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C N U.T.I.

CIÊNCIAS DA
NATUREZA
Unidade Técnica de Imersão
1
0 1 Biologia 1

U.T.I.

C N
BIOLOGIA
Origem da vida

Teorias sobre a origem da vida


Filósofos importantes, como Platão e Aristóteles, aceitavam certa explicação sobre a origem dos seres vivos.
Dessa interpretação, surgiu a teoria da geração espontânea ou teoria da abiogênese, segundo a qual todos os seres
vivos originam-se da matéria bruta de modo contínuo.
Essa teoria, entretanto, foi contestada por vários cientistas, que por meio de seus experimentos provaram
que um ser vivo só se origina de outro ser vivo. Surgiu, então, a atualmente aceita teoria da biogênese.
§§ Teoria da abiogênese: os seres vivos originam-se da matéria bruta de maneira contínua. Principais de-
fensores: Aristóteles, Platão, Needhan, Virgílio, Aldovandro, Kricher e Van Helmont.
§§ Teoria da biogênese: os seres vivos originam-se de outros seres vivos. Principais defensores: Redi,
Spallanzani e Pasteur.

Redi
Por volta de 1660, Francesco Redi começou a combater a teoria da
geração espontânea. Para isso, colocou pedaços de carne crua dentro de
frascos, deixando alguns abertos e outros fechados com gaze. Veja esque-
ma do experimento ao lado.
Dessa forma, constatou a presença de numerosos ovos e larvas de
insetos sobre a gaze que fechava o recipiente e a ausência deles sobre a
carne ali contida. Esse experimento demonstrou que os insetos eram atra-
ídos pela carne e que o aparecimento de larvas era, portanto, proveniente
dos numerosos ovos colocados por esses animais. Os resultados de Redi
fortaleceram a teoria da biogênese.

Pasteur
Louis Pasteur, por volta de 1860, por meio de seus célebres expe-
rimentos com balões do tipo “pescoço de cisne”, conseguiu provar defi-
Experimento realizado por Redi, cujo
nitivamente que os seres vivos originavam-se de outros seres vivos. Além resultado reforçou a teoria da biogênese.

disso, constatou a presença de micróbios no ar atmosférico.


Este experimento mostra que um líquido, ao ser fervido, não perde a “força vital”, como defendiam os adeptos
da abiogênese, pois quando o pescoço do balão é quebrado, após a fervura do líquido, há aparecimento de seres vivos. O
experimento rebate ainda outro argumento dos adeptos da abiogênese: a formação de ar viciado impróprio para a vida. O
líquido fervido fica, neste caso, em contato com o ar atmosférico através do pescoço do balão e não ocorre o aparecimento
de seres vivos, pois as gotículas de água que se acumulam nesse pescoço retêm os micróbios contidos no ar que penetra
no balão. A partir dos experimentos de Pasteur, a teoria da biogênese passou a ter preferência nos meios científicos.

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A hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos
Essa hipótese sugere que moléculas orgânicas complexas foram formadas a partir de moléculas simples nas con-
dições da Terra primitiva, antes do aparecimento dos seres vivos. Os gases amônia (NH3), hidrogênio (H), metano (CH4) e
vapor de água da atmosfera primitiva, ao sofrerem os efeitos das fortes descargas elétricas provenientes das frequentes
tempestades e da influência acentuada dos raios ultravioleta do Sol, reagiram entre si, formando moléculas orgânicas
simples (aminoácidos, açúcares, álcoois). Essas moléculas teriam sido, então, arrastadas pelas águas da chuva e se acu-
mulado nos mares primitivos, onde outras reações teriam ocorrido. Substâncias orgânicas formaram uma “sopa nutritiva’’.
As moléculas de proteína aproximam-se, formando vários aglomerados proteicos envoltos por várias molé-
culas de água. Esses aglomerados foram chamados por Oparin de coacervados.
Esses coacervados não eram seres vivos, mas sim uma primitiva organização das substâncias
orgânicas, principalmente de proteínas.
Apesar de isolados, os coacervados podiam trocar substâncias com o meio externo, sendo que, em seu
interior, havia margem para inúmeras reações químicas, permitindo a duplicação e, assim, os primeiros seres vivos.

O experimento de Miller
Stanley L. Miller construiu um aparelho que simulava as condições da Terra primitiva e introduziu nele os
gases que provavelmente constituíam a atmosfera naquela época. Esses gases foram amônia (NH3), hidrogênio (H),
metano (CH4) e vapor de água.

Experimento de Miller

A água, ao ferver, forma vapor e promove a circulação em todo o sistema, de acordo com o sentido das
setas. No balão em que se encontra a mistura gasosa, ocorrem descargas elétricas, simulando os raios que, naquela
época, deviam ocorrer com frequência.
Então, o experimento de Miller demonstrou que moléculas orgânicas (aminoácidos) poderiam ter-se
formado nas condições da Terra primitiva, o que reforça a hipótese da evolução gradual dos sistemas químicos.

A hipótese autotrófica
Como todo ser vivo necessita de alimento para sobreviver, é lógico admitir que os primeiros seres vivos tenham sido
capazes de produzi-lo, isto é, tenham sido autótrofos. Contra essa hipótese, existe uma objeção de que os autótrofos sinte-
tizam alimentos orgânicos (a partir de substâncias inorgânicas) à custa de uma série extremamente complexa de reações
químicas, exigindo que o organismo também seja complexo. Acontece, porém, que a teoria da evolução biológica, contra a
qual não há objeções sérias, afirma que os primeiros seres vivos devem ter sido bastante simples, levando muito tempo para
se tornarem complexos; portanto, os biólogos não aceitam a hipótese autotrófica, porque ela vai contra a teoria da evolução.

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A hipótese heterotrófica finidos, os heterótrofos anaeróbios primitivos teriam cres-
cido gradativamente, a tal ponto que teria surgido a luta
Supõe que a forma mais primitiva de vida se pela sobrevivência devido a problemas no volume celular.
desenvolveu de matéria não viva, formando-se em um Nessas condições, eles teriam perecido ou teriam
ambiente complexo um ser muito simples, incapaz de se dividido, como meio de reduzir o volume. Nos orga-
fabricar seu alimento. A hipótese heterotrófica supõe nismos bem-sucedidos, teriam surgido os ácidos nuclei-
que um ser muito simples evoluiu, vagarosamente, da cos, moléculas que controlam os processos básicos de
matéria inanimada, e que isso aconteceu há milhões de reprodução e organização. Em tais condições, o primiti-
anos, mas não ocorre mais. vo organismo que tivesse DNA teria encontrado o meio
De acordo com a hipótese heterotrófica, a vida teria para se duplicar exatamente, transmitindo aos seus des-
surgido por meio das seguintes etapas, ilustradas ao lado: cendentes o mesmo padrão de organização conseguido
após todo o tempo de evolução transcorrido.
FORMAÇÃO DE AMINOÁCIDOS

FORMAÇÃO DE PROTEÍNAS CAPACIDADE DE REPRODUÇÃO Aparecimento dos autótrofos


FORMAÇÃO DE COACERVADOS APARECIMENTO DE AUTÓTROFOS
O DNA, ao duplicar-se, geralmente dá origem
SURGIMENTO DE HETERÓTROFOS PREDOMÍNIO DE AUTÓTROFOS a cópias exatamente iguais; porém, às vezes, ocorrem
mutações, isto é, alterações na sequência de bases exis-
OBTENÇÃO DE ENERGIA APARECIMENTO DE AERÓBIOS
tente na molécula e, com isso, a molécula que controla
as atividades vitais passa a não ser mais a mesma. Por-
tanto, as células-filhas que receberam a mutação terão
Formação de proteínas uma alteração no seu comportamento.
Com o passar do tempo, mais mutações foram
Na Terra primitiva, os aminoácidos teriam che-
ocorrendo e surgiram organismos aptos a usar CO2 e
gado às rochas carregados pelas chuvas. A evaporação
energia luminosa como fontes de energia. Assim, surgi-
da água teria deixado os aminoácidos secos sobre a
superfície das rochas quentes. Em tais condições, teria ram os seres autótrofos fermentadores e fotossintéticos,
ocorrido a formação de ligações peptídicas (síntese por que começaram a liberar O2 para a atmosfera terrestre.
desidratação) pela evaporação de água e a consequente
formação de proteínas; posteriormente, tais proteínas Aparecimento dos aeróbios
seriam levadas aos oceanos pelas chuvas.
Os primeiros autótrofos, a partir de um supri-
Surgimento dos heterótrofos mento de CO2, enzimas de ATP e aparecimento de uma
molécula (talvez a clorofila, capaz de absorver a energia
Pode-se afirmar que não havia camada de ozô- luminosa), realizariam uma primitiva fotossíntese.
nio na Terra primitiva, portanto, a temperatura da super- No processo de fotossíntese, liberam-se molécu-
fície terrestre era muito alta. las de oxigênio. Portanto, podemos supor que uma certa
Nesse cenário, as combinações de elementos quantidade de gás tenha-se acumulado gradativamente,
simples levavam à formação de substâncias complexas. durante milhares de anos, como consequência do apa-
Assim, foi possível a formação de seres unicelulares recimento dos autótrofos. Todavia, a utilização de
heterótrofos. A única fonte de energia disponível era a oxigênio para a obtenção de energia a partir da
própria sopa nutritiva (sem O2); portanto, eram heteró- glicose libera muito mais energia do que a retira-
trofos fermentadores – liberavam CO2. da de energia na ausência de oxigênio, pois a fer-
mentação fornece um saldo energético de ape-
Capacidade de reprodução nas 2 ATP, enquanto, na reação com o oxigênio, o
saldo é de 38 ATP. Teriam, então, levado vantagem os
Graças a sua capacidade de retirar alimentos e organismos capazes de executar respiração aeróbia, pois,
energia do meio e organizar as moléculas em padrões de- assim, retirava-se mais energia do alimento disponível.

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Evidências evolutivas Evidências evolutivas
A ideia de evolução A expressão “evidência evolutiva” sugere a ideia
de comprovação de um fato. Logo, a partir de agora, passa-
A evolução biológica consiste no conjunto de mo- remos a encarar a evolução biológica como um fato.
dificações (mutações) sofridas pelas espécies ao longo de
muito tempo. Essas modificações podem permitir à es- Fósseis
pécie uma melhor adaptação ao meio em que vive, ou
seja, realizar com mais eficiência seus comportamentos Correspondem à principal e mais notável evidên-
reprodutivo, alimentar e de exploração de seu habitat. cia a favor do transformismo e, portanto, da evolução.
Portanto, uma espécie evoluída é adaptada ao meio São, por definição, restos ou vestígios de organismos de
em que vive, não importando o seu grau de complexidade. épocas remotas conservados até a atualidade. Repre-
Logo, é interessante observar que tanto organis- sentam uma evidência evolutiva, pois mostram-nos que
mos simples, como as bactérias, ou complexos, como os os organismos não foram criados simultaneamente, ou
mamíferos, estão adaptados ao ambiente em que vivem. seja, há fósseis de diferentes idades.

As espécies Datação radioativa dos fósseis


Espécies consistem em um conjunto de indivídu-
os, semelhantes anato, fisio e filogeneticamente, capazes A idade de um fóssil pode ser estimada pela me-
de realizar fluxo gênico entre si por mecanismos repro- dição de elementos radioativos presentes nele ou na ro-
dutivos diversos, com produção de descendentes com as cha em que está fossilizado. Em princípio, quanto mais
mesmas propriedades de transmissão hereditária. profundo o terreno, mais antigo é o fóssil.
Caso o fóssil apresente substâncias orgânicas
Conceitos em sua constituição, sua idade pode ser calculada com
razoável precisão pelo método do carbono-14 (14C),
Durante muito tempo, acreditou-se que os seres um isótopo radioativo do carbono (12C).
vivos que conhecemos hoje, quase 2 milhões de espécies, Como a meia-vida do carbono-14 é relativamente
fossem exatamente iguais à época de sua criação. Essa curta, a datação mediante esse isótopo serve apenas para
teoria é conhecida como fixismo. fósseis com menos de 50 mil anos. Para datar fósseis
Já o transformismo ou evolucionismo pro- mais antigos, empregam-se isótopos com meia-vida
põe que as espécies são mutáveis, ou seja, modificam-se mais longa, como o isótopo de urânio-235 (235U) e de
ao longo do tempo. potássio (40K).[

Estudo comparativo ósseo entre membros anteriores (da esquerda para a direita) de homem, gato, baleia e morcego.

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Anatomia comparada
No estudo dos vertebrados, é evidente que existe um padrão esquelético: um crânio ligado a uma coluna
vertebral, que apresenta uma cintura escapular, nela se conectam os membros anteriores e uma cintura pélvica, na
qual estão conectados os membros posteriores. Portanto, todos os vertebrados, apesar de diferentes, apresentam
características em comum, o que mostra parentesco e indica um ancestral comum, que, por evolução, deu origem
a todos os subgrupos.

Embriologia comparada
O estudo embriológico dos animais mostra que quanto mais inicial é a fase de desenvolvimento do embrião,
maiores são as dificuldades de diferenciação e identificação do grupo estudado. Isso quer dizer que o desenvolvi-
mento embriológico dos animais é extremamente semelhante nas suas fases iniciais, ocorrendo a diferenciação só
mais tardiamente. Logo, entre espécies ou grupos evolutivamente próximos existe uma semelhança embriológica
muito grande quanto às fases iniciais do desenvolvimento.

Bioquímica, biologia e genética molecular


Recentemente, estudos nas áreas da bioquímica, biologia e genética molecular têm mostrado que a pre-
sença das mesmas proteínas em organismos de grupos diferentes indica semelhança no aparato metabólico e
hereditário, o que, sem dúvida nenhuma, evidencia parentesco e, portanto, ancestralidade comum.

Homologias e analogias
Estruturas homólogas apresentam a mesma origem embriológica, porém, podem ter destinos funcionais dife-
rentes. Estruturas análogas apresentam a mesma função ou papel biológico, porém, podem ter origens embriológicas
distintas. Veja a figura a seguir:

Representação de homologia e analogia

A homologia é evidente no processo de formação das espécies, a partir de um ancestral comum, e caracte-
riza o que chamamos de irradiação adaptativa.

Estruturas vestigais
Trata-se de características biológicas encontradas em alguns grupos de seres vivos e que não são mais fun-
cionais em outros grupos. Como exemplo, na espécie humana, podemos citar os músculos que movem as orelhas,
a membrana nictante nos olhos, o apêndice intestinal, a musculatura abdominal, os dentes do siso e a presença de
pelos cobrindo o corpo.

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Teorias evolutivas população natural, são muito variáveis em forma
e comportamento, sendo a variabilidade muito
influenciada pela hereditariedade.

As ideias de Lamarck Portanto, havendo grande variabilidade e grande mor-


talidade, uns organismos terão maior probabilidade de deixar
Lamarck acreditava que as características neces- descendentes do que outros: a tal tipo de reprodução seletiva,
sárias à adaptação em um certo ambiente pudessem ser Darwin chamou seleção natural. Como Darwin demonstrou, a
adquiridas, simplesmente, pelo uso intensivo do órgão seleção natural ou “luta pela vida com sobrevivência do mais
ou estrutura envolvida (1), e que essa “transformação” apto” é o fator orientador da evolução, mas não a causa das
variações, que ele foi incapaz de descobrir. A dificuldade de
pudesse ser transmitida aos descendentes, ou seja, he-
Darwin só foi resolvida com a descoberta das mutações ex-
reditariamente (2). Logo, o lamarquismo está baseado
postas pelo mutacionismo, no século XX, por Hugo de Vries,
em dois pontos:
que são responsáveis pela origem das variações.
1. Lei do uso e desuso
O principal ponto do darwinismo, portanto, é a
2. Transmissão hereditária de caracteres ad-
teoria da seleção natural, que é a escolha que o
quiridos
ambiente faz das características mais aptas.
Vejamos, neste exemplo, a aplicação dessa ideia: Portanto, o darwinismo pode ser entendido sob
o comprimento do pescoço das girafas pode ser enten- três pontos básicos:
dido, se atentarmos aos esforços diários nas tentativas 1. Variabilidade intraespecífica
de alcançar os ramos mais altos das árvores, que pro- 2. Seleção natural
vocariam um desenvolvimento de ossos e músculos. As 3. Adaptação
girafas com pescoços desenvolvidos transmitiriam essa
característica a seus descendentes. Logo, ao longo das O meio ambiente e a adaptação
gerações, todas as girafas teriam pescoços grandes.
Segundo Lamarck, o ambiente tem um papel
Para Lamarck, portanto, o ambiente tem um papel dire-
ativo, pois atua como um fator de modificação das espé-
cionador na modificação das características, ou seja, na
cies. Para Darwin, o ambiente tem um papel passivo,
adaptação dos organismos, uma vez que estes se modi-
pois atua apenas selecionando as variações mais aptas pre-
ficam para atender às necessidades impostas pelo meio.
existentes. Ele não conhecia os mecanismos de transmissão
hereditária. Isso só foi elucidado com o advento da genética.
Darwinismo
Exemplos de vantagens adaptativas
Darwin, por sua vez, defende a evolução em
si como um processo lento e gradual de pequenas
mudanças, que vão se acumulando de geração em
Coloração de advertência
geração até que resultem em uma grande mudança em
Há animais, cuja coloração é bastante vistosa.
relação aos indivíduos ancestrais.
Além disso, produzem e armazenam substâncias quími-
Em seu livro A origem das espécies, Darwin ex-
cas nocivas. Sinaliza aos possíveis predadores que eles
pôs a sua teoria da evolução por seleção natural, to-
não devem ser ingeridos, pois são perigosos.
mando como pontos de partida duas observações:
§§ Os organismos vivos produzem grande número Mimetismo
de sementes ou ovos, mas o número de indiví-
duos nas populações normais é mais ou menos Determinados organismos, denominados mí-
constante, o que só se pode explicar pela grande micos, apresentam características que os confundem
mortalidade natural. com outro grupo de organismos, os modelos. Em ge-
§§ Organismos de mesma espécie, ou então de uma ral, essa semelhança dá-se pelo padrão de coloração,

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textura, forma corporal, comportamento, constituição molecular e paleontologia, deram origem a uma teoria
química. Ela confere ao mímico uma vantagem adap- moderna de evolução conhecida como neodarwinis-
tativa. Existem três tipos de mimetismo: batesiano, mo ou teoria sintética da evolução, que integra
mülleriano e reprodutivo. esses novos conhecimentos às ideias de Darwin, escla-
§§ O mimetismo batesiano (de defesa) consiste na recendo principalmente as causas da variabilidade.
imitação de um modelo tóxico ou perigoso por A moderna teoria sintética da evolução envol-
espécies “não repulsivas” ou inofensivas, que se ve quatro fatores básicos: mutação, recombinação
privam de ser predadas. genética, seleção natural e isolamento reprodu-
§§ O mimetismo mülleriano consiste no veneno tivo. Os dois primeiros determinam a variabilidade ge-
ou no sabor desagradável de duas ou mais espé- nética, que é orientada pelos dois últimos. Três proces-
cies. Em face da coloração de advertência seme- sos acessórios também atuam no processo: migração,
lhante, ambas ampliam o número de predadores hibridação e oscilação genética.
que passam a evitá-las. A migração é responsável pelo fluxo gênico, que
§§ O mimetismo reprodutivo é bastante comum traz à população novos genes. A hibridação consiste no
entre plantas que mimetizam a fêmea de insetos cruzamento entre popuIações com patrimônios gené-
e aproveitam a tentativa de acasalamento para ticos diferentes. A oscilação genética ocorre, quando,
sua polinização. em populações finitas pequenas, o equilíbrio de Hardy-
-Weinberg é alterado pelo tamanho da população. Se
Camuflagem ocorrer mutação rara, o número de portadores da muta-
ção será baixo e, pela sua morte, desaparecerá da popu-
Trata-se de um conjunto de técnicas e métodos lação. Poderá aparecer novamente, quando e se ocorrer
que permite a um organismo permanecer indistinto do nova mutação. Esses fatores podem contribuir para a
ambiente que o rodeia. A camuflagem pode ser vanta- variabilidade genética.
josa para o predador, que cerca a presa sem ser per- Sob a designação de variabilidade, enquadramos
cebido, e para a presa, que se confunde com o meio, as diferenças existentes entre os indivíduos da mesma
passando despercebida pelo predador. espécie. As fontes de variabilidade são as mutações e a
§§ Homocromia consiste na coloração seme- recombinação genética.
lhante do organismo com a do meio onde As variações são submetidas ao meio ambien-
vive: cascas, galhos e folhas de árvores, cor te, que, pela seleção natural, conserva as favoráveis e
da areia etc. elimina as desfavoráveis. Assim, quando as condições
§§ Homotipia consiste na semelhança do indi- ambientais se modificam, algumas variações serão van-
víduo com a forma de estruturas presentes no tajosas e permitirão, então, aos indivíduos que as apre-
meio onde vive. É o caso dos insetos bicho-folha sentam sobreviver e produzir mais descendentes do que
e bicho-pau, que se assemelham a folhas e gra- aqueles que não as têm. Resumindo, temos:
vetos, respectivamente.
1. Variabilidade intraespecífica
§§ mutação
Neodarwinismo – teoria §§ recombinação genética: crossing-over
2. Seleção natural
sintética da evolução 3. Adaptação
Porém, a recombinação genética (crossing-
Na época em que Darwin propôs a sua teoria, os -over) promove o embaralhamento dessas modificações.
mecanismos da herança biológica não eram conhecidos. As mutações ocorrem em todo e qualquer organismo,
Apesar de ter sido contemporâneo de Gregor Mendel – enquanto que a recombinação genética só ocorre na-
pai da genética –, eles não se conheceram. Descobertas queles que sofrem meiose para produzir gametas, nos
recentes (século XX), nos campos da genética, biologia animais, e esporos, nos vegetais. Logo, os organismos

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que se reproduzem sexuadamente apresentam uma va- das características desses organismos, como a produção
riabilidade muito maior em suas populações do que os de carne, leite, lã e frutas.
organismos que se reproduzem assexuadamente, uma Darwin chegou à conclusão de que a seleção artifi-
vez que sofrem meiose. cial pode ser comparada à exercida pela natureza sobre as
espécies selvagens.

