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MÁRIO

m á r io f r a DOS
e r r e iRA
FERREI SANTOS
dos s antos

----o ----

AA SABEDORIA
SABEDORIA
do
do
SER EE DO
SER DO NADA
NADA

II V
VOLUME
O LU M E

EDITÓRA
EDITÔRA MATESE
MATESE
Av. Irerê,
Av, 382 (Planalto
Irerê, 382 (Planalto Paulista)
Paulista) -- Tels.
Tels. 35-6080
35-6080 e
e 33-6823
33-6823
SAO
SÃO PAULO
PAULO — BRASIL
— BRASIL
Coleção
Coleção
UMA
UMA NOVA
NOVA CONSCIÊNCIA
CONSCIÊNCIA

1) Invasão Vertical
1) Invasão Vertical dos
dos Bárbaros
Bárbaros

2) Erros
2) Erros na
na Filosofia
Filosofia da
da Natureza
Natureza
3)
3) Brasil,
Brasil, um
um pais
pais sem
sem esperança?
esperança?

+) Brasil
4) Brasil um
um pais
país de
de excepção
excepção

Tôódas essas
Tôdas essas obras
obras são
são de
de autoria
autoria de
de

Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos Santos
dos Santos

Outras obras
Outras obras a
a sair
sair serão
serão oportunamente
oportunamente anunciadas.
anunciadas.

Edições da
Edições da EDITORA
EDITORA MATESE
MATESE

«Dicionário
«Dicionário de
de Filosofia
Filosofia ee Ciências
Ciências Culturais»,
Culturais», de
de Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos
Santos —
Santos — 4 4 vols.
vols. encadernados
encadernados — — 4.»
4.2 ed.
ed,
«Dicionário
«Dicionário dede Pedagogia
Pedagogia ee Puericultura»,
Puericultura», dede Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos
Santos
ee Yolanda
Yolanda Santos
Santos Burguete.
Burguete. —— 3 3 vols.
vols. encadernados.
encadernados.

«Origem dos
«Origem dos Grandes
Grandes Erros
Erros Filosóficos»,
Filosóficos», de
de Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos.
Santos.
«Protágoras», de
«Protágoras», de Platão
Platão (Obras
(Obras Completas
Completas de
de Platão)
Platão) —
— Trad
Trad e
e notas
notas
de Mário
de Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos.
Santos.
«lsagoge», de
«Isagoge», Porfírio, o
de Porfirio, o Fenício
Fenício —
— Trad,
Trad. notas
notas ee comentários
comentários de
de Má­
Máã-
rio Ferreira
rio Ferreira dos
dos Santos.
Santos.
«Das
«Das Categorias»,
Categorias», de
de Aristóteles
Aristóteles —
— Trad,
Trad. notas
notas e
e comentários
comentários de
de Mário
Mário
Ferreira dos
Ferreira dos Santos.
Santos.
«Pitágoras e
«Pitágoras e o
o Tema
Tema do
do Número»,
Número», de
de Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos
Santos —
— 2.»
2.2 ed.
ed.
«Parmênides», de
«Parmênides», de Platão, com notas,
Platão, com notas, trad,
trad. e
e comentários
comentários de
de Mário
Mário Fer­
Fer-
reira
reira dos
dos Santos
Santos —— (Obras
(Obras Completas
Completas dede Platão)
Platão) —
— 4.»
4.º ed.
ed.

«Erros
«Erros na
na Filosofia
Filosofia da
da Natureza», de Mário
Natureza», de Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos.
Santos.
•4«
«Grandezas ee Misérias
«Grandezas Misérias da
da Logística»,
Logística», de
de Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santcs.
Santcs.
«Invasão Vertical
«Invasão Vertical dos
dos Bárbaxos»,
Bárbaros», de
de Mário
Mário Ferreira
Ferreira dos
dos Santos.
Santos.

1.» edição
edlç&o

ADVERTÊNCIA
ADVERTÊNCIA 40
AO LEITOR
LEITOR
Sem dúvida,
Sem dúvida, para
para aa Filosofia,
Filosofia, oo vocabulário
vocabulário éé de de
máxima importância
máxima importância e, e, sobretudo,
sobretudo, oo elemento etimoló-
elemento etimoló­
gico da
gico da composição
composição dos
dos têrmos.
têrmos. Como,
Como, na ortografia
na ortografia
actual, são dispensadas
actual, são dispensadas certas consoantes
certas consoantes (mudas,
(mudas, en-
en­
tretanto, na
tretanto, na linguagem
linguagem de hoje), nós
de hoje), nós as as conservamos
conservamos
apenas
apenas quando
quando contribuem
contribuem para
para apontar
apontar étimosétimos que
que
facilitem
facilitem aa melhor
melhor compreensão
compreensão da formação aistórica
da formação histórica
do térmo
do empregadc, e
têrmo empregadc, e apenas
apenas quando
quando julgamos
julgamos con- con­
veniente
veniente chamar
chamar aa atenção
atenção do leitor para
do leitor para êles.
eles. Faze-
Faze­
mcs
mos esta observação sômente
esta observação sòmente para para evitar
evitar aa estranheza
estranheza
que possa causar
que possa causar a a conservação
conservação de tal
de tal grafia.
grafia.

Mário Ferreira
Mário Ferreiro dos
do* Santos
Santos

TODOS
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
OS DIREITOS RESERVADOS

Este livro
Sste foi composto
livro foi composto ee impresso
impresso para
para aa Editôra
Editôra MATESE,
MATESE, nana
Gráfica ee Editôra
Gráfica Editôra MINOX
MINOX Ltda.,
Ltda., Av.
Av. Eng.
Eng. Armando
Armando dede Arruda
Arruda Pe-
Pe­
reira. 665
reira. 665 —— Jabaquara
Jabaquara — — SAOSÃO PAULO.
PAULO.
O0 Prof.
Prof. Mário
Mário Ferreira dos Santos
Ferreira dos Santos ter­
ter-
minava aa correção
minava das provas
correção das provas da presente obra,
da presente obra,
quando faleceu
quando faleceu sàbitamente
subitamente aa I11I de
de abril de
abril de

1968.
1968. Publicamos êste
Publicamos êste livro
livro póstumo
póstumo com
com

profunda emoção.
profunda emoção.

A EDITORA
A EDITORA
IÍNDICE
NDICE

Panorama Geral
Panorama Geral .......ccccsccstrccrccerera neo renroo ereras
..................................................................'............ 117

Da Analogia
De Analogia Universal
Universal ....................................................................
......ccccicccccceecrcasee cercerrcs 2323

As Leis
As Leis Eternas
Eternas ..... enero rrn cerca cara ra soar aca ser tosa dr
............................................................................. 2929

Do Ser
Do Ser aa se
se e
e do
do ser
ser ab
ab alio .............cccccreccrtrerrero
alio ........................................................ 3737

Contextos Gama
Contextos Gama e
e Delta
Delta ..............................................................
............. renas Cecerrantiave 535
55
Las Divisões
Das Divisões do
do Ser
Ser .........c.lcccirrcrcers rece rererrracs
....................................................................... o67

OO Logos
Logos Spermatikós
Spermatikós ...... RP erererrencas .
..................................................................... 9191

OOum
um Supremo
Supremo —— As Oposições .......cccessrtrevea
As Oposições veres
................................................. 997

Problemática da Filosofia
Problemática da Filosofia Concreta
Concreta —
— Substância
Substância e
e Accidente
Accidente
em Esquemas da
em Esquemas da Filosofia
Filosofia Positiva
Positiva Clássica
Clássica .........
.................: 105
Argumentos dos Escolásticos
Argumentos dos Escolásticos em
em Defesa da sua
Defesa da sua tese
tese ........
............. 122
322
Problemática da Substância
Problemática da Substância ............ Cerrrrrrerea cerrroo
........................................................ 123
123
Análise Concreta
Análise da Substância
Concreta da Substância ee do
do Accidente
Accidente .......................
............. 124
124
Escólios
Escólios ...iccccrs... PPP nerrea
............................................................................................. 128
128
Teses da
Teses Filosofia Concreta
da Filosofia sóbre aa Substância
Concreta sôbre Substância ee o
o Accidente
Accidente 131
131
Escólios ....cccccreccas
Escólios Ceseeriariceaa raras c ee reeraress
.............................................................................................. 136
136
A Substância
A Substância ee os
os Modos para Suarez
Modos para Suarez ......crecrerercrenoa
...................................... 141
141
Osf Modos
O Modos da
da Quantidade
Quantidade ee da
da Qualidade
Qualidade para Suarez .............
para Suarez ........ 146
146
Síntese do
Sintese do Pensamento
Pensamento de Suarez .............................................
de Suarez ...........ccrcccicescstoa 147
147

A Problemática
A Problemática dodo Acto
Acto ee da
da Potência
Potência em em Esquemas
Esquemas da da Filo-
Filo­
sofia Positiva
sofia Positiva Clássica
Clássica ........... Creca seas rasa sacera
........................................................ 153
153
Problemática da
Problemática da Limitação do Acto
Limitação do Acto pela
pela Potência
Potência ...........
................... 156
156
Da Limitação
Da da Potência
Limitação da Potência pelo
pelo Acto
Acto ............... RPPN .
........................................... 158
158
Demonstração da
Demonstração da Sexta Sentença
Sexta Sentença ...........c-cilcclco cio o. .... 139
............................................... 159

Crítica de
Critica de Fuetscher
Fuetscher &
à Doutrina Tomista de
Doutrina Tomista de Acto
Acto ee Potência
Potência ..
.. 164
164
Critica ce Fuetscher
Crítica Ge Fuetscher à à Teoria Tomista da
Teoria Tomista da Distinção
Distinção Real Real de de
Acto
Acto e e Potência
Potência ........cccccsccicisrcrerarcoerecnaas
........................................................................ 171
171
O Problema
O Problema dos Universais ............................................................
dos Universais ...........cccccccccsccesrreccero .... 178 178
Da Limitação
Da Limitação do
do Acto
Acto pela Potência .........cccccecercreerer
pela Potência.................................................. 179
179
Algumas Objeções
Algumas Objeções Apresentadas
Apresentadas àà Tese Tomista
Tese Tomista ........... .... ISO
................... 180

Critica Escotista do
Critica Escotista do Axioma
Axioma da
da Multiplicação
Multiplicação do
do Acto
Acto ....... 184
.................184
Da Unidade
Da Unidade do Acto ...........................................................................187
do Acto .ecicccccicccc ci ccecererscesrraniresco 187
4 >.
Passagem da
Passagem Potência ao
da Potência ao Acto
A c to ........cicesciseacirocacarees 1k8
........................................................... 1*8
Análise Dialéctico-Concreta
Análise Dialéctico-Concreta de
de Acto
Acto e
e P
Potência .............. 197
o tên cia..............................1^7
A Distinção
A Distinção entre Acto e
entre Acto e Potência.................................................
Potência ..........ccsceccccscrieeos .....203 203

Sintese da
Síntese da Critica
Crítica dos
dos Adversários
Adversários da Posição Escotista
da Posição ....
Escotista ------- 2u4
2U4
Crítica Dialéctico-Concreta
Critica ..........ccccccsclsisscisceccero . .....206
Dialéctico-Concreta ............................................................ 208

Da Natureza
Da Natureza e
e da Limitação do
da Limitação Acto e
do Acto e da Potência .......... .....2S.8
da Potência................. 218

Da Multiplicidade
Da Multiplicidade ee da
da Unidade
Unidade do Acto .......csccccsssos
do Acto 223
.................................. .....223
Da Passagem
Da Passagem da Potência ao
da Potência ao A
Acto ................. ecc .....225
c to ................................................. 225

Comentários Finais
Comentários ..........ccccciiccrcecerisre crencas .....226
Finais ......................................................................... 226
PANORAMAA GERAL
PANORAM GERAL

Iniciamos :gora aa examinar


Iniciamos agora intensistamente os
examinar intensistamente os temas
temas matéticos,
matéticos,
alguns
alguns jájá abordados
abordados anteriormente.
anteriormente. Surgira uma nova
Surgira uma nova problemá­
problemá-
tica, que,
tica, na parte
que, na parte sintética,
sintética, n não nos permitiria
lo nos permitiria oferecer
oferecer resposta
resposta
satisfatória. Principiaremos,
satisfatória. Principiaremos. por indicar oo caminho
por indicar caminho parapara oo exa-
exa­
me, dentro
me, dentro dede um
um rigor
rigor dialéctico,
dialéctico, dede tudo
tudo o o que
que nos falta para
nos falta para
clarear oo que
clarear que éé obscuro,
obscuro, e,e, buscaremos,
buscaremos, onde
onde estão, necessâriamente,
estão, necessàriamente,
os elementos
os elementos dosdos quais
quais carecemos
carecemos para atingir oo fim
para atingir fim desejado:
desejado: oo
de ter
de ter resposta
resposta satisfatória
satisfatória àsàs perguntas
perguntas especificadas
especificadas pelapela nossa
nossa
mente, ee que
mente, que nos
ncs inquietam
inquietam até até um
um certo ponto, ee porisso,
certo ponto, porisso, exigem
exigem
soluções, porque
soluções, porque não nos sentiremos
não nos sentiremos em pleno equilíbrio,
em pleno equilíbrio, enquanto
enquanto
permanecermos nesse
permanecermos nesse estado
estado emem que
que aa mente
mente interroga
interroga ee não en-
não en­
contra aa resposta
contra resposta justa,
justa.

Temos nos
Temos nos esforçado,
esforçado, tanto
tanto quanto
quanto nos tem sido
nos tem sido possível,
possível, em
em
afastar aa presença
afastar presença dodo axioantropológico
axioantropológico na na especulação filosófica.
especulação filosófica.
Não
N ão que nos coloquemos
que nos coloquemos ao ao lado
lado daqueles
daqueles que que julgam
julgam que que aa
nossa
nossa mente
mente possui uma estructura
possui uma totalmente outra
estruetura totalmente outra daquela
daquela queque
constitui
constitui aa estructura
estruetura cósmica, de que
cósmica, de que aa nossa
nossa mente esteja abis-
mente esteja abis­
salmente separada
salmente separada de de tudo
tudo mais,
mais, ee que
que asas suas
suas construções
construções sejam,
sejam,
consegiientemente, inadequadas
conseqüentemente, inadequadas àà realidade
realidade das coisas.
das coisas.

Aquéles
Aquêles queque sese colocam nesta posição
colocam nesta posição não
não aa justificam
justificam senão
senão
pelas nossas
pelas nossas deficiências,
deficiências, oo que não éé bastante
que não bastante para
para afirmar
afirmar que
que

há entre
entre nós
nós ee aa verdade
verdade umum abismo inflanqueável, insuperável
abismo inflanqueável, insuperável
pelas nossas
pelas nossas fôrças.
fôrças. EE nãonão procede
procede esta
esta argumentação
argumentação sôbre
sôbre aa
qual
qual sese fundamentam
fundamentam os os que
que põem
põem em dúvida oo valor
em dúvida da nossa
valor da nossa
mente,
mente, porpor uma
uma razão
razão muito
nuito simples:
simples: porque
porque não podem êles,
não podem êles,

19
— 17 —

fundados apenas
fundados apenas em alguns aspectos
em alguns parciais ee contingentes
aspectos parciais contingentes esta-
esta­
belecer ou
belecer ou tirar conclusões necessárias,
tirar conclusões necessárias, porque estariam forçando
porque estariam forçando
uma consequência não
uma consequência não contida
contida nas
nas premissas.
premissas.

Estariam, assim,
Estariam, assim, tirando
tirando mais
mais do do menos,
menos, concluindo acima das
concluindo acima das
possibilidades.
possibilidades. Dee qualquer
D qualquer forma,
forma, seja qual fôr
seja qual fôr aa relação
relação entre
entre
nós
nós ee aa verdade
verdade das das coisas, há de
coisas, há haver uma
de haver uma analogia,
analogia, ee se se háhá
uma
uma analogia,
analogia, há, necessâriamente, um
há, necessariamente, um logos analogante, uma
logos analogante, uma
ratio, uma
ratio, uma lei lei que
que analoga,
analoga, nós
nós ee tudo
tudo mais,
mais, inclusive
inclusive aa própria
própria
verdade
verdade de de nós
nós mesmos.
mesmos. Ora, Ora, sese o o ser
ser humano
humano não não fôsse
fôsse defi­
defi-
ciente, não
ciente, não encontrasse
encontrasse dificuldade
dificuldade em em saber,
saber, nãonão fôsse animado
fôsse animado
pelo desejo
pelo desejo de de conhecer
conhecer aa verdade,
verdade, não não se se espantaria
espantaria ante
ante as as
coisas do
coisas do mundo,
mundo, porqueporque as as desconhece,
desconhece, nem nem jamais construiria
jamais construiria
aa Filosofia.
Filosofia. Esta, Esta, surge
surge porque
porque éé precisamente
precisamente oo homem homem um um ser ser
que se
que se admira
admira das das coisas
coisas do
do mundo,
mundo, ee de si mesmo,
de si mesmo, porque
porque nãonão éé
capaz de
capaz de responder
responder imediatamente
imediatamente aa tôdas tôdas as as perguntas
perguntas que que as as
coisas lhe propõem,
coisas Ihe propõem, porque porque nãonão aquieta
aquieta aa sua mente quando
sua mente quando ela ela
se
se coloca perplexa ante
coloca perplexa ante os
os acontecimentos.
acontecimentos.

Dois problemas se
Dois problemas se oferecem
oferecem desdedesde início ao homem:
início ao homem: se se as
as
coisas são, ee finalmente,
coisas são, finalmente, o o que
que sãosão asas coisas.
coisas. Chamavam
Chamavam os os an-
an­
tigos aa primeira
tigos primeira de pergunta an
de pergunta art s7t,
sit, que
que quer
quer dizer
dizer se
se é,é, ee chama-
chama­
vam àà segunda
vam segunda pergunta
pergunta quid
guid sit,
sit, 0o que
que é.é.

Naa verdade,
N verdade, tôdatôda filosofia humana gira
filosofia humana gira em
em tôrno
tôrno destas
destas duasduas
perguntas. Todo
perguntas. Todo oo afã afã organizado,
organizado, todo todo oo esfôrço que oo homem
esfôrço que homem
empreendeu tendem
empreendeu tendem aa responder
responder aa estasestas duas perguntas: se
duas perguntas: se aa coisas
coisas
são, ee oo que
são, que são as coisas.
são as coisas. Em suma, tôda
Em suma, tôda aa Filosofia
Filosofia pode resu-
pode resu­
mir-se aí.
mir-se aí. EE parapara saber
saber oo que
que elas
elas são,
são, o o homem
homem tem tem dede conhecê-
conhecê-
“las, não
-las, não só só na
na sua intimidade, mas,
sua intimidade, mas, também,
também, nas nas relações
relações queque elas
elas
possam ter
possam ter com
com as as outras,
outras, ee esta
esta éé aa razão porque tem
razão porque tem dede saber
saber
de
de onde
onde elaselas principiam,
principiam, oo que que as põe em
as põe em causa, porque elas
causa, porque elas são,
são,
em
em que consiste oo seu
que consiste seu próprio
próprio ser, quais as
ser, quais relações de
as relações de semelhança
semelhança
que elas
que possam ter
elas possam ter comcom outras,
outras, ee também,
também, as as de
de diferença;
diferença; oo
ser humano
ser humano precisa,
precisa, parapara saber
saber o o que
que as as coisas
coisas são,
são, saber aos pou-
saber aos pou­
cos,
cos, nana proporção
proporção de de suas fôrças, tudo
suas fôrças, tudo oo queque contribui para que
contribui para que
asas coisas
coisas sejam
sejam oo que que elas são.
elas são.


— 1818 ——
Conseguentemente, êle,
Conseqüentemente, êle, procurando saber oo que
procurando saber que elas
elas são.
são,
terá, inevitavelmente,
terá, inevitâvelmente, de de dirigir-se
dirigir-se aos princípios. Ou
aos princípios. Ou seja,
seja, de
de
onde elas
onde elas começam
começam aa serser oo que são.
que são. Inevitivelmente,
Inevitavelmente, tem
tem de
de se
se
colocar para
colocar para êle
êle aa idéia
idéia do princípio.
do princípio.

Nós,
N ao construismos
ós, ao construirmos aa Filosofia
Filosofia Concreta, partindo de
Concreta, partindo de umum
facto
facto dada experiência,
experiência, que que éé dede uma
uma evidência
evidência indiscutível
indiscutível parapara
nós, como
nos, como demonstramos
demonstramos de modo sobejo
de modo sobejo ee suficiente
suficiente em em nossa
nossa
obra “Filosofia
obra "Filosofia Concreta”,
Concreta”, que que sese reduz
reduz aa um um juízo:
juízo: “alguma
"alguma
coisa há”, , (guodiibet
coisa há” est), vimos,
( qi/odlibet est), vimos, então,
então, que,
que, porpor fôrça
fôrça dêste
dêste
juízo, dêle
juízo, retirando oo que
dêle retirando que de
de per
per se nêle está
se nêle incluído, implícita
está incluído, implícita
ee explicitamente,
explicitamente, deduzimos
deduzimos cêrcacêrca de
de 300 teses, que
300 teses, que são
são as
as fun-
fun­
damentais da
damentais da Filosofia, partindo de
Filosofia, partindo uma demonstração
de uma demonstração que, que, simul­
simul-
tâneamente, éé quia
taneamente, quia ee propter quid; portanto,
propter quid; portanto, umauma demonstração
demonstraçãc
que possui
que possui emem si si aa fôrça
fôrça máxima
máxima queque aa demonstração
demonstração pode ter,
pode ter,
como se
como se sabe
sabe pelos
pelos estudos
estudos dada Lógica
Lógica ((1).
1).

Partindo dêste
Partindo juízo, fomos
dêste juízo, fomos capazes de captar
capazes de o que
captar o que dá
dá oo
nexo real
nexo real aa tudo quanto há,
tudo quanto há, e,
e, dêste modo, construir
dêste modo, construir as
as base;
bases
do que
do que chamamos
chamamos de de “Filosofia Concreta”. .
"Filosofia Concreta”

Naquela obra,
Naquela obra, fizemos
fizemos aa marcha,
marcha, partindo
partindo de de algo
algo que
que szse
evidencia de
evidencia de modo
modo imediato,
imediato, intrinsecamente,
intrinsecamente, ee tambémtambém extrin-
extrin-
secamente, que
secamente, que reune
1eune todos
todos osos tipos
tipos de evidência, não
de evidência, não só pela
só pela
evidência interior,
evidência interior, como
como pela
pela exterior.
exterior. EE se se fomos prolixos no
fomos prolixos no
exame das
exame demonstrações naquela
das demonstrações naquela parte,
parte, o o fizemos
fizemos porque
porque se se tor-
tor­
nava necessário,
nava necessário, já já que
que aa perturbação
perturbação das das mentes,
mentes, que vem pro-
que vem prc-
cessando-se há
cessando-se há três séculos, levaria
três séculos, levaria muitos
muitos até até àà loucura, até àà
loucura, até
afirmação do
afirmação do sem-sentido,
sem-sentido, até até àà afirmação
afirmação da da contradição.
contradição. Pre-
Pre­
cisávamos provar
cisávamos provar aa validez
validez das
das nossas teses, até
nossas teses, fundando-nos na
até fundando-nos na
completa loucura,
completa loucura, porque
porque aa própria
própria insanidade,
insanidade, aa simples postu-
simples postu­
lação da
lação contradição ainda
da contradição ainda éé uma prova de
uma prova que guodlibes
de que quodlibet est,
est, que
que
alguma coisa
alguma há, porque
coisa há, porque aa proposta
proposta dessa
dessa contradição
contradição se se dá,
dá, por-
por­
que essa
que proposta infundada
essa proposta infundada sese testemunha.
testemunha.

(1)
(1) Em Filosofia Concreta
Em Filosofia usamos preferentemente
Concreta usamos preferentemente aa via
via ascen­
ascen-
dente, enquanto
dente, enquanto em
em nossas obras de
nossas obras de Matese
Matese damos
damos preferência
preferência àà
via descendente.
via descendente,



1919 ——
Não éé possível
Não possível fundando-se
fundando-se em em uma posição filosófica,
uma posição filosófica, mes-
mes­
mo
mo no no ficcionalismo
ficcionalismo mais mais extremado, derruir aa tes:
extremado, derruir tess fundamental
fundamental
da filosofia concreta.
da filosofia concreta. EE também,
também, não não éé possível,
possível, fundando-se
fundando-se
em
em nenhum
nenhum princípio racional, usar
princípio racional, usar aa razão
razão para destruir asas
para destruir
deduções
deduções ee conseqüências
consequências que que se se seguem apoditicamente desta
seguem apodlticamente desta
tese:
tese: as as verdades
verdades que que de de umum primeiro
primeiro momento
momento não são suspei­
nío são suspei-
tadas, mas
tadas, mas que,
que, nono decorrer
decorrer do do tempo,
tempo, pela análise da
pela análise da mente sôbre
mente sôbre
êste próprio
êste próprio juízo,
juízo, éé ela
ela capaz
capaz de alcançar ee que
de alcançar que são
são juízos téti-
juízos téti-
cos, os
cos, quais sese tornam
os quais axiomáticos para
tornam axiomáticos para aa análise
análise posterior.
posterior.

Mas
Mas aa Filosofia
Filosofia Concreta
Concreta não não se se completaria
completaria sese ela ela apenas
apenas
partisse ascendendo
partisse ascendendo da da nossa
nossa experiência
experiência aos princípios.
aos princípios. Ela
Ela ne­ne-
cessitava, também, percorrer
cessitava, também, percorrer aa via inversa, partir
via inversa, partir dosdos princípios
princípios
para aa nossa
para nossa experiência,
experiência, para para verificar,
verificar, seguindo
seguindo aa via descen-
via descen­
dente,
dente, se se os os resultados
resultados se se adequavam
adequavam entre entre si,si, se não surgiam
se não surgiam con­ con-
tradições,
tradições, se se não
não se imporia uma
se imporia uma nova problemática que
nova problemática que pudesse
pudesse
pôr em
pôr em risco
risco aquilo
aquilo que que jájá estava
estava estabelecido
estabelecido de de modo
modo rigozoso.
rigoroso.
EE oo que
que se se vê,vê, oo que
que se se prova,
prova, o o que
que se se tem
tem mostrado
mostrado na parte
na parte
sintética
sintética da da Matese
Matese éé aa validez,
validez, aa validez
validez irrefragável
irrefragável das das teses
teses
que,
que, apoditicamente,
apodlticamente, foram foram demonstradas
demonstradas naquela naquela obra. Então,
obra. Então,
para completar
para completar o o trabalho
trabalho que que havia
havia sidosido realizado
realizado na na “Filosofia
"Filosofia
Concreta”, , ela
Concreta” ela própria
própria exigia
exigia que que estudâssemos
estudássemos cs cs princípios.
princípios.
Surgiu,
Surgiu, assim,
assim, aa necessidade
necessidade de construir aa Matese
de construir Matese da da Filosofia
Filosofia
Concreta.
Concreta. Aproveitamos êste
Aproveitamos êste têrro
têrir.o Matese,
Matese, dos gregos, no
dos gregos, no velho
velho
sentido que
sentido que êle êle tem,
tem, de de suprema
suprema instrução,
instrução, de de supremo conheci-
supremo conheci­
mento, porque
mento, porque reconhecendo-se
reconhecendo-se os os princípios
princípios de de tôdas
tôdas as as coisas,
coisas,
das que
das que são são ee das des que
que não são, alcançaríamos
não são, alcançaríamos ao ao supremo
supremo conhe- conhe­
cimento cabível
cimento cabível ao ao homem,
homem, accessível
accessível aos aos iluminados
iluminados apenas apenas Dela oela
luz natural
luz natural da nossa razão,
da nossa razão, de de que
que seríamos
seríamos capazes
capazes de de alcançar.
alcançar.
Conhecemos
Conhecemos os nossos limites,
os nossos limites, ee sôbre
sôbre êles êles falaremos
falaremos oportuna-
oportuna­
mente; nós
mente; nós também
também sabemossabemos da da nossa grandeza ee das
nossa grandeza das possibilida-
possibilida­
des da
des da nossa
nossa inteligência,
inteligência, ee porisso
porisso nãonão renunciamos
renunciamos ao ao que
que éé nosso
nosso
ponto perfectível
ponto perfectível superior,
superior, porque
porque seria trairmos-nos, demitirno-
seria trairmos-nos, demitirmo-
-nos
-nos da da própria
própria humanidade
humanidade se se negássemos
negássemos aa capacidade
capacidade que que temtem
aa nossa
nossa mente de tanger as verdades, inclusive as verdades eter-
mente de tanger as verdades, inclusive as verdades eter­
nas, como já
nas, como já oo mostramos.
mostramos.


— 20 ——
20
A Matese,
A Matese, dêste dêste modo,
modo, torna-se
torna-se aa sabedoria
sabedoria dos princípios,
dos princípios,
enquanto princípios;
enquanto dedica-se aa examiná-los
princípios; dedica-se examiná-los e,e, necessàriamente,
necessâriamente,
teríamos de
teríamos de concluir
concluir que que êstes
êstes princípios,
princípios, sendo sendo afirmação
afirmação ee posi- posi-
tividade, que
tividade, que éé ser,
ser, ee outros,
outros, negatividade,
negatividade, não não positividade,
positividade, que que
éé não-ser,
não-ser, nos levariam fatalmente,
nos levariam fatalmente, àà construção
construção de de duas disci-
duas disci­
plinas:
plinas: aa primeira,
primeira, que que trata
trata do on, o
do on, onto:,
n t o aa Ontologia,
Ontologia, que que estu-
estu­
dará o
dará o logos
logos do ser enquanto
áo ser enquanto ser; ser; aa outrz estudaria oo "lo
outra, estudaria “logos”
gos" do do
não-ser, do
não-ser, do Meon,
Meon, aa Meontologia.
Meontologia. EE não não pararia
pararia aiai aa Matese,
Matese, por- por­
que 2ós,
que nós, não podendo nos
não podendo nos afastar
afastar do do humano,
humano, porqueporque somossomos
humanos, ee aa Filosofia
humanos, Filosofia éé uma uma construção
construção nossa, nossa, temos
temos de tratar
de tratar
oo homem
homem como como um um ser movido pela
ser movido pela inteligência
inteligência ee pela pela vontade,
vontade,
apto
apto aa frustrar
frustrar oo que que pode acontecer, aa frustrar
pode acontecer, frustrar o o que
que tem tem de de
fazer, preterindo
fazer, preterindo ee preferindo,
preferindo, realizando,
realizando, portanto,
portanto, escolhas,
escolhas, nas nas
quais êle
quais êle revelará
revelará os seus juízos
os seus juízos axiológicos,
axiológicos, e,e, conseqüentemente,
consequentemente,
teríamos
teríamos de estudar aquilo
de estudar aquilo que que oo homem
homem tem tem dede fazer,
fazer, como
como umauma
consequência
conseqüência do do seu
seu entendimento
entendimento ee da da suz vontade, porque
sua vontade, sendo
porque sendo
aa sua vontade aa oréxis
sua vontade oréxis racional
racional do bem, ee sendo
do bem, sendo oo seuseu entendi-
entendi­
mento
mento aa oréxis oréxis racional
racional da da verdade,
verdade, o o homem,
homem, necessâriamente,
necessàriamente,
impulsionado
impulsionado por por essas
essas duas
duas faculdades,
faculdades, estas duas potências,
estas duas potências, êsses
êsses
dois poderes
dois poderes de de buscar
buscar oo bem, bem, ee de buscar oo conhecimento
de buscar conhecimento da da
verdade, êle,
verdade, êle, necessàriamente,
necessáriamente, teria teria dede realizar
realizar duas
duas ciências;
ciências; aa
ciência
ciência que que busca
busca aa verdade,
verdade, aquela aquela que que sese dedica
dedica apenas
apenas às às
realizações do
realizações do entendimento
entendimento em em tôda
tôda aa sua sua pureza,
pureza, ee construíria
construiria
aa Filosofia
Filosofia ee Ciência
Ciência Especulativas,
Especulativas, ee aquela aquela que que éé ama
uma realização
realização
da sua
da sua vontade
vontade em em busca
busca do do bem,
bem, ee construiria
construiria aa Filosofia
Filosofia ee
Ciência Práticas.
Ciência Práticas.

— 2121 ——

CAP.
CAP. I I

DA ANALOGIA
DA A UNIVERSALL
N A LO G IA UNIVERSA

O ser
O ser humano,
humano, graças ao seu
graças ao seu entendimento,
entendimento, àà oréxis racional
orêxis racional
da verdade,
da verdade, constrói
constrói aa ciência
ciência especulativa,
especulativa, ee graças
graças àà vontade,
vontade, aa
oréxis racional
orêxis do bem,
racional do bem, constrói
constrói aa ciência
ciência prática.
prática.

A primeira
A primeira éé uma construção do
uma construção seu entendimento,
do seu entendimento, na busca
na busca
da
da verdade;
verdade; aa segunda
segunda éé uma
uma construção da vontade
construção da vontade nas
nas suas
suas
realizações. A
realizações. A primeira tem seu
primeira tem seu início no homem
início no homem enquanto
enquanto mera-
mera­
mente pensante, ao
mente pensante, ao realizar
realizar as obras do
as obras do seu
seu entendimento,
entendimento, aa se­se-
gunda, do
cunda, homem no
do homem no seu drama, na
seu drama, na sua
sua actividade,
actividade, nas
nas suas reali-
siias reali­
zações.
zações. O O homem,
homem, nas nas relações
relações com
com seus
seus semelhantes,
semelhantes, oo homem
homem
nas suas
nas suas relações
relações com
com o o mundo,
mundo, procura
procura vencer
vencer ee dominar,
dominar, ee
adaptá-lo às
adaptá-lo suas necessidades.
às suas necessidades.

As
As ciências
ciências especulativas foram chamadas
especulativas foram chamadas de ciências noéti-
de ciências noéti-
cas;
cas; ee as
as segundas,
segundas, as
as práticas, foram chamadas
práticas, foram chamadas as
as dianoéticas.
dianoéticas.

As ciências práticas,
As ciências práticas, que são construídas
que são construídas sôbre as realizações
sôbre as realizações
humanas, fundam-se
humanas, fundam-se na na vida do homem,
vida do homem, incluindo
incluindo oo que
que êle tem
êle tem
de fazer
de fazer {de (de habeo
habeo (ter
(ter de)
de) debeo)
debeo) oo seu seu dever,
dever, frustrável,
frustrável,
que vai
que vai construir
construir aa Deontologia,
Deontologia, ou ou aa ciência
ciência dodo dever-ser
dever-ser (deon).
(d eon ).
A Ética,
A Etica, aoao dedicar-se
dedicar-se aos
aos costumes
costumes ee às normas práticas
às normas práticas ee histó-
histó­
ricas, éé própriamente
ricas, propriamente aa Moral.Moral. E E ligadas
ligadas aa essas
essas disciplinas
disciplinas
estão tôdas
estão tôdas aquelas
aquelas queque jájá estudamos.
estudamos.

Não
Não háhã necessidade
necessidade dede nos prolongarmos na
nos prolongarmos análise da
na análise da ciência
ciência
especulativa
especulativa ee da prática, porque
da prática, porque já
já oo fizemos muitas
fizemos muitas vêzes.
vêzes.
O que
O que há necessidade éé de
há necessidade de volver
volver os nossos olhos
os nossos olhos agora
agora para
para oo



23 —
23 —
que constitui
que constitui prôpriamente
propriamente aa matéria
matéria dada Matese, que éé oo prin-
Matese, que prin­
cípio, oo de
cípio, de que um têrmo
que um têrmo dede certo
certo modo
modo procede, princípio que
procede, princípio que
podemos considerá-lo
podemos considerá-lo desde
desde os primeiros, desde
os primeiros, desde oo írais
irais remoto
remoto
de todos,
de todos, oo remotíssimo,
remotíssimo, até
até àqueles
âqueles princípios
princípios mais
mais próximos
próximos do
do
homem.
homem.

Os
Os primeiros
primeiros princípios,
princípios, os
os mais
mais remotos,
remotos, são os arkhai,
são os arkbai, os
os
mais antigos,
mais antigos, os
os principiais
principiais (os
(o s logoi
logoi arkhai
arkhai de que falavam
de que falavam os os
pitagóricos).
pitagóricos). A idéia
A idéia de princípio implica,
de princípio implica, necessáriamente,
necessàriamente, aa dede
principiado, porque,
principiado, porque, oo princípio
princípio éé princípio de alguma
princípio de alguma coisa,
coisa, ee
oo principiado
principiado éé aquêle
aquêle que
que de
de certo
certo modo
modo principia,
principia, ou
ou aquêle
aquêle que
que
tem um princípio.
tem um princípio.

H á uma relação entre
uma relação princípio ee principiado
entre princípio principiado de de prioridade
prioridade
ee posterioridade.
posterioridade. OO princípio
princípio éé serr.pre
sempre anterior
anterior ao principiado,
ao principiado,
que
que lheIhe éé posterior.
posterior. Têm Têm de de ser ambos distintos,
ser ambos distintos, porque
porque se se
princípio ee principiado
princípio principiado fôssem
fôssem oo mesmo,
mesmo, um um nãonão seria
seria oo prin­
prir-
cípio
cípio dodo outro,
outro, ee oo segundo
segundo nada nada mais
mais seria
seria queque oo primeiro;
primeiro;
portanto,
portanto, não não pode
pode haver
haver entre
entre êles
êles univocidade,
univocidade, mas, mas, também,
também,
entre
entre o o princípio
princípio ee oo principiado
principiado não pode haver
não pode haver um um abismo
abismo queque
os separe totalmente,
os separe totalmente, de de modo
modo queque um um fôsse
fôsse uma
uma afirmação
afirmação total­
total-
mente outra que
mente outra que oo outro.
outro. Deve haver entre
Deve haver entre êles
êles uma
uma conexão,
conexão,
deve
deve haver
haver entre
entre êles
êles umum iogos
iogos andlogante,
andogante, de forma que
de forma que aoao
tratarmos
tratarmos do do princípio,
princípio, teremos,
teremos, inevitivelmente,
inevitavelmente, de de nos
nos cingirmos
cingirmos
às leis
às leis da prioridade ee da
da prioridade da posterioricade,
posterioricade, leis sôbre asas quais
leis sôbre quais jájá
tratamos
tratamos na na parte sintética.
parte sintética. Nasas relações
N relações entre princípio ee prin­
entre princípio prin-
cipiado,
cipiado, regem, imperam, as
regem, imperam, as leis
leis dada prioridade
prioridade ee da posteriori-
da posteriori­
dade,
dade, os os mesmos
mesmos logoi.
logoi.

Assim, partindo
Assim, partindo do principiado, temos,
do principiado, temos, necessáriamente,
necessàriamente, de de
chegar
chegar aa um um princípio;
princípio; mas aquêle que
mas aquêle que éé princípio
princípio não tem,
não tem,
necessáriamente,
necessàriamente, de de realizar
realizar um principiado; do
um principiado; do mesmo
mesmo modo que
modo que
ao partir
ao partir dada posterioridade
posterioridade temostemos de de chegar
chegar aa um
um anterior, não
anterior, não
encontramos, porém,
encontramos, porém, aa mesma
mesma necessidade
necessidade dede que
que êste
êste anterior,
anterior,
para dar-se,
para dar-se, exija,
exija, necessâriamente,
necessàriamente, o o posterior.
posterior. Tal
Tal nãonão quer
quer
dizer que
dizer haja anteriores
que haja anteriores queque não
não sejam
sejam necessários, porque os
necessários, porque os
há.
há. A análise
A análise depois
depois nos nos mostrará
mostrará queque osos há;
há; não podemos
não podemos
porém, estabelecer
porém, estabelecer esta regra como
esta regra como um um logos
logos universal.
«niversd. EE então
então

—— 24 —
24 —
verificamos, também,
verificamos, também, que que se entre o
se entre o principio
principio ee oo principiado
principiado
não podemos
não estabelecer uma
podemos estabelecer uma univocidade total, também
univoridade total, também nãonão pode
pode
haver
haver entre
entre êles
êles equivocidade total.
equivocidade total. Os dois
Os cois têrmos
têrmos não podem
não podem
«er
ser absolutamente unívocos, mas
absolutamente unívocos, mas também
também nãonão podem
podem serser absolu-
absolu­
tamente equívocos,
tamente equívocos, pois
pois entre
entre êles deve haver
êles deve haver uma
uma conexão
conexão ee algo
algo
que os
que os assemelhe, algo que
assemelhe, algo que os analogue, um
os analogue, um logos
logos analogante.
andogante.

— Como
Como entr:
entre aa prioridade
prioridade ee aa posterioridade
posterioridade exige-se
exige-se também,
tarrbém,
um logos
um Jogos analogante,
analogante, ee esta
esta lei
lei éé aa lei
lei da
da relação,
relação, porque sabemos
porque sabemos
que as
que as relações
relações implicam,
implicam, necessáriamente,
necessàriamente, doisdois têrmos
têrmos positivos
positivos
ee um
um Jogos andlogante, que
logos andogante, que éé o o fundamento
fundamento da da relação, também,
relação, também,
para falar-se
para falar-se emem princípio
princípio ee principiado,
principiado, éé mister
mister queque ambos
ambos se-se­
jam reais
jam reais ee distintos,
distintos, ee teriam
teriam de de ser
ser distintos
distintos parapara que
que umum
pudesse receber
pudesse receber aà razão,
razão, oo logos
logos dede princípio,
princípio, ee oo outro
outro oo logos de
logos de
principiado.
principiado. Contudo, rão
Contudo, poderia entre
não poderia êles haver
entre êles haver uma uma sepa-
sepa­
ração absoluta,
ração absoluta, porque,
porque, então,
então, oo principiado
principiado estaria totalmente,
estaria totalmente,
absolutamente, desligado de
absolutamente, desligado de seu princípio; porisso
seu princípio; porisso éé que que aa equi­
equi-
vocidade absoluta
vocidade absoluta éé impossível.
impossível. H Háá necessidade
necessidade que que ambos
ambos se se
encontrem em
encontrem em algum
algum ponto;
ponto; êles
êles têm
têm de de ter entre sisi um
ter entre um têrmo
tèrmo
comum,
comum, ee êste
êste aponta
aponta oo logos analogante, oo logos
logos andogante, logos queque osos analoga.
analoga.

Podemos, pois, chegar


Podemos, pois, chegar àà idéia
idéia de
de umum princípio
princípio simpliciter,
simpliciler,
um princípio que
um princípio que nãonão provenha
provenha de qualquer outro.
de qualquer Este prin-
outro. Êste prin­
cípio Simpliciter
cípio simpliciter seria necessâriamente um
seria necessariamente um ser
ser aa se.
se. Tal não im-
Tal não im­
pede que
pede que haja
haja princípios que sejam
princípios que sejam oo têrmo
têrmo aa quo
gro dede outro,
outro, como
como
o éé oo ponto
o ponto em relação àà linha,
em relação linha, etc.
etc. Podemos
Podemos ainda
ainda estudar
estudar osos
princípios enquanto
princípios enquanto êles se dão
êles se fora de
dão fora nós, ee enquanto
de nós, enquanto êles
êles se
se
dão em
dão em nós.
nós. Os primeiros seriam
Os primeiros seriam o o princípio
princípio da
da coisa,
coisa, ee osos
segundos princípios
s-jgundos princípios dada nossa
rossa cognição, por exemplo.
cognição, por exemplo.

Se considerarmos
Se considerarmos oo princípio,
princípio, enquanto
enquanto princípio
princípio nana coisa.
coisa,
podemos vê-la
podemos vê-la sob dois aspectos:
sob dois aspectos: oo princípio
princípio quod,
quod, oo principio
principio
que opera, ee ainda
que opera, ainda podemos
podemos tomá-lo
tomá-lo como
como princípio
princípio quo,
quo, oo pelu
pele.
qual opera.
qual opera. E poderiamos
E poderíamos aindaainda dividir
dividir o o princípio
princípio quo,
quo, oo pelo
pelo
qual
qual êleêle opera,
opera, como
como princípio
princípio substancial,
substancial, queque éé um um principio
princípio
necessário, ee um
necessário, um «ccidenta,
iccidenta;. que
que éé um princípio contingente,
um princípio contingente, ee um um
absoluto, que
absoluto, que são
são os logo" asas leis
os logo' leis que regem as
que regem coisas. Se
as coisas. Se tomar-
tomar­
mos Oo princípio
mos princípio substancial,
substancial, Oo queque éé necessário,
necessário, Oo que
oue vai
vai cons-
cons­


— 2525 ——
tituir aa substância
tituir substância de
de alguma
alguma coisa,
coisa, vamos
vamos considerar
considerar êste
êste prin-
prin­
cípio como
cípio aquêle que
como aquêle que infunde
infunde um
um ser
ser àà coisa,
coisa, ee éé a& êste prin-
êste prin­
cípio que
cípio chamamos cama.
que chamamos cansa.
E esta
E causa poderá
esta. causa poderá ser.
ser. intrínseca
intrínseca, àà coisa, como são
coisa, como são as
as causas
causas
emergente,
emergente, das das quais
quais tratamos
tratamos nana “Filosofia Concreta”, ou_exttín-
"Filosofia Concreta", ou extrín-
secas
secas aa ela,
ela, como
como asas causas
causas predisponentes,
predisponentes, como como aa agente,
agente, aa; final,
final,
cca a circunstancial,
circunstancial, queque actuam,
actuam, também, sôbre aa coisa,
também, sôbre coisa, as
as quais
quais
jjáí examinamos.
examinamos.

Mas
M as aa forma
forma dede uma
uma coisa
coisa ainda pode ser
^rnda pode ser dividida
dividida nana subs-
subs-
lancial, ee na
Uncial, na meramente
meramente accidental,
accidental, que
que éé uma
uma espécie
espécie da
da qualidads;
qualidade*
A primeira
A substância apresenta-se
primeira substância apresenta-se de de dois
dois modos:
modos: aa substância
substância
henótica (de
henótica ben, u
(de hen, um),
m ), que
que éé uma substância simpliciier
uma substância simpliciter simples
simples
(como aa do
(como do Ser Supremo),
Ser Suprem o), que
que já analisamos, ee aa substância
já analisamos, substância
bólica (de
Jjólica (de holos),
bolos), queque éé aa de
de composição,
composição, secundum
secundum quid,
quid, que
que
éé um
um princípio
princípio de de tensão,
tensão, que
que revela
revela umauma coerência
coerência ee realiza
realiza
um império,
um império, queque aa distingue,
distingue, pelos
pelos seus
seus graus,
graus, umas das outras,
unias das outras,
ee que
que merece
merece um um estudo
estudo àà parte.
parte.

Chegamos, então,
Chegamos, então, àà conclusão
conclusão de que, nas
de que, nas causas
causas intrínse-
intrínse­
cas ee extrínsecas,
cas encontramos algo
extrínsecas, encontramos algo que
que éé necessário
necessário dada coisa,
coisa,
sem aa qual
sem qual aa coisa
coisa não
não éé oo que
que ela é.
ela é,

Vimos, também,
Vimos, também, que que há,há, nas
nas coisas,
coisas, algo
algo que
que éé absoluto
absoluto
delas, que
delas, que não
não constitui
constitui aa sua sua tectônica,
tectônica, mas
mas que
que àa rege
rege total-
total­
mente, que
mente, que são
são as leis, os
as leis, os logoi,
Jogoi, enquanto leis, às
enquanto leis, às quais
quais elas
elas obe-
obe­
decem infrustràvelmente,
decem infrustrâvelmente, porque
porque exercem
exercem império absoluto.
império absoluto.

Essas leis
Essas leis passam,
passam, porpor sua
sua vez,
vez, aa ser
ser objecto
objecto de pesquisa
de pesquisa
snatética.
matética. Elas
Elas regem
regem tôdas
tôdas as coisas em
as coisas tôdas as
em tôdas esferas de
as esferas de
realidade; são
realidade; leis que
são leis que não podem, de
não podem, de modo algum, serem
modo algum, setem frus-
frus­
tradas.
tradas. Não podemos
Não podemos delasdelas nos
nos esquivar,
esquivar, nem nós, nem
nem nós, nem coisa
coisa
alguma.
alguma. São leis
São leis que regem, desde
que regem, desde oo início,
início, tôdas as coisas;
tôdas as são
coisas; são
leis principiais,
leis principisis, sãosão logoi
logo arkbai, cuja especulação
arkkai, cuja especulação emem tômo
tômo delas,
delas,
como dissemos, éé um
como dissemos, desafio àà argúcia
um desafio argúcia humana.
humana.

Encontraremos, assim,
Encontraremos, assim, princípios
princípios queque vão
vão se manifestar nas
se manifestar nas
quatro principais
quatro principais esferas,
esferas, sôbre
sôbre as quais trabalha
as quais trabalha aa nossa
nossa mente.
mente.
Encontraremos leis
Encontraremos leis que
que regem
regem asas coisas
coisas na sua onticidade.
na sua Dentre
onticidade. Dentre


— 2266 —

estas, frustráveis
c?tas, frustráveis ee não
não frustráveis, encontramos leis
frustráveis, encontramos leis lógicas,
lógicas, ee
nelas incluídas,
nelas incluídas, leis
leis indefectíveis, leis indesviáveis,
indefectíveis, leis indesviáveis, leis
leis das
das quais
quais
não
n nos podemos
lo nos afastar, se
podemos afastar, se quisermos
quisermos manter
menter rectamente
rectamente oo nosso
nosso
juízo. Encontraremos
juízo. Encontraremos leis ontológicas, leis
leis ontológicas, que regem
leis que regem oo ser ser en-
en­
quanto ser,
quanto que são
ser, que princípios válidos
são princípios válidos depois
depois para
para oo lógico
lógico ee para
para
oo ôntico
ôntico e,e, -finalmente,
finalmente, as as leis
leis matéticas,
matéticas, leis
leis que
que sãosão aa própria
própria
glória ee esplendor
glória esplendor dosdos princípios,
princípios, dosdos princípios
princípios supremos,
supremos, do do
princípio remotíssimo,
princípio remotíssimo, do do princípio
princípio dodo princípio.
princípio.

Buscar estas
Buscar estas leis,
leis, descobrí-las,
descobri-las, éé ao ao mesmo
mesmo tempo
tempo evidenciar
evidenciar
aa conexão
conexão queque há ná entre
entre elas.
elas. Há uma
Há uma ordem
ordem ee subordinação
subordinação das das
leis Ônticas
leis ônticas às às lógicas,
lógicas, destas
destas às às ontológicas,
ontológicas, ee destas
destas às às matéticas.
matéticas.
Esse conhecimento
Êsse conhecimento revela-se-nos
revela-se-nos não não como
como uma uma criação
criação do do nosso
nosso
espírito, mas
espírito, apenas como
mas apenas como uma uma descoberta
descoberta que que se se ilumina
ilumina àà
nossa mente.
nossa mente. Chegamos aa elas
Chegamos elas por
por umauma intuição
intuição apofântica,
apofântica, por por
uma intuição
uma intuição iluminadora,
iluminadora, pox por uma uma .intuição que nos
intuição que revela aa
nos reveli
verdade dessas leis,
verdade dessas que não
leis, que não são arbitrárias, que
são arbitrárias, que nãonão são são tma
üma
criação, nem do
criação, nem nosso entendimento,
do nosso entendimento, nem nem da da nossa vontade, mas
nossa vontade, mas
que ultrapassam aa nossa
que ultrapassam nossa vontade
vontade ee oo nosso
nosso entendimento,
entendimento, ao ao mes-
mes­
mo
mo tempo
tempo que que imperam
imperam sôbre êles, como
sôbre êles, como bembem oo sentiram
sentiram Santo Santo
Agostinho ee São
Agostinho São Tomás
Tomás (Summa Theologica -- 1I -- 11II 9:90
(Sumnia Theologica 9 :9 0 ee 95).
9 5 ).

27
—27 —

CAP. II
CAP. TI

AS LEIS
AS LEIS ETERNAS
ETERNA S

A arkhê
A arkhê era
era aa meta de tôda
meta de tôda aa filosofia
filosofia pré-socrática
pré-socrática grega,
grega,
que buscava
que buscava oo princípio
princípio ou
ou os
os princípios de tôdas
princípios de tôdas as
as coisas.
coisas.

Podemos falar em
Podemos falar em princípios
princípios próximos
próximos ee princípios remotos,
princípios remotos,
inclusive de
inclusive de um princípio remotíssimo,
um princípio remotíssimo, ee queque princípio último
princípio último
só pode
só pode ser
ser por
por nós
nós considerado,
considerado, não
não nono sentido
sentido dada ulterioridade
ulterioridade
final, aa ulterioridade
final, ulterioridade que que alcança
alcança oo têrmo
têrmo final,
final, mas,
mas, sim,
sim, oo têrmo
têrmo
inicial, oo têrmo
inicial, têrmo realmente
realmente ee verdadeiramente
verdadeiramente primeiro.
primeiro.

Verificamos que
Verificamos que há
há princípios
princípios lógicos, ontológicos ee matéti-
lógicos, ontológicos matéti-
cos, ee que
cos, que oo princípio não diz,
princípio não necessáriamente, que
diz, necessàriamente, que éé êle causa
êle causa
da coisa,
da coisa, mas
mas apenas
apenas de onde aa coisa
de onde coisa principia,
principia, ee que
que um princípio
um princípio
próximo, intermédio entre
próximo, intermédio entre próximo, mais próximo
próximo, mais próximo eé mais
mai» remoto,
remoto,
não
não pode ser oo têrmo
pode ser têrmo de início de
de início de alguma coisa tomada
alguma coisa tomada determi-
determi­
nadamente.
nadamente.

Então, aproveitando-nos
Então, aproveitando-nos da terminologia matética
da terminologia matética ee dos dos con-
con­
ceitos matéticos,
ceitos matéticos, já já elaborados
elaborados na na parte
parte sintética,
sintética, lembremo-nos
lembremo-nos da da
expressão têrmo,
expressão têrnio, que, em grego,
que, em grego, éé horos,
horos, que significa um
que significa um indice
índice dede
determinabilidade,
determinabilidade, algo algo que pode receber
que pode receber umauma determinação
determinação ou ou
ter uma determinação.
ter uma determinação. Desta D esta forma,
forma, têrmo
têrmo nãonão sósó indica
indica aquilo
aquilo
que tem
que tem positividade,
positividade, presença,
presença, como
como éé oo caso
caso dodo ser,
ser, mas
mas tam-
tam­
bém pode
bém referir-se, indicar
pode referir-se, indicar oo que
que não
não tem presença, nem
tem presença, nem éé afir-
afir­
mativo, nem positivo,
mativo, nem positivo, como
como oo nada. Éste também
nada. Êste também éé têrmo, por-
têrmo, por­


— 29 —
29 —
que também
que indica uma
também indica uma determinabilidade,
determinabilidade, algo que pode
algo que pode ser
ser
determinado por
determinado nós, como
por nós, como o o que
que ou ao qual
ou ao qual se
se recusa tôda pre-
recusa tôda pre­
sença, tôda
sença, tôda positividade,
positividade, tôda
tôda afirmação.
afirmação.

Neste caso, oo princípio


Neste caso, princípio do
do ser, considerado matèticamente
ser, considerado matêticamente co-
co­
mo um
mo um têrtno,
têrmo, seria
seria indice
índice de uma de:erminabilidade,
de uma dererminabilidade, em que oo
em que
princípio seria
princípio seria oo de
de um
um têrmo
têrmo do
do qual procede algo,
qual procede algo, pois o pri-
pois o pri­
meiro princípio
meiro princípio necessáriamente será causa
necessariamente será causa eficiente.
eficiente.

O conceito
O conceito de de princípio,
princípio, tomado
tomado indeterminadamente,
indeterminadamente, não não
exige que
exige que seja
seja êle
éle causa
causa de de um
um principiado;
principiado; que que o o ser
ser dodo prin-
prin­
cipiado
cipiado sejaseja necessàriamente
necessiriamente infundidcinfundide pelopelo princípio
princípio próximo.
próximo.
Temos oo exemplo
Temos exemplo do ponto, que
do ponto, que éé têmmo
têrmo dada linha,
linha, ee sese éé ini-
ini­
ciante éé princípio
ciante princípio da da linha,
linha, não
não causa
causa dada linha.
linha. O O porto final
poeto final
éé têrmo
têrmo da da linha,
linha, deixa
deixa de de ser princípio para
ser princípio para serser final.
final. É É fá-
fá ­
cil compreender-se
cil compreender-se agora agora queque um têrmo só
um têrmo só pode
pode ser
ser chamado
chamado de de
princípio quando
princípio quando dêle, dêle, de de certo modo, procede,
certo modo, procede, ee aa causa,
causa, que
que
infunde ser
infunde ser aa alguma
alguma coisa,
coisa, éé também
também princípio,
princípio, masmas apenas
apenas no no
seu aspecto
seu aspecto genérico,
genérico, pois pois aa causa
caosa éé uma
uma espécie
espécie de de princípio.
principio.

Conseguentemente,
Conseqüentemente, oo princípio nos apresenta
princípio nos apresenta uma
uma série
série de as-
de as­
pectos que
pectos podemos classificar
que podemos classificar segundo
segundo os os contrários,
contrários, ee também
também
segundo os
segundo os contraditórios.
contraditórios. Por Por exemplo,
exemplo, tomemos
tomemos oo princípio
princípio
que éé causa,
que causa, ee oo princípio,
princípio, que
que não
não éé causa
causa de
de alguma
alguma coisa.
coisa. D Doo
primeiro, temos,
primeiro, temos, então,
então, oo princípio
princípio quo,
qtto, oo princípio
principio pelo
pelo qual
qual algo
algo
opera.
opera.

Vimos que
Vimos que há
há oo substancial
substancial ee oo accidental, o que
accidental, o que correspon-
correspon­
de às
de às chamadas
chamadas causas
causas intrínsecas
intrínsecas ee extcinsecas,
extrínsecas, ou emergentes ee
ou emergentes
predisponentes, das
predisponentes, das quais já tratamos.
quais já tratamos.

Temos de
Temos de estabelecer
estabelecer aa diferença
diferença entre
entre princípio
princípio per per sese ee
princípio per
princípio per accidens.
accidens, São conceitos perfeitamente
São conceitos perfeitamente claros, sôbre
claros, sôBre
os quais já
os quais já tratamos,
tratamos, porque
porque jájá falamos
falamos em em causas per se
causas per se ee causas
causas
per accidens.
per accidens. Tôda causa per
Tôda causa per se ou per
:e ou per accidens
accidens éé genêricamente
genèricamente
um princípio,
um princípio, masmas espécie
espécie nas
nas suas
suas diferenças
diferenças de ser per
de ser per sese ou
ou
de ser
de ser per
per accidens.
accidens. Mas,Mas, há outro exemplo
há outro exemplo forafora das causas,
das causas,
quando o
quando o princípio
princípio nãonão éé verdadeiramerte causa, quando
verdadeiramente causa, quando oo prin­
prin-
cípio éé apenas
cípio apenas um um têrmo
têrmo iniciante.
iniciante.


— 3030 —

Tomemos alguns
Tomemos alguns postulados
postulados da
da Matese
Matese já
já examinados,
examinados, como:
como:
aa afirmação
afirmação éé princípio
princípio per se da
per se da afirmação,
afirmação; aa negação
negação éé prin-
prin­
cípio
cípio per se da
per se da negação.
negação. Estes dois axiomas
Êstes dois axiomas podem ser enun”
podem ser enurP
ciados de outros
ciados de outros modos:
modos: àa afirmação
afirmação éé princípio
princípio per
per se
se da
da afir-
afir-
ração,
nação, éÉ princípio
princípio perper accidens
accidens ca
ca negação;
negação; ouou seja,
seja, de
de uma
uma
afirmação
afirmação sósó poce por accidente
pode por accidente surgir
surgir uma
uma negação.
negação. D Daíaí de-
de­
correriam êstes dois
correriam êstes novos postulados:
dois novos postulados: aa afirmação
afirmação pode
pode ser
ser prin-
prin­
cípio per
cípio per accidens
accidens dada negação,
negação; aa negação
negação pode
pode ser princípio per
ser princípio per
accidens da
accidens da afirmação.
afirmação.
Estes dois
Êstes dois novos
novos axiomas
axiomas vãovão encontrar
encontrar demonstrações,
demonstrações, por-por­
que sendo
que sendo aa afirmação
afirmação princípio
princípio per se da
per se da afirmação,
afirmação, não poderia
não poderia
ser princípio
ser princípio da negação, a
da .legação, a não
não serser per accidens, e
per accidens, e em
em segundo
segundo
lugar, porque
lugar, porque encontramos
encontramos na na experiência,
experiência, ee também
também como
como uria
ur.ia
decorrência rigorcsa
decorrência rigorosa das nossas investigações
das nossas investigações especulativas,
especulativas, exem-
exem­
plos para
plos para corroborar êste postulado.
corroborar êste postulado. Assim,
Assim, o o nada privativo
nada privatho
sósó pode
pode decorrer
decorrer do ser per
do ser per accidens,
accidens, nunca
nunca per per se, como vimos
se, como vimos aoao
tratar
tratar do do nada.
nada.
Pergunta-se: aa presença
Pergunta-se: pode ser
presença pode ser princípio
princípio per
per accidens
accidens Gede
uma privação?
uma privação? A presença
A presença pode
pode privar uma coisa
privar uma coisa de alguma cci-
de alguma coi­
sa, mas,
sa, per accidens,
mas, per accidens, porque
porque ela,
ela, como presença, dá
como presença, dá posse,
posse, mas
mas
aa posse
posse pode
pode provocar
provocar um afastamento, uma
um afastamento, uma privação.
privação.
Háá um
H adágio dialéctico,
um adágio dialéctico, queque éé oo seguinte:
seguinte: guod-libet
quod-libet de de
guolibet.
quolibet. Alguma coisa,
Alguma coisa, queque se diz de
se diz de alguma
alguma coisa,
coisa, ouou sese diz
diz
afirmando ou
afirmando ou sese diz negando.
diz negando. Ora, sabemos
Ora, sabemos perfeitamente
perfeitamente qual quai
aa distinção
distinção do do juízo,
juízo, como
como umauma espécie
espécie de proposição de
de proposição de uma
uma
proposição, tomad:
proposição, tomada em em seu
seu sentido
sentido amplo.
amplo. No No juízo
juízo se se dá
dá uma
uma
sentença. O
sentença. O têrmo,
têrmo, que que emite
emite umum juízo, sentencia, julga,
juízo, sentencia, julga, o o quod
quod
iibet, que
iibet, que se empresta aa gwolibet,
se empresta quolibet, éé algoalgo que
que afirma como ade­
afirma como ade-
quado
quado aa êle,
êle, ou ou nega
nega aa sua adequação. E
sua adequação. E oo juízo
juízo será,
será, conse-
conse­
qiientemente,
qüentemente, afirmativo
afirmativo no no primeiro
primeiro caso,
caso, ee negativo
negativo no no segundo.
segundo.
Mas oo que
Mas que éé dede notar,
notar, ee éé importante,
importante, éé que que oo que
que sese afirma
afirma ouou se se
nega de
nega de alguma
alguma coisa,coisa, quando
quando se se afirma,
afirma, alega-se
alega-se aa suasua adequa-
adequa­
ção, ee quando
ção, quando se se nega,
nega, nega-se
nega-se essa
essa adequação.
adequação. EE êsse êsse juízo
juízo será
será
verdadeiro ou
verdadeiro falso, se
ou falso, se realmente
realmente essa essa adequação
adequação se der, ou
se der, ou falso
falso
em caso
cm caso contrário,
contrário, como como também
também será falso sese oo negado
será falso negado comocomo
adequado não
adequado não oo é. é.


—3 31 —

Ao
Ao contrário, seria adequado
contrário, seria adequado ee será
será oo negativo
negativo verdadeiro,
verdadeiro,
quando aa inadequação
quando inadequação postulada realmente se
postulada realmente se der.
der. Ora,
Ora, éé im-
im­
possível que,
possível simultâneamente ee sob
que, simultâneamente sob oo mesmo
mesmo aspecto, aquilo que
aspecto, aquilo que
um têrmo cognoscente
um têrmo cognoscente afirme como adequado
afirme como possa ser
adequado possa ser aa mesma
mesma
-coisa
coisa do que aa afirmação
do que afirmação da da sua
sua inadequação;
inadequação; ee aa razão
razão éé muito
muito
simples, porque, então,
simples, porque, então, estaríamos
estaríamos emem face
face de
de dois
dois juízos:
juízos: umum
afirmativo
afirmativo ee outrooutro negativo, ambos sob
negativo, ambos sob oo mesmo
mesmo aspecto
aspecto ee si-si­
multâneamente,
multâneamente, em em que
que um
um anularia
anularia completamente
completamente oo outro,outro, por-
por­
que
que o o que
que negasse
negasse negaria
negaria aa afirmação,
afirmação, ee oo queque afirmasse afir-
afirmasse afir­
maria aa negação.
maria negação.

Consegiientemente, anular-se-iam,
Conseqüentemente, anular-se-iam; ee eis eis as razões porque
as razões porque
entre os
entre contraditórios não
os contraditórios não pode
pode haver
haver formalmente
formalmente um um têrmo,
têrmo,
salvo quando
salvo quando êssesêsses contraditórios
contraditórios não não são perfeitos; isto
são perfeitos; isto é,é, quando
quando
-oo que
que afirma
afirma adequar-se
adequar-se aa algum algumaa coisa
coisa não
não sese diz
diz sob
sob oo mesmo
mesmo
aspecto quando
aspecto quando se se nega.
nega. Assim Assim pode-se
pode-se dizer
dizer queque uma
uma coisa
coisa de de
certo modo
certo modo se se adequa
adequa ou ou não
não se adequa. Quer
se adequa. Quer dizer,
dizer, adequa-se
adequa-se
em parte,
em parte, ee noutra
noutra parte
parte nãonão se adequa, mas,
se adequa, mas, neste
neste caso, veremos
caso, veremos
que não
que não éé oo mesmo
mesmo aspecto.
aspecto. VemosVemos queque oo que afirmamos, que
que afirmamos, que sese
adequa, éé um
adequa, um aspecto,
aspecto, porque
porque em outro aspecto
em outro aspecto não não se se adequa.
adequa.
Dee maneira
D maneira que que aa terceira posição, que
terceira posição, seria esta,
que seria esta, jájá não seria
não seria
prôpriamente uma
pròpriamente uma contradição,
contradição, porque
porque o o que
que se se afirma
afirma comocomo ade­ ade-
quado, ou
quado, ou se nega como
se nega como tal,tal, não
não éé oo mesmo
mesmo sob sob oo mesmo
mesmo aspecto.
aspecto.
Dee maneira
D maneira que que nãonão há há possibilidade
possibilidade de de umauma terceira posição,
terceira posição,
desde que se
desde que se obedeçam
obedeçam asas normasnormas dêste
dêste princípio
princípio lógico
lógico queque se se
chama princípio
chama princípio de de não-contradição,
não-contradição, que que decorte,
decorre, comocomo vimosvimos na na
parte sintética,
parte sintética, da da própria
própria lei lei dada unidade.
unidade. M Mais adiante tere-
ais adiante tere­
mos oportunidade
mos oportunidade de ver que
de ver que êste
êste princípio
princípio éé um um princípio
princípio onto­onto-
lógico, que
lógico, rege aa Lópica,
que rege Lógica, ee também
também um um princípio matético, ou
princípio matético, ou
está subordinado
está subordinado aa um um princípio
princípio matético,
matético, queque éé oo princípio
princípio da da
unidade, sôbre
unidade, sôbre oo qual
qual já temos tratado
já temos tratado ee ainda
ainda oo faremos melhor.
faremos melhor.

Podemos distribuir
Podemos distribuir numa
numa classificação
classificação os
os princípios
princípios em qua-
em qua­
tro regiões: princípios
tro regiões: princípios matéticos,
matéticos, ontológicos,
ontológicos, lógicos
lógicos ee ônticos.
ônticos.

Os princípios matéticos
Os princípios matéticos são
são aquêles que correspondem
aquêles que correspondem aos
aos
logoi arkhai, são
logot arkhai, os primeiros
são os primeiros princípios.
princípios.

— 32—
— 32 —
Os princípios ontológicos
Os princípios ontológicos são são aquêles
aquéles que regem o o ser,
que regem são as
ser, são as
leis do
leis do ser.
ser. AquiAqui teríamos, também, os
teríamos, também, princípios meontológicos,
os princípios meontológicos,
que são
que são as leis que
as leis que decorrem
decorrem do do não-ser,
não-ser, da da privação,
privação, que
que corres-
corres­
pondem também
pondem também aos ontológicos, ee os
aos ontológicos, os lógicos
lógicos sãosão os
os princípios
princípios
que regem
que regem aa Lógica,
Lógica, como
como nôesis humana, embora
nôesii humana, embora essa
essa nóesis
nóesis este-
este­
ja subordinada
ja subordinada aos aos princípios
princípios subordinantes
subordinantes superiores
superiores ontológicos
ontológicos
ee matéticos,
matéticos, de de modo
modo aa impedir
impedir que que ela
ela se torne apenas
se torne apenas uma
uma ló- ló­
gica meramente
gica meramente afectiva, como acontece
afectiva, como acontece comcom oo logicizar
logicizar dos
dos ro­
ro-
mânticos, que
mânticos, que se se deixam
deixam arrastar
arrastar pelos
pelos sentimentos, julgando que
sentimentos, julgando que
aa validez
validez afectiva
afectiva éé mais
mais poderosa
poderosa do que aa mera
do que mera validez
validez lógica.
lógica.
A verdadeira
A verdadeira LógicaLógica éé escorreita
escorreita ee purificada
purificada daquelas
daquelas chamadas
chamadas
capas hiléticas,
capas hiléticas, que que são
são afectivas,
afectivas, daquelas
daquelas aderências
aderências infantis
infantis do do
homem, que
homem, que podem perturbar oo bom
podem perturbar bom desenvolvimento
desenvolvimento do racio-
do racio­
cínio, etc.
cínio, etc.

E, finalmente,
E, finalmente, os os princípios ônticos, que
princípios ônticos, que se se referem
referem ao ao ente
ente
na sua
na singularidade, não
sua singularidade, não ao
ao ente enquanto ente,
ente enquanto ente, mas
mas ao ente en­
ao ente en-
quanto êste
quanto ente. Quer
êste ente. Quer dizer,
dizer, asas leis que regem
leis que regem oo ser ser nana sua
sua
singularidade, como
singularidade, como num num individuo humano.
indivíduo humano. Dentre
Dentre estas leis,
estas leis,
estão as
estão as do
do seu
seu carácter,
carácter, dodo seu
seu temperamento
temperamento ee da sua personali­
da sua personali-
dade, para
dade, para exemplificar.
exemplificar. Estas Estas leis
leis são leis de
são leis de certo
certo modo
modo frustrá­
frustrá-
veis, são
veis, são leis que podem
leis que podem sofrer
sofrer modificações,
modificações, ee não não são
são como
como as as
outras, imutáveis,
outras, imutáveis, queque são
são eternas.
eternas.

Assim,
Assim, as leis matéticas,
as leis matéticas, as as leis
leis ontológicas,
ontológicas, inclusive as leis
inclusive as leis
lógicas, são
lógicas, são eternas.
eternas. Entre
Entre as as lógicas, incluímos, também,
lógicas, incluímos, também, os os
princípios, que
princípios, que são são criteriológicos,
criteriológicos, ee os princípios matemáticos,
os princípios matemáticos,
porque aa Matemática
porque Matemática éé uma Lógica também.
uma Lógica também. N Naa onticidade,
onticidade, oo
ente singular,
ente singular, além
além de de ser
ser regido pelas leis
regido pelas ontológicas ee matéti-
leis ontológicas matéti­
cas,
cas, éé também
também regido
regido pelas
pelas que
que Ihelhe são peculiares, que
são peculiares, que pertencem
pertencem
às suas
às suas condições singulares, ou
condições singulares, ou leis
leis também
também que que estabelece
estabelece com
com
outros para
outros para aà sua
sua conveniência.
conveniência. Estas Estas leis
leis podem
podem sofrer variações,
sofrer variações,
são frustráveis (1).
são frustráveis ( 1) .

(1)
(1) Na
Na obra «Sabedoria
obra «Sabedoria das Leis» demonstraremos
das Leis» demonstraremos apoditica-
apoditica-
mente a
mente a validez dessas postulações
validez dessas postulações que
que ora apresentamos.
ora apresentamos.

— 33
— 33 — —
As leis
As leis eternas,
eternas, que
que regem
regem aa anterioridade,
arterioridade, não
não têm
têm um
um co-
co-
méço, porque mesmo
mêço, porque mesmo se
se não houvesse nenhum
não houvesse nenhum têrmo
têrmo que tivesse
que tivesse
anterioridade sôbre
anterioridade sôbre outro têrmo, haveria
outro têrmo, haveria aa lei
lei que regeria um
que regeria um têr-
têr­
mo com
mo com anterioridade
anterioridade aa outro.
outro. As As leis
leis da
da anterioridade
anterioridade ee dada pos-
pos-
terioridade não
terioridade não regeriam,
regeriam, mas
mas sese houver têrmos reais
houver têrmos reais serão
serão regidos
regidos
por essas
por essas leis.
leis.
Este ponto
Êste importante éé uma
ponto importante uma grande
grande contribuição pitagórico-
contribuição pitagórico-
-platônica, que
-platônica, que ninguém,
ninguém, aa não não ser
ser com
com apeles
apelcs àà insanidade
insanidade men­
men-
tal, mas
tal, refutáveis pela
mas refutáveis pela própria
própria insanidade, poderá lançar
insanidade, poderá lançar mão
mão dede
argumentos contrários,
argumentes contrários, por por carência
carência total
total de argumentos sérios,
de argumentos sérios,
rara opô-ios
para opô-ios aa essas
essas afirmações.
afirmações.
Assim também
Assim também aa leilei da
da afirmação
afirmação ee da negação, da
da negação, da qual
qual jájá
tratamos na
tratamos na parte
parte sintética,
sintética, são eternas desde
são eternas desde todo
todo sempre, coeter-
sempre, coeter-
nas com o
nas com o Ser
Ser Supremo,
Supremo, comcom oo ser
ser primeiro,
primeiro, com com oo ser
ser aa se, com
se, com
oo ser imprincipiado, com
ser imprincipiado, com aquêle que éé oo princípio
aquêle que princípio de
de tôdas
tôdas asas coi-
coi­
sas, conjuntamente
sas, conjuntamente com com êle.
êle.
Coeternamente com
Coeternamente com êle estão tôdas
êle estão tôdas essas leis que
essas leis que osos platô-
platô­
nicos chamavam razões
nicos chamavam razões eternas,
eternas, cujo conteúdo pode
cujo conteúdo alcançar oo
pode alcançar
ser humano.
ser humano. Tomás
Tomás de Aquino, reiteiradamente
de Aquino, reiteiradamente na Suma Teo-
na Suma Teo­
lógica, reconhece
lógica, reconhece que
que êsse saber éé possível
êsse saber de ser
possível de ser construído
construído ee éé
possível de ser
possível de ser alcançado
alcançado pelo
pelo homem.
homem.
Dee maneira
D maneira que,
que, sendo
sendo aa Matese
Matese aa sabedoria
sabedoria dosdos princípios,
princípios,
éé ela
ela aa sabedoria
sabedoria também
também dasdas razões
razões eternas,
eternas, das
das razões
razões que regem,
que regem,
desde todo
desde todo oo sempre,
sempre, coetemas
coetemas com
com oo Ser
Ser Supremo. Essas razões
Supremo. Essas razões
alcançamo-las com
alcançamo-las plena apoditicidade,
com plena apoditicidade, sem
sem oo menor
menor perigo,
perigo, sem
sem
oo menor
menor risco
risco de
de êrro.
êrro.
Assim, também, em
Assim, também, em tórno
tórno dodo juízo,
juízo, podemos chegar aa uma
podemos chegar uma
lei que
lei que éé eterna,
eterna, um um logos eterno. Se
logos eterno. um têrmo
Se um têrmo cognoscente
cognoscente afir-
afir­
ma outro,
ma outro, ouou nega
nega outro,
outro, aa sua
sua afirmação
afirmação ou ou aa sua
sua cegação será
negação será
verdadeira ou
verdadeira ou falsa,
falsa, segundo
segundo aa adequação
adequação ou ou não adequação do
não adequação do
afirmado ou
afirmado ou do negado.
do negado. Quer dizer,
Quer estas leis
dizer, estas leis independem
independem do do
antropológico, como
antropológico, como aa anterioridade
anterioridade ee aa posterioridade
posterioridade não estão
não escão
condicionadas pelo
condicionadas pelo antropológico.
antropológico. VimosVimos perfeitamente
perfeitamente que que oo
antropológico éé um
antropológico um caminho,
caminho, ee temos
temos de de segui-lo.
segui-lo, mas
mas tal não
tal não
quer dizer
quer que estejamos
dizer que estejamos construindo
construindo um um mundo
mundo ao sabor dos
ao sabor dos


— 34
34 — —
nossos apetites.
nossos apetites. Estamos descobrindo
Estamos descobrindo um mundo que
um mundo que não
não con-
con­
traria o
traria o que
que constitui
constitui aa estructura
estructura do nosso espírito,
do nosso espírito, porque
porque encon-
encon­
tramos que,
tramos que, na na natureza,
natureza, as coisas se
as coisas se dão
dão segundo
segundo aa obediência
obediência
destas mesmas
destas mesmas leis. Tôdas essas
leis. Tôdas essas leis
leis decorrem
decorrem das
das primeiras
primeiras leis,
leis,
dos primeiros
dos primeiros princípios, necessârismente, ee não
princípios, necessàriamente, não poderia
poderia ser de
ser de
vutro modo.
outro modo. (1) (1 )

Distinguido oo princípio,
Distinguido princípio, sabemos
sabemos que
que êste,
êste, quando
quando éé causa,
causa,
nfunde ser
infunde ser no
no principiado,
principiado, que
que passa
passa aa chamar-se
chamar-se efeito,
efeito, por-
por­
que éé efectuado
que pelas suas
efectuado pelas causas.
suas causas.

Ser éé presença,
Ser presença, éé afirmação,
afirmação, éé positividade,
positividade, éé posse.
posse. Não-Não-
-ser éé ausência,
-ser ausência, éé negação, não-positividade, não-posse.
negação, não-positividade, não-posse. Quando
Quando
estudamos as
estudamos as divisões
divisões do ser, verificamos
do ser, verificamos que que podíamos
podíamos dividir
dividir
de maneira
de perfeita, obedecendo
maneira perfeita, obedecendo as as regras
regras dada divisão,
divisão, oo serser em
em
a« se
se ee ser
ser ab
ab alio,
alio, Oo ser
ser que
que éé princípio
princípio de de si
si mesmo,
mesmo, ee oo que
que tem
tem
um princípio
um causal em
princípio causal em outro.
outro. OO primeiro
primeiro éé um um ser
ser que
que tera
tem
em si
tm si mesmo
mesmo aa sua razão de
sua razão ser; o
de; ser; o segundo
segundo éé um um serser que não
que não
tendo em
tendo em si
si mesmo
mesmo aa sua sua razão
razão dede ser,
ser, não tem aa razão
não tem razão suficiente
suficiente
ue ser,
ue ser, ee não
não temtem aa razão eficiente também
razão eficiente também de de ser;
ser; necessita
necessita de
de
um outro
um que oo pioduza.
outro que produza.

O primeiro
O primeiro éé um
um ser que não
ser que participa de
não participa de outro
outro para
para ses,
se/,
enquanto que
enquanto que oo segundo
segundo éé um um ser
ser participante.
participante. O O primeiro
primeiro éé
um ser
um ser absolutamente
absolutamente necessário,
necessário, éé simplesmente
simplesmente necessário,
necessário, en-
en­
quanto que
quanto que oo segundo
segundo éé umum serser contingente.
contingente. O O primeiro
primeiro éé uai
um
ser improduzido,
ser improduzido, porque
porque rãor.ão éé um
um produto
produto dede outro,
outro, enquanto
enquanto
que oo segundo
que segundo éé um
um ser
ser produzido.
produzido.

(1) Essas leis


(1) Essas não são
leis não são criadas
criadas a a prfori,
priori, arbitrâriamente,
arbitràriamente, mas mas
descobertas.
descobertas. Elas
Elas sese nosnos desvelam
desvelam ee mostram
mostram que que regemregem oo pen-
pen­
samento
samento <a nóesis)
«a nóesis) verdadeiro,
verdadeiro, exacto. Por
exacto. Por outro
outro lado, lado, aa reali-
reali­
dade também
dade também as obedece.
as obedece. A realidade
A fora de
realidade fora de nósnós éé verdadeira
verdadeira e e
obedece,
obedece, emem suas
suas estructuras,
estructuras, aa essas
essas mesmas leis, que
mesmas leis, que podemos
podemos frus-
frus­
trar em
trar parte pela
em parte vontade, mas
pela vontade, mas caimos
caimos no no êrro,
êrro, na falsidade.
na falsidade. Essa
Essa
Edequação entre
fcdequaçâo entre asas leis
leis que
que regem
regem a a nóesis exacla e
nóesis exacta e a a realidade
realidade mos-
mos­
tra
tra aa adequação
adequação que que hã há entre
entre nós,
nós, quando
quando seguimos
seguimos os caminhos ver­
os caminhos ver-
dadeiros
Cadeiros da sabedoria, ee aa realidade,
da sabedoria, realidade, pois esta nunca
pois esta nunca desmente,
desmente, nemnem
Iefuta aquelas
refuta aquelas leis.
leis. EÉ o q que
que provamos
provamos no no 2.º
2.° vol.
vol. desta
desta obra.
obra.

— 35 —
O primeiro
O primeiro terá terá de
de ser
ser necessàriamente
necessâriamente um um ser incondicio-
ser incondicio-
nado, não
nado, não dependendo
dependendo de uma condição
de uma condição para
para ser,ser, enquanto
enquanto oo
segundo será
segundo será sempre
sempre um um ser ser condicionado,
condicionado, tem tem umauma condição
condição
para ser.
para ser. O O primeiro
primeiro seráserá sempre
sempre um ser eterno,
um ser enquanto oo
eterno, enquanto
segundo
segundo éé um um ser ser que conhece sucessão,
que conhece sucessão, um
um ser que se
ser que se dá
dá na su-
na su­
cessão, éé um
cessão, um serser que
que tem temporsariedade.
tem temporariedade. OO primeiro
primeiro seráserá um
um
ser necessâriamente infinito,
ser necessàriamente enquanto que
infinito, enquanto que oo segundo
segundo será necessá-
será necessà­
riamente um
riamente um serser finito.
finito.

O ser
O ser aa sese será
será necessáriamente
necessàriamente umum ser incriado, enquanto
ser incriado, enquanto oo
ser ab
ser «lio será
ab alio será necessàriamente
necessáriamente criado.
criado. Oser
O ser aa se
se será
será oo criador
criador
eoserabalio
e o ser ab alio aa criatura
criatura. Oserase será um
O ser a se será um ser independente, oo
ser independente,
ser ab aljo
ser ab será um
alio será um ser dependente.
ser dependente.

Veremos ainda
Veremos ainda mais
mais que
que Oo serser aa se,
se, que para os
que para os gregos
gregos éé
autós, oO ipsum,
autós, ipsum, éÉ oo próprio ser, ee oo ser
próprio ser, ser ab
ab dlio, que éé oo allós
alio, que d lós (outro),
( outro),
não tem
não tem esta
esta ipseidade.
ipseidade.


— 36
36 -—-
CAP. II
CAP. III

DO SER
DO SER A
4 SE
SE EE DO
DO SER ABB ALIO
SER A AUO

OO ser
ser aa se,
se, como princípio em
como princípio em sisi mesmo,
mesmo, éé improduzido,
improduzido, ser ser
necessário, éé Oo 1psum
necessário, esse (no
ipsum esse (no grego,
grego, antos),
antos), êle
êle mesmo porque
mesmo porque
éé absolutamente simples, não
absolutamente simples, não éé produto
produto de de uma
uma cooperação
cooperação das das
causas, nem de
causas, nem de uma
uma causa.
causa. A sua
A tectônica não
sui tectônica não éé constituída
constituída de de
estructuras distintas, de
estructuras distintas, de uma estructura hilética
uma estructura hilética ee de
de uma
uma estruc-
estruc-
tura eidética, que
tura eidética, que Ihe
lhe dêem
dêem consistência.
consistência.

Ele éé existencialmente
Êle apenas oo que
existencialmente apenas que éé essencialmente,
essencialmente, para
para
usarmos
usarmos aà linguagem
linguagem aristotélica.
aristotélica. E um
E um ser
ser que
que é,é, portanto, sob
portanto, sob
todos
todos osos aspectos,
aspectos, êle
êle mesmo.
mesmo.

Os atributos, que
Os atributos, que nêle
nêle captemos
captemos ou ou determinemos,
determinemos, em em nada
nada
oo limitam.
limitam. São apenas
São aspectos, que
apenas aspectos, que adequamos
adequamos aosaos nossos
nossos es-
es­
quemas;
quemas; ouou melhor, adequamos os
melhor, adequamos os nossos
nossos esquemas
esquemas às às proprieda-
proprieda­
des, aos
des, aos atributos
atributos que êle deve
que êle deve ter,ter, que
que são
são oo testemunho
testemunho de de sisi
mesmo.
mesmo. Este ser,
Êste ser, portanto, sendo improduzido,
portanto, sendo improduzido. nãonão tem
tem umum
comêço,
comêço, éé umum ser que sempre
ser que sempre foi.foi.

Ora,
Ora, distinto
distinto já
já éé oo ser
ser ab alio, porque
ab alio, êste éé produzido,
porque êste produzido, um um
ser que
ser que recebe
recebe oO seu
seu ser
ser de
de outro,
outro, um
um ser conseguentemente cau­
ser conseqüentemente cau-
sado, enquanto
sado, enquanto queque oo primeiro
primeiro éé incausado.
incausado. N Nãoão éé um
um ipsum
ipsum
esse, porque éé composto,
esse, porque composto, pois pois aa sua simplicidade não
sua simplicidade não pode
pode serser
senão relativa
senão relativa aa um guid, ee não
um quid, absolutamente simples,
não absolutamente simples, ou ou sim-
sim-
pliciter
pliciter simples,
simples, como
como oo éé Oo autos,
autos, oO ipsum esse, Oo ser
ipsum esse, ser aa se.
se.


— 37 —
37 —
Esse ser ab
Êsse ser ab alto
alio éé oo alter
alter do latim, éé allos
do latim, alí os do
do grego,
grego, éé outro,
outro,
éé oo ser outro, que
ser outro, que necessita
necessita de de umum outro
outro distinto
distinto dêle para que
dêle para que
seja, porque
seja, porque não não tem
tem emem si si mesmo
mesmo aa sua razão de
sua razão de ser,
ser, porque
porque nãonão
éé improduzido.
improduzido. ÉÉ produzido,
produzido, provémprovém de de outro
outro (não
(não éé incondi-
incondi-
cionado
cionado como como Oo serser áa jse),
f ) , éé condicionado,
condicionado, éé um um ser
ser contingente,
contingente,
porque poderia não
porque poderia não vir-a-ser,
vir-a-ser, poispois éé um
um ser
ser que
que começa
começa aa ser,
ser, éé
um ser
um que não
ser que não poderia
poderia dar-se
dar-se sempre,
sempre, porque,
porque, do do contrário,
contrário, teria
teria
em si
em si aa sua
sua própria
própria razão
razão de de ser.
ser.

Esse ser
Êsse ser é,é, conseguentemente,
conseqüentemente, temporal.
temporal. A A Sua
sua duração
duração éé
aa duração temporal, ou
duração temporal, ou éé uma duração que,
uma duração que, de certo modo,
de certo( modo, éé
sucessiva, que
sucessiva, que pode
pode ser temporal ou
ser temporal ou eviterna,
eviterna, nunca, porém, será
nunca, porém, será
aa duração
duração eterna,
eterna, aa duração
duração tota
tota simul, que só
simul, que só éé própria
própria dodo ser
ser
aa se.
se.

Volvendo ao estudo
Volvendo ao do contexto
estudo do contexto alfa,
alfa, que
que éé oo do
do ser
ser aa se, ob-
se, ob­
servamos que, além
servamos que, além de eterno, êste
de eterno, êste ser,
ser, deve
deve ser
ser simpliciter
sim pliãter infi-
infi­
nito. A
nito. A sua
sua infinitude
infinitude deve
deve ser
ser absolutamente
absolutamente simples,
simples; porque,
porque,
sendo apenas
sendo apenas êle êle mesmo,
mesmo, ee sendosendo um ser necessário,
um ser necessário, umum serser
incondicionado, um
incondicionado, um ser eterno, ee apenas
ser eterno, apenas ser,
ser, não pode ter
não pode ter nenhuma
nenhuma
composição de
composição de não-ser, nenhuma deficiência,
não-ser, nenhuma privação, ser
deficiência, privação, ser em sua
em sua
plenitude infinita
plenitude de ser,
infinita de ser, no
no grau
grau mais
mais intensista
intensista de ser; é,
de ser; é, por-
poc-
tanto, ser
tanto, ser nana sua
sua infinitude,
infinitude, semsem limites,
limites, sem
sem fronteiras
fronteiras de de ser;
ser;
portanto, s/mpliciter
portanto, infinito.
simpliciter infinito.


Já oo ser
ser do
do contexto
contexto beta tem limites,
beta tem limites, éé dependente,
dependente, cujo cujo ser
ser
recebe de
recebe de outro,
outro, ee conseqüentemente
conseqiientemente tem tem limites
Limites ee tem fronteiras;
tem fronteiras;
éé um
um serser limitado
limitado na na sua
sua intensidade
intensidade de de ser,
ser, ee éé aoao mesmo
mesmo tempo
tempo
composto de
composto de privação,
privação, de de carência,
carência, dede falta,
falta, dede ausência
ausência de de outros
outros
modos perfectivos
modos perfectivos de de ser.
ser. Assim,
Assim, aa única infinitude que
única infinitude que poderia
poderia
atingir seria
atingir seria aa infinitude
infinitude de de ser
ser êle
êle mesmo;
mesmo; quer quer dizer,
dizer, seria infi-
seria infi­
nitamente, enquanto
nitamente, enquanto singular,
singular, único,
único, êleêle mesmo
mesmo Este
Êste éé oo aspecto
aspecto
que aa Matese
que Matese encontra
encontra num num serser ab
ab alio
alio ao qual se
ao qual se lhe atribui
Ihe atribui
uma infinitude: aa sua
uma infinitude: sua singularidade,
singularidade, porque porque oo ser ser abab alio
alio éé
outro que
outro que outro,
outro, ee sendo outro que
sendo outro que outro,
outro, êle êle éé êle
Ele mesmo,
mesmo, apenas
apenas
enquanto
enquanto éé êle êle na sua singularidade
na sua histórica, e,
singularidade histórica, e, nesta,
nesta, nãonão éé ne-ne­
nhum outro,
nhum outro, comocomo Sócrates
Sócrates éé apenas
apenas Sócrates,
Sócrates, ee não não há há nenhum
nenhum
outro,
outro, pois não há
pois não há nem
nem podepode haver outro Sócrates.
haver outro Sócrates. OO siagularsingular


— 38
38 —

atinge aa esta
atinge esta perfeição
perfeição dada singularidade,
singularidade, aa perfeição
perfeição da
da sua
sua in-
in­
dividualidade singular,
dividualidade singular. dada sua
sua historicidade,
historicidade, da da sua
sua irrepetibili-
irrepetibili-
dade ee da
dade da suasua irreiterabilidade.
irreiterabilidade. Consequentemente, enquanto
Conseqüentemente, enquanto
nesta talidade,
nesta talidade, êleêle éé sem
sem finitude,
finitude, sem
sem limites, êle mesmo;
limites, êle mesmo; mas mas
como é
como é um
um serser dependente,
dependente, comocomo éé um ser produzido,
um ser produzido, como
como é é um
um
ser que
ser que não tem aa razão
não tem razão de
de ser
ser em si mesmo,
em si mesmo, necessãriamente,
necessariamente, temtem
finitude.
finitude.

Nestas condições,
V Nestas condições, oo ser
ser dodo contexto
contexto alfa
alfa éé um
um ser
ser shnpliciter
simpliciter
absoluto, enquanto
absoluto, enquanto queque oo ser
ser dodo contexto
contexto beta só éé simples
beta só simples se-se­
cundum qtttd,
cundam quid, porque,
porque, na verdade, será
na verdade, será sempre composto; tem
sempre composto; tem
momentos de
momentos de presença
presença ee de privação, de
de privação, presença, de
de presença, posse ee de
de posse de
privação.
privação.

O ser
O ser aa se
se éé umum serser incondicionado,
incondicionado, não não exige condições prra
exige condições p.’ ra
ser, enquanto
ser, enquanto que que oo ser ser abab alio
alio exige
exige condições
condições parapara ser.ser. OO 'ser'ser
aa se
se éê absolutamente
absolutamente ilimitado,
ilimitado, enquanto
enquanto que que oo serser ab alio éé im
ab alio 'tm
ser limitado,
ser limitado, éé um um serser que
que conhece
conhece limites,
limites, pontos
pontos de de onde não há
onde não há
ulterioridade de
uJterioridade de seuseu ser,
ser, onde
onde oo seuseu ser
ser cessa
cessa dede ser.
ser. Ele Êle é,é, por
por
sua vez,
sua vez, mensurável,
mensurável, porque porque pode ser medido,
pode ser medido, enquanto
enquanto que que oo ~erser
aa se
se éé um
um serser imensurável,
imensurável, não não pode
pode serser medido,
medido, porque
porque não não tem
tem
uma medida
uma medida para medí-lo, nem
para medí-lo, nem poderia
poderia haver,
haver, porque
porque sendosendo êste
êste
absolutamente
absolutamente simples simples ee infinitamente
infinitamente ser, ser, êle
êle nãonão tem partes,
tem par*:es,
não pode
não pode ser ser dividido,
dividido, não não teria
teria possibilidade
possibilidade de de numerar
numerar aa si si
mesmo, portanto,
mesmo, portanto, não não há há uma unidade capaz
uma unidade capaz de medí-lo, é,
de medí-lo, é, con-
con­
sequentemente,
seqüentemente, imensurável.
imensurável. Todos êsses conceitos
Todos êsses conceitos nós nós jájá os es-
os es­
tudamos, ee somente
tudamos, sômente vamos vamos apresentando-os
apresentando-os nos nos seus
seus aspectos
aspectos ge- ge­
rais, deixando
rais, deixando de de analisá-los,
analisá-los, acrescentando
acrescentando apenas apenas oo que que éé de de
aspecto tfiatético,
aspecto matético, ou sôbre oo qual
ou sôbre qual aa Matese
Matese querquer chamar
chamar mais mais
atenção, como
atenção, como aa parte parte da singularidade histórica,
da singularidade histórica, da da irreiterabili-
irreiterabili­
dade histórica,
dade histórica, de de queque falamos
falamos há há pouco.
pouco.
2
Como
Como uma consegiencia inevitável,
uma conseqüencia inevitável, oo ser
ser aa sese éé simpliciter
simpliciter
perfeito, possui
perfeito, possui aa perfeição
perfeição de
de ser;
ser; não sendo composto.
não sendo composto. N Não
ão
sendo paciente
sendo paciente de de nenhuma deficiência, de
nenhuma deficiência, de nenhuma
nenhuma privação,
privação,
enquanto ser
enquanto ser éé simplesmente
simplesmente serser e,e, consequentemente,
conseqüentemente, como
como éé
simplesmente ser,
simplesmente ser, éé oo ser
ser na
na sua perfectibilidade máxima,
sua perfectibilidade máxima, éé pois,
pois,
simpliciter
simpliciter perfeito,
perfeito, éé omniperfeito.
omniperfeito.

— 39 —

Já oo mesmo
mesmo não não sese dá
dá com
com oo ser ab alio,
ser ab alio, que,
que, por
por ser
ser com-
com­
posto, por
posto, por sofrer
sofrer dede privações,
privações, dede ausências,
ausências, éé umum imperfeito.
imperfeito.
Se caso,
Se algumaa vez,
caso, algum vez, podemos apontar-lhe alguma
podemos apontar-lhe perfeição, essa
alguma perfeição, essa
será secundum
será secundum quid,
quid, será
setá relativa,
relativa, ee jamais
jamais poderá
poderá serser absoluta.
absoluta.

Por sua vez,


Por sua vez, o
O ser
ser aa se,
se, como
como éé simplesmente
simplesmente ser ser na
na sua
sua má-
má­
xima simplesmente,
xima simplesmente, porque
porque éé apenas
apenas êle
êle mesmo,
mesmo, é, é, consegiiente-
conseqüente­
mente, oo máximo
mente, absoluto, enquanto
máximo absoluto, enquanto queque oo ser
ser ab
ab alio
alio só
só poderia
poderia
receber uma
receber uma atribuição máxima sob
atribuição máxima sob umum aspecto
aspecto relativo.
relativo. Seria
Seria
máximo secundum
máximo quid, porque,
secundum quid, porque, de de qualquer
qualquer forma,
forma, éé um
um ser
ser mi-
mi-
nimalizado, éé um
nimalizado, um ser
ser dodo qual
qual dêle
dêle se ausenta alguma
se ausenta alguma perfeição
perfeição de
de
ser, é,
ser, é, portanto,
portanto, plethos.
plethos.

OO ser
ser aa se
se tem
tem de estar na
de estar na plenitude
plenitude dada glória
glória de ser, jájá que
de ser, que
nêle não
nêle não háhá nenhuma
nenhuma deficiência,
deficiência, ee êle
êle éé infinitamente
infinitamente ser.
ser. Ble
Êle
tem de
tem de ser,
ser, conseqüentemente,
consegiientemente, acto em tôda
acto em tôda purezz,
pureza, acto
acto puro,
puro,
testemunho
testemunho de de tóda
tôda aa sua
sua glória, afirmando-se na
glória, afirmando-se na sua simpli-
sua simpli­
cidade, na
cidade, na sua
sua plenitude
plenitude actual.
actual.

