Você está na página 1de 26

Bioética e Aspectos

Legais da Profissão
Valores Éticos

Responsável pelo Conteúdo:


Prof.ª M.ª Vanda Maria Gimenes

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Valores Éticos

• Ética;
• O que são Princípios, Valores e Virtudes?
• Virtudes Profissionais;
• Virtudes do Profissional Perante a Ética e a Moral;
• Virtudes Profissionais;
• Formação Profissional do Enfermeiro e Desafios Éticos da Profissão;
• O Mercado de Trabalho.

OBJETIVO DE APRENDIZADO
• Incentivar à reflexão sobre valores éticos e virtudes pessoais para o desenvolvi-
mento profissional.
UNIDADE Valores Éticos

Ética
A ética é descrita como uma ciência que determina uma reflexão crítica sobre o
comportamento humano, interpretando, problematizando e investigando os valores,
princípios e o comportamento moral, em busca do bem estar da vida em sociedade.
O respeito ao ser humano é o princípio fundamental, considerando o mesmo como
um indivíduo autônomo e participativo. Os princípios, valores e aspectos culturais
são entendidos no seu contexto através dos conceitos de ética e moral que determi-
nam as ações do indivíduo.
A ética profissional determina o comportamento do homem através de um pa-
drão de comportamento, estabelecendo aquilo que deve fazer e aquilo que deve ser
evitado para ser um bom profissional. Assim cada profissão tem sua própria ética.
É necessária a observância dos princípios éticos próprios a cada profissão.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a saúde é antes de tudo um
estado da harmonia e de equilíbrio, e não apenas ausência de doença. Portanto,
todo profissional de saúde, seja ele médico, enfermeiro, assistente social, técnico em
saúde, ou sanitarista, tal como educador, precisa ser um exemplo de harmonia. Essa
harmonia resulta justamente da coligação dos valores éticos, estéticos e espirituais.

O que são Princípios, Valores e Virtudes?


Existe uma grande diferença entre princípios, valores e virtudes embora sua efe-
tividade esteja diretamente ligada ao alinhamento desses conceitos. É muito comum
entre os profissionais serem equivocados em relação à aplicação dos conceitos de-
fendidos na sua prática.
Princípios são preceitos, leis ou pressupostos considerados universais que definem
as regras pelas quais uma sociedade civilizada deve se orientar. Em qualquer lugar
do mundo, princípios são incontestáveis, pois, quando adotados, não oferecem re-
sistência alguma.
Ao se adotarem esses princípios, entende-se que os mesmos estão em consonân-
cia com o pensamento da sociedade e vale tanto para a elaboração da constituição de
um país quanto para acordos políticos entre as nações ou estatutos de condomínio.
Vale no âmbito pessoal e profissional.

O que são princípios?


Amor, felicidade, liberdade, paz e respeito são exemplos de princípios universais.
Como cidadãos – pessoas e profissionais –, esses princípios fazem parte da nossa
existência e durante uma vida lutaremos para torná-los inabaláveis.
Teoricamente, todos têm direitos a esses princípios, entretanto eles não estão
gratuitamente disponíveis. A família é a base para construção dos nossos princípios
e, em muitos casos, eles se perdem no meio do caminho.

8
Queiramos ou não, de maneira geral, os princípios regem a nossa existência e
são comuns a todos os povos, culturas, eras e religiões. Ao agir em desacordo com
os princípios universais, o homem acaba sendo punido pela sociedade e sofre todas
as consequências. Isso ocorre quando fazemos escolhas com base em valores equi-
vocados, não em princípios.

O que são valores?


Valores são normas ou padrões sociais geralmente aceitos ou mantidos por
determinado indivíduo, classe ou sociedade, portanto, em geral, dependem basica-
mente da cultura relacionada com o ambiente onde estamos inseridos. É comum
existir certa confusão entre valores e princípios, todavia, os conceitos e as aplica-
ções são diferentes.

Figura 1
Fonte: Getty Images

Os valores são diferentes dos princípios, são pessoais, subjetivos e, acima de tudo,
mutáveis. O que vale para você não vale necessariamente para os demais colegas
de trabalho. A aplicação de valores pode ou não ser ética e vai depender muito do
caráter ou da personalidade da pessoa que os adota.

A definição de valores é feita de forma diferente entre as pessoas de origem hu-


milde e as pessoas de origem mais abastada. De um lado, a escassez pode gerar a
ideia de que dinheiro não traz felicidade, portanto, mesmo sem dinheiro, é possível
ser feliz utilizando-se outros valores como amizade, por exemplo. Desse modo, os
valores não dependem diretamente de bens materiais ou um bom cargo na empresa,
e sim de outros pilares que norteiam o desenvolvimento da sociedade, como o res-
peito ao próximo, merecimento, valor, talento, entre outros.

Entretanto, o apego ao dinheiro e a convivência harmoniosa com o conforto pode


gerar a ideia de que sem dinheiro não é possível ser feliz, ou seja, o dinheiro traz
felicidade, amizade, conforto e, se houver mais dinheiro do que o necessário, valores
como filantropia e voluntariado podem ser praticados.

9
9
UNIDADE Valores Éticos

A sociedade capitalista moldou essa visão sobre a felicidade momentânea através


do capital e a aquisição de bens materiais. Nesse conceito, a importância social do
cidadão depende cada vez mais do montante de capital que ele consegue juntar em
sua vida, criando assim a ilusão de superioridade social.

Não se pretende, com essa comparação, definir o certo e o errado. A questão


que se levanta é que o conceito de valores está interligado ao ponto de vista de cada
cultura, ou de cada pessoa, em particular.

Na prática, é muito mais simples nos atermos aos valores do que aos princípios,
pois este último exige muito de nós. Os valores completamente equivocados da
nossa sociedade – dinheiro, sucesso, luxo e riqueza – estão na ordem do dia. Todos
os dias, somos convidados a negligenciar os princípios por exigirem mais de nós e
adotar os valores ditados pela sociedade, já que eles são mais fáceis de demonstrar.