Tipos de seleção natural


§§ Seleção direcional: ocorre quando as condi- Especiação
ções ambientais favorecem um único fenótipo.
§§ Seleção estabilizadora: favorece indiví-
duos de fenótipos intermediários, eliminan- Especiação é o processo evolutivo pelo qual as
do aqueles de fenótipos extremos. novas espécies se formam. Mas antes de falarmos mais
§§ Seleção disruptiva: ocorre quando uma sobre esse processo, falaremos primeiro sobre o que é
população é submetida a diferentes pres- uma espécie.
sões do ambiente, favorecendo indivíduos Melhor do que uma única definição para espécie,
com fenótipos extremos.
que facilmente a associaria a um termo ou conceito, é
preferível considerar diferentes definições.
As mutações são aleatórias, ocorrem ao acaso §§ Definição biológica de espécie: são grupos
sem que haja relação com a utilidade ou não para que de populações naturais potencialmente capazes
ela venha a ocorrer. Em razão disso, alterações no DNA de se cruzar (gerando descendentes férteis) e
não são uma estratégia do organismo para se adaptar a que estão reprodutivamente isoladas de outros
alguma situação. No entanto, caso ocorra uma mutação grupos semelhantes, em condições naturais.
favorável, ela será selecionada positivamente; assim, a §§ Unidade ecológica: apresenta característi-
população desses indivíduos portadores dessa mutação cas próprias e mantém relações bem definidas
tenderá a aumentar. Observe-se que mutações não são com o ambiente e com outras espécies.
necessariamente benéficas, podem ser neutras ou preju- §§ Unidade gênica: dotada de um patrimônio
diciais para o organismo. gênico característico, que não se mistura
A seguir, alguns outros exemplos de seleção natural: com o de outras espécies e evolui independente-
§§ Melanismo industrial: industrialização na In- mente. Uma espécie, portanto, é o maior acervo
glaterra, as mariposas claras e escuras. de genes possível em condições naturais.
§§ Resistência de bactérias a antibióticos. Especiação é um evento que separa a linha-
§§ Resistência de moscas ao DDT. gem que dá origem a duas ou mais espécies distintas,
resultado de uma transformação gradual de uma es-
Seleção sexual pécie em outra (anagênese) ou da separação de uma
Seleção sexual é a seleção natural voltada para o população em duas (cladogênese).
encontro de parceiros e o comportamento reprodutivo.
Os leões-marinhos machos, por exemplo, brigam
entre si para demarcar um território e, normalmente, o
A origem das espécies
maior e mais forte conquista mais fêmeas, logo, deixa- Uma dada população pode ser submetida a uma
rão mais descendentes. separação em subgrupos a partir de um isolamento
geográfico. Esse isolamento pode ser representado
Seleção artificial por uma cordilheira, rio, lago, cachoeira, deserto, entre
A seleção artificial é conduzida pelo homem, outros, e permitirá a formação de duas subpopulações
consiste na adaptação e/ou seleção de seres vivos – A e B. Essas subpopulações, ainda pertencentes à mes-
animais e plantas –, cujo objetivo é realçar determina- ma espécie, estão submetidas à seleção natural de seus

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meios, que são diferentes. Logo, as adaptações surgidas em uma subpopulação podem ser diferentes da outra e
vice-versa. Com isso, teremos uma progressiva diferenciação ao longo do tempo e enquanto durar o isolamento,
até que, com o fim deste, os indivíduos de novas gerações das duas subpopulações podem, então, tentar se repro-
duzir. No entanto, pode ocorrer que eles não mais se encontrem e consigam reproduzir-se, o que quer dizer que
estão isolados reprodutivamente, ou seja, agora pertencem a espécies diferentes. Porém, mesmo diferenciados,
podem conseguir se reproduzir, significando que não estão isolados reprodutivamente. Deste modo, constituem
raças geográficas.

Origem das espécies – especiação. Hipóteses:


A × B = sem descendentes férteis > isolamento reprodutivo > são diferentes
A × B = com descendentes férteis > há fluxo gênico > subespécies / variedades / raças

Entre organismos da mesma espécie, há fluxo gênico, que é consequência da semelhança e identidade
genética, além de mesmo número e tipos de cromossomos.

Redução de fluxo gênico


A especiação, no entanto, também pode ocorrer em populações sem barreiras extrínsecas específicas para
o fluxo gênico. Suponha uma população distribuída em uma ampla faixa geográfica em que o acasalamento não é
aleatório. Indivíduos num determinado ponto cardeal não têm chance alguma de se acasalarem com indivíduos de
outro ponto. Esse fluxo gênico reduzido não implica isolamento total dessa população, mas pode ou não ser sufi-
ciente para caracterizar uma especiação. Provavelmente, a especiação requer a ocorrência de diferentes pressões
seletivas nos diferentes extremos opostos. Algo assim alteraria a frequência gênica nesses indivíduos, a ponto de
eles não serem mais capazes de se acasalarem, caso estivessem reunidos.

Tipos de especiação
Na especiação, o papel crítico mesmo é a redução do fluxo gênico. A classificação dos modos de especiação
depende do quanto as espécies incipientes podem se separar geograficamente. Observe na tabela a comparação entre
alguns dos modos de especiação, que, mesmo diferentes, podem contribuir para a redução de fluxo gênico.

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Modos de especiação Características Representação

Alopátrica
As populações são geograficamente isoladas.
(alo = outros; pátrica = lugar)

Uma pequena população fica isolada na borda de uma


Peripátrica (peri = perto)
população maior.

Parapátrica (para = ao lado) A população é continuamente distribuída.

Simpátrica (sim = igual) População inserida na população ancestral.

Especiação alopátrica
Ocorre por isolamento geográfico.

Especiação peripátrica
É um tipo de especiação com isolamento geográfico, na qual a maior população é separada da menor.

Especiação parapátrica
Isolamento geográfico é um mecanismo que não faz parte desse tipo de especiação. Pode ser devido à
adaptação a essas novas áreas, em que conjuntos de indivíduos, gradualmente, tornam-se espécies distintas. A
especiação pode se caracterizar apenas pela distância entre os grupos.

Especiação simpátrica
Contrariamente aos tipos anteriores, a especiação simpátrica não requer distância geográfica em larga es-
cala para redução do fluxo gênico entre indivíduos de uma população. A simples exploração de um novo nicho por
uma subpopulação pode contribuir para a redução do fluxo gênico entre indivíduos.

Isolamento reprodutivo
Pode-se dizer que o isolamento reprodutivo é um subproduto da especiação. Resume-se à incapacidade total ou
parcial de os indivíduos de duas subpopulações cruzarem-se. Quando elas entram em contato, o isolamento reprodutivo
impede a mistura de genes dessas subpopulações.

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Mecanismos de isolamento reprodutivo
Esses mecanismos podem ser classificados em pré-zigóticos e pós-zigóticos. Os mecanismos pré-zigóticos
impedem a fecundação, consequentemente, a formação do zigoto.
§§ Isolamento estacional ou sazonal
§§ Isolamento ecológico
§§ Isolamento etológico ou comportamental
§§ Isolamento mecânico ou incompatibilidade anatômica

Nicho é um termo usado para designar a função ou papel desempenhado pelos organismos de deter-
minada espécie em seu ambiente de vida. Isso inclui suas necessidades alimentares, a temperatura ideal de
sobrevivência, os locais de refúgio, as interações com os “inimigos” e com os “amigos”, os locais de reprodução,
entre outros.

Os mecanismos pós-zigóticos são aqueles que inviabilizam a sobrevivência do híbrido ou a sua fertilidade.
Mesmo ocorrendo a cópula, esses mecanismos impedem ou reduzem seu sucesso. Os principais tipos de isolamen-
to pós-zigótico são:
§§ Mortalidade do zigoto
§§ Inviabilidade do híbrido
§§ Esterilidade do híbrido

Zigoto é a primeira célula de um novo indivíduo, formada Exceção à regra


quando o gameta feminino é fecundado pelo gameta masculino.
Híbrido é o nome dado a um indivíduo formado pela união Apesar de a regra dizer que híbri-
de indivíduos de espécies diferentes. É o resultado da mistura dos são estéreis, há registros de exce-
genética entre espécies distintas. ções a essa regra com filhotes de mula.

Cladogramas e parentesco evolutivo


O processo da evolução determina o relacionamento entre espécies. Conforme as linhagens (espécies)
evoluem e separam-se, herdam as alterações e diferenciam seus caminhos evolutivos, é produzido um padrão
ramificado de relações evolutivas.
Nesse cladograma, o ramo principal mostra o ancestral comum, e cada ponto de ramificação são eventos de
especiação que dão origem a novas espécies, a novas características. Cada dicotomia indica um ancestral comum
partilhado. Quanto mais próximos os ramos, maior é o grau de parentesco entre os grupos.
Linhagem do Táxon monofilético
táxon A Táxon parafilético
(ramo)
Linhagem do
táxon D
(ramo)
Táxon Táxon Táxon Táxon
A B C D

X espécie ancestral X
(nodo)

Y espécie ancestral Y
(nodo)

caráter a (sinapomorfia)
tempo
Árvore filogenética: relações filogenéticas ou de parentesco entre os seres vivos

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A extinção das espécies Evolução humana
A extinção é o desaparecimento completo de Você já deve ter reparado que nós, humanos,
uma espécie animal ou vegetal, que pode ser ocasiona- possuímos um cérebro muito grande, se comparado
do por processos naturais ou por interferência humana. com outros mamíferos ou primatas.
Quando o ancestral do homem teve a necessida-
Os processos naturais de de descer das árvores para sobreviver (isso pode ter
ocorrido devido a uma mudança no habitat – menos ár-
A extinção de espécies acontece naturalmente vores, talvez), teve que lidar com um ambiente relativa-
desde o surgimento da vida no Planeta. Suas principais mente diferente, onde o bipedalismo permitia algumas
causas são as modificações climáticas, como as deserti- vantagens. Essa característica, associada à possibilidade
ficações, glaciações e alterações da atmosfera decorren- de explorar outros ambientes, abriu novos horizontes
tes das atividades vulcânicas. Elas tornam o meio am- para a nossa evolução biológica. A seguir, veremos as
biente desfavorável à permanência de alguns grupos, vantagens angariadas com isso.
que, por seleção natural, desaparecem – temos como Vivendo em campos abertos, os indivíduos que
principal exemplo os dinossauros. A maioria das espé- formavam grupos eram mais favorecidos. Dentre todos
cies, porém, consegue adaptar-se e sobreviver a essas aqueles indivíduos ancestrais do homem, havia aqueles
mudanças, porque elas costumam ocorrer lentamente. que viviam mais isolados e os que viviam em grupos.
Assim, ao longo das gerações, os indivíduos mais isola-
dos eram mais facilmente capturados por predadores e
Os processos antrópicos (humanos) não deixavam tantos descendentes como os que viviam
Nas últimas décadas, o homem vem destruindo em grupo. Estes últimos, mais protegidos, deixavam um
habitats de grande diversidade biológica, principalmen- maior número de descendentes, que tinham a tendência
te por causa da poluição das águas, solo e ar, do des- de se manter no grupo.
matamento, da caça e pesca predatórias e da extração Um fator essencial para que essa vocalização pudes-
ilegal de espécies vegetais. Essas mudanças estão acon- se existir é uma pré-adaptação para essa característica. Mas
tecendo numa velocidade maior do que a de adaptação o que é uma pré-adaptacão? Muito simples: são estruturas
dos seres vivos. Dessa forma, eles não se ajustam às no- que já existem naquela espécie e que permitem que o ani-
vas condições de vida e desaparecem. Uma das conse- mal tenha sucesso no novo ambiente.
quências da extinção das espécies é o desequilíbrio das O bipedalismo ajudaria na cobertura de exten-
cadeias alimentares, responsáveis pela transferência de sas áreas, ao mesmo tempo que liberava os membros
anteriores desses animais (braços e mãos) para tarefas
alimento nos ecossistemas. A redução drástica dos ani-
de recolher frutas e manusear alimentos. Desse modo,
mais carnívoros, por exemplo, pode levar à proliferação
os indivíduos que tinham mais habilidade em lidar com
dos animais herbívoros e, como consequência, haveria
o alimento foram favorecidos e deixaram mais descen-
escassez de algumas plantas.
dentes, tendo maior sucesso evolutivo. Chamamos isso
de uma “pressão positiva” para os mais habilidosos, ou
Filogenia dos seres vivos seja, aqueles que tivessem mais habilidade teriam van-
tagem em relação aos que não tivessem tanta habilida-
Da célula primitiva originaram-se todos os seres de, e prevaleceriam em termos de evolução.
vivos. Portanto, todos descendem de um único ancestral, As estruturas da mão também iam sendo se-
isto é, formam um grupo monofilético. A universalida- lecionadas, que facilitavam o manuseio do alimento,
de do código genético para todas as células sugere essa gerando maior habilidade. Todos esses fatores, em
origem comum. Uma origem polifilética implicaria a conjunto, resultaram em um cérebro mais desenvolvido.
existência de vários ancestrais para os seres vivos. Não devem ser deixados de lado também os custos de

18
se ter um cérebro maior, pois o cérebro consome muita Conceitos fundamentais
energia. Apenas para se ter uma ideia, o nosso cérebro,
§§ Habitat é o local mais provável de encontrar-
em termos energéticos, custa três vezes mais do que o
mos a espécie. É o local onde vive, ou seja,
cérebro de chimpanzé, e 22 vezes mais do que um tecido
onde realiza suas atividades.
muscular em repouso. A taxa metabólica específica (por
§§ Nicho ecológico é o papel e/ou função que a
grama) é nove vezes maior do que o resto do corpo,
espécie desempenha no ambiente. Envolve in-
como um todo. Para bancar esse grande gasto, os nossos
formações acerca da sua biologia reprodutiva,
ancestrais tinham que ter uma dieta de melhor qualida-
alimentar e comportamental.
de proteica e energética.
A mudança de dieta retroalimenta a expansão ce- Espécies diferentes podem compartilhar habi-
rebral; isso significa que, para manter o cérebro, nossos tats, porém, nichos não. A sobreposição de nichos cau-
ancestrais tinham que comer melhor, tendo que apresen- sa competição interespecífica que pode levar à mútua
tar, portanto, um comportamento forrageador (de busca exclusão – princípio de Gause.
de alimento) mais complexo e eficiente, que, por sua vez, O nicho ecológico é caracterizado pelo total de
informações que podemos ter acerca de uma espécie:
fazia uma pressão seletiva para a expansão cerebral.
quanto à biologia alimentar, à biologia comportamental

Introdução à ecologia e à sua reprodução.

Um ecossistema consiste numa rede com- Composição e estrutura


plexa de relações de mútua influência entre a flora, dos ecossistemas
a fauna e os micro-organismos de uma determinada
A zona de transição entre ecossistemas diferentes,
área ou região e todos os elementos físicos naturais
chamada ecótono, possui características de cada uma das
(geológicos, climáticos etc.).
comunidades fronteiriças e específicas nelas existentes.
Como nenhum ecossistema natural é comple-
Os ecossistemas apresentam dois componentes
tamente separado de outro, pode-se considerar que
básicos: o biótico, representado pelas comunidades
todo o Planeta constitui um imenso conjunto de ecos-
biológicas, e o abiótico, representado pelos elementos
sistemas, a biosfera.
físicos e químicos do meio.
Os ecossistemas também podem ser subdividi-
Níveis de organização ecológicos dos em pequenas unidades bióticas, conhecidas como
comunidades biológicas.
organismo > população > comunidade > O ecossistema é, ainda, caracterizado pelos ci-
ecossistema > bioma > biocora > biociclo > clos da matéria e pelos fluxos de energia.
biosfera
Cadeias alimentares
§§ Um conjunto de organismos da mesma espé-
cie, que interage e habita uma dada região A cadeia alimentar é a sequência de transferên-
durante um certo período de tempo, constitui cias de matéria e energia de um organismo para outro,
uma população. sob a forma de alimento.

§§ O conjunto de várias populações de espécies di-


ferentes, que interage e habita uma dada área
durante um período de tempo, forma uma co-
munidade biológica, biota ou biocenose. Cadeia alimentar

19
As setas usadas nos diagramas e esquemas de como a respiração celular (RC) para se manterem vi-
teias e cadeias indicam o sentido da matéria e energia. vos, o mesmo acontece com os primeiros carnívoros em
A cadeia alimentar é formada por três níveis distintos: relação aos próximos carnívoros. Esse “saldo” é chama-
produtores, consumidores e decompositores. Os produ- do de produtividade líquida (PL) e é efetivamente
tores são os organismos clorofilados, como as plantas a energia que está disponível para ser “ingerida” pelo
e algas, os únicos seres vivos capazes de produzir maté- próximo organismo sob a forma de matéria orgânica.
ria orgânica que servirá de alimento para toda a biota, Isso quer dizer que a energia disponível ao longo
por meio da fotossíntese. Esse material orgânico susten- da cadeia alimentar diminui e as perdas não podem ser
ta, direta ou indiretamente, os organismos consumi- reaproveitadas, ou seja, o fluxo de energia é unidire-
dores, assim denominados por precisarem “consumir” cional e decrescente.
ou ingerir o seu próprio alimento (seres heterótrofos). As pirâmides ecológicas
Esses consumidores podem ser primários (animais
herbívoros) ou secundários, terciários e assim por diante São representações gráficas das relações existen-
(animais carnívoros). Quando os dejetos desses animais são tes entre os organismos nas cadeias e teias alimentares.
lançados no solo e se juntam a toda matéria morta (animal §§ Número – mostra a quantidade de organismos
e vegetal) ali presente, entram em ação os chamados orga- em cada nível trófico.
nismos decompositores, fungos e bactérias.

Nível trófico
Os organismos em uma cadeia têm à sua dis-
posição quantidades diferentes de energia no alimen-
to que ingerem. A posição que o organismo ocupa na
cadeia é chamada de nível trófico. Portanto, quanto
mais próximo do início da cadeia está o organismo,
maior é a energia disponível para este organismo. Logo,
o número de níveis tróficos em uma cadeia é limitado,
visto que as perdas energéticas de um nível para outro
§§ Biomassa – mostra a quantidade de biomassa
são muito grandes, ou seja, da ordem de 90%.
(kg ou g) em cada nível trófico, ou seja, a massa
Os percursos ou trajetos da matéria e energia
total de todos os organismos vivos em qualquer
nos ecossistemas são muito distintos. A matéria sem-
área dada ou seu equivalente em energia.
pre cicla, enquanto que a energia flui. Portanto, fala-
§§ Energia – mostra a energia acumulada em cada
-se em ciclos da matéria e fluxo de energia.
nível trófico ( cal / g / área).

Pirâmides e Consumidores de
Terceira Ordem

eficiência ecológicas Consumidores de


Segunda Ordem

O fluxo de energia Consumidores de


Primeira Ordem

A energia acumulada na matéria orgânica – cha-


mada de produtividade primária bruta (PPB), por Produtores

fotossíntese, pelos produtores não está totalmente dis-


Energia captada pelo produtor
ponível para os herbívoros, pois os produtores “gastam” Energia retida
no sistema vivo
Energia perdida
pelo sistema vivo
uma parcela – correspondente a processos metabólicos

20
Produtividade de Relações harmônicas
um ecossistema Relações harmônicas
intraespecíficas ou homotípicas
A produtividade de um ecossistema indica a sua
capacidade de crescimento e de manutenção de espécies. Colônias
PPL = PPB – RC
São constituídas por organismos da mesma es-
A produtividade primária de um ecossistema de- pécie, que se mantêm, anatomicamente, unidos entre
pende, essencialmente, do alto desempenho fotossin- si. São exemplos de colônias homomorfas as colônias
tético de seus produtores e, portanto, dos fatores limi- de espongiários, e de colônias heteromorfas a obelia,
tantes da fotossíntese, como luminosidade, altitude nos uma colônia de celenterados. As colônias polimórficas
terrestres, profundidade nos aquáticos, tipo do compri- são estruturadas por vários tipos de indivíduos adap-
mento de onda luminosa, temperatura, água líquida tados para funções distintas. Como exemplo clássico,
disponível, disponibilidade de nutrientes e pluviosidade. citamos as caravelas.
A eficiência na transferência de energia de um
nível trófico para outro é fundamental, pois as taxas das
Sociedades
perdas são enormes, o que impede o acúmulo de bio-
massa e o crescimento das populações. Quanto maiores São associações de indivíduos da mesma espécie
as populações, mais numerosas e interligadas as ca- que não estão ligados anatomicamente e formam uma or-
deias alimentares de um ecossistema, maior, também, ganização social que se expressa através do cooperativismo;
será a sua produtividade primária. são representadas por cupins, vespas, formigas e abelhas.

Relações harmônicas
Relações ecológicas interespecíficas ou heterotípicas
Relações ecológicas Protocooperação
nas comunidades Trata-se de uma associação entre duas espécies
diferentes, na qual ambas se beneficiam:
As relações ecológicas representam estraté- §§ o caranguejo-bernardo-eremita e a anêmona;
gias escolhidas pelas espécies e selecionadas ao longo §§ o pássaro-palito e o crocodilo;
do tempo, para melhor se adaptarem aos ambientes, di- §§ o anu e o gado.
minuindo as taxas de competição, explorando de maneira
mais eficiente os recursos neles presentes. Mutualismo
Divididas em interespecíficas ou heterotípi- Trata-se de uma associação com benefícios mútuos.
cas, quando dois ou mais organismos de espécies dife- É mais íntima que a cooperação, sendo necessária à sobre-
rentes estão associados, e intraespecíficas ou homo- vivência das espécies, que não podem viver isoladamente.
típicas, quando dois ou mais organismos da mesma §§ Bacteriorriza é a associação entre as bactérias
espécie estão interagindo. do gênero Rhizobium e as raízes de legumino-
As interações ainda podem ser classificadas em sas. Nas microrrizas, tem-se uma associação entre
harmônicas, quando nenhum dos organismos envol- fungos e raízes de árvores florestais. O fungo, que
vidos sofre algum tipo de prejuízo, e desarmônicas, é um decompositor, fornece ao vegetal nitrogênio
quando um dos organismos envolvidos sofre algum tipo e outros nutrientes minerais; em “troca”, recebe
de prejuízo ou mesmo a morte. matéria orgânica fotossintetizada.

