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09/02/2023

ANESTESIOLOGIA
INTRODUÇÃO À ANESTESIOLOGIA – HISTÓRIA, TERMINOLOGIA E DIVISÕES

MV. Flávia P. Bahia Lima

História

1844 - Horace Wells: Óxido Nitroso


1846 - William Morton: Éter

A data de 16 de outubro de 1846 é considerada como a


data em que se realizou a primeira intervenção cirúrgica
com anestesia geral.

Quadro do pintor Robert Hinckley, de 1882 – Sec. XIX

Fonte da imagem: REZENDE, JM. À sombra do plátano: crônicas de história da medicina

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História na medicina veterinária


Início da utilização da anestesia:
• Pequenos Animais – começo do século XX
• Grandes Animais – metade do século XX
• 1941 – John George Wright publica 1ª livro dedicado a Anestesiologia
Veterinária

No Brasil:
• 1973 - Unesp Botucatu : Primeira disciplina no Brasil.
• MV Flávio Massone
• 2003 - CFMV reconhece anestesiologia veterinária como uma especialidade

Introdução à anestesiologia

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Ciência multidisciplinar que envolve


conhecimentos de farmacologia, fisiologia
e clínica médica.

Farmacologia

■ Farmacocinética
– Absorção
– Distribuição
– Biotransformação
– Eliminação

■ Farmacodinâmica
– Mecanismo de ação
– Concentração
– Efeitos

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Fisiologia
Resistênica
Contratilidade
Vascular

Função Pressão Débito


Pré-carga
cardiovascular Sanguínea Cardíaco

PERFUSÃO Freq. E Ritmo Pós-carga


TECIDUAL
FiO2
Função Oxigênio
Respiratória Arterial
Saturação de
Hb

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Definição
Anestesia é a perda da sensação a toda ou qualquer parte do corpo.
(grego an, privado de + aísthesis, sensação)

A indução da anestesia é feita por fármacos que deprimem a atividade do tecido


nervoso em um local, região ou no próprio sistema nervoso central (SNC);

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Conceitos
• Analgesia é a ausência de dor em resposta à estimulação que normalmente seria dolorosa.
• Nocicepção é o processo fisiológico inconsciente à percepção consciente da dor. Pode continuar
durante a anestesia geral, se não forem incluídas as técnicas que interrompam ou inibam a
transdução, a transmissão e a modulação dos estímulos nociceptivos.
• Sedação induz um estado que permita ao paciente tolerar procedimentos não dolorosos enquanto
mantém a função cardiorrespiratória espontânea adequada.
• Ansiólise (tranquilização) – Grau Leve - Paciente responsivo, com reflexos protetores preservados.
• Sedação consciente – Grau Moderado – Sono induzido mas responde a estímulos verbais ou
táteis, com reflexos protetores preservados.
• Sedação inconsciente – Grau Intenso – Induz ao sono, responde a estímulos dolorosos, possui
perda ou diminuição dos reflexos protetores.

Conceitos
• Neuroleptoanalgesia – sedação com analgesia intensa.
• Anestesia - Ausência de resposta a estímulos, mesmo dolorosos, e sem proteção dos reflexos
protetores. Necessidade de manter a função ventilatória e cardiovascular.
• Anestesia geral – é a inconsciência total reversível, supressão da percepção dolorosa,
proteção neurovegetativa e relaxamento muscular.
• Anestesia local – bloqueio reversível dos impulsos nervosos aferentes
• Anestesia dissociativa – consiste em: catalepsia (perda do tônus com rigidez muscular),
incapacidade de responder a estímulos, manutenção dos reflexos, inconsciência total ou
parcial e analgesia.

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Objetivos do Procedimento Anestésico


• Permitir a realização de procedimentos
- Cirúrgico
- Exames e diagnósticos
- Transporte de animais
- Eutanásia
• Indivíduos não colaborativos
• Controle de alterações clínicas
- Respiração
- Convulsão
• Promover analgesia e miorrelaxamento
• Recuperação rápida e tranquila
Fonte das imagens: Google

Anestésico ideal
• Indução rápida e confortável
• Relaxamento muscular
• Ampla margem de segurança
• Sustentar a homeostasia durante a cirurgia
• Rápidas alterações na profundidade anestésica
• Ausência de toxicidade
• Ausência de efeitos adversos
• Eliminação rápida para proporcionar um fácil retorno à consciência

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NÃO EXISTE!!!!
“Não existem drogas anestésicas seguras. Não existem procedimentos
anestésicos seguros. Existem apenas anestesistas seguros” Robert Smith

Divisão da anestesiologia

• Pré-anestésico

• Trans-anestésico

• Pós-anestésico

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Divisão da anestesiologia
• Pré-anestésico
Avaliação clínica e laboratorial
Risco anestésico-cirúrgico
Jejum
Estabilização
Consentimento informado
Contenção
Acomodação
Preparo de aparelhos e
medicamentos

Objetivos da avaliação pré-anestésica

• Diminuir morbidade e mortalidade.