Mas
Mas jájá oo ser
ser abab alio
alio éé umum ser
ser pelas suas deficiências.
pelas suas deficiências. Como Como
pode actualizar
\ pode actualizar as as suas
suas possibilidades,
possibilidades, comocomo éé umum ser composto
ser composto
.

de actualidade
de actualidade ee de potência, só
de potência, só pode
pode ser,
ser, quando muito, um
quando muito, um
acto híbrido,
acto híbrido, um um actoacto com
com essaessa hibridez
hibridez dede acto
acto ee de potência,
de potência,
não da
não da potência
potência activa apenas, mas,
activa apenas, também. da
mas, também, da potência
potência passiva,
passiva,
da potência
da potência capaz
capaz de de sofrer determinações, ee não
sofrer determinações, não apenas
apenas aa que que éé
apta para
apta para determinar
determinar que que éé potência
potência activa. Mas jájá Oo ser
activa. Mas ser aa sese
não pode
não pode ter potência passiva,
ter potência passiva, não
não pode
pode ter
ter em
em sisi aa capacidade
capacidade
de ser
de ser determinado, porque, então,
determinado, porque, então, receberia novos modos
receberia novos perfec-
modos perfec-
tivos de
tivos de ser.
ser. Não seria aquêle
N ão seria aquêle serser na
na simplicidade
simplicidade absoluta
absoluta ee na na
glória
glória de de ser, e, ademais,
ser, e, ademais, seriaseria composto,
composto, porque teria uma
porque teria uma po-po­
tência, uma
tência, parte ainda
uma parte ainda aptaapta aa receber determinações formais,
receber determinações formais, ee
não seria aquela
não seria aquela simplicidade
simplicidade de de que falamos.
que falamos

Consegiientemente, sendo
Conseqüentemente, sendo acto
acto puro,
puro, só pode receber
só pode receber uma
uma po-
po­
tência activa, uma
tência activa, uma capacidade
capacidade de
de determinar, cuja potência.
determinar, cuja potência decorre
decorre
da sua plenitude
d s. sua plenitude actual.
actual. Não pode
Não ser um
pode ser um ser
ser de
de potência
potência pas-
pas­
siva,
siva, um um ser
ser capaz
capaz dede sofrer
sofrer determinações.
determinações. Como uma
Como uma decor-
decor­
rência também de
rência também de tudo
tudo oo que
que estudamos,
estudamos, oo ser
ser aa se tem de
se tem de ser
ser
um ser
um ser proficiente,
proficiente, ee aa sua
sua proficiência
proficiência éé absolutamente simples.
absolutamente simples.

——
— 4400 —

É£ aa proficiência
proficiência máxima, enquanto que
máxima, enquanto que oo ser
ser ab
ab alio
alio éé um
um ser
ser
deficiente, éé um
deficiente, um ser
ser que
que tem uma proficiência
tem uma proficiência apenas
apenas relativa,
relativa, um
um
misto de
misto de deficiência, porque nêle
deficiência, porque nêle falta,
falta, porque
porque carece
carece dede ulte-
ulte-
tiores aspectos
íiores perfectivos do
aspectos perfectivos do ser. Ora, como
ser. Ora, como serser ab
ab alio
alio éé um
um
ser que
ser que provém
provém de de outro
outro necessáriamente,
necessariamente, ee como como nósnós jájá prova-
prova­
mos aà impossibilidade
mos impossibilidade de de uma
uma série
série infinita,
infinita, oo princípio,
princípio, de de onde
onde
começa aa ser,
começa ser, aquêle princípio que
aquêle princípio infundirá aa êsse
que infundirá ser tudo
êsse ser tudo
quanto tem,
quanto tem, só só pode
pode ser
ser oo ser
ser aa se.
se. Este
Êste éé criador,
criador, enquanto
enquanto oo
ser ab
ser alio éé criatura,
ab alio criatura, éé criado.
criado.

Todos êstes
Todos êstes predicados,
predicados, queque vamos apontando num
vamos apontando num contexto
contexto
ce noutro,
noutro, são são predicados
predicados matêticamente necessários, porque
matèticamente necessários, porque basta
basta
que partamos de
que partamos de uma
uma posição
posição matética,
matética, seguindo
seguindo oo rumo
rumo inicial
inicial
de uma
de condicional, ee os
uma condicional, os nossos
nosses raciocínios
raciocínios levariam, apoditica-
levariam, apodltica-
mente, aa essas
mente, essas conseqüeticias.
conseguencias. Senão, vejamos: sese há
Senão, vejamos: há um
um ser
ser aq se,
se,
deve
deve êle êle possuir
possuir os os predicados
predicados que que alinhamos.
alinhamos. Esses
Esses predicados
predicados
decorrem, necessâriamente,
decorrem, necessariamente, da da sua
sua própria
própria natureza.
natureza. Se Se há há umum
ser ab
ser alio, o
ab alio, o mesmo
mesmo acontece.
acontece. Não N ão se
se poderia
poderia dizer
dizer que
que ao ao ser
ser
aa sese faltassem
faltassem tais predicados, porque
tais predicados, porque chegamos
chegamos aa êle como aa
êle como
um
um ser ser necessário,
necessário, em em face
face da
da impossibilidade
impossibilidade absoluta
absoluta dodo nada
nada
absoluto.
absoluto.

Já percorremos
Já percorremos aa viavia que nos levou
que nos levou ai êle,
êle, mas,
mas, aqui, há um
aqui, há um
ponto importante,
ponto importante, porque
porque nemnem todos
todos osos predicados
predicados poderão
poderio serser
predicados senão em
predicados senão em determinadas
determinadas situações. Assim, oo ser
situações. Assim, ser ab alio,
ab alio,
se há, será
se há, será um ser sempre
um ser sempre produzido,
produzido, contingente,
contingente, finito,
finito, criado,
criado,
criatura, dependente, será
criatura, dependente, um ser
será um ser condicionado, será um
condicionado, será um ser
ser dede
duração
duraçio sucessiva, embora possa
sucessiva, embora possa alcançar
alcançar aa eviternidade.
eviternidade.
Não podemos,
Não podemos, porém,
porém, concluir
concluir que,
que, necessáriamente,
necessàriamente, deva
deva
haver um ser
haver um ser ab
ab alio.
alto. Sabemos que
Sabemos há oo ser
que há ser ab
ab alio, temos aa ex-
alio, temos ex­
periência
periência dêle.
dêle. N Não encontramos, porém,
ão encontramos, porém, ainda
ainda uma
uma razão
razão que
que

d£ aa necessidade
necessidade do
do seu
seu surgimento.
surgimento.
Poderia
Poderia apenas
apenas haver
haver oO ser
ser aa se.
se, sem
sem que
que tivesse
tivesse surgido
surgido o O
ser ab alio.
ser ab alio. Não
N ão encontramos,
encontramos, ainda,
ainda, queque oo ser
ser aa se
se tenaa
tenha de
de
necessáriamente produzir oO ser
necessariamente produzir ser ab alio. N
<tb alio. Nêle não encontramos
êle não encontramos
ainda uma razão
ainda uma razão de necessidade; portanto,
de necessidade; portanto, nãonão encontramos, ain-
encontramos, ain-
ca, aa razão
da. razão dede que
que êle
êle seja necessâriamente criador,
seja necessàriamente criador..senão
senão criador
criador

—— 44 —
41 —
como
como potência
potência activa,
activa., porque se não
porque se não surgisse
surgisse oo ser
ser ab
ab alio
alio não
não
haveria criatura,
haveria criatura, r.ão
rão haveria
haveria oo ser criado, e
ser criado, e não
não haveria,
haveria, conse-
conse­
quentemente, aa criação,
qüentemente, criação, ee oo ser
ser aa se
se seria
seria apenas potencialmente
apenas potencialmente
criador.
criador. MaisMais esta
esta potencialidade
potencialidade não não éé uma potencialidade pas-
uma potencialidade pas­
siva
siva ee sim
sim activa, porque aa sua
activa, porque sua capacidade
capacidade de criar estaria
de criar estaria contida
contida
na eminência
na eminência do do seu
seu ser, estaria contida
ser, estaria contida nono absoluto
absoluto de de seu
seu poder,
poder,
porque êle
porque êle éé omnipotente,
omnipotente, necessàriamente.
necessâriimente. Teremos,
Teremos, para
para afir-
afir­
mar que
mar que íà criação
criação éé necessária,
necessária, de
de encontrar
encontrar êste
êste nexo
nexo de necessi-
de necessi­
dade.
dade.

AA omnipotência
omnipotência dodo set
ser aa se leva-nos, também,
se leva-nos, também, aa simultânea-
simultanea­
mente captar
mente captar oo predicado
predicado da
da proficiência
proficiência simpliciter simples.
simpliciter simples. ste
Êste
éé proficiente,
proficiente, enquanto
enquanto oo ser
ser ab
ab alio,
alio, éé deficiente,
deficiente, cuja proficiên-
cuja proficiên­
ca éé apenas
cia apenas relativa.
relativa. Também captamos
Tair.bém captamos que que oo ser
ser aa se,
se, além
além dada
eminência srmpliciter,
eminência simpliciter, éé um ser que
um ser que não tem gradatividade
não tem gradatividade de
de ser.
ser.
Eé um
um ser
ser na plenitude da
na plenitude da sua intensidade máxima
sua intensidade máxima de
de ser,
ser, enquanto
enquanto
o ser
o ser ab
ab alio
alio apresenta gradatividade.
apresenta gradatividade.

Podemos
Podemos encontrar sêres ab
encontrar sêres ab alic
alio semsem gradatividade?
gradatividade? De De an-an­
temão podemos
temão podemos responder
responder que que não.não. Mas
Mas cabe
cabe um esclarecimen-
um esclarecimen­
to.
to. Deve-se conceber
Deve-se aperas como
conceber aper.as como entes entes ab ab alio
alio os
os entes
entes de ta-
de ra­
zão, que
zão, que criamos, como o
criamos, como o género
gênero ee aa espécie?
espécie? Estes não admitem
Êstes não admitem
gradatividade enquanto
gradatividade enquanto gênero
gênero ee espécie,
espécie, ee enquanto
enquanto tais tais não
não são
são
entes meramente
entes dependentes, porque
meramente dependentes, porque são são esquemas
esquemas que que captamos
captamos
das coisas,
das Os quais
coisas, os enquanto eide,
quais enquanto pertencem aos
eide, pertencem arithmoi arkhai,
aos aritkmoi arkkai,
como teremos
como oportunidade de
teremos oportunidade de ver,
ver, porque
porque se não captássemos
se não captássemos oo
género arimal, êste,
gênero ar.imal, êste, que tem fundamento
que tem fundamento real, real, por
por ser
ser umum scibile,
scibile,
seria captável
seria captável porpor outro
outro serser inteligente.
inteligente. Pelo Pelo facto
facto dede serem
serem en­ cn-
tes de
tes de razão,
razão, e e não
não sese darem
darem o o gênero
gênero ee aa espécie
espécie aqui
aqui ee agora
agora
(“ali
("a li vai
vai aa Humanidade”
Humanidade”, , “ali vai aa Animalidade”
"ali vai Animalidade”),), tal tal não
não quer
quer
dizer que
dizer que não
não tenham
tenham fundamento
fundamento in in re,
re, nem validez ante
nem validez ante rem,
rem,
validez independente da
validez independente cognoscência humana.
da cognoscência humana. Ontolôgicamente,
Ontológicamente,
são
são entes
entes do contexto alfa.
do contexto alfa. ComoComo esde, eide, têmtêm umauma realidade
realidade ante ante
rem,
rem, ee sãosão eternos,
eternos, ee dada ordem
ordem do do serser aa se.
se. FoiFoi oo que
que já já demoas-
demons­
tramos,
tramos, ee ainda
ainda demonstraremos.
demonstraremos.


— 42
42 —

AS QUESTÕES
AS QUESTÕES MAL
M AL COLOCADAS
COLO CAD AS

Enquanto verificamos
Enquanto que oo ser
verificamos que ser aa se
se aão
não pode mudar, porque
pode mudar, porque
tôda ee qualquer
tôda qualquer mudança
mudança seria
seria para uma deficiência,
para uma deficiência, para
para menos,
menos,
ou para
ou para oO nada,
nada, oo que
que seria absurdo em
seria absurdo em face da sua
face da sua infinitude,
infinitude, da
da
sua omnipotência,
sua omnipotência, notamos
notamos que,
que, nono contexto beta, Os
contexto beta, os sêras são
sêres são
gradativos, apresentam
gradativos, apresentam escalaridades.
escalaridades.

Os entes do
Os entes do contexto beta são
contexto beta. são entes
entes gradativos, porque apre­
gradativos, porque apre-
sentam um
sentam um grau
grau de ser, de
de ser, intensidade de
de intensidade de ser,
ser, apresentam graus
apresentam graus
de perfectibilização,
de perfectibilização, ee também
também mutações,
mutações, porque
porque oo que
que caracteriza,
caracteriza,
precisamente, cc ser
precisamente, ser dêss:
dêss: contexto
contexto éé aa mutabilidade,
mutabilidade, porque
porque éé um
um
ser híbrido
ser híbrido dede acto
acto ee de
de potência,
potência, não
não só
só activa,
activa, que pertence aa êste
que pertence êste
acto, mas,
acto, mas, tamfcém,
também, da passiva, capacidade
da passiva, capacidade de sofrer determinações.
de sofrer determinações.

Ora,
Ora, oo facto
facto dede nós,
nós, dentro
dentro do do contexto
contexto beta.
beta. aoao quai
quai per-
per­
tencemos,
tencemos, ee nono qual
qual somos,
somos, sermos
sermos capazes
capazes de construir entes
de construir entes que
que
não apresentem. gradatividade,
não apresenterr. gradatividade, entesentes tomados
tomados in andivisibils, como
in indivisibili, como
são os
são os gêneros
géneros ee as
as espécies,
espécies, entes
entes dede razão
razão com
com fundamento
fundamento in iy; re,
>e,
a;» sua
sua não
não gradatividade
gradatividade está está no
no esquema
esquema eidético-noético
eidético-noético que.que • dê-
dê­
les formamos, ee que
les formamos, corresponde àà forma
que corresponde forma exemplar
exemplar do do contexto
contexto
al
ufa.
lfd .

Tôda predicação,
Tôda precicação, que
que estabelecemos
estabelecemos no
no contexto
contexto alfa,
alfa. éé uma
uma
predicação necessária simpliciter,
predicação necessária simpliciter, é
é uma
uma predicação
predicação absoluta,
absoluta, en-
en
quanto que
quanto que aa predicação
predicação que
que fazemos
fazemos no
no contexto
contexto beta
beta éé uma
uma pre-
pre­
aicação lipoté:icamente necessária,
dicação hipoteticamente necessária, ee sempre
sempre contingente,
contingente, como
como
já evidenciamos
já evidenciamos nos volumes anteriores.
nos volumes anteriores.

As verdades
As verdades eternas, as idéias
eternas, as idéias etemas
eternas dos
dos platônicos, os asith-
platônicos, os arrtb-
moi
moi arkhai, os pantes
arkhai, os pantes logo! dos pitagóricos
legoi dos pitagóricos pertencem
pertencem avao contexto
contexto
alfa, ée não
alfa, não ao
ao contexto Eeia, embora
contexto beta, embora sejam
sejam também
também os os factos, acon-
factos, acon­
tecimentos,
tecimentos, ee os os entes
entes do
do contexto beta.
contexto beta.

Uma verdade
Uma verdade dodo contexto
contexto beta, quando especulada
beta, quando especulada nono contexto
contexto
alfa, toma-se
alfa, torna-se eterna.
eterna. Tomemos
Tomemos oo juízo:
juízo: “o
"o correr
correr éé movimento”.
movimento” .
Ora, êste correr,
Ora, êste correr, éste movimento, que
êste movimento, que realiza
realiza êste ser, quando
êste ser, cor-
quando cor­
re, tem aa sua
re, tem sua gradatividade,
gradatividade, mas,
mas, quando
quando tomamos
tomamos um um juízo
juízo ee oo
Lraduzimos, ee 0o levamos
traduzimos, levamos para
para oO contexto
contexto alfa
alfa torna-se
toma-se eterno:
eterno: todo
todo


— 4433 —

correr éé por
correr por natureza
natureza (necessiriamente) movimento, ee já
(necessàriamente) movimento, já estamos
estamos
no contexto
no alfa. O
contexto alfa. O correr
correr ee oo movimento
movimento já
já estão
estão sendo
sendo toma-
toma­
dos incomutàvelmente.
dos incomutâvelmente.

Podemos, então,
Podemos, então, dizer ontolôgicamente: oo correr
dizer ontològicamente: correr éé movi-
movi­
mento. D
mento. Dêsse modo, chegamos
êsse modo, chegamos aa uma verdade ontológica,
uma verdade ontológica, queque
não tem
não tem mais gradatividade, porque
mais gradatividade, porque o o que
que temtem gradatividade
gradatividade éé
iéste correr,
'•êste correr, éé êste
Êste movimento
movimento que que se dá, não
se dá, não o o correr eidêticamen-
correr eidèticamen-
te, enquanto
te, enquanto movimento.
movimento. Então alcançamos, assim,
Então alcançamos, assim, aa uma
uma idéia
idéia
eterna, porque
etema, porque poderia
poderia nãonão surgir
surgir oo correr,
correr, poderíamos admitir
poderíamos admitir
um estado
um estado em em queque não
não háhá nenhum
nenhum correr,
correr, nenhum
nenhum movimento,
movimento,
plena imutabilidade.
plena imutabilidade. Mas M as o o correr
correr éé um um scíbile,
scibile, éé umum intelegível,
intelegível,
pois poder-se-ia
pois poder-se-ia pensar
pensar nana acção
acção de de correr,
correr, ee estaesta seria
seria umum movi-
movi­
mentar-se, um
mentar-se, transladar-se de
um transladar-se de umum têrmo
têrmo aa outrooutro têrmo
têrmo fora
fora do
do
primeiro,
primeiro, oo percorrer
percorrer dede uma
uma via.via. Estas idéias seriam
Estas idéias seriam captáveis
captáveis
por
por umum serser inteligente,
inteligente, ee êste
êste poderia
poderia dizer:
dizer: se se houver
houver um um correr,
corter,
necessáriamente, será
necessàriamente, será um
um movimento,
movimento, será será umum transladar-se
transladar-se de de
um têrmo,
um têrmo, numanuma via,
via, para
para outro
outro têrmo.
têrmo.

Quando encontramos
Quando encontramos entidades
entidades não
não gradativas
gradativas no contexto
no contexto
beta são
beta são reduzidas
reduzidas aa esquemas
esquemas dodo contexto alfa. OO contexto
contexto alfa. alfa
contexto alfa
éé oo contexto
contexto da
da imutabilidade,
imutabilidade, ee oo beta
beta da mutabilidade.
da mutabilidade.

Os esquemas
Os esquemas eidéticos-noéticos
eidéticos-noéticos imutáveis, construídos no
imutáveis, construídos no
contexto bela,
contexto tornam-se tais,
beta, tornam-se tais, porque
porque são
são transferidos
transferidos por
por nós
nós pa-
pa­
ta oO contexto
ia contexto alfa,
alfa, tornando-se,
tornando-se, assim,
assim, idéias
idéias eternas
eternas ou participa-
ou participa­
ções noéticas
ções noéticas dos
dos arithmói
arithniôi arkhai ou logoi
arkhai ou arkbai ou
logoi arkhai ou pantes
pantes logos,
logoi,
segundo fôr
segundo fôr aa sua
sua classificação.
classificação.

O ser
O ser aa se
se éé também
também um um ser
ser in
in se,
se, enquanto
enquanto que
que oo ser
ser ab
ab alio
alio
pode ser
pode ser in
in se,
se, ee também
também in in alio,
alio, em
em outro.
outro, é, É, sobretudo,
sobretudo, asertas,
aseitas,
éé um
um ser,
ser, portanto,
portanto, que que .tem
tem perseidade,
perseidade, inscidade
inscidade ee aseitas,
aseitas, .en-
en­
quanto que
quanto que oo ser
ser dodo contexto
contexto beta
beta pode ter perseidade,
pode ter perseidade, pode
pode ter
ter
inseidade, não
iriséidade, não tem,
tem, porém,
porém, aseitas.
aseitas.

Noo contexto
N contexto alfa...
alfa, estamos
estamos em perfeita univocidade,
em perfeita univocidade, éé oo idem
idein
esse; enquanto,
êsse; no contexto
enquanto, no rontexto beta,
beta, estamos
estamos nana analogia
analogia ee na
na equi-
equi-
wocidade. -
.vocidade.

44 —
Como oo ser
Como constituinte do
ser constituinte do contexto
contexto beta
beta éé um deficiente,
um é,
deficiente, é,
consequentemente, um
conseqüentemente, bem relativo,
um bem relativo, ee também
também um mal
um mal relativo.
relativo.
O mal
O mal absoluto
absoluto éé impossível,
impossível, porque
porque seria
seria nada
nada absoluto.
absoluto.
OO ser do contexto
ser do contexto aa ser,
ser, por sua plenitude
por sua plenitude de de ser,
ser, não pode,
não pode,
por não
por não sofrer
sofrer qualquer
qualquer deficiência,
deficiência, ser
ser mau.
mau. éÉ um um ser absolu-
ser absolu­
tamente bom,
tamente bom, porque
porque éé absolutamente
absolutamente ser,ser, como
como oo demonstrasnos
demonstramos
em outras
em outras passagens. Consegiientemente, éé um
passagens. Conseqüentemente, um bem bem absoluto.
absoluto.
Nósó s aspiramos
N aspiramos ao ao bem
bem absoluto,
absoluto, aspiramos
aspiramos âquele bem sem
àquele bem sem defi-
d efi­
ciência, oo que
ciência, que nos
nos revela
revela que
que anelamos
anelamos ao20 ser
ser aa se,
se, princípio
princípio ee fim
fim
de tôdas asas coisas.
de tôdas coisas.
O ser
O ser aa se
se tem necessáriamente em
tem necessariamente em si,
si, intrinsecamente,
intrinsecamente, aa
própria necessidade
própria necessidade de de existir, sem qualquer
existir, sem carência de
qualquer carência de outro,
outro,
enquanto que
enquanto que oo ser
ser ab
ab alio, por ser
alio, por ser contingente,
contingente, não
não tem
tem aa neces-
neces­
sidade intrínseca
sidade intrínseca de existir.
de existir.
Como o
Como o ser
ser aa se
se não
não temtem necessidade
necessidade de de outro para existir,
outro para existir,
aa sua
sua positividade
positividade de ser éé adsência,
de ser adsência, dede adsum,
adsum, verbo que significa
verbo que significa
o testemunho
o afirmativo de
testemunho afirmativo de sisi mesmo
mesmo por por sisi mesmo, pois pre­
mesmo, pois pre-
sença implica
sença implica uma dualidade, uma
uma dualidade, uma relação
relação dede dois
dois têrmos:
têrmos: pre­
pre-
sença éé testemunhar-se
sença testemunhar-se aa alguma
alguma coisa,
coisa, enquanto
enquanto que que adsência
adsência nãonão
exige esta
exige esta relação.
relação.
Os sêres do
Os sêres do contexto ab alio
contexto ab alio constituem
constituem oo cosmos,
cosmos, pois
pois êstes
êstes
entes estão
entes estão ordenados,
ordenados, regidos
regidos por
por lei,
lei, enquanto
enquanto que
que oo contexto
contexto
aà se
se êé oo contexto
contexto da identidade, enquanto
da identidade, enquanto que
que oo contexto
contexto ab
ab alio
alio
éé da
da alteridade.
alteridade.
No contexto aa se,
No contexto se, temos
temos o o ser
ser efectivo,
efectivo, aa efectibilitas,
efectibilitas, aa efec-
efec-
tibilidade na
tibilidade sua pujança
na sua pujança eminencial;
eminencial; no no contexto
contexto beta,
beta, o o efecti-
efecti­
vo, oo efeito,
vo, efeito, oo materiado,
materiado, oo formado,
formado, oo ser
ser que
que surge
surge da informa-
da informa­
ção
ção dede uma potência, da
uma potência, matéria.
da matéria.
OO contexto
contexto alfa
alfa éé o
o contexto do sim,
contexto do stnr, da
da mera
mera afirmação,
afirmação, en-
en­
quanto, que,
quanto, que, no
no contexto
contexto beta,
beta, temos
temos aa afirmação
afirmação ee também
também aa ne­
ne-
gação, temos
gação, temos aa simultaneidade
simultaneidade da da afirmação
afirmação ee dada negação,
negação, oo sic
sic
et no».
et non.
O ser
O ser qa se
se éé um
um ser
ser que não participa
que não participa de
de outro para ser;
outro para ser; éé
um ser
um ser participado,
participado, enquanto
enquanto que
que oo ser
ser ab alio éé um
ab alio um ser
ser parti-
parti­
cipante.
cipante.

— 4545 ——

Chegamos, assim,
Chegamos, assim, aa umauma série
série dede predicados
predicados atribuíveis
atribuíveis ao ao
ser pertencente
ser pertencente aa cada contexto, ee êstes
cada contexto, êstes predicados constituem al-
predicados constituem al­
£? da
go da sua
sua essência,
essência, porque
porque nãonão nos
nos interessamos
interessamos com
com os os predica-
predica­
dos meramente accidentais,
dos meramente accidentais, mas, sim, com
mas, sim, com aquêles que, de
aquêles que, de certo
certo
inodo, referem-se
inodo, referem-se ao seu aspecto
ao seu genérico ou
aspecto genérico ou especifico,
específico, ouou às
às suas
suas
diferenças
diferenças específicas
específicas ou ou às
às suas prepriedades.
suas prcpriedades. Não
Não há há necessi-
necessi­
dade de
dade de falar
falar dos
dos aspectos meramente accidentais,
aspectos meramente mas há
accidentais, mas neces-
há neces­
sidade, sim, de dizer que só podemos predicar accidentes ao
sidade, sim, de dizer que só podemos predicar accidentes ao ente
ente
do contexto
do contexto beta,
beta, ee jamais
jamais to co ente
ente dodo contexto
contexto alfa.
alfa.

Vê-se, assim, que


Vê-se, assim, que aa predicação
predicação que que se fêz
se fêz no
no contexto
contexto alfa
alfa
éé uma
uma predicação
predicação necessária
necessária simpliciter,
5747 pliciter, éé uma
uma predicação absoluta,
predicação absoluta,
porque, de
porque, de modo
modo absoluto,
absoluto, tal ser tem
tal ser tem dede ser um
ser um ser improduzido,
ser improduzido,
não pode
não pode de de modo
modo algum
algum admitir
admitir o o seu
seu contrário,
contrário, não se poderá
não se poderá
ctribuir-lhe predicados
r.tribuir-lhe predicados do do contexto
contexto beta,beta, senão analôgicamente, ee
senão analògicamente,
sempre em
sempre em sentido
sentido perfectivo
perfectivo máximo.
máximo. N Não podemos, por
ão podemos, por exem-
exem­
plo, compreender
plo, compreender um um serser aa se que não
se que não seja
seja simpliciter
simpliciter necessário.
necessário.
Não
N ão pode
pode ser ser um
um ser ser contingente,
contingente, não podemos entendê-lo
não podemos entendê-lo aa são não
ser como ipsum
ser como ipsum esse,esse, e e não como um
não como um alter,
alter, comocomo aliud.
alind. Não
Não
pode ser
pode ser dependente
dependente de outro, não
de oucro, não pode
pode ser ser um um serser principiado,
principiado,
mas, sim, imprincipiado; não pode ser híbrido de acto ee potênc.a,
mas, sim, imprincipiado; não pode ser híbrido de acto potênc.a,
não pode ser imperfeito, não pode ser deficiente, tem de
não pode ser imperfeito, não pode ser deficiente, tem de ter
ter aa
máxima proficiência;
máxima proficiência; não não pode
pode ser ser determinado
determinado por por umauma necessi­
necessi-
dade, porque
dade, porque entãoentão estaesta estaria
estaria fora
fora dêle;
dêle; temtem de de serser de
de liberdade
liberdade
absoluta ee de
absoluta de liberdade
liberdade actual,
actual, enquanto
enquanto que que oo ser ser dodo contexto
contexto
beta só
beta só pode
pode conhecer
conhecer uma liberdade relativa,
uma liberdade relativa, uma uma liberdade
liberdade po- po­
tencial, porque
tencial, porque está está ameaçado
ameaçado sempre sempre da da coacção,
coacção, que que de de certo
certo
modo oo acompanha,
modo acompanha, enquanto
enquanto que que o o Ser
Ser Supremo,
Supremo, oo ser do contexto
ser do contexto
alfa, não
alfa, não pode sofrer coacções
pode sofrer coacções de de cutros,
cutros, porque
porque nãc nãc háhá outros
outros
que déle
que independam, pois
dêle independam, pois os os dodo contexto
contexto beta dêle dependem,
beta dêle dependem,
dêle recebem
dêle recebem oo ser, ser, ee nãonão o2 limitam,
limitam, não não o o constrangem,
constrangem, não não oo
coagem.
coagem. De forma
De forma que que todos
todos êstes
êstes conceitos,
conceitos, como como divindade,
divindade,
ctectibilidade, afirmatividade,
cíectibilidide, afirmatividade, bem bem absoluto, principio primeiro,
absoluto, princípio primeiro,
ee fim
fim último
último de tôdas as
de tôdas as coisas,
coisas, são são atributos
atributos que que decorrem,
decorrem, ne- ne­
cessáriamente, do
cessariamente, próprio eidos
do próprio eidos do do serser aa se.
se.

— 46
— 46 — —
Então, podemos
Então, podemos concluir: se há
concluir: se um ser
há um ser aa se,
se, êle, necessâria-
êle, necessaria­
mente, terá
mente, todos éstes
terá todos êstes atributos; como, sc
atributos; como, se há
há Oo ser
ser ab
ab alio,
alio, êle,
êle,
necessáriamente, terá
necessariamente, terá os
os seus
seus atributos. Ora, há
atributos. Ora, há o o ser
ser ab alio,
ab alio,
nós oo sabemos
nós sabemos pela experiência; éé evidente
pela experiência; evidente que
que êle
êle há.
há.

Chegamos àà necessidade
Chegamos necessidade do do ser
ser aa se,
se, seguindo
seguindo osos caminhos
caminhos
que aa "Filosofia
que 'Filosofia Concreta”
Concreta" nos nos indicou.
indicou. Portanto,
Portanto, Oo ser
ser aa se
se terá
terá
de ter,
de necessâriamente, êsses
ter, necessàriamente, atributos. Conseqüentemente,
êsses atributos. Conseguentemente, che- che­
gando aa êste
gando êste ponto,
ponto, podemos
podemos abrir
abrir oo caminho
caminho para comparações,
para comparações,
deducções,
dtducçôes, quardo,
quando, dialécticamente, trabalhamos apenas
dial eticamente, trabalhamos apenas comcom êsses
êsses
dois contextos,
dois alfa ee beta.
contextos, aifa bet<i.

Assim, será
Assim, uma questão
será uma mal colocada
questão mal colocada aquela que atribua
aquela que atribua a
a
um ente do
um ente do conlexto
coniexto bete
beta osos predicados
predicados absolutos
absolutos do
do contexto alfa,
contexto alfa,
como aa de
como de alguém que colocasse
alguém que colocasse esta questão: aa Terra,
esta questão: Terra, oo nosso
nosso
planêta, um
planêta, um ser ser improduzido,
improduzido, existente desde todo
existente desde todo oo sempre?
sempre?
Tratando-se
Tratando-se de de um um serser ab alio, apresenta
ab alio, apresenta todos
todos os os caracteres
caracteres ee
propriedades de
propriedades de umum serser contingente,
contingente, e, e, portanto,
portanto, temtem de ter tico,
de ter tido,
necessâriamente, um
necessàriamente, um início.
início. Ela
Ela recebeu
recebeu oo seu ser de
seu ser de outro.
outro. E E
um ente
um ente necessàriamente
necessáriamente formado, causado, éé um
formado, causado, um efeito,
efeito, éé umum
materiado, éé um
materiado, ser, portanto,
um ser, contingente, ee que
portanto, contingente, que nãonão tem
tem emem sisi
mesmo aa razão
mesmo intrínseca de
razão intrínseca de existir,
existir, masmas apenas
apenas aa razão
razão intrínssca
intrínseca
contingente,
contingente, não não aa necessária;
necessária; portanto,
portanto, seria uma questão
seria uma questão malmal co-
co­
locada. A
locada. A questão:
questão: “Há "H á em em DeusDeus ímpetos para oo m
ímpetos para mal?” seria
al?" seria
uma questão
«ma questão mal colocada.
mal colocada. Deus,
Deus, sendosendo oo SerSer Supremo,
Supremo, sendosendo
ser aa se,
ser se, não
não pode
pode sofrer
sofrer de deficiências; portanto,
de deficiências; portanto, nãonão sese lhe
Ihe pode
pode
atribuir oo mal.
atribuir mal. Podemos
Podemos não não compreender
compreender porque porque surgesurge oo
rual, mas
mal, mas de de qualquer
qualquer forma,
forma, de de antemão,
antemão, emosremos de de excluir
excluir aa pre-
pre­
dicação de
dicação de malmal aa tal tal ser,
ser, porque
porque éle êle nãonão pode
pode ser
ser mau.
mau. OO mal mal
não pede,
não portanto, provir
pede, portanto, provir per per se se dêle,
dêle, mas
mis sósó per
per acridens,
accidens, porpor
accidente.
accidente.

Outra
Outra questão mal colocada
questão mal colocada seria
seria afirmar que Deus
afirmar que Deus possui
possui
dentro de
dentro de si si diferenças,
diferenças, distinções
distinções reais-reais,
reais-reais, como
como alguns
alguns afir-
afir­
mam, ou
mam, ou que
que êle seja composto,
êle seja composto, ouou que
que nêle haja uma
nêle haja parte de
uma parte de
potência passiva.
potência passiva. Tódas estas
Tôdas estas questões
questões estão
estão mal colocadas, por­
mal colocadas, por-
que elas,
que elas, por mais que
por mais que sese investiguem,
investiguem, porpor mais que sese levem
mais que levem
avante essa
avante essa investigação,
investigação, chegar-se-ia
chegar-se-ia aa aporias
aporias insolúveis,
insolúveis, porque
porque

“4 —
nos encontraríamos
nos encontrariamos em face de
em face de contradições, pela mpossibilidade
contradições, pela mpossibilid.ide
de atribuir
de atribuir aa êste
êste ser predicados que
ser predicados que pertençam
pertençam apenas aos sêres
apenas aos sêres
do contexto
do contexto betú.
beta. Inversamente
Inversamente oo mesmo
mesmo sese daria se pretendês-
daria se pretendês­
semos postular
semos postular aa incondicionalidade
incondicionalidide aoao ser
ser contirgente,
contirgente; inevitã-
inevità-
velmerte esta
velmente esta questão
questão mal
mal colocada
colocada levaria
levaria aa reailtados
ceultados aporé-
aporé-
ticos.
ticos.

As
As definições,
definições, que que seõe derem
derem de tudo quanto
de tudo quanto se ie refere
refere aa um
um
contexto
contexto ee aa outro,
outro, têmtêm de obedecerem ao
de obedecerem ao sentido
sentido dêsses predi-
dêsses predi­
cados, porque,
cados, porque, do do contrário,
contrário, elas falsearão.
elaí falsearão. Nós não
Nós podemos
não podemos
definir um
definir um ser
ser hipotèticamente
hipotêticamente necessário
necessário 'só
(só umum gr
ser dodo contexto
contexto
beta pode
beta pode serser hipoteticamente
hipotèticamente necessário), dizendo que
necessário), dizendo que êle
êle éé um
um
ser
ser que pode existir
que pode existir ee que
que não
não pode
pode não existir.
não existir. Onão
O não poder
poder nãonão
existir
existir sósó poderia
poderia ser ser tomado
tomado co.idicionadamente,
coadicionadamente, nunca porém,
nunca porém,
incondicionadamente.
incondicionadamente. Uma Uma questão
questão dessa espécie seria
dessa espécie seria desde ini-
desde iní­
cio mal colocada.
cio mal colocada.

ÉE fácil
fácil notar
notar quando
quando umauma questão
questão filosófica está mal
filosófica está mal colocada,
colocada,
ea
e a razão pela qual
razão pela qual não
não éé passível
passível de uma solução
de uma solução jista,
jasta, ee porque
porque
permanece
permanece em em estado aporético.
estado aporético. A confusão
A confusão entre os contextos,
entrí os contextos,
ee o
o que
que caracteriza
caracteriza cada
cada um, tem sido
um, tem sido uma
umi das rões principais
das ra:ões principais
destas dificuldades
destas dificuldades teóricas.
teóricas.

Podemos encontrar
Podemos encontrar nono contexto
contexto beta os predirados
beta os prediados comutá-
comutá­
veis, que
veis, que correspondem
correspondem aos aos incomutáveis
incomutáveis partencents
pertencent:s aoao contexto
contexto
alfa,
alfa, nana sua
sua infinitude,
infinitude, na
na sua
sua pureza,
pureza, que
que são aquêes que
>ão aquêes permi-
que permi­
tem uma
tem uma reducçío-eidético-matétici,
reducção-eidético-matética, como
como oo "corre:
“corre: éé um movi-
um movi­
mento”, que
mento", que poce
poce ser
ser reduzido,
reduzido, eidéticamente,
eidèticamente, de de nodo
riodo aa tornar-
tornar-
-se uma
-se uma verdade
verdade eterna.
eterna.

Demos vários exemplos


Demos vários exemplos de questões mal
de questões mal colocadis,
colocadis, como
como aa dodo
mal, ee em
mal, em tôrno dêste seria
tôrno dêste seria uma questão mal
uma questão mal colocida se nos
colocada se co-
nos co­
locássemos na
locássemos na seguinte
seguinte posição:
posição: sese tudo
tudo tem
tem princípio
princípio no
no Ser
Ser
Supremo, num
Supremo, num ser ser primeiro,
primeiro, num ser 4a sé
num ser st, oo mal,
mal, remotamente
remotamente
pelo menos,
pelo menos, teráteré oo seu
seu orfincípio
orincípio nono Ser
Ser Supremo
Supremo estaesta éé uma
uma
questão que,
questão que, colocada
colocada dêste modo, levará
dêste modo, levará aa uma stuação aporé-
uma stuação aporé-
tica insolúvel.
tica insclúvel.


— 48
48 —

Noo entanto,
N entanto, sese partirmos
partirmos da distinção entre
da distinção princípio per
entre princípio per se se
ee princípio
princípio per per accidens,
accidens, vê-se
vê-se que
que oo mal não pode
mal não pode ter um prin­
ter um ptin-
cípio per
cípio per se,
se, mas,
mas, sim,
sim, um princípio per
um princípio per accidens,
acctdens, porpor que
que tudo
tudo
quanto há
quanto há éé ser,
ser, ee tudo
tudo quanto
quanto há há éé bom.
bom. OO mal mal só pode ser
só pode ser
produto de
produto de uma privação, só
uma privação, pode ser
só pode produto de
ser produto de uma
uma ausência,
ausência,
ou de
ou de uma
uma oposição,
oposição, uma uma antíbase,
antíbase, na na qual
qual oo ser
ser positivo
positivo ee bom
bom
possa, per
possa, per accidens,
accidens, prejudicar
prejudicar ou ofender aa conveniência
ou ofender conveniência de al-
de al­
guma natureza
guma tomada estática,
natureza tomada estática, ou dinâmica ou
ou dinâmica cinemâticamente;
ou cinemàticamente;
nestas condições,
nestas condições, o o mal
mal pode
pode ter
ter um princípio per
um princípio per accidens,
accidens, nunca
nunca
um princípio
um princípio per per se,
se, porque,
porque, dodo contrário,
contrário, êsse
êsse princípio
princípio devera
devera
ser oo nada
ser nada absoluto,
absoluto, já descartado.
já descartado.

Uma vez
Uma vez que se coloque
que se coloque oo problema
problema do mal em
do mal têrmos dis-
em têrmos dis­
tintos, êsse
tintos, êsse problema
problema toma-se
torna-se insolúvel.
insolúvel. As As longas
longas polêmicas
polêmicas que que
se travaram
se travaram ee sese travam,
travam, aa quantidade imensa de
quantidade imensa de trabalhos escritos
trabalhos escritos
sôbre oo mal,
sôbre mal, levando
levando cada
cada vez
vez maior
maior confusão sôbre oo tema
confusão sôbre tema estri-
estri-
bam-se nesta
bam-se nesta mámá colocação
colocação do problema.
do problema. AA questão,
questão, sendo
sendo bembem
colocada, aa solução
colocada, normal, verdadeira
solução normal, verdadeira ee apodítica,
apodítica, surge
surge inevitã-
inevità-
velmente,
velmente.

Podemos dizer
Podemos dizer que
que sese não
não solucionamos
solucionamos tôdas
tôdas as
as questões
questões
filosóficas, solucionamos
filosóficas, solucionamos aa sua sua quase totalidade, seguindo
quase totalidade, seguindo osos ru-
ru­
mos da
mos da Matese
Matese ee dada Dialéctica
Dialéctica Concreta,
Concreta, bastando apenas rectificar
bastando apenas rectificar
aa colocação
colocação dodo problema,
problema, ee imediatamente
imediatamente transparece
transparece aa solução
solução
razoável, perfeita,
razoável, perfeita, apodítica.
apodítica.

Se alguém colocar
Se alguém colocar aa possibilidade
possibilidade de de uma
uma unidade
unidade simplici-
simplici-
ter simples,
ter simples, dentro
dentro dodo contexto
contexto beta,
beta, esta
esta questão
questão já já éé falsa de ante-
falsa de ante­
mão. Ela
mão. Ela sósó levará
levará oo pensamento
pensamento aa estados aporéticos, porque
estados aporéticos, porque éé
impossível ao
impossível ao ser
ser dependente,
dependente, ao ao ser
ser finito,
finito, ao ser contingente,
ao ser contingente, serser
absolutamente simples.
absolutamente simples. Também
Também quem procurasse oo valor
quem procurasse valor abso-
abso­
luto num
luto num ser ser finito, colocaria mal
finito, colocaria mal aa sua
sua questão.
questão. Quem Quem pro-
pro­
curasse, na
curasse, na magnitude
magnitude transcendental,
transcendental, um um ser ser abab alio,
alio, colocaria
colocaria
mal aa sua
mal sua questão,
questão, como
como também
também quem procurasse aa identidade
quem procurasse identidade
absoluta
absoluta num num ser daquele contexto.
ser daquele contexto.

Dee maneira
D maneira que,
que, comparando
comparando êsses
êsses dois contextos, traba-
dois contextos, traba­
lhando com os
lhando com dois, encontramos
os dois, soluções para
encontramos soluções para inúmeros
inúmeros proble-
proble­
mas.
mas.

— 4499 —
— —
Tomemos alguns
Tomemos alguns conceitos
conceitos que
que são predicados, tanto
são predicados, tanto de um
de um
contexto como
contexto como de de outro, que exijam,
outro, que exijam, necessariamente,
necessariamente, um um aoao outro,
outro,
ee aquêles
aquêles predicados
predicados que não exijam
que não exijam seu seu contrário.
contrário. Assim,
Assim, àa
:dentidade poderia
identidade dar-se plenamente
poderia dar-se plenamente com com oo Ser Supremo, sem
Ser Supremo, sem ne­
ne-
cessidade de
cessidade de uma
uma semelhança
semelhança ou ou uma diferença em
uma diferença em sentido
sentido ôntico.
ôntico.
OO bem
bem absoluto
absoluto poderia
poderia dar-se
dar-se sem
sem aa necessidade
necessidade do do bem
bem relativo,
relativo,
efectuado ônticamente.
efectuado ônticamente. AA necessidade
necessidade intrínseca
intrínseca de de existir
existir dodo ser
ser
aa se
se poderia
poderia dar-se
dar-se sem
sem aa contingência
contingência intrínseca
intrínseca de de existir
existir do
do ser
ser
ab alio,
ab alio, ônticamente
ônticamente dado.dado. Bastaria
Bastaria que
que não houvesse aa criação,
não houvesse criação,
que não
que não surgisse
surgisse aa criatura,
criatura, para que uma
para que série dêsses
uma série dêsses predicados
predicados
não se
não desse mais
se desse mais in re, ônticamente
in re, ônticamente fundados.
fundadas.

Partindo da
Partindo observação do
da observação contexto beta,
do contexto verificamos que
beta, verificamos que
sêres contingentes,
sêres contingentes, sêres
sêres finitos, não só
finitos, não se apresentam
só se apresentam como
como plura-
plura-
lidades; encontramos
lidades; encontramos singularidades,
singularidades, multiplicação
multiplicação de de singulari-
singulari­
dades
dades numanuma espécie,
espécie, encontramos
encontramos monasmonas ee pollys,
pollys, ee vemos
vemos queque oo
conceito de
conceito monas, de
de monas, de um
um singular,
singular, ee de
de poliys
pollys de
de muitos,
muitos, dede plu-
plu­
ralidade de
ralidade singulares, não
de singulares, não sese excluem.
excluem. Ambos podem ser
Ambos podem ser po-
po­
sitivos, ee ambos
sitivos, ambos podem
podem dar-se simultâneamente.
dar-se simultaneamente. Assim podemos
Assim podemos
notar entes
notar de uma
entes de mesma espécie
uma mesma espécie nana sua singularidade, como
sua singularidade, como tim-
tam­
bém tomá-los
bém tomá-los numèricamente
numêricamente no no seu
seu conjunto,“na
conjunto, fa sua
sua multiplici-
multiplici­
dade.
dade.

Podemos verificar
Podemos verificar que,
que, dentro
dentro do do contexto
contexto beta,
beta, podemos
podemos
“omar
tomar osos diversos predicados sob
diversos predicados sob êstes dois aspectos:
êstes dois aspectos: sob
sob oo aspecto
aspecto
de monas
de monas ee sob
sob oo aspecto
aspecto de pollys, isto
de pollys, isto é,é, como
como um um só,
só, tomado
tomado na na
sua singularidade, e,e, como
sua singularidade, como muitos,
muitos, oo que
que nosnos vai
vai permitir
permitir aa cons-
cons­
trução
trução dede uma
uma série
série de conceitos, que
de conceitos, que são precisões das
são precisões das classifica­
classifica-
ções, fundadas nas
ções, fundadas nas semelhanças
semelhanças não não meramente
meramente accidentais,
accidentais, mas
mas
nas semelhanças
aas semelhanças essenciais,
essenciais, necessárias
necessárias dêsses
dêsses entes.
entes.

Dentro
Dentro do campo do
do campo ser ab
do ser alio não
ab alio não há
há nenhum
nenhum problema,
problema,
Fporque aa experiência
porque experiência éé suficiente para provar
suficiente para provar que
que tal
tal se
se dá.
dá.

Quanto às
Quanto às relações
relações que
que se formam entre
se formam entre oo um
um ee oo múltiplo,
múltiplo,
entre
entre aa parte
parte ee oo todo,
todo, estudamos
estudamos na parte sintética,
na parte sintética, ee não
não háhá
dificuldades na aplicação
dificuldades na aplicação ee no
no estudo
estudo das leis que
das leis que regem
regem aa tota-
tota-


— 5500 —

lidade, aa série,
lidade, série, oo sistema,
sistema, oo universo,
universo, tomados
tomados dentro
dentro de uma re­
de uma re-
gião, dentro
gião, dentro de uma: esfera,
de uma etc., como
esfera, etc., analisamos na
como analisamos na pentadia-
pentadia-
léctica.
léctica.

Restaria agora
Restaria agora saber se também
saber se podemos encontrar
também podemos encontrar no contex-
no contex­
to alfa
to alfa uma
uma dualidade
dualidade analógica
analógica àà que
que se
se observa
observa no
no contexto beta.
contexto beta.

OO contexto
contexto alfa
alfa refeie-se
refere-se ao ser aa se,
ao ser se, ee êste
êste Éé Oo idem
idem esse,
esse, éé Oo
ipsum
ipsum esse,esse, éé oo antós, que aparece
autós, que aparece para
para nós
nós como algo monádico,
como algo monádico,
como
como algo algo absolutamente
absolutamente um, um, primeiro,
primeiro, fonte
fonte ee origem
origem de tôdas
de tôdas
esas coisas.
coisas. Mas Mas sese observarmos
observarmos alguns
alguns dosdos predicados,
predicados, comocomo oo de de
apente, necessáriamente êste
agente, necessàriamente êste predicado implica oo agir,
predicado implica agir, e,e, necessã-
necessa­
tiamente, se
riamente, se háhá uma
uma acção,
acção, umum paciente,
paciente, porque
porque umum agir,
agir, ou
ou me-
me­
lhor um
lhor um actuar,
actuar, que
que não
não realize uma acção,
realize uma sendo esta
acção, sendo esta uma
uma modal
modal
de algum
de algum ser ser que
que aa sofre,
sofre, ee sem
sem oo paciente,
paciente, todo
todo êsseêsse actuar
actuar
seria sustentado
seria sustentado em em nada,
nada, seria
seria nada. Existindo oo agir
nada. Existindo agir dodo agente
agente
cxige, necessàriamente,
exige, necessáriamente, que que êle
êle esteja
esteja emem acto.
acto. Ora,
Ora, xa idéia
idéia de
de
criação implica
criação implica oo agir
agir ad extra do
ad extra agente, aa acção,
do agente, acção, ee oo paciente.
pacient-.
Sendo oo ser
Sendo ser aa se
se criador
criador éé apto
apto aa realizar
realizar aa criação.
criação.

Vemos, pois,
Vemos, pois, que,
que, nono acto
acto da criação, há
da criação, há umum agir ad extra,
agir ad extra,
tcalizado pelo criador corro agente, e esta acção vai consistir numa
ícalizado pelo criador conr.o agente, e esta acção vai consistir numa
determinação de
determinação de uma determinabilidade, exigindo
uma determinabilidade, exigindo umum determina-
determiná­
vel que seja
vel que seja determinado.
determinado. Mas Mas oo notável
notável éé que
que qualquer
qualquer acção
acção
enquanto tal
enquauto tal só
só pode
pode dar-se
dar-se adad extra.
extra. AA criação
criação éé uma
uma acção,
acção,
do contrário não
do contrário não sese daria.
daria. Criar éé realizar
Criar realizar outro
outro distinto
distinto de
de si,
si,
pois vimos que
pois vimos que todo
todo principiado distingue-se realmente
principiado distingue-se realmente do do seu
seu
princípio, ee aa criação
prindpio, será um
criação será um principiado
prircipiado e,e, conseqüentemente,
consequentemente, oo
agente realizará uma
agente realizará uma determinação,
determinação, ou ou determinações,
determinações, que que eram
eram
possibilidades que
possibilidades que se
se actualizam.
actualizam. Portanto, há uma
Portanto, há selecção que
uma selecção que
sese processa
processa por
por preferência
preferência ee preterição,
preterição, porque vai preferir
porque vai preferir de-
de­
terminadas
terminadas determinações,
determinações, ee preterir
preterir outras determinações, por-
outras determinações, por­
que
que se vamos admitir
se vamos que oo Ser
admitir que Ser Supremo
Supremo só poderia determinar
só poderia determinar
determinadas
determinadas determinações,
determinações, semsem haver
haver oo acto
acto selectivo,
selectivo, sem ha-
sem ha­
ver
ver aa preferência
preferência ee aa preterição,
preterição, oc acto
acto da
da criação
criação seria
seria um
um acto
acto


—Ss51 —

necessário, ee não
necessário, não livre,
livre, pois
pois não poderia escolher
não poderia escolher entre
eatre futuros
futuros
contingentes, já
contingentes, já que
que aa criatura
criatura éé um
um futuro
futuro contingente,
contingente, éé alguma
alguma
coisa que
coisa se actualiza
que se actualiza na
na criação.
criação.

Neste
N caso, ter-se-á
este caso, ter-se-á de admitir, no
de admitir, no Criador,
Criador, duasduas faculdades:
faculdades:
aa primeira,
primeira, o o poder
poder criador,
criador, oo poder
poder de de actuar,
actuar, além
além dodo de
de agir.
agir.
A omnipotência
A omnipotência implica,
implica, necessàriamente,
necessariamente, êste poder de
êste poder de agir,
agir, mas,
mas,
também, oo poder
também, poder de de escolher,
escolher, de
de preferir.
preferir. Se procutarmos, den-
Se procurarmos, den­
tro da
tro da conceituação
conceituação que que dispomos,
dispomos, aquêles conceitos que
aquêles conceitos mais anà-
que mais anà-
logamente se
logamente se aproximam
aproximam dêstesdêstes dois,
dois, notamos,
notamos, na omnipotência,
na omnipotência,
uma vontade,
uma vontade, ee um um poder
poder de actuar extra,
de actuar extra, ee podemos,
poderros, analôgica-
analògica-
mente, chamá-lo
mente, chamá-lo de de vontade
vontade divina,
divina, ou
ou de vontade omnipotente,
de vontade omnipotente,
ee aa capacidade
capacidade de de preferir,
preferir, por
por revelar
revelar aa capacidade
capacidade de de escolher
escolher
entre possibilidades,
entre possibilidades, de de capacidade intelectual (Entendimento).
capacidade intelectual (Entendimento).
Teríamos, então,
Teríamos, então, umauma vontade
vontade omnipotente
omnipotente ao ao lado
lado dede um inte-
um inte­
Jecto também
lecto também omnissapiente,
omnissapiente, porque
porque oo intelecto
intelecto caracteriza-se
caracteriza-se pelo
pelo
jsapere, pelo saber,
apere, pelo saber, pelo
pelo poder colhêr, pelo
poder colhêr, poder captar.
pelo poder captar. O seu
D seu
intelecto, portanto,
intelecto, portanto, éé omnissapiente.
omnissapiente.

Podemos notar aqui


Podemos notar aqui asas duas
duas faculdades
faculdades do Ser Supremo,
do Ser Supremo, aa
Vontade ee oo Intelecto.
Vontade Intelecto. Este pode
Êste pode ser tomado, também,
ser tomado, também, no sentido
no sentido
clássico de
clássico de Entendimento.
Entendimento.

Verifica-se, aqui,
Verifica-se, aqui, que
que se pode tomar
se pode tomar oo autós
axtós em dois senti-
em dois senti­
dos: como
dos: como Hen-Prote,
Hen-Prote, oo um um primeiro,
primeiro, ee oO segundo Hen, que
segundo Hen, já éé
que já
diádico, que
diádico, que osos pitagóricos chamavam de
pitagóricos chamavam de Hen-Dyas,
Hen-Dyas, oo um-dois,
um-dois,
sem que
sem que êsse
êsse dois
dois signifique uma distinção
signifique uma distinção real-real,
real-real, de modo aa
de modo
se tornarem
se fisicamente separados,
tornarem fisicamente separados, mas, sim, no
mas, sim, no sentido
sentido dede uma
uma
duplicidade de
duplicidade de função:
função: escolher
escolher ee preterir.
preterir.

O Hen-Dyas,
O Hen-Dyas, que que revela
revela esta capacidade selectiva,
esta capacidade selectiva, tem
tem de
de ter,
ter,
necessiriamente, pela
necessàriamente, própria natureza,
pela própria natureza, que
que se
se empresta
empresta aa êste
êste ser
ser
aa se,
se, uma capacidade de
uma capacidade de determinação
determinação indeterminada,
indeterminada, não não infi-
infi­
nita em
nita acto, porque
em acto, uma determinação
porque uma determinação infinita
infinita em acto seria
em acto seria ab-
ab­
surda (como já verificamos pela impossibilidade do finito numé-
surda (como já verificamos pela impossibilidade do finito numé­
rico em
rico em acto),
acto), mas
mas uma
uma capacidade
capacidade de de determinação
determinação indetermi-
indetermi-

—S5s2—
— 52 —
nada, ilimitada,
nada, ilimitada, sem
sem limites,
limites, ee correspondendo
correspondendo aa ela,
ela, como vimos,
como vimos,
uma potência
uma potência objectiva,
objectiva, apta
apta aa receber
receber também,
também, indeterminada-
indeterminada-
mente, ilimitadamente,
roente, ilimitadamente, determinações.
determinações. (1(1))

E tem
E tem êsse
êsse Hen-Dyas, necessâriamente, de
Hen-Dyas, necessàriamente, ser aóristos
de ser aóristos (de(de
hóros, em
hôros, em grego
grego queque significa têrmo, limite,
significa têrmo, acompanhado do
limite, acompanhado do alfa
alfa
privativo), portanto
privativo), portanto de de ser
ser Hen-Djyas
Hen-Dyas aóristos (Um-Dois-não-limi-
aóristos (Um-Dois-não-limi-
tado), que
taçlo), que sese caracteriza
caracteriza pela
pela capacidade
capacidade de de determinar
determinar ilimita-
ilimita­
damente, ao
damente, qual corresponde
ao qual corresponde algo algo com capacidade de
com capacidade de ser
ser limi-
lim i­
tado também
tado também ilimitadamente,
ilimitadamente, que que éé oo Meon,
Meon, ee que
que corresponde
corresponde àà
potência objectiva,
potência objectiva, de de que
que falam
falam os os escolásticos.
escolásticos.

Ao examinar
Ao examinar osos conceitos
conceitos que
que constituem
constituem o o contexto
contexto alfa
alfa ec Oo
contexta beta,
contexto beta, encontramos
encontramos aa possibilidade
possibilidade dede dualizá-los,
dualizá-los, oo pri­
pri-
meiro, no
meiro, no Hen-Prote
Hen-Prote ee no
no Hen-Dyas
Hen-Dyas Aóristos,
Aóristos, ee oo segundo
segundo no
no allos
allos
(alter), oo outro
(alter), outro (múltiplo), que pertence
(m últiplo), que pertence aoao contexto
contexto beta.
beta.

Prosseguimos na
Prosseguimos na conservação dos têrmos
conservação dos têrmos gregos,
gregos, aos quais
aos quais
damos preferência, por
damos preferência, por não estarem tão
não estarem tão comprometidos
comprometidos como
como osos
têrmos latinos,
têrmos latinos, aos
aos quais
quais aa Filosofia
Filosofia moderna
moderna deu
deu diversas
diversas acepções,
acepções,
tornando-os praticamente inaproveitáveis
tomando-os praticamente inaproveitáveis pelas
pelas representações
representações dis-
dis­
tintas que oferecem.
tintas que oferecem. Os
Os efeitos semânticos da
efeitos semânticos da filosofia
filosofia moderna
moderna
geraram
geraram um um estado de confusão,
estado de que nos
confusão, que força, precipitadamente,
nos fôrça, precipitadamente,
aa recolhermo-nos
recolnermo-nos àà terminologia
terminologia grega,
grega, como
como oo fêzfêz também
também aa
Ciência,
Ciência, queque procurou
procurou aquela
aquela terminologia para evitar
terminologia para os têrmos
evitar os têrmos
confusos
confusos ee comprometidos
comprometidos do do latim,
latim, devido
devido àà interferência do
interferência do
pensamento díspar
pensamento díspar ee descrdenado
desordenado da da modernidade.
modernidade.

(1)
<1) Este éé o
Êste o aspecto dual do
aspecto dual do Entendimento.
Entendimento. Como
Como êleêle escolhe
escolhe
êle
ête prefere
prefere e e pretere,
pretere, aoao afirmar
afirmar isto recusa aa sua
isto recusa sua negação.
negação. Para
Para
actualizar oo que
actualizar prefere virtualiza
que prefere virtualiza o o que
que pretere.
pretere. OO preterido
preterido éé po-
po­
tencial, portanto.
tencial, portanto. Mas
Mas potencial
potencial éé também
também oo preferido,
preferido, porque,
porque, dodo
contrário,
contrário, nüonão haveria preferência, não
haveria preferência, nâo haveria
haveria liberdade
liberdade no no acto
acto
criacional.
criacional. Este
Êste éé tema
tema teológico
teológico que
que analisaremos
analisaremos em em nosso
nosso «Mate-
«Mate-
se da
se da Filosofia
Filosofia Concreta»,
Concreta».

— 53 —
CAP.
CAP. IV
IV

CONTEXTOS
C O N T E X T O S GAMA E BETA
GAM A E BETA

Passemos agora
Passemos agora aa analisar
analisar oo contexto
contexto gama,
gama, que corresponde
que corresponde
so nibilum,
ao nibiinm, ao
ao nada
nada absoluto,
absoluto, oo nada
nada metafísico,
metafísico, que descartamos,
que descartamos,
inas no
mas no qual podemos tratar
qual podemos de uma
tratar de série de
uma série de predicados,
predicados, que
que lhe
Ihe são
são
recusados, mas
recusados, mas suficientes para mostrar
suficientes para mostrar aa sua
sua ausência de posiiíivi-
ausência de posidivi-
cade, aa sua
dade, não presença
sua não presença total,
total, ee aa sua
sua significabilidade
significabilidade ante
ante aa es-
es­
quemática antropológica.
quemática antropológica.

AA êsse
êsse nibilum,
nibilum, que que éé oo naca
naca absoluto,
absoluto, dá-se
dá-se o o carácter
carácter de de
nibilitude absoluta,
nibilitude absoluta, de de nibilitude
mibilitude total.
total. Quer dizer, não
Quer dizer, não lhe po-
Ihe po­
demos emprestar
demos emprestar qualquer
qualquer conteúdo
conteúdo positivo,
positivo, éé ausência
ausência total de
total de
qualquer conteúdo
qualquer conteúdo positivo.
positivo. Também
Também não não pode
pode formar
formar uma
uma uni-
uni­
dade, nem
dade, nem pode
pode ser
ser tomado
tomado comocomo “al, porque uma
tal, porque uma unidade
unidade impli-
impli­
ca, necessàriamente,
ca, necessáriamente, ser; consequentemente, uma
ser; conseqüentemente, uma não-unidade.
não-unidade.
Também não
Também não poce
poce consistir
consistir emem coisa alguma, porque
coisa alguma, porque nãonão pode
pode terter
nenhuma estructura
nenhuma estructura intrínseca
intrínseca ee também
“ambém nenhuma tectônica; éé
nenhuma tectônica;
inconsistente. Não
inconsistente. Não podemos
podemos dar-lhe
dar-lhe qualquer
qualquer valor,
valor, porque
porque oo
valor irr.plica
valor implica ser; é, conseqüentemente,
ser; é, consequentemente, desvalor desvalor absoluto.
absoluto.

Não podemos
Não podemos emprestar-lhe
emprestar-lhe efectibilidade,
efectibilidade, éé aa inefectibili-
inefectibili-
dade, não
dade, não só
só per
per se,
se, como,
como, também, per accidens,
também; per accidens, porque
porque também
também
não podemos
não podemos permitir
permitir que
que oo nada
nada absoluto,
absoluto, pelo
pelo menos
meaos per
per acci-
acci­
dens, pudesse
dens, pudesse efectivar qualquer coisa.
efectivar qualquer coisa. É É uma
uma inefectibilidade
inefectibilidade
total, éé uma
total, uma ausência
ausência total, uma indigência
total, uma indigência total
total de
de ser,
ser, éé nenhuma
nenhuma

— 55 —
coisa, não
coisa, não tem
tem nenhum sentido reico,
nenhum sentido reico, éé imparticipante,
imparticipante, nãonão parti-
parti­
cipa de
cipa de nenhum
nenhum ser, ser, não
não éé participável
participável porpor nenhum
nenhum ser. Conse-
ser. Conse­
quentemente, éé imparticipado.
qüentemente, imparticipado. éE de de uma
uma insubstancialidade
insubstancialidade total,
total,
éé algo
algo que
que não
não éé nemnem produzido
produzido nemnem improduzido, porque não
improduzido, porque não há.
há.
EE totalmente
totalmente nada,nada, semsem qualquer
qualquer função, nem mesmo
função, nem mesmo aa de des-
de des­
truidor, porque
truidor, porque não tem nenhuma
não tem nenhuma efectibilidade. Não tem
efectibilidade. Não tem Jlimi-
limi­
tes, não
tes, não tem
tem contornos,
contornos, não não tem
tem perfis;
perfis; éé aa negação
negação pura.
pura. NãoNão
tem
tem medidas,
medidas, éé imensurável,
imensurável, não não éé oo fim,
fim, nem
nem oo princípio,
princípio, por-
por­
que não
que há.
não há. Não
N tem nenhuma
ão tem intensidade de
nenhuma intensidade de ser,
ser, éé aa antite-
antite-
ticidade
ticidade total,
total, éé aa eminência
eminência negativa,
negativa, aa impotencialidade,
impotencialidade, éé aa
aniquilação total.
aniquilação total.

Ora, aa êsse
Ora, nibilum, como
êsse nihilum, como vimos,
vimos, não
não podemos emprestar-
podemos emprestar-
“lhe nem
-lhe nem aa função
função dede nihilificar,
nihilificar, aa anibilatio,
anikilatio, porque
porque já
já exigiria
exigiria
poder que não
poder que não tem por ser
tem por ser absolutamente
absolutamente negativo, por não
negativo, por não ter
ter
nenhuma efectividade.
nenhuma efectividade.

O conceito
O conceito do
do nibilum, entretanto, pode
nibilum, entretanto, pode ser
ser construído por
construído por
nós, quando
nós, quando afastamos
afastamos da
da nossa representação tôdas
nossa representação tôdas as
as coisas,
coisas, por
por
uma ausência
uma ausência de
de tôdas
tôdas as
as coisas.
coisas.

Pensar no
Pensar no nada
nada não
não éé realizar
realizar o
o nada.
nada.

Quando pensamos
Quando pensamos no no nada
nada absoluto,
absoluto, não
não realizamos
realizamos oo nada,
nada,
nem tampouco
nem tampouco aa idéia do nada,
idéia do nada, porque
porque aa única
única que podemos
que podemos
construir éé por
construir por exclusão
exclusão das coisas conhecidas
das coisas conhecidas ee positivas,
positivas, éé pela
pela
exclusão total
exclusão total de tôda positividade,
de tôda positividade, por
por recusa;
recusa; sem
sem aa positividade
positividade
não poderíamos
não conceber oo nada.
poderíamos conceber nada. SóSó oo concebemos por oposição,
concebemos por oposição,
ou seja,
ou seja, por
por negação do positivo,
negação do positivo, pela
pela negação
negação da
da presença, pela
presença, pela
recusa da
recusa da presença.
presença.

Dêle
D descartamos completamente
êle descartamos completamente qualquer
qualquer significado
significado posi-
posi­
tivo, tanto
tivo, na Matese
tanto na Matese como
como na na Ontologia. Então, perguntariamos:
Ontologia. Então, perguntaríamos:
ce por
por que
que tratamos dêle?
tratamos dêle? Por
Por que nos interessamos
que nos interessamos porpor êle?
êle?
Tratamos
Tratamos dêle, porque foi
dêle, porque foi colocado
colocado como
como umum objecto
objecto do
do filosofar
filosofar
ee tem
tem sido
sido proposto
proposto até
até como
como umum outro
outro ao Ser Supremo,
ao Ser Supremo, como
como
algo destruidor,
algo destruidor, comcom capacidade
capacidade de de despositivizar,
despositivizar, de
de aniquilar,
aniquilar,


— s6—
56 —
com oo poder
com poder de axibilatio; ee até
de anihilatio; até como
como antecedente
antecedente ao ao ser,
ser, como
como
sese fôsse
fôsse algo
algo aa se,
se, algo
algo idêntico
idêntico sempre
sempre aa sisi mesmo,
mesmo, uma adsência
uma adsência
de vazio, de
de vazio, de onde teriam surgido
onde teriam surgido tôdas
tôdas as
as coisas,
coisas, uma
uma espécie
espécie de
de
criador sem
criador criação, de
sem criação, de umum poder
poder sem
sem potência,
potência, de de uma
uma capaci-
capaci­
dade
dade de de fazer
fazer sem
sem acto;
acto; emem suma, uma idéia
suma, uma idéia absurda, mas que
absurda, mas que
tem servido
tem servido para
para muitas
muitas mentes
mentes tratar dêle como
tratar dêle como se se realmente
realmente
se desse.
se desse.
Outro
Outro éé referente
referente àà idéia
idéia do
do mal,
mal, ao qual alguns
ao qual alguns pensadores
pensadores
dão-lhe
dão-lhe um princípio per
um princípio per se,
se, ee êste
êste seria
seria oo nihilum
nibilum — Outros
Outros co-
co­
locam oo problema
locam problema de de um
um anti-ser,
anti-ser, afirmando
afirmando que que oo nihilum
nibilum éé
um opositor
um ao ser.
opositor ao Neste sentido,
ser. Neste sentido, oo ser
ser marca presença, dura-
marca presença, dura­
ção, perduração;
ção, perduração; onde
onde háhá ser,
ser, há
há um perdurar, mas
um perdurar, mas oo 2ihilum
nihilum éé
o inverso,
o inverso, éé um “poder” de
um "poder" de destruir,
destruir, éé um “poder” de
um "poder” de despositi-
despositi-
vizar, éé um
vizar, um "poder”
“poder” de de aniquilar,
aniquilar, éé umum anti-ser.
anti-ser.
Como
Como não não temos
temos esquemas
esquemas parapara alcançar
alcançar êsse
êsse 7;hilum,
nihilum, sômen-
somen­
te podemos
te podemos construi-lo
construi-lo negativamente,
negativamente, por meio de
por meio recusa de
de recusa de
positividades.
positividades. D Doo mesmo
mesmo modomodo que que para
para construir atributos do
construir atributos do
ser àa se
ser se vemo-nos forçados aa usar
vemo-nos forçados usar negativamente
negativamente os os atributos que
atributos que
emprestamos ao
emprestamos ao ser ab alio,
ser ab alio, aos
aos sêres
sêres dodo contexto beta, assim
contexto beta, assim sese
formaria uma
formaria oposição àà Teologia,
uma oposição Teologia, um satanismo, uma
um satanismo, uma demono-
demono-
logia positiva,
logia positiva, que corresponderia àà nossa
que corresponderia negatividade, pela
nossa negatividade, pela nega-
nega-
tividade das
tividade nossas positividades.
das nossas positividades. A A positividade
positividade demonológica
demonológica
ou satânica
ou satânica seria
seria um
um outro modo de
outro modo de dar-se,
dar-se, que
que não
não oo modo
modo de de.
dar-se do
dar-se ser, O
do ser. O ser
ser dá-se
dá-se como adsência ee como
como adsência como presença,
presença, o o
ser dá-se
ser dá-se afirmando,
afirmando, ee oo nihilumnibilym dar-se-ia
dar-se-ia negando,
negando, anulando,
anulando,
extraindo, removendo,
extraindo, removendo, aniquilando,
aniquilando, nihilificando.
nihilificando.
Ora, nesta concepção
Ora, nesta concepção ter-se-ia,
ter-se-ia, inevitâvelmente,
inevitàvelmente, de de emprestar
emprestar
aa êste nibilum um
êste nihilum poder, por
um poder, por estas
estas razões:
razões: primeiro
primeiro aa potência
potência
de serem
de serem nihilificadas
nihilificadas por por parte
parte das
das coisas
coisas positivas,
positivas, as as quais
quais
teriam de
teriam de conter
conter emem sisi não
não sósó as deficiências, como,
as deficiências, como, também,
também, aa
possibilidade
possibilidade de de serem
serem totalmente
totalmente destruídas
destruídas até até oo seu
seu último
último
bipokeimenon. N
bipoketmenon. Nãoão sese destruiria
destruiria apenas
apenas esta árvore enquanto
esta árvore enquanto
árvore, mas
árvore, mas também
também aa sua sua matéria
matéria lenhosa,
lenhosa, e, e, finalmente, tôda aa
finalmente, tôda
composição química,
composição química, tudotudo quanto
quanto possa constituir eônicamente
possa constituir eônicamente
éste
êste ser, que deixaria
ser, que deixaria de de ser
ser ednicamente
eônicamente para para tornar-se
tornar-se aneon,
cineon,
algo
algo que perde tôdas
que perde tôdas asas características
características de ser.
de ser.

—s7—
— 57 —
Então, oo nihilum
Então, »ihilum seria
seria oo poder
poder que
que consistíria
consistiria na
na capacidade
capacidade
de aniquilar
de aniquilar as possibilidades contidas
as possibilidades contidas nono ser. Neste caso,
ser. Neste caso, oo
nada seria
nada seria apenas
apenas uma
uma potência
potência do do ser.
ser. OO serser teria
teria em
em si si aa
possibilidade de
possibilidade de deixar de ser,
deixar de ser, não
não isto
isto ou aquilo na
ou aquilo na sua
sua totali­
totali-
aade,
dade, na sua qüicidade,
na sua quicidade, mas
mas até em sua
até em sua última positividade.
última positividade.

Nós
N ós descartamos êsse nada
descartamos êsse avsoluto ee o
nada absoluto o contexto
contexto gama
gama é,é,
precisamente, oo contexto
precisamente, contexto dos predicados recusados
dos predicados recusados dodo nada abso-
nada abso­
luto, porque
luto, porque os têrmos que
os têrmos usamos, na
que usamos, na sua
sua significação,
significação, são
são todos
todos
de
de recusa de positividade,
recusa de positividade, esta
esta ou
ou aquela.
aquela.

Ora, tôda
Ora, tôda vez
vez que
que nana filosofia
filosofia se se pôr
pôr como
como uma
uma questão,
questão,
o que
o aponte como
que aponte como algo
algo oo nada
nada absoluto,
absoluto, estamos
estamos em em face
face dede
uma questão
uma questão malmal colocada
colocada e,e, conseqüentemente,
consequentemente, que só nos
que só nos levará
levara
aa aporias
aporias insolúveis,
insolúveis, ee tanto será assim,
tanto será assim, referente
referente ao nada abso-
ao nada abso­
luto, como
luto, como absoluta
absoluta negação total dc
negação total dc ser,
ser, como
como também
também se se tomás-
tomás­
semos
semos êste n7hilum apenas
êste nihilum parcialmente, como
apenas parcialmente, como um oceano de
um oceano de nada,
nada,
envolvendo uma
envolvendo uma ilha
ilha de
de ser,
ser, oo que,
que, na
na '"Filosofia
“Filosofia Concreta”
Concreta”, , mos-
mos­
tramos aa invalidez.
tramos invalidez.

Encontramos,
Encontramos, assim,assim, nono contexlo
contexio gama,
gama, também
também uma uma duali-
duali­
dade:
dade: aa dualidade
dualidade do do mibiium,
nihilum, enquanto
enquanto tomado
tomado comocomo absoluto
absoluto
total,
total, ee oo nihilum,
nibilum, enquanto tomado como
enquanto tomado como parcial.
parcial. Em qualquer
Em qualquer
caso, aa negação
caso, negação dos predicados éé aa mesma,
dos predicados mesma, porque
parque se se considerar-
considerar­
mos oo que
mos que entendemos
entendemos por por nihilum
n/bilum absolute
absolutc parcial, damos-lhe
parcial, damos-lhe
uma limitação, pois
uma limitação, pois seria
seria limitado
limitado pelo ser, ee mais
pelo ser, mais ainda,
ainda, a.a sua
sua
siihilitude
nihilitude absoluta
absoluta nãonão seria
seria total, mas apenas
total, mas apenas de de uma absolutui-
uma absolutui-
dade, porque haveria
dade, porque haveria o o ser,
ser, uma
uma ilha
ilha dede ser,
ser, uma
uma ilha
ilha de
de posi-
posi­
tividade, cercada
tividade, cercada ee ameaçada
ameaçada pelo pelo nada
nada aniquilador;
aniquilador; de de maneira
maneira
que
que empregamos
empregamos nihilumnibilum no no sentido
sentido dede nada
nada absoluto,
absoluto, ee nikil
nihil
para
para significar
significar o o nada
nada relativo.
relativo.
Podemos verificar agora
Podemos verificar agora umauma série
série de questões mal
de questões mal coloca-
coloca­
das,
das, propostas
propostas em em tôrno
tôrno dodo contexto
contexto gama. Assim: se
gama. Assim: se se dá
se dá
aa aniquilação absoluta, esta
aniquilação absoluta, esta exigiria
exigiria umum princípio negativo tam-
princípio negativo tam­
hém absoluto;
bém absoluto; portanto,
portanto, sese aaáí tal
tal aniquilação, haverá um
aniquilação, haverá um ptir-
prin­
cípio absoluto
cípio absoluto nihilificador,
nihilificador, oo que
que leva
leva aa aporias
aporias insolúveis, por-
insolúveis, por­
que
que se terá, fatalmente,
se terá, fatalmente, dede postular
postular aa aniquilação
aniquilação dodo seu último
seu último
lupokeimenon, do
hipokeímenon, do seu
ssu último
último sustentáculo.
sustentáculo.

—— sg—
58 —
Então, teríamos,
Então, teríamos, irevitâvelmente,
inevitàvelmente, que
que anular
anular completamente
completamente
o ser,
o ser, porque
porque êste,
êste, contendo
contendo em em sisi essa
essa nihilijicatio,
nibilificatio, ou essa capa-
ou essa capa­
cidade de
cidade de aniquilar-se,
aniquilar-se, teria
teria que
que contê-la
contê-la total
total ee absolutamente;
absolutamente;
então voltaríamos
então voltaríamos às às aporias
aporias correspondentes,
correspondentes, ee teríamos
teriamos queque dar
dar
aa êste
êste ser
ser um
um sustentáculo
sustentáculo no no próprio nada. OO ser
próprio nada. ser seria
seria oo
próprio nada,
próprio nada, oo que lhe daria
que Ihe um poder
daria um positivo, uma
poder positivo, uma capacidade
capacidade
de positivar,
de positivar, de
de realizar,
realizar, ee as
as aporias
aporias sese manteriam
manteriam em em pé.pé.

Dee forma
D forma que,
que, seguindo
seguindo por qualquer dos
por qualquer dos caminhos,
caminhos, procu-
procu­
rando por
rando por qualquer
qualquer dasdas vias,
vias, encontraríamos
encontrariamos sempre
sempre terríveis
terríveis
aporias. Tôdas
aporias. Tôdas as as questões
questões filosóficas,
filosóficas, colocadas dêste modo,
colocadas dêste modo,
são questões
são questões mal colocadas, ee só
mal colocadas, só podem
podem levar
levar aa situações
situações aporé-
aporé-
ticas ee insolúveis.
ticas insolúveis.

Naa Filosofia
N moderna, há
Filosofia moderna, há uma falta de
uma falta de compreensão
compreensão ee de
de
nitidez entre o nibilum, no seu sentido absoluto, e o nada, o
nitidez entre o nibilum, no seu sentido absoluto, e o nada, o
nibil, no
tiihil, no seu
seu sentido
sentido relativo.
relativo.

A presença
A presença de uma série
de uma série de acontecimentos, que
de acontecimentos, que revelam
revelam
que se
que se dádá oo ttihil
xibil relativo,
relativo, levou alguns, naqueles
levou alguns, naqueles excessos
excessos
racionalísticos, aa construir
racionalísticos, construir aa idéia
idéia dodo nihilum,
nibilum, do nada absolsto.
do nada absoluto.
Ora, sabemos,
Ora, sebemos, ee neste ponto aa crítica
neste ponto crítica nietzscheana
nietzscheana tem
tem gtapde
grapde
valor, que
valor, que oo racionalismo,
radonalismo, nos nos seus
seus exessos
exessos abstractistas,
abstractistas, terde,
ter.de,
inevitâvelmente, aa esvaziar
inevitàvelmente, esvaziar Osos conceitos,
conceitos, de de tal forma aa percerem
tal forma perderem
êles tôda
êles tôda ee qualquer
qualquer consistência
consistência que que lheIhe dê
dê um fundamento.
um fundamento.
Nietzsche dizia
Nietzsche dizia que
que aa nossa razão era
nossa razão um órgão
era um órgão deficiente,
deficiente, ee que
que
aa sua
sua última
última providência
providência era,
era, sem
sem dúvida alguma, oo nada;
dúvida alguma, nada; porque,
porque,
dizia êle,
dizia êle, aa razão, buscando despojar
razão, buscando despojar um
um conceito, limitá-lo, sepa-
conceito, limitá-lo, sepa­
rá-lo dos
rá-lo outros, chega
dos outros, chega aa tais
tais exigências,
exigências, esmera-se
esmera-se dede tal
tal modo
modo
na remoção
na remoção do do que
que distingue, do que
distingue, do que difere, do que
difere, do que diferencia,
diferencia,
que ela
que ela termina
termina por esvaziar, completamente,
por esvaziar, completamente, o o próprio
próprio conceito,
conceito,
aa ponto
ponto de de torná-lo
torná-lo vazio.
vazio. Então,
Então, o o conceito
conceito dede nada
nada abso-
abso­
luto seria,
luto seria, para
para êle,
êle, aa última
última providência,
providência, coroamento final do
coroamento final do
racionalismo, seria
radonalismo, seria oo conceito
conceito mais
mais caro, mais desejado
caro, mais que oo
desejado que
racionalismo poderia
radonalismo poderia preferir,
preferir, porque representaria oo têrmo
porque representaria têrmo final
final
de tôda
de tôda aa sua acção despojadora.
sua acção despojadora.


— 59
59 —

Ora, provado,
Ora, provado, comocomo jájá oo foi
foi de
de modo
modo apodítico, que oo
apodítico, que
nibilum absoluto,
nibilum absoluto, total
total ee também
também parcial,
parcial, éé impossível,
impossível, conse-
conse­
guentemente éé inútil,
qüentemente inútil, éé falsa
falsa tôda
tôda questão colocada dentro
questão colocada dentro do
do
contexto gama,
contexto gama, porque
porque levará,
levará, inevitavelmente,
inevitivelmente, aa apoiias
aporias insolú-
insolú­
veis desde
veis que se
desde que se lhe empreste qualquer
Ihe empreste positividade.
qualquer positividade.

Hãá filósofos,
H filósofos, queque concebem
concebem o o nihbilum absoluto como
nihilum absoluto como algo
algo
que possa
que possa dar-se,
dar-se, como
como um um outro
outro que
que oO ser,
ser, ee concebem
concebem o o ser,
ser,
positivando-se, afirmando uma
positivando-se, afirmando presença, ee oo nibilum
uma presença, nihilum automâtica-
automàtica­
mente como
mente como ausência.
ausência. A A ausência
ausência éé outro,
outro, assim como se
assim como se àà ocu­
ocu-
pação de
pação de umum espaço
espaço correspondesse
correspondesse um um esvaziamento,
esvaziamento, ee êste êste seria
seria
oo nada
nada absoluto, emprestando-lhe uma
absoluto, emprestando-lhe uma série
série de
de propriedades
propriedades posi-
posi­
tivas, como
tivas, como aa independência
independência absoluta
absoluta para exemplificar.
para exemplificar. Não
Não
dependeria de
dependeria de outro, porque, não
outro, porque, sendo ser,
não sendo ser, nãonão depende
depende nem nem
de si
de si mesmo,
mesmo, éé algoalgo absolutamente independente; um
absolutamente independente; um têrmo
têrmo abso-
abso­
latamente simples,
lutamente simples, um têrmo que
um têrmo que consiste
consiste apenas
apenas em em sisi mesmo,
mesmo,
que tem,
que consequentemente, um
tem, conseqüentemente, um ipsum,
1psum, não porém, ipsum
não porém, zpsum esse,
êsse,
um ipsum
um 7psum nihilum,
nibilum, puramente
puramente nada,
nada, anti-cosmos,
anti-cosmos, oposição
oposição ao ao cos­
cos-
nos, oposição
mos, oposição àà ordem,
ordem, idêntico
idêntico sempre, imutável, porque
sempre, imutável, porque qual-
qual­
quer mudança
quer mudança no njhilwm absoluto
no nihilum absoluto seria
seria oo ser,
ser, ee êle
êle mantém,
mantém,
perdura dentro
perdura dentro da da sua inconsistência, dentro
sua inconsistência, dentro da da sua
sua identidade.
identidade.

Éé também,
também, incondicionado,
incondicionado, não não exige
exige nenhuma
nenhuma condição
condição
para ser.
para ser. Tem um
Tem um fimfim, , uma
uma finalidade,
finalidade, aa negação,
negação, aa aniquila-
aniquila­
ção, que
ção, está presente,
que está desactuando destructivamente,
presente, desactuando destructivamente, ímpeto
ímpeto para
para
oo não,
não, negatividade.
negatividade. ÉE uma eminência negativa,
uma eminência negativa, é,
é, também, livre,
também, livre,
porque não
porque não está
está determinado
determinado por por outrc,
outro, por
por qualquer
qualquer outro
outro têrmo.
têrmo.
EE indigente
indigente de de ser,
ser, mas ptoficiente como
mas proficiente como não-ser,
não-ser, cuja
cuja profi-
profi­
ciência destructiva
ciência destructiva éé aniquiladora,
aniquiladora, aa nihilitude
nihilitude emem sua
sua plenitude.
plenitude.

E seguindo
E seguindo estaesta linha,
linha, constroem
constroem umauma série
série de
de predicados
predicados
que emprestam
cjue emprestam aa êsseêsse nihilum,
nibilum, ee nisto há certa
nisto há certa presença
presença român-
român­
tica
tica na Filosofia, ee tem
na Filosofia, tem umum poder
poder sedutor, sobretudo naquelas
sedutor, sobretudo naquelas
mentes fracas, rebeldes,
mentes fracas, desajustadas, marginalizadas,
rebeldes, desajustadas, marginalizadas, que que vão
vão
encontrar, nesse
encontrar, nesse pensamento,
pensamento, alguma
alguma coisa
coisa que
que ecoa
ecoa dentro
dentro delas,
delas,
*e que
que seria
seria como
como umauma promessa
promessa de frutos maravilhosos.
de frutos maravilhosos.


— 60
60 —

Mas em
Mas tais momentos
em tais momentos deficientes
deficientes da da inteligência
inteligência humana,
humana,
em
em que,
que, como
como ao ao crepúsculo,
crepúsculo, asas aves
aves noturnas
noturnas penetram
penetram na na escu-
escu­
ridão, assim,
ridão, nas nossas
assim, nas nossas trevas,
trevas, penetram
penetram essas más idéias,
essas más idéias, gerá-
gerá-
doras
doras de de maior confusão ee que,
maior confusão que, em
em vez de iluminar,
vez de iluminar, emem vezvez de
de
libertar oo espírito
libertar espírito das
das suas
suas dificuldades,
dificuldades, ee dar maior nitidez
dar maior nitidez aoao
que êle
que êle pretende
pretende examinar,
examinar, fazem-no imergir em
fazem-no imergir em verdadeiros
verdadeiros
abismos, que
abismos, vão perturbar
que vão perturbar ainda mais aa juventude,
ainda mais juventude, impedindo
impedindo
que ela tenha
cjue ela tenha um um papel
papel positivo,
positivo, como
como na verdade deseja
na verdade deseja ter.
ter.

Essas
Essas idéias
idéias não trazem nenhuma
não trazem nenhuma cons:rução, fundamentam-se
construção, fundamentam-se
sôbre possibilidades
sôbre possibilidades falsas,
falsas, colocam-se
colocam-se mal,
mal, ee só poderiam gerar
só poderiam gerar oo
que geram:
que aporias insolúveis,
geram: aporias insolúveis, confusão; perturbação da
confusão,' perturbação da mente,
mente, ee
mais, afastamento
mais, afastamento precipitado
precipitado dada Filosofia,
Filosofia, imersão total no
imersão total no deses-
deses-
pêro negro,
pêro negro, nono nihilismo,
nihilismo, nana ausência
ausência total de fé.
total de fé.

Demonstrada,
Demonstrada, como como já já foi,
foi, aa impossibilidade
impossibilidade dodo nibilum,
nikilum,
quer total,
quer total, ques parcial, tudo
quer parcial, tudo que
que se se coloca,
coloca, fundando-se nêle,
fundando-se nêle,
éé uma
uma questão mal colocada
questão mal colocada ee falsa,
falsa, éé inútil
inútil prosseguir
prosseguir já que oo
já que
ponto de
ponto de partida
partida éé inexistente
inexistente ee insustentável
insustentável ee falho.
falho.

Examinaremos agora
Examinaremos agora oo contexto
contexto deita, referente ao
delta, referente ao nada
nada
selativo. O
relativo. O nada
nada relativo
relativo não
não significa
significa ausência
ausência total
total ee absoluta
absoluta
de qualquer
de qualquer positividade,
positividade, masmas apenas
apenas aa ausência
ausência relativa,
relativa, ausên­
ausên-
cia de
cia de uma postividade não
uma positividade não presente
presente em determinado aspecto,
em determinado aspecto, oo
que implica
que implica dizer
dizer que
que éé nada
nada presente
presente naquele
naquele aspecto,
aspecto, mas
mas éé
uma positividade noutro,
uma positividade noutro, como
como jájá vimos.
vimos.

Dediquemo-nos aos
Dediquemo-nos estudos dos
aos estudos dos predicados
predicados que
que correspon-
correspon­
dem
dem aa êste
êste contexto dos quais
contexto dos anotamos alguns
quais anotamos alguns que
que vamos
vamos come-
come­
car
çar aa precisar:
precisar:

11º)° ) aa nihilitude relativa não


nihilitude relativa não éé aa absoluta;
absoluta;

2º)
2.°) uma inconsistência
uma apenas em
inconsistência apenas em sisi mesma,
mesma, mas
mas presença
presença
que éé negada,
que negada, masmas consistência
consistência por referência àà positividade
por referência ne?
positividade ne*
gada.
gada. OO desvalor
desvalor éé relativo:
relativo: em
em sisi aa ausência
ausência éé um
um desvalor,
desvalor, mas
mas
éé um
um desvalor
desvalor porpor referência
referência que,
que, por indicar aa algo
por indicar algo positivo,
positivo,
= Z
não éé um
não um desvalor
desvalor absoluto,
absoluto, mas,
mas, sim,sim, relativo.
relativo.


— 661 —

Este nada
Êste nada não
não éé um
um nada
nada absoluto;
absoluto; porém
porém éé um nada secun-
um nada secun­
dum qiiíd,
dam quid, porque
porque éé um nada relativamente
um nada relativamente aa umauma determinada
determinada
relação, aa um
relação, determinado aspecto.
um determinado aspecto, E É uma
uma ausência relativa do
ausência relativa do
ser efectivo, éé algo
ser efectivo, algo que
que não
não éé ou
ou não está relativamente.
não está relativamente.
E de
E certo modo
de certo participável também
modo participável também relativamente,
relativamente, porquê-
porquê
podemos participar
podemos participar de deficiências, ee pode
de deficiências, ser produzido,
pode ser produzido, pela
pela
ausência, pela remoção
ausência, pela remoção de alguma coisa.
de alguma coisa.
ÉE substituível,
substituível, porque
porque podemos
podemos preenchê-lo;
preenchê-lo; éé césmico,
ccsmico, por-
por­
que está
que está presente,
presente, dentro
dentro dada ordem
ordem cósmica;
cósmica; éé condicionado,
condicionado, por-
por­
que podemos
que podemos condicionar
condicionar êsse
êsse nada
nada relativo.
relativo. ÉE temporal, porque
temporal, porque
éé alguma
alguma coisa
coisa que
que sucede, alguma coisa
sucede, alguma coisa que
que acontece
acontece na sucessão
na sucessão
das coisas,
das coisas, ee pode deixar de
pode deixar de acontecer.
acontecer. ÉE uma
uma negação
negação relativa,
relativa,
éé uma
uma alteridade
alteridade relativa,
relativa, éé mutável,
mutável, porque
porque podemos
podemos substituí-lo;
substituí-lo;
éé mensurável
mensurável também relativamente.
também relativamente. Tem uma certa
Tem uma certa teticidade
teticidade
por referência.
por referência.

Pode ser
Pode um mal
ser um mal relativo
relativo devido sua ausência,
devido sua ausência, devido
devido àà pci-
pri­
vação, ee não
vação, não um
um mal
mal absoluto,
absoluto, oo qual
qual já vimos ser
já vimos ser impossível.
impossível.
É dependente,
E dependente, porque
porque estaesta ausência surge do
ausência surge do afastamento,
afastamento, da da
remoção de
remoção de algum modo perfectivo
algum modo perfectivo de
de ser.
ser. NãoNão éé uma
uma negação
negação
pura, éé uma
pura, uma negação
negação relativa, porque nega
relativa, porque nega apenas
apenas aa presença
presença dada
positividade ausente,
positividade ausente, nega
nega aa presença
presença da positividade, não
da positividade; não nega,
nega,
porém, totalmente
porém, totalmente àa positividade.
positividade.

Estas são
Estas são algumas
algumas das propriedades que
das propriedades que podemos
podemos apontar
apontar
agora sôbre
agora sôbre oo nada
nada relativo.
relativo. MasMas devemos distingui-lo, enquanto
devemos distingui-lo, enquanto
ausência de
ausência de uma
uma positividade
positividade queque já
já se
se dá subjectivamente corro
dá subjectivamente coir.o
nada disto,
nada disto, nada
nada daquilo,
daquilo, ee aa ausência
ausência de
de uma
uma positividade
positividade queque
que ainda
que ainda nãonão se
se dá
dá subjectivamente,
subjectivamente, comocomo éé o o caso
caso dodo Meou.
Meon.
Noo nihil,
N mnibil, como
como nada
nada relativo,
relativo, dá-se
dá-se aa ausência
ausência relativa
relativa dede algo
algo
efectivo, enquanto
efectivo, enquanto que,
que, nono Meon,
Meon, dá-se
dá-se aa ausênda
ausência de algo ainda
de algo ainda
efectivo,
efectivo, masmas que
que poderá efectivar-se.
poderá efectivar-se.
.
OO Meon
Meon não
não éé produzido,
produzido, éé improduzido, porque, como
improduzido, porque, como vi-
vi­
mos, corresponde
mos, corresponde àà capacidade
capacidade de determinação ilimitada
de determinação ilimitada da omn:-
da omni­
potência do
potência Ser Supremo.
do Ser Supremo. Ele
Êle éé aa determinabilidade
determinabilidade ilimitade,
ilimitada,
correspondente
correspondente aa esta
esta ilimitada capacidade de
ilimitada capacidade determinar, ee éé
de determinar,
improduzido, não
improduzido, não foi
foi produzido,
produzido, éé coeterno
coeterno com
cem aa omaipotência.
omnipotência.


— 62 —
62 —
Ele éé apenas
Êle zpenas um
um pro-ser,
pro-ser, alguma
alguma coisa
coisa que
que ainda
ainda não
não é,é, mas,
mas,
ta
na acção, no agir
acção, no agir do
do ser
ser aa se, êle, de
se, êle, potência objectiva
de potência objectiva vai suDjec-
vai subjec­
tivar-se numa potência
tivar-se numa já informada,
potência já informada, êle êle é,é, assim,
assim, um pro-ser
um pro-ser
do
do ser.
ser. Éle é
Êle é extra-temporal, portanto, atemporal,
extra-temporal, portanto, atemporal, porque
porque acom-
acom­
panha
panha £z infinitude
infinitude dada potência activa do
potência activa do Ssr
Ser Supremo.
Supremo. Ele Êle não
não
tem esta capacidade
tem esta capacidade de de a.terar-se, porque rão
a.terar-se, porque deixa de
r.ão deixa ser sem”
de ser sem*
pre Meon,
pre Meon, capacidade
capacidade apenas
apenas de de receber determinações pelo
receber determinações pelo acto
acto
infinito
infinito criador.
criador. ɣ neutro,
neutro, éé imensurável,
imersurável, não não éé um
um ente
ente per se,
per se,
ão tem
não tem perseitas,
perseitas, não
não tem inseitas, nem
tem biseitas, nem aseitas.
aseitas.

Nestas
Nestas condições, notamos que
condições, notamos que entre
entre oo não
não ser
ser relativo,
relativo, por
por
exemplo: oo não
exemplo; ser relativo
não ser relativo do avião, no
do avião, século V,
no século V, éé distinto
distinto do
do
Meon, porque
Meon, porque oo avião
avião eraera uma
uma possibilidade
possibilidade do do que
que jájá estava
estava
dado. Encontravam-se
dado. Encontravam-se aa potência
potência subjectiva
subjectiva nãonão sósó no homem,
no homem,
como na
como técnica ee na
na técnica na sua.
suz ciência,
ciência, para
para sese tornar uma realidade,
tornar uma realidade,
mas oo Meon
mas Meon apenas
apenas éé umauma potência objectiva, que
potência objectiva, que sósó se
se subjecti-
subjecti­
vará com
vará com aa forma,
forma, no no acto criador.
acto criador.

Agora,
A comparando êsses
gora, comparando quatro contextos,
êsses quatro contextos, podemos
podemos tirar
tirar
uma série de conclusões de magna importância para os noss35js
uma série de conclusões de magna importância para os doss
estudos filosóficos.
estudos filosóficos.

Em primeiro
Em primeiro lugar,
lugar, queremos
queremos salientar
salientar as
as questões
questões mal
mal colo-
colo­
cadas que
cadas que sese podem
podem fazer dentro do
fazer dentro do contexto
contexto delta.
delta. PorPor exem-
exem­
plo: quem
plo: quem parta
parta da
da concepção
conce>ção de de que
que oo nada
nada relativo,
relativo, oo NN7bil,
ibil, ee
o Meon,
o Meon, são
são nihilum,
nibilum, nada
nada absoluto,
absoluto, tudotudo que
que decorre posterior-
decorre posterior­
mente, mais
mente, mais diadia ou
ou menos dia, mais
menos dia, mais cedo
cedo ou mais tarde,
ou mais tarde, mais
mais
próximo ou
próximo ou mais
mais remoto, pô-lo-á em
remoto, pô-lo-á em aporias insolúveis.
aporias insolúveis. Tóôda
Tôda
questão colocada
questão colocada neste sentido será
neste sentido será uma
uma questão
questão insolúvel.
insolúvel.

Por outro
Por outro lado,
lado, se o nada
se o nada absoluto
absoluto contradiz,
contradiz, frontalmente,
frontalmente,
ooser abalioeoser a se, o nada relativo ee oo Meon
ser ab alio e o ser a se, o nada relativo Meon não
não osos con-
con­
tradizem.
tradizem. Podem ser admitidos como de certo modo dando-se,
Podem ser admitidos como de certo modo dando-se,
sem que
sem que êse dar-se repugne
êsse dar-se repugne ouou contradiga
contradiga oo contexto
contexto aalfa
lfa ee o
o
contexto beta.
contexto beta. Pode-se, perfeitamente, conjugar
Pode-se, perfeitamente, o contexto
conjugar o contexto delta
delia
com
com Oo contexto
contexto alfa
alfa ee com
com Oo contexto
contexto beta.
beta. E E esta
esta conjugação
conjugarão éé
ainda mais
ainda mais estreita
estreita entre
entre oo contexto
contexto delta
delta ee oo contexto
contexto beta,
beta, por-
por­

— 63

6 — —
que oo ser
que ser ab
ab alio
alio é,é, de
de certo
certo modo,
modo, um um ser que tem
ser que tem aa presença
presença
do nibil, aa presença
•do nibil, presença do do nada relativo, que
nada relativo, que éé ausência de alguma
ausência de alguma
positividade.
positividade.

Portanto, nêle
Portanto, nêle sese dá alguma ausência,
dá alguma ausência, alguma
alguma deficiência,
deficiência,
falta, porque
falta, porque é,é, da
da sua própria essência,
sua própria essência, ser
ser um ente limitado
um ente limitado pelo
pelo
que éé positivo,
que positivo, ee ao mesmo tempo
ao mesmo tempo afirma
afirma aa ausência
ausência ulterior de
ulterior de
algumaa perfeição
algum perfeição de
de ser,
ser, que não Ihe
que não lhe pertence,
pertence, que dêle se
que dêle se ausen-
ausen­
ta,
ta, que
que oo delimita,
delimita, que
que lhe estabelece fronteira.
Ihe estabelece fronteira.