21
§§ Cupins ou térmitas e certos protozoários.
§§ O líquen é uma associação entre alga e fungo.

Comensalismo
No comensalismo, uma espécie (comensal) se beneficia, enquanto a outra (hospedeira) não leva vantagem
alguma. Um caso típico é a rêmora ou peixe-piolho, que vive como comensal do tubarão.

Inquilinismo
É a associação em que uma espécie (inquilino) procura abrigo ou suporte no corpo de outra espécie (hos-
pedeiro), sem prejudicá-la:
§§ o peixe-agulha e a holotúria;
§§ epifitismo.

Relações desarmônicas
Relações desarmônicas intraespecíficas ou homotípicas
Competição intraespecífica
É a relação que se estabelece entre os indivíduos da mesma espécie, quando concorrem pelos mesmos
fatores ambientais, principalmente espaço e alimento. Exemplo de competição intraespecífica: territorialidade.

Canibalismo
Canibal é o indivíduo que mata e come outro da mesma espécie.

Relações desarmônicas interespecíficas ou heterotípicas


Acontecem entre indivíduos de espécies diferentes e compreendem: competição interespecífica, predatismo,
amensalismo e parasitismo.

Competição interespecífica
A competição entre espécies diferentes se estabelece quando tais espécies possuem o mesmo habitat e o
mesmo nicho ecológico.

Amensalismo
Amensalismo é um tipo de associação na qual uma espécie, chamada amensal, é inibida no crescimento ou
na reprodução por substâncias secretadas por outra espécie, denominada inibidora.

Predatismo
Predador é o indivíduo que ataca e devora outro, chamado presa, pertencente a uma espécie diferente.
Tanto os predadores quanto as presas apresentam adaptações para ataque e defesa. A camuflagem dos animais,
pela cor ou forma, assemelham-se ao meio ambiente, com o qual se confundem. Tanto as presas como os preda-
dores procuram esconder-se.

Parasitismo
Nesse caso, uma das espécies, chamada parasita, vive na superfície ou interior de outra, designada hospedeiro.

22
Esclavagismo ou sinfilia
Relação ecológica entre indivíduos que se beneficiam da exploração das atividades, do trabalho ou dos
produtos de outros organismos.
§§ Formigas e pulgões ou afídeos
§§ Chupim e outros pássaros

Resumo das relações ecológicas


simbioses harmônicas interespecíficas
mutualismo (+ / +) vínculo obrigatório liquens, micorriza, rhizóbio
cooperação (+ / +) sem vínculo obrigatório paguru e anêmona; ruminantes e aves
comensalismo (+ / 0) indiferença epífitas; tubarão e rêmora
simbioses harmônicas intraespecíficas
sociedade divisão de trabalho insetos sociais: abelha, cupins
colônia vínculo físico água-viva, corais, bactérias

simbioses desarmônicas interespecíficas


predatismo (+ / –) com morte onça e capivara
parasitismo (+ / –) com exploração sem morte pulga, tênia, esquistossomo
competição (– / –) sobreposição de nichos introdução de espécies
esclavagismo (+ / –) exploração de trabalho pulgões e formigas
simbioses desarmônicas intraespecíficas
canibalismo sobrevivência do adulto jacaré e algumas aves
competição variabilidade genética seleção natural

Dinâmica populacional e sucessão ecológica

Dinâmica populacional

Curvas de crescimento populacional

No gráfico apresentado, observa-se a dinâmica das duas curvas representativas do crescimento das popu-
lações: “S” e “J”. Os habitats fornecem recursos de diversos tipos: água, refúgio, área mínima comportamental e
alimento. Todos esses recursos podem ser compartilhados dentro de alguns limites que o próprio ambiente deter-
mina. A essa característica “limitada” do ambiente chamamos de capacidade de suporte: o número de espécies,
de indivíduos em cada população, os tipos de interações entre os organismos também determinam e caracterizam
essa propriedade do ambiente.

23
Resistência do meio (RM) biente físico. A comunidade que primeiro se estabelece
no ambiente é a ecese ou comunidade pioneira;
A resistência do meio se traduz na quantidade de os estágios sucessionais seguintes são chamados de
impactos ou alterações que um meio pode sofrer e suportar. seres; e, finalmente, a comunidade que se estabelece
ao final é chamada de comunidade clímax, sendo
Capacidade de suporte (CS) autossuficiente e homeostática. Ao longo do processo
sucessional, aumentam o número de espécies, habitats,
A capacidade de suporte de um ambiente pode
biomassa e interações.
ser entendida como o conjunto de limites a que esse
A sequência de seres que constituem a sucessão
meio está imposto.
primária de uma área rochosa ou de um solo desnudo
Curva de sobrevivência pode ser a seguinte:

A taxa de sobreviventes ao longo da vida para


liquens > bactérias > briófitas > gramíneas >
cada espécie determina a sua curva de sobrevivência,
samambaias > sequência de arbustos > arvoretas >
ou seja, em que momento do ciclo de vida há mais mor-
árvores maiores
tes e em que momentos há maior adaptação à vida.

Ao longo da sucessão, teremos aumento do nú-


Taxas e parâmetros mero de espécies, de simbioses, de biomassa, de habi-
O contingente populacional é variável e pode tats, de produtividade primária bruta e da taxa de res-
sofrer influência de movimentos migratórios. A imigra- piração. A sucessão nem sempre recupera a formação
ção (I) consiste na chegada de indivíduos à população, original, porém alcançará uma composição de espécies
enquanto que a emigração (E) consiste na saída de e uma estrutura máxima para as atuais condições.
indivíduos da população.
O total de nascimentos, em um intervalo de tempo, Sucessões primária e secundária
caracteriza a taxa de natalidade (TN), enquanto que o
total de mortes caracteriza a taxa de mortalidade (TM). Fala-se que o processo sucessivo é primário
quando ocorre em substratos (solo, rocha, água ou o
I + TN > E + TM corpo de um ser vivo) não previamente ocupados por
O contingente está aumentando; logo, há cresci- organismos.
mento populacional. O processo é considerado secundário quando os
I + TN < E + TM referidos substratos já foram anteriormente ocupados
O contingente está diminuindo; logo, a população por uma comunidade e, consequentemente, contêm
está decrescendo. matéria orgânica viva ou morta (detritos, propágulos).
I + TN = E + TM
O contingente tende a ficar constante; logo, a po-
pulação parou de crescer.

A sucessão ecológica
nos ecossistemas
As comunidades podem sofrer mudanças em sua
composição ao longo do tempo, o que caracteriza a su-
cessão ecológica. Durante a sucessão, comunidades
vão se sucedendo e alterando, significativamente, o am-

24
U.T.I. - Sala
1. (Enem adaptado) Em certos locais, larvas de moscas, criadas em arroz cozido, são utilizadas como
iscas para pesca. Alguns criadores, no entanto, acreditam que essas larvas surgem espontaneamen-
te do arroz cozido, tal como preconizado pela teoria da geração espontânea. Cite um dos primeiros
pesquisadores que refutou esta teoria e qual foi seu experimento.

2. (PUC adaptado) Certa espécie animal apresenta uma série de mutações que determinam a variedade
de fenótipos relativos à coloração. Essa diversidade genética, orientada pela seleção natural, garante
a adaptação dos indivíduos dessa espécie a diversos tipos de ambiente. O trecho não é referente a
Mendel, Darwin ou Lamarck. Trata-se de qual teoria evolutiva? Descreva sobre essa teoria.

3. (UFJF adaptado) As queimadas, comuns na estação seca em diversas regiões brasileiras, podem
provocar a destruição da vegetação natural. Após a ocorrência de queimadas em uma floresta, que
tipo de sucessão ecológica ocorre e por quê? Descreva as fases deste processo algumas das possíveis
vegetações correspondentes.

4. (FEI adaptado) Num ecossistema, um fungo, uma grama, uma coruja e um coelho podem desempe-
nhar quais papéis em uma cadeia trófica? Se aumentássemos a população de coruja, o que ocorreria
com a quantidade de grama?

5. (Unicamp adaptado) A produtividade primária em um ecossistema pode ser avaliada de várias


formas. Nos oceanos, um dos métodos para medir a produtividade primária utiliza garrafas trans-
parentes e garrafas escuras, totalmente preenchidas com água do mar, fechadas e mantidas em
ambiente iluminado. Após um tempo de incubação, mede-se o volume de oxigênio dissolvido na
água das garrafas. Os valores obtidos são relacionados à fotossíntese e à respiração. Por que o vo-
lume de oxigênio é utilizado na medição da produtividade primária?

25
U.T.I. - E.O.
1. (Fuvest) Acredita-se que os organismos semelhantes a bactérias heterotróficas anaeróbicas te-
nham sido os primeiros seres vivos a surgirem na face da Terra. Apresente duas justificativas para
essa hipótese.

2. (Unicamp) A evolução biológica é tema amplamente debatido, e as teorias evolucionistas mais


conhecidas são as de Lamarck e Darwin, a que remete a tira do Calvin abaixo.

Quadro 1: Uma das criaturas mais peculiares da natureza, a girafa, está singularmente adaptada
ao seu ambiente.
Quadro 2: Sua tremenda altura lhe permite mastigar os suculentos petiscos mais difíceis de alcançar.
Quadro 3: Biscoitos.
a) Como a altura da girafa, lembrada pela tira do Calvin, foi utilizada para explicar a teoria de Lamarck?
b) Como a teoria de Darwin poderia explicar a situação relacionada com a altura da girafa?

3. (UFC) Em 1860, Pasteur conseguiu uma vitória para a teoria da biogênese, enfraquecendo a con-
fiança na abiogênese, com uma experiência simples e completa. Analise o esquema dessa experiên-
cia, mostrado a seguir, e descreva sucintamente o objetivo de cada etapa como também a conclusão
da experiência.

Etapa 1: A solução nutritiva é colocada no frasco.


Objetivo: ______________________________________________________________________________
Etapas 2 e 3: O gargalo do frasco é curvado em S ao calor da chama e a solução é fervida fortemente
durante alguns minutos.
Objetivo: ______________________________________________________________________________
Etapa 4: A solução é resfriada lentamente e permanece estéril muito tempo.
Objetivo: ______________________________________________________________________________
Etapa 5: O gargalo é quebrado.
Objetivo: ______________________________________________________________________________

26
4. (UFSCar) Em recente artigo publicado on-line a) Qual dos seguintes conceitos – ecossistema,
na revista científica Evolution, pesquisado- habitat, nicho ecológico – está implícito
res identificaram um processo de diversifica- nesse gráfico?
ção gênica nos ecossistemas tropicais de Ma- b) Os dados de mortalidade representados nes-
dagascar, numa população de sapos (Anura se gráfico referem-se a que nível de organi-
zação: espécie, população ou comunidade?
microhylidae) de habitat montanhoso, em
c) Temperatura e salinidade são fatores abióti-
que foram identificadas 22 novas espécies. cos que, nesse caso, provocaram mortalida-
a) O que é seleção natural e qual o seu papel na de das fêmeas do camarão-da-areia. Cite dois
evolução das espécies? fatores bióticos que também possam produ-
b) Segundo o neodarwinismo, além da seleção zir mortalidade.
natural, quais fatores explicam a diversidade
entre as espécies de sapos encontradas? 7. (Unicamp) Os navios são considerados intro-
dutores potenciais de espécies exóticas atra-
vés da água de lastro (utilizada nos tanques
5. (PUC-MG) O bioquímico russo Oparin, em para dar aos navios estabilidade quando va-
seu livro A origem da vida, admitiu que a zios). Essa água pode conter organismos de
vida sobre a Terra surgiu há mais ou menos diversos grupos taxonômicos. Com certa fre-
3,5 bilhões de anos. quência, leem-se informações relacionadas a
essas e introduções:
a) CITE dois gases presentes na atmosfera pri-
I. O mexilhão-dourado (Limnoperna fortu-
mitiva.
nei), um bivalve de água doce originário
b) A que condições estavam submetidos os ga- do sul da Ásia, chegou ao Brasil em 1998
ses da atmosfera primitiva? e já infestou rios, lagos e reservatórios da
c) Que compostos químicos se originaram a região Sul e do Pantanal. Além de causar
partir dos gases iniciais? problemas ecológicos, esse invasor ame-
d) Atualmente, sabemos que seres autótrofos aça o setor elétrico brasileiro, a agricul-
constituem fonte básica de alimento. No tura irrigada, a pesca e o abastecimento
entanto, admite-se que os primeiros orga- de água devido à sua capacidade de se in-
nismos devem ter sido heterótrofos. A partir crustar em qualquer superfície submersa.
de onde os heterótrofos conseguiam seu ali- (Adaptado de Evanildo da Silveira, “Molusco chinês
mento na Terra primitiva? ameaça ambiente e produção no Brasil”. http://www.
estadao.com.br/ciência/notícias/2004/mar/18/75.htm)
e) Qual o mecanismo utilizado pelos primeiros
organismos para obtenção de energia? II. As autoridades sanitárias acreditam que
o vibrião colérico, originário da Indoné-
6. (Fuvest) Analise o gráfico abaixo, relativo à sia, chegou ao Peru através de navios e de
mortalidade de fêmeas férteis do camarão- lá se espalhou pela América latina.
-da-areia (Crangon septemspinosa) em água (Adaptado de Ilídia A.G.M.Juras, “Problemas
causados pela água de lastro”. Consultoria
aerada, em diferentes temperaturas e salini-
Legislativa da Câmara dos Deputados, 2003.)
dades, durante determinado período.
Além de problemas como os citados acima, a
introdução de espécies oferece risco de ex-
tinção de espécies nativas. Explique por quê.

8. (Fuvest) Num campo, vivem gafanhotos que


se alimentam de plantas e servem de ali-
mento para passarinhos. Estes são preda-
dos por gaviões. Essas quatro populações se
mantiveram em números estáveis nas últi-
mas gerações.
a) Qual é o nível trófico de cada uma dessas
populações?
b) Explique de que modo a população de plan-
tas poderá ser afetada, se muitos gaviões
imigrarem para esse campo.
c) Qual é a trajetória dos átomos de carbono
que constituem as proteínas dos gaviões
desde sua origem inorgânica?
d) Qual é o papel das bactérias na introdução
do nitrogênio nessa cadeia alimentar?

27
9. (Fuvest) Devido ao aparecimento de uma Assim, o pássaro obtém o seu alimento e li-
barreira geográfica, duas populações de vra o crocodilo de seus parasitas”. Que tipo
uma mesma espécie ficaram isoladas por de interação ecológica é essa? E como ela é
milhares de anos, tornando-se morfologi- denominada?
camente distintas.
a) Explique sucintamente como as duas popu- 14. (Unesp adaptado) Um gavião, que tem sob
lações podem ter-se tornado morfologica- suas penas carrapatos e piolhos, traz pre-
mente distintas no decorrer do tempo. so em suas garras um rato, com pulgas em
b) No caso de as duas populações voltarem a seus pelos. Entre o rato e as pulgas, entre
entrar em contato, pelo desaparecimento da os carrapatos e os piolhos e entre o gavião
barreira geográfica, o que indicaria que hou- e o rato, que tipo de relações interespecífi-
ve especiação? cas existem?

10. (Enem adaptado) Segundo a teoria evoluti- 15. Como é denominada a associação existente
va mais aceita hoje, as mitocôndrias, assim entre os ruminantes e as bactérias que vi-
como os cloroplastos, teriam sido originados vem em seu estômago?
de procariontes ancestrais que foram incor-
porados por células mais complexas. Qual 16. (Enem adaptado) Os vagalumes machos e fê-
característica da mitocôndria que sustenta meas emitem sinais luminosos para se atraí-
essa teoria? Qual o nome dessa teoria? E qual rem para o acasalamento. O macho reconhe-
a função da mitocôndria na célula? ce a fêmea de sua espécie e, atraído por ela,
vai ao seu encontro. Porém, existe um tipo
11. (Uerj adaptado) Na maioria dos casos, a de vagalume, o Photuris, cuja fêmea engana
energia de um ecossistema origina-se da e atrai os machos de outro tipo, o Photinus,
energia solar. A figura abaixo mostra al- fingindo ser desse gênero. Quando o macho
guns seres componentes do ecossistema de Photinus se aproxima da fêmea Photuris,
um lago. muito maior que ele, é atacado e devorado
por ela.
BERTOLDI, O.G.; VASCONCELOS, J.R. Ciências &
Sociedade: a aventura da vida, a aventura da
tecnologia. São Paulo: Scipione, 2000 (adaptado).

Qual é o tipo de interação e como é denominada?

17. (Enem adaptado) O menor tamanduá do


mundo é solitário e tem hábitos noturnos,
passa o dia repousando, geralmente em um
emaranhado de cipós, com o corpo curvado de
tal maneira que forma uma bola. Quando em
atividade, se locomove vagarosamente e emi-
Considere que, no lago, existam quatro dife- te um som semelhante a um assobio. A cada
rentes espécies de peixes. Cada uma dessas
gestação, gera um único filhote. A cria é dei-
espécies se alimenta exclusivamente de um
xada em uma árvore à noite e é amamentada
dos quatro componentes indicados. Qual se-
pela mãe até que tenha idade para procurar
ria o peixe que teria melhores condições de
alimentos. As fêmeas adultas têm territórios
desenvolvimento, em função da disponibili-
grandes e o território de um macho inclui o
dade energética?
de várias fêmeas, o que significa que ele tem
sempre diversas pretendentes à disposição
12. (Fuvest adaptado) “O tico-tico tá comendo
para namorar!
meu fubá/ Se o tico-tico pensa/ em se ali-
Ciência Hoje das Crianças, ano 19, n.
mentar/ que vá comer/ umas minhocas no
174. Nov.2006 (adaptado)
pomar (…)/ Botei alpiste para ver se ele
comia/ Botei um gato, um espantalho e um Essa descrição sobre o tamanduá diz respeito
alçapão (…)” ao nicho ecológico ou habitat? Por quê?
(Zequinha de Abreu, Tico-tico no Fubá).
18. (Fuvest adaptado) Considere as seguintes
No contexto da música, qual é a teia alimen-
tar da qual fazem parte tico-tico, fubá, mi- comparações entre uma comunidade pionei-
nhoca, alpiste e gato? ra e uma comunidade clímax, ambas sujei-
tas às mesmas condições ambientais, em um
13. (UEL adaptado) Considere o seguinte relato: processo de sucessão ecológica primária:
“O pássaro-palito penetra na boca aberta do I. A produtividade primária bruta é maior
crocodilo removendo os restos de alimento numa comunidade clímax do que numa
e parasitas encontrados entre seus dentes. comunidade pioneira.

28
II. A produtividade primária líquida é maior 21. (Famerp) Um ecossistema é composto tanto
numa comunidade pioneira do que numa por fatores bióticos (comunidade ou biota)
comunidade clímax. como por fatores abióticos (variáveis físicas
III.A complexidade de nichos é maior numa e químicas do ambiente). Nos ecossistemas,
comunidade pioneira do que numa comu- tais fatores estão fortemente relacionados,
nidade clímax. proporcionando diversas interações entre os
Comente as afirmativas. seres vivos e o ambiente físico. Um impacto
ambiental é, essencialmente, uma alteração
19. (Unicamp) O gráfico abaixo ilustra as curvas relevante nos componentes bióticos ou abió-
de crescimento populacional de duas espé- ticos dos ecossistemas.
cies de mamíferos (A e B) que vivem na sa- a) A queima de combustíveis fósseis (como o
vana africana, um pastador e um predador. óleo diesel e a gasolina) em veículos auto-
motores promove alteração direta em fatores
Analise o gráfico e responda às questões.
bióticos ou em fatores abióticos de um ecos-
sistema? Justifique sua resposta.
b) Explique de que maneira uma alteração bió-
tica em determinado ecossistema pode gerar
um impacto ambiental.

a) Qual curva representa a população do mamí-


fero predador? Qual das duas espécies tem
maior capacidade de suporte (carga biótica
máxima)?
b) Cite duas adaptações defensivas contra pre-
dação apresentadas por mamíferos pastado-
res da savana.

20. (Fuvest) O esquema abaixo representa as


principais relações alimentares entre es-
pécies que vivem num lago de uma região
equatorial.

Com relação a esse ambiente:


a) Indique os consumidores primários.
b) Dentre os consumidores, indique quais ocu-
pam um único nível trófico.
c) Explique como o aumento das populações
das aves pode impactar as populações de
mosquitos.

29
0 1 Biologia 2

U.T.I.

C N
BIOLOGIA
Taxonomia e reinos
Os seres vivos podem ter o corpo constituído por uma ou mais células, sendo chamados de, respectivamente,
unicelulares, como a bactéria, e pluricelulares (multicelulares), como os animais e plantas.

Membrana Plasmídeo
celular Parede celular Flagelo

Grânulo DNA
Ribossomos
Célula bacteriana

Complexidade e organização
Os seres vivos são complexos e bastante organizados. Mesmo quando unicelular, o organismo apresenta
extrema complexidade, presente tanto na estrutura quanto no funcionamento da célula. No corpo humano, que
é um organismo pluricelular, encontramos 200 tipos de célula, que se organizam em quatro tipos básicos de con-
junto, chamados de tecidos: epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Os grupos desses tecidos se reúnem
formando órgãos, como a pele, estômago e coração. Por sua vez, atuando em conjunto, uma série de órgãos passa
a constituir um sistema, como é o caso do digestório ou do circulatório.

Metabolismo
O metabolismo é responsável pelo crescimento, manutenção e reparo das células, consequentemente, de
todo o organismo. Dividimos os processos metabólicos em duas etapas: anabolismo e catabolismo. O termo ana-
bolismo compreende os processos químicos sintéticos, nos quais substâncias mais simples são combinadas para
formar outras mais complexas; o catabolismo abrange processos analíticos, nos quais as substâncias complexas são
quebradas, originando substâncias mais simples e liberação de energia.