O que são virtudes?


Virtudes, segundo o Aurélio, são disposições constantes do espírito, as quais, por
um esforço da vontade, inclinam à prática do bem. Aristóteles afirmava que há duas
espécies de virtudes: a intelectual e a moral. A primeira deve, em grande parte, sua
geração e crescimento ao ensino, e por isso requer experiência e tempo; ao passo
que a virtude moral é adquirida com o resultado do hábito.

Segundo Aristóteles, nenhuma das virtudes morais surge em nós por natureza,
visto que nada que existe por natureza pode ser alterado pela força do hábito, por-
tanto, virtudes nada mais são do que hábitos profundamente arraigados que se ori-
ginam do meio onde somos criados e condicionados através de exemplos e compor-
tamentos semelhantes.

A constatação do valor não necessariamente está ligada aos princípios. Pode-se


utilizar como exemplo a figura de Hitler que, por suas experiências, conheceu os
princípios, mas optou pela ideia de adotar valores como a supremacia da raça ariana,
produzindo assim, a separação de raças, o que gerou a perseguição principalmente
do povo judeu e a imposição do poder e de seus ideais pela força e medo.

Os atos de Hitler foram inversos de virtudes, pois elas estão interligadas aos prin-
cípios que norteiam o bem-estar da sociedade. O legado de Hitler mostra-se na atu-
alidade um dos mais perversos da história e suas cicatrizes estão por toda a parte,
principalmente nos memoriais da Alemanha que têm como intuito não deixar que
esqueçam as barbaridades feitas. Assim a ambição de Hitler em seus valores de su-
perioridade é o contraste dos princípios universais que são herdados da revolução
francesa (igualdade, liberdade e fraternidade).

À contrapartida de Hitler, os exemplos de valores e virtude que merecem des-


taque são a Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce e Mahatma Gandhi. Os valores,
integridade e virtudes foram exemplos para toda a humanidade por alinharem os
pensamentos e atividades com a concepção de vida. Essas investidas por causas no-
bres foram um modelo vanguardista e empírico para o resgate da dignidade humana.

10
A história da humanidade entendida por meio das experiências do homem na
linha temporal selecionam figuras para serem exemplos para diversas ocasiões. Nes-
se caso, figuras icônicas como Hitler, Milosevic e Karadzic são consideradas as mais
odiadas e cruéis da humanidade, contudo, seu antônimo também é mostrado como a
Madre Teresa de Calcutá, Santa Irmã Dulce e Mahatma Gandhi, que foram humanos
com repertório único para o bom desenvolvimento da dignidade humana e exemplos
a serem seguidos por seus feitos sociais.

Os exemplos de princípios, valores e virtudes citados e demonstrados por meio


das figuras icônicas mundiais talvez não sejam observados em pessoas que nunca
se importaram ou buscaram esse ponto de partida. Contudo, essas pessoas ainda
conseguem prosperidade, sucesso, fama, cargos importantes e até papéis influencia-
dores na sociedade local e mundial.

Apesar dessa constatação de sucesso, através do dinheiro e status, é necessária


a consciência de que a riqueza material não é a única virtude de medida do sucesso.
Há inúmeros casos de pessoas que construíram impérios econômicos, mas de nada
valeram quando partiram, pois o seu legado foi esquecido rapidamente ou então
apenas lembrado por familiares e outros sucessores que lutam judicialmente por
parte desses bens materiais. Já as pessoas que contribuíram de maneira mais incisiva
produzindo o pensamento virtuoso que moldaram culturas para a ascensão humana
são seguidas e constantemente lembradas por todos, como os exemplos já citados
destas virtudes são Madre Teresa de Calcutá, Santa Irmã Dulce e Mahatma Gandhi.

No mundo dos negócios, essa situação é comum, os profissionais atuantes su-


portam convivências negativas de outros companheiros de trabalho que, em mui-
tos casos, não poupam esforços para que se sobressaiam, criando a disputa desleal
como algo natural nos negócios. Esse meio de sobrevivência não desenvolve a
ressonância que as empresas corporativas necessitam: a convivência e trabalho
em equipe.
Através dessa constatação, a virtude fica ofuscada pela concorrência desleal,
e a falta de companheirismo entre os colaboradores compõe as dificuldades en-
contradas diariamente para o crescimento da empresa. Mesmo que a empresa
esteja em crise, o indivíduo que ocupou o poder através de meios obscuros não o
renuncia com facilidade para um bem maior, retardando a renovação de cargos e
possivelmente a recuperação desta.

Os valores e virtudes não são comprados como objetos e utensílios, mas sim ad-
quiridos em princípios universais como a ética, lealdade, fraternidade, entre outros.
Contudo, alguns conceitos como a liberdade, felicidade ou riqueza também depen-
dem do indivíduo, pois as recordações, sentimentos e vivências podem pluralizar os
significados destes sentimentos, não conseguindo caracterizá-los de forma universal.

A relevância para o desenvolvimento mais humano é o pensamento desses con-


ceitos de valores e virtudes aplicados com sucesso no cotidiano, fazendo com que a
contribuição pessoal e profissional ande em concordância com o senso de justiça.
Esse desenvolvimento do senso justo é difícil e até negligenciada, pois a própria jus-
tiça em lei tem suas limitações para aplicá-la.

11
11
UNIDADE Valores Éticos

A relevância para o indivíduo é seguir esses conceitos e colaborar dentro do uni-


verso pessoal e profissional o aprimoramento das relações sociais e ser norteado pelo
senso de justiça virtuoso. Assim a defesa dos princípios, valores e virtudes necessaria-
mente devem estar presentes sem que o indivíduo se policie para aplicá-la, ela deve ser
natural. Dessa forma, a paz de espírito, valores familiares e sociais fluem juntamente
com o desenvolvimento do indivíduo com a base nos princípios, valores e virtudes.