Assim, nós
Assim, podemos, perfeitamente,
nós podemos, perfeitamente, trabalhartrabalhar com com oo con­
con-
texto alfa, com
texto alfa, com oo contexto
contexto beta,beta, ee com com o O contexto
contexto delta, evitando
delta, evitando
as contradições, evitando
as contradições, evitando as as incongruências,
incongruências, ee podendo podendo colocar
colocar
bem
bem as as diversas
diversas questões filosóficas que
questões filosóficas que surjam.
surjam. Mas, Mas, comete-
comete­
remos
remos erros
erros se se emprestarmos
emprestarmos ao ao contexto
contexto deltadelta aquela ausência
aquela ausência
de propriedades, que
de propriedades, que citamos
citamos ao ao referirmo-nos
referirmo-nos ao ao nibilum,
nihilum, como
como
alguns
alguns fazem,
fazem, comocomo alguns
alguns se se colocam,
colocam, pondo pondo oo nihilnibil como
como total-
total­
mente outro que
mente outro que oo ser, como se
ser, como êle fôsse
se êle fôsse oo nibilum,
nihilum, ee daí daí che-
che­
gam aa situações
gam insolúveis, aa cair
situações insolúveis, cair naqueles estados de
naqueles estados náusea,
de náusea,
naqueles estados
naqueles estados de de nojo, naqueles estados
nojo, naqueles estados de de desesperança,
desesperança, que que
os levam aa destruir
os levam destruir tôdatôda positividade
positividade filosófica,
filosófica, pela
pela impossibilida-
impossibilida­
de, que
de, que se encontram, de
se encontram, poder mantê-la,
de poder mantê-la, já já que, ao postular
que, ao postular oo nada
nada
absoluto, estão
absoluto, destruindo, dentro
estão destruindo, dentro de de si,si, aa positividade.
positividade. M Masas essa
essa
destruição não
destruição não se dá ônticamente,
se dá ônticamente, dá-se dá-se apenas psicolôgicamente,
apenas psicològicamente,
apenas na
apenas na mente
mente dêssesdêsses filósofos.
filósofos. Basta Basta ver ver osos existencialistas
existencialistas
modernos, que
modernos, que seguem
seguem aa linha linha atéia
atéia que,
que, ao colocar o
ao colocar o nada,
nada, oo
nibil, como
nihil, como se se oo nihilum
nibilum fôssefôsse oo nada relativo, como
nada relativo, como se se fôsse
fôsse oo
nada absoluto,
nada absoluto, em em quantas dificuldades teóricas
quantas dificuldades teóricas êlesêles se
se embre-
embre­
ham ee se
nham se confundem,
confundem, caindo caindo nas próprias armadilhas
nas próprias armadilhas por por êles
êles
construídas, e,
construídas, e, depois,
depois, nãonão encontrando
encontrando solução solução aos aos seus proble-
seus proble­
mas, têm
mas, têm queque levar
levar aa sua acção destruidora
sua acção destruidora aos extremos, de
aos extremos, de
modo aa cair
modo cair nos abismos, que
nos abismos, que êles mesmos cavaram.
êles mesmos cavaram.

Ora, aa Filosofia
Ora, Filosofia não
não tem
tem outro caminho para
outro caminho seguir senão
para seguir senão
o caminho
o caminho positivo
positivo ee concreto.
concreto. Porque, na
Porque, verdade, só
na verdade, só há
há uma
uma
filosofia verdadeira,
filosofia verdadeira, aa que
que segue
segue oo caminho
caminho adequado
adequado para atingir
para atingir
aos fins
aos fins que
que ela
ela colima, que éé aa que
colima, que que demonstra
demonstra apodlticamente
apoditicamente
os seus postulados.
os seus postulados.

— 66 4 —
— —
Demonstramos na
Demonstramos na “Filosofia
"Filosofia Concreta”,
Concreta", na na parte
parte final,
final, ee não
não
há mais
há necessidade de
mais necessidade de repetir,
repetir, que podem haver
que podem diversos modos
haver diversos modos
de filosofar,
de filosofar, diversas
diversas viasvias filosóficas
filosóficas ee diversas
diversas metas, mas inevitã-
metas, mas inevità-
velmente,
velmente, um um fêcho
fêcho real,real, verdadeiro,
verdadeiro, só pode ser
só pode ser oo positivo
positivo ee
concreto, para
concreto, para aquêle
aquêle que trabalhar com
que trabalhar com segurança,
segurança, dentro dêsses
dentro dêsses
quatro contextos
ciuatro contextos ee nas nas suassuas dualidades,
dualidades, ee que que não
não faz confusão
faz confusão
nos seus
nos seus predicados
predicados ee saiba saiba atribuí-los
atribuí-los aa quemquem devadeva atribuí-los.
atribuí-los.
Tudo isso
Tudo isso não
não éé uma criação arbritrária,
uma criação arbritrária, tudotudo isso
isso não
não éé alguma
alguma
coisa que
coisa que construímos
construímos através através de de iocubrações,
locubrações, dentro
dentro de de um gabi-
um gabi­
nete de
nete de estudo.
estudo. São São verdades
verdades que que sese revelaram
revelaram àà proporção
proporção que que
■a i nossa
nossa mente
mente vai penetrando, facilmente,
vai penetrando, passo aa passo,
facilmente, passo passo, nos
nos
caminhos do
caminhos do conhecimento
conhecimento especulativo,
especulativo, ee aa iluminação
iluminação permite-
permite-
-lhe transparecerem
-lhe transparecerem as as verdades,
verdades, que que se vão distinguindo
se vão distinguindo nitida-
nitida­
mente desfazendo asas trevas
mente desfazendo trevas ee asas confusões,
confusões, porque
porque aa luz
luz ilumina-
ilumina-
-nos por
-nos por todos
todos os os lados,
lados, pois pois quando
quando aa Filosofia
Filosofia éé bem guiada
bem guiada
cé aa luz
luz dodo meio
meio dia,
dia, aa luz luz meridiana,
meridiana, ee não não aa crepuscular
crepuscular que que
torna cada vez
torna cada vez maiores
maiores as as sombras,
sombras, ee que que termina
termina porpor projectá-las
projectá-las
como entidades
como entidades soturnas
soturnas para para amedrontar
amedrontar oo pensamento
pensamento humano.
humano.

.66 5 —
- —
CAP. V
CAP. V

DAS
D A S DIVISÕES
DIVISÕES DO SER
D O SER

Ao estudarmos
Ao estudarmos as as diversas
diversas divisões do ente,
divisões do ente, propostas
propostas através
através
dos tempos
dos tempos nana Filosofia,
Filosofia, verificamos
verificamos que
que aa queque melhor
melhor divide
divide
realmente oo ente,
realmente ente, éé aquela
aquela entre
entre ente
ente aa se
se ee ente
ente ab
ab alio,
alio, ou
ou
seja, oo ente
seja, ente que
que tem
tem emem si si mesmo
mesmo aa sua
sua razão
razão dede ser,
ser, ee o
o seu
seu
princípio, ee oo ente
princípio, ente ab alio, que
ab alio, que tem
tem aa sua
sua razão
razão de
de ser
ser ee o
o seu
seu
princípio em
princípio em outro.
outro.
Várias outras divisões
Várias outras divisões foram
foram apresentadas,
apresentadas, comocomo aa dede ser
ser
- necessário
necessário ee aa dede ser
ser contingente,
contingente, do do ser
ser possível,
possível, aa dodo ser
ser por
por
essência ee do
essência do ser
ser por
por participação. Outros apresentaram
participação. Outros apresentaram oo actoacto
furo ee oo ente
puro ente potencial,
potencial, oo ente
ente híbrido,
híbrido, outros
outros o o simples
simples eeo*o
composto, outros
composto, outros oo infinito
infinito ee oo finito,
finito, outros
outros oo criado
criado ee Oo incria-
incrii-
do, outros
do, outros oo completo
completo ee oo incompleto,
incompleto, outros
outros oo absoluto
absoluto simpliciter
simpliciter
cc oo relativo,
relativo, que também pode
que também pode serser absoluto apenas relativo,
absoluto apenas relativo, oo
eterno ao
eterno ao lado
lado do temporal, oo improduzido
do temporal, improduzido ao ao lado
lado dodo produzido.
produzido.

Atribuem-se ao
Atribuem-se ser aa se
ao ser se os
os seguintes
seguintes predicados:
predicados: dede ser ne-
ser ne­
cessário, de
cessário, ser por
de ser por essência,
essência, de de ser
ser acto
acto puro,
puro, dede ser simpliciter
ser simplicitcr
simplex, de
simplex, de ser
ser infinito,
infinito, de de ser incriado, de
ser incriado, de ser
ser completo,
completo, de
de scr
scr
simpliciter absoluto,
simpliciter absoluto, de ser etemo
de ser eterno ee de ser improduzido.
de ser improduzido.

Também outros
Também outros oferecem
oferecem outras
outras divisões,
divisões, como
como aa dede incor-
incor­
ruptível ee corruptível,
ruptível corruptível, mas
mas oo ser
ser absolutamente
absolutamente simples
simples é,é, ne­
ne-
cessáriamente, incorruptível,
cessariamente, incorruptivel, porque
porque aa corrupção
corrupção sósó pode
pode dar-se
dar-íe
nos sêres
nos sêres compostos,
compostos, só só os
os sêres
sêres compostos
compostos podem
podem dividir-se em
dividir-se em
suas partes.
suas partes.


— 6677 —

Conseguentemente, êsses
Conseqüentemente, êsses predicados,
predicados, que
que pertencem
pertencem uns
uns ao
ao
ser aa se,
ser outros ao
se, outros ao ser
ser ab
ab alio,
alio, são
são considerados
considerados como
como disjuntos,
disjuntos,
porque não
porque não éé possível
possível que
que o o ser
ser seja
seja ao
ao mesmo
mesmo tempo
tempo incriado
incriado ee
criado; não
criado; não éé possível
possível que
que êle
êle seja, simultâneamente, completo
seja, simultâneamente, completo ee
incompleto sob
incompleto sob oo mesmo
mesmo aspecto.
aspecto.
Também não
Também não éé possível
possível que êle seja
que êle necessário ee ao
seja necessário ao mesmo
mesmo
tempo contingente,
tempo contingente, simultâneamente
simultâneamente sob sob oo mesmo
mesmo aspecto;
aspecto; as-as­
sim, êsses
sim, êsses predicados
predicados são são disjuntos,
disjuntos, sãosão alguns,
alguns, que
que Scot
Scot cha-
cha­
mou de
mou de passiones
passiones disjunctivas, quer dizer,
disjunctivas, quer dizer, são aspectos qualita­
são aspectos qualita-
tivos disjuntivos.
tivos disjuntivos. Mas,Mas, ainda
ainda na na classificação
classificação dosdos entes
entes bus-
bus­
cou-se alcançar
cou-se alcançar aa outras
outras divisões,
divisões, ee chegatam-se
chegaram-se aa estas,
estas, que
que cons-
cons­
tituem as
tituem as quatro
quatro divisões que Aristóteles
divisões que Aristóteles apresenta
apresenta na sua obra,
na sua obra,
que formam
que formam as as suas
suas famosas
famosas quatro
quatro polaridades,
polaridades, que que são:
são: 1)1)
acto ee potência;
acto potência; 2)2) forma
form a ee matéria;
matéria; 3)3) essência
essência ee existência;
existência; 4) 4)
substância ee accidente.
substância accidente.
Essas, também,
Essas, também, por sua vez,
por sua vez, poderiam
poderiam servir
servir para
para dividir,
dividir,
realizar aa divisão
realizar divisão do do ente,
ente, mas
mas acontece
acontece que
que não se excluem,
não se excluem, co-co-
ino sucede
íno sucede com com asas outras,
outras, porque
porque oo incriado
incriado exclui
exclui oo criado,
criado, oo
absoluto exclui
absoluto exclui oo relativo,
relativo, o o eterno
eterno exclui
exclui o o temporal,
temporal, enquanto
enquanto
que estas
que não, porque
estas não, porque aa substância
substância não
não exclui
exclui oo accidente,
accidente, oo acto
acto
não exclui
não exclui aa potência,
potência, aa forma
forma não exclui aa matéria,
não exclui matéria, aa essência
essência
não exdui
não exclui aa existência.
existência. Podem dar-se juntas,
Podem dar-se juntas, podem formar
podem formar
uma unidade.
uma unidade.

Não
N ão sese poderia
poderia formar
formar umum ser
ser que fôsse um
que fôsse um misto
misto de acto
de acto
puro ee ente
puro ente potencial,
potencial, porque
porque umum serser dessa espécie seria
dessa espécie seria absurdo,
absurdo,
pois seria
pois seria umum ser que conteria,
ser que intrinsecamente, uma
conteria, intrinsecamente, uma contradição
contradição
tormal;
form também oo ser
al; também ser não
não poderia
poderia serser simultâneamente
simultâneamente infinito
infinito
ee finito,
finito, nemnem poderia
poderia ser criado ee incriado
ser criado incriado simultâneamente.
simultâneamente.
Portanto, essas
Portanto, essas passiones
passiones disjunctivas
disjunctivas se excluem.
se excluem.

Não
N ão repugnam
repugnam uma uma àà outra,
outra, mas repugnam quanto
mas repugnam quanto àà suasua
constituição, dentro
constituição, dentro dede uma
uma mesma unidade, enquanto
mesma unidade, enquanto queque essas
essas
outras não,
outras não, porque
porque umum serser éé composto,
composto, enquanto
enquanto êle é, enquanto
êle é, enquanto
êle tem
êle tem positividade;
positividade; êleêle éé composto
composto de de acto
acto ee potência,
potência, uma
uma
substância
substância tem tem seus accidentes, enquanto
seus accidentes, enquanto éé umauma substância
substância per­
per-
tencente
tencente ao ao contexto
contexto beta;
beta; e,e, também,
também, porpor exemplo,
exemplo, actoacto ee po-
po­


— 68
68 —

tência, enquanto
tência, enquanto constituinte
constituinte dodo contexto beta, oo ser
contexto beta. ser possui
possui sem-
sem­
pre aa sua
pre sua actualidade
actualidade ee aa sua potencialidade.
sua potencialidade. Também, no
Também, no con-
con­
texto alfa,
texto alfa, oo ser possui aa sua
ser possui actualidade pura
sua actualidade pura ee aa sua potencia-
sua potencia­
lidade activa,
lidade activa, que
que decorrem
decorrem dêsse
dêsse acto puro, não
acto puro, não aa passiva;
passiva; en­
en-
quanto que,
quanto que, no
no contexto
contexto beta, possui, além
beta, possui, além dada activa,
activa, aa passiva.
passiva.

AA forma
forma ee aa matéria
matéria só podem dar-se,
só podem dar-se, contudo,
contudo, no con-
no con­
texto beta,
texto beta, porque,
porque, no no contexto
contexto alfa,
alfa, não podemos conceber
não podemos conceber forma
forma
com matéria,
com matéria, porque
porque seriaseria um
um ser
ser composto
composto ee oo ser ser dodo contexto
contexto alfa
alfa
não éé um
não um serser composto;
composto, também também não não pode
pode dar-se
dar-se aa substância
substância
jufto com
jiínto com oo accidente
accidente se se considerarmos
considerarmos oo conceitoconceito de de substân-
substân­
cia como
cia portador, também,
como portador, também, de de accidentes.
accidentes. Nós N ós nãonão partimos,
partimos,
iatêticamente, dêste
matèticamente, déste conceito;
conceito; aa substância
substância é, é, na Matese, apenas
na Matese, apenas
um ser,
um ser, que
que éé per
per sese ee in se; isto
in se; isto é,é, um
um ser
ser que
que tem
tem perseidade
perseidade ee
snseidade, aquêle
ntseidade, aquêle ser ser que
que sese dá por sisi mesmo
dá por mesmo ee em em sisi mesmo;
mesmo;
então, neste
então, neste caso, poderiamos chamar
caso, poderíamos chamar oo ser ser aa se
se também
também de de uma
uma
substância, neste
substância, neste sentido,
sentido, porque
porque êle êle éé uma
uma perseidade
perseidade ee éé uma uma
inseidade.
inseidade. Agora, aa substância
Agora, substância do do contexto
contexto beta,beta, além
além de ser
de ser
uma inseidade
uma inseidade ee perseidade,
perseidade, ela ela éé também
também aa portadora
portadora do acci-
do acci­
dente, cujo ser
dente, cujo ser consiste
consiste num num inesse
ines;e nesta
nesta substância.
substância.

A substância
A finita não
substância finita pode dar-se
não pode dar-se semsem accidentes,
accidentes, porque,
porque,
precisamente,
precisamente, aa sua sua finitude
finitude marca
marca aa sua sua accidentalidade.
accidentalidade. Ela Ela
tem
tem de de dar-se
dar-se com
com accidentes
accidentes e, e, conseqüentemente,
consequentemente, êstes êstes são-lhes
são-lhes
de certo modo
de certo necessários, como
modo necessários, como os os accidentes quantitativos, que
accidentes quantitativos, que
são necessários da
são necessários parte material
da parte material da da substância,
substância, ee os accidentes
os accidentes
qualitativos,
qualitativos, que decorrem da
que decorrem da estructura
estructura eidética
eidética do
do próprio ser;
próprio ser;
quer dizer, aa estructura
quer dizer, estructura hilética,
hilética, que corresponde àà matéria
que corresponde matéria no no
sentido aristotélico, ee aa estructura
sentido aristotélico, estructura eidética, correspondente àà for­
eidética, correspondente for-
ma também no
ma também no mesmo sentido, ee aa estas
mesmo sentido, cabem accidentes,
estas cabem accidentes, que
que
lhe são
Ihe necessários, porque
são necessários, porque não não éé possível
possível umauma quantidade
quantidade sem sem
uma matéria que,
uma matéria que, dede certo
certo modo,
modo, não não se se apresente
apresente quântica;
quântica; ago-
ago­
ta, oO quanto
ra, quanto nãonão quer dizer extensão
quer dizer apenas, porque
extensão apenas, porque oo quanto
quanto
não
não éé apenas
apenas extensão,
extensão, êle êle pode
pode dar-se
dar-se também
também potencialmente.
potencialmente.

De maneira
De maneira que
que estas
estas quatro
quatro polaridades
polaridades aristotélicas
aristotélicas são
são
diferenças, que
diferenças, que de
de certo modo são
certo modo são princípio
princípio do ser determinado.
do ser determinado.
Duas pertencem
Duas pertencem ao contexio beta
ao contexto beta ee ao contexto alfa,
ao contexto alfa, que
que éé acto
acto

— 669 —
— —
ee potência,
potência, ee essência
essência ee existência,
existência, porque
porque estas
estas dão-se juntas na­
dão-se juntas na-
quele contexto,
quele contexto, pois,
pois, Oo ser
ser aa se
se é,
é, simultâneamente,
simultaneamente, aa existência
existência da
da
sua essencialidade,
sua essencialidade, êle
êle éé êle
êle mesmo;
mesmo; enquanto
enquanto que
que substância
substância ee
accidente forma
accidenle forma ee matéria, dão-se no
matéria, dão-se contexto beta.
no contexto beta.

Agora, aa forma
Agora, forma ee aa substância
substância podem dar-se, podem
podem dar-se, podem ser ser
consideradas como
consideradas como conceitos
conceitos do do contexto
contexto alfa,
alfa, desde
desde queque nós
nós con-
con­
sideremos aa forma
sideremos forma não não como
como informante
informante da matéria, mas
da matéria, como
mas como
aa forma
forma persistente,
persistente, subsistente,
subsistente, ee com aseidade.
com aseidade. ÉÉ aa substância,
substância,
tomada nesses
tomada nesses dois
dois sentidos,
sentidos, da qual nós
da qua.1 nós excluímos
excluímos aa accidentali-
accidentali-
dade ee da
dade da forma
forma aa materialidade,
materialidade, por por eiaeia informada.
informada. Neste
Neste
caso, êstes
caso, êstes conceitos podem pertencer
conceitos podem pertencer ao ao contexto
contexto alfa;
alfa; quer
quer
dizer, qualquer
dizer, qualquer questão
questão filosófica,
filosófica, queque coloque
coloque estas
estas polaridades,
polaridades,
sem respeitar as
sem respeitar as características
características fundamentais
fundamentais dos dos contextos,
contextos, sãosão
questões
questões mal colocadas, ee que,
mal colocadas, que, inevitavelmente,
inevitàvelmente, levam
levam aa situações
situações
aporéticas.
aporéticas.

Estas diferenças últimas


Estas diferenças últimas nlonão se excluem quando
se excluem quando elas
elas são
são
consideradas
consideradas no no contexto
contexto beta,
beta, mas
mas sese excluem
excluem quando
quando conside-
conside­
tadas no
radas no contexto alfa, porque,
contexto alfa, porque, neste,
neste, asas duas
duas se se excluem,
excluem, aoao
menos parcialmente,
menos parcialmente, assim:
assim: acto
acto ee potência,
potência, no
no contexto
contexto alfa,
alfa,
não se
não excluem, mas
se excluem, mas está
está excluída
excluída 3a. potência passiva, sem
potência passiva, sem excluir
excluir
aa potência
potência activa,
activa.

A essência
A essência ee aa existência
existência nãonão sese excluem,
excluem, aa essência
essência pode
pode
dar-se junto
dar-se junto com
com aa existência, porque aquela
existência, porque aquela éé aa própria
própria exis-
exis­
tência ee esta
tência esta éé aa própria
própria essência
essência emem suasua glória.
glória. DeD e mareira
maneira
que, então,
que, então, podemos
podemos dizer
dizer que
que não se excluem,
não se excluem, tanto
tanto no
no contexto
contexto
alfa
alfa como
como no no contexto
contexto beta, salvo aa potência
beta, salvo potência passiva.
passiva.

Mestramos que
Mcstramos que aa má m i colocação
colocação de de certos
certos problemas,
problemas, ee queque
não são poucas,
não são poucas, vãovão gerar
gerar essas
essas terríveis
terríveis aporias.
aporias. Vamos
Vamos dar dar al-
al­
guns exemplos:
guns exemplos: o o conceito
conceito de de eternidade
eterridade implica
implica aa simultaneidade
simultaneidade
total ee absoluta
total absoluta da da sua
sua duração.
duração. ÀA eternidade
eternidade não não pode ser uma
pode ser uma
duração sucessiva, porque
duração sucessiva, porque oO ser sucessivo, oo ser
ser sucessivo, ser que
que passa
passa por
por
sucessões, éé oo ser
sucessões, ser finito.
finito. Consegientemente,
Conseqüentemente, o o ser
ser aa se,
se, não
não
pode ser
pode ser umum ser sucessivo, terá
ser sucessivo, de ser
terá de ser necessâriamente,
necessàriamente, um ser
um ser
cterno.
eterno. Ora, aa eternidade
Ora, eternidade não pode ser
não pode ser considerada
considerada como
como um um
longo presente: temos
longo presente: temos de de afastar
afastar dodo conceito
conceito de de eternidade, para
eternidade, para


— 70 —
70 —
captá-lo em
captá-lo em suasua máxima
máxima precisão, dois aspectos:
precisão, dois 1.º) aa sucessão
aspectos: 1.°) sucessão
e,c, 2.º)
2 .°) àa idéia
idéia dada presença
presença temporal;
temporal; em em suma,
suma, temos
temos de afastar
de afastar
do conceito
do conceito de eternidade tôdas
de eternidade tôdas asas notas,
notas, que são essenciais
que são essenciais ao
ao
tempo, com
tsmpo, com excepção
excepção apenas
apenas da genérica de
da genérica de duração.
duração. Quer Quer di-di­
zer: oo que
zer: que analoga
analoga aa eternidade
eternidade comcom o o tempo
tempo éé aa duração;
duração; poris-
poris-
so, oO tempo
so, tempo éé umauma imagem imperfeita da
imagem imperfeita da eternidade,
eternidade, como
como dizia
dizia
Platão com
Platão muita propriedade,
com muita propriedade, porque
porque aa duração
duração apenas
apenas se pre-
se pre­
dica incompletamente
dica incompletamente da dz sua essência, pois,
sua essência, pois, oo tempo
tempo não não éé ape-
ape­
nas duração.
nas duração.

r Não podemos inverter,


Não podemos inverter, dizendo
dizendo “duração
"duração éé tempo”tempo”, , porque
porque
há duração
há duração nãc não temporal,
temporal, que que seria
seria aa eternidade.
eternidade. N Neste
este caso,
caso,
exige-se uma
exige-se uma diferença
diferença específica,
específica, ee esta
esta éé dada pela capacidade
dada pela capacidade
de suceder,
de suceder, pela qualidade, que
pela qualidade, que éé uma diferença específica
uma diferença específica
pela qualidade
pela qualidade de de suceder,
suceder, peJa pela capacidade
capacidade de de determinar-se
determinar-se
através de
através de sucessões,
sucessões, de de ulteriores
ulteriores têrmos,
termos, outros
outros que que osos ante-
ante-
tores
liores ee separados
separados dêstes.
dêstes. Neste caso,
Neste caso, vemos
vemos que que se se qui-
qui­
séssemos, por
séssemos, por exemplo, emprestir ao
exemplo, emprestar ao serser aq sese aa temporalidade,
temporalidade,
estaríamos, inevitàvelmente,
estaríamos, inevitâvelmente, criandocriando uma contradição,
uma contradição, porque,
porque,
embora exista
embora exista êste logos analogante
êste logos analogante entreentre oo tempo
tempo ee aa eternidade,
eternidade,
há,
há, entretanto,
entretanto, aquelaaquela diferença específica do
diferença específica do tempo,
tempo, que que não não
permite,
permite, que que nío não se
se concilia
concilia comcom aa duração
duração do do ser
ser aa se,
se, ee que,
q ie,
consequentemente, éé uma
conseqüentemente, uma contradição,
contradição, pois pois oo serser não
não poderia
podeáa
ser, simultâneamente, eterno
ser, simultaneamente, eterno ee simultâneamente
simultaneamente sucessivo,sucessivo, poispois
aa eternidade
etemidade tem tem de de ser tota simul,
ser iota simul, tôdatôda simultaneamente,
simultâneamente, en- en­
quanto que
quanto que aa sucessão
sucessão éé dadadada sucessivamente,
sucessivamente, um um instante
instante apósapós
outro instante.
outro instante. Haveria
Haveria contradição
contradição formalformal intrínseca,
intrínseca, ee aquê­
aquê-
les que
les procurem dar,
que procuram dar, porpor exemplo,
exemplo, ao ao seu
seu conceito
conceito de de Deus,
Deus, na na
Filosofia,
Filosofia, essa essa temporalidade,
temporalidade, como como se se êle
êle vivesse,
vivesse, se se êle
êle fôsse,
fôíse,
dentro dessa temporalidade,
dentro dessa temporalidade, inevitâvelmente
inevitàvelmente se se encontrarão
encontrarão ante ante
aporias insolúveis.
aporias insolúveis. Portanto,
Portanto, éé mal colocada aa questão
mal colocada questão queque pro-
pro­
a
cure
cure dardar àà temporalidade
temporalidade oo carácter
carícter de de eternalidade.
eternalidade.

Não
Não éé possivel que um
possível que ser aa se
um ser se seja
seja um
um ser criado, porque
ser criado, porque
êste éé o
êste o ser
ser que
que sobrevém, inevitâvelmente, de
sobrevêm, inevitàvelmente, outro.
de outro. Ora,
Ora,
o ser
o ser sendo
sendo aa se não pode
se não pode ter
ter recebido
recebido oo ser
ser de outro; portanto,
de outro; portanto,
não se
não se pode
pode dar
dar aa êle, simultâncamente, aa idéia
êle, simultâneamente, idéia de ser criado
de ser criado e,e,
de ser
de ser incriado.
incriado.

— 71 —
Quando Renan
Quando Renan admite
admite queque Deus
Deus éé um um final
final da
da evolução,
evolução,
ponto máximo
ponto máximo da da evolução,
evolução, Deus
Deus seria
seria não
não mais
mais oo criador
criador masmas
aa criatura,
criatura, seria
seria aa última criatura, aa criatura
última criatura, criatura final
final de tôda aa evo-
de tôda evo­
lução; então,
lução; então, oo seu ser seria
seu ser seria um
um serser recebido,
recebido, um ser de
um ser de depen-
depen­
dência absoluta
dência absoluta e,e, conseqüentemente,
consegientemente, um um ser
ser que
que sese finitizaria
finitizaria
por essas
por essas consegiiências.
conseqüências. AA idéia idéia dede Deus,
Deus, emem Renan,
Renan, éé uma uma
iéia absurda,
idéia absurda, porque eivada de
porque eivada de contradição
contradição formal intrínseca.
formal intrínseca.

Já vimos
Já vimos que que sese oo acto
acto éé puro,
puro, necessariamente
necessáriamente só só tem
tem acto.
acto.
Pode ter
Pode ter uma
uma potência
potência activa, pode gerar,
activa, pode criar, pode
gerar, criar, fazer, deter­
pode fazer, deter-
minar; até
minar; aí, não
até aí, não há há contradição nenhuma, mas
contradição nenhuma, mas sese admitirmos
admitirmos
que êsse
que êsse acto
acto puro
puro ao ao mesmo
mesmo tempo
tempo temtem uma
uma parte
parte passiva,
passiva, apta
apta
aa receber
receber determinações,
determinações, deixa deixa dede ser
ser um ente em
um ente acto puro,
em acto puro, por-
por­
que
que jájá terá
terá umauma hibridez
hibridez de de passividade.
passividade. Neste
Neste caso, haveria
caso, haveria
contradição
contradição formal intrínseca, contradição
formal intrínseca, contradição que vamos encontrar,
que vamos encontrar,
por
por exemplo,
exemplo, no no panteísmo,
panteísmo, que termina em
que termina insoléveis aporias.
em insolúveis aporias.

Naa Apor
N Aporética,
ética, há um aspecto
há um aspecto axiológico
axiológico muitcmuitc importante,
importante,
pois podemos
pois podemos considerar
considerar oo valor
valor de
de uma
uma doutrina,
doutrina, visualizando
visualizando
aa proporção
proporção em em que
que ela
ela apresente
apresente as suas aporias.
as suas cporias. U Uma doutri-
m a doutri­
na que
na que apresente
apresente menos
menos aporias será, consequentemente,
aporias será, conseqüentemente, mais mais
próxima da
próxima da verdade
verdade do que aquela
do que aquela que
que os apresente muito
os apresente muito mais.
mais.
Se fazemos
Se fazemos umum exame
exame das diversas doutrinas
das diversas filosóficas, veriíica-
doutrinas filosóficas, verifica­
mos, sem
mos, sem grande
grande dificuldade,
dificuldade, que que aa Filosofia
Filosofia Positiva
Positiva éé aa que
que
menos aporias
menos aporias apresenta.
apresenta. O O número
número dasdas aporias
aporias reduz-se
reduz-se àà pro­
pro-
porção que
porção que aa concepção
concepção se se aproxima
aproxima maismais da da positividade;
positividade, asas
doutrinas mais
doutrinas positivas têm
mais positivas têm menos
menos aporias
aporias aa resolver,
resolver, mas
mas háhá
doutrinas que
doutrinas estão completamente
que estão completamente eivadas delas, ee são
eivadas delas, são de
de tal
tal
modo aporéticas,
modo aporéticas, que
que aa tendência natural de
terjdência natural de seus
seus seguidores
seguidores éé
cair no
cair no agnosticismo.
agnosticismo.

Vendo que
Vendo que nãonão têm
têm meios
meios de de poder
poder resolvê-las,
resolvê-las, preferem
preferem
proclamar aa incapacidade
proclamar incapacidade humana
humana parapara conhecer
conhecer aa verdade;
verdade; a
verdade
verdade passa
passa aa ser,
ser, então, algo que
então, algo que oo homem
homem não pode captar
não pode captar
por nenhum
por meio, porque
nenhum meio, porque lheIhe éé completamente
completamente desproporciona-
desproporciona­
da.
da. AA mente
mente humana
humana está está num grau que
num grau que não permite nenhuma
não permite nenhuma
proporção com
proporção com aa verdade,
verdade, o o que
que então criaria um
então criaria um verdadeiro
verdadeiro
abismo no
abismo no ser,
ser, aa nossa
nossa mente
mente seria alguma coisa
seria alguma coisa que
que estaria
estaria


— 72 —
72 —
abissalmente separada da
abissalmente separada da verdade.
verdade. Ora, sese não
Ora, não háhá entre
entre aa nossa
nossa
mente
mente ee aa verdade
verdade nenhum
nenhum (/ogos
logos analogante,
analogante, oo abismo represen-
abismo represen­
taria uma
taria uma verdadeira
verdadeira ruptura
ruptura no no ser,
ser, ee isto
isto traria
traria outras
outras aporias
aporias
ainda.
ainda. O O próprio agnosticismo, além
próprio agnosticismo, além de criar uma
de criar uma série
série dede apo-
apo­
tias, cria-as até
rias, cria-as até para
para aa sua
sua própria posição, que
própria posição, que éé aporética,
aporética, por-
por­
que
que oo agnóstico acaba por
agnóstico acaba por nem
nem saber
saber se
se êle
êle éé realmente agnóstico,
realmente agnóstico,
se aa sua
se sua própria
própria concepção
concepção tem tem fundamento;
fundamento; quer quer dizer, êle chega
dizer, êle chega
ia um agnosticismo do
um agnosticismo do agnosticismo,
agnosticismo, o o que
que seria
seria aa própria
própria anu-
anu­
lação do
lação agnosticismo ee entra
do agnosticismo entra num estado de
num estado de completas confusões
completas confusões
teóricas.
teóricas.

Partindo da
Partindo da consideração
consideração dada parte
parte aporética, podemos ju
aporética, podemos jul-l­
gar oo valor
gar valor de
de uma
uma concepção;
concepção; ee verificamos,
verificamos, então, que as
então, que as con-
con­
cepções menos aporéticas
cepções menos aporéticas aproximam-se
aproximam-se cada
cada vez mais da
vez mais da Filo-
Filo­
sofia Positiva.
sofia Positiva.

AA Filosofia
Filosofia Concreta,
Concreta, como
como oo provamos,
provamos, éé aa que
que tem
tem menos
menos
aporias, com tendência
aporias, com para resolver
tendência para resolver asas que
que acaso
acaso surjam.
surjam.

Uma concepção que


Uma concepção que admita
admita aa Divindade
Divindade como como acto
acto puro
puro e,e,
simultâneamente, como
simultaneamente, como composto
composto de uma entidade
de uma entidade potencial
potencial pas-
pas­
siva, implica aa concepção
siva, implica concepção da Divindade, do
da Divindade, do ser
ser aa se, que tem
se, que tem dede
ser absolutamente
ser absolutamente simples,
simples, que
que éé simultâneamente
simultâneamente composto.
composto. E Es-s­
ta concepção
ta corcepção só pode gerar
só pode gerar aporias, come gera
aporias, comc gera o o panteísmo,
panteísmo, queque
admite que
admite essa disjunção
que essa disjunção não
não sese dá,
dá, que
que ela
ela éé uma
uma conjunção.
conjunção.

Examinemos outras
Examinemos aporias na
outras aporias na Filosofia:
Filosofia: oo completo
completo ee oo
incompleto.
incompleto. O O Ser Supremo, oo ser
Ser Supremo, ser aa Je,
se, necessáriamente,
necessariamente, tem tem
de
de ser ser umum serser completo,
completo, um um serser em
em completude
completude de de ser.
ser. A con­
A con-
cepção
cepção de de Renan afirmaria que
Renan afirmaria que êsteêste ser
ser éé incompleto,
incompleto, porqueporque

só vai vai completar-se
completar-se no no fim.
fim. M Masis éé absurdo
absurdo que que umum ser ser alcance
alcance
aa suasua completude
completude através
através dada dependência.
dependência. A A completude
completude tem tem de de
se dar
sc antes, pois
dar antes, pois oo mais tem de
mais tem dar-se antes.
de dar-se antes. Não
Não éé possível
possível
que tiremos
que tiremos do do menos
menos o o mais,
mais, oo queque nosnos levaria
levaria aa admitir
admitir queque
do nada
do absoiuto tirássemos
nada absoluto tirássemos alguma
alguma coisa.
coisa. NãoNão devemos
devemos con- con­
fundilo com
fundi-lo com oo nada
nada relativo,
relativo, porque,
porque, no no caso
caso da
da Criação,
Criação, esta não
esta não
se faz
se faz dodo nada absoluto, mas,
nada absoluto, mas, sim,
sim, do nada relativo,
do nada relativo, que seria
que seria
oo Meon,
Meon, pelo pelo poder
poder activo
activo do acto puro
do acto que, por
puro que, por ser activo, rea­
ser activo, rea-
liza, simultâneamente,
liza, simultâneamente, oo que recebe aa determinação,
que recebe determinação, pois pois dodo con-
con-


— 73 —
73 —
trário, oo poder
trário, poder de de determinar
determinar seria
seria um poder vazio,
um poder vazio, se não pu-
se não pu­
desse dar-se
desse simultâneamente oo determinado;
dar-se simultâneamente determinado; o o determinado
determinado de- de­
ve estar
ve estar contido
contido objectivamente
objectivamente nono poder
poder dodo determinar infinito;
determinar infinito;
de forma
de forma que,
que, como
como demonstramos
demonstramos na na “Filosofia Concreta”, oo
"Filosofia Concreta",
fazer éé simultâneamente
fazer simultâneamente oo ser feito. Não
ser feito. pode haver
N ão pode haver umum fazer
fazer
que não
que não faça
faça simultâneamente
simultâneamente alguma
alguma coisa.
coisa. OO fazer
fazer não
não éé
apenas oo fazer
apenas fazer em alguma coisa.
em alguma coisa.
O próprio
O próprio fazer
fazer do
do Ser Supremo, que
Ser Supremo, que éé um
um fazer
fazer infinito,
infinito,
tem de,
tem de, simultâneamente,
simultâneamente, no mesmo acto,
no mesmo acto, criar o determinante
criar o determinante
ee oo determinável
determinável queque éé determinado,
determinado, oo determinante
determinante queque deter-
deter­
mina, ee oo determinável
mina, determinável que
que éé determinado,
determinado, como muito bem
como muito bem oo
sentiu Santo
sentiu Santo Agostinho.
Agostinho.
A mais
A comum das
mais comum das divisões
divisões do ser éé aa de
do ser de ser finito ee infi­
ser finito infi-
uito.
nito. Há
Há uma certa confusão
uma certa confusão nono referente
referente àà conceituação
conceituação dêsses
dêsses
têrmos.
têrmos.
O êrro
O êrro nono juízo
juízo provém,
provém, primacialmente,
primacialmente, dos dos conceitos
conceitos mal mal
construídos, do
construídos, do que prôpriamente da
que propriamente da inadequação
inadequação entreentre osos pró­
pró-
prios conceitos,
prios conceitos, porque
porque muitas
muitas vêzes,
vêzes, no no juízo
juízo $S éé P,
P, oo predicado,
predicado,
na conceituação de
na conceituação de quem pronuncia oo juízo,
quem pronuncia juízo, adequa-se perfeita-
adequa-se perfeita­
mente aa $,
mente enquanto que,
S, enquanto que, para
para aa conceituação
conceituação de de outra
outra pessoa,
pessoa,
dá-se
dá-se oo inverso.
inverso. Êsse Esse juízo
juízo éé julgado
julgado verdadeiro
verdadeiro por por um,
um, ee falso
falso
por
por outro,
outro, ee ambos
ambos podem podem ter ter razão
razão do do seuseu ângulo,
ângulo, de de maneira
maneira
que
que aa precisão
precisão conceituai
conceitual éé de máxima importância
de máxima importância na na Filosofia,
Filosofia,
porque todos sabem
porque todos sabem perfeitamente
perfeitamente que que muitos filósofos apenas
muitos filósofos apenas
edliscordam
discordam por por palavras,
palavras, embora
embora oo conteúdo
conteúdo seja seja oo mesmo,
mesmo, ee ou- ou­
tras vêzes discordam
tras vêzes discordam por por conteúdos,
conteúdos, embora
embora as as palavras sejam
palavras sejam
as
as mesmas.
mesmas. H Háá necessidade,
necessidade, pois,pois, na Matese, de
na Matese, de uma
uma espécie
espécie
de revisão
de revisão de de todos
todos os os conceitos,
conceitos, de de modomodo que que recebam
recebam uma uma
acepção,
acepção, que que exclua
exclua qualquer
qualquer outraoutra no no sentido
sentido matético;
matético; istoisto é,é,
que
que só possam ser
só possam como matèticamente
ser como matéticamente se anunciam, oo que
se anunciam, que obri-
obri­
ga
ga oo filósofo
filósofo aa um novo trabalho,
um novo trabalho, aa um um trabalho
trabalho de revisão da
de revisão da
terminologia
terminologia filosófica,
filosófica, ee se se possível afastar completamente
possível afastar completamente
aquêles têrmos
aquêles têrmos já já comprometidos,
comprometidos, que que nãonão permitem
permitem mais mais umauma
acepção clara,
acepção clara, substituindo-os
substituindo-os por por novas
novas palavras,
palavras, que possam
que possam
ter uma
ter uma só só acepção,
acepção, como como se se procede,
procede, na ciência moderna
na ciência moderna que, que,
por essa
por essa cazão,
razão, dá dá preferência
preferência aos aos étimos
étimos gregos.
gregos.


— Já —
74 —
Entretanto, podemos
Entretanto, podemos conservar
conservar étimos latinos, como
étimos latinos, como nos
nos dois
dois
conceitos de
conceitos finito ee infinito.
de finito infinito.
OO étimo,
étimo, que
que encontramos
encontramos nessesnesses conceitos,
conceitos, indica
indica oo fim,
fim,
não só
não só para
para onde
onde tende
tende um um ser,
ser, como,
como, também,
também, podepode significar
significar
oo término
término dêste
déste ser, até onde
ser, até onde éé oo queque êle é, sem
êle é, sem ulterior
ultçrior reali-
reali­
dade.
dade. E, E, neste
neste caso,
caso, o o têrmo
têrmo finito
finito éé sinônimo
sinônimo de de limitado,
limitado, dede
limite, de fim,
limite, de de final,
fim, de final, dede término,
término, etc.
etc.

Se observarmos
Se observarmos os
os contextos alfa ee beta
contextos alfa verificamos não
beta verificamos não ser
ser
possível, de modo
passível, de modo algum,
algum, predicar
predicar ao
ao ser
ser aa se
se oo conceito de fini-
conceito de fini-
tude.
tude. Ao contrário,
Ao temos de
contrário, temos de predicar-lhe
predicar-lhe o o de
de infinitude.
infinitude. NãoN ão
podemos indicar
podemos indicar aa êste
êste ser
ser aq sese um
um limite
limite tópico
tópico até onde êle
até onde êle éé qo
que êle
que êle é,
é, oo qual
qual deixaria, ulteriormente, de
deixaria, ulteriormente, de ser, porque sendo
ser, porque sendo
êle um
êle um ser,
ser, emem suasua simplicidade
simplicidade máxima
máxima ee apenasmente
apenasmente ser,ser, oo
que estaria
que estaria após
após êleêle não
não seria
seria ser; conseqiientemente, não-ser,
ser; conseqüentemente, não-ser,
nada, ee estaríamos
nada, estaríamos outra vez postulando
outra vez postulando um um nada
nada absoluto
absoluto como
como
limitante.
limitante.

Portanto, de
Portanto, de forma
forma alguma
algum a podemos
podemos atribuir
atribuir tal finitude ao
tal finitude ao
ser
ser aa se,
se, pois
pois haveria
haveria contradição. Contudo, não
contradição. Contudo, encontramos aa
não encontramos
mesma dificuldade,
mesma dificuldade, quando aplicamos êsse
quando aplicamos êsse predicado
predicado aoao ser ab
ser ab
alio.
alio. Primeiro, porque
Primeiro, porque umum ser
ser finito
finito tem
tem dede ser, necessâriamente,
ser, necessàriamente,
um ser
nm ab alio,
ser ab alio, um ser que
um ser que não tem oo seu
não tem seu primeiro princípio em
primeiro princípio em sisi
mesmo,
mesmo, um um ser que éé um
ser que um principiado,
principiado, queque recebe
recebe oo seu
seu ser, de
servde
cutro.
outro.

Todo ser
Todo ser finito,
finito, dentro
dentro do
do que podemos, ee devemos
que podemos, devemos conce-
conce­
ber como
ber como finitude,
finitude, é,é, necessàriamente,
necessáriamente, um ser ab
um ser ab alio,
alio, e,e, portanto,
portanto,
contingente, pois
contingente, pois éé umum ser
ser que pode dar-se
que pode dar-se ee também
também poderia
poderia
não dar-se,
não dar-se, cujo não surgimento
cujo não surgimento não
não implicaria
implicaria contradição
contradição for-for­
mal intrínseca
mal intrínseca de de espécie
espécie alguma.
alguma.

Ademais, sendo
Ademais, sendo êle
êle umum ser
ser ab
ab alto,
alio, tem
tem de
de ter
ter causas,
causas, ee sa-
sa­
bemos que
bemos que estas
estas são as que
são as estudamos na
que estudamos na constituição
constituição dada sua
sua tec-
tec-
tônica.
lônica. Em primeiro
Em primeiro lugar,
lugar, asas chamadas causas emergentes,
chamadas causas emergentes, que que
lhe
Ihe comunicam
comunicam oo ser, ser, as
as quais
quais dividimos
dividimos em em duas,
duas, que
que vão consti-
vão consti­
tuir aa sua
tuir estruciura bilética
sua estructura hilética ee aa estructura
estructura eidética,
eidética, ee também
também as as
causas extrinsecas,
causas extrínsecas, que são as
que são predisponentes.
as predisponentes.


— 75
75 —

Noo entanto,
N entanto, êsteêste ser finito poderia
ser finito poderia serser um
um ente
ente que,
que, prô-
prò-
rriamente, não
priamente, não tem
tem umauma substância,
substância, serser meramente
meramente um um accidente,
accidente,
«lguma coisa
r.lguma coisa queque se dá em
se dá outro, como
em outro, como oo éé uma
uma imagem,
imagem, ou ou os
os
entes que
entes surgem nas
que surgem nas nossas
nossas operações
operações fantásticas,
fantásticas, sêres
sêres finitos,
finitos,
accidentais, não
accidentais, não substanciais,
substanciais, que que não não têm
têm perseidade
perseidade nem insei-
nem insei-
dade, entes
dade, entes cujo
cujo ser
ser éé um
um ix esse.
in esse. De
De qualquer
qualquer forma,
forma, oo ser
ser fi­
fi-
oito éé um
nito um serser que,
que, se se éé substancial,
substancial, possui
possui aquela
aquela tectônica,
tectônica, ee sese
não éé substancial,
não substancial, éé accidente,
accidente, tem tem de ter um
de ter suporte substancial,
um suporte substancial,
no qual êle
no qual êle sese inhere.
inhere.

O ser
O ser contingente,
contingente, jájá oo mostramos,
mostramos, éé um um ente que exige
ente que exige
uma causa
uma causa eficiente
eficiente para
para ser,
ser, ee oo ser
ser finito, sendo contingente,
finito, sendo contingente,
necessita de
necessita de uma
uma causa
causa eficiente para ser.
eficiente para ser. Se
Se queremos
queremos estabe-
estabe­
lecer aa finitude
lecer finitude porpor suas
suas causas,
causas, aa finitude
finitude de de um
um serser finito,
finito, teria-
tería­
mos aa eficiente
mos eficiente ee aa material,
matericl, necessárias
necessárias nos casos substanciais
nos casos substanciais ee
accidentais.
Pccidentais. Quanto àà sua
Quanto sua forma,
forma, éé ela ela limitada,
limitada, pcrque
porque não não éé
simplesmente oo próprio
simplesmente próprio ser,
ser, pois esta pertence
pois esta pertence aoao sera
ser a se.
se. EaE a
forma de
forma de uma
uma talidade
talidade qualquer
qualquer de de ser,
ser, dede uma
uma espécie
espécie de ser tal
de ser tal
ou qual,
ou qual, de maneira que,
de maneira formalmente, éé um
que, formalmente, um ser
ser especifico,
específico, um um
ser com
ser especificidade quanto
com especificidade quanto àà sua sua onticidade,
onticidade, ou ou uma
uma entidide
entidade
genérica, quanto
genérica, quanto àà suasua logicidade.
logicidade.

Agora, quanto
Agora, quanto àà causa
causa final,
final, êste
êste ser
ser finito,
finito, como
como vimos
vimos aoao
estudar os
estudar os fins, terá duas
fins, terá espécies de
duas espécies fins: um
de fins: um intrínseco
intrínseco ee um
um
extrinseco.
extrínseco. Umm fim
U fim para
para sisi mesmo,
mesmo, queque éé aquêle
aquêle para
para oo qual
qual
tende, que
tende, que éé converiente
conveniente àà suasua natureza,
natureza, ee um
um fim
fim extrínseco,
extrínseco, que
que éé
oo que
que está
está fora
fora de
de si,
si, fim
fim último
último e,e, necessariamente,
necessâriemente, oo ser
ser perfec-
perfec-
tíssimo, que
tíssimo, que éé oo ser
ser aa se.
se.

Dee maneira
D maneira queque oo ser
ser finito
finito se
se caracterizará por êstes
caracterizará por êstes aspec-
aspec­
tos, ee não
tos, não pode
pode ser
ser de
de outro
outro modo,
modo, porque
porque tedo
todo ee qualquer outro
qualquer outro
modo de
modo de predicação,
predicação, tôdatôda outra espécie de
outra espécie de predicação
predicação queque aczso
acaso
lhe atribuíssemos,
Ihe atribuíssemos, que que não
não estivesse contida no
estivesse contida no contexto
contexto beta,
beta, seria
seria
contraditória, porque
contraditória, porque se se fôssemos
fôssemos dizer
dizer que
que oo ser
ser finito
finito éé incriado,
incriado,
postularíamos contradição.
postularíamos contradição. N Nem
em poderiamos dizer que
poderíamos dizer que éé umum ser
ser
completo, que
completo, que éé absoluto,
absoluto, nemnem que
que éé eterno,
eterno, nem
nem que
que éé improcu-
improcu-
zido, nem
zido, nem que
que éé acto puro, nem
acto puro, nem que
que éé simplesmente
simplesmente simples,
simples, nem
nem
que
que éé umum ser
ser per
per essentia.
essentia.


— 7766 —

Os predicados que
Os predicados que são do contexto
são do contexto alfa
alfa não podem de
não podem modo
de modo
algum Ihe
algum lhe serem
serem atribuídos,
atribuídos, senão analôgicamente.
senão analògicamente.
Ora, nessas condições,
Ora, nessas condições, verifica-se que oo ser
verifica-se que ser finito
finito nãonão po-
po­
dendo ser
dendo ser um
um por
por essência,
essência, êle
êle só pode ser
só pode ser um
um ser per participa-
ser per participa-
tionem, um
tionem, um ser por participação.
ser por participação. A perfeição
A perfeição de de ser, que
ser, que
êle tem
êle tem é,é, de cesto modo,
de certo modo, uma imitação incompleta
uma imitação incompleta de de umauma per-
per­
feição superior,
feição superior, queque pertence
pertence em sumo grau
em sumo grau ao ser aa se.
ao ser se.
JJáá demonstramos
demonstramos que que oo serser aa se se éé omniperfeito,
omniperfeito, possui tôda
possui tôda
perfeição
perfeição de de ser.
ser. Neste caso, oo ser
Neste caso, ser finito
finito temtem dede ser, natural-
ser, natural­
ménte, um
mente, um serser deficiente,
deficiente, um um ser ser queque nãonão tem
tem tôda perfeição, aa
tôda perfeição,
qual éé cada
qual pela positividade
dada pela positividade de de serser que
que tem,
tem, mas essa positivida-
mas essa positivida-
de será
de sempre limitada,
será sempre limitada, sempre
sempre deficiente.
deficiente. Dêle, Dêle, naturalmente,
naturalmente,
se ausentarão
se ausentarão aquêles graus máximos
aquêles graus máximos de ser. Êle
de ser. Ele não
não éé um um ser
ser
simples
simples de de maneira
maneira que que sua
sua existência
existência ee aa sua essência inin rere sese
sua essência
identificassem de
identificassem tal modo
de tal modo ao ao serser absolutamente
absolutamente simples,
simples, como como éé
oser
o ser ase. Nêle, de
a se. Nêle, de certo
certo modo,
modo, aa sua existência ee aa sua
sua existência sua essência
essência
têm
têm de de se distinguir pelo
se distinguir pelo menos real-formaimente; isto
menos real-formalmente; isto é,é, formal­
formal-
mente com
mente com umauma base base real.
real. Não N ão éé possível,
possível, atéaté nas concepções
nas concepções
cxistencialistas,
existencialistas, por por mais
mais que
que se se faça,
faça, querer
querer torná-lo
tomá-lo um um serser abso-
abso­
Iutamente simples, como
lutamente simples, como seria
seria oo ser em que
ser em que essência
essência ee existência
existência
se identificassem sob
se identificassem sob todos
todos os os aspectos,
aspectos, porque
porque oo existencialismo
existencialismo
coloca
coloca malmal esta
esta questão,
questão, ee porisso
porisso não não pode
pode dar-lhe
dar-lhe solução, quan-
solução, quan­
do identifica aa essência
do identifica essência 1n in re
re te aa existência.
existência. Mais M ais adiante
adiante mostra-
mostra­
remos em
remos em queque limites
limites sese pode
pode considerar
considerar êste tema.
êste tema.
Dêsse
Dêsse modo modo se se vê
vê que
que éste ser finito
êste ser finito éé um
um ser que não
ser que não pode
pede
ser por
ser por essência;
essência; éé um um serser por
por participação,
participação, ee comocomo esta
esta éé grada­
grada-
tiva, pode
tiva, participar mais
pode participar mais ou ou menos
menos das das perfeições
perfeições queque distingui-
distingui­
mos formalmente
mos formalmente no no SerSer Supremo.
Supremo. E E mais,
mais, temos
temos de de admiti-lo
admiti-lo
como um
como um serser relativo,
relativo, porque
porque não não éé um ser desligado
um ser desligado completa-
completa­
mente de
mente de suasua fonte,
fonte, nãonão éé um um serser que,
que, para
para sustentar-se,
sustentar-se, oo
fizesse
fizesse porpor si si mesmo.
mesmo. PrecisaPrecisa de de um um sustentante.
sustentante. ÉÉ umum serser
que, de
que, de certo modo, dependendo
certo modo, dependendo de outro, mantém,
de outro, consequente-
mantém, conseqüente­
mente, uma
mente, uma relação,
relação, ee aa suasua existência
existência éé relativa
relativa aa esta sustenta-
esta sustenta­
ção. Também
ção. Também éé um um serser produzido, porque éé levado
produzido, porque levado aa ser,
ser, come-
come­
ça aa ser,
ça ser, éé um
um ser ser que
que inicia, que tem
inicia, que tem um início de
um início de ser,
ser, enquanto
enquanto
oo ser
ser aa sese não
não pode
pode terter umum início
início dede ser,
ser, pois
pois sempre
sempre é.é.

— 77 —
77 —
Agora, temos
Agora, temos de de examinar
examinar outrosoutros aspectos
aspectos importantes
importantes que que
surgem na
surgem na Ontologia,
Ontologia, que que são
são os os transcendentais,
transcendentais, aquêlesaquêles con-
con­
ceitos qualitativos
ceitos qualitativos do do ser,
ser, que
que osos escolásticos estabeleceram como
escolásticos estabeleceram como
ecributos do
ftributos ser, mas
do ser, atributos simples,
mas atributos simples, ee que são convertíveis
que são convertheis
sim plesmense, assim
simplesmente, assim como
como sm, unidade, pois
um, unidade, pois todo
todo ser
ser éé unidade,
unidade, ee
tôda unidade éé ser,
tôda unidade ser, verdadeiro,
verdadeiro, tôda unidade éé verdadeira,
tôda unidade verdadeira, todotodo
ser
ser éé verdadeiro,
verdadeiro, tado tudo que
que éé verdadeiro
verdadeiro éé ser; ser; bonum,
bonum, bom, bom, tudo
tudo
que
que éé bom
bom éé entitas,
entitas, tudo
tudo que que éé uma
uma entitas,
entitas, entidade,
entidade, éé bom; éli-
bom; ili-
quid,
quid, alguma coisa, porque
alguma coisa, porque tudotudo quanto
quanto é, é, éé alguma
alguma coisa,
coisa, tudo
tudo
que éé alguma
que coisa, éé res,
algoma coisa, res, porque
porque tudotudo queque éé resres éÉ alguma coisa
alguma coisa
que pode
cue pode serser mentado, pensado, ee tudo
mentado, pensado, tudo queque pode
pode serser mentado,
mentado,
pensado, éé res
pensado, res (do(do verbo
verbo reor, que significa
reor, que significa pensar).
pensar).

Esses transcendentais
Esses são, também,
transcendentais são, também, qualidades.
qualidades. São São aspectos
aspectos
qualitativos do
qualitativos do ser, como são
ser, como são aquêles
aquêles disjuntivos que estudamos,
disjuntivos que estudamos,
mas
mas há há uma
uma diferença
diferença entre êles: éé que,
entre êles: que, enquanto
enquanto os os disjuntivos
disjuntivos
sese excluem,
excluem, aquêles
aquêles sese convertem.
convertem. Tanto Tanto podemos
podemos partir
partir do
do snum
unum
para
para o o verum,
verum, do do um
um para
para oo verdadeiro,
verdadeiro, como
como podemos
podemos partir
partir do
do
verdadeiro para
verdadeiro para oo ser,
ser, ee assim
assim sucessivamente.
sucessivamente. EE êles
êles são pre-
são pre­
dicáveis
dicáveis não não sósó daqueles
daqueles entes
entes que
que podemos
podemos incluir
incluir no no contexto
contexto
aifa, como dos
alfa, como dos que podemos incluir
que podemos incluir no
no contexto beta.
contexto beta.

Tantc
Tantc oo serser ab alio ccmo
ab alio ser ad se
ccmo ser se podem
podem serser considerados
considerados
unidades, verdadeiros,
unidades, bons, alguma
verdadeiros, bons, coisa, áliguid,
alguma coisa, áliquid, entidades,
entidades, be-
be­
los, entes,
los, coisas, e,e, também
entes, coisas, podemos predicar-lhes
também podemos predicar-lhes cértas
certas rela-
rela­
ções transcendentais,
ções transcendentais, como
como jájá vimos.
vimos.
Estas propriedades
Estas propriedades sãosão distintas
distintas das
das disjuntivas, porque estas
disjuntivas, porque estas
não
não podemos predicar de
podemos predicar de todos,
todos, pois
pois incriado
incriado não
não podemos
podemos pre-
pre­
dicar do
dicar ser ab
do ser ab alio,
alio, ee assim
assim sucessivamente.
sucessivamente. De forma que
De forma que te-
te­
mos, portanto,
rnos, portanto, de
de conservar'
conservar esta
esta classificação
classificação da
da Ontologia, apro-
Ontologia, apro­
veitável
veitável totalmente
totalmente para
para aa Matese,
Matese, que
que éé aa seguinte:
seguinte:

l1º)9) os que sese excluem,


os que excluem, que são os
que são os disjuntivos,
disjuntivos, tais
tais como
como
necessário
necessário ee contingente, criado ee incriádo,
contingente, criado incriado, ee

2º) os
2Ç) os que
que não se excluem,
não se excluem, que
que são as diferenças
são as diferenças últimas
últimas
de Scot,
dc Scot, como
como substância
substância ee accidente,
accidente, acto
acto ee potência,
potência, e,e, final-
final­
mente,
mente,

—— 78 —
78 —
y3º)) aquêles que
aquêles que são
são convertíveis, quer dizer,
convertiveis, quer dizer, que não se
que não se
excluem ee se
excluem convertem, oo que
se convertem, que não podemos fazer
não podemos fazer com
com as
as dife-
dife­
renças últimas.
renças últimas.

Não podemos,
Não podemos, converter
converter aa matéria
matéria com
com aa forma;
forma; aa forma
forma éé aa
forma, ee aa matéria
forma, matéria éÉ aa matéria;
matéria; nlo
não podemos dizer que
podemos dizer que aa forma
forma éé
matéria, e
matéria, e aa matéria
matéria éé forma.
forma.

Assim
Assim osos disjuntivos
disjuntivos são
são os
os que se excluem;
que se e asas diferenças
excluem; e. diferenças
últimas, os
últimas, os que
que não se excluem;
não se excluem; e,e, transcendentais,
transcendentais, os convertíveis
os convertíveis
simples.
siníples.

Estas
Estas três ordens são
três ordens são usadas
usadas pela Matese, ee vão
pela Matese, ser objectos
vão ser objectos
de novas
de novas análises
análises de
de máxima
máxima importância
importância para
para aa solução
solução dede certas
certas
aporias que
aporias permanecem, na
que permanecem, na Filosofia
Filosofia aa cesafiar
cesafiar aa argúcia
argúcia hu-
hu­
mana.
mana.

Se tudo
Se tudo quanto
quanto predicamos
predicamos dodo contexto
contexto alfa,
alfa, do ser aa se,
do ser se, éé
aistinto do
distinto do que predicamos no
que predicamos contexto beta,
no contexto temos de
beta, temos de chegar,
chegar, ine-
ine­
vitâvelmente, aa juízos
vitavelmente, juízos necessários
necessários ee exclusivos;
exclusivos; ouou seja,
seia, dizer
dizer que,
que,
necessâriamente, tal
necessàriamente, tal predicado só pode
predicado só pode ser atribuído ao
ser atribuído contexso
ao contexto
alfa ou
alfa ou ao
ao contexto beta.
contexto beta.

* # *

Ora, oO juízo
Ora, juízo necessário
necessário éé aquêle
aquêle que
que sese caracteriza
caracteriza pela
pela ne-
ne­
cessidade (ne
cessidade (ne cedo,
cedo, não
não cedível, incedível), do
cedível, incedível), do que não pode
que não pode ser
ser
cedido, do
cedido, do que
que éé imprescindível,
imprescindivel, do do que tem de
que tem de ser
ser ee não
não pode
pode
não ser,
não carácter de
ser, carácter de necessidade;
necessidade; quer dizer que
quer dizer que oo predicado
predicado sem
tem
de ser
cie ser do contexto tal,
do contexto tal, alfa
alfa ou beta, ee não
ou beta, não pode
pode não
não ser
ser de
de tal
tal
outro contexto.
outro contexto.

Agora,
Agora, um um juízo
juízo exclusivo
exclusivo éé aquêle
aquêle que
que consta
consta de
de umum sical
sival
exclusivo, como
exclusivo, só, sómente,
como só, somente, apenas,
apenas, ou ou outro
outro parecido,
parecido, que dê oo
que dê
mesmo sentido,
mesmo sentido, de maneira que
de maneira que oo juízo
juízo que
que fôsse,
fôsse, simultânea-
simultânea-
mente, necessário
mente, necessário ee exclusivo, teria esta
exclusivo, teria esta fórmula:
fórmula: só só S$ éé necessà
necessã
tiamente P.
íiamente P.

“797 9 —
- —
Em que
Em que graus
graus podemos atribuir ao
podemos atribuir contexto alfa
ao contexto alfa ee ao contexto
ao contexto
beta aa necessidade
beta necessidade ee aa contingência?
contingência? Só
Só se se pode
pode atribuir,
atribuir, necessã-
necessa­
tiamente, o
riamente, o conceito
conceito dede necessário
necessário ao ao contexto
contexto alfa?
alfa? Se Se tomrar-
tomar­
mos necessário
mos necessário no sentido simpliciter,
no sentido :/m pliciter, não
não restará
restará aa menor
menor dúvida
dúvida
que não
que podemos atribuir
não podemos atribuir tal necessidade ao
tal necessidade ao contexto
contexto beta,
beta, mas
mas
apenas
apenas aa necessidade
necessidade hipotética
hipotética sôbre
sôbre aa qual
qual jájá falamos.
falamos. TemosTemos
aa classificação:
classificação: necessário
necessário hipotético
hipotético ee necessário simpliciter, êste
necessário simpliciter, êste
predicável apenas
predicável apenas nono contexto
contexto alfa.
alfa.

Podemos predicar
Podemos predicar oo necessário
necessário hipotético
hipotético aoao ente
ente do do contexto
contexto
teta.
beta. Resta aqui
Resta uma dúvida:
aqui uma dúvida: sese atribuímos
atribuímos ao 30 ser
ser «a ssee aa liberdade,
liberdade,
podemos estabelecsr-lhe
podemos estabelecer-lhe tambémtambém uma uma necessidade
necessidade hipotética dêste.
hipotética dêste.
Poderia livremente
Poderia escolher um
livremente escolher um ceterminado
determinado agir, agir, oo qual, re-
qual, re­
montando àà sua
montando sua origem, revelaria aa necessidade
origem, revelaria necessidade hipotética dêste.
hipotética dêste.
Neste
N caso, oo acto
este caso, acto seria eminentemente livre,
seria eminentemente como deve
livre, como deve ser
ser o o
do ser
do ser aa se,
se, jájá que êle não
que êle não éé coagido
coagido por por nenhum
nenhum outrooutro forafora dêle
dêle
pera actuar,
para actuar, e,e, então,
então, o o necessário simpliciter sômente
necessário simpliciter poderíamos
somente poderíamos
predicar de
predicar de ser
ser a« se,
se, mas
mas oo necessário hipotético poderíamos
necessário hipotético poderíamos pre- pre­
dicar tanto
dicar tanto dodo serser aa se,
se, como
como do do ab
ab alio.
alio.

Necessâriamente, contingente
Necessariamente, contingente deve
deve ser
ser predicado
predicado do ente ab
do ente ab
alio, porque,
alio, porque, analiticamente,
analiticamente, chegamos
chegamos aa êsteêste predicado, porque
predicado, porque
êle faz
êle faz parte
parte da
da essência
essência do ser contingente.
do ser contingente. Contudo, tal
Contudo, tal não
não im-
im­
pede de
pede de haver
haver uma
uma acção
acção contingente
contingente porpor parte
parte do ser «a se,
do ser se, por-
por­
que Ihe
que lhe negaríamos
negariamos aa possibilidade
possibilidade de de escolher
escolher entre
entre possíveis,
possíveis,
ee tomá-lo-íamos
tomá-lo-íamos não não livre no seu
livre no agir.
seu agir.

Temos de
Temos admitir essa
de admitir essa contingência
contingência que que não
não éé do
do ser
ser aa se,
se,
tornado
tom entitativamente, mas
ado entitativamente, mas da acção, que
da acção, que éé modo
modo do do actuado,
actuado,
que se
que se dá neste, como
dá neste, como no
no acto de criar
acto de criar aa criação
criação se dá na
se dá na criatura.
criatura.
Em todos
Em todos os os seus
seus aspectos, êle tem
aspectos, êle tem de ser necessáriamente
de ser livre,
necessàriamente livre,
tem de
tem de ser
ser umum ente
ente que não sofre
que não coacção de
sofre coacção de um
um terceiro,
terceiro, ee pode
pode
escolher entre
escolher entre possíveis, entre futuríveis,
possíveis, entre futuríveis, os que irão
os que suceder ou
irão suceder ou
não. A
não. À contingência
contingência está,
está, portanto,
portanto, no no actuado,
actuado, ee éé neste
neste que
que sese
dá de
dá de uma
uma necessidade
necessidade hipotética.
hipotética.

Podemos agora
Podemos agora comparar
comparar oo necessário
necessário ee o
o contingente
contingente nos
nos
contextos gama
contextos gam a ee delta.
delta.


— 8800 —

Noo contexto
N contexto gama,
gama, tanto
tanto nana parte
parte do
do nihilum
nibilum absoluto
absoluto toial.
total.
como do
como do nihilum
n7hilum absoluto parcial, não
absoluto parcial, não podemos
podemos predicar nem ne-
predicar nem ne­
cessidade, nem
cessidade, nem contingência,
contingência, masmas ambos
ambos estão descartados como
estão descartados como
entidades, mas
entidades, mas poderíamos dizer que
poderíamos dizer que oo nibilum
nihilum absoluto
absoluto total
total éé
absolutamente naca,
absolutamente naca, não se dá
não se dá dede modo algum.
modo algum. Só nêsse sentido
Só nêsse sentido
poderíamos dizer,
poderíamos dizer, ee não
não contingentemente
contingentemente nada.nada.

Quanto ao
Quanto ao contexto
contexto delta,
delta, que
que éé oo dodo nada relativo ee do
nada relativo do
Meon, encontramos,
Meon, encontramos, neste, uma ce:ta
neste, uma necessidade, porque
certa necessidade, neces-
porque neces­
sáriamente dá-se
sariamente dá-se oo Aeon,
Aleon, como
como consegiência
conseqüência da da potência
potência activa
activa
do /ser
do ser aa se. Quanto àà contingência,
se. Quanto tanto do
contingência, tanto do possível
possível de ser
de sei
como
como do do não vir-a-ser, encontramos,
não vir-a-ser, encontramos, certamente,
certamente, no Aeon, todos
no Meon, todos
os possíveis, tôda
os possíveis, tôda potência
potência objectiva.
objectiva. Consegientemente,
Conseqüentemente, só pode-
só pode­
mos afirmar
mos afirmar oo juízo
juizo necessário
necessário ee exclusivo
exclusivo aoao ser
ser «a se, pois só
se. pois só êle
êle
cé um
um necessário
necessário simpliciltr.
simpliciter. Quanto
Quanto àà contingência,
contingência, não não pode-
pode­
mos dar
mos dar exclusividade
exclusividade aa nenhum
nenhum dos dos contextos.
contextos.

Vejamos, agora,
Vejamos, agora, aa outra
outra divisão:
divisão: aa per
per essentia
essentia ee aa per
per parti-
parti-
cipationis.
cipatiotiis. Sem dúvida
Sem dúvida alguma,
alguma, o O ser
ser aa se
se é,é, necessáriamente,
necessàriamente,
per essentia.
per essentia.

Perguntamos, agora,
Perguntamos, agora, sese só
só êle está nestas
êle está nestas condições.
condições. Aqui
Aqui
há necessidade
há necessidade de
de uma rápida análise
uma rápida análise em tôrno dos
em tôrno juízos de
dos juízos ex-
de ex­
clusividade.
clusividade.

Os juízos
Os juízos dede exclusividade
exclusividade implicam,
implicam, para
para fazer-se
fazer-se aa sua
sua de-
de­
monstração, que
monstração, que osos desdobremos
desdobremos em em dois.
dois. OO juízo
juízo de de exclusivi-
exclusivi­
dade pode-se
dade pode-se dar:
dar: l1º)9) pela
pela exclusão
exclusão do sujeito; 2’
do sujeito; 2º) ) pela
pela exclusão
exclusão
do predicado
do predicado e, e, 3.º) pela exclusão
3.°) pela tanto do
exclusão tanto do sujeito como do
sujeito como do pre-
pre­
dicado.
dicado.

Noo primeiro
N primeiro caso,
caso, de
de exclusão
exclusão do
do sujeito,
sujeito, dizemos:
dizemos: "só
"só $S éé P."
P.”
No segundo
No segundo caso,
caso, de exclusão do
de exclusão do predicado, dizemos: SS éé só
predicado, dizemos: P.
sô P.

Noo terceiro
N caso, de
terceiro caso, exclusão de
de exclusão de ambos,
ambos, dizemos: só $5 éé só
dizemos: só P.
só P.

Teriamos então,
Teríamos então, umum caso de exclusão
caso de exclusão total
total ee absoluta.
absoluta. NoNo
caso de
caso de dizer
dizer "só
“só SS éé só P,” diríamos,
só P," “só oo ser
diríamos, "só ser aa se
se éé só
só necessário
necessário
simpliciter.” | En:ão,
simpliciter." Então, estaríamos
estaríamos nono 3º caso de
3’ caso de exclusão,
exclusão, exclusão
exclusão
total, um
total, um juízo
juízo exclusivo
exclusivo perfeito,
perfeito, completo. Agora, como
completo. Agora, como o o juí-
ju í­


— gi —
81 —
zo exclusivo
zo exclusivo éé um um juizo, na verdade,
juízo, na. verdade, composto,
composto, temos
temos de de desdobrá-
desdobrá-
-lo em
-io em dois,
dois, como como fazem
fazem todos
todos osos dialécticos:
dialécticos: l1º)9) se
se nós
nós dizemos:
dizemos:
“só
"só SS éé P P”,” , oo primeiro
primeiro aa provar
provar éé que
que “S
“S éé P“,
P ” ; ee 2º)
29) oo juízo
juízo é:é: “o "o
ser que
ser que nãonão éé SS não não éé P”,
P ” , neste
neste caso, faríamos aa prova
caso, faríamos prova aa favor
favor do do
juízo exclusivo.
juízo exclusivo. Assim
Assim se nós dissermos:
se nós dissermos: “só"só oO ser
ser aa se
se éé necessá-
necessá­
rio simpliciter”, temos
rio simpliciter'’, primeiramente que
temos primeiramente que provar
provar que que o O ser
ser aa Jese éé
necessário simpliciter.
necessário simpliciter. Provado,
Provado, segue-se:
segue-se: oo ser não aa se
ser não se não
não
éé necessário
necessário simpliciter; então, aa prova
simpliciter; então, prova da exclusão está
da exclusão feita.
está feita.
Noo caso
N caso do do terceiro
terceiro tipo
tipo de de juízo
juízo exclusivo:
exclusivo: "só"só $S éé sósó P P”,” , tería­
teria-
mos, "só
mos, "só oO ser ser aa se
se éé oo ser
ser que
que éé só
só necessário simpliciter”, que
necessário simpliciter", que
parece ser
parece ser um um modomodo redundante
redundante de de dizer
dizer "só
“só 5$ éé P” P”, , mas
mas diz díz
que só
oue só SS éé apenas
apenas PP ee não não mais
mais que
que P P ou
ou outro
outro queque P P ee nenhum
nenhum
cutro éé P.
outro P.

Acrescentamos oo juízo
Acrescentamos juízo necessário
necessário ao exclusivo; então,
ao exclusivo; então, diría-
diría­
mos: "só
mos: “só oo ser
ser aa :e
ce e,
e, necessâriamente,
necessariamente, só só êle
êle éé necessário
necessário simpli-
simpli­
citer”.
citer". Teriamos, então, chegado
Teríamos, então, chegado ao juízo exclusivo
ao juízo exclusivo completo.
completo.
De maneira
De maneira que, per essentia,
que, per nós agora
essentia, nós desdobramos em
agora desdobramos em dois:
dois:
!Il")
• ) oo ser
ser do
do contexto
contexto alfa.
alfa, éé um
um ser
ser per essentia; 2Ç)
per essentia; 2º) oo ser não
ser não
a4 se se não
não éé um
um ser per essentia.
ser per essentia.

Os sêres
Os sêres do
do contexto
contexto beta
beta não
não são
são nem podem ser
nem podem ser do
do con-
con­
texto delta,
texto nem do
delta, nem gama.
do gama. Noo contexto
N contexto gama não há
gama não há ser,
ser, ee no
no
delta não
delta não háhá directamente.
directamente.

Podemos, pois,
Podemos, pois, dizer:
dizer: “necessáriamente, só Oo ser
"necessàriamente, só ser aa se
se éé ser
ser
por essência”
por essência”. .
2
Vamos verificar
Vamos verificar se se éé sósó êle.
êle. O O que
que pertence
pertence ao ao contexto
contexto
aeita, oo nada
delta, nada relativo,
relativo, éé algo não presente.
algo não presente. OO que que pode
pode ser por
ser por
participação
participação éé oo que que dá fundamento real
dá fundamento real ao privativo dêsse
ao privativo dêsse nada,
nada,
que
que éé oo referente,
referente, que que seria
seria oo ser
ser ab aiio ou
ab aiio ou oo ser
ser 4a se.
se. ComoComo oo serser
aa sese não
não éé porpor participação,
participação, somentesômente oo éé oo ser ab alio.
ser ab alio. M Masas 0o
nada relativo se
nada relativo se refere
refere ao ao ser
ser ab alio, ou
ab alio, ou se referiria ao
se referiria ao ser
ser aa se,
se,
pela não
pela não presença
presença do do ser
ser aa se?
se? Neste
Neste caso,
caso, seria absurdo, porque
seria absurdo, porque
aa presença
presença do do ser
ser aa sese sese dá necessáriamente. Não
dá necessàriamente. N ão se pode dizer
se pode dizer
nada
nada de de ser
ser aa sese aqui,
aqui, oO que que seria
seria absurdo, porque oo ser
absurdo, porque ser qa se
se èé
sustentáculo de
sustentáculo de tudo.
tudo. Portanto,
Portanto, só só sese pode
pode referir
referir ao ao ser
ser ab alio.
ab alio.


— 82 —
82 —
Assim, só oo ser
Assim, só ser ab
ab alio
alio éé ser
ser por
por participação,
participação, e,e, necessáriamente,
necessàriamente,
porque se
porque se êle
êle não
não fôsse
fósse um
um serser tal, seria um
tal, seria ser per
ura ser per essentia;
essentia;seria
seria
serase
ser a se (1).
(1 ).
2 A
AA conclusão
conclusão que podemos tirar
que podemos tirar éé que
que somente,
sômente, necessária-
necessària-
mente, só o
ínente, só O ser
ser ab
ab alio
alio éé ser por participação.
ser por participação.
Vejamos agora outra
Vejamos agora outra divisão
divisão do
do ente.
ente. OO acto puro ee oO acto
acto puro acto
hibrido de potencialidade
híbrido de potencialidade passiva. Reduzindo, novamente,
passiva. Reduzindo, novamente, aa dois
dois
juízos, perguntamos:
juízos, perguntamos: o o se:
se: aa se
se éé acto
ecto puro?
puro? OO ser
ser não
não aa se
se não
não
éé afto
agto puro?
puro? O ser
O ser que não éé aa se,
que não se, éé ser
ser abab alio, pois jájá vimos
alio, pois vimos
que
que oo nada
nada relativo
felativo refere-se
refere-se sòmente
sômente ao ser ab
ao ser ab alio.
alio. Trabalha-
Trabalha­
remos só com
remos só com oo contexto
contexto alfa
alfa ee oo beta.
beta.

Então, sômente oo ser


Então, sòmente ser aa se
se pode
pode ser acto puro,
ser acto puro, jájá que
que oo ser
ser
não a« se
não se éé oo ser
ser ab alio, éé um
ab alio, um serser que tem aa hibridez
que tem híbridez dede potencia-
potencia­
lidade passiva
lidade passiva ee de parte activa.
de parte activa.

Vejamos
Vejamos outraoutra divisão:
divisão: simples
simples ee composto.
composto. AquiAqui também
também
ié fácil
fácil chegar-se
chegar-se àsàs mesmasmesir.as conclusões,
conclusões, desde
desde que
que dividamos
dividamos oo
simples em
simples em dois
dois sentidos:
sentidos: simpliciter
simrpliciter simplex,
simplex, simplesmente
simplesmente sim­sim-
Eles, ee simpliciter
ples, simpliciter secundum
secunáum quid;quid; quer
quer dizer,
dizer, um simples que
um simples que éé
“bsolutamente simples,
absolutamente simples, ee um um simples,
simples, queque éé relativamente
relativamente simples.
simples,
como aa igua,
como água, que,
que, enquanto
enquanto águaágua éé relativamente simples.
relativamente simples. Ela,
Ela,
na sua
na sua qüididade
qiiididade (eideticidade)
(eideticidade) éé simples;
simples; mas
mas nana sua
sua hileticidade
hileticidade
éé composta.
composta. Ela não éé absolutamente
Ela não absolutamente simples,
simples, porque não éé con:-
porque não cons­
tituída apenas
tituída apenas de de si si mesma.
mesma. É É oo produto
produto de de uma
uma cooperação
cooperação de de
crusas. Então,
uusas. Então, consequentemente,
conseqüentemente, só podemos chamar
só podemos chamar necessã-
necessè-
riamente oo ser
riamente ser qa se
se dede ser
ser absolutamente
absolutamente simples.
simples. OO serser ab
ab atio
alio
só poderá
só poderá serser relativamente simples ou
relativamente simples d u composto.
composto.

Com aa divisão
Com divisão criado
criado ee incriado
incriado dá-se
dá-se aa mesma
mesma situação.
situação.

Só oo ser
ser aa se
se pode
pode ser
ser incriado,
incriado, ee oo ser ab alio
ser ab alio será
será necessãriamente
necessàriament"
criado.
criado.

(1)
(1) PorPor isso
isso oo ser
ser ab alio não
ab alio não éé um ente do
um ente qual se
do qual exclui
se exclui
totalmente
totalmente o o ser
ser aa se
se (o
(o infinito do ser),
infinito do ser), mas apenas se
mas apenas se exclui outro
excluí outro
ou outros modos
ou outros modos de de ser
ser ab
ab £llo.
tilo. Portanto,
Portanto, o o infinito
infinito éé oo sustentá-
sustentá­
culo
culo do
do finito.
finito.

—— 83
83 —

Também, quanto
Também, quanto àà divisão
divisão em em absoluto
absoluto ee relativo,
relativo, oo absoluto.
absoluta.
simpliciter
stmpliciter será do ser
será do ser aa se,
se, ee não
não oo absoluto
absoluto relativo, que éé secun-
relativo, que secun-
dum quid, que
dttm quid, que será
será do ser ab
do ser alio. Também
ab alio. Também eterno
eterno ee temporal,
temporal,
mproduzido
mproduzido ee produzido,
produzido, pois pois nestas
nestas disjunções, que se
disjunções, que se excluem,
excluem,
nessas passiones
nessas passtones disjunciivas,
disjunctivas, não não háhã aa menor
menor dúvida,
dúvida, oo juízo
juízo dede
necessidade
necessidade ee exclusivo
exclusivo podepode serser predicado
predicado de um ee de
de um outro, sem
de outro, sem
possibilidade de
possibilidade de êrro.
êrro.

Vejamos, agora,
Vejamos, agora, como
como poderíamos
poderiamos proceder
proceder nas
nas diferenças
diferenças
últimas:
últimas:

Ora, asas diferenças


Ora, diferenças últimas,
tltimas, como
como vimos,
vimos, são
são aquelas
aquelas que
que não
não
se excluem,
se excluem, como
como substância
substância ee accidente,
accidente, acto
acto ee potência,
potência, forma
forma cc
matéria, essência
matéria, essência ee existência,
existência, as famosas polaridades
as famosas polaridades aristotélicas.
aristotélicas.

Substância ee accidente,
Substância accidente, dando-se
dando-se juntos,
juntos, só podem dar-se
só podem dar-se
no contexto
no contexto beta,
beta, como
como jájá vimos.
vimos. Acto
Acto ee potência, dando-se jun-
potência, dando-se jun­
tos, desde
tos, desde que
que aa potência
potência seja
seja tomada
tomada em sentido passivo,
em sentido passivo, só
só pode
pode
dar-se
dar-se nono contexto
contexto beta. Agora, se
beta. Agora, se aa potência
potência éé tomada
tomada apenas
apenas
no sentido
no sentido activo,
activo, dar-se-ia,
dar-se-ia, então, no contexto
então, no contexto alfa.
alfa.
Forma ee matéria
Forma conjugadas só
matéria conjugadas só podem
podem dar-se no contexto
dar-se no contexto bela.
bela.
Forma,
Forma, tomada
tomada apenas isolada, poderia
apenas isolada, poderia ser
ser considerada
considerada como
como dan-
dan­
do-se
do-se no contexto alfa.
no contexto alfa.

Essência ee existência,
Essência distintamente tomadas,
existência, distintamente tomadas, dão-se
dão-se no con-
no con­
texto beta; univocadas,
texto beta; univocadas, dão-se
dão-se no
no contexto
contexto alfa.
alfa.

Do mesmo
Do mesmo modo modo podemos prediçar juízos
podemos prediçar juízos necessários
necessários ee ex-ex­
clusivos.
clusivos. Podemos dizer:
Podemos dizer: só só no
no contexto beta se
contexto beta se dá
dá substância
substância
ee accidente
accidente queque não
não excluem
excluem um um ao
ao outro.
outro. Só Só nono contexto
contexto beta
beta e,e,
necessâriamente, se
necessàriamente, dá acto
se dá acto ee potência passiva, não
potência passiva, não excluindo
excluindo um um
eo outro.
ao outro. Só no
Só no contexto
contexto betabeta se
se dá forma ee matéria,
dá forma matéria, nãonão ex-
ex­
cluindo uma
cluindo uma àà outra.
outra. Só, Só, necessâriamente
necessàriamente se se dádá essência
essência ee exis-
exis­
tência, como
tência, como realmente
realmente distintas,
distintas, no contexto beta.
no contexto Este tema,
beta. Êste tema,
entretanto, éé passível
entretanto, passível de de futuras
futuras discussões
discussões ee de de futuras
futuras análises,
análises,
porque, aqui,
porque, aqui, estamos
estamos em em matéria
matéria controvertida,
controvertida, pois resta saber
pois resta saber
se, no contexto
se, no contexto beta,
beta, aa essência
essência ee aa existência
existência sese dão
dão realmente
realmente dis-
dis­
tintas, por
tintas, por distinção
distinção real-real,
real-real, matéria
matéria aa serser oportunamente
oportunamente dis- diis-
cutida,
cutida.


— 84
84 —

Ora, oo uso
Ora, uso dos
dos juízos
juízos exclusivos
exclusivos éé muito importante na
muito importante Fi-
na Fi­
jusofia, porque nós,
losofia, porque para chegarmos
nós, para chegarmos aa uma
uma apoditicidade
apoditicidade perfeita,
perfeita,
teríames de
teríamos de alcançar
alcançar oo juízo
juizo dede necessidade,
necessidade, ee ao ao mesmo tempo,
mesmo tempo,
de exclusividade,
de porque, então,
exclusividade, porque, então, atingiriamos
atingiríamos àà concepção
concepção corres-
corres­
pondente na
pondente sua máxima
na sua máxima perfeição
perfeição e,e, ainda,
ainda, sese possivel,
possível, ao ao juízo
juízo
exclusivo completo,
exclusivo completo, em em que
que aa exclusão
exclusão éé aa mais
mais perfeita
perfeita possível.
possível.
Por exemplo,
Por exemplo, podemos
podemos chegarchegar ao juízo dessa
ao juízo dessa perfeição, dizendo
perfeição, dizendo
que só
que só o o ser
ser aa se,
se, e e necessariamente,
necessáriamente, éé o o único
único ser
ser omnipotente.
omnipotente.
Quer dizer,
Quer dizer, aqui
aqui chegamos
chegamos àà máximamáxima exclusão.
exclusão. OO sujeito,
sujeito, sósó
êle,
êk j pode receber um
pode receber um predicado,
predicado, que que éé só dêle.
só dêle. Só êle tem
Só êle tem oo di-
di­
reito de
reito de receber aquêle predicado,
receber aquêle predicado, ee mais
mais nenhum
nenhum outro
outro serser pode
pode
recebê-lo. Aliás, Este
rccebê-lo. Aliás, caso de
êste caso exclusão, tanto
de exclusão, tanto do predicado como
do predicado como
do sujeito, parece
do sujeito, parece uma redundância, como
uma redundância, vimos, porque
como vimos, porque desdedesde
oo momento
momento que que afirmemos
afirmemos que que sósó oo sujeito recebe tal
sujeito recebe tal predicado,
predicado,
consequentemente
conseqüentemente estamos estamos excluindo
excluindo oo predicado
predicado de outro. Mas,
de outro. Mas,
na verdade, também
na verdade, também excluímos
excluímos de de $S qualquer
qualquer outra
outra predicação,
predicação,
porque afirmamos que
porque afirmamos que "só
"só SS éé só
só P"
P” ee nenhum
nenhum outrooutro éé P, portanto.
P, portanto.

Agora, para
Agora, para habilitar
habilitar oo uso
uso dodo juízo
juízo exclusivo vamos dar
exclusivo vamos dar
um exemplo:
um exemplo: oo animal
animal éé dotado
dotado dede sentidos,
sentidos, porque
porque nós,
nós, quando
quando
definimos animalidade,
definimos definimos como
animalidade, definimos como aquêle
aquêle ser que éé dotado
ser que dotado
de sentidos.
de sentidos. EÉ uma definição clássica,
uma definição que vamos
clássica, que vamos aceitar. Para
aceitar. Para
reduzi-la aa um
reduzi-la um juízo
juízo exclusivo,
exclusivo, teríamos
teríamos de de dizer:
dizer: só
só oo animal
animal éé
dotado de
dotado de sentidos.
sentidos. Então, reduzindo êsse
Então, reduzindo êsse juízo exclusivo aa dois
juízo exclusivo dois
juízos, teriamos:
juízos, teríamos: l1º)9) oo animal
animal éé dotado
dotado de de sentidos,
sentidos, 2’2º) ) nenhum
nenhum
ser não-animal
sei não-animal éé dotado
dotado de
de sentidos.
sentidos.

Verificamos desde
Verificamos desde logo
logo que
que oo juízo “o animal
juízo "o animal éé dotado
dotado dede
sentidos” éé um
sentidos" um juízo
juízo analítico
analítico porque,
porque, propriamente,
prôpriamente, oo predicado
predicado
jájá está contido no
está contido no sujeito;
sujeito; oo conceito
conceito de
de animal implica oo ser
animal implica vivo
ser vivo
dotado de
dotado de sentidos.
sentidos.

Mas com oo juízo,


Mas com juízo, "nenhum
“nenhum ser não-animal (p.
ser não-animal (p. ex.,
ex., uma
uma plan-
plan­
ta) éé dotado
ta) dotado de
de sentidos”,
sentidos” , queremos dizer que
queremos dizer que aa nenhum
nenhum outro
outro
se Ihe
se lhe pode predicar oo ser
pode predicar ser dotado
dotado de
de sentidos.
sentidos. Neste
Neste caso,
caso, oo juí-
ju í­
zo “o
zo "o animal
animal éé dotado
dotado de sentidos” seria
de sentidos” seria uma verdadeira defini-
uma verdadeira defini­
ção por
ção que seria
por que seria um
um juízo
juízo determinativo
determinativo dede máxima
máxima determina-
determina­


— 89 —
85 —
ção,
ção, ee poderíamos converter em
poderíamos converter em: : “animal
"animal éé oo ser
ser dotado de sen-
dotado de sen­
tidos” como
tidos” como “ser
''ser dotado
dotado de sentidos éé animal",
de sentidos animal”, exemplo
exemplo de
de con-
con­
versão simples.
versão simples.

Neste
Neste caso,
caso, como só se
como só pode chamar
se pode chamar de animal oo ser
de animal ser vivo
vivo
dotado
dotado dede sentidos,
sentidos, oo juízo
juizo poderia
poderia tornar-se
tornar-se necessário
necessário ee exclu-
exclu­
sivo.
sivo.

Agora, os
Agora, os transcendentais,
transcendentais, que estudamos, que
que estudamos, que são são conver-
conver-
tíveis simples,
tíveis simples, jájá não podem ser
não podem atribuídos exclusivamente.
ser atribuídos exclusivamente, assim:
assim:
um, unidade,
um, unidade, verdade, bondade, entidade,
verdade, bondade, entidade, alguma
alguma coisa
coisa ((dliquid
áliquid))
pulchrum (o
pulchrum belo), não
(o belo), não podemos
podemos usá-los
usá-los como
como exclusivos,
exclusivos, porque,
porque,
como sabemos, os
como sabemos, os transcendentais,
transcendentais, que que são são conceitos
conceitos qualitativos
qualitativos
do
do ser, são atribuíveis
ser, são atribuíveis aa tôdas
tôdas as
as entidades.
entidades. M Masas sese tomarmos
tomarmos
êsses conceitos reduplicativamente,
êsses conceitos reduplicativamente, isto isto é,é, se
se tomarmos
tomarmos aa unidade
unidade
enquanto unidade de
enquanto unidade de absoluta
absoluta simplicidade,
simplicidade, só só poderíamos
poderíamos atri-atri-
buí-los ao
buí-los ao ser
ser da se.
se. Se Se tomarmos,
tomarmos, o o bem
bem comocomo oo bembem infinito,
infinito, só

podemos atribui-lo
podemos atribuí-lo ao ao ser
ser aa se.
se. SeSe considerarmos
considerarmos êsses êsses transcen-
transcen­
dentais reduplicativamente
dentais reduplicativamente de modo absoluto
de modo absoluto siwzpliciter,
simpliciter, só pode-
só pode­
riamos usá-los
ríamos no contexto
usá-los no contexto alfa, porque só
alfa, porque só aí
aí serão
serão êles dados em
êles dados em
tôda aa sua
tôda sua intensidade
intensidade ee absolutuidade.
absolutuidade.

OO modo
modo dede haver
haver de
de um
um conceito para outro,
conceito para outro, num
num juízo,
juízo, po-
po­
de ser
de de inclusão
ser de inclusão ou de exclusão,
ou de exclusão, total
total ou
ou parcial.
parcial.

A inclusão
A inclusão tem
tem uma
uma ordem,
ordem, porque
porque aa sua
sua idéia
idéia éé dual,
dual, im­
im-
plica o
plica o includente
includente ee o
o incluso,
incluso, um
um continente
continente ee umum conteúdo.
conteúdo. HáHá
uma inclusão
uma inclusão total,
total, quando
quando o o incluído
incluído está
está totalmente
totalmente incluso,
incluso,
in claudere,
sn claudere, enclausurado,
enclausurado, no includente; e,e, parcial,
no includente; parcial, quando
quando apesas
apenas
parcialmente,
parcialmente, oo que
que nos
nos leva
leva aa afirmar,
afirmar, que,
que, na
na inclusão
inclusão parcial,
parcial,
éé possível
possível gnoseològicamente,
gnoseolôgicamente, também,
também, uma exclusão parcial.
uma exclusão parcial.

As vêzes
Às vêzes observamos
observamos que
que uma
uma coisa está inclusa
coisa está inclusa parcialmente,
parcialmente,
sem
sem podermos
podermos afirmar, com absoluta
afirmar, com absoluta segurança,
segurança, que outra parte
que outra da
parte da
coisa esteja
coisa esteja exclusa
exclusa do
do includente;
includente; só
só podemos afirmar que
podemos afirmar que esta
esta
outra parte
outra parte está
está exclusa,
exclusa, quando ela não
quando ela não é,
é, de modo algum,
de modo algum, per-
per­
trnente ao
tinente ao includente.
includente.


— 8866 —

De maneira
De maneira que
que aa inclusão
inclusão parcial não implica,
parcial não implica, necessâria-
necessàrú-
mente uma
mente uma exclusão
exclusão parcial; implica apenas,
parcial; implica possivelmente, essa
apenas, possivelmente, essa
exclusão parcial.
exclusão parcial.

Ora, aa inclusão
Ora, inclusão total
total leva
leva o o incluso
incluso aa estar,
estar, de
de certo
certo modo,
modo,
subordinado ao
subordinado ao indudente,
includente, porque
porque aa inclusão
inclusão implica
implica umauma ordem
ordem
de antecedente
de antecedente ee consegiente
conseqüente ee um um logos
logos andogante
analogante dessa
dessa ordem,
ordem,
de maneira
de maneira que,que, nana inclusão
inclusão total,
total, háhá uma subordinação do
uma subordinação do in­in-
cluído no
cluído includente.
no indudente. Essa
Essa subordinação, tratando-se de
subordinação, tratando-se de concei-
concei­
tos,
tos, porque,
porque, por
por enquanto
enquanto vamos
vamos estudar aa inclusão
estudar indusão conceitual,
conceituai,
pode ser
pode ser essencial; neste caso,
essencial; neste caso, éé necessária;
necessária; ee essaessa inclusão,
inclusão, sendo
sendo
total, essencial
total, essencial ee necessária,
necessária, ela ela sese dá completamente, como
dá completamente, como aa in-in­
clusão que
dusão que se dá na
se dá na espécie
espécie ee na na diferença
diferença específica,
específica, porque
porque esta
esta
está induída
está incluída na na espécie,
espécie, enquanto
enquanto esta esta não
nlo está incluída total-
está incluída total­
mente no
mente no gênero, pelo menos
gênero, pelo menos actualmente,
actualmente, mas apenas virtualmente,
mas apenas virtualmente,
que é,
que é, aliás,
aliás, tema
tema dede controvérsias.
controvérsias.

A espéde
A espécie ee aa diferença
diferença específica
específica nos
nos levam
levam às propriedades
às propriedades
que
que são peculiares ao
são peculiares conceito.
ao conceito.

A inclusão
A inclusão total
total implica
implica aa accidental,
accidental, além além dada essencial,
essencial, ee
esta inclusão total
esta indusão total dos accidentes se
dos accidentes se dádá nos
nos sêres
sêres contingentes
contingentes e,e,
consequentemente,
conseqüentemente, nos nos accidentes
accidentes universais,
universais, que que são,
são, precisame a-
precisamen­
te,
te, aquêles
aquêles que pertencem àà forma,
que pertencem como aa qualidade,
forma, como qualidade, ee àà matéria,
matéria,
como
como aa quantidade;
quantidade; querquer dizer,
dizer, são
são os
os accidentes inclusos na
accidentes inclusos na estruc-
estruc-
tura
tura efdética
eidética ee na
na estructura
estruclura bilética
hilética dada coisa.
coisa.

Agora, os
Agora, os accidentes
accidentes podem
podem terter uma
uma implicância
implicância meramente
meramente
accidental.
Occidental. As vêzes
Às vêzes umum accidente qualitativo, que
accidente qualitativo, que é,é, portanto,
portanto,
rertencente àà forma,
pertencente forma, pode
pode implicar (pode nêle
implicar (pode plicare in,
nêle plicare m, quer
quer
dizer, embrulhar
dizer, embrulhar nêle, trazer com
nêle, trazer com dêle)
dêle) umum accidente
accidente outro,
outro,
qualquer.
qualquer.

Nos accidentes,
Nos temos uma
accidentes, temos uma correlação accidental, como
correlação accidental, como aa de de
sujeito ee predicado,
sujeito predicado, jájá que
que oo sujeito
sujeito pode ser predicado
pode ser predicado do do predi-
predi­
cado,
cado, oo qual,
qual, ao
ao receber
receber aa predicação
predicação do sujeito, passaria
do sujeito, passaria aa ter
ter aa
função
função dêste,
dêste, de maneira que
de maneira que aa função
função dede sujeito
sujeito ee predicado
predicado sãosão
funções
funções alternativas; como se
alternativas; como vê nos
se vê nos juízos
juízos dede conversão
conversão simples.
simples.
De maneira
De maneira que
que essa correlação accidental
essa correlação accidental dede sujeito
sujeito ee predicado
predicado


— 8g87 —

permite
permite uma
uma alternação. Também aa participação
alternação. Também participação pode
pode ser
ser acci-
acci-
dental,
dental, quando
quando dede um
um mero accidente ee será
mero accidente será uma
uma participação
participação
formal, quando
formal, quando pertencente
pertencente àà essência
essência da coisa.
da coisa.