As atividades metabólicas

Reprodução
Qualquer ser vivo é capaz de reproduzir-se, ou seja, originar organismos semelhantes. A reprodução pode
ser assexuada ou sexuada. A reprodução assexuada resulta em por duas células-filhas, exatamente iguais à
célula-mãe que as originou. A reprodução sexuada é feita pela fusão de duas células especializadas denominadas
gametas, que formam o zigoto ou célula-ovo.

33
Material genético A ancestralidade dos seres vivos
Em cada célula aparece uma extensa molécula, o
Durante os séculos XIX e XX, deu-se maior impor-
DNA (ácido desoxirribonucleico), no qual estão contidos
tância aos estudos de arqueologia e dos fósseis, o que
os genes. Passando de pais para filhos, os genes man-
ocasionou descobertas a respeito da evolução. As novas
têm as características específicas de cada organismo.
evidências permitiram afirmar que os seres vivos de hoje
Evolução derivam de outros que existiram há milhares de anos.
A organização das informações e os graus de
O material genético é responsável pelas carac-
semelhanças e diferenças são utilizadas nos estudos de
terísticas de um organismo. Mutação é qualquer altera-
classificação dos seres vivos ou taxonomia.
ção do material genético que provoca o aparecimento
Por volta da metade do século XVIII, o naturalis-
de uma nova característica, conhecida como variação.
ta sueco Carl von Linnée, ou Lineu, classificou os orga-
Por meio das variações, ocorre o processo chamado de
nismos segundo a estrutura e anatomia dos seres vivos.
evolução: a transformação sofrida pelos organismos no
Esse sistema de classificação é utilizado até hoje.
transcorrer da história da Terra.

Biodiversidade: diversidade Os três domínios, os seres


de espécies e de ecossistemas vivos e os tipos de célula
Conceito que designa a diversidade biológica A análise das sequências do RNA ribossômico
existente entre os seres vivos, exprime a riqueza de es- permitiu dividir o mundo vivo em três grandes grupos
pécies de uma dada região. Engloba, também, a diver- conhecidos por domínios, a saber: Bacteria, Archaea
sificação de habitats e ambientes de uma macrorregião. e Eukarya. O domínio Bacteria é constituído pelas cha-
madas “bactérias verdadeiras”, seres procariontes nos
A longevidade natural das espécies quais observam-se as células primitivas chamadas de
A probabilidade de que uma dada espécie se tor- procarióticas ou procariotas. Archaea é um domínio
ne extinta em um certo tempo, depois que ela se separa de de bactérias, também procariontes e com uma carac-
outras espécies, pode ser aproximada como uma constante. terística de viver em ambientes inóspitos com grandes
salinidades, altas temperaturas, ácidos e outros. O do-
Florestas tropicais como mínio Eukarya inclui todos os demais seres vivos, isto é,
centros de biodiversidade protistas (protoctistas), fungos, vegetais e animais. São
chamados eucariontes e possuem as células eucarióti-
Em nível mundial, podem ser citadas, da linha cas ou eucariotas. A célula vegetal se diferencia da ani-
do Equador aos polos, as florestas tropicais – biomas mal pela presença da parede celular, dos cloroplastos e
terrestres de maior biodiversidade do Planeta (entre
de grandes vacúolos.
os trópicos de Câncer e de Capricórnio) –, subtropical,
Alguns autores reúnem eubactéria e arqueobac-
temperada (composta por carvalhos, abetos e faias) e a
téria em um único reino denominado Monera.
taiga (composta por coníferas).
Os solos desse bioma são, em geral, pobres, e a Domínio Reino
rápida ciclagem de matéria orgânica e a manutenção Bacteria Eubacteria
dos nutrientes na biomassa são os principais responsá- Archaea Archaeabacteria

veis por sua exuberância. Retirada a floresta, a lixivia- Protoctista ou (Protista)


Fungi
ção e a erosão transformam e degradam a paisagem, Eukarya
Plantae (Vegetalia)
muitas vezes, de forma irreversível. Animalia

34
Categorias taxonômicas e a filogenética
Cada uma das categorias usadas na classificação é denominada táxon, assim, o ramo da Biologia que se
ocupa da classificação e nomenclatura é chamado taxonomia. A categoria básica na classificação é a espécie.
Espécies que apresentam características em comum são agrupadas em um gênero. Os gêneros, agrupados em
famílias; as famílias, em ordens; as ordens, em classes; as classes, em filos ou divisões (para vegetais); e os filos, em
reinos. Assim, cada uma das categorias é um conjunto composto de vários subconjuntos.
O sistema de Lineu não considerava a ideia de parentesco entre os seres, pois, para ele, todos os seres ha-
viam surgido no momento da Criação Divina.

Tubarão Golfinho Homem


Reino Animal Animal Animal
Filo Cordado Cordado Cordado
Classe Condríctie Mamífero Mamífero
Ordem Elasmobrânquio Cetáceo Primata
Família Carcarrinídeo Delfinídeo Hominídeo
Gênero Negaprion Delphinus Homo
Espécie Negaprion brevirostris Delphinus delphis Homo sapiens

A definição de quais são as características relevantes é uma tarefa complexa. Devido à falta de informações
e à discordância entre os cientistas, o sistema de classificação precisa ser constantemente revisado. Atualmente,
técnicas modernas permitem que sejam comparadas a composição química das proteínas e dos genes que com-
põem os seres vivos, elucidando algumas relações de parentesco.

A nomenclatura binomial
De Lineu foi também a ideia de atribuir uma nomenclatura a cada organismo. Essa nomenclatura é compos-
ta por dois nomes: o primeiro indica o gênero e o segundo, a espécie – por exemplo: Canis lupus (lobo), na qual
Canis é o epíteto genérico (gênero) e lupus é o epíteto específico.
Para que seja padronizada a nomenclatura, deve-se seguir sempre certas regras:
§§ os nomes devem estar em latim;
§§ o primeiro nome deve ser escrito com inicial maiúscula e o segundo com inicial minúscula; e
§§ nomes devem ser sempre destacados do texto (em negrito, itálico ou sublinhado).

Os reinos
Atualmente, destacam-se dois sistemas de classificação que consideram os seis reinos:
§§ Reino Arquea: as arqueobactérias possuem a capacidade de viver em locais onde as condições de vida são
extremamente adversas para a grande maioria dos seres vivos. Habitam em locais com grande presença
de sal, extremamente ácidos, baixíssima umidade, ausência de oxigênio, temperaturas muito elevadas ou
muito baixas.
§§ Reino dos Moneras, que inclui bactérias e cianobactérias, com aproximadamente 5 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Protoctistas, que inclui protozoários e algas, com aproximadamente 58 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Fungos, que inclui os fungos e líquens, com aproximadamente 47 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Vegetais, que inclui as plantas, com aproximadamente 250 mil espécies descritas.
§§ Reino dos Animais, que inclui os animais invertebrados (com cerca de 992 mil espécies descritas – destas,
cerca de 880 mil são artrópodes) e vertebrados (cerca de 44 mil espécies descritas).

35
Há seres que não se encaixam em nenhum dos
ENVELOPE:
reinos existentes – os vírus –, pois apresentam caracte- MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
DO VÍRUS
rísticas únicas: eles não formam células (são formados
CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS
de material genético envolvido por uma cápsula protei- DNA VIRAL

ca) e só se reproduzem dentro de células hospedeiras.


H (HEMAGLUTINA)
N (NEURAMINIDASE)

Vírus
Os vírus são uma estrutura que está no limite
O vírus é uma partícula basicamente proteica que pode infectar organismos vivos.
entre um ser vivo e a matéria bruta. Não apresentam cé-
lula – e assim não trazem a unidade básica de vida, não
sendo considerados seres vivos. Contudo, conseguem se
multiplicar quando infectam uma célula, algo que uma
Classificação
matéria sem vida não consegue fazer. Por isso, são alvo
Os vírus apresentam formas diversas, e os princi-
de discussão, em que alguns autores os consideram
seres vivos e outros não. pais critérios de divisão são:
§§ os tipos de ácidos nucleicos: diferenciam-se os

Estrutura viral desoxirribovírus e os ribovírus;


§§ a simetria do complexo ácido nucleico-cápside
É formada por uma cápsula proteica, o capsí- (exemplos: bastonete ou esférico);
deo, com diversas subunidades, os capsômeros. No §§ a presença ou ausência de um envoltório;
interior do capsídeo, há um ácido nucleico que, depen- §§ as propriedades sorológicas do capsídeo e do
dendo do tipo de vírus, pode ser DNA, RNA ou os dois
envoltório; e
juntos, no caso dos citomegalovírus.
§§ a presença de determinadas enzimas.
O capsídeo, juntamente com o ácido nuclei-
co que ele envolve, é denominado nucleocapsídeo. Alguns ribovírus apresentam a enzima transcrip-
Alguns vírus são formados apenas por essa estrutura, tase reversa e são conhecidos como retrovírus; ou o fato
enquanto outros possuem um envoltório ou envelope de que a maioria dos bacteriófagos apresentam DNA,
externo ao nucleocapsídeo. Esses vírus são denomina- mas há exceções com RNA.
dos vírus encapsulados ou envelopados.
Envelope consiste em duas camadas de lipí-
dios, derivadas da membrana plasmática da célula hos- Reprodução
pedeira, e em moléculas de proteínas virais, específicas
para cada tipo de vírus, imersas nas camadas de lipídios. São considerados parasitas intracelulares
obrigatórios, o que significa que somente se reprodu-
zem pela invasão e possessão do controle da maquinaria
PROTEÍNAS VIARIS ESPECÍFICAS de autorreprodução celular. Parasita refere-se a um or-
CAPSÍDEO:
PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS ganismo que se aproveita dos recursos de outro ser vivo,
DNA VIRAL
o hospedeiro, para sobreviver. O termo vírus refere-se,
geralmente, às partículas que infectam eucariontes, en-
quanto o termo bacteriófago, ou fago, para descrever
aqueles que infectam procariontes. Há ainda aqueles que
infectam apenas fungos, denominados micófagos.
ENVELOPE:

36
MEMBRANA BIMOLECULAR DE
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS ESPECÍFICAS
DO VÍRUS

CAPSÍDIO: PROTEÍNAS VIRAIS ESPECÍFICAS


DNA VIRAL

H (HEMAGLUTINA)
Esquema de um bacteriófago

O bacteriófago é um dos vírus mais estudados, dentre os quais, aqueles que infectam a bactéria intestinal
Escherichia coli, conhecidos como fagos T.
Existem dois tipos de ciclo reprodutivo o ciclo lítico e o ciclo lisogênico. Ambos os casos iniciam-se com
o fago T aderindo à superfície da célula bacteriana através das fibras proteicas da cauda – há um encaixe específico
entre a proteína do vírus e as proteínas da superfície da célula – e injetando seu DNA, deixando a cápsula do lado de
fora – em alguns vírus, como o causador da gripe, a cápsula penetra nas células, é destruída e libera o ácido nucleico.
A partir desse momento, começa a diferenciação entre ciclo lítico e ciclo lisogênico.
No ciclo lítico, o vírus invade a bactéria, na qual as funções normais são interrompidas na presença de ácido
nucleico do vírus (DNA ou RNA). Por sua vez, ao mesmo tempo que o vírus é replicado, comanda a síntese das prote-
ínas que irão compor o capsídeo. Os capsídeos organizam-se e envolvem as moléculas de ácido nucleico, produzindo,
então, novos vírus. Ocorre, assim, a lise, ou seja, a célula infectada se rompe e os novos bacteriófagos são liberados.
No ciclo lisogênico, o vírus invade a célula hospedeira, incorporando o DNA viral ao da célula infectada,
fazendo com que seu DNA torne-se parte do DNA da célula invadida. Uma vez infectada, a célula continua com suas
funções normais, como reprodução e ciclo celular. Ao realizar divisão celular, o material genético da célula sofre dupli-
cação, juntamente com o material genético do vírus que foi incorporado; em seguida, são divididos igualmente entre
as células-filhas. Assim, uma vez infectada, uma célula começará a transmitir o vírus sempre que se multiplicar e todas
as novas células também estarão infectadas. Os sintomas causados por um vírus como este demoram a aparecer em
um organismo multicelular, e suas causas tendem a ser incuráveis. É o caso da Aids e da herpes.

Representação ciclo lítico e lisogênico

37
Mecanismos de 14.Febre amarela
15.Ebola
16.Aids: conhecida também por síndrome da imu-
manifestação viral nodeficiência adquirida, é provocada pelo vírus
§§ Quando o material genético for DNA. da imuno deficiência humana (HIV – família Re-
O DNA viral passa por uma transcrição, sinteti- troviridae) e apresenta subtipos 1 e 2. Pode ser
zando várias moléculas de RNA traduzidas em transmitida pelo contato com mucosas corporais,
uma proteína. É o caso dos vírus da varíola, da áreas feridas do corpo de um indivíduo portador,
hepatite e da herpes. esperma, secreção vaginal, leite materno ou san-
gue contaminado pelo vírus. A principal via de
§§ Quando o material genético for o RNA.
transmissão é o contato sexual (genital, anal ou
A ação viral pode ocorrer por duas vias, de acor-
oral). Mães gestantes também podem transmitir o
do com o vírus.
vírus ao feto, assim como pelo uso de objetos per-
Na primeira, os vírus de RNA sintetizam mais
RNA traduzidos em proteínas pelo maquinário furocortantes contaminados e que não estejam
da célula hospedeira, como os vírus da gripe, da devidamente esterelizados. Picadas de mosquito
poliomielite e da raiva. não são capazes de transmitir o vírus em questão.
Na segunda, o RNA é convertido em DNA por Como seu próprio nome indica, ele faz com que o sis-
meio de uma enzima denominada transcripta- tema imunológico (responsável pela defesa do orga-
se reversa. nismo) enfraqueça – uma vez que ataca os glóbulos
brancos, reduzindo sua quantidade. Assim, o portador
do vírus está sujeito a adoecer com mais facilidade,
Viroses inclusive por aquelas doenças que não fariam mui-
to mal a pessoas com boa imunidade. Se não trata-
Viroses humanas da, a pessoa fica cada vez mais debilitada podendo
morrer. Felizmente, os portadores do vírus têm maior
Principais viroses que acometem expectativa de vida. A terapia antirretroviral (ofereci-
da gratuitamente pelo SUS) é capaz de controlar a
os seres humanos
multiplicação do vírus e, consequentemente, reduzir
1. Gripe
2. Hepatite a destruição dos glóbulos brancos. Com isso, a Aids
3. Herpes deixou de ser encarada como uma moléstia fatal para
4. Poliomielite transformar-se em doença passível de controle.
5. Raiva Embora possa provocar efeitos colaterais, estas
6. Rubéola pessoas podem exercer suas atividades normal-
7. Sarampo mente, exceto em casos que se apresentem in-
8. Varíola capacitadas, e terão cuidados constantes para o
9. Catapora resto de sua vida, como:
10.Caxumba §§ uso dos fármacos prescritos;
11.Dengue §§ adoção da camisinha em todas as relações
12.Febre chikungunya sexuais (mesmo se tratando de parceiro tam-
13.Febre por zika vírus: pode ser assintomática, bém HIV positivo);
mas os sintomas podem ser febre, dores de cabe- §§ uso de curativos impermeáveis em todos os
ça, dores leves nas articulações, erupções cutâne- ferimentos que eventualmente ocorram;
as, conjuntivite, dentre outros. No geral, a evolu- §§ impossibilidade de doar sangue; e
ção da doença é benigna e casos graves são raros. §§ separação dos seus próprios objetos de uso
O zica vírus vem sendo relacionado a casos de pessoal, como toalha, alicate de unhas e es-
microcefalia, caracterizada pelo perímetro cefálico cova de dente; para evitar a contaminação de
menor que o normal para a idade e que gera qua- outras pessoas pelo vírus, e a manifestação de
dros de atraso mental, dentre outras complicações. infecções oportunistas no paciente.

38
Vírus HIV
O HIV (vírus da imunodeficiência adquirida) pertence a uma família de retrovírus de mamíferos. Diferente-
mente do herpes vírus, multiplica-se constantemente no hospedeiro, apesar de algumas células apresentarem vírus
em estado latente. Os seres humanos e outros primatas são os únicos hospedeiros naturais do vírus HIV.
Existem duas grandes famílias de vírus HIV: o HIV-1, que causa infecções em primatas não humanos, no caso os
símios, encontrados na África ocidental; e o HIV-2, que se subdivide em, pelo menos, cinco grandes subfamílias e causa
a infecção na população humana pelo mundo.
O HIV tem como alvo celular os linfócitos T-CD4, responsáveis pela proteção do organismo contra agentes
infecciosos que penetrem no indivíduo. Ele utiliza essas células e todo o maquinário celular para reproduzir-se,
causando a destruição do sistema imunológico do hospedeiro, o que o torna suscetível a qualquer infecção opor-
tunista, como uma simples gripe, podendo levá-lo à morte.
Todos os tratamentos são associados à supressão da replicação do vírus e à repleção das células CD4 periféricas.
Durante o período gestacional, o bebê está protegido da contaminação contra o HIV, por conta da placenta, mas, em seu
rompimento e momento do nascimento, o neonatal corre riscos de contaminação, devido ao contato com o sangue da mãe.

QUADRO RESUMO DAS VIROSES


Doença Transmissão
Catapora (varicela) Contato da pele com as bolhas ou pelo ar, que contenha o vírus Varicela zoster.
Caxumba (parotidite infecciosa) Por gotículas de saliva expelidas pelo doente, que contenham o Paramyxovírus sp.
Vertical (placentária), amamentação materna, ato sexual, de pessoa para pessoa e por
Citomegalia
transfusão sanguínea.
Dengue Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus.
Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus (tigre asiático). Ocorre quando
Dengue hemorrágica
um indivíduo que teve um tipo de vírus da dengue recebe outro vírus diferente, também da dengue.
A febre chikungunya pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus,
Febre chikungunya
os mesmos que transmitem o vírus da dengue e da febre amarela
O Aedes aegypti infecta-se com o zika vírus toda vez que ele pica uma pessoa ou macaco previamente
infectado. Assim como ocorre na dengue e na febre amarela, o mosquito não torna-se imediatamente
Febre por zica vírus um transmissor do vírus. Após ser ingerido pelo mosquito, o zika vírus ainda precisa de cerca de 10 dias
para multiplicar-se e migrar do sistema digestivo para as glândulas salivares do Aedes. Só a partir deste
momento é que o mosquito passa a ser capaz de transmitir o vírus durante a picada.
Febre aftosa Via respiratória, inalando o Aphthovirus sp.
Febre amarela silvestre Picada da fêmea dos mosquitos Haemagogus sp ou Sabethes sp contendo o Flavivirus sp.
Febre amarela urbana Picada da fêmea dos mosquitos Aedes aegypti ou Aedes albopictus contendo o Flavivirus sp.
Febre hemorrágica do ebola Por meio de secreções corpóreas e sangue contaminado pelo Filovirus sp.
Gripe Contato com o ar contaminado pelo Mixovirus influenzae.
Hantavirose Via respiratória, água e alimentos contendo o Hantavirus sp.
Hepatite Contato pessoa a pessoa; oral-fecal, transfusão sanguínea.
Contato íntimo com indivíduo transmissor, a partir de superfície mucosa ou de lesão infectante
Herpes
contendo, por exemplo, o Herpes simplex.
Mononucleose Contato íntimo de secreções orais (saliva) contendo o vírus Epstein-Barr, da família Herpesviridae.
Papiloma (condiloma) Vertical (placentária); ato sexual; o agente etiológico é o HPV.
Poliomielite (paralisia infantil) Contato direto com secreções faríngeas de doentes.
Hidrofobia (raiva) Por meio da saliva de animais doentes.
Resfriado Contato com o ar contaminado pelos vírus sincicial respiratório, parainfluenza ou rinovírus.
Rubéola Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Sarampo Por meio de gotículas de muco e saliva ou pelo contato direto com as secreções do nariz.
Síndrome da imunodeficiência adquirida Ato sexual (hétero e homo) sem preservativo, seringa contaminada, transfusão sanguínea, via
(Sida ou Aids, em inglês) vertical (placentária).
Contato com as secreções das vias respiratórias, com as lesões da pele, das mucosas e com
Varíola
os objetos de uso do doente.

39
Imunização de DNA unida pelas extremidades (DNA circular), o material
genético encontra-se disperso no citoplasma.
Uma das alternativas para a prevenção de al- A célula bacteriana não possui núcleo verdadei-
gumas dessas doenças virais é a vacinação, proces- ro, uma vez que não apresenta a membrana que envol-
so de imunização ativa que consiste na inoculação ve o material genético (envoltório nuclear ou carioteca).
de antígenos mortos ou enfraquecidos que estimulam As cianobactérias são produtoras de seu próprio
a produção de anticorpos no organismo. Essa primeira alimento por meio do fenômeno da fotossíntese, segun-
produção de anticorpos – imunização primária – é do a equação:
lenta e pequena. O segundo encontro com o antígeno 6CO2 + 12H2O
luz
C6H12O6 + 6O2 + 6H20
clorofila
desencadeará a imunização secundária, que é rápi-
da e produz grande quantidade de anticorpos. Quando As cianobactérias do passado deram origem aos
o vírus tem uma taxa de mutação e reprodução muito cloroplastos das células eucarióticas (vegetais e algas).
alta, como é o caso da gripe, o processo é ineficaz, pois
o antígeno muda muito.
Caracterização geral das bactérias
Na maioria das espécies, a proteção da célula
é feita por uma camada extremamente resistente, a
parede celular, havendo imediatamente abaixo uma
membrana citoplasmática que delimita um único com-
partimento contendo DNA, RNA, proteínas e pequenas
moléculas, dividido por fissão binária.
A habilidade em dividir-se de maneira rápida
Gráfico que representa o processo de
vacinação e a quantidade de anticorpos
possibilita populações de bactérias a se adaptar às mu-
produzidos pelo organismo. danças de ambiente. Dois grupos de bactérias distante-
O processo de imunização passiva, conhecido mente relacionados são reconhecidos: as eubactérias,
por sorologia, consiste na inoculação de anticorpos que são os tipos comuns encontrados na água, solo e
prontos para inativarem os antígenos que estão para- organismos vivos maiores; e as arqueobactérias, que
sitando no organismo. são encontradas em ambientes realmente inóspitos,
como os pântanos, fontes termais, fundo do oceano,
salinas, vulcões, fonte ácidas etc.