Virtudes Profissionais
A envergadura de qualquer cargo na profissão parte do pressuposto de algumas
virtudes comuns para que as atividades desenvolvidas pelo colaborador sejam feitas
de forma eficaz. Algumas dessas virtudes podem ser destacadas, como zelo, hones-
tidade, sigilo e competência.

Zelo
O zelo parte do pressuposto de que o indivíduo cuide de algo ou alguém. Zelar de
suas tarefas no trabalho é a realização delas de forma eficaz e próxima à perfeição.
O indivíduo que é reconhecido como zeloso constrói positivamente sua imagem pe-
rante aos outros, sendo suas realizações reconhecidas e admiradas por todos.
O princípio do zelo vem da responsabilidade unicamente do indivíduo, sendo ali-
mentada pela relação profissional e suas atividades desenvolvidas. A agregação de
qualidade ao executar o que lhe é proposto parte da vontade e determinação única,
sendo os frutos de um bom trabalho observados por todos à sua volta e, mesmo em
sua ausência, o reconhecimento é feito por outras pessoas.
A inclusão da virtude do zelo compõe o bom profissional que realiza sua função
desde o início até o fim com a mesma qualidade. Em alguns casos, mesmo com o
trabalho impecável, é necessária a manutenção diária, semanal, mensal ou anual, o
trabalho em si necessita sempre de renovação para mantê-lo por mais tempo funcio-
nando. As obrigações transferidas por um superior também representa a confiança
que este deposita no profissional para que o trabalho seja feito com eficiência.
No mundo empresarial, a satisfação depende, muitas vezes, do empenho rea-
lizado na atividade, razão que, para se proteger o contratante, faz-se um contrato
entre as partes interessas detalhando aos mínimos detalhes toda a atividade a ser
realizada, incluindo também os devidos honorários e até mesmo data prevista para a
entrega e, caso esta não seja realizada seguindo os detalhes propostos, pode haver
multas e processos judiciais.
Não são todas as atividades profissionais que fazem contratos minuciosos, o tra-
balho varia muito do seu tipo e o grau de complexidade. A obrigação primordial do
empregado é o cuidado com o serviço prestado. A realização dos afazeres com o
máximo de interesse resulta em um bom serviço no cronograma correto, isso sim
caracteriza o zelo profissional. Já o descaso, a preguiça, a falta de higiene, o des-
cumprimento dos prazos, entre outros, traduz a incompetência profissional para
determinada tarefa, sendo esta a descrição da falta de zelo profissional.

12
Honestidade
A honestidade é um conceito amplo e necessário em todo indivíduo, a confiança
requer troca mútua de fidelidade, lealdade e sinceridade. As maneiras de conseguir
o reconhecimento pela honestidade partem do respeito de terceiros pelos feitos do
outro, sendo esse reconhecimento revelado pela integridade do próprio indivíduo.
Esse elemento é essencial na virtude do profissional.

A honestidade é construída nos atos do cotidiano, partindo de pressupostos como


o respeito de espaço e o que pertence ao outro. A probidade é essencial para o con-
vívio no ambiente de trabalho, caso ocorra traição, roubo ou até mesmo descaso e
com o que lhe foi confiado, o contribuinte pode sofrer penalidades por essa falta de
honestidade. O princípio da honestidade não adapta ao acaso ou mesmo à relativi-
dade de função, a pessoa denominada honesta é por completo e não apenas parte
honesta e a outra desonesta. A honestidade não é adaptada ou até mesmo próxima,
assim o profissional comprometido com o desenvolvimento e a ética não pode ser
corrompido pelos meios internos e externos, devem-se manter os pensamentos sem-
pre para o cumprimento de suas funções e de maneira justa, mesmo que conviva
com pessoas desonestas que o tentem corromper.

A honestidade deve ser levada como um princípio de vida, essa virtude é de extre-
ma importância, pois, além de depender exclusivamente do indivíduo, pode moldar
outras pessoas para que sigam o exemplo. No ambiente de trabalho, devido à falta
dela, é um diferencial para o colaborador, sendo dever deste ser honesto integralmente.

Por outro lado, a desonestidade corrompe a confiança depositada no indivíduo,


as atividades errôneas, maliciosas e de cunho duvidoso geram traição e deslealdade,
sendo sua tendência a piorar com o decorrer do convívio social dentro e fora da em-
presa. Alguns são os fatores que mais desencadeiam a desonestidade, como a vanta-
gem, obsessão por mais lucro, privilégios que não lhe são cabíveis por lei, benefícios
terceiros, desvio de verbas públicas, disputa pela chefia, entre outros.

Sigilo
O sigilo profissional parte do pressuposto de proteger informações. Essa relação
de privacidade e publicidade a respeito dos negócios e segredos da instituição é
protegida legalmente por lei. A ética liga-se ao sigilo por meio da confiança com o
pressuposto do silêncio para não vazar informações, os dados sigilosos referentes às
informações de trabalho são dever do colaborador, mesmo ele não tendo assinado
termos que o obriguem a isso.
A obrigação do sigilo na empresa pode passar despercebida por ser óbvia, contu-
do, caso não seja respeitada ou mesmo haja pequenas perdas de informações, pode
enfraquecer a relação de trabalho. Alguns fatos que ocorrem no meio de trabalho
não podem ser revelados a terceiros, como documentações da empresa, laudo médi-
co, entre outros. As documentações de contratações, informações pessoais, ocorrên-
cias no trabalho, dados científicos, entre outros, podem ocasionar em prejuízo para
a empresa, clientes e os profissionais que nela trabalham.