A inclusão
A parcial pode
inclusão parcial pode ser
ser dividida em duas:
dividida em duas: essencia!
essencid ee
accidental,
accidentd, ee também
também aa subordinação
subordinação ee aa inclusão
inclusão total
total podem
podem
ser divididas.
ser divididas.

Essencial, será
Essencial, será dodo necessário,
necessário, masmas incompleto, como éé oo pê-
incompleto, como gê­
nero, que
nero, que sese predica
predica /n quid, mas
in quid, mas incompletamente
incompletamente da espécie.
da espécie.
Então, temos os
Então, temos os casos de inferência,
casos de inferência, como:
como: europeu
europeu ee francês;
francês;
francês éé oo inferior
francês inferior dede europeu;
europeu; estáestá incluído em europeu.
incluído em europeu. Eu-Eu­
ropeu tem
ropeu tem uma
uma função
função genérica
genérica em em face de francês,
face de francês, ee êste
êste uma
uma
função específica.
função específica.

Há os
Há/ os casos
casos de de participação
participação por por atribuição
atribuição intrínseca
intrínseca ee por por
atribuição formal,
atribuição formal, quando
quando aa participação
participação se refere aa espectos
se refere aspectos ge­ ge-
méricos,
néricos, próximos
próximos ou remotos.
ou remotos. E há
E há as propriedades que
as propriedades que cor-cor­
respondem
respondem também também ao ao gênero,
gênero, queque são são asas propriedades
propriedades genéricas,
penéricas,
como as
como propriedades mais
as propriedades mais próximas
próximas da inclusão total,
da indusão total, queque sãosão
as específicas.
as específicas. Há, Há, pois,
pois, propriedades
propriedades genéricas, como: em
genéricas, como: em ho­ho-
mem, as
mem, as propriedades
propriedades genéricas genéricas do do serser vivo,
vivo. porque
porque ser vivo éé
ser vivo
um gênero
um remoto do
gênero remoto do homem,
homem, pois pois oo gênero
gênero próximo
próximo éé animal.animal.
EE essas
essas propriedades,
propriedades, também também nelas, nelas, podemos
podemos ainda ainda ver ver certas
certas
correlações,
correlações, que que são são essenciais,
essenciais, como: como: aa correlação
correlação entre entre pai pai ee
filho, porque oo pai
filho, porque pai é,é, essencialmente,
essencialmente, pai pai dodo filho,
filho, ee o o filho
filho é,é, es-
es­
sencialmente,
sencialmente, filho filho do do pai.
pai. Nem
N em tôdastêdas as as correlações
correlações são são essen-
essen­
ciais,
ciais, porque
porque há há correlações
correlações que que sãosão meramente
meramente accidentais,
accideatais, como como
aa dede escravo
escravo ee senhor,
senhor, porque
porque escravo
escravo não não éé da da essência
essência de de quem
quem
éé escravo,
escravo, pois
pois se se éé escravo
escravo enquanto
enquanto se se éé escravo,
escravo, nem nem éé da da es-
es­
sência
sência de de quem
quem éé senhor,
senhor, pois pois sese éé senhor,
ssnhor, erquanto
enquanto sese éé senhor.
senhor.
Apenas em
Apenas em determinadas
determinadas situações,
situações, circunstâncias,
circunstâncias, alguém alguém pode pode serser
escravo
escravo ee alguém
alguém pode pode ser ser senhor,
senhor, ee aquelasaquelas podem
podem mudar,mudar, ee
quem éé escravo
quem passar aa ser
escravo passar ser senhor,
senhor, ee quem quem éé senhor
senhor passar
passar aa serser
escravo, oo que
escravo, que já já não
não se se dá
dá nana correlação
correlação essencial
essencial entre
entie paipai ee fi-fi-
:‘* Iho,
lho, porque
porque êsteêste nãonão poderia
poderia passar
passar àa ser ser pai
pai dodo pai,
pai, nemnem oo Fai pai
poderia passar
poderia passar aa ser ser filho
filho do do filho.
filho.


— gg
88 —

Ainda
Ainda háhá nesta
nesta inclusão
inclusão parcial
parcial certa
certa pertinência
pertinência que
que são
são
asas implicâncias
implicâncias essenciais,
essenciais, porque
porque uma
uma essência genérica tem
essência genérica tem asas
suas implicâncias
suas implicâncias essenciais
essenciais com
com outros gêneros. como
outros gêneros, como oo de ser-
de ser-
-viva biológico
-vivo biológico pertence
pertence ao ao gênero dos sêres
gênero dos sêres corpóreos.
corpóreos.

A inclusão
A inclusão parcial
parcial accidental,
accidental, queque éé meramente
meramente contingente,
contingente,
encontramos nos
encontramos accidentes específicos,
nos accidentes específicos, nas
nas espécies
espécies de de accidentes,
accidentes,
como conveniência,
como conveniência, ou ou não,
não, nana relação;
relação; aa igualdade
igualdade ou desigualdade,
ou desigualdade,
na quantidade;
na quantidade, semelhança
semelhança ou ou dessemelhança,
dessemelhança, na qualidade, etc.
na qualidade, etc.
Hã participação
Uji participação por por atribuição
atribuição extrínseca,
extrínseca, como
como as es que
que jájá estu-
estu­
damos
damos no no caso
caso das
das metáforas,
metáforas, ou ou participação
participação puramente
puramente funcio-
funcio­
“ral,
nal, como
como no no caso
caso das
das asas
asas dos
dos passáros em relação
passáros em relação às aletas dos
às aletis dos
peixes, em
peixes, em que
que háhá umum certa inclusão, mas
certa inclusão, mas puramente funcional,
puramente funcional,
por participação funcional.
por participação funcional. Háá correlações
H correlações accidentais,
accidentais, comocomo o o
caso
caso dede escravo
escravo ee senhor,
senhor, e, e, ainda,
ainda, os accidentes em
os accidentes em peral.
geral.

Hã, assim,
Há, assim, uma
uma idéia
idéia da
da inclusão
inclusão quanto
quanto aos conceitos. Quan­
aos conceitos. Quan-
to aos
to aos juízos,
juízos, há outras divisões
há outras de inclusão.
divisões de inclusão. Há,
Há, por
por ex, uma
ex., uma
inclusão categórica
inclusão categórica nos
nos juízos
juízos categóricos,
categóricos, aquêles
aquêles em em que
que se dá
se dá
uma mera ee simples
uma mera simples afirmação
afirmação do do predicado
predicado ao ao sujeito,
sujeito, afirma-
afirma­
ção ou
ção ou negação;
negação, que, também, pode
que, também, pode ser total ou
ser total ou parcial.
parcial. AA total
total
pode ser
pode essencial, necessária,
ser essencial, necessária, ou ou pode
pode ser,ser, também,
também, accidental,
accidental,
contingente.
contingente. Assim,
Assim, no no juizo categórico, aa espécie,
juízo categórico, espécie, aa diferença
diferença
específica são
específica são inclusões
inclusões também
também essenciais.
essenciais. Como Como accidentais,
accidentais,
contingentes,
contingentes, temos tôdas as
temos tôdas as correspondentes
correspondentes aos aos accidentes.
accidentes.

Nos juízos
Nos juízos modais,
modais, como
como nono juízo
juízo condicional,
condicional, no
no possível,
possível,
no impossível,
no impossível, nono necessário, também se
necessário, também se dão
dão essas
essas inclusões
inclusões totais,
totais,
que
que podem ser essenciais
podem ser essenciais ouou accidentais,
accidentais, porque
porque podemos,
podemos, em tais
em tais
juízos, referirmo-nos
juízos, referirmo-nos aa umauma espécie,
espécie, ou
ou aa um
um mero
mero accidente, ou
accidente, ou
podemos nos
podemos nos referir
referir àà parte genética ou
parte genética meramente accidental.
ou meramente accidental.

De maneira
De maneira que,
que, nanº modal, como em
modal, como em tôdas
tôdas asas modais,
modais, asas m-
im­
plicâncias, as
plicâncias, as inclusões
inclusões podem
podem processar-se
processar-se dêste
dêste modo.
modo. AA ex­ ex-
clusão é,
clusão é, naturalmente,
naturalmente, oo contrário
contrário da
da includênciz,
mdudência, ee aa exclusão
exclusão
pode
pode dar-se
dar-se numa mesma ordem
numa mesma ordem dos opostos.
dos opostos. Ela pode
Ela pode dar-se
dar-se
por oposição,
por oposição, ee temos:
temos: t2tal, com excludência
total, com excludência total
total nos
nos contraditó-
contraditó­
tios, porque
rios, porque êstes
êstes dão-se
dão-se através
através de
de uma
uma relação
relação dede ente
ente ee não
não


— 89 ——
89
ente; ou
ente; ou parcial, como éé o
parcial, como o caso da privação,
caso da em que
privação, em que aa excludência
excludência
pode dar-se
pode dar-se por
por graus.
graus. No caso
Nd caso dos
dos contrários
contrários há,
há, também,
também, ex-
ex­
clusão, porque
clusão, porque êles
êles se
se repelem
repelem ((1).
1 ).

Encontramos uma
Encontramos série de
uma série de exclusões
exclusões por
por contras:e;
contraste; por
por ex.:
ex.:
quando
quando deparamos entes equívocos,
deparamos entes equívocos, quando fazemos distinções
quando fazemos distinções
icais, quando
leais, fazemos distinções
quando fazemos distinções de de tôda
tôda espécie, como os
espécie, como os aspec­
aspec-
tos da
tos da diversidade,
diversidade, queque oo são por pertencerem
são por pertencerem aa gêneros
gêneros distintos
distintos
ou diferenças, quando
ou diferenças, quando pertencem
pertencem apenas
apenas aa espécies
espécies distintas, do
distintas, do
mesmo gênero,
mesmo pénero, ouou inconveniências
inconveniências de de carácter relativo, como
carácter relativo, como aa
que
que sese dá
dá na
na substância,
substância, ou ou inconveniências
inconveniências de de carácter
carácter quantita-
quantita­
tivo, como
tivo, como aa que
que se dá na
se dá na desigualdade,
desigualdade, ou ou também
também relativas,
relativas, de
de
dissemelhança, como
dissemelhança, como aa queque sese dá na qualidade.
dá na qualidade.

Os exemplos
Os exemplos de de exclusão
exclusão sãosão comuns,
comuns, porqueporque podemos
podemos per- per­
feitamente induí-los
feitamente incluí-los dentro
dentro da mesma linha
da mesma linha da da inclusão.
inclusão. Tam-
Tam­
bém aa exclusão
bém exclusão pode pode ser
ser total
total ou
ou parcial,
parcial, dependendo
dependendo dos dos diver-
diver­
sos aspectos.
sos aspectos. Corro,
Como, naturalmente,
naturalmente, os os conceitos
conceitos que buscamos na
que buscamos na
Matese devem
Matese devem ser ser conceitos
conceitos de máxima precisão,
de máxima precisão, quando
quando êles êles ex-
ex­
cluem, devem
cluem, devem realmente
realmente excluir,
excluir, ee quando
quando êles êles incluem,
incluem, devemdevem
realmente incluir.
realmente incluir. Neste caso,
Neste caso, precisamos
precisamos analisar
analisar quase tôda con-
quase tôda con-
ceituação
ceituação filosófica, para sabermos
filosófica, para sabermos oo que que rezlmente
realmente está está incluso
incluso
ou exclusc
ou exclusc em em cada
cada umum dêles.
dêles. Essa tarefa
Essa tarefa nosnos vai
vai facilitar
facilitar o o uso
uso
das distinções, porque,
das distinções, porque, numnum conceito
conceito de de necessário,
necessário, podemos
podemos in­ in-
ciuir, nêle, total
cluir, nêle, ou parcialmente,
total ou parcialmente, oo absolutamente
absolutamente s/mpliciter,
simpliciter, oo
absolutamente simples,
absolutamente simples, ou uma necessidade
ou uma necessidade parcial,
parcial, quando
quando éé hi- hi-
poteticamente necessária,
potèticamente necessária, ou ou necessária
necessária secunâum
secunâum quid. quid.

(1)
(1) Assim, nos
Assim, nos juízos negativos, quando
juízos negativos, dizemos que
quando dizemos que «S não éé P>,
«S não Pi,
excluímos de
excluímos de S
S oo predicado
predicado PP tomado
tomado indivisamente,
indivisam ente, não
não divisamente,
divisameote,
porque P, em
porque P, em suas notas, ser.do
suas notas, serdo um
um predicado
predicado positivo
positivo ou
ou não, pode
não, pode
conter outras
conter outras predicações
predicações que que nãonão sese excluem
excluem de S. Por
de S. ex.:
Por ex.:
«Homem
«Homem não
não éé cavalo».
cavalo». Cavalo,
Cavalo, tomado indivisamente, como
tomado indivisamente, uni-
como uni­
dade noético-eidética não
dade noético-eidética não sese predica
predica de Homem, mas
de Homem, mas as suas notas
as suas notas
(animalidade,
(animalidade, ser ser vivo, etc.) não
vivo, etc.) não se excluem de
se excluem de S.S. Esta
Esta aa razão
razão
porque
porque um um juizo
juizo negativo
negativo (como(como examinamos
examinamos em em «Sabedoria
«Sabedoria da da
Dialéctica»)
Dialéctica»! devedeve ser
ser profundamente
profundamente analisado,
analisado, pois
pois aa regação,
r.egação, na na
verdade, éé sempre
verdade, sempre parcial,
parcial, quando
quando se trata de
se trata entidades (positivas,
de entidades (positivas,
portanto), pois, do
portanto), pois, do contrário,
contrário, haveria
haveria rupturas
rupturas noao ser,
ser, oo que
que éé im-
im­
possível.
possível.

— 9900 —

CAP. VI
CAP. VI

O LOGOS
O SPERMATIKOS
LOGOS SPERM ATIKÕ S

Noo pensamento
N pensamento estóico
estóico grego surgiram algumas
grego surgiram algumas sugestões
sugestões
que mereceriam
que mereceriam dos filósofos, posteriormente,
dos filósofos, posteriormente, maior
maior cuidado,
cuidado, ee
que, na
que, na verdade,
verdade, reproduziam
reproduziam oo pensamento
pensamento mais
mais íntimo
íntimo do pita-
do pita-
gorismo, ee que
gorismo, que devemos
devemos colocá-los,
colocá-los, novamente,
novamente, sôbre
sôbre aa mesa
mesa das
das
nossas especulações,
nossas porque se
especulações, porque se inclui,
inclui, perfeitamente,
perfeitamente, dentro
dentro dodo
êmbito da
âmbito da Matese.
Matese.

Estabeleciam os
Estabeleciam os estóicos
estóicos um
um Jogos,
logos, princípio
princípio dede tôdas
tôdas as as
coisas, que
coisas, que êles
êles chamavam
chamavam de hegemonikós, hegemônico,
de hegemonikós, hegemônico, que que te-
te­
ria aa hegemonia
ria hegemonia sôbre tudo quanto
sôbre tudo é: uma
quanto é: uma mente
mente queque rege
rege ee ggo-o ­
verna tudo.
verna tudo.

Esse logos
Êsse também foi
logos também chamado por
foi chamado por êles de logos
êles de logos spermati-
spermati-
tós, porque
kós, porque nêle
néle estão
estão contidas as sementes,
contidas as sementes, os germes racionais
os germes racionais
de tôdas
de tôdas as
as coisas.
coisas.

Aproveitando-se dêste
Aproveitando-se dêste pensamento,
pensamento, Sto. Sto. Agostinho
Agostinho chan chan ou
ou
êsse logos
êsse spermatikós (incluindo
logos spermatikós (incluindo as sementes ee germes
as sementes germes 1acionais,
tacionais,
vamos dizer
vamos dizer melhor,
melhor, formais
formais de tôdas as
de tôdas as coisas,
coisas, como
como asas idéias
idéias
exemplares) de
exemplares) mente dds: Deus,
de mente Deus, oo qual seria oo logos
qual seria hegemonikón,
logos hegemonikón,
quer dizer,
quer dizer, com
com aa sua
sua mente,
mente, regeria
regeria ee governaria
governaria tôdas
tôdas asas coisas.
coisas.

Este tema merecerá,


Êste tema merecerá, em em trabalhos
trabalhos posteriores, melhores es­
posteriores, melhores es-
tudos; entretanto,
tudos; entretanto, sugere
sugere àà Matese
Matese umauma atitude
atitude aa respeito
respeito dos
dos
chamados logot
diamados logo: arkhai,
arkhar, osos logoi
logoi arquetípicos,
arquetípicos, as as primeiras
primeiras leis,
leis, os
os
princípios primeiros
princípios primeiros de de tôdas
tôdas asas coisas,
coisas, as leis que
as leis que regem
regem ee go-
go­
vernam tudo
vernam tudo (pantes
(pantes logoi).
logoi).



9
91 —

Mas, como
Mas. tivemos oportunidade
como tivemos oportunidade de
de ver
ver nos
nos volumes
volumes anterio-
anterio­
res
res ee ainda
ainda veremos
veremos em “Sabedoria das
em "Sabedoria das Leis”,
Leis” , podemos
podemos alcançar
alcançar
um
um conjunto de logoi,
conjunto de iogoi, que
que antecedem
antecedem aa qualquer
qualquer postulação
postulação pos-
pos­
terior em
terior em tômo
tôm o do
do ser
ser ee do nada.
do nada.

Assim, devemos
Assim, devemos partir
partir da hegemonia dos
da hegemonia dos logoí
logoi arkbhai,
arkhai, e,e,
necessâriamente, concluir
necessàriamente, pela prioridade
concluir pela prioridade da afirmação, como
da afirmação, como vi-vi­
mos na
mos parte sintética.
na parte sintética. Ea a seguir,
E seguir, aa posterioridade
posterioridade da negação,
da negação,
pois esta
pois só éé tal
esta só tal quando
quando éé negação.
negação de alguma coisa,
de alguma de algo
coisa, de que
algo que
tem positividade;
tem positividade; conseqüentemente,
consequentemente, aa negação
negação quer
quer como conceito
como conceito
quer como
quer como algo,
algo, só só poderia
poderia dar-se,
dar-se, fundande-se numa afirmação.
fundandc-se numa afirmação.
A negação
A negação seria apenas aa recusa
seria apenas recusa duma
duma determinada
determinada afirmação.
afirmação.

A sua
A sua postericridade,
postericridade, como
como demonstramos,
demonstramos, éé necessária.
necessária. Não
Não
poderia aa negação
poderia négação anteceder
anteceder aa afirmação;
afirmação, aa negação tem, necessã-
negação tem, necessà-
riamente, posterior:dade
riamente, posterioridade àà afirmação.
afirmação.

Teriamos, assim,
Teríamos, assim, já
já estabelecido
estabelecido três
três aspectos
aspectos importantis-
importantís­
simos: aa hegemonia
simos: hegemonia dosdos logo;
logoi arkba,
arkhai, aa prioridade
prioridade da
da afirmação
afirmação
eeaa posterioridade
posterioridade da negação.
da negação.
Também analisamos
Também analisamos as as leis
leis que
que regem
regem asas relações
relações entre
entre aa
afirmação
afirmação ee aa negação. Essas relações
negação. Essas relações são
são meramente
meramente transcen-
transcen­
dentais, ee não
dentais, não devem
devem serser confundidas
confundidas com as relações
com as relações predicamen-
predicamen-
tais, que
tais, que são
são accidentais.
accidentais.
Então, verificamos
Então, verificamos que
que oo logos
logos da afirmação inclui,
da afirmação inclui, implica,
implica,
oo da
da positividade,
positividade, porque
porque uma
uma afirmação,
afirmação, que não sese positivasse,
que não positivasse,
seria
seria sem fundamento, sem
sem fundamento, sem base,
base, sem
sem aa menor
menor segurança
segurança dede sisi
raesma.
mesma. A Á afirmação,
afirmação, testemunhando-se
testemunhando-se aa sisi mesma,
mesma, temtem de
de ser
ser
positiva, enquanto que
positiva, enquanto que aa negação, como recusa
negação, como recusa do
do afirmativo,
afirmativo, sósó
pode
pode ser
ser aa negatividade,
negatividade, aa negação
negação da positividade, aa recusa
da positividade, recusa da
da
positividade.
positividade.

Alcançamos, assim,
Alcançamos, assim, as
as leis
leis que
que regem
regem aa afirmação
afirmação ee aa nega-
nega­
ção, leis
ção, leis que
que antecedem
antecedem aa tudo
tudo quanto
quanto há, antecedem matètica-
há, antecedem matêtica-
mente.
mente.

Daa análise
D análise da
da prioridade
prioridade da
da afirmação
afirmação ee da posterioridade
da posterioridade
da negação,
da negação, chegamos
chegamos àà presença
presença das
das leis
leis que
que regem
regem aa anterior:-
anteriori­
dade ee aa posterioridade.
dade posterioridade.


— 9922 —

Daí, inevitàvelmente,
Daí, inevitâvelmente, aa afirmação
afirmação ee aa positividade
positividade impli-
impli­
cam
cam aa inclusão,
inclusão, como
como aa negação
negação ee aa negatividade implicam aa ex-
negatividade implicam ex­
clusão.
clusão.

A dialéctica
A dialéctica da
da inclusão
indusão ee da
da exdusão,
exclusão, como analisamos em
como analisamos em
“Sabedoria
"Sabedoria da da Dialéctica”, nos leva
Dialéctica", nos leva aa postular
postular têticamentc,
tèticamentc, as
as leis
leis
da indusão
da inclusão ee da
da exclusão.
exclusão.

Estas nos
Estas levam, inevitavelmente,
nos levam, inevitâvelmente, àà afirmação
afirmação dada adsência,
adsência,
que
que éé aa presença
presença não
não relativa,
relativa, que
que éé aa afirmação
afirmação testemunhando
testemunhando
positivamente
positivamente 2a sisi mesma,
mesma, ee aa ausência,
ausência, aa remoção,
remoção, oo afastamento,
afastamento,
aa não
não presença
presença e,e, daí,
daí, as
as leis
leis já
já examinadas
examinadas em tôrno da
em tôrno adsência,
da adsência,
da presença
da presença ee da
da ausência.
ausência.

Em face
Em face da afirmação, da
da afirmação, da positividade,
positividade, da adsência ee da
da adsência da pre-
pre­
sença, chegamos,
sença, ontolôgicamente, ao
chegamos, ontològicamente, ao conceito
conceito do
do ser,
ser, enquanto
enquanto
ser; e,e, meontològicamente,
ser; meontolôgicamente, aoao conceito
conceito de nada enquanto
de nada nada.
enquanto nada.

OO ser
ser afirma
afirma umauma sistência,
sistência, ee o
o nada
nada nada,
nada, aa não-sisíência,
não-sistência, aa
ausência
ausência dede sistência.
sistência.

Da afirmação
Da afirmação do do ser,
ser, inevitàvelmente,
inevitavelmente, chegamos
cheganios às
às leis do
leis do
“princípio,
princípio, do meio ee do
do ir.eio do fim,
fim, àà lei
lei da série, lei
da série, lei que
que estudamos
estudamos nana
parte sintética.
parte sintética.
Como
Como decorrência do ser
decorrência do ser sislente,
sistente, cuja
cuja sistência pode ser
sistência pode ser aa se
se
ou ab alio,
ou ab alio, coma já vimos,
como já vimos, surgem
surgem as leis da
as leis dependência ee da
da dependência da in­
in-
dependência.
dependência.
E, finalmente,
E, pela constituição,
finalmente, pela constituição, pela
pela tectônica
tectònica dosdos sêres,
sêres,
chegamos àsàs leis
chegamos leis da
da semelhança
semelhança ee da diferença, no
da diferença, no aspecto quali-
aspecto quali­
tativo, ee da
tativo, igualdade ee da
da igualdade desigualdade no
da desigualdade aspecto quantitativo.
no aspecto quantitativo.
O primeiro
O primeiro por referir-se àà parte
por referir-se parte eidética,
eidética, ee oo segundo,
segundo, àà parte
parte
hilética.
hilética.
Estes dois
Êstes dois aspectos
aspectos constituem
constituem as as duas
duas primeiras
primeiras leis
leis que po-
que po­
demos alcançar,
demos alcançar, sendo
sendo que da lei
que da lei da adsência nos
da adsência nos surge
surge aa lei
lei do
do
um, ee do
um, do exame
exame do ser, enquanto
do ser, enquanto ab ab alio,
alio, aa lei
lei da
da multiplicidade.
multiplicidade.

O um
O um ee oo múltiplo
múltiplo pertencem,
pertencem, portanto,
portanto, àà sétima
sétima lei
lei da
da
adsência, presença
adsência, presença ee ausènda.
ausência. Tôdas as outras
Tôdas as outras leis
leis estão
estão funda-
funda­
das nestas,
das porque sese nós
nestas, porcue nós podemos
podemos pensar na afirmação,
pensar na afirmação, na na nega-
nega­


— 93 —
95 —
ção, na
ção, anterioridade, na
na anterioridade, na posterioridade,
posterioridade, sem sem aa necessidade
necessidade de de
pensar no
pensar ser aa se
no ser se ou no ser
ou no ser ab
ab alio, partindo, na
alio, partindo, na filosofia
filosofia con
con­
creta, da
creta.. da necessidade
necessidace do do ser, da impossibilidade
ser, da impossibilidade do do nada
nada absoluto,
absoluto,
ee como
como ser ser ee um
um se convertem, necessariamente
se convertem, necessâriamente asas leis,
leis, que
que
regem as
regem as entidades,
entidades, são leis que
são leis que decorrem
decorrem da unidade, as
da unidade, as quais
quais
estudaremos tão
estudaremos tão logo
logo penetremos
penetremos na na parte
parte correspondente
correspondente às às leis
leis
que regem
que regem tôdas
tôdas as coisas (pantes
as coisas (pantes logoi).
logoi).
Mas,
M as, tôdas
tôdas essas leis têm
essas leis têm de
de partir
partir de
de um
um principio
princípio que,
que,
sem oo seu
sem seu fundamento,
fundamento, nãc nãc teriam
teriam base
base alguma
alguma ee estariam
estariam sus-
sus­
pensas no
pensas no nada
nada absoluto,
absoluto, ee não indicariam nenhum
não indicariam nenhum sentido.
sentido.
Chegando-se àà concepção
Chegando-se concepção dodo ser
ser aa se, como ser
se, como ser imprincipiado,
imprincipiado,
como ser
como ser eterno
eterno ee atingindo-se
atingindo-se aa conclusão
conclusão de de que
que aa lei
lei da
da afir-
afir­
mação ee da
mação da negação,
negação, da da anterioridade
anterioridade ee da da posterioridade,
posterioridade, da da
adsência, presença
adsência, presença ee ausência,
ausência, ee tôdas
tôdas as leis aa elas
as leis subordinadas,
cias subordinadas,
não poderiam
não poderiam ter anterioridade ao
ter anterioridade ao ser
ser aa se,
se, elas,
elas, portanto,
portanto, vãovão
constituir aa mente
constituir mente suprema.
suprema. Tomamos
Tomamos ainda ainda aqui
aqui oo têrmo
têmo rente
mente
em
cm sentido
sentido analógico,
analógico, aa mente,
mente, aa omnipotência
omnipotência dêste dêste ser
ser aa se,
se,
do Ser
do Ser Supremo,
Supremo, que rege ee governa
que rege governa tudo,
tudo, fonte
fonte ee origem
origem de de tô-
tô­
das
das as coisas, sustertáculo
as coisis, sustentáculo dede todo ser ab
todo ser ab alio.
alio.
Inevitâvelmente, tôdas
Inevitavelmente, tôdas asas formas,
formas, sejam
sejam quais
quais forem,
forem, terão
terão
que ter
que ter aa sua fonte, aa sua
sua fonte, sua erigem
crigem ee aà suasua presença
presença neste
neste Logos,
Logos,
que, nesta
que, nesta função,
função, éé um [lozos spermatikós,
um logos spermatikós, éé um um logos
logos que
que se-
se­
meia, que
meia, que germina,
germina, que que cria.
cria. M Masas essas
essas idéias, esses formas,
idéias, essas formas,
idéias exemplares
teiéias exemplares parapara Sto.
Sto. Agostinho,
Agostinho, formas
formas para Platão, log?
para Platão, logoi
arkhai para
xrkhai para os
os pitagóricos,
pitagóricos, são são coeternas
coeternas comcom oo ser
ser aa se.
se. Elas não
Elas não
podem
podem ter ter principiado,
principisdo, asas sias suas razões indicam que
razões indicam elas sempre
que elas sempre
foram, desde
foram, desde todo
todooo sempre,
sempre, elas elas não indicam, nem
não indicam, nem aquelas que
aquelas qu;
lhe são
Ihe são subordinadas,
subordinadas, uma uma sucessão,
sucessão, aa unidade
unidade nãonão surgiu
surgiu após
após
aa afirmação,
afirmação, aa unidade
unidade éé coeterna
coeterna com com aa afirmação.
afirmação.

Então, do
Então, mesmo modo
do mesmo modo que verificamos que,
que verificamos que, no contexto alfa,
no contexto alfa,
aa subordinação
subordinação dos conceitcs implica
dos conceitcs implica uma
uma simultaneidade
simultaneidade dosdos
logoi, podemos
logoi, podemos dizer que as
dizer que as razões
razões eternas,
eternas, dede que
que falava
falava Platão,
Platão,
que são
que são os logo; arkhai,
os logoi arkhai, são
são simultâneas
simultâneas com
com oo Ser
Ser Supremo
Supremo des:des!
de todo
de todo o o sempre;
sempre; coeternas umas com
coeternas umas com as
as outras.
oucras. Déste modo
Dêste modo
dirão que
dirão que nos
nos colocamos
colocamos numanuma posição
posição realista
realista extremada.
extremada. De De


—9494 — —
certo modo,
certo modo, sim;sim; porque
porque defendemos
defendemos êsse êsse realismo
realismo nana mente
mente
divina, embora
divina, embora tenhamos
tenhamos sempre
sempre partido
partido do do realismo
realismo moderado.
moderado.
'Tôdas asas idéias,
Tôdas idéias, que possamos formar,
que possamos formar, tudo
tudo quanto pode ser
quanto pode ser cria-
cria­
do, tudo
do, tudo quanto
quanto pode
pode vir-a-ser,
vir-a-ser, ee oo que
que também não virá,
também não virá, mas
mas
que não
que não inclua
inclua contradição
contradição formal
formal intrínseca, que é,é, portanto,
intrínseca, que portanto,
possível, está
possível, está contido,
contido, como
como tal,
tal, ee em
em sentido matético, como
sentido matético, como rea-
rea­
lidade matética,
lidade desde todo
matética, desde todo oo sempre,
sempre, ee coeterno
coeterno nono Ser Supremo.
Ser Supremo.
Estes
£stes logoi arkhai não
logoi arkbai vão actualizar-se
não vão actualizar-se quando
quando se actualize o
se actualize O in­
in-
divíduc que,
divíduo que, subjectivamente,
subjectivamente, as as represente.
represente.

AA bum
humanitas
anilas não se actualizou
não se actualizou ee principiou
principiou aa ser
ser quando sur-
quando sur­
giu oo primeiro
giu primeiro homem;
homem; aa humanilas
himanitas era uma possibilidade
era uma possibilidade da da
omnipotência
omnipotência do do ser
ser a4 se,
se, era
era algo
algo que
que poderia ser representado
poderia ser representado
por um
por um ente
ente que poderia vir
que poderia vir aa ser tal mimêticamente
ser tal minèticamente ou ou partici-
petrtici-
pialiter,
pialiter, umum ente que pcderia
ente que pederia vir-a-ser,
vir-a-ser, mas,
mas, enquanto
enquanto potência,
potência,
está contido
está contido nana omnipotência
omnipotência do do Ser Supremo, que,
Ser Supremo, que, como
como de-de­
monstramos,
monstramos, éé omnissapiente
omnissapiente e,e, consegiientemente,
conseqüentemente, pertence
pertence aquê-
aquê­
le àà omnisciência
le omnisciência dêste
dêste ser.
ser.

Assim, aquelas
Assim, aquelas entidades
entidades que,
que, especificamente,
especificamente, ainda não sur-
ainda não sur­
giram, mas
giram, mas que
que poderão
poderão surgir,
surgir, ee muitas
muitas virão
virão aa surgir,
surgir, tódas
tôdas
elas eram
elas eram possíveis
possíveis desde todo oo sempre,
desde todo sempre, porque
porque se se assim
assim não não
fósse, de
fôsse, de onde
onde viria
viria esta
esta possibilidade
possibilidade queque se
se actualiza?
actualiza? Só
Só po-
po­
deríamos empres:á-la
deríamos emprestá-la ao ao nada absoluto, que
nada absoluto, já está
que já por nós,
está por nós, abso-
abso­
lutamente, descartado.
lutamente, descartado.

Consegientemente,
Conseqüentemente, vemos vemos que que háhá uma positividade matética
uma positividade matética
no pensamento
no pensamento dos dos estóicos,
estóicos, como
como há no pensamento
há no pensamento dos dos platôni-
platôni­
cos, dos pitagóricos
cos, dos pitagóricos ee dede Sto. Agostinho, porque
Sto. Agostinho, porque oo realismo,
realismo, cha-
cha­
mado
mado exagerado,
exagerado, só só oo seria
seria sese quiséssemos emprestar aa essas
quiséssemos emprestar essas enti-
enti­
dades uma
dades subsistência de
uma subsistência de per
per si, como se
si, como se osos transformássemos
transformássemos
como antecedentes
como antecedentes ao ao Ser Supremo, ou
Ser Supremo, como independentes
ou como independentes dêle,dêle,
como na
como na concepção
concepção do do demiurgo,
demiurgo, sese oo aceitarmos
aceitarmos como como criador das
criador das
coisas àà semelhança
coisas semelhança das das razões eternas, dos
razões eternas, dos logoi
logo; eterros,
eterr.os, dos
dos logos
logoi
arkbai.
arkbai. Já mostramos em
Já mostramos em nossas
nossas obras que esta
obras que passegem da
esta passagem obra
da obra
de Platão éé apenas
de Platão apenas um um mito didascálico, como
mito didascálico, como bem expressou Sá-
bem expressou Só­
crates, com
crates, com a a intenção
intenção apenas
apenas de tornar-se inteligível
de tornar-se inteligível àsàs mentes
mentes nãonão
devidamente preparadas,
devidamente ainda não
preparadas, ainda iniciadas nos
não iniciadas nos graus superiores
graus superiores


— 95
95 —

do conhecimento.
do conhecimento. Como se
Como se daria
daria aa presença
presença dasdas formas
formas nas
nas coi-
coi­
sas
sas da
da nossa
nossa experiência?
experiência? Apenas
Apenas por uma participação,
por uma participação, por uma
por uma
participação formal,
participação formal, ou
ou apenas
apenas por uma imitação,
por uma imitação, no
no sentido pita-
sentido pita-
górico, por mímesis
górico, por mímesis (imitação), como afirmava
(im itação), como Pitágoras ou
afirmava Pitágoras ou me-
me-
téxis (participação) como
téxis (participação) como afirmava
afirmava Platão,
Platão, que,
que, na verdade, são
na verdade, ião
aa mesma
mesma coisa.
coisa.

A participação
A participação por semelhança, ante
por semelhança, ante aa analogia
analogia do ser, como
do ser, como
já demonstramos
já demonstramos implica,
implica, necessáriamente,
necessariamente, uma
uma ímesis,
mimesis, porque
porque
es coisas
ts coisas dispõem-se
dispõem-se àà semelhança
semelhança ee àà forma.
forma. E, E, também,
também, aa capa-
capa­
cidade delas
cidade delas dede poderem
poderem dispor-se,
dispor-se, estructura:-se,
estructurar-se, segundo aquelas
segundo aquelas
formas, éé uma
formas, participação, uma
uma participação, uma metéxis.
metéxis. Assim,
Assim, oo conceito
conceito dede
mimesiy dos
mimesis dos pitagóricos
pitagóricos ee de
de imetéx:s dos platônicos
meléxis dos rão são
platônicos r.ão são con-
con­
traditórios; ao
traditórios; ao inverso,
inverso, completam-se
completam-se perfeitamente,
perfeitamente, ee permitem
permitem
uma visão
uma visão clara.
clara.

A capacidade
A capacidade queque tem
tem oo ente
ente finito
finito de
de dispor-se
dispor-se dede modo
modo aa
repetir, por
repetir, por imitação,
imitação, aa forma,
forma, ou
ou seja oo Jogos
seja logos arquetipico,
arquetípico, ou os
ou os
arithmoi arkhetypikôi,
aritbmoi arkhetypikói, porque
porque mais
mais adiante faremos
adiante faremos aa distinção
distinção en-
en-
rre os
rre os arquétipos
arquétipos ee êstes
êstes arithmoi,
arithmoi, esta
esta capacidade, que as
capacidade, que as coisas
coisas
têm de
têm de imitá-los,
imitá-los, é,
é, também,
também, uma uma maneira
maneira de de participar
participar daquelas
daquelas
formalidades.
formalidades.

Não há,
Não há, portanto, uma exclusão
portanto, uma exclusão entre
entre oo pensamento
pensamento platô-
platô­
nico ee oo pitagórico,
nico pitagórico, ee razão tinha, portanto,
razão tinha, portanto, Platão,
Platão, de procurar
de procurar
conciliar oo seu
conciliar seu pensamento
pensamentc comcom o o pensamento
pensamento de Pitágoras e,e,
de Pitágoras
também, razão temos
também, razão nós em
temos nós afirmar que
em afirmar que Platão
Platão foi,
foi, reilmente,
realmente,
um dos
um dos grandes pitagóricos. AA essa
grandes pitagóricos. conclusão também
essa conclusão também chegaram
chegaram
tanto Aristóteles como
tanto Aristóteles como os os grandes
grandes escolásticos, embora muitos
escolásticos, embora muitos
filósofos menores
filósofos menores não não tenham
tenham percebido
percebido que
que aa filosofia
filosofia positiva
positiva
4,
ee concreta
concreta éé uma uma só.
só.

96 —
CAP.
C VIIII
AP. V

O UM
O UM SUPREMO — AS
SUPREMO — AS OPOSIÇOES
OPOSIÇÕES

Dez aspectos
Dez aspectos importantes
importantes referentes
referentes às primeiras leis
às primeiras leis que re-
que re­
gem as coisas,
gem as coisas, ee revelam
revelam aa hegemcnia dos logoi
hegemcnia dos arkbai, foram:
logoi arkbai, foram:

t)1) aa prioridade
prioridade da
da afirmação,
afirmação, aa posterioridade
posterioridade dada negação;
negação;

2)2) oo logos
logos da afirmação ee da
da afirmação da negação,
negação, dada positividade
positividade ee da
da
negatividade;
negatividade;

3)
3) as relações;
as relações;
4)4 ) oo logos
logos da
da inclusão
inclusão ee da
da exclusão;
exclusão;
55)) oo logos
logos da
da adsência, da presença
adsência, da presença ee da ausência;
da ausência;

6)
6) oo logos
logos da
da sistência
sistência ee da
da não-sistência
não-sistência do
do ser
ser ee do nada;
do nada;

7)
7) oo logos
logos do
do princípio, meio ee fim
princípio, meio fim das
das coisas
coisas finitas,
finitas, ab
ab
alto;
alio;

8)
8) o logos
o logos da
da dependência
dependência ee da
da independência;
independência;
99)) oo logos
logos da
da conveniência,
conveniência, da
da inconveniência;
inconveniência;
10)
10) oo logos
logos da semelhança ee da
da semelhança da diferença, da igualdade
diferença, da igualdade ee
da desigualdade,
da desigualdade, etc.
etc.
Ora, desde
Ora, desde oo momentc
momentc que que partimos
partimos da da hegemonia
hegemonia dosdos logo?
logoi
arkbai, partimos
arkbai, partimos dodo Hen
Hen trote,
brote, dodo Ser
Ser Supremo,
Supremo, ser ser primeiro,
primeiro,
fonte ee origem
fonte origem dede tôdas
tôdas asas coisas,
coisas, ee depois
depois dodo Hen-dyas-aóristos,
Hen-dyas-aórislos,
sôbre os
sôbre os quais falamos, êste
quais falamos, êste como
como oo infinito
infinito poder
poder dede determinar
determinar
ee aa infinita
infinita determinabil
determinabilidede que Ihe
idade que lhe éé correspondente.
correspondente. OO pri­
pri-
meiro éé uma
meiro uma potência
potência activa,
activa, infinitamente
infinitamente actual,
actual, ee que pede
que pode
actualizar
actualizar aa segunda,
segunda, aa potência
potência objectiva
objectiva que,
que, infinitamente,
infinitamente, pede
pede
ser determinada, que
ser determinada, que Ihe
lhe éé submetida.
submetida.


— 97 —
97 —
Alcançamos, aqui,
Alcançamos, aqui, aa uma lei importantíssima:
uma lei importantíssima: aa lei lei do
do um,
um,
aa lei
lei do
do logos,
logos, o o logos
logos dodo logos,
logos, aa lei
lei do
do primeiro
primeiro princípio,
princípio, oo
ser aa se,
ser se, aa fonte,
fonte, aa origem
origem primeira
primeira de de tôdas
tôdas as
as coisas.
coisas. Mostra-
Mostra­
temos
remos que que oo primeiro princípio tem
primeiro principio tem de ser aa se,
de ser se, fonte
fonte ee origem
origem
de tôdas
de tôdas asas coisas,
coisas, de
de onde tôdas asas coisas
onde tôdas coisas principiam.
principiam.

E oo Hen-dyas-aóristos,
E Hen-dyas-aóristos, oo um-dois
um-dois indeterminado,
indeterminado, éé gerado
gerado
pelo primeiro,
pelo primeiro, ee éé própriamente,
propriamente, aa suasua acção intelectual, como
acção intelectual, ve-
como ve­
remos aa seguit.
remos Aqui jájá nos
seguir. Aqui nos encontramos,
encontramos, em face de
em face de uma lei im-
uma lei im­
portantíssima, que
portantíssima, que éé aa lei da oposição.
lei da oposição.

A Jei
A da oposição
lei da oposição preside
preside tôdas as outras
tôdas as outras leis,
leis, ee tôdas
tôdas as ou-
as ou­
tras leis aa ela
tras leis ela se
se conjugam.
conjugam.

AA idéia da
idéia oposição implica,
da oposição necessáriamente, positividade,
implica, necessàriamente, positividade,
ee outro,
outro, que
que pode
pode ser
ser negativo
negativo ou
ou positivo.
positivo. A oposição
A oposição se se dá

entre ens
entre ens ee non ens, ee entre
non ens, entre ens
ens et
ei ens:
ens: aà contraditória
contraditória ee aa privativa
privativa
ee aa contrária
contrária ee aa correlativa,
correlativa, que
que jájá examinamos
examinamos em nossos tra-
em nossos tra­
balhos.
balhos.

Masas aa lei
M lei da
da oposição
oposição estáestá presente:
presente: entre
entre os
os logo? arkhai,
logoi arkhai,
que de
que de certo
certo modo
modo se se põem
põem unsuns emem face dos outros,
face dos outros, na
na relação
relação da
da
efirmação com
efirmação com aa negação,
negação, na na postulação
postulação dada positividade com aa ne-
positividade com ne-
gatividade, na
gatividade, na postulação
postulação da da anterioridade
anterioridade comcom aa posterioridade,
posterioridade,
na adsência
na adsência ee presença
presença com com aa ausência,
ausência, na
na inclusão
inclusão ee na
na exclusão,
exclusão,
na sistência
na sistência ee não
não não-sistência,
não-sistência, na na dependência
dependência ee na na independên­
independên-
cia, na
cia, na conveniência
conveniência ee na na não-conveniência,
não-conveniência, ou ou inconveniência,
inconveniência, na na
semelhança ee na
semelhança na diferença,
diferença, na na igualdade
igualdade ee na desigualdade, ee as-
na desigualdade, as­
sim sucessivamente,
sim sucessivamente, pertencentes
pertencentes aa estaesta décima
décima classificação
classificação tôdas
tôdas
essas dualidades,
essas dualidades, que que podemos
podemos construir.
construir.

Esta lei
Esta lei da
da oposição,
oposição, que
que éé aa lei
lei do
do dois,
dois, lei
lei binária,
binária, éé de
de má-
má­
xima importância, porque
xima importância, porque temos
temos de
de nos preparar, agora,
nos preparar, para cap-
agora, para cap­
tar devidamente, estas
tar devidamente, estas dez
dez leis
leis fundamentais,
/undamentais, que
que correspondem
correspondem
àà parte
parte dinâmica
dinâmica de todo ser,
de todo cujas leis
ser, cujas são, por
leis são, por sua
sua vez,
vez, também
também
presentes ee subordinadas
presentes subordinadas aa estas.
estas.

Reexaminando aa classificação
Reexaminando da oposições
classificação da oposições entre
entre ente
ente ee ente,
ente,
ee as
as entre
entre ente
ente ee não
não ente,
ente, que
que dão
dão as
as quatro
quatro oposições;
oposições; aa contrá■
contrá-


— 9988 —

sa
n a ee aà relativa
relativa ou
ou correlativa,
correlativa, ee aa contraditória
contraditória ee aa privativa,
privativa, há,
há,
contudo,
contudo, alguns autores que
alguns autores que propõem outras oposições,
propõem outras oposições, como
como oo
antagonismo, antinomia,
antagonismo, antinomia, etc.
etc.

O antagonismo,
O antagonismo, entretanto,
entretanto, pode
pode ser
ser classificado
classificado como
como umauma
cposição entre
oposição entre ente
ente ee ente.
ente. Os Os antagonistas podem ser
antagonistas podem ser classifica-
classifica­
dos como contrários
dos como contrários eventuais,
eventuais, dede maneira
maneira que
que esta
esta oposição
oposição ainda
ainda
seria uma
seria uma espécie
espécie de contrariedade,
de contrariedade.

Antinomia
Antinomia (que(que provém
provém de anti ee nomos)
de anti nomos) aponta
aponta duas leis,
duas leis,
duas ordens
duas ordens em em oposição.
oposição. Como exemplo,
Como exemplo, temos
temos aa atracção
atracção ee aa
repulsão, que
repulsão, que têm
têm duas
duas normas, duas leis,
normas, duas leis, aa lei
lei da atracção ee aa da
da atracção da
repulsão, leis
repulsão, antinômicas.
leis antinômicas. Podem ser
Podem ser consideradas
consideradas como
como espé-
espé­
cic de
cie contrariedade.
de contrariedade.

Não
N ão devemos considerar antinomia
devemos considerar antinomia apenas
apenas nono sentido kan-
sentido kan­
tiano, porque,
tiano, porque, neste,
neste, éé uma
uma contradição, pois também
contradição, pois também sese empre-
empre­
ga no
ga no sentido
sentido de
de uma
uma oposição entre ente
oposição entre ente ee ente.
ente.

Háá também
H também outra apresentada entre
outra apresentada entre verdade
verdade ee falsidade.
falsidade.
Mas esta pode reduzir-se à contraditória, porque quando
Mas esta pode reduzir-se à contraditória, porque quando se se diz
diz
verdade, nega-se aa falsidade,
verdade, nega-se falsidade, quando
quando se
se diz
diz falsidade, nega-se aa
falsidade, nega-se
veidade;
veidade; aa oposição
oposição dá-se, portanto, entre
dá-se, portanto, entre ens et non
ens et non ens.
ens.

AA de
de certo
certo ee errado
errado pode
pode reduzir-se
reduzir-se àà privativa,
privativa, porque
porque ecra-
erra­
do
do éé uma privação de
uma privação certeza, uma
de certeza, uma certa
certa privação
privação de
de certeza.
certeza.

De maneira que
D e maneira que estas
estas oposições
oposições podem
podem perfeitamente ser re­
perfeitamente ser ra
duzidas às
duzidas às quatro
quatro da
da classificação que permanece
classificação que permanece na Filosofia.
na Filosofia.

As outras
As oposições apresentadas
outras oposições apresentadas até
até agora,
agora, que
que conhecemcs,
conhecemos,
são passíveis
são passíveis de
de colocação, dentro daquela
colocação, dentro daquela classificação.
classificação.

Mas há
Mas há umum ponto
ponto importante
importante aa serser examinado
examinado nas oposições,
nas oposições,
que interessam
que muito ao
interessam muito campo da
ao campo da Ciência
Ciência ee também
também dada Filosofia:
Filosofia:
são as
sáo as correlativas,
correlativas, porque
porque éé aí
aí onde
onde encontramos
encontramos aa maior
maior soraa
soma
de oposições.
de oposições. E E como
como os correlativos sese dão
os correlativos numa oposição
dão numa oposição entre
entre
ente ee ente,
ente ente, exigem um exame
exigem um especial, porque
exame especial, porque há
há espécies
espécies de cor-
de cor­
relação, oo que
relação, que éé muito
muito importante.
importante.

— 99 —
Os opostos,
Os opostos, nana correlação, são positivos,
correlação, são positivos, em
em primeiro
primeiro lugar;
lugar;
em segundo lugar,
cm segundo lugar, temos
temos de considerar aa actualidade
de considerar actualidade da oposição
da oposição
ee aa sua
sua virtualidade.
virtualidade. Por isso,
Por isso, temos
temos de de tomar
tomar aa oposição
oposição sob sob
dois aspectos: sob
dois aspectos: sob oo aspecto formal ee sob
aspecto formal sob oo aspecto
aspecto material.
material. Um
Um
exemplo nos
exemplo nos esclarece:
esclarece: oo pai,
pai, dede qualquer forma, tem
qualquer forma, tem de de ser an-
ser an­
tecedente ao
tecedente ao filho,
filho, mas
mas sósó éé pai
pai quando
quando há há oo filho;
filho; masmas oo filho
filho
não pode
não pode ser
ser um antecedente do
um antecedente do pai,
pai, pois, para ser,
pois, para ser, exige, neces-
exige, neces­
sâriamente, o
sariamente, o pai.
pai. Tanto
Tanto exige
exige formalmente
formalmente como como exigeexige mate-
mate-
tialmente, porque
íialmente, porque oo filho
filho éé filho
filho desde
desde queque surge;
surge; enquanto
enquanto o o pai,
pai,
antes de
antes de ser
ser formalmente
formalmente pai, pai, éé materialmente
materialmente um um serser humano
humano
que, depois,
que, depois, sese torna pai.
toma pai. Nesta
Nesta correlação,
correlação, oo paipai tem
tem uma
uma an­ an-
tecedência material
tecedência material ee umauma posterioridade formal, mas
posterioridade formal, mas oo filho
filho éé
sempre, formal
sempre, formal ee materialmente,
materialmente, simultâneo.
simultâneo. Tal Tal aspecto
aspecto nosnos
permite dividir
permite dividir as as oposições
oposições correlativas
correlativas em em três
três sub-espécies:
sub-espécies:

11)) aa formal-formal,
formal-formal, quando
quando dois
dois têrmos são formais
termos são formais ee sur-
sur­
gem materialmente
gem materialmente simultâneos;
simultâneos;
22)) quando os
quando os têrmos
termos são material-material, antes
são material-material, antes de
de oo se­
se-
rem formalmente;
rem formalmente; ee

33)) material-formal.
material-formal.

Noo primeiro
N primeiro caso,
caso, no
no formal-formal,
formal-formal, os os dois
dois têrmos
termos oo são
são
formalmente, como
formalmente, como oo relâmpago
relâmpago ee oo trovão.
trovão. O O relâmpago
relâmpago éé oo re-
re­
lâmpago do
lâmpago do trovão;
trovão; oo trovão
trovão éé oo trovão
trovão dodo relâmpago.
relâmpago. Mas Mas oo re­
re-
liâmpago
lâmpago não não sese dá
dá sem
sem que
que sese processe
processe aquelas
aquelas vibrações
vibrações mole­
mole-
culares do
culares do ar que provocam
ar que provocam em em nós
nós aa sensação
sensação do que chamamos
do que chamamos
depois de
depois de trovão.
trovão.

Temos, ainda,
Temos, ainda, oo gênero
gênero ee aa espécie,
espécie, pois
pois oo gênero
gênero sósó éé gê-
gê­
nero quando tem
nero quando tem as as suas espécies; aa espécie
suas espécies; espécie sósó éé espécie
espécie quando
quando
tem o
tem o seu
seu gênero.
gênero. Há, assim,
Há, assim, aa correlação
correlação formal-formal
formal-formal ee aa
material-material, pois tanto
material-material, pois tanto formal-formalmente,
formal-formalmente, como como material-
material-
-materialmente ambos
-materialmente ambos os os têrmos
têrmos da da oposição
oposição nãonão têm
têm uma
uma situa-
situa­
ção
ção anterior
anterior aa outro.
outro.

O gênero
O não se
gênero não dá antes
se dá das suas
antes das espécies, que
suas espécies, que são
são outras
outras
que
que oo gênero.
gíênero. OO gênero
gênero só surge como
só surge como gênero, quando aa espécie
gênero, quando espécie
surge como
surge como espécie.
espécie.


— 100 —
100 —
Noo caso
N caso dodo senhor
senhor ee dodo escravo,
escravo, oo senhor
senhor poderia,
poderia, antes
antes dede
ser senhor, não ter escravos; então, materialmente, poderia ser
ser senhor, não ter escravos; então, materialmente, poderia ou-
ser ou­
tro do
tro do que
que êle
êle éé formalmente,
formalmente, quando
quando éé senhor,
senhor, ee oo escravo
escravo também
também
poderia ser
poderia outro antes
ser outro antes dede ser
ser formalmente
formalmente escravo. Eis, aqui,
escravo. Eis, aqui,
uma correlação
uma entre material
correlação entre material ee material,
material, ee formal
formal ee formal,
formal, pos-
pos­
teriormente, porque o ser escravo só há quando há um senhor,
teriormente, porque o ser escravo só há quando há um senhor,
ee só
só há
há oo senhor
senhor quando
quando há há oo escravo.
escravo. Mas Mas alguém
alguém poderia
poderia ser,
ser,
anteriormente,
anteriormente, outra outra coisa
coisa que senhor ou
que senhor ou escravo.
escravo. Então
Então aa opo-
opo­
sição seria
sição material-material, porque
seria material-material, porque oo antecedente
antecedente éé material.
material.

Assim, patrão
Assim, patrão ee operário
operário estão
estão nana mesma
mesma situação; direita ee
situação; direita
esquerda, porque
esquerda, porque aa direita
direita só
só se diz em
se diz relação àà esquerda,
em relação esquerda, aa es­
es-
querda só
querda se diz
só se diz em relação àà direita.
em relação direita.

Agora, se
Agora, se nós
nós chamamos alguma coisa
chamamos alguma coisa dede direita
direita ou de es­
ou de es-
querda, chamamo-la
querda, chamamo-la quando em relação
quando em relação aa outra,
outra, que
que sese coloca
coloca em
em
oposição.
oposição. Mas aa coisa,
Mas que está
coisa, que está àà direita
direita dede outra,
outra, poderia
poderia não
não
estar.
estar.

Agora, Oo terceiro
Agora, terceiro caso seria oo do
caso seria pai ee do
do pai do filho,
filho, porque
porque o o pai,
pai,
antes de ser formalmente pai, é um ser humano, mas o filho não.
antes de ser formalmente pai, é um ser humano, mas o filho não.
O filho
O filho éé formal
formal ee materialmente
materialmente filho
filho desde
desde oo instante
instante que surge.
que surge.

Assim, causa ee efeito,


Assim, causa efeito, oo que
que causa
causa poderia
poderia anteriormente
anteriormente não não
ser causa
ser causa de de umum efeito,
efeito, quando
quando ainda
ainda não está causando
não está coisa al­
causando coisa al-
guma, mas
guma, mas êste
êste quando surge como
quando surge tal, surge,
como tal, surge, material
material ee formal­
formal-
mente, como
mente, efeito. EE oo que
como efeito. que causa poderia ser
causa poderia ser materialmente
materialmente
outra coisa
outra coisa que
que causa
causa disto
disto ou daquilo. Também
ou daquilo. Também aa relação
relação entre
entre
antecedente ee consequente,
antecedente conseqüente, entre prioridade ee posterioridade,
entre prioridade posterioridade, tam­tam-
bém está
bém está nana mesma
mesma relação;
relação; oo antecedente poderia dar-se
antecedente poderia antes
dar-se antes
de ser
de ser oo antecedente
antecedente do do conseqüente,
consequente, sendosendo outra
outra coisa,
coisa, sem
sem terter
um conseqüente.
um consequente. Masas no
M no momento
momento que que tenha
tenha um consequente,
um conseqüente,
éé antecedente.
antecedente.

Os exemplos
Os exemplos que
que demos
demos são
são perfeitamente claros. Vejamos
perfeitamente claros. Vejamos
agora um
agora um aspecto
aspecto importante:
importante: aa mutualidade que sese dá
mutualidade que dá entre
entre os
os
opostos.
opostos.

Quando os
Quando os opostos
opostos sãosão mútuos, essa mutualidade
mútuos, essa pode dar-
mutualidade pode dar-
-se da
-se da seguinte fórma:a: na
seguinte fórm necessidade de
na necessidade de ambos
ambos para
para haver
haver opó-
opó-


— 101
101 —

sição correlativa,
sição correlativa, como
como aa que que se se dá dá entre
entre gênero
gênero ee espécie.
espécie.
Tanto
Tanto oo gênero
gênero exige
exige aa espécie como aa espécie
espécie como espécie exige
exige oo gênero;
gênero;
consequentemente,
conseqüentemente, há há aqui
aqui aa necessidade
necessidade mútua mútua de de ambos,
ambos, aa mu-mu-
tualidade de
tualidade de ambos
ambos éé necessária, tanto formal
necessária, tanto formal como materialmente,
como materialmente,
pata que
para que tanto um como
tanto um como outro
outro passam surgir. Mas
passam surgir. Mas no ao caso
caso dodo
pai
pai ee do do filho,
filho, aa necessidade
necessidade mútua
mútua seria seria apenas
apenas formal,
formal, porque
porque
oo pai,
pai, materialmente,
materialmente, dá-sedá-se como
como ente,
ente, antes
antes de de ser
ser pai.
pai. Mas oo
Mas
filho, não;
filho, não; êste
êste tem
tem necessidade
necessidade de de serser formal
formal ee materialmente
materialmente
filho.
filho. Noo caso
N caso do
do escravo
escravo ee dodo senhor,
senhor, ambosambos poderiam,
poderiam, antesances
de ser escravo
dc ser escravo ouou de
de ser
ser senhor,
senhor, serem,
serem, ambosambas nem nem escravo
escravo nemnem
senhor.
senhor. Aqui
Aqui aa relatividade
relatividade mútua
mútua de de ambos
ambos éé completa.
completa.

Temos, assim,
Temos, assim, dois
dois casos
casos dede necessidade,
necessidade, umum em
em que
que há
há aa
necessidade mútua
necessidade mútua de de ambos
ambos os os têrmos,
têrmos, ee outro
outro em
em que
que há
há neces­
neces-
sidade de
sidade de um
um sósó dos
dos têrmos.
têrmos. São São aspectos
aspectos da
da mutualidade,
mutualidade, que
que sese
dá nos
dá opostos correlativos.
nos opostos correlativos.

O tema
O tema dos
dos correlativos
correlativos também
também estáestá aa exigir
exigir uma
uma análise
análise
sôbre outro
sôbre outro aspecto
aspecto importante,
importante, porque,
porque, nono platonismo,
piatonismo, para
para mui-
mui-
tos autores,
tor autores, não
não háhá formas
formas dede relações.
relações. Outros, porém,
Outros, porém, atribuem-
atribuem-
“lhe aa aceitação
-lhe aceitação de de formas
formas dede relações,
relações, como
como aa dualidade
dualicade senhor
senhor
ee escravo,
escravo, que
que seria
seria uma
uma delas.
delas.

Masas aa confusão
M confusão surge
surge em
em tôrno do conceito
tôrno do conceito platônico
platênico de
de re­
re-
lação, distinto do
lação, distinto do que
que éé comumente
comumente aceito,
aceito, pois
pois aa relação
relação que
que tem
tem
um Iogos
um Jogos andogante,
analoganie, tem
tem uma
uma forma.
forma.

Eis um
Eis um tema
tema de de controvérsia.
controvérsia. Contudo, não
Contudo, não podemos
podemos negar,
negar,
como veremos
como veremos no no estudo
estudo das
das leis,
leis, que
que estas
estas se
se dão
dão ee apresentam
apresentam re­re-
lações, como
lações, como as as da
da afirmação
afirmação ee da da negação,
negação, aa da
da anterioridade
anterioridade ee
posterioridade, aa da
posterioridade, da presença
presença ee dada ausência,
ausência, aa da
da inclusão
inclusão ee da
da ex­
ex-
clusão, onde
clusão, onde nos
nos encontramos
encontramos em em face
face dede relações
relações entre
entre opostos.
opostos.

São opostos
São opostos contrários,
contrários, porém
porém não não sãosão pròpriamente
prôpriamente correlati­
correlati-
vos absolutos,
vos absolutos, porque
porque aa adsência
adsência nãonão éé um um têrmo
têrmo relativo,
relativo, pois
pois po­
po-
deria dar-se
deria dar-se um sem haver
um sem haver qualquer
qualquer outro,
outro, sem
sem ordo
ordo ad ad outro,
outro, co­
co-
mo aa inclusão
mo inclusão poderia
poderia dar-se
dar-se sem
sem exclusão.
exclusão. O O antecedente
antecedente nlo não
exige necessàriamente
exige necessáriamente o o posterior,
posterior, senão
senão quando
quando éé antecedente
antecedente aa
algo, pois
algo, pois maaterialiter poderia dar-se.
ateriditer poderia dar-se. A A exigência
exigência acui
acui dada rela-
rela-


— 102—
102 —
ção não
ção não éé mmútua, porque a
útua, porque a adsência
adsência poderia
poderia dar-se
dar-se sem necessi-
sem necessi­
dadee da
dad da ausência,
ausência, como poderia dar-se
com o poderia dar-se aa inclusão
inclusão nana unidade,
unidade, sem
sern
necessicade
necessicade d daa exclusão,
exclusão, etc.
etc.
Nossa mente,
N o ssa mente, éé verdade,
verdade, não p
não pode
o d e compreender
com preender sem sem os
os
contrários, porque ao construirmos os nossos esquemas, sobretudo
contrários, porque ao construirmos os nossos esquem as, sobretudo
quando
quando fazemfazemosos um
umaa afirm
afirmação
ação qualitativa, tendemos para
qualitativa, tendemos para aa qua­
qua-
lidade contrária.
lid ad e contrária. Mas poderíamos, sem contradição filosófica al-
M as poderíam os, sem contradição filosófica a l­
guma, pensar gre o ser a se, O Ser Supremo, não se tornasse
gum a, pensar que o ser a se, o Ser Suprem o, não se tornasse cria-
cria­
dor,
dor, ee permanecesse
permanecesse êle êle mesmo, apenas êle
mesmo, apenas mesmo, na
êle mesmo, contempla-
na contempla­
ção de
ção si m
de si mesmo.
esm o. Pode-se dizer que
Pode-se dizer ser ab
que oo ser alio éé o
ab alio o ser ab alio
ser ab alio
do ser a se, contudo não se pode dizer necessâriamente
do ser a se, contudo não se pode dizer necessàriamente que
que oo ser
ser
se é o ser aa se
aaseéoser sedo ser ab dlio, porque o ser a se
do ser ab alio, porque o ser a se éé independente
independente
de outro.
de outro.
Esta distinção d
Esta distinção mutualidade nos
daa mutualidade nos afasta
afasta de um relativismo
de um relativismo
absoluto, porque aa m
absoluto, porque mutualidade
utualidade nos necessidade ou
indica aa necessidade
nos indica ou de
de
am bos os
ambos têrmos, ou
os têrmos, ou dede um só, ou
um só, relatividade dos
ou aa relatividade dois.
dos dois. Quer
Quer
dizer:
dizer: encontramos situações que
encontramos situações podem ser
que podem tomadas de
ser tomadas modo ab
de modo ab- ­
soluto, soltas at, sem necessidade de estar dependendo
soluto, so ltas ab, sem necessidade de estar dependendo de
de uma
uma
terceira.
terceira.
Êste
Este éé umum ponto importantíssimo, porque
ponto importantíssimo, porque vemvem demonstrar
demonstrar
que,
que, na na doutrina
doutrina das
das oposições,
oposições, a
a própria
própria aceitação
aceitação da
da correlação
correlação
não
não imolica
implica aa necessidade absoluta dos
necessidade absoluta dos relativos, como concluíram
relativos, como concluíram
a l g u n s filósofos
alguns filósofos menores,
menores, que caíram na
que caíram posição protagóri.a.
na posição protagón.a.
Protágoras não admitia o um, antes de conceber
Protágoras não admitia o um, antes de conceber o
o máltiplo.
máltiplo. Mas,
Mas,
na verdade, podemos pensar no
na verdade, podemos pensar no um,
um, sem
sem necessidade
necessidade de
de have.
have.- oo
múltiplo.
múitiplo. Podia
Podia haver
haver apenas
apenas um
um ser,
ser, um
um único
único ser
ser a
a se,
se, e
c não
não
haveria
haveria nissonisso nenhuma
nenhuma contradição.
contradição.
encontramos nenhuma
N ão encontramos
Não nenhuma necessidade ontológica da
necessidade ontológica criação.
da criação.

S6 podemos dizer que
podemos dizer que o o Ser criou por
Supremo criou
Ser Supremo glória, pela
sua glória,
por sua pela
sua
sua punjança, pela sua
punjança, pela sua infinita proficiência, mas
infinita proficiência, como uma
mas como uma decor-
decor­
rência
rência natural sua liberdade.
da sua
natural da liberdade. Nunca poderemos justificar
Nunca poderemos uma
justificar uma
qye coloque
tese que coloque o
o posterior
posterior como
conio dando-se
dando-se necessária mente
necessariamente de
de
modo absoluto. Já
modo absoluto. Já vimes demonstração extraordiná
vimes aa demonstração extraordinária, que fêz
ria, que fêz
Duns Scot sôbre
Duas Scot êste ponto,
sóbre êste nós reproduzim
que nós
ponto, ee c-ue os, em
reproduzimos, seus
em seus
têrmos principais, acrescentando
ndo novos
novos argumentos
argumentos,, no
no qual
quaJ êle
êle
têrmos principais, acrescenta


— 1103
03 —

demonstrou que
demonstrou que oo anterior,
anterior, tomado
tomado materialmente,
materialmente, poderia poderia dar-se
dar-se
sem aa necessidade
sem necessidade do do posterior;
posterior; o o posterior
posterior forçaforça aa necessidade
necessidade
apenas formal.
apenas formal. Há Há posterior
posterior quandoquando há há anterior
anterior em em relação
relação aa
le, mas
êle, mas formalmente,
formalmente, não não materialmente.
materialmente. Ou melhor,
Ou melhor, aa ontici-
ontici-
dade do
dade do antecedente
antecedente não não implica,
implica, necessàriamente,
necessáriamente, aa onticidade onticidade
do posterior,
do posterior, porque
porque poderia
poderia dar-sedar-se sem sem oo posterior;
posterior; essa essa necessi­
necessi-
dade éé hipotética,
dade hipotética, ee devedeve ser ser demonstrada,
demonstrada, ee pode pode ser ser dmonstradi.
dmonstrada.
De forma
De forma que que êste
êste ponto
ponto éé capital,
capital, porque
porque Scot Scot conseguiu
conseguiu resol- resol-
,ver uma série
,ver uma série dede aporias
aporias que que inundavam
inundavam aa escolástica
escolástica da da sua
sua época,
época,
quando
quando êle êle criou
criou esta
esta obra
obra suprema
suprema do do pensamento
pensamento ocidental,
ocidental, que que
é, sem
é, sem dúvida,
dúvida, D Dee Primo
Primo Principio,
Princípio, onde onde estudou
estudou as as relações
relações entre
entre
antecedente ee conseqüente
antecedente conseguente de de modo
modo definitivo
definitivo parapara oo pensamento,
pensamento,
ee que
que resolve
resolve oo problema
problema do do relativismo,
relativismo, porqueporque oo único único funda­
funda-
mento dêste,
mento dêste, está,
está, precisamente,
precisamente, na na postulação
postulação da da relação,
relação, como como
uma ordo
uma gordo adad dede necessidade
necessidade mútua mútua parapara ambos
ambos os os têrmos,
têrmos, quando
quando
essa necessidade
essa necessidade nem nem sempre
sempre se se dá.
dá. Assim,Assim, oO ser ser aa se se não
não temtem
necessidade para
necessidade para aa sua sua afirmação
afirmação de de queque realize
realize uma uma criatura;
criatura;
basta apenas
basta apenas ter ter aa potência
potência activaactiva de de poder
poder criar
criar sem
sem que que es£a
esfã po­
po-
tência activa,
tência activa, nãonão criando,
criando, perca perca oo seu seu poder
poder nem nem sofra
sofra qualquer
qualquer
limitação na
limitação na sua
sua potencialidade.
potencialidade. Isto foi
Isto foi o o que
que Scot
Scot demonstrou
demonstrou
em seu
cm seu DeDe Primo
Primo Princípio.
Princípio.

Em nosso
Em nosso "M
“Matese da Filosofia
atese da Filosofia Concreta"
Concreta” trataremos
trataremos con-
con-
cretamente dos
cretamente dos temas
temas que
que foram
foram matètkamente
matéticamente colocados.
colocados.


— 1104 —
04 —
PROBLEMÁTICA
PRO DAA FILO
BLEM ÁTICA D FILOSOFIA CONCRETA
SO FIA C O N C R ET A

SUBSTÂNCIA E
SUBSTANCIA E ACCIDENTE
ACCIDENTE EM
EM ESQUEMAS
ESQUEMAS DA
DA
FILOSOFIA POSITIVA
FILOSOFIA POSITIVA CLÁSSICA
CLÁSSICA

No exame
No exame dasdas polaridades
polaridades aristotélicas
aristotélicas (pois
(pois já
já demonstra­
demonstra-
mos que
mos que aa oposição
oposição delas
delas éé polar),
polar), iniciaremos
iniciaremos pela
pela mais
mais simples:
simples:
aa de
de substância
substância ee accidente,
accidente, cujo
cujo exame
exame procederemos,
procederemos, segundo
segundo
aa metodologia
metodologia dialéctica
cialéctica da
da Filoscfia
Filoscfia Concreta.
Concreta.
Se há
Se hã umum acontecimento,
acontecimento, há há alguma
alguma coisa.
coisa. Ora,
Ora, alguma
alguma coi­
coi-
sa não
sa não pode
pode serser sustentada
sustentada pelo
pelo nada,
nada, não
não pode
pode ser
ser alguma
alguma coisa
coisa
de nada,
de nada, pois
pois êste
êste não
não pode
pcde ser
ser suporte
suporte dede alguma
alguma coisa.
coisa. NoNo que
que
acontece, que
acontece, que éé alguma
alguma coisa,
coisa, tem
tem dede ter,
ter, como
como suporte,
suporte, alguma
alguma
coisa, cu
coisa, cu alguma
alguma coisa
coisa acontece
acontece em em alguma
alguma coisa.
coisa.
Mas de
Mas de tudo
tudo quanto
quanto acontece
acontece algumas
algumas coisas
coisas revelam
revelam mu-mu-
dar-se de
dar-se de um
um modo
modo de de ser
ser para
para outro
outro modo
modo de de ser,
ser, ee nota-se
nota-se que
que
oo que
que muda
muda éé algo
algo que
que muda;
muda; ou ou seja,
seja, éé algo que permanece
algo que permanece sen­ sen-
do o
do o que
que éé durante
durante o o processo
processo da da mutação,
mutação, assim
assim comocomo nós nós perma­
perma-
necemos sendo
necemos sendo oo que
que somos (Pedro, João,
somos (Pedro, João, eetc....), enquanto co­
t c ... . ) , enquanto co-
nosco acontece
nosco acontece alguma
alguma coisa.
coisa. Assim aquêle
Assim aquêle auto
auto correcorre veloz
veloz pe­
pe-
la rua,
la rua, ee éé aquêle
aquêle carro
carro que
que corre
corre veloz
veloz pela
pela rua.
rua.
A mais
A mais simples
simples distinção
distinção aa fazer-se
fazer-se aí ai consistia
consistia inevitavel­
inevitável-
mente em
mente em notar
notar queque aoao lado
lado de de algo
algo que
que varia,
varia, que
que sese mutaciona,
mutaciona,
há algo
há algo que
que permanece,
permanece, dura. dura. E E das
das observações
observações em em tômo
tômo des­des-
sas distinções
sas distinções teriam
teriam de de surgir
surgir comocomo surgiram
surgiram os os conceitos
conceitos de de
substância (para
substância (pata indicar
indicar oo que
que permanece),
permanece), ee oo de de accidente
accidente (p (pa-a ­
ra indicar
ra indicar oo queque muda
muda no no que
que permanece).
permanece). Dessa forma,
Dessa forma, oo ser ser
da substância
da substância surgia
surgia como
como um um ser ser que
que perdura
perdura ee no no qual
qual aconte­
aconte-
cem algumas
cem algumas mutações.
mutações. Assim, aa substância
Assim, substância éé um um serser dede per
per sese
ee oo que
que Ihe
lhe acontece
acontece éé um um serser cujo
cujo ser
ser é,
é, naquele,
naquele, na na substância.
substância,
Dêsse modo,
Dêsse modo, nãonão eraera de
de admirar
admirar que que oo conceito
conceito de de substância
substância im­ im-
plicasse oo ser
plicasse ser per
per sese ee oo de
de accidente,
accidente, o o inesse;
inesse; ou
ou seja,
seja, o o ser
ser em
em
outro.
outro.
Concrecionando oo que
Concrecionando que os
os homens
homens já já haviam
haviam meditado sôbre
meditado sôbre
aa substância
substância ee oo accidente,
accidente, Aristóteles
Aristóteles construiu
construiu uma
uma das suas
das suas
mais importantes
mais importantes polaridades,
polaridades, tema
tema de
de longas
longas ee constantes
constantes contro­
contro-
vérsias na
vérsias na Filosofia.
Filosofia.


— 1105 —
05 —
Nasas civersas
N civersas vêzes
vêzes que
que examinou
examinou aa substância,
subs:ância, podemos
podemos sa­ sa-
lientar oo que
lientar que escreveu
escreveu emem três
três dede seus
seus magistrais
magistrais trabalhos:
trabalhos: oO
“Organon”, aa "Física”
"Organon", “Física” ee aa ““Metafísica”.
M etafísica". NasNas principais
principais passa­
passa-
gens assim
gens assim aa caracterizou:
caracterizou: "A“A substância,
substância, nono sentido
sentido mais
mais funda­
funda-
mental, primeira
mental, primeira ee principal
principal do
do têrmo,
têrmo, éé o
o que
que não
não éé nem
nem afirma­
afirma-
do de
do de umum sujeito,
sujeito, nem
nem num
num sujeito:
sujeito: por
por exemplo,
exemplo, oo homem
hcmem indi­indi-
vidual ou
vidual ou oo cavalo
cavalo individual”
individual” ("Categorias”
(“Categorias”, , 5,5,1.15).
1 .1 5 ).

Mas chamam-se substancias


Mas chamam-se substancias segundas
segundas as as espécies
espécies nasnas quais
quais
as substâncias
as substâncias tomadas
tomadas no no primeiro
primeiro sentido
sentido estão
estão contidas,
contidas, ee às às
espécies éé mister
espécies mister acrescentar
acrescentar osos gêneros
gêneros dessas
dessas espécies:
espécies: porpor exem­
exem-
plo, oo homem
plo, homem individual
individual inclui-se
inclui-se numa
numa espécie,
espécie, queque éé oo homem,
homem,
ee o
o gênero
gênero desta
desta espécie
espécie éé oo animal.
animal. Designa-se,
Designa-se, pois,pois, pelo
pelo no­
no-
me de
me de segundas
segundas essas
essas últimas
últimas substâncias,
substâncias, aa saber
saber oo homem
homem ee oo
animal (Ibidem,
animal 15-20).
(Ibidem, 15-20).

E aa substância
É substância aa primordialidade
primordialidade de de uma
uma coisa,
coisa, sem
sem aa qual,
qual,
oo que
que nela
nela está,
está, oo que
que nela
nela acontece,
acontece, os os "sêres
“sêres que
que estão
estão emem outra
outra
coisa”, , os
coisa” os accidentes
accidentes nãonão são.
são. Pacius
Pacius reduz
reduz tôda
tôda argumentação
argumentação
aristotélica ao
aristotélica ao seguinte
seguinte silogismo:
silogismo: rrQuod
“Quod est est subjecturn
subjectum omnium
omninm
aliarum rerum,
aliarutn rerum, sine
sine eo
eo aliae
alice res
res esse
esse non
non possunt;
possunt; atqui
alqui primas
primae
substantiae sunt
substantiae sunt su'ojectum
subjectum omnium
omnium aliarutn
aliarum rerum;
rerum, ergo
ergo sine
sine pri-
pri-
mis substantiis
mis substantiis reliquae
reliquae res
res esse
esse non
non possunt”
possunt” (Pacius,
(Pacius, II,II, 331).
1 ).
As substâncias
As substâncias primeiras
primeiras estão
estão contidas
contidas nasnas substâncias
substâncias se­
se-
gundas, não
gundas, não como
como num num sujeito,
sujeito, como
como sese dádá com
com osos accidentes,
accidentes,
mas comc
mas comc particulares
particulares nos nos universais,
universais, ou, ou, segundo
segundo a2 expressão
expressão
dos lógicos,
dos lógicos, como
como partes
partes subjectivas
subjectivas no no todo
todo atributivo
atributivo (ut paries
(ut panes
subjectiva: in
subjectiva: in toto “altributivo), comenta
to to \ittributivo), comenta J. J. Tricot,
Tricot, citando
citando osos es­
es-
colásticos.
colásticos.
Aristóteles jamais
Aristóteles jamais precisou
precisou dede modo
modo praecisive,
praecisive, precisivamen-
precisivamen-
te, o
te, o que
que entendia
entendia por
por substância,
substância, como
como vimos
vimos; em
em "Lógica
“Légica ee Dia­
Dia-
léctica”, , pois
léctica” pois ora
ora toma-a
tona-a como
como matéria,
matéria, ora
ora como
como forma,
forma, ou
ou como
como
essência, ora
essência, ora como
como qüididade,
qiiididade, ora
ora como
como to
to sytiolon,
synolon, composto
composto de de
matéria ee forma,
matéria forma, tomado
tomado concretamente.
concretamente.
Sendo
Senda oo accidente
accidente oo que
que está
está no
no sujeito,
sujeito, não como sua
não como sua parte,
parte,
ee que
que não
não pode
pode ser
ser separado
separado do no qual
do no qual êle
êle é,
é, éé êle
êle inherente
inherente aoao
sujeito, ee seu
sujeito, seu ser
ser éé um
um inesse
inesse (um
(um ser
ser em
em outro).
outro). ParaPara Aristó­
Aristó-


— 1106
06 —

teles, enquanto
teles, enquanto tal,“al, oo accidente
accidente nãonão pode
pode existir
existir independente
independente dodo
seu sujeito.
seu sujeito. Temado in
Tcmado ir abstracto,
abstracto, não
não éé oo accidente
accidente predicado
predicado dodo
sujeito, porque
sujeito, porque uma
uma coisa
coisa branca
branca não
não éé brancura.
brancura. Tomado
Tomado oo acci­
acci-
dente in
dente in concreto,
concreto, apenas
apenas seuseu nome
nome pode
pode ser
ser tomado
tomado como
como atri­
atri-
buto do
buto d> sujeito:
sujeito: umum homem
homem prêto.
prêto.
A substância
A substância primeira
primeira éé aa singularidade
singularidade do do sujeito,
sujeito, como
como ve­ve-
remos, ee como
remos, como taltal não
não éé predicado
predicado de de um
um sujeito,
sujeito, pois
pois aa sing.ila-
singila-
ridade não
ridade não éé predicado,
predicado, como
como sese vê
vê na
na Lógica.
Lógica. £É aa substância
substância
individual aa substância
individual substância primeira
primeira pròpriamente
prôpriamente dita.
dita. ElaEla não
não está
está
no sujeito,
no sujeito, porque
porque éé uma uma substância,
substância, nem
nem predicado
predicado de de um
um sujei­
sujei-
to, porque
to, porque éé individual.
individual.
Essas conclusões
Essas conclusões se
se tomam,
tomam, nas
nas "Categorias",
“Categorias”, nas
nas letras
letras 22 ee 3,
3,
ee segundo
segundo osos CDmentaristas
comentaristas éé matéria
matéria pacífica.
pacífica.
São substâncias
São substâncias segundas
segundas oo gênerogénero ee aa espécie.
espécie. EntreEntre estas
estas
“a espécie
"a espécie éé maismais substância
substância que que oo gênero,
gênero, pois pois éé elaela mais
mais pró­
pró-
xima da
xima da substância
substância primeira”
primeira” (leitura
(leitura 5, 5, 110). Temos, descen­
0 ). Temos, descen-
dentemmente, gênero,
dentemente, gênero, espécie,
espécie, individualidade
individualidade (singularidade).
(singularidade).
Consequentemente, aa essécie
Conseqüentemente, espécie éé maismais próxima
próxima da da individualidade
individualidade
(singularidade aqui,
(singularidade aqui, pois
pois aa distinção
distinção entreentre individual
individual ee singular,
singular,
faremos mais
faremos mais adiante).
adiante). Dá-se Dá-se uma uma explicação
explicação mais mais instructiva
instructiva
dêste objecto,
dêste objecto, dizendo
dizendo cue cue êle
êle éé uma
uma árvore
árvore do do que
que dizendo
dizendo que que
êle éé uma
êle uma planta,
planta, como
como de de Pedro
Pedro se se explica
explica melhor
melhor dizendo
dizendo que que éé
homem do
homem do que
que dizendo
dizendo que que éé animal.
animal. Por Por êsse
êsse modo
modo aa espécie
espécie
éé mais
mais substância
substância queque oo gênero.
gênero. Gênero Gênero ee espécie
espécie sãosão substâncias
substâncias
segundas, como
segundas, como vimos,
vimos, pois pois dede todos
todos os os predicados
predicados são são êles
êles os os
únicos aa expressar
únicos expressar aa subtância
subtância primeira.
primeira. ““Se com efeito,
Se com efeito, quer-se
quer-se
dar conta
dar conta da da natureza
natureza do do homem
homem individual,
individual, ee se se oo fazemos
fazemos pela pela
espécie ou
espécie ou pele
pele gênero,
gênero, damosdamos uma uma explicação
explicação apropriada,
apropriada, que que
tornariamos mais
tornaríamos mais precisa
precisa ainda
ainda ao 10 dizermos
dizermos preferentemente
preferentemente que que
éé homem
homem do do que
que aoao dizermos
dizermos que que éé animal".
animal”. Não Não admitia
admitia Aris­
Aris-
tóteles uma
tóteles uma substância
substância terceira,
terceira, os os accidentes
accidentes por por exemplo.
exemplo.

Certos caracteres
Certos caracteres distinguem
cistinguem as
as substâncias
substâncias para
para Aristóteles
Aristóteles
ee êle
êle aponta
aponta várias.
várias.
O primeiro
O primeiro carácter
carácter comum
comum da da substância
substância éé não
não estar
estar num
num
sujeito.
sujeito. A substância
A sudstância primeira
primeira não
aão está,
está, com
com efeito,
efeito, num
num sujeito
sujeito


— 17—
137 —
ee tampouco
tampouco éé atributo
atributo dede umum sujeito.
sujeito. Nem Nem tampouco
tampouco as as subs­
subs-
tâncias segundas.
tâncias segundas. Homem, por
Homem, por exemplo,
exemplo, éé atributo
atributo de de um um su­su-
Jeito, oo homem
jeito, homem individual,
individual, porém
porém não não está
está num
num sujeito,
sujeito, pois
pois oo ho­
ho-
mem não
mem não éé uma
uma parte
parte do
do homem
homem individual.
individual. Contudo, êsse
Contudo, êsse ca­
ca-
racter não
racter não éé exclusivo
exclusivo da da substância,
substância, porque
porque aa diferença
diferença também
também
faz parte
faz parte das
das coisas
coisas que
que não
não estão
estão numnum sujeito.
sujeito. Assim
Assim pode
pode afir­
afir-
mar-se do
mar-se do homem
homem aa propriedade
propriedade de de ser
ser bípede,
bipede, mas
mas bípede
bípede não não éé
uma parte
uma parte dede homem,
homem, mas mas apenas
apenas uma uma diferença.
diferença. A definição
A definição
da diferença
da diferença éé afirmada daquilo de
afirmada daquilo de queque aa diferença
diferença éé afirmada.
afirmada.
Assim, se
Assim, se pedestre
pedestre éé afirmado
afirmado de de homem,
homem, h definição
definição de de pedestre
pedestre
será também
será também afirmada
afirmada de de homem,
homem, já já que
que oo homem
homem éé pedestre.
pedestre.

O segundo
O segundo carácter
carácter da da substância
substância (segundas),
(segundas), como como também
também
das diferenças,
das diferenças, consiste
consiste em em serem
serem em em todos
todos os
os casos
casos atribuídas
atribuídas num num
sentido unívoco,
sentido unívoco, poispois suas
suas predicações
predicações têm têm porpor sujeitos
sujeitos ou ou indiví­
indiví-
duos ou
duos ou espécies.
espécies. Assim se
Assim se refere
refere Aristóteles:
Aristóteles: ““Eé verdade
verdade que que
da substância
da substância primeira
primeira não não decorre
decorre nenhuma
nenhuma categoria,
categoria, pois pois nãonão
éé ela
ela afirmada
afirmada de de nenhum
nenhum sujeito.
sujeito. Mas,Mas, entre
entre as as substâncias
substâncias se­ se-
gundas, aa espécie
gundas, espécie éé afirmada
afirmada do do indivíduo,
indivíduo, ee oo gênero,
gênero, por por suasua
vez, da
vez, da espécie
espécie ee do do indivíduo.
indivíduo. O O mesmo
mesmo se se dádá quanto
quanto às às dife­
dife
renças, as
renças, as quais
quais sãosão afirmadas,
afirmadas, também,
também, das das espécies
espécies ee dos dos indi­
indi-
víduos. Ademais,
víduos. Ademais, aa definição
definição das das espécies
espécies ee aa dosdos gêneros
gêneros apli­apli-
cam-se às
cam-se às substâncias
substâncias primeiras,
primeiras, ee aa do do gênero
gênero àà espécie,
espécie, pois
pois tudo
tudo
oo que
que se se diz
diz do
do predicado
predicado será será dito
dito também
também do do sujeito.
sujeito. D Doo mes-
mes-
mo modo,
fno modo, aa definição
definição das das diferenças
diferenças aplica-se
aplica-se às às espécies
espécies ee aos aos
indivíduos. D
indivíduos. Daíaí resulta
resulta que
que emem todos
todos osos casos
casos em em que,
que, querquer as as
substâncias, quer
substâncias, quer as as diferenças
diferenças são são predicados,
predicados, aa atribuição
atribuição se se faz
faz
num sentido
num sentido unívoco
unívoco (sinonímico)
(sinonímico)”. (Ibidem,
(Ibidem, 5, 5, 3*3º até
até 3b,
3b, 11.9)
.9 )

O terceiro
O terceiro carácter
carácter da
da substância
substância em
em geral
geral consiste
consiste em
em signi­
signi-
ficar um
ficar um serser determinado.
determinado. QuantoQuanto àà substância
substância primeira,
primeira, semsem
dúvida tal
dúvida tal se
se dá,
dá, porque
porque aa coisa
coisa expressada
expressada éé umum indivíduo
indivíduo ee uma
uma
unidade numérica.
unidade numérica. QuantoQuanto às às substâncias
substâncias segundas
segundas nãonão signifi­
signifi-
cam elas
cam elas umum ser
ser determinado,
determinado, masmas pròpriamente
prôpriamente uma uma qualifica­
qualifica-
ção, pois
ção, pois homem
homem éé atribuído
atribuído aa uma
uma multiplicidade.
multiplicidade.

O quarto
O quarto carácter
carácter da
da substância
substância consiste
consiste em
em não
não admitir
admitir con­
coa-
trariedade. Quanto
trariedade. Quanto àà substância
substância primeira,
primeira, qual
qual seria
seria oo seu
seu con­
con-


— 1108 —
08 —
trário? Qual
trário? Qual oo contrário
contrário do
do homem
homem individual?
individual? E É um
um carácter
carácter
que não
que não éé exclusivo
exclusivo da
da substância,
substância, pois
pois aa quantidade
quantidade também
também não
não
tem contrário.
tem contrário.

O quinto
O quinto carácter
carácter da da substância
substância consiste
consiste em em nãonão ser
ser ela
ela sus­
sus-
ceptível
ceptível de de mais
mais ou ou dede menos.
menos. Ora, admite
Ora, admite Aristóteles
Aristóteles que que uma
uma
substância
substância pode pode ser,
ser, como
como tal,tal, perfectivamente
perfectivamente superior superior aa outra,
outra,
pois
pois aa espécie
espécie éé mais
mais substância
substância que que o o gênero.
gênero. Não
N se trata,
ão se trata, po­
po-
rém, de
rém, de comparar
comparar as as substâncias
substâncias entre
entre elas.
elas, mas
mas entre
entre sisi mesmas,
mesmas,
ee como
como tal elas não
tal elas não são
são mais
mais nem
nem menos,
menos, pois pois êste
êste cavalo
cavalo aqüi
aqui
não éé mais
não mais cavalo
cavalo ou ou menos
menos cavalo
cavalo queque êle
êle mesmo,
mesmo, ou ou que
que outro
outro
cavalo, como
cavalo, como algo algo branco
branco podepode serser mais
mais branco
branco que que outro
outro ser ser
branco.
branco. As qualidades
As qualidades são são passíveis
passíveis de de mais
mais ou ou de de menos,
menos, mas mas
as substâncias
as substâncias não não são
são susceptíveis
susceptíveis de de mais
mais ouou dede menos.
menos.
O sexto
O sexto carácter
carácter dada substância.
substância. De todos
De todos osos caracteres,
caracteres, oo
que Aristóteles
que Aristóteles salienta
salienta como
como principal,
principal, próprio
próprio da da substância,
substância,
éé que
que permanecendo
permanecendo idêntica
idêntica ee numèricameate
numéricamente uma,uma, ela
ela éé apta
apta aa
receber os contrários.
receber os contrários.

Nenhuma outra,
Nenhuma outra, fora
fora da
da substância,
substância, éé capaz
capaz dede receber
receber os
os
contrários. Contudo,
contrários. Contudo, éé sofrendo
sofrendo uma
uma mutação
mutação que
que aa substância
substância
pode receber
pode receber os
os contrários,
contrários, pois
pois oo que
que éé branco,
branco, aoao tornar-se
tornar-se prê-
prê-
to, deixa
to, deixa dede ser
ser branco.
branco.

São êstes
São êstes os
os estudos
estudos que,
que, no
no livro
livro "D
“Dasas Categorias",
Categorias”, no
no
Organon, realizou
Organon, realizou Aristóteles,
Aristóteles, oo que
que passamos
passamos aa comentar.
comentar.
São inseparáveis, por
São inseparáveis, por polares,
polares, osos conceitos
conceitos dede substância
substância ee de
de
accidente, no
accidente, no pensamento
pensamento aristotélico,
aristotélico, como
como também
também o o éé na
na es­
es-
colástica, exceptuando-se
colástica, exceptuando-se no no filosofar
filosofar moderno
moderno em em que
que oo acci­
acci-
dente termina
dente termina porpor confundir-se
confundir-se apenas
apenas com
com oo modo,
modo, como
como moda­
moda-
lidade de
lidade de ser
ser dede alguma
alguma coisa
coisa (substancial),
(substancial), queque chega
chega aa ponto
ponto
de esfumar-se
de esfumar-se completamente
completamente apenas
apenas nana atribuição
atribuição dede fenomena-
fenomena-
lidade ao
lidade ao real.
real,

O accidente
O accidente éé algo
algo que
que acontece
acontece comcom outro,
outro, aa substância.
substância, Se
Se
esta éé um
esta um ser
ser per
per se,
se, oo accidente
accidente éé umum ser
ser in
jn alio.
alio. Ao esse
Ao esse da
da
substância, o
substância, o inesse
inesse dodo accidente.
accidente. éÉ da
da natureza
natureza do do accidente
accidente es-
es­
tar em
tar em outro,
outro, não
não da
da substância.
substância,


— 1109 —
09 —
Tanto aa substância
Tanto substância primeira
primeira como
como as as substâncias
substâncias segundas
segundas
constituem oo que
constituem que éé per se num
per se num ente.
ente. Os Os seis
seis caracteres
caracteres da
da subs­
subs-
tância, estabelecidos
tância, estabelecidos por
por êle,
êle, passaram
passaram para
para aa filosofia
filosofia posterior,
posterior,
ds índole
de índole positiva,
positiva, como
como maneiras
maneiras precisivas
precisivas de de considerá-la.
considerá-la.

Se através
Se através da da exegese
exegese da da obra
obra aristotélica
aristotélica muitos
muiios autores
autores
procuram realizar
procuram realizar interpretações
interpretações várias
várias dodo que
que éé clara
clara ee directa­
directa-
mente expresso
mente expresso nas nas "Categorias”
“Categorias”, , tal
tal não
não impediu
impediu que que aa maneira
maneira
de considerar
de considerar oo pensamento
pensamento aristotél.co
aristotél.co pelos
pelos filósofos
filósofos dede maior
maior
envergadura foi
envergadura foi aa aceitação
aceitação plena
plena ee precisiva
precisiva da da exposição
exposição feita
feita
pelo estagirita,
pelo estagirita, queque fundamentou
fundamentou tôda tôda aa pesquisa
pesquisa posterior
posterior queque
aa escolástica
escolástica realizou,
realizou, apesar
apesar dada problemática
problemática surgida
surgida ee das
das diver­
diver-
gências sôbre
gências sôbre as as relações
relações entre
entre aa substância
substância ee oo accidente,
accidente, nãonão
porém quanto
porém quanto àà sua sua conceituação.
conceituação.
O accidente
O accidente distingue-se
distingue-se da da substância
substância por por ser
ser ama
uma coisa,
coisa,
cujo ser
cujo ser éé um
um messe,
inesse, ser
ser em
em outro.
outro. Formalmente, oo accidente
Formalmente, accidente éé
aa babitudo
habitudo aa serser inherida,
inherida, kabitudo
babitudo ad ad inesse.
inesse. A substância
A substância éé oO
sujeito de
sujeito de inhesão
inhesão do do accidente,
accidente, queque éé algo
algo queque acontece
acontece comcom
aquela.
aquela. Portanto, oo accidente
Portanto, accidente nãonão éé aa essência
essência da da substância,
substância,
embora possa
embora possa ser
ser absoluto,
absoluto, como
como ainda
ainda veremos.
veremos.
Às teses
As teses ee corolários
corolários em em tôrno
tôrno da
da substância
substância ee do
do accidente,
accidente,
através da
através da análise
análise filosófica
filosófica concreta,
concreta, podemos
podemos construí-las,
construí-las, dei­
dei-
xando deliberadamente
xando deliberadamente para para oo fim,
fim, após
após examinarmos
examinarmos oO status
status
quaestionis desta
quaestionis desta mitéria.
matéria.
Naa Física
N Essica segue
segue tratando
tratando dada substância
substância dentro
dentro da
da mesma
mesma con­
con-
cepção: éé o
cepção: o ser
ser per
per sese (Livro
(Livro I,
I, Cap.
Cap. V VI), que não
I ) , que não está
está em
em outro,
outro,
como seu
como seu sujeito
sujeito (Livro
(Livro 1, 1, Cap.
Cap. VVI]), reafirma os
II), reafirma os caracteres
caracteres jájá
estudados nas
estudados nas "Categorias”
“Categorias” (Livro
(Livro I,I, Cap.
Cap. VI Vl ee VVII), não tem
II ), não tem
contrário, etc.;
contrário, etc.; éé oo que
que permanece
permanece (Livro
(Livro II,II, Cap.
Cap. 11).).
éE importante
importante considera:
considera: o o que
que diz
diz Aristóteles
Aristóteles sôbre
sôbre aa imu­
iniy-
tabilidade da
tabilidade da substância,
substância, que
que éé um
um escândalo
escândalo parapara muitos
muitos autores
autores
modernos, que
modernos, que sese colocam
colocam no no campo
campo oposto
oposto zo zo pensamento
pensamento aris-
aris-
totélico-escolástico.
totélico-escolástico. Contudo, há
Contudo, há aíai uma
uma série
série dede sofismas
sofismas porpor
parte dos
parte dos adversários
adversárics ee muitas
muitas falácias
falácias provenientes
provenientes maismais da
da igno­
igno-
rância da
rância da doutrina
doutrina aristotélico-escolástica
aristotélico-escolástica que que propriamente
prôpriamente por por
um exame
um exame cuidadoso
cuidadoso dada mesma.
mesma,


— No ——
110
No livro
No livro V,
V, capítulo
capitulo I,I, depois
depois dede haver
haver dividido
dividido aa mutação
mutação
em geração
em geração ee corrupção,
corrupção, queque éé aa mutação
mutação substancial,
substancial, ee aa muta­
muta-
ção quanto
ção quanto àà quantidade,
quantidade, que que éé o o aumento
aumento ou ou aa diminuição,
diminuição, e€ aa
mutação quanto
mutação quanto àà qualidade,
qualicade, que que éé alteração,
alteração, ee quanto
quanto aoao lo
loccl,
c J,
que éé oo movimento
que movimento (transladação
(transladação do do m móvel), quando afirma
óvel), quando afirma
que no
que no gênero
gênero substância
substância nãonão há há mutação
mutação de de qualquer
qualquer espécie,
espécie,
serviu esta
serviu esta passagem
passagem parapara muitos
muitos autores
autores modernos
modernos afirmarem
afirmarem
que aa doutrina
que doutrina de de Aristóteles
Aristóteles sôbre
sôbre aa substância
subs:ância éé aa afirmação
afirmação dada
sua absoluta
sua absoluta imutabilidade,
imutabilidade, de de sua
sua absoluta
absoluta imobilidade.
imobilidade.

