Você está na página 1de 40

MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA

SECRETARIA DE TRABALHO
SUBSECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO

GUIA DE ENCAMINHAMENTO DE ADOLESCENTES


EGRESSOS DO TRABALHO INFANTIL
PARA A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL

Novembro de 2022
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA

Ministro
José Carlos Oliveira

Secretário de Trabalho

Mauro Rodrigues de Souza

Subsecretário de Inspeção do Trabalho


Rômulo Machado e Silva

Coordenadora-Geral de Fiscalização do Trabalho


Alline Bessa de Meneses

Coordenador Nacional de Fiscalização do Trabalho Infantil


Roberto Padilha Guimarães

Pesquisa e redação
Christiane Azevedo Barros
Érika Medina Stancioli
José Tadeu de Medeiros Lima
Karina Andrade Ladeira
Lívia Macedo Limeira Lima
Luiza Carvalho Fachin
Paula Moreira Neves Pereira
Roberto Padilha Guimarães
Taís Arruti Lyrio Lisboa

Brasília, 2022
GUIA DE ENCAMINHAMENTO DE ADOLESCENTES
EGRESSOS DO TRABALHO INFANTIL
PARA A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL
Apresentação

O trabalho infantil1 é o trabalho realizado por crianças e adolescentes abaixo da idade mínima permitida pela
legislação do País. A idade mínima para o trabalho no Brasil é 16 anos, mas, a partir dos 14 anos, o
adolescente pode trabalhar na condição de aprendiz.

Também é considerado trabalho infantil aquele executado por pessoas com idade abaixo de 18 (dezoito) anos
em atividades insalubres, perigosas, noturnas, prejudiciais ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e
social, constantes da lista das Piores Formas de Trabalho Infantil – Lista TIP, ou em horários e locais que
não permitam a frequência à escola.

O trabalho precoce afeta diretamente a frequência à escola e a progressão nos estudos para a conclusão da
educação básica na idade adequada, bem como contribui para a evasão escolar, o que dificulta a formação
profissional e a obtenção de um trabalho decente na vida adulta, perpetuando o ciclo da pobreza. Além disso,
acarreta danos ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social de crianças e adolescentes, incluindo
agravos à saúde e acidentes do trabalho.

Dentro desse contexto, visando superar os padrões que atribuem à atividade de fiscalização funções tão
somente punitivas, a Auditoria Fiscal do Trabalho vem estabelecendo novas bases de atuação com o objetivo
de promover a garantia dos direitos fundamentais e a proteção integral da criança e do adolescente, bem
como a implementação de soluções amplas, permanentes e sustentáveis voltadas para a erradicação do
trabalho infantil no País.

Uma das ações mais importantes realizada pela Auditoria Fiscal do Trabalho para o alcance dos objetivos
acima referidos é a inclusão de adolescentes egressos do trabalho infantil na Aprendizagem Profissional2.

A Aprendizagem Profissional garante a adolescentes um emprego que lhes propicia formação técnico-
profissional metódica, ambiente de trabalho seguro e protegido, direitos trabalhistas e previdenciários e
atividades compatíveis com as suas necessidades, habilidades e interesses, bem como a permanência e a
frequência no ensino regular.

Além disso, a Aprendizagem Profissional viabiliza a transição dos adolescentes da escola para o mundo do
trabalho, por meio de qualificação profissional e experiência prática, contribuindo para o não retorno ao
trabalho proibido e proporcionando-lhes oportunidades e facilidades para conseguir um trabalho decente na
vida adulta.

1 Normativos fundamentais sobre trabalho infantil: art. 7º, inc. XXXIII, da Constituição Federal de 1988; Convenções nº 138 e 182
da Organização Internacional do Trabalho; arts. 402 a 410 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); arts. 60 a 69 do Estatuto da
Criança e do Adolescente; Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008 (Lista TIP); e Instrução Normativa do Ministério do Trabalho e
Previdência (MTP) nº 2, de 8 de novembro de 2021.
2 A aprendizagem profissional está prevista nos arts. 428 a 433 da CLT; nos arts. 43 a 75 do Decreto nº 9.579, de 22 de novembro de

2018, alterado pelo Decreto nº 11.061, de 4 de maio de 2022; na Portaria nº 671, de 8 de novembro de 2021; e na IN do MTP nº 2,
de 2021.
Sob tal perspectiva, o presente Guia tem por objetivo auxiliar os Auditores-Fiscais do Trabalho, com a
cooperação mútua entre as Coordenações Regionais das Atividades de Combate ao Trabalho Infantil e da
Aprendizagem Profissional e com o apoio das chefias de fiscalização e da Divisão de Fiscalização de
Combate ao Trabalho Infantil e Igualdade de Oportunidades (DTIOP), na construção e aperfeiçoamento de
um conjunto de ações para que adolescentes egressos do trabalho infantil identificados nas ações fiscais sejam
encaminhados para a Aprendizagem Profissional.
SUMÁRIO
Sumário
1. Introdução________________________________________________________9

2. Fluxo de Encaminhamento_____________________________________________10

3. Adolescente egressos do trabalho infantil 13


3.1. Dados do adolescente 13
3.2. Documentação do adolescente e do responsável legal 13

4. Órgãos e instituições parceiras 15


4.1. Entidades qualificadoras 16

5. Oficina de sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil e direitos e deveres


do aprendiz 17

6. Preparação para a aprendizagem profissional 18

7. Reserva de vagas 19
7.1. Serviços Nacionais de Aprendizagem e demais entidades qualificadoras 19

7.2. Empresas 29

7.3. Espaços de articulação, mobilização e controle social 20

8. Resumo da divisão de atribuições____________________________________21


8.1. Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil 21

8.2. Coordenação da Aprendizagem Profissional 22

8.3. Divisão de Fiscalização de Trabalho Infantil e Igualdade de Oportunidades 22

9. Considerações finais__________________________________________________24

Apêndices 25
Apêndice 1: Modelo de termo de compromisso para regularização da cota de aprendizagem 25

Apêndice 2: Oficina de sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil e direitos e deveres do


aprendiz 29

Apêndice 3: Preparação para a aprendizagem profissional 33

Apêndice 4: Planilha de adolescentes egressos do trabalho infantil 35

Apêndice 5: Folheto “Conheça a aprendizagem profissional” 36

Apêndice 6: Informações gerais para a retirada de documentos necessários para a inserção na


aprendizagem profissional 37
1. Introdução

O presente trabalho tem como objetivo apresentar às Coordenações Regionais das Atividades de Combate
ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional a sugestão de um conjunto de ações para que
adolescentes egressos do trabalho infantil identificados pela Auditoria Fiscal do Trabalho sejam
encaminhados para a Aprendizagem Profissional.

Trata-se de um processo complexo que demanda tempo e esforços para sua implementação, com a realização
de atividades além das regularmente executadas pelas Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da
Aprendizagem Profissional. Nesse sentido, torna-se essencial o apoio das Chefias de Fiscalização das
Superintendências Regionais do Trabalho para que o trabalho das Coordenações seja executado e os
resultados sejam alcançados.

O encaminhamento dos adolescentes egressos do trabalho infantil para a Aprendizagem Profissional


necessita da articulação e apoio mútuo entre as Coordenações Regionais das Atividades de Combate ao
Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional. A mobilização e a articulação com órgãos da rede de
proteção à infância e à adolescência e instituições parceiras também são importantes para a inserção de
adolescentes na Aprendizagem Profissional.

O Guia foi construído por um Grupo de Trabalho formado por Auditores-Fiscais do Trabalho das Atividades
de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional, sob a coordenação da Divisão de
Fiscalização de Combate ao Trabalho Infantil e Igualdade de Oportunidades (DTIOP). Pretende-se que essa
primeira versão seja atualizada e complementada a partir de novas sugestões e experiências.

O Guia está estruturado na divisão de atividades entre as Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e
da Aprendizagem Profissional, contando com fluxo e sugestões de ações. Em seus apêndices constam
modelos que podem auxiliar sua implementação.

A presente iniciativa busca fortalecer o trabalho das regionais que já realizam ações nesse sentido, com
sugestões para seu eventual aperfeiçoamento, bem como apresentar ideias para incentivar e apoiar o trabalho
de outras regionais que ainda não tenham conseguido realizar esse complexo processo.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 9


2. Fluxo de encaminhamento

A construção de um processo de inserção de adolescentes egressos do trabalho infantil na Aprendizagem


Profissional demanda uma atuação integrada e complementar entre as Coordenações Regionais da Atividade
de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional3.