13
13
UNIDADE Valores Éticos

Através do sigilo, a moral se sobrepõe ao fato fiscal e judiciário, sendo os com-


promissos e acontecimentos da empresa guardados por honra. Caso o colabora-
dor não tenha sigilo sob os acontecimentos profissionais, ele se arrisca a perder
sua posição e a convivência social da empresa pode ficar restrita. A traição por
quebra de sigilo prejudica a confiança no ambiente de trabalho, ocasionando até
desqualificação de sua atividade profissional, por mais simples que a informação
vazada seja.

Competência
A competência de um funcionário é associada à capacidade de executar alguma
determinada atividade que lhe for atribuída devido a seu conhecimento e experi-
ência em compreender e resolver o assunto ou tarefa. Nesse meio, a aplicação do
conhecimento adquirido para realizar as tarefas (mesmo cotidianas) exige o prepa-
ro do profissional.

O conhecimento e uso deste através das técnicas norteia a competência eficiente


do colaborador, essa condição é essencial para a prestação de um serviço de quali-
dade. Seguindo a ética, o funcionário necessita compreender suas capacidades, pois
ter a consciência do que é necessário fazer para contribuir para a empresa de acordo
com suas capacidades é sinal de eficiência e competência, já que evita o prejuízo por
danos ou contratação de terceiros sem a capacidade.

Outra ocorrência é a falta de habilidade e competência de prestar o serviço que


foi designado ao colaborador, a maior falha é praticar algo conscientemente que não
é capaz, e mesmo assim se dispor à tarefa com o risco de trazer prejuízo.

Erros técnicos grosseiros são problemas de aprendizado e geram desconfian-


ça e falta de credibilidade por terceiros. A confiança profissional e indicações
ocorrem por meio da eficiência do serviço e, caso o profissional seja limitado
a uma determinada atividade, é preciso que reconheça e tome providências
para que outra pessoa capacitada o realize. A modernização de tecnologias que
necessitam eventualmente de cursos para dominá-las multiplica-se em todos os
setores, o que força o colaborador a estar em constante renovação, pois o mer-
cado não é estabilizado e sempre busca novas formas de melhorar o que está
em vigor no momento.

A competência é fundamentada através da ética em executar a tarefa que foi


proposta com a maior eficiência possível, o prestador de serviço deve propor qua-
lidade do serviço e resultados garantidos pela sua escolha, sendo também de sua
responsabilidade evitar o desperdício. As dificuldades do trabalho não devem ser
encaradas como prejudiciais, mas sim como oportunidades de renovar e resolver os
problemas, adversidades que eventualmente ocorrem, e é seu dever buscar meios
para que consiga resolvê-las, como dialogar com os funcionários mais experientes
sobre o problema ou fazer cursos novos de adaptação.

14
Virtudes do Profissional
Perante a Ética e a Moral
As virtudes de um profissional exemplar são compostas por suas qualificações e
experiência de modo geral, cada indivíduo tem a sua particularidade, assim é necessá-
rio desenvolver o melhor ambiente e meio para que se consiga o melhor de cada um.

O mercado é bastante concorrência e as exigências estão crescendo a cada dia,


por isso o profissional necessita estar em constante renovação através das especiali-
zações e diferenciais que possam somar pontos para sua contratação ou permanência
no emprego. Além disso, o indivíduo necessita desenvolver algumas competências
básicas de acordo com sua função, pois é necessário o mínimo geral de aprendizado
e também sempre observando a honestidade, ética e moral do colaborador.

A sociedade moderna exige cada vez mais a ética e moralidade para o convívio
social adequado. Desde o nascimento, o convívio social é desenvolvido com o intuito
de desenvolver cidadãos, incluindo o respeito ao próximo e respeito às leis estabele-
cidas para a vida em comunidade. Esses valores são importantes no cotidiano e são
ainda mais cobrados no meio profissional, já que através deles pode-se desenvolver
ainda mais o indivíduo, colaborando para o desenvolvimento do local de trabalho.

O bom profissional, que preza pela qualidade de seu serviço, desenvolve a relação
de respeito e confiança com seus clientes, e essa colaboração mútua é mais acentu-
ada quando o profissional é liberal, já que, além de prestador de serviço, ele mesmo
é seu chefe e supervisor, assim o contato direto com o cliente acontece sempre que
ele consegue um serviço.

Essas interligações entre prestador de serviço e cliente também são feitas e


consolidadas pela virtude e ética, destacando-se novamente zelo, honestidade,
sigilo e competência.

As qualidades do zelo, nesses casos, provêm do desempenho do profissional com


o seu serviço. Nesses casos, pode-se até constatar o amor pela profissão e a respon-
sabilidade por todo o desenvolvimento do trabalho. Em ressonância com a qualidade
do trabalho, a honestidade torna-se essencial para a construção da confiança de
ambas as partes, logo, perante a sociedade, tanto prestador de serviço como cliente,
estão em harmonia e bem reconhecidos. Contudo, na falta dessas características, a
carreira profissional torna-se sinônimo de algo ruim, negativo, o que destrói a con-
fiança e inibe novos clientes.

O sigilo também faz parte desse leque de qualidades essenciais para o desen-
volvimento autônomo, e o respeito do profissional com o seu cliente é alcançado
ao manter segredos ou acontecimentos que dizem respeito apenas ao contratado e
contratante. O profissional que possui a virtude do sigilo reconhece e respeita seu
cliente, tornando assim a permanência do trabalho prolongada.

15
15
UNIDADE Valores Éticos

Outra virtude essencial já mencionada é a competência, com suas garantias do ser-


viço eficaz e de qualidade. O profissional competente é exemplo para a sociedade e
sinônimo de satisfação de seus clientes, e é possível alcançar essa excelência unindo
conhecimento e experiência, já que o potencial do empregado é testado cotidianamente.
Essas virtudes básicas que foram citadas estão presentes na sociedade como um
todo e, logicamente, são observadas no cotidiano dos serviços realizados por seus
prestadores. Nas universidades, os discentes seguem grades curriculares que inces-
santemente propõem a incorporação da ética profissional juntamente à moral, mes-
mo sendo de prática do cidadão virtuoso praticá-las. Cada curso desenvolve ainda
mais esses preceitos por meio de ética e moral da profissão e seus códigos de postu-
ras para orientar com mais exatidão os novos formandos.
Essas virtudes são essenciais para a qualificação profissional do indivíduo e seu
reconhecimento perante a sociedade, bem como a ética e moral são necessárias,
mesmo para os profissionais mais competentes e responsáveis, pois abrem novas
oportunidades de conhecer novos clientes.

