Você está na página 1de 4

Língua Portuguesa 1

Docente: André Padilha

Atividade: Aspectos Estruturais da Poesia

1 Definições:
• Versos: cada uma das linhas de um poema, caracterizando-se por possuir certa melodia 5

ou certos efeitos sonoros.


• Estrofe: divisão de um texto lírico ou épico, formada por um determinado número de
versos que podem apresentar (ou não) rimas entre si. Classificam-se em:
– dístico = 2 versos
– terceto = 3 versos 10

– quarteto/quadra = 4 versos
– quinteto/quintilha = 5 versos
– sexteto/sextilha = 6 versos
– sétima/septilha = 7 versos
– oitava = 8 versos 15

– novena/nona = 9 versos
– décima = 10 versos
* Quando a estrofe não apresenta regularidade entre os versos, isto é, as sílabas
poéticas são diferentes entre si, dizemos que é composta por versos livres
• Metros: refere-se à medida do versos. É relativo ao número de sílabas poéticas em cada 20

verso. As sílabas métricas, ou poéticas, diferem das sílabas gramaticais em alguns aspectos.
Para contar corretamente as sílabas poéticas, deve-se seguir os seguintes preceitos:
– Não se contam as sílabas poéticas que estejam após a última sílaba tônica1 do verso;
– Ditongos têm valor de uma só sílaba poética;
– Duas ou mais vogais, átonas ou até mesmo tônicas, podem fundir-se entre uma 25

palavra e outra, formando uma só sílaba poética.


• Escansão: processo que consiste em decompor um verso a partir dos seus elementos de
métrica (ver Metro). Por meio da escansão é possível observar os tipos de versos, cujos
tipos especiais são:
1
Sílaba mais forte.

1
– redondilhas menores = 5 sílabas poéticas 30

– redondilhas maiores = 7 sílabas poéticas


– decassílabos = 10 silabas poéticas
– alexandrinos = 12 sílabas poéticas

• Rimas: repetição de sons iguais ou similares, em uma ou mais sílabas, geralmente acentu-
adas, que ocorrem em intervalos determinados e reconhecíveis. Podem ser de dois tipos: 35

– pobres = palavras rimadas pertencem à mesma classe gramatical. Ex.: pé (subst.) e


fé (subst.)
– ricas = palavras rimadas pertencem classes gramaticais diferentes. Ex.: vela (subst.) e
revela (verbo)
* Quando os versos do poema não apresentam rimas, são chamados de versos 40

brancos
– Classificação das rimas:
* emparelhadas ou paralelas (AABBCC)
* intercaladas, opostas ou interpoladas (ABBA)
* Cruzadas, entrecruzadas ou alternadas (ABAB) 45

* Encadeadas (o fim de um verso coincide com o interior do verso seguinte


* misturadas (não apresentam nenhum esquema regular)

2 Análise de um poema barroco


Importante:
50

Qualquer análise de poemas deve observar os seguintes aspectos constitutivos:

1. Conteúdo e temática

• denotação (sentido mais comum das palavras)


• conotação (sentidos, ideias, associação que extrapolam o sentido mais comum)

2. Figuras de linguagem 55

• metáfora
• metonímia
• sinestesia
• hipérbole
• antítese 60

• gradação
• aliteração

2
• assonância
• ironia
• personificação 65

• ...
3. Intertextualidade
4. Classificação dos versos (escansão)
5. Tipo de estrofe
6. Tipo de rimas 70

2.1 Poema de Gregório de Matos


A Jesus Cristo Nosso Senhor

Pequei, Senhor; mas não porque hei pecado,


Da vossa alta clemência me despido; 75

Porque, quanto mais tenho delinquido,


Vos tenho a perdoar mais empenhado.

Se basta a vos irar tanto pecado,


A abrandar-vos sobeja um só gemido: 80

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,


Vos tem para o perdão lisonjeado.

Se uma ovelha perdida e já cobrada


Glória tal e prazer tão repentino 85

Vos deu, como afirmais na sacra história,

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada,


Cobrai-a; e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória. 90

Conteúdo

Este poema tem como tema central a religiosidade. O eu-lírico apresenta os temas do arre-
pendimento e do perdão, apelando para a infinita capacidade de Cristo em redimir os pecadores,
por piores que sejam. Utiliza como argumento o fato de que a ausência de perdão representaria 95

o fim da glória divina porque Deus é misericordioso e perdoa o pecador arrependido. O eu lírico
entra em conflito com suas atitudes na vida terrena e busca a Deus – através de Cristo – para
pedir perdão em busca da salvação.

100

Intertextualidade

3
Este poema baseia-se em uma passagem do Evangelho de São Lucas (Lc 15,2-7) em que Cristo
conta uma parábola sobre a ovelha perdida. Neste trecho do Evangelho, Cristo finaliza afirmando:
“Eu digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende 105

do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se.”. Ver abaixo.

Estrofes e Figuras de Linguagem

Trata-se este poema de uma forma fixa da poesia: o soneto. Tem-se 14 versos dispostos em 110

dois quartetos e dois tercetos.


Na primeira estrofe, o eu lírico reconhece seus erros sendo um pecador, dialogando com
Deus. Na primeira linha deste poema a presença de uma figura de linguagem que é a antítese
indicando ideia contrária, pois ao mesmo tempo que ele assume que pecou, afirma que não
pecou. 115

Na segunda estrofe, o eu lírico fala que do mesmo modo que a culpa que fez se arrepender
de seus pecados, Deus possui o poder de perdoar, aqui a também presença de antíteses: Irar/
Abrandar-vos, ofendido/lisonjeado.
Na terceira estrofe, o eu lírico admite que está perdido no pecado. Então ele recorre a uma
passagem bíblica: da parábola da ovelha desgarrada intertextualidade. 120

Na quarta e última estrofe, o eu lírico se compara com a ovelha desgarrada. Na primeira linha
está presente a metáfora. Ele utiliza da súplica a Deus, em pedido de misericórdia para perdoar
seus erros. Cristo perdoa o pecador, pois, assim como Deus se preocupou com a ovelha perdida,
se preocupa com os pecadores que se arrependem comparação.
125

Esquema de Rimas e Classificação dos Versos

O esquema de rimas utilizado pelo poeta é de rimas interpoladas nos quartetos (ABBA ABBA)
e rimas emparelhadas nos tercetos (CDE CDE) e os versos são decassílabos. 130

Você também pode gostar