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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

PLANTA DE OSMOSE REVERSA ACIONADA POR SISTEMA DE


BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO SOLAR

Marcos Gabriel Alvim Guimarães

Salvador, Bahia

2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

ESCOLA POLITÉCNICA

CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA

PLANTA DE OSMOSE REVERSA ACIONADA POR SISTEMA DE


BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO SOLAR

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em


Engenharia Química da Universidade Federal da
Bahia como parte dos requisitos para obtenção de
título de Engenheira Química.

Autor: Marcos Gabriel Alvim Guimarães

Orientador: Prof. Samuel Luporini

Salvador, Bahia

2017

MARCOS GABRIEL ALVIM GUIMARÃES


PLANTA DE OSMOSE REVERSA ACIONADA POR SISTEMA DE
BOMBEAMENTO FOTOVOLTAICO SOLAR

Este Trabalho de Graduação foi julgado adequado para a obtenção do grau de


Engenheiro Químico e aprovado em sua forma final pela Comissão Examinadora e
pelo Colegiado do Curso de Graduação em Engenharia Química da Universidade
Federal da Bahia.

Marcos Fábio de Jesus


Coordenador do Colegiado do
Curso de Engenharia Química

___________________________

Samuel Luporini
Orientador

___________________________

Regina Ferreira Vianna


Banca Examinadora

_________________________

Silvana Mattedi
Banca Examinadora
AGRADECIMENTOS
Início agradecendo primeiramente a Deus. Sem a presença do Senhor na vida, nada

seria possível.

Sou muito grata aos meus pais, Marcos de Marcos C. Guimaraes e Alvineia Neri Alvim

Guimaraes, por sempre me mostrarem o melhor caminho e pôr e terem estado sempre

presentes, fazendo dos meus objetivos as suas próprias lutas diárias.

Ao meu orientador, Samuel Luporini, agradeço por acreditar no meu potencial e por

ter confiado em mim para a realização deste trabalho, me deixando a vontade com a proposta.

Admiro a sua conduta como professor e ser humano.

Obrigada a toda a minha família, principalmente meus irmãos Marcos Vinicius e Maiara

Guimaraes, a minha namorada Manhana Milena e também àqueles que mesmo distantes,

souberam se fazer presentes.

Muitos amigos e familiares pelo mundo a fora, que tornaram esses anos de graduação

mais toleráveis. Obrigada por me apoiarem e estarem presentes no meu dia-a-dia.

Agradeço a Wilson Mendes Jr., Vinicius Fortu e Suzzane Mercandelli pela ajuda na

confecção deste Trabalho de Conclusão de Curso. Obrigada pelo tempo cedido nos

momentos em que tive dúvidas a respeito do tema e da simulação. Espero um dia poder

retribuir a generosidade e atenção que vocês me deram.


RESUMO
O Brasil possui um dos maiores e melhores potenciais energéticos do mundo.
Se, por um lado, as reservas de combustíveis fósseis são relativamente reduzidas,
por outro, os potenciais hidráulicos, da irradiação solar, da biomassa e da força dos
ventos são suficientemente abundantes para garantir a autossuficiência energética do
país, por meio de soluções sustentáveis. Se do lado da oferta de energia as condições
são relativamente confortáveis, do lado da demanda há enormes descompassos e
desafios para a sociedade brasileira. Tanto na periferia de grandes centros urbanos
como em regiões remotas e pouco desenvolvidas, as formas convencionais de
suprimento energético não atendem às condições socioeconômicas da maior parte da
população (AMBIENTE BRASIL, 2009).

O presente trabalho visa, através de modelo conceitual teórico e técnico,


apontar as influências da utilização de um sistema de bombeamento abastecido por
energia limpa oriunda de recursos naturais, com gasto mínimo de energia, suprir o
cenário mundial de escassez de água e a tendência na ampliação do uso da
tecnologia de separação por membranas, como a osmose reversa, no tratamento de
água para o abastecimento e acessibilidade ao recurso natural de qualidade. A
solução tem em vista ao aprimoramento dos critérios de prospecção das águas
subterrâneas na região de semiárido no nordeste brasileiro, já que no Brasil é a grande
aposta do governo federal, estadual e municipal, em parceria com órgãos públicos,
para a produção de água potável a partir de água salobra, muito comum nos poços
da região do semiárido. A região estudada é a área do alto da bacia do rio Vaza-Barris
(ABVD) que está situada no nordeste do estado da Bahia, na região de Uauá, sob
clima semiárido, onde as águas subterrâneas são oriundas de aquíferos fraturados
cristalinos, situados em rochas predominantemente do embasamento (Andrade,
2010).
A obtenção de água no grau de qualidade necessário para as diversas
aplicações somente pode ser feita mediante a utilização de técnicas de tratamento
específicas, as quais apresentam campo limitado de aplicação, todavia, sendo de
grande importância a identificação, a qualificação e a caracterização do efluente
gerado, sendo uma delas o sistema de osmose reversa. O sistema de osmose reversa
é constituído, não apenas por um sistema de filtração, mas também por um sistema
de pré-tratamento, por sistemas de bombeamento e pós-tratamento, os quais irão
exercer grande influência no desempenho do sistema de purificação de água como
um todo, bem como na quantidade final do efluente obtido.

PALAVRAS-CHAVE: Osmose Reversa, região semiárido, sustentabilidade


ambiental e economia.
ABSTRACT
Brazil has one of the biggest and best energy potential in the world. If, on the one hand,
fossil fuel reserves are relatively small, hydroelectric potential, solar radiation, biomass
and wind power are sufficiently abundant to guarantee the country's energy self-
sufficiency through sustainable solutions. If on the supply side of energy conditions are
relatively comfortable, on the demand side there are enormous imbalances and
challenges for Brazilian society. Both in the periphery of large urban centers and in
remote and underdeveloped regions, conventional forms of energy supply do not meet
the socioeconomic conditions of most of the population (AMBIENTE BRASIL, 2009).

The present work aims, through a theoretical and technical conceptual model, to
indicate the influences of the use of a pumping system fueled by natural energy, with
minimum energy expenditure, to supply the world scenario of water scarcity and the
tendency in Expansion of the use of membrane separation technology, such as reverse
osmosis, in the treatment of water for supply and accessibility to the natural resource
of quality. The solution is aimed at improving the criteria for groundwater prospecting
in the semi-arid region in the Brazilian Northeast, since in Brazil it is the great bet of
the federal, state and municipal government, in partnership with public agencies, for
the production of drinking water from brackish water, very common in the wells of the
semi-arid region. The region studied is the upper area of the Vaza-Barris river basin
(ABVD), located in the north-eastern part of the state of Bahia, in the Uauá region,
under semi-arid climate, where the groundwater comes from crystalline fractured
aquifers, located in Rocks predominantly of the basement (Andrade, 2010).

Obtaining water in the degree of quality required for the various applications can only
be made using specific treatment techniques, which have limited scope of application,
however, being of great importance the identification, qualification and characterization
of the effluent Generated, one of which is the reverse osmosis system. The reverse
osmosis system consists not only of a filtration system, but also of a pretreatment
system, by pumping and after treatment systems, which will exert great influence on
the performance of the water purification system, as well as the final amount of the
effluent obtained.

KEY WORDS: Reverse Osmosis, semi-arid region, environmental sustainability and


economy.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Poço na região do semiárido - Uauá, BA .............. Erro! Indicador não definido.2

Figura 2 – Montagem e aplicação ilustrativa do sistema de bombeamento..... Erro! Indicador


não definido.7

Figura 3 – Composição de uma célula fotovoltaica .............................................................. 18

Figura 4 – a) Junção pn ilustrando região onde ocorre o acúmulo de cargas. b) campo


elétrico resultante da transferência de cargas através da junção pn. ................................ ...19

Figura 5 – Diferentes módulos disponíveis no mercado .................................................. .....20

Figura 6 - Célula do tipo monocristalino..........................................................................................21

Figura 7 - Célula do tipo policristalino......................................................................................21

Figura 8 - Curva de eficiência de um inversor..........................................................................23

Figura 9 - Campo de aplicação de bombas (HENN, 2006) .....................................................25

Figura 10 - Curva típica e uma bomba ....................................................................................25

Figura 11 - Ponto de Operação do bombeamento...................................................................26

Figura 12 - Estrutura de montagem tipo solo e Telhado...........................................................26

Figura 13 - Diferença entre osmose e osmose reversa............................................................27

Figura 14 - Unidades de processos na dessalinização de água...............................................29

Figura 15 - Principais estrangulamentos da produtividade da membrana de dessalinização


da água...................................................................................................................................31
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Unidades de dessalinização de água....................................................................28

Tabela 2 – Dados de irradiação da região de Uauá................................................................39

Tabela 3 – Especificações das Cargas ..................................................................................40

Tabela 4 – Configuração geral do sistema de dados de planta...............................................41

Tabela 6 – Informações para o dimensionamento dos painéis...............................................44

Tabela 7 – Resultado do dimensionamento dos painéis.........................................................45

Tabela 8 – Especificações Técnicas Inversos Modelo SP10...................................................47

Tabela 9 – Resultado do dimensionamento do Inversor.......................................................48

Tabela 10 – Dimensionamento da Perda de Carga...............................................................51

Tabela 11 – Curva da bomba x Curva de carga.....................................................................53

Tabela 12 – Características dos poços – Uauá, Bahia..........................................................57

Tabela 13 – Informações físico-químicas do poço...................................................................58

Tabela 14 – Modelo do dessalinizador para o sistema.........................................................60

Tabela 15 – Modelo ideal para o sistema estudado.............................................................. 60

Tabela 16 – Custos de Instalação de um Sistema de bombeamento....................................63

Tabela 17 – Valores da projeção de viabilidade econômica (solar x convencional) ............65

Tabela 18 – Custos de Instalação de gerador a diesel.........................................................66

Tabela 19 – Valores da projeção de viabilidade econômica..................................................67


SUMÁRIO

Capítulo 1 – Introdução e objetivos ...................................................................................... 11


1.1 Motivação ...................................................................................................................... 15
1.2 Objetivo Geral ................................................................................................................ 15
1.2.1 Objetivos Específicos .................................................................................................. 15
1.3 Metodologia Geral.......................................................................................................... 16
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica ....................................................................................... 17
Capítulo 3 – Estudo de Caso e Metodologia ........................................................................ 36
3.1 Estudo de Caso .......................................................................................................... 36
3.1.1 Metodologia para simulação: ................................................................................... 38
3.1.2 Especificação das Cargas Instaladas ...................................................................... 39
Sensor de Nível LA16M-40 .................................................................................................. 39
3.1.3 Perfil de Geração e Consumo de Energia Elétrica ................................................... 40
3.2. Dimensionamento do projeto ..................................................................................... 41
3.2.1 - Painel Solar ........................................................................................................... 41
3.1.2.2 - INVERSOR - UNIDADE DE CONTROLE ........................................................... 44
3.1.4 - BOMBA ................................................................................................................. 47
Altura total de recalque ou altura manométrica de recalque (Hr) ......................................... 49
Capítulo 4 – Resultados e Discussão .................................................................................. 66
4. 1 Análise de Sensibilidade Paramétrica ....................................................................... 66
4.1.1 Variação na fonte energética e impactos ambientais ........................................... 66
4.1.2 Variação na dimensão do sistema proposto para tratamento de água ................. 67
4.1.6 Conclusões da análise de sensibilidade ............................................................... 67
Capítulo 5 – Conclusões ...................................................................................................... 68
Capítulo 6 – Referências ..................................................................................................... 69
Anexo .................................................................................................................................. 70
ESCOPO DE FORNECIMENTO .......................................................................................... 70
Capítulo 1 – Introdução e objetivos

