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Prática – Dimensão Fracionária

Angela Lopes Almeida 11911FIS234 / João Felipe da Silva Almeida 11611FIS229

Introdução – De uma forma simplificada, na geometria Euclidiana, o tamanho de um


objeto é proporcional a um comprimento elevado a um número inteiro, chamado
dimensão.

Figura 1 - Objetos básicos presentes na geometria Euclidiana.

Podemos tomar como exemplo os objetos apresentados na Figura 1, onde:

Linha: comprimento = 𝑙1 ; Plano: área = 𝑙 2 ; Sólido: volume = 𝑙 3

Logo, para um objeto que obedeça a geometria Euclidiana pode-se dizer que tamanho 
𝑙 𝑛 , com n inteiro. No entanto, para objetos de forma irregular (o perfil do litoral num
mapa, etc) é possível obter valores de n fracionários, como foi descoberto pelo
matemático francês Benoit Mandelbrot (MANDELBROT, 1982), que deu o nome de
geometria fractal a estes sistemas. É neste contexto que esta prática se insere. Aqui,
partiremos de objetos essencialmente bidimensionais, formaremos objetos de dimensão
superior e utilizando técnicas de análise de dados determinaremos a sua
dimensionalidade. Para isto, faremos uso do conceito de densidade superficial de massa:

𝑚
𝜎=
𝐴
onde m é a massa contida numa superfície de área A. Logo é possível perceber que 𝑚 ∝
𝐴 ∝ 𝑙 𝑛 , com n = 2 neste caso. Da mesma forma, para um objeto tridimensional temos uma
relação semelhante, ou seja, 𝑚 ∝ 𝑉 ∝ 𝑙 𝑛 , com n = 3 e V sendo o volume do objeto. Para
um objeto bidimensional amassado é, portanto, de se esperar que o valor de n seja
diferente de 2 e de 3. A dimensão deste novo objeto deverá ser encontrada neste trabalho.
Objetivo – Determinar a dimensionalidade de um objeto formado a partir de um outro
objeto bidimensional.

Material utilizado:

• Papel de gramatura conhecida (lembrete reciclado (63g/m²); papel almaço (56g/m²);


sulfite (75g/m²); cartolina (150g/m²));

• Uma régua milimetrada (ou trena);

• Computador;

• Software SciDavis

• Câmera de telefone

Procedimento experimental

1. Usando papel de gramatura conhecida, corte pedaços quadrados de lado conhecido, l,


Tabela 1. A gramatura é basicamente a densidade superficial de massa de uma folha de
papel. Por exemplo, o papel sulfite pode ter uma gramatura de 75 g/m². Ela normalmente
é encontrada na embalagem das folhas.

Figura 2 - Pedaços de papel com diferentes gramaturas utilizados nas medidas


2. Calcule o valor da área de cada quadrado. Utilizando o valor da gramatura e da área
do papel, calcule a massa de cada quadrado. Em cada caso, não esqueça de calcular as
incertezas.

Obs: foram tomados 12 pontos de medida, onde para cada gramatura de papel foram feitos
3 quadrados (figura 2), sendo lados 1 à 5 (papel reciclado), 7 à 11 (papel almaço), 13 à
17 (papel sulfite) e 19 à 21 (papel cartolina) – então nos cálculos foi utilizado a gramatura
especifica de cada papel, erro instrumento de medida (régua) = 0,05cm.

A propagação de erros para uma função quadrática é dada pela fórmula:

Figura 3 - Como calcular a propagação de erros em funções polinomiais

Como a área do quadrado é igual a:


𝐴 = 𝑙2
Aplicando essa equação encontra o erro associado a A:
∆𝐴 = 2𝑙∆𝑙
Também é possível encontrar a incerteza associada à massa, já que:
𝑚 = 𝜌𝑙 2
A incerteza associada para a massa é:
∆𝑚 = 2𝜌𝑙∆𝑙
Lado (cm) ± 𝑬𝒓𝒓𝒐 𝒊𝒏𝒔 ∆𝒍 Área (cm²) ∆𝑨(cm²) Massa (g) ± ∆𝒎 (g)
∆𝒍 (cm) (cm) ±∆𝑨 (cm) ∆𝒎 (g)
1 0,05 1 0,100 63 6,3
3 0,05 9 0,300 567 18,9
5 0,05 25 0,500 1,575 31,5
7 0,05 49 0,700 2,744 39,2
9 0,05 81 0,900 4,536 50,40
11 0,05 121 1,100 3,146 61,60
13 0,05 169 1,300 12,675 97,5
15 0,05 225 1,500 16,875 112,5
17 0,05 289 1,700 21,675 127,5
19 0,05 361 1,900 54,150 285
21 0,05 441 2,100 66,150 315
23 0,05 529 2,300 79,350 345
Tabela 1 – Dados experimentais coletados e calculados com cortes de papeis de lados 1
à 23cm com diferentes gramaturas já conhecidas.

