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Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira

Departamento de Engenharia Mecânica

Área de Ciências Térmicas

Laboratório de Turbomáquinas Hidráulicas


Experimento 7
NPSH disponível com restrição na sucção

André de Moraes Vinha R.A.: 142053457


Pedro Afonso Barbosa Sismoto R.A.: 131052454

Prof. Dr. José Luiz Gasche

Ilha Solteira, SP
Novembro de 2019
1 Objetivos
Determinar o NPSH disponível para análise de possível cavitação e também demais parâ-
metros de uma bomba com restrição na sucção.

2 Montagem Experimental
Para a realização deste experimento, utilizou-se uma conguração semelhante ao esquema
ilustrado pela Figura 1, ilustrando os principais elementos do aparato.

Figura 1: Esquema do aparato experimental utilizado.

Fonte: Próprios autores.

Os elementos identicados na Figura 1 são:

• 1 - Tanque ou reservatório de água;

• 2 - Bomba centrífuga;

• 3 - Motor elétrico;

• 4 - Tomada de pressão na tubulação de entrada;

1
• 5 - Tomada de pressão na tubulação de saída;

• 6 - Medidor de vazão;

• 7 - Manômetros conectados em 4 e 5;

• 8 - Termômetro de bulbo simples;

• 9 - Painel digital para leitura do medidor de vazão.

Além destes componentes, utilizou-se um paquímetro para a medição do diâmetro interno


das tubulações, e réguas milimetradas para aferir as alturas das tomadas de pressão e do diâ-
metro do rotor.

Alguns esquadros também foram utilizados para auxiliar as medições. Também foi utilizado
um tacômetro digital para medir a rotação do motor, utilizando seu recurso óptico devido à
impossibilidade de medição por contato. Para isso, uma ta reetora foi instalada no rotor do
motor elétrico. Estas medidas foram todos realizadas no Experimento 1.

Para o experimento em questão, utilizou-se um barômetro digital para aferir a pressão at-
mosférica a cada medida realizada e uma última medida, utilizando régua milimetrada, para
se obter a altura de tomada de pressão de entrada ou sucção da bomba até seu respectivo
manômetro.

3 Resultados e Discussão
Nesta etapa, realizou-se o calculo dos parâmetros do sistema em relação aos dados medidos
em laboratório.

3.1 Resultados Medidos

Durante a realização do experimento, anotou-se os dados mostrados na Tab. 1.

2
Tabela 1: Dados coletados no experimento.
Caso Pe Ps Q ω T Patm
[kgf /cm2 ] [kgf /cm2 ] [m3 /h] [rpm] [o C] [mbar]
0 -0,18 0,125 32,0 1735 27 964,3
1 -0,76 0,125 29,3 1735 27 964,3
2 -0,82 0,075 27,7 1734 27 964,4
3 -0,9 0 25,5 1734 27 964,5
4 -0,92 0 23,5 1737 27 964,6
5 -0,92 0 21,2 1743 27 964,7
6 -0,93 0 19,2 1746 27 964,7
7 -0,93 0 17,2 1749 27 964,7
8 -0,94 0 15,0 1755 27 964,7
9 -0,94 0 12,0 1758 27 964,7
10 -0,95 0 9,6 1763 27 964,7
11 -1,00 0 7,2 1764 27 964,7
12 -1,00 0 5,0 1766 27 964,7
13 -1,00 0 2,4 1772 27 964,7
14 -1,00 0 0,0 1774 27 964,8
Fonte: Próprios autores.

Em experimentos anteriores, coletou-se as alturas e os diâmetros do sistema, como mostra


a Tab. 2.

Tabela 2: Dados obtidos em experimentos anteriores


Caso dr de ds ze zs
[mm] [mm] [mm] [cm] [cm]
0 21,0 82,2 82,2 28,9 78,7
1 20,8 82,5 82,5 28,8 79,1
2 20,9 82,2 82,2 29,0 78,7
3 20,8 82,2 82,2 28,9 79,2
4 21,0 82,1 82,1 28,9 79,3
5 20,9 82,3 82,3 29,1 78,9
6 21,0 82,5 82,5 29,0 79,1
7 20,9 82,2 82,2 29,1 79,0
8 20,8 82,2 82,2 28,9 78,9
9 20,9 82,2 82,2 29,1 78,9
Fonte: Próprios autores.