• Esclarecimento e consentimento junto ao proprietário.
• Alternativas e possíveis complicações.
• Determinar condição física do paciente.
• Escolher o protocolo anestésico.
• Estimar o risco anestésico-cirúrgico.

Conhecer previamente o paciente e a técnica cirúrgica a ser realizada é


fundamental para o sucesso da anestesia.

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Pré-anestésico
Avaliação clínica e laboratorial
• ANAMNESE

• Espécie e suas particularidades


• Raça, idade (neonatal/idoso), peso, escore corporal, sexo, estado reprodutivo
• Temperamento
• Doenças concomitantes
• Histórico de anestesias e ocorrências de complicações
• Alergias
• Jejum realizado
• Medicações que estão sendo utilizadas
• Se apresenta sinais como: tosse, convulsão, desmaio, vômito, diarreia, dificuldade
respiratória, cianose e náusea.
• Valor do animal

Pré-anestésico
Avaliação clínica e laboratorial

• EXAME FÍSICO

• Peso
• Estado nutricional
• Hidratação (TPC, tugor cutâneo)
• Ausculta cardíaca e pulmonar
• Temperatura
• Pressão arterial não invasiva antes das medicações
• Urgência do procedimento (Eletivo, relativa urgência e extrema urgência)

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Pré-anestésico
Avaliação clínica e laboratorial

• EXAMES
COMPLEMENTARES

• Exames de sangue –
hemograma, bioquímico
• Eletrocardiograma
• Ecocardiograma

Pré-anestésico
Risco anestésico-cirúrgico

A partir da avaliação
pré-anestésica
podemos classificar o
paciente quanto ao
risco anestésico e a
necessidade de
estabilização do
paciente.

Fonte: American Society of Anesthesiologists

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Pré-anestésico
Consentimento informado

Fonte: Resolução nº 1071, de 17 de novembro de 2014 - CFMV

Pré-anestésico
Peculiaridades e Jejum – Cães e Gatos
• Animais braquicefálicos são mais propensos a ter obstrução de vias aéreas e são mais
sensíveis a fenotiazínicos
• Raças toys – colapso de traquéia, susceptíveis à hipotermia, mais difíceis de intubar e
monitorar, são mais propensos à sobredose de medicamentos.
• Greyhounds tem a recuperação mais tardia com o uso de barbitúricos e podem apresentar
hipercalemia associada a anestesia geral.
• Algumas raças são mais predispostas a alterações cardíacas (ex. Cavalier King Charles
Spaniel, Maine Coon).
• Gatos possuem capacidade de glucuronização hepática limitada, são mais suscetíveis ao
laringoespasmo e à hipotermia. Também são mais susceptíveis a excitabilidade dos opioides
quando comparado aos cães.
• Raças gigantes também podem receber overdoses devido ao cálculo por mg/kg ao invés da
superfície corporal.

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Fonte: AVMA 2020 Guideline anesthesia dogs and cats

Pré-anestésico
Peculiaridades e Jejum – Equinos
• Depressão cardiorrespiratória:
Histórico de intolerância ao exercício e/ou doenças respiratórias pévias devem
ser investigadas pois podem piorar com a anestesia ( redução do clearance
mucociliar, do reflexo de tosse, ressecamento das vias áereas e a
posicionamento)

• Jejum alimentar recomendado de 12 horas – risco de rompimento do estômago


durante a queda na indução.
• Jejum em potros - 2 a 3 horas.
• Jejum hídrico é desnecessário.

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Pré-anestésico
Peculiaridades e Jejum – Ruminantes

Os ruminantes (bovinos, ovinos e caprinos) geralmente toleram bem a contenção física


e o decúbito. Pode-se usar de técnicas de anestesia local e/ou regional, permitindo
que procedimentos menores sejam realizados com o animal em posição quadrupedal.

Bezerros, ovinos, caprinos e camelídeos devem permanecer em jejum por 12 a 18h e


privados de água por 8 a 12 h antes da anestesia.
Bovinos adultos devem ser mantidos em jejum por 18 a 24 h e privados de água por
12 a 18 h.

O jejum também está associado à bradicardia em bovinos. Além disso, a capacidade


residual funcional pulmonar pode ser mais bem preservada em ruminantes
anestesiados em jejum.

Pré-anestésico
Contenção

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Pré-anestésico
Acomodação

Objetivo: Evitar estresse.


Devem possuir condições
adequadas de higiene,
ventilação e boa iluminação.