Não era
Não era difícil
dificil depois
depois que que autores
autores deficitários
deficitários explorassem
explorassem
tais passagens
tais passagens para para atribuir
atribuir ao ao estagirita
estagirita umauma doutrina
doutrina que que nãonão
era realmente
era realmente aa dêle, dêle, como
como se se vêvê claramente
claramente pelo pelo exame
exame do do L Li-i­
vro V.
vro V, onde
onde expõe
expõe com com clareza
clareza aa sua sua posição.
posição. Ora, aa mutação
Ora, mutação
se dá,
se dá, como
como êle êle expõe,
expõe, dirigindo-se
dirigindo-se para para aa oposição
oposição do do queque éé
dado antes.
dado antes. "Como“Como todo todo movimento
movimento éé uma mutição, ee hhái três
uma mutação, três
mutações, como
mutações, como vimos,
vimos, ss finalmente
finalmente como como as as mutações,
mutações, segundo
segundo
aa geração
geração ee aa destruição,
destruição, não não são são movimento,
movimento, mas mas mutações
mutações se­ se-
gundo aa contradição,
gundo contradição, éé mistermister que que apenas
apenas aa rr.utação
irutação de de su­su-
jeito seja
jeito seja movimento.
movimento. Ora, as
Ora, as coisas
coisas que
que são são sujeitos
sujeitos sãosão ou ou
contrários ou
contrários ou seus
seus intermediários:
intermediários: ee com com efeito
efeito aa própria
própria priva­
priva-
ção deve
ção deve ser ser considerada
considerada como como um um contrário,
contrário, ee que que sese expressa
expressa
por um
por um têrmo
têrmo positivo:
positivo: oo nu, nu, ee quanto
quanto ao ao branco,
branco, oo negro”negro”. . E E
examinando as
examinando as três
três espécies
espécies de de mutação,
mutação, segundo
segundo aa classificação
classificação
acima feita,
acima feita, diz:
diz: "Segundo
“Segundo aa sutstância,
sutstância, não não há há mutação,
mutação, porque
porque
não há
não há nenhum
nenhum ser ser que
que seja
seja contrário
contrário 4à substância”,
substância”, quer quer db dizerer
não há
não há nenhuma
nenhuma substância
substância que que seja
seja contrária
contrária aa outraoutra substânria,
substânia,
como àà substânria
como substância cavalo
cavalo nãonão há há outra
outra substância
substância cue cue seja
seja o0 ar.ti-
anti-
«cavalo.
-cavalo.

O movimento
O movimento não não está
está nana forma,
forma, masmas nono movido;
movido; ou ou seja,
seja,
no móvel
no móvel posto
posto emem acto
acto (Cap.
(Cap. V,V, 224
224 b,b, 224),
4 ), oo que
que éé umauma m to-o­
dal dêste,
dal déste, como
como oo mostrará
mostrará posteriormente
posteriormente Suarez.
Suarez. Ora, ““cor-
Ora, cor­
romper-se não
romper-se não éé uma
uma mutação;
mutação; poispois aa mutação
mutação se se dá
dá para
para oO óeuseu
contrário, e
contrário, e corrupção
corrupção nãonão éé o o contrário
contrário de de geração,
geração, pois pois aa cor­
cor-
rupção éé mudar-se
rupção mudar-se para
para oo não
não ser,
ser, porque
porque oo queque perece
perece deixa
de:xa dede
ser para
ser para não
não ser
ser tal
tal qual
qual era,
era, enquanto
enquanto aa geração
geração éé uma uma mutação
mutação
para oo ser,
para ser, uma
uma mutação
mutação do do que
que ainda
sinda não
não éé para
para oo ser.
ser. Ora, tais
Ora, tais


— dl—
111 —
mutações
mutações não
não são
são mutações da substância,
mutações da substância, porque,
porque, na
na. corrupção,
corrupção,
a substância
a. substância,nãonãoéé mais,
mais, ee na geração, antes
na geração, antes dela,
dela, a a substância
substância ain­ain-
da não
da não era.
era. NãoNão há,há, assim,
assim, mutação
mutação da da substância,
substância, pròpriamente
prôpriamente
dita. O
dita. O mesmo
mesmo já já não
não sese verifica
verifica nos
nos accidentes,
accidentes, que que dão
dão asas ou-
ou­
tras
tras espécies
espécies dede mutação.
mutação. Como Como aa substância
substância não não temtemcontrário,
contrário,
nela
n^la nãonão pode
pode haver
haver aa mutação
mutação que que sese observa
observa nos nos accidentes.
accidentes.
AA substância,
substância não não está
está sujeita
sujeita aa mais
mais ou ou aà menos,
menos, não não éé gra­
gra-
dativa. Tudo
dativa. Tudo isso
isso impede
impede que que sofra
soira mutações
mutações substanciais.
substanciais. Mas Mas
esta substância
esta substância pode pode sofrer
sofrer mutações
mutações accidentais.
accidentais. Substancial­
Substarcial-
mente, enquanto
mente, enquanto substância,
substância, estaesta éé imutável.
imutável. Enquanto
Enquanto portado­
portado-
rara. de
de accidenres
accidentes pode
pode nãonão oo ser.ser. A A confusão
confusão entre entre aa mutação
mutação
substancial
substancial da da substância
substância ee aa mutação
mutação accidental
accidental na nasubstância
substânciafoi foi
aa causa
causa da da má
má compreensão
compreensão que que muitos
muitos fizeram
fizeram do do texto
texto aristo-
aristo-
télico, emprestando-lhe
télico, emprestando-lhe ama uma doutrina,
doutrina queque nunca,
runca êle êle defendeu.
defendeu.
Escreve Aristóteles
Escreve Aristóteles (ibidem,
(ibidem, 225a.):
225a.): "“... tôda mutação
. . . tôda mutação vai vai
de um
de um têrmo
têrmo aa outro
outro tênro,
têrro, o o que
que muda
muda pode pode mudar-se
mudar-se em em qua-
qua-
totosentidos:
sentidos: ou ou dede umumsbjeiro
sujeito para
paia umumsujeito,
sujeito, ou ou dedeum umsujeito
sujeito
para o
para o não-sujeito,
não-sujeito, ou ou dede umum não-sujeito
não-sujeito para para um um sujeito,
sujeito, ouou de de
um não-sujeito
um não-sujeito para
para um um não-sujeito;
não-sujeito; chamo
chamo sujeito
sujeito o o que
que éé signi­
signi-
ficado por
ficado por uma
uma expressão
expressão posiriva”
positiva” (como
(como posição,
posição, tético).
Jético).
Consequentemente, depois
Conseqüentemente, depois do do que
que dissemos,
dissemos, há há necessària­
necessária-
mente três
mente três mucaçóes:
mutações: aa que que vai vai dede umum sujeito
sujeito parapara um um sujeito,
sujeito,
aa que
que vaivai dede umum sujeito
sujeito para
para um um não-sujeito,
não-sujeito, aa que que vai
vai dede umum nãonão
-sujeito para
•sujeito para um um sujeito,
sujeito, pois pois aa queque vai
vai de
de um
um não-sujeito
não-sujeito para para um um
não-sujeito não
não-sujeito não é é umauma mutação,
mutação, porque porque não não há há aiaí relação
relação de de opo­
opo-
sição:
sição: “não"não há ná aí,
aí, com
com efeito,
efeito, nãonão contrariedade,
contrariedade, nem nem contradi­
contredi-
ção entre os
ção entre os dois
dois têrmos'*.
térmos”. E prossegue:
E prossegue: “contudo,
“contudo, a a mutação
mutação que que
vai
vai dede um um não-sujeito
não-sujeito aa um um sujeito,
sujeito, segundo
segundo aa contradição,
contradição, éé aà
geração: quando
geração: quando se se dádá absolutamente,
absolutamente, ela ela é é absoluta;
absoluta; quando
quando se se
aaáí especialmente,
especialmente, ela ela éé especial:
especial: por por exemplo,
exemplo, aa geração
geração do do não-
não-
branco ao
-branco ao branco
branco éé geração
geração especialmente
especialmente dêste, dêste, enquanto
enquanto aa que que
vai do
vai do não-ser
não-ser absoluto
absoluto à à substância
substância é é absoluta;
absoluta, quando
quando se se trata
trata
dela, diz-se
dela, diz-se queque aa coisa
coisa foifoi absolutamente
absolutamente engendrada,
engendrada, ee não não cuecue
ela foi
ela foi engendrada
engendrada tal tal ouou tal.
tal.
A mutação
A mutação que que vaivai dede um um sujeito
sujeito a a um
um não-sujeito
não-sujeito é é aa destrai-
destrai-
ção;
ção; aa absoluta
absoluta quando
quandovai vai ca da substância
substânciaaoaonão-ser,
não-ser,especial quan-
especial quan­


— 1112
12 —

do vai
do vai para
para aa negação
negação oposta,
ovosta, comocomo sese disse
disse aoao traçar
traiar da
da geração,
geração,
mas oo não-ser
mas não-ser pode
pode entender
entender segundo
segundo diversas
diversas acepções,
acepções, ee nemnem oo
não-ser por
não-ser por síntese
síntese ou ou divisão,
divisão, nemnem oo queque éé segundo
segundo aa potência
potência
fo que
(o que éé oposto
oposto do do ser
ser que
que está
está absolutamente
absolutamente em em acto)
acto) não
não po­
po-
dem mover-se;
dem mover-se; embora,
embora, com com efeito,
efeito, oo não-branco
não-branco ee oo nãc-bom
não-bom
possam, contudo, ser
possam, contudo, ser movidos
movidos por por accidentes
accidentes (o (o que
que éé não-branco
não-branco
pode de
pode de facto
facto ser
ser umum hcmem
hcmem),), parapara oo queque éé absolutamente
absolutamente uma uma
não-substância particular
não-substância particular éé totalmente
totalmente impossível:
impossível: oo não-ser
não-ser não
não
pode com
pode com efeito
efeito como
como tal tal ser
ser movido;
movido; mas mas se
se éé assim,
assim, aa geração
geração
não pode
não pode serser mutação,
mutação, pois pois éé oo não-ser
não-ser queque éé engendrado.
engendrado.
Embora com
Embora com efeito
efeito assim
assim seja,
seja, para
para bembem dizer,
dizer, antes
antes porpor
accidente que
accidente que o o não-ser
não-ser éé engendrado,
engendrado, éé contudo contudo verdadeiro
verdadeiro d di-i­
zer que,
zer que, emem relação
relação aa uma uma geração
geração absoluta,
absoluta, há há umum não-ser
não-ser real.
real.
A mesma
A mesma impossibilidade
impossibilidade quanto quanto ao ao repouso
repouso do do não-ser,
não-ser, tais
tais são
são
as
as dificuldades
dificuldades que que encontram
encoatram oo movimento
movimento do não-ser. Outra
do não-ser. Outra
coisa
coisa ainda:
ainda: se se todo movido está
todo movido está no no lugar,
lugar, por
por sua
sua parte
parte oo não-
não-
-ser
-ser nãonão está
está no no lugar,
lugar, senão
senão êle êle estaria
estaria em alguma parte.
em alguma parte. A À
destruição não
destruição não pode
pode serser um
um movimento,
movimento, pois pois oo contrário
contrário do do mo­
mo-
vimento éé movimento
vimento movimento ou ou repouso;
repouso; ora, ora, aa destruição
destruição éé contrária
contrária àà
geração.
geração. Como Como todo todo movimento
movimento éé uma uma mutação,
mutação, ee como como vimosvimos
há três
há três mutações,
mutações, ee finalmente
finalmente que que as as mutações,
mutações, segundo
seguado aa getação
geração
ee aa destruição
destruição não não são
são movimentos,
mcvimentos, mas mas mutações
mutações segundo
segundo aa con­ con-
tradição, éé necessário
tradição, necessário que que apenas
apenas aa mutaçãomutação de de sujeito
sujeito aa sujeito
sujeito
seja movimento.
seja movimento. Ora, as
Ora, as coisas
coisas queque são são sujeitos
sujeitos sãosão ouou contrá­
contrá-
sias, ou
rias, ou seus
seus intermediários,
intermediárics, ee com com efeito
efeito aa própria
própria privação
privação devedeve
ser considerada
ser considerada como como um um contrário,
contrário, aa qual qual sese exprime
exprime por por umum
têrmo positivo.”
têrmo positivo,”
Por não
Por não haver
haver nem
nem um
um ser
ser contrário
contrário àà substância,
substância, não
não há
há para
para
esta mutação,
esta mutação, ee os
os argumentos
argumentos dede Aristóteles
Aristóteles são
são decisivos.
decisivos.
A mutação
A mutação da da geração,
geração, queque dá
dá corrupção,
corrupção, não não são
são mutações
mutações
da substância,
da substância, pois,
pois, na
na geração,
geração, dá-se
dá-se oo surgimento
surgimento de de uma
uma subs­
subs-
tância, e
tância, e na
na corrupção
corrupção o o perecimento
perecimento de de uma
uma substância.
substância. Naa lin­
N lin-
guagem da
guagem da Filosofia
Filosofia Concreta,
Concreta, aa distinção,
distinção, que
que sese impõe
impõe aqui,
aqui, éé
aa seguinre.
seguine. Tomada aa substância
Tomada substância emem sua
sua estructura
estructura eidética
eidética éé ela
ela
imutável; tomada
imutável; tomada em sua estructura
em sua estructura ôntica,
Ôntica, éé ela
ela passível
passivel de
de mu­
mu-
tações accidentais.
tações accidentais, que não implicam
que não implicam corrupção
corrupção da da estructura
estructura ei- ei-


— 113
113 —

dética ontológica.
dética ontológica. Rompida esta,
Rompida esta, oo ser
ser deixa
deixa de
de ser
ser oo que
que éé para
para
ser outra
ser outra coisa.
coisa. Assim oo quadrado
Assim quadrado nãonão éé uma
uma mutação
mutação dodo triân­
triân-
gulo, éé um
gulo, um outro
outro ser
ser que
que oo triângulo.
triângulo.
Quando alguns
Quando alguns autores
autores emprestam
emprestam aos aos pitagóricos
pitagóricos aa tese tese dc dc
que êles
que afirmavam aa mutação
êles afirmavam mutação substancial
substancial ao ao dizerem
dizerem que que oo acres­
acres-
centamento àà estructura
centamento estructura numérica
numérica de de um um serser dede umum outro
outro número
número
mudava aa substância
mudava substância do do mesmo,
mesmo, há há aí aí uma
uma má má compreensão
compreensão do do
que verdadeiramente
que verdadeiramente pretendiam pretendiam êles êles dizer.
dizer. O O triângulo
triângulo éé uma uma
figura de
figura de três
três lados;
lados; se se acrescentamos
acrescentamos um um quarto
quarto lado,lado, temos
temos um um
quadrado, mas
quadrado, mas istoisto refere-se
refere-se aa um um triângulo
triângulo fàcticamente
fácticamente mutávelmutável
num quadrado, como
num quadrado, como alguém
alguém que que formando
formando uma uma figura
figura geométri­
geométri-
ca com
ca com três três pedaços
pedaços de de madeira,
madeira, constróiconstrói com com êles êles umum triângulo
triângulo
bic et
bic et nunc,
nunc, ee acrescenta
acrescenta um um quarto
quarto pedaçopedaço de de madeira,
madeira, ee com com
os três
os três anteriores
anteriores constrói
constrói outraoutra figura,
figura, um um quadrado
quadrado bic bic etet nunc.
nunc.
Tal não
Tal não indica
indica que que o o acrescentamento
acrescentamento de de uma
uma quarta
quarta linhalinha tenha
tenha
transmutado aa substância
transmutado substância do do triângulo,
triângulo, porque porque êste êste continuará
continuará sen­ sen-
do formalmente
do formalmente tal, tal, mas
mas apenas
apenas mudou mudou o o aspecto
aspecto figurativo,
figurativo, que que
êsses pedaços
êsses pedaços de de madeira
madeira podempodem constituir.
constituir. Ora, considerando
Ora, considerando
que o
que o triângulo
triângulo éé uma uma figura
figura de de três
três lados
lados ee oo quadrado
quadrado éé de de qua-
qua-
tro lados,
Irc lados, oo pentágono
pentágono éé de de cinco
cinco lados,lados, etc.,
etc., éé queque os os pitagóricos
pitagóricos
diziam que
diziam que o o acrescentamento
acrescentamento de de um um número
número dava dava surgimento
surgimento aa
uma nova
uma nova substância;
substância; contudo,
contudo, não não negavam
negavam aa imutabilidade
imutabilidade for­ for-
mal das
mal das diversas
diversas estructuras
estructuras numéricas.
numéricas. Não havia
Não havia uma uma corrup­
cormup-
ção formal
ção formal do do anterior
anterior pelopelo acrescentamento
acrescentamento de de um um número
número do do
qual se
qual se gerasse
gerasse um um novo
novo ser.ser. Apenas
Apenas aa geraçãogeração se se dava
dava na na coisa
coisa
ou poderia
ou poderia dar-sedar-se na na coisa
coisa bichic etet nunc,
nunc, considerada
considerada em em suasua facti-
facti-
cidade.
cidade. Considerando assim,
Considerando assim, aa doutrina
doutrina pitagórica
pitagórica afirm afirmaa tam-tam-
bém aa imutabilidade
bcm imutabilidade formal formal da da substância.
substância.

Mas o
Mas o êrro
êrro grave,
grave, cometido
cometido por por autores
autores modernos
modernos ao ao inter­
inter-
pretar aa doutrina
pretar doutrina aristotélica
aristotélica consiste
consiste em em atribuir
atribuir ao
ao estagirita
estagirita aa
imutabilidade de
imutabilidade de qualquer
qualquer ser ser substancial,
substancial, oo queque éé um
um absurdo,
absurdo,
que nem
que nem merecia
merecia exame,
exame, se se êle
êle não
não fôsse
fôsse usado
usado com
com intuitos
intuitos até
até
políticos ee ideológicos,
políticos ideológicos, comocomo procedem
procedem marxistas,
marxistas, pretendendo
pretendendo
dêsse modo
dêsse modo escandalizar
escandalizar mentes
mentes incipientes
incipientes ee ingênuas,
ingênuas, para,
para, com
com
isso, provocar
isso, provocar um um sentimento
sentimento de de desprêzo
desprêzo ao ao grande
grande mestre
mestre do do
passado ee aos
passado aos seus
seus seguidores.
seguidores. ChegamChegam até até ao
ao ponto
ponto dede querer
querer


— 1114
14 —

atribuir aa Aristóteles
atribuir Aristótrics cca..i •- escritos,
:s*t pela sua
pela sua doutrina
doutrina da
da subs­
subs-
tância, que
tância, que sejam
sejam t!csCics j_J..crcêrios de tôda
,c r :ín o s de tôda ee qualquer
qualquer mutação
mutação
social.
social. SãoSão clamorosas
clamorosas as as absurdidades
absurdidades que que sese lêem
léem emem autores
autores
que defendem tal
que defendem tal doutrina
doutrina política.
politica. Como
Como êsses
êsses trabalhos
trabalhos afec­
afec-
tam realmente
tam realmente oo pensamento
pensamento daqueles
daqueles que
que se
se iniciam
iniciam no no caminho
caminho
do conhecimento,
do conhecimento, éé mistermister chamar
chamar aa atenção
atenção para
para essas
essas deturpa­
deturpa-
ções, evitando-se
ções, evitando-se falsas
falsas informações.
informações.
Tôda doutrina aristotélica
Tôda doutrina aristotélica de de acto
acto ee potência
potência éé umauma afirma­
afirmz-
ção
ção do devir, do
do devir, do vir-a-ser
vir-a-ser das das coisas,
coisas, cujo
cujo vir-a-ser
vir-a-ser nãonão éé absoluto,
absoluto,
como
como se se emprestou
emprestou àà doutrina
doutrina de de Heráclito,
Heráclito, ee afirm
afirmaa as as mutações,
mutações,
que se
que se dão
dão no no que
que permanece,
permanece, que que não
não éé aa imutabilidade
imutabilidade preconi-
preconi-
sada por
sada por Parmênides
Parmênides ee seus seus discípulos.
discípulos. Como êste
Como êste sabia
sabia que
que tôda
tôda
mutação se
mutação se dádá dede contrário
contrário aa contrário,
contrário, ee sendosendo oo contrário
contrário do do ser
ser
oo não-ser,
não-ser, aa mutação
mutação seria seria aa afirmação
afirmação de de nada
nada jájá que
que para
para sese dar
dar
realmente uma
realmente uma mutação
mutação deveria
deveria ser ser dede ser
ser para
para ser,
ser, daí
daí afirmar
afirmar
êle aa imutabilidade
êle imutabilidade do do ser.
ser. EE não não adiantava
adiantava que que oo objector
objector se se
pusesse aa dar
pusesse dar voltas
voltas emem tôrno
tôrno dêle
dêle para
para provar
provar aa mutação,
mutação, porque
porque
partindo do
partindo do queque eraera ontològicamente
ontolôgicamente fundamental
fundamental ante ante os os -pos-
pos­
tulados parmenídicos,
tulados parmenídicos, aa mutação mutação era era ontològicamente
ontolôgicamente absurda,absurda, ee se se
aa nossa
nossa experiência
experiência sensível
sensível aa revelava,
revelava, tal tal não
não passava
passava de de uma
uma
mera ilusão
mera ilusão nossa.
nossa.
Ademais, aa doutrina
Ademais, doutrina de de Heráclito,
Heráclito, como como era era interpretada,
interpretada,
postulando oo eterno
postulando eterno: fluir
fluir das
das coisas,
coisas, afirmava,
afirmava, por por sua sua vez,
vez, queque
oo ser,
ser, ao
ao mudar
mudar de de umum têrmo
têrmo para
para outro,
outro, deixava
deixava de de serser oo que
que eraera
para não
para não ser
ser õO que
que era,
era, mas
mas porpor sua
sua vez
vez também
também não não eraera coisa
coisa
nenhuma, porque
nenhuma, porque continuava,
continuava, mutacionando-se
mutacionando-se constantemente,
constantemente,
de modo
de modo queque nem
nem antes,
antes, nem
nem durante,
durante, nem nem depois,
depois, havia
havia o o ser
ser nono
sentido parmenídico.
sentido parmenídico. Então proclamava
Então proclamava Parmênides
Parmênides o o absurdo
absurdo
de Heráclito,
de Heráclito, pois
pois êste
êste concebia
concebia oo serser precisamente
precisamente como como não-ser,
não-se:,
como nada.
como nada. Ante oo extremo
Ante extremo da da afirmação
afirmação absoluta
absoluta do ser, aa ns-
do ser, nz=-
gação do
gação do mesmo,
mesmo, aa doutrina
doutrina aristotélica
aristotélica de de acto
acto ee potência
potência resolve
resolvz
oo problema,
problema, porque
porque aa disjunção
disjunção feita
feita por
por aquêles
aquêles não não eraera aa única
única
Jégicamente possível,
Icgicamente possível, nemnem ontològicamente,
ontolôgicamente, nem nem fàcticamente.
fãcticamente.
Todo oo ser
Todo ser que
que sofre
sofre mutações
mutações éé um um ser
ser deficiente,
deficiente, que
que não
não
éé tudo
tudo quando
quando oo ser
ser pode
pode ser,
ser, ee sim
sim um
um ser
ser que
que ainda
ainda pode
pode ser
ser oo
que ainda
que ainda não
não éé em
em acto;
acto; ou
ou seja,
seja, tem
tem aa potência
potência para
para ser
ser de
de outro
outro


— d15 ——
115
modo que
modo que não
não é. é. O O devir
devir nada
nada mais
mais éé do
do que
que aa passagem
passagem do do ser
ser
em acto
em acto potencialmente
potencialmente capaz capaz de de actualizar-se
actualizar-se de de outro
outro modo
modo aa
realizar esta
realizar esta actualização;
actualização; ou ou seja,
seja, o o devir
devir éé aa passagem
passagem da da potên­
potén-
cia para oo acto.
cia para acto. A A doutrina
doutrina aristotélica
aristotélica conserva
conserva oo queque éé positivo
positivo
em ambos pensamentos,
em ambos pensamentos, ee salva-nos
salva-nos da da falsa
falsa disjunção,
disjunção, revelando
revelando
um terceiro
um terceiro têrmo
têrmo que que aquêles
aquêles autores
autores nãonão haviam
haviam encontrado.
encontrado.
Ora, éé mister
Ora, mister violentar tôda aa doutrina
violentar tôda doutrina de de Aristóteles
Aristóteles para
para chegir-
chegar-
-se aa afirmação
-se afirmação da da imutabilidade
imutabilidade dos dos sêres
sêres substanciais
substanciais numnum sen­
sen-
tido como
tido como costumam
costumam fazer fazer aquêles
aquêles que têm interesse
que têm interêsse outro
outro emem
escandalizar as
escandalizar as mentes
mentes ingênuas.
ingênuas.
““Distinguia Aristóteles aa geração
Distinguia Aristóteles absoluta, simpliciter
geração absoluta, simpliciter (géne­
(géne-
sis áp
sis áplê)
lê) dede aa geração
geração relativa,
relativa, sectmdum
secundum quidquid (génesis
(génesis tis).
tis). A A
geração da
geração da substância
substância éé uma uma geração
geração simpliciter
simpliciter (kat
(kal ousian
ousian ==
da substância),
da substância), porque
porque atende
atende àà forma,
forma, enquanto
enquanto aa sectmdum
secundum qttid quid
se dá
se dá com
com as as mutações,
mutações, que que afectam
afectam asas categorias
categorias accidentais,
accidentais, co­co-
mo aa quantidade,
mo quantidade, aa qualidade,”
qualidade,”, , escrevíamos
escreviamos em em "Aristóteles
“ Aristóteles ee
as M
as Mutações”,
utações", ee aa seguir
seguir apresentanos
apresentamos um um esquema
esquema das das diversas
diversas
espécies de
espécies de moções,
moções, propostas
propostas por por Aristóteles:
Atistóteles:
f Génesis
Génesis (geração)
(geração)
pbtorá
phtorá (corrupção)
(corrupção)

. Auxêsis
Auxêsis (crescimento)
(crescimento)
metabolê
metabolê J . .
pbtisis
phtisis (Decrescimento,
(Decrescimento,
moção
(m oção) a diminuição
diminuição)
(moção) tinesis
kinesis o A
alioiósis
alloiósis (alteração)
(alteração)
phorá
pborá (movimento em
(movimento em
f ! sentido tópico)
sentido tópico)
Dêste
D modo aa geração
êste modo geração simpliciter
simpliciter ee aa corrupção
corrupção também
também sim­sim-
pliciter não
pliciter não são
são espécies
espécies dede kinesis,
k/nesis, mas
mas da metabolê. Só
da metabolê Só aa gera­
pera-
ção sectmdum
ção secundum quid quid (gênesis
(génesis tis)tis) ee aà corrupção
cormpção sectmdum
secundum quid quid
são espécies
são espécies da da kinesis,
kinesis, ee tais
tais se
se manifestam
manifestam na na alloiósis,
alloiósis, nana au-
au-
xésis, na
xésis, na phtisis
phtisis ee na
na pborá.
phorá.

Comentando oo Livro
Comentando Livro VVIII, afirma i Tomás
III, afirm Tomás dede Aquino
Aquino que tó-
que tô­
da substância
da substância simples
simples subsistente
subsistente ou
ou éé seu
seu próprio
próprio ser
ser ouou parti­
parti-
cipa do
cipa do ser.
ser. A substância
A simples subsistente,
substância simples subsistente, que
que éé seu
seu próprio
próprio


— 116
16 —

ser, só pode
ser, só pode serser uma,
uma, assim
assim aa brancura
brancura se se fôsse
fôsse subsistente
subsistente seria seria
apenas uma.
apenas uma. Tôda Tôda outra
outra substância
substância que que éé posterior
posterior aa essaessa subs­
subs-
tância simples participa
tância simples participa do do ser.
ser. TodoTodo participante
participante éé composto
composto
do participante ee do
do participante do participado,
participado, ee oo participante
participante estáestá emem potên­
potên-
cia para
cia para oo participado.
participado. Portanto, qualquer
Portanto, qualquer substância
substância simples
simples pos­ pos-
terior àà substância
terior substância prima
prima simples
simples éé potência
potência do do ser.
ser. As As substân­
substân-
cias simples
cias simples sãosão apenas
apenas formas,
formas, as as quais
quais convém
convém ao ao ser
ser per
per se.se.
Quanto ao
Quanto 30 accidente,
accidente, nana física,
física, éé considerado
considerado por por Aristóteles
Aristóteles do do se­
se-
guinte modo:
guinte modo: não não éé oo absoluto
absoluto não-ente,
não-ente, nãonão éé um
um enteente simplici-
sim plici-
ter; não
ler; não pode
pode oo accidente
accidente serser sem
sem aa substância;
substância; seuseu ser
ser éé inesse.
inesse.
Por várias
Por várias demonstrações
demonstrações afirma afirma Aristóteles que oo accidente
Aristóteles que accidente
nunca pede
nunca pcde ser
ser separado
separado da da substância;
substância; ouou seja,
seja, que
que oo accidente
accidente
se dê
se dê sen
sem uma
uma substância.
substância. Pois Pois tudo
tudo quanto
quanto éé por
por accidente
accidente sese
funda nc
funda nc que
que éé per
per se.
se. Consegiientemente, nenhum
Conseqüentemente, nenhum accidente
accidente éé
anterior ao
anterior ao ser
ser que
que éé perper se.
se. Esta
Esta anterioridade
anterioridade éé tomada
tomada aqui
aqui
ontolôgicamente.
ontológicamente.

Naa Metafísica,
N Metafísica, Aristóteles
Aristóteles prossegue
prossegue expondo
expondo coerentemente
coerentemente
seu pensamento
seu pensamento já já apresentado
apresentado nos
nos trabalhos
trabalhos anteriores,
anteriores, que
que es­
es-
tudamos, sem
cudamos, sem acrescentar nada de
acrescentar nada de especial
especial que modifique qual­
que modifique qual-
quer das
quer das proposições
proposições anteriormente
anteriormente expostas.
expostas.
Grande tem
Grande tem sido
sido aa controvérsia
controvérsia nana filosofia
filosofia sôbre
sôbre aa substân­
substân-
cia ee sôbre
cia sôbre oo accidente,
accidente, ee éé nosso
nosso intuito
intuito agora
agora examinar
examinar qualqual aa
posição tética
posição tética da escolástica em
da escolástica em tôrno dessa matéria,
tôrno dessa matéria, antes
antes dede pro­
pro-
cedermos oo exame
cedermos exame da filosofia moderna
da filosofia moderna e, e, finalmente,
finalmente, estabelecer
estabelecer
aa posição
posição dada filosofia
filosofia concreta.
concreta.
Para aa escolástica,
Para escolástica, aa substância
substância éé oo ser
ser que
que não
não éé em
em outro,
outro,
como num
como num sujeito
sujeito de inhesão, ou
de inhesão, ou como
como diz
diz Tomás
Tomás de de Aquino,
Aquino, oo
ente cuja
ente cuja qüididade
quididade não não éé devido
devido estar
estar em
em outro.
outro.
Neste sentido,
Neste sentido, para
para aa realidade
realidade da da substância
substância nãonão éé mister
mister
ter uma
ter uma duração
duração maior,
maior, ee pode
pode existir
existir apenas
apenas num
num ponto
ponto do do tem­
tem-
po, ee não
po, não éé mister
mister que
que padeça
padeça mutações,
mutações, poispois Deus
Deus éé substância
substância ee
repugna-lhe mutações
repugna-lhe mutações de de qualquer
qualquer espécie.
espécie. (Note-se
(Note-se que,que, para
para aa
escolástica, oo conceito
escolástica, conceito de de substância
substância éé mais mais amplo,
amplo, comocomo ainda
ainda
veremos, cjue
veremos, que oo por
por nós
nós dado
dado nana filosofia
filosofia concreta.
concreta. Daa procedên­
D procedên-
cia ou
cia ou não
não dede nossa
nossa restrição,
restrição, falaremos
falaremos mais mais adiante).
adiante).


— 1117 —
17 —
Também não
Também não éé mister
mister queque aa substância
substância sustente
sustente accidentes,
accidentes,
pois Deus,
pois Deus, comocomo substância,
substância, não não sustém
sustém accidentes.
accidentes. Basta ape­
Basta ape-
nas que
nas que seja
seja um
um serser cuja
cuja qüididade
quididade não não éé em
em sujeito
sujeito dede inhesão.
inhesão.
OO sujeito
sujeito dede inhesão
inhesão éé oo enteente completo,
completo, ee não
não parte,
parte, nana ordem
ordem da da
natureza, que
natureza, que recebe
recebe as as formas
formas accidentais,
accidentais, proporcionadas
proporcionadas aa êle, ele,
ee que
que nêle
nêle têm
têm seu
seu ser,
ser, sem
sem o o qual
qual não
não podem
podem existir.
existir. Portanto,
Portanto,
o que
o que éé recebido
recebido em em tal sujeito éé accidente.
tal sujeito accidente.
Caracterizam aa substância
Caracterizam substância aa inseidade
inseidade ee aa perseidade.
perseidade. Quan-
Quan­
to àà divisão
to aristotélica de
divisão aristotélica de substância
substância primeira
primeira (que(que éé aa substân­
substân-
cia singular
cia singular ee dada qual
qual sese diz
diz que
que não
não está
está em outro, nem
em outro, nem sese pode
pode
predicar
predicar de de outro),
outro), como
como aa substância
substância segunda
segunda -(que
(que éé aa substância
substância
universal, que
universal, que também
também não não está num sujeito,
está num sujeito, nem
nem éé predicada
predicada de de
um sujeito),
um sujeito), também
também éé aceita
aceita pela
pela escolástica.
escolástica.
Chamam os
Chamam os escolásticos
escolásticos de de substância
substância incompleta
incompleta aquelaaquela que
que
éé parte
parte de
de uma
uma substância,
substância, que que comcom outra
outra se se compõe
compõe para para formar
formar
uma substância,
uma substância, (unum
(tinum perper sese).). A A substância
substância completa
completa éé oo con­
con-
trário. A
trário. A primeira
primeira podepode ser
ser subsistente
subsistente ou ou nãonão subsistente.
subsistente. No No
primeiro caso,
primeiro caso, poderá
poderá existir
existir separada
separada do do subjectnm;
subjectum; aa segunda,
segunda,
quando corrompido
quando corrompido oo subjectum,
subjecturm, ela ela perece.
perece. Hã outras
Há outras divisões
divisões
que não
que não nos
nos interessam
interessam por por ora,
ora, para
para aa matéria
matéria que que desejamos
desejamos
abordar.
abordar. Quando os
Quando os escolásticos
escolásticos dizemdizem que que aa substância
substância éé um um
ente per
ente se, não
per se, não significa
significa que
que sejaseja aa sese existens,
existens, mas, mas, apenas,
apenas, oo
ente que
ente que não
não éé inhesivãmente
inhesivamente em em outro;
outro; ou ou seja,
seja, cujo
cujo ser
ser consista
consista
apenas em
apenas ser um
em ser um modo
modo de de outro,
outro, da da besão
hesão de de outro.
outro.

Para aa escolástica,
Para escolástica, sua
sua tese principal quanto
tese principal quanto àà substância,
substância, éé
aa afirmação
afirmação dede que
que ela
ela realmente
realmente sese verifica
verifica na
na ordem
ordem física,
física, que
que
realmente ela
realmente se dá,
ela se dá, sem
sem que
que seja
seja emem outro,
outro, enquanto
enquanto emem sujeito
sujeito
de inhesão.
de inhesão.

Naa filosofia
N filosofia moderna
moderna esta
esta doutrina
doutrina foi
foi impugnada
impugnada de
de vá­
vá-
rias maneiras.
rias maneiras.

Descartes define
Descartes define aa substância:
substância: "Per
“Per substantiam
substantiam nihil
nihil aliud
aliud
intelligere possumus
intelligere possumus quam
quam rem,
rem, quae
quae ita
ita exsistit,
exsistit, ul
ut nulla
nulla alia
alia
indiget ad
indiget ad existendum.
existendum. Et Et quidem
quidem substantia, quae nulla
substantia, quae nulla plane
plane
re indigeat,
re indigeat, unica
unica tantum
tantum potest
potest intelligi, nempe D
intelligi, nempe Deus”.
eus".

—— 118 ——
118
Temos então
Temos que aa razão
então que razão fundamental
fundamental dada substância
substância êé aa
aseidade (já que
(iseidade (já que prescinde
prescinde de
de qualquer
qualquer outra
outra para
para se
ser). Neste
r). Neste
caso,
caso, sósó Deus
Deus éé substância,
substância, ee tudo
tudo oo mais
mais éé accidente,
accidente, pois
pois éé aa coisa
coisa
que para
que para existir
existir não
não precisa
precisa dede qualquer
qualquer outra.
outra. Neste caso,
Neste caso, tô­
tô-
das as
das as outras
outras coisas,
coisas, que
que chamamos
chamamos substância,
substância, apenas
apenas as as chama­
charia-
mos analògicamente
mos analógicamente aa Deus, Deus, ee nada
nada mais
mais são que manifestaçces
são que manifestações
de Deus,
de Deus, oo queque oo coloca
coloca plenamente
plenamente no no panteísmo.
panteismo. Ora, Ota, era
era co­
co-
mum em
mum em Descartes
Descartes aa confusão
confusão nasnas idéias
idéias filosóficas,
filosóficas, sobretudo
sobretudo
ante os
ante os têrmos
têrmos escolásticos,
escolásticos, aos
aos quais
quais emprestava
emprestava acepções
acepções outras,
outras,
pois eram
pois eram poucos
poucos os os seus
seus conhecimentos
conhecimentos na na matéria.
matéria.

Spinoza definia
Spinoza definia aa substância
substância "id “id quod
quod in in se
se est,
est, et
et per
per sese con-
con-
cipitur; hoc
cipitur; hoc est
est id,
id, cujus
cujus conceptus
conceptus non non eget eget conceptu alterius aa
conceptu alterius
quo efformari
quo efformari debeat”,
debeat”, ou ou seja
seja que
que aa substância
substância "é “é aquilo
aquilo que que éé
em si,
em si, ee por
por sisi concebido;
concebido; aquilo,
aquilo, cujo
cujo conceito
conceito não não implica
implica um um
conceito outro
conceito outro do do qual
qual deva
deva serser form
formado”.
ado". Ora, Ora, taltal definição
definição éé
além de
além de obscura,
obscura, confusa
confusa ee falsa.
falsa. Toma a êle
Tom êle da
da escolástica
escolástica oo "in “in
se est”
se est”, , mas
mas acrescenta
acrescenta outros
outros aspectos
aspectos que que daquela
daquela posição
posição se se
afastam. Tomando
afastam. Tomando como como axiomática
axiomática aa sua sua definição,
definição, precisiva-
precisiva-
mente panteísta,
mente panteísta, deduz
deduz umauma série
série dede postulados,
postulados, tais tais como:
como: 1) 1) queque
“nas coisas
"nas coisas dada natureza
natureza não não se podem dar
se podem dar duas
duas ouou mais
mais substân­
substân-
cias de
cias de mesma
mesma natureza
natureza ou ou atributos”
atributos” (prop.
(prop. 55);) ; “uma substância
"uma substância
não pode
não pode ser ser produzida
produzida por por outra substância” (prop.
outra substância" (prop. 66);) ; 3) 3) as as
coisas, que
coisas, que nada
nada de de comum
comum têm têm entre
entre si,si, não
não podem
podem ter ter uma
uma outra
outra
causa” (prop.
causa” (prop. 77);); 44)) "tôda
“tôda substância
substância éé necessáriamente infinita”
necessàriamente infinita"
(Prop. 88);) ; ee assim
(Prop. assim sucessivamente.
sucessivamente.

Berkeley negava
Berkeley negava aa realidade
realidade material
material ee as
as coisas
coisas materi.
materizis,is,
ee afirmava
aficmava que
que apenas
apenas se
se davam
davam substâncias
substâncias espirituais.
espirituais.

Os materialistas
Os materialistas afirmam
afirmam apenas
apenas aa substância
substância material,
material, ou
ou
seja, que
seja, que só há substâncias
só há substâncias materiais.
materiais.

Para Locke,
Para Locke, aa idéia
idéia dede substância
substância tem
tem sua
sua origem
origem nana experiên­
experiên-
cia ee no
cia no costume
costume de de atribuir
atribuir asas qualidades
qualidades ee os
os fenômenos
fenômenos que que
observamos aa um
observamos um subjectum
subjectum que que osos produza
produza ee os
os sustente.
sustente. Como
Como
não as
não as podemos
podemos conceber
conceber em em sisi mesmas,
mesmas, formamos
formamos então
então aa idéia
idéia
de substância.
de substância.


— 9
119 —

Hume nega
Hume nega queque aa nossa
nossa idéia
idéia de de substância
substância tenha
tenha validez
validez
objectiva.
objectiva. Só captamos
Só captamos relações
relações dede semelhança,
semelhança, de de contiguidade
contiguidade
ee de
de sucessão,
sucessão, o o que
que nos
nos leva
leva aa criar
criar oo conceito
conceito de de substância,
substância, co­ co-
mo oo conceito
mo conceito dede eu,
eu, que não éé uma
que não uma unidade
unidade real,
real, mas
mas apenas
apenas diver­
diver-
sos momentos
sos momentos do do tempo
tempo correlacionados.
correlacionados. Hume revela
Hume revela não
não co­co-
nhecer aa doutrina
nhecer doutrina escolástica
escolástica dada substância,
substância, ee constrói
constrói umauma visão
visão
“totalmente falsa.
totalmente falsa. Seu pensamento
Seu pensamento influiu
influiu nana filosofia
filosofia moderna,
moderna,
- sobretudo
sobretudo emem Kant,
Kant, emem Fechner,
Fechner, Wundt,
Wundt, W W. . Jam
James, Ebbinghaus,
es, Ebbinghaus,
“Titchener, Lotze, H
Titchener, Lotze, Hoeffding
oeffding ee muitos
muitos outros.
outros.

Para Kant,
Para Kant, aa substância
substância éé apenas
apenas umauma categoria
categoria interna,
interna, que
que
funda os
funda os juízos
juízos sintéticos
sintéticos aa priori.
priori, Admitia
Admifia apenas
apenas aa substância
substância
da alma,
da como um
alma, como um postulado
postulado da da razão
razão prática.
prática. Examinamos aa
Examinamos
doutrina kantiana
doutrina kantiana em em "A “Ass Três
Três Críticas
Críticas de
de K Kant”, onde refuta­
ant” , onde refuta-
mos as
mos as suas
suas famosas
famosas teses.
teses. Como desconhecia oo pensamento
Como desconhecia pensamento es­ es-
colástico sôbre
colástico sôbre aa substância,
substância, não
não era
era de
de admirar
admirar que que caricaturizasse
caricaturizasse
o pensamento
o pensamento medieval.
medieval. D Daíaí seus
seus argumentos
argumentos em em oposição
oposição àà
substância, tais
substância, tais como:
como:

1)
1) Dizer-se que
Dizer-se que aa substância
substância éé um
um ser
ser permanente
permanente éé mera
mera
tautologia. (O
tautologia. (Ora, não éé bem
ra, não bem isso
isso oo que
que diz
diz aa escolástica,
escolástica, como
como
vimos).
vim os).

22)) SóSó conhecemos


conhecemos aa substância
substância pela
pela série
série sucessiva
sucessiva dos
dos fe­
fe-
nômenos que
nômenos que revelam
revelam certa
certa conexão.
conexão. (K (Kant queria uma
ant queria uma captação
captação
sensível da
sensível da substância enquanto tal,
substância enquanto tal, oo que
que seria
seria im
impossível).
possível).

3)
3) À sucessão
A sucessão dosdos fenômenos
fenômenos apontaaponta para
para um
um ser ser perma­
perma-
nente que
nente que osos sustente.
sustente. (£(É lógico
lógico que
que aa substância,
substância, metafisicamente
metafisicamente
considerada, éé o
considerada, o sustentáculo
sustentáculo do do queque acontece.
acontece. Masas aa experiên­
M experiên-
cia também
cia também nos nos mostra
mostra que
que algo
algo acontece
acontece com
com uma
uma coisa,
coisa, sem
sem que
que
aa coisa
coisa deixe
deixe de de ser
ser oo que
que ela
ela éé).).

44)) Não
N nos éé possível
ão nos possível provar
provar aa existência
existência da da substância.
substância.
(A prova
(A prova que
que K Kant deseja éé aa experimental,
ant deseja experimental, que
que nos
nos desse
desse aa subs­
subs-
tância em
tância em si,
si, mas
mas essa,
essa, tomada
tomada em em si
si mesma,
mesma, independentemente
independentemente
dos accidentes,
dos accidentes, nãonão poderia,
poderia, dede modo
modo algum,
algum, ser
ser umum objecto
objecto de de
experiência sensíve.l.
experiência sensível. A A substancialidade
substancialidade que notamos nas
que notamos nas coi­
coi-

—— 120
__ 120 — —
sas físicas,
sas físicas, até
até esta
esta seria
seria inválida
inválida para
para Kant,
Kant, porque
porque consideraria,
consideraria,
ainda, dependente
ainda, dependente das das formas
formas da da sensibilidade
sensibilidade — — oo tempo
tempo ee oo
espaço
espaço — — oo que
que aa reduziria
reduziria aa algo
algo aa priori.
priori. K Kant quer fechar
ant quer fechar tô­
tô-
das as
das as portas,
portas, mas
mas só
só oo consegue
consegue parapara osos que
que não
não têm
têm chaves
chaves para
para
abri-las).
abri-las).

55)) Finalmente o conceito


Finalmente de substância
o conceito é a priori,
de substância e os ejuí-os juí­
é a priori,
zos construídos,
zos construídos, ligando-a
ligando-a comcom os os fenômenos,
fenômenos, são são apenas
apenas juízos
juízos
sintéticos aa priori
sintéticos priori (m(masas sem
sem validez,
validez, já
já que
que aa validez
validez éé dada
dada pela
pela
experiência ee esta
experiência esta também,
também, por por sua
sua vez,
vez, não
não teria
teria validez,
validez, porque
porque
éé dada
dada pelas
pelas formas
formas puras
puras dada sensibilidade,
sensibilidade, que
que são são aa priori.
priori. De
De
qualquer modo
qualquer modo tudo
tudo éé aa priori).
priori).

Alguns atomistas
Alguns atomistas negam
negam aa substância
substância ee afirmam
afirmam apenas
apenas osos
accidentes. Einstein
accidentes. Einstein negou
negou ao ao éter
éter uma
uma substancialidade,
substancialidade, mas mas
afirmou accidentes do
afirmou accidentes do mesmo;
mesmo; ouou seja,
seja, algo
algo que
que acontece
acontece com
com oo
que não é,
que não é, acontecimentos
acontecimentos dependentes
dependentes de de um
um ser
ser que
que não
não existe.
existe.
Ou, então,
Ou, então, osos accidentes
accidentes têm
têm uma
uma existência
existência ee teriam
teriam substanciali­
substanciali-
dade própria,
dade própria, oo queque seria
seria afirmar
afirmar aa substância.
substância. Assim raciocinam
Assim raciocinam
muitos na
muitos na filosofia
filosofia moderna.
moderna.

Alguns dinamistas
Alguns dinamistas ee energetistas modernos negam
energetistas modernos negam realidade
realidade
àà substância.
substância. Os fenômenos
Os fenômenos sensíveis
sensíveis são
são apenas
apenas actuações
actuações da da
energia ee os
energia Os corpos
corpos nada
nada mais
mais são
são que
que energia
energia potencial,
potencial, capaz
capaz
de produzir
de produzir vibrações
vibrações ee ondulações.
ondulações. Em suma,
Em suma, nada
nada está
está sob
sob êles.
êles.
Acontecem de
Acontecem de psr
per se. Neste caso,
se. Neste caso, seriam
seriam substanciais.
substanciais.

Tódas essas
Tôdas essas confusões
confusões devem-se
devem-se àà maneira
maneira confusa
confusa de de conce­
conce-
ber
ber aa substância.
substância. E aa culpa
E culpa cabe aos maus
cabe aos maus expositores
expositores da da doutri­
doutri-
na da
na substância.
da substância. Em nossa
Em nossa crítica
crítica final
final ee na
na análise,
análise, segundo
segundo aa
dialéctica da
dialéctica da filosofia
filosofia concreta,
concreta, ressaltam-nos
ressaltam-nos com com clareza
clareza os os erros
erros
fundamentais, ee oferecemos
fundamentais, oferecemos aa solução
solução apodítica
apodiítica aoao tema
tema da da subs­
subs-
tância.
tância. Antes, porém,
Antes, porém, devemos
devemos continuar
continuar oo exame
exame do do pensamen­
pensamen-
to ee as
to as demonstrações,
demonstrações, argumentos,
argumentos, objecções
objecções ee respostas
respostas apresen­
apresen-
tados através
tados através do
do tempo
tempo em favor das
em favor das diversas
diversas doutrinas
doutrinas sôbre
sôbre aa
substância.
substância.

— 121
— 121 —

ARGUMENTOS
A DOS
RG U M EN TO S D O S ESCOLÁSTICOS EM D
ESCO LÁSTICO S EM DEFESA
EFESA
DAA SU
D SUAA TESE
TESE

A tese
A fundamental dos
tese fundamental dos escolásticos
escolásticos éé que
que oo conceito
conceito de de subs­
subs-
tância, seja
tância, seja dede que
que modo
modo fôr fôr considerado,
considerado, tem tem umum valor
valor verdadei­
verdadei-
ramente objectivo.
ramente objectivo. E E terá
terá êle
êle êsse
êsse valor
valor se
se provado
provado que,que, nana or­
o:
dem real,
dem real, báhá entes
entes que
que nãonão estão
estão emem algo
algo como
como em em sujeito
sujeito de de
inhesão. Como
inhesão. Como êste êste éé realmente
realmente oo sentido
sentido que
que dão
dão àà substância
substância
ee não outras propriedades
não outras propriedades que que Ihelhe atribuem
atribuem filósofos
filósofos de de outras
outras
tendências, basta-lhes
tendências, basta-lhes provar
provar aa validez
validez dede tal
tal acepção
acepção para
para justifi­
justifi-
car aa sua
car sua tese.
tese.

Se alguma coisa
Se alguma coisa existe
existe (o (o queque atéaté os
os próprios
próprios cépticos
cépticos ad­ad-
mitem),
m item ), ou ou éé em
em si si ou
ou éé emem outro.
outro. Se éé em
Se em si,si, está
está provada
provada aà
tese; se
tese; se em outro, aa pergunta
em outro, pergunta retornaria
retornaria parapara êsse
êsse outro,
outro, oo qual,
qual,
por sua
por sua vezvez estaria
estaria emem outro,
outro, ee nãonão poderíamos
poderiamos ;r :r aoao infinito.
infinito. En-
En­
tão há
tão há umum queque não
não está
está emem outro.
outro. Não
Não se se alegue
alegue queque poder-se-ia
poder-se-ia
dar aa série
dar série infinita
infinita dosdos entes
entes que que estão
estão emem outro,
outro, como
como em em su­su-
jeito de
jeito de inhesão,
inhesão, pois,
pois, então,
então, taltal série
série infinita
infinita dede accidentes seria
accidentes seria
em si,
em si, aa qual
qual seria,
seria, nana verdade, substância.
verdade, substância.

Pela experiência
Pela experiência captamos
captamos juízosjuízos nossos,
nossos, afeições,
afeições, sentimen­
sentimen-
tos, amor,
tos, amor, esperança,
esperança, temor,
temor, alegria, tristeza.
alegria, tristeza. Tais cogita­
Tais cogita-
ções não
ções não sãosão emem si, si, mas
mas em em nós.
nós. Por outro
Por outro lado,
lado, nãonão somos
somos um um
accidente de
accidente de outra
outra coisa,
coisa, masmas nosnos percebemos
percebemos como como existentes
existentes em em
nós. E
nós. E não
não há há êrro
êrro possível
possivel neste
neste juízo,
juízo, porque
porque surgesurge de de cogni-
cogni-
ções imediatas
ções imediatas sôbresôbre oo nossonosso próprio
próprio ser, ser, ee não
não são
são elas
elas acciden­
acciden-
tes ^e
tes de outro,
outro, porque
porque então então não não experimentaríamos
experimentariamos como como as as expe­
expe-
rientamos.
rimentamos. Ademais Ademais as as explicações,
explicações, que que dão
dão os os adversários
adversários des­ des-
tata posição
posição de tais cognições,
de tais cognições, em em vezvez de de explicá-las,
explicá-las, aindaainda as as obs­
obs-
curecem
curecem mais mais ee tornam
tornam ainda ainda mais
mais complicada
complicada aa idéia idéia dede substân-
substân­
cia. Tais
cia. Tais doutrinas,
doutrinas, por por mais
mais esforços
esforços que que façam
façam em em contrário,
contrário,
terminam por
terminam por afirmar
afirmar aa substância
substância no no sentido
sentido escolástico,
escolástico, pois pois
não podem
não podem afirm afirmarar que que oo sustentáculo
sustentáculo dos dos accidentes
accidentes seja seja um um
nada, nem
nada, nem que que osos accidentes,
accidentes, por por suasua vez,
vez, sejam
sejam substância.
substância. Dês-
D ês­
te modo,
te modo, tais tais doutrinas
doutrinas afirmamafirmam aa validez
validez verdadeiramente
verdadeiramerte objec­ objec-
tiva da
tiva da substância.
substância. Os próprios
Os próprios factos
factos externos,
externos, que que constituem
constituem
oo campo
campo da da nossa
nossa experiência,
experiência, comprovam
comprovam também também aa validezvalidez de de
tal tese.
tal tese.
— 122
— 122 —

PROBLEMÁTICA
PRO DAA SU
BLEM Á TICA D SUBSTÂNCIA
BSTA N C IA

O tema
O tema da
da substância
substância ee do
do accidente
accidente tem
tem provocado
provocado uma
uma lon­
lon-
ga problemática,
ga problemática, cujos
cujos principais
principais instantes
instantes passamos
passamos aa sublinhar:
sublinhar:
1) Realidade
1) Realidade dos
dos accidentes,
accidentes, ouou melhor,
mealhor, dos
dos aspectcs
aspectos cha­
cha-
mados freqüentemente
mados frequentemente de
de accidentes.
accidentes.
2) O
2) O conceito
conceito primitivo
primitivo de
de substância
substância (sub-slare)
(sub-stare) implica
implica
oo que
que sub-está,
sub-está, abaixo,
abaixo, portanto,
portanto, dos
dos accidentes,
accidentes, oo que
que éé suporte
suporte
de tais
de tais acciden:es.
accidenzes.
3)
3) Inherência dos
Inherência dos accidentes
accidentes na na substância,
substância, inin subjeclo
subjecto
inhaesionis para
inhaesionis pari aquêles. É da
aquêles. E da característica
característica dos
dos accidentes
accidentes inhe-
inhe-
rir na
rir na substância.
substância.
44)) A A substância
substância não
não éé propriamente
propriamente oo sustentáculo
sustentáculo dos
dos
accidentes, como
accidentes, como umum continente
continente que
que contém
contém umum conteúdo.
conteúdo. SuaSua
-razão essencial consiste
razão essencial consiste em
em ser
ser ou
ou estar
estar por
por si,
si, não
não inherindo
inherindo aa um
um
sujeito.
sujeito.
5) Qual
5) Qual oo serser próprio
próprio real
real dada substância?
substância?
6)
6) O problema
O problema da da variedade
variedade de de substâncias.
suostâncias.
7)
7) Que sêres
Que sêres podem
podem ser ser chamados
chamados de de substâncias.
substâncias.
8) Se
8) Se há
há distinção
distinção entre
entre essência
essência ee substância.
substância.
99)) Se
Se aa substância
substância éé (como
(como oo querem
querem os os pitagóricos-platô-
pitagóricos-platô-
nicos), oo que
nicos), que responde
responde àà pergunta
pergunta que que é?é? (q
(quid),
u id ), aa substância
substância éé
aa qüididade
qiuididade da
da coisa,
coisa, ou
ou seja
seja aa sua
sua forma.
forma. NesteNeste caso,
caso, as
as formas
formas
platônicas seriam
platônicas seriam substâncias.
substâncias.
10)
10) Se aa substância
Se substância éé aa causa
causa do
do ser
ser do
do indivíduo,
indivíduo, aa subs­
subs-
tância será
tância será oo (lo
(t0)) synolon
synolon concreto,
concreto, oo coir.posto
composto forma
forma ee matéria,
matéria,
ou acto
ou acto ee potência.
potência.
11)
11) É mister
É mister distinguir
distinguir subeslctr,
subestar, ser.
ser, subsistir,
subsistir, suposto,
suposto, bi-
bi-
póstase, "“bipokeimenon”,
póstase, hipokeimenon", "ou“ousta”.
sia". ,
»

Estas são
Estas são asas principais
principais aporias
aporias que
que surgem
surgem na na problemática
problemática dada
substância, ee que
substânda, que tiveram
tiveram diversas
diversas respostas,
respostas, como
como vimos
vimos no
no exa­
exa-
me do
me do status
status quaestionis,
quaestionis, que
que acima
acima expusemos.
expusemos. Mas antes
Mas antes dede
penetrar no
penetrar no campo
campo propriamente
própriamente da da filosofia
filosofia concreta
concreta há
há ainda
ainda
alguns escólios
alguns escólios queque sese impõem
impõem parapara melhor
melhor inteligência
inteligência da
da ma­
ma-
téria.
téria.
— 123
— 123 —

ANÁLISE
A CONCRETA
N A LISE C DAA SU
O N CR ETA D SUBSTÂNCIA E D
BST A N C IA E DOO ACCID
ACCIDENTE
EN TE

Se nos
Se nos colocarmos
colocarmos do do campo antropológico para
campo antropológico para oo exame
exame filo­
filo-
sófico
sófico da da substância
substância ee do do accidente,
accidente, devemos
devemos previamente
prêviamente estabe­
estabe-
lecer que,
lecer que, segundo
segundo os os três
três graus
graus clássicos
clássicos dede abstracção,
abstracção, queque rea­
rea-
liza aa nossa
liza nossa mente,
mente, sôbre
sôbre osos objectos
objectos de de seu
seu conhecimento,
conhecimento, sur­ sur-
gem três
gem três maneiras
maneiras de de visualizar
visualizar as as coisas:
coisas: 1) 1) oO primeiro
primeiro grau,
grau,
que consiste
que consiste em em tomar
tomar abstractamente
abstractamente as as coisas
coisas materiais, despo-
materiais, despo­
jando-as de
jando-as de sua
sua singularidade
singularidade para para reter
reter apenas
apenas suassuas propriedades
propriedades
sensíveis, que
sensíveis, que constitui
constitui o o objecto
objecto das das Ciências
Ciências Naturais,
Naturais, como
como aa
Físico-química, ao
Físico-química, ao que
que os os antigos
antigos chamavam
chamavam de de Filosofia
Filosofia N Na-a­
tural.
tural.
22)) O segundo
O segundo grau
prau da
da abstracção
abstracção consiste
consiste em
em despojar os
despojar os
factos da
factos da sua
sua singularidade
singularidade ee também
também dasdas suas
suas propriedades
propriedades sen­
sen-
síveis,
síveis, ee dêste
dêste modo
modo construímos
construímos oo objecto
objecto das
das Matemáticas.
Matemáticas.
33)) O O terceiro
terceiro grau
grau dada abstracção
abstracção consiste
consiste emem despojarmos
despojarmos
os factos
os factos dada sua
sua singularidade,
singularidade, dasdas suas
suas propriedades
propriedades sensíveis
sensíveis
ee ainda
ainda da da sua
sua materialidade,
materialidade, para
para considerá-los
considerá-los apenas
apenas emem seus
seus
eide, que
eidej que éé oo objecto
objecto dada Metafísica
Metafísica ee das
das ciências
ciências afins.
afins.
A operação
A operação elementar
elementar que que éé comum
comum ao ao homem
homem ee aos aos ani­
ani-
mais brutos,
mais brutos, que que antecede
antecede às às abstractivas,
abstractivas, consiste
consiste no no conheci­
conheci-
fnento das
mento das coisas
coisas singulares
singulares sensíveis,
sensíveis, com com suas
suas propriedades
propriedades cor­ cor-
respondentes.
respondentes. Como há
Como há aqui
aqui uma uma selecção
selecção proporcionada
proporcionada àà es­ es-
juemática sensório-motriz
quemática sensório-motriz do do serser cognoscente,
cognoscente, ee que que éé matéria
matéria de de
estudo em
estudo em "Sabedoria
“Sabedoria dos dos Esquemas",
Esquemas”, já já sese verifica
verifica umauma
abstracção de
abstracção de certo
certo modo
modo selectiva
selectiva e, e, conseqüentemente,
consequentemente, também também
intelectual, em
intelectual, em graugrau intuitivo
intuitivo (intuição
(intuição intelectual),
intelectual), pois pois não
não
captamos das
captamos das coisas
coisas tudotudo quanto
quanto éé passível
passível de de captação
captação sensível,
sensível,
mas apenas
mas apenas oO que que se se inclui
inclui na na gama
gama de de nossos
nossos esquemas
esquemas acomo­
acomo-
dados, cuja
dados, cuja assimilação
assimilação não não só só éé proporcionada
proporcionada aa êstes,êstes, mas
mas tam­
tam-
bém ao
bém ao interêsse
interêsse do do próprio
próprio indivíduo
indivíduo ee da da espécie,
espécie, dede modo
modo queque
sentimos oO que
sentimos que nosnos convêm
convém sentir.
sentir.
A presença
A presença dêsses
dêsses quatro
quatro estágios,
estágios, oo primeiro
primeiro sensível,
sensível, ee os
os
três superiores
três superiores dada intelectualidade,
intelectualidade, não
não pode
pode ser
ser esquecida,
esquecida, quan­
quan-
do desejamos
do desejamos examinar,
examinar, comcom segurança,
segurança, aa maneira
maneira de de conceber,
conceber,
através do
através do processo
processo filosófico
filosófico qualquer
qualquer matéria
matéria dede exame.
exame.

— 124
— 124 —

Icegâvelmente, mostra-nos
Inegàvelmente, mostra-nos aa Esquematologia,
Esquematologia, aa Noologia.
Noologia ee
aa Psicclogia
Psicclogia queque permanecem
permanecem no no homem
homem adulto,
adulto, em em pleno
pleno domí­
domí-
nio das
nio das funcções
funcções abstractivas
abstractivas superiores,
superiores, certas
certas aderências
aderências de de es­
es-
quemmas infantis,
quemas infantis, cuja
cuja presença
presença afirma
afirma graus
graus diversos
diversos dede intensi­
intensi-
dade ee de
dade de perduração,
perduração, bembem como
como exercem,
exercem, porpor sua
sui vez,
vez, um
um pa­pa-
pel actuante
pel actuante na na construcção
construcção de de esquemas
esquemas intelectuais
intelectuais posteriores.
posteriores.

Essas aderências
Essas aderências infantis
infantis foram,
foram, na
na vida
vida infantil,
infantil, actuantes,
actuantes,
ee exerciam
exerciam um
um papel
papel interpretativo
inierpretativo dos
dos factos.
factos,

Há, inegàvelmente,
Há, inegávelmente, uma uma verdadeira
verdadeira hermenêutica
hermenêutica na na criança,
criança,
àà qual
qual obedecem
obedecem suassuas operações
operações interpretativas
interpretativas ee assinalativas.
assinalativas. A
A
simbólica infantil éé proporcionada
simbólica infantil proporcionada aos aos juízos
juízos construídos,
construídos, segun­
segun-
do aa sua
do sua esquemática,
esquemática, ee aa criança
criança só
só aceita
aceits aa explicação
explicação dos
dos fac­
fac-
tos que
tos que não
não violente
violente aa suasua esquemática.
esquemática. Esta Esta aa razão
razão por
por que
que
certas explicações
certas explicações demasiadamente
demasiadamente avançadas
avançadas (intelectualizadas)
(intelectualizadas)
não produzem
não produzem os os efeitos
efeitos desejadcs,
desejades, ee provocam
provocam cepticismo
cepticismo na na
criança, enquanto
criança, enquanto aquelas
aquelas que
que respondem
respondem imediatamente
imediatamente ee dentro
dentro
da sua
da sua esquemázica
esquemá-ica são são aceitas
aceitas fàcilmente
facilmente ee preparam
preparam aa construc­
construc-
ção de
ção de novas
novas estructuras
estructuras esquemáticas,
esquemáticas, queque facilitam
facilitam aa melhor
melhor com­
com-
preensão posterior.
preensão posterior.
Se desejássemos
Se expor aa um
desejássemos expor um indígena
indígena das das selvas,
selvas, sem
sem con­
con-
tacto com
tacto com aa civilização
civilização moderna,
moderna, aa teoria
teoria atômica,
atômica, segundo
segundo aa ex­
ex-
plicação de
plicação de Schrondinger,
Schrondinger, ou ou dede Heisenberg,
Heisenberg, oo indígena
indígena sósó acei­
acei-
taria o
taria o maravilhoso
maravilhoso queque correspondesse
correspondesse àà sua sua esquemática
esquemática ee re­re-
jeitaria tudo
jeitaria tudo oo mais
mais como
como êrro,
êrro, como
como ilusão,
ilusão, como
como confusão.
confusão.
Nunca se
Nunca se pode
pode deixar
deixar de
de considerar
considerar aa presença
presença dessa
dessa esque­
esque-
mática se
mática se desejamos
desejamos compreender
compreender oo processo
processo filosófico.
filosófico.
Como naturalmente
Como naturalmente essa essa esquemática
esquemática perdura
perdura através
através dos dos
tempos, que
tempos, que sãosão asas aderências
aderências infantis
infantis activas
activas no no homem
homem adulto,
adulto,
oo mais
mais são
são filosofar
filosofar só só pode
pode serser aquêle
aquêle que
que alcance
alcance um um grau
grau de de
intelectualidade tal
intelectualidade tal que
que se
se despoje
despoje totalmente,
totalmente, tanto
tanto quanto
quanto pos­pos-
sível, de
sível, de tais
tais aderências,
aderências. Para tanto
Para tanto sese impõe
impõe uma uma suspicácia
suspicácia
constante
constante às às nossas
nossas próprias
próprias apreciações,
apreciações, parapara sabermos
sabermos até até onde
onde
estamos sendo
estamos sendo influídos
influídos por
por tais
tais esquematismos,
esquematismos, e e torna-se
torna-se mister
mister
trabalharmos com
trabalharmos com fórmulas
fórmulas eidéticas
eidéticas puras,
puras, masmas concrecionadas,
concrecionadas,
aa fim
fim de
de que
que aa filosofia
filosofia possa
possa penetrar
penetrar num
num terreno
terrenc dede maior
maicr se-se-


— 125
125 —

gurença.
gursnça. éE oo que
que procedemos
procedemos através
através de
de nosso
nosso método
métoda da da sus-
sus-
picácia ee da
picácia da dialéctica
dialéctica dada filosofia
filosofia concreta
concreta que
que propomos,
propomos, já já que
que
aa concreção,
cencreção, que que falamos,
falamos, não
não éé aa dada esquemática
esquemática infantil,
infantil, nem
nem
aa da
da abstracção
abstracção do do primeiro
primeiro grau,
grau, mas
mas aa que
que atinge
atinge oo terceiro
terceiro grau.
grau.
Dêste modo
Dêste modo pode-se
pode-se ver
ver quanto
quanto influem
influem nana idéia
idéia de
de substân­
substân-
cia, bem
cia, bem como
como nana exigência
exigência que
que fazem
fazem alguns
alguns filósofos
filósofos quanto
quanto àà
mesma matéria,
mesma matéria, as
as aderências
aderências infantis
infantis esquemáticas,
esquemáticas, comcom suas
suas raí­
rai-
zes na
zes na sensibilidade.
sensibilidade.

A substância,
A substência, na na esquemática
esquemática da da fase
fase intuitiva
intuitiva intelectual,
intelectual, éé
tudo quanto
tudo quanto tem tem positividade
positividade sensível,
sensível, tudo
tudo quanto
quantoéé objecto
objecto sen­sen-
sível.
sível. Tôda especulação
Tôda especulação filosófica
filosófica que
que sofrer
sofrer aa influência
influência de tais
de tais
esquematismos exigirá
esquematismos exigirá parapara aa substância
substância uma uma mf.nifestação
manifestação sensí­sensí-
vel, ou
vel, ou cjue
que aa substância
substância seja seja algo
algo análcgo
análcgo ao ao sensível.
sensivel. ComoComo oo
sensível apenas
sensível apenas nosnos dá dá osos accidentes
accidentes ee não não aa substância,
substância, nãonão éé de de
admirar que
admirar que aa dúvida,
divida. por por influência
influência de tais esquemátismos,
de tais esquemátismos, se se
estabeleça quanto
estabeleça quanto àà validez
validez do do conceito
conceito de de substância
substância ou ou quanto
quanto
àà validez
validez real
real dede tal
tal conceito.
conceito. TodosTodos os os dominados
dominados pelo pelo empiris­
empiris-
mo, pelo
mo, pelo sensismo,
sensismo, ee que que perduram
perduram dentro
dentro do do cair.po
campo de de influência
iniluência
de tais
de tais idéias,
idéias, sem
sem ultrapassá-las
ultrapassá-las através
através dasdas especulações
especulações de de graus
graus
abstractivos mais
abstractivos mais elevados,
elevados, negam
negam validez
validez objectiva
objectiva ee real
real àà subs-
subs-
tância. N
tâncii. Não
ão éé de de admirar,
admirar, portanto,
portanto, queque seja relegada ao
seja relegada ao ficcio-
ficcio-
nalismo humano.
nalismo humano.
Se aa especulação
Se especulação se se funda
funda na na abstracção
abstracção de de segundo
segundo grau, grau,
própria das
própria das ciências
ciências matemáticas,
matemáticas, aa substância
substância é, é, então,
então, aa portado­
portado-
ra des
ra des accidentes,
accidentes, algo
algo positivo
positivo queque sustenta,
sustenta, que
que subestá,
subestá, aosaos acci­
acci-
dentes.
dentes. Como aa pesquisa
Como pesquisa científica
cientifica sósó pode
pode permanecer,
permanecer, por por suasua
natureza metodológica,
natureza metodológica, na na abstracção
abstracção de de primeiro
primeiro grau, grau, a2 subs­
subs-
tância escapa
tância escapa completamente
completamente ao ao sensível,
sensível, porque
porque êste,êste, que
que nós nós
captamos, éé apenas
captamos, apenas oo accidentai.
accidental. Neste
N caso, aa substância
este caso, substância éé sempre
sempre
oo fundamento
fundamento que que fica
fica além
além dodo esquematismo
esquematismo sensível
sensível e, e, conse­
conse-
quentemente, algo
qüentemente, algo que
que provoca
provoca ainda
ainda aa dúvida
dúvida quanto
quanto àà sua sua va­
va-
lidez geral.
lidez geral. Ainda,
Ainda, aí,
aí, oo esquematismo
esquematismo infantil,
infantil, aderido
aderido ao ao esque­
esque-
matismo de
matismo de segundo
segundo grau,
grau, actua
actua na interpretação dos
na interpretação dos factos.
factos.
AA substância
substârcia pode
pode ser,
ser, quanto
quanto muito,
muito, aa estrucura
estruciura apenas
apenas per­
per-
durarte da
durante da unidade
unidade dede um
um facto
facto sensível,
sensível, mas
mas aa sua
sua validez
validez ape-
ape-

— 126
— 126——
aas se
aas se cinge
cinge aà êsse
êsse limite,
limite, porque
porque as as abstracções
abstracções de de primeiro
primeiro graugrau
não podem,
não podem, porpor sisi mesmas,
mesmas, alcançar
alcançar o o mais
mais elevado,
elevado, senão
senão atra­
atra-
yés de
vés fórmulas matemáticas,
de fórmulas matemáticas, como como vemos
vemos na na abstracção
abstracção de de se­se-
gundo grau.
gundo grau. Como
Como tais abstracções estão
tais abstracções estão directamente
directamente ligadas
ligadas às às
primeiras não
primeiras não éé de
de admirar
admirar que que aa matemática
matemática sejaseja aa ciência
ciência auxi­
auxi-
liar principal
liar principal das
das ciências
ciências naturais,
naturais, porque
porque elaela permite
permite formular
formular
esquemas de
esquemas de esquemas
esquemas destas,
destas, ouou seja,
seja, permite
permite dar dar umum carácter
carácter
cidético superior
cidético superior aos
aos esquematismos
esquematismos de de primeiro
primeiro grau.
grau.
Naa matemática,
N matemática, ou ou nono espírito
espírito que
que aa matemática
matemática permitepermite es- es-
tructurar, aà substância
trueturar, substância já já surge
surge como
como aa forma
forma fundamental
fundamental ee inva­ inva-
ciante de
riante de certo
certo modo
modo da da variância
variância dos
dos factos.
factos. A substância
A substância se­ se-
gunda aristotélica
gunda aristotélica específica
específica ee genérica
genérica jájá éé uma uma concepção
concepção da da
substância sob
substância sob aa égide
égide dasdas abstracções
abstracções de de segundo
segundo grau. grau. Mas, Mas,
naquelas que
naquelas que examinam
examinam aa substância
substância sobsob êsse
êsse domínio,
domínio, comocomo ain­ ain-
da perduram
da perduram os os esquematismos
esquematismos infantis,
infantis, aderidos
aderidos às às estrueturas
estructuras es­ es-
quemáticas superiores,
quemáticas superiores, aa substância
substância se se traduz
traduz apenas
apenas numnum forma­
forma-
Esmo, cuja.
lismo, cuja validez
validez objectiva
objectiva ee real
real vacila
vacila por
por Ihe
lhe faltar
faltar aa presença
presença
sensível, cue
sensível, que revela, por uir.
revela, por um. vazio
vazio intencional.
intencional. Os s que
O que estão
estão sobsob
oo domínio
domínio dêsse
dêsse grau
grau dede abstracção
abstracção sentem
sentem queque lhes
lhes falta
falta alguma
alguma
coisa para
coisa para dar
dar aa validez
validez desejada
desejada àà substância.
substância.
Os que
Os estão no
que estão no terceiro
terceiro graugrau dada abstracção,
abstracção, que que jájá se
se despo­
despo-
jatam da
jaram da singularidade
singularidade dos dos factos,
factos, das
das propriedades
propriedades sensíveis
sensíveis ee da da
materialidade dos
materialidade dos mesmos,
mesmos, alcançam,
alcançam, então,então, ao ao eidos
eidos da da substân­
substân-
cia, como
cia, como oo ser ser que
que éé ser
ser per
per sese ee não
não está
está em
em outro.
outro. Conseqüente
Consequente-
mente, as
mente, as classificações
classificações das das substâncias,
substâncias, que que encontramos
encontramos em em Aris­
Aris-
tóteles ee r.os
tóteles ros escolásticos,
escolásticos, são são tôdas
tôdas modos
modos específicos
específicos do do ser
ser que
que
nio está
não está emem outro
outro como
como em em sujeito
sujeito de de inhesão,
inhesão, como
como um um serser que
que
não inliere
não inhere em em outro,
outro, ouou cuja
cuja existência
existência não não consiste apenas nun
consiste apenas nua
inesse, num
ir.esse, num ens ens qmbus,
guibus, masmas em em algo
algo queque tem
tem aa sua
sua perseidade,
perseidade, aa
sua inseidade
sua inseidade (p (persenas
em itas ee inseitas).
inseitas ).
Ora, todos
Ora, todos aceitam
aceitam que
que há
há accidentes.
accidentes. Como tais
Como accidentes
tais accidentes
só poderiam
só poderiam estar
estar sustentados
sustentados pelo nada, ou
pelo nada, ou por
por si
si mesmos
mesmos ou ou
por outros,
por outros, conseqüentemente,
consegientemente, as as conclusões
conclusões seguintes
seguintes sãosão ine­
ine-
vitáveis: :
vitáveis

1) o nadao nada
1) não pode ser 0 ser
não pode subjectum sustentante
o subjectum dos acc:-
sustentante dos acci­
dentes, porque
dentes, porque se
se fôsse
fósse apto
apto aa tal
tal seria
seria aa substância
substância dos
dos mesmos;
mesmos;

— 127
— 127——
22)) não
não podem
podem estar
estar em
em sisi mesmos,
mesmos, pois
pois então
então seriam
seriam aa
própria substância,
própria substância, o
o que
que provaria
provaria aa substância;
substância;

33)) sósó podem


podem estar
estar em
em outro
outro que
que os
os sustenta,
sustenta, oo qual,
qual, por
por
sua vez,
sua vez, é,
é, então,
então, aa substância
substância procurada.
procurada.

Conseguentemente, peia
Conseqüentemente, pela necessária
necessária conexão
conexão das
das idéias,
idéias, da
da
aceitação dos
aceitação dos accidentes
accidentes se
se infere,
infere, necessàriamente,
necessâriamente, aa substância.
substância.

ESCÓLIOS
ESCÓ LIO S

Quando Platão
Quando Platão afirmava
afirmava que
que aa substância
substância dasdas coisas
coisas era
era aa sua
sua
forma, ou
forma, ou seja
seja aa substância
substância segunda
segunda parapara Aristóteles,
Aristóteles, estávamos
estávamos
ante um
ante um pensamento
pensamento abstractivo
abstractivo do
do segundo
segundo grau.
grau. Não era,
Não era, pois,
pois,
de admirar
de admirar que
que Aristóteles
Aristóteles negasse
negasse validez
validez aa essa
essa afirmativa,
afirmativa, pois
pois
se fôsse
se fôsse apenas
apenas aa forma
forma aa substância
substância dasdas coisas,
coisas, osos accidentes,
accidentes, queque
também têm
também têm uma
uma forma,
forma, aa forma
forma dos
dos accidentes
accidentes seria
seria substância,
substância, ee
seriam êstes
seriam êstes substanciais,
substanciais, ee não meramente accidentais.
não meramente accidentais.

Para os
Para os pitagórico-platônicos
pitagórico-platônicos há há substância,
substância, onde onde háhá aa estruc-
estruc-
tura formal.
tura formal. Pode-se falar
Pode-se falar na na substância
substância da da árvore,
árvore, porque
porque há há
uma estructura
uma estructura formal,
formal, pode-se
pode-se falar
falar na na substância
substância da da mesa,
mesa, por­por-
que há
que há uma
uma estructura
estructura formal.
formal. Rompida essa
Rompida essa estructura,
estructura, aa coisa
coisa
perde oo seu
perde seu quid,
guid, deixa
deixa de de ser
ser oo que
que é, é, embora
embora sua sua matéria
matéria não não
deixe de
deixe de ser
ser matéria.
matéria. Como aa substância
Como substância sensível
sensível não não sese dá
dá semsem
matéria, neste
matéria, neste caso
caso aa matéria
matéria éé de de certo
certo modo
modo oo que que subestá
subestá àà for­for-
ma da
ma da coisa,
coisa, algo
algo que
que éé pela
pela form
formaa informada.
informada. A matéria
A matéria é, é, as­
as-
sim, substância
sim, substância ee por por isso
isso substância
substância primeira,
primeira, ee aa forma forma aa subs­
subs-
tância segunda
tância segunda para para Aristóteles.
Aristóteles. M Masas sese sese afirma
afirma queque matéria
matéria
éé substância,
substância, não não sese afirma
afirma que que éé ela ela aa substância
substância por por excelência,
excelência,
ou, ainda,
ou, ainda, aa própria
própria substância,
substância, já já que
que nãonão se se encontra
encontra na na expe­
expe-
riência aa substância
riência substância sozinha,
sózinha, mas mas sempre
sempre determinada
determinada por por acci­
acci-
dentes.
dentes.

E oo que
E que éé que
que dádá tais
tais determinações
determinações àà matéria?
matéria? E aa forma;
É forma;
éé esta
esta que lhe dá
que Ihe dá uma
uma característica
característica individual
individual distinta
distinta das
das outras,
outras,
como dêsse
como dêsse monte
monte de de barro
barro podemos
podemos informar
informar uma uma parte
parte como
como
um vaso,
um vaso, uma
uma estatueta,
estatueta, um um prato,
prato, umum tijolo.
tijolo. Então, nesse
Então, nesse caso,
caso,
aa forma
forma apresenta-se
apresenta-se comocomo algo
algo mais
mais distante,
distante, cuja
cuja especulação
especulação se se

— 128
— 128——
torna imprescindível
toma imprescindível para para se se compreender
compreender aa substância.
substância. EE oo que que
vemos na
vemos na resposta
resposta àà pergunta:
pergunta: quid quid sit?
sit? QueQue éé esta
esta coisa?
coisa? vaso;
vaso;
que éé esta
que esta outra? Estatueta.
outra? Estatueta. Diz-se oo que
Diz-se que aa coisa
coisa é,é, pela
pela sua
sua
forma, pela sua
forma, pela sua essência.
essência. Masas um
M um ser material não
ser material não pode
pode ser
ser de­
de-
finido apenas pela
finido apenas pela sua
sua forma,
forma, mas mas também
também pela pela sua
sua matéria
matéria (um(um
vaso de
vaso de barro,
barro, umauma estatueta
estatueta de de barro).
barro). Conseguentemente, aa
Conseqüentemente,
substância déste ser
substância dêste ser seria
seria aa conjunção
conjunção da da sua
sua matéria
matéria ee da da suasua
forma, da
forma, da sua
sua hylê
hylé ee da
da sua
sua morphê,
morphê, da da sua
sua estructura hilemórfica,
estructura hilemórfica,
no sentido aristotélico,
no sentido aristotélico, to to synolon,
synolon, oo conjunto
conjunto de de ambas,
ambas, ou ou aa
primeira com
primeira com aquela
aquela informação.
informação. Estamos, aqui,
Estamos, aqui, nono sentido
sentido mais
mais
simples do
simples do pensamento
pensamento aristotélico.
aristotélico.
Contudo, essa
Contudo, essa conclusão
conclusão que
que decorre
decorre normalmente
normalmente da da pos­
pos-
tulação do
tulação do pensamento
pensamento aristotélico
aristotélico oferece
oferece suas
suas dificuldades
dificuldades (apo­
(apo-
rias), que
rias), que foram
foram apontadas
apontadas nono decorrer
decorrer do
do tempo.
tempo. Antes
Antes de
de pros­
pros-
seguir no
seguir no exame
exame do do pensamento
pensamento aristotélico,
aristotélico, volvamos
volvamos um um pouco
pouco
aa Platão.
Platão.
Sabia Platão
Sabia Platão das
das grandes
grandes aporias que sua
aporias que sua doutrina
doutrina estava
estava ei­
ei-
vada.
vada. Ele mesmo
Êle mesmo as as notou,
notou, salientou
salientou ee objectou-as
objectou-as aa sist mesmo,
mesmo,
de modo
de modo que
que sese pode
pode dizer
dizer que
que tôdas
tôdas as as objecções apresentadas
objecções apresentadas
àà sua
sua doutrina,
doutrina, desde
desde Aristóteles
Aristóteles até
até os
os nossos
nossos dias,
dias, já
já estavam
estavam
precisamente esboçadas
precisamente esboçadas nosnos diálogos
diálogos platônicos.
platônicos.
Platão buscava
Platão buscava as as fórmulas
fórmulas dasdas coisas
coisas (as
(as formazinhas,
formazinhas, os os
eidola) subordinadas
eidola) subordinadas às às formas
formas arquetípicas,
arquetípicas, porpor isso
isso tôda
tôda aa sua
sua
actividade filosófica
actividade filosófica tende
tende aa tomar
tomar abstractamente
abstractamente aa realidade
realidade con-
con-
creto-física, enquanto
creto-física, enquanto Aristóteles
Aristóteles invertia
invertia aa direcção,
direcção, tornando
tornando con-
con-
creto-físico quanto
creto-físico quanto possível
possível as as abstracções
abstracções de de grau
grau superior.
superior. Na
Na
verdade, os
verdade, os dois
dois vectores
vectores constituem
constituem uma
uma unidade
unidade filosófica
filosófica ee não
não
dois rumos,
dois rumos, cuja
cuja oposição
oposição representasse
representasse aa negação
negação do do outro.
outro. À
A
filosofia concreta
filosofia concreta concreciona
concreciona ambos
ambos vectores,
vectores, como
como vimos
vimos ee ainda
ainda
veremos.
veremos.

Ora, Aristóteles
Ora, Aristóteles considerava
considerava aa ouoxsia
si a. de
de modo
modo claro.
claro. EraEra pró-
pró­
pria de
pria de todo
todo oo ser
ser que
que não
não está
está presente
presente num num sujeito
sujeito (inherido
(inherido
num sujeito).
num sujeito). Os Os sêres
sêres accidentais
accidentais sãosão aquêles
aquêles queque são
são incapa­
incapa-
zes de
zes de existir
existir aparte
aparte de
de outro
outro ser,
ser, são
são osos desprovidos
desprovidos de de ser
ser pró­
pró-
prio.
prio. A substância
A substância éé aquêle
aquêle ser
ser que
que só só êle,
êle, ee por
por êle,
êle, os
os acci-
acci-


— 129
129 —

dentes podem
dentes podem existir.
existir. Neste caso,
Neste caso, aa substância,
substância, alémalém de de pos­
pos-
suir o
suir O ser,
sez, dá
dá ser
ser ee existência
existência aa oucros,
ouros, como
como vimos
vimos ao 10 examinar
examinar
as passagens
as passagens de de Aristóteles.
Aristóteles. Consegientemente, aa substância,
Conseqüentemente, substância,
para êle,
para êle, éé umum serser em
em acto
acto ee está
está para
para oo accidente
accidente na na relação
relação dede
acto para
acto para aa potência.
potência. Ora, como
Ora, como poderia
poderia essa
essa actualidade
actualidade ser ser dada
dada
pelas formas
pelas formas platônicas?
platônicas? Foi por
Foi por não
não encontrar
encontrar essa
essa solução,
solução, queque
teria de
teria de afastar-se
afastar-se da da doutrina
doutrina de de seu
seu mestre.
mestre.

A mutação
A mutação éé um
um dado
dado empírico
empírico primário,
primário, ee aa causa:
causa das
das coi­
coi-
sas sensíveis
sas sensíveis deve
deve ser
ser também
também aa causa
causa dodo devir
devir incessante
incessante das das
mesmas.
mesmas. E como
E como poderia
poderia Idéia
Idéia ou
ou Forma
Forma platônica
platônica ser
ser essa
essa causa?
causa?
Como simples
Como simples formas
formas poderiam
poderiam actuar
actuar sem
sem um
um actuante.
actuante.
O Demiurgo
O Demiurgo de de Platão
Platão não
não éé uma uma solução,
solução, nemnem para
para Platão,
Platão,
que sabia
que sabia que
que não
não passava
passava de de um um mito.
mito. êE aa forma
forma umauma causa
causa
das coisas
das coisas sensíveis,
sensíveis, masmas apenas
apenas formal.
formal. Para Platão
Para estas par­
Platão estas par-
ticipam apenas
ticipam apenas formalmente,
formalmente, por por imitação
imitação àquela.
àquela. Mas, para
Mas, para
Aristóteles, aa ousía
Aristóteles, ousia éé o o que
que éé das
das coisas,
coisas, oo ser.
ser. A forma
A forma dá-lhe
dá-lhe aa
quididade, não
qüididade, não oo ser
ser pleno,
pleno, mas mas apenas
apenas oo ser ser determinado
determinado qüidi-
quidi-
dativamente.
dativamente. A raiz
A raiz próxima
próxima do do serser das
das coisas
coisas sensíveis
sensíveis éé aa ma­
ma-
téria (substância
téria (substância prim
primeira),
eira), ee aa forma
forma éé aa raiz
raiz mais
mais remota
remota (subs­
(subs-
tância segunda). Um
tância segunda). Um ser ser é,é, pois,
pois, umauma substância
substância determinada
determinada
por uma essência,
por uma essência, oo queque éé expressável
expressável pela pela definição
definição metafísica:
metafísica:
gênero próximo ee diferença
gênero próximo diferença específica.
específica.

Masas aa forma
M forma nãonão éé um
um existente,
existente, ee as
as coisas
coisas sensíveis,
sensíveis.oo são.
são.
Só existe
Só existe oo individual,
individual, oo singularizado,
singularizado, masmas êste
êste só
só éé inteligível
inteligível
pela forma,
pela pela sua
forma, pela sua universalidade.
universalidade. A forma
A forma éé umauma concausa
concausa do do
ser sensível,
ser sensível, já já que
que êste
êste se
se actualiza
actualiza como
como taltal pela
pela cooperação
cooperação da da
causa material,
causa material, da eficiente ee da
da eficiente final, conjugadas
da final, conjugadas com com aquela
aquela ee
daquela inseparável.
daquela inseparável. O O ser
ser sensível
sensível éé êste
êste composto,
composto, êste
êste pro-
pro
ducto dessas
dueto dessas concausas.
concausas. Ora, aa forma
Ora, forma nãonão é é aa causi.
causc eficiente,
eficiente,
embora nos
embora nos possa
possa permitir
permitir compreender
compreender aa causa causa final
final propor­
propor:
cionada aa ela.
cionada ela.
O ser
O ser existente
existente não
não éé um
um accidente
accidente da
da forma,
forma, já
já que
que êle
êle ape­
ape-
nas imita
nas imita aquela.
aquela.
Ora, Deus
Ora, Deus éé para
para Aristóteles
Aristóteles aa causa
causa eficiente,
eficiente, capaz
capaz dede
criar oo ser.
criar ser. Nega-se-lhe
Nega-se-lhe aa idéia
idéia criacionista.
criacionista. NNoo sentido
sentido cristão,
cristão,

— 130
— 130——
aa recusa
recusa éé plausível,
plausível, não,
não, porém,
2orém, no no sentido
sentido dada causa
causa eficiente.
eficiente. O
O
Deus
D de Aristóteles
eus de Aristóteles éé que
que faz
faz asas substâncias,
substâncias, éé quem
quem dá dá ser
ser ao
ao
ser capaz
ser capaz dede ser
ser informado.
informado. Tanto
Tanto para
para êle
êle como
como para
para oO criacic-
criacie-
nismo cristão,
nismo cristão, Deus
Deus éé causa
causa eficiente
eficiente dede tudo
tudo quanto
quanto existe.
existe.

TESES D
TESES DAA FILO
FILOSOFIA CONCRETA
SO FIA C SOBRE A
O N CR ETA SOBRE A SU
SUBSTÂNCIA
B ST Â N C IA
E O
E O AACCIDENTE
C C ID EN TE

Tudo quanto
Tudo quanto ao
ao qual
qual não
não podemos
podemos predicar
predicar oo nada
nada éé alguma
alguma
coisa, éé enlitas.
coisa, entitas.

Ora, tôda
Ora, tôda entidade
entidade éé alguma
alguma coisa
coisa e,
e, como
como tal,
tal, éé ser,
ser, éé uma
uma
presença, afirmativa,
presença, afirmativa, portanto.
portanto.
O que
O que éé ser
ser ou
ou éé em
em si
si mesmo,
mesmo, ou
ou em
em outro,
outro, já
já que
que oo nada,
nada,
por nada
por nada ser,
ser, nêle
nêle não
não poderia
poderia inherir-se alguma coisa.
inherir-se alguma coisa.

O ser,
O ser, que
que éé emem si si mesmo,
mesmo, que que em em sisi mesmo
mesmo éé afirmação,
afirmação,
têticamente éé alguma
tèticameníe alguma coisa,
coisa, ou ou por
por si si mesmo
mesmo ou ou por
por outro.
outro. Se
Se
um ser
um ser existe,
existe, está
está êle
êle fora
fora de
de suas
suas causas
causas extrínsecas
extrínsecas ee no no pleno
pleno
exercício de
exercício de seu
seu ser.
ser. UmaUma existência
existência pode,
pode, porém,
porém, serser em
em outra,
outra,
pois uma
pois modal, enquanto
uma modal, enquanto tal, tal, ao
ao existir,
existir, ao <o acíualizar-se,
aciualizar-se, existe
existe
inherentemente de
inherentemente és modo
modo absoluto
atsoluto eemn outro.
outro. Pode ainda
Pode ainda ser
ser emem
si mesma,
si mesma, quando
quando está está no no pleno
pleno exercício
exercício de de seu
seu ser,
ser, fora,
fora, por­
por-
tanto, de
tanto, de suas
suas causas
causas extrínsecas,
extrinsecas, formando
formando uma uma unidade
unidáde de de per
per
si, como
si, como oo éé êste
êste livro.
livro.

Contudo, oo que
Contudo, que éé contingente
contingente e, e, portanto
portanto é, é, finitamente,
finitamente, não não
tem aa razão
tem rezão de de ser
ser em em sisi mesmo.
mesmo. Seu ser
Seu ser ee seu
seu existir,
existir, mesmo
mesmo
de per
de per si,
si não
não é,
é, porém,
porém, simpliciter
sinpliciser (absoluto).
(absoluto). Só Só pode
pode ser
ser por
por
si mesmo
si mesmo (( per perseitas),
sei tas), emem sisi mesmo
mesmo (inseitar),
(inseitas), nono pleno
pleno exercício
exercício
de seu
de seu próprio
próprio ser,ser, aquêle
aquêle serser independente
independente de de nicdo
medo absoluto,
absoluto,
cujo ser
cujo ser não
não tem
tem causas
causas extrínsecas,
exirínsecas, ee éé plenamente
pleaamente no no seu
seu exis­
exis-
tir aa sua
tir sua própria
própria essência.
essência. Tal Tal ser,
ser, como
como já já sese demonstrou
demonstrou na na
parte sintética,
parte sintética, éé apenas
apenas oo Ser Ser Supremo,
Supremo, que que éé simpliciter
simpliciter ser.e
ser,e
apenas
apenas ser, ser, sem
sem mescla
mescla de de limitação,
limitação, semsem mescla,
mescla, portanto,
portanto, de de
não-ser relativo.
não-ser relativo.

Todo ser
Todo ser finito
finito não
não éé apenas
apenas ser.
ser. Os Os limites
limites de
de sua
sua afirma­
aíirma-
ção de
ção de ser
ser encontram-se
encontram-se con
com oo que
que cc nega.
nega. £É êle apenas enquan­
êle apenas enquaa-


— 1131 —
31 —
to éé êle,
to êle, ee não
não éé outro.
outro. Nenhum ser
Nenhum ser finito
finito éé simplesmente
simplesmente ser, ser,
afirmação simpliciter.
afirmação simpliciter. Seu Seu serser éé intensistamente
intensistamente ser, ser, num
num grau
grau
determinado pelo
determinado pelo ser
ser que
que sese Ihelhe ausenta.
ausenta. Como Como aa gradação-
gradação. éé
imensa, são
imensa, são imensas,
imensas, porpor sua
sua vez,vez, as as combinações
combinações entreentre oo queque
nêle se
nêle se afirma
afirma ee oo queque nêle
nêle éé negado.
negado. Todo ser
Todo ser finito
finito éé um
um
misto de
misto de afirmação
afirmação ee privação.
privação. Se éé um
Se um ser
ser em
em acto
acto éé umum misto
misto
de acto,
de acto, potência
potência ee privação;
privação; se se éé umum ser ser em
em potência
potência éé um um serser
em outro,
em outro, misto
misto de de virtualidade
virtualidade do do ser
ser que
que oo sustenta,
sustenta, do do qual
qual éé
um possível,
um possível, de de potencialidade
potencialidade ee de de privação.
privação.
Conseguentemente, todo
Conseqüentemente, todo ser
ser finito,
finito, em
em sua
sua estructura,
estructura, éé umauma
combinação aritmológica
combinação aritmológica (no (no verdadeiro
verdadeiro sentido
sentido pitagórico)
pitegórico) dos dos
princípios que
princípios que oo constituem,
constituem, queque acima
acima explicitamos.
explicitamos. Conseqüen­
Consegien-
temente, éé compreensível
temente, compreensível aa heterogeneidade
heterogeneidade dos dos sêres
sêres finitos
finitos e,e,
também, que
também, que aa estructura
estructura de de sua
sua realidade
realidade éé constituída
constituida dos dos graus
graus
afirmativos ee dos
afirmativos dos graus
graus de
de ausência,
ausência, de de negação.
negação. Essa estructura
Essa estructura
constitui aa proporcionalidade
constitui proporcionalidade intrínseca
intrínseca do do ser
ser finito,
finito, ee éé propria­
prôpria-
mente aa sua
mente sua forma.
forma. Constituindo
Constituindo êle êle uma
uma unidade,
unidade, porque
porque tudo
tudo
quanto éé algum
quanto algumaa coisa
coisa éé uma
uma unidade,
unidade, o0 grau
grau desta
desta éé proporcio­
proporcio-
nal ao
nal ao grau
grau de de sua
sua estructura,
estructara, ee pede
pede serser classificado
classificad. segunde
segundc as as
categorias da
categorias da unidade
unidade já já por
por nósnós examinada.
examinada.
Constitui, assim,
Constitui, assim, tôda
tôda entitas
entitas oo que
que nela
nela éé afirmativo
afirmativo ee oo que
que
nela éé negativo
nela (ausente). O
negativo (ausente). O que
que nela
nela éé afirmativo
afirmativo ee oo que
que rela
nela
éé negativo,
negativo, constituindo
constituindo aa sua
sua estructura
estructura éé oo que
que nela
nela afirma
afirma oo
que ela
que ela é.
é.
O que
O que éé alguma
alguma coisa
coisa temtem dede durar.
durar. Durar éé permanecer
Durar permanecer
no ser,
no ser, e e o
O que
que é é permanece
permanece no no ser
ser enquanto
enquanto duradura o o que
que é.é. Tóda
Tôda
entitas tem
entitas tem uma
uma duração,
duração, uma uma permanência
permanência no no ser.
ser. E E como
com oo
que é,
que é, éé explicitado
explicitado pela
pela sua
sua estructura,
estructura, ee como
como esta
esta implica
implica oo queque
ônticamente aa constitui
ônticamente constitui ee aa forma
forma que,que, ontològicamente,
ontolôgicamente, Ihe lhe dá

aa forma
forma da da sua
sua proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca,
intrínseca, oo alguma
alguma coisa,
coisa, que
que
é éé proporcionado,
é, proporcionado, não não só só àà sua
sua forma,
forma, comocomo àà sua sua estructura
estructura
ontológica.
ontológica.. E êsse
E êsse alguma
alguma coisacoisa éé oo que
que ela
ela éé enquanto
enquanto dura.dura. À
A
sua duração
sua duração é, é, pois,
peis, proporcionada
proporcionada àà permanência
permanência da da sua
sua forma
forma
tontológica), ee da
(ontológica), da sua
sua constituição
constituição ôntica.
Ôntica,
Ora, entre
Ora, entre as
as coisas
coisas que
que são,
são, distinguimos
distinguimos as que se
as que se dão
dão fora
fora
de suas
de suas causas
causas extrínsecas,
exirínsecas, ee as
as que
que não
não se
se dão
dão daquelas.
daquelas. Dize-
D:ze-

— 132
— 132——
mos extrínsecas,
mos extrinsecas, porque
porque oo seu
seu elemento
elemento ôntico
ôntico éé sua
sua causa,
causa, como
como
oo éé o
o elemento
eemento ontológico
ontológico ee êstes
êstes continuam
continuam em em seu
seu ser,
ser, pais,
pois,
perdendo-os, deixariam
perdendo-os, deixariam dede ser
ser oo que
que são.
são.

