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FERREIRA DOS SANTOS, Mário. Palestras sobre Temas Brasileiros e Filosofia. Mais
Indutivo Editorial, 2022.
Parte I
Vamos regravar agora uma palestra pronunciada no dia 24 de abril de 1967 no convívio.
Apenas parte, fragmentos da palestra, porque infelizmente parte dela não foi
devidamente gravada. O ar, e foram que eu não me ative. Agora eu quero expor aqui,
antes de entrarmos na matéria de hoje, que a matéria de hoje vai ser dada pelos
senhores, eu quero apenas chamar a atenção a um ponto importante, que foi falado aqui,
dos nossos amigos, e que se presta bem para explicar a minha posição. Há muitas
pessoas que se admiram de que, sendo eu um filósofo, que trate de matérias que
pertencem a tantas diversas disciplinas. Mas todas essas disciplinas pertencem à
filosofia. O que deveria preocupar, impressionar, era que, precisamente, eu, como
filósofo, não fosse capaz de tratar dessas matérias. porque na filosofia não há
especialização. Filósofo especialista é uma contradicção inadjétrica, porque a filosofia é
universalista, generalista, por natureza. E uma especialidade na filosofia pode haver de
professores de filosofia, mas não de filosofia. Nenhum grande filósofo na humanidade
foi especialista. Nenhum. Todos foram universalistas, todos trataram de tudo quanto
cabe ao campo da filosofia. Porque se nós não somos capazes, hoje alguém, uma
ocasião, chamou a atenção porque eu estava dando uma aula numa faculdade e um
professor comentou, como é que ele pode tratar, aplicar a teoria das quatro causas de
Aristóteles a teoria das quatro causas também para interpretar o socialismo. Porque
nesse caso, que valor tem a filosofia? O quê? A filosofia é um acervo de conhecimentos,
de iludição? A filosofia é apenas um acúmulo de dados? É uma ciência protocolária? É
uma ciência de fichário? Absolutamente. A filosofia não é isso. Os que pensam que
filosofia é isso estão completamente enganados. A filosofia tem que dar essa
capacidade. universalista, decatar tudo sobre o ângulo da sua universalidade, além do
ângulo também da sua particularidade. E o filósofo tem que ser um homem capaz de
penetrar em todos os temas, em todos os setores, naturalmente, onde cabe a filosofia
tratar. Fora naturalmente daquilo que não pertence propriamente ao campo da filosofia.
em sociologia ou em economia, que são específicas da economia, me perguntarem, por
exemplo, qual foi a produção de bezerros malhados na U-1965? Eu não posso saber,
nem o interesse de ter esse conhecimento. O que me interessa é ter um aspecto universal
da produção agrícola, agrária, pecuária da Holanda. Isto é que é tecnologia, portanto não
devem espantar. Deu proceder assim, porque se eu não soubesse aplicar a dialética,
qualquer disciplina, não pudesse aplicar a metafísica em qualquer disciplina, bem, se eu
não pudesse aplicar a matéria em qualquer disciplina, eu não seria filósofo. Agora, ser
um médio professor de filosofia eu não sou. Eu posso dar aulas de filosofia, dar aulas
especializadas, mas não sou propriamente um professor de filosofia. Eu sou um filósofo.
