdade onde quisesse (Jr 40:1-6).

Ele pregava que todo o Israel, além de outras nações, deveriam


render-se ao rei da Babilônia (porque, através dele, JAVÉ estava
disciplinando seu povo devido à sua rebeldia e iniquidade – vide
Jr 28:14), e por isso foi tratado até como traidor do povo de Deus
(Jr 37:6-15; 38:1-6).

Qual foi o motivo dos cativeiros babilônico


e assírio?
A causa que levou os israelitas a sofrerem os cativeiros na
Babilônia e na Assíria, começou muito tempo antes destes
próprios exílios, para ser mais exato, ainda com o rei Salomão, o
terceiro rei da monarquia dos hebreus, cujo reinado durou de
970 a 931 a. C.

Como você deve saber, o rei Salomão ajuntou-se com várias


mulheres estrangeiras, e por isso estas o induziram a pecar
contra JAVÉ ao inclinar seu coração a adorar deuses pagãos (1 Rs
11:1-11).

Como consequência de tal ato, JAVÉ divide o reino da dinastia de


Davi e entrega uma parte do mesmo a um dos servos do próprio
rei, a saber, Jeroboão (931 a. C.). Este, por sua vez, mesmo tendo
sido inicialmente chamado pelo próprio Deus JAVÉ para herdar o
trono real de Israel (1 Rs 11:29-38), ao assumir o reinado, logo de
início cuida de instalar a idolatria no reino, pois não confiou em
JAVÉ para firmá-lo como rei, e temeu que o povo devolvesse o
reino ao filho de Salomão, que reinava em Judá (1 Rs 12:20,25-
:
33).

Daí por diante o povo inclinou-se à idolatria e por isso à maldade,


e vários outros reis idólatras também se levantaram, que
abandonaram os caminhos de JAVÉ, Deus de Davi, e embora Seus
profetas tentassem fazer o povo voltar para os caminhos dele, o
povo tornou-se tão obstinado que não houve outro remédio para
eles, a não ser sofrer a disciplina e o juízo com o cativeiro na
Babilônia (2 Cron. 36:14-20).

Retorno de Israel do cativeiro na Babilônia.


Geralmente se ouve a pergunta quem libertou os hebreus do
cativeiro da babilônia, entretanto é importante saber que isso
também aconteceu em várias partes, e reis persas foram
responsáveis por sua libertação.

Segue uma ordem cronológica dos reis persas que contribuíram


para libertar os hebreus de seu cativeiro, confira:

Ciro II, o Grande, 559 – 530 a. C.


Mencionado nos capítulos 1 e 6 do livro de Esdras, além
de Isaías 45:1. Este permitiu o retorno dos judeus do
exílio e facilitou a reconstrução do templo em
Jerusalém.
Em 539 a. C. Ciro conquista a Babilônia e, partilhando
o ideal de uma política de respeito às culturas dos povos
que conquistava (a fim de conquistar a fidelidade deles),
permitiu aos hebreus que retornassem à sua terra de
origem e aos seus costumes religiosos.
Como dito antes, Ciro é citado em Esdras 1:1-4, que
registra o cumprimento da profecia de Jeremias 29:10, e
também em 6:3-5, que registra o cumprimento da
:
profecia de Isaías 44:28 (observe que Isaías
desempenhou o seu ministério entre 739 e 681 a. C., ao
passo que Ciro veio a ser rei da Pérsia em 539 a.C. Há
entre eles um período de 150 a 200 anos).
Observe que o cativeiro babilônico se refere à Judá, e
não a todo Israel.
Cambisses II (não mencionado na Bíblia. Filho de Ciro), 530
– 522 a. C.
Dario I Histaspes, 522 – 486 a. C.
No primeiro ano de Dario, Daniel lê nos livros do profeta
Jeremias que os judeus deveriam passar 70 anos no
cativeiro babilônico (Dn 9:1-3). Considerando a data de
586, quando aconteceu a queda total de Jerusalém e
seu templo, Daniel lê isso aos 64 anos de cativeiro.
Ageu e Zacarias pregaram durante o segundo ano de
Dario (520 a. C.). Durante seu reinado aconteceu a
reconstrução e dedicação do templo (516 a. C.; Ver
Esdras 6:13-15).
Xerxes I, 486 – 465 a. C. Este possivelmente é o Assuero,
mencionado no livro de Ester (1:1-5). Era filho de Dario I.
Artaxerxes I Longímano, 465 – 425 a. C.
Neemias era seu copeiro e pede-lhe permissão para ir
até Judá e reconstruir os muros de Jerusalém em 444 a.
C., que é o vigésimo ano de seu reinado (ver Neemias
2:1).
A data tradicional da missão de Esdras é no ano sétimo
do reinado de Artaxerxes, em 458 a. C. Ver Esdras 7:7.

Qual é a data exata dos 70 anos no exílio


babilônico?
Os 70 anos do cativeiro na Babilônia duraram de 587-586
:
até 516 a. C., que é o sexto ano do rei Dario.