A região semiárida nordestina é, fundamentalmente, caracterizada pela


ocorrência do bioma da caatinga, que constitui o sertão. O sertão nordestino
apresenta clima seco e quente, com chuvas que se concentram nas estações de verão
e outono. A região sofre a influência direta de várias massas de ar (a Equatorial
Atlântica, a Equatorial Continental, a Polar e as Tépidas Atlântica e Calariana) que, de
certa forma, interferem na formação do seu clima, mas essas massas adentram o
interior do Nordeste com pouca energia, tornando extremamente variáveis não apenas
os volumes das precipitações caídas, mas, principalmente, os intervalos entre as
chuvas (Fundação Joaquim Nabuco, 2002).
No semiárido chove pouco (as precipitações variam entre 500 e 800 mm,
havendo, no entanto, bolsões significativos de 400 mm) e as chuvas são mal
distribuídas no tempo, sendo uma verdadeira loteria a ocorrência de chuvas
sucessivas, em pequenos intervalos. Portanto, o que realmente caracteriza uma seca
não é o baixo volume de chuvas caídas e sim a sua distribuição no tempo. O clima do
Nordeste também sofre a influência de outros fenômenos, tais como: El Niño, que
interfere principalmente no bloqueio das frentes frias vindas do sul do país, impedindo
a instabilidade condicional na região, e a formação do dipolo térmico atlântico,
caracterizado pelas variações de temperaturas do oceano Atlântico, variações estas
favoráveis às chuvas no Nordeste, quando a temperatura do Atlântico Sul está mais
elevada do que aquela do atlântico norte (Fundação Joaquim Nabuco, 2002).
A proximidade da linha do Equador é outro fator natural que tem influência
marcante nas características climáticas do Nordeste. As baixas latitudes condicionam
à região temperaturas elevadas (média de 26° C), número também elevado de horas
de sol por ano (estimado em cerca de 3.000) e índices acentuados de
evapotranspiração, devido à incidência perpendicular dos raios solares sobre a
superfície do solo (o Semiárido evapotranspira, em média, cerca de 2.000 mm/ano, e
em algumas regiões a evapotranspiração pode atingir cerca de 7 mm/dia). Em termos
geológicos, o Nordeste é constituído por dois tipos estruturais: o embasamento
cristalino, representado por 70% da região semiárida, e as bacias sedimentares.
No embasamento cristalino, os solos geralmente são rasos (cerca de 0,60 m),
apresentando baixa capacidade de infiltração, alto escorrimento superficial e reduzida
drenagem natural. Numa comparação grosseira, é como se estes solos estivessem
sobre um prato, onde a pouca quantidade de água que consegue infiltrar é
armazenada no fundo. Os aquíferos dessa área caracterizam-se pela forma
descontínua de armazenamento. A água é armazenada em fendas/fraturas na rocha
(aquífero fissural) e, em regiões de solos aluviais (aluvião) forma pequenos
reservatórios, de qualidade não muito boa, sujeitos à exaustão devido à ação da
evaporação e aos constantes bombeamentos realizados. As águas exploradas em
fendas de rochas cristalinas são, em sua maioria, de qualidade inferior, normalmente
servindo apenas para o consumo animal; às vezes, atendem ao consumo humano e
raramente prestam-se para irrigação (Fundação Joaquim Nabuco, 2002).
Nas bacias sedimentares, os solos geralmente são profundos (superiores a 2
m, podendo ultrapassar 6 m), com alta capacidade de infiltração, baixo escorrimento
superficial e boa drenagem natural. Estas características possibilitam a existência de
um grande suprimento de água de boa qualidade no lençol freático que, pela sua
profundidade, está totalmente protegido da evaporação. Apesar de serem possuidoras
de um significativo volume de água no subsolo, as bacias sedimentares estão
localizadas de forma esparsa no Nordeste (verdadeiras ilhas distribuídas
desordenadamente no litoral e no interior da região), com seus volumes distribuídos
de forma desigual (Fundação Joaquim Nabuco, 2002).
A região do Alto Vaza-Barris, no nordeste da Bahia, é dominada por clima
semiárido a árido, com precipitação média de 400 mm/ano, com sua maior área
dominada pelo município de Uauá. Apesar de salinizadas em sua maioria absoluta,
as águas subterrâneas constituem fator de sobrevivência, atendendo à
dessedentação humana através de processo de dessalinização e ao consumo animal
e uso doméstico, na forma bruta (Andrade, 2010).
Figura 1 – Poço na região do semiárido - Uauá, BA.
Diante disso, a água no semiárido passou a ser um elemento escasso. Otimizar
a utilização da água existente passou a ser uma grande preocupação. Trazendo o
conceito de sustentabilidade ao semiárido aliada ao avanço tecnológico, são medidas
aqui adotadas para nortear a reflexão sobre as ações antrópicas instaladas desde a
colonização até os nossos dias, e as medidas estruturadoras necessárias, a serem
empreendidas, visando o desenvolvimento da região.

É necessário a busca de alternativas viáveis para a fixação do homem no


campo e ações dessa natureza devem ser implementadas. O projeto em questão
apresentado, trará como modelo o estudo em uma solução sustentável, que é o
sistema de bombeamento fotovoltaico solar constituído por painéis fotovoltaicos
solares, cabeamento solar, inversor de frequência e moto bomba, que incorpora o
tratamento de água por osmose reversa.

Mas por que o uso da energia solar e o tratamento por Osmose reversa?

A energia solar é vista como uma tecnologia do futuro, visto que se utiliza uma
fonte limpa e inesgotável que é o Sol. No atual estado da arte desta tecnologia, ela
encontra uma enorme viabilidade econômica em aplicações de sistemas rurais
isolados (Iluminação, bombeamento de água etc.). Ainda assim, sabe-se que o
mercado fotovoltaico é ainda uma fração do que poderia ser, visto que, existe uma
parcela significativa da população mundial, cerca de 1 bilhão de habitantes ou
aproximadamente 20% da população mundial, localizadas principalmente nas áreas
rurais, que não têm acesso a eletricidade (GEPEA).

Pesquisas feitas nos últimos 10 anos, resultando em aumento da eficiência


dos módulos e diminuição considerável nos custos de produção, sinalizam boas
perspectivas futuras, inclusive para aplicações com maior porte. Este futuro depende
também do aumento das pressões mundiais para a utilização de fontes energéticas
renováveis e limpas e a continuidade da linha de pensamento governamental dos
países industrializados que buscam uma diversificação das fontes de suprimento
energético.
Assim como a vantagem em trazer a energia solar, a outra novidade aqui
abordada é inserir a tecnologia do tratamento de Osmose reversa. Devido à má
distribuição de água potável no país e a preocupante tendência de escassez de água
no mundo, o sistema de osmose reversa é uma opção viável para a população. Com
o sistema se pode obter água potável resultante do tratamento de águas pluviais ou
águas salobras, com a separação dos minerais e poluentes presentes nessa água e
com a obtenção de água pura, sendo possível a mineração desta, com quantidade
adequada de cálcio, flúor, cloro entre outros minerais essenciais para o consumo
humano desta água, tratando-a para que seja insípida, inodora e incolor. Este sistema
já vem sendo utilizado em algumas regiões do país para tratamento de água salobra
em água potável.

Segundo Riffel (2005), a Osmose Reversa pode ser uma solução para a
questão não resolvida do abastecimento de água potável para uma grande parcela da
população mundial. O planeta possui 97,5% de água salgada e apenas 2,5% de água
doce para uma população mundial de 7 bilhões de pessoas, de acordo com a ONU
(Organização das Nações Unidas). O autor supracitado afirma que o processo é
financeiramente viável e também sustentável. De acordo com o Dr. Bergman (2010)
a água ideal, para o consumo humano deve possuir outras características que vão
muito além da simples purificação e filtragem. Ela deve ser alcalina, ionizada, com boa
condutibilidade elétrica, com baixa tensão superficial (com alto poder de hidratação) e
rica em minerais, especialmente o magnésio. A água é o principal nutriente para nosso
corpo, é fonte de vida, e com estas características torna-se um energético natural e
promotor de saúde. A osmose reversa já está sendo utilizada no Nordeste do Brasil,
para o tratamento da água salobra de poços tubulares profundos, utilização de águas
pluviais e em Fernando de Noronha dessalinizações transformam água do mar em
água doce.

Atualmente, a proposta de sustentabilidade é bastante utilizada para designar


o bom uso dos recursos naturais da Terra, como a água, as florestas e etc.
Etimologicamente, a palavra sustentável tem origem no latim "sustentare”, que
significa sustentar, apoiar e conservar. O conceito de sustentabilidade está
normalmente relacionado com uma mentalidade, atitude ou estratégia que
é ecologicamente correta, e viável no âmbito econômico, socialmente justa e com uma
diversificação cultural. A manutenção do meio ambiente do planeta Terra, mantendo
a qualidade de vida e o ambiente em harmonia com as pessoas. Trata-se de encontrar
uma forma de desenvolvimento que atenda às necessidades do presente sem
comprometer a capacidade das próximas gerações de suprir as próprias
necessidades. O desafio da humanidade é preservar seu padrão de vida e manter o
desenvolvimento tecnológico sem exaurir os recursos naturais do planeta.
A sustentabilidade social ligado diretamente com responsabilidade social, é o conceito
que descreve o conjunto de medidas estabelecidas para promover o equilíbrio e o
bem-estar da sociedade, através de várias iniciativas que têm como objetivo ajudar
membros da sociedade que enfrentam condições desfavoráveis (Worldwatch, cap 1).

1.1 Motivação

O histórico de estiagem em determinadas regiões do mundo e da perspectiva


de aumento da demanda por água potável em tais regiões nos próximos anos,
forneceu a motivação para estudar alternativas que pudessem ser utilizadas como
meio de amenizar o impacto da escassez de água potável. A tecnologia escolhida
para tal estudo foi a de dessalinização da água por osmose reversa acionada por
energia solar fotovoltaica.

1.2 Objetivo Geral

Contribuir para um desenvolvimento sustentável, processo que deve


compatibilizar, no espaço e no tempo, o crescimento econômico, com a conservação
ambiental, a qualidade de vida e a equidade social.