É a liseita, é uma obra realizada, a obra existe, a obra está aí publicada quer queira ou
quer não, tem 85 livros publicados, não são folhetinhos, são livros volumógrados, e tem
mais um 100 para sair, que vão começar a sair agora dois por mês, a partir do mês de
maio em diante. Mas eu tenho a minha obra realizada, feita, e é nesse sentido. e me
atrevo a tratar desses assuntos porque eu trato dentro do campo filosófico. Agora, se
vier debateiro comigo alguém, se vier debateiro comigo, pode debateiro no campo
filosófico. Agora, se quiser descer para a data, saber qual é o encaixe do Banco do
Brasil no mês passado, em finanças, estes temas eu não posso ter. Poderia ter em outra,
mas eu não posso ter, nem me cabe ter estas partes. que são puramente
particularizações, não interessa propriamente ao campo da filosofia. Eu queria
esclarecer este ponto porque eu sei que, como predomina nas escolas e nas
universidades, infelizmente, o espírito do especialismo, que desde que entrou só serviu
para perturbar o desenvolvimento da cultura humana, e fazer com que esses três séculos
sejam os três séculos mais estéreis do pensamento humano, eu sei que esse espírito
influi na juventude que não está devidamente preparada e não sabe como reagir a esta
maneira de ver. Agora podem verificar na história da filosofia dos grandes filósofos,
muito existentamente grandes filósofos, não daqueles que são insensados... de uma
publicidade mal intencionada, mas dos grandes filósofos mesmo na história da
humanidade, ele vai propor as matérias. Pode propor sobre os temas tratados e pode
propor também sobre qualquer tema de filosofia, escolha do ativo ao vitório, qualquer
matéria também que quiser. Eu tratarei, trarei as respostas aqui dentro das minhas
possibilidades, porque como nós estamos atualmente com uma turma relativamente
pequena... E como o interesse pelos problemas brasileiros é mínimo, porque eu só
queria, eu disse aqui, que os brasileiros cuidassem dos seus problemas, cuidam do
banho dos seus, como cuidam o chinês dos seus, como cuidam o russo dos seus e o
americano também dos seus. E assim, sensivelmente, os outros povos cuidam dos seus
problemas, mas nós achamos que os nossos problemas são secundários. e não queríamos
tomar consciência do risco que nós estamos tendo e do destino que nos ameaça. Porque
nós marchamos para tornarmos um país felá, um país de favelas, um país de miséria.
Nós tínhamos uma percentagem de miseráveis no século passado, que era a quinta parte
em relação ao que temos hoje, apesar de todo o nosso... e o seu do progresso, nós
aumentamos o número dos analfabetos e aumentamos o número dos miseráveis. Em São
Paulo foi feito um levantamento real sobre o analfabetismo e chegou a ser essa triste
confusão. Ah, em São Paulo, cerca de 80% de analfabetos. Por que este assinar o
número não basta? E sabe qual foi o teste exigido? Ler um artigo... da Gazeta Esportiva,
apenas, e escrever algumas linhas. Apenas 20% foi a média que deu de pessoas aptas a
ler um artigo da Gazeta Esportiva, uma notícia de partida de futebol, e saber escrever
algumas linhas. Não basta apenas saber assinar o seu nome, pra assinar a folha de
pagamento numa firma. ou ler os títulos de manchetes de jornal, isso não é coabitização
suficiente. Esta é a nossa terrível realidade que nós estamos. Isso foi feito por uma
faculdade aqui de São Paulo, cujos alunos percorreram o Estado em várias regiões,
fizeram esse levantamento, e é triste verificar-se o resultado do mesmo. Isso nós não
verificamos no tempo do império, porque se nós fizéssemos um calma... Entre os
escravos, talvez entre os escravos, mais de 20% sabiam ler e escrever. E tanto sabiam
ler e escrever que os negros deram uma floração de grandes homens no século passado,
no princípio deste século, que nós não verificamos mais. Onde estão os Cruz e Sousa?
Onde estão os Francisco e Zota Viagra? Onde estão os Luiz Ganos? Onde estão os Zé
de Patrocínio? onde estão todos esses, que eu podia citar, inúmeros negros de valor.
Inclusive, nós temos que notar que o avô do Barbosa era preto. Nós temos que notar que
o avô do esconde de rei branco era preto. Nós tivemos o Francisco Octaviano, que era
preto, que foi um dos grandes ministros brasileiros, uma das grandes capestas do Brasil.
Nós tivemos o Rebouças, um dos maiores engenheiros brasileiros. tivemos vários
economistas de valor no Brasil pretos. Pois estão! Por que a raça preta não deu mais
nada depois de libertada, de ter todos os meios que a temagogia afirmou que lhes daria?