Em síntese, a Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil tem como foco realizar o encaminhamento de
adolescentes egressos do trabalho infantil, enquanto a Coordenação da Aprendizagem Profissional fica
responsável por envidar esforços para obtenção de vagas de aprendizes para esse público.

Em todo o fluxo, o apoio de entidades qualificadoras e órgãos e instituições da rede de proteção à criança e
ao adolescente pode ser um diferencial na inserção dos adolescentes na Aprendizagem Profissional.

Será exposta abaixo uma sugestão de fluxo para a inserção de adolescentes egressos do trabalho infantil na
Aprendizagem Profissional. O fluxo é apresentado através de uma sequência de atos das Coordenações
Regionais de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional, não sendo, entretanto,
necessário segui-lo estritamente, tampouco na ordem apresentada.

a) As Coordenações da Atividade de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional


iniciam diálogo para que adolescentes egressos do trabalho infantil sejam inseridos em vagas de
aprendizagem.

b) A Coordenação da Aprendizagem Profissional envida esforços para obter vagas de aprendizagem para
adolescentes egressos do trabalho infantil nas empresas, por meio de: Termo de Compromisso, com
fundamento no art. 81 da IN nº 2, de 2021 (modelo no Apêndice 1); articulação com entidades qualificadoras;
sensibilização das empresas ou demanda espontânea das empresas.

Para as vagas destinadas ao perfil de adolescentes egressos do trabalho infantil em Termo de


Compromisso, sugere-se incluir no Termo que a indicação dos adolescentes seja realizada pela Auditoria
Fiscal do Trabalho.

Em todos os casos de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a


Aprendizagem Profissional, sugere-se que os adolescentes não sejam submetidos a processo seletivo
com outros candidatos que não estejam em situação de vulnerabilidade, e que sejam encaminhados
diretamente para contratação como aprendizes.

3Embora o Guia faça referência, na maioria das vezes, às Coordenações, as atribuições podem ser assumidas por Auditores-Fiscais
do Trabalho que não estejam na posição de coordenadores.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 10


c) A Coordenação da Aprendizagem Profissional fornece à Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil
informações acerca das vagas existentes (nome da empresa e/ou entidade qualificadora, número de vagas,
endereço de realização das atividades práticas e, se possível, horário e escolaridade mínima desejada) e
solicita uma relação com dados dos adolescentes egressos do trabalho infantil para encaminhar à empresa ou
entidade qualificadora.

d) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil organiza ações fiscais em focos expressivos de trabalho
infantil, de forma a preencher as vagas existentes. Orienta-se que seja sempre avaliada a importância da
participação da Secretaria Municipal de Assistência Social, Conselho Tutelar ou outros órgãos da rede de
proteção.

Durante a ação fiscal, sugere-se que seja entregue aos adolescentes identificados em situação de trabalho
infantil um folheto informativo acerca dos direitos e deveres dos aprendizes e dos documentos necessários
para serem incluídos na Aprendizagem Profissional (Apêndice 5). Deve ser enfatizado aos adolescentes
que o curso de aprendizagem é gratuito e que eles podem ser contatados, por telefone, para que informem
se têm interesse de serem encaminhados para a Aprendizagem Profissional.

e) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil inclui na Planilha de Adolescentes Egressos do


Trabalho Infantil4 (modelo no Apêndice 4), ou em outro meio de acompanhamento escolhido pela
Coordenação, os dados dos adolescentes identificados em situação de trabalho infantil pelos Auditores-
Fiscais do Trabalho, a partir de informações coletadas na Ficha de Verificação Física utilizada nas ações
fiscais5 (IN nº 2, de 2021, Anexo III).

f) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil, se for necessário, articula parcerias com a Secretaria
Municipal de Assistência Social e outros órgãos, a fim de obter os dados faltantes dos adolescentes
identificados em situação de trabalho infantil pela Auditoria Fiscal do Trabalho, bem como para que os
adolescentes sejam acompanhados na retirada e organização dos documentos necessários para a inserção na
Aprendizagem Profissional.

Sugere-se que as Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional, com


o apoio de órgãos e instituições parceiras, realizem, se possível, oficina de sensibilização com
adolescentes e responsáveis legais sobre malefícios do trabalho infantil e direitos e deveres do aprendiz
(modelo no Apêndice 2) antes do encaminhamento para a Aprendizagem Profissional. Nessa
oportunidade também podem ser dadas orientações sobre a retirada de documentos.

4 Os dados a serem inseridos na Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil compreendem: nome, data de nascimento,
CPF, nome do responsável legal, endereço, nome da escola, série/ano, turno, telefone, WhatsApp, município, estado, local de
trabalho, dentre outras. Caso o adolescente não disponha de alguma informação ou documento no local de trabalho, a ficha pode ser
complementada posteriormente. Quando não houver campo específico para a informação na Ficha de Verificação Física, como CPF
e WhatsApp, pode-se utilizar o campo “observações”.
5 Sugere-se que os dados dos adolescentes permaneçam na Planilha ou em outro meio de acompanhamento, para que, mesmo após

18 anos completos, busque-se a sua inserção na Aprendizagem Profissional.


Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 11
g) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil prepara uma relação com adolescentes egressos do
trabalho infantil com dados como nome, idade, telefone, bairro e turno em que estudam, conforme solicitado
na alínea “c”, para encaminhar à Coordenação da Aprendizagem Profissional. Esses dados podem ser
extraídos da Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil (modelo no Apêndice 4) ou de outro
meio de acompanhamento adotado pela Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil.

h) A Coordenação da Aprendizagem Profissional envia a relação dos adolescentes egressos do trabalho


infantil para a empresa ou a entidade qualificadora.

i) A empresa ou a entidade qualificadora entra em contato com os adolescentes convidando para a


entrevista6 ou a entrega de documentos. Caso não consiga contatar o adolescente, a empresa ou a entidade
qualificadora informa à Coordenação da Aprendizagem Profissional, que repassa o caso à Coordenação de
Combate ao Trabalho Infantil, para buscar um contato diretamente ou, por exemplo, com o apoio da
Secretaria de Assistência Social.

j) A empresa informa à Coordenação da Aprendizagem Profissional ou à Coordenação de Combate ao


Trabalho Infantil quais foram os adolescentes contratados e os não contratados como aprendizes, bem como,
se possível, o motivo da não contratação. Outra opção de acompanhamento das contratações é a consulta aos
sistemas eletrônicos da fiscalização7.

A definição acerca de como se dará o acompanhamento do retorno das contratações deve ocorrer entre
as Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional.

k) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil atualiza a Planilha de Adolescentes Egressos do


Trabalho Infantil referida na alínea “e” ou outro controle adotado pela Coordenação com a informação dos
adolescentes que foram contratados como aprendizes, bem como os não selecionados e, se possível, o motivo.

l) A Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil informa à Divisão de Fiscalização do Trabalho Infantil


e Igualdade de Oportunidades (DTIOP), quando for solicitada, os dados dos adolescentes egressos do
trabalho infantil que foram contratados como aprendizes, com o encaminhamento da Planilha (modelo no
Apêndice 4) ou de outro meio de acompanhamento.

6
Reitera-se a sugestão de que os adolescentes não sejam submetidos à seleção pela empresa ou entidade qualificadora, e que sejam
encaminhados diretamente para contratação como aprendizes, haja vista sua situação de vulnerabilidade.
7 O acompanhamento da contratação ou não dos adolescentes egressos do trabalho infantil pode ser feito por consulta ao SISFGTS,

utilizando o CNPJ da empresa ou da entidade qualificadora, a depender da modalidade direta ou indireta de contratação do aprendiz,
ou por consulta ao eSocial, utilizando o número do CPF do adolescente.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 12


3. Adolescente egresso do trabalho infantil

Os Auditores-Fiscais do Trabalho, nas ações fiscais de combate ao trabalho infantil, devem preencher a Ficha
de Verificação Física (IN nº 2, de 2021, Anexo III) com as informações especificadas no item “2.1. Dados
do Adolescente” a seguir, a fim de permitir o encaminhamento dos adolescentes egressos do trabalho infantil
para a rede de proteção à criança e ao adolescente e para a Aprendizagem Profissional.