Virtudes Profissionais
O profissional virtuoso eleva suas qualidades pessoais e enriquece sua função
através do bom desempenho. Essas qualidades são adquiridas por meio do estudo,
experiência, esforço e boa vontade de aprender algo novo, o mérito profissional é
conquistado no decorrer da atividade profissional, e muitas são as vezes em que o
profissional consegue incorporar a sua personalidade no trabalho.
A responsabilidade é uma virtude essencial para a aquisição de outras virtudes
como a lealdade, iniciativa, trabalho em grupo, entre outros. O profissional que bus-
ca iniciativa e assume funções está ligado aos resultados da equipe e luta para mantê-
-la unida e prosperando, mesmo fora do ambiente de trabalho. Esse poder adquirido
pelo mérito compõe a experiência pessoal mais forte, pois até mesmo a gestão de
pessoas é baseada no exemplo que elas absorvem de seu líder.
Dessa forma, o fortalecimento da autoestima é feita naturalmente, pois, por meio
da responsabilidade, o sentimento forte de iniciativa e responsabilidade acontece nor-
malmente dando força para que descubram que o sentido da vida está próximo, e as
metas e acertos começam a acontecer de maneira consciente e com mais frequência.
Já as pessoas que não conseguem desenvolver responsabilidade encontram bar-
reiras para se realizarem profissionalmente, o que pode até mesmo prejudicar sua
vida pessoal. O comportamento passa a ser de rivalidade ou até mesmo de sentimen-
tos de raiva, pois as conquistas, recompensas e benefícios são de outras pessoas,
como chefes, sendo que a proposta em equipe fica ofuscada por apenas um indiví-
duo a se destacar e ter todos os feitos reconhecidos.
As virtudes profissionais podem ser entendidas por lealdade, honestidade, sigilo,
competência, prudência, prudência, coragem, perseverança, compreensão, humil-
dade e imparcialidade.

16
A lealdade é um elemento que compõe a segurança de emprego, o funcionário
leal e comprometido com a empresa sente-se parte dela e alegra-se quando seu
departamento é bem-sucedido, além de defendê-lo perante ataques maldosos de ou-
tros. As medidas concretas são tomadas a fim de defender a sua empresa, sentindo
orgulho quando é elogiado.

As falas naturais de onde trabalha, quando são positivas, mostram que a defesa
da empresa não é feita de maneira robótica ou por interesses secundários, mas sim
como algo que a pessoa vive. A lealdade é diferente de obediência obrigatória – a le-
aldade provém do sentimento de pertencimento e favorece até mesmo a aceitação de
críticas construtivas voltadas para a melhora do profissional e ambiente de trabalho.

Por meio da lealdade, as críticas construtivas são aceitas no âmbito de melhorar


a organização, e as convicções com o seu trabalho moldam o comportamento para
promover e legitimar os atos feitos para a melhora da instituição, o que inibe o fun-
cionário a fazer algo que possa prejudicar o nome da empresa ou de sua equipe.

Um exemplo notório pode ser observado no Reino Unido, a ideia denominada


“Oposição Leal à Sua Majestade”, que se entende pela possibilidade de ser leal à
Sua Majestade e ainda fazer parte da oposição. Ao transpor essa ideia para o Brasil,
é possível ser leal a uma organização ou grupo mesmo que se discorde de alguma
coisa ou método e, contudo, se for necessário para alcançar objetivo, é válido.

O sentimento de denúncia de algo errado não é proibido, mas deve se diferenciar


a divergência de ideia para melhorar algo, a virtude de responsabilidade e lealdade
deve estar em completa ressonância por meio da iniciativa e luta por seus interesses
próprios que elevaram a instituição na qual trabalha.

A segurança do emprego por meio da lealdade e iniciativa não parte do pressu-


posto de iniciar diversos projetos e sobrecarregar a equipe, mas sim de assumir a
responsabilidade pela implementação e complementação do que é proposto e reali-
zado com honestidade.

A honestidade parte do pressuposto de que a confiança é depositada e reconhe-


cida por ambas as partes, assim a responsabilidade perante o que lhe foi confiado
é essencial.

O sistema capitalista que visa ao lucro acima de tudo consegue facilmente cor-
romper a honestidade do cidadão, pois a fascinação pelo prestígio, lucro, cargos
altos, privilégio, benefício e enriquecimento rápido são bem atraentes na socieda-
de contemporânea.

Por meio dessas facilidades é que a desonestidade pode produzir resultados pre-
judiciais, pois a ganância pelo capital faz com que as pessoas não meçam esforços
para realizarem negócios ilegais, desviar dinheiro público, ou até mesmo prejudicar
outros por meio da enganação para seu bem pessoal. Essas pessoas, após serem
descobertas, perdem toda sua credibilidade e ainda podem sofrer processos, tendo
que devolver o que corrompeu ou até mesmo ser presas. Elas, que preferem se ar-
riscar pela ganância de conseguir mais e mais dinheiro, optam por fontes erradas,

17
17
UNIDADE Valores Éticos

tendem a buscar o caminho mais curto e ilegal, mas sem garantias de que vão con-
seguir esse sucesso ilusório.

Há inúmeros meios de ser desonestos, por exemplo, médicos podem induzir os


pacientes a comprarem determinado remédio por terem participação nos lucros,
mesmo não sejam os ideais para o tratamento. Há casos de contabilistas que, pen-
sando em sua promoção pessoal com aumento dos honorários, retêm informações
e impõem duras cobranças a um comerciante.