Cor.seguentemente, oo possuir
Conseqüentemente, possuir tiis
tais causas
causas intrínsecas
intrínsecas éé comum
comum
ao ser
ao ser que
que éé fora
fora de
de suas
suas causas
causas extrínsecas,
extrinsecas, como
como ao ao que
que não
não é.é.
As causas
As causas extrínsecas,
extrínsecas, queque são
são asas predisponentes,
piedisponentes, são são aquelas
aquelas sem
sem
as quais
as quais nenhum
nenhum serser é.é. Ora,
Ora, oo serser finito
finito éé um
um ser
ser dependente,
dependente,
ee como
como taltal pende
pende dede causas
causas extrínsecas
extrínsecas (factores
(factores predisponentes),
predisponentes),
sem os
sem os quais
quais nãonão é,
é, já
já que
que nãonão tem
tem aa razão
razão de
de ser
ser emem sisi mesmo,
mesmo,
já que
já que saas
suas causas
causas intrínsecas
intrínsecas (as (as emergentes)
emergentes) são são asas que
que consti­
consti-
tuem aa sua
tuem sua forma
forma ee aa sua
sua matéria.
matéria.

Ao observarmos
Ao observarmos os os sêres,
sêres, verificamos
verificamos que que alguns,
alguns, que que for­for-
mam, portanto,
mam, portanto, uma uma unidide
unidade ee sãc sãc alguma
alguma coisa,
coisa, queque osos distin­
distin-
guimos de
guimos de outros,
outros, possuem
possuem: uma uma estructura
estructura ôntica,
ôntica, mas
mas se se dão
dão em em
outros sêres
outros sêres finitas
finitos também,
também, cujo cujo desaparecimento
desaparecimento ou ou corrupção
corrupção
total implica
total implica oo desaparecimento
desaparecimento daqueles,daqueles, ou ou melhor
melhor aa nihilifica-
nihilifica-
ção (nihilatio)
ção (nibilatio) daqueles.
daqueles. Assim Assim esta esta modal
modal (o (o movimento
movimento dêste dêste
ser) deixa
ser) deixa dede dar-se
dar-se no no precípuo
precipuo momento
momento cue que êste
êste ser
ser éé destruí­
destruí-
do. Ainda
do. Ainda mais, quando êste
mais, quando êste ser
ser detém-se
detém-se em em seu
seu movimento,
movimento,
cessa oo movimento.
cessa movimento. O movimento
O movimento éé inherente
inherente aa êsse
êsse ser
ser dede modo
modo
absoluto.
absoluto. O ser
O ser dêsse
dêsse movimento
movimento éé de de umum grau
grau ee dede uma
uma forma­
forma-
lidade diversa
lidade diversa da da do
do móvel,
móvel, poispois cessado
cessado oo movimento
movimento pode pode não não
cessar oo móvel
cessar móvel de de ser.
ser. Esses
Esses sêres,
sêres. cuja
cuja unidade
unidade não não se se dádá fora
fora
de suas
de suas causas
causas extrínsecas,
extrínsecas, que que dêles
dêles nãonão se
se separam
separam fisicamente,
fisicamente,
apenas acontecem
apenas acontecem naqueles,
naqueles, ee tomam tomam o o nome
nome genérico
genérico de de acci­
acci-
dentes.
dentes.


Já oo que
que sese dá
dá fora
fora de
de suas
suas causas
causas extrínsecas
extrinsecas finitas
finitas éé fisi­
fisi-
camente distinto
camente distinto dede outros.
outros. Ademais
Ademais éé algo
algo que
que éé ser,
ser, algo
algo que
que
subsiste aos
subsiste seus accidentes,
aos seus accidentes, éé algo
algo que
que sub-está
subestá aa êstes.
êstes. Asim
Assim
aos primeiros
aos primeiros chamaram-se
chamaram-se accidentais
accidentais ee acs
acs segundos,
segundos, substan­
substan-
ciais.
ciais.

Mas oo ser
Mas ser substancial
substancial finito,
finito, que
que se se dá
dá fora
fora de
de suas
suas causas
causas
extrínsecas finitas,
extrínsecas finitas, não
não éé um
um ser
ser que
que sese dádá fora
fora separado
separado abissal­
abissal-
mente do
mente Ser Supremo,
do Ser Supremo, qne que éé oo sustentáculo
sustentáculo último
último de
de todos
todos os os
séres do
sêres do qual
qual todos
todos osos sêres
sêres finitos
finitos são.
são.

— 133
— 133——
Neste caso,
Neste caso, aa substância
substância dos dos sêres
sêres finitos,
finitos, comocomo algoalgo queque é, é,
subsistente ee substante
subsistente substante aos aos accidentes,
accidentes, não não éé algoalgo que que éé tal
tol sim-
sim
bliciter, porque
pliciler, porque seu seu serser depende
depende sempre sempre do do SerSer Supremo.
Supremo. Por­ Por-
tanto, há
tanto, há atrás
atrás de de si si umauma sustentação.
sustentação. Se considerarmos,
Se considerarmos, por por
exemplo, os
exemplo, os sêres
sêres materiais,
materiais, podemospodemos nêles nêles distinguir
distinguir oo que que nêles
néêles
éé accidente
accidente ee oo que que néêles
nêles éé substância.
substância. M Masas sabemos
sabemos que que nãonão se se
dão soltos
dão soltos absolutamente,
absolutamente, pois pois algoalgo os os sustenta.
sustenta. Os Os sêres
sêres mate­
mate-
riais estão
riais estão aa afirmar
afirmar um um sustentáculo,
sustentáculo, por por sua sua vezvez também
também subs­ subs-
tancial, um
tancial, um bipokeímenon.
hipokeimenon. O conceito
O conceito de de bipokeímenon
hipokeimenon éé exi­ exi-
gível pela
gível pela impossibilidade
impossibilidade de de se se admitir
admitir que que oo sustentáculo
sustentáculo físicofísico
seja oo Ser
seja Ser Supremo.
Supremo. Como Como tudo tudo quanto
quanto acontece
acontece no no miuido
mundo das das
coisas finitas,
coisas finitas, que que éé oo mundo
mundo criatural,
criatural, éé um um ser ser limitado
limitado ee comocomo
tudo quanto
tudo quanto éé em em suasua singularidade
singularidade ôntica ôntica ee em em suasua ontologicidade
ontologicidade
éé umum grau
grau de de serser contido
contido eminentemente
eminentemente na na omnipotência
omnipotênciz do do Ser
Ser
Supremo, como
Supremo, como mostramos
mostramos ao ao estudar
estudar aa analogia,
analogia, aa presença
presença do do
Ser Supremo
Ser Supremo em em tôdas
tôdas as as coisas,
coisas, éé evidente
evidente ee tôdas tôdas testemunham
testemunham
essa presença,
essa presença, sem sem aa qual qual nadanada é,é, Dois nenhum ser
pois nenhum ser finito
finito temtem aà
plena razão
plena razão de de serser emem si si mesmo.
mesmo. Todo ser
Todo ser finito,
finito, queque sese separa
separa
fisicamente dos
fisicamente dos outros,
outros, éé algo algo que que acontece,
acontece, não não no no absoluto
absoiuto nadanada
((ribilsm
nibilum), ), masvas em em outro
outro ser ser que
que oo sustenta,
sustenta, que que éé oO bipokeímenon
bipoteimenon
daquele. A
daquele. A taltal somos
somos levados
levados por por umauma exigência
exigência da da própria
própria es­ es-
peculação científica,
peculação científica, fundadafundada na experimentação moderna,
na experimentação moderna, por­ por-
que sabemos
que sabemos que que os os sêres
sêres físicos,
físicos, ou ou melhor
melhor aquêlesaquêles queque sãosão ob­ob-
jectos de
jectos de uma
wma cognição
cognição sensível
sensível não não constituem
constituem aa última última possibili­
poss:bili-
dade do
dade do ser.
ser.
O de
O de queque não
não pode
pode restar
restar dúvida
dúvidaéé que
que oo sustentáculo
sustentáculo final
final
de tôdas
de tôdas as
as coisas
coisas éé oo Ser
Ser Supremo.
Supremo. Como Como se se tem
tem chamado
chamado de de
substância oo que
substância que constitui
constitui oo ser,
ser, oo subsistir
subsistir ee subestar
subestar das
das coisas
coisas
finitas, ee que
finitas, que éé sensivelmente
sensivelmente conhecido
coniecido porpor seusseus accidentes,
accidentes, oo
Ser Supremo
Ser Supremo não não éé uma
uma substância.
substância. N Não
ão éé êle
êle umum bipokeímenon
hipoteimenon
tampouco. E
tampouco. E já
já oo demonstramos
demonstramos na na ““Filosofia Concreta” por­
Filosofia Concreta” por-
que não
que não é.
é.
Esta aa razão
Esta razão que nos
que nos leva
leva aa afastarmo-nos
afastarmo-nos da da afirmação
afirmação esco­
esco-
lástica de
lástica de que
que oo Ser Supremo
Ser Supremo éé uma uma substância,
substância, porque
porque não
não éé
algo que
algo que subestá
subestá àsàs coisas,-
coisas; pois
pois êle
êle não
não subestá,
subestá, mas
mas está
está sempre
sempre
em tudo
em tudo quanto
quanto é, embora
é, embora oo que que éé finitamente
finitamente não
não testemunhe,
testemunhe,

— 134
— 134 —

em seu
em seu ser
ser finito,
finito, aa plenitude
plenitude daquele,daquele, mas mas oo que que éé finitamente
finitamente
éé um
um graugrau dede serser jájá contido
contido eminentemente
eminentemente na na omnipotência
omnipotência da­ da-
quele.
quele. Não
N ão háhá aí aí nenhuma
nenhuma afirmação afirmação panteísta,
panteísta, porque
porque aa lim lisrti-i­
tação do
tação do ser
ser finito
finito éé do do serser finito,
finito, éé inherente
inherente aa êste, êste, pois
pois aa li­ ii-
mitação éé uma
mitação uma modal,
modal, ee não não éé do do SerSer Supremo,
Supremo, que que nãonão temtem li­ li-
mitações de
mitações de nenhuma
nenhuma espécie,espécie, porqueporque oo nibilum
nibilum não não há,há, ee sósó ê?te
êste
poderia marcar
poderia marcar limites
limites ao ao queque éé simplesmente
simplesmente ser. ser. E tal
E tal éé onro-
onto-
lôgicamente verdadeiro,
lògicamente verdadeiro, porque porque sendo sendo oo Ser Ser Supremo
Supremo simplesmen­
simplesmen-
te ser,
te ser, oO seu
seu limite
limite seriaseria oo não não ser,ser, ee como
como oo não não ser,
ser, aqui,
aqui, não não
poderia ser
poderia ser oo relativo,
relativo, mas mas o o absoluto,
absoluto, seriaseria o o nibilum
nihilum ee êste êste nãonão
há, como
há, como se se demonstrou.
demonstrou. Dêste modo,
Dêste modo, nêle néle não não há há limites
limites de de
qualquer espécie.
qualquer espécie. Nêle Néle não não podepode acontecer
acontecer nada,nada, porque
porque as as coi­
coi-
sas que
sas que acontecem
acontecem são são as as coisas
coisas finitas
finitas ee elas
elas não
não acontecem
acontecem nêle, nêle,
masas nelas,
m nelas, porque
porque oo que que as as coisas
coisas finitas
finitas sãosão ou ou podem
podem vir vir aa ser
ser
já éé no
já no Ser Supremo, pois
Ser Supremo, pois são são graus
graus de de ser
ser que
que estão
estão contidos
contidos emi­ emi-
nentemente naquele.
nentemente naquele. O O que que acontece
acontece éé uma uma possibilidade
possibilidade que que se se
actualiza, mas
actualiza, mas essaessa possibilidade,
possibilidade, que que nono serser finito
finito éé algoalgo que que se se
dá num
dá num determinado
determinado lanço lanço da da sucessão
sucessão das das coisas,
coisas, na na duração
duração das das
coisas, éé algo
coisas, algo que
que éé na na eminência
eminência da da omnipotência
omnipotência daquela. daquela. N Naa
omnipotência do
omnipotência do SerSer Supremo
Supremo não não há há um um acontecer,
acontecer, porque porque não não
há sucessões,
há sucessões, pois
pois aa sua sua duração
duração éé eternaeterna ee nãonão sucessiva.
sucessiva.

Quem quisesse
Quem objectar em
quisesse objectar em favor
favor da da tese
tese de
de que
que oo Ser
Ser Su­
Su-
premo éé uma
premo uma substância,
substância, poderia
poderia alegar
alegar que,
que, nana substância,
substância, há há oo
ser, oo subsistir
ser, subsistir ee oo subestar.
subestar. Mas, Mas, no no Ser
Ser Supremo
Supremo oo ser ser não
não éé
oo ser
ser finito,
finito, oo subsistir
subsistir não não éé oo subsistir
subsistir finito
finito nana duração
duração suces­
suces-
siva, o
siva, o subestar
subestar não não éé um um estar,
estar, que
que implica
implica uma uma afirmação
afirmação de­ de-
terminada ee aa negação
terminada negação de de outra
outra determinação,
determinação, que que não
não constitui
constitui
oo modo
modo de de ser
ser do
do estar.
estar. O O Ser
Ser Supremo
Supremo não não está.
está. Deêle apenas
Dêle apenas
se pode
se pode dizer
dizer que
que é, é, aoao dar
dar aa êsse
êsse indicativo
indicativo presente
presente aa duração
duração
sempiterna ee não
sempiterna não sucessiva.
sucessiva.
Conceituando-se aa substância
Conceituando-se substância da
da forma
forma que
que faz
faz aa filosofia
filoscfia
concreta damos-lhe
concreta damos-lhe oo sentido
sentido que
que decorre
decorre necessariamente
necessàriamente da da aná­
auá-
lise ee evitamos
lise evitamos as
as aporias
aporias que
que enleiaram
enleiaram tão
tão grandes
grandes filósofos.
filósofos.

Em suma,
Em suma, para
para aa filosofia
filosofia concreta,
concreta, substância
substância éé aa afirmação
afirmação
de ser
de ser per
per se
se eeinin se
se em
em sua
sua estructura
estrucinra ôntica
Ôntica ee ontológica
ontológica que
que é,
é,

— 135
— 135 —

que subsiste ee que
que subsiste que subestá
subestá aa tudo
tudo quanto
quanto Ihe
lhe acontece.
acontece. E acci­
E acci-
dente éé tudo
dente tudo quanto
quanto acontece
acontece àà substância,
substância, sem
sem possuir
possuir aquelas
aquelas
características.
características.
Depois do
Depois do que
que examinamos
examinamos no no status
status quaestionis
quaestionis dada substân­
substân-
cia ee do
cia do accidente
accidente não
não éé difícil
difícil observar
observar que que nana maneira
maneira de de co­
co-
locar aa substância
locar substância pela
pela filosofia
filosofia concreta,
concreta, esta
esta reune
reune ee concilia
concilia tô­
tô-
das
das as positividades apresentadas
as positividades apresentadas pelopelo pensamento
pensamento platônico,
platônico, pelo
pelo
pitagórico, pelo
pitagórico, pelo aristotélico,
aristotélico, pelo
pelo escolástico
escolástico ee pelo
pelo que
que háhá de
de bem
bem
fundado na
fundado na filosofia
filosofia moderna,
moderna, quando
quando estaesta não
não desfalece,
desfalece, mergu­
mergu-
lhando nas
lhando nas obscuridades
obscuridades ee confusões
confusões próprias
próprias da da nossa
nossa época.
época.

ESCÓLIOS
ESCÓLIOS

O accidente
O accidente éé oo ser
ser que
que está
está em
em outro
outro enquanto
enquanto sujeito
sujeito de
de
inhesão.
inhesão.
Um ser
Um ser pode
pode receber
receber outro
outro de
de várias
várias maneiras:
maneiras:

1) Quando
1) Quando oo ser recebido éé dependente
ser recebido dependente dêle
dêle ee não
não consti­
consti-
tui com
tui com êleêle nnum
unum per
per se;
se; ou
ou seja,
seja, uma
uma natureza
natureza ee substância.
substância. En-
En­
tão oo que
tão que recebe
recebe éé sujeito
sujeito dede inhesão
inhesão do
do recebido.
recebido. ÉE oo que
que sese dá

com oo accidente.
com accidente.
22)) Quando
Quando recebe
recebe uma
uma forma
forma dependente
dependente de de si
si ee que
que cons­
cons-
titui com
titui com êle
êle tinum
unum perper se.
se. Temos, então,
Temos, então, oo sujeito
sujeito dede smtenta-
sustenta-
ção. éE oo que
ção. que se
se dá
dá entre
entre oo corpo
corpo ee aa alma.
alma.
33)) Quando
Quando recebe
recebe no
no ser
ser uma
uma forma
forma não
não dependente
dependente dede si,
si,
mas que,
mas que, contudo,
contudo, constitui
constitui com êle untim
com êle unym per
per se,
se, como
como éé oo corpo
corpo
em relação
em relação àà alma
alma racional.
racional.

<■«1>

Háá distinção
H distinção quando
quando um
um nega
nega algo
algo de
de outro,
outro, quando
quando dois
dois
gêres
sêres nãonão se se identificam.
identificam. Como não
Como não háhã identidade
identidade absoluta
absoluta en­
en-
tre os
tre os sêres
sêres numèricamente
numeéricamente distintos,
distintos, aa distinção
distinção háhá entre
entre todos
todos
os sêres,
os sêres, como
como já já demonstramos
demonstramos nana "Filosofia
“Filosofia Concreta”
Concreta”. . Toma­
Toma-
dos especificamente
dos especificamente todos
todos osos sêres,
sêres, de
de espécies
espécies diferentes,
diferentes, distin­
distin-
tas (os
tas (os que
que pertencem
pertencem aa gêneros
gêneros distintos),
distintos), distinguem-se
distinguem-se entre
entre si.
si.


— 136 —
136 —
Um dos
Um dos problemas
problemas fundamentais
fundamentais da da polaridade
polaridade substância-
substância-
-accidente consiste
-accidente consiste em
em estabelecer
estabelecer qual
qual aa distinção
distinção que
que há
há entre
entre
êles, já que
êles, já que não
não há
há dúvida,
dúvida, ee todos
todos estão
estão de
de acôrdo.
acôrdo. que
que há
hã ddis-
is­
tinção.
tinção.

A distinção
A distinção éé real,
real, mas
mas dede que
que realidade?
realidade? DDaa realidade
realidade (que(que
éé oo nexo
nexo que
que háhá entre
entre coisas
coisas reais,
reais, segundo
segundo aa sua sua esfera)
esfera) física,
física,
ou seja de
ou seja de separabilidade
separabilidade com com diástema,
diástema, ut ut res
res et
et res,
res, ou
ou dada reali­
reali-
dade meramente
dade meramente formal
formal ou ou meramente
meramente de de razão?
razão? Devemos re­
Devemos re-
cordar que,
cordar que, para
para os
os escolásticos,
escolásticos, aa distinção
distinção real
real consiste
consiste na na que
que se se
dá entre
dá entre entidades,
entidades, emem que
que uma
uma nãonão éé aa outra,
outra, independentemente
independentemente
da consideração
da consideração da da mente
mente humana.
humana.

Não vamos
Não vamos repetir
repetir aqui
aqui oo que
que examinamos
examinamos sôbre
sôbre aa distinção,
distinção,
mas devemos
mas devemos salientar
salientar alguns
alguns tópicos,
tópicos, que se tornam
que se tornam imprescin­
imprescin-
díveis para
díveis para que
que possamos
possamos analisar
analisar aa problemática
problemática sôbre
sôbre aa distinção
distinção
entre substância
entre substância ee accidente.
accidente,

A distinção
A distinção de
de razão
razão éé aquela
aquela que
que se
se estabelece
estabelece entre
entre forma­
forma-
lidades que
lidades que são
são definidas
definidas dede modo
modo diverso,
diverso, mas
mas que
que se
se identificam
identificam
na coisa.
na coisa. São as distinções
São as distinções próprias
próprias dodo ser
ser humano.
humano.

AA distinção real pode


distinção real pode ser ser ainda
ainda maior
maior ouou menor.
menor. E maior
E maior
aa que
que se
se estabelece
estabelece entre
entre realidades,
realidades, que
que podem
podem existir
existir separadas
separadas
naturalmente,
naturalmente, ou ou sobrenaturalmente;
sobrenaturalmente; menor,menor, aa que
que existe
existe entre
entre oo
subjectum ee seu
subjectum modo, que,
seu modo, que, embora
embora distinto,
distinto, não
não pode
pode existir
existir se­
se-
paradamente,
paradamente, nem nem natural
natural nemnem sobrenaturalmente.
sobrenaturalmente.

Há, ainda,
Há, ainda, outras
outras distinções,
distinções, como
como aa formal
formal ex ex natura rei,
natura rei,
exposta pelos
exposta pelos escotistas.
escotistas. Contudo, no
Contudo, no tocante
tocante aoao tema
tema em
em análise,
análise,
aa distinção
distinção queque cabe
cabe ouou éé aa real
real física
física (com
(com separabilidade
separabilidade física)
física)
ou aa real-maior,
ou real-maior, ou ou meramente
meramente modal,
modal, ouou seja
seja aa real-menor,
real-menor, se­
se-
gundo aa classificação
gundo classificação tomista
tomista ee aa suarezista.
suarezista.

Vejamos como
Vejamos como foi
foi tratada
tratada esta
esta questão
questão pelos
pelos escolásticos,
escolásticos, pa­
pa-
ra, afinal,
ra, afinal, analisá-la
analisá-la segundo
segundo aa filosofia
filosofia concreta.
concreta. Tomemos co­
Tomemos co-
mo ponto
mo ponto de de partida
partida para
para oo referido
referido exame
exame osos estudos
estudos feitos
feitos em
em
tôrno da
tôrno da distinção
distinção entre
entre aa substância
substância ee aa quantidade,
quantidade, porque
porque sendo
sendo
esta um
esta um accidente,
accidente, demonstrada
demonstrada aa espécie
espécie de
de distinção
distinção que
que háhá en­
en-


— 137 —
137 —
tre ela
tre ela ee aa substância,
substância, está,
está, automàticamente,
automáticamente, demonstrada
demonstrada aa es­
es-
pécie de
pécie de distinção
distinção máxima
máxima possível
possível entre
entre aa substância
substância ee oo acci­
acci-
dente, quer
dente, quer tomado
tomado em em geral,
geral, quer
quer em
em particular.
particular.
Naa Ontologia,
N ao examinar-se
Ontologia, ao examinar-se aa quantidade,
quantidade, como
como também
também sese
procede na
procede na Lógica,
Lógica, revela
revela ela
ela cinco
cinco propriedades,
propriedades, que
que são
são as
as se­
se-
guintes:
guintes:
1)
1) Não
N tem contrário.
ão tem contrário. ParaPara que algo tenha
que algo contrários éé
tenha contrários
mister que
mister que seja
seja umum gênero,
gênero, queque tenha
tenha espécies
espécies diferentes
diferentes extre­
extre-
mas, que
mas, que se
se ponham
ponham uma uma contra
contra aa outra. Pode uma
outra. Pode uma quantidade
quantidade
ser maior
ser maior ou ou menor,
menor, mas
mas tal
tal não
não indica uma oposição
indica uma oposição positiva,
positiva,
mas apenas
mas apenas privativa; ou seja,
privativa; ou seja, há
há mais
mais ou
ou há
há menos.
menos.
22)) NNão recebe mais
ão recebe mais ouou menos
menos intensivamente,
intensivamente, mas
mas apenas
apenas
extensivamente.
extensivamente. Uma quantidade
Uma quantidade pode
pode ser
ser maior
maior ouou menor
menor ex­
ex-
tensivamente, não
tensivamente, não intensivamente.
intensivamente. Enquanto
Enquanto quantidade,
quantidade, uma
uma
quantidade éé tão
quantidade tão quantidade
quantidade como outra quantidade.
como outra quantidade.
3) Pode ser
3) Pode ser igual
igual ou
ou desigual.
desigual. A A igualdade
igualdade éé aa conve­
conve-
niência na
niência na quantidade,
quantidade, enquanto
enquanto aa desigualdade
desigualdade éé aà disconveniên-
disconveniên-
cia na
cia na quantidade.
quantidade.
44)) £É divisível,
divisível, éé cindível
cindível mecanicamente
mecânicamente pela
pela intromis­
intromis-
são de
são de umum outro
outro corpo
corpo resistente
resistente ee impenetrável.
impenetrável.

5) £É finita
5) finita ee indefinita, porque aa qualquer
indefinita, porque qualquer quantidade
quantidade não
não
repugna ser
repugna ser maior.
maior.
Se observarmos
Se observarmos essas
essas propriedades,
propriedades, vemos
vemos que,que,. por
por elas,
elas, aa
quantidade se
quantidade se distingue
distingue dada substância
substância por
por umas,
umas, enquanto
enquanto se se
assemelha àà substância
assemelha substância por
por outras.
outras. Assim aa primeira
Assim primeira propriedade
propriedade
éé comum
comum aa ambas;
ambas; aa segunda,
segunda, idem;
idem; aa terceira,
terceira, não;
não; aa quarta,
quarta, não,
não,
ee aa quinta
quinta não.
não.

Para que
Para que sese dê
dê uma
uma distinção
distinção real-maior,
real-maior, como
como aa classificam
classificam
os escolásticos,
os escolásticos, éé mister
mister que
que aa substância
substância ee oo accidente
accidente possam exis-
possam exis­
tir separadamente
tir separadamente um um aa outro,
outro, ouou naturalmente
naturalmente ou ou supernatural-
supernatural-
mente.
mente. Como na
Como na distinção
distinção real
real menor
menor aa distinção
distinção consiste
consiste na na im­
um-
possibilidade de
possibilidade de existir
existir oo accidente
accidente separàvelmente
separâvelmente do do sujeito,
sujeito, quer
quer
supernaturalmente, para
supernaturalmente, para afirmar-se
afirmar-se aa distinção
distinção real
real maior
maior éé im­ im-
prescindível seguir
prescindível seguir umum dêsses
dêsses caminhos:
caminhos:

— 138
— 138 —

1)
1) que realmente
que realmente tal se dá;
tal se dá;
2)
2) que se
que se não
não conhecemos,
conhecemos, ou ou não
não éé de
de nossa
nossa experiência
experiência
tal separação
tal separação pelopelo menos
menos sese deve
deve demonstrar
demonstrar queque elaela não
não repugna;
repugna;
ou seja, que
ou seja, que não
não implica
implica nenhuma
nenhuma contradição
contradição aa suasua possibilidade,
possibilidade,
o que
o que nãonão sese dá
dá na
na distinção
distinção real
real menor,
menor, que
que se
se dá
dá entre
entre aa substân­
subs'ân-
cia
cia ee oo seuseu modo,
modo, cuja
cuja separação,
separação, afirmada
afirmada realmente,
realmente, implicaria
implicâria
contradição, já
contradição, já que
que oo modo
modo inhere
inhere absolutamente
absolutamente na na substân­
substân-
cia.
cia. Assim oo movimento
Assim movimento dêstedêste auto
auto éé absolutamente
absolutamente inseparável
inseparável
dêste auto.
dêste auto.
Para resolver
Para resolver êstes
êstes problemas,
problemas, fundamentais
fundamentais na na Escolástica,
Escolástica,
sobretudo em
sobretudo em face
face dada aporia
aporia que
que oferece
oferece aa concepção
concepção da da eucaris­
eucaris-
tia, foram
tia, foram dadas
dadas várias
várias soluções,
soluções, queque podemos
podemos reduzir
reduzir em em três
três
sentenças, apresentando
sentenças, apresentando aa seguir
seguir as
as demonstrações
demonstrações oferecidas,
oferecidas, para,
para,
afinal, trazermos
afinal, trazermos qual
qual aa contribuição
contribuição pode
pode oferecer
oferecer aa filosofia
filosofia con­
con-
creta aa tema
creta tema dede tal
tal importância.
importância.
1)
1) Primeira sentença
Primeira sentença — — Afirma
Afirma queque aa quantidade
quantidade éé impe­
impe-
netrável. As
netrável. As qualidades
qualidades são
são penetradas
penetradas pela
pela quantidade.
quantidade. N Neste
este
caso, as
caso, as qualidades
qualidades não
não têm
têm quantidades
quantidades próprias.
próprias. Para
Para esta
esta con­
con-
cepção, aa quantidade
cepção, quantidade dada substância
substância identifica-se
identifica-se com
com aa quantidade
quantidade
ee as
as qualidades
qualidades dada substância,
substância, ee asas quantidades
quantidades dasdas qualidades
qualidades
identificam-se com
identificam-se com suas
suas qualidades.
qualidades.
Para essa
Para essa sentença,
sentença, nana eucaristia,
eucaristia, permanece
permanece algumas
algumas quanti­
quanti-
dades das
dades das qualidades,
qualidades, não,
não, porém,
porém, aa quantidade
quantidade dada substância.
substância.
Vê-se que,
Vê-se que, para
para esta
esta sentença,
sentença, há há aa quantidade
quantidade da
da substância
substância m ma-a­
terial ee aa quantidade
terial quantidade dasdas qualidades.
qualidades.
Há, assim,
Há, assim, uma
uma distinção
distinção real
real maior
maior entre
entre aa substância
substância ee aa
sua qualidade,
sua qualidade, ee aa quantidade
quantidade das
das qualidades.
qualidades.
2)
2) A segunda
A segunda sentença
sentença éé aa dos
dos que
que dizem
dizem que
que aa quantidade
quantidade
ou aa extensão
ou extensão se
se identificam
identificam com
com aa substância
substância (como
(como D Descartes).
escartes).
3)
3) À terceira
A ferceira sentença
sentença é é aa que
que afirma
afirma que
que não
não há
há repug­
repug-
nância de
nância de que
que aà quantidade
quantidade seja
seja realmente
realmente separável
separável da
da substância.
substância.
Pcder-se-ia dizer
Poder-se-ia que há
dizer que há repugnância
repugnância nana separação
separação real
rea! se
se
aquela adviesse
aquela adviesse ou
ou da
da razão
razão formal
formal da substância ou
da substância ou da
da razão
razão for­
for-
mal da
mal da quantidade.
quantidade.

— 139
— 139 —

Ora, tal
Ora, tal não
não sese dá,
dá, segundo
segundo muitos.
muitos. Contudo, poderíamos
Contudo, poderíamos
dizer que,
dizer que, no
no conceito
conceito de
de accidente,
accidente, está
está incluso
incluso oo inesse; ou seja,
inesse; ou seja,
aa imprescindibilidade
imprescindibilidade de de um
um ser
ser que
que seja
seja portador
portador daquele,
daquele, nono
qual aquêle
qual aquêie está
está como
como emem sujeito
sujeito de
de inhesão.
irhesão.
Para muitos,
Para muitos, substância
substância ee accidente
accidente são são correlativos.
correlativos. Neste
Neste
caso, aa substância
caso, substância éé aa substância
substância do do accidente,
accidente, oo accidente,
accidente, oo acci­
acci-
dente da
dente da substância.
substância. Contudo, não
Contudo, não éé dada essência
essência dodo conceito
conceito de de
correlativo que
correlativo que êsses
êsses não
não possam
possam dar-se
dar-se separados,
separados, poispois oo pai
pai éé pai
pai
do filho
do filho ee oo filho
filho éé filho
filho do do pai,
psi, ee são,
são, contudo,
contudo, separados.
separados. Re-
Re­
pugnaria aa separabilidade
pugnaria separabilidade se se essa
essa fôsse contraditória, o
fôsse contraditória, o que
que não
não é.é.
Neste caso,
Neste caso, nada
nada impediria
impediria que que pudessem
pudessem dar-sedar-se separadamente,
separadamente,
gelo menos
pelo menos quanto
quanto aquêles
aquêles accidentes,
accidentes, cuja inherência não
cuja inherência não éé ab­
ab-
soluta.
soluta. Ora, no
Ora, no caso
caso da da quantidade,
quantidade, esta esta nãonão éé dada essência
essência da da
substância, senão
substância, senão para
para os que seguem
os que seguem aa mesma posição que
mesma posição que seguiu
seguiu
Descartes.
Descartes. Ao examinarmos
Ao examinarmos aa substância,
substância, dentrodentro da da dialéctica
dialéctica
não encontramos
não encontramos aa necessidade
necessidade da da quantidade
quantidade em em suasua essência,
essência,
como uma
como propriedade essencial
uma propriedade essencial desta,
desta, salvo
salvo para
para aa substância
substância
raterial.
material.

A inherência
A inherência dodo accidente
accidente na
na substância
substância éé da da razão
razão dodo acci­
acci-
dente.
dente. Um accidente,
Um accidente, separado
separado da
da substância,
substância, dizem,
dizem, tornar-se-ia
tornar-se-ia
substância, porque
substância, porque existiria
existiria em
em acto
acto com
com inseitas,
inseitas, e,
e, portanto,
portanto, se­
se-
ria essencialmente
ria essencialmente nana substância
substância como
como emem sujeito
sujeito dede inhesão.
inhesão.
Tomado formalmente,
Tomado formalmente, oo accidente,
accidente, por
por sua
sua razão
razão formal,
formal, éé
um inesse,
um /nesse, ee caso
caso sese desse
desse fora
fora da
da substância
substância àà qual
qual pertence, não
pertence, não
poderia dar-se
poderia dar-se solto,
solto, mas
mas sustentado
sustentado porpor outro
outro ser
ser actual.
actual. '

Como demonstrou
Como demonstrou Suarez,
Suarez, aa inherência
inherência éé um
um modo,
modo, portanto
portanto
inseparável, tanto
inseparável, tanto natural
natural como
como supernaturalmente,
supernaturalmente, dada substância.
substância,
Se oo accidente
Se accidente inhere
inhere nana substância,
substância, aa inherência
inherência daquele,
daquele, nesta,
nesta,
éé uma
uma modal
modal e,e, neste
neste caso,
caso, jamais
jamais se
se daria
daria uma
uma separação.
separação.
,
Noo caso
N caso da
da quantidade,
quantidade, esta
esta éé um
um accidente
accidente físico
físico ee abso­
abso-
luto da
luto da substância
substância material; portanto, uma
material; portanto, uma propriedade
propriedade essencial
essencial
daquela, ee não
daquela, não pode
pode naturalmente existir separado
naturalmente existir separado dela.
dela.

Se não
Se não pode
pode naturalmente,
naturalmente, poderia
poderia supernaturalmente?
supernaturalmente? Se
Se
éé um
um modo,
modo, não
não oo poderia.
poderia. Mas o
Mas o modo,
modo, aqui,
aqui, refere-se
refere-se àà inhe-
inhe-

— 140
— 140 —

rência, como
rência, como modal.
modal. A A inherência
inherência éé uma
uma modal
modal dodo ser
ser que
que inhe-
inhe-
re, quando
re, quando inhere.
inhere. Contudo, pode-se
Contudo, pode-se admitir
admitir umum ser
ser emem outro,
outro,
sem que
sem que oo primeiro
primeiro seja
seja uma
uma modal
modal daquele.
daquele. PorPor haver
haver inherên­
inherên-
cia da
cia da quantidade
quantidade na na substância,
substância, não
não se
se pode
pode concluir
concluir que
que aa quan­
quan-
tidade éé uma
tidade uma modal.
modal. Naa verdade,
N verdade, não
não é.
é. Para
Para que
que tal
tal se
se escla­
escla-
reça éé mister
reça mister examinar
examinar oo queque éé aa quantidade
quantidade em em sua
sua razão
razão form
formal.
al.

Não poderíamos
Não poderíamos penetrar,
penetrar, como
como éé de
de nosso
nosso desejo
desejo no
no âmâm- ­
bito correspondente
bito correspondente àà filosofia
filosofia concreta,
concreta, sem
sem examinar,
examinar, prèvia-
prévia-
mente, como
mente, como Suarez
Suarez tratou
tratou dêste
dêste tema.
tema.

AA SU
SUBSTÂNCIA E OS
BST A N C IA E OS M
MODOS PARA SUAREZ
O D O S PARA SUAREZ

Está para
Está para Suarez
Suarez aa problemática
problemática da da substância
substância ligada
ligada directa­
directa-
mente àà problemática
mente problemática dos dos modos.
modos. TodosTodos sabemos
sabemos oo grande
grande pa­pa-
pel que
pel que teve
teve aa teoria modal do
teoria modal do famoso
famoso filósofo
filósofo espanhol
espanhol sôbre
sôbre
as modernas
as modernas investigações
investigações maismais seguras
seguras da da filosofia
filosofia moderna.
moderna.
Sem oo exame
Sem exame dos dos modos,
modos, toma-se
torna-se difícil
difícil examinar
examinar os os problemas
problemas
que surgem
que surgem dasdas considerações
considerações clássicas
clássicas sôbre
sôbre aa substância.
substância.

Salienta desde
Salienta desde logo
logo aa maneira
maneira vaga
vaga ee um
um tanto
tanto confusa
confusa que
que
tem tido
tem tido oo conceito
conceito de
de substância,
substância, que
que surge
surge dede maneira
maneira uniforme
uniforme
ee estereotipada
estereotipada no no decurso
decurso da
da explanação
explanação filosófica.
filosófica, Tem-se
Tem-se atri­
atri-
buído àà substância
buído substância incompleta
incompleta oo que
que se
se deveria
deveria atribuir
atribuir apenas
apenas àà
substância completa.
substância completa. ,

Outro aspecto
Outro aspecto que
que analisa
analisa éé aa maneira demasiadamente está­
maneira demasiadamente está-
tica de
tica de considerar
considerar aa substância,
substância, mais
mzis de de inspiração
inspiração no no hipokeíme-
hipokeime-
non aristotélico
non atistotélico dodo que
que pròpriamente
própriamente na na ousia.
ousia. Sem Sem se se conside­
conside-
rar aa substância
rar substância dinamicamente
dinâmicamente como como princípio
principio de de múltiplas
múltiplas acti­
acti-
vidades, apta
vidades, apta aa sofrer
sofrer mutações
mutações perfectivas
perfectivas ou ou não,
não, tende-se
tende-se aa uma
uma
visão que
visão que não
não pode
pode corresponder
corresponder àà realidade.
realidade. Ora, considerar
Ora, considerar aa
substância dinamicamente
substância dinâmicamente leva leva ee exige
exige aa tomar,
tomar, na na devida
devida con­
con-
sideração, os
sideração, os mocos
mocos substanciais,
substanciais, sob
sob pena
pena dede permanecermos
permanecermos num num
terreno ronfuso
terreno confuso ee vago.
vago.

E nada
E nada se
se impõe
impõe mais
mais nesta
nesta parte
parte dêste
dêste livro,
livro, pois
pois pretende­
pretende-
mos aqui
mos aqui abordar
abordar aa filosofia
filosofia concreta
concreta nas
nas suas
suas possibilidades
possibilidades ana­
ana-
líticas.
líticas.

— 141
— 141 —

Apresenta Suarez
Apresenta Suarez três
três modos
modos substanciais,
substanciais, que
que são
são estructuras
estructuras
ontológicas compositivas
ontológicas compositivas ee integradoras
integradoras dada mesma,
mesma, que
que são:
são: 1)
1)
oo modo
modo dede dependência
dependência ou ou acção
acção substancial,
substancial, que
que se
se origina
origina da
da
substância finita,
substância finita, criada;
criada;

22)) oo modo
modo de
de supositalidade,
supositalidade, terminativo
terminativo e
e completivo
completivo de
de
tal substância;
tal substância;

3)
3) oo modo de união
modo de união hilemórfica
hilemórfica nos
nos compostos
compostos essenciais
essenciais
da mesma.
da mesma.
Z
Todo ser
Todo ser criado
criado éé um
um ser
ser feito
feito (são
(são fácticos),
fácticos), dependentes
dependentes
de uma
de uma acção
acção necessariamente
necessáriamente substancial,
substancial, pois
pois não
não podem
podem ter
ter pro­
pro-
vindo do
vindo do nada.
nada.

Como vimos,
Como vimos, aoao examinar
examinar aa criação,
criação, aa acção
acção substancial
substancial cria­
cria-
dora éé oo fazer-se
dora fazer-se do
do efeito,
efeito, oo próprio
próprio fieri.
fieri. Está
Está essa acção indis­
éssa acção indis-
solivelmente ligada
soluvelmente ligada àà criatura,
criatura, como
como vimos.
vimos.

Deve-se, portanto,
Deve-se, portanto, considerar
considerar aa inseparabilidade
inseparabilidade absoluta,
absoluta, ee
não condicionada
não condicionada do do fazer-se
fazer-se dada criatura
criatura e,e, também,
também, que que êsse
êsse fa­
fa-
zerse éé aa determinação
zer-se determinação actual,
actual, formal
formal ee última
última do do feito,
feito, porque
porque
não éé possível
não possível um um fazer-se
fazer-se que
que não
não faça
faça alguma
alguma coisa.
coisa. O O fazer-se
fazer-se
é, pois,
é, pois, vial,
vial, ee acção
acção criadora;
criadora; éé conseqüentemente,
conseguentemente, um um modo
moco subs­
subs-
tancial da
tancial da criatura,
criatura, ontològicamente
ontolôgicamente inseparável
inseparável desta.
desta. 0O modo
modo
substancial da
substancial da criação
criação conexiona-se,
conexiona-se, indissoluvelmente,
indissolúvelmente, com com oo
fáctico (feito
fáctico (feito).). PorPor outro
outro lado,
lado, oo problema
prob.ema da da supositalidade
supositalidade im­ im-
põe-se como
põe-se como fundamental
fundamental para para oo exame
exame de de tôda
tôda problemática
problemática da da
subs:ância.
substância.

Cada coisa
Cada coisa é,é, em
em seu
seu ser,
ser, o o que
que ela
ela é,
é, ee éé sôbre
sôbre oo que
que ela
ela
éé em
em seu
seu ser,
ser, que
que sese funda
funda aa individuação
individuação da da coisa.
coisa. Ora, oo fun­
Ora, fun-
damental primeiro
damental primeiro éé cc ser;ser; portanto,
portanto, aa unidade
unidade segue-se
segue-se ao ser,
ao ser,
pois tudo
pois tudo quanto
quanto éé tem tem unidade.
unidade, DêsteDêste aa individualidade
individualidade de de
uma coisa
uma coisa éé ontològicamente
ontolôgicamente dada dada pelo
pelo que
que aa coisa
coisa éé em em seu
seu sendo,
sendo,
em sua
em sua unidade.
unidade. Sua Sua individuação
individuação principia
principia em em sua sua unidade,
unidade,
que principia
que principia em em seu
seu ser.
ser. São, pois,
São, pois, princípios
princípios da da individuação
individuação
de um
de um ser
ser aa unidade
unidade ontológica
ontológica dêsse
dêsse ser
ser ee oo ser,
ser, que
que nêle
nêle éé sendo,
sendo,
éé princípio
princípio da da própria
própria unidade.
unidade. Dêste Dêste modo,
modo, os os princípios
princípios da da

— 142
— 142 —

individuação
individuação ee os
os da
da entidade
entidade do
do ser
ser são
são idênticos,
idênticos, pois
pois êstes
êstes são
são
os princípios
os princípios intrínsecos
intrínsecos dede um
um determiEado
determinado ser.
ser. Éé esta
esta enü-
ent
dade que
dade que afirma
afirma aa individualidade.
individualidade.

O ser
O ser que
que tem
tem individualidade,
individualidade, que que éé em
em seu
seu sendo,
sendo, ainda
ainda
não afirma
não afirma aa suasua perseidade;
perseidade; portanto,
po:tanto, aa perseidade
perseidade exige
exige uma
uma
análise mais
análise mais demorada.
demorada. Tomada ontològicamente,
Tomada ontolôgicamente, aa substância
substância
éé uma
uma estructura
estructura ontológica
ontológica capaz
capaz de
de ser
ser por
per si
si (perseidade),
(perseidade), masmas
para que
para que oo seja,
seja, exige
exige algo
algo mais.
mais.
Pa:a Suarez,
Para Suarez, aa natureza
natureza substancial,
substancial, mesmo
mesmo quando
quando éé actuai
actual
entidade por
entidade por suasua existência,
existência, não não é, é, por
por isso,
isso, subsistente.
subsistente. É mis­
É mis
ter algo
ter algo que
que aa complemente
complemente de de umum novo
novo modo
modo de de existir
existir por
por si.si.
Portanto, para
Portanto, para êle,
êle, aa perseidade
perseidade não não éé constitutiva
constitutiva da da essência
essência da da
natureza substancial,
natureza substancial, mas mas éé um um modomodo de de complementação,
complementação, um um
modo de
modo de intenção,
intenção, que que exclui
exclui aa dependência
dependência ee aa uniãounião actual
actual com
com
algum sustentante.
algum sustentante. Portanto, para
Portanto, par: dar-se
dar-se aà existência
existência actual
actual da da
substância éé mister
substância mister que que esta
esta sese dê
dê sem
sem aa necessidade
necessidade dede um um sus­
sus-
tentante.
tentante. Neste caso,
Neste caso, aa subsistência
subsistência éé um um complemento
complemento modal modal
da substância,
da substância, ee antesantes deli
deli aa substância
substância está esti apenas
apenas emem potência
potência
para o
para o ser,
ser, ee sósó comcom êsteêste modo
modo está está determinada
determinada aa existir.
existir, E
E
como acontece
como acontece tal tal coisa?
coisa? Acontece por
Acontece por uma
uma intrínseca
intrinseca modifica­
modifica
ção, diz
ção, diz Suarez.
Suarez.
O modo
O modo de de união
união substancial
substancial dá-se
dá-se na na composição
composição hilemórfica,
hilemórfica,
em que
em que as as partes,
partes, que
que são
são uníveis,
uníveis, unem-se
unem-se actualmente.
actualmente. Há,
Há,
aqui, uma
aqui, uma distinção
distinção que
que cabe
cabe ser
ser feita.
feita. A união
A união éé algo
algo real,
real, que
que
acontece nas
acontece nas partes
partes compossíveis,
compossíveis, pais,
pois, do do contrário,
contrário, seria
seria oo mes­
mes-
mo estarc-m
mo estarem as as partes
paites unidas
unidas ou
ou separadas.
separadas. À união
A união é,é, portanto,
portanto,
algo real,
algo real, ee tem
tem uma
uma função
função substancial
substancial na na integração
integração ee na na for­
for-
mação do
mação do composto
composto hilemórfico.
hilemórfico. E, pois,
£, pois, uma
uma entidade
entidade de de natu­
natu-
reza substancial.
reza substancial.
ÉÉ aa função
função que
que exercita
exercita que
que dá
dá aa determinação
determinação específica
específica
dessa natureza
dessa natureza substancial.
substancial.
A união
A união une
une e2 não
não pode
pode actuar
actuar doutro
doutro modo,
modo, ee nada
nada mais
mais éé
que união,
que união, como
como vimos
vimos ao
ao tratar
tratar das
das modais
modais na
na ““Filosofia Cons
Filosofia Con­
creta”. . Todo
creta” Todo oo ser
ser da
da união
união está
está na
na causalidade
causalidade por
por ela
ela exercica;
exercica;
unir, causar
unir, causar unitivo.
unitivo.

— 143
— 143 —

Ora, naquela
Ora, naquela obra
obra demonstramos
demonstramos que
que aquêles
aquêles sêres
sêres (entida­
(entida-
des),
d cuja única
e s), cuja única consistência
consistência ontológica
ontológica consiste
consiste na
na função
função que
que
exercero, sãó
exercem, são modais.
modais.

Ademais
Adem revelam uma
ais revelam uma inseparabilidade
inseparabilidade absoluta
absoluta da
da entidade
entidade
modificada, além
modificada, além de serem uma
de serem uma determinação
determinação formal
formal última.
última. Co-
Co­
mo diz
mo diz Suarez,
Suarez, nãonão há
há união
união que
que não
não una,
una, ee ela
ela só
só existe
existe quando
quando
actualmente une.
actualmente une.

Salienta Suarez
Salienta Suarez que,
que, etimològicamente,
etimolôgicamente, aa palavra
palavra substância
substância
tem duas
tem duas raízes
raízes cistintas:
distintas: oo subsistir
subsistir ee oO sustentar.
sustentar. Subsiste o
Subsiste O
que permanece
que permanece no 90 ser,
ser, ee oO que
que permanece
permanece no no ser
ser éé aa substância
substância com­
com-
pleta. N
pleta. Não
ão éé aa substância
substância oo mesmo
mesmo que que subsistência,
subsistência, pois
pois esta
esta
já implica
já implica aa substância
substância completa
completa ee terminada,
terminada, semsem necessidade
necessidade dede
nenhum complemento
nenhum complemento na na. estructura
estructura substancial.
substancial.
A substância
A substância completa
completa éé aa que
que éé íntegra,
íntegra, total;
total; incompleta,
incompleta,
aquela que
aquela que éé parte,
parte, como
como oo são
são aa matéria
matéria ee aa forma,
forma, que,
que, toma­
toma-
das isoladamente,
das isoladamente, são são substâncias
substâncias incompletas.
incompletas. Diz-se que
Diz-se que éé uma
uma
substância fisicamente
substância fisicamente incompleta
incompleta aquela
aquela queque éé uma
uma parte
parte física
física
ou um
ou um têrmo
têrmo substancial,
substancial, queque concorre
concorre dede algum
algum modo
modo para
para com­
com-
plementar aa substância.
plementar substância. AssimAssim aa matéria
matéria ee aa forma,
forma, como
como partes
partes
físicas da
físicas da substância,
substância, sãosão substâncias
substâncias incompletas.
incompletas.
Subsistir éé um
Subsistir um determinado
determinado modo modo de de existir,
existir, éé o o existir
existir per
per
se, sem
se, sem necessidade
necessidade de de umum sustentante.
sustentante. Opõe-se
Opõe-se aa êsse êsse modo
modo de de
existir oO não
existir não existir
existir ee aa inherência,
inherência, que que éé oo modo
modo de de existir
existir em em
outro. Portanto,
outro. Portanto, uma uma substância,
substância, enquanto
enquanto não não existe
existe em em sisi ee
por si,
por si, éé ainda
ainda incompleta,
incompleta, ee não não temtem aa razão
razão de de subsistência.
subsistência.
Antes disso,
Antes disso, éé apenas
apenas potencial,
potencial, tem tem apenas
apenas aptidão
aptidão parapara subsis­
subsis-
tir. Para
tir. Para Suarez,
Suarez, aa essência
essência da da substância
substância nãc nãc está
está nono existir
existir por
por
si, mas
si, mas na na aptidão.
aptidão. Também
Também oo que que caracteriza
caracteriza oo accidente
accidente não não éé
aa inhesão
inhesão actual,
actual, masmas aa aptitudinal.
aptitudinal. À existência
A existência só só está
está termina­
termina-
da ppela
da perseidade. Antes
ela perseidade. Antes éé incompleta
incompleta ee oo éé também também quancoquando
ainda está
ainda está em em outro.
outro. Subsistir
Subsistir significa
significa existir
existir porpor sisi e,
e, portan­
portan-
to, implica
to, implica aa existência
existência ee aa perseidade,
perseidade, ee indica
indica oo modomodo de de existir,
existir,
sem dependência
sem dependência de de um
um sujeito
sujeito determinante.
determinante,
A subsistência
A subsistência indica
indica aa actualização
actualização de
de uma
uma possibilidade
possibilidade e,
e,
pois, um
pois, um puro
puro ee último
último têrmo
têrmo da
da natureza;
natureza; éé ela
ela não
não aa actualidade
actualidade


— 1144
44 —
do ser, mas
do ser, uma determinação
mas uma determinação ou ou modificação
modificação da da existência.
existência, A A
subsistência não
subsistência não éé uma
uma entidade totalmente distinta
entidade totalmente distinta da
da natureza,
natureza,
porque, então,
porque, seria inexplicável.
então, seria inexplicável. A subsistência
A subsistência não
nio éé um
um acci-
acci­
dente
dente d dai substância
substância mas, sim, “esse
mas, sim, "êsse substantiam
substanliam quasi transcenden-
quasi transcenden-
ter sumptam”,
ter sumptam” , éé aa substância quase transcendentalmente
substância quase transcendentalmente conside-
conside­
rada.
rada.

Pata
Para Suarez,
Suarez, nana maioria
maioria os accidentes rada
os accidentes rada mais são que
mais são que mo­
mo-
dos, ee a:é
dos, até os accidentes absolutos
os accidentes absolutos requerem
requerem o o modo
modo de de inherência
inherência
(que são aa quantidade
(que são quantidade ee aa qualidade).
qualidade). Assim aa acção,
Assim acção, aa ubiqua-
ubiqua-
ção (ubi) são
ção (ubi) são apenas modais. Suarez
apenas modais. Suarez reexamina
reexamina aa tábua
tábua aristo-
aristo-
télica das
lélica das categorias,
categorias, ee as reanalisa sob
as reanalisa sob novos
novos ângulos,
ângulos, que
que abrem
abrem
caminho aa novas
caminho novas especulações.
especulações. Assim
Assim oo hábito
hábito éé para
para êle apenas
êle apenas
uma denominação
uma denominação extrínseca
extrínseca ee aa acção
acção ee aa paixão
paixão apenas
apenas sese dis­
dis-
tinguem pela
tinguem pela razão.
razão.

Descrimina-os, assim,
Descrimina-os, assim, emem accidentes
accidentes absolutos,
absolutos, modais
modais ee de de
razão.
razão. Somente aa quantidade
Sòmente quantidade ee aà qualidade
qualidade se distinguem real­
se distinguem real-
mente da
mente da substância.
substância. Ta)Tal não se dá
não se com osos outros
dá com outros predicamen-
predicamen­
tos de Aristóteles,
tos de Aristóteles, que Suarez, com
que Suarez, com boa base filosófica
boa base filosófica resolve
resolve re-
re­
examinar, pondo
examinar, pondo de lado oo dogma
de lado dogma da autoridade, porque,
da autoridade, porque, na Fi-
na Fi­
losofia,
losofia, só
só há
há uma autoridade, que
uma autoridade, que éé aa demonstração
demonstração rigorosa.
rigorosa.

Sabe êle
Sabe êle que Aristóteles influiu
que Aristóteles influiu de
de maneira
maneira preponderante
preponderante na na
escolástica, ee que
escolástica, que era
era temerário tentar traçar
temerário tentar traçar novos
novos rumos
rumos para
pari as as
categorias, mas
categorias, mas nemnem porpor isso deixa de
isso deixa empreender essa
de empreender essa tarefa,
tarefa, na na
qual realizou
qual realizou umauma dasdas maiores
maiores obras filosóricas da
obras filosóficas humanidade.
da humanidade.
Acusa Aristóteles
Acusa Aristóteles de de não
não haver aprofundado o
haver aprofundado o estudo
estudo do acci-
do acci­
dente.
dente. O accidente
O accidente éé umauma entidade
entidade verdadeira,
verdadeira, ou ou melhor
melhor uma uma
verdadeira existência,
verdadeira existência, ee éé esta
esta verdadeira existência que
verdadeira existência que requer
requer um um
modo de
modo de inherência quanto àà substância,
inherência quanto substância, na na qual
qual háhá dede radicar.
radicar.
Para muitos
Para muitos tomisias
tomistas oo accidente
accidente éé apenas
apenas um um ens
ens eniis;
enlis; o o ser
ser dodo
accidente
accidente é,é, portanto,
portanto, aa inhesão,
inhesão, poispois só é, quando
só é, quando participa
participa do do
ser de
ser de seu
seu sujeito.
sujeito. :

Esta
Esta afirmativa
afirmativa dede Suarez decorre da
Suarez decorre da sua
sua doutrina
doutrina da identi-
da identi­
ficação ádeí essência
ficação essência ee da
da existência
existência ee éé ao
ao tratarmos
tratarmos dada problemá­
preblemá-
tica correspondente que
tica correspondente discutiremos êste
que discutiremos ponto.
êste ponto. Estabelecida
Estabelecida aa
validez da
validez da tese
tese suareziana,
suareziana, estaria
estaria assegurada
assegurada aa distinção
distinção por
por êle
êle

— 145
— 145——
desejada entre
desejada entre oo accidente
accidente ee oo seu
seu sujeito.
sujeito. Dêste modo, oo pro­
Dêste modo, pro-
blema
blema da da eucaristia
eucaristia éé resolvido
resolvido da seguinte maneira:
da seguinte maneira: osos mesmos
mesmos
accidentes, numericamente
accidentes, muméricamente idênticos,
idênticos, conservam-se
conservam-se sem
sem aa substân-
substân­
cia; não, porém,
cia; não, porém, sem
sem aa existência.
existência.
A existência
A existência éé oo pelo qual intrínseca
pelo qual intrínseca ee formalmente
formalmente se cons-
se cons­
titui o
titui o ente
ente emem acto
acto como tal.
como tal. A filosofia
A filosofia de
de Suarez
Suarez éé oo realismo
realismo
concreto ee segundo
concreto segundo aa sua posição, atribui
sua posição, verdadeira entidade
atribui verdadeira entidade ee
existência aos
existência aos accidentes.
accidentes. A existência
A existência dos accidentes não
dos accidentes não éé aa
existência da
existência da substância
substância na qual inhere.
na qual inhere. O accidente
O pode ser
accidente pode ser
produzido
produzido por por operação distinta àà da
operação distinta substância na
da substância na qual
qual inhere.
inhere.
Contudo,
Contudo, o o accidente
accidente éé ens
ens entis, porque diz
entis, porque diz uma relação trans­
uma relação trans-
cendental
cendental àà substância.
substância.

OS
OS MODOS
M O D O S DA
D A QUANTIDADE
Q U A N T ID A D E EE D
DAA Q
QUALIDADE
U A LID A D E
PARA
PA RA SUAREZ
SUAREZ

A quantidade
A quantidade coextende
coextende as as partes
partes dada substância,
substância, ee esta,
esta, enti-
enti-
tativamente, por
tativamente, por sisi mesma,
mesma, tem tem extendidas
extendidas as as suas
suas partes
partes mate-
mate­
riais.
riais. Portanto, aa quantidade
Portanto, quantidade éé coextensiva
coextensiva das partes da
das partes da subs-
subs­
tância.
tância. Masas quantidade,
M quantidade, para para Suarez,
Suarez, não
não éé aa extensão
extensão entitativa
entitativa
das partes
das partes dada substância
substância corpórea.
corpórea. Distingue
Distingue êle êle duas
duas classes
classes dede
extensão das
extensão partes da
das partes da substância material.
substância material. Uma, aa entitativa,
Uma, entitativa, éé
aa que
que radica, prôpriamente, na
radica, propriamente, substância corpórea
na substância corpórea e, e, por
por conse-
conse­
guinte, não
guinte, não éé efeito
efeito dada quantidade.
quantidade. A A outra
outra éé aa extensão
extensão local;
local;
ou seja,
ou seja, aa extensão
extensão das das partes
partes da
da substância
substância em ordem ao
em ordem ao lugar.
lugar.
Dêste
D êste modo, para Suarez,
modo, para Suarez, aa extensão situal provém
extensão situai radicalmente
provém radicalmente
da quantidade,
da quantidade, não, não, porém,
porém, aa entitativa.
entitativa.

Ora, para
Ora, para Suarez
Suarez cada
cada ser se distingue
ser se distingue de de outro
outro por sua
por sua
própria entidade.
própria entidade. Portanto,
Portanto, cada parte da
cada parte substância material
da substância material sese
distingue de
distingue de outra por sua
outra por própria entidade
sua própria entidade ee não pela quanticade
não pela quantidade
que seria
que seria uma
uma entidade alheia. Como
entidade alheia. Como se se poderia
poderia distinguir
distinguir uma
uma
quantidade de
quantidade de outra?
outra? U Uma matéria como
m a matéria como sese distinguiria
distinguiria de de ou-
ou­
tra pela
tra pela quantidade,
quantidade, se se aa quantidade
quantidade éé da da mesma espécie? Uma
mesma espécie? Uma
quantidade só
quantidade só pode distinguir-se de
pode distinguir-se de outra
outra pela
pela sua
sua entidade,
entidade, pois
pois
nos dois
nos extremos da
dois extremos da comparação
comparação só só entra
entra umum só só elemento,
elemento, aa
quantidade,
quantidade.


— 146 —
146 —
A matéria
A matéria não se distingue
não se distingue dada forma
forma pela
pela qualidade,
qualidade, masmas
por sua
por sua entidade;
entidade; consequentemente,
conseqüentemente, uma uma parte da matéria
parte da matéria pode
pode
distinguir-se entitativamente
distinguir-se entitativamente dede outra
outra por
por sisi mesma.
mesma. A A matéria,
matéria,
tomada em
tomada em si, como criatura,
si, como criatura, tem
tem aa sua
sua própria entidade, antes
própria entidade, de
antes de
receber aa quantidade.
receber Portanto, para
quantidade. Portanto, para Suarez,
Suarez, éé aa extensão
extensão queque
confere aa quantidade,
confere quantidade, aa extensão
extensão local
local ou
ou situal
situai em
em acto.
acto.
Distingue Suarez uma
Distingue Suarez uma tríplice
tríplice extensão:
extensão: 1)1) aa extensão
extensão enfi-
enfi-
tativa, que
tativa, que não
não sese prende
prende ao
ao efeito da quantidade,
efeito da quantidade, ee que pode
que poce
dar-se entre
dar-se entre as
as partes da substância
partes da substância ee da da qualidade,
qualidade, sem
sem neces-
neces­
sidade de
sidade de que
que intervenha
intervenha aa quantidade;
quantidade;
. 2)
2) aa extensão
extensão local
local quando verificada de
quando verificada facto, aa qual
de facto, qual pro­
pro-
vém ee éé posterior
vém posterior àà quantidade;
quantidade;
3) aa extensão
3) quantitativa, que
extensão quantitativa, que éé uma extensão local
uma extensão local apti-
apti-
tudinaí, ee nela
tudinaí, nela consiste
consiste oo efeito
efeito formal
formal da quantidade.
da quantidade.

SÍNTESE
SÍN DOO PENSAMENTO
T E SE D DE SU
PE N SA M EN TO DE SUAREZ
A R EZ

Pasa Suarez,
Paia Suarez, aa subsistência
subsistência distingue-se
distingue-se da substância com­
da substância com-
pleta, ee termina-a,
pleta, dá-lhe aa base
termina-a, dá-lhe base que
que aa integra
integra numa
numa totalidade
totalidade
completa.
completa.
Substâncias incompletas
Substâncias incompletas são
são as
as que
que são partes: aa matéria
são partes: matéria ee aa
forma.
forma.
A própria
A própria substância
substância completa
completa éé incompleta
incompleta em relação àà su-
em relação su-
positalidade, que
positalidade, que aa completa,
completa, pela
pela subsistência, porque só
subsistência, porque só quando
quando
subsistente atinge
subsistente atinge aa substância
substância aa sua
sua completação.
completação. Mas Mas aa subsis­
subsis-
tência não
tência não éé um
um accidente
accidente dada substância, mas um
substância, mas um elemento
elemento subs-
subs­
tancial que
tancial que aa completa.
completa. NãoNão éé aa substância
substância estática,
estática, mas
mas dinã-
dinâ­
mica, necessitando
mica, necessitando sempre
sempre dede alguma entidade que
alguma entidade que lhe
Ihe seja adi-
seja adi­
tada,
tada, ee não
não algo
algo inerte, morto,
inerte, morto.

A consistência
A consistência ontológica
ontológica da substância aponta
da substância aponta aa umum tipo
tipo dede
ser apto
ser apto para
para existir em si
existir em si ee não
não emem outro.
outro. BastaBasta uma pecsei-
uma persei­
dade aptitudinal ee exigitiva,
dade aptitudinal exigitiva, embora
embora não realizada em
não realizada em acto
acto para
para
termos aa substância.
termos substância. Quando realizada em
Quando realizada acto, ela
em acto, ela subsiste, tera
subsiste, tem
subsistência, tem
subsistência, tem um
um modo
modo de existir por
de existir por si,
si, ee sem
sem dependência
dependência de de
nenhum sustentante,
nenhum sustentante, contradistinto
contradistinto do do modo
modo de existir em
de existir em outro.
outro-

— 147
— 147 —

OO accidente inhere na
accidente inhere na substância.
substância. Essa inherência éé que
Essa inherência que dá

actualidade
actualidade ee determinação
determinação última de sua
última, de sua aptitudinal
aptitudinal inhesão.
inhesão.

Subsistir não
Subsistir não éé apenas
apenas existr, mas existir
existir, mas pcr si,
existir por ou seja,
si, ou seja,
existência ee perseidade.
existência perseidade. E, portanto,
É, uma perfectibilização
portanto, uma perfectibilização dada
existência, que
existência, que só
só assim
assim se
se completa.
completa.

Os accidentes,
Os accidentes, segundo
segundo aa classificação
classificação de Aristóteles, ou
de Aristóteles, ou são
são
apenas modos
apenas acidentais, apenas
modos accidentais, apenas dois
dois accidentes
accidentes absolutos
absolutos (quan-
(quan­
tidade ee qualidade),
tidade qualidade), ee os outros apenas
os outros apenas dede razão.
razão.

Os accidentes
Os accidentes modais integram-se também
modais integram-se também nana estructura dos
^structura dos
accidentes absolutos.
accidentes Assim aa união
absolutos. Assim união modal
modil das partes integran-
das partes integran­
tes
tes ee terminativas
terminativas da da quantidade,
quantidade, quando
quando determinada
determinada qualita-
qualita­
tivamente
tivamente pelapela figura,
figura, ccm
ccm aa ubiquação
ubiquação que
que determina presen-
determina presen­
cialmente
cialmente os os outros accidentes.
outros accidentes.

Os accidentes absolutos
Os accidentes absolutos têm uma entidade
têm uma entidade própria
própria ee inde­
inde-
pendente para Suarez,
pendente para Suarez, ee poderiam
poderiam ser
ser isolados
isolados da
da substância
sabstância por
por
um poder
um poder sobrenatural.
sobrenatural.
A inherência
A inherênciz dos
dos accidentes
accidentes éé uma
uma modal, que consiste
modal, que consiste na
na
intrínseca informação
intrínseca informação ee união,
união, de modo que
de modo qae oo accidente
accidente não
não éé
considerado àà parte
considerado parte da
da substância
substância em
em sua
sua entidade
entidade absoluta.
absoluta. Ape-
Ape­
nas modifica
nas modifica aa substância.
substância.

A capacidade
A inhesiva do
capacidade inhesiva do accidente
accidente éé da
da sua natureza ee aa
sua natureza
actualidade ee realidade
actualidade realidade dodo accidente
accidente está
está no
no exercício
exercício actual
actual dessa
dessa
capacidade.
capacidade.

Suarez examina
Suarez examina no no accidente duas coisas:
accidente duas coisas: a)
a) aa própria
própria enti-
enti­
dade do
dade do accidente;
accidente; ou
ou seja,
seja, aa sua
sua consistência
consistência ontológica
ontológica em em sisi
mesma considerada; b)
mesma considerada; b) oo accidente,
accidente, por sua própria
por sua própria natureza,
natureza,
tem
tem aa função
função dede zfectar
afectar aa substância,
substâncii, função
função quer
quer aptitudinal
aptitudinal ou ou
afectiva,
afectiva, ee quando
quando actualizada
actualizada éé oo accidente
accidente 2m :m sua realidade.
sua realidade.

a * »

Em têrmos
Em têrmos de
de filosofia
filosofia concreta,
concreta, ee seguindo
seguindo aa sua
sua metodolo-
metodolo-
logia dialéctica, podemos
logia dialéctica, podemos estabelecer
estabelecer os
os seguintes
seguintes postulados:
postulados:

— 148
— 148 —

Tedo
Todo serser ab alio éé um
ab alio am ser
ser dependente (pende
dependente (pende de outro).
de outro).
Ora, dependência éé uma
Ora, dependência uma modal
modal co dependente, não
do dependente, não do
do serser do
do
qual depende.
qual depende. AA dependência
dependência real, como
real, como vimos,
vimos, éé aa causação,
causação,
pois
pois oo efeito
efeito depende
depende realmente
realmente de
d: suas causas.
suas causas.

AA tudo
tudo quinto
quinto não podemos predicar
não podemos predicar oo nada
nada absoluto
absoluto éé
entitas, portanto,
entitas; portanto, alguma coisa tem
alguma coisa ser, pois
tem ser, não podemos
pois não podemos aa tudo
tudo
predicar
predicar oo nada
nada absoluto.
absoluto. Ademais, ao
Ademais, que se
ao que se pode
pode predicar
predicar
“um predicado positivo
um predicado positivo é,é, portanto,
portanto, dede algum
algum modo,
modo, ser.
ser.

Ser éé aa afirmação
Ser afirmação de
de alguma
alguma caisa,
coisa, de
de uma positividade, oo té-
uma positividade, té-
tico, o ifirmar-se
tico, o afirmar-se como
como entitas.
entitas. AA afirmação
afirmação éé umum perdurar
perdurar dada
positivicade em
positivicade em sisi mesma,
mesma, pois
pois negação
negação seria
seria o
o perdurar
perdurar dada re­
re-
cusa da
cusa da positividade.
positividade.

Existir éé estar
Existir estar nono exercicio
exercício actual
actual de seu ser;
de seu ser; fora de suas
fora de suas
causas extrínsecas
causas extrínsecas (factores
(factores predisponentes)
predisponentes) (1).
(1 ).

Consegientemente, uma
Conseqüentemente, uma entitas
entitas pode:
pode:

a) apenas ser
a) apenas (sem aptidão
ser (sem aptidão para
para dar-se fora de
dar-se fora de sua cau-
sua cau­
sa extricseca
sa extrínseca (2(2)) ou
ou
b)
b) apenas ser
apenas ser (em
(em estado
estado aptitudinal para existir),
aptitudinal para existir), ou
ou
c)
c) no pleno
no pleno exercício
exercício actual
actual de ser, existindo.
de ser, existindo.

Um sendo não
UYn sendo não éé ainda
ainda um
um existindo,
existindo, senão
senão quando
quando seu
seu ser
ser
se exerce
se exerce actualmente.
actualmente.

Mas existir, sendo


Mas existir, sendo oo exercício
exercício do
do ser,
ser, pode
pode dar-se
dar-se

a)
a) em
em outro,
outro, ou
ou
b)
b) em si
em si mesmo.
mesmo.

(1) Em
(1) Em linguagem aristotélica, um
linguagem aristotélica, um ente
ente existe
existe quando
quando sese dá fora
dá fora
da sua causa
da sua causa eficiente,
eficiente, que
que Ihe
lhe éé extrínseca,
extrínseca, ee existe
existe em
em sua
sua causa
causa
material ee formal.
material formal. A causa fina)
A causa final intrinseca
intrínseca decorre
decorre da forma, mas
da forma, mas aa
extrínseca,
extrinseca, dada intencionalidade
intencionalidade do do agente.
agente.

(2)
(2) Sôbre
Sôbre aa possibilidade
possibilidade de
de um ser que
urn ser que nunca
nunca pode
pode existir,
existir,
discutiremos nos
discutireros volumes sucessivos
nos volumes sucessivos desta
desta obra de Matese.
obra de Matese.


— 149
149 —

A disjunção
A disjunção éé rigorosa.
rigorosa. Existir
Existir em outro éé estar
em outro no exera-
estar no exercí­
cio de seu
cio de seu ser, ma; sustentado
ser, mas sustentado emem outro.
outro. Assim,
Assim, oo azul dêste
azul dêste
céu existe, mas
céu existe, mas existe
existe na atmosfera.
na atmosfera.
Ora,
Ora, àa criatura
criatura não
não éé um
um accidente
accidente do do Ser
Ser Supremo.
Supremo. Con-
Con­
sequentemente,
seqüentemente, oo existir
existir da
da criatura
criatura emem sisi mesma
mesma se se dá
dá quande
quando aa
sua estructura ontológica
sua estructura ontológica ee aa fáctica
fáctica se
se dão
dão no no exercício de seu
exercício de seu
ser,
ser, dentro dos limites
dentro dos limites déstes,
destes, <e enquanto tal. separadas
enquanto tal. separadas das ou-
das ou­
tras estructuras.
tras estructuras.
Ora,
Ora, nono ser não há
ser não há rupturas
rupturas absolutas,
absolutas, já já demonstramos.
demonstramos.
Consegiientemente, êsse
Conseqüentemente, êsse dar-se
dar-se em em seu seu exercício
exercício de ser, separa­
de ser, separa-
damente, não
damente, não implica
implica um um diástema
diástema abissal, mas apenas
abissal, mas apenas que que aa e>-
es-
tructura ontológica
tructura ortológica ee ôntica
ôntica do do ser
ser sese dá compreendida nos
dá comoreendids. nos limi-
limi­
tes que
tes acuela estabelece.
que acuela estabelece. Esta Esta separação
separação permite
permite uma ubiqua-
uma ubiqua-
ção vária.
ção vária. Quando
Quando um um ser,
ser, nono exercício
exercício de seu ser,
de seu ser, ubiqúa-se
ubigua-se
necessáriamente em
necessariamente outro, ee não
em outro, não tem
tem aptidão
aptidão própria
própria para para exis­
exis:
tir em
tir em si; ou seja,
si; ou seja, quando
quando sua natureza não
sua natureza não éé aptitudinalmente
aptitudinalmente
tendente aa existir
tendente independentemente de
existir independentemente de suas
suas causas finitas, êste
causas finitas, êste
ser se
ser se diz
diz que
que éé algo
algo que
que acontece
acontece ao 20 outro que lhe
outro que Ihe serve
serve de su-
de su­
porte, mas
porte, m as no qual inhere
no qual inhere de de modo
modo completo.
completo. T Talal ser
ser não
não temtem
natureza capaz
natureza capaz de de permitir
permitir que,que, por meios finitos,
por meios pessa existir
finitos, possa existir
em
em si.
si.

Noo entanto,
N entanto, ta:
tal ser existe sem
ser exis:e sem ter
ter uma
uma existência
existência independen-
independen-
tizada de
tizada de suas
suas causas finitas. Tem
causas finitas. Tem umauma estructura
estructura ontológica
ontológica ee
ôntica, não
ôntica, não tem,
tem, porém,
porém, aa aptidão
aptidão de
de existir
existir per
pcr si.
si. .
Substência é,é, então,
Substância então, oo ser,
ser, potencial
potencial ou actual, aptitudinal-
ou actual, aptitudinal­
mente tendente aa existir
mente tendente existir por
por si.
si.
Accidente éé oo ser,
Accidente ser, potencial
potencial ou actual, que
ou actual, que não
não tem
tem aptidão
aptidão
natural
natural aa existir per si.
existir per si.
Portanto, aa actualidade
Portanto, actualidade da
da perseidade
perseidade não
não éé essencial
essencial ià subs-
subs­
tância.
tância. O O que
que éé essencial
essencial aa ela
ela éé aptidão
aptidão para existir por
para existir por sisi ee
em si. Actualizada
em si. Actualizada essa
essa aptidão,
aptidão, temos
temos aa substância
substância completa.
completa.
O accidente
O accidente éé algo
algo que
que existe,
existe, que
que se
se inhere
inhere nana substância.
substância.
Mas
Mas essaessa inherência
inherência permite
permite distinções.
distinções. Há,Há, assim:
assim:
a)
a) inherência absoluta,
inherência como como
absoluta, a das a modais, cuja cuja
das modais, estructura
estructura
ontológica ee Ôntica
ontológica ôntica éé absolutamente
absolutamente dependente
dependente da da substância;
substância;

—— 150
150 —

a)
a) a inherência não absoluta
a inherência dos accidentes
não absoluta absolutos,
dos accidentes que que
absolutos,
não são
não cntolôgicamente dependentes
são cntològicamente dependentes de
de uma
uma substância,
substância, de
de modo
modo
não absoluto,
não absoluto, não,
não, porém,
porém, ônticamente.
ônticamente.

Assim,
Assim, oo movimento
movimento dêste dêste pássaro
pássaro (seu vôo) éé absoluta-
(seu vôo) absoluta­
mente dependente
mente dependente déle;
dêle; éé uma
uma modal
modal do pissaro.
do pássaro. A estructura
A estructura
ontológica ee Ôntica
ontológica do vôo
ôntica do dêste pássaro
vôo dêste pássaro éé dependente
dependente absoluta­
absoluta-
mente do
mente pássaro. pois
do pássaro, pois sese separado
separado dêle
déle não
não seria o vôo
seria o vôo dêste
dêste
pássaro.
pássaro. A quantidade
A quantidade dêste
dêste ser,
ser, porém,
porém, éé ontológicamente
ontolôgicamente aa
quantidade dêste
quantidade dêste ser
ser substancial, mas sua
substancial, mas sua estructura
estructura ontológica
ontológica éé
dependente dêle
dependente dêle não
não dede modo
modo absoluto
absoluto ee ônticamente
ônticamente também.
também.

Se
Se éé comum
comum aa todostodos accidentes
accidentes oo znesse,
inesse, nos
nos accidentes
accidentes ab-ab­
solutos, êsse
solutos, êsse inesse
nesse não não éé absolutamente
absolutamente dependente,
dependente, porque
porque se se
naturalmente,
naturalmente, por por edução
edução da própria natureza,
da própria natureza, nãonão pode
pode exer-
exer-
cer-se
cer-se oo seu ser, independentemente
seu ser, independentemente de de suas
suas causas,
causas, nada
nada repugna,
repugna,
ontolôgicamente,
ontológicamente, que pudesse existir
que pudesse separado de
existir separado de sua
sua substâccia,
substâccia,
mas sustentando
mas sustentando por por outra
outra substância, ou por
substância, ou por outro ser.
outro ser. Como
Como
essa separação
essa separação não poderia dar-se
não poderia dar-se naturalmente,
naturalmente, pergunta-se
pergunta-se se se po­
po-
deria dar-se
deria dar-se supeinaturalmente.
supernaturalmente.

Ora, nada
Ora, nada repugna
repugna que
que tal
tal se
se desse,
desse, pelas
pelas razões já aponta-
razões já aponta­
das, inclusive as
das, inclusive as oferecidas
oferecidas pelos
pelos escolásticos,
escolásticos, no lugar onde
no lugar onde exa-
exa­
minamos
minamos aa demonstração
demonstração queque fazem
fazem dada sua
sua tese.
tese.

Dar-se-ia um
Dar-se-ia um absurdo,
absurdo, portanto
portanto umauma repugnância ontoló-
repugnância ontoló­
gica,
gica, sese afirmássemos
afirmássemos que que os
os accidentes
accidentes absolutos
absolutos poderiam dar-se
poderiam dar-se
no pleno
no pleno exercício
exercício de de seu
seu ser por sisi mesmos,
ser por mesmos, ee em em sisi mesmos.
mesmos.
Haveria repugnância,
Haveria repugnârcia, porque
porque haveria
haveria contradíctio
contradictio in in adjectis,
adjectis, pois
pois
ao definirmos
ao definirmos oo accidente
accidente afirmamos
afirmamos aa sua sua impossibilidade
impossibilidade de de
ser por
ser por sisi ee em
em si,
si, ou
ou seja, negarros-lhe aa perseitas
seja, negarr.os-lhe perseitas ee aa inseitas.
inseitas.
Posteriormente, afirmaríamos
Posteriormente, afirmaríamos que que essa
essa sese poderia
poderia dar.
dar. No
N o en­en-
tanto, aámitir-se
tanto, admitir-se queque essa poder-se-ia dar
essa poder-se-ia dar sustentada
sustentada por por outro
outro serser
no exercício
no exercício dede seu ser, aa contradição
seu ser, contradição desaparece,
desaparece, porque
porque conser-
conser­
vamos aa estructura
vamos essencial do
estructura essencial do accdente.
acc:dente.

Já quanto
Já quanto àà modal
modal nãonão poderia
poderia acontecer tal coisa,
acontecer tal coisa, pois
pois oo
accidente éé modal
accidente modal quando
quando suasua inherência
inherência éé absoluta,
absoluta, ee sua
sua de-
de­
pendência também
pendência também oo é,
é, pcis
pois éé um
um modo
modo substancial ou um
substancial ou um modo
modo

— 151—
— 151 —
accidental.
accidental. Sua estructura ontológica,
Sua estructura sua estructura
ontológica, sua estructura onticj
ontic: éc
contida ee compreendida
contida compreendida na na aptidão da substância
aptidão da em ser
substância em ser diními-
dinami­
camente
camente oo queque aa modal
modal é.é. Nem
Nem supernaturalmente esta pocbria
supernaturalmente esta pod:ria
dar-se separada
dar-se separada da da substância,
substância, porque haveria contradictio
porque haveria contradictio in in ad-
ad-
fectis, o
jectis, o que repugnaria ontològicamente.
que repugnaria ontolôgicamente.

A conclusão
A final, aa que
conclusão final, pode alcançar
que pode alcançar aa filosofia
filosofia concrta,
concnta,
quanto àà distinção
quanto real maior
distinção real maior do accidente ee da
do accidente da substância
substância só po-
só po­
de ser
de ser aa seguinte:
seguinte: nãonão repugna
repugna cntològicamente
cntolôgicamente tal tal distinção;
distingo;
contudo, não
contudo, não se pode ainda
se pode afirmar, dentro
ainda afirmar, dos âmbitos
dentro dos traçalos
âmbitos traçaios
pela filosofia
pela concreta que
filosofia concreta que tal realmente se
tal realmente dê.
se dê.

AA essa
essa mesma
mesma conclusão
conclusão alcançam alguns autores
alcançam alguns escolástios.
autores escolástios.
Dêste modo,
Dêste modo, aa eucaristia
eucaristia não
não encerra
encerra repagnância
repagnância ontológca.
ontológca.
Contudo, filosoficamente,
Contudo, filosôficamente, nãonão se
se pode
pode afirmar que ela
afirmar que ela realmente
realmeite
se dá,
se dá, mas
mas apenas
apenas que ela poderia
que ela poderia dar-se,
dar-se, pois
pois não repugna onro-
não repugna oro-
lôgicamente.
lògicamente.

Teses demonstradas:
Teses demonstradas:

** Substância
Substância éé oo ser,
ser, potencial
potencial ouou actral,
actual, aplitudinalmeste
aptitudinalmeüe
tendente aa existir
tendente existir por
por sisi (( pesseitas)
pe.seilas) ee em si (inseitas).
em si (taseitas).
.
?* Accidente
Accidente éé oo ser,
ser, cujo
cujo existir
existir se
se dá
dà em outro, do
em outro, do qua!
qtal
depende para
depende para ser,
ser, como
como emem sujeito de inhesão.
sujeito de inhesão.

** AA distinção entre eccidentes


distinção entre modais, absolutos
accidentes modais, absolutos ee de
de :a-
a
zão,
záo. êé realmente
realmente bem
bem fundada.
fundada.

“*u Repugna
Repugna ontològicamente
ontolôgicamente aa distinção
distinção real-física
real-jísica entre os
entre 3S
accidentes modais
accidentes modais ee aa substância.
substância.

*» Não
Não repugna
repugna ontològicamente
oniolôgicamente aa distinção
distinção real-física
real-física et-
eu-
tre os
tre os accidentes
accidentes absolutos
absolutos ee aa substância.
substância.

*0 Os
Os accidentes
accidentes absolutos
absolutos só supernaturalmente poder-s-
só supernaturalmente poder-si-
«tam dar separadamente
-iam dar separadamente dada substância.
substância.

** Os
Os accidentes
acidentes modeis nem supernaJaralmenle
modais nem supernatrralmente poderian
poderian
dar-se separados
dar-se da substância.
separados da substancia.

— 152
— 152——
A PROBLEMÁTICA
A PROBLEMÁTICA DDOO ACTO
ACTO EE D
DAA POTÊNCIA
POTÊNCIA EMEM
ESQUEMAS DA FILOSOFIA
ESQUEMAS DA POSITIVA CLÁSSICA
FILOSOFIA POSITIVA CLÁSSICA

ALGUMAS NOÇÕES
ALGUMAS NOÇÕES DIALÉCTICAS FUNDAMENTAIS
DIALÉCTICAS FUNDAM3NTAIS

Revela-nos aa experiência
Revela-nos experiência que as coisas,
que as coisas, que
que conhecemos
conhecemos sen-
sen­
sivelmente não são
sivelmente não são tudo
tudo quanto podem ser,
quanto podem pois mutacionam-se
ser, pois mutacionam-se
constantemente, sofrem
constantemente, sofrem modificações. Embora em
modificações. Embora em acto,
acto, no
no pleno
pleno
exercício de seu
exercício de ser, não
seu ser, não são tudo quanto
são tudo podem ser,
quanto podem ser, pois, cons-
pois, cons­
tantemente,
tantemente, sofrem tais mutações.
sofrem tais mutações.

Não era,
Não era, partanto,
portanto, de admirar que
de admirar que em face da
em face da própria
própria expe-
expe­
riência, pudesse
riência, pudesse oo homem distinguir oo ser,
homem distinguir quando em
ser, quando seu exer­
em seu exer-
cício
cício dede ser
ser (em acto) ee quando
{em acto) quando em suas possibilidades
em suas possibilidades (em
(em
potência
potência).).
Daí
Daí aa divisão
divisão dos
dos conceitos
conceitos acto
acto ee potência, que constituem
potência, que constituem
cutra cias
outra cas famosas
famosas polaridades
polaridades dcde pensamento
pensamento aristotélico.
aristotélico.
,
Comumente, potência
Comumente, potência éé concebida
concebida como
como aa capacidade
capacidade dede
rroduz.r alguma coisa;
produzir alguma potente éé oo ser
coisa; potente que éé capaz
ser que capaz de procuzir
de procuzir
alguma coisa.
alguma coisa.
Na Filosofia,
Na porém, o
Filosofia, porém, o têrmo
têrmo tomou
tomoa significado
significado dúrlice,
dúplice,
segundo
segundo aa sua sua qualificação.
qualificação. Assim se
Assim fala em
se fala em potência
potência activa
activa
como
como aa aptidão
aptidão para realizar alguma
para realizar alguma coisa
coisa (positivamente,
(positivamente, portanto
portanto
capacidade
capacidade de de determinar;
determinai; ee potência
potência passiva,
passiva, aa aptidão
aptidão ou capaci-
ou capaci­
dade de
dade de um
um serser em
em sofrer
sofrer ou
ou dede receber
receber determinações.
determinações.
Em lato
En lato senso
senso significa, pois, aa possibilidade
significa, pois, possibilidade intrínseca
intrínseca dodo
ser cuja
ser possibilidade pode
cuja possibilidade pode ser
ser activa
activa ou passiva. Neste
ou passiva. Neste sentido,
sentido,
o têrmo
o têrmo éé tomado
tomado tanto
tanto nana Lógici
Lógica como
como na na Metafísica (sentido
Metafísica (sentido
lógico ou
lógico ou metafísico).
metafísico).

— 153
— 153——
OO ente.
ente, que tem tais
que tem tais posiibilidades,
posdbilidades, éé um
um ente
ente posencial.
potencial.

O conceito
O conceito de potência mplica,
de potência mplica, ois, algo que
dois, algo que não
não existe
existe
scinda
ioda emem certa ordem de
certa ordem de ser ou seja,
sei; ou seja, não
não se
se dá ainda actual-
dá ainda actual­
mente,
mente, masmas que tem aptidão
que tem aptidão para
para existencializar-se
exlstencialtzir-se em determi-
em determi­
nada ordem
nada ordem dede ser.
ser.

Chamam os
Chamam os escolásticos
escolásticos ce ce potência objecisa aa potência
potência objectiva potência emem
lato senso,
lato senso, ee potência subjectiva, aa que
potência subjectha, que está no ente.
está no ente. Assim, tal
Assim, tal
qistinção surge
distinção surge do do exame
exame dasdas :eguintes
;eguintes ncções:
ncções: umum ser que venha
ser que venha
aa realizar algo, que
realizar algo, que ainda
ainda nãonão éé actualmente,
actualmente, só só poderia realizá-lo
poderia realizá-lo
porque tem
porque tem aptidão
aptidão para tal. A
para tal. A potência,
potência, nêle,
néle, de
de poder
poder realizar,
realizar,
éé uma
uma potência
potência do do sujeito, s:bjectiva portanto,
sujeito, subjectiva portanto, enquanto
enquanto oo que que
pode ser
pode realizado éé oo que
ser realizado que síse objectiva.
objectiva. A A potência
potência subjectiva,
subjectiva,
quando
quando éé aa potência
potência capaz
capaz de receber algum
de receber algum acto,
acto, com
com oo qual
quai
torma
íorma um um ente,
ente, ouou por união substancial,
por união ou por
substancial, ou poi união accidental,
união accidental.
éé aa potência
potência subjectiva passiva
subjectiva, passiva

A virtude
A de fazer
virtude de fazer algum:
algumi coisa
coisa éé íà potência
potência subjectiva
subjectiva activa.
activa.

AA forma
forma de alguma coisi
de alguma cois: éé oo acto
acto que
que completa
completa aa potência
potência
subjectiva passiva
subjectiva passiva dc mesmo (a
do mesmo (a mmatésia).
atéiia).

A potência
A potência activa
activa éé radial
radicil ee constitui
constitui ela
ela oo fundamento
fundamento re-
re­
moto, ou aà última
moto, ou origem de
última origem de ilguma coisa,
ilguma coisa.

A ulterior
A carência de
ulterior carência de perfeição
»erfeição de de ums.
um: coisa
coisa chama-se
chama-se
limite ((1).
limite Indica oo limite
1). Indica limite ité
até onde
onde aa coisa
coisa éé oo que
que ela
ela é,é, ee
onde começi
onde começa oo queque ela
ela não & Todo
não é. Todo ser depzndente, finito,
ser dependente, finito, éé
vm
vm ser limitado, porque
ser limitado, porque nãonão éé tudo
tudo quanto
quanto oo ser
ser pode
pode ser,
ser, pois
pois
éé um
um composto
composto do que é,é, ee do
do que do limite
limite que
que aponta
aponta oo que não é,
que não é,
como demonstramos
como demonstramos na na parte
parte sintética
sintética
OO limice
limite pode
pode manifestai-se
manifestarse pela carência de
pela carência de alguma forma,
alguma forma,
pelo que
pelo que aa coisa
coisa pode receber, pela
pode receber, pela carência
carência de
de uma
uma ulterior
ulterior capa-
capa­
cidade para mais
cidade para mais dodo que
que aa forma
forma recebida.
receDida.

Não
N se pode
ão se pode definir
definir um tirmo, cujo
um tlrmo, cujo conteúdo
conteúdo éé simplicíssimo,
simp.icíssimo,
como
como oo éé oò de
de acto.
acto. Contude, pode-se enuncia:
Contudc, pode-se alguns conceitos
enunciar alguns conceitos
que
que oo expressem.
expressem. Diziam
Diziam os
os escolásticos
escolásticos que
que "actus
“cctus est ulud quo
est dlud qno
res qnaecttmqne
res quaecumqne in in aliqito
aliquo graüi
gratu perfectionis
perfeciionis conslituitjir
consiituitur 'acto
(acto éé oO

—— 154
154 —

que pelo qual
que pelo alguma coisa
qual alguma coisa éé constituída
constituída em em algum
algum grau
grau dede per-
per­
feição).). Nesse
feição Nesse enunciado inclui-se até
enunciado inclui-se até oo acto
acto puro
puro do
do Ser
Ser Supremo,
Supremo,
porque
porque áé pelo
pelo seu
seu acto que éé êle
acto que êle constituído
constituído em em seu grau de
seu grau de Der-
per­
feição, que éé oo máximo
feição, que máximo graugrau de de >erfeição
perfeição de de ser,
ser, pois
pois éé oo ser
ser.
que
que éé puramente
puramente ser,ser, sem
sem mescla
mescla de de não
não ser.
ser. São
São os têrmos aqui
os têrmos aqui
analôgicamente,
analògicamente, ee também
também oo são são emem grande
grande parte
parte Osos seus
seus conteú-
conteú­
dos conceituais.
dos conceituais.

Opõe-se,
Opôe-se, assim,
assim, acto
acto aa potência,
potência, ee quando
quando oo acto
acto completa
completa
aa potência,
potência, como
como sese vê nos entes
vê nos criados, acto
entes criados, acto pode
pode ser enunciado
ser enunci&do
como “guaecumqne realitas
como "qitaecumque reditos vel perfectio complens
vel perfectio complens alterius
alterius capa-
capa-
citatem
citatem (qualquer
(qualquer realidade
realidade ou perfeição, que
ou perfeição, que completa
completa aa capa-
capa-
cidade
cidade dede outro ser).
outro ser).
O acto
O acto éé correlativo
correlativo àà potência
potência ee éé aa perfeição
perfeição desta.
desta.
O acto,
O acto, que
que corresponde
corresponde àà potência lógica ou
potência lógica ou objectiva; ou
objectiva; ou
seja,
jeja, dodo ser puramente possível,
ser puramente possível, éé aa existência,
existência, ee éé chamado
chamado
acto enlitativo
acto enlitativo ee acto metafísico. Quando
acto mettfísico. Quando corresponde
corresponde àà potércia
potér.cia
real ou
real ou subjectiva,
subjectiva, chama-se acto físico.
chama-se acto físico. Se
Se correspende
corresponde àà potên-
potên­
cia activa,
cia activa, chama-se
chama-se operação
operação ((operatio)
operatio) ee acto
acto segundo.
segundo. Se Se
corresponde àà potência
corresponde passiva, chama-se
potência passiva, fora.
chama-se forma.
AA forma
forma podepode ser inbsistente sese pode
ser subsistente existir separada
pode existir separada dada
potência passiva.
potência passiva. Do contrário,
Do contrário, éé chamada
chamada forma
forma níonão subsistente,
subsistente.
O acto
O acto físico
físico distingue-se
distingue-se real-realmente
real-realmente dada potência,
potência, enquan-
enquan­
toto Oo acto metafísico distingue-se
acto metafísico por distinção
distingue-se por distinção dede razão.
razão.
É necessário
É necessário oo que
que nío
não pode
pode não ser (ne
não ser (ne cedo, o não
cedo, o não cedível).
cedível).
OO que
que éé necessário
necessário pode
pode ser
ser absoluto, quando totalmente
absoluto, quando repugna
totalmente repugna
aa sua
sua não
não existência, cono oo Ser
existência, cono Supremo; hipotético,
Ser Supremo; hipotético, quando
quando
totalmente não
totalmente não repugna não existir,
repugna não existir, mas
mas repugna
repugna nãonão existir.
existir.
Assim pode
Assim uma causa
pode urr.a causa não
não existir,
existir, mas
mas repugna não existir
repugna não existir se
se
existe o
existe o efeito.
efeito.

(1) Assim
(1) Assim oo Ser
Ser Supremo,
Supremo, que
que éé puramente ser ee apenas
puramente ser ser,
apenas ser,
sem ulterior carência
sem ulterior de perfeição
carência de perfeição que
que oo limite seria nada
Lmite seria nada ee não
não
ser; logo,
ser; não tem
logo, não limites, pois
tem limites, pois não carece de
não carece ser.
de ser. Se
Se não
não éé oo que
que
éé isto
isto ou aquilo, lembramos
ou aquilo, lembramos que que isto
isto ou
ou aquilo
aquilo são
são entes
entes carentes
carentes de
de
alguma perfeição,
alguma perfeição, híbridos
híbridos de ser ee não
de ser ser. Não
não ser. ser, portanto,
Não ser, portanto, tais
tais
entes, prova
entes, prova aa suasua infinitide.
infinit.ide.

— 155
— 155 —

Problemática
P
’ roblemática
Problemas que surgem:
Problemas que surgem:
11)) Natureza
Natureza dodo acto
acto ee da potência.
da potência.
2)
2) Se são distintos.
Se são distintos. Se Se oo são.
são, qual
qual aa distinção
distinção entre
entre ambos.
ambos.
3)
3) Qual
Qual aà interactuação
interactuação entre
entre ambos,
ambos, como
como aa limiração do
limiraçãn do
acto pela
acto pela potência
potência ouou dada limitação
limitação da potência pelo
da potência pelo acto.
acto.
44)) Multiplicação do
Multiplicação do acto.
acto.
55)) Unidade
Unidade do do acto
acto ee da potência.
d a potência.
66)) O trânsito
O trânsito da
d a potência para oo acto.
potência para acro.

PROBLEMÁTICA
PR O BLEM Á TICA DDAA
LIMITAÇÃO
LIM ITA ÇÃ O DO
DO AACTO
C T O PELA
PE LA POPOTÊNCIA
TÊNCIA

Vimos
Vimos que
que limite
limite éé aa carência
carência ce
ce ulterior
ulterio: perfeição,
perfeição, ee que
que oo
limite, indica até
2imite, indica até onde
onde oo ser
ser éé oo que êle é,
que êle é, ee onde
onde começa
começa oo que
que
le
fie não é. O
não é. O limite
limite aponta
aponta sempre
sempre o o não-ser,-inseparável.
não-ser, inseparável. Con-Con­
sequentemente, quando
seqüentemente, se fala
quando se em limite
fala em limite de alguma coisa,
de alguma afirma-
coisa, afirma-
se haver
,-se algo que
haver algo não éé oo primeiro,
que não primeiro, dede cuja
cuja perfeição
perfeição carece
carece oo
primeiro.
primeiro.