1.2.1 Objetivos Específicos

• Estudo da tecnologia fotovoltaica e de dessalinização por osmose reversa;


• Levantamento do estado da arte de unidades de osmose reversa acionadas
por módulos fotovoltaicos a nível mundial;
• Dimensionamento, simulação, desenvolvimento e validação de um conversor
CC-CC para aplicação em unidade de osmose reversa acionada por módulos
fotovoltaicos;
• Estudo e aplicação de técnicas de seguimento de potência máxima (MPPT -
Maximum Power Point Tracking);
• Análise da operação e da viabilidade técnica e econômica de uma unidade de
osmose reversa acionada por módulos fotovoltaicos;

1.3 Metodologia Geral

O projeto contempla a interação entre a eletrônica de potência, o sistema de


bombeamento, tecnologia de osmose reversa e a fotovoltaica para fins de
fornecimento de água potável mediante a dessalinização de água salobra,
analisando a eficiência da planta ORFV sem banco de baterias e operando em
diferentes salinidades e condições atmosféricas. O estudo envolve conceitos e
aspectos de várias esferas como: aspectos técnicos de engenharia elétrica,
química e hidráulica, assim como aspectos socioeconômicos e ambientais. A
condução desta pesquisa compreende as seguintes estratégias:

• Investigação do estado da arte mundial do uso da energia solar fotovoltaica no


acionamento de unidades de dessalinização via osmose reversa;

• Avaliação de desempenho da planta ORFV e otimização.


Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica

O sistema de bombeamento fotovoltaico solar é uma solução “Off-Grid” (Figura


2) para o acionamento de motores através da geração de energia solar fotovoltaica,
distribuição da energia produzida e conversão em energia mecânica, e se conecta a
uma unidade de tratamento por Osmose reversa, para dessalinização da água
proveniente de poços, tornando-a potável para consumo. Esse sistema é composto
por módulos fotovoltaicos solar, inversor de frequência, bomba, estruturas de fixação,
cabos, conectores e equipamento de Osmose reversa (dessalinizador).

Figura 2: Montagem e aplicação ilustrativa do sistema de bombeamento

As placas solares são responsáveis por gerar uma corrente elétrica contínua,
que ao passar pelo inversor, é convertida para corrente alternada. A energia gerada
alimentará o motor da bomba que irá succionar água proveniente de poços, lagos ou
rios para um reservatório. Essa água reservada passará por um pré-tratamento no
intuito da remoção eficiente de substâncias indesejáveis, principalmente quando a
fonte de água bruta é salobra.

2.1 – Efeito fotovoltaico

O princípio de funcionamento do sistema de bombeamento fotovoltaico solar é


a partir do efeito fotovoltaico, onde a energia solar fotovoltaica é a energia obtida
através da conversão direta da luz em eletricidade. Existem na natureza materiais
classificados como semicondutores, que se caracterizam por possuírem uma banda
de valência totalmente preenchida por elétrons e uma banda de condução totalmente
vazia a temperaturas muito baixas. A figura 3, ilustra a formação de uma célula
fotovoltaica (MESSENGER,R.; VENTRE,J).

Uma propriedade fundamental para as células fotovoltaicas é a possibilidade


de fótons, na faixa do visível, com energia superior ao gap do material, excitarem
elétrons à banda de condução. Este efeito, que pode ser observado em
semicondutores puros, também chamados de intrínsecos, não garante por si só o
funcionamento de células fotovoltaicas. Para obtê-las é necessária uma estrutura
apropriada para que os elétrons excitados possam ser coletados, gerando uma
corrente útil. (MESSENGER,R.; VENTRE,J).

Figura 3 - Composição de uma célula fotovoltaica (CRESESB, 1999).

O semicondutor mais utilizado é o silício. Seus átomos se caracterizam por


possuírem quatro elétrons de ligação que se ligam aos vizinhos, formando uma rede
cristalina. Ao adicionarem-se átomos com cinco elétrons de ligação, como o fósforo,
por exemplo, haverá um elétron em excesso que não poderá ser emparelhado e que
ficará sobrando, fracamente ligado a seu átomo de origem. Isto faz com que, com
pouca energia térmica, este elétron se livre, indo para a banda de condução. Diz-se
assim, que o fósforo é um dopante doador de elétrons e denomina-se dopante n ou
impureza n. Se, por outro lado, introduzem-se átomos com apenas três elétrons de
ligação, como é o caso do boro, haverá uma falta de um elétron para satisfazer as
ligações com os átomos de silício da rede.

Esta falta de elétron é denominada buraco ou lacuna e ocorre que, com pouca
energia térmica, um elétron de um sítio vizinho pode passar a esta posição, fazendo
com que o buraco se desloque. Diz-se, portanto, que o boro é um aceitador de elétrons
ou um dopante p. À temperatura ambiente, existe energia térmica suficiente para que
praticamente todos os elétrons em excesso dos átomos de fósforo estejam livres, bem
como que os buracos criados pelos átomos de boro possam se deslocar. Se, partindo
de um silício puro, forem introduzidos átomos de boro em uma metade e átomos de
fósforo na outra, será formado o que se chama de junção pn (figura 3).

Se uma junção pn, como o da figura acima, for exposta a fótons com energia
maior que o gap, ocorrerá a geração de pares elétron-lacuna; se isto acontecer na
região onde o campo elétrico é diferente de zero, as cargas serão aceleradas, gerando
assim, uma corrente através da junção; este deslocamento de cargas dá origem a
uma diferença de potencial ao qual chamamos de Efeito Fotovoltaico (CRESESB,
1999).
Figura 4 - (a) junção pn ilustrando região onde ocorre o acúmulo de cargas. b) campo elétrico resultante
da transferência de cargas através da junção pn.

2.1.1 – Módulos Fotovoltaicos e suas aplicações

As células fotovoltaicas são encapsuladas em módulos. O empacotamento é


feito para que fiquem protegidas das intempéries, principalmente da umidade do ar.
Cada célula solar gera, aproximadamente 0,4 volts (silício). Voltagens mais altas.
Dessa forma os módulos, atualmente em operação, contêm entre 28 e 40 células de
silício cristalino. O dispositivo de filme fino produz voltagem mais alta do que a forma
cristalina, podendo os módulos possuírem menos do que 28 células.

É importante considerar a geometria das células, já que devem ocupar o


máximo de área possível do módulo. Atualmente existem células quadradas e
redondas em operação. As quadradas ocupam melhor espaço nos módulos, enquanto
as redondas têm a vantagem de não sofrerem perda de material, devido à forma
cilíndrica do silício cristalino. A figura mostra uma foto de diversos módulos
fotovoltaicos disponíveis no mercado (CRESESB, 1999).

Figura 5 – Diferentes módulos disponíveis no mercado

Os principais tipos de células fotovoltaicas são apresentados a seguir:


Silício (Si) Monocristalino –É o mesmo material utilizado na fabricação de circuitos
integrados para microeletrônica. As células feitas com este material são
historicamente as mais utilizadas e comercializadas como conversor direto de energia
solar em eletricidade. As células são formadas em fatias de um único grande cristal,
previamente crescido e enfatiado. A grande experiência na sua fabricação e pureza
do material garante alta confiabilidade do produto e altas eficiências. Enquanto o limite
teórico de conversão da luz solar em energia elétrica, para esta tecnologia é de 27%,
valores nas faixas de 12 a 16% são encontrados em produtos comerciais. Devido às
quantidades de material utilizado e à energia envolvida na sua fabricação, esta
tecnologia apresenta sérias barreiras para a redução de custos, mesmo em grandes
escalas de produção (CRESESB, 1999).

Figura 6 – Célula do tipo monocristalino

Silício (si) Policristalino – Estas células são fabricadas a partir do mesmo material que,
ao invés de formarem um único grande cristal, é solidificado em forma de um bloco
composto de muitos pequenos cristais. A partir deste bloco são obtidas fatias e
fabricadas as células. A presença de interfaces entre os vários cristais reduz um pouco
a eficiência destas células. Na prática, os produtos disponíveis alcançam eficiências
muito próximas das oferecidas em células monocristalinas (CRESESB, 1999).
Figura 7 – Célula do tipo policristalina

Filmes finos – Pesquisas têm sido feitas no intuito de fabricar células confiáveis,
utilizando pouco material semicondutor, obtido de forma passível de produção em
larga escala, resultando em um custo mais baixo do produto e conseqüentemente da
energia gerada. Estas pesquisas têm se dirigido a diferentes materiais
semicondutores e técnicas de deposição destes em camadas finas com espessura de
poucos mícron. Entre os materiais mais estudados estão o silício amorfo hidrogenado
(a-Si:H), o disseleneto de cobre e índio (CIS) e o telureto de cádmio (CdTe). O material
amorfo difere de um material cristalino pelo fato de não apresentar qualquer
ordenamento no arranjo estrutural dos átomos. As células feitas com este material
possuem eficiências inferiores às das células de silício cristalino. A eficiência deste
tipo de célula já atingiu 13% em laboratório. Porém, as células comerciais apresentam
eficiências em torno de 9%. É a célula mais pesquisada atualmente e a que possui
um preço mais baixo devido ao seu processo mais simples de fabricação (CRESESB,
1999).

Arseneto de Gálio (GaAs) – É um exemplo de semicondutor composto e possui uma


estrutura similar à do silício. É muito enfocado como componente em células de
multijunção, particularmente visando o uso de concentradores. A sua aplicação está
mais limitada à sistemas concentradores e ou espaciais. Células deste tipo operando
sem concentração atingem, em laboratório, eficiência de 26% e 28% com
concentração. Células comerciais são obtidas com eficiência de 20%. (CRESESB,
1999).

Dados que mostram a evolução obtida nas eficiências dos diversos tipos de
células atualmente utilizadas, demonstram que existe uma crença de que as
eficiências dos módulos fotovoltaicos atingirão valores cada vez maiores nos próximos
anos. Analisando o comportamento do mercado sob o ponto de vista tecnológico,
nota-se que existe uma tendência de que a produção mundial de módulos
fotovoltaicos seja dominada pelas tecnologias de silício cristalino e silício amorfo.

2.1.2 – Inversor de Frequência

Componente responsável pela conversão de corrente contínua (CC) em corrente


alternada (CA). Também conhecido como conversor CC-CA. É também mencionado
na literatura como PCU – Power Conditioning Unit (Unidade de Condicionamento de
Potência).

• Tipos de conversores:

- Conversores estáticos (estado sólido)


- Conversores eletromecânicos (rotativos)

• Características dos Inversores:

- Forma de onda: quadrada, quadrada modificada (retangular) e senoidal


- Eficiência na conversão de potência
- Potência nominal de saída
- Taxa de utilização
- Tensão de entrada
- Tensão de saída
- Capacidade de surto
- Regulação de tensão
- Frequência
- Proteções:
▪ Sobretensão na entrada CC
▪ Sobrecargas e elevação de temperatura
- Modularidade
- Fator de potência
- Consumo de potência sem carga (consumo permanente)
Figura 8 – Curva de eficiência de um inversor
2.1.3 – Bombas

Bombas são máquinas de fluxo que conferem energia a um líquido, com a


finalidade de transportá-lo de um ponto para outro do processo. Elas recebem energia
de um equipamento de acionamento primário (motor elétrico, turbina a vapor etc.) e
cedem parte desta energia ao fluido sob a forma de energia de pressão, cinética ou
ambas. Portanto, as bombas aumentam a pressão ou a velocidade do líquido ou
ambas essas grandezas.

A energia requerida depende da altura que o fluido deve ser elevado, da vazão,
do comprimento, diâmetro, perdas por atrito e acidentes da tubulação, do
comportamento da bomba nestas condições, além das propriedades do fluido, como
a viscosidade e densidade. Existe uma ampla gama de bombas que podem ser
utilizadas em um espectro grande de aplicações, sendo difícil definir exatamente onde
usar cada tipo (HENN, 2006).