Por outro lado, a honestidade produz frutos mais consistentes no campo profissio-
nal, pois seu princípio não admite meio termo, é algo que precisa ser totalmente livre
de relatividade, interpretações indulgentes ou descumprimento da lei.

O sigilo dentro da empresa pressupõe respeito aos segredos pessoais e profissio-


nais no mundo dos negócios, o que não significa que esteja sendo desonesto, mas
sim que esteja evitando a exposição a terceiros sobre o que acontece no trabalho.
A informação sigilosa é passada para que fique preservada e somente seja utilizada
quando realmente for preciso e por profissionais, não é permitido revelar detalhes
ou composições químicas de determinados produtos, por exemplo, pois essas infor-
mações são essenciais para o bom desenvolvimento da empresa e não serão conve-
nientes se divididas com terceiros, principalmente se forem concorrentes.

Caso o funcionário revele os projetos e planos da empresa, outras podem copiar


e colocar no mercado antes de quem realmente as criou. Os registros e documentos
também partem do mesmo pressuposto, visto que não devem ser revelados registros
contábeis, planos de marketing, pesquisas científicas, hábitos, horários, entre outros,
ou seja, tudo o que acontece no ambiente de trabalho deve ser mantido em sigilo
para que não ocorram problemas para a empresa, colaboradores e clientes.

A competência é a funcionalidade do ponto de vista profissional, exercício e apri-


moramento do conhecimento relacionados à persistência e experiência na profissão,
pois, quando se desempenha uma determinada função, é necessário desempenhar
bem – como dizia Aristóteles: “A função de um citarista é tocar cítara, e a de um bom
citarista é tocá-la bem”.

A busca pela competência profissional deve partir do indivíduo que pretende me-
lhorar sua habilidade independente de sua área de atuação. Um profissional dos re-
cursos humanos deve buscar os incentivos a aprimorar e desenvolver suas competên-
cias e maestria através do desenvolvimento pessoal. A ciência, tecnologia, técnicas e
a experiência são essenciais para desenvolver uma função com qualidade. Contudo,
é necessário compreender que é impossível acumular todo o conhecimento de todas
as áreas, assim torna-se necessária a postura e ética de recusar algum determinado
serviço ou até mesmo pedir auxílio a terceiros.

Muitos são os casos de negligência médica, pacientes ficam com sequelas muitas
vezes irreversíveis por causa dessa incompetência, outro exemplo são as ações per-
didas ou acordadas sem o interesse completo do prejudicado pela incompetência de
advogados, e há, ainda, os prédios e monumentos que desabam por causa de erros
de cálculo do engenheiro, uso de material inadequado, entre outros. Esses exemplos

18
demonstram como é importante investir na competência, já que sua deficiência pode
prejudicar terceiros fatalmente.

A prudência parte do pressuposto da segurança acima de tudo, o profissional ne-


cessita analisar todas as situações complexas de perigo e dificuldades ocorrentes no
cotidiano. A prudência é essencial para que se resolvam situações problemáticas de
forma correta e efetiva, o desenvolvimento da segurança, nesses casos, é indubitável
para evitar os perigos de funcionários apressados que tendem a forçar discussões
sem fundamentos para justificar o perigo que correm ou até mesmo a falha na segu-
rança deles ou mesmo de seus companheiros de trabalho.

A iniciativa do profissional parte da coragem de se expor e do enfrentamento


dos anseios e perigos que esse ímpeto pode causar. Segundo Aristóteles “o homem
que evita e teme a tudo, não enfrenta coisa alguma, torna-se um covarde”, assim
os covardes são ofuscados facilmente e esquecidos, dando lugar aos que arriscam e
batalham fortemente para o desenvolvimento de seu ambiente.

O desenvolvimento da coragem auxilia no enfrentamento dos problemas e críticas


maldosas injustificáveis, a defesa com dignidade ao saber que não fez o errado ou
duvidoso é arma para o enfrentamento de inverdades, principalmente quando estas
o tentam desmoralizar ou prejudicar de alguma forma mais acentuada, como a perda
de um cargo ou acusações judiciais. A coragem de tomar as decisões importantes
que possam mudar drasticamente a vida de outros colaboradores é uma virtude
interligada à eficiência do trabalho, pois as atitudes, exemplos e feitos, mesmo que
desagradando chefe e colegas, devem ser realizados para um bem maior.

A perseverança é uma qualidade e, assim como a coragem, é difícil de ser ob-


tida, contudo, é de extrema necessidade para o trabalho, já que a desistência por
incompreensões, falhas, fracassos ou qualquer outro motivo derrota o trabalhador
deixando-o apático. É necessária a dedicação e coragem para superar as dificulda-
des e prosseguir profissionalmente com o trabalho, sem levar em considerações as
mágoas por falhas passadas. A perseverança é uma qualidade que se encontra nos
melhores profissionais, já que, por meio dela, os problemas enfrentados são supera-
dos com sucesso.

A compreensão também é uma qualidade profissional ímpar, aceitação dos fatos


que não ocorreram como planejado, é sinal de virtude. O diálogo e a aproximação
com o outro são muito importantes na relação profissional, pois se podem buscar as
melhores alternativas para resolver determinado problema com esse contato.

Muitos confundem a compreensão com fraqueza ou até mesmo com misericór-


dia, entretanto, o profissional não deve julgar e dar uma sentença pesada sem antes
averiguar as diversas opiniões sobre o ocorrido e avaliar as atitudes tomadas como
válidas ou não para a eficiência do trabalho. Nota-se que a compreensão deve ser
praticada sem que seja confundida com clemência, a qual se traduz principalmente
no resgate do ser humano que cometeu algum erro e se sente arrependido – a ativi-
dade profissional deve ser dosada com sabedoria, inclusive, para que não se come-
tam mais erros devido à falta de prudência, por exemplo.