Reino Monera Morfologia e estrutura


Bactérias e cianobactérias da célula bacteriana
Podem ser encontradas em todos os meios: ar, Cromossomo
água, solo ou mesmo no interior de outros organismos.
Cromossomo circular, que é constituído por uma
Isso deve-se ao fato de suportarem grandes pressões,
única molécula de DNA circular, tendo sido também
temperaturas elevadas, concentrações osmóticas mor-
chamado de corpo cromatínico.
tais para outros organismos e valores de pH radicais.
As bactérias heterótrofas são aquelas incapazes de
produzirem seu próprio alimento. Quando se nutrem de ma-
Plasmídios
téria orgânica morta, são conhecidas por decompositoras ou Esses elementos extracromossômicos, denomina-
sapróvoras e, se utilizam matéria viva, são parasitas. A parede dos plasmídios, são autônomos, isto é, capazes de auto-
celular que envolve e protege a membrana plasmática é o ci- duplicação independente da replicação do cromossomo,
tosol (citoplasma). Este possui apenas um tipo de organoide, e podem existir em número variável no citoplasma bacte-
o ribossomo, no qual ocorre a síntese de proteínas. Apresenta riano. Os ribossomos acham-se espalhados no interior da
um único cromossomo constituído por uma molécula gigante célula e conferem uma aparência granular ao citoplasma.

40
As bactérias fotossintetizantes apresentam um
Bactéria
pigmento disperso no hialoplasma, conhecido como bac-
plasmídeo
terioclorofila, e apresentam um fotossistema simples.
cromossomo
bacteriano Nas quimiossintetizantes, ocorre uma reação quí-
mica específica, que libera energia formando ATP, utiliza-
do na formação de carboidratos, como a glicose.
As bactérias podem realizar respiração celular
aeróbia, respiração anaeróbica ou fermentação (alcóo-
Plasmídeo bacteriano lica ou láctica).

Mesossomo Reprodução das bactérias


Invaginações da membrana celular. Possui diver- A reprodução assexuada mais comum nas bacté-
sas funções: papel na divisão celular e na respiração. rias é a divisão binária.

Parede
De acordo com a constituição da parede, as bac-
térias podem ser divididas em dois grandes grupos:
§§ Gram-negativas: apresentam-se de cor aver-
melhada quando coradas pelo método de Gram.
§§ Gram-positivas: apresentam-se de cor roxa
quando coradas pelo método de Gram.

Cápsula
Muitas bactérias apresentam externamente à
parede celular uma camada viscosa denominada cápsu-
la. São geralmente de natureza polissacarídica, e estão
relacionadas com a virulência da bactéria, uma vez que
a cápsula confere resistência à fagocitose.

Esporos Divisão binária bacteriana


A reprodução sexuada também existe, sendo a con-
O endosporo é uma célula formada no interior sequência da transferência de segmentos de DNA de uma
da célula vegetativa, altamente resistente ao calor, des- célula doadora (macho) para uma célula receptora (fêmea).
secação e outros agentes físicos e químicos, capaz de A passagem de segmentos de DNA entre bacté-
permanecer em estado latente por longos períodos e rias pode ocorrer de vários modos:
depois germinar, dando início à nova célula vegetativa.
§§ Transformação: bactéria absorve moléculas de
A esporulação tem início quando os nutrientes bacteria-
nos se tornam escassos, geralmente pela falta de fontes DNA dispersas no meio, provenientes de outras
de carbono e nitrogênio. bactérias mortas.
§§ Transdução: moléculas de DNA são transferi-
Nutrição das de uma bactéria à outra usando vírus (bac-
teriófagos) como vetores (transmissores).
As bactérias podem ser autótrofas ou heterótro- §§ Conjugação: o DNA passa diretamente da bac-
fas. As autótrofas incluem as fotossintetizantes e as qui- téria macho para a bactéria fêmea através de mi-
miossintetizantes. As bactérias fotossintetizantes, com clo- croscópicos tubos proteicos, chamados pili, que
rofila específica, são as cianobactérias. as bactérias “macho” possuem em sua superfície.

41
Importância das bactérias
As bactérias, juntamente com os fungos, são os principais decompositores dos ecossistemas. Outro desta-
que é a participação essencial de bactérias na ciclagem do nitrogênio; as cianobactérias fazem esse papel, também,
nos ecossistemas aquáticos. Quanto à decomposição, pode-se destacar a possível competição estabelecida, há
milhões de anos, entre fungos e bactérias. É conhecido o fato de certos fungos desenvolverem substâncias que
impedem o crescimento de bactérias. Lembre-se que o primeiro antibiótico conhecido pelo homem foi a penicilina
extraída de um fungo do gênero Penicillium.
As bactérias são utilizadas, cada vez mais, em tecnologia destinada à humanidade. Há tempos, elas são
utilizadas em formação de antibióticos e vitaminas, na produção de laticínios e na produção de vinagre.

Bactérias patogênicas
A seguir, abordaremos as principais doenças causadas por bactérias ao ser humano.

Resumo das bacterioses

DOENÇA TRANSMISSÃO AGENTE INFECCIOSO


Antraz Através da inalação de esporos ou ingestão de ali-
Bacillus antracis
(carbúnculo) mentos contaminados, ou ferimentos cutâneos.
Ingestão de alimentos contaminados (exem-
Botulismo Brucella sp.
plo: enlatados de palmito).
Brucelose
Contato com secreções animais contaminadas; com a
(febre ondulante ou Brucella sp.
placenta; fetos abortados; ingestão de leite cru.
do Mediterrâneo)
Cólera Ingestão de água ou de alimentos contaminados. Vibrio cholerae
Coqueluche
Contato direto ou indireto com a saliva do doente. Bordetella pertussis
(tosse comprida)
Difteria Contato com a secreção do nariz, ou da gar-
Corynebacterium diphteriae
(crupe) ganta, ou através do leite cru.
Fasciíte necrosante Penetração através de cortes na pele. Estreptococo do tipo A
Febre purpúrica Contato direto pessoa a pessoa (com conjuntivite) ou indi-
Haemophilus influenzae
brasileira reto por intermediação mecânica (insetos, toalhas, mãos).
Febre tifoide (tifo) Contato direto ou indireto com fezes ou urina do doente. Salmonella typhi
Gonorreia (blenorragia) Contato sexual. Neisseria gonorrhoeae
Lepra (hanseníase) Penetração no organismo pela pele ou mucosas (ex.: nasais). Mycobacterium leprae
Penetração no organismo pelas mucosas, pela pele fe-
Leptospirose Leptospira sp.
rida ou via oral (alimentos contaminados).
Lyrre (doença de Lyme) Adesão de carrapatos à pele sucção de sangue. Bonnelia bungdorferi
Meningite Por via respiratória, quando o doente fala, tosse, espirra ou pelo
Neisseria meningitidis
meningocócica beijo.
Peste Picada de pulgas infectadas; pessoa a pessoa. Yersinia pestis
Diplococcus pneumoniae, micoplas-
Pneumonia Por via respiratória; contato pessoa a pessoa; infecção hospitalar.
mas, clamídias, legionelas etc.
Psitacose Por via respiratória: contato pessoa a pessoa. Chlamydia psittaci
Shigelose (disenteria) Ingestao de água ou de alimentos contaminados. Shigella sp.
Sífilis Contato sexual; transfusão de sangue; via vertical (placentária). Treponema pallidum
Tetano Penetração dos esporos através de ferimentos perfurantes. Clostridium tetani
Pneumonia Por via respiratória (inalando o bacilo). Mycobacterium tuberculosis
Uretrite Ato sexual. Chlamydia trachomatis

42
Arqueas célula eucariótica. A célula, então, desprovida dessa pa-
rede, adquiriu a capacidade de mudar de forma, crescer
Elas têm capacidade de viver em ambientes ex- e envolver substâncias extracelulares através da invagi-
tremos e são divididas em: halófilas extremas, suportan-
nação da membrana plasmática, fenômeno conhecido
do grandes salinidades; termófilas extremas, vivendo em
por endocitose. Células procarióticas de cianobactérias,
temperaturas superiores a 100 °C. Algumas crescem em
por meio da fagocitose, são englobadas, originando os
ambientes ácidos com pH igual a zero, são as acidófilas.
cloroplastos. Aí está formada, ao longo do tempo, uma
As arqueas vivem tipicamente em ambientes
célula eucariótica autotrófica.
extremos (extremófilas), como fontes termais, fendas
A edição número 76 da revista Scientific Ameri-
vulcânicas, águas extremamente salgadas ou geladas,
entre outros. Muitas delas não possuem parede celu- can Brasil, de 2008, noticiou que pesquisadores da Har-
lar, no entanto, há aquelas nas quais tal estrutura está vard Medical School, nos Estados Unidos, conseguiram
presente e são constituídas por polissacarídeos ou pro- construir um modelo da célula primitiva que surgiu há,
teínas. Já nas bactérias, a parede está sempre presente, aproximadamente, 3,5 bilhões de anos e que deu início
sendo composta por peptidioglicanos. à jornada da vida na Terra. A partir dessa célula primiti-
va, surgiram os dois tipos fundamentais de células: um

Cianobactérias presente em bactérias e cianobactérias; e o outro pre-


sente em todos os demais seres vivos conhecidos atu-
A maioria das bactérias fotossintéticas é deno- almente, exceto vírus. Esse feito científico é de extrema
minada cianobactérias, e, durante longos anos, eram
importância, pois pode fornecer informações mais preci-
conhecidas por algas azuis.
sas de como esse processo de diversificação aconteceu.
As cianobactérias são maiores que os restantes
dos procariontes, não apresentam órgãos locomotores e
Diferenças entre as células procarióticas e eucarióticas
realizam fotossíntese com o auxílio de pigmentos fotos-
Célula Célula
sintéticos variados, como a clorofila A, os carotenoi- Estrutura
procariótica eucariótica
des (pigmentos amarelos), a ficocianina (pigmento
Membraba
azul) e a ficoeritrina (pigmento vermelho). Presente Presente
plasmática
Algumas cianobactérias são capazes de fixar o Citosol Presente Presente
nitrogênio do ar atmosférico, aproveitando esse gás
Ribossomos Presente Presente
para construir suas proteínas.
Endomembranas Ausente Presente

Liberação de toxinas Envoltório nuclear Ausente Presente


Mitocôndria Ausente Presente
Algumas espécies produzem e liberam toxinas
Presente em
na água que podem envenenar outros animais Cloroplasto Ausente
vegetais e algas
que habitam o mesmo ambiente ou contaminar a
2 ou mais
água potável, levando doenças aos seres humanos. Cromossomo 1 por célula
por célula
As mais prejudiciais para os seres humanos são as DNA Circular Linear
hepatotoxinas e as neurotoxinas.

Teoria da endossimbiose
Teoria da endossimbiose e origem das
As provas que confirmam a teoria endossimbió-
células eucariontes vegetal e animal tica da origem dos cloroplastos e mitocôndrias são:
A célula vegetal originou-se a partir de uma §§ presença do DNA circular, típico de bactérias;
célula pré-eucariótica heterótrofa. É possível que o §§ presença de ribossomos para a síntese de suas
primeiro passo tenha sido a perda da capacidade de proteínas;
produzir a parede celular, para ocorrer a evolução da §§ capacidade de autoduplicação.

43
Reino protoctista I: A profilaxia é feita pela ingestão de alimentos
bem lavados e/ou cozidos, pela higiene pessoal, pela
construção de fossas e redes de esgoto e pelo tratamen-
protozoários to das pessoas doentes.

Protoctistas heterótrofos: Flagelados (mastigóforos)


protozoários São protozoários que se locomovem por meio
de flagelos. Reproduzem-se por cissiparidade ou divi-
A maioria desses seres é heterótrofa, e alguns auto- são binária. Têm vida livre, sendo abundantes na água
res dizem que são animais. Caracterizam-se por serem uni- doce e nos mares; outros vivem como parasitas.
celulares, eucariontes e viverem isolados ou em colônias.
São divididos em quatro classes, de acordo, prin- Trypanosoma cruzi
cipalmente, com o modo de locomoção ou forma de
reprodução típica: Esse protozoário é causador da doença de Cha-
gas, sendo transmitida ao homem pela picada do inseto
Triatoma infestans (percevejo barbeiro), que é hemató-
fago e de hábito noturno. A picada do inseto não
transmite a moléstia, pois nas suas glândulas sali-
vares não existe a forma infectante. Depois de picar e
sugar o hospedeiro, o barbeiro elimina fezes infectadas
com tripanossomos na pele, geralmente no rosto, daque-
paramécio balantídeo tripanossomo
le. O próprio hospedeiro pode introduzir as fezes conta-
minadas nas mucosas ou, coçando-se, pode causar uma
escoriação, facilitando a penetração dos tripanossomas.
Outras formas de contato ocorrem na vida in-
trauterina, por meio de gestantes contaminadas, trans-
fusões sanguíneas ou ingestão de caldo de cana; bem
mais raras são por ingestão de cremes de açaí ou aci-
giárdia ameba dentes com instrumentos de punção em laboratórios,
por profissionais da saúde. A doença possui uma fase
Rizópodes (sarcodinos) aguda e outra crônica. No local da picada, a área torna-
-se vermelha e endurecida, constituindo o chamado
Deslocam-se por pseudópodes e reproduzem-se chagoma. Quando essa lesão ocorre próxima aos
por cissiparidade. Como exemplo, temos a Entamoeba olhos, leva o nome de sinal de Romaña.
histolystica, causadora da amebíase. Após um período de incubação, ocorre febre, ín-
Os sintomas mais comuns da amebíase são di- guas por todo o corpo, inchaço do fígado e do baço e
senteria aguda com muco e sangue nas fezes, náuseas, um vermelhidão no corpo semelhante a uma alergia e
vômitos e cólicas intestinais. Existem casos em que a que dura pouco tempo. Nessa fase, nos casos mais gra-
ameba pode passar a parasitar outras regiões do or- ves, pode ocorrer inflamação do coração. Mesmo sem
ganismo, causando lesões no fígado, pulmões e, mais tratamento, a doença fica mais branda e os sintomas
raramente, no cérebro. desaparecem após algumas semanas ou meses.
A contaminação é direta. Ocorre pela ingestão de A pessoa contaminada pode permanecer muitos
água ou alimentos contaminados por cistos. anos ou mesmo o resto da vida sem sintomas, aparecendo
No ciclo, os cistos passam pelo estômago, resistindo que está contaminada apenas em testes de laboratório.
à ação do suco gástrico, chegam ao intestino delgado, quan- Eliminar ou evitar o contato com o vetor e me-
do ocorre o desencistamento. Então, migram para o intestino lhorar as condições das habitações (evitando o pau-a-
grosso e ali se estabelecem. -pique) são as melhores medidas preventivas.

44
Giardia lamblia
A giardíase é uma parasitose intestinal que tem como agente etiológico a Giardia lamblia. A giardíase se
manifesta por azia e náusea.
A contaminação ocorre quando os cistos maduros são ingeridos pelo indivíduo. Os cistos podem ser encon-
trados na água (mesmo que clorada), alimentos contaminados e, em alguns casos, a transmissão pode se dar por
meio de mãos contaminadas.
Para se evitar a giardíase, devem-se tomar as mesmas medidas profiláticas usadas contra a amebíase, uma
vez que há ingestão de cistos.

Leishmania
Esse protozoário é causador da Leishmaniose, sendo transmitido pela picada da fêmea do mosquito hema-
tófago Phlebotomus (mosquito-palha ou birigui). Entre as principais espécies de protozoários parasitas do gênero
Leishmania, destacamos a Leishmania braziliensis, a Leishmania donovani e a Leishmania tropica.

Ciclo de vida da leishmaniose

Ciliados
São protozoários que se locomovem por meio de cílios e apresentam reprodução por cissiparidade e con-
jugação. Um típico representante é o paramécio. Além dos vacúolos contrácteis, evidenciam os dois núcleos: o
macronúcleo, relacionado com a nutrição; e o micronúcleo, envolvido com a reprodução. O paramécio se reproduz
assexuadamente por bipartição e sexuadamente por conjugação. Nesse caso, acontece a fusão temporária de dois
indivíduos, entre os quais se formam pontes citoplasmáticas para trocas de partes dos micronúcleos. Após a troca e
a fusão de micronúcleos, os paramécios separam-se e dividem-se duas vezes, produzindo um total de oito indivíduos.

45
Esporozoários
Esses protozoários não possuem organelas de locomoção, portanto, são parasitas e apresentam repro-
dução sexuada por esporulação. Como exemplos, citamos os plasmódios e o toxoplasma. No Brasil, são causadores
da malária o Plasmodium vivax, Plasmodium falciparium e Plasmodium ovale. Os protozoários são transmitidos
pela picada da fêmea do Anopheles (mosquito-prego). O Toxoplasma gondii causa a toxoplasmose e é transmitido
pela urina de gatos, ratos e também pela ingestão de carne contaminada.

Esporozóitos
do plasmodium

1º Vetor

Hospedeiro Hospedeiro
humano humano
inicial seguinte

Infecção
hepática 2º Vetor

Infecção
sanguínea

Transmissão
no útero

Ciclo de transmissão da malária

Reprodução
Assexuada (divisão binária)
A partir de um indivíduo, ocorre a duplicação do núcleo e posterior divisão do citoplasma.

46
Sexuada (conjugação)
Ocorre uma troca de material genético que permite um aumento da variabilidade.

Encistamento
Em condições ambientais desfavoráveis, ocorre o encistamento.

Quadro das principais protozooses


Local de infecção
Parasita Classe Doença Transmissão Profilaxia
e sintomas
Medidas de saneamento,
Entamoeba Amebíase • Intestino grosso Alimentos e água
Rizópode higiene pessoal e com os
histolytica (disenteria) • Ulcerações e diarreia contaminados
alimentos

Giardia Giardíase • Intestino delgado Alimentos e água


Medidas de saneamento,
Flagelado • Dores abdominais e diar- contaminados higiene pessoal e com os
lamblia (disenteria)
reia alimentos
Medidas de saneamento,
Balantidium Balantidiose • Intestino Alimentos e água
Ciliado higiene pessoal e com os
coli (disenteria) • Diarreia contaminados
alimentos

Leishmania • Vias respiratórias Picada da fêmea do Telas, repelentes,


Flagelado Úlcera de Bauru • Lesões nas mucosas
brasiliensis mosquito-palha habitações longe de matas
da boca e do nariz

Trichomonas • Uretra e próstata (homem); Relação sexual, Higiene pessoal, com


Flagelado Tricomoníase vagina (mulher) piscinas e sanitários,
vaginalis sanitários e piscinas
• Uretrite e corrimentos uso de preservativos

Trypanosoma Doença • Sangue e sistema


Flagelado nervoso Picada da mosca-tsé-tsé Combate à mosca
gambiensis do sono
• Lesões nas meninges
• Mal-estar, prostração, Fezes de animais
Evitar contato com
Toxoplasma febre; no feto pode causar animais domésticos (fezes
Esporozoário Toxoplasmose domésticos e via
gondii retardamento mental, e urina), principalmente
placentária
cegueira e hidrocefalite para mulher gestante

Reino protoctista II: algas


Protoctistas autótrofos
São seres eucariotos, unicelulares ou pluricelulares com pigmentos fotossintéticos variados, além das cloro-
filas. Vivem no mar, na água doce e em ambientes terrestres úmidos. Dividem-se em três grupos: clorofíceas (algas
verdes), feofíceas (algas pardas) e rodofíceas (algas vermelhas).

Algas verdes (filo Chlorophyta)


São seres unicelulares (isolados ou coloniais) ou pluricelulares. Os principais pigmentos são as clorofilas
A e B e os carotenos (laranja) e xantofilas (amarelo). A reserva é representada por amido e as paredes celulares
possuem celulose.

47
Algas pardas (filo Phaeophyta)
São pluricelulares, possuem um pigmento marrom-amarelado: a fucoxantina ou xantofila (amarelo),
que junto com a clorofila (verde) dá a cor parda que as distingue dos outros filos. Além disso, quando exploradas,
são utilizadas diretamente como adubo, fonte de nutrientes e delas se extrai o iodo, o ágar-ágar.
O corpo é revestido por uma mucilagem chamada algina ou alginato. Essa mucilagem estabilizante é
extraída das algas pardas e utilizada na fabricação de sorvetes, caramelos e cosméticos.

Algas vermelhas (filo Rodophyta)


Conhecidas também pelo nome de rodofíceas, são pluricelulares. Nos plastos além da clorofila, encontra-
-se outro pigmento predominante, a ficoeritrina (vermelho), ocorrendo também a ficocianina (azul). As algas
vermelhas podem fornecer ágar (ágar-ágar) e a carragem (carragim), outra mucilagem com finalidade alimentí-
cia. Algumas espécies revestem-se de carbonato de cálcio (CaCO3).

Os protófitos
Os protófitos são seres clorofilados que realizam fotossíntese e apresentam nutrição autótrofa.

Diatomáceas (filo Bacillariophyta)


Também chamadas de crisofíceas ou algas douradas, a maioria é unicelular e apresentam os pigmen-
tos caroteno (laranja) e xantofila (amarelo), além da clorofila. As diatomáceas têm suas células recobertas por
uma carapaça chamada de frústula, que é de dióxido de silício (SiO2), podendo ser formadas por duas partes
ou valvas que se encaixam.
São considerados os mais importantes produtores no mar e na água doce. Formam parte do fitoplâncton
e são, portanto, alimentos de animais.

