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RESUMO: O papel da imaginação na vida social é estudado por Ricoeur no âmbito de uma
teoria geral da imaginação. Em sua filosofia, a ideologia e a utopia são focalizadas como duas
expressões do imaginário social. Examinaremos, primeiro, o papel da imaginação, em seguida
focalizaremos a questão da utopia e, finalmente, as relações entre ética e utopia.
ABSTRACT: The imagination’s role on the social life is focalized by Ricoeur in his theory of
imagination. Ricoeur’s philosophy presents ideology and utopia as a social expression of the
social imaginary. We will study, first of all, the imagination’s role; after, we will focalize the
question about utopia and at the end, we will focalize the relations between ethics and utopia.
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O presente texto foi publicado em francês com o título “Le cosmos humain: éthique et utopie”,
na revista Diotima, Atenas: Société Hellénique d’Études Philosophiques, n. 29, p. 74-79, 2001.
São as Atas do Congresso da Associação Cosmos e Filosofia. A tradução apresenta um texto
ligeiramente modificado.
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1. Introdução
A utopia mostra que o homem de hoje nada mais é que a “profecia do homem
vindouro” (Id., ibid., p. 235). O nível do dever-ser e o da utopia convergem, sem se
confundir; desvelam a dimensão ética do ser humano. Trata-se pois, em Ricoeur, de
discernir as funções positivas da ideologia e da utopia: aquela promove a integração da
sociedade, esta constitui “uma interpretação da vida real” (Id., ibid., p. 387), é “a
expressão de todas as potencialidades de um grupo que se acham reprimidas pela ordem
existente” (Id., ibid., p. 388). Para Ricoeur, a utopia, enquanto variação imaginativa
sobre o tema do poder, e na medida em que “quer ser uma escatologia realizada” (Id.,
ibid., p.389), tem uma função libertadora: a de “manter aberto o campo do possível”
(Id., ibid., p. 390).
3. Ética e utopia
Nosso pensador examina “as tarefas do educador político” (Id., 1991, p. 239-
255) e põe em relevo as relações entre ética e política. Consideraremos, no que segue, as
etapas desta relação e os elementos desta utopia. A inspiração buscada na ética clássica
permanece apenas como pano de fundo de sua abordagem; ela dá lugar ao exame da
complexidade e da novidade da sociedade contemporânea e à busca de uma paideia que
possa responder às novas exigências da ética. Ricoeur considera o filósofo como “o
educador político”, do mesmo modo que os intelectuais e “todos os que se sentem
responsáveis, por uma ação de pensamento, de palavra e de escrita, pela transformação,
evolução, revolução de seu país. Esse homens se acham nos sindicatos, nos partidos, nas
sociedades de pensamento e nas Igrejas” (Id., ibid., p. 239).
Que é a utopia e qual é sua relação com a ética, na complexa civilização mundial
na qual nos encontramos? Qual é a tarefa do educador político, do filósofo, nesta
civilização? A utopia se apresenta como a proposição de um valor-horizonte, que
mostra ao homem contemporâneo as tarefas urgentes, imediatas, na construção da
cidade do futuro. Essas tarefas são resumidas por Ricoeur quando dizque elas são: “a
luta pela democracia econômica; a oferta de um projeto para o conjunto dos homens e
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4. Conclusão
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
AMARAL, R.A.P. de. Paul Ricoeur e as faces da ideologia. Goiás: Ed. UFG, 2008.