Aplicações Gerais:

▪ Residências
▪ Chácaras
▪ Abastecimento predial
▪ Agricultura
▪ Indústrias
▪ Sistemas de refrigeração (somente linha T).

Em alguns casos vários tipos podem ser usados em determinada aplicação. Há


predomínio de bombas centrífugas, de fluxo misto e axiais (máquinas de fluxo) para
regiões de médias e grandes vazões, enquanto bombas alternativas e rotativas
(máquinas de deslocamento positivo) dominam a faixa de médias e grandes alturas
de elevação e pequenas vazões.

Figura 9 – Campo de aplicação de bombas (HENN, 2006, pg31)

• Características da bomba:

A curva H x Q, da bomba, que descreve seu comportamento, para a vazão Q e a


altura total H. A altura total H, é a carga total que a bomba precisa vencer para obter
uma vazão Q. Os fabricantes fornecem as curvas envolvendo alturas, vazão e
rendimento para facilitar a especificação da bomba adequada.

Figura 10 – Curva típica e uma bomba

A curva da bomba, mostra que a vazão e a perda de pressão são inversamente


proporcionais. Na medida em que a bomba fornece ao fluido, mais energia para uma
maior vazão, a perda de pressão (altura H) fica menor.

• Ponto de operação da bomba e instalação


Considerando as características do sistema e da bomba, representadas por suas
curvas, o ponto de operação do bombeamento será a interseção das duas curvas.
Neste ponto a bomba cede energia ao fluido para vencer a altura H (m) com a vazão
Q (m3 / h).

Figura 11 – Ponto de Operação do bombeamento

2.1.4 – Estrutura de Fixação

As estruturas de fixação para painéis fotovoltaicos possibilitam a utilização dos


mesmos de maneira a conseguir seu melhor desempenho, fornecendo opções de
angulação para escolha da posição de máxima potência. Utiliza-se madeiras que
podem ser, por exemplo, barrotes ou eucalipto tratado e material em aço galvanizado
e fibra de carbono, proporcionando alta resistência e durabilidade, utilizados em
estrutura para solo e telhado.

Figura 12 – Estrutura de montagem tipo solo e Telhado.


2.2 – Principio da Osmose Reversa

A osmose ocorre naturalmente no meio ambiente e é o que permite que haja o


equilíbrio hidro químico nas células. A pressão osmótica é a força motriz que faz com
que ocorra o movimento das moléculas de água do meio com menos concentração
de solutos (sais) para meios mais concentrados. Na osmose reversa, o processo é
inverso e não é natural, uma vez que, é necessária a aplicação de uma pressão
superior à pressão osmótica para fazer com que a água que está do lado mais
concentrado passe para o menos concentrado. A Figura 13 demonstra a diferença
entre os processos citados (ELLESIA, 2013).

Figura 13 – Diferença entre osmose e osmose reversa

Na osmose o soluto não passa devido a existência de uma membrana


semipermeável que retém uma quantidade de sólidos solúveis alta. Se referindo as
atuais membranas, a rejeição de sais já alcança 99,7%, como por exemplo, a
membrana LG SW 400 ES (LG, 2017). Comercialmente existem diversos tipos de
membranas que variam de acordo com a sua aplicação, que depende da
característica físico-química da água a ser tratada, contudo as duas mais amplamente
utilizadas são as membranas de Poliamida Aromática (PA) e acetato de celulose
(JIANG et al., 2017).
Dentre os processos de dessalinização amplamente utilizados para a produção
de água para consumo humano está a osmose reversa. Atualmente existem grandes
usinas de dessalinização que foram construídas para o fornecimento de água potável
para a população de seus países (SHIGEKI INUKAI et. al., 2015). Uma das maiores
usinas de dessalinização do mundo, a Carlsbad Desalination Plant, que dessaliniza
água do mar e possui uma capacidade de 190.000 m³/dia é um bom exemplo de
grandes aplicações na produção de água potável (DOW, 2015). As maiores usinas de
dessalinização do mundo estão expostas na Tabela 1.

País Localização Capacidade Fonte de


Água
(m³/dia)

Saudi Arábia SA Shuaiba III 880.000 Oceano


UAE AE Jebel Ali M 600.000 Oceano
Kuwait KW Al-Zour North 567.000 Oceano
USA US CA San Francisco 454.200 Oceano
Israel IL Ashkelon 395.000 Oceano
Kuwait KW Sulaibya 300.000 Reuso
USA US CA Orange Count 265.000 Rio
USA US CA Fountain Val 264.950 Reuso
Spain ES Malaga 165.000 Subterrânea
Israel IL Negev Arava 152.000 Subterrânea
Fonte: GWI, 2005
Tabela 1 – Unidades de dessalinização de água.

2.2.1 – Processo de tratamento de água por osmose reversa

A tecnologia de dessalinização por osmose reversa se baseia numa propriedade


de certos polímeros, de permear a água e reter sólido solúveis através de uma
aplicação de pressão, a fim de superar a pressão osmótica do lado da alimentação
(MALAEB; AYOUB, 2011). Para garantir a eficácia do tratamento de água utilizando
membranas de osmose reversa são necessários alguns processos, segundo a
Lenntech (2017), que estão listados a seguir:
 Pré-tratamento;

 Sistema de bombeamento;

 Unidade de membranas de osmose reversa;

 Sistema de recuperação de energia;

 Pós-tratamento;

 Sistema de controle.

Figura 14 – Unidades de processos na dessalinização de água.

Serão abordadas as etapas de pré-tratamento e unidade de membranas de


osmose reversa, uma vez que, se busca desenvolvimentos nestas etapas, pois é onde
se pode otimizar os gastos energéticos e custos de operação do processo de osmose
reversa.

2.2.2 – Limitações da aplicação da osmose reversa no tratamento de


água

O tipo de membrana de osmose reversa, o grau de sólidos dissolvidos, tipo de


íons, microrganismos e substâncias orgânicas que estão presentes na água a ser
tratada, são variáveis que definem os dados de um projeto e as variáveis de operação
de um equipamento de osmose reversa. Algumas destas variáveis são fatores
limitantes para a aplicação da osmose reversa, pois influenciam na quantidade de
energia que deve ser consumida para um determinado fluxo de permeado (água
tratada) gerado e taxa de rejeição de sal, uma vez que quanto maior o fluxo produzido
do permeado, maior será a taxa de rejeição de sais e, por isso, será necessária uma
pressão mais elevada para que o fluxo da água necessária passe pelas membranas
e consequentemente maior consumo energético (MALAEB; AYOUB, 2011).
A membrana de poliamida é amplamente empregada por permitir altos fluxos
de água e alta rejeição de sal, mas seus problemas com incrustações e
permeabilidade dificultam a sua aplicação. Estas possuem grande parte das
características necessárias a uma boa membrana, contudo é sensível ao cloro e não
é antimicrobiológica. A membrana de acetato de celulose é outro tipo de membrana
que é resistente ao ataque do cloro, como mostra a Figura 15. Contudo, esta
membrana necessita de maior pressão para que sua vazão se compare à poliamida
(HEGAB; ZOU, 2015).

Figura 15 – Principais estrangulamentos da produtividade da membrana de dessalinização da


água

O pré-tratamento da água de alimentação é necessário para prolongar a vida útil


da membrana e prevenir a sua incrustação. A incrustação da membrana pode surgir
devido a crescimento microbiano, acumulação de íons e presença de substâncias
orgânicas dissolvidas, partículas e matéria coloidal, que podem formar bolos
compactos (MALAEB; AYOUB, 2011).
A adesão microbiana na superfície da membrana conduz à formação de biofilmes, que
consistem em células microbianas incorporados em uma matriz de substância
poliméricas extracelulares produzidas pelos microrganismos (JIANG et. al., 2017).
A incrustação causada por acumulação de compostos orgânicos é o maior
problema no que se refere a utilização da tecnologia de membranas na osmose
reversa, no tratamento de efluentes líquidos (FRITZMANN et. al., 2006).
O pré-tratamento convencional consiste basicamente em tratamentos ácidos,
coagulação química e floculantes, que preparam a água de alimentação para o
processo de osmose reversa. Esse tratamento ácido reduz o pH da água de
alimentação (faixa de pH típico, 5-7), que aumenta a solubilidade de carbonato de
cálcio. Coagulantes são moléculas tipicamente pequenas, carregadas positivamente
que atuam a fim de neutralizar as cargas negativas e permitir que os sólidos em
suspensão se agrupem em flocos. As camadas de filtração incluem materiais como
areia, antracite, cascalho, carvão ativado. Muitas vezes, uma combinação de materiais
é usada em camadas na filtração a fim de melhorar a purificação da água. A
desinfecção é alcançada a partir da adição de um oxidante forte, tal como o ozônio, o
cloro (gasoso, dióxido de cloro ou hipoclorito de sódio), cloramina, ou permanganato
de potássio (HEGAB; ZOU, 2015).

De acordo ao exposto, a sujidade de membrana, alta demanda de energia e


trade-offs entre a rejeição do sal e o fluxo de água, o que também gera o concentrado
salino da osmose reversa, são desafios na aplicação de membranas de
dessalinização de água.

Alguns desafios nos usos da osmose reversa no tratamento de água:

• Dessalinização de água do mar: Tanto para consumo humano quanto para


outros processos, a membrana de Osmose Reversa pode reduzir a
concentração de cloreto de sódio de 35.000mg/L para 350mg/L.

• Irrigação: Um dos problemas da agricultura é a acumulação de sais no solo em


função da irrigação com água de rios ou poços. A partir de certo patamar os
sais tornam-se nocivos às plantações. A Osmose Reversa é capaz de remover
este excesso de sais de forma economicamente viável.
• Alimentação de caldeiras: Caldeiras exigem água puríssima, pois a
evaporação da água causa a incrustação da superfície dos tubos pelos sólidos
presentes na mesma, reduzindo a transferência de calor, aumentando o
consumo de combustível e o risco de explosões. A osmose reversa, assim
como a troca iônica, têm sido o tratamento mais utilizado nestes casos.

• Produção de produtos químicos: Hospitais, conglomerados farmacêuticos e


laboratórios utilizam o processo de Osmose Reversa para garantira máxima
pureza em seus produtos. Processos de hemodiálise são alimentados com
água desmineralizada ou destilada. Comparada ao processo de troca iônica,
muito utilizado para o abrandamento (remoção de dureza) de águas
industriais, a osmose reversa tem a vantagem de dispensar a etapa de
regeneração, um processo que interrompe a produção e ao mesmo tempo
consome uma grande quantidade de soluções químicas (ácidos e bases
fortes). Como desvantagem existe a geração de um fluxo de rejeito, solução
com elevadas concentrações de sais em volumes de até 50% da alimentação
total.