Algas pirrofíceas (filo Dinophyta)


As pirrofíceas são algas unicelulares, eucarióticas, flageladas e apresentam uma parede celular impregnada
de carbonato de cálcio (CaCO3), com clorofila A, xantofilas e carotenos. Também são chamadas de dinoflagelados.
Podem causar as marés vermelhas, que correspondem a um aumento do número de indivíduos de uma dada espé-
cie, formando manchas de coloração visível nos mares, devido à alta intensidade. Ocorrem principalmente em águas costeiras
ricas em nutrientes. Esse fenômeno causa a morte de peixes, decorrente do consumo exagerado de oxigênio pelo grande
número de indivíduos e produção de toxinas das algas.
Essas toxinas agem no sistema nervoso. Os moluscos geralmente não são sensíveis, mas podem acumular tais to-
xinas, que podem atingir o homem e outros mamíferos através de sua ingestão. Alguns gêneros de Dinophyta (Pyrrophyta)
apresentam bioluminescência. Através da oxidação de uma substância presente em suas células, na luciferina, pela
enzima luciferase, ocorre a formação de um produto molecular excitado que libera energia luminosa na forma de fótons.

48
Euglenoides (filo Euglenophyta)
São unicelulares, não apresentam parede celular e se locomovem por flagelos. Vivem principalmente em água
doce e apresentam um vacúolo pulsátil, que, ao se contrair, expulsa o excesso de água, por osmose em relação ao meio.
Os seus cloroplastos realizam a fotossíntese, mas, na ausência da luz e na escassez de reservas nutritivas, os
euglenoides são capazes de ingerir partículas alimentares, que entram pela boca da célula (citóstoma), passam pela
citofaringe, sofrem digestão de vacúolos digestórios e os resíduos são eliminados pelo citopígeo, como em unicelu-
lares heterótrofos. Essa capacidade e a estrutura de suas células assemelha-se muito a alguns protozoários, o que
culminou com o estudo das euglenas também como protozoários flagelados. Têm uma região chamada estigma,
responsável pela percepção de luz. A reserva é um tipo de amido conhecido por paramilo.

Reprodução nas algas


As algas apresentam processos de reprodução assexuada por cissiparidade (divisão binária), fragmenta-
ção de seus talos e reprodução sexuada (isogamia, anisogamia e oogamia).

Plasto Valva menor


B

Vacúolo Núcleo Valva maior

Representações esquemáticas de divisão binária


Representações em algas de divisão binária em protistas.
esquemáticas

Reprodução sexuada União


Fusão
sexual
citoplasmática

Organismos adultos Fusão dos


núcleos e
haploides (n)
formação
do zigoto (2n)

Zigósporo

MEIOSE

Ciclo sexuado da
alga verde
Organismos jovens unicelular
haploides (n) Chlam ydomonas sp.
A reprodução sexuada é comum em quase todas as algas. Cada organismo pode se comportar como um gameta e, ao se fundirem, formam um zigoto.
Esse zigoto sofre meiose e forma quatro novos indivíduos haploides.

A maioria das algas multicelulares apresenta o fenômeno de alternância de gerações.

49
Importância das algas
O fitoplâncton é responsável por cerca de 90% do oxigênio atmosférico. Climaticamente, é importante
pela liberação na atmosfera de DMS (dimetil-sulfeto), substância que age como facilitador na formação de núcleos
de condensação e, portanto, de chuvas.

Poríferos e cnidários
Introdução ao estudo dos metazoários
Esses animais são seres multicelulares e heterótrofos, ou seja, obtêm a sua alimentação por ingestão. O
reino dos metazoários é dividido em dois sub-reinos: parazoários, que incluem as esponjas (poríferos), animais
que não apresentam organização em tecidos, e os eumetazoários, que incluem todos os demais grupos, pois suas
células se organizam em tecidos, órgãos e sistemas.
Chamamos os cnidários, por exemplo, de animais diblásticos, pois formam apenas dois folhetos germina-
tivos: endoderme e ectoderme. Já, a partir dos platelmintos, são chamados todos de triblásticos, pois observa-se
a presença de três folhetos embrionários ou germinativos: a ectoderme, a endoderme e a mesoderme. Nos animais
triblásticos pode-se formar uma cavidade corpórea, que é fundamental para acomodar órgãos e estruturas in-
ternas, para circulação de substâncias ao longo do corpo, para acolher resíduos celulares que serão eliminados do
corpo e pode, ainda, estar preenchida de líquido sob pressão, que funciona como estrutura de sustentação em um
esqueleto hidrostático. Chamam-se acelomados os animais sem cavidade corpórea; pseudocelomados os ani-
mais cuja cavidade corpórea é revestida pela mesoderme e pela endoderme; e, finalmente, celomados os animais
cuja cavidade é o celoma, ou seja, revestida unicamente por mesoderne.
Em um dos estágios no desenvolvimento embriológico chamado gástrula, que corresponde a uma forma
tridimensional (semelhante a uma pera) com uma cavidade chamada de arquêntero (intestino primitivo), o qual se
comunica com o meio, através de uma abertura chamada blastóporo, será formada a boca, nos seres protostô-
mios (a grande maioria), ou o ânus, nos deuterostômios (equinodermos e cordados).

Cladograma dos metazoários

50
A simetria corporal
A simetria bilateral corresponde a duas metades semelhantes; a direita e a esquerda .Na simetria radial, há
mais de um plano imaginário que divide o ser em metades semelhantes.

Poríferos (Espongiários)
A maioria desses animais é marinha, e não possuem tecidos verdadeiros, que favorece a grande capaci-
dade de regeneração.

ESPONJA
VIVA REORGANIZAÇÃO
CELULAR
CÉLULAS CAPAZES
DE ORIGINAR
NOVAS ESPONJAS

FORMAÇÃO DE
ESPONJA NOVAS ESPONJAS
DESAGREGADA
ESPÍCULAS

GEMULAÇÃO

REGENERAÇÃO
Esquema representativo da regeneração dos poríferos

Estrutura e fisiologia
As esponjas são animais filtradores. Possuem uma cavidade chamada de átrio ou espongiocele, além de coa-
nócitos, amebócitos e pinacócitos.

A organização do corpo de umAporífero


organização do corpo de um porífero

saída de água

ósculo
porócito
espículas
pinacócitos
poros
espículas
entrada
de água átrio
(espongiocela)
amebócito

colarinho coanócito

flagelo

51
Existem três tipos estruturais de esponjas – áscon, sícon e lêucon –, que apresentam gradual aumento
da superfície de contato dos coanócitos com a água, de modo que, as esponjas tipo lêucon estão mais adaptadas
a promover uma filtração mais eficiente da água e aproveitam melhor os nutrientes disponíveis.

Câmaras
flageladas

Átrio Átrio

Água Água

Ascon Sycon Leucon

Tipos estruturais das esponjas

Reprodução
As esponjas podem se reproduzir de forma sexuada, quando ocorre a união de gametas masculino e feminino,
formando um zigoto que origina uma larva ciliada (anfiblástula), ou assexuada, que pode ocorrer por brotamento,
regeneração e através de gêmulas que aparecem mais em esponjas de água doce.

Sustentação do corpo
Os espongiários possuem um endoesqueleto. O esqueleto mineral é constituído por espículas calcárias e
silicosas ao esqueleto orgânico, apresenta-se formado por uma densa rede de fibras de espongina.

Cnidários (celenterados)
São organismos com simetria radial, predominantemente aquáticos marinhos, podem nadar livremente
(medusas) ou viver fixos (pólipos), no fundo do mar ou dos rios, sozinhos ou formando colônias.

O significado e a importância da cavidade digestiva


A presença de uma cavidade digestiva permite ao animal ingerir alimentos maiores, que gradativamente
sofrerão o ataque de sucos digestivos constituídos por enzimas que catalizarão a sua degradação em substâncias
menores absorvíveis e utilizáveis no metabolismo, posteriormente, pelas demais células do corpo. Neste grupo, a
digestão é, portanto, extracelular e intracelular.

52
Os cnidoblastos
Tanto os pólipos como as medusas são animais predadores, carnívoros que capturam suas presas descarre-
gando uma substância urticante, presente em células nos tentáculos: os cnidócitos ou cnidoblastos.

Sistema nervoso difuso e o arcorreflexo


Esses animais apresentam reações a estímulos externos, que os permitem se defenderem ou capturarem sua
presa. Trata-se da primeira ocorrência de células nervosas.

Fisiologia
Ainda não possuem sistema respiratório e circulatório definidos.

Reprodução
Brotamento
A reprodução dos celenterados pode ser assexuada e sexuada.

Metagênese
A alternância de gerações, em que uma fase se reproduz assexuadamente e a outra sexuadamente, é co-
nhecida como metagênese. A fase sexuada é representada pela forma medusoide.

Classificação dos cnidários


CLASSES DE CELENTERADOS
Classe Relação pólipo/medusa Representantes
Hydra sp (dulcícolas), Obelia sp (colonial),
Hydrozoa Pólipos predominantes
Physalia sp (caravelas e coloniais)
Scyphozoa Medusas predominantes (água-vivas) Aurelia sp
Actinia sp (anêmonas-do-mar) e corais
Anthozoa Exclusivamente polipoides (com exoesqueletos calcários que par-
ticipam da formação de recifes)
Cubozoa Pólipo dá origem à medusa Chironex fleckerí

Platelmintos
Surge a simetria bilateral e a triblastia
Os platelmintos são os primeiros animais nos quais ocorre a simetria bilateral; possuem corpo alongado e
dorso ventralmente achatado. Hábitos de vida são variados: nos de vida livre existem os parasitas que vivem às
custas de outros seres, explorando-os como ecto ou endoparasitas.

53
Fisiologia
§§ Nutrição – o sistema digestório é incompleto. A digestão ocorre nos meios extracelular e intracelular. Existem
espécies parasitas, totalmente desprovidas de sistema digestório.

§§ Respiração e trocas gasosas – as espécies de vida livre são aeróbias e as trocas são realizadas por sim-
ples difusão entre o epitélio permeável do animal e o meio. Os endoparasitas são anaeróbios.

§§ Excreção – célula-flama.

Células-flama
Poros excretores Canal
excretor
Canal
excretor

Tufo de
cílios

Citoplasma
Cordões nervosos Núcleo
longitudinais
Nervos

§§ Coordenação nervosa – gânglios cerebroides ou um anel nervoso, ligados a cordões nervosos


longitudinais.

cordão nervoso

nervos

gânglio cerebral
ocelo
parte
fotossensível

células com
pigmento

nervos para o célula


gânglio cerebral fotossensível

§§ Reprodução – normalmente, são hermafroditas ou monoicos com fecundação interna e um desenvol-


vimento, que pode ser direto ou indireto. Existem espécies que se reproduzem assexuadamente, principal-
mente por regeneração.

54
Classificação dos platelmintos
§§ Classe Turbellaria (turbelários): seres de vida livre com epitélio ciliado.
Exemplo: planária.
§§ Classe Trematoda (trematódios): seres parasitas com epiderme não ciliada e uma ou mais ventosas.
Exemplo: Schistosoma.
§§ Classe Cestoda (cestódios): seres parasitas com corpo dividido em anéis ou proglotes.
Exemplos: Taenia solium e Taenia saginata.

A esquistossomose - Schistosoma mansoni


A barriga-d’água é uma doença provocada pelo platelminto Schistosoma mansoni, um verme dioico com
nítido dimorfismo sexual.
As medidas profiláticas mais comuns são:
1. Tratamento dos infestados por meio da destruição dos vermes no organismo humano.
2. Saneamento básico, que impede que os ovos contaminem a água.
3. Combate aos caramujos hospedeiros intermediários.
4. Impedir a penetração das larvas, não tendo contato com a água contaminada.

A Taenia sp e doenças relacionadas


§§ A teníase é uma doença provocada pela presença das formas adultas das tênias ou solitárias (Taenia
saginata) no intestino delgado humano. A cisticercose é determinada pela presença das larvas da Taenia
solium no homem, localizadas principalmente nos olhos e no cérebro.
São medidas profiláticas:
1. não comer carne malpassada;
2. inspeção de matadouros para verificar a presença de cisticercos na carne;
3. saneamento básico.

§§ Cisticercose – é a enfermidade causada pela localização da larva no organismo do homem, que passa a
funcionar como hospedeiro intermediário. O homem se infesta ingerindo ovos existentes em água poluída,
hortaliças e frutos contaminados.

Nematelmintos
Os asquelmintos (nematelmintos):
o surgimento do tubo digestivo completo
Os nematelmintes são organismos vermiformes, ou seja, de corpo cilíndrico, mas não segmentado, com
típica simetria bilateral e extremidades afiladas. As principais parasitoses que infestam o homem são: ascaridíase,
ancilostomíase, oxiurose e elefantíase.

55
Fisiologia
§§ Digestão – sistema digestório completo com boca anterior e ânus posterior. A digestão é exclusiva-
mente extracelular.
§§ Excreção – célula H.
§§ Circulação e trocas gasosas – nas espécies de vida livre, a respiração é aeróbia, cutânea e ocorre por
difusão simples. Nos parasitas, ocorre a respiração anaeróbia.
§§ Coordenação nervosa – constituído por um anel nervoso anterior e uma série de cordões nervosos
longitudinais.
§§ Reprodução – os nematoides são, com raras exceções, animais dioicos, quase sempre com dimorfismo sexual.

Ascaridíase
É uma parasitose intestinal cujo agente etiológico é o Ascaris lumbricoides, vulgarmente conhecido como lombriga.
1. Ovos contendo larva L3 contaminam
2 água e/ou alimentos;
2. Ingestão dos alimentos contaminados
1 7 com os ovos larvados;
3. Passagem do ovo pelo estômago e
8 liberação da larva L3 no intestino
delgado;
6 4. Penetração das larvas na parede
intestinal;
5. Larvas carregadas pelo sistema porta
até os pulmões;
5 3 6. Larvas sofrem muda para L4, sendo
12 que posteriormente rompem os
capilares e caem nos alvéolos, sofrendo
nova muda (L5). Migração das larvas para
4 a faringe;
9 7. Expulsão das larvas pela expectoração
Fezes ou deglutinação das mesmas;
8. Larvas atingem novamente o duodeno
9 transformando-se em adultos. Fêmeas,
11 após a cópula, iniciam a ovoposição.
10 9. Eliminação dos ovos pelas fezes e
contaminação do ambiente;
Ovo infértil 10 a 12. Evolução dos ovos férteis até se
tornarem larvados, com L3.
Ovo fértil
Ciclo de vida do Ascaris lumbricoides

Ancilostomose
Também conhecida por amarelão ou opilação, a ancilostomose é uma parasitose causada pelos vermes
Ancylostoma duodenale e Necator americanus.
A ancilostomose causa no homem intensa anemia, variando a gravidade com o grau de infestação. Por isso,
o indivíduo parasitado perde cor, tornando-se amarelado (daí o nome amarelão) e fraco. A redução de hemácias
afeta o transporte de oxigênio, afetando o coração e o cérebro, ocorrendo insuficiência cardíaca, sonolência, apatia
e confusão mental. A profilaxia envolve higiene, saneamento básico e uso de calçados.

56
Filaríase ou elefantíase
O causador da elefantíase é o verme Wuchereria bancrofti, os vermes adultos parasitam os gânglios e vasos
linfáticos. No Brasil, o principal transmissor é o mosquito Culex fatigans, vulgarmente conhecido como pernilongo.
A filariose provoca edemas que causam deformações, principalmente nos membros inferiores.

Enterobiose ou oxiurose
A enterobiose ou oxiuríase é uma doença intestinal causada pelo nematelminte Enterobius vermicularis,
verme pequeno e filiforme (formato de fio). O sintoma mais típico é o intenso prurido anal.

Ingestão de ovos com


I
embrião pela pessoa
2

Larvas eclodem no
intestino delgado
3

1
D Ovos nas pregas perianais
Adultos no
Larvas nos ovos maturam lúmen do
em 4 a 6 horas. coco. 4
I Estágio de Infecção
prenhas migram para
5 a região perianal à noi-
D Estágio de Diagnóstico te, botando os ovos

Ciclo de vida do Enterobius vermicularis

O bicho-geográfico
Animais silvestres, como o cão e o gato, apresentam parasitas específicos, cujas larvas infestantes só
completam o ciclo quando penetram no hospedeiro próprio. No homem, migrando e realizando um trajeto
sinuoso no tecido subcutâneo. Os agentes etiológicos são o Ancylostoma caninum e o Ancylostoma braziliense.

57
U.T.I. - Sala
1. (Unifesp adaptado) Considerando os mecanismos de replicação do genoma viral, qual a principal
diferença entre o vírus da gripe e o vírus que causa a Aids?

2. Dentro da microscopia existe uma diferença evidente entre o tamanho de vírus e de bactérias. Qual
dos dois organismo tem sua ação bloqueada por uso de antibióticos? E em que estruturas esses
medicamentos podem agir?

3. (Vunesp) Ao longo do primeiro semestre de 2004, jornais e estações de rádio e TV do interior do


Estado de São Paulo noticiaram o aumento de casos de cães que apresentaram resultado positivo
para os testes de detecção do agente causador da leishmaniose. Em alguns municípios, foram con-
firmados casos de leishmaniose humana. Em algumas cidades, o combate à epidemia foi feito pela
eliminação dos cães infectados.
a) A que reino e filo pertence o organismo causador da leishmaniose?
b) Como se transmite a doença e por que os cães infectados representam perigo ao homem?

4. (UFSJ adaptado) As esponjas (poríferos), organismos primitivos na escala evolutiva, são insensí-
veis ao toque. Já as anêmonas e os corais (cnidários) retraem-se quando os tocamos. A que você
atribui esta diferença comportamental nos dois grupos de animais? E qual é a célula de defesa
dos cnidários?

5. Digestão somente intracelular, ausência dos sistemas nervoso, excretor, circulatório, respiratório e
órgãos reprodutores e de locomoção também ausentes. São essas as características de qual grupo?
Dê um exemplo de animal desse grupo.

6. (Unicamp adaptado) A anemia falciforme é uma doença genética autossômica recessiva, caracte-
rizada pela presença de hemácias em forma de foice e deficiência no transporte de gases. O alelo
responsável por essa condição é o HbS, que codifica a forma S da globina. Sabe-se que os indivíduos
heterozigotos para a HbS não têm os sintomas da anemia falciforme e apresentam uma chance
76% maior de sobreviver à malária do que os indivíduos homozigotos para o alelo normal da glo-
bina (alelo HbA). Algumas regiões da África apresentam alta prevalência de malária e acredita-se
que essa condição tenha influenciado a frequência do alelo HbS nessas áreas. O que ocorre com a
frequência do alelo HbS nas áreas com alta incidência de malária? Por quê?

58
U.T.I. - E.O. 6. (Unesp adaptado) Uma determinada molés-
tia que pode causar lesões nas mucosas, pele
e cartilagens é transmitida por um artrópode
e causada por um protozoário flagelado. Qual
1. (Unesp adaptado) A doença de Chagas atinge
é o nome da doença, do artrópode transmis-
milhões de brasileiros, podendo apresentar,
sor e do agente causador?
como sintomas, problemas no miocárdio, que
levam à insuficiência cardíaca. Por que, na
7. (Esal-MG) Em relação à malária, mencione a
doença de Chagas, ocorre comprometimento
forma infectante do parasita e o gênero do
da função cardíaca? Identifique o grupo ao transmissor.
qual pertence o causador da doença, assim
como os filos do vetor e do hospedeiro.
8. (PUC-SP) Na espécie humana, ocorrem vá-
rias doenças, cujos microrganismos causa-
2. (Unifesp) Cientistas criaram em laboratório dores estão presentes no sangue de pessoas
um bacteriófago (fago) composto que possui infectadas, podendo inclusive ser transmiti-
a cápsula proteica de um fago T2 e o DNA de dos através de transfusões ou por seringas
um fago T4. Após esse bacteriófago compos- usadas.
to infectar uma bactéria, os fagos produzi- a) Cite duas dessas doenças que sejam causadas
dos terão: por protozoários, indicando para cada uma o
a) a cápsula proteica de qual dos fagos? E o nome do parasita responsável.
DNA, será de qual deles? b) Escolha uma das doenças por você citadas e
b) Justifique sua resposta. indique dois métodos para sua profilaxia.

9. (Unesp adaptado) Considerando as doenças


3. (Unifesp) Agentes de saúde pretendem for- gripe, paralisia infantil, gonorreia, doen-
necer um curso para moradores em áreas ça de Chagas, amarelão, cólera, tuberculose
com alta ocorrência de tênias (Taenia so- e febre amarela, responda: quais delas são
lium) e esquistossomos (Schistosoma manso- passíveis de tratamento com antibióticos?
ni). A ideia é prevenir a população das doen- Por quê?
ças causadas por esses organismos.
a) Em qual das duas situações é necessário 10. (UFC) As verminoses ainda acometem uma
alertar a população para o perigo do contá- grande parcela da população, principal-
gio direto, pessoa a pessoa? Justifique. mente as de baixa renda. Doenças como
b) Cite duas medidas – uma para cada doença – ascaridíase e amarelão (ancilostomose)
que dependem de infraestrutura criada pelo ainda são bastante comuns, principalmen-
poder público para preveni-las. te em crianças.
a) Qual a característica comum a essas doenças
em relação ao seu modo de contágio?
4. (Fuvest) Os portadores do vírus HIV, agente b) Outras doenças bastante comuns são a tení-
causador da aids (síndrome da imunodefici- ase e a cisticercose, causadas por vermes do
ência adquirida), são tratados com os cha- gênero Taenia. Qual a diferença entre essas
mados coquetéis antivirais, que combinam duas doenças no que se refere ao contágio e
drogas inibidoras da transcriptase reversa ao local de alojamento do parasita?
com drogas inibidoras de proteases.
a) Por que a transcriptase reversa é essencial 11. (Mackenzie adaptado) As verminoses repre-
para que o vírus HIV se multiplique? sentam um grande problema de saúde, prin-
b) Como o vírus HIV causa a imunodeficiência cipalmente nos países subdesenvolvidos. A
em humanos? falta de saneamento, de campanhas de es-
clarecimento público, de higiene pessoal e
de programas de combate aos transmissores
5. (Unirio adaptado) Lineu, em 1735, publicou leva ao aparecimento de milhares de novos
um trabalho apresentando um plano para casos na população brasileira. Cite três ver-
classificação de seres vivos. Nele estavam minoses causadas por nematódeos.
propostos o emprego de palavras latinas e
o uso de categorias de classificação hierar- 12. (Ufop adaptado) Monteiro Lobato criou o
quizadas. Deve-se também a Lineu a regra personagem Jeca Tatu, o brasileiro do meio
de nomenclatura binominal para identificar rural que andava descalço e, por isso, era
cada organismo. Seguindo as regras proposta acometido por uma verminose que o deixa-
por Lineu como devem ser escrito os nomes va fraco, pálido (com características de ane-
das espécies? mia) e magro. Monteiro Lobato retratava o

59
personagem: “ele está assim; ele não é as-
sim”. Quais são os vermes causadores dos
sintomas apresentados pelo personagem
em questão?