3. Amasse cada quadrado de papel até formar uma esfera com o menor diâmetro possível.
Meça, ao menos 3 vezes, o diâmetro da bola formada (em diferentes posições) e calcule
o diâmetro médio.

Figura 4 - Esferas formadas com papeis de diferentes gramaturas


Lado (cm) ± 𝑫𝟏 (cm) 𝑫𝟐 (cm) 𝑫𝟑 (cm) 𝑫𝒎 (cm) ∆𝑫𝒎 (cm)
∆𝒍 (cm)
1 0,3 0,4 0,3 0,33 0,06
3 0,7 0,7 0,8 0,73 0,06
5 1 1 0,9 0,96 0,06
7 1,3 1,3 1,3 1,30 0,05
9 1,8 1,7 1,9 1,80 0,07
11 2 2 2 2,00 0,05
13 2,5 2,3 2,2 2,33 0,09
15 2,9 2,8 2,9 2,86 0,07
17 2,8 2,8 2,7 2,76 0,07
19 4,5 4,7 4,6 4,60 0,05
21 4,4 4,7 4,3 4,46 0,13
23 5 5,3 5,5 5,26 0,15
Tabela 2 – Tomada de dados contendo o valor do lado de cada quadrado (l) e o diâmetro
calculado após amassar o quadrado de papel, seu diâmetro médio e o erro total associado
à medida do diâmetro.

Figura 5 - Fórmulas para obtenção do erro de uma medida


4. Construa um gráfico de m  D.

Figura 6 - Massa das bolinhas de papel em função de seu diâmetro médio

5. Pelo exposto na Introdução deste trabalho, podemos supor que a massa m obedece à
relação 𝑚 = 𝑘𝐷𝑛 , onde k e n são constantes. Aplique seus conhecimentos para linearizar
esta equação e à partir dela linearize os dados experimentais. Determine o valor de n. Para
isto, trace um novo gráfico para os dados linearizados e, finalmente, faça o ajuste linear
(regressão linear) dos mesmos. Compare o valor de n com o resultado esperado para
objetos 2D e 3D.

Figura 7 - Linearização da equação da massa


Figura 8 - Dados da regressão linear

Linear Regression fit of dataset: Table3_3, using function: A*x+B


Y standard errors: Associated dataset (Table3_4)
From x = -1,10866262452161 to x = 1,66013102674962
B (y-intercept) = 7,19122408238052 +/- 0,0608366640671996
A (slope) = 2,72048935419033 +/- 0,132002828480011
--------------------------------------------------------------------------------------
Chi^2 = 11,4197481159422
R^2 = 0,973817770053892

Supondo que a expressão da massa é dada por: 𝒎 = 𝒌𝑫𝒏 , , é possível linearizar essa
equação.

Utilizando as propriedades Ln >> ln (𝑎 𝑛 ) = 𝑛𝑙𝑛𝑎 / ln(𝑎𝑏) = 𝑙𝑛𝑎 +𝑙𝑛𝑏

Para linearização essa expressão podemos utilizar a função logaritima:

ln 𝑚 = ln(𝑘𝐷𝑛 )

ln 𝑚 = ln 𝑘 + ln 𝐷𝑛

ln 𝑚 = ln 𝑘 + 𝑛 ln 𝐷

Comparando com a equação da reta 𝑌′ = 𝐵 + 𝐴𝑋′, temos então a mudança de variáveis

para aproximar a expressão por uma reta:

𝑌 ′ = ln 𝑚 ; 𝑋 ′ = ln 𝐷 ; 𝐶𝑜𝑒𝑓𝑖𝑐𝑖𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑎𝑛𝑔𝑢𝑙𝑎𝑟 𝐵 = ln 𝑘 𝑒 𝑙𝑖𝑛𝑒𝑎𝑟 𝐴 = 𝑛

Da regressão linear obtivemos que


𝐴=𝑛
De onde obtemos que n = 2,72 +/- 0,13 podemos concluir então que n é um número
fracionário, sendo considerado um fractal, já que os objetos são irregulares e com n
fracionário.
6. Se possível, utilize papéis com diferentes gramaturas.

Discussão – Como você modificaria o experimento para deixar mais claras as suas
respostas?

Acredito que pra diminuir os erros o ideal seria utilizar uma balança de precisão para
medida da massa, foi possível observar que seu erro foi bem elevado se comparado ao
erro do diâmetro. Outra observação é que a densidade é dada por g/m² - então pode estar
associado algum erro por todas as medidas e cálculos terem sido realizados em cm. Outro
ponto é que não temos certeza se fizemos a montagem experimental correta, de acordo
com nossos dados podemos concluir que não se trata de um sólido convencional com n
inteiro e sim um fractal.

Referências

MANDELBROT, B. The Fractal Geometry of Nature. New York: Times Books, 1982.

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