A inserção na Aprendizagem Profissional demanda também que sejam providenciados os documentos


citados no item “2.2. Documentação do Adolescente e Responsável Legal”. É importante que a Coordenação
de Combate ao Trabalho Infantil busque alternativas junto a outros órgãos ou instituições, como a Secretaria
de Assistência Social, para, se necessário, apoiar o adolescente e seu responsável legal na retirada desses
documentos.

3.1. Dados do adolescente



a) Pessoais8: nome completo, CPF, data de nascimento, nome da mãe, número do telefone, número do
WhatsApp e endereço (com bairro e município);

b) Escolares: nome da escola, ano/série, ensino fundamental ou médio e turno;

c) Trabalho Infantil: local de trabalho, função/atividade laboral exercida, município, mês e ano de
identificação do trabalho infantil.

3.2. Documentação do adolescente e do responsável legal

Para ser contratado como aprendiz, geralmente o adolescente deve apresentar na empresa ou na
entidade qualificadora os documentos abaixo listados:

a) CPF do adolescente e do responsável legal;

b) Documento oficial de identificação, tal como Carteira de Identidade (RG) do adolescente e do


responsável legal;

c) Comprovante de residência;

d) Declaração de matrícula e frequência na escola ou de conclusão do ensino médio.

Orientações para a obtenção de cada um desses documentos podem ser consultadas no Apêndice 6
do presente Guia.

8O sistema INFOSEG, com concessão de acesso à Auditoria Fiscal do Trabalho, pode auxiliar na obtenção e confirmação dos dados
pessoais do adolescente e de seu responsável legal.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 13
Na maioria das vezes, a empresa realiza a abertura da conta salário após a contratação. No entanto,
quando a empresa não realizar a abertura de conta salário, pode ser necessário que o próprio
adolescente, acompanhado do seu responsável legal, realize a abertura da conta junto à instituição
bancária.

Se os pais ou o responsável legal do adolescente não forem alfabetizados, é necessária a procuração


pública do pai, mãe ou responsável legal para um terceiro acompanhar o adolescente na abertura da
conta bancária.

Quanto à CTPS, atualmente é emitida de forma prioritária no formato digital e excepcionalmente


no formato físico. Qualquer pessoa inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) pode obter a
CTPS Digital.

Importante destacar que, conforme o art. 3º, parágrafo único, da Portaria nº 1.065, de 23 de setembro
de 2019, a Carteira de Trabalho Digital terá como identificação única o número de inscrição do
trabalhador no CPF, não sendo mais utilizado o número do PIS. O Apêndice 6 traz mais informações
sobre a CTPS Digital.







































Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 14


4. Órgãos e instituições parceiras


É importante que as Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional
identifiquem no município e na Unidade da Federação quais seriam os órgãos e instituições parceiras para o
processo de encaminhamento dos adolescentes egressos do trabalho infantil para a Aprendizagem
Profissional.

Sugere-se que seja apresentado o processo de encaminhamento nos fóruns estaduais da aprendizagem
profissional e de erradicação do trabalho infantil, bem como nas comissões municipais intersetoriais de
erradicação do trabalho infantil. Igualmente importante que se estimule a participação dos órgãos e
instituições parceiras, e demais entidades interessadas, e que eles informem como podem contribuir para esse
encaminhamento, assim como indiquem um ponto focal para apoiar o processo e facilitar o intercâmbio de
informações.

Esses órgãos e entidades já têm competência e atribuições definidas no âmbito da rede de proteção. Além
dessas atribuições, e respeitando as limitações financeiras e de pessoal de cada um, segue uma relação
exemplificativa de atividades que a Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem
Profissional podem verificar a possibilidade de serem desempenhadas ou apoiadas por órgãos e instituições
parceiras:

Atividade Órgão ou Instituição Parceira


Realizar ações conjuntas, sob a organização do Secretaria Municipal de Assistência Social e
coordenador de combate ao trabalho infantil, em focos Conselho Tutelar.
expressivos de trabalho infantil para a identificação de
adolescentes.
Obter telefones atualizados dos adolescentes, a fim de Secretaria Municipal de Assistência Social,
viabilizar o contato e o encaminhamento para empresa através da Equipe do PETI9, dos CRAS10 ou dos
ou entidade qualificadora. CREAS11, e Secretaria Municipal ou Estadual de
Educação.
Contatar adolescentes convidando para oficina de Secretaria Municipal de Assistência Social,
sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil e através da Equipe do PETI, dos CRAS ou dos
direitos e deveres do aprendiz (Apêndice 2). CREAS.
Orientar e acompanhar a retirada dos documentos Secretaria Municipal de Assistência Social.
necessários para a Aprendizagem Profissional.
Viabilizar a retirada do registro geral (RG). Defensoria Pública ou Polícia Civil.

Destinar recursos para a oficina de sensibilização Ministério Público do Trabalho.


(Apêndice 2) ou a preparação para a Aprendizagem
Profissional (Apêndice 3).



9 Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI).


10 Centro de Referência da Assistência Social (CRAS).
11 Centros de Referência Especializado da Assistência Social (CREAS).

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 15


A Secretaria de Assistência Social pode ser uma grande parceira no encaminhamento dos adolescentes 
egressos do trabalho infantil para a Aprendizagem Profissional, atuando no apoio à identificação, retirada 
de documentos, obtenção do contato telefônico, e na oferta de assistência e acolhimento aos adolescentes 

e suas famílias, dentre outras atividades. Essa atuação pode ocorrer através das Equipes do Programa de 
Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) ou dos 
Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS). 

As vagas dos adolescentes egressos do trabalho infantil destinam-se prioritariamente aos identificados 
pela Auditoria Fiscal do Trabalho, mas, quando não for possível preenchê-las com esses adolescentes, é 

possível buscar junto à Assistência Social o envio de relação de adolescentes em situação de trabalho 
infantil abordados pelas suas equipes. 

4.1. Entidades qualificadoras



São as entidades qualificadas em formação técnico-profissional metódica. Compreendem, nos termos do art.
430 da CLT: os Serviços Nacionais de Aprendizagem; as Escolas Técnicas de Educação; as entidades sem
fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistência ao adolescente e à educação profissional, registradas
no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente; e as entidades de prática desportiva das
diversas modalidades filiadas ao Sistema Nacional do Desporto e aos Sistemas de Desporto dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.

As entidades qualificadoras têm um papel relevante no processo de encaminhamento do adolescente egresso


do trabalho infantil para a Aprendizagem Profissional. Sua atuação pode ocorrer com a participação em
diversas fases desse processo, por exemplo:

a) Incentivar as empresas a inserirem na aprendizagem profissional adolescentes egressos do trabalho


infantil, com especial atenção àqueles constantes na relação de adolescentes egressos do trabalho infantil
enviada pela Coordenação da Aprendizagem.

b) Orientar e acompanhar os adolescentes na retirada e organização dos documentos necessários para o


encaminhamento para a Aprendizagem Profissional.

c) Entrar em contato com os adolescentes convidando para entrevista, entrega de documentos (na própria
entidade qualificadora ou na empresa) ou para oficina de sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil
e direitos e deveres do aprendiz (Apêndice 2), caso seja realizada.

d) Participar da oficina de sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil e direitos e deveres do


aprendiz (Apêndice 2), caso seja realizada, juntamente com os demais órgãos e instituições parceiras.

e) Informar à Coordenação da Aprendizagem Profissional os nomes dos adolescentes que a entidade não
conseguiu entrar em contato, bem como os adolescentes contratados e os não contratados pelas empresas.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 16


5. Oficina de sensibilização sobre malefícios do trabalho infantil e direitos e
deveres do aprendiz


Diante da falta de conhecimento da população a respeito da Aprendizagem Profissional (muitas vezes
confundida com estágio ou com o ato de se ensinar um ofício sem o acompanhamento de uma entidade
qualificadora), sugere-se a realização de uma oficina de sensibilização com os adolescentes egressos do
trabalho infantil e seus responsáveis legais, para que possam compreender os malefícios do trabalho infantil
e os benefícios da Aprendizagem Profissional, assim como os direitos e deveres do aprendiz.

Não é obrigatória a sua realização, mas ela pode suprir dúvidas e inseguranças dos próprios adolescentes
identificados em situação de trabalho infantil e de seus responsáveis legais, além de incentivá-los a não
desistir de ingressarem na Aprendizagem Profissional. Afinal, é comum que haja resistências por parte dos
adolescentes ou dos seus responsáveis legais, seja por não enxergarem os prejuízos do trabalho infantil, seja
por desconhecerem os programas de Aprendizagem Profissional.