13. (Unesp adaptado) Maré vermelha deixa lito-


ral em alerta
Uma mancha escura formada por um fenô-
meno conhecido como “maré vermelha” co-
briu ontem uma parte do canal de São Sebas-
tião (...) e pode provocar a morte em massa
de peixes. A Secretaria de Meio Ambiente de
São Sebastião entrou em estado de alerta. O
risco para o homem está no consumo de os-
tras e moluscos contaminados.
(Jornal “Vale Paraibano”, 01.02.2003.)

A maré vermelha é causada por qual orga-


nismo?

14. Nos poríferos existem estruturas denomina-


das gêmulas. Explique o que são e para que
servem.

60
0 1 Biologia 3

U.T.I.

C N
BIOLOGIA
Composição química celular
A análise do conteúdo celular revela a existência de componentes minerais e orgânicos.

Água
§§ Solvente universal
§§ Termorregulação
§§ Transporte de células e de substâncias
§§ Eliminação de excretas celulares
§§ Função lubrificante

A quantidade de água varia de acordo com a taxa metabólica. Quanto maior a atividade química (metabo-
lismo) de um órgão, maior o teor hídrico.
A taxa de água, em geral, decresce com a idade e, finalmente, com a espécie. Por exemplo, na espécie hu-
mana há 64% de água, nas medusas 98% e nos esporos e sementes vegetais, 15%.

Outras propriedades da água


§§ Coesão – Capacidade de uma substância permanecer unida.
§§ Tensão superficial

Devido à tensão superficial, alguns insetos são capazes de pousar sobre a água e não afundar-se.

§§ Adesão – a água tem a tendência de se unir à moléculas polares.


§§ Capilaridade – fenômeno físico resultante das interações entre as forças de adesão e coesão da molécula
de água. Esse fenômeno é muito utilizado pelas plantas no transporte de substâncias da raiz até as folhas.

63
Sais minerais
Nos líquidos intra e extracelular, encontramos grande variedade de sais minerais dissociados em cátions e
ânions.

Principais sais minerais


Componente dos ossos e dentes. Ativador de certas enzimas, participando de processos como a contração
Cálcio (Ca2+)
muscular e a coagulação.
Magnésio (Mg2+) Faz parte da molécula de clorofila; é necessário, portanto, à fotossíntese.
Presente na hemoglobina do sangue, pigmento fundamental para o transporte de oxigênio. Componente de
Ferro (Fe2+)
substâncias importantes na respiração e na fotossíntese (citocromos e ferrodoxina).
Tem concentração intracelular sempre mais baixa que nos líquidos externos. A membrana plasmática, por
Sódio (Na+) transporte ativo, constantemente bombeia o sódio, que tende a penetrar por difusão. Importante compo-
nente da concentração osmótica do sangue juntamente com o K+.
É mais abundante dentro das células. Por transporte ativo, a membrana plasmática absorve o potássio do
Potássio (K+) meio externo. Os íons sódio e potássio estão envolvidos nos fenômenos elétricos que ocorrem na membra-
na plasmática, na concentração muscular e na condução nervosa.
Componente dos ossos e dentes. Está no ATP, molécula energética das atividades celulares. É parte inte-
Fosfato (PO4–3)
grante do DNA e RNA, no código genético.
Cloro (Cl–) Componente dos neurônios (transmissão de impulsos nervosos).
Iodo (I )

Entra na formação de hormônios tireoidianos.

Carboidratos
Entre os compostos orgânicos, aparecem os polímeros, moléculas gigantes (macromoléculas) formadas por
uma cadeia de moléculas chamadas de monômeros.
Podemos citar os seguintes polímeros: proteínas, ácidos nucleicos e polissacarídeos, cujos monômeros são,
respectivamente, aminoácidos, nucleotídeos e monossacarídeos.

Polissacarídeos (glicídios)
Os glicídios são também conhecidos como açúcares, sacarídeos, carboidratos ou hidratos de carbono. São
moléculas compostas principalmente de carbono, hidrogênio e oxigênio. Apresentam fórmula geral CnH2nOn. São
monossacarídeos importantes: glicose, frutose, galactose, ribose e desoxirribose. A junção de dois monossacarídeos
dá origem a um dissacarídeo. Quando temos muitos monossacarídeos ligados, ocorre a formação de um polissaca-
rídeo, tal como amido, glicogênio, celulose, quitina etc.
Os glicídios são a fonte primária de energia para as atividades celulares e possuem também funções estruturais.

PRINCIPAIS MONOSSACARÍDEOS
Carboidrato Papel biológico
Ribose (5C) Uma das matérias-primas necessárias à produção de ácido ribonucleico.

Desoxirribose (5C) Matéria-prima necessária à produção de ácido desoxirribonucleico (DNA).


É a molécula mais usada pelas células para obtenção de energia. Sintetizada pelos seres clorofilados, na
Glicose (6C)
fotossíntese. Abundante em vegetais, no sangue e no mel.
Frutose (6C) Muito comum em frutas e, também, apresenta papel fundamentalmente energético.
Galactose (6C) Um dos monossacarídeos constituintes da lactose do leite. Papel energético.

64
PRINCIPAIS DISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Sacarose glicose + frutose Cana-de-açúcar e beterraba Papel energético
Lactose glicose + galactose Leite Papel energético
Maltose glicose + glicose Vegetais Papel energético

PRINCIPAIS POLISSACARÍDEOS
Carboidrato Unidades Fontes Papel biológico
Amido (n) moléculas de glicose raízes e caules reserva energética vegetal
Celulose (n) moléculas de glicose parede de células vegetais sustentação
Glicogênio (n) moléculas de glicose fígado e músculos reserva energética animal

No corpo, o fígado e o músculo são responsáveis por armazenar glicogênio e o sangue, pela glicose.

Lipídios
Compreendem um grupo muito heterogêneo, cuja característica comum é a insolubilidade em água e a
solubilidade em solventes orgânicos.
§§ Glicerídeos (ácido graxo mais glicerol) – compostos pelos óleos e as gorduras. A principal diferença entre os
óleos e as gorduras é que os óleos são de origem vegetal e a gordura, de origem animal.
§§ Cerídeos (ácido graxo mais glicerol de cadeias longas) – os principais representantes são as ceras. Exemplos:
cera do ouvido, maçã (proteção contra desidratação) e outros.
§§ Fosfolípideos (ácido graxo, glicerol e fosfato) – principais componentes da membrana plasmática. Possuem
uma parte hidrofílica (contato com o meio aquoso) e hidrofóbico (contato com o meio não aquoso).
§§ Esteroides – são os lipídeos que formam os hormônios sexuais (testosterona, progesterona, estradiol). Outro
componente desse grupo é o colesterol. O colesterol pode ser classificado quanto ao tipo de lipoproteína
que o transporta.
§§ LDL (lipoproteína de baixa densidade) – leva o colesterol até o sangue (colesterol “ruim”).
§§ HDL (lipoproteína de alta densidade) – tira o colesterol do sangue (colesterol “bom”).
O acúmulo de LDL está vinculado com infarto do miocárdio, pois o aumento de colesterol no sangue pode
ocasionar o entupimento de artérias que nutrem o coração. Dessa forma, não chega um aporte de oxigênio e nu-
trientes para as células cardíacas e essas entram em falência, o que caracteriza o infarto.

Funções gerais dos lipídios


§§ Membrana plasmática
§§ Energia
§§ Reserva energética
§§ Vitaminas (A, D, E e K)
§§ Hormônios (andrógenos, progesterona etc.)
§§ Prostaglandinas:ajudam na proteção contra a dessecação e excesso de transpiração.
§§ Isolamento térmico, elétrico e mecânico

65
Vitaminas (adultos). Encontrada no levedo, óleo de fígado de
bacalhau, gema de ovo, manteiga.

§§ Vitamina A (antixeroftálmica) – evita a “ce- §§ Vitamina E (tocoferol – antioxidante) –


gueira noturna”; xeroftalmina, “olhos secos” em promove a fertilidade. Previne o aborto. Atua no
crianças; cegueira total. Pode ser encontrada em sistema nervoso involuntário, sistema muscular e
vegetais amarelos (cenoura, abóbora, batata-doce, músculos involuntários. Previne a esterilidade do
milho), pêssego, nectarina, abricó, gema de ovo, macho. Oxidação de ácidos graxos insaturados
manteiga, fígado. e enzimas mitocondriais. Encontrada no óleo de
§§ Vitamina B1 (tiamina) – evita a perda de ape-
germe de trigo, carnes magras, laticínios, alface,
tite, fadiga muscular, nervosismo, beribéri (ho-
óleo de amendoim.
mem) e polineurite (pássaros). Encontrada em
§§ Vitamina K (anti-hemorrágica) – a sua falta
cereais na forma integral e pães, feijão, fígado,
carne de porco, ovos, fermento de padaria, ve- retarda o processo de coagulação. Encontrada
getais de folhas. em vegetais verdes, tomate, castanha, espinafre,
§§ Vitamina B2 (riboflavina) – evita a ruptura da alface, repolho, couve, óleos vegetais.
mucosa da boca, lábios, língua e bochechas. En-
contrada em vegetais de folhas (couve, repolho,
espinafre etc.), carnes magras, ovos, fermento de Metabolismo celular
padaria, fígado, leite.
§§ Vitamina B (PP – ácido nicotínico) – previne Podemos considerar mais duas ideias sobre me-
a inércia e falta de energia, nervosismo extremo, tabolismo celular: anabolismo – reações químicas de
distúrbios digestivos, pelagra (homem) e língua síntese, que a partir de moléculas menores produzem
preta (cães). Encontrada no levedo de cerveja, moléculas maiores; e catabolismo – reações químicas
carnes magras, ovos, fígado, leite. de degradação que transformam moléculas grandes em
§§ Vitamina B6 (piridoxina) – evita doenças de unidades menores.
pele, distúrbios nervosos, inércia e extrema apa-
tia. Encontrada no lêvedo de cerveja, cereais inte-
grais, fígado, carnes magras, peixe, leite.
A glicose e o metabolismo
§§ Vitamina B12 (cianocobalamina) – evita a
Como já mencionado, a glicose é o combustível
anemia perniciosa. Encontrada no fígado, leite e
seus derivados, carnes, peixes, ostras e leveduras. mais utilizado pelos seres vivos, substância altamente
§§ Vitamina C (ácido ascórbico – antiescor- energética cuja quebra no interior das células libera a
bútica) – previne escorbuto, inércia e fadiga energia armazenada nas ligações químicas e produz re-
em adultos, insônia e nervosismo em crianças, síduos, entre eles gás carbônico e água.
sangramento das gengivas, inflamações nas jun- A energia liberada é utilizada na realização de
tas, dentes alterados, escorbuto. Encontrada em atividades metabólicas.
frutas cítricas (limão, lima, laranja), tomate, cou-
ve, repolho e outros vegetais de folha, pimentão,
morango, abacaxi, goiaba, caju.
A energia sob a forma de ATP
§§ Vitamina D (ergosterol – precursor da vi-
Cada vez que ocorre a “desmontagem” da mo-
tamina D – antirraquítica) – atua no metabo-
lismo do cálcio e do fósforo. Mantém os ossos e lécula de glicose, a energia não é simplesmente liberada
os dentes em bom estado. Previne o raquitismo, para o meio. Ela é transferida para outras moléculas –
problemas nos dentes, ossos fracos, contribui para chamadas de adenosina trifosfato (ATP) –, que servi-
os sintomas da artrite, raquitismo, osteomalácia rão de reservatórios temporários de energia.

66
Proteínas
As proteínas são polímeros, nos quais os monômeros são moléculas de aminoácidos.

Estrutura básica do aminoácido

A ligação química entre dois AA chama-se ligação peptídica, e acontece sempre entre o C do radical
ácido de um AA e o N do radical amina do outro AA. Veja a figura a seguir:

Formação da ligação peptídica

Os aminoácidos podem ser classificados em essenciais, quando não são produzidos pelo organismo e,
portanto, devem estar presentes em sua dieta; e naturais, quando podem ser produzidos pelo organismo.

Aminoácidos naturais Aminoácidos essenciais


Asparagina (Asn) Prolina (Pro) Cisteína (Cis) Metionina (Met) Triptofano (Tri)
Glutamina (Gln) Alanina (Ala) Tirosina (Tir) Isoleucina (Iso) Valina (Val)
Arginina (Arg) Glutamato (Glu) Serina (Ser) Leucina (Leu) Treonina (Tre)
Histidina (His) Aspartato (Asp) Glicina (Gli) Lisina (Lis) Fenilalanina (Fen)

Apesar de existirem somente 20 AA, o número de proteínas possível é praticamente infinito. As proteínas
diferem entre si devido à quantidade de aminoácidos na molécula, aos tipos presentes e a sua sequência na
molécula. Duas proteínas podem ter os mesmos AA nas mesmas quantidades, porém, se a sequência dos AA for
diferente, as proteínas serão diferentes.

Estrutura proteica
A sequência dos AA na cadeia polipeptídica é o que chamamos de estrutura primária da proteína.
A projeção espacial da ligação peptídica é chamada de estrutura secundária.
Em muitas proteínas, a própria hélice (estrutura secundária) sofre dobramento sobre si mesma, adquirindo
forma globosa chamada de estrutura terciária.

67
Desnaturação proteica
Vários fatores, tais como temperatura, grau de acidez (pH), concentração de sais e outros podem alterar a
estrutura espacial de uma proteína, sem alterar a sua estrutura primária. Mas a principal consequência é a perda
do papel biológico. Esse fenômeno é chamado de desnaturação.

Funções das proteínas


Uma das funções das proteínas é a função estrutural, pois fazem parte da arquitetura das células e tecidos
dos organismos. Além da função estrutural, as proteínas atuam como enzimas ou biocatalisadoras das reações
bioquímicas que ocorrem nas células. Diminuem a energia de ativação requerida pelas reações, tornando-as mais
espontâneas e aumentando suas velocidades.
Uma mesma enzima não catalisa duas reações diferentes. A especificidade das enzimas é explicada pelo
modelo da chave (reagente) e fechadura (enzima). As enzimas são reutilizáveis, ou seja, a mesma molécula pode
ser usada diversas vezes. Um inibidor enzimático tem forma semelhante ao substrato (reagente). Encaixando-se na
enzima, bloqueia a entrada do substrato, inibindo a reação química.

Cinética enzimática
A temperatura, o pH e a concentração do substrato são fatores importantes na determinação da velocidade
da atividade enzimática.

Hormônios
São substâncias químicas que desempenham a função de mensageiras e apresentam diferentes naturezas químicas.

Ácidos nucleicos: DNA


Composição química
O ácido desoxirribonucleico (DNA) é um polímero definido como polinucleotídeo, por ser constituído
por uma sucessão de unidades menores, os nucleotídeos.
As bases nitrogenadas pertencem a duas categorias: púricas e pirimídicas. As púricas são a adenina (A)
e a guanina (G). As pirimídicas são a citosina (C) e a timina (T). Observe a figura:

68
Relações de Chargaff

A = T e C = G ou A/T = 1 e C/G = 1

Estrutura

“O corrimão da escada” é constituído por grupos fosfato ligados a desoxirriboses em uma ligação fosfodi-

éster. Cada degrau é formado por uma base púrica (A ou G) ligado a uma base pirimídica (C ou T). Em cada degrau,

as bases são unidas por ligações de hidrogênio.

Existem vírus que apresentam DNA formado por uma cadeia única de nucleotídeos. Evidentemente que,

neste caso, não ocorre a relação de Chargaff, pois as quantidades de A e T, bem como de C e G são diferentes.

Localização do DNA nas células

Evidencia uma cor púrpura e indica os cromossomos no núcleo. Pequena quantidade de DNA também é

encontrada nos cloroplastos e mitocôndrias.

Funções

O DNA é o material genético propriamente e possui duas propriedades fundamentais: replicação e transcrição.

Replicação (duplicação)

Ao final, há a produção de duas novas moléculas – filhas, cada uma das quais com uma cadeia nova recém-

-sintetizada e uma outra, que pertencia à molécula-mãe. Por esse motivo, a replicação é chamada de semiconser-

vativa, dado que cada molécula-filha conserva na sua estrutura uma das metades da molécula-mãe.

69
Modelo da Duplicação semiconservativa

Transcrição
Na transcrição, o DNA cromossômico sintetiza o RNA nuclear, para o qual transcreve a sequência de nu-
cleotídeos representada pela mensagem genética. Saindo do núcleo, o RNA leva a mensagem genética para os
ribossomos.

Ácidos nucleicos: RNA


Estrutura
O RNA difere do DNA em três aspectos:
1. Possui ribose (pentose), em vez de desoxirribose.
2. A base pirimídica uracila ou uracil substitui a timina, que não existe no RNA.
3. Sua molécula é formada por apenas uma fita ou cadeia simples. Portanto, não existe pareamento nem
igualdade nas quantidades de bases.
A enzima responsável pelo processo é a RNA-polimerase.

Tipos de RNA e suas funções


Existem três tipos de RNA: RNA-ribossômico (RNAr), RNA-mensageiro (RNAm) e RNA-transportador (RNAt),
e todos estão relacionados com o processo da síntese proteica.
O RNAr, associado a nucleoproteínas, forma os ribossomos, organoides citoplasmáticos granulares respon-
sáveis pela síntese de proteínas.
O RNAm é a cópia da mensagem genética, ou seja, do gene. É enviada para os ribossomos.
O RNAt tem como função o transporte de aminoácidos do hialoplasma para os ribossomos, onde são enca-
deados sequencialmente para formar uma proteína.

70
Código genético e síntese proteica
As características dos organismos
Todos os seres vivos existentes na Terra apresentam duas propriedades típicas: autopreservação e au-
torreprodução.

O dogma central da genética molecular


A relação DNA–RNA–proteínas é conhecida como o dogma central da genética molecular, que estuda as
atividades gênicas celulares por meio da ação dessas macromoléculas.
§§ Replicação – é o processo de replicação do DNA, na intérfase, que determina a divisão celular responsável
pelo crescimento, regeneração e reprodução dos organismos.
§§ Transcrição – por meio da transcrição, o DNA forma o RNA mensageiro (RNAm), para o qual transcreve a
mensagem genética, na verdade, uma receita para síntese de uma proteína.
§§ Tradução – na tradução, o ribossomo, de acordo com as instruções codificadas no RNAm, seleciona e
encadeia os aminoácidos, sintetizando a proteína.

Modelo da ação gênica

71
Código genético
No caso do código genético, existem quatro símbolos, representados pelos quatro tipos de nucleotídeos,
abreviados pela letra inicial: A, C, G e U.

Códons de iniciação e terminalização


A síntese de uma proteína é iniciada quando um ribossomo se organiza, no RNAm, sobre o códon de ini-
ciação AUG. Esse códon codifica o aminoácido metionina (Met), de forma que todas as proteínas começem com
a metionina. A cadeia termina quando o ribossomo atinge um dos três códons de terminalização ou finalização
representados por UAA, UAG e UGA.

Propriedades do código genético


O código genético apresenta duas propriedades: degeneração e universalidade. Dizemos que o código
é degenerado porque a maioria dos aminoácidos é codificada por dois ou mais códons.
O código é universal porque cada códon codifica sempre o mesmo aminoácido em qualquer organismo,
inclusive os vírus.

Etapas da síntese proteica


§§ Transcrição
§§ Tradução

Modelo representativo da tradução

Mutação
Conceito
A mutação gênica é uma mudança na estrutura do gene. Consiste numa alteração na sequência de bases
do DNA ocorrida por um erro no processo de replicação. A mutação pode alterar o código genético e, consequen-
temente, uma característica do organismo.

72
Tipos de mutação
§§ Substituição – consiste na substituição de uma base por outra, transição, que é a substituição de purina
por purina (A por G ou G por A) ou pirimidina por pirimidina (C por T ou T por C); e transversão, que é a
troca de purina por pirimidina ou vice-versa.
§§ Deleção ou deficiência – é a perda de bases.
§§ Inserção – é a colocação de um ou mais nucleotídeos.

Introdução à citologia
Teoria celular
§§ Todos os organismos vivos são formados por células.
§§ Todas as reações metabólicas de um organismo ocorrem em nível celular.
§§ As células originam-se unicamente de células preexistentes.
§§ As células são portadoras de material genético.

Origem das células


A questão da origem das células está diretamente relacionada com a origem da vida em nosso planeta.

Teoria da invaginação da membrana plasmática


(teoria de Robertson)
Por mutação genética, alguns procariontes teriam passado a sintetizar novos tipos de proteínas, e isso levaria
ao desenvolvimento de um complexo sistema de membranas, que, invaginando-se da membrana plasmática, teria
dado origem às diversas organelas delimitadas por membranas. Assim, teriam aparecido o retículo endoplasmático,
o aparelho de Golgi, os lisossomos e as mitocôndrias. Pelo mesmo processo surgiria a membrana nuclear, principal
característica das células eucariontes.

Teoria da simbiose de procariontes (teoria endossimbiótica)


Segundo essa teoria, alguns procariontes passaram a viver em simbiose no interior de alguma célula, crian-
do células mais complexas e mais eficientes. Vários dados apoiam a suposição de que as mitocôndrias e os cloro-
plastos surgiram por esse processo.

Teoria mista
É possível que as organelas que não contêm DNA, como o retículo endoplasmático e o aparelho de Golgi,
tenham se formado a partir de invaginações da membrana celular, enquanto as organelas com DNA (mitocôndrias,
cloroplastos) apareceram por simbiose entre procariontes.