2.2.3 – Estado da arte do processo de osmose reversa

De acordo com as limitações explicitadas, diversas pesquisas visam reduzir


os custos e aumentar a eficiência do processo de osmose reversa, reduzindo o
consumo energético por m³ de permeado (água tratada) e aumentando o rejeito de
sólidos solúveis, além da seletividade química, resistência mecânica e química. Como
não é possível mudar as características da solução, pois é a entrada do processo e
deve ser tratada, a única forma de fazer com que essas variáveis se adequem, desta
forma, é a busca por desenvolvimento de pré-tratamentos (tratamento que o fluido
recebe antes de passar pela RO), novas membranas e a forma de combiná-las
(arranjos). Com contínuo desenvolvimento de novas membranas que permite a
redução no consumo energético específico da osmose reversa.

2.2.3.1 – Pré-Tratamento
Um dos avanços para evitar as incrustações na membrana da osmose
reversa é a realização de um pré-tratamento da água com membranas de poros de
maiores dimensões, comparados aos da osmose reversa, como a microfiltração (MF),
ultrafiltração (UF) e nanofiltração (NF). A utilização dessas membranas evita a
passagem de coloides, removem todos os sedimentos finos, turbidez, bactérias e
vírus, bem como organismos resistentes ao cloro, como Cryptosporidium e Giardia, e
partículas suspensas que contribuem para diminuição da taxa de incrustação da
membrana, fazendo com que a vida útil da mesma seja prolongada (MALAEB;
AYOUB, 2011). A Figura 16 retirada do trabalho de Hanaa M.Hegab e Linda Zou
(2015) demonstra, de acordo com cada tipo de membrana, as respectivas matérias
retidas.

Figura 16 – Tipos de membranas e seus respectivos diâmetros de poros e matérias filtradas

• Microfiltração

Geralmente, a tecnologia de membrana de microfiltração é usada para separar


materiais maiores, como levedura e proteínas, de um fluxo de alimentação líquido.
Essas membranas possuem tamanho de poro de 0,1 - 10 μm realizam microfiltração.
(LENNTECH, 2017; PENTAIR, 2017).

• Ultrafiltração

A ultrafiltração é um processo conduzido por pressão que é utilizado para a


eliminação seletiva de matéria em suspensão, partículas, macromoléculas de grande
tamanho, matéria coloidal ou microrganismos, mas que não elimina íons ou matéria
dissolvida. As pressões de operação costumam estar na faixa de 0,5 a 6 bar. As
membranas de ultrafiltração eliminam contaminantes por um mecanismo simples de
exclusão por tamanho (crivado ou peneirado). Uma diferença de pressão torna
possível a operação.

O tamanho do poro nominal (diâmetro do poro expresso em micro) ou massa


molecular de corte (massa molecular de um soluto que é retido em mais de 90%,
medido em Daltons) normalmente utilizam-se para caracterizar as membranas de
Ultrafiltração (ALPHENS, 2017).

• Nanofiltração

As membranas de nanofiltração normalmente são de um composto de película fina


(TFC), dispostas em forma de espiral, tubular ou em módulos de fibra oca (capilar)
com base em poliamida ou acetato de celulose. Na nanofiltração a retenção dos íons
dissolvidos na água é menor do que no processo de osmose reversa. As taxas de
retenção de sal típicas são de aprox. 80 – 85%. É melhor a retenção de íons
polivalentes (por ex., B. Ca, Mg) do que a dos íons monovalentes (por ex., Na, K). As
unidades de nanofiltragem são frequentemente uma boa alternativa aos sistemas de
osmose inversa, pois dispensam totalmente a regeneração regular com grandes
quantidades de sal (PROMINET, 2017).

• Membranas

As pesquisas atuais se concentram em membranas produzidas com nanomateriais


ou nanocompósitos. Pode-se citar como exemplo, as membranas de nanomateriais
de grafeno, óxido de grafeno, sílica e zeólitas que podem formar nanotubos e permitir
a passagem de água e redução ou eliminação da quantidade de sólidos dissolvidos.

O Grafeno é uma película formada pela repetição da estrutura de átomos de carbono


fortemente ligados em hexágonos. Contudo, está membrana é impermeável para
água e gases e as pesquisas atuais se concentram em como abrir poros nessa
estrutura. Desta forma, buscou-se derivados do grafeno como óxidos de grafeno, o
qual pode ser produzido a partir da reação do grafeno com ácido sulfúrico e ácido
nítrico, permanganato de potássio (KMNO4) que formam dentro da estrutura de
grafeno grupos funcionais como hidroxila (OH), carboxila (COOH) e epoxila (COC),
como é exposto na Figura 17. Além de todas as vantagens estruturais que possibilitam
uma maior seletividade da membrana de grafeno, este material tem a propriedade de
inibir o crescimento microbiológico por todo o seu tempo de vida (HEGAB; SOUL,
2015).

Figura 17 – Diagrama ilustrando um dos mecanismos para o preparo de um tipo de membrana de


óxido de grafeno

O pré-tratamento químico (coagulação, floculação e decantação), necessário


ao tratamento de efluentes com alto grau de sólidos solúveis e em suspensão, mesmo
com a utilização de membranas como a de microfiltração, ultrafiltração e nanofiltração,
ainda é o grande desafio em sistemas de tratamento de água com a tecnologia de
osmose reversa, uma vez que é necessário o manuseio de mais produtos químicos,
além de ser um processo que geralmente ocupa uma área relativamente grande frente
as membranas. A necessidade de limpeza química dessas membranas é um desafio
na utilização da tecnologia de membranas, pois trata-se de manuseio com ácidos e
bases. Diferentes desenvolvimentos nas membranas de osmose reversa, para
otimizar o gasto energético e outros operacionais dessa tecnologia, foram explanados.

Essas novas tecnologias poderão chegar ao desenvolvimento que permita a


aplicação comercial aumentando a rejeição de sais e o fluxo de água tratada,
reduzindo a formação de incrustações (fouling) e consequentemente o tempo de troca
da membrana e gasto energético por metro cúbico (m³) de água dessalinizada. Tudo
isso, consequentemente leva à redução no custo de operação que é fator que
atualmente limita a aplicação desta tecnologia.
Capítulo 3 – Estudo de Caso e Metodologia

3.1 Estudo de Caso

O alto da bacia do rio Vaza-Barris (ABVB) está localizado na região nordeste


do Estado da Bahia entre os paralelos 9° 35’ e 10° 15’S e os meridianos 39° 07’ e 39°
44° W, abrangendo parte dos municípios de Uauá, Monte Santo e Canudos, em uma
área total de 2865 km², população de XIX Congresso Brasileiro de Águas
Subterrâneas 3 35.000 habitantes, aproximadamente. Uauá compõe 87% da área,
com a maior concentração de poços tubulares.

Figura 18 – Localização da área.

Na região de Uauá, conhecido como poço do Vieira exposto Figura 20. Um


(01) poço tubular profundo em aquífero sedimentar livre, perfurado em 2013, pela
empresa Hidro Jato Poços Artesianos e Serviços Ltda. nas coordenadas geográficas
09°50'4.29"S 39°28'54"O, apresenta as seguintes características:

Figura 19 – Poço Tubular na Região de Uauá


• Profundidade do Poço: 120,0 metros;
• Diâmetro do poço: 6”
• Altura de Recalque: 9,0 metros;
• Vazão desejada: 6,0 m3\h;
• Comprimento total de tubulação (da bomba até a caixa d’água): 165,0
metros;
• Nível Dinâmico: 26,0 metros;
• Profundidade da bomba: 35,0 metros;
• Diâmetro da tubulação de recalque: 1 1/4” (40,0 mm);
• Local de instalação: Uauá - BA.

Desta forma, foram dimensionados 22 painéis solares para atender os


seguintes equipamentos especificados abaixo, modelo da moto bomba especificada
é a SUB40-20S4E8 (1,5 cv), o sistema de dessalinização por osmose reversa é o
modelo WW 60 (5,0 cv), além dos sensores de Nível LA16M-40. Os itens que vão do
3.1 ao 3.4, tem como objetivo descrever tecnicamente os equipamentos principais
deste projeto e mostrar como se realiza o dimensionamento.

Figura 20 – Planta baixa do sistema implementado - Captação de água


Figura 21 – Visão frontal do sistema a ser implementado

3.1.1 Metodologia para simulação:

A partir de dados de irradiação da região de Uauá – (BA) retirados do software


CRESESB de energia solar, e com os dados técnicos dos componentes abordados
nos itens 3.1.3 ao 3.1.4, foi dimensionado o sistema de placas, inversor, unidade de
tratamento e bomba, que suprem a demanda do projeto.

Irradiação Solar (kWh/m²/dia)

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

5,54 5,20 5,49 4,64 4,29 3,95 4,29 4,88 5,00 5,47 5,83 5,78

Irradiação Solar Média Ano 5,03


(kW/m²)

Tabela 2 – Dados de irradiação da região de Uauá


Gráfico 1 – Horas de Sol pico na região de Uauá

3.1.2 Especificação das Cargas Instaladas

O perfil de consumo do projeto é mostrado na tabela 2 e uma estimativa de utilização


foi gerada com base nos dados fornecidos pelo projeto, gerando o gráfico 1.

Consumo de
Potência Tempo
Cargas Quantidades Energia/dia
(W) (H)
(kWh/dia)

Bomba submersa SUB40-


1 1125 5 5,625
20S4E8 (1,5 cv)

Sensor de Nível LA16M-40 2 4 5 0,40

Sistema de Osmose Reversa


1 3750 5 18,750
WW 60 (5,0 cv)

Total de Energia/dia (kWh) 24,375


Potência Total (kW) 4,875

Tabela 3 – Especificações das Cargas


PERFIL DE CONSUMO
4000,00
3500,00
3000,00
Potência (W)

2500,00
2000,00
1500,00
1000,00
500,00
0,00

Tempo (h)

Gráfico 2 – Perfil de Consumo

Sistema de Bombeamento Solar


Geração/dia Consumo/dia % da Folga no
Configuração dimensionamento
Pior Cenário (kWh)
Modelo SP3
(kWh)
1 unidade 29,150 24,375 ~30%

Tabela 4 – Configuração geral do sistema

3.1.3 Perfil de Geração e Consumo de Energia Elétrica

O gráfico abaixo representa uma relação entre o perfil de geração de energia


elétrica em relação ao perfil de consumo de demanda de energia das cargas
instaladas no sistema.

Geração X Consumo de Energia


40,00
Energia(kWh)

30,00
20,00
10,00
0,00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Meses do Ano

Geração Consumo

Gráfico 3 – Geração X Consumo de Energia


3.2. Dimensionamento do projeto

Especificação Geral do Sistema de Bombeamento:

Na figura, apresenta as características gerais atendidas pelo sistema de


bombeamento solar conhecido como Nimbus. Será dimensionado o sistema mais
especifico para ser atendido por esse modelo.

Figura 22 – Especificação Geral do Sistema de Bombeamento

3.2.1 - Painel Solar

O painel solar Canadian de 60 células, possui muitas aplicações na geração


de energia solar residencial (Grid-Tie) ou OFF-GRID (sistemas fotovoltaicos isolados)
com controladores de carga tipo MPPT, abrangendo também aplicações maiores
como usinas solares ou consumos comerciais tendo alto rendimento de energia do
sistema com baixa irradiância e baixo NOCT.

Figura 23 – Painel Solar Canadian (CS6P 265P)


• Especificações Técnicas:

Painel Solar Canadian - 265Wp

Máxima Potência Nominal 192 W

Tensão no Ponto de Máxima Potência 27,9 V

Corrente no Ponto de Máxima Potência 6,88 A

Tensão de Circuito Aberto 34,7 V

Corrente de Curto Circuito 7,48 A

Eficiência do Módulo 16.47%

Temperatura de Operação - 40°C ~ 85°C

Tabela 5 – Dados elétricos/ NOCT

Variáveis que interferem na geração:

• Curva de máxima potência


A curva que relaciona corrente e tensão, exposta na figura 4, tem como objetivo
encontrar o ponto de máxima potência (MPPT) do sistema fotovoltaico.

• Dependência da irradiância e temperatura

O funcionamento das placas solares varia de maneira inversamente


proporcional à temperatura, isto é, quanto maior a temperatura da placa, menor será
a sua produção. Em uma correlação Tensão x Carga segue um gráfico que mostra a
dependência da produção em função da variação da temperatura.

Conforme exposto anteriormente, a dependência da produção é função


também da irradiação. Já nesse caso, quanto maior a irradiação solar, maior a
produção de energia.
Figura 24 – Efeitos da irradiação e da temperatura na produção de energia

• Cálculo de dimensionamento para seleção de número de painéis solar:

A partir das seguintes informações e aplicando à formula a seguir, tem-se:

O cálculo da quantidade de módulos fotovoltaicos solar se dá pela razão entre


a potência a ser instalada e a potência nominal da placa. Também é importante o
cálculo da área total instalada para o dimensionamento da estrutura de fixação,
que se dá pela multiplicação das dimensões de largura, comprimento e quantidade
de módulos calculado. A tabela seguinte mostra os resultados encontrados.

16,92
Consumo médio diário (kWh/dia)
21,12
Energia a ser gerada por dia (kWh/dia)
1
Irradiância nas condições STC (kW/m²)
5,03
Irradiância média diária (kWh/m²)
70%
Taxa de Desempenho (%)
6,0
Potência a ser instalada (kWp)
Tabela 6 – Informações para o dimensionamento dos painéis

Potência Pico (kWp) – 6,0 kWp


CS6P-265P
Modelo da placa
265 W
Potência da placa
0,982
Largura (m)
1,638
Comprimento (m)
22
Número de placas
35,4
Área Total (m2)

Tabela 7 – Resultado do dimensionamento dos painéis

3.1.2.2 - INVERSOR - UNIDADE DE CONTROLE

Este é um inversor solar que permite que a energia seja trocada da potência
CC obtida dos painéis solares para a energia CA necessária para controlar a bomba.
Com o inversor solar renovável, as bombas podem se adaptar às fontes de energia
solar, em vez de fontes elétricas ou geradores tradicionais.

Este inversor solar é incorporado com o carregador solar MPPT para maximizar
a energia solar. Além disso, é fácil de instalar com baixo custo de manutenção. Torna-
se uma solução ecológica para as áreas rurais onde o poder da rede é caro e pouco
confiável.

Figura 25 – Inversor solar SP Series


• Características

 Carregador solar MPPT incorporado;

 Suporta o motor assíncrono trifásico;

 Proteção integral integrada e autodiagnostico;

 A função Soft Start evita o efeito do martelo de água e prolonga o ciclo de vida
do Sistema;

 LCD e LEDs abrangentes exibem o status do sistema em tempo real;

 Monitoramento remoto através do RS-485;

• Especificações Técnicas Modelo SP10


MODELO SP 10 – 10 CV – 7,5 kW
Fase 3 fases de entrada/ 3 fases de saída
Potência Máxima de Painel 12000W
Potência de Saída 7500W
ENTRADA
Tensão Máxima 800 VAC
Tensão de partida 350 VAC
Range de Tensão do MPPT 500~600 VDC
Número de MPPT 1
SAÍDA
Tensão Nominal 3 x 380/400/415/440 VAC
Eficiência >97%
Corrente de Saída 17A
Tipo de Motor Motor trifásico assíncrono
Precisão da frequência ±0,2%
PROTEÇÃO
Proteções contra sobretensão, sobtensão,
Proteção complete
sobrecorrente, surto, altas temperaturas, curto-circuito
FÍSICA
Dimensão, D x W x H (mm) 100 X 230 X 342
Peso Líquido (kg) 6
Tipo de proteção mecânica IP20
INTERFACE
Canal de Comunicação RS-232/RS-485
AMBIENTE OPERACIONAL
Umidade <95% Umidade relativa (sem-condensação)
-20°C ~ 45°C com 100% da carga completa, 46°C ~
Temperatura de Operação 60°C com potência reduzida

Figura 26 – Especificações Técnicas Inversos Modelo SP10


• Necessidade de cabo sugerido:

Terminal
Típica Tamanho Dimensão Valor de
Modelo
Amperagem do fio torque
d (mm) D
(mm)
1.3 ~ 1.4
7.5KW 15A 13 AWG 4.5 9.5
Nm

Tabela 8 – Especificações Técnicas Inversos Modelo SP10

• Cálculo de dimensionamento para seleção do Inversor:

Ao selecionar módulos PV apropriados, tenha em atenção os seguintes


parâmetros:
1. O circuito aberto Tensão (Voc) dos módulos fotovoltaicos não excede o
máximo. Tensão DC (500~600VDC).
2. A tensão acumulada dos painéis fotovoltaicos conectados deve ser próxima de
560V para o inversor com tensão de saída mínima de 380V.

Para calcular os números dos módulos fotovoltaicos em série (N) e em paralelo


(M), siga a fórmula abaixo:

• Razão entre o valor máx. de range de tensão e a tensão no ponto de máxima


potência da placa (Números máximos de módulos fotovoltaicos em série (N) >
560 / Vmp.)
• Razão entre o valor máx. de corrente de saída e a corrente no ponto de máxima
potência da placa (Imp> Po / (Kvo x 0,9 x M))
▪ Po representa a potência nominal de saída.
▪ Kvo é igual a 560V / 585 / 606V / 642V para tensão de saída 380V / 400V
/ 415V / 440V, respectivamente.
Inversor SP3 – 3cv – 2,2 kW
800 V
Tensão (Voc)
500~600 V
Range de tensão MPPT (VDC)

Tensão no Ponto de Máxima Potência (V) 27,9 V


da placa

Corrente no Ponto de Máxima Potência da 6,88 A


placa (Imp)
17,0 A
Corrente de Saída
21
Número máx. de Placas em Series
2
Número máx. de Placas em Paralelo
22
Número de Placas Selecionado

Tabela 9 – Resultado do dimensionamento do Inversor

3.1.4 - BOMBA

As especificações técnicas estão de acordo com modelo motobomba SUB40-


20S4E8 (1,5 cv) – código: 87205695-00, indicado à necessidade do projeto. Os dados
para o projeto estão expostos a seguir.

• Modelo da Bomba Selecionada

Figura 27 – Modelo da Motobomba SUB 40- 20S4E8


• Cálculo de dimensionamento para seleção da Bomba:

Considere o modelo abaixo como o projeto de implantação do sistema com as


seguintes condições:

• Profundidade do Poço: 120,0 metros;


• Altura de Recalque: 9,0 metros;
• Vazão desejada: 6,0 m3\h;
• Comprimento total de tubulação (da bomba até a caixa d’água): 165,0
metros;
• Nível Dinâmico: 26,0 metros;
• Nível Estático: 27,0 metros;
• Profundidade da bomba: 35,0 metros;
• Diâmetro da tubulação de recalque: 2” (75 mm);

Figura 28 – Ilustração dos aspectos para dimensionamento do sistema de bombeamento


Altura total de recalque ou altura manométrica de recalque (Hr)

Representa a energia por unidade de peso que o fluido deve ter ao deixar a
bomba para que, partindo da saída da bomba, atinja a saída da tubulação de recalque
ou a superfície livre no reservatório superior, atendendo as condições. A altura
manométrica de recalque pode ser calculada de duas formas. Na primeira
considerando a medida da energia no flange (entrada) de recalque da bomba. Neste
caso, com a instalação funcionando, são lidos os parâmetros necessários para sua
determinação:

Outra forma de cálculo é considerando a energia do fluido no reservatório de


recalque, somando as perdas de carga que o fluido sofreu no percurso no flange
(entrada) de recalque da bomba até tal reservatório, desta forma, fazendo a análise
resulta:

• Calculo da perda de carga na tubulação

Através do conceito do comprimento equivalente, podemos escrever que:

A grande vantagem de usarmos o Leq é que passamos a ter apenas um tipo


de perda de carga, já que a perda de carga total pode ser calculada pela equação
abaixo.
A seguir apresento possibilidades de se determinar o comprimento equivalente

Cálculo de Perda de Carga por Singularidade até o tanque


Comprimento
Item
Comprimento equivalente
Acessórios Quantidades
Unitário (m) Total (m)

Luva –
1 Entrada 1 2,3 2,3
Normal

2 Curva 90º 3 1,2 3,6

Registro
3 1 0,7 0,7
Gaveta

Válvula de
4 1 7,4 7,4
Retenção

Comprimento Equivalente de Recalque 13,1

Tabela 10 – Dimensionamento da Perda de Carga

Figura 29 – Ilustração do poço para dimensionamento da bomba


Cálculo da Altura Manométrica (H)

Hg = Altura geométrica

∆Hr = Perda de Carga no Recalque

∆Hs = Perda de Carga na sucção

• Vazão de Projeto (Q)


Q = 6 m3/h

• Pré-Dimensionamento Diâmetro de Recalque e Sucção

Para a determinação do diâmetro econômico do sistema de recalque foi utilizado á


formula da Forcheimmer Bresse para funcionamento intermitente:
Dr = 1,3*((T/24) ^0,25) *(Q^0,5)

Dr = Diâmetro de Recalque
T= Período de funcionamento da bomba - 6 horas
Q = Vazão de Projeto - (6 m3/h)

Dr = 0,0375 m
Dr = 40 mm (adotado)
Dr = Diâmetro Nominal de Recalque - 40 PVC PBA Classe 20

• Verificação da Velocidade

Vr = (4 * Q) / ∏ * Dr²

Q= Vazão de projeto

Dr= Diâmetro Interno de Recalque


• Cálculo da Altura Manométrica (H) - Recalque:

Lr = Comprimento Real de Recalque = 210,0 m;


Jr= Perda de Carga Unitária = 0,01 m/m;
Cota do terreno Captação = 17 m
Profundidade do poço = 120 m
Nível Dinâmico = 27 m
Nível Estático = 26 m
Profundidade de Instalação da bomba = 35m
Altura da Base (Ar) = 9 m
Altura do tanque = 2,5 m

∆Hr= Jr*(Lr + LV)

∆Hr= 2,43 metros

Altura Manométrica Total:

• AMT = ∆Hr + ∆Hs + Ar = 2,43 + 0 + (35 + 10)


AMT = 46,43 metros

• Encontrando o ponto de operação da Bomba:


H = Hg + k* Q^1,85
K = (H - Hg) / Q^1,85
K= 0,037
H = 0,38*(Q^1,85) + 47,43
H (m) = 57,8 metros

Curva da bomba x Curva de carga


Q Sistema Bomba
3
(m /h) Hm (mca) Hm (mca)
4 46,92 55
5,4 47,29 53
6 47,48 50
6,2 47,54 45

Tabela 11 – Curva da bomba x Curva de carga


60

Altura manométrica (m)


50 y = 0,2786x + 45,803
R² = y0,9981
= -3,7162x + 70,818
40 R² = 0,7203
30
20
10
0
2 2,5 3 3,5 4 4,5 5 5,5 6 6,5
Vazão (m3/h)

Curva da Bomba Curva do Sistema 1


Linear (Curva da Bomba) Linear (Curva do Sistema 1)

Gráfico 5 – Curva da bomba x Curva de carga

O software da Franklin Eletric foi utilizado para simular e comparar a escolha


da especificação da bomba, abaixo segue os dados de dimensionamento.
(franklin.config.intelliquip.com/config/franklin/cos/index.jsf)

Gráfico 5 – Dados do dimensionamento da bomba

Figura 30 – Dados do dimensionamento da bomba


Figura 31 – Dados do dimensionamento da bomba

Figura 32 – Propriedade especifica da bomba


3.1.5 – Unidade de Osmose Reversa

Assim, para se especificar corretamente um equipamento de dessalinização


temos que dispor das seguintes informações:

Quantidade de água salgada ou salobra disponível (em litros por hora - l/h), a
quantidade de água doce desejada, (em litros por dia), a salinidade de água a ser
tratada em TDS (sólidos totais dissolvidos em ppm - partes por milhão ou mg/l ou
ainda em resistividade elétrica (micromho/cm).

Em se tratando de água salobra, podemos supor que a salinidade máxima seja


3.000 ppm, pois na maioria dos casos a salinidade oscila entre 1600 a 3000 ppm,
sendo 2500 o valor típico. Uma análise com o teor de cálcio ou dureza é recomendada,
pois isto dirá da maior ou menor frequência de limpeza química do equipamento,
embora não influa nas variáveis de operação. Se a água apresentar sedimentos, isto
é, for suja, filtros de pré-tratamento deverão ser colocados, mas isto pode ser efetuado
a qualquer momento, mesmo depois de instalado o dessalinizador.

Importante: a água a ser dessalinizada deve ser isenta de cloro, ferro e manganês

A água produzida normalmente se exige uma salinidade menor do que 250


ppm, pois este é o limite de potabilidade estabelecido pela OMS. Se a água contiver
micro-organismos tais como bactérias, um esterilizador ultravioleta deve ser
adicionado.

O rendimento de um dessalinizador varia com a pressão de operação - que


pode ser controlada - e a temperatura da água, que não pode ser controlada. Por isto
um equipamento tem duas especificações: a nominal e a operacional. Devemos
comprar um equipamento para opera nas condições operacionais dentro das
condições desejadas.

A temperatura da água não é uma variável de muita preocupação no Brasil, onde


não ocorrem baixas temperaturas, especialmente no Nordeste. A salinidade da água
pode variar um pouco com o tempo, mas não a ponto de afetar muito. Importante é a
recuperação, pois disto vai depender a água que se quer com relação a água que se
dispõe.
• Cálculo de dimensionamento para seleção do dessalinizador:

Tabela 12 – Características dos poços – Uauá, Bahia

Se nosso equipamento trabalha com recuperação de 60%, para cada 100 litros
de água retirada do poço se produz 60 l de água doce e se descarta 40 litros de
salmoura.

Este descarte de salmoura exige tratamento adequado para não poluir o meio-
ambiente. Portanto a maneira de se especificar um dessalinizador seria:

• Capacidade de água produzida: xxx litros/dia, com água com salinidade igual
ou menor que 250 ppm.;
• Salinidade da água tratada: até 3.000 ppm de TDS, sendo uma análise precisa
normalmente requerida pelos fabricantes;
• Recuperação: será informada pelo fabricante, ou exigida pelo comprador,
desde que fornecida a análise completa da água.
Característica do Sistema estudado - Exemplo prático para o sistema adotado:

Sistema de dessalinização para água salobra, por osmose reversa, capacidade de


15.000 litros por dia, para uma água de alimentação com salinidade de até 1700,3
mg/l TDS (máximo) - 5.000 ppm, com recuperação mínima de 40/50/60 %.

Incluir: sistema automático de shutdown nos seguintes casos; pressão de operação


alta / pressão de sucção baixa / salinidade excessiva de água produto / alarme –
operação.

Incluir: pré-filtro / filtro de carvão ativo / esterilizador UV / conjunto para lavagem


química.

Quantidades
Componente
em ppm

Fe 0

TDS 1700,6

Cl 8,11

Mg 0,98

Vazão 6 m3/h

Volume 15 m3

Tabela 13 – Informações físico-químicas do poço.


Equipamento Proposto:

Condições ideais: água a 25 ºC, salinidade menor do que 2000 ppm.

Figura 33 – Dessalinizador modelo WW60

Tabela 14 – Modelos do dessalinizador para o sistema

Vazão, Vazão,
l/dia l/dia
Tamanho
Número de
MODELO Ideal Esperado da Motor
membranas
membrana
5 HP,
WW60 30.000 15.000 8" x 40" 8
220 V

Tabela 15 – Modelo ideal para o sistema estudado


Características do dessalinizador WW 60

• Qualidade de água de entrada (requerida):

- Totais de Sólidos Dissolvidos inferior a 5000 ppm;

- Ausência de cloro;

- Ferro e manganês inferiores a 0,2 ppm;

- Turbidez inferior a 0,5 uT;

• Qualidade da água purificada:

- Eliminação de até 99% dos sais dissolvidos na água de alimentação.

- Equipamentos para água salobra com vazão acima de 2500 l/h utilizam membranas
8" x 40".

• Utilizando Software da General Eletric, pode-se obter o levantamento de custos


e características para o sistema aqui estudado. (rotools.gewater.com/Boiler-
Feed-Savings);

Figura 34 –Simulação dos Custos anuais.


3.1.6 – População Beneficiada com a Proposta

• Cálculo de dimensionamento para população atendida:

Segundo a ONU (Organização das Nações Unidas), a quantidade de água suficiente


para atender as necessidades básicas de um indivíduo é de 110 litros. Adotando uma
vazão de 15.000 L/ dia de agua potabilizada e considerando uma média de consumo
de 150 litros por pessoa ao dia. Esse projeto, em média, poderia atender uma
população de:

Figura 35 –Reservatórios

• Volume total de água reservada (V tot): 30.000 litros


• Quantidade de litros por habitante (q): 120 l/hab dia.
• Volume de água a ser tratada por dia (Vt): 15.000 litros.

Ou seja, a razão entre Vt/q = 15000/120 = 125 pessoas por dia serão beneficiadas
com o sistema de tratamento de água. Com o sistema funcionando 30 dias no mês,
em média de 365 dias no ano, a produção de volume de água mensal (Pm) seria a
quantidade de volume de água tratada (Vt) multiplicada por o número de dias de
funcionamento no mês. Isso daria:
(Pm) = Vt * 30 = 15 000 * 30= 450.000,00 litros
E considerando uma família composta por 4 pessoas em cada casa habitada. Esse
projeto atenderia diariamente cerca de 32 famílias (casa), e mensalmente 938
famílias.
3.1.7 – Valor Pago pela Energia durante 25 Anos

O período de 25 anos foi definido por ser a expectativa de vida útil dos painéis
fotovoltaicos. Os demais equipamentos de um sistema isolado possuem
aproximadamente os seguintes períodos de vida útil, conforme estimativa dos
fabricantes: 5 anos para dessalinizador e 10 anos para controladores de
carregamento e inversores de frequência.

Assim, o custo de um sistema fotovoltaico durante 25 anos leva em consideração o


valor inicial os equipamentos e suas substituições ao final da vida útil: Custo do painel
solar, custo do controlador de carga e custo do inversor de frequência.

O preço de um sistema fotovoltaico de 5,83 kWPICO é apresentado na tabela 16,


cotado em agosto de 2017. A configuração selecionada visa ser a que apresenta o
melhor custo-benefício, pois a quantidade de painéis é dimensionada para
aproveitar ao máximo a capacidade do controlador de carga, reduzindo assim gastos
por superdimensionamento. O custo deste sistema, para gerar energia durante 25
anos, é apresentado abaixo.

Item Descrição Qtd. Valor Unitário Valor Total

Sistema de Bombeamento Solar GBK – R$ R$


1 1
SP10 44.255,86 44.255,86
Motobomba - Modelo SUB40-20S4E8 – R$ R$
2 1
Código: 87223757-00 2.513,00 2.513,00
R$
3 Dessalinizador modelo WW 60 – 5cv 1 -
15.000,00
R$
TOTAL -
46.768,86

Tabela16 – Custos de Instalação de um Sistema de bombeamento

Nota-se que este valor de R$ 46.768,86 para 5,83 kW apresenta uma relação de 8,0
R$/W, que corresponde a aproximadamente 2,50 US$/W, considerando o dólar a R$
3,20. De posse do valor a ser pago durante a vida útil do sistema, basta saber qual é
a energia produzida por ele durante este período, para que a comparação possa ser
feita.

Estudos feitos pelo Laboratório de Fontes Alternativas do ENE/UnB indicam que o


sistema fotovoltaico isolado aproveita 80% da energia gerada pelo painel, no inversor
e, principalmente, pela dificuldade de aproveitar toda a insolação disponível.
(SHAYANI, OLIVEIRA, 2006)

Este sistema de 5,83 kWpico, durante uma insolação média anual de 5,03 kWh/m2
(CRESESB, 2017), juntamente com o aproveitamento médio de 80% medido
experimentalmente, gera por dia:

Geração diária = 5,83 kW * 5,0 * 0,8 = 23,32 k W /dia

Em 25 anos esta energia corresponde à:

Geração Anual = 23,32 kWh/dia * 365 * 25 anos = 212,8 MWh

Assim, o custo da energia solar fotovoltaica isolada é de:

[R$] 46.768,86/ 212,8 MWh/dia = 219,8 [R$ / MWh]

Comparando o sistema de bombeamento solar com o sistema convencional ligado à


rede durante 25 anos, e levando em consideração o valor do gasto energético mensal
médio que é de 700 kWh, segue o estudo de viabilidade, considerado o efeito
econômico dos pagamentos ao longo do tempo, considerando a taxa de juros, pois
os perfis dos desembolsos são diferentes, uma vez que o custo de implantação inicial
do sistema fotovoltaico é maior. Considerando juros de10%aa, a relação entre as
tarifas passa de 10 para 18 vezes, entretanto este cálculo, de maneira simplista, não
representa fielmente a verdade, pois considera as tarifas constantes durante os 25
anos, que não é a tendência atual para o sistema convencional, podendo assim, ter
acréscimo no valor do kWh, aqui considerado pela tarifa homologada Aneel de R$
0,421 kWh.

Estudo de Viabilidade Econômica

Fluxo de Caixa Acumulado


100000
80000
60000
R$ (Reais)

40000
20000
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
-20000
-40000
-60000
Anos

Gráfico 6 – Dados de viabilidade na implementação do Sistema solar x convencional

Anos VPL TIR


25 R$ 93.143,56 22,83%
20 R$ 67.210,21 22,03%
15 R$ 40.311,93 20,17%
10 R$ 12.414,22 15,06%
05 -R$ 16.518,65 -4,39%

Payback 7 anos e 6 meses

Tabela 17 – Valores da projeção de viabilidade econômica (sistema solar x convencional)

Agora quando comparado o sistema de bombeamento solar com o sistema atendido


por um gerador a diesel, levando em consideração a potência utilizada de 5,83
KWpico, tem se o segue o estudo de viabilidade.