A oficina de sensibilização também é o momento para se detalhar quais os documentos necessários para a
inserção dos adolescentes nos programas de Aprendizagem Profissional, e já se dar orientações sobre como
obtê-los.

Assim, após a ação fiscal ou antes do encaminhamento para a empresa ou entidade qualificadora, sugere-se
que as Coordenações da Aprendizagem Profissional e de Combate ao Trabalho Infantil articulem com os
órgãos e instituições parceiras a realização de uma oficina de sensibilização para grupos de adolescentes
egressos do trabalho infantil e seus responsáveis legais. Mais informações sobre oficinas de sensibilização
podem ser consultadas no Apêndice 2.





























Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 17


6. Preparação para a aprendizagem profissional


A preparação para a Aprendizagem Profissional não é obrigatória, mas aumenta as oportunidades de inserção
na aprendizagem aos adolescentes egressos do trabalho infantil que apresentem mais dificuldades para serem
contratados, além de potencializar as chances da sua permanência no programa. Pode ser realizada por meio
de órgãos e instituições parceiras.

Essa preparação abrange noções básicas acerca da Aprendizagem Profissional, em especial direitos e
obrigações trabalhistas, tais como salário-mínimo hora, férias com acréscimo de um terço, formação técnico-
profissional metódica, pontualidade, zelo na execução das tarefas e cumprimento de jornada. É importante
abordar também questões gerais sobre cidadania e inserção no mundo do trabalho, como postura,
compromisso, elaboração de currículo, comportamento nas entrevistas para vagas de aprendizagem,
vestimenta, noções de higiene pessoal e uso do celular.

A partir de um mapeamento das principais dificuldades dos adolescentes egressos do trabalho infantil, a
preparação para a Aprendizagem Profissional também pode tratar de temas como inclusão digital, noções de
raciocínio lógico, habilidades de escrita, relações interpessoais, trabalho em equipe, autoestima e respeito à
hierarquia.

No Apêndice 3, apresentam-se mais ideias acerca da preparação para a Aprendizagem Profissional.




































Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 18


7. Reserva de vagas

A reserva de vagas na Aprendizagem Profissional para adolescentes egressos do trabalho infantil deve ser
buscada pela Coordenação da Aprendizagem Profissional.

Existem diversas formas de se reservar vagas na Aprendizagem Profissional para adolescentes egressos do
trabalho infantil:

7.1. Serviços Nacionais de Aprendizagem (“Sistema S”) e demais entidades


qualificadoras

O SENAI costuma realizar processo seletivo dos aprendizes em acordo com as empresas. Sugere-se à
Coordenação da Aprendizagem Profissional propor ao SENAI que conste nos editais de seleção um
percentual das vagas de aprendizes a ser destinado aos adolescentes egressos do trabalho infantil, sem
necessidade de submetê-los a processo seletivo. O mesmo procedimento deve ser adotado junto aos demais
Serviços Nacionais de Aprendizagem (SENAC, SENAT, SESCOOP e SENAR) e outras entidades
qualificadoras que realizem processo seletivo dos aprendizes.

Quando não for realizado processo seletivo, sugere-se que a Coordenação da Aprendizagem Profissional
dialogue com as entidades qualificadoras para que incentivem as empresas a contratarem, como aprendizes,
os adolescentes egressos do trabalho infantil.

A Coordenação da Aprendizagem Profissional também pode propor (diretamente ou por meio de Termo de
Cooperação com as entidades qualificadoras) a adoção de medidas que estimulem e facilitem, inclusive
através da reserva de vagas, o encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a
Aprendizagem Profissional.

7.2. Empresas

O Auditor-Fiscal do Trabalho pode propor às empresas a contratação de adolescentes egressos do trabalho


infantil como aprendizes no curso do procedimento de fiscalização da Aprendizagem Profissional, seja
através da pactuação de Termo de Compromisso ou de sensibilização, ou quando houver demanda espontânea
das empresas.

Durante a ação fiscal, pode ser celebrado com a empresa Termo de Compromisso para prorrogação do prazo
de cumprimento de cota, arts. 27 a 29 do Decreto nº 4.552, de 2002 e art. 81 da IN nº 2, de 2021) (modelo
no Apêndice 1).

Outra estratégia é a realização de reuniões de sensibilização com os gestores da empresa demonstrando que,
ao admitirem adolescentes egressos do trabalho infantil como aprendizes, contribuem para a erradicação do
trabalho infantil e o fomento de uma cultura empresarial alinhada aos princípios de direitos humanos e
responsabilidade social.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 19


7.3. Espaços de articulação, mobilização e controle social

As Coordenações da Aprendizagem Profissional e de Combate ao Trabalho Infantil podem fomentar a


reserva de vagas para adolescentes egressos do trabalho infantil inserindo a temática no âmbito dos Fóruns
da Aprendizagem Profissional e de Combate ao Trabalho Infantil, Conselho Estadual e Municipal dos
Direitos da Criança e do Adolescente e Comissões Municipais e Estaduais de Erradicação do Trabalho
Infantil.

A discussão do tema nesses espaços impulsiona uma mobilização social e incentiva as empresas e entidades
qualificadoras em torno da importância da reserva de vagas na Aprendizagem Profissional para adolescentes
egressos do trabalho infantil.

Destaque-se que é fundamental a discussão quanto à necessidade de flexibilização dos critérios de admissão
e a importância da realização de acompanhamento individualizado dos adolescentes egressos do trabalho
infantil, considerando suas particularidades, dificuldades e situação de vulnerabilidade social.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 20


8. Resumo da divisão de atribuições


As atribuições abaixo são as mesmas especificadas em ordem cronológica de implementação no item “2.
Fluxo de Encaminhamento”, estando, no presente item, agrupadas e separadas entre as Coordenações
Regionais de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional.

A divisão de tarefas é apenas uma sugestão para as Coordenações. É importante que, em cada regional, essas
atribuições sejam discutidas entre as Coordenações, de forma a consolidar um fluxo de acordo com a
realidade local para a inserção de adolescentes egressos do trabalho infantil na aprendizagem profissional, e
que haja uma cooperação mútua entre as coordenações.

7.1 Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil



a) Organizar ações fiscais em focos expressivos de trabalho infantil. Orienta-se que seja sempre avaliada
a importância da participação da Secretaria Municipal de Assistência Social, Conselho Tutelar ou outros
órgãos da rede de proteção.

b) Incluir na Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil (modelo no Apêndice 4), ou em outro
meio de acompanhamento escolhido pela Coordenação, os dados dos adolescentes identificados em situação
de trabalho infantil pelos Auditores-Fiscais do Trabalho, a partir de informações coletadas na Ficha de
Verificação Física utilizada nas ações fiscais (IN nº 2, de 2021, Anexo III). Os dados dos adolescentes
egressos do trabalho infantil devem permanecer na Planilha, para serem inseridos na aprendizagem
profissional, mesmo após 18 anos completos.

c) Articular, se for necessário, parcerias com a Secretaria Municipal de Assistência Social e outros órgãos,
a fim de obter os dados faltantes dos adolescentes identificados em situação de trabalho infantil pela Auditoria
Fiscal do Trabalho, bem como para que os adolescentes sejam acompanhados na retirada e organização dos
documentos necessários para a inserção na Aprendizagem Profissional.

d) Enviar à Coordenação da Aprendizagem a relação solicitada com adolescentes egressos do trabalho


infantil para ser encaminhada à empresa ou à entidade qualificadora, com dados como nome, idade, telefone,
bairro e turno em que estudam.

e) Buscar alternativas para contatar os adolescentes (por exemplo, com o apoio da Assistência Social)
quando a empresa ou a entidade qualificadora não tiver conseguido contato.

f) Atualizar a Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil, ou outro controle adotado, com a
informação dos adolescentes egressos do trabalho infantil que foram contratados como aprendizes, bem como
os não selecionados e, se possível, o motivo.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 21


g) Informar à DTIOP, quando solicitados, os dados dos adolescentes egressos do trabalho infantil que
foram contratados como aprendizes, com o encaminhamento da Planilha (modelo no Apêndice 4) ou de outro
meio de acompanhamento.