Embora haja diferentes opiniões a respeito da data de duração


do cativeiro, essa é uma alternativa aceitável, pois em 586
aconteceu a ruína total do reino de Judá e a destruição do
templo, e mais pessoas foram levadas cativas; como registrado
em Jeremias 25:11, podemos afirmar que o início dos 70 anos em
cativeiro começariam a contar depois da desolação total de
Jerusalém.

Se somarmos os anos deste acontecimento até a data em que


Ciro conquista a Babilônia e promove a liberdade dos judeus, em
539, teremos apenas 48 anos; porém, no segundo ano do rei
Dario, o segundo sucessor de Ciro, em 520, vemos que Judá
ainda não havia retornado completamente do cativeiro, se não
apenas algumas porções de gente.

De acordo com registro do profeta Zacarias 1:7-13, no segundo


ano de Dario (520), é revelado que Judá ainda estava dentro do
período dos 70 anos de cativeiro (66 anos). Nesta data, o templo
de Jerusalém ainda estava sendo reconstruído desde o primeiro
ano em que Ciro conquistou a Babilônia (539, vide Ed 5:13-16), a
obra foi finalizada no sexto ano de Dario.

Os 70 anos completam-se finalmente em 516 a. C., no sexto ano


do rei Dario, quando o templo de Jerusalém é finalmente
reconstruído e a liberdade dos judeus é plenamente
recuperada, como JAVÉ havia prometido por meio da carta que
Jeremias enviou aos exilados do ano 597.

Porque assim diz o SENHOR: Após se completarem setenta


anos em Babilônia, eu vos visitarei e cumprirei a minha boa
palavra em vós, fazendo-vos retornar para este lugar.
(Jeremias 29:10 KJF)
:
Repare que o profeta Jeremias estava em Jerusalém quando
envia essa carta aos cativos de Judá que haviam sido levados
para a Babilônia nessa ocasião (29:1). E foi justamente no ano 516
que os judeus recuperaram sua plena liberdade, restaurando seu
culto no templo em Jerusalém, os sacerdotes e os levitas, e
justamente neste tempo eles puderam celebrar a páscoa
novamente com os cativos que lá estiveram, justamente o evento
que também marcou a liberdade deles da escravidão no Egito,
como registra Esdras 6:14-21.

Portanto, de 586, ano da queda total de Judá e


destruição do templo, até 516 a. C., ano da
reconstrução do templo, restauração do culto e
celebração da páscoa, são exatos 70 anos.

Além de todas essas provas, Jeremias profetizou que o cativeiro


levaria 70 anos para acabar em pelo menos duas ocasiões, veja;

1. Ano 605, primeiro ano de Nabucodonosor (Jr 25:1,11);


2. Depois ele confirma esses 70 anos de cativeiro em 597,
quando envia uma carta aos que foram levados cativos para a
Babilônia nessa ocasião, junto com o rei Jeconias (Jr 29:1-
10).

Portanto, o exílio só pode ter começado depois dessas datas,


então tudo indica que iniciam-se os 70 anos em 586, quando
Jerusalém é completamente tomada e seu templo destruído.

O retorno dos judeus do cativeiro da


Babilônia também aconteceu em várias
fases.
É importante notar que, mesmo depois de completados todos os
:
anos do cativeiro, dos decretos que libertaram os judeus e da
restauração de seu templo e seu culto, nem todos eles voltaram
para Jerusalém e para as terras de Israel.

Os primeiros judeus retornaram do exílio para Israel em 538


a. C. (Esdras caps. 1 – 6), pouco tempo depois de Ciro ter dado o
decreto permitindo-os.

Seus líderes eram Zorobabel e Jesua. Ciro Também permitiu que


o templo de Jerusalém fosse reconstruído e ainda proveu
tesouros para ajudar nessa tarefa, o que de fato começou a ser
feito, como lemos em Esdras 5:13-16. Foram devolvidos ainda os
objetos de ouro e de prata utilizados no culto, que anteriormente
foram retirados do templo por Nabucodonosor.

Em 458 a. C. o rei persa Artaxerxes I permitiu a qualquer judeu


que quisesse retornar para sua pátria (Esdras caps. 7 – 10). Nesta
fase foram permitidos estabelecer magistrados civis e juízes
judeus, além disso vários homens de Israel haviam se casado com
mulheres estrangeiras.

Em 444 a. C. Neemias lidera a última caravana que retorna


para Jerusalém sob Artaxerxes I também. Nessa fase foi
permitida a reconstrução da Cidade de Jerusalém e em 52 dias
Neemias e outros judeus, mesmo com algumas oposições,
reerguem os muros da cidade (Ne 6:15).

Este vídeo do Rodrigo Silva também dá muitos detalhes a respeito


deste período da história de Israel, e confirmar as informações
trazidas neste estudo bíblico:
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