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3.2 Dados Calculados

Para facilitar o tratamento de dados e a interpretação dos resultados, ajustou-se as unidades


medidas e realizou-se o cálculo de incertezas para cada caso, como mostra a Tab. 3.

Tabela 3: Ajuste e incertezas dos dados obtidos experimentalmente


Caso Pe Ps Q ω T Patm
4 4 3 o
10 [P a] 10 [P a] [m /s] [rad/s] [ C] 104 [P a]
0 -1,76±0,03 2,86±0,02 8,89±0,05 182±3 27,0±0,3 9,6±0,1
1 -7,4±0,1 2,86±0,02 8,14±0,05 182±3 27,0±0,3 9,6±0,1
2 -8,0±0,1 2,37±0,01 7,69±0,04 182±3 27,0±0,3 9,6±0,1
3 -8,8±0,1 1,63±0,00 7,08±0,04 182±3 27,0±0,3 9,6±0,1
4 -9,0±0,1 1,63±0,00 6,53±0,04 182±3 27,0±0,3 9,7±0,1
5 -9,0±0,1 1,63±0,00 5,89±0,03 183±3 27,0±0,3 9,7±0,1
6 -9,1±0,1 1,63±0,00 5,33±0,03 183±3 27,0±0,3 9,7±0,1
7 -9,1±0,1 1,63±0,00 4,78±0,03 183±3 27,0±0,3 9,7±0,1
8 -9,2±0,1 1,63±0,00 4,17±0,02 184±3 27,0±0,3 9,7±0,1
9 -9,2±0,1 1,63±0,00 3,33±0,02 184±3 27,0±0,3 9,7±0,1
10 -9,3±0,1 1,63±0,00 2,67±0,02 185±3 27,0±0,3 9,7±0,1
11 -9,8±0,1 1,63±0,00 2,00±0,01 185±3 27,0±0,3 9,7±0,1
12 -9,8±0,1 1,63±0,00 1,39±0,01 185±3 27,0±0,3 9,7±0,1
13 -9,8±0,1 1,63±0,00 0,67±0,01 186±3 27,0±0,3 9,7±0,1
14 -9,8±0,1 1,63±0,00 0,0±0 186±3 27,0±0,3 9,7±0,1
Fonte: Próprios autores.

Portanto, em posse dos dados do experimento, calculou-se os parâmetros característicos dos


sistemas através das equações mostradas no Apendice A, como mostra a Tab. 4. O manômetro
de entrada apresentada

4
Tabela 4: Ajuste e incertezas dos dados obtidos experimentalmente
Caso N P SHdisp Hu nq,u φ τdisp σdisp
0 9,6±0,2 1,89±0,03 102±2 340±7 8 ±1 5,1±0,1
1 3,7±0,2 7,7±0,1 33,8±0,6 311±7 3,1±0,6 0,48±0,03
2 3,1±0,2 7,8±0,1 32,6±0,6 294±6 2,6±0,5 0,40±0,03
3 2,3±0,2 7,9±0,1 31,1±0,6 271±6 1,9±0,4 0,29±0,03
4 2,1±0,2 8,1±0,1 29,3±0,6 249±5 1,7±0,3 0,26±0,03
5 2,1±0,2 8,1±0,1 28,0±0,5 224±5 1,7±0,3 0,25±0,03
6 1,9±0,2 8,2±0,1 26,4±0,5 202±4 1,6±0,3 0,24±0,03
7 1,9±0,2 8,2±0,1 25,0±0,5 181±4 1,6±0,3 0,24±0,03
8 1,8±0,2 8,3±0,1 23,2±0,4 158±3 1,5±0,3 0,22±0,03
9 1,8±0,2 8,3±0,1 20,8±0,4 126±3 1,5±0,3 0,22±0,03
10 1,7±0,2 8,4±0,1 18,5±0,4 100±2 1,4±0,3 0,20±0,03
11 1,2±0,2 8,9±0,1 15,4±0,3 75±1 1,0±0,2 0,13±0,03
12 1,2±0,2 8,9±0,1 12,8±0,3 52±1 1,0±0,2 0,13±0,03
13 1,2±0,2 8,9±0,1 8,9±0,2 25±1 1,0±0,2 0,13±0,03
14 1,2±0,2 8,9±0,1 0,0±0 0,0±0 1,0±0 0,13±0,03
Fonte: Próprios autores.