7.2 Coordenação da Aprendizagem Profissional



a) Envidar esforços para obter vagas de aprendizagem para adolescentes egressos do trabalho infantil nas
empresas, por meio de: Termo de Compromisso, com fundamento no art. 81 da IN nº 2, de 2021 (modelo no
Apêndice 1); articulação com entidades qualificadoras; sensibilização das empresas ou demanda espontânea
das empresas.

b) Fornecer à Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil informações acerca das vagas existentes
(nome da empresa e/ou entidade qualificadora, número de vagas, endereço de realização das atividades
práticas e, se possível, horário e escolaridade mínima desejada) e solicitar uma relação com dados dos
adolescentes egressos do trabalho infantil para encaminhar à empresa ou entidade qualificadora.

c) Enviar a relação dos adolescentes egressos do trabalho infantil para a empresa ou entidade qualificadora.

d) Encaminhar à Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil o retorno da empresa ou entidade


qualificadora sobre a impossibilidade de contatar o adolescente a partir dos dados fornecidos.

e) Encaminhar à Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil o retorno da empresa ou entidade


qualificadora acerca dos adolescentes contratados e dos não contratados, bem como, se possível, o motivo
da não contratação.12

7.3 Divisão de Fiscalização do Trabalho Infantil e Igualdade de Oportunidades (DTIOP)



A DTIOP participa do fluxo para inserção de adolescentes egressos do trabalho infantil na Aprendizagem
Profissional impulsionando seu funcionamento com as seguintes ações, dentre outras:

a) Apoiar as coordenações regionais de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional na


implementação das ações sugeridas no presente Guia.

b) Acompanhar o progresso alcançado na inserção de adolescentes egressos do trabalho infantil na


Aprendizagem Profissional, a partir do recebimento, quando solicitado, da Planilha de Adolescentes Egressos
do Trabalho Infantil (modelo no Apêndice 4) ou de outro meio de acompanhamento enviado pela
Coordenação de Combate ao Trabalho Infantil de cada unidade da federação.

c) Realizar o cruzamento de dados do eSocial com os dados da Planilha de Adolescentes Egressos do


Trabalho Infantil contratados como aprendizes, para acompanhamento da trajetória dos adolescentes no

12
É possível que os contatos com a empresa e a entidade qualificadora sejam feitos diretamente com a Coordenação de Combate ao
Trabalho Infantil, conforme previsto no item 2, j.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 22
mercado de trabalho, divulgação dos resultados alcançados, dentre outros objetivos. Registre-se que, para o
cruzamento de dados com o eSocial, é imprescindível o número do CPF dos adolescentes.

d) Sensibilizar empresas de âmbito nacional, em conjunto com as Coordenações Regionais, para a


destinação de vagas na Aprendizagem Profissional para adolescentes egressos do trabalho infantil.

e) Promover, entre as coordenações e as chefias de fiscalização, o intercâmbio de boas práticas no


encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil na Aprendizagem Profissional.
































Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 23


9. Considerações finais


Com o presente Guia, espera-se incentivar e apoiar as Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da
Aprendizagem Profissional a trabalharem de forma integrada e construírem um fluxo de encaminhamento de
adolescentes egressos do trabalho infantil para a Aprendizagem Profissional que atenda às necessidades e à
realidade de cada regional.

Ao implementarem o fluxo, com a retirada dos adolescentes do trabalho proibido e o seu encaminhamento
para a Aprendizagem Profissional, os Auditores-Fiscais do Trabalho contribuem para a manutenção dos
adolescentes na escola e para sua adequada qualificação profissional. Consequentemente, promovem a
redução sustentável do trabalho infantil e o trabalho decente.

Como já enfatizado, esse processo de implementação do fluxo demanda esforços e estratégias de ação que
ultrapassam a rotina das Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional.

Por essa razão, o apoio das Chefias de Fiscalização das Superintendências Regionais do Trabalho é essencial
para que o trabalho das Coordenações seja executado, o fluxo de encaminhamento implementado e os
resultados alcançados.

Conhecedora das dificuldades da implementação do trabalho proposto, a Divisão de Fiscalização de Combate


ao Trabalho Infantil e Igualdade de Oportunidades (DTIOP) valoriza o empenho das regionais que
desenvolvem um trabalho nesse sentido e se coloca à disposição para apoiar novas iniciativas. No futuro,
espera-se que possam ser feitas atualizações e complementações do Guia, com a inclusão de experiências
locais, de forma a aperfeiçoar o fluxo apresentado.





























Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 24



APÊNDICE 1:
MODELO DE TERMO DE COMPROMISSO PARA REGULARIZAÇÃO DA COTA DE
APRENDIZAGEM

Adaptar o modelo ao caso concreto e utilizar papel timbrado da SIT ou inserir no SEI, a depender da
regional. Segue sugestão de texto, que também está disponível no site da Escola Nacional de Inspeção
do Trabalho.

Considerando que a empresa indicada neste Termo de Compromisso está obrigada a empregar e matricular,
em cada um de seus estabelecimentos, número de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mínimo, e
quinze por cento, no máximo, dos trabalhadores existentes, cujas funções demandem formação profissional,
nos termos do art. 429 do Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, CLT;

Considerando que a empresa alega motivo grave ou relevante que dificulta o cumprimento da legislação
trabalhista no tocante à cota de aprendizagem (...);

Considerando que o art. 627-A da CLT e o art. 28, §3°, do Decreto nº 4.552, de 27 de dezembro de 2002,
bem como o art. 81 da Instrução Normativa nº 2, de 8 de novembro de 2021, do Ministério do Trabalho e
Previdência, autoriza a lavratura de Termo de Compromisso para fins de saneamento de infrações à
legislação trabalhista.

Pelo presente instrumento, a SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO DA (...), órgão do


MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA, por meio da Coordenação Estadual da Aprendizagem
Profissional e da Chefia de Fiscalização, e a empresa (...), doravante denominada COMPROMISSÁRIA,
celebram o presente Termo de Compromisso para Regularização da Cota de Aprendizagem dos
estabelecimentos elencados na cláusula 1, nos seguintes termos:

CLÁUSULA 1ª – A COMPROMISSÁRIA concorda em assumir os deveres e prerrogativas consignados no


presente Termo de Compromisso em relação aos seus estabelecimentos elencados a seguir: (Listar CNPJs)

CLÁUSULA 2ª – A COMPROMISSÁRIA deverá contratar uma das entidades qualificadoras de aprendizes


previstas no art. 430 da CLT, na qual o aprendiz contratado deverá ser matriculado para realizar as atividades
teóricas, cabendo à COMPROMISSÁRIA verificar se o curso de aprendizagem profissional está
devidamente autorizado pelo Ministério do Trabalho e Previdência.

§1° – As atividades práticas do curso de aprendizagem profissional ocorrerão nas dependências do


estabelecimento cumpridor da cota, nas dependências da entidade qualificadora, ou nos locais previstos no
art. 65 do Decreto nº 9.579, de 2018, alterado pelo Decreto nº 11.061, de 2022, devendo o local escolhido
ser expressamente designado no contrato de aprendizagem.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 25



CLÁUSULA 3ª – Para efeitos do presente Termo de Compromisso, será considerada a cota de aprendizagem
apurada por meio dos dados declarados pela COMPROMISSÁRIA no eSocial até o dia (...) de (...) de (...).

CLÁUSULA 4ª – A cota mínima de aprendizes, definida no presente Termo de Compromisso, para cada
estabelecimento da empresa, foi calculada considerando as funções que demandam formação profissional,
nos termos do art. 429 da CLT, utilizando para isso o critério definido no art. 52 do Decreto nº 9.579, de
2018, alterado pelo Decreto nº 11.061, de 2022, ou seja, a Classificação Brasileira de Ocupações - CBO.

CLÁUSULA 5ª – A cota mínima de aprendizagem dos estabelecimentos da COMPROMISSÁRIA,


considerando a data acima indicada, bem como o prazo máximo de regularização da cota mínima de
aprendizagem, devem observar o quadro abaixo13:

Número de aprendizes a Prazo máximo para Nº de aprendizes egressos do trabalho


serem contratados contratação infantil

XX aprendizes Até XX/XX/XXXX xxx aprendizes egressos do trabalho infantil

XXX aprendizes Até XX/XX/XXXX xxx aprendizes egressos do trabalho infantil

X aprendizes Até XX/XX/XXXX xxx aprendizes egressos do trabalho infantil

XXXX aprendizes Até XX/XX/XXXX xxx aprendizes egressos do trabalho infantil

CLÁUSULA 6ª – A COMPROMISSÁRIA se disponibiliza a contratar, na condição de aprendiz,


adolescentes/jovens egressos do trabalho infantil em quantitativo que corresponde a, no mínimo, (...)% da
cota mínima de aprendizes de todos os estabelecimentos abrangidos neste Termo de Compromisso, o que
corresponde a (...) aprendizes, conforme tabela acima.