73
Organização celular de seres procariontes e eucariontes
COMPARAÇÃO ENTRE PROCARIONTES E EUCARIONTES
Procariontes Eucariontes
Organismo Bactéria e cianobactéria Protoctistas, fungos, plantas e animais
Tamanho
Geralmente de 1 a 10 micrômetros Geralmente de 5 a 100 micrômetros
da célula
Metabolismo Aeróbico ou anaeróbico Aeróbico e anaeróbico
Núcleo, mitocôndrias, cloroplastos, retículo
Organelas Ribossomos endoplasmático, complexo de Golgi,
lisossomos, ribossomos, centríolos
Longas moléculas de DNA contendo muitas regiões não
DNA DNA circular no hialoplasma
codificantes: envolvidas por uma membrana nuclear
Sintetizados no mesmo com- RNA sintetizado e processado no núcleo,
RNA e proteína
partimento: hialoplasma proteínas sintetizadas no citoplasma
Ausência de citoesqueleto, fluxo citoplasmá- Citoesqueleto composto de filamentos de proteínas, fluxo
Citoplasma
tico, ausência de endocitose e exocitose citoplasmático, presença de endocitose e exocitose
Cromossomos se separam pela ação
Divisão celular Cromossomos se separam ligados ao mesossomo
do fuso do citoesqueleto
Organização Maioria multicelular, com diferencia-
Maioria unicelular
celular ção de muitos tipos celulares
Tempo de
Cerca de 3 bilhões de anos Cerca de 1 bilhão de anos
existência

A organização da célula
A membrana plasmática
A membrana plasmática “seleciona” as substâncias que entram na célula e dela saem, de acordo com suas
necessidades. Diz-se, portanto, que ela possui permeabilidade seletiva.

O citoplasma e os organoides celulares


O citoplasma é o constituinte celular mais volumoso; formado pelo citosol e pelos organoides celulares.

O núcleo
Situado, geralmente, na parte central da célula, o núcleo apresenta uma membrana, a carioteca, que en-
volve o carioplasma, líquido (cariolinfa ou nucleoplasma) no qual estão imersos o nucléolo e os cromossomos,
onde encontram-se os genes, elementos responsáveis pela coordenação das diversas atividades celulares, consti-
tuídos por DNA.

A célula procariótica
Possui estrutura celular muito simples. Está presente a membrana plasmática e o material genético (cromatina)
aparece disperso no hialoplasma, onde a única organela presente é o ribossomo.

74
A célula eucariótica
Possui estrutura celular mais complexa, apresentando membrana plasmática, o citoplasma e o núcleo envolvido pela
carioteca. No citoplasma estão presentes um complexo sistema membranoso, organelas membranosas e granulares, além de
estruturas proteicas microtubulares e microfilamentosas, que conferem forma à célula.

Membrana plasmática
Consiste de uma dupla camada contínua (uma bicamada) de moléculas de lipídios, na qual as proteínas
estão embebidas.
Existem três classes principais de moléculas lipídicas da membrana: fosfolipídios, esteróis e glicolipídios.
As proteínas de membrana são responsáveis pela maioria das funções, tal como o transporte de peque-
nas moléculas hidrossolúveis pela bicamada lipídica.
Conclui-se, portanto, que a membrana é relativamente fluida, pois as moléculas de proteínas apresentam
certa liberdade de movimentação. Por isso, o modelo de Singer e Nicholson é denominado mosaico fluido.

Especializações da membrana
§§ Microvilosidades
§§ Invaginações de base
§§ Especializações de contato
§§ Desmossomos
§§ Interdigitações
§§ Junções estreitas ou oclusivas
§§ Junções comunicantes ou nexos
§§ Glicocálix e reconhecimento intercelular

Parede celular
A parede celular é uma estrutura rígida. Por isso, as células que a possuem têm menos possibilidade de
modificar sua forma.

As funções da membrana plasmática


§§ Manutenção da integridade celular
§§ Reconhecimento intercelular
§§ Permeabilidade seletiva

A permeabilidade seletiva e os transportes de membrana


Transporte passivo (sem gasto de energia)
§§ Difusão passiva – neste processo não há consumo de energia.
§§ Difusão facilitada – algumas substâncias passam através da matriz, por transporte passivo, contando,
para isso, com o trabalho de proteínas carreadoras ou permeases (proteínas transportadoras).
§§ Osmose – é um fenômeno de difusão em presença de uma membrana semipermeável.

75
Transporte ativo (com gasto de energia)
§§ Bomba de sódio e potássio
Substância
em solução
A B

Membrana
Substância Plasmática
em solução
ATP ADP
Funcionamento da bomba Na+ / K+ ATPase.

§§ endocitose (fagocitose ou pinocitose)


§§ exocitose (excreção ou secreção)

Citoplasma
Organelas citoplasmáticas
Ribossomos
São as organelas que sintetizam as proteínas. O ribossomo consiste em RNA ribossômico e nucleoproteínas
estruturais.

Retículo endoplasmático
É uma rede de estruturas tubulares e vesiculares achatadas, sendo que os túbulos e as vesículas são inter-
conectados uns aos outros.

Funções do retículo endoplasmático


§§ Produção de lipídios
§§ Desintoxicação
§§ Armazenamento de substâncias
§§ Produção de proteínas
Ribossomos Membranas

O retículo endoplasmático com suas cisternas.

76
Complexo de Golgi
Formado por quatro ou mais camadas empilhadas de delgadas vesículas achatadas.

Funções do complexo de Golgi


§§ Secreção de enzimas digestivas
§§ Formação do acrossomo do espermatozoide
§§ Síntese de glicoproteínas
§§ Síntese de glicolipídios
§§ Formação da lamela média em células vegetais
§§ Formação do lisossomo (digestão intracelular)

Formação da lamela média em células vegetais recém-formadas (isso é legendada)

§§ Tipos de lisossomo:
1. Lisossomo primário;
2. Lisossomo secundário;
3. Corpúsculo residual;
4. Vacúolo autofágico.
Autofagia – quando os lisossomos digerem uma partícula pertencente à própria célula.
Heterofagia – quando a partícula digerida pelos lisossomos é proveniente do meio extracelular.

Peroxissomos
Contêm oxidases e não hidrolases. Enzimas que degradam gorduras e aminoácidos têm também grande
quantidade da enzima catalase, que converte o peróxido de hidrogênio (água oxigenada) em água e gás oxigênio.

Mitocôndrias
São formadas por duas bicamadas lipídicas: uma membrana externa e uma membrana interna.
As mitocôndrias produzem moléculas de ATP.

77
Plastos e interna, separadas pelo espaço perinuclear e providas
de uma série de poros. Os poros do envoltório intervêm na
São orgânulos citoplasmáticos encontrados nas regulação das trocas entre o núcleo e o citoplasma.
células de plantas e de algas.

Centríolos
O nucléolo
Nucléolos são corpúsculos intranucleares ricos em
São estruturas citoplasmáticas que estão pre- RNA ribossômico. A função do nucléolo é a produção dos
sentes na maioria dos organismos eucariontes, não ribossomos.
ocorrendo nos vegetais superiores, fungos complexos e
nematoides.
A cromatina
Função dos centríolos
No núcleo interfásico, os filamentos de DNA (cro-
§§ Orientar a divisão celular monemas) estão representados por um amontoado de
§§ Originar cílios e flagelos grânulos e filamentos dificilmente observados ao mi-
croscópio óptico. As porções enroladas são chamadas
de condensadas, e as distendidas, descondensadas. Os
Citoesqueleto cromonemas são constituídos por DNA e proteínas bási-
cas, chamadas de histonas.
O citoplasma de uma célula eucariótica é susten-
A eucromatina aparece descondensada na
tado e organizado por um citoesqueleto de filamentos
intérfase, sendo geneticamente ativa, ou seja, capaz
intermediários, microtúbulos e filamentos de actina.
de produzir o RNA-mensageiro. A heterocromatina
apresenta-se condensada, sendo chamada de inativa
por não produzir o RNA-mensageiro.

Núcleo
A estrutura cromossômica
A intérfase é o período que separa duas divi-
sões e caracteriza-se por intensa atividade celular. Cada cromossomo é constituído por uma única
Carioplasma molécula de DNA associada a proteínas.
Heterocromatina Carioteca
(envoltório
nuclear)
A forma do cromossomo
Poro
1. Telocêntrico
2. Acrocêntrico
3. Submetacêntrico
4. Metacêntrico

Eucromatina Nucléolo 1 2 3 4
Composição do núcleo celular durante a intérfase
1. Telocêntrico
2. Acrocêntrico

O envoltório nuclear 3. Submetacêntrico


4. Metacêntrico

Tipos de cromossomo
e o nucleoplasma 1 2 3

Também chamado de envelope nuclear, é constitu-


ído por uma dupla membrana com duas lâminas, externa

78
A duplicação dos cromossomos
A duplicação cromossômica é feita longitudinalmente e acontece no período S.

O número de cromossomos e a ploidia


A célula que possui apenas um conjunto simples de cromossomos é dita haploide, ou seja, tem apenas
um único exemplar de cada tipo de cromossomo. Pode-se dizer, também, que apresenta apenas um genoma,
que é o conjunto das moléculas de DNA que a célula possui. Lembre-se que uma molécula de DNA é equivalente
geneticamente a um cromossomo.
A célula diploide possui dois conjuntos de cromossomos, ou pares de homólogos ou, ainda, dois genomas.
O genoma é representado por (n).

Divisão celular: mitose


Ciclo celular e mitose
O ciclo compreende duas etapas: intérfase e mitose ou divisão celular.

A intérfase
Na intérfase, distinguimos três fases designadas por: G1, S e G2.
A fase G1 (do inglês gap, intervalo) é caracterizada por dois processos: crescimento e diferenciação. Nesta fase,
acontece a síntese de proteínas, processo que depende da atividade dos genes.
Em S (S de síntese), há a síntese de DNA, permitindo a replicação da molécula e a consequente duplicação
dos filamentos de cromatina. Nesta fase, cada filamento ou molécula de DNA aparece constituído por duas cromá-
tides unidas pelo centrômero.
Durante a G2, em menor escala, a célula novamente cresce e sintetiza proteínas necessárias para a divisão
celular, como os microtúbulos que formarão o fuso mitótico. A seguir, a célula entra em M, etapa que corresponde
à divisão celular, ou mitose.

Características e funções da mitose


A mitose é o processo de divisão celular que permite a distribuição dos cromossomos e dos constituintes
citoplasmáticos da célula-mãe, equitativamente, entre as duas células-filhas. A mitose é dividida em duas etapas: a
cariocinese, ou divisão do material genético do núcleo, e a citocinese, ou divisão do citoplasma. A cariocinese é
um processo dividido em quatro fases: prófase, metáfase, anáfase e telófase.

79
Variação da quantidade de DNA no ciclo celular
Prófaseaté
Prófase e metáfase
anáfase

Anáfase
Telófase e citocinese

Quantidade de DNA
Telófase

G1 S G2 Tempo
Na variação da quantidade de material genético no ciclo celular, note como, na mitose, a quantidade de DNA se mantém ao final da divisão.

A mitose e as organelas citoplasmáticas


Organelas que se autoduplicam, como é o caso de cloroplastos e mitocôndrias, dobram a cada ciclo celular
e são distribuídas pelas células-filhas.

Diferenças entre a mitose animal e a vegetal


§§ Mitose astral e anastral
§§ Citocinese

80
U.T.I. - Sala
1. O esquema abaixo representa uma célula animal.

Cite os nomes das estruturas em 1, 2, 3, 4 e 5 e uma função de cada.

2. (Unifesp adaptado) Acidentes cardiovasculares estão entre as doenças que mais causam mortes no
mundo. Há uma intricada relação de fatores, incluindo os hereditários e os ambientais, que se con-
jugam como fatores de riscos. Considerando os estudos epidemiológicos até agora desenvolvidos,
altas taxas de colesterol no sangue aumentam o risco de infarto do miocárdio.
a) Em que consiste o “infarto do miocárdio” e qual a relação entre altas taxas de colesterol e esse tipo
de acidente cardiovascular? Qual tipo de colesterol está envolvido e por quê?
b) Considerando a relação entre os gases O2 e CO2 e o processo de liberação de energia em nível celular,
explique o que ocorre nas células do miocárdio em uma situação de infarto.

3. (Unifesp adaptado) No ano de 2009, o mundo foi alvo da pandemia provocada pelo vírus influenza
A (H1N1), causando perdas econômicas, sociais e de vidas. O referido vírus possui, além de seus
receptores proteicos, uma bicamada lipídica e um genoma constituído de 8 genes de RNA. Consi-
derando:
1. a sequência inicial de RNA mensageiro referente a um dos genes deste vírus:
5’ AAAUGCGUUACGAAUGGUAUGCCUACUGAAU 3’
2. a tabela com os códons representativos do código genético universal:

Qual será a sequência de aminoácidos que resultará da tradução da sequência inicial de RNA men-
sageiro, referente a um dos genes deste vírus indicada em 1?

81
4. (Unifesp) O esquema representa parte da membrana plasmática de uma célula eucariótica.

a) A que correspondem X e Y?
b) Explique, usando o modelo do “mosaico fluido” para a membrana plasmática, como se dá a secreção
de produtos do meio intracelular para o meio extracelular.

5. (Fuvest) No desenho abaixo, estão representados dois cromossomos de uma célula que resultou da
1ª divisão da meiose de um indivíduo heterozigótico AaBb.

Esquematize esses cromossomos, com os genes mencionados:


a) no final da intérfase da célula que originou a célula do desenho.
b) nas células resultantes da 2ª divisão meiótica da célula do desenho.
c) em todas as células resultantes da meiose que originou a célula do desenho.

6. (UFPR adaptado) Abaixo, pode-se observar a representação esquemática de uma membrana plas-
mática celular e de um gradiente de concentração de uma pequena molécula “X” ao longo dessa
membrana.

Descreva o transporte por difusão simples e facilitada, relacione gasto energético e gradiente de
concentração.

82
U.T.I. - E.O. Códon do RNAm
ACC
Aminoácido
treonina
AGU serina
1. (Unifesp adaptado) Recomenda-se frequen-
AUG metionina
temente aos vestibulandos que, antes do exa-
me, prefiram alimentos ricos em carboidra- CCU prolina
tos (glicídios) em vez de gorduras (lípidios), CUG leucina
pois estas são digeridas mais lentamente. GAC ácido aspártico
Além da função energética, os carboidratos
exercem também funções estruturais, parti- GGC glicina
cipando, por exemplo, dos sistemas de sus- UCA serina
tentação do corpo de animais e vegetais. UGG triptofano
Cite duas estruturas, uma no corpo de um ani-
mal e outra no corpo de um vegetal, em que se a) Escreva a sequência de bases nitrogenadas
verifica a função estrutural dos carboidratos. do RNA mensageiro, transcrito a partir desse
segmento de DNA.
2. (Ufscar) Há exatamente dez anos, em 13 de b) Utilizando a tabela de código genético for-
abril de 1998, nasceu Bonnie, cria de um necida, indique a sequência dos três amino-
carneiro montanhês e da ovelha Dolly, o pri-
ácidos seguintes à metionina, no polipeptí-
meiro animal clonado a partir de uma célula
dio codificado por esse gene.
adulta de outro indivíduo. O nascimento de
Bonnie foi celebrado pelos desenvolvedores c) Qual seria a sequência dos três primeiros
da técnica de clonagem animal como uma aminoácidos de um polipeptídio codificado
“prova” de que Dolly era um animal saudá- por um alelo mutante desse gene, originado
vel, fértil e capaz de ter crias saudáveis. pela perda do sexto par de nucleotídeos (ou
(Folha Online, 13.04.2008.) seja, a deleção do par de bases T = A)?

a) Apesar de gerar animais aparentemente


5. (Unifesp) Muitas gelatinas são extraídas de
“férteis e saudáveis”, qual a principal con-
algas. Tais gelatinas são formadas a partir de
sequência para a evolução das espécies se a
clonagem for realizada em larga escala? Jus- polissacarídeos e processadas no complexo
tifique sua resposta. golgiense sendo, posteriormente, deposita-
b) Como se denomina o conjunto de genes de das nas paredes celulares.
um organismo? Qual a constituição química a) Cite o processo e as organelas envolvidos na
dos genes? formação desses polissacarídeos.
b) Considerando que a gelatina não é difundida
3. (Unifesp) Alguns antibióticos são particu- através da membrana da célula, explique su-
larmente usados em doenças causadas por cintamente como ela atinge a parede celular.
bactérias. A tetraciclina é um deles; sua ação
impede que o RNA transportador (RNAt) se 6. (Unifesp adaptado) Parte da bile produzida
ligue aos ribossomos da bactéria, evitando a pelo nosso organismo não é reabsorvida
progressão da doença.
na digestão. Ela se liga às fibras vegetais
a) Que processo celular é interrompido pela
ingeridas na alimentação e é eliminada
ação da tetraciclina? Qual é o papel do RNAt
nesse processo? pelas fezes. Recomenda-se uma dieta rica
b) Em que local, na bactéria, ocorre a síntese em fibras para pessoas com altos níveis de
do RNAt? Cite dois outros componentes bac- colesterol no sangue. Qual é a relação que
terianos encontrados nesse mesmo local. existe entre a dieta rica em fibras e a di-
minuição dos níveis de colesterol no orga-
4. (Fuvest adaptado) Abaixo está representada nismo? Justifique.
a sequência dos 13 primeiros pares de nucle-
otídeos da região codificadora de um gene. 7. (Unifesp) Uma fita de DNA tem a seguinte
--- A T G A G T T G G C C T G --- sequência de bases 5’ATGCGT3’.
--- T A C T C A A C C G G A C --- a) Considerando que tenha ocorrido a ação da
DNApolimerase, qual será a sequência de ba-
A primeira trinca de pares de bases nitro-
ses da fita complementar?
genadas à esquerda, destacada em negrito,
corresponde ao aminoácido metionina. A ta- b) Se a fita complementar for usada durante a
bela a seguir mostra alguns códons do RNA transcrição, qual será a sequência de bases do
mensageiro e os aminoácidos codificados por RNA resultante e que nome recebe esse RNA
cada um deles. se ele traduzir para síntese de proteínas?

83
8. (Unesp) Um estudante colocou dois pedaços ciência, esse modelo foi proposto a partir
recém-cortados de um tecido vegetal em dois de conhecimentos prévios. Um importante
recipientes, I e II, contendo solução salina. marco nessa construção foi o experimento
Depois de algumas horas, verificou que no descrito a seguir. Hemácias humanas, que
recipiente I as células do tecido vegetal es- só possuem membrana plasmática (não há
tavam plasmolisadas. No recipiente II, as cé- membranas internas) foram lisadas (rom-
lulas mantiveram o tamanho normal. Qual a pidas) em solução de detergente, e os li-
conclusão do estudante quanto:
pídios foram cuidadosamente dispersos
a) a concentração das soluções salinas nos re-
na superfície da água. Foi então medida a
cipientes I e II, em relação ao suco celular
desse tecido? área ocupada por esses lipídios na superfí-
b) O que significa dizer que em I as células es- cie da água e ficou constatado que ela cor-
tavam plasmolisadas? respondia ao dobro do valor da superfície
das hemácias.
9. (UFPR) O atual modelo de estrutura da a) Que conclusão foi possível depreender des-
membrana plasmática celular é conheci- se experimento, com relação à estrutura das
do por modelo do mosaico fluido, propos- membranas celulares?
to em 1972 pelos pesquisadores Singer e b) Baseado em que informação foi possível che-
Nicholson. Como todo conhecimento em gar a essa conclusão?

10. (Cefet-MG) A ilustração abaixo refere-se à composição celular de seres vivos

Analisando a figura e a partir de seus conhecimentos quais são as diferenças de uma célula animal
e uma célula vegetal?

11. (PUC) Preencha de forma correta as lacunas do texto.


No homem, a carência da vitamina ________ provoca a chamada cegueira noturna, um proble-
ma visual caracterizado por dificuldade para enxergar em situações de luz fraca. Essa vitamina
é necessária, pois associa-se a proteínas dos bastonetes, os quais são células fotorreceptoras da
_________, que permitem a visão da luminosidade.

12. (UFMG adaptado) Segundo estudo feito na Etiópia, crianças que comiam alimentos preparados em
panelas de ferro apresentaram uma redução da taxa de anemia de 55% para 13%. Como pode ser
explicada essa redução?

13. Preencha de forma correta as lacunas do texto.


Pessoas que sofrem de osteoporose apresentam a redução de ________ no organismo, o que leva
a fragilidade dos ossos e pode causar fraturas. A dieta do paciente deve ser rica em ________ e
_______ .

14. Qual a diferença entre macronutrientes e micronutrientes?

15. (PUC-PR adaptado) Analise as afirmações sobre avitaminoses ou doenças de carência, que são for-
mas de estados mórbidos, ou seja, são doenças causadas pela falta ou carência de uma ou mais vita-
minas no organismo:
I. O escorbuto é uma doença que se instala pela falta de __________.
II. O raquitismo é uma doença que surge pela falta de ____________.
III. A xeroftalmia, que pode levar à cegueira, é consequência da falta de __________.
IV. O beribéri é causado pela falta de ____________.

84
16. (UFRN adaptado) Embora seja visto como um vilão, o colesterol é muito importante para o orga-
nismo humano. Dê exemplos dessa afirmação.

17. (Uerj) O gráfico a seguir demonstra a distribuição citoplasmática do número de ribossomos iso-
lados e polirribossomos, em comparação com o número de cadeias polipeptídicas em formação
durante um certo período de tempo.

a) Defina a relação existente entre os ribossomas isolados e a formação das cadeias polipeptídicas. Justi-
fique sua resposta.
b) Descreva a estrutura das cadeias polipeptídicas e a dos polirribossomos.

18. (UFF) O esquema a seguir representa a participação de organelas no transporte de proteínas de


uma célula eucariótica.

a) Nomeie as estruturas indicadas, respectivamente, pelos números 1, 2, 3, 4, e 5, identificando as orga-


nelas envolvidas na síntese de enzimas lisossomais.
b) Cite uma função de cada uma das estruturas 1, 2 e 5.

19. (UFRJ) A célula possui diversas organelas com funções próprias e que, muitas vezes, estão relacio-
nadas entre si. Dos processos como digestão intracelular, difusão e transporte ativo, em qual deles
a mitocôndria tem participação imprescindível? Explique.

20. Como se dá a ligação peptídica?

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