Considerando-se, assim,
Considerando-se, assim, pode-se
pode-se tomar
tomar oo limite sob vários
limite sob vários
aspectos:
aspectos:
1)
1 ) EmEm lato
lo senso,
senso, como
como carência
carência de uma ulterior
de uma. perfeição
ulterior perfeição
(positiva, portanto).
(positiva, portanto). Carência de nada
Carência de nada não
não éé carência Perfei-
carência. Perfei­
ção implica
ção implica positividade,
positividade, porque umz ausência
porque uma ausência não
não éé perfeição,
perfeição,
como mostramos
como mostramos na parte sntética.
na parte Consegiientemente, damos
sintética. Conseqüentemente, damos
aqui oo sentido
aqui lato do
sentido lato têrmo limite.
do têrmo Ihnile.
O Ser
O Ser Supremo
Supremo não tem iimites,
aão tem porque não
limites, porque não carece de nenhu-
carece de nenhu­
ma ulterior
ma perfeição, ppois
ulterior perfeição, ois sendo êle ser
sendo êle ser ee apeoas
apenas ser,
ser, sem com-
sem com­
pesição de nenhuma
posição de negatividade, afirma-se
nenhuma negatividade, afirma-se que
que nenhum
nenhum ser,ser, que
que
éé puramente
puramente ser,
ser, está
está fora déle. Todo
fora déle. Todo ser limitado éé composto
ser limitado composto
do ser
do ser deficiente
deficiente queque é,é, que
que já
já éé mescla
mescla, de ser (da
de ser (da perfeição
perfeição queque
possui)
possui) ee dede não
não serser (pois
(pois aa perfeição
perfeição que possui ée gradativa,
que possui gradativa,
de um
de um certo
certo grau)
grau) ee do do limite,
limite, que
que aponta
avonta aà perfeição ulterior,
perfeição ulterior,
cue não éé nem
que não nem possui.
possui.
2)
2) Em sentido
Em sentido restricto
restricto ((strictu sensu) temos:
strictu sensu) temos: aa)) algo
algo


— 156
156 —

pode carecer
pode carecer de
de alguma
aiguma perfeição,
perfeição, que não pertence
que não pertence àà própria
própria
entidade,
entidade, mas
mas que está naturalmente
que está naturalmente ordenada
ordenada aa ela;
ela; assim,
assim, oo ser
ser
um prestidigitador no
um prestidigitador no sentido
sentido técnico por parte
técnico por parte de
de umum homem.
homem.
33)) O ter Oalguma capacidade,
ter alguma aptidãoaptidão
capacidade, e perfeição, mas até
e perfeição, mas até
certo grau; assim
certo grau; assim aa fôra
fôrça física,
física, aa capacidade
capacidade de de erguer
erguer pesos
pesos por
por
um
um homem
homem até até um certo grau;
um certo grau; tantos
tantos quilos.
quilos.
A primeira
A primeira dessas carências éé chamada
dessas carências chamada de de limitação qualitativa
limitação qualitativa
ou
ou intensiva,
intensiva, pois
pois consiste na carência
consiste na carência dada perfeição,
perfeição, segundo
segundo tôdatôda
aa sua
suz razão
razão o1 forma. A
ou forma. A outra
outri éé chamada
chamada de limitação quanti­
de limitação quanti-
tativa ou extensiva,
tativa ou porque não
extensiva, porque consiste na
não consiste carência, segundo
na carência, segundo tôdatôda
aa razão
razão da perfeição, mas
da perfeição, mas segundo
segundo muitos graus dessa
muitos graus dessa perfeição.
perfeição.
Podemos ainda
Podemos ainda considerar
considerar oo limite
limite de
de alguma
alguma coisa
coisa em
em sua
sua intrin-
intrin-.
secidade
secidade ee emem sua
sua extrinsecidade.
extrmsecidade.
O limite
O limite intrínseco
intrínseco éé oo verificado
verificado na perfeição (que
na perfeição (que éé gra-
gra­
dativa),
dativa), queque aa coisa é; oo extrínseco
coisa é; extrínseco éé o o que
que Ihe
lhe apõem
apõem as coisas,
as coisas,
outras que ela;
outras que ela; ou
ou oo que
que aa coisa
coisa não
não é.é. Todo
Todo limite, de qualquer
limite, de qualquer
forms,
forma, aponta
aponta aa uma intrinsecidade ee aa 'ima
uma intrinsecidade uma extrinsecidade,
extrinsecidade, pois
pois
&o limite
limite aponta
aponta oo queque aa coisa
coisa éé até onde ela
até onde ela é,é, ee onde
onde começa
começa
aa ser
ser oo que
que ela
ela não
não é.é Como
Como tôdatôda coisa
coisa limitada
limitada éé intrinseca-
intrinseca­
roente limitada em
mente limitada em sua
sua perfeição
perfeição de de ser,
ser, oo próprio
próprio limite intrin-
limite intrín­
seco
seco jájá afirma
afirma oo grau
grau de perfeição, que
de perfeição, que lhe
Ihe éé extrínseco.
extrinseco.
Convém
Convém considerar
considerar queque as as perfeições
perfeições podem podem ser tomadas
ser tomadas
in indivisibile ee in
in indivisibile in divisibile.
divisibile. As segundas são
As segundas escalares, ee as
são escalares, as
primeiras
primeiras não.não. AsAs segundas estão sujeitas
segundas estão sujeitas aa maismais ee aa menos,
menos,
enquanto
enquanto as as primeiras
primeiras ouou são,
são, ouou nãonão são.são. As perfeições
As perfeições subs­
subs-
tâncias (gênero ee espécie)
tanciais (gênero espécie) sãosão mm indivisibile,
indivisibile, pois pois umum ser
ser ouou éé
homem
homem ou ou não
não éé homem,
homem, éé animal
animal ou ou rãor.ão éé animal.
animal. Assim aa
Assim
sapiência,
sapiência, tomada
tomada especificamente,
especificamente, ou ou melkor, formalmente, éé ape-
melhor, formalmente, ape­
nas sapiência ee nada
nas sapiência nada rrais
rr.ais que tal.
que tal. Contudo, aa homem,
Contudo, homem, como como
hábito.
hábito, como
como accidente,
accidente, está sujeita aa mais
está sujeita mais ou ou aa menos,
menos, comocomo éé
próprio
próprio das qualidades ee dos
das qualidades dos medos
medos qualitativos.
qualitativos.
Ora, aa perfeição
Ora, perfeição éé qualquer
qualquer realidade
realidade ou ou entidade
entidade real,
real, que
que
está em alguma
está em alguma coisa
coisa (qualquer).
(qualquer). AA perfeição
perfzição éé sempre positiva.
sempre positiva.
AA ausência
ausência por
por si
si mesma
mesma jamais
jamais éé uma perfeição.
uma perfeição.
AA perfeição
perfeição não
não éé dada
dada pela
pela ausência, mas pela
ausência, mas presença do
pela presença do


— 159 —
157 —
ser. N
ser. Naa parte
parte sintética
sintética exaninamos
examinamos as as diversas
diversas espécies
espécies dede per­
per-
feição, como
feição, como as as mistas
mistas ee as as simples,
simples, as as accidentais
accidentais ee as as essen­
essen-
Gais, que
ciais, que salientamos,
sahentamos, etc.etc. Ao Ao discutirmos
discutirmos aa limitação
limitação ou ou não
não
do acto
do acto pela
pela potência,
potência, o o tema
tema dodo limite
limite e, e, conseqüentemente,
ccnsequentemente, o o
da perfeição
da perfeição voiverío
volverio aa serser tratados,
tratados, pois
pois taistais conceitos
conceitos sãosão im­
im-
prescindíveis para
prescindíveis para uma
uma boaboa colocação
colocação da da matéria
matéria oraora emem exame.
exame.
Examinemos as
Examinemos as principais
principais posições
posições em
em tômo
tômo dêste
dêste tema:
tema:
1)
1) Afirmam alguns
Afirmam alguns queque aa postulação
postulação da dz limitação
limitação do do acto
acto
pela potência
pela potência subjectiva
subjectiva (a (a que
que está
está nana coisa)
coisa) conduz
conduz ao ao ultra-
ultra-
-tealismo, atribuído
-realismo, atribuído aa Platão,
Platão, queque consiste
consiste não
não sósó atribuir
atribuir reali­
reali-
cade às
dade às idéias
idéias abstractas
abstractas ee universais,
universais, masmas também
também em em considerá-
considerá-
-las subsistentes
-las subsistentes in 7» se,
se, puras,
puras, perfeitíssimas,
perfeitíssimas, consistindo
consistindo elas
elas na na
perfeitissima realidade.
perfeitíssima realidade. As coisas
As coisas nada
nada mais
mais são
são que
que imperfei-
imperfej-
tissimas participações
tíssimas participações dasdas mesmas,
mesmas, pois pois as
às coisas
coisas asas imitam.
imitam.
22)) Plotino,
Plotino, seguindo
seguindo ià linha
linha platônica,
platônica, estabeleceu
estabeleceu pelo
pelo
emanatismo, aa degração
emanatismo, degração constante
constante das
das coisas,
coisas, na
na sequência
sequência de
de seu
seu
afastamento do
afastamento do Logos
Logos criador.
criador.
3)
3) Aegidius Romanus
Aegidius Romanus afirmou
afirmou que
que oo acto
acto só
só pode
pode ser
ser limi­
limi-
tado pela
tado pela potência
potência subjectiva,
subjectiva, que
que se
se distingue
distingue realmente
realmente do do acto
acto
que nela
que nela éé recebida.
recebida. Esta
Esta posição
posição éé aa de
de muitos
muitos escolásticos.
escolásticos.
44)) Para
Para Duns
Duns Scot,
Scot, oo acto
acto só
só pode
pode ser
ser limitado
limitado pela
pela causa
causa
eficiente ee não
eficiente não pela
pela potência.
potência.
5)
5) Para outros,
Para outros, aa limitação
limitação dc
dc acto
acto se
se dá
dá pela
pela potência
potência
subjectiva passiva.
subjectiva passiva.
6)
6) OCG acto
acto pode
pode ser
ser limitado,
limitado, desde
desde que
que aa limitação
limitação não
não
provenha da
provenha da potência
potência subjectiva
subjectiva no
no qual
qual éé recebido.
recebido.
ÀA discussão
discussão em em tôrno
tôrno desta
desta sexta
sexta sentença,
sentenç:, inevitàvelmente,
inevitavelmente,
abrange aa das
abiange das outras
outras cinco,
cinco, ee permite
permite que
que aoao tratar
ratar desta,
desta, trate­
trate-
nes de
mos de tôdas,
tôdas, englobando,
englobando, dêste
dêste modo,
modo, esta
esta parte
parte da
da problemática,
problemática,
num único
num único tema,
tema, como
como passaremos
passaremos aa fazer.
fazer.

DAA LIM
D LIMITAÇÃO DAA PO
ITAÇÃO D POTÊNCIA PELA ACTO
TÊN CIA PELA ACTO

Se recordarmos
Se recordarmos oo que
que escrevemos
escrevemos sôbre
sôbre os
os limites,
limites, éé evidente
evidente
que aa potência
cjue potência passiva,
passiva, por
por razão
razão da
da própria
própria natureza
natureza (aptidão
(aptidão

— 158
— 158 —

de alguma
de alguma coisa
coisa para
para ser
ser determinaca)
determinaca) éé limitável
limitável ee limitada
limitada pelo
pelo
acto (como
acto (como causa
causa eficiente),
eficiente), que
que informa
informa aa potência
potência ee Ihe
lhe ddái aa
capacidade proporcionada
capacidade proporcionada àà suasua natureza
natureza formal.
formal.
Tomada em
Tomada em si, si, aa potência
potência carece
carece de de perfeição;
perfeição; éé apenas
apenas
aptidão ou
aptidão ou predisposição
predisposição aptitudinal
aptitudinal àà perfeição
perfeição que que carece,
carece, queque
lhe éé dada
Ihe dada (ou (ou determinada)
determinada) pelo pelo acto.
acto. A A potência
potência passiva'é
passivaé
finita e,
finita e, como
como tal, tal, aa suasua capacidade
capacidade de de receber
receber determinações
determinações éé
também finita,
também finita, por por isso
isso as as recebe
recebe finitamente,
finitamente, ee finitiza-se
finitiza-se pelo
pelo
acto, como
scto, como isto isto ou ou aquilo.
aquilo. Não Não podepode receber
receber um um acto
acto finito,
finito,
countê-lo, pelo
contê-lo, pelo limite
limite de de sisi mesma,
mesma, poispois éé aa aptidão
aptidão aa receber
receber deter­
deter-
minações, como
minações, como mostramos
mostramos na na parte
parte sintética,
sintética, ee essa
essa aptidão
aptidão éé aa
de um
de um íerser finito.
finito. É, assim,
E, assim, limitada
limitada pelapela própria
própria natureza
natureza em em
relação ao
relação ao acto
acto queque devedeve ccmpletá-la
ccmpletá-la ee também
também pelapela causa
causa eficiente
eficiente
na ordem
na ordem do do mais
mais ou ou dodo menos.
menos.

Também em
Também em relação
relação àà potênciz activa pode-se
potência activa pode-se afirmar
afirmar oo que
que
se diz
se diz dada potência
potência passiva,
passiva, pois
pois por
por ser
ser finita
finita como
como é,é, éé também
também
finita no
finita no seu
seu actuar,
actuar, limitada,
limitada, portanto,
portanto, nana sua
sua natureza,
natureza, ee limi­
limi-
tada nas
tada nas suas
suas operações.
operações.

É natéria
É matéria pacífica
pacífica pois,
peis, nana filosofia
filosofia pcsitiva,
pesitiva, ee oo éé na
na filo­
filo-
sofia concreta,
sofia concreta, aa limitação
limitação dada potência
potência pelo
pelo acto.
acto. Quanto
Quanto àà limii
Jimi,
tação própria,
tação própria, que
que Ihe
lhe éé peculiar,
peculiar, há há algumas
algumas controvérsias,
controvérsias, como
como
também, de
também, de certo
certo modo,
modo, poder-se-ia
poder-se-ia anotar
anotar quanto
quanto àà primeira
primeira
limitação. Contudo,
limitação. Contudo, desejamos
desejamos tratar
tratar dêste
dêste ponto
ponto mais
mais adiante,
adiante,
quando examinarmos
quando sxaminarmos outrosoutros temas
temas ee seus
seus correspondentes
correspondentes proble­
proble-
mas que
mas que suscitará
suscitará aa matéria
matéria oraora em
em exame.
exame.

DEMONSTRAÇÃO
DEM DAA SE
ONSTRAÇÃO D SEXTA SENTENÇA
X T A SEN TEN ÇA

Os defensores
Os defensores da
da sexta
sexta sentença
sentença podem
podem argumentar
argumentar do
do se­
se-
guinte modo:
guinte modo:
1) Fundando-se
1) Fundando-se na na própria
própria natureza
natureza dodo acto
acto finito
finito (acto
(acto
criado), aa ilimitição
criado), ilimitação não
não éé da
da sua
sua essência.
essência.
22)) E É por
por natureza
natureza limitado.
limitado. Se Se oo acto,
acto, tomado
tomado formal­
formal-
mente ee em
mente em si,
si, não
não aponta
aponta limitação
limitação nem
nem ilimitação,
ilimitação, ee éé indife­
indise-
rente aa elas,
rente clas, oO acto
acto finito
finito éé oo acto
acto dependente,
dependente, oo acto
acto que
que não
não éé

-—— 159
159 —

apenas ee simplesmente
apenas simplesmente ser,
ser, mas
mas carente
carente de
de alguma
alguma perfeição
perfeição pos­
pos-
sível, conseqüentemente
sível, consequentemente limitado
limitado no
no que
que é,
é, cuja
cuja afirmação
afirmação implica
implica
oo que
que não
não é.
é.
3)
3) A origem
A origem da
da limitação
limitação está
está na
na ciusa
causa eficiente.
eficiente.
éE verdade
verdade que que muitos
muitos escolásticos
escolâsticos negamnegam que que aa limitação
limitação éé
aigo positivo,
algo positivo, porque
porque então
então seria
seria aa ilimitação
ilimitação que que aa determinaria.
determinaria.
Ora, se
Ora, se oo conceito
conceito de de acto
acto éé indiferente
indiferente àà limitação
limitação ee àà ilimitação,
ilimitação,
ee se
se se se diz
diz queque aà causa
causa eficiente
eficiente aa limitaria,
limitaria, estaesta seria
seria princípio
princípio
de limitação
de limitação para para determinar
determinar o o limite
limite do do acto
acto finito.
finito. Mas, na
Mas. na
verdade, oo que
verdade, que limita
limita oo acto
acto finito
finito éé aa formaforma que que tem,
tem, dada
dada
pela causa
pela causa eficiente,
eficiente, pois,
pois, por
por ela
ela éé oo que
que éé ee nãonão éé oo queque não
não é.é.
O limite
ü limite aponta
aponta oo até até onde
onde aa coisa
coisa éé oo que que é. é. NãoNão éé oo limite
limite
um ser
um ser queque determina,
determina, mas mas éé o o apontar
apontar do do atéaté onde
onde aa coisa
coisa
éé oo que
que é, é, ee de
de onde
onde principia
principia aa deixar
deixar de de ser
ser oo que
que éé ee de de onde
onde
principia aa ser
principia ser oo que
que nãonão éé ela.
ela. 0O limite
limite da da natureza
natureza da da coisa
coisa
éé como
como uma uma fronteira,
fronteira, urr.
um: extreme
extremc da da coisa.
coisa.
44)) Revela
Revela aa experiência
experiência que que taltal limite
limite éé dado dado pela pela causa
causa
eficiente, como
eficiente, como nos nos mostra
mostra aa Física.Física. Mas, poderíamos
Mas, poderíamos alegar alegar
também que
também que aa causa
causa eficiente
eficiente actua
actua realizando
realizando o o acto
acto finito,
finito, que,
que,
por ser
por ser dependente,
dependente, éé limitado.limitado. Se oo acto,
Se acto, emem seu seu conceito,
conceito, não são
implica r.em
implica cem limitação
limitação nem nem ilimitação,
ilimitação, oo acto acto finito
finito implica-a
implica-a por por
natureza. A
natureza. A causa
causa eficiente
eficiente actuaactua oo actoacto finito
finito dentro
dentro da da natu­
netu-
reza dêste.
reza dêste. Assim, se
Assim, se sese esquenta
esquenta uma uma barrabarra de de ferro,
ferro, aa causa
causa
eficiente que
eficiente que produz
prodiz oo calor calor esquenta-o
esquenta-o na na proporção
proporção do do calor
calor que
que
lhe dá,
Ihe dá, mas,
mas, porpor sua sua vez,
vez, oo ferro
ferro aquece
aquece na na proporção
propo:ção da da suasua
natureza. A
natureza. A causa
causa eficiente
eficiente éé um um factor
factor predisponente
predisponente que que actua
actua
na proporção
na proporção da da emergência
emergência do do próprio
próprio acto acto realizado.
realizado. O Ser
O Ser
Supremo, como
Supremo, como criador,
criador, actua actua aa criatura
criatura ccmo ccmo acto.acto. Mas esta
Mas esta
éé dependente
dependente e, e, como
como tal, tal, limitado,
limitado, ee esta esta não
não limita
limita o o poder
poder
criador, pois
criador, pois éé limite
limite da da própria
própria criatura
criatura que,
que, porpor ser ser dependente,
dependente,
éÉ outra
outra que que aquêle.
aquêle. O O Ser
Ser Supremc
Supremc não não criaria
criaria aa si si mesmo,
mesmo, pois pois
existiria antes
existiria antes de de existir,
existir, seria
seria causa
cansa sui,
sui, oo queque demonstramos
demonstramos na na
parte sintética,
parte sintética, éé absurdo.
absurdo. A criatura
A criatura é, é, por
por natureza
natureza da da própria
própria
criação, limitada,
criação, limitada, por por ser ser dependente,
dependente, finita,finita, portanto.
portanto.
Ademais alegam
Ademais alegam osos defensores
defensores desta
desta ser.tença
sertença que
que aa posição
posição
adversa labora,
adversa labora, inevitàvelmente,
inevitâvelmente, em
em contradição.
contradição. Argumentam do
Argumentam do

— 160
— 160 —

seguinte modo:
seguinte modo: em em sentido
sentido físico,
físico, evidencia-se
evidencia-se aa contradição.
contradição.
A matéria
A matéria limita
limita aa forma,
forma, aa forma
forma limita
limita aa matéria;
matéria; oo gênero
género
limita aa diferença,
limita diferença, ee aa diferença
diferença limita
limita oo gênero;
gênero; por
por sua
sua vez
vez aà
espécie limita
espécie limita aa diferença
diferença individual,
individual, ee esta
esta aa espécie.
espécie.
Ou os
Ou os tomistas
tomistas admitem
admitem aa doutrina
doutrina dada limitação
limitação dada potência,
potência,
ou não.
ou não. Em Em quilquer
qualquer caso,
caso, aa sua
sua doutrina
doutrina dada limitação
limitação do do icto
acto
expressa contradição. Conseqüentemente,
expressa contradição. Conseguentemente, têm têm de
de admitir
admitir queque oo
acto nãc
acto nãc pode
pode ser
ser limitado
limitado senão
senão pela
rela potência
potência passiva
passiva nono qual
qual éé
secebido.
recebido.
E demonstram
E demonstrem oo silogismo
silogismo do do seguinte
seguinte modo:
modo: Quandc se
Quandc se
diz potência,
diz potência, diz-se
diz-se capacidade
capacidade simpliciter
simpliciter de de receber.
receber. Não Não se se
inclui limitação
inclui limitação em em tal
tal capacidade.
capacidade. Se admitem
Se admitem os os tomistas
tomistas que "]ue
aa potência,
potência, comocomo capacidace
capacidace de de mais
mais ou
ou dede menos,
menos, éé limitada
limitada pela
pela
causa eficiente,
causa eficiente, o02j se
se não
não admitem
admitem que que o o acto
acto possa
possa ser
ser Limitido
limitido
directamente pela
directamente pelz causa
causa eficiente,
eficiente, terão
terão dede admitir
admitir que
que aa limi­
limi-
tação provém
tação provém da da potência.
potênciz. Contudo, o
Contudo, o acto,
acto, em
em seuseu conceito,
conceito,
não diz
não diz limitação,
limitação, como
como também
também aa potência,
potência, em em seu
seu conceito,
conceito,
não diz
não diz limitação
limitação na na capacidade
capacidade de de receber.
receber.
AA tais
tais argumentos
argumentos objectam
objectam algunszlguns que que potência
potência implici
implica ee
diz imperfeição,
diz imperfeição, enquantcenquantc acto acto indica
indica perfeição.
perfeição. Conseqiuente-
Conseqüente­
mente, não
mente, não dizdiz limitação,
limitação, que que éé imperfeição.
imperfeição. Conceitualmente,
Conceitualmente,
não o
não o diz;
diz; ou ou seja,
seja, nana sua
sua estructura
estructura conceituai.
conceitual. Realmente, o
Realmente, o
conceito de
conceito de potêr.cia,
potêrcia, em em relação
relação ao ao de de acto,
acto, indica
indica imperfeição,
imperfeição,
porque aa potência
porque potência perfectibiliza-se
perfectibiliza-se pelo pelo acto.
acto. Contudo,
Contudo, aa potência
potência
pode ser
pode ser mais
mais perfeita
perfeita ou ou menos
menos perfeita,
perfeita, segundo
segundo aa sua sua capaci­
capaci-
dade de
dade de receber,
receber, :omocomo se pode ver
se pode ver na na ordem
ordem física,
física, nana sensível,
sensivel,
na intelectual,
na intelectual, na na moral.
moral. A potência,
A potência, em em sua
sua pureza,
pureza, éé mais írais
perfeita, porque
perfeita, porque éé capacidade
capacilade de de recepção
recepção em em graugrau máximo.
máximo.
Fortanto, há
Portanto, há uma
uma perfeição
perfeição intrínseca
intrínseca àà potência,
potência, segundo
segundo oo seu seu
grau
grau de de capacidade
capacidade receptiva
receptiva do do acto.
acto. Ora, Ora, essa
essa perfeição
perfeição éé
genuinamente potencial,
genuinamente potencial, porque
porque só só sese actualiza
actualiza pelo
pelo acto.
zcto. NesteNeste
caso, poder-se-ia
caso, poder-se-ia falar falar nana perfeição
perfeição potencial
potencial ee na na perfeição
perfeição actual.
actual.
Mas dever-se-ia
Mas dever-se-ia dar dar àà primeira
primeira o o sentido
sentido de de perfectibilidade,
perfectibilidade, da da
capacidade de
capacidade de ser
ser perfectível,
perfectivel, de de perfectibilizar-se
perfectibilizar-se no no acto.
acto. A per­
A per-
feição éé própria,
feição própria, pois,
pois, dodo icto,
acto, ee aa perfectibilidade
perfectibilidade potencial,
potencial, da da
potência.
potência.

— 161
— 161——
Essa distinção
Essa distinção evita
evita aa confusão
confusão que que se sz possa
possa fazer
fazer aqui.
aqui.
Contudo, entrevê-se,
Contudo, entrevê-se, neste
neste ponto,
ponto, matéria
matéria para
para umauma pesquisa
pesquisa filo­
fiio-
sófica em
sófica em profundidade.
profundidade. Prosseguindo na
Prosseguindo na resposta
resposta àà objecção,
objecção,
argumentam os
argumentam os defensores
defensores da da tese
tese que
que oraora examinamos,
examinamos, que que.a a
limitação quantitativa
limitação quantitativa do do acto
acto não
não dizdiz formalmente
formalmente imperfeição,
imperfeição,
nem tampouco
nem tampouco éé imperfeição
imperfeição não não possuir
possuir ulteriores
ulteriores graus
graus de de
perfeição.
perfeição. Dêste modo,
Dêste modo, no no acto
acto limitado
limitado pela pela causa
causa eficiente
eficiente
não há
cão há contradição,
contradição, pois
pois não
não implica,
implica, porpor si,
si, perfeição,
perfeição, peia
pela nega­
nega-
ção da
ção da perfeição
perfeição queque sese quer
quer confundir
confundir com com aa perfeição
perfeição nocional
nocional
ou essencial,
ou essencial, ou ou a3 razão
razão dada natureza
naiureza do do acto
ato comcom a2 perfeição
perfeição
:acional da
zacional da quantidade.
quantidade. Não há
Não há nenhuma
nenhuma contradição
contradição na na bran­
bran-
cura imitada
cura imitada ee não
não recebida
recebida na na potência
potência passiva.
passiva.
Concluem, pois,
Concluem, pois, os os defensores
deiensores de de tal
tal sentença
sentença que
que os
os tomistas
tomistas
caem em
caem em contradição
contradição ao ao negar
negar que
que aa potência
potência passiva
passiva seja
seja limi­
limi-
tada pela
tada pela causa
causa eficiente.
eficiente. Para Para essa
essa doutrina,
doutrina, a2 potência
potência nãonão
pode ser
pode ser limitada
limitada senão
senão pelo
pelo acto.
acto. O O acto
acto para
para poder
poder limitar
limita: aa
potência deve
potência deve ser
ser jájá limitado.
limitado. Ora, Ora, seguncó
segunco aa sentença
sentença de de tais
tais
filósofos, não
filósofos, não pode
pode ser ser limitado
limitado senão
senão pela
pela potência,
potência, a2 qual,
qual, para
para
poder limitar
poder limitar oO acto,
acto, jájá deve
deve ser
ser limitada.
lirritada. Dêsse
Dêsse modo,
modo, nãonão con­
con-
seguem êles
seguem êies resolver
resolver aà aporia.
aporia. ,
Ademais, tal
Ademais, tal doutrina,
doutrina, defendida
defendida pelos
pelos adversários
adversários “da sen.
da senr
tença em
tença em demonstração,
demonsiração, leva,leva, fatalmente,
fatalmente, aa um um realismo
realismo exagerado.
exagerado.
Dizendo os
Dizendo os tomistas
iomistas que
que oo acto
acto não
não pode
poce serser limitado,
limitado, aa não
não
ser quando
ser quando recebido
recebido numanuma potência
potência passiva,
passiva, vê-se
vê-se claramente
clazamente que que
concebem oo acto
concebem acto como
como realidade
realidade física
fisica infinita,
infinita, cuja
cuja limitação
limitação éé
dada por
dada po: aquela.
aquela. Estamos, aí,
Estamos, num exemplo
aí, num exemplo de de realismo
realismo exage­
exage-
rado, porque
rado, porque sese confunde
confunde aà ordem
ordem conceptual
conceptual com com aa ordem
ordem física,
física,
ee aa ilimitação
ilimitação negativa
negativa consiste
consiste nono conceito
conceito prescindir
prescindir de de limitação
limitação
ou ilimitação,
ou ilimitação, ee possuir
possuir infinidade
infinidade positiva
positiva ee física.
física,
Ore, tal
Ors, tal doutrina
doutrina leva,
leva, pois,
pois, ao
ao realismo
realismo exagerado,
exagerado, que
que éé
repelido por
repelido por todos
todos os
os escolásticos.
escolásticos.
Ore, aa crítica
Ora, crítica que
que fazem
fazem osos adversários
adversários da da escolástica
escolástica consiste
consiste
em aafirmar
em que êstes
fim a r que êstes confundem
confundem os os conceitos
conceitos enquanco
enquanto estructuras
estructuras
cidético-noéticas, com
eidético-noéticas, com o o que
que éé dada estructura
estructura física
física dada coisa,
coisa, como
como
o fazem
o fazem existencialistas,
existencialistas, positivistas,
positivistas, materialistas,
materialistas, ee alguns
alguos filó­
filó-

— 162 —
— 162 —
sofos de
sofos de valor,
valor, como
como MaxMax Scheler.
Scheler. Alguns escolásticos
Alguns escolásticos acusam
acusam
ainda tais
2Índa tais teses
teses de
de panteístas.
panteístas. Sôbre
SObre as
as críticas
criticas que
que fêz
fêz ao
ao tomis-
tomis-
mo ee aà resposta
mo resposta dSstes
dêstes aa tais
tais argumentos,
argumentos, trataremos
trataremos nmais adiante,
ais adiante,
pois desejamos
pois desejamos aquiaçui apenas
apenas apresentar
apresentar osos argumentos
asgumentos dos dos defen­
defen-
sores da
sores da sexta
sexta sentença,
sentença, ora
ora emem exame.
exame.
Contudo, devemos
Contudo, devemos considerar
considerar que
que muitos
muitos tomis:as explicam
tomistas explicam
.do seguinte modo:
do seguinte modo: oo acto
acto de
de se
se éé apenas
apenas ilinitado
ilimitado negativamente,
negativamente,
ou seja:
ou seja: de
de se
se não
não tem
tem limitação
limitação nem
rem ilimitação.
ilimitação. O acto
O acto ex
ex sr«e
não tem
não tem limitaçãc.
limitaçãe. Contudo, em
Contuco, em sua
sua união
união com
com aa potcncia
potência subi-
sub-
jectiva deve ter
jectiva deve ter limitação,
limitação, jájá que,
que, ca
ca potência
potência subjectiva,
subjectiva, nana qu?l
quel
éé recebido,
recebico, éé limitado
limitado pela
pela capacidade
capacidade desta.
desta.
Contudo,
Contudo, os os defensores
defensores da da sentença,
sentença, que que repelem
repelem aa tese
tese dos
dos
tomistas, afirmam
tomistas, afirmam que que Tomás
Tomás de de Aquino
Aquino confirma
confirma com com suas
suas pró­
pré-
prias palavras
prias palavras aa >osição que tomam,
posição que tomam, ee atam citam aa passagem
passagem abaixo
abaixo
do D
do Dee Potentia
Potentia q.lql a.2
a.2 "“Utrum potentia D
Ulrttm potentia Deiei sit
sit infinita”,
infinita” , nana qu?l
qual
assim aquêle
assim acuêle sese expressa:
expressa: "O “O acto
acto não
não éé finitizado
finitizado aa não
não serser dú-
dú-
piicemerte.
plicemecte. D Dee umum modc
modc porpor parte
parte dodo agente,
agente, assim
assim pela
pela vonta­
vonta-
de do
de do artífice
artífice aa cuantidade
cuaútidade ee oo têrmo
têrmo da da beleza
beleza dada casa.
casa. D Dee ou­
ou-
tro modo
tro modo pela
pela parte
parte recipiente,
recipiente, como
como oo calor
calor nana madeira,
madeira, segundo
segundo
disposição.
disposição.
Doo mesmo
D mesmo modo
modo oo acto
acto divino
divinc não
não éé finitizado
finitizado por
por qualquer
qualquer
agente, porque
agente, porque cãocão éé proveniente
proveniente dede outro,
outro, mas
mas de
de sisi mesmo;
mesmo;
nem éé finitizado
nem finitizado por
por qualquer
qualquer recipiente,
recipiente, porque
porque éé acto
acto puro
puro não
não
recebido cm
recebido em outro".
outro”.
Comentando tais
Comentando tais pakvras
palzvras afirmam:
afirmam: Tomás
Tomás dede Aquino
Aquino expli­
expli-
citamente diz: at
citamente diz: a) oo acto
acto criado
criado pode
pode ser
ser limitado
limitado pela
pela limitação
limitação
proveniente da
proveniente da potência
potência passiva;
passiva; n mas esta limitação
as esta limitação não não provém
provém
daquela, mas
daquela, mas da da causa
causa eficiente,
eficiente, que,
que, dada
dada aa sua
sua capacidde
capacidde de de po­
po-
tência receptiva,
tência receptiva, pode
pode dardar ao
ao acto
acto esta
esta ouou aquela
aquela limitação;
limitação; b) b) aa
potência divina
potência divina éé ilimitada
ilimitada porpor duas
dvas razões:
razões: 1)1) não
não apenas
apenas por­por-
que éé um
que um acto
acto irrecepto
:rrecepto nana potência
potêrcia passiva,
passiva, 22)) como
como ftimhém
também
porque não
porque não ê€ recebido
recebido de de qualquer
qualquer potcncia
potência activa
activa ouou causa
causa efi­
efi-
ciente.
ciente.
Por aquelas
Por aquelas palavras
palavras condui-se
conclui-se que que oo pensamento
pensamento de de Tomás
Tomás
de Aquino
de Aquino afirma
afirma queque aa limitação
limitação do do acto
acto criado
criado pode
pode provir
provir do do
que éé recebido
que recebido na na potência
potência passiva,
passiva, ee dodo que
que éé recebido
recebido da da potên­
potên-


— 163 ——
163
cia activa.
cia activa. Deus é,
Deus é, pois,
pois, oo acto
acto infinito,
infinito, não não apenas
apenas porpor que
que éé
em si,
em si, mas,
mas, também,
também, porpor que
que éé aq se;
se; ouou seja,
seja, porque
porque éé irrecepto
irrecepto inin
ee irrecepto
irrecepto aa (por
(por não
não ser
ser receptível
receptível emem outro
outro ou ou por
por outro).
outro). Ou-
Ou­
tras passagens
tras passagens de de Tomás
Tomás de de Aquino
Aquino são são ainda
ainda citadas,
citadas, como
como emem
Summa Contra
Summa Contra Gentiles,
Gentiles, 1, 1, cap.
cap. 43-
43. Por essas
Por essas passagens
passagens vê-se
vê-se
que aa doutrina
que doutrina dodo aquinatense
aquinatense afirma
afirma queque aa limitação
limitação do do acto
acto pode
pode
provir
provir ou ou dada vontade
vontade do do agente
agente ouou dada capacidade
capacidade da da potência
potência re­re-
ceptiva, e,
ceptiva, e, ademais,
ademais, que
que Deus
Deus éé infinito,
infinito, ee seuseu ser
ser não
não éé recebido
recebido
de outra
de outra causa
causa que
que pudesse
pudesse limitá-lo.
limitá-lo.
Argumentam que
Argumentam que o o acto
acto não
não pode
pode ser
ser limitado
limitado po<por ■ si
si mesmo.
mesmo.
À limitação
A limitação está
está fora
fora dodo conceito
conceito de de acto;
acto; portanto,
portanto, nãonão advém
advém
do acto,
do acto, mas
mas dede algo
algo fora
fora do
do acto.
acto. Contudo, objecta-se
Contudo, objecta-se que que não
não
éé limitado
limitado por
por si si mesmo,
mesmo, semsem dúvida,
dúvida, masmas formalmente
formalmente éé mister mister
distinguir: se
distinguir: se éé um
um acto
acto a« se,
se, concede-se;
concede-se; mas mas sese éé um
um acto
acto abab alio,
dlio,
nega-se.
nega-se.

Mas, os
Mas, os objectores
objectores dada tese
tese emem exame
exame afirmam,
afirmam, ademais,
ademais, queque
éé absurdo
absurdo queque oo acto
acto criado
criado seja
seja limitado
limitado por
por sisi mesmo,
mesmo, poispois seria
seria
afirmar que
afirmar que aa perfeição
perfeição éé forma
forma da da imperfeição.
imperfeição. Respondem os
Respondem os
defendentes que
dçfendentes que estaria
estaria certa
certa essa
essa afirmativa
afirmativa se se acto
acto ee limitação
limitação
fossem dois
fossem dois positivos
positivos contrários.
contrários. QuandoQuando se se diz
diz que
que oo acto
acto criado
criado
éé formalmente
formalmente limitado
limitado porpor sisi mesmo,
mesmo, quer-se
quer-se dizer
dizer que
que o o acto
acto
criado éé algo
criado algo produzido
produzido e,e, portanto,
portanto, limitado.
limitado.
Hã outras
Há outras objecções
objecções ee outras
outras razões,
razões, mas,
mas, como
como dissemos,
dissemos, de­
de-
las trataremos
las trataremos emem lugar
lugar oportuno.
oportuno.

CRÍTICA
C DE FU
R IT IC A DE FUETSCHER A D
ETSC H ER A DOUTRINA TOMISTA
O U TRIN A TO M ISTA
DEE A
D ACTO
CTO EE PO
POTÊNCIA
TÊNCIA

Uma das
Uma das mais
mais notáveis
notáveis obras
obras modernas
modernas sôbre
sôbre oo tema
tema do do Acto
Acto
ee da
da Potência
Potência é, é, inegavelmente,
inegávelmente, aa realizada
realizada por
por Lorenz
Lorenz Fuetscher,
Fuetscher,
sem dúvida
sem dúvida uma uma dasdas grandes
grandes esperanças
esperanças dada escolástica,
escolástic: de de nossos
nossos
dias, cuja
dias, cuja morte
morte prematura
prematura éé um um dos
dos mais
mais dolorosos
dolorosos aconteci­
aconteci-
mentos, que
mentos, que roubou,
roubou, infelizmente,
infelizmente, àà Filosofia,
Filosofia, umauma dasdas mentes
mentes
filosóficas mais
filosóficas mais poderosas
poderosas dos dos últimos
últimos tempos.
tempos. Seu livro
Seu livro "“Acto
Acto
ee Potência"
Potência” (A (ktk t und
und Potenz)
Potenz) éé dede excelso
excelso valor,
valor, ee não
não podemos
podemos
furtar-nos aa examinar
furtar-nos examinar algumas
algumas passagens,
passagens, que
que são
são verdadeiras
verdadeiras con­ con-

— 164
— 164 —

tribuições àà crítica
tribuições crítica da
da teora
teora tomista
tomista dodo acto
acto ee potência.
potência. Contudo,
Contudo,
deve-se registrar
deve-se registrar queque os os omistas não deixaram
omistas não deixaram sem sem resposta
resposta os os
principais argumentos
principais argumentos ee oo fizeram
fizeram também
também em em gestos
gestos dede gigantes.
gigantes.
A controvérsia,
A controvérsia, que que tem
tem surgido
surgido sôbre
sôbre essa
essa grande
grande obra,obra, ainda
ainda
não terminou,
não terminou, masmes tem
tem servido
sevido até
até agora
agora para
para enriquecer
enriquecer oo acervo
acervo
dos estudos
dos estudos sôbre
sôbre aa matérá,
matéra, ee para
para abrir
abrir novas
novas perspectivas
perspectivas parapara aa
solução das
solução das muitas
muitas aporia;
aporias dede que
que está
está cheio
cheio êste
êste tema.
tema.
Partindo
Partindo da da afirmativi
afirmativa dede G.
G. M.M. Manser
Manser de de que
que "o“o desenvol­
desenvol-
vimento profundamente
vimento profundamente l)gico
bgico ee conseqüente
consegiente da da doutrina
doutrina aristo­
aristo-
télica da
télica da potência
potência ee do
do aito
ato constitui
constitui aa essência
essência íntima,
íntina, oo ponto
ponto
central do
centrai do tomismo”,
tomismo”, concui
concui Fuetscher
Fuetscher queque desde
desde oo momento
momento que que
se demonstre
se demonstre aa improcedência
improcedência da da doutrina
doutrina tomista
tomista sôbre
sóbre oo acto
acto ee
aa potência,
potência, pôr-se-ia
pôr-seiia emem risco
risco todo
todo oo compacto
compacto sistema
sistema que
que se se
construiu, pretensamente
construiu, pretensamente fjndado
findado na na obra
obra dodo aquinatense.
aquinatense.
Tal não
Tal não quer
quer dizer
dizer <jue
que aa queda
queda dêsse
dêsse sistema
sistema significasse
significasse aa
queda da
queda da escolástica,
escolástica, pois
pois deve-se
deve-se distinguir
distinguir Escolástica
Escolástica de de escola.
escola.
O tomismo
O tomismo éé umauma escola,
escola, ee nãonão aa escolástica;
escolástica; conseqüentemente,
consequentemente,
não se
não se deve
deve pensar
pensar queque oo trabalho
trabalho queque realiza
realiza êle
êle ponha
ponha em em risco
risco
o que
o que háhá de
de positivo
positivo na na filosofia
filosofia escolástica.
escolástica. Por outro
Por outro lado,
lado,
não considera
não considera Fuetscher
Fuetscher qie que aa sua
sua obra
obra desmereça
desmereça oo que que realizou
realizou
Tomás de
Tomás de Aquino,
Aquino, que que ê.eês procura
procura salvar
salvar todos
todos os os instantes
instantes queque
pode, mas
pode, mas apenas
apenas aa interpretação,
inte;pretação, segundo
segundo êle, êle, que
que osOs tonmtas
tomistas
fizeram do
fizeram do pensamento
pensamento dc dc aquinatense.
aquinatense,
Em suma,
Em suma, Fuetscher
Fuetscher coloca-se
coloca-se nana posição
posição dos dos que
que afirmam
afirmam
que Tomás
que Tomás de de Aquino
Aquino nãcnãc era
eva tomista.
tomista. Se há
Se há procedência
procedência ou ou não
não
nas suas
nas suas afirmativas,
afirmativas, éé oO qie
que veremcs
veremcs aa seguir,
seguir, pondo,
pondo, tanto
tanto quanto
quanto
possível, em
possível, em pépé de
de igualdade
igualdide aa controvérsia,
controvérsia, dentro,
dentro, naturalmente,
naturalmente,
dos recursos
dos recursos queque dispomcs,
dispomcs, aproveitando,
aproveitando, dessa
dessa polêmica,
polêmica, oo queque
há de
há de positivo,
positivo, ee que
que sese idequa
adequa àà maneira
maneira de de colocar
colocar oo tema
tema dodo
acto
scto ee dada potência
potência ee oo modo
modo de de resolver
resolver aa suasua problemática,
problemática, se­ se-
gundo aa nossa
gundo nossa posição
posição fiosófica,
fiosófica, queque éé aa dada filosofia
filosofia concreta,
concreta,
que construímos.
que construímos.

Compendia-se aa doutina
Compendia-se doutina tomista
tomista nas
nas famosas
famosas vinte
vinte ee quatro
quatro
teses, das
leses, das quais
quais as
as duas
duas prmeiras
prmeiras sese dedicam
dedicam aa explicitar
explicitar oo que
que en­
en-
tende aquela
tende aquela escola
escola sôbre
sôbre oo acto
acto ee aa potência.
potência. Dela se
Dela se extraem
extraem

— 165
— 165 —

quatro axiomas
quatro axiomas que
que passam
passam aa ser
ser aa matéria
matéria de
de exame,
exame, que
que são
são os
os
seguintes:
seguintes:
1) oo axioma
1) axioma da da limitação
limitação do do acto
acto pela
pela potência,
potência, que
que serve
serve
para explicar
para explicar aa firiilude
finitude dos
dos sêres;
sêres;
22)) oo axioma
axioma da
da multiplicação
multiblicação do
do acto,
acto, pelo
pelo qual
qual se
se explica
explica
aa multiplicidade
multiplicidade dos
dos sêres
sêres de
de uma
uma mesma
mesma espécie;
espécie;
33)) oo axioma
axioma dada unidade
unidade dodo acto,
acto, que
que nos
nos fará
fará compreender
compreender
aa verdadeira
verdadeira unidade
unidade dos
dos sêres,
sêres, cuja
cuja natureza
natureza sese compõe
compõe de
de dois
dois
princípios substanciais:
princípios substanciais: matéria
matéria ee forma;
forma;
44)) oo axioma
axioma do do trânsito
trânsito dada potência
potência aoao acto,
acto, considerado
considerado
não poucas
não poucas vêzes
vêzes como
como aa mais
mais profunca
profunca expressão
expressão do
do princípio
princípio de
de
causalidade, ee que
causalidade, que nos
nos proporciona
proporciona uma uma prova
prova da
da existência
existência de
de
Deus como
Deus como actualidade
actualidade pura
pura ((primus motor immobilis)
primus motor immobilis), , ee de
de sua
sus
contínua cooperação
contínua cooperação com com asas criaturas.
criaturas.

Para ir.eihor
Para melhor inteligência
inteligência do
do tema,
tema, damos
damos aa seguir
seguir oo texto
texto das
das
duas famosas
duas famosas teses
teses tomistas,
tomistas, segundo
segundo aa exposição
exposição da
da escola
escola tomista:
tomista:
1) "Potentia
1) “Potentia et et actus
acius ita
ita diviàunt
dividunt ens,
ens, ut
ut quidquid
quidquid est,
est,
vel sit
vel sit actus
actus purus,
purus, vel
vel ex
ex potentia
potentia etet actu
actu tamouam
tamquam primis
primis atque
atque
intrinsecis principiis
intrinsecis principiis necessário
necessario coalescat.
codescal.
22)) Actus,
Actus, utpote
utpoie perfectio,
perfectio, non
non limitatur
limitatur nisi
nisi per
per potentiam,
potentiam,
quae est
quae est capacitas
capacitas perfectionis.
perfectionis. Proinde
Proinde in in quo
quo ordine
ordine actus
actus est
est
Purus, in
purus, in eodem
eodem nonnisi
nomnisi illimUatus
illimitatus etet unicus
unicas existit;
existit; ubi
ubi vero
vero est
est
finitus ac
finitus ac multiplex,
multiplex, in in veram
veram incidit
incidit cum
cum potentia
potentia compositio-
composttio-
nem”. .
nem”
a$o * <i
xe

Para penetrar
Para penetrar devidamente
devidamente no no exame
exame dada doutrina
doutrina tomista,
tomista,
julga Fuetscher
julga Fuetscher que
que éé mister,
mister, prêviamente, examinar alguns
Drèviamente, examinar alguns axio­
axio-
mas gerais
mas gerais sôbre
sôbre aa matéria,
matéria, pcis
pois tal
tal exame
exeme proporcionará
proporcionará elemen­
elemen-
tos que
tos que servirão
servirão para
para fundamentar
fundamentar posteriormente
posteriormente aa sua
sua crítica.
crítica.
São os
São os seguintes
seguintes axiomas:
axiomas:
aa)) A
A potência
potência não se pode
não se definir senão
pode definir senão pelo
pelo acto;
acto; oo acto
acto
de nenhum
de nenhum modo
modo pode
pode ser
ser definido,
definido, mas
mas apenas
apenas declarado.
declarado.
b)
b) O acto,
O acto, segundo
segundo aa sua
sua razão
razão ou
ou noção,
noção, éé anterior
anterior àà
potência.
potência.

— 166
— 166 —

co)
c) A potência
A potência não
não pode ser senão
pode ser senão por
por um
um acto;
acto; o
o acto,
acto,

contudo, pode
contudo, pode ser
ser sem
sem aa potência.
potência.
d) ) O
d O acto
acto éé anterior
anterior àà potência
potência pela
pela intelegibiiidade;
intelegibilidade, ou
ou se­
se-
ja, éé ma:s
ja, mais intelegível
intelegível que
que aa potência.
potência. A A potência,
potência, enquanto
enquanto po­
po-
tência, não
tência, no éé intelegível
intelegível nem
nem definível
definível senão
senão pelo
pelo acto.
acto.
e)
e) Acto ee potência
Acto potência são
são primordialmente
primordialmente opostos.
opostos.
ff)) O acto
O acto éé aa razão
razão final
final da
da potência.
potência.
g£g)) NNada pode ser
ada pode ser reduzido
reduzido da
da potência
potência em
em acto,
acto, aa não
não scr
scr
por algo
por algo emem acto.
acto.
h)
h) Acto ee potência
Acto potência pertencem
pertencem ao
ao mesmo
mesmo gênero.
gênero.
Dee qualquer
D qualquer forma,
forma, tais
tais axiomas,
axiomas, em
em seu
seu sentido
sentido amplo,
amplo, são
são
aceitos por
aceitos por todos
todos os
os escolásticos.
escolásticos.
Não
N se pode
ão se pode dardar uma
uma potência
potência que
que careça
careça simplesmente
simplesmente de de
seu acto,
jeu acto, embora
embora possa
possa dar-se
dar-se umum acto
acto sem
sem potência
potência (pelo
(pelo menos
menos
o pode
o pode tomado
tomado em em suasua estructura
estructura formal,
formal, como
como veremos).
veremos). Como Como
não queremos
não queremos desde
desce logo
logo apresentar
apresentar nossa
nossa crítica,
crítica, preferimos
preferimos cín-
cin-
girmo-nos apenas
£Írmo-nos apenas àà exposição
exposição do do pensamento
pensamento dc dr Fuetscher,
Fuetscher, dei­
dei-
xando-a para
xando-a para mais
mais adiante.
adiante.
Um icto
Um acto sem
sem potencialidade
potencialidade de
de qualque:
qualque: espécie,
espécie, diz
diz Fuets­
Fuets-
cher, chama-se
cher, chama-se acto
acto puro.
puro.
Do r.ada,
Do rada, nada
nada pode
pode começar
começar aa ser.
ser. Sem um
Sem um acto
acto anterior
anterior
nenhum possível
nenhum possível pode
pode vir-a-ser.
vir-a-ser. Tais
Tais afirmativas
afirmativas são
são pacíficas
pacíficas na
na
Escolástica.
Escolástica. Tal não
Tal não impede
impede que que aa potência
potência permaneça
permaneça sendosendo um
um
enigma, um
enigma, um tema
tema dada mais
mais alta
alta dificuldade,
dificuldade, pois
pois aa explicação
explicação dodo
mesmo desafia
njesmo desafia aa inteligência
inteligência humana,
humana, sobretudo
sobretudo sese considerarmos
considerarmos
aa sua
sua origem,
origem, como
como veremos.
veremos.
Tão importante
Tão unportante para
para aa Filosofia
Filosofia como
como aa distinção
distinção entre
entre po­
po-
tência activa
tência activa ee potência
potência passiva
passiva éé aa distinção
distinção entre
entre acto
acto formai
formal ee
aíto entitaSivo.
acto entitaiivo.
Não éé difícil
Não difícil distinguir
distinguir as
as mutações
mutações accidentais
accidentais de de as
as substan­
substan-
ciais, na
ciais, na experiência
experiência comum.
comum. Contudo oo éé na
Contudo na especulação
especulação filosó­
filosó-
tica,
fica.
Para Fuetscher,
Para Fuetscher, aa primeira
primeira dificuldade
dificuldade está está nana existência
existência
«cmo acto
temo acto entitativo.
entitativo. Nossa mente
Nossa mente concebe
concebe aa existência
existência como
como umauma
determinação da
determinação da essência,
essência, pelo
pelo qual
qual aa essência
essência existe.
existe. Desde lo*u
Desde lo30

— 167
— 167 —

surge aqui
surge aqui umum problema,
problema, sôbre
sôbre oo cual
cual nosnos demoraremos
demoraremos ainda,ainda,
cue éé oo de
cue de saber
saber qual
qual aa distinção
distinção que
que se se dá
dá entre
entre essência
essência ee eies-
exis-
tência. Pode
tência. Pode aa essência
essência ser
ser considerada
considerada como como potência
potência real
real ee
realmente distinta
realmente distinta dada existência?
existência? N Nãoão sese teria
teria de
de representá-la
representá-la
já como
já como existente?
existente? EE comocomo poderia
poderia existir
existir uma
uma potência
potência realmente
realmente
distinta da
distinta da existência?
existência?
Tais perguntas,
Tais perguntas, formuladas
formuladas por por Fuetscher,
Fuetscher, merecem
merecem diversas
diversas
1espostas que
íéspostas que passar»
passem aa ser
ser analisadas
analisadas porpor êle.
êle. Quando
Quando se se fala
fala
de potencialidade
de potencialidade em em relação
relação àà existência,
existência, nãonão sese quer
quer referir
referir àà
chamada potencialidade
chamada potencialidade objectiva,
objectiva, queque consiste
consiste em em pocer
pocer um um ob­
ob-
jecto ser
jecto ser transladado
transladado do
do estado
estedo dede não-ser
não-ser aoao dede realidade.
realidade,
Tratamos da
Tratamos da potência
potência subjectiva,
subjectiva, diz
diz êle,
êle, quer
quer dizer,
dizer, dede sese éé
concebível um
concebível um sujeito
sujeito real
real (e
(e enquanto
enquanto realreal não
não éé meramente
meramente pos­ pos-
sível), que
sível), que seja
seja portador,
portador, reümente
reilmente distinto,
distinto, da da existência.
existência. Mui­ Mui-
tos escolásticos
tos escolásticos não
não admitem
admitem que que aa potência,
potência, que que sese opõe
opõe aoao acto
acto
entitativo, seja
fdtitativo, seja real
rea. neste
neste sentido”
sentido”. . N Naa verdade,
verdade, as as diferentes
diferentes
direcções doutrinais
direcções doutrinais da da escolástica
escolástica não
não estão
estão de de acôrdo
acôrdo neste
neste ponto.
ponto.
Também discorda
Também discorda da da equiparação
equiparação que que se se faz
faz entre
entre potência
potência
objectiva ee potência
objectiva potência lógica,
lógica, pela
pela qual
qual se se quer
quer expressar
expressar aa contra­
contre-
posição àà potência
posição potência >ealsea! (existente).
(existente).
O têrmo
O têmo realreal tem,
tem, nana escolástica,
escolástica, um
um sentido
sentido muito
muito mais
mais
amplo que
amplo que oo têrmo
têrmo "existente".
“existente”. O O que
que não
não existe
existe emem acto,
acto, mas
mas
pode receber
pode receber aa existência,
existência, denomina-se
denomina-se também
também real.
real. Com oo têr­
Com têr-
no subjectivo
mo subjeciivo quer-se
quer-se expressar
expressar aa po:ência
posência rezl, que éé realmente
real, que realmente
distinta do
distinta do acto
acto ee sustentadcra
sustentadera (sujei:o)
(sujeio) do do mesmo.
mesmo.
Para muitos
Para muitos escolásticos
escolásticos não
não se
se pode
pode conceber
conceber queque aa essêncã
essênciy
seja uma potência
seja uma potência d de; tal
tal espécie
espécie em
em relação
relação àà existência.
existência. Ao con­
Ao con-
trário, aa essência
trário, essência éé oo objecto
objecto transladado
transladado dada ordem
ordem da da possibilidade
possibilidade
àà ordem
ordem da da existência.
existência.
£É aqui
aqui queque surgem
surgem fundamentais
fundamentais dissenções
dissenções entre
entre osos escolás­
escolás-
ticos, sôbre
ticos, sôbre asas quais
quais Fuetscher
Fuetscher deseja
deseja demorar-se.
demorar-se. Contudo, pre­
Contudo, pre-
fere tratar
fere tratar emem primeiro
primeiro lugar
lugar dos
dos aspectos
aspectos comuns
comuns ee admitidos
admitidos po:po:
todos, para
todos, para tratar,
tratar, depois,
depois, dos
dos aspectos
aspectos emem que
que divergem.
divergem.
Naa escolástica,
N escolástica, os os primeiros
primeiros princípios
princípios do
do ser
ser são
são oo princípio
princípio
de contradição
de contradição (ou (ou melhor,
melhor, de de não-co.itradição)
não-contradição) e€ oo de de razão su-
razão su-

— 168
— 168——
ticiente. Neste
ticiente. Neste último
último são são distinguidos,
distinguidos, sobretudo,
sobretudo, aa razão
razão for­
for-
mal ee i& razão
mal razão dinâmica.
dinâmica. Por sua
Por sua vez
vez aa razão
razão dinâmica
dinâmica se se subdi­
subdi-
vide em
vide em razão
razão ddai existência
existência ee razãDrazão dodo fim
fim. Pertencem àà ordem
Pertencem ordem
tormal oo princípio
tormal princípio de de contradição
contradição ee oo princípio
princípio de de razão
razão formal
formal
da essência;
da essência; aoao princípio
princípio dinâmico
dinâmico pertencem
pertencem oo princípio
princípio de de razão
razão
suficiente da
suficiente da existência
existência ee do do fim.
fim. Sabemos, na
Sabemos, na Gnoseologia,
Gnoseologia, que que
estes princípios,
êstes princípios, queque sãosão ontológicos,
ontológicos, são são também
também do do pensamento.
pensamento.
O ser,
O ser, como
como já já sabemos,
sabemos, éé por por necessidade
necessidade intelegível;
intelegível; por­
por-
tanto, cognoscível,
tanto, cognoscível, tantotanto tomado
tomado em em si,si, como
como nas
nas relações
relações dos
dos di­
di-
versos sêres entre
versos sêres entre si.
si.
Cenfronta Fuetscher
Confronta Fuetscher oo problema
problema dodo acto
acto ee da
da >otência
ootência com
com
tais princípios
tais priacípios ontológicos
ontológicos da da ordem
ordem formal
formal ee dada ordem
ordem dinâmica
dinâmica
ee com
com aa sua
sua relação
relação aoao sujeito
sujeito cognoscente.
cognoscente. Os Os axax:omas exami-
omas exami­
nados são
nados são do
do patrimônio
patrimônio comum
comum da da escolástica
escolástica emem sua
sua enuncia­
enuncia-
ção; contudo,
ção; contudo, ao ao serem
serem comparados
comparados com com :ais
cais princípios
princípios provo­
provo-
cam divergências.
cam divergências.
Segundo oo princípio
Segundo princípio de de contradição,
contradição, oo axioma
axioma idem
idem respectu
respectu
ermsdem non
eittsdem non pote
potestst esse
esse sm
simunl in ac
u l in actu et in
tu et in potentia
potentia (sob
(sob oo mesmo
mesmo
especto o
aspecto o mesmo
mesmo ser ser não pode estar
não pode estar aoao mesmo
mesmo tempo
tempo em em acto
acto
ee em
em potência)
potência) éé indiscutível.
indiscutível.
Também
Também oo mesmo mesmo se se dá
dá quanto
quanto ao ao princípio
princípio formal
formal dada es­
es-
sência, pois
sência, pois aa forma
forma concebida
concebida emem abstracto
abstracto éé aa razão
razão formal,
formal, pe­
pe-
la qual
la qual oo sujeito
sujeito éé "determinado"
“determinado” ee constituído
constituído emem certa
certa ordem
ordem de de
ser.
ser. Nenhum ser
Nenhum pode carecer
ser pode carecer dessa
dessa razão
razão formal
formal suficiente,
suficiente, pois
pois
do contrário
do contrário poderia
poderia dar-se
dar-se umum existente
existente sem
sem existência,
existência, um um sábio
sábio
sem sabedoria,
sem sabedoria, etc.,
etc. oo que
que repugna,
repugna. O mesmo
O mesmo nãonão sese dá,
dá, porém,
porém,
quanto ao
quanto ao Ser
Ser Supremo,
Supremo, porque
porque êste
êste éé a: sua
sua própria
própria forma,
forma,
ipsum esse.
ipsmn esse.
Tal podemos
Tal podemos distinguir,
distinguir, porém,
porém, num num ser
ser contingente.
contingente. O ho­
O ho-
mem tem
mem tem sabedcria,
sabedcria, masmas oo SerSer Supremo
Supremo éé sabedoria.
sabedoria. O Ser
O Ser Su­
Su-
premo éé oo ser,
premo ser, mas
mas aa criatura
crictura temtem oo ser.
ser. Neste
Neste sese distingue
distingue su­ su-
jeito ee forma,
jeito forma, parque
porque êsts
êst: éé umum ser
ser participante,
participante, como
como já já sese de­
de-
monstrou. Se
monstrou. Se chamamos
chamamos aa formaforma de de acto
acto ee oo sujeito
sujeito dede potência,
potência,
considerando-se assim
considerando-se assim aa primeira
primeira tesetese tomista
tomista que
que diz:
diz: UmUm enteente
é, por
é, por necessidade,
necessidade, ou ou acto
acto puro
puro ou or umauma composição
composição de acto ee po­
de acto po-
sência, :al
tência, “al tese
tese éé indiscutível.
indiscutível.

— 169
— 169 —

O problema
O problema queque surge
surge éé oo seguinte:
seguinte: sendo
sendo todo
todo ente
ente contin­
contin-
gente necessàriamente
gente necessáriamente acto acto ee potência,
potência, pode
pode dessa
dessa união
união surgir
sutgir um
um
ens per
ens per se
se (um
(um ente
ente por
por si),
si), dando-se
dando-se do do composto
composto um um sósó acto?
acto?
Há um
ílá um sósó acto,
acto, ou
ou pode
pode admitir-se
admitir-se vários
vérios actos
actos constituindo
constituindo umawma
verdadeira unidade
verdadeira unidade substancial?
substancial? Ora, Ora, nono ser
ser contingente
contingente há há um
um
acto formal
acto formal ee umum acto
acto entitativo.
entitativo.
Aceitando-se oo princípio
Aceitando-se princípio da da unicidade
unicidade do do acto,
acto, temos
temos dede acei­
acei-
ta: aa unicidade,
ta: unicidade, tanto
tanto dada forma
forma substancial
substancial como
como do do acto
acto entita­
entita-
tivo. Em
tivo. Em oposição
oposição àà tese
tese tomista
tomista surgiu
surgiu outra
outra que
que afirma,
afirma, con­
con-
tráriamente, ser
trariamente. ser possível
possível uma uma pluralidade
pluralidade de de formas
formas substanciais,
substanciais,
subordinades umas
subordinadas umas àsàs outras,
outras, sem
sem que tal impeça
que tal impeça ou ou torne
torne impos­
impos-
sível aa verdadeira
sível verdadeira unidade
unidade substancial
substancial dodo composto.
composto.

Por outro
Por outro lado.
lado, diz
diz expressamen:e
expressamen:e uma uma tese
tese tomista
tomista que
que oo
acto puro,
f.cro puro, como
como tal,
tal, éé por
por necessidade
necessidade único
único ee infinito,
infinito, ee que,
que,
portanto, só
portanto, só pode
pode encontrar-se
encontrar-se finito
finito ee multiplicado
multiplicado pela
pela recepção
recepção
numa potência
numa potência subjectiva
subjectiva realmente
realmente distinta.
distinta.
AA primeira
primeira parte
parte dada tese
tess éé aceita,
aceitz indistintamente
indistintamente por por todos
todos
os escolásticos,
os escolásticos, embora
embora muitos
muitos julguem
julguem árduos
árduos osos caminhos
caminhos para para
demonstrar aa validez
demonstrar validez dada tese.
tese. Quanto
Quanto àà segunda
segunda parte
parte dada tese,
tese,
ele afirma
eh afirma aa distinção
distinção real
real entre
entre acto
acto g$ potência.
potência. Essa distinção
Essa distinção
real se
real se inclui
inclui nos
nos axiomas
axiomas tomistas
tomistas da da limitação
limitação ee da
da multiplicação
multiplicação
do acto,
do acto, oo que
que leva
leva Fuetscher
Fuetscher aa fazer
fazer o o exame
exame crítico
crítico de
de tais
tais axio­
axio-
mas,
mas.

Antes, porém,
Antes, porém, dede realizar
realizar tal
tal crítica,
crítica, examina
examina o o princípio
princípio dc de
razão dinâmica
razão dinâmica suficiente,
suficiente, queque sese divide
divide no no princípio
princípio de
de razão
razão
suficiente da
suficiente da existência
existência ee do do fim,
fim, porque
porque oo problema
problema dede acto
acto ee
potência mantém
potência mantém relação
relação íntima
íntima comcom os os mesmos.
mesmos. A mudança
A mudança
da potência
da potência em
em acto
acto afirma
afirma queque háhá uma
uma distinção
distinção entre
entre êles.
êles.

Mas será
Mas será uma
uma distinção
distinção real,
real, no
no sentido
sentido que
que aa tomam
tomam os os to­
to-
mistas? Não poderia
mistas? Não poderia ser
ser apenas
apenas uma
uma distinção
distinção conceptual?
conceptual?

Estão todos
Estão todos escolásticos
escolásticos dede acôrdo
acórdo comcom oo axioma:
axioma: cmne
cmne ens
ens
runtabile componitur
inntabile componitur ex ex potentia
potentia etet ac
actutu (todo
(todo ser
ser mutável
mutável éé com­
com-
posto de
posto de potência
potência ee de
de acto),
acto), contudo
contudo não não estão
estão todos
todos de
de acôrdo
acórdo
que se
que se dêdê entre
entre êles
êles uma
uma distinção
distinção real.
real.

— 170
— 170 —

Prossegue Fuetscher
Prossegue Fuetscher salientando
salientando que que há há outro
outro problema,
problema, que que
se refere
se refere ao ao axioma
axioma acercaacêrca do do trânsito
trânsito da da potência
potência ao ao acto.
acto. O O
princípio de
princípio de razão
razão dinâmica
dinâmica suficiente
suficiente diz diz queque todotodo contingente,
contingente,
que exista
eme exista ee seja
seja dede tal
tal qualidade,
qualidade, exige exige uma uma razãorazão dinâmica
dinâmica de de
sua existência
sua existência ee finalidade,
finalidade, da da qualqual depende
depende que que exista
exista tal tal ser
ser
contingente ee seja
contingente seja de de tal
tal qualidade.
qualidade. Olhado Olhado do do ângulo
ângulo de de causa
causa
ee efeito,
efeito, poderia
poderia ser ser enunciado
enunciado assim: assim: oo trânsito
trânsito da da potência
potência (p (pas-
as­
siva) ao
siva) ao acto
acto sósó éé possível
possível com com dependência
dependência de de outro
outro ser ser distinto.
distinto.
Qualquer movimento
Qualquer movimento requer requer um um motor,
motor, que que seja
seja realmente
realmente distin­ distin-
io da
to da coisa
coisa queque éé movida
movida ee que, que, ao ao mesmo
mesmo tempo,tempo, não não esteja
esteja cm em
potência
potência aa respeito
respeito da da forma
forma que que aa coisa,
coisa, queque éé movida,
movida, vai vai obter
obter
com
com dependência
dependência dêle. dêle. Do Do contrário,
contrário, oo motor motor não não seria
seria capazcapaz
de ser
<Je ser motor.
motor. Assim Assim os os axiomas:
axiomas: nihil nibil reducitur
reducitur de de polentia
potentia in in
actum
actum nisi nisi per
per diquod
eliguod ens ens acactutu — — omneomne quod movetur ab
quod movetur ab alio
alio
movetur (nada
movetur (nada éé reduzido
reduzido da da potência
potêrcia ao ao acto
acto aa nãonão serser por
por algum
algum
ente em
ente em acto
acto — — tudotudo quanto
quanto éé movidomovido éé movidomovido por por outro),
outro), no no
sentido em
sentido em queque foi
foi indicado,
indicado, constituem
constituem expressões
expressões do do princípio
princípio
de razão
de razão dinâmica
dinâmica suficiente
suficiente da da existência
existência em em têrmos
têrmos de de acto
acto ee
potência.
potência. Contudo, como
Contudo, como há há diferença
diferença entre entre taistais trânsitos,
trânsitos, tais tais
axiomas exigem
axiomas exigem uma uma análise
análise cuidadosa.
cuidadosa.

CRITICA DE
CRITICA DE FUETSCH
FUETSCHER
ER ÀÀ TEO
TEORIA
RIA TTOMISTA DAA
O M IST A D
DISTINÇÃO
D REAL DE
ISTIN ÇÃ O REAL DE AACTO
CTO EE PO
POTÊNCIA
TÊNCIA

Gredt define
Gredt definz claramente
claramente aa teoria
teoria tomista
tomista sôbre
sóbre essa
essa distinção
distinção
so estabelecer
so estabelecer que
que actus
actus et
et potentia
potentia eiei respondent
respondent realiter
realiter distin-
distin-
guuntur (o
guuntur (o acto
acto ee aa potência,
potência, que
que Ihe
lhe correspondem,
correspondem, distinguem-
distinguem-
-e realmente).
-se realmente).
Não há
Não há dúvida
dúvida quanto
quanto àà distinção
distinção lógica.
lógica. Resta saber
Resta saber se se
há quanto
há quanto àà distinção
distinção real.
real. Os Os escotistas
escotistas consideram
consideram que que osos vá­
vá-
tios gradus
rios gradus metaphysici
metaphysici (como
(como vida,
vida, racionalidade,
raciona.idade, heceidade)
heceidade) são são
formalidades distintas
formalidades distintas ex
ex natura
natura rei;
rei; ou
ou seja,
seja, independentemente
independentemente
de nossa
de nossa mente
mente ee comcom antecedência
antecedência aa ela, ela, o o que
que éé negado
negado pelos
pelos
tomistas. sob
tomistas. sob aa acusação
acusação de
de realismo
realismo exagerado.
exaperado.
É
é inegável que
inegável que se
se tem
tem considerado
considerado ambiguamente
ambiguamente oo têrmo
têrmo
real.
real.

— 171
— 1d— —
Em defesa
Em defesa dessa
dessa distinção
distinção argumenta
argumenta Gredt
Gredt que que aa potência
potência
éé oo que
que éé determinável,
determinável, ee acto
acto oo que
que éé determinante.
determinante. Ora, deter­
Ora, deter-
iminante ee determinável
minante determinável distinguem-se
distinguem-se realmente.
realmente. Não Não procede
procede
aa alegação
alegação de de que
que oo gênero
gênero ee aa diferença
diferença não
não são
são realmente
realmente dis­dis-
tintos, já
tintos, já que
que oo gênero
gênero está
está para
para aa diferença
diferença na
na relação
relação dede potên-
potên­
cia determinável
cia determinável para para acto
acto determinante,
determinante, porque
porque o o gênero
gênero nãonão éé
uma potência
uma potência real,
real, mas
mas apenas
apenas lógica,
lógica, como
como aa diferença
diferença éé também
também
apenas lógica.
apenas lógica.
Em demonstração
Em demonstração da da sua
sua tese,
tese, alegam
alegam os os tomistas
tomistas que
que oo acto
acto
éé com
com frequência
frequência separável
separável dada potência,
potência, poispois ora
ora queremos,
queremos, ora ora
não, ee não
não, não estamos
estamos querendo
querendo continuamente.
continuamente. Um Um serser que
que sofre
sofre
uma mutação
uma mutação perde
perde ouou ganha
ganha umum acto
acto ouou uma
uma forma,
forma, para
para aa qual
qual
estava em
estava em potência.
potência. Ora,Ora, oo que
que sese pode
pode realmente
realmente separar
separar éé real­
real-
mente distinto.
mente distinto. Consequentemente, acto
Conseqüentemente, acto ee potência
potência são
são realmente
realmente
distintos.
áistintos.
Mas oo argumento
Mas argumento éé apenas
apenas particular,
particular, pois
pois não
não prova
prova aa uni­
uni-
versalidade da
versalidade da tese,
tese, mas
mas apenas
apenas naqueles
naqueles casos
casos emem que
que tal
tal sepa­
sepa-
rabilidade éé manifesta.
rabilidade manifesta. O que
O que dá
dá universalidade
universalidade àà tesetese éé aa afir­
afir-
mação de
mação de que
que oo acto
acto está
está para
para aa potência
potência na na relação
relação de
de determi­
determi-
nante para
nante para determinável.
determinável. Ora, oo que
Ora, que determina
determina ee oo queque éé de­de-
terminável não
terminável não podem
podem ser ser aa mesma
mesma coisa.
coisa. Portanto,
Portanto, acto
acto ee potên­
potên-
cia são
cia são realmente
realmente distintos.
distintos.
Mas,
M poderiam objectar
as, poderiam objectar que que determinante
determinante ee determinável
determinável não não
passam de
passam de dois
dois aspectos
aspectos de de uma
uma mesma
mesma realidade,
realidade, ee embora
embora man­ man-
tenham entre
tenham entre sisi uma
uma relação
relação mútuamútua de de acto
acto ee potência,
potência, daí daí nãonão
se segue
se segue que sejam realmente
que sejam realmente distintos.
distintos. Para Para queque fôsse
fôsse válida
válida tal tal
argumentação, ter-se-ia
argumentação, ter-se-ia de de aceitar
aceitar que que tudo
tudo quanto
quanto distinguimos
distinguimos
conceptualmente deve
conceptualmente deve serser realmente
realmente distinto.
distinto. Consequentemente
Conseqüentemente
também tudo
também quanto éé conceptualmente
tudo quanto conceptualmente idêntico idêntico deve deve ser real-
ser real­
mente idêntico,
mente idêntico, oo que que levaria
levaria aa afirmar
afirmar o o paralelismo
paralelismo entre entre aa
vrdem do
ordem do conhecimento
conhecimento ee aa ordem ordem do do ser,
ser, oo que
que constitui
constitui oo fun­fun-
damento da
damento da distinção
distinção formal
formal escotista,
escotista, queque afirma
afirma que que asas forma­
forma-
lidades distinguem-se
lidades distinguem-se ex ex natura
natura rei,rei, ou
ou têmtêm ao ao menos
menos nos nos objec­
objec-
tos um
tos um correlativo
correlativo distinto
distinto ex ex natura
maiura rei.rei. EstaEsta objecção
objecção éé reto­reto-
mada posteriormente
mada posteriormente por por Fuetscher
Fuetscher ee aa ela ela nos
nos referiremos
referiremos opor­ opor-
tunamente.
tunamente.

— 172
— 172 —

A resposta
A resposta aa essa
essa objecção
objecção éé aa seguinte:
seguinte: oo gênero
gênero ee aa diferença
diferença
pertencem àà ordem
pertencem ordem lógica,
lógica, enquanto
enquanto acto
acto ee potência
potência pertencem
pertencem àà
ordem real.
ordem real. O objecção
O objecção padece,
padece, portanto,
portanto, de ignoratio elenchi.
de ignoratio elenchs.
Também éé transformada
Também transformada essaessa objecção
objecção emem prova
prova aa favor
favor dada distin­
distin-
ção real,
ção real, porque
porque nem
nem na na ordem
ordem lógica
lógica acto
acto ee potência
potência sese identificam.
identificam.

Reconhecem os
Reconhecem os tomistas
tomistas queque entre
entre acto
acto ee potência
potência háhá uma
uma
separabilidade não
separabilidade não mútua,
mútua, porque
porque sese oo acto
acto pode
pode dar-se
dar-se sem
sem aa
potência passiva
potência passiva (como
(como oo actoacto puro
puro dodo Ser
Ser Supremo),
Supremo), aa potência
potência
não pode
não pode dar-se
dar-se sem
sem oo acto.
acto. Para
Para muitos
muitos escolásticos
escolásticos aa separabi­
separabi-
lidade não
lidade não mútua
mútua não
não éé suficiente
suficiente para
para assegurar
assegurar aa distinção
distinção real.
real.
Contudo, os
Ccntudo, os escolásticos
escolásticos fundam-se
fundam-se dc de que
que éé impossível
impossível que que
acto ee potência
acto potência sejam
sejam realmente
realmente idênticos.
idênticos. Mas,Mas, seus
seus objectores
objectores
poderiam dizer
poderiam dizer que
que lògicamente
lôgicamente não não háhá dúvida.
dúvida. Mas,Mas, por
por acaso
acaso
não poderiam
não poderiam serser dois
dois aspectos
aspectos distintos
distintos de
de uma
uma mesma
mesma realidade;
realidade;
dois aspectos
dois aspectos pelos
pelos quais
quais representamos
representamos uma uma mesma
mesma realidade?
realidade?
£É mister,
mister, portanto,
portanto, demonstrar
demonstrar que que são
são duas
duas realidades
realidades que
que se se
contrapõem, como
contrapõem, como determinável
determinável ee determinante.
determinante.

Se se
Se se admitir
admitir oo paralelismo
paralelismo entre
entre oo gnoseológico
gnoseológico ee oo real;
real;
cu seja,
cu seja, que
que oo que
que éé distinto
distinto nono conhecimento
conhecimento éé distinto
distinto nana reali­
reali-
dade, aa distinção
dade, distinção real
real entre
enire acto
acto ee potência
potência éé umauma consequência
consequência
imediata.
imediata. Ora, se
Ora, se os
os tomistas
tomistas aceitassem
aceitassem taltal posição,
posição, teriam,
teriam, por
por
sua vez,
sua vez, de
de aceitar
aceitar aa distinção
distinção formal
formal escotista,
escotista, que
que êles
êles consideram
consideram
ultra-realista.
ultra-realista.
Para aa filosofia
Para concreta aa distinção
filosofia concreta conceptual só
distinção conceptual só tem
tem validez
validez
real-real, quando
real-real, quando se se estabelece
estabelece comcom rigcrriger ontológico
ontológico não não só só
que os
que os distintos
distintos podem
podem existir
existir separadamente,
separadamente, mas mas têmtêm de
de existir
existir
separadamente, para
separadamente, para que
que aa distinção
distinção conceptual
conceptual tenhatenha fundamento
fundamento
in re,
ia re, oO que
que justificaremos oportunamente.
justificaremos oportunamente. A mente
A mente humana
humana podepode
distinguir mais
distinguir mais do do que
que éé distintc
distintc nas
nas coisas.
coisas. Ora,
Ora. os os tomistas
tomistas
estão de
estão de acôrdo
acôrdo neste
neste ponto
ponto comcom oscs escotistas
escotistas ee suarezistas.
suarezistas. Um
Um
dos erros
dos erros fundamentais
fundamentais do do racionalismo
racionalismo está está emem considerar
considerar que que oo
que éé distinto
que distinto conceptualmente
conceptualmente éé distinto
distinto realmente,
realmente, no no mesmo
mesmo
grau de
grau de distinção
distinção. Para Para que
que uma
uma distinção
distinção conceptual
conceptual corresponda
corresponda
aa uma
uma distinção
distinção real-real
real-real éé mister
mister que
que essaessa distinção
distinção tenha
tenha um um
fundamento ontológico,
fundamento ontológico, ccmo
ccmo preconisa
preconisa aa filosofia
filosofia concreta.
concreta. Não Não

— 173
— 173 —

bastam idéias
bastam idéias nítidas,
nítidas, distintas,
distintas, claras
claras para
para que
que seja
seja assegurada
assegurada aa
disiinção real-reai.
distinção real-real. E É mister
mister que
que haja
haja uma razão ontológica
uma razão ontológica de
de
serem de
lerem de ser
ser distintas
distintas real-realmente.
real-reaimente.
OO tomismo,
tomismo, seguindo
seguindo aa lição
lição de
de Tomás
Tomás de de Aquino,
Aquino, reconhece
reconhece
que há
que há distinções
distinções que
que aa nossa,
nossa mente
mente realiza
realiza conceptualmente,
conceptualmente, que que
nãc correspondem adequadamente
nãc correspondem adequadamente àà realidade,
realidades, pois,
pois, do
do contrário,
contrário,
teria de
teria de afirmar
afismar oo paralelismo,
paralelismo, queque éé próprio
próprio dos
dos racionalistas.
racionalistas.
Suarez também
Suarez também considera
considera falazes
falazes os
os argumentos
argumentos fundados
fundados emem tais
tais
distinções conceptuais.
distinções conceptuais.
Portanto, para
Portanto, para o o estabelecimento
estabelecimento da
da distinção
distinção real-reai
real-real de
de
acto ee potência
acto potência éé mister
mister demonstrar
demonstrar que
que por
por fôrça
fôórça (têm de) são
(têm de) são
1ealmente distintos.
realmente d:stintos.

Desde logo
Desde jogo ressalta
ressalta que
que oo problena
problema não
não pode
pode ser
ser abordado
abordado
de modo devido,
dc modo devido, sem
sem esclarecermos
esclarecermos oo significado
significado do
do têrmo
têmo retd
real
ee do
do têrmo
têrmo conceptual.
conceptual.

DDee nossa
nossa parte,
parte, tal
ral análise
análise jájá foi
foi feita
feita na
na "Ontologia
“Ontologia ee Cos­
Cos-
moiogia” de
mologia" de nossa
nossa autoria.
autoria. Contudo, dispensemos,
Contudo, dispeasemos, porpo: ora,
ora, aà
posição da
posição da filosofia
filosofia concreta,
concreta, ee examinemos
examinemos como,
como, neste
neste sector,
sector,
disputam entre
disputam entre sisi os
os escolásticos.
escolásticos.
Segundo Fuetscher,
Segundo Fuetscher, a« divisão
divisão ee aa contraposição
contraposição de de real
real ee
conceptual pode
conceptual pode fazer-se
fazer-se desde
desde doisdois pontos
pontos dede vista.
vista. Um,Um, segundo
segundo
aa íadole
índole dós dos objectos;
objectos; oo outro,
outro, segundo
segundo aa dependência
dependência ou ou inde­
inde-
pendência da
pendência dz actividade
actividade abstractiva
abstractiva do do pensamento.
pensamento. Não
N ão se se pode
pode
àà primeira
primeira vistavista afirmar
afirmar que
que os os dois
dois pontos
pontos dede vista
vistz coincidam,
coincidam, ee
temos de
temos de considerar
considerar aa distinção
distinção entreentre osos têrmos
têrmos realreal ee lógico.
lógico.
Chamam-se reais
Chamam-se reais osos objectos
objectos queque pertencem
pertencem àà ordem
oraem da da existência.
existência,
ee dêste
dêste modo
modo real real coincide
coincide com
com existente;
existerte; éé o o contrário
contrário do do nada
nada
“real” ou
"real” ou da da nada
nada físico,
físico, que
que contrasta
contrasta comcom oo nadanada metafísico,
metafísico,
que éé oo nada
que nad: absolutc
absolute (o (o nibilum,
mibilum, como como oo chamamos
chamamos na na filosofia
filosofia
concreta).
concreta).

Escreve Fuetscher
Escreve Fuetscher (p (pág.
ág. 444):
4 ): ““AA Teoria
Teoria do do ente
ente oouj Onto­
Onto-
logia não
logia não se
se extende
extende apenas
apenas aos
aos seres
seres existentes,
existentes, mas
mas também
também às às
essências, às
essências, às suas
suas relações
relações mútuas,
mútuas, às às suas
suas leis
leis necessárias,
necessárias, etc.,
etc.,
prescindindo inteiramente
prescindindo inteiramente se se existem
existem actu
aciy ou
ou não.
não. Às essências
As essências

— 174
— 174——
constituem, principalmente,
constituem, principalmente, oo domíniodomínio da da metafísica
metafísica geral.
geral. Todos
Todos
os objectos
os objectos que que pertencem
pertencem àà ordemordem metafísica
metafísica denominam-se
denominam-se reais,reais,
embora não
embora não existam
existam actu,
arts, pois
pois aa ordem
ordem metafísica
metafísica éé também
também uma uma
ordem real
ordem real ouou ordem
ordem do do ser.
ser. Ela Ela éé aa antítese
antítese dodo simples
simples nada
nada
ou nada
ou nada absoluto.
absoluto. Às esjências
As essências oxa ora constam
constam de de uma
uma só só deter­
deter-
minação, ora
minação, ora de de várias,
várias, têmtêm verdadeira
verdadeira unidade,
unidade, e, e, como
como tais,
tais,
são pelo
são pelo menos
menos capazes
capazes de de receber
receber aa existência.
existência. Assim oo tênno
Assim têrmo
“real”, em
''leal", em suasua significação
significação geral,
geral, não
não sósó abarca
abarca oo que
que actu
acts existe
existe
— os
— os objectos
objectos da da ordem
ordem física
física — —., , mas,
mas, também,
também, tudotudo oo que
que éé
capaz de
capaz de existir:
existir: osos objectos
objectos da da ordem
ordem metafísica:
metafísica: O têrmo
O têrmo realrel
se disassocia,
se disassocia, segundo
segundo esta esta colocação
colocação em em duas
duas significações:
significações: real-
real-
-físico ee lezl-metafísico".
-fisico real-metafívico”. ,

Contrapõem-se os
Contrapõem-se os dois
dois aa "lógico"
“lógico” ee aa "conceptual”
“conceptual”. . Dêste
Dêste
modo pertencem
modo pertencem àà ordem
ordem lógica,
lógica, ou ou do
do conhecimento,
corhecimento, todos
todos os ás
objectos que
objectos que só
só podem
podem terter ser
ser num
num sujeito
sujeito cognoscence.
cognoscenie. Em Em taltal
concepção estariam
concepção estariam incluídos
incluídos os os conceitos
conceitos universais
universais como
como tais,
tais, oO
gênero ee aa diferença
gênero diferença específica,
específica, oO universale
unversate reflexum.
reflexum. Neles
Neles
estaria compreendida
estaria compreend:da aa essência.
essência.

Ora, entende-se
Ora, entende-se porpor e:sência
e.sência oo conceito
conceito que
que contém
contém tôdas
tôdas as as
que são
que são comuns
comuns aosaos sêres
sêres (indivíduos)
(individuos) de de uma
uma mesma
mesma ciasse
classe dede
ser ee só
ser só aquelas
squelas que
que precisamente
precisamente constituem
constituem essa
essa classe
class2 com
com dife*
dife:
rença de
rença de tôdas
tôdas as
as outras.
outras.

A essência,
A enquanto comum
essência, enquanto comum aa vários
vários sêres,
séres, constitui
constitui oo con­
ccn-
ceito essencial
ceito essencial dos
dos mesmos,
mesmos, e, e, como
como tal,
tal, só
só pode
pode encontrar-sé
encontrar-sé
num sujeito
num sujeito cognoscente,
cognoscente, não
não podendo
podendo ser
ser umum "objecto”
“objecto” do do mundo
mundo
físico.
físico. Portanto, pertence
Portanto, pertence apenas
apenas àà ordem
ordem lógica.
lógica.

Se consideramos,
Se consideramos, porém,
porém, aa essência
essência emem si
si mesma,
mesma, enquanto
enquanto
tal, capaz
tal, capaz dede receber
receber aa existência,
existência, pertencerá
pertencerá ela,
ela, então,
então, àà ordem
ordem
real. Será
real. Será umum objecto
objecto metafísico,
metafísico, um um objecto
objecto dada ordem
ordem dasdas
possibilidades, que
possibilidades, que pode
pode tornar-se
tornar-se real
real na
na ordem
ordem dz dz existência
existência
pela acção
pela acção de
de uma
uma causa
causa eficiente
eficiente capaz,
capaz, tornando-o,
tornando-o, assim,
assim, um
um
objecto
objecto da da ordem
ordem "física".
“física”.
Quando se
Quando se trata
trata de
de sêres
séres da
da ordem
ordem lógica,
lógica, aa distinção,
distinção, que
que
antre êles
entre éles captamos,
captamos, éé uma
uma distinção
distinção lógica,
lógica, porque
porque oo queque os
qs

— 175
— 175 —

distingue éé oo aspecto
distingue aspecto lógico.
lógico. Se Se distinguimos
distinguimos dois
dois sêres
sêres da
da ordem
ordem
real, aa distinção
real, distinção será
será real
real (ou
(ou física
física ou
ou mmetafísica). Temos,
etafísica). Temas,
assim, aa distinção
assim, distinção real
real física
física ee aa distinção
distinção real-metafísica.
real-metafísica,
Nestes térmos,
Nestes têrmo;, aa distinção
distinção tomista
tomista dede acto
acto ee potência
potência éé per­
par
feitamente cabível.
feitamente cabível. Contudo, aa distinção
Contudo, distinção nãonão afirma
afirma ainda
ainda que
que éé
uma distinção
uma distinção real-física,
real-física, embora
embora seja.
seja real.
real. Aceito oo paralelismo,
Aceito paralelismo,
oo que
que éé real-metaflsicamente
real-metafisicamente deve deve ser
ser real-ftsicamente,
real.fisicamente, ao ao passar
passar
da ordem
da ordem da da possibilidade
possibilidade parapara aa ordem
ordem da da existência.
existência. Se Se não
não
há oo paralelismo,
há paralelismo, poder-se-ia
poder-se-ia dardar que
que objectos
objectos distintos
distintos real-meta-
real-meza-
fisicamente não
flsicamente não oo fôssem
fôssem real-flsicamente.
real-fisicamente. Esta Esta última
última distinção
distinção
exige, pois,
exige, pois, uma
uma prova.
prova.

Será, contudo,
Será, contudo, válido
válido oo paralelismo
paralelismo entre
entre aa ordem
ordem metafísica
metafísica
ee aa ordem
ordem física?
física?

Temos, pois,
Temos, pois, de
de analisar
analisar aa segunda
segunda acepção
acepção do
do têrmo
têrmo real
real ee
do têrmo
do têrmo lógico.
lógico.
Ora, éé real
Ora, real tudotudo oo queque éé distinto
distinto independentemente
independentemente do do co­co-
nhecimento ee com
nhecimento com antecipação
antecipação ao ao mesmo.
mesmo. Não
N ão sese exige
exige que que
esteja separado,
esteja separado, bastando
bastando apenasapenas que que nãonão sejaseja aa mesma
mesma coisa,coisa,
embora ligada
embora ligada na na mesma
mesma unidade.
unidade. Por Por suasua vez,
vez, aa distinção
distinção lógi­
lógi-
ca ou
ca ou conceptual
conceptual éé aa que que existe
existe com
com dependência
dependência do do conhecimento,
conhecimento,
podendo não
podendo não existir
existir forafora dodo pensamento,
pensamento, embora embora tendotendo um um fun­fua-
damento nas
damento nas coisas.
coisas. Se Se háhá perfeita
perfeita coincidência
coincidência entre entre osos dois
dois
planos —
planos —o o dodo conhecimento
conhecimento ee o o real
real — — então
então aa tese
tese tomista
tomista éé
verdadeira em
verdadeira em todos
todos os os sentidos;
sentidos; do do contrário,
contrário, não. não.
Desde
D logo se
esde logo se nota
nota queque oo problema
problema vai vai girar
girar em em tôrno
tôrno dos dos
universais, pois,
universais, pois, segundo
segundo aa validez
validez dêstes,
dêstes, temos
temos aa validez
validez dis das
distinções. A
distinções. A função
função abstractiva
abstractiva do do nosso
nosso espírito
espírito não não éé apenas
apenas
uma capacidade
uma capacidade de de realizar
realizar ficções.
ficções. E seria
E seria mister,
mister, ademais,
ademais, pre­pre-
cisar a cada grau de distinção conceptual, qual o que correspon­
cisar a cada grau de distinção conceptual, qual o que correspon-
de na
de na ordem
ordem física.
física. Se Se os
os graus
graus forem
forem os os mesmos,
mesmos, estamos
estamos em em
pleno paralelismo.
pleno paralelismo. Se oo grau
Se grau de de realidade
realidade éé menor menor na na ordem
ordem
física, êsse
física, êsse grau
grau dá dá oo fundamento
fundamento necessário
necessário àà distinção
distinção con­ con-
ceptual. Ora,
ceptual. Ora, os os objectos
objectos da da ordem
ordem lógica
lógica sãosão distintos
distintos dosdos objec­
objec-
tos da
tos da ordem
ordem física.
física, Conseqüentemente,
Consegientemente, não não há há perfeita
perfeita coinci­
coinci-
dência entre
dência entre as as duas
duas ordens,
ordens, masmas apenas
apenas uma uma projecção
projecção de de umauma

— 176
— 176 —

sôbre aa outra.
sôbre outra. Uma Uma essência
essência lógica
lógica distingue-se
distingue-se de de uma
uma essência
essência
metafisica, pois
metafísica, pois aa primeira
primeira existe
existe asenas
apenas nana mente
mente dodo ser
ser cognos-
cognos-
cente, enquanto
cente, enquanto aa segunda
segunda podepode realizar-se
reelizar-se nana ordem
ordem física,
fisica, como
como
homem, que
homem, que éé um um ens
ens metaphysicum,
metaphysicum, mas, mas, neste
neste homem,
homem, Pedro,Pedro,
éé um
um homem
homem físico.
físico. Temos, assim,
Temos, assin, uma
uma correspondência
correspondência entre entre
os três,
os três, pois
pois umum ente
ente físico
físico exige
exige um um ente
ente metafísicc,
metafisicc, ee pode
pode serser
concebido e,
concebido e, portanto,
porianto, tornar-se
tornar-se um um ente
ente lógico
lógico {ens
(ens logicum).
logicwn).
Se consideramos
Se consideramos homem 4omem como como essência
essência ouou como
como umauma possibilidade
possibilidade
de realização
de realização isolada,
isolada, temos
temos um um ensens metaphysicum;
metaphysicum; se se aa conside­
conside-
ramos realizada,
ramos realizada, temos
temos umum ensens physicum,
physicwm, ee apenas
apenas emem ^ua.ua estruc-
estruc-
tu eidético-noética,
tu eidético-noética, temostemos um um ensexs logicum...........
logicum. ....
Tocos sabemos
Tocos sabemos que que ià escolástica
escolástica dividiu
dividiu aa ciência
ciência especu­
especu-
lativa, segundo
lativa, segundo o o grau
grau dede abstracção.
abstracção. Noo primeiro
N primeiro grau,
grau, temos
temos
aa Física,
Física, nono segundo,
segundo, aa Matemática
Matemática e, e, no
no terceiro,
terceiro, aa Metafísica.
Metafísica.
Tôdas essas
Tôdas essas ciências
ciências convêm
convêm no no prestar
prestar atenção
atenção às às singularidades
singularidades
ee no
no buscar
buscar asas leis
leis universais,
universais, pois scientia est
pois scientia est de
de universalibns.
umiversalibus,
As coisas físicas
As coisas físicas da nossa experência,
da nassa experência, enquanto
enquanto consideradas
consideradas
em sua
em sua singularidade,
singularidade, não não são
são objecto
objecto da da ciência,
ciência, como
como oo objecto
objecto
da psicologia
da psicologia humana
humana não não éé aa psique
psique dêste
dêste homem,
homem, Pedro,
Pedro, masmas
aa psique
psique do do homem,
homem, da da espécie
espécie humana.
humana. Tomando como
Tomando como norma
norma
aa abstracção
abstracção da da mâteria,
máferia, aa física
fisica era
era aa ciêncii
ciência queque prescindia
prescindia dasdas
determinações singulares,
determinações singulares, não,
não, porém,
porém, das das determinações
determinações qualita­
qualita-
tivas das
tivas das coisas
coisas materiais,
materiais, nemnem dasdas determinações
determinações que que são
são percep­
percep-
tíveis peios
tíveis peios nossos
nossos sentidos.
sentidos. Para realizar
Para realizar tal
tal coisa
coisa procede
procede oo
homem uma
homem uma acção
acção abstractiva.
abstractiva.
Ao prescindir-se
Ao prescindir-se dessas
dessas últimas
últimas determinações,
determinações, não,
não, porém,
porém,
das quantitativas,
ilas quamitatrvas, queque não
não são
são mais
mais objecto
objecto dodo conhecimento
conhecimento sen­
sen-
sivel, mas do
sível, mas do intelectual,
intelectual, temos
temos aa matemática.
matemática. Se aa quantidade
Se quantidade
ié contínua,
contínua, temos
temos a.à geometria;
geometria; sese éé discontínua
discontinua ouou discreta,
discreta, temos
temos
aa aritméttca.
aritmética. éÉ aa abstracção
abstracção dede segundo
segundo grau.
grau.
Ao prescindir-se
Ao prescindir-se alémalém das
das determinações
determinações qualitativas, e
qualitativas, e
quantitativas, também inteiramente
quantitativas, também inteiramente da da matéria,
matéria, dá-se,
dá-se, como
como Yi-vi-
mos aa abstracção
roos abstracção de de terceiro
terceiro grau,
grau, queque nos nos leva
leva àà Metafísica:
Metafísica:
essim aa causa,
?ssim causa, aa substância,
substância, oO acto,
acto, aa potência,
potência, enquanto
enquanto tais.
tais.
A quantidade
A quantidade só só pode
pode verif:car-se
verificar-se emem sêres
sêres materiais,
materiais, mas
mas aa subs­
subs-
tíncia pode
tância pode serser realizada
realizada timbém
também em em sêres
sêres não-materiais.
não-materiais.

— 177
— 17 ——
Ora, aà substância
Ora, substância éé metafisicamente distinta da
metaflsicamente distinta da sua
sua quanti­
quanti-
dade. EE por
dade. por ser
ser tal,
tal, pode
pode afirmar-se
afirmar-se queque éé realmente
realmente distinta
distinta
dela?
dela? Seoo fôsse
Se fôsse poder-se-ia
poder-se-ia afirmar,
afirmar, então,
então, que
que aa natureza
natureza espe:
espe-
cífica éé distinta
cífica distinta exex natura
natura rei
rei dada individualidade,
individualidade, afirmativa
afirmativa que
que
repelem os
repelem os tomistas.
tomistas. E se
E se repelem
repelem aqui
aqui aa distinção,
distinção, por
por que
que
não aa repelem
não repelem no no primeiro
primeiro caso?
caso?
Ora, os
Ora, os tomistas
tomistas afirmam
afirmam que
que aa distinção
distinção real
real não
não se
se dá

apenas na ordem
apenas na ordem física,
física, mas
mas também
também nana metafísica.
metafísica.
Para os
Para os escolásticos,
escolásticos, aa ordem
ordem metafísica
metafísica não
não éé subsistente
subsistente por
por
si mesma
si mesma ee independente
independente da da actividade
actividade cognoscitiva.
cognoscitiva. ElaEla pres­
pres-
supõe aa abstracção
supõe abstracção dada existência.
existêrcia.
Os suarezistas
Os suarezistas ee os
os escotistas
escotistas não
não negam
negam aa distinção
distinção real-me-
real-me-
tafísica de
tafísica de acto
acto ee potência;
potência; negam,
negam, sim,
sim, aa distinção
distinção real-física.
real-física.
Como os
Como os tomistas
tomistas consideram
consideram que que éé real,
real, aa distinção
distinção realiza-se
realiza-se
mdependentemente do
independentemente do conhecimento,
conhecimento, aa distinção
distinção real,
real, que
que afir­
afir-
mam haver
mam haver entre acto ee potência,
entre acto potência, éé aa real-física
real-física dos
dos seus
seus adver-
adver­
sários
sários

Ora, para
Ora, para afirmar
afirmar tal
tal coisa,
coisa, têm
têm os
os tomistas,
tomistas, alega Fuetscher,
alega Fuetscher,
de aceitar
cie aceitar oo paralelismo
paralelismo entre
entre aa ordem
ordem metafísica
metafísica ee aa ordem
ordem física,
física,
o que
o que exige,
exige, pois,
pois, oo exame
exame do do problema
problema dosdos universais.
universais.

O PROBLEM
O PROBLEMAA D
DOS UNIVERSAIS
O S UNIVERSAIS

Ante oo problema
Ante problema dosdos universais,
universais, tôda
tôda escolástica
escolástica éé de
de certo
certo
modo realista,
modo realista, de
de um
um realismo
realismo pelo
pelo menos
menos moderado.
moderado. O funda­
O funda-
mental do
mental do realismo,
realismo, emem oposição
oposição ao ao conceptualismo
conceptualismo ee aoao nomina­
nomina-
Ismo, éé aa afirmação
lismo, afirmação dodo valor
valor objectivo
objectivo dos conceitos universais,
dos conceitos universais,
com um
com um correlativo
correlativo nos
nos objectos.
objectos.
Ademais, todos
Ademais, todos os os escolásticos
escolásticos estão
estão de de acôrdo
acôrdo que que sósó aa
compreensão dos
compreensão dos conceitos
conceitos universais
universais (o conjunto das
(o conjunto das notas
notas essen­
essen-
ciais) verifica-se
ciais) verifica-se na na coisa
coisa (que
(que êles
êles chamam
chamam id id quod),
quod), ee não não oo
factor de
factor de universalidade
universalidade ((modus gro).
modus quo). Contudo, apesar
Contudo, apesar dessa
dessa
coincidência de
coincidência de posições,
posições, as as divergências
divergências entre
entre asas diversas
diversas doutri­
doutri-
nas escolásticas
nas escolásticas sôbre
sôbre êste
êste ponto
ponto são
são enormes,
enormes, sobretudo
sobretudo na na ma­
ima-
neira de
neira de conceber
conceber oo id id quod
god ee oo modus
modus quo.quo.