§1º – A relação nominal dos adolescentes/jovens egressos do trabalho infantil será repassada à
COMPROMISSÁRIA pela Auditoria Fiscal do Trabalho.

§2° – A COMPROMISSÁRIA se disponibiliza a ofertar aos jovens e adolescentes egressos do trabalho


infantil, previstos nesta cláusula, cursos de aprendizagem profissional cuja exigência de escolaridade mínima
seja até o (...)º ano do ensino fundamental.

13 O cronograma para regularização da cota pode ser definido pelo AFT de acordo com o caso concreto, podendo ser um único ciclo
de contratação ou vários.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 26

§3º – Diante da insuficiência de pessoas com o perfil de jovens e adolescentes egressos do trabalho infantil,
a COMPROMISSÁRIA poderá contratar adolescentes e jovens em outra situação de vulnerabilidade ou risco
social.

CLÁUSULA 7ª – Eventual diminuição do quadro de pessoal do estabelecimento, ainda que em razão de


aposentadorias, plano de demissão voluntária, transferências ou de conjuntura econômica desfavorável, não
poderá alterar o cronograma de contratações de aprendizes definidas no presente Termo de Compromisso.

CLÁUSULA 8ª – Havendo rescisão antecipada de contrato(s) de aprendizagem durante a vigência do


presente Termo de Compromisso, a COMPROMISSÁRIA deverá repor a(s) vaga(s) com a contratação de
outro(s) aprendiz(es) com o mesmo perfil no prazo de até (...) meses.

§1° – A reposição da(s) vaga(s) fica dispensada caso a COMPROMISSÁRIA comprove que, mesmo com o
desligamento antecipado, o estabelecimento permanece atingindo a cota mínima de aprendizagem indicada
no Anexo 01.

§2° – A rescisão antecipada dos contratos de aprendizagem somente pode ocorrer diante das hipóteses
previstas no art. 433 da CLT.

§3° – A COMPROMISSÁRIA poderá promover transferências de aprendizes, observando as regras previstas


nos normativos da aprendizagem, em especial o art. 63, §2º, da IN nº 2, de 2021.

CLÁUSULA 9° – A COMPROMISSÁRIA se responsabiliza por apresentar à Auditoria Fiscal do Trabalho,


sempre que solicitado, documentos que comprovem o adimplemento de todas as obrigações trabalhistas
referentes aos contratos de aprendizagem, tais como: pagamento de salário no prazo legal, recolhimento de
FGTS e contribuições previdenciárias, concessão de vale transporte, pagamento de férias e 13° salário, e
demais verbas trabalhistas.

§1° – A apresentação dos documentos previstos acima poderá ocorrer de forma presencial ou eletrônica, a
critério da Auditoria Fiscal do Trabalho.

§2° – A ocorrência de rescisão antecipada do contrato de aprendizagem deve ser comunicada de imediato à
Auditoria Fiscal do Trabalho.

CLÁUSULA 10ª – A qualquer tempo, ainda que durante o período de vigência do presente Termo de
Compromisso, a Auditoria Fiscal do Trabalho poderá requisitar da COMPROMISSÁRIA a apresentação de
quaisquer documentos comprobatórios do cumprimento das cláusulas firmadas, bem como das obrigações
contratuais decorrentes dos contratos de aprendizagem.

CLÁUSULA 11ª – O presente Termo de Compromisso não impede a lavratura de autos de infração e outras
ações próprias da fiscalização do trabalho em relação aos estabelecimentos da COMPROMISSÁRIA no que
concerne a obrigações trabalhistas não abrangidas neste Termo.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 27

CLÁUSULA 12ª – Havendo o descumprimento de qualquer uma das obrigações previstas neste Termo, dar-
se-á o seu imediato cancelamento, com todas as consequências jurídicas decorrentes, tais como lavratura de
autos de infração cabíveis, reiterada ação fiscal, envio de relatório circunstanciado à Advocacia-Geral da
União, ao Ministério Público do Trabalho e aos demais órgãos competentes.

CLÁUSULA 13ª – O presente Termo de Compromisso tem validade de (...) meses, a partir da assinatura.

CLÁUSULA 15ª - As obrigações decorrentes do presente Termo de Compromisso persistem mesmo que
ocorra alteração na estrutura jurídica da COMPROMISSÁRIA e de seus estabelecimentos.

Estando a COMPROMISSÁRIA e a SUPERINTENDÊNCIA REGIONAL DO TRABALHO DA (...) de


acordo quanto ao teor deste compromisso, firmam o presente instrumento para que sejam produzidos os seus
legais e jurídicos efeitos.

______, __ de ____ de ________.

______________________________________

Coordenador da Aprendizagem Profissional de ______

________________________________________

Chefe de Fiscalização de __________

________________________________________

Representante da empresa _______















Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 28

APÊNDICE 2:
OFICINA DE SENSIBILIZAÇÃO SOBRE MALEFÍCIOS DO TRABALHO INFANTIL E
DIREITOS E DEVERES DO APRENDIZ

Uma oficina de sensibilização pode ser usada como estratégia para facilitar a inclusão dos
adolescentes egressos do trabalho infantil na aprendizagem profissional. Com o objetivo de abordar os
malefícios do trabalho infantil e os benefícios da aprendizagem, a oficina deve ocorrer com a participação
dos adolescentes e de seus responsáveis legais antes do encaminhamento para a aprendizagem profissional.
Cabe às Coordenações de Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional avaliarem a
oportunidade de realização da oficina.

Para evitar o retorno ao trabalho proibido, é importante que os adolescentes e suas famílias
compreendam que o trabalho infantil ocasiona prejuízos ao desenvolvimento físico, psíquico, moral e social,
à frequência e ao rendimento escolar, além de comprometer o futuro profissional do adolescente. A
invisibilidade do trabalho infantil, inclusive em atividades constantes na Lista das Piores Formas de Trabalho
Infantil – Lista TIP (aprovada pelo Decreto nº 6.481, de 12 de junho de 2008), a exemplo de lava-jatos,
oficinas mecânicas, borracharias e logradouros públicos, também pode ser abordada na oficina de
sensibilização.

Despertar o interesse do adolescente e de sua família acerca dos programas de aprendizagem


profissional e da oportunidade de uma mudança de vida também contribui para o afastamento do trabalho
precoce. Na oficina podem ser apresentados os direitos e deveres do aprendiz, tais como registro em CTPS,
salário-mínimo hora, férias com acréscimo de um terço, formação técnico-profissional metódica, direitos
previdenciários, pontualidade, zelo na execução das tarefas e cumprimento de jornada. A oficina é uma
oportunidade de orientar os adolescentes acerca dos documentos a serem providenciados para o
encaminhamento para a aprendizagem.

Sugere-se que se reforce a ideia de que a proteção integral à criança e ao adolescente deve ser um
compromisso da família, da sociedade e do Estado (art. 227 da Constituição Federal), por isso é fundamental
o engajamento de todos pela erradicação do trabalho infantil.

Durante a oficina, o depoimento de um aprendiz egresso do trabalho infantil e de seu responsável


legal (presencial ou virtual) é uma forma de demonstrar aos demais que a aprendizagem profissional é um
caminho possível para todos eles. Caso não tenha no seu Estado um adolescente para dar o seu testemunho,
pode ser apresentado um vídeo com experiências de outros Estados.

É sempre recomendável convidar adolescentes e jovens engajados em espaços de diálogo social


acerca da temática da erradicação do trabalho infantil para apresentarem o seu olhar sobre a questão e
promoverem debate com os adolescentes. A identificação com os adolescentes e jovens facilita a
comunicação e a compreensão do tema pelos participantes.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 29

A participação de órgãos e instituições parceiras também enriquece a oficina e os debates, além de
viabilizar, por exemplo, a realização de dinâmicas conduzidas por psicólogos ou assistentes sociais, auxílio
na retirada dos documentos necessários para a aprendizagem profissional e distribuição de lanches e brindes.

Essa oficina pode ser realizada em formato presencial ou virtual. No presencial, é importante se
buscarem alternativas para, se necessário, garantir o pagamento do transporte dos adolescentes e dos seus
responsáveis legais ao local da oficina. Se, no momento, forem poucos os adolescentes a serem encaminhados
para a aprendizagem profissional, a oficina pode ser substituída por uma reunião individual.

