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Declaração de Princípios
1. Princípios fundamentais
2. Democracia política
3.2 — No entanto, o poder das grandes empresas e dos grupos económicos que
movimentam vastos recursos financeiros e humanos facilmente transcende a
esfera do económico para se exercer em múltiplos aspectos da vida em
sociedade, ganhando muitas vezes uma influência no domínio político que corre
o risco de usurpar a autoridade do Estado e deformar, assim, o funcionamento da
Democracia. Quando for necessário para prevenir tais situações o Estado deve
intervir com regulamentações adequadas, com o estimulo da concorrência, com
o reforço das pequenas e médias empresas. A existência de empresas públicas,
seja pela via de nacionalizações com indemnizações adequadas, seja por criação
estatal, justifica-se também como forma de responder a esta problemática, bem
como no caso em que condições naturais ou técnicas aconselham a que uma
actividade importante para a comunidade não seja exercida em regime de
concorrência.
3.3 — A aceleração das transformações estruturais que urge promover deve ser
acompanhada pela participação dos trabalhadores na análise das escolhas e
consequências que essas transformações suscitam. Os trabalhadores organizados
ao nível das empresas ou associados sindicalmente a nível superior devem ter
direitos de participação na formulação das decisões que centralmente lhes digam
respeito como agentes económicos e sociais empenhados na modernização e
desenvolvimento do País. Esses direitos estender-se-ão desde o direito de
informação e consulta sobre a organização do trabalho e a introdução de novas
tecnologias até ao direito de negociação colectiva das condições que melhor
enquadrem socialmente as opções necessárias ao esforço de reestruturação das
capacidades produtivas nacionais. A democracia económica assenta na
negociação participada e responsável do desenvolvimento económico e social.
Impõem igualmente a eliminação de barreiras ideológicas, burocráticas e
técnicas, a expansão de novas formas de trabalho associado, designadamente no
campo das experiências cooperativas ou de inspiração autogestionária e das
iniciativas locais de emprego. A valorização de novas formas de organização do
trabalho como factor de enriquecimento e coesão do tecido social, bem como da
revitalização das economias regionais é, hoje em dia, uma dimensão essencial do
aprofundamento da democracia económica. As iniciativas que se inscrevem
nesse domínio e detêm potencialidades de mérito social e económico devem ser
reconhecidas e apoiadas por todos os que se inspiram no socialismo
democrático. É assim natural que um Estado catalisador e descentralizado se
preocupe também com a criação de condições necessárias ao seu lançamento e
desenvolvimento.
O mercado é, por sua vez, uma instituição social gerada pelo desenvolvimento
histórico das relações de troca e cooperação inerentes ao processo de divisão
social do trabalho. A concepção democrática do planeamento não pode opor-se
ao mercado como rede privilegiada para o processamento da informação
indispensável à tomada de decisões descentralizadas. Pelo contrário, a
concepção democrática de planeamento deve incorporar o bom uso do mercado
tão extensamente quanto possível, com planos que são meramente indicativos
para o sector privado e servem de elemento enquadrador da utilização dos
instrumentos tradicionais da política económica. O mercado mantém-se como
instrumento indispensável de regulação da economia, enquanto local revelador
de necessidades individuais, de formação de preços e de sanção dos resultados
alcançados pelas unidades produtivas.
4. Democracia cultural
5. Portugal no mundo
Este processo deve ser acompanhado pela intensificação das nossas relações
com o Brasil e os países africanos de língua oficial portuguesa, com os quais
criámos laços profundos de amizade e de interesse mútuo e com os quais
devemos empreender solidariamente a afirmação do português como língua de
cultura na comunidade internacional.
A opção europeia de Portugal não se reduz, por mais decisiva importância que
essa tenha, à integração das suas estruturas económicas no espaço comunitário.
5.7 — Todos os homens que querem promover e defender a paz geral entre os
Estados sabem a importância conferida pelo socialismo democrático à
convivência pacífica entre os povos e à colaboração e solidariedade
internacionais nos domínios político, diplomático, económico, social, científico
e cultural. A evolução das civilizações conduziu os países a uma
interdependência tal que hoje se coloca ao próprio género humano a
responsabilidade pela resolução global de vários problemas, sejam eles no
campo das matérias-primas, das fontes de energia, e dos produtos alimentares,
sejam eles respeitantes ao ambiente, ao acesso à informação, à ciência e à
cultura, ou ao direito à identidade étnica, linguística ou religiosa. A procura de
uma nova ordem económica internacional é um dos objectivos fundamentais do
socialismo democrático. A ONU, enquanto fórum adequado para um debate
sobre as formas de colmatar as disparidades entre países, merece apoio e
estimulo para ver as suas resoluções levadas à prática com mais determinação. A
noção de solidariedade assumida pelo socialismo democrático ganha particular
consistência e actualidade quando transferida para o terreno das relações entre os
povos. Os socialistas não esquecem o sonho de que a cooperação internacional
deve ser expressão de solidariedade entre todos os Estados e todas as Nações.