— 178
— 178 —

Se memorizarmos
Se memorizarmos as as diversas
diversas passagens
passagens em em que
que temos
temos tratado
tratado
em nossos
em nossos livros
livros dada distinção
distinção form
formalal ex
ex natura
natura reirei dos
dos escotistas,
escotistas,
podemos tecer
podemos tecer osos comentários
comentários que que seguem.
seguem. O O fundamento
fundamento da da
distinção formal
distinção formal escotista
escotista está
está na
na não
não aceitação
aceitação dede que
que oo queque se se
distingue como
distingue como dando-se
dando-se independentemente
independentemente do do pensamento,
pensamento, seja, seja,
necessáriamente, apenas
necessariamente, apenas res ou modus,
res ou modus, masmas que
que háhá também
também lugarlugar
para um
para um terceiro tipo de
terceiro tipo de objectos,
objectos, asas formalitates.
formalitates. Sem Sem aa aceita­
aceita-
ção dêsse
ção dêsse terceiro
terceiro tipo
tipo dede objectos
objectos cai
cai aa distinção
distinção formal
formal escotista,
escotista,
como,
como, porpor sua
sua vez,
vez, demonstrada
demonstrada aa validez
validez dêsse
dêsse terceiro
terceiro tipo
tipo dede
objectos, está
objectos, está ela
ela devidamente
devidamente demonstrada.
demonstrada.
Como
Como nãonão éé possível
possível encontrar
encontrar uma uma contradição
contradição na na teoria
teoria
da distinção formal
da distinção formal escotista,
escotista, aa maneira
maneira de de combatê-la
combatê-la consiste
consiste
cm afirmar
cm afirmar aa suasua desnecessidade,
desnecessidade, já já que
que aa distinctio
distinctio rationis
rationis cum
cum
jundamento in
fundamento in rere dos
dos tomistas
tomistas salva
salva muito
muito bem
bem aa objectividade
objectividade
dos universais
dos universais ee resolve
resolve todos
todos osos casos
casos que
que caberiam
caberiam àà distinção
distinção
formal escotista.
formal escotista.
Mas, neste caso,
Mas, neste caso, éé mister
mister reconhecer
reconhecer oo paralelismo
paralelismo entre entre aa
ordem do
ordem do ser
ser ee aa crdem
ordem do do conhecer,
conhecer, alegam
alegam osos escotistas
escotistas ee ainda
ainda
mais: impõe-se
mais: impõe-se reconhecer
reconhecer que que não
não háhá contradição
contradição na na teoria
teoria esco­
esco-
tista, oo que
tista, que leva,
leva, portanto,
portanto, aa admitir-se
admitir-se queque possa,
possa, porpor isso,
isso, ser
ser
verdadeira.
verdadeira, É compreensível
é compreensível que que nãonão basta êsse argumento,
basta êsse argumento, pois pois
os escotistas
os escotistas buscam
buscam demonstrar
demonstrar aa validez
validez dede sua
sua teoria.
teoria. O argu­
O argu-
mento principal
mento principal éé que que sese não
não fôr
fôr admitida
admitida aa suasua teoria,
teoria, põe-se
põe-se
em risco
cm risco aa abjectividade
abjectividade dos dos conhecimentos
conhecimentos universais.
universais.

Em nossa
Em nossa análise
análise dialéctico-concreta,
dialéctico-concreta, que
que faremos
faremos oportuna­
oportuna-
mente, examinaremos
mente, examinaremos esta
esta teoria
teoria sob
sob outros
outros ângulos.
ângulos.

DA LIM
DA LIMITAÇÃO DO A
ITA ÇÃ O DO ACTO PELA PO
CTO PELA POTÊNCIA
T ÊN C IA

£É pelo
pelo axioma
axioma da da limitação
limitação do do acto
acto pelo
pelo potência
potência que
que éé
explicado, pelos
explicado, pelos tomistas,
tomistas, aa finitude
finitude dasdas coisas.
coisas. Caracteriza aa tese
Caracteriza tese
tomista aa afirmação
tomista afirmação de de que
que éé nana potência
potência subjectiva
subjectiva que
que está
está aa
ênica
ú possibilidade da
iica possibilidade da limitação
limitação do do acto,
acto, estabelece
estabelece Fuetscher
Fuetscher em em
sua crítica,
sua crítica, depois
depois de
de examinar
examinar as as diversas
diversas manifestações
manifestações dosdos to­
to-
mistas.
mistas. Onde há
Onde há uma
uma perfeição
perfeição finita,
finita, há há uma
uma composição
composição real real
com uma
com uma potência.
potência.

— 179
— 179——
Admitir-se, cm
Admitir-se, em sentico
sentico puramente
puramente afirmativo,
afirmativo, <peque tôda
tôda >er-
-per­
feição que
feição que convenha
convenha de de facto
facto aa um um sujeito
sujeito realmente
reaimente distrito
dist.nto
dela esteja
cela esteja acomodada
acomodada àà "capacidade
“capacidade receptiva'*
receptiva” do do mesmo,
mesmo, não não
provoca nenhuma
provoca nenhuma oposição
oposição dos
dos escotistas
escotistas tal afirmativa. Um
tal afirmatva. Um serser
finito não
finito não poderi
poderá realizar
realizar oo infinito.
infinito. Mas, onde
Mas, onde vaivai surgir
surgir aa
diferença éé na
diferença na afirmação
afirmação comista que exclui
:omista que exclui outra
outra possibilidade,
possibilidade,
ão afirmar
ao afirmar que
que umauma perfeição
perfeição sósó pode
pode estar
estar limitada,
limitada, enquanto
enquanto éé
forma ou
forma ou acto
acto dede um
um sujeito
sujeito realmente
realmente distinto
distinto dela
dela ee por
por cuja
cuja
capacidade receptiva
capacidade receptiva éé limitada.
limitada.

Assim
Assim aà sabedoria,
sabedoria, como
como acto
acto formal,
formal, éé infinita,
infinita, enquanto
esquanto não
não
cstá em
está em :omposição
composição com com uma
uma potência
potência subjectiva,
subjectiva, t2 éé só só esta
esta
que aa limita.
que limita. A A potencialidade
potencialidade receptiva
receptiva é,é, por
por natureza,
nanxeza, imper­
imper-
feição, enquanto
feição, enquanto oo acro
acto formal
formal é,é, per
pcr natureza,
natureza, perfeição.
perfeição. A A po­
po-
tencialidade receptiva
tencialidade receptiva da da perfeição
perfeição éé porpor natureza
natureza limtante
limtante ee nela
nela
aa perfeição
perfeição não não alcança
alcança aa sua
sua infinitude.
infinitude. Assim,
Assim, parapara Gredt,
Gredr,
"" bolentia est hnperfectio
botentia est imperfectio ergo
erzo limitaiio
limisasio actus
actus sem capaltas finita”
seu capaâtas finita”. .
Háá uma
H uma certa
certa infinitude
infinitude dada potência,
potência, enquanto
enquanto capacidade
capacidade
de receber
de receber aa forma,
forma, nãonão infinitude
infinitude de
de perfeição,
perfeição, mas,
mas, sim,
sim, aa falta
falta
dos muitos actos
dos muitos actos que
que pode
pode receber.
receber. Recebida
Recebida umauma forma,
fema, aa ma­
ma-
téria não
téria não está mais em
está mais em potência
potência para ela; portanto,
para ela; portanto, de de certo
certo modo
modo
jáj í está
está limitada.
limitada. Conseqüentemente,
Conseguentemente, pode-se
pode-se afirmar
afirmar que que aa po­
po-
tencialidace da
tencialidade da matéria
matéria prima
prima éé limitada
limitada pelo
pelo acto.
acto.

Para os
Para Os tomistas,
tomistas, aa única
única maneira
maneira dede explicar
explicar a2 finitude
finitude ee aa
multiplicidade dos sêres
multiplicidade dos sêres éé pela
pela limitação
limitação do
do acto
acto que
que aa potência
potência
realiza, pois,
realiza, pois, tomado
tomado em em si.
si, oo acto
acto éé ilimitado.
ilimitado. Talal afirmativa
T afirmativa
tem
tem de de levar
levar àà dada distinção
distinção real
real entre
entre essência
essência ee exiiència,
exixência, sob sob
pena de
pena de ciir-se
cair-se nono monismo
qmonismo panteista,
panteísta, pois
pois julgam
julgam >s »s tomistas
tomistas
que
que sósó essa
essa distinção
distinção pode
pode evitar
evitar aa queda
queda naquela
naquela concepção,
concepção, corno
como
veremos mais
veremos mais adiante.
adiante.

ALGUMAS
A OBJECÇÕES A
LG U M A S OBJECÇOES APRESENTADAS À TESE
PRESENTADAS À TESE TOM
TOMISTA
ISTA

A limitação
A limitação enquanto
enquanto ta tel1 não
não éé algo
algo positivo,
positivo, poique
pomue indica
indica
falta, não
falta, não existência
existência dede mais
mais perfeição.
perfeição. Diz-se que
Diz-se que imun homem,
homem,
que pode
que pode ser
ser mais
mais instruído,
instruído, éé um um homem
homem de de ciência
ciência limitada.
limitada.


— 1180
80 —

Esta limitação
Esta limitação r.ão
rão consiste
consiste na
na presença,
presença, nela,
nela, de
de ciência,
ciência, mas
mas
em ausência,
cm ausência, falta.
falta, Consegiientemente, parece
Conseqüentemente, parece que
que oo conceito
conceito dede
limitação não
limitação não implica
implica algo
algo positivo,
positivo, uma
uma pctência
pctência real
real limitadora,
limitadora,
mas apenas
mas apenas carência.
carência.

O que
O que cabe
cabe saber
saber éé se
se oo acto
acto só
só se
se pode
pode limitar
limitar pela
pela recep­
recep-
ção numa
ção numa potência
potência realmente
realmente distinta,
distinta, ouou se
se pode
pode limitar-se
limitar-se por
por
si mesmo.
si mesmo.
E mais
E mais ainda:
ainda: se se possui
possui uma
uma tendência
tendência positiva ao infinito.
positiva ao infirito.
Se aa resposta
Se resposta fôr
fôr afirmativa,
afirmativa, qual
qual oo princípio
princípio coartador.
coartador. Ademais,
Ademais,
será mister
será mister saber
saber dede que
que espécie
espécie éé essa
essa tendência
tendência positiva
positiva ao
ao infi­
infi-
nito, se
nito, se real-física
real-física ouou não.
não,
ÉÉ oo acto,
acto, como
como tal,
tal, ilimitado,
ilimitado, infinito?
infinito? Os tomistas
Os tomistas tencem
tencem
aa afirmar
afirmar queque sim.
sim. E E não
nãc seria
seria válida
válida aa afirmativa
afirmativa de de que
que oo acto
acto
éé indiferente
indiferente àà finitude
finitude ee àà infinitude?
infinitude? E se
E se assim
assim nãonão fôsse,
fósse,
dever-seia dar
dever-se-ia dar apenas
apenas una uma sabedoria
sabedoria finitafinita ou ou uma
uma sabedoria
sabedoria
infinita.
infinita. Ora, se
Ora, se tomamos
tomamos o o ser
ser com
com êste
êste se se daria
daria uma
uma simples
simples
infinitude. Mas,
infinitude. Mas, registramos
registramos sêres sêres finitos.
finitos. NesteNeste caso,
caso, oo acto
acto
como tai
como tai não
não pode
pode serser apenas
apenas absolutamente
absolutamente infinito.
infinito.

Naa verdade,
N verdade, cada cada «acto contém totalmente
acto contém totalmente aa sua sua perfeição.
perfeição.
AA sabedoria dá-se no
sabedoria dá-se no sábio
sábio em em tôda
tôda aa suasua perfeição,
perfeição, pois pois éé umauma
perfeição in
perfeição in indivisibile,
indivisibile, comocomo oo são são as as perfeições
perfeições genéricas
genéricas ee
específicas.
específicas. A forma
A forma não não tem
tem graus,
graus, pois
pois aa forma
forma bom homem con-
em con­
vém aa todos
vém todos os os sêres
sêres humanos,
humanos, desde desde oo mais mais elevado
elevado ao ao menos
menos
elevado, física
elevado, física e e moralmente.
moralmente. A mesma
A mesma essência
essência cabe cabe aa todos.
todos.
Portanto, aa limitação
Portanto, limitação só só pode
pode vir vir de de fora
fora da da essência
essência fornr.al,
foral,
porque, do
porque, do contrário,
contrério, haveria
haveria contradição,
contradição, pois pois aa sabedoria
sabedoria seria seria
incompatível com
incompatível com aa sabedoria,
sabedoria, oo ser ser comcom d » ser.
ser. Ora,Ora, se se está
estã
fora da
fora forma, a
da forma, a distinção
distinção queque sese segue
segue será
será conceptual-metafísica
conceptual-metafísica
ee não
não real-física.
real-física. Os escctistas
Os escctistas só só aceitam,
aceitam, aqui,
aqui, aa distinção
distinção in 77
vrdine metaphysico,
ordine metaphbysico, pois pois oara
Dara afirmar
afirmar uma uma distinção
distinção real-física
real-física
seria mis:er
seria mis:er aceitar
aceita: oo paralelismo
paralelismo entreentre as as duas
duas ordens,
ordens, oo que que nãorão
éé tese
tese tomista.
tomista. Um acto
Um acto poderia
poderia estarestar limitado
limitado por pos si si mesmo,
mesmo,
não in
não in ordine
ordine metaphysico,
metaphysico, mas mas in im ordine
ordine physico.
physico. ÉÉ oo que que
cabe verificar.
cabe veriíicar. Fuetscher ee os
Fuetscher os escotistas
escotistas não não admitem
admitem que que o o acto,
acto,
in ordine
in metaphysico, seja
ordine metaphysico, seja infinito,
infinito, embora
embora concedam
concedam que que oo acto
acto

— 181
— 181 —

subsistente como
subsistente como taltal é,
é, por
por necessidade,
necessidade, infinito,
infinito, ee sósó éé subs.s-
subs:s-
tente por
tente por que
que está
está recebido
recebido numa
numa potência
potência real-física.
real-física. Não
N ão éé acto
acto
subsistente
subsistente oo que
que éé entendido
entendido sem
sem uma
uma potência
potência metafísica,
metafísica, oo que
que
inin ordine
ordine metaphysico
metapbysico ee in in ordine
ordine pbysico
physico exclua
exclua absolutamente
absolutamente
um sujeite
um sujeitc ou
ou uma
uma potência.
potência.

Essa distinção
Essa distinção entre
entre aa ordem
ordem física
física ee aa ordem
ordem metafísica
metafísica
nem sempre
nem sempre aa fazem
fazem devidamente
devidamente os os tomistas, que muitas
tomistas, que muitas vêzes
vêzes
as confundem,
as confundem, como
como veremos
veremos nana parte
parte crítica
crítica que
que oportunamente
oportunamente
apresentaremos.
apresentaremos.
Para
Para os os tomistas,
tomistas, aa potência está limitada
potência está limitada porpor si
si mesma,
mesma, poispcis
éÉ capacitas
capacitas perfectionis;
perfectionis; portanto,
portanto, limitada
limitada em em perfeição.
perfeição. Pergun-
Pergun­
tam os
tam os escotistas
escotistas se se tal
tal sese pode
pode afirmar
afirmar da da potência,
potência, por por que
que oo
mesmo não
mesmo não pode
pode serser afirmado
afirmado do do acto.
acto. Realmente
Realmente aa essência
essência do do
homem está
homem está composta
composta de de potência
potência ee acto;
acto, ouou seja,
seja, matéria
matéria ee for­
for-
via, ee conseqüentemente
ma, corsequentemente está está limitada
limitada pelopelo elemento
elemento potencial.
potencial.
Neste caso,
Neste caso, aa forma
forma não não recebida
recebida em em potêr.cia
potêrcia subjectiva
subjectiva seria
seria
infinita?
infinita? A explicação
A explicação da da limitação
limitação nãonão éé matéria
matéria pacífica
pacífica entte
entre
us tomistas,
os tomistas, ondeonde sese verificam
verificam divergência
divergência várias.
várias.
Toma Fuetscher aa explicação
Tom a Fuetscher explicação de de Gredt
Gredt ee de de Remer-Geny
Remer-Geny
para exemplificar,
para exemplificar, pois doís a a considera
considera boa boa dodo ângulo
ângulo tomista.
tomista. Para Para
essa explicação, aa forma
essa explicação, forma não não éé simplesmente
simplesmente infinita,
infinita, porque
porque éé
limitada na
limitada na ordem
ordem do do ente,
ente, inin ordine
ordine essendi.
essendi. Por ser
Por ser potência
potência
em ordem
em ordem ao ao acto
acto entitativo,
entitativo, não não éé oo acto
acto entitativo
entitativo subsistente,
subsistente,
infinito. Mas
infinito. Mas essaessa afirmativa
afirmativa não não impede
impede que que haja
haja umauma limitação
limitação
da forma
da forma em em sua
sua própria
própria perfeição,
perfeição, ee não não exclui,
exclui, portanto,
portanto, aa limita­
limita-
ção da
ção da forma
forma pura
pura in in ordine
ordine essentiae,
essentiae, oO queque põe
põe emem risco
risco oo tomis-
tomis-
mo. Ter-se-ia
íno. Ter-se-ia de de admitir
admitir queque oo acto
acto entitativo
entitativo pode
pode estar
estar limitado
limitaco
por si
por si mesmo
mesmo in 7n ordine
ordine essendi,
essendi, do do mesmo
mesmo modo modo que que aa forma
forma pode
pode
estar realmente
estar realmente limitada
limitada por por sisi mesma
mesma in in ordine
ordine essentiae,
essentiae, oO queque
leva aa negar
leva negar oo axioma
axioma tomista
tomista de de que
que aa única
única possibilidade
possibilidade ce ce
limitar oo acto
limitar acto éé pela potência subjectiva.
pela potência subjectiva.
As objecções
As dos escotistas
objecções dos escotistas ao
ao tomismo
tomismo cifram-se,
cifram-se, pois,
pois, ao
ao
seguinte:
seguinte:
aa)) o actoo acto
como como
tal não
tal expressa infinidade,
não expressa mas mas
infinidade, apenasapenas
prescinde inteiramente
prescinde inteiramente da finitude ee da
da finitude da infinitude;
infiritude;

— 182—
— 182 —
b)
b) osos tomistas
tomistas não
não conseguem
conseguem distinguir
distinguir aa ordem
ordem metafí­
metafi-
sica da
sica da ordem
ordem física.
física,

Podemos agora
Podemos apora alinhar os principais
alinhar os principais argumentos
argumentos críticos
críticos àà
teoria tomista,
teoria tomista, compendiados
compendiados dada obra
obra dos
dos escotistas.
escotistas.

A argumentação
A argumentação tomista
tomista peca
peca por
por petitio
petitio principii,
principii, pois funda-
pois funda-
sese no
no que
que deve
deve provar.
provar.

OO acto em si
acto em si prescinde
prescinde de de limitação
limitação ee de
de ilimitação.
ilimitação. Se Se ex­
ex-
pressasse ilimitação
pressasse ilimitação seria
seria impossível
impossível que que se
se desse
desse emem grau
grau limi­
limi-
tado, pois
tado, pois aa sabedoria,
sabedoria, de de per
per sese (conceptualmente),
(conceptualmente), seriaseria incom­
incom-
patível com
patível com aa finitude,
finitude, ee ficaria
ficaria excluída
excluída em
em absoluto
absoluto também
também aa
íjimitação
imitação porpor uma
uma potência
potência real.
real.

Consegiientemente, o
Conseqüentemente, o princípio
princípio limitador
limitador do acto tem
do acto tem de de
estar fora
estar fora dada definição
definição da da essência
essência metafísica
metafísica do do acto,
acto, queque nlo
não
inclui em
inclui em sisi nem
nem aa limitação
limitação nem nem aa ilimitação.
ilimitação. Tal requer
Tal requer umauma
distinção conceptual
distinção conceptual ou ou metafísica,
metafísica, não não reai-metafísica,
reai-metafísica, entreentre acto
acto
ee potência.
potência. A necessidade
A necessidade da da distinção
distinção real-física
real-física decorreria
decorreria
da suposição
da suposição do do paralelismo,
paralelismo, segundo
segundo oo qual qual oo que
que se se distingue
distingue
conceptualmente, ou
conceptualmente, ou seja,
seja, nana ordem metafísica, distinguir-se-á
ordem metafísica, distinguir-se-á
também: na
tembém na ordem
ordem do do ser,
ser, oo que
que éé supor
supor oo paralelismo.
paralelismo. E se
E se não
não
se supõe
se supõe êste
êste éé mister
mister então
então sustentar
sustentar comocomo necessária
necessária uma uma potên­
potên-
cia real
cia real limitadora.
limitadora. Neste caso,
Neste afirmar-se-ia oo que
caso, afirmar-se-ia que se se tem
tem de de
gemonstrar.
demonstrar. Por sua
Por sua vezvez também
também não não demonstra
demonstra cabalmente
cabalmente oO
tomismo que
tomismo que oo acto
acto não
não pode estar real-fisicamente
pode estar real-fisicamente limitado
limitado porpor
si mesmo.
si mesmo.
Em suma,
Em suma, esta
esta éé aa sintese da objecção
síntese da objecção escotista.
escotista.

Propõem os
Propõem os tomistas
tomistas diversas
diversas explicações.
explicações. Fuetscher
Fuetscher passa
passa aa
cxaminá-las ee aa apontar
txaminí-las apontar osos defeitos
defeitos que
que elas
elas oferecem.
oferecem. N Não con-
ão con­
seguem elas
seguem elas demonstrar
demonstrar devidamente
devidamente oo que que pretendem,
pretendem, já já que
que oo
tomismo só
tomismo só aceita uma limitação:
aceita uma limitação: aa dada potência
potência subjectiva
subjectiva real,
real,
cu seja
ou seja ab
ab extrínseco
extrinseco sibi.
sibi. Afirmar
Afirmar que
que oo acto não pode
acto não pode estar
estar
limitado por
limitado por sisi mesmo
mesmo éé um um postulado
postulado queque éé mister
mister demonstrar.
demonstrar.

— 183
— 183 —

CRÍTICA
C ESCOTISTA
R IT IC A ESC AOO A
O TISTA A AXIOMA DAA M
X IO M A D MULTIPLICAÇÃO
U LTIPLICA ÇÃ O
DOO A
D ACTO
CTO

Este axioma
Êste axioma sese relaciona
relaciona intimamente
intimamente comcom oo da
da limitação do
limitação do
acto pela
acto pela potência.
potência. OO axioma
axioma da
da multiplicação do acto
multiplicação do acto afirma
afirma que
que
um acto
um acto sósó pode
pode multiplicar-se
multiplicar-se pela
pela recepção
recepção numa
numa potência
potência subjec­
subjec-
trva real.
tiva real.

Conseguentemente, um
Conseqüentemente, um acto,
acto, que
que não
não éé recebido
recebico em em ne­ne-
ahuma potência
nhuma potência subjectiva real, éé absolutamente
subjectiva real, absolutamente único
único pelo
pelo
menos
menos nana sua
sua espécie.
espécie. D Doo mesmo
mesmo modomodo queque só
só aa potência
potência subjec­
subjec-
tiva real
tiva real éé aa possibilidade
possibilidade dada limitação
limitação do do acto,
acto, também
também éé da da
multiplicação
multiplicação do do mesmo.
mesmo. Para oo tomismo,
Para tomismo, éé impossível
impossível queque o o
ecto se
acto se multiplique
muitiplique aa si si mesmo,
mesmo, bem bem como
como éé impossível
impossível queque seja
seja
imitado por
limitado por si
si mesmo.
mesmo.
Para que
Para que haja
haja multiplicação
multiplicação de de indivíduos
individuos de de uma
uma mesma
mesma
espécie éé mister,
espécie mister, para
para oO tomismo,
tomismo, queque oO acto
acto seja
seja recebido
recebido numa
numa
gotência subjectiva
potênda subjectiva real.
real. D Dêsse modo aa composição
êsse modo composição realreal de
de essên­
essên-
ria ee existência
cia existência éé condição
condição indispensável
indispensável parapara que
que seja
seja possível
possível
-ama multiplicidade de
ima multiplicidade de sêres
sêres em geral, ee também
em geral, também aa única
única possibi-
possibi-
lidade de
Jidade de evitar-se
evitar-se oo m monismo panteísta. Que
oais mo panteísta. Que aà essência
essência esteja
esteja
realmente composta de
realmente composta de matéria
matéria ee forma
forma éé aa condição
condição indispensável
indispensável
para que
para que seja
seja possível
possível umauma pluralidade
pluralidade de de indivíduos
indivíduos dada mesma
mesma
espécie.
espécie.

Em defesa
Em defesa de
de sua tese, assim
sua tese, assim argumentam
argumentam os os tomistas:
tomistas: oO acto
acto
puro, o
puro, O acto
acto não
não recebido
recebido numa
numa potência
potência real,
real, éé infinito;
infinito; também
também
cG acto
acto form
formalal puro
puro cm
em sua
sua espécie,
espécie, oO acto
acto entitativo
entitativo puro
puro éé sim­
sim-
rlesmente infinito.
plesmente Ora, oo que
infinito. Ora, que éé infinito
infinito éé necessariamente
necessâriamente único.
único.
Logo, oo acto
Logo, acto formal
formal puro,
puro, éé único
único emem sua
sua espécie,
espécie, ee oo acto
acto entita­
entita-
tivo puro
tivo puro éé simplesmente único.
simplesmente único.

— 184
— 184 —

Vê-se desde
Vê-se logo que
desde logo que essa
essa argumentação
argumentação pressupõe
pressupõe comocomo váli­
váli-
do
do oo axioma
axioma da da limitação
limitação do do acto
acto pela
pela potência
potência real.
real.
A diferenciação
A diferenciação não não poderia
poderia provir
provir dodo acto
acto formal,
formal, porque
porque
então aquela seria
então aquela seria específica
específica ee não
não numérica;
numérica; portanto,
portanto, oo principio
principio
descriminador tem
descriminador tem de de ser
ser extrínseco
extrínseco aoao acto,
acto, ee sósó pode
pode achar-se
achar-se
ua pctência
na pctência reil.
real.
Mas essa
Mas essa argumentação
argumentação não não responde
responde nem
nem invalida
invalida asas objec-
objec-
ções apresentadas
ções apresentadas anteriormente.
anteriormente. O O que
que éé preciso
preciso provar
provar éé que
que
o acto
o acto sósó pode
pode diferenciar-se
diferenciar-se na na ordem
ordem real
real por
por umum princípio
princípio
teal-fisicamente distinto.
real-fisicamente distinto. E E tal
tal prova
prova só
só pode
pode serser feita,
feita, admitin­
admitin-
do-se aa validez
do-se validez do
do paralelismo,
paralelismo, o o que
que leva,
leva, inevitàvelmente,
inevitâvelmente, aa caircair
no realismo
no realismo exagerado.
exagerado.
OO que,
que, na na verdade,
verdade, se se dádá aqui,
aqui, sem
sem que
que queiramos
queiramos anteceder
anteceder
aa nossa
nossa crítica
crítica que
que virá
virá aa seu
seu tempo,
tempo, éé queque há há sempre
sempre um um temor
temor
de cair
de cair no no platonismo.
platonismo. Mas, Mas, que que platonismo?
platonismo? No No que
que vulgar­
vulgar-
mente se
mente se considera
considera como como sendosendo aa genuina
penuina doutrina
doutrina de de Platão.
Platão.
Gra, como
Ora, como já já temos
vemos mostrado
mostrado em em nossos
nossos trabalhos,
trabalhos, aa exposição
exposição
da doutrina
da doutrina platônica
platônica en em seusseus famosos
famosos diálogos
diálogos éé apenas
apenas postu-
postu-
lativa, pois
lativa, pois êle êle fêz
fêz aa crítica
crítica da da suasua própria
própria posição,
posição, ee melhor
melhor
que ninguém.
que ninguém. N Não
ão háhá objecção
objecção alguma,
alguma, feita
feita através
através dos
dos séculos
séculos
até nós,
até nós, queque já já não
não estivesse
estivesse esboçada
esboçada pelopelo próprio
próprio Platão.
Platão. Êle Ele
já conhecia
já conhecia as as aporias
aporias queque deladela decorriam
decorriam e, e, êle
êle mesmo
mesmo argumen­
argumen-
tou contra
tou contra aa sua sua posição.
posição. Êle Ele mesmo
mesmo mostrou
mostrou quantas
quantas dificulda­
dificulda-
des havia,
des havia, ee quantos
quantos pontos
pontos obscuros
obscuros ee frágeis
frágeis aa suasua doutrina
doutrina
(como aa expusera
(como expusera nos nos diálogos)
diálogos) possuia.
possuia.
Mas, aa doutrina
Mas, doutrina exposta nos diálogos
expDsta nos diálogos éé aa genuína
genuína de de Platão?
Platão?
Não foi
Não foi êle
êle mesmo
mesmo quem,
quem, em em sua
sua 77.º.“ carta,
carta, afirmou
afirmou que que emem ne­
ne-
nhuma de
nhuma de suas
suas obras
obras escritas
escritas havia
havia exposto
exposto oo seu seu verdadeiro
verdadeiro pen­
pen-
samento, nem
samento, nem tampouco
tampouco cc havia
havia transmitido
transmitido àà viva voz aa nenhum
viva voz nenhum
dos seus
dos seus discípulos?
discípulos? Por que,
Por que, então,
então, teirnar-se
teirnar-se que
que aa verdadeira,
verdadeira,
aa genuína
genuína doutrina
doutrina platônica
platônica éé aquela
aquela que que êle
êle jájá declarara
declarara não
não
ser aa sua
str sua genuina
genuina ee verdadeira
verdedeira doutrina?
doutrina?

Ass formas
A formas subsistentes
subsistentes para
para Platão
Platão não
não podem
podem ser
ser conside­
conside-
tadas pelo
radas pelo modo
modo primário
primário queque sese tem
tem feito,
feito, oo qual
qual revela
revela aa ade­
ade-
1ência de
rência de certos
certos esquemas infantis, que
esquemas infantis, que não
não favorecem
favorecem uma
uma nítida
nítida

— 185
— 185 —

compreensão. São
compreensão. São por
por dem
demais
iis fáceis
fáceis asas objecções
objecções apresentadas
apresentadas
até hoje,
até hoje, ee que
que êle
êle mesmo
mesmo já já fizera
fizera àà suasua própria
própria exposição.
exposição.
Por que
Por que conservou Platão em
conservou Platão em segredo
segrêdo sua sua verdadeira
verdadeira ce genuína
genuina
doutrina?
doutrina? £É aqui que está
aqui que está um
um campo
campo parapara pesquisas:
pesquisas: oo motivo
motivo
que levou Platão
que levou Platão aa ocultar
ocultar aa sua
sua genuína
genuina doutrina.
doutrina. E havia
E havia ra­
ra-
zões? Sim,
zões? Sim, havia
havia ee muitas.
muitas. Mas Mas issoisso éÉ outra
outra questão
questão que
que não
não
cabe aqui
cube aqui examinar.
examinar.
Masas se
M se há
há um
um verdadeiro
verdadeiro temoi temor pânico
pânico dos dos escolásticos
escolésticos emem
cair no
cair no platonismo
plutonismo (no (no queque indevidamente
indevidimente st sé considerou
considerou plato­
piato-
nismo), receiosos
nismo), de cair
receiosos de cair nono realismc
realismc extremado,
extremado, tais tais escrúpulos
escrúpulos
são facilmente
são facilmente compreensíveis.
compreensíveis. Mas Mas >ode-se manter um
node-se manter um realismo
realismo
moderado,
moderado, de de grau
grau mais
mais intenso.
intenso. Estamos aqui,
Estamos aqui, num
num campo
campo es­ es-
calar, gradativo, ee podem
calar, gradativo, podem muitomuito bembem osos escotistas
escotistas afirmarem
afirmarem queque
oo realismo
realismo moderado,
moderado, que que adoptam,
adoptam, éé de de grau
grau menor
menor queque oo dos
dos
tomistas, aos
tomistas, aos quais
quais chegam
chegam aa acusar
acusar dede realistas
realistes extremados.
extremados.
Escreve Fuetscher
Escreve Fuetscher (p. (p. cit.
cit. pág.
pág. 1163); “Quando considera­
6 3 ); "Quando considera-
mos oO acto
mos puramente em
acto puramente em si,
si, prescindindo
prescindindo de de sua
saa relação
relação aoao sujei­
sujei-
ta —
to — contemplamos,
contemplamos, por por exemplo,
exemplo, aa sabedoria
sabedoria puramente
puramente em em sist —,
—,
não descobrimos nele
nío descobrimos nele nenhuma
nenhuma marca marca de de unicidade
unicidade necessária.
necessária.
Dá-se somente
Dá-se sômente aa unidade
unidade formal,
formal, aa unidade
unidade da forma; há
da forma; há apenas
apenas
um objecto
um objecto de de meu
meu pensamento,
pensamento, pois pois não
não penso
penso várias
várias sabedoria»
sabedorias
simultânea ou
simultânea ou sucessivamente,
sucessivamente, mas mas apenas
apenas "sabedoria".
“satedoria”. É aa uni­
H uni
cade
dade do do universale
universale directum,
directum, que que éé considerado
considerado tão tão sósó segundo
segundo aà
sua compreensão,
sua compreensão, prescindindo
prescindindo em em absoluto
absoluto de de se
sz se
se acha
acha verificado
verificado
uma ou
uma ou mais
mais vêzes.
vêzes. Esta Esta última
última éé uma uma questão
questão inteiramente
inteiramente dis­ dis-
tinta, que
tinta, que éé mister
mister resolvê-la
resolvê-la separadamente.
separadamente. Ademais, se
Ademais, se uma
uma
forma, por
forma, por exemple,
exemple, sabedoria,
sabedoria, existisse
existisse tal tal como
como éé concebida
concebida em em
<bsoluto, considerada
absoluto, considerada meramente
meramente segundo segundo aa sua sua qüididade,
quididade, não não
teriamos senão
teríamos senão um um universal
universal transportado
transportado àà realidade,
real.dade, o o qual,
qual, como
como
existente seria
existente seria numèricamente
numêricamente êste, êste, mas
mas de de um um modo
modo contingente
contingente ee
não necessírio,
não necessício, e, e, portanto,
portanto, não não seria
seria necessàriamente
necessárimente único. único. Sob
Sob
Sualquer aspecto,
qualquer aspecto, estaria
estaria indeterminado;
indeterminado; e, e, pela
pela mesma
mesma razão,
razão, esta
esta
hipótese éé em
hipótese em si si impossível”
impossível”. .
Repelem assim
Repelem assim os
os escotistas
escotistas que
que oo acto
acto como tal seja
como tal seja infinito
infinito
ecc único.
único. A sabedoria
A sabedoria como
como taltal nada
nada nos
nos diz
diz de
de infinitude
infinitude ee
unidade, mas
unidade, mas prescinde
prescinde de
de ambas
ambas inteiramente.
inteiramente.

— ISó
— 186 —

DAA U
D UNIDADE DOO ACTO
N ID A D E D ACTO

Afirmam os
Afirmam os tomistas,
tomistas, ee com
com êles
êles muitos
muitos escolásticos,
escolásticos, queque dede
dois entes
dois entes em
em acto não sese pode
acto não pode realizar
realizar umum ser
ser simpliciter,
simpliciter, ou ou seja
seja
unum per
unum per se
se ((uma unidade hólica).
uma unidade hólica). Para Para que
que surja
surja ttnum
unum perper sese
<é5 mister
mister que
que osos elememos
elemen:os componentes
componentes guardem
guardem relação
relação mutua
mútua
de acto
de acto ee potência,
potência, de de modo
modo queque aa potência
potência sej^
sej pura
pura potêncii
potência ee
oo acto
acto tanto
tanto in
mm ordine
ordine essentiae
essentiae como
como in in ordine
ordine entis
entis seja
seja ártico.
úrico.

Aceita oo escotismo
Aceita escotismo ee esforça-se
esforça-se em
em prová-lo
prová-lo que de
que de vários
vários
entes em
entes em acto
acto possa
possa surgir
surgir um
um ente
ente unum
unum per
per se
se (um holos),
(um holos), e€
não apenas
não apenas unum
unrm per
per accidens,
accidens, como
como oo expressam
expressam os tomistas.
os tomistas.
A unidade
A unidade de de um
um monte
monte de de pedras
pedras éé um um ente
ente uno
uno porpor acci-
acci-
dente (plethos),
dente (plethos), não, não, porém,
porém, aa unidade
unidade que que surge
surge numnum ccrpoccrpo
vivo. N
vivo. Nãoão sese dádá apenas
apenas uma uma união
união de de acção
acção de de duas
duas ou ou riais
mais
causas parciais
causas parciais em em si si independentes,
independertes, emboraembora perfeitamente
perfeitamente coor­ coor-
denadas, como
denadas, como quatro
quatro cavalos
cavalos aoao puxarem
puxarem um um coche,
coche, queque seria
seria
um exemplo
um exemplo adequado,
adequado, mas mas háhá casos
casos emem que que as as causas
causas compo­
compo-
nentes, ee em
nentes, em acto,
acto, constituem
constituem uma uma nova
nova unidade,
unidade, que que éé unumumzm:
fer se.
per se. Ou Ou seja,
seja, admite
admite oo tomista
tomista queque as as partes
partes componentes
componentes
estão numa
estão numa relação
relação de de potência
potência ao ao acto
acto da da totalidade,
totalidade, enquanto
enquanto
o escotismo
o escotismo afirma
afirma aa actualidade
actualidade das das partes
partes (em (em certos
certos casos),
casos),
formando uma
formando uma nova nova unidade,
unidade, oo que que chamamos
chamamos na na filosofií.
filosofiz con­con-
creta de
creta de tensão.
tensão. O escotismo
O escotismo admite
admite aa realidade
realidade tensiooal
tensional co co
unum per
unum per se,
se, composto
composto de de unidade
unidade em em acto,
acto, componentes
componentes da da tona­
tota-
lidade (um
lidade (um holos),
bolos), enquanto
enquanto oo tomismo
tomismo afirmaafirma que que essas
essas partes
partes
estão numa
c-stão numa relação,
relação, ee apenas,
apenas, de de potência
potência para para comcom oo acto
acto (um (um
plethos).
plethos).

Como esta
Como esta tese
tese exige
exige oo exame
exame do
do conceito
conceito da
da matéria
matéria ee da
da
problemática que
problemática que ela
ela implica,
implica, bem como do
bem como do exame
exame do
do tema
tema ten-
ten-

— 187
— 187 —

ssonal, que
sjonal, que é é de
de magna
magna importância
importância para para os
os actuais
actuais estudos,
estudos, como
como
mostraremos ee oo provamos
mostraremos provamos em em nosso
nosso "Teoria
“Teoria Geral
Geral dasdas Tensões”
Tensões”, ,
passaremos, no
passaremos, no volume
volume respectivo,
respectivo, aa examinar
examinar aa matéria
matéria queque üe se
refere aa êste
refere êste axioma
axioma tomista.
tomista sob
sob outras
outras perspectivas,
perspectivas, queque aa filo­
filo-
sofia concreta
sofia concreta permite
permite construir
construir ee sôbre
sôbre asas quais
quais trataremos,
trataremos, ainda
ainda
nesta obra,
nesta obra, no no exame
exame dialéctico
dialéctico concreto
concreto final
final que
que faremos
faremos sôbre
sôbre:
oo acto
acto ee aà potência,
potência, embora
embora nãonão esgotando,
esgotando, ainda,
ainda, as as possibilida­
possibilida-
des
des que
que aa nossa
nossa posição
posição filosófica
filosófica oferece
oferece ee permite
permite realizar.
realizar.

PASSAGEM DAA PO
PASSAGEM D POTÊNCIA AO ACTO
TÊN C IA AO ACTO

O axioma
O axioma tomista
tomista queque sese refere
refere aa esta
esta parte,
parte, ee sôbre
sôbre oo qual
qual
sê funda
sè funda tôda
tôda aa teoria
teoria da
da passagem
passagem da da potência
potência ao ao acto,
acto, éé oo que
que
éé claramente
claramente enunciado
enunciado do do seguinte
seguinte modo:
modo: quidquid
quidquid movetur,
movetur, ctb ab
clio movetsr, ou
dio movetur, ou seja,
seja, nihil
nibil reducitur
reducitur de
de potentia
potentia inin actum
actum nisi
nisi per
per
aliquod ens
aiiquod ens in
in actu.
actu.
A validez
A validez de tal axioma
de tal axioma éé matéria
matéria pacífica
pacífica na
na escolástica
escolástica ee
em tôda
cm tôda filosofia
filosofia positiva.
positiva. Contudo, surgem
Contudo, surgem alguns
alguns problemas
problemas ee
algumas dificuldades,
algumas dificuldades, ee dede grande
grande importância,
importância, que
que tem
tem dividido
dividido
as opiniões
as opiniões dosdos diversos
diversos autores,
autores, sobretudo
sobretudo separado
separado tomistas,
tomistas, neo-
neo-
-tomistas, neo-escolásiicos
-tomistas, neo-escolásticos ee suarezistas
suarezistas em
em campos
campos opostos.
opostos.
Dee antemão
D antemão éé preciso
preciso considerar
considerar que que oo axioma
axioma ao ao estabelecei
estabelecer
que "se
que “se algo
algo éé movido
movido éé movido
movido por por outro"
outto” afirma
afirma urna
urra relação
relação
de acto
de acto ee potência;
potência; ou ou seja,
seja, de
de algo
algo em potência que,
em potência que, para
para passar
passar
para oo acto
p;*ra acto dada moção,
moção, exige
exige outro
outro emem acto
acto que
que oo mova.
mova. Nesse
Nesse
caso, alguns
caso, alguns escolásticos
escolásticos concluíram,
concluíram, para,para, segundo
segundo êles,
êles, não
não cair
cair
em contradição,
em contradição, admitir
admitir queque oo agente
agente queque move
move éé extrínseco
extrínseco ao ao
móvel.
móvel. Como aqui
Como aqui sese "o
“o que
que éé movido
movido por por móvel
mével ee como
como movi­
movi-
merto” está
mento" está tomado
tomado no no sentido
sentido apenas
apenas de de movimento
movimento local,local, dede
transladação
transladação de de umum móvel,
móvel, concluiu-se
concluiu-se que que todo
todo móvel
móvel implica
implica
um agente
um agente exterior
exterior aa êleêle para
para queque sese realize
realize oo movimento,
movimento, que que
lhe éé próprio.
Ihe próprio. Neste caso,
Neste caso, o o acto
acto que
que oo movemove éé extrínseco
extrínseco ao ao
móvel
móvel que que sese comporta
comporta em em relação
relação ao ao primeiro
primeiro na na proporção
proporção de de
potência
potência para para oo acto.
acto.
Deu-se aa êsse
Deu-se êsse movimento
movimento o
o nome
nome de
de movimento
movimento violento,
violento,
pois não procede
pois não procede êle
êle de
de uma
uma forma
forma íntrinseca
íntrinseca ao
ao móvel,
móvel, mas
mas éé

— 188
— 188 —

efeito de
efeito de uma
uma causa
causa externa, como se
externa, como pode exemplificar
se pode exemplificar pela
pela
queda dos
queda dos corpos,
corpos, movidos
movidos pela
pela atracção, que éé extrínseca
atracção, que aos
extrínseca aos
mesmos.
mesmos.
ÉÉ mister,
mister, porém,
porém, considerar que aa >otência
considerar que ootência pode
pode ser
ser activa
activa
cu
c.u passiva.
passiva.

Quanto
Quanto àà potência passiva, estão
potência passiva, tocos de
estão tocos de acôrdo
acôrdo queque éé im­
im-
prescindível um
prescindível um agente
agente externo
externo àà mesma
mesma que
que aa actualize.
actualize. Contu-
Contu­
do, quanto
do, quanto àà potência activa, aa divergência
potência activa, divergência éé inevitável.
inevitável.

Para aa neo-escolástica,
Para neo-escolástica, ao interpretar oo axioma
ao interpretar axioma de de Tomás
Tomás de de
Aquino, éé imprescindível
Aquino, imprescindível aa cause
causa cooperaiora;
cooperaàora; ou ou seja,
seja, um motor
um motor
que, em
que, em união
união comcom aa potência,
potência, constituz
constitua aa causa
causa eficiente total
eficiente total
do acto.
do acto. E E essa
essa interpretação
interpretação sese refere
refere tanto
tanto àà potência
potência passiva
passiva
como àà activa.
como activa, Exige
Exige essa
essa interpretação
interpretação oo concurso simultâneo
concurso simultâneo
(concursus
( concursus simultanens),
simultanetis), que que não
não sese afirma
afirma que seja imediata-
que seja imediata­
mente Deus,
mente Deus, mas mas que,
que, pelo
pelo menos,
menos, afinal,
afinal, será
será Deus,
Deus, pois
pois ao
ao
recorrer-se
recorrer-se aa série
série dos
dos “motores”, ter-se-á de
'motores", ter-se-á de alcançar finalmente,
alcançar finalmente,
oo motor
motor imóvel,
imóve!, jájá que
que não
não sese pode
pode irir ao infinito
ao infinito

Não
Não sese afirma
afirma que Deus coopere
que Deus coopere imediatamente
imediatamente com êsses
com êsses
motores, mas
motores, mas que
que aa princípio
princípio éé inevitável
inevitável aa sua actuação. Con­
sua actuação. Con-
tudo, para
tudo, para outros
outros tomistas, essa cooperação
tomistas, essa cooperação éé imediata, pois, sem
imediata, pois, sem
ela, seria
ela, impossível qualquer
seria impossível qualquer movimento.
movimento.

As diversas
As diverses interpretações
interpretações proclamarr.-se
proclamarr.-se tomistas
tomistas ee afirmam
afirmam
que expressam
que expressam genuinamente
genuinamente oo pensamento
pensamento de de Tomás
Tomás de de Aquino.
Aquino.
Sabe-se que
Sabe-se que entre
entre asas cinco
cinco v:as
v:as do aquinatense para
do aquinatense para provar
provar aa
existência de
existência Deus, êste
de Deus, axioma tem
êste axioma tem umum papel
papel importante
importante. Sabe-
Sabe-
-se, também,
-se, também, como
como já já examinamos
examinamos em em nossos livros, que
nossos livros, que Suarez
Suarez
não considerou
não considerou êste
êste argumento
argumento como eficaz, apresentando-lhe
como eficaz, apresentando-lhe algu-algu­
mas objecções,
mas objecções, sobretudc
sobretudc ao ao trata:
trata; do
do actus
actus virtnalis,
virt/ialis, que mereceu
que mereceu
críticas contundentes,
críticas contundentes, sobretudo
sobretudo dosdos neo-tomistas.
neo-tomistas.

Contudo, afirmava
Contudo, Suarez que
afirmava Suarez que Tomis
Tomis dede Aquino
Aquino aceitava
aceitava
que uma
que uma potência
potência activa
activa poderia
poderia passar por si
passar por s! mesma
mesma aoao acto,
acto,
sem necessidade,
sem necessidade, portanto,
portanto, dede uma
uma praemotio
praemotio physica, que era
pbysica, que era
admitida como
admitida imprescindível por
como imprescindível por aquêles,
aquêles, ee que os suarezistas
que os suarezistas
consideram como negada
consideram como pelo aquinatense.
negada pelo aqu.natense.


— 189—
189 —
Em prxneiro
Em primeiro lugar,
lugar, éé conveniente
conveniente notar
notar que
que quanco
quando Tomás
Tomás
de Aquino
de Aquino falafala em
em movimento
movimento não não se
se refere
refere apenas
apenas ao
ao movimento
movimento
local, já
local, já que
que oo têrmo
têrmo éé usado
usado por
por êle no sentido
êle no sentido genérico
genérico de
de
moção, incluindo,
moção, incluindo, assim,
assim, tôda
tôda ee qualquer
qualquer mutação,
mutação, quer
quer substan­
substan-
cial, quer
cial, quer accidental.
accidental.
Para tais
Para tais autores,
autores, admitia
admitia o
o aquinatense
aquinatense o
o movimento
movimento natural
natural
que brota espontaneamente
que brota espontâneamente da
da forma
forma intrínseca
intrínseca do
do objecto,
objecto, ee que
que
oo trânsito
trânsito dada potência
potência ao ao seu
seu acto
acto sese efectua
efectua por
por sisi mesmo,
mesmo, se se não
não
existe impedimento
existe impedimento externo, externo, oo que que negaria
negaria oo ponto
ponto capital
capital da da
tecria dos
tecria dos neo-escolásticos,
neo-escolásticos, que que afirma
afirma em em todo
todo movimento
movimento aa
viclência. Para
violência. Para tal tal concepção,
concepção, Deus Deus não não move
move nadanada pela pela vio­
vio-
lência, ee sobretudo
lência, sobretudo aa vontadevontade livre,
livre, mas
mas tudotudo oo faz
faz pela
pela própria
própria
naturalidade.
naturalidade. OO movimento
movimento natural natural da da vontade,
vontade, oo motusmotus volun-
volun-
tarius, brota
larius, brote espontaneamente
espontâneamente da da forma
forma da da vontade,
vontade, como como dispo­
dispo-
sição natural
sição natural ao ao bem.bem. Não
N ão se se nega
nega influências
influências externas,
externas, mas mas
apenas não
apenas não sese admite
admite apenas
apenas estas.
estas. N Naa linguagem
linguagem da da dialéctica
dialéctica
concreta se
concreta se dizia
dizia que que os os factores
factores extrínsecos
extrinsecos não aão são são os Ds únicos
únicos
aa actuarem
actuarem na na acção
acção de de umum determinado
determinado ser, ser, mas,
mas, sim,
sim, esta
esta decorre
decorre
da cooperação
da cooperação dos dos factôres
factôres intrínsecos
intrínsecos ee extrínsecos
extrinsecos (emergentes
(emergentes ee
predisponentes), em
predisponentes), em queque êstes
êstes últimos
últimos têm têm mais
mais oo papel
papel de de apre­
apre-
sentar motivos
sentar motivos para para aa actuação
actuação daqueles
daqueles ee mesmo,
mesmo, quando
quando se se dádá
uma actuação directa
uma actuação directa dêstes
dêstes éé ela
ela proporcionada
proporcionada aos 205 primeiros,
primeiros, pois pois
aa sua
sua acção
acção sese dá dá na na proporção
proporção da da natureza
natureza dos dos primeiros.
primeiros.
A vontade
A vontade éé movida
movida ao
ao bem
bem por
por uma
uma emergência
emergência natural,
aatural, aa
cual Ihe
qual lhe foi
foi conferida
conferida por
por Deus.
Deus. £É oo que
que afirma
afirma claramente
ciaramente
Tomás de
Tomás de Aquino.
Aquino.
Não
N n:gam os
ão negam os suarezistas
suarezistes aa validez
validez dodo axioma
axioma tomista,
tomista, mas
mas
Os reparos
os reparos que
que fazem
fazem referem-se
referem-se mais
mais aa particularidades
particularidades na na inter­
inter-
pretação do
pretação do que
que sese chama
chama aa potência
potência primeira
primeira (a (a passiva)
passiva) ee aa
potência segunda
potência segunda (a (a activa),
activa), quanto
quanto aoao actus
actus virtualis
virtualis se oO actus
acsus
jformalis e,
jormalis e, sobretudo,
sobretudo, àà maneira
maneira como
como foifoi interpretado
interpretado oo axioma.
axioma.
Partamos do
Partamos do seguinte:
seguinte: nada
nada pode
pode ser
ser causa
causa adequada
adequada de de um
um
efeito se
efeito se não
não contém
contém em em si,
si, aoao menos
menos eminer.ter
eminenier ou ou formditer-
formaliter-
-eminenter aa perfeição
-eminenter perfeição dodo efeito.
efeito. Comentando os
Comentando os argumentos
argumentos
suarezistas, escreve
suarezistas, escreve Fuetscher,
Fuetscher, na na obra
obra citada,
citada, pág.
pág. 289:
289: "Assim,
“Assim,
pois, aa causa
pois, causa ee oo efeito
efeito têm
têm de de pertencer
pertencer àà mesma ordem de
mesma ordem de per­
per-

— 1190
— —
90 —
feição.
feição. Sem dúvida
Sem dúvida que que éé compatível
compatível com com istoisto certa
certa amplitude,
amplitude,
como oo insinua
como insinua oo facto
facto dede certa
certa evolução
evolução moderada.
moderada. A evolução
A evolução
mantém-se
mantém-se por por fôrça
fôrça dentro
dentro dede certos
certos limites,
limites, queque podem
podem servir
servir
como indicadores de
como indicadores de onde
onde começa
começa uma uma ordem
ordem essencialmente
essencialmente supe­supe-
tior ou
rior ou diferença
diferença específica.
específica. Pois bem:
Pois bem: dentro
dentro de de uns
uns limites
limites
determinados pode
determinados pode haver
haver graus
graus diversos.
diversos. Por Por queque um um prindpio
princípio
vital não
vital não poderia
poderia serser capa;
capa; acomodando-se
acomodando-se às às circunstâncias
circunstâncias maismais
ou menos
ou menos favoráveis
favoráveis queque aa rodeiam,
rodeiam, de de desenvolver
desenvolver em em graus di-
graus di­
versos sua
versos sua própria
própria perfeição específica, graus
perfeição específica, graus que que sese mantenham
mantenham
dentro ce
dentro ce um limite superior
um limite superior ee de de outro
outro inferior?”
inferior?”. .
Estamos aqui
Estamos aqui em face do
em face do maximum
maximum ee do do minimum
minimum do do
aritbmó: pitagórico,
arithmó: pitagórico, do do arithmós
aritbmós eidetikôs,
eidetikôs, queque éé aa expressão
expressão
«rithmológica do
urithmológica do logos
logos (da
(da form
forma)a) de
de alguma
alguma coisa,
coisa, cujo
cujo aspecto
aspecto
examinaremos mais
examinaremos mais adiante.
adiante. Desenvolve-se
Desenvolve-se um um germe,
germe, ee torna-se
torna-se
uma planta
uma planta perfeita,
perfeita, mas
mas uma
uma planta
planta determinada,
determinada, de de determinada
determinada
espécie, ee não
espécie, não umum animal.
animal. O que
O que éé de
de notar,
notar, porém,
porém, éé que que àa
semente conserva
temente conserva com com respeito
respeito àà planta,
planta, aa relação
relação de de potência
potência ao ao
acto, de
acto, de disposição
disposição ee desenvolvimento.
desenvolvimento.

Dizem os
Dizem suarezistas, neste
os suarezistas, caso, que
neste caso, que aa semente
semente é, é, dede certo
certo
modo, uma
modo, determinada planta,
uma determinada planta, porém
porém não não formalmente
formalmente nem nem emi­ emi-
nentemente nem
nentemente nem tampouco
tampouco formalmente-eminentemente.
formalmente-eminentemente. A se­
A se-
mente não
mente não éé umum equivalente
equivalente completo
completo da da planta.
planta. Masas uma
M uma de­ de-
terminada semente
terminada semente sempiesempre será,
será, de de certo
certo modo,
modo, um um equivalente
equivalente
de uma
de determinada planta,
uma determinada planta, ee quanto
quanto ao ao cue
cue se se refere
refere àà planta
planta
determinada não
determinada não sese poderá
poderá dizer
dizer taltal de
de qualquer
qualquer semente,
semente, mas mas de de
uma semente
uma semente da da mesma
mesma classe
classe dede perfeição
perfeição específica
específica da da planta,
planta, ee
que contenha
que contenha em em si si formalmente
formalmente tal tal classe
classe de de perfeição.
perfeição. Há,
Há,
apenas, distintos
apenas, distintos modos
modos de de ser,
ser, dede achar-se
achar-se tal tal perfeição
perfeição especí-
especí­
fica na
fica na semente
semente ee na na planta, mantendo êsses
planta, mantendo êsses modos
modos de de ser
ser umauma
uma relação
uma relação mútua
mútua de de acto
acto ee potência,
potência, de de disposição
disposição ee evolução.
evolução.
Assim uma
Assim uma colheita
colheita equivale
equivale àà semente
semente ee as as condições
condições extrín-
extrín­
secas asseguradas, que
secas asseguradas, permitirão aa messe.
que permitirão messe. A evolução
A evolução dá-se
dá-se da da
semente àà planta,
semente planta, assim
assim como
como do do jovem
jovem inteligente
inteligente surge
surge oo sábio.
sábio.
O pensamento
O pensimento suarezista
suarezista afirma
afirma que que aa evolução
evolução não não éé uma
uma possi-
possi­
bilidade qualquer,
bilidade qualquer, mas mas aa que que se se dádá condicionada
condicionada por por algo
algo emer­
emer-
gente,
gente, oo actus
actus virtnalis.
virtualis. Essa mutação
Essa mutação ee movimento
movimento não não consis­
consis-

-— 191
— 191 —

tem na
tem na acquisição
acquisição de de uma
uma nova
nova essência
essência específica,
específica. o o que
que seria
seria
passar de
passar de uma
uma potência
potência passiva
passiva aoao seu
seu acto,
acto, mas
mas na na mudança
mudança de de
um modo
um modo dede ser
ser da
da essência
essência específica
específica aa outro
outro distinto,
distinto, por
por exem­
exem-
plo, na
plo, na passagem
passagem do do actus
actus virtualis
virtualis ao
ao actus
actus formalis.
formalis.

A tese
A tese neo-tomista
neo-tomista de de queque aa passagem
passagem da da potência
potência ao ao acto
acto
exige uma
exige uma causa
causa extrínseca
extrínseca éé aceita, aceita, pelos
pelos suarezistas
suarezistas quanto quanto àà
potência passiva,
potência passiva, não,não, porém,
porém, quanto quanto àà potência
potência activa,
activa, alémalém de de
alegarem aquêles
alegarem aquêles que que os os neo-tomistas
neo-tomistas ee neo-escolásticos
neo-escolásticos não não pro­
pro-
vam tal
vam tal afirmativa
afirmativa de de modo apodítico.
modo apodítico. Assim escreve
Assim escreve Fuetscher:
Fuetscher:
“Ass razões
"A razões queque sese apresentam
apresentam não não sãosão convincentes................
convincentes... ...Eé ver­
ver-
dade que
dade que aa potência
potência se se aperfeiçoa
aperfeiçoa pela pela acção
acção específica,
específica, como como evi­ evi-
denciam os
denciam os exemplos anteriores.
exemplos anteriores. A relação
A relação de de imperfeito
imperfeito aa per­ per-
feito se
feito se refere
refere unicamente
unicamente aos aos distintos
distintos modos
modos de de ser ser de de umauma
mesma perfeição,
mesma perfeição, ee não não àà suasua simples
simples ausência
ausência ou ou presença.
presença. Pois
Pois
bem: aa mudança
bem: mudança do do modo
modo de de ser
ser virtual
virtual ao ao modo
modo de ser formal
de ser formal
exigirá uma
exigirá uma causa
causa exrtínseca,
exrtinseca, imediatamente
imediatamente cooperadora,
cooperadora, ou, ou, mais
mais
inda, premotora,
ainda, premotora, se se aa potência
potência activa activa comocomo tal tal nãonão puder
puder ela ela
tealizar apenas
íealizar apenas êsteêste trânsito.
trânsito. E com
E com isto isto nos
nos encontramos
encontramos ante ante
aa encruzilhada
encruzilhada na na qualqual se se separam
separam radicalmente
radicalmente as as distintas
distintas sen­ sen-
tenças.
tenças. Como oo modo
Como modo de de serser virtual
virtual ee o o modo
modo de de ser formal
ser formal
guardam entre
guardam entre sisi relação
relação mútua
mútua de potência ee acto,
de potência acto, já já sese cumpre
cumpre
aa condição
condição de de possibilidade
possibilidade do do "movimento”
“movimento”. . Pode-se Pode-se evitar,evitar,
ademais, aa contradição
ademais, contradição de de queque oo princípio
princípio activoactivo sejaseja ao ao mesmo
mesmo
tempo potência
tempo potência ee acto acto aa respeito
respeito da da mesma
mesma perfeição.
perfeição.

£É verdade
verdade queque aa perfeição
perfeição especifica
especifica há há dede conter-se
conter-se formal­
formal-
mente no
mente no actus
actus virtualis.
virtualis. Masas oo "movimento”
M “movimento” não não vai
vai dodo não-ter
não-ter
essa perfeição
essa perfeição específica
específica aa tê-la,
tê-la, como
como se se aa semente
semente de de uma
uma mãçãmaçã
se convertesse
se convertesse numa numa semente
semente de de noz;
noz; o o movimento
movimento vai vai do
do modo
modo
de ser
de ser virtual
virtual (semente
(semente de de noz)
noz) ao ao modo
modo de de ser
ser formal
formal (nogueira)
(nogueira)
de uma
de uma mesma
mesma perfeição
perfeição específica,
específica, modosmodos que que guardam
guardam entre entre sisi
aa relação
relação de de acto
acto ee potência.
potência. Se Se oo actus
acius virtualis
virtualis contivesse
contivesse em em sisi
formalmente não
formalmente não só só aa perfeição
perfeição específica,
específica, mas mas também
também oo modo modo
de ser
de ser ulterior,
ulterior, então,
então, sim,
sim, haveria
haveria contradição
contradição ee seria seria impossível
impossível
oo "movimento"
“movimento” no no modo
modo formal
formal do ser.
do ser. Pois bem:
Pois bem: aa necessidade
necessidade
de que
de que aa perfeição
perfeição do do efeito
efeito se se contenha
contenha formalmente
formalmente na na causa
causa


— 192 —
192 —
adequada brota
adequada brota precisamente
precisamente dada concepção
concepção contrária,
contrária, e,
e, por
por tanto,
tanto,
oo cargo
cargo de
de contradição
contradição se
se torna
torna contra
contra ela
ela mesma.
mesma.
O movimento
O movimento só só éé possível
possível como como trânsito
trânsito do do actus
actus virlualis
virtualis
ao actus
ao actus formalis,
formalis, não não do actus formalis
do actus formalis ao ao actus
actus formalis,
formalis, pois pois
só oo primeiros
só primeiros guardam
guardam entre entre si si aa relação
relação de de potência
potência ee acto. acto.
Que para
Que para êste
êste trânsito,
trânsito, ademais
ademais da potência activa,
da potência activa, se se requeira
requeira
uma causa
uma causa extrínseca
extrínseca que que concorra
concorra imediatamente,
imediatamente, não não se se prova,
prova,
desde logo,
desde logo, objectando
objectando contradição
contradição no no caso
caso contrário.
contrário. Menos Menos con­ con-
vincente éé ainda
vincente ainda aa prova
prova tãotão usada
usada da da contingência.
contingência. Sem dúvida,
Sem dúvida,
oo ente
ente contingente
contingente não r\ão éé aa razão
razão adequada
adequada de de suasua própria
própria exis­exis-
tência.
tência. Foi criado
Foi criado por por Deus
Deus em em último
último têrmo têrmo ee necessita
necessita de de
uma contínua
uma continua conservação;
conservação; ee por por issoisso nãonão pode
pode ser ser tampouco
tampouco aa
razão adequada
razão adequada do do serser de
de outra coisa, no
outra coisa, no sentido
sentido de de que
que fôrafôra com­
com-
pletamente independente de
pletamente independente de Deus
Deus em em sua sua actividade.
actividade. Tudo Tudo isto isto
éé certo.
certo. Quando se
Quando se afirma,
afirma, interpretando
interpretando oo axioma, axioma, no no sentido
sentido
em
em o o que
que oo fazfaz São
São Tomás,
Tomás, que que oo princípio
princípio activo
activo éé aa causa
causa ade-ade-
quada do
ciuada do trânsito
trânsito da da potência
potência ao ao acto,
acto, nãonão se se segue
segue que que dito
dito prin­
prin-
cípio seja
cípio seja independente
independente de de Deus,
Deus, nem nem de de múltiplas
múltiplas condições
condições
extrínsecas.
extrínsecas. OO trânsito trânsito "adequado"
“adequado” tem, tem, aqui,
aqui, oo sentido
sentido restrito
restrito
de
de queque não não parece
parece estritamente
estritamente demonstrável
demonstrável que que seja
seja necessária
necessária
uma
uma causa causa imediatamente
imediatamente cooperadora,
cooperadora, nem nem muito
muito menosmenos premo-premo-
tora.
tora. Esta causa,
Esta causa, dizemos,
dizemos, não não éé demonstrável
demonstráve! por por êste
êste axioma.”
axioma.”
(o. cit.
(o. cit. págs.
págs. 2292/293).
9 2 /2 9 3 ).

Para os
Para os suarezistas,
suarezistas, aa doutrina
doutrina apoiada
apoiada por
por Tomás
Tomás de de Aquino
Aquino
cc Suarez
Suarez éé aa do
do trânsito
trânsito espontâneo
espontâneo do do actus
acius virlualis
viriualis ao
ao actus
actus
formalis,
form alis, ouou na
na linguagem
linguagem da filosofia concreta
da filosofia concreta da da virtualidade
virtualidade
da emergência
da emergência àà actualidade
actualidade da da forma.
forma. ÉÉ actoacto enquanto
enquanto contém
contém
em si
em si formalmente
formalmente aa essência
essência específica
específica dada perfeição
perfeição que há de
que há de
adquirir ee éé potência
adquirir potência em em relação
relação aoao modo
modo de de ser
ser que
que tem
tem essa
essa
perfeição como
perfeição como terminus
terminus ad a! quem.
quem.

A afirmativa
A afirmativa da da actualidade
actualidade na
na emergência
emergência nãonão nega
nega aa acção
acção
cooperadora ee sustentadora
cooperadora sustentadora dodo Ser Supremo, não
Ser Supremo, não como
como uma uma causa
causa
abaixo das
abaixo das causas,
causas, mas
mas como
como uma
uma causa acima de
causa acima de tôdas,
tôdas, que
que man­
man-
tém
tém emem sua
sua existência
existência ee em
em sua actividade as
sua actividade as causas
causas criadas
criadas que
que
actuam no
actuam no ser
ser finito.
finito.

— 193
— 193——
Em linha
Em linha gerais
gerais esta
esta éé a-
a crítica
crítica que
que fazem
fazem osos suarezistas
suarezistas &a
interpretação dos
interpretação dos neo-tomis:as
neo-tomis:as ee neo-escolásticos
neo-escolásticos ao ao axioma
axioma de de
“Tomás
lo de Aquino,
m á s de Aquino, cuja validez éé apodítica,
cuja validez apodítica, não,
não, porém,
porém, nana ma­
ma-
neira como
neira como éé interpretada
interpretada porpor aquêles
aquêles seguidores
seguidores dada doutrina
doutrina dodo
aguinatense.
aquinatense. )
A tese
A tese suarezista
suarezista adequada
adequada sôbre
sôbre aa causa
causa eficiente
eficiente pode
pode ser
ser
enunciada
tnunciada do do seguinte
seguinte modo:
modo: aa causa eficiente adequadamente
causa eficiente adequadamente con­con-
siderada contém virtualmente
siderada contém virtualmente oo efeito
efeito ee também
também oo contém
contém ou ou
formalmente
•formalmente ou ou eminentemente,
eminentemente, oo qual qual produz
produz por
por acção
acção realmea-
realmen­
te distinta
te distinta dodo agente
agente ee dodo efeito.
efeito.
Diz-se causalidade
Diz-se causalidade da da causa
causa eficiente
eficiente aa pela
pela qual
qual aa causa
causa
eficiente éé formalmente
eficiente formalmente constituída
corstituída causa
causa eficiente.
eficiente.
Virinalidade éé aa capacidade
Virtualidade capacidade de de influir
influir oo ser
ser ao
ao efeito.
efeito. Pode
Pode
ser aa actividade
ser actividade ou
ou aa potência
potência activa
activa ou
ou oO princípio
princípio da da acção,
acção, como
como
também aa fecundidade
também fecundidade da da causa.
causa.
1) virtualmente, uma
1) virtualmente, coisa pode
uma coisa pode conter
conter outra: se tem
outra: se tem aa vir­
vir-
tude para
tude para produzi-la;
produzi--a;
22)) numericamente,
numericamente, se
se contém
contém aa própria
própria entidade
entidade individual
individual
da coisa,
da coisa, como
como aa fonte
fonte que
que contém
contém aa água;
água,
3) formalmente,
3) formalmente, se
se não
não aa contém
contém segundo
segundo aa sua
sua entidade
entidade
individual, mas segundo
individual, mas segundo aa mesma
mesma natureza,
natureza, espécie
espécie ou
ou razão"
razão, assim
assim
como oo fogo
como fogo contém
contém o o calor,
calor, oo pai
pai contém
contém a2 natureza
natureza do do filho;
filho;
44)) eminentemente,
eminentemente, se se oo contém
contém nãonão segundo
segundo aa suasua entidade
entidade
individual, nem
individual, nem segundo
segundo aa mesma
mesma natureza
natureza ou ou espécie,
espécie, mas
mas de de
outro modo,
outro modo, comccomc os os seguintes:
seguintes: a) conter
a) conter aa perfeição,
perfeição, semsem as as
imperfeições que
imperfeições que Ihe
lhe são
são naturalmente
naturalmente adstrictas;
adstrictas; bb)) poder
poder pro­
pro-
duzir por
duzir por sisi os
os mesmos
mesmos efeitos,
efeitos, os
os quais,
quais, comcom tal. perfeição, já
tal.perfeição, já osos
contém;
contém; c) c) poder
poder produzir
produzir oo efeito
efeito ee dar-lhes
dar-lhes aa perfeição
perfeição que que
lhes pertence
lhes pertence naturalmente.
naturalmente.
Acção éé oo exercício
Acçio exercício da
da virtude
virtude da
da causa
causa eficiente.
eficiente. £É aa últi­
úti-
ma determinação
ma formal da
determinação formal da virtude
virtude activa
activa como
como causado
causado oo efeito
efeito
ee o
o próprio
próprio efeito
efeito como
como êle
êle flui
flui da
da causa.
causa.
Pode
Pode umauma acção ser
acção imanente, quando
ser imanente,, quando procede
procede de intrínseco
de intrínseco
aa intrínseco,
intrínseco, ee ser iranseunte
ser (transitiva),
transeunte (transitiva), quando
quando se dirige
se dirige de
de
intrínseco para
intrínseco para extrínseco. Assim
extrínseco. Assim aa acção
acção vital éé
vital' imanente.
imanente.

— 194
— 194 —

AA acção
acção transeunte
transeunte pode
pode ser
ser accidentai,
accidentai, como
como vemos
vemos nono au­
au-
mento ee na
mento na diminuição,
diminuição, que que são
são mutações
mutações da da quantidade;
quantidade; ou ou nana
alteração, que
alteração, que éé uma
uma mutação
mutação da da qualidade,
qualidade, ee também
também oo movf-
movi:
mento local;
mento local; pode
pode ser
ser substancial,
substancial, também
tumbém chamada
chamada própria,
própria, quan­
quan-
do há
do há dois
dois termos,
têmmos, aa quoquo ee ad
ad quem
quem positivos,
positivos, consistente
consistente na na
transformação ou
transformação ou mutação
mutação da da forma
forma manente
anente àà matéria,
matéria, ee tran-
tran-
substanciação, que
substanciação, que éé aa mutação
mutação de de tôda
tôda aa substância,
substância, incluindo
incluindo os os
accidentes.
accidentes.
Diz-se que
Diz-se que aa acção
acção transitiva
transitiva éé impròpriamente
imprôpriamente dita,dita, quando
quando
há apenas
há apenas um um têrmo
têrmo positivo,
positivo, comocomo éé aa criação
criação que
que carece
carece dede
terminus aa quo,
lerminm quo, de
de umum têrmo
têrmo de de partida, pois éé aa produção
partida, pois produção da da
coisa de
coisa seu próprio
de seu próprio nada
nada subjectivo
subjectivo ee aa aniquilação
aniquilação (annihilatic)
(annibilatio)
que carece
que carece dede terminus
terminus ad ad quem,
quem, de de têrmo
têrmo final,
final, pois
pois éé aa reducção
reducção
da coisa
da coisa aoao nihilum
nibilum suisui etet subjecti,
subjecti, ao
ao nada
nada subjectivo
subjectivo dede sisi me;-
me:-
ma, como
ma, como tivemos oportunidade de
tivemos oportunidade de examinar
examinar em em "“OO Homem
Homem pe­ pe-
rante o
rante o Infinito”
Infinito” ee na ma "Filosofia
“Filosofia Concreta".
Concreta”,
Ora, como
Ora, como vimos,
vimos, aa tese
tese suareziana
suareziana entra
entra em
em oposição
oposição àà
maneira de
maneira de considerar
considerar oo axioma de Tom
axioma de Tomásás de
de Aquino
Aquino pelos
pelos neo-
neo-
-tomistas
-tomistas ee neo-escolásticos.
neo-escolásticos.
A tese
A tese éé demonstrada
demonstrada pelos
pelos suarezianos
suarezianos pelos
pelos seguintes
seguintes argu­
argu-
mentos que passamos
mentos que passamos aa sintetizar:
sintetizar:
A causa
A eficiente adequadamente
causa eficiente adequadamente tcmadatemada contém
contém virtual­
virtual-
mente, ee ainda
mente, ainda formalmente
formalmente ou
ou eminentemente,
eminentemente, aa perfeição
perfeição do
do
efeito.
efeito.
Prova-se:
Prova-se: a) contém
a) contém virtualmente:
virtualmente:
conter virtualmente
conter virtualmente alguma
alguma perfeição
perfeição éé ter
ter aa potência
potência ou
ou
virtude para
virtude para produzi-la.
produzi-la. A A causa
causa eficiente
eficiente evidentemente
evidentemente aa con­
con-
tém.
tém.
b)
b) contém formalmente:
contêm formalmente:
para que
para que alguma
alguma coisa
coisa tenha,
tenhz aa virtude
virtude dede produzir
produzir alguma
alguma
perfeição éé mister
perfeição mister que:
que: 1) 1) que contenha em
que contenha em si si segundo
segundo razão
razão
cu conceito
ou conceito taltal perfeição;
perfeição, 2) 2) segundo
segundo aa ordem
ordem das das eminências
eminências
ee da
da capacidade.
capacidade. Se não
Se não acontecesse
acontecesse tal
tal não
não haveria
haveria razão
razão sufi­
sufi-
ciente de
ciente de tal
tal virtude
virtude e,e, ademais,
ademais, nenhuma
nenhuma coisacoisa pode
pode dar
dar o
o que
que
não tem.
não tem. Se Se aa causa
causa eficiente
eficiente tem
tem aa virtude
virtude dede produzir
produzir umum de­
de-
terminado efeito,
terminado efeito, deve
deve contê-lo
contê-lo formalmente
formalmente ou ou imanentemente.
imanentemente.

— 195
— 195 —

Ademais, oo efeito
Ademais, efeito não
não pode
pode superar
superar aa causa
causa tomada
tomada adequa­
adequa-
damente, pois
damente, pois não
não teria
teria razão
razão suficiente
suficiente para
para que
que sese desse
desse como
como
tal.
tal. Seaa causa
Se causa eficiente,
eficiente, tomada
tomada adequadamente,
adequadamente, não não contém
contém ouou
formalmente ou
formalmente ou eminentemente
eminentemente oo efeito, efeito, êste
êste superaria
superaria aa causa,
causa,
oo queque seria
seria absurdo.
absurdo.
Segue-se, daí,
Segue-se, daí, uma
uma série
série dede postulados
postulados já já demonstrados
demonstrados pela pela
Filosofia Concreta,
Filosofia Concreta, que que são
são teses
teses que
que sese coadunam perfeitamente
coadunam perfeitamente
com esta
com esta parte
parte dada demonstração
demonstração suareziana.
suareziana. Tais são:
Tais são:
1)
1) O agente
O agente actua
actua semelhantemente
semelhantemente aa si si mesmo,
mesmo, porque
porque
ao efeito
ao efeito éé comunicado
comunicado algo
algo dada perfeição
perfeição da
da causa.
causa. SÉ aa base
base
da doutrina
da doutrina participação,
participação, já
já por
por nós
nós estudada.
estudada.
22)) N Nem sempre oo que
em sempre que éé causa
causa dada causa
causa éé causa
causa do
do causado,
causado,
pois oo pai
pois pai que
que éé causa
causa do
do filho
filho nãonão éé causa
causa dos
dos actos
actos que
que oo
tilho possa
lilho possa praticar.
praticar.
33)) D Dee modo
modo algum
algum oo efeito
efeito supera
supera aa causa.
causa.
A segunda
A segunda parte
parte final
final da
da tese
tese suareziana
suareziana afirma
afirma que
que aa causa
causa
produz oo efeito
produz efeito pela
pela acção
acção realmente
realmente distinta
distinta do
do agente
agente ee dodo
efeito, ee éé idêntica
efeito, idêntica aoao influxo
influxo dada mesma
mesma causa
causa no
no efeito
efeito do
do qual
qual
cé êle
êle produzido.
produzido.
Provam do
Provam do seguinte
seguinte modo:
modo:
a)
a) Por acção
Por acção realmente
realmente distinta
distinta dodo agente,
agente. aquilo
aquilo semsem oo
qual algo
qual algo pode
pode realmente
realmente existir
existir realmente
realmente se se distingue
distingue daquele.
daquele.
Sem as
Sem as acções,
acções, o o agente
agente poderia
poderia existir,
existir, pois
pois muitas
muitas vêzes
vêzes êle
êle não
não
tealiza as
realiza as acções
acções que
que poderia
poderia realizar.
realizar.
b)
b) Por acção
Por acção realmente
realmente distinta
distinta dodo ejeito:
efeito. oo que que éé extin­
extin-
to, enquanto
to, enquanto outro,outro, persevera
persevera no no ser,
ser, distingue-se
distingue-se realmente
realmente da­ da-
quele.
quele. Produzido o
Produzido o efeito,
efeito, extingue-se
extingue-se aa acção,acção, enquanto aquêle
enquanto aquêle
persevera como
persevera como existente.
existente. Portanto, aa acção
Portanto, acção realmente
realmente se se distin­
distin-
gue do
gue do efeito.
efeito.
c)
c) Por acção
Por acção idêntica
idêntica do influxo da
do influxo da causa
cansa nono efeito,
efeito, pelo
pelo
qual éé êle
qual éle produzido-,
produzido. é, em
é, em suma,
suma, aà comunicação
comunicação do do seu ser,
seu ser,
que
tque éé virtualmente
virtualmente contido
contido na causa, do
na causa, do efeito
efeito que
que éé produzido.
produzido.
Essa comunicação
Essa comunicação se se dá pelo fluir
dá pelo fluir dodo ser
ser dada causa
causa nono efeito,
efeito, não
não
por emanação
por emanação ou ou por
por separação,
separação, mas mas porpor efectuação.
efectuação. Portanto,
Portanto,
aa acção
acção consiste
consiste np no fluxo
fluxo proveniente
proveniente da da causa,
causa, pelo
pelo qual
qual oo efeito
efeito
éé produzido.
produzido.


— 1196
96 —

ANALISE
a DIALÉCTICO-CONCRETA
n a l ise d DEe aACTO
i a l é c t i c o -c o n c r e t a d c t o Ee p
POTÊNCIA
o t ê n c ia

Necessáriamente, aa afirmação
Necessàriamente, afirmação precede
precede ontológicamente
ontológicamente àà ne­ ne-
gação.
gação.
Negação indica
Negação indica recusa
recusa de de alguma
alguma coisa coisa positiva,
positiva, afirmada,
afirmada,
portanto.
pôrtanto. Onde há
Onde há negação,
nepação, há há afirmação
afirmação de de uma
uma recusa;
recusa; conse­
conse-
quentemente,
qüentemente, aa negação negação implica,
implica, necessàriamente,
necessáriamente, aa afirmação. afirmação.
Decorre
Decorre daí, daí, necessàriamente,
necessáriamente, que que aa negação
negação não não pode
pode ontològi-
ontolôgi-
camente preceder aa afirmação,
camente preceder afirmação, mas mas seguir-se-lhe-á,
seguir-se-lhe-á, pois pois negar-se
negar-se
nada, éé nada
nada, nada negar.
negar.
Ao acto afirma-se,
Ao acto afirma-se, além além da da presença,
presença, oo exercício
exercício de de alguma
alguma
coisa que
coisa que é, é, oo verter-se
verter-se do do ser
ser sôbre
sôbre si si mesmo,
mesmo, aa tensãotensão pura.pura.
AA potência
potência diz-se
diz-se do do queque ainda
ainda nãonão éé no no pleno
pleno exercício
exercício de de sisi
mesmo, mas
mesmo, mas que que éé aptoapto aa alcançar
alcançar êsse
êsse exercício,
exercício, ou ou porpor sisi mes­
mes-
mo ou
mo ou por
por determinação
determinação de de outro.
outro. A divisão
A divisão entre
entre potência
potência activa
activa
ee potência
potência passiva
passiva decorre,
decorre, ontológicamente,
ontolôgicamente, da da clareza
clareza dos dos con­con-
ceitos acima
ceitos acima expostos.
expostos.
O que
O que já já tem
tem em em si si oo poder
poder de de exercer
exercer determinado
determinado modo modo
de ser
de ser diz-se
diz-se que que temtem aa potência activa para
potência activa para realizá-lo.
realizá-lo. O O que que
tem em
tem em sisi aa aptidão
aptidão para para sofrer
sofrer determinações
determinações diz-se diz-se potência
potência
passiva.
passiva.
Em lato
Em lato senso,
senso, potência
potência activa
activa éé aa aptidão
aptidão do do serser emem exer-
exer-
citar-se como
citar-se como tal, tal, emem verter-se
verter-se sôbre
sôbre si si mesmo
mesmo no no acto
acto de de ser.
ser.
Para que
Para que um um serser exerça
exerça determinado
determinado modo modo de de ser
ser éé mister
mister
que seja
que seja apto
apto aa tal.tal. Essa aptidão
Essa aptidão implica
implica algoalgo já já afirmado,
afirmado,
presente no
presente no ser.
ser. A potência
A potência activa,
activa, portanto,
portanto, implica
implica aa virtuali­
virtuali-
dade.
dade. Um ser
Um ser não
não realiza
realiza oo que
que para
para o0 qual
qual nãonão temtem aptidão,
aptidão,
porque, como
porque, como já já foi
foi demonstrado
demonstrado apodíticamente,
apoditicamente, nenhum nenhum ser ser
pode dar
pode dar o o que
que nãonão tem, tem, nem
nem o o efeito
efeito pode
pode superar
superar as as suas
suas
causas.
causas.
Decorre ontológicamente,
Decorre ontolôgicamente, ee de de modo
modo necessário,
necessário, que que aa po-po-
tência activa
tência activa implica
implica virtualidade,
virtualidade, portanto
portanto um um poder
poder em em acto,
acto,
já capaz
já capaz de de realizar
realizar determinações
determinações em em acto,
acto, nono pleno
pleno exercício
exercício
de si
de si mesmas.
mesmas.
— 197
— 197 — —
A potência
A potência passiva
passiva afirma
afirma aa aptidão
aptidão dede sofrer
sofrer determinações.
determinações.
Mais
M ais tais determinações devem
tais determinações devem serser proporcionadas
p:oporcionadas àà natureza
natureza dada
cuisa, pois,
coisa, pois, do
do contrário,
contrário, umum ser
ser sofreria
sofreria determinações
determinações despro­
despro-
x
porcionadas àà sua
porcionadas sua natureza,
natureza, oo que
que seria
seria sobrenatural.
sobrenatural.

A afirmação
A afirmação da da potência
potência passiva absoluta em
passiva absokta em sisi mesma,
mesma,
sem qualquer
sem qualquer sustentáculo
sustentáculo em em acto
acto seria
seria aa postulação
postulação dodo mero
mero
nada, do
nada, do nihilum,
nibilum, já refutado.
já refutado. A potência
A potência passiva
passiva absoluta
absoluta é, é,
consegientemente, absurda;
conseqüentemente, absurda; éé apenas
apenas um um ente
ente dede razão
razão sem
sem fun­
fun-
damento in
damento ip re.
re. A afirmação
A afirmação dada potência
potência passiva
passiva abscluta
abscluta seria
seria
aa postulação
postulação dodo nihilum,
x/bilum, jájá refutado.
refutado.

Como aa negação
Como negação dede per
per si
si não
não pode
pode ser
ser postulada,
postulada, senão
senão emem
função da
função da afirmação,
afirmação, também
também aa potência
potência passiva
passiva não
não pode
pode ser
ser
postulada senão
postulada senão emem função
função dede algo
algo emem acto,
acto, pois
pois ao
ao invés
invés seria
seria
aa postulação
postulação da
da potência
potência passiva
passiva absoluta,
absoluta, oo nihilum,
n/bilum, em
em suma.
suma.


Só sese pode
pode postular
postular aa potência
potência passiva relativa, cuja
passiva relativa, cuja afir­
afir-
nação implica
mação implica necessariamente
necessáriamente o o acto.
acto. Contudo,
Contudo, aa afirmação
afirmação do do
acto não
acto não implica
implica aa potência
potência passiva.
passiva. Neste caso,
Neste caso, háhá uma
uma corre­
corre-
lação não
lação não mútua.
mútua.

Tanto aa potência
Tanto potência passiva
passiva relativa
relativa como
como aa potência
potência activa
activa
implica, necessariamente,
implica, necessâriamente, oo acto.
acto. Onde
Onde há
há potência
potência dede qualquer
qualquer
espécie, há
cspécie, há acto,
acto, conseqüentemente.
consequentemente,

Diz-se que
Diz-se que há
há distinção
distinção real
real entre
entre dois
dois sêres
sêres quando
quando oo desa­
desa-
parecimento de
parecimento de um
um nlo
não implicar
implicar necessáriamente
necessàriamente oo desaparecimento
desaparecimento
do outro.
do outro. Sem oo acto
Sem acto éé impossível
impossivel qualquer
qualquer potência,
potência, mas
mas sem
sem
aa potência
potência i^o
não éé impossível
impossível qualquer
qualquer acto,
acto, pois,
pois, desaparecida
desaparecida aa
potência não
potência desaparece o
não desaparece o acto. Quanto àà potência
acto. Quanto potência passiva
passiva éé
entolôgicamente verdadeiro;
ontològicamente verdadeiro; quanto
quanto àà potência
potência activa,
activa, não.
não, porque
porque
o que
o que éé em
em acto
acto necessàriamente
necessâriamente pode.pode.
Poder éé aptidão
Poder aptidão aa realizar
realizat ee oo acto
acto realiza
realiza algo
algo pelo
pelo menos
menos
tensionalmente aa si
tensionalmente si mesmo,
mesmo, que
que sese afirma
afirma plenamente.
plenamente. Portanto,
Portanto,
onde há
onde há acto,
acto, há
há uma
uma potência
potência activa,
activa, necessàriamente.
necessáriamente.

Neste caso,
Neste caso, entre
entre aa potência
potência passiva
passiva ee oo acto
acto há
há uma
uma distin­
distin-
ção real-real.
ção real-real.

— 198—
— 198 —
Hãá distinção
H distinção real-reai
real-real entre
entre aa potência
potência activa
activa ee o
o acto?
acto? Evi-
Evi­
dentemente, não,
dentemente, não, porque
porque desaparecendo
desaparecendo oo acto acto desaparece
desaparece aa sua
sua
potência activa;
potência activa; desaparecendo
desaparecendo esta,
esta, o o acto
acto não
não permaneceria.
permaneceria.

Verifica-se aqui
Verifica-se aqui queque aa distinção
distinção entre
entre potência
potência activa
activa ee po­
po-
tência passiva
tência passiva permite
permite responder
responder de de modo
modo diferente
diferente aa pergunta
pergunta
sôbre aa distinção
sôbre distinção real-reai
real-real entre
entre acto
acto ee potência.
potência. Esta Esta distinção
distinção
pode perfeitamente
pode perfeitamente explicar
explicer as as razões
razões dada potência
potência entre
entre tomistas,
tomistas,
escotistas ee suarezistas,
escotistas suarezistas, pcrque
perque quando
quando uns uns afirmam
afirmam aa distinção
distinção
real-real, fundam-se na
real-reai, fundam-se na potência
potência passiva,
passiva, ee quando
quando outros
outros afir­
afir-
mam aa improcedência
mam improcedência de de tal
tal distinção,
distinção, fundam-se
fundam-se na na potência
potência
activa.
activa.

Mas, em
Mas, em que
que consiste
consiste aa potência
potência passiva?
passiva?

Consistindo ela
Consistindo ela na
na capacidade
capacidade de
de receber
receber determinações,
determinações, éé
mister esclarecer
mister esclarecer oo significado
significado dede determinação.
determinação.
Etimolôgicamente, significa
Etimològicamente, significa acção
acção dede de-termi-nar,
de-termi-nar, dar
dar têrmos,
têrmos,
fronteiras. O
fronteiras. O conceito
conceito de
de limite
limite (limitatio-limitação) implica
(//OT/'to//<?-Iimitação) implica
uma negação,
uma pois ao
negação, pois ao limitar-se
limitar-se umauma coisa
coisa afirma-se
afirma-se também
também oo
que não
que não éé ela,
ela, ao
ao afirmar-se
afirmar-se até
até onde
onde elaela éé oo que
que ela
ela é.
é.

A limitação
A limitação implica
implica aa negação,
negação, aa ausência
ausência de de algo
algo positivo
positivo
não incluído
não incluído na na coisa
coisa de de queque sese trata.
trata. A A determinação
determinação em em lato
lato
senso éé empregada
senso empregada para para indicar
indicar aa fixação
fixação de de fronteiras, caracte-
fronteiras, caracte­
sizar nitidamente alguma
rizar nitidamente alguma coisa.
coisa. Neste sentido,
Neste sentido, implica
implica distinção,
distinção,
individuação, precisão
individuação, precisão (praecisio).
(prascisio). Ao Ao determinar-se
determinar-se algo, algo, ou ou
melhor, ao
melhor, ao ser
ser algo
algo determinado, afirma-se que
determinado, afirma-se que algo
algo está
está preci­
preci-
sado, delineado,
sado, marcado, separado,
delineado, marcado, separado, distinto.
distinto. Assim quando
Assim quando se se
diz que
diz que aa potência
potência recebe
recebe determinações,
determinações, diz-sediz-se queque elaela recebe
recebe
uma precisão,
uma precisão, umauma nitidez,
nitidez, umauma individualização
individualização por por fronteiras,
fronteiras,
ras uma
mas uma limitação
limitação já já implica
implica em em um
um corte,
corte, um
um limite,
limite, emem ulterior
ulterior
não ser
não ser dela.
dela. Por isso
Por isso deve-se
deve-se distinguir limitação de
distinguir limitação de determi­
determi-
nação, pois
nação, pois sese aa primeira
primeira restringe
restringe aa coisa
coisa no
no seu
seu ser,
ser, aa segunda
segunda
apenas aa restringe
apenas restringe no no seu
seu conhecer.
conhecer. Determinar
Determinar não não éé limitar,
limitar,
mas limitar
mas limitar éé determinar.
determinar.

O que
O que alguma
alguma coisa
coisa pode
pode ser
ser éé uma
uma determinação
determinação ainda
ainda não
não
realizada.
realizada. A A actualização
actualização dede algo
algo (no
(no acto
acto de
de actualizar-se)
actualizar-se)

— 199
— 199 —

implica uma
implica uma potência
potência que
que se
se determinou.
determinou. Ora, como
Ora, como jájá demons­
demons-
tramos, oo que
tramos, que éé potencial,
potencial, enquanto potência, pode
enquanto potência, pode ser
ser contradi­
contradi-
tório, porque
tório, porque éé oo queque pode
pode actualizar-se,
actualizar-se, ouou não
não actualizar-se.
actuelizar-se,
Ademais as
Ademais as possibilidades
possibilidades de de uma
uma coisa
coisa podem
podem ser,
ser, enquanto
enquanto
potencial, contraditórias.
potencial, contraditórias.
A potência
A potência activa
activa implica
implica o
o que
que pode
pode ser
ser actualizado.
actualizado. Ora,
Ora,
oo que
que pode
pode ser
ser actualizado
actualizado éé algo
algo que
que ainda
ainda não
não éé em
em acto.
acto.
Quando nos
Quando nos referimos
referimos àà potência
potência activa
activa de
de alguma
alguma coisa,
coisa, afir­
afir-
mamos algo
mamos algo em
em acto
acto capaz
capaz dede realizar
realizar uma
uma acção.
acção. MMasas aa acção
acção
éé uma
uma modal
modal do do que
que éé realizado,
realizado, porque
porque oo agente
agente actua,
actui, age
age ee
realiza uma
realiza uma acção
acção nono actuado.
actuado.

AA potência
potência activa
activa éé aa dede umum agente,
agente, enquanto
enquarto agente.
agente. Não Não
se pode
se pode falar
falar da potência activa
da potência activa dede uma
uma potência
potência passiva,
passiva, porque
porque
não teria
não teria senso.
senso. Só um
Só um agente
agente em em acto
acto poderia
poderia terter umauma potência
potência
activa, uma
activa, uma capacidade
capacidade de de fazer.
fazer. Os Os agentes
agentes finitos
finitos sãosão tais
tais
porque não
porque não são
são ser
ser em
em plenitude.
plenitude. A Algo lhes falta,
lgo lhes falta, de de algo
algo posi­
posi-
tivo carecem,
tivo porque se
carecem, porque se oo de
de que carecessem fôsse
que carecessem fôsse nada,
nada, dede nada
nada
careceriam.
careceriam.

Todo agente
Todo agente finito
finito afirma
afirma aa si si mesmo,
mesmo, que que éé também
também aa
afirmação de
afirmação de que
que éé outro
outro queque outro
outro de de algoalgo positivo,
positivo, que que éé oo
que
que é,é, ee não
não éé oo queque nãonão é. é. O O agente
agente finitofinito actua
actua sôbre
sôbre algoalgo
ectuável, ou
actuável, ou sôbre
sôbre oo actuável
actuável de de algo
algo já já emem acto,acto, da potência
da potência
passiva de
passiva de algo
algo queque já já éé emem acto.
acto. O O agente
agente infinito
infinito (que(que éé oo
Ser Suprem
Ser Supremo)o) não não éé algo
algo positivo,
positivo, que que não não éé algoalgo queque éé positivo,
positivo,
outro que
outro que êle,
êle, porque
porque não não há há positivo
positivo fora fora da da suasua eminência,
eminência,
não contido
não contido em em suasua eminência.
eminência. Seu actuar
Seu actuar não não se se realiza
realiza sôbre
sôbre
outro fora
outro fora dêle
dêle nemnem sôbre
sôbre si si mesmo,
mesmo, porque porque não não éé passivo
passivo de de
modo algum,
modo algum, comocomo oo provamos
provamos em em "Filosofia
“Filosofia Concreta".
Concreta”. Seu
Seu
actuar éé criador.
actuar criador. E em
E em queque consiste
consiste êsse êsse criar?
criar? Consiste em
Consiste em
dar ser
dar ser aa uma
uma possibilidade
possibilidade contidacontida em em sua sua eminência:
eminência: ao ao deter­
deter-
minar determina
minar determina oo determinável.
determinável. A análise
A análise noológica
noológica distingue
distingue
aqui determinar,
aqui determinar, determinável
determinável ee determinado.
determinado. Separa-os Separa-os abissal­
abissal-
mente como
mente como oo faz faz oo iacionalismo.
sacionalismo. Mas, na
Mas, na verdade,
verdade, éé aa infinita
infinita
capacidade de
capacidade de actuar
actuar que que aoao fazer
fazer faz
faz oo que que éé feito,
feito, pois
pois oo fazer
fazer
do ser
do ser infinito
infinito éé realizar
realizar oo serser feito,
feito, como
como mostramos
mostramos na na mesma
mesma
obra.
obra.

— 200
— 200 —

Podemos, agora,
Podemos, agora, procurar
procurar saber
saber oo em
em que
que consiste
consiste aa potência
potência
passiva.
passiva.

Ora, aà potência
Ora, potência passiva
passiva éé de algum ser
de algum ser em
em acto,
acto, éé aa potência
potência
ge um
de um serser em
em acto,
acto, caso
caso aa tomemos
tomemos physice
physice (ou (ou seja,
seja, fisicamente).
fisicamente).
Tomada precisivamente
Tomada precisivamente (praecisive)
(praecisive) ela,
ela, como
como esquema
esquema eidético-
eidético-
-noético, éé considerada
-noético, considerada independentemente
independentemente do do acto que aa tem.
acto que tem.
Fisicamente, portanto,
Fisicamente, portanto, aa potência
rotência passiva
passiva éé de de um
um ser
ser emem acto;
acto;
cu seja,
cu seja, éé aa aptidão
aptidão de de um
um ser
ser finito
finito emem acto
acto emem receber
receber novas
novas
determinações.
determinações.

Como demonstramos
Como demonstramos já, já, nenhum
nenhum ser ser finito
finito em em actoacto éé puropuro
acto, mas
acto, mas misto
misto dede actualidade
actualidade e e de
de potencialidade,
potencialidade, porque porque não não é é
um ser
um ser pleno,
pleno, nem
nem em em sui
sua espécie,
espécie, nem nem em em suasua espécie
espécie especia-
especia-
líssima, que
líssima, que éé aa suasua individualidade,
individualidade, pois pois enquanto
enquanto éé oo que que éé
em sua
cm sua heceitas
heceitas (haecceilas)
(haecceitas) não não éé tudo
tudo quinto
quanto pode pode ser, ser, porque
porque
bá positividades
há positividades que que não
não sese incluem
incluem actualmente
actualmente em em sua sua actua­
actua-
lidade.
lidade. Dessas positividades,
Dessas positividades, temostemos de de considerar
considerar as as que
que Ihe lhe são
são
proporcionadas àà natureza
proporcionadas natureza que que possui,
possui, ee asas que
que Ihe lhe sãosão despro­
despro-
porcionadas. As
porcionadas. As primeiras
primeiras são são aquelas cuja actualização
aquelas cuja actualização postu­ postu-
lada não
lada não implica
implica contradição,
contradição, porque
porque correspondem
correspondem aos aos possíveis
possíