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Prática – Meia vida da espuma

Angela Lopes Almeida 11911FIS234 / João Felipe da Silva Almeida 11611FIS229

Introdução – Leis de decaimento exponencial são um tipo de fenômeno físico encontrado


em diversas situações diferentes. Por exemplo, podemos vê-las em ação em sistemas de
amortecedores, processos de carga ou descarga de capacitores e no decaimento da
intensidade da luz ao atravessar uma amostra. Em particular, quando uma bebida gera
uma camada de espuma sobre ela, quando a colocamos em um copo, vemos que esta
camada diminui com o tempo, Figura 1. Esta diminuição apresenta um comportamento
exponencial e já foi observado sob diferentes condições. Neste trabalho veremos como a
passagem do tempo afeta a altura da camada de espuma e determinaremos o tempo de
meia vida da espuma. Neste contexto, o tempo de meia vida, t1/2, é o tempo necessário
para que a altura da camada de espuma diminua à metade.

Figura 1 - Bebida gaseificada com uma camada de espuma h

Objetivo – Determinar o tempo de meia vida da camada de espuma gerada sobre uma
bebida gaseificada.

Material utilizado:

• Um copo de vidro;

• Uma latinha de cerveja;

• Aparelho celular;

• Barbante;
• Régua;

• Software SciDavis.

Roteiro experimental

1. Coloque o copo e a régua juntos como mostrados na Figura 2. Quanto mais reto o
copo, melhor.

Figura 2 - Posicionamento do copo e da régua para a medida da altura da camada de espuma.

2. Posicione o celular em frente à régua e grave um vídeo à medida que colocar a


bebida no copo e formar a camada de espuma.

Link do vídeo:
https://drive.google.com/file/d/11EI5KEANFgyMBqJDxIIyUeUoAeNMtixg/view?usp=
sharing

3. Assuma t = 0 no instante em que a base da camada de espuma ficar


aproximadamente plana.
4. Para cada instante de tempo na Tabela 1, meça a altura da base e do topo da
camada de espuma, na régua. Em geral o topo da camada de espuma não é reto,
e por isso devese ter cuidado na hora de determinar sua posição.
5. A altura da camada de espuma é definida como h = topo - base. Sendo l a
incerteza da régua, pode-se demonstrar que ∆ℎ = √2∆𝑙 (você consegue
demonstrar?)

Figura 3 – Determinação das alturas da base e do topo da camada de espuma.

Tempo (s) ± 𝑬𝒓𝒓𝒐 ∆𝒕 Base (cm) Topo (cm) 𝑨𝒍𝒕𝒖𝒓𝒂 Erro


0,01 (s) (s) ± 0,05 (cm) ± 0,05 (cm) 𝒉 (𝒄𝒎) ∆𝒉 (𝒄𝒎)
0 0,01 3,6 10,6 7 0,07
5 0,01 4 10,2 6,2 0,07
10 0,01 4,35 9,8 5,45 0,07
15 0,01 4,5 9,7 5,2 0,07
20 0,01 4,7 9,4 4,7 0,07
25 0,01 4,8 9,2 4,4 0,07
30 0,01 4,85 9 4,15 0,07
35 0,01 4,9 8,7 3,8 0,07
40 0,01 4,95 8,5 3,55 0,07
45 0,01 5 8,2 3,2 0,07
50 0,01 5 7,9 2,9 0,07
55 0,01 5,05 7,7 2,65 0,07
60 0,01 5,05 7,5 2,45 0,07
Tabela 1 – Dados experimentais contendo o tempo de observação das alturas da base e do topo
da camada de espuma e sua respectiva altura h, com suas incertezas. Obs: * Incerteza do
cronômetro = 0,01s , Incerteza do comprimento = 0,05cm *
Note que e o erro de h será dado por:
Para 𝑓 = a+ b ≫≫ se h = T- B , então 𝐵 ± ∆𝐵, 𝑇 ± ∆𝑇 os erros ∆𝐵 = ∆𝑇 = ∆𝑙
A propagação de erros em h é:
𝑑ℎ 2 2 𝑑ℎ 2 2
∆ℎ = √( ) ∆𝑇 + ( ) ∆𝐵
𝑑𝑇 𝑑𝐵

∆ℎ = √1∆𝑙 2 + 1∆𝑙2

∆𝒉 = √𝟐∆𝒍

6. Construa um gráfico de h  Tempo, com as respectivas incertezas.

Figura 4 – Decaimento da altura da espuma de um copo de cerveja em função do tempo

7. Assuma que o comportamento de h é do tipo 𝒉(𝒕) = 𝒉𝟎𝒆 −𝒕/𝝉 , onde ℎ0 = ℎ(𝑡 =


0) é a altura inicial (em t=0) da espuma e  é a constante de decaimento da altura
h com o tempo.
8. Mostre que o tempo de meia vida da camada de espuma, t1/2, pode ser encontrado
da relação 𝐥𝐧(𝒉/𝒉𝟎 ) = 𝒕 𝒕𝟏/𝟐 𝐥𝐧𝟎, 𝟓.
Assumindo que o comportamento de h é da forma: 𝒉(𝒕) = 𝒉𝟎 𝒆−𝒕/𝝉