Por fim, se não for possível a realização de uma preparação para a aprendizagem, explicada no
Apêndice 3 do presente Guia, sugere-se que se avalie a possibilidade de que alguns dos temas ali indicados,
importantes para a inserção no mundo do trabalho, sejam abordados na oficina de sensibilização, como:
compromisso e postura no trabalho, elaboração de currículo, comportamento nas entrevistas para vagas de
aprendizes, vestimenta para a entrevista e para o trabalho, noções de higiene pessoal, uso do celular, dentre
outros.

Sugestão de passo a passo para a realização da oficina



Como destacado acima, a oficina de sensibilização pode ser realizada no formato presencial ou
virtual. Segue abaixo um roteiro que visa auxiliar no planejamento e execução da oficina.

• Antes da Oficina:

a) Convidar os adolescentes e seus responsáveis legais, por telefone, WhatsApp ou outro meio, para
participação na oficina de sensibilização;

b) Criar um grupo de WhatsApp com os adolescentes que confirmarem presença, caso entender necessário.
Esse grupo tem por objetivo enviar informações referentes à oficina, incluindo lembrete acerca do dia, hora
e local da oficina, bem como destacar que serão prestadas informações sobre as vagas para a aprendizagem
profissional;

c) Caso a oficina seja virtual, é importante enviar o link de acesso e orientações para instalar e acessar a
plataforma escolhida;

d) Preparar apresentação direcionada aos adolescentes e seus responsáveis legais;

e) Convidar aprendiz egresso do trabalho infantil e responsável legal para dar um depoimento. Esse
depoimento pode ser presencial ou por meio de vídeo;

f) Separar vídeos para serem utilizados na oficina, a exemplo de “Vida Maria”;

g) Listar as vagas de aprendizagem profissional para serem divulgadas durante a oficina;

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 30



h) Alinhar com órgãos e instituições parceiras a programação da oficina e suas contribuições (como
participação de psicólogos e assistentes sociais, fornecimento de lanches, brindes e transporte dos
adolescentes e dos seus responsáveis legais).

• Durante a Oficina:

Segue uma sugestão de programação para a oficina de sensibilização, a ser adaptada de acordo com as
possibilidades de cada regional.

a) Apresentar vídeo sobre trabalho infantil, com enfoque nos “mitos” e nos malefícios, estimulando a
participação dos adolescentes e responsáveis legais;

b) Apresentar vídeo sobre aprendizagem profissional, explicando o que é o programa de aprendizagem, os


direitos e deveres do aprendiz e a documentação necessária;

c) Conversar com as famílias sobre o seu papel no afastamento do adolescente do trabalho infantil e na
inclusão em programas de aprendizagem, ressaltando as diferenças entre trabalho infantil e aprendizagem
profissional. Sugere-se a apresentação do vídeo “Vida Maria”;

d) Apresentar depoimento de aprendiz egresso do trabalho infantil e de seu responsável legal (na
impossibilidade de depoimentos presenciais, pode ser apresentado um vídeo);

e) Informar sobre as vagas de aprendizagem profissional disponíveis;

f) Disponibilizar folheto, físico ou digital, com orientações gerais sobre como retirar os documentos
necessários para o ingresso em programa de aprendizagem profissional;

g) Orientar os adolescentes e responsáveis legais sobre a comunicação das empresas ou entidades


qualificadoras, por meio de telefone ou WhatsApp, para o encaminhamento para programa de aprendizagem
profissional, devendo manter seus números de contato sempre atualizados.

Caso a reunião seja presencial e haja espaço físico disponível para atendimento em separado de adolescentes
e responsáveis legais, podem ser utilizadas abordagens diferentes para cada público acerca do trabalho
infantil e da aprendizagem profissional.

Um formulário de atualização dos dados do adolescente, em meio físico ou digital, pode ser preenchido
durante a oficina de sensibilização, se necessário.

É importante que seja elaborada uma declaração de comparecimento para ser entregue aos adolescentes ou
responsáveis legais que solicitarem.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 31



• Após a Oficina

a) Atualizar a Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil (Apêndice 4) com status


“sensibilizado”, caso seja esse o meio de controle adotado pela regional;

b) Atualizar a Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil (Apêndice 4) em caso de alteração


dos dados do adolescente constatada durante a oficina, caso seja esse o meio de controle adotado pela
regional;

c) Realizar os encaminhamentos para a aprendizagem profissional.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 32



APÊNDICE 3:
PREPARAÇÃO PARA A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL

A preparação para a Aprendizagem Profissional não é obrigatória, mas aumenta as oportunidades de


contratação como aprendiz e a permanência no programa, com destaque aos adolescentes egressos do
trabalho infantil, que podem apresentar mais dificuldades para serem contratados.

Essa preparação abrange noções básicas acerca da Aprendizagem Profissional, em especial direitos e
obrigações trabalhistas, tais como salário-mínimo hora, férias com acréscimo de um terço, formação técnico-
profissional metódica, pontualidade, zelo na execução das tarefas e cumprimento de jornada. Também podem
ser abordadas questões gerais sobre cidadania e inserção no mundo do trabalho, como postura, compromisso,
elaboração de currículo, comportamento nas entrevistas para vagas de aprendizes, vestimenta, noções de
higiene pessoal e uso do celular.

Por se tratar de população em situação de vulnerabilidade, em geral com baixa escolaridade, o ideal é que
haja uma preparação mais abrangente, cujo conteúdo deve visar o desenvolvimento de habilidades técnicas,
socioemocionais e comportamentais para a vida e o trabalho. Os temas também poderão tratar da inclusão
digital, noções de raciocínio lógico, habilidades de escrita, relações interpessoais, trabalho em equipe,
autoestima e respeito à hierarquia.

Para fazer a preparação que antecede a Aprendizagem Profissional, as Coordenações da Atividade de


Combate ao Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional podem buscar parcerias com a Prefeitura
Municipal, Organizações não Governamentais, empresas, Ministério Público do Trabalho, Ministério
Público Estadual, entidades qualificadoras ou ainda instituições e projetos que recebam recursos do Fundo
Municipal para Infância e Adolescência do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.

Algumas entidades sem fins lucrativos responsáveis pela Aprendizagem Profissional ministram regularmente
cursos de pré-qualificação que são oferecidos gratuitamente aos adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Sugere-se que se busque junto a essas entidades a reserva de vagas ou a abertura de turmas exclusivas,
destinadas aos adolescentes egressos do trabalho infantil identificados pela Auditoria Fiscal do Trabalho.

Os governos municipais e estaduais também podem ter programas voltados para a preparação para o mundo
do trabalho, especialmente nas Secretarias de Educação, Assistência Social e Trabalho. Em âmbito
municipal, pode ser citado o Programa Nacional de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho -
ACESSUAS TRABALHO14, de adesão voluntária pelos municípios, que tem por finalidade promover o
acesso dos usuários da Assistência Social ao mundo do trabalho.

14 Resolução do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS/MC) nº 49, de 23 de novembro de 2021.


Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 33

É aconselhável que as Coordenações de Trabalho Infantil e da Aprendizagem Profissional, se possível,
busquem parcerias não apenas para a realização do curso de preparação para Aprendizagem Profissional,
mas também para o transporte dos adolescentes e o lanche, dentre outras necessidades que podem surgir, de
forma a viabilizar a participação deles nessa importante etapa.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 34



APÊNDICE 4:
PLANILHA DE ADOLESCENTES EGRESSOS DO TRABALHO INFANTIL

O modelo da Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil em formato excel está disponível
no site da Escola Nacional de Inspeção do Trabalho.

A Planilha de Adolescentes Egressos do Trabalho Infantil pode ser elaborada a partir dos dados dos
adolescentes identificados em situação de trabalho infantil pelos Auditores-Fiscais do Trabalho, com base
nas informações coletadas na Ficha de Verificação Física utilizada nas ações fiscais (IN nº 2, de 2021, Anexo
III).

O modelo disponibilizado da planilha compreende os seguintes campos: nome, data de nascimento, CPF,
nome do responsável legal, endereço, nome da escola, série/ano, turno, telefone, whatsapp, município,
estado, local de trabalho, dentre outras.

As colunas da planilha com marcação em vermelho no canto superior direito apresentam esclarecimentos
sobre o seu preenchimento, que podem ser visualizados ao passar o cursor do mouse sobre o título do campo.

A utilização da planilha tem por objetivo facilitar o encaminhamento dos adolescentes egressos do trabalho
infantil para a aprendizagem profissional, e pode ser adaptada à realidade de cada regional.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 35



APÊNDICE 5:
FOLHETO “CONHEÇA A APRENDIZAGEM PROFISSIONAL”

O folheto informativo em formato PDF está disponível no site da Escola Nacional de Inspeção do
Trabalho.

O folheto informativo apresenta a Aprendizagem Profissional aos adolescentes identificados em situação de


trabalho infantil pela Auditoria Fiscal do Trabalho, com o objetivo de incentivá-los a ingressarem na
aprendizagem. Ele trata, de forma resumida, dos direitos e deveres dos aprendizes, bem como dos
documentos necessários para a inclusão na Aprendizagem Profissional.

A impressão do folheto pode ser feita frente e verso, colorida ou preto e branco.

A inclusão da logomarca de instituições parceiras depende da aprovação do setor de comunicação da


Subsecretaria de Inspeção do Trabalho.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 36



APÊNDICE 6:
INFORMAÇÕES GERAIS PARA A RETIRADA DE DOCUMENTOS NECESSÁRIOS PARA
A INSERÇÃO NA APRENDIZAGEM PROFISSIONAL

1. Cadastro de Pessoas Físicas (CPF15)

O Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) é um banco de dados gerenciado pela Secretaria da Receita Federal do
Brasil (RFB) que armazena informações cadastrais de contribuintes obrigados à inscrição no CPF, ou de
cidadãos que se inscreveram voluntariamente.

É possível fazer a inscrição no CPF pela internet por intermédio do formulário eletrônico disponibilizado no
sítio da Receita Federal, por meio do
link: https://servicos.receita.fazenda.gov.br/servicos/cpf/inscricaopublica/inscricao.asp. A inscrição pela
internet só poderá ser utilizada pela pessoa física que possui Título de Eleitor.

Para quem não possui título de eleitor, a inscrição pode ser feita nos locais abaixo:

Locais

Cartórios de registro civil conveniados à Receita Federal do Brasil

Entidades conveniadas: Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal ou Correios

Entidades públicas conveniadas

Representações diplomáticas brasileiras no exterior

Ministério das Relações Exteriores

Diretamente na Receita Federal do Brasil16

Os documentos necessários para inscrição apresentados em papel nas unidades de atendimento devem ser
vias originais ou cópias autenticadas. São eles:

a) Pessoas menores de 16 anos, tutelados, curatelados e outras pessoas sujeitas à guarda judicial:

15
Informações obtidas na página da Receita Federal do Brasil do Portal gov.br (https://www.gov.br/receitafederal/pt-
br/assuntos/orientacao-tributaria/cadastros/cpf/assuntos-relacionados/perguntas-e-respostas).
16 Diretamente na Receita Federal: pessoa não residente no Brasil, inscrição de pessoa já falecida, por solicitação de Conselho

Tutelar (para pessoas com idade inferior a 18 anos em situação de risco), ou por solicitação de órgãos públicos, entidades de
assistência social e entidades de saúde pública ou privada em função da incapacidade de comparecimento da pessoa física nas
entidades conveniadas (órgãos carcerários para os presos, SUS para os internados).

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 37



• Certidão de nascimento, certidão de casamento ou documento de identificação oficial com foto;

• Documento de identificação oficial com foto do solicitante (um dos pais, tutor, curador ou responsável
pela guarda);

• Documento que comprove a tutela, curatela ou responsabilidade pela guarda, conforme o caso, do
incapaz ou interdito.

b) Pessoas com 16 ou 17 anos de idade:

• Se o solicitante for a própria pessoa: documento de identificação com foto do adolescente que comprove
sua naturalidade, filiação e data de nascimento;

• Se o solicitante for um dos pais ou responsável legal: certidão de nascimento ou documento de


identificação oficial com foto do adolescente que comprove a naturalidade, filiação e data de nascimento e
documento de identificação oficial com foto do solicitante (um dos pais ou responsável legal);

• Título de Eleitor ou documento que comprove alistamento eleitoral (facultativo).

c) Pessoas maiores de 18 anos:

• Documento de identificação oficial com foto do interessado;

• Certidão de nascimento ou de casamento, caso não conste no documento de identificação oficial


apresentado a naturalidade, filiação e data de nascimento;

• Título de Eleitor ou documento que comprove o alistamento eleitoral;

• Na inexistência da obrigatoriedade ou da impossibilidade do alistamento eleitoral, certidão da justiça


eleitoral ou documento que comprove esta condição.

É importante lembrar que o cartão físico do CPF (cartão plástico azul) não é mais emitido. Os comprovantes
de inscrição impressos e o CPF Digital têm o mesmo valor jurídico.

2. Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS17)

A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) é o documento que registra a vida profissional do
trabalhador. A CTPS será emitida de forma prioritária no formato digital e excepcionalmente no formato
físico18. Qualquer pessoa inscrita no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) pode obter a CTPS Digital.

17
Informações obtidas na página do portal gov.br (https://www.gov.br/pt-br/servicos/obter-a-carteira-de-trabalho).
18 Apenas os trabalhadores contratados por órgãos públicos e organismos internacionais devem utilizar a Carteira de Trabalho física.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 38

Para obter a Carteira de Trabalho Digital é preciso criar uma conta autenticada no portal gov.br e ter o número
do CPF.

O acesso pode ser feito:

a) Pelo celular:

Baixe o aplicativo Carteira de Trabalho Digital, disponível para Android e iOS.

b) Pelo computador:

No computador, acesse o portal gov.br, e busque por “Carteira de Trabalho Digital” ou acesse diretamente o
link https://www.gov.br/pt-br/servicos/obter-a-carteira-de-trabalho.

Para mais informações ou dúvidas sobre este serviço, entre em contato pelo telefone 158.

3. Carteira de Identidade (RG)

A cédula de identidade, carteira de identidade, identidade ou RG (registro geral) é o documento nacional de


identificação civil no Brasil. Os dados que constam nesse documento variam de acordo com o órgão
responsável pela sua emissão, mas usualmente contém nome, data de nascimento, filiação e foto, além de
outros dados que identificam o seu titular e a data e local de emissão do documento.

Sua emissão é de responsabilidade dos governos das unidades federativas, entretanto a cédula de identidade
tem validade em todo território nacional.

O Decreto n° 10.977, de 23 de fevereiro de 2022, estabeleceu a criação da Carteira Nacional de Identidade


unificada para todo o país por meio do Sistema Nacional de Registro de Identificação Civil, que prevê novos
parâmetros visuais, de emissão e validade para a Carteira de Identidade.

O Decreto entrou em vigor no dia 1° de março de 2022, mas os institutos e órgãos de identificação têm até o
dia 6 de março de 2023 para se adequarem à mudança, a fim de começarem a emissão do documento em
todos os estados do país19.

Portanto, até o momento, cada Estado segue um procedimento para a emissão do RG, que pode ser consultado
no portal do governo estadual.

19 Mais informações podem ser obtidas nos seguintes links: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.977-de-23-de-


fevereiro-de-2022-382332304 e https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/noticias/2022/fevereiro/decreto-presidencial-cria-rg-com-
numero-unico-para-todo-o-
pais#:~:text=O%20presidente%20da%20Rep%C3%BAblica%2C%20Jair,para%20se%20adequarem%20%C3%A0%20mudan%C
3%A7a.
Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 39

4. Comprovante de residência

Podem comprovar a residência a cópia de conta de luz, água, telefone, fatura de cartão de crédito, entre outros
documentos, desde que emitidos num prazo máximo de 90 dias, onde conste o endereço da residência do
adolescente.

5. Declaração de matrícula

A declaração de matrícula é um documento fornecido pela escola que comprova que o adolescente está
estudando.

Se o adolescente estiver fora da escola é imprescindível que ele volte a estudar para poder participar dos
programas de aprendizagem profissional.

O adolescente deve procurar a escola mais próxima de sua residência para fazer sua matrícula e, caso não
consiga fazê-la, deve procurar o CREAS Regional mais próximo e solicitar seu apoio.

Guia de encaminhamento de adolescentes egressos do trabalho infantil para a aprendizagem profissional 40


SUBSECRETARIA DE INSPEÇÃO DO TRABALHO
Esplanada dos Ministérios | Bloco “F”, Ala B, 1° Andar | 70.059 -900 | Brasília-
DF (61) 2031-6632 | (61) 2031-6174

Você também pode gostar