Hoje o que ela pode dar é jogadores de boxe, jogadores de futebol, cantores, e nós não
vemos qual é o intelectual preto no Brasil que possa colocar ao lado desses valores do
passado. É preciso ver essas realidades nossas que não querem ver. Um outro assunto,
antes de nós abrirmos as perguntas aos senhores, que eu deixei de tratar na vez passada,
foi um problema que se deu durante a década, que vai de 1920 a 1930, uma década das
mais tristes para a humanidade, porque foi a grande década da decepção em
consequência da Guerra de 1418, em que houve uma revolta sobretudo dos artistas e
literários do mundo inteiro. contra todos os cânions do passado, mas contra todos os
cânions indescriminadamente e desorientadamente. Então nós tivemos aqui no Brasil
uma das coisas exalçadas como uma das grandes obras nossas, que era uma mera
imitação desse movimento de rebeldia europeia, que foi a chamada Semana de Arte
Moderna. Mas a Semana de Arte Moderna foi precisamente a campanha... que se fez
nesse Brasil para tirar do brasileiro a confiança em si própria. Porque foi a campanha
pela qual mais se combateu qualquer motivo de orgulho sobre as nossas coisas, sobre as
nossas possibilidades. Por aquela campanha foi feita a maior destruição de todo o nosso
passado, a ponto de que a juventude que entra de 30 para cá... entra completamente
desconhecedora do passado brasileiro e julgando que nós fomos sempre em fogo como
somos hoje, sem líderes, sem elites intelectuais à altura, sem realmente valores, um
deserto de homens. Mas nós não fomos um deserto de homens, não. Nós tivemos
grandes homens e grandes cabeças, mas a campanha foi tão bem feita que destruímos. É
preciso olhar esse aspecto negativo do que foi aquele movimento chamado modernista.
Se por um lado não trouxe pela libertação do artista, não sei se o artista está libertado
hoje, em um estado de angústia que ele está. Basta que nós entremos numa bienal para
nós vivemos. Ali, as angústias alheias, e sabemos como vivem angustiados esses
artistas, a sua libertação não lhes trouxe nenhuma sublimação, nenhuma elevação. Ao
contrário, desceram para as formas de cartazes mais baixas que a arte conheceu nos seus
períodos de decadência. Agora, se isso tudo é muito bonito para se defender, é muito
fácil defender, mas também é muito fácil rebater os argumentos, porque eles não têm
firmeza. O que nós temos que compreender é que, nem tanto a terra, nem tanto o mar,
que havia necessidade de se fugir do academismo, que havia necessidade de fugir da
certa canonicidade falsa que a arte moderna estava... a arte de então estava em polo nas
escolas de Belas Artes, não havia necessidade de se cair nos exageros que se tomou, que
hoje o artista é um desesperado em busca de quem não sabe o que é. e que ele não
encontra também, se não por um tempo muito restrito, uma satisfação muito passageira,
logo em seguida ele volta ao estado de angústia porque não consegue afirmar-se, nem
atingir aquela quietude que ele desejava atingir. Ora, quem acompanhou... O que foi
aquela campanha da Semana de Arte Moderna, quando eu acompanhei, era nesse tempo
estudante de escola superior, e lá vivi intensamente, e que não adivinha ela. Eu quero
que saibam que eu não adivinha, que eu reagia, não para defesa do que era ruim do
passado, mas para defesa do que era bom do passado, porque nós destruímos no Brasil
figuras de grande valor que ficaram completamente desconhecidas. Eram homens de
talento e que realizaram uma grande obra literária para se exaltar de mediocridades que
não mereciam a propaganda que depois a multidão veio dar. Então apareceu essa
floração fabulosa de poetas. Havia mais poetas de cachorro no Brasil, havia mais
pintores... do que que há piteiros nesta terra, chegamos a ponto de que o Brasil talvez,
somente naquela época, teve mais pinturas do que toda a humanidade, através de todos
os milênios da sua existência. Mas, mas que pintura? Que poesia? Que arte? Qualquer
coisa sobrou, e o que sobrou disso tudo? Aqueles que realmente tinham talento. Aqueles
que realmente se afirmariam, apesar da cadenicidade. Aqueles que têm o capacete de ser
um ser humano. nem os câmbios impediram que sófocos fosse sófocos. E basta. De
forma que é neste ponto que eu deixei de tratar. Foi um desfazer. É perder essa
confiança nos destinos do Brasil. De forma que hoje o Brasil é um país sem destino. Eu
tive aqui a oportunidade na vez passada de perguntar aos presidentes qual era o ideal do
povo brasileiro e não houve ninguém que soubesse dizer. Porque realmente é esta a
nossa verdade. É um povo que não tem o ideal. Todos os povos têm um ideal, todos os
povos preturiam alguma coisa. Só nós é que não temos. Agora, será que nós vamos
continuar assim? E se continuarmos assim, marcharemos para... país fela. Seremos no
século XX um país como a Índia, ou pior, um país fela. Há 20 anos atrás, em São Paulo,
existia apenas uma favela. Há 15 anos atrás São Paulo tinha apenas 4 mil fabeladas. E
hoje, o que tem São Paulo? Com todo o seu progresso, a cidade que mais cresce no
mundo, não sei quanta frase bonita que se diz. Onde está o nosso progresso? Que
progresso é esse enquanto a miséria cresceu no país? O Nordeste não foi sempre terra de
miséria. Lembramos que no século passado, por volta de até 1870, o Nordeste...