Propriedades Ln >> ln (𝑎𝑛 ) = 𝑛𝑙𝑛𝑎 / ln(𝑎𝑏) = 𝑙𝑛𝑎 +𝑙𝑛𝑏 / ln (𝑒 𝑛 ) = 𝑛 / ln(a/b) = ln a- ln


b

Para linearização essa expressão podemos utilizar a função logaritima:


ln ℎ = ln( ℎ0 𝑒 −𝑡/𝜏 )
ln ℎ = ln ℎ0 + 𝑙𝑛𝑒 −𝑡/𝜏
ln ℎ = ln ℎ0 − 𝑡/𝜏

ln( ) = − 𝑡/𝜏 (1)
ℎ0

Sabendo que o tempo de meia vida é tal que 𝑡 = 𝑡1/2 que ℎ = 0⁄2, podemos
reescrever a equação para o comportamento de h em função do tempo de meia vida:
ℎ0 −𝑡1/2
= ℎ0 𝑒 𝜏
2
−𝑡1/2
ℎ0
ln ( ) = 𝑙𝑛 (ℎ0 𝑒 𝜏 )
2
1 𝑡1/2
ln ℎ0 − 𝑙𝑛 ( ) = 𝑙𝑛 ℎ0 −
2 𝜏

𝑡1
1
ln ℎ0 − ln ℎ0 = − 2 + 𝑙𝑛 ( )
𝜏 2
1 𝑡1/2
𝑙𝑛 ( ) = −
2 𝜏
−𝑡1/2
𝜏=
1
𝑙𝑛 ( )
2
Substituindo o valor de 𝜏 na expressão 1, chegamos em:


ln( ) = − 𝑡/𝜏 (1)
ℎ0
ℎ −𝑡1/2
ln( ) = − 𝑡/
ℎ0 1
𝑙𝑛 ( )
2
ℎ 𝑡1/2 1
ln( ) = 𝑙𝑛 ( )
ℎ0 𝜏 2

9. Determine o valor de t1/2. Para isto, trace um novo gráfico para os dados
linearizados, ou seja 𝐥𝐧(𝒉/𝒉𝟎 ) × 𝒕, finalmente, faça o ajuste linear (regressão
linear) dos mesmos

ℎ t
ln( ) = ln( 1/2)
ℎ0 𝑡1
2

Comparando com a equação da reta 𝑌 ′ = 𝐵 + 𝐴𝑋′, temos então a mudança de


variáveis para aproximar a expressão por uma reta:

𝑌 ′ = ln( )
ℎ0

𝑋′=𝑡
1
ln ( )
2
Coeficientes angular e linear: 𝐵 = 0; 𝐴 =
𝑡1
2
ln 1/2
Portanto 𝑡1 =
2 𝐴

Da regressão linear, obtivemos que A (slope) = -0,0213521453439664 +/-


0,00103774904332554
−0,69314718055994530941723212145818
𝑡1 =
2 −0,0213521453439664
𝐭 𝟏 = 𝟑𝟐, 𝟒𝟔𝟐𝟔𝟒𝟖𝟏𝟎𝟑𝟔𝟖𝟔𝟑𝟎𝟗𝟏𝟏𝟒𝟑𝟗𝟔𝟗𝟔𝟕𝟖𝟗𝟔𝟕𝟓𝟓 ≈ 𝟑𝟐, 𝟓 ± 𝟎, 𝟎𝟏 [s]
𝟐

Figura 5 - Dados da regressão linear

Figura 4 - Linearização da função de decaimento do tempo de meia vida da espuma de um copo de cerveja

Linear Regression fit of dataset: Table1_y' = ln h/h0, using function: A*x+B


Y standard errors: Associated dataset (Table1_4)
From x = 0 to x = 60
B (y-intercept) = 0,508606919368706 +/- 0,0366899692852671
A (slope) = -0,0213521453439664 +/- 0,00103774904332554
--------------------------------------------------------------------------------------
Chi^2 = 9,61171740043821
R^2 = 0,977800014936346
10. Verifique se o valor encontrado pela regressão linear está coerente com o que pode
ser visto no vídeo.

O tempo gasto no vídeo entre a altura h0 (3,6 cm) até hf (5,05cm) foi de 01m e
36s, então o tempo gasta para a espuma baixar pela metade foi de ≈ 48s, se
compararmos com o nosso valor obtido (32,5s) vemos que está próximo ao valor
e a divergência se deve por ser difícil mensurar a espessura da camada de espuma
com precisão pelo fato dela não ser reta.

Discussão – Em que outros fenômenos você encontra tempos de meia vida? Como
você modificaria o experimento para deixar mais claras as suas respostas?
Esse fenômeno pode ser encontrado na semidesintegração atômica (tempo
necessário para que uma amostra radioativa reduza-se à metade) – isso acontece
com todos os átomos existentes. Os cálculos que envolvem meia-vida são
utilizados para a determinação de massa, porcentagem, número de átomos inicial
e final e idade de uma amostra radioativa. Ele pode ser usado para determinar a
idade de fósseis vegetais e animais, de rochas e até da Terra.

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