Cálculo do Custo anual do Diesel

• Valor do diesel: 3,42 R$/ litro


• Quantidade de litros gasto na operação diária (8H): 15 litros
• 365 dias no ano.

Figura 36 – Especificação do motor a Diesel

Valor
Item Descrição Qtd. Valor Total
Unitário

Gerador de Energia a Diesel


R$ R$
1 Silenciado 6.8 KVA Partida Elétrica - 1
44.255,86 5.031,00
ND7100ES3
Motobomba - Modelo SUB40-20S4E8 R$ R$
2 1
– Código: 87223757-00 2.513,00 2.513,00
R$
3 Dessalinizador modelo WW 60 – 5cv 1
15.000,00
TOTAL - R$ 7.544,0

Tabela18 – Custos de Instalação de gerador a diesel

Custo Anual (CA): 365 * 3,42 * 15 = 18.742,50 R$/Ano

Custo operacional em 25 anos, considerando valor do combustível fixado em


3,42 R$/litro ao longo desse tempo.
• Custo em 25 anos (C 25 anos) + Valor do Sistema: (18.742,50* 25) +
7.554,00 R$/Ano = 476.116,50 R$

Estudo de Viabilidade Econômica

Fluxo de Caixa Acumulado


200.000,00

150.000,00
R$ (Reais)

100.000,00

50.000,00

-
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
(50.000,00)
Anos

Gráfico 8 – Dados de viabilidade na implementação do sistema solar x gerador a diesel

VPL TIR
Anos
25 R$ 151.124,63 32,38%
20 R$ 110.965,75 32,04%
15 R$ 72.984,62 31,05%
10 R$ 37.064,26 27,67%
05 R$ 3.093,86 11,72%

Payback 4 anos e 8meses

Tabela 19 – Valores da projeção de viabilidade econômica


Capítulo 4 – Resultados e Discussão

4. 1 Análise de Sensibilidade Paramétrica


O objetivo principal do trabalho é avaliar a implementação do sistema de
bombeamento solar para tratamento de água subterrânea na região do Semiárido
brasileiro quando comparado com o sistema convencional para fornecimento de
energia eletricidade, ligado à rede da concessionaria e por gerado a diesel. Para tanto,
se avalia os impactos dos parâmetros econômicos. Baseado no projeto técnico-
comercial e experiência operacional na área de energia renováveis, escolheu-se variar
os seguintes parâmetros;

1. Fonte energética e impactos ambientais;


2. Dimensão do sistema proposto para tratamento de água;

4.1.1 Variação na fonte energética e impactos ambientais

As fontes de energia de origem solar apresentam processo de geração de


eletricidade mais simples do que a obtenção de energia através de combustíveis
fósseis ou nucleares. A sua utilização de forma distribuída apresenta as vantagens
de redução de gastos com os sistemas de transmissão e distribuição, além de
permitir desenvolvimento social para localidades não eletrificadas.

O paradigma atual de que o fornecimento de energia deve ocorrer através de


linhas de transmissão e distribuição gera uma incoerência, pois existem projetos que
visam concentrar a energia solar, naturalmente dispersa, para depois distribuí-la por
um sistema interligado, deixando assim de aproveitar seus benefícios.

O preço da energia solar é comparado com o valor pago pelos consumidores


em suas residências, uma vez que a energia final consumida chega a ser 10 vezes
mais barata que o valor cobrado pelo sistema solar.

O custo de implantação de um sistema solar isolado pode chegar a 3 vezes o


valor de uma pequena central hidrelétrica de mesma capacidade, entretanto
fazendo o cálculo considerando a energia gerada durante a vida útil do equipamento
solar, de aproximadamente 25 anos, é obtido o valor correspondente à 10 vezes
menor do que custo da energia entregue ao consumidor pela concessionária, e
ainda mais o risco de instabilidade no valor da tarifa por efeitos político e situação
econômica momentânea. Ao considerar um sistema interligado à rede, a relação
passa de 10 para 3. Ao serem agregados os impostos, custos ambientais e sociais,
a energia solar fotovoltaica passa a ser, economicamente competitiva e uma solução
viável.

Já que, O Brasil está aumentando a quantidade de emissões de gases de


efeito estufa durante o processo de geração de eletricidade, além de constatar
aumentos nos preços do gás natural, que subiu mais de 20% de 2014 para 2015,
além do aumento do valor de CCC em aproximadamente 20% também. Neste ritmo,
o custo da energia subirá 200% em 10 anos, superando o valor da energia solar
fotovoltaica interligada à rede, a qual continuará reduzindo seu preço neste período.

4.1.2 Variação na dimensão do sistema proposto para tratamento de água

A estratégia na escolha de um sistema de tratamento com uma média na


demanda de consumo energético, faz a diferença na viabilidade econômica do projeto.
Já que é fundamental dimensionar um sistema em que possa atender uma grande
quantidade populacional carente de recursos naturais, mas também um custo
benefício que atenda a proposta de investimento do sistema e a projeção de
viabilidade ao longo do tempo. Um sistema muito pequeno atenderia uma quantidade
limitada de pessoas com alto investimento no projeto e alto gasto energético custos
anuais.

4.1.6 Conclusões da análise de sensibilidade

Com o estudo técnico de carácter financeiro com o objetivo de determinar a


viabilidade de sucesso desse projeto, para investimento, com os aspectos
relacionados acima avaliados. Esta análise foi concluída e tomada com vista a
perspectiva do interesse em realizar o determinado investimento. A avaliação da
sensibilidade fez-se através das simulações possíveis para diferentes variáveis do
projeto que constituem, tais como taxas de juro e prazos cálculo do valor presente e
da taxa interna de retorno que se tornaram positivas a partir do 7 anos e 6 meses em
uma projeção de investimento de 25 anos, quando confrontado com o sistema
convencional. E a partir do 4 anos e 8 meses, já se torna o investimento viável quando
comparado com o fornecimento de energia se tratando do gerador a diesel. É claro
que outros aspectos poderiam ser analisados, como custo de manutenção e
operação, mas como o sistema fotovoltaico solar tem custos mínimos nesse aspecto
não foi considerado em questão.

Capítulo 5 – Conclusões

Mostram-se a contribuição do dessalinizador no consumo da energia, e


utilizando a energia solar como fonte primaria. Os resultados obtidos teoricamente
com os valores estimados, encontram-se em concordância com alguns resultados
experimental, possibilitando dessa maneira a construção e utilização do sistema. Um
avanço alcançado por este trabalho é permitir, que a água chegue no reservatório já
acionado por energia solar, possibilitando realizar uma avaliação do dessalinizador
com um inversor de frequência solar específico para bombas, com o sistema
exclusivamente fotovoltaico. A avaliação das contribuições do presente trabalho,
como uma das formas de obter a água potável, só podem ser feitos no decorrer de
sua utilização por parte da comunidade.
No presente trabalho, além de atingirmos os objetivos iniciais, chegamos as
seguintes conclusões: O custo da água por litro, obtido pelo dessalinizador solar é
menor, quando comparado com outras fontes de energias. Após 25 anos de operação
do dessalinizador, o custo da água tende para zero, quando comparado com um
sistema elétrico e a gerador a diesel. Para aumentar eficiência do sistema do
presente, propõe-se o uso exclusivo do modelo de bombeamento Nimbus, trazendo o
diferencial ao analisar as distribuições de radiação solar na superfície terrestre para
dias nublados.
Capítulo 6 – Referências

1) AMBIENTE BRASIL. Energia solar e o meio ambiente. Disponível em: <


http://www.ambientebrasil.com.br/composer.php3?base=./energia/index.html&
conteudo=./e nergia/solar.html> Acesso em 07 de julho de 2009.
2) HOJADA, R. G. Crescimento da ISO9000 e ISO14001 no Mundo, Revista Meio
Ambiente Industrial, ano IV, edição 26 – n 25, p. 28-29, julho/agosto. 2000.
3) http://www.fundaj.gov.br/index.php?option=com_content&id=659&Itemid=376 –
Acessado 25/08/2017.
4) [1] MESSENGER, R.; VENTRE, J. Photovoltaic Systems Engineering. CRC
Press. Boca Raton London New York Washington, D.C,2000, 385p.
5) [2] Grupo de Trabalho de Energia Solar fotovoltaica – GTEF. Sistemas
fotovoltaicos. Manual de Engenharia. 1 ed., junho de 1995.
6) Osmose Inversa: o que você talvez gostaria de saber. Disponível em: Acesso
em agosto de 2017.
7) HENN, E.A.L. Máquinas de fluido. 2ª ed, Porto Alegre: UFSM, 2006.
8) http://www.sattamini.com.br/Espec.html
9) Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil) (ANEEL). Resoluções
homologatórias – Biblioteca virtual. Disponível em. Acesso em: 24 de agosto
de 2017.
10) Boletim energia 214, 2006. Disponível em. Acesso em: agosto de 2017.
Anexo

ESCOPO DE FORNECIMENTO

• ESCOPO GBK – SP10

Item Descrição

SISTEMA DE BOMBEAMENTO SOLAR SP10

Inclui:

• 22 Placas solares de 265 Wp/placa (192Wp NOCT), totalizando uma potência


pico de 5,830 kWp;
• Inversor de bombeamento solar SP10, 7,5KW de potência nominal de saída (10
CV), com tensão de 380-440 Vac Trifásico;
• 95m cabo solar preto com proteção UV 4,0mm2
1 • 95m cabo solar vermelho com proteção UV 4,0mm2
• 95m cabo solar vd/am com proteção UV 6,0mm2
• 2 conectores (par) mc4 4mm SOLAR
• 2 STB01-1000V/01, String box CC+CA
• Conector fêmea para distribuição de energia;
• 1 CD com Solar Tracker software;
• 1 cabo de rede;
• 1 cabo VGA;
• 1 Manual do usuário;
• 1 Motobomba SUB40-20S4E8;

DESSALINIZADOR WW 60

Inclui:

2
• Estrutura em aço inox;

• Condutivímetro digital que indica a qualidade de água tratada;

• Rotâmetros para medir as vazões de água permeada, rejeitada e recirculada;


• Manômetros caixa inox com glicerina para monitorar as pressões de trabalho;

• Permeação com membrana de Osmose Reversa de alto desempenho tipo TFC


8 x 40”;

• Bomba de alta pressão em aço inox;

• Vaso de pressão em fibra de vidro;

• Painel com chave liga/desliga;

• Pré filtro em polipropileno 5 micras para retirada de partículas em suspensão;

• Proteção contra falta de água da alimentação;

• Reciclo de parte do rejeito: menor desperdício de água;

SERVIÇOS INCLUSOS

• Treinamento para utilização do equipamento;


2 • Instalação e montagem;
• Manutenção durante a garantia, sendo de responsabilidade do cliente os custos
com deslocamento, estadia e alimentação;
• Todo material de tubulação e acessórios;

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