produzia muito mais que o suco, pelo menos pagava muito mais em costos que o suco.
Por que caiu tudo isso? Por que tudo esse Brasil foi caindo? Por que esse Brasil foi
perdendo a confiança em si mesmo? Porque nós passamos a olhar apenas o estrangeiro,
a ver as coisas do lado de fora, a valorizar apenas aquilo que pertence aos outros. E as
nossas elites nos traíram, deixaram de ser brasileiras. para serem francesas, ou inglesas,
ou americanas, ou italianas, ou alemãs, mas brasileiras? Não! Vejam as nossas escolas,
quem tem valor é só quem é estrangeiro. Ninguém acredita em coisa alguma feita por
brasileiro. Parece que o brasileiro nunca foi capaz de fazer nada. Porque também não se
conhece de que os brasileiros fizeram. Há um hiato completo, pouca gente. Hoje tem a
noção do que era o Brasil de 30 para trás. Muito pouca gente. E eu falo isso porque a
gente não diga a massa popular, porque essa é natural, o que desconhece, sempre
desconheceu. Mas eu digo a massa das escolas superiores, que também desconhece.
Pensa que está no Brasil, se estuda apenas no grupo escolar, e não procura mais analisar,
penetrar, invadir, para saber quais, onde estão as causas que estão produzindo os efeitos
de hoje. e que nós não vamos evitar esses efeitos, não atacarmos essas causas, se não
procurarmos solucionar essas causas, porque elas estão vivas, presentes, atuando e nos
levando a esse estado de coisa em que vivemos. Quem quiser pensar que pode acontecer
diferentemente, está apenas iludindo-se, enganando-se a si próprio, está num
pensamento que nem é utópico, é que mesmo... Veramente que não tem nenhuma base
real, não tem nenhum fundamento real. Bom, estou entregado à pergunta dos senhores.
Então eu vou passar a responder um conjunto de perguntas que me foram interessadas.
Naturalmente, como são perguntas que, por si só, exigiriam vários cursos e termos, eu
vou procurar ser o mais sucinto, mas também o mais preciso, para que se tenha dessas
matérias uma verdadeira... uma verdadeira colocação. Um dos grandes problemas que
eu considero, hoje em dia, no campo da filosofia que já vem de longe, já vem nesses
últimos séculos, é a falta de uma nítida compreensão entre a filosofia especulativa e a
filosofia prática, entre o que se chama ciência especulativa e o que se chama de ciência
prática. Por quê? Muitas vezes, nós nos encontramos em face do que é válido no campo
do especulativo e não é válido no campo da praticidade. Outras vezes encontramos que
aquilo que é válido no campo da praticidade não é no campo especulativo. Então,
encontramos em face de dificuldades teóricas que são fáceis de resolver. Porque eu digo
sempre que em filosofia não há questões infinitas, há apenas questões mal colocadas.