Divisão da anestesiologia

• Trans-anestésico
Vias de administração
Administração de anestésicos*
Monitoração do paciente*
Planos anestésicos*

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Trans-anestésico
Vias de administração

• Intravenosa • Acupuntura
• Intramuscular • Subaracnóidea ou
• Inalatória intratecal
• Oral • Intraperitoneal
• Tópica • Intratesticular
• Transdérmica • Intratorácica
• Infiltrativa • Subcutânea
• Epidural • Retal
• Sublingual

Farmacocinética
Fonte: http://www.ppgfarma.uneb.br/wp-content/uploads/2019/10/Assunto-1-literatura-tema-geral-1-Rang-Dale_-Farmacologia-caps-8-e-9-1.pdf

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Trans-anestésico
Vias de administração

Fonte: Manual de Anestesia Veterinaria. William W. Muir

Fonte: BSAVA Manual of Canine and Feline Anaesthesia and Analgesia

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Em cães e gatos a
administração IV de
fluidos e fármacos
podem ser feitas
pelas veias jugular,
cefálica e safena.

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Trans-anestésico
Vias de administração

• Deve ser usado uma agulha de


calibre apropriado para a espécie e
porte do animal.

• CATETER OU SCALP

• A tricotomia e a assepsia do local


deve ser realizada previamente.

Trans-anestésico
Vias de administração

MICROGOTAS – 60 GOTAS/ML
MACROGOTAS – 20 GOTAS/ML

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Trans-anestésico
Adm. de medicamentos – Gupos Farmacológicos

Anticolinérgicos
Agonistas alfa-2 adrenérgicos
Fenotiazínicos
Benzodiazepínicos
• MPA Opioides
• INDUÇÃO Barbitúricos
• MANUTENÇÃO Compostos Imidazólicos (Etomidato)
Alqui-fenóis (Propofol)
Dissociativos (Cetamina/Tiletamina)
Indutores inalatórios
Anestésicos locais

Trans-anestésico
Monitorização

Estágios e Planos Anestésicos, segundo Arthur Guedel. Fonte:


www.woodlibrarymuseum.org/library/pdf/WLMREP_4_04.pdf

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Divisão da anestesiologia

• Pós-anestésico
Pós imediato
Avaliação de dor*
Alta do paciente

Pós-anestésico
Pós imediato

• Em cães e gatos a maioria das mortes pós-operatórias ocorreram até


3 horas após o término do procedimento.

• Em equinos as complicações pós operatórias são risco de traumas,


miosite pós-anestésica, edema pulmonar, hipoventilação
(hipoxemia/hipercapnia), paralisia nervosa, cólica, excitação, morte
(24hs a 7 dias pós-op), eutanásia.

• Ruminantes são suscetíveis a complicações associadas ao decúbito e


à anestesia: timpanismo, regurgitação e pneumonia por aspiração.

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Pós-anestésico
Avaliação de dor

Fonte: Directivas para o reconhecimento, avaliação e Fonte: Avaliação E tratamento da dor aguda E crônica em cães E
tratamento da dor WSAVA gatos - Stelio Pacca Loureiro Luna – Boletim Pet Agener vol. 5 2018

Pós-anestésico
Avaliação de dor

Feline Grimace Scale. Avaliação da dor aguda em gatos baseada em alterações nas expressões faciais, 2019. Disponível
em: https://pt.felinegrimacescale.com/. Acesso em 10 de dezembro de 2021.

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Pós-anestésico
Avaliação de dor

Fonte: Development of the Horse Grimace Scale (HGS) as a Pain


Assessment Tool in Horses Undergoing Routine Castration, 2014.

Pós-anestésico
Avaliação de dor

Fonte: Validation of the UNESP-Botucatu unidimensional composite pain scale for assessing postoperative pain in cattle

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Pós-anestésico
Alta do paciente

OBRIGADA.
flavialima@unipac.br

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LITERATURA SUGERIDA

• Guideline 2018 AAFP Anesteisa Felina - https://catvets.com/guidelines/practice-


guidelines/anesthesia-guidelines
• Guideline 2020 AAHA Anestesia e Monitoração Cães e Gatos - https://www.aaha.org/aaha-
guidelines/2020-aaha-anesthesia-and-monitoring-guidelines-for-dogs-and-cats/anesthesia-
and-monitoring-home/
• Revisão do Guideline de Anestesia em Equinos 2008 -
https://aaep.org/sites/default/files/issues/proceedings-08proceedings-
z9100108000048.PDF
• Directivas para o reconhecimento, avaliação e tratamento da dor WSAVA -
https://wsava.org/wp-content/uploads/2020/01/Pain-Guidelines-Portuguese.pdf
• Dor em animais - http://animalpain.com.br

LITERATURA SUGERIDA

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