19
19
UNIDADE Valores Éticos

A humildade sempre norteará a virtude do profissional, o ato de admitir que não


sabe todas as respostas ou assumir o erro parte do bom senso do trabalhador, prin-
cipalmente se este é responsável por chefiar outras pessoas. A autoanálise que o
profissional deve praticar de sua função e como ele a realiza é fundamental para que
a compreensão de suas capacitações e limitações, assim ele poderá buscar em outros
profissionais a colaboração capaz para desenvolver a função com maior eficiência.

A humildade necessita da interpretação do fato para que não seja confundida com
preguiça, subserviência ou dependência de terceiros, pois esta pode ser considerada
de maneira errônea como depreciativa do colaborador que não consegue desenvol-
ver muitos papéis em um local. Um exemplo frequente da depreciação da palavra
humildade é que ela é associada a pessoas fracas, simples, carentes. Esse conceito
errôneo deve ser superado na empresa, já que o autoconhecimento da limitação,
ou até mesmo falta de conhecimento e experiência, é ato de coragem e busca pela
melhoria pessoal.

A imparcialidade tem suas características juntamente ao dever do funcionário, a


quebra de preconceitos e senso de justiça perante os fatos partem do pressuposto
da defesa dos valores sociais e éticos, buscando avaliar as partes e julgar sem o en-
volvimento por afinidade ou a busca de vantagens. A justiça anda ao lado da impar-
cialidade, assim quanto menos houver envolvimento pessoal para se julgar algo, no
sentido de parcialidade, mais coerente será o veredito.

Por fim, o otimismo é encarado na sociedade moderna como obrigação, o profis-


sional otimista acredita em seu trabalho, na sua capacidade de realizar funções, na
gestão de pessoas e em seu grupo para desenvolver produtos e serviços de qualida-
de. O enfrentamento dos perigos e desafios deve ser encarado com energia, pensa-
mento positivo e bom-humor para que cheguem até os clientes os bons sentimentos,
bem como o profissional deve trabalhar sempre com a ideia de que o seu serviço fará
diferença para outra pessoa e, assim sendo, colabora para um futuro melhor.

Formação Profissional do Enfermeiro


e Desafios Éticos da Profissão
A enfermagem é baseada na prática moral e virtudes voltadas para nortear as
melhores decisões e opções éticas envolvendo o respeito mútuo aos funcionários e
pacientes ao garantir seu direito à vida. As ações do profissional em enfermagem po-
dem resultar em impactos marcantes na vida do paciente, pois um bom tratamento
pode proporcionar a melhora daquele que precisa de ajuda, enquanto a omissão das
práticas pode resultar na piora do estado do paciente.

Diversos são os fatores que definem as escolhas que o profissional deve tomar.
Os sentimentos e conflitos internos de medo ou até mesmo incapacidade perante os
problemas podem dificultar as escolhas, já que a motivação moral e a consciência
focada no que acredita ser o certo guiam as ações do profissional.

20
Essas dificuldades iniciam-se na própria formação do profissional, os ensinamen-
tos e práticas constroem suas competências como futuro enfermeiro, e a sua valori-
zação auxilia no desenvolvimento de suas funções com qualidade. As vivências em-
píricas, por meio do exercício prático de situações reais, forjam o desenvolvimento
de diversas capacidades e competências. A atuação clínica, por exemplo, contribui
na construção de suas habilidades – esse treinamento com vivência da realidade da
profissão é imprescindível para o desenvolvimento do profissional atribuindo-lhe éti-
ca moral e sensibilidade para utilizar suas competências para o bem maior.
As competências e sensibilidade moral devem ser constantemente melhoradas,
situações cotidianas de trabalho na enfermagem desenvolvem essas competências
por expor a realidade da profissão ao enfermeiro. A organização do ambiente de tra-
balho e as obrigações morais são constatadas de maneira impar pelos enfermeiros,
caso não haja boa organização no ambiente, a influência negativa ao trabalho pode
ser constatada. Assim, a prática profissional deve iniciar-se com a própria organiza-
ção do ambiente de trabalho da enfermagem, pois, se houver influências negativas
desse espaço, o serviço prestado pode não ser o mais eficiente.
As necessidades organizacionais propostas e reconhecidas pelos enfermeiros ten-
dem a produzir questionamentos e problematizações no cotidiano, esses questiona-
mentos devem ser realizados mesmo que se sintam desconfortáveis a fazê-los a um
superior ou à própria administração. A negação dos problemas constatados prejudi-
ca a ética profissional, o que contribui para a falta de profissionalismo e efetividade
do enfermeiro. O compromisso moral deve ser assumido para atender às necessida-
des dos pacientes, esse ato moral da tomada de decisões que melhorem o exercício
da profissão é dever do enfermeiro.
Por meio da moral, os enfermeiros ocupam posição única nas relações em saúde,
pois eles conseguem o contato mais próximo aos pacientes esclarecendo dúvidas, tipos
de tratamento, cuidados e a própria manutenção dos produtos e aparelhos utilizados –
a autonomia exercida e bem-sucedida compõe a confiança do paciente no profissional.
A formação profissional do enfermeiro é desafiadora, manter a ética e sensibili-
dade moral faz com que o profissional repense suas funções e encontre formas de
manter a melhor prática possível no auxílio à saúde. É indispensável conhecimento,
experiência e atuação no presente para planejar o futuro a fim de desenvolver o po-
tencial e aprimorar suas habilidades. O papel principal da enfermagem é relacionado
ao paciente, ao profissional, por atuar na vanguarda de tratamentos e manutenção
destes, participa do contato direto com os pacientes, necessitando, assim, de
perícia e destreza no trabalho com atenção às particularidades de cada paciente.