Desde que se faça uma boa colocação no problema, as questões tornam-se de fácil
solução. Ora, o que caracteriza propriamente o ser humano? É aquilo que os antigos
chamavam a sua racionalidade, que entrava na sua definição clássica, homem, animal,
racional. E nesse termo de racionalidade, inclui-se dois aspectos que possui o homem
que não possui os outros animais que nós conhecemos terrestres. É que o homem dispõe
de uma vontade e de um entendimento. uma vontade que lhe permite deliberar e
escolher entre futuros contingentes, em que o homem pode acertar ou errar na sua
escolha, porque sempre ele busca aquilo que é o seu bem, isto é, aquilo que é
conveniente à sua natureza. A natureza do homem considerado na sua estaticidade... na
sua dinamicidade, isto é, no desenvolvimento das suas possibilidades que vão se
atualizando, e também na sua cinematicidade, isto é, nas suas correlações e
interatuações com os seus semelhantes dentro da vida social. E bem é, portanto, aquilo
que é conveniente a essa natureza. A vontade tende para o bem, mas nós, ao tendermos
para o bem, podemos errar, podemos escolher mal no bem, não sabermos escolher entre
o bem e o mal, escolhendo muitas vezes um bem menor por um bem maior, ou
escolhendo o mal por um bem legítimo para nós. Este é o nosso pecado original, pecado
da espécie humana, pecado com o qual todos nós nascemos, pecado que na alegoria das
genes é apresentado pela desobediência do ato, do ato de Adão e Eva, que querem
referir-se a uma desobediência, porque o ser humano é o único ser. que pode dizer não,
porque os animais não dizem não. Os animais apenas seguem os seus instintos, ocupam-
se daquilo que é perigoso para sua existência. E os seus instintos são suficientes para
lhes indicar o que é conveniente à sua natureza. Mas o ser humano não, é um ser
desprovido de instintos. É um ser que precisa analisar, cogitar, escolher, verificar, e
consequentemente ele pode errar. Por isso, ele é o comer do fruto, da árvore da ciência,
que é a árvore do saber que o homem dispõe, ele está sujeito às negações, é possível
desobedecer, ele desobedece. porque eles obedecem à própria natureza, porque nós
mesmo perdemos os nossos instintos, logo que nascemos, os nossos instintos não duram
muito, mesmo que também não temos uma pedagogia que saiba aproveitar a nossa
instintividade. Os pedagogos não se interessaram ainda por essa matéria, porque não
conhecem teologia. Se conhecessem, procuraria outras soluções. Mas isso é outra
matéria, isso não cabe aqui. Agora, a confusão entre o especulativo e o prático está aqui,
porque o nosso entendimento ele tem uma orexas também, ele também tem um desejo,
um apetite, ele parte para alguma coisa. Assim como a nossa vontade parte para o vento,
o nosso entendimento parte para a verdade. Nós queremos captar a verdade. O homem é
um ser amelhante de bem e de verdade. É um ser que se coloca entre essas duas
exigências da sua natureza, da sua natureza humana, não animal, a verdade e o bem. E o
entendimento é esta capacidade de... de buscar a verdade enquanto a vontade, a
capacidade de buscar o bem, ou, num termo mais moderno, que aliás é clássico, termo
greco, orexis, que corresponde mais ou menos ao apetite, o apetito latino, que quer dizer
esse apetei, esse adi-petei, esse pedir para, esse pedido para alguma coisa, um pede para
o bem, pede o bem, o outro pede a verdade. Tanto consequentemente, o homem constrói
o seu mundo fundado nessas suas duas grandes realidades. O mundo da vontade é o
mundo da sua prática, é o mundo da sua dramaticidade, é o mundo da sua ser. E o
mundo do seu entendimento vai colimar na obra especulativa, o mundo da criação
intelectual. Então, nós podemos dizer assim, que o mundo da prática é uma criação da
vontade, enquanto que o mundo da especulação é uma criação do entendimento. Mas,
estando estes dois separados, será que o entendimento é algo que funciona
completamente estampi da verdade? Não. Os dois estão presentes. A vontade precisa do
entendimento para deliberar bem, e o entendimento precisa da vontade para por-se em
ação para alcançar a verdade. Ora, a filosofia surge, portanto, tem as suas raízes na ação
do homem, neste desejo do bem. porque ele aspirando o bem, ele investiga, ele anela
esse conhecimento e sobretudo tem suas raízes nesse anelo, nessa orexas pela verdade
que lhe dá o entendimento. E a filosofia, como é se polarizar? Aquela que predomina o
entendimento é especulativo e aquela que predomina a vontade é a filosofia prática.