Assim, torna-se possível caracterizar o comportamento dos parâmetros em razão das con-
dições de operação da bomba. Para melhor visualizá-los, elaborou-se curvas relacionando-os,
como mostrado adiante.

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3.3 Visualização de Dados

Figura 2: Curva referente ao N P SHdisp em função da variação de Q.

Fonte: Próprios autores.

Figura 3: Curva referente ao τdisp em função da variação de φ.

Fonte: Próprios autores.

6
Figura 4: Curva referente ao τdisp em função da variação de nq,u .

Fonte: Próprios autores.

Figura 5: Curva referente ao σdisp em função da variação de φ.

Fonte: Próprios autores.

7
Figura 6: Curva referente ao σdisp em função da variação de nq,u .

Fonte: Próprios autores.

3.4 Discussão

Observando a Fig. 2, nota-se que o valor de N P SHdisp mantém-se muito baixo para pe-
quenas vazões, ou seja, grande restrição na entrada da bomba. O valor só começa a crescer de
forma substancial a partir de 7m3 /s, caracterizando um acréscimo exponencial.
Ou seja, durante toda esta faixa de vazão, existem grandes chances de bolhas se formarem
na tubulação de entrada, sendo levadas até o rotor ocasionando o fenômeno cavitativo em vir-
tude da implosão dessas bolhas, comprometendo o material e a eciência de bombeamento.

Nota-se também um analogia deste caso no comportamento de τdisp em função de φ, mos-


trado na Fig. 3, principalmente em razão dos parâmetros que caracterizam estes coecientes
serem semelhantes.

Já a Fig. 4 ilustra que o τdisp apresenta pequenos valores para a faixa inicial de nq,u , sofrendo
um salto notável quando nq,u é aproximadamente 35, conrmando os fenômenos observados an-
teriormente quando a chance de cavitação aumenta muito para pequenas vazões.

O comportamento de σdisp em função de φ mostrado na Fig. 5 mostra-se pouco variante


até o momento que φ atinge um valor próximo a 320, desencadeando um salto no coeciente de
Thoma disponível. Mais uma vez nota-se a relação do fenômeno cavitativo estar diretamente
ligado à vazão do experimento.

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Por m, a Fig. 6 ilustra claramento um salto presente nos valores de σdisp quando nq,u é
aproximadamente 35, de maneira muito semelhante à Fig. 4 envolvendo o τdisp , atuando de
forma análoga como parâmetro utilizado para prevenção de cavitação em sistemas hidráulicos.

4 Apêndice A
Nesta seção encontra-se o equacionamento utilizado.
O N P SHdisp (disponível) é:

pe − pv Ve2
N P SHdisp = + (1)
ρg 2g
sendo:
• Pe e Pv : Pressão absoluta na entrada e pressão absoluta de vapor do uido de trabalho
na entrada da bomba, respectivamente;

• ρ: Massa especíca do uido de trabalho à temperatura local; [1]

• g : aceleração local da gravidade.

• Ve : Velocidade média na entrada da bomba

A altura útil Hu pode ser escrita como:

Ps − Pe Vs2 − Ve2
Hu ≡ + + (Zs − Ze ) (2)
ρg 2g
sendo:
• ps : pressão relativa (ou absoluta) na saída da bomba;

• pe : pressão relativa (ou absoluta) na entrada da bomba;

• Vs : Velocidade média na saída da bomba;

• zs : Coordenada vertical da tomada de pressão na saída da bomba;

• ze : Coordenada vertical da tomada de pressão na entrada da bomba.

A velocidade especíca nq , por sua vez, é descrita como:



ω Q
nq,u ≡ Cnq 3 (3)
(gHu ) 4

ω Q
nq,m ≡ Cnq 3 (4)
(gHm ) 4

9
3
30 ∗ (9, 807) 4 ∼
Cnq ≡ = 52, 92 (5)
π
sendo:

• Q: Vazão na saída da bomba;

• ω : Velocidade angular do rotor da bomba.