O Mercado de Trabalho
O mercado de trabalho na saúde está em crescimento no Brasil, os números de
vagas para técnicos em enfermagem, enfermeiros, médicos, fisioterapeutas, terapeu-
tas ocupacionais e outras prestações de serviços na área da saúde são promissores e
dificilmente enfrentam grandes crises como em outros setores.

21
21
UNIDADE Valores Éticos

A dedicação pelo estudo é recompensada não apenas por conquistar um di-


ploma de ensino superior, mas sim pela qualificação profissional de qualidade que
auxilia na preservação da vida, as diversas instituições de saúde prezam, além da
formação, por saber conviver e tratar dignamente os pacientes, acompanhantes e
colegas de profissão.

Os hospitais no Brasil estão em constante crescimento, não há muitas crises que


os fechem, boas médias salariais e status na sociedade também são atrativos para
os profissionais da saúde, assim, as qualidades que são esperadas deles podem ser
descritas por proatividade, paciência, empatia, flexibilidade, resiliência, gostar de
pessoas, ter aptidão para lidar com elas e equilíbrio emocional.

A proatividade caracteriza o profissional por prever algum problema e propor a


solução por estar apto e disposto a fazer o que lhe é pedido e serviços adicionais,
contudo, não quer dizer que esse funcionário trabalhe por outros, mas sim que é
muito prestativo e está pronto para resolver pequenos imprevistos que acontecem
eventualmente no dia a dia. Assim, o enfermeiro proativo é capaz de desenvolver
a habilidade de antever algo e propor soluções para esses imprevistos com rapidez
e eficiência.

A paciência é fundamental para resolver os assuntos burocráticos dentro de o


ambiente hospitalar – entender a equipe e pacientes com ideias contrárias contribui
para o bom relacionamento, procedimento este que deve ser guiado e cotidiana-
mente observado, já que o funcionário nervoso ou afoito não consegue realizar suas
atividades com maestria. Portanto, a paciência no ambiente de trabalho, mesmo
que a atividade seja cansativa e estressante, é essencial para o bom desempenho da
função, já que, ao final do dia, é possível desfrutar da sensação de ter ajudado um
paciente em melhorar sua saúde.

A paciência também está envolvida com gostar de pessoas. O enfermeiro, além


de conviver com colegas de profissão, diariamente conversa com os pacientes e seus
acompanhantes. Dessa forma, é necessário o gosto pela comunicação e atendi-
mento, já que isso compõe o seu trabalho. A boa convivência é fundamental para o
profissional da saúde, assim, até mesmo o desenvolvimento de habilidades para gerir
e compreender as pessoas torna-se indissociável da profissão.

A flexibilidade também norteia essa profissão, os horários não são padronizados


como um serviço público ou em fábricas, o tempo torna-se diferente por meio dos
plantões, trabalho no feriado ou até mesmo períodos noturnos que exigem muito do
profissional. Apesar dos rodízios que normalmente acontecem nos hospitais, o en-
fermeiro não tem regras sobre os horários, mas sim diversos tipos de turnos, e cabe
a ele essa adaptação.

A resiliência também é habilidade fundamental para o profissional da saúde,


propor, realizar e modificar seu método de trabalho devido à pressão, aos obstá-
culos e dificuldades novas que compõem o dia a dia do enfermeiro, principalmen-
te dentro de um hospital.

22
Por meio disso, o enfermeiro é capacitado a enfrentar as diversidades com
ideias e ações que consigam resolver os problemas, assim o bom preparo do pro-
fissional é o segredo para o desenvolvimento dessa capacidade.

Por fim, é de importância ímpar manter o emocional equilibrado no trabalho,


as situações graves e desfavoráveis que enfrentam todos os dias podem deixar o
emocional do enfermeiro abalado, impedindo que ele desenvolva sua função com
ética e eficiência. Exemplo disso pode ocorrer ao se deparar com um paciente em
estado terminal que, além de ser algo triste e doloroso, é algo que acontece na
vida de um enfermeiro com certa frequência. Desse modo, é necessário manter
os pensamentos e o emocional equilibrados para ser um excelente profissional.

23
23
UNIDADE Valores Éticos

Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
A Dimensão Ética do Agir e as Questões da Qualidade colocadas face aos Cuidados de Enfermagem
https://bit.ly/3ngeUB8
Ética Pública e Formação Humana
https://bit.ly/38tvbyG
Ética e Bioética: para dar Início à Reflexão
https://bit.ly/2Ivg0dw
Pichon-Rivière, a Dialética e os Grupos Operativos: Implicações para Pesquisa e Intervenção
https://bit.ly/2K2MKvr

24
Referências
BRASIL. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 311, de 08 de
fevereiro de 2007. Dispõe sobre o Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.
Disponível em: <http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3112007_4345.html>.

MARTINS-COSTA, J.; MOLLER, L. L.; ALVES, C. A. Bioética e responsabilida-


de. Rio de Janeiro: Forense, 2009. (e-book)

OGUISSO, T.; SCHIMIDT, M. J. O exercício da enfermagem: uma abordagem


ético-legal. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012.

OLIVEIRA, M.; AUGUSTIN, S. Direitos humanos: emancipação e rupturas. Ca-


xias do Sul -RS: Educs, 2013. (e-book)

PESSINI, L.; BARCHIFONTAINE, C. P. Problemas atuais de bioética. 10. ed. São


Paulo: Loyola, 2012.

PRATA, H. M. Cuidados paliativos e direitos do paciente terminal. Barueri, SP:


Manole, 2017. (e-book)

SANCHES, M. A. (org.) Bioética e planejamento familiar: expectativas e escolhas.


Petrópolis-RJ: Vozes, 2014. (e-book)

VEATCH, R. M. Bioética. 3. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.

ZOBOLI ELCP. Deliberação: leque de possibilidades para compreender os conflitos


de valores na prática clínica da atenção básica. [tese de livre docência]. São Paulo
(SP): Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, 2010. 348p.

25
25

Você também pode gostar