Então, nós temos o seguinte. Na filosofia prática, o valor principal para qual atende é o
conveniente, é o certo, é o conveniente. Toda a vida prática humana, o que fala, é aquilo
que pode corresponder à natureza humana, em todos os aspectos em que ela é
considerada, de todas as formas proteicas que ela possa se manifestar, enquanto que na
especulação. É a verdade. Ora, não observamos logo, e é fácil observar, porque o que se
refere à verdade é indivisível, porque a verdade é indivisível. Ou é, ou não é. Então, no
mundo especulativo, nós estamos no mundo do alt, alt. No mundo do ou, ou. A
disciplina que nos pode guiar, com a matemática, com a lógica, trabalhando, com a
dialética que trabalha no mundo especulativo, tem que trabalhar com o trabalho da
lógica formal, entre ou verdade ou falsidade. Não há o menos falso, nem o mais falso.
Não há o menos verdadeiro, nem o mais verdadeiro. Há o verdadeiro ou há o falso. Mas
já no mundo da praticidade humana, As coisas poderão ser mais ou menos
convenientes, poderão ser melhores ou piores, poderão ser mais certas ou erradas. Então
nós temos uma gradividade, temos uma divisibilidade. Por isso, nesse mundo, domina a
gradação, a intensidade, os graus intensistas. é estático, as ideias são estáticas, os
princípios são estáticos, tudo é incongutável, ou é, ou não é. Ora, o valor, se nós
procuramos a sua origem da palavra axiologia, nós sabemos que ela vem do termo
grego axios, que significa valor. Nós temos um outro termo no grego, também
significando o valor, que é a língua mais rica neste ponto que é a portuguesa, que se
chama TINUS. O TINUS é o valor de um sentido prático, e o AXIUS é o valor de um
sentido especulativo. Do TINUS, nós temos a presença dele em palavras como estimar,
estimação... Estimamos as coisas. Aqui uma interrupção na gravação devido a ter
terminado a fita e não ter se notado, mas foi esclarecido o conceito de axiologia
predominantemente especulativa e etimologia sendo predominantemente prática. O que
não, que se salientou depois para evitar certas confusões, era que isso não impedia que a
etimologia fosse estudada somente como uma região da metafísica. Isto é, tendo como
objeto principal o bônus no sentido de conceito transcendental. há uma axiologia
também aplicada à prática, porque as leis matéticas, elas presidem também a prática.
Não foi possível fazer, nesta ocasião, a explicação deste ponto, porque o auditório não
tinha conhecimento claro da matéria, mas se apresentou mostrando que as leis
incobutáveis... os Pantheismogons, que são as leis universais, são as leis arquetípicas,
que presidem também a axiologia, presidem também a timologia e a axiologia quando
aplicada à parte prática do homem. Agora, se alguns professores de filosofia, como era
o caso do professor que estava fazendo só deve ser considerada dentro do campo da
praticidade, era uma posição que nós consideramos mal colocada, porque nós estávamos
desviando o verdadeiro sentido mais profundo da própria axiologia, que devia ser
considerada também especulativamente, além de praticamente. E mostravamos então
que os problemas axiológicos que haviam surgido deste século, de corrinho da má
colocação do problema axiológico, o qual poderia ter sido evitado desde que este
problema fosse bem colocado. E dávamos então o exemplo de quem quisesse explicar a
queda dos corpos pela interferência de uma fada. E daí prossegue então as nossas
palavras e vamos passar a regravar. Desde que a queda dos corpos... é produto de ação
de uma fada. E vai partir daí, então vai criar uma problemática, que esta fada é que faz a
queda dos corpos, etc. Vai criar uma série de problemas que lhe possam, todos mal
colocados, porque a questão foi mal colocada desde o início. Então pronto, você não
entendeu não? Entendi, eu sei que eles fazem assim, mas está errado. Não se deve fazer
assim. Há uma parte da crissiologia, como eu estava dizendo, que ela penetra na
timologia, ela auxilia os estudos timológicos com a sua parte incomutável, como nós
trabalhamos com os princípios metafísicos também na parte da ciência prática. O
princípio de não contradição é um princípio de caráter metafísico, lógico também, mas é
muito lógico primacialmente. e, no entanto, ele vai prevalecer nas outras ciências.