Já o coeciente de vazão φ é dado por:

Q
φ = Cφ (6)
ωD3

(7)
3
Cφ = Cn2q 8 2 ∼
= 63369.75

sendo:

• D: Diâmetro externo do rotor.

O Coeciente de NPSH disponível, τdisp :

N P SHdisp
τdisp = (8)
N P SHdisp,0
sendo, N P SHdisp,0 = N P SHdisp para vazão nula.

O Coeciente de Thoma disponível, σdisp :

N P SHdisp
σdisp = (9)
Hu

5 Apêndice B
Nesta seção encontram-se os cálculos realizados para a obtenção dos resultados do presente
relatório.

5.1 Incerteza padrão do tipo A

A incerteza padrão do tipo A é dada por:

s(x)
u(x) = √ (10)
n
, onde a variância s(x) equivale a:

10
n
1 X
2
s (x) = (xi − x̄)2 (11)
n − 1 i=1

Como exemplo, calculou-se a incerteza padrão do tipo A para o diâmetro do rotor e da


entrada da bomba. A variância para n = 10 medições e x̄1 = 209, 00mm e x̄2 = 82, 25m,
respectivamente, é calculada por:
10
1 X
s21 (x) = (xi,1 − 209)2 = 0, 82mm (12)
10 − 1 i=1

10
1 X
s22 (x) = (xi,2 − 82, 25)2 = 0, 14mm (13)
10 − 1 i=1

Logo, a incerteza padrão do tipo A para a medição dos diâmetros 1 e 2 resulta em:

0, 82
u1 (x) = √ = 0, 3mm (14)
10

0, 14
u2 (x) = √ = 0, 04m (15)
10

5.2 Incerteza padrão do tipo B

A incerteza padrão do tipo B quadrada é dada por:

a
u(x) = √ (16)
3
, onde a foi fornecido pelos fabricantes dos instrumentos sendo:
• Vazão: ±1, 0% do valor lido;
• Pressão: ±2, 5% do valor lido;
• Rotação: ±2, 0% do valor lido;
• Temperatura: ±1, 0◦ C .

5.3 Incerteza combinada

Para y = f (x1 , x2 , x3 , ..., xn ), a incerteza combinada uc é dada por:


n  2
∂f
(17)
X
2
[uc (y)] = u2 (xi )
i=1
∂xi

Calculou-se a incerteza combinada do N P SHdisp obtida por:

11
s 2  2
1 −1 2 ∗ Ve
uN P SHdisp = u2 (P s) + u2 (Pe ) + (18)
ρg ρg 2∗g
Calculou-se a incerteza combinada da altura útil Hu obtida por:
s 2  2
1 −1
uHu = u2 (P s) + u2 (Pe ) + u2 (zs ) + (−1)2 u2 (ze ) (19)
ρg ρg
Calculou-se a incerteza combinada da velocidade especíca obtida por:

u Cn √ Q 2 √ !
v ! !2
u
1 Cnq ω 3 Cnq ω Q
unq,m = t q
3 u2 (ω) + √ u2 (Q) + − u2 (Hm ) (20)
(gHm ) 4 2 Q(gHm ) 34 4 g 43 H 74
m

u Cn √Q 2 √ !
v ! !2
u
1 Cnq ω C
3 nq ω Q
unq,u =t q
3 u2 (ω) + √ u2 (Q) + − u2 (Hu ) (21)
(gHu ) 4 2 Q(gHu ) 43 7
4 g 43 H 4
u

Calculou-se a incerteza combinada do coeciente de vazão obtida por:


s 2  2  2
Cφ Cφ Q Cφ Q
uφ = u2 (Q) 2
+ − 2 3 u (ω) + −3 u2 (D) (22)
ωD3 ω D ωD4
Calculou-se a incerteza combinada do coeciente de NPSH τdisp obtida por:
v !2
u 2
u 1 −N P SHdisp
uτ = t u(N P SHdisp )2 + 2
u(N P SHdisp,0 )2 (23)
N P SHdisp,0 N P SHdisp,0

Calculou-se a incerteza combinada do coeciente de Thoma φdisp obtida por:


s 2  2
1 −N P SHdisp
uφ = u(N P SHdisp )2 + u(Hu )2 (24)
Hu Hu2

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