Então, há certos princípios da axologia especulativa que vigoram na axologia prática,
que ele chama de axologia prática, e que eu prefiro chamar de dimologia porque está
mais de acordo, porque na prática nós estimamos. O livro diz uma coisa, o senhor acha
que é de valor matar moça. Nós quando matamos os micróbios que estão dentro de nós,
que estão nos perturbando, nós não estamos prejudicando bem os micróbios, o melhor
era não deixar os títulos para eles, deixar se desenvolver e apossar esse nosso corpo,
eles diziam que o seu bem é este, mas o nosso bem não é este, e, no entanto, os valores.
Então, faça a distinção nas duas disciplinas. É como a matemática aplicada e a
matemática especulativa. Na verdade, não há uma matemática puramente especulativa,
e outra que é prática. A lógica formal não é puramente especulativa, não temos uma
lógica material realmente prática, que vai para a prática. Então, temos essas distinções.
Nós temos que fazer essas sensções. Agora não é ficar apenas num campo especulativo,
é um perigo de ficarmos num campo de abstrações, mas de não confundir os dois
campos. É o que fez, por exemplo, o senhor Roberto Campos na questão de economia
brasileira. O Roberto Campos raciocinava com argumentos especulativos, muito bem
fundados, muito bem coordenados, muito bem justificados, e praticamente não dava um
resultado, porque a prática era outra coisa. E assim foi que tem acontecido. E esse
porquê, no Brasil, nós estamos marchando para o malouco dos técnicos e para o
malouco dos professores na administração pública. Porque o povo já está desconfiando
que não serve também. Não serve o politiqueiro, mas também não serve os professores.
Nós já estamos apanhando bastante com os professores lá em cima, né? Então hoje
estamos cometendo o caso do trânsito sofá ter melhorado, sem técnicos. Então, quer
dizer, o povo brasileiro vai chegar a essa convicção que também técnico, diplomado não
serve. E isso é um coau, porque isso é uma luta contra a inteligência e consequência de
quê? Por ter efeitos de preparação intelectual, desce aos confusores. Isso não é
novidade, esse professor que deve ter usado até, não é o primeiro a fazer isso, esse é o
mundo, quase todos que escreveram sobre a axologia no mundo, ultimamente, naquele
período sobretudo, que hoje a Barraçu já não se escreve tanto, mas naquele período que
escreveu, fizeram assim. Eu escrevi um livro de axologia que se chama A Filosofia
Concreta dos Valouros, principalmente para acabar com essa confusão. Essa culpa não é
minha. Muita gente leu, muita gente comprou, porque eu já tirei quatro, cinco edições.
Mas os estudantes certamente não leem porque eles são atores brasileiros, não estão
indo no mundo. Mas a gente está perfeitamente esclarecido a matéria como deve ser
estudada e não faz confusão entre o que é prático e o que é especulativo. Agora, essa
confusão fizeram com as outras que eles assim... Por isso que eles criaram uma
problemática tremenda que uma coisa que já estava estudada pelos antigos esculares.
minha posição neste ponto está dentro. E aí e a resposta vem nas faixas terceiras. Uma
coisa, do valor tomado especulativamente, do valor tomado incomputavelmente, está na
forma da coisa. Mas há um valor da coisa na sua dinamicidade e na sua cinematicidade.
E esse valor varia. E Aristóteles estudou isso na econômica e estudou em vários outros
trabalhos. Ele procura essas outras obras que ele encontrará lá, excluídos de Aristóteles
sobre a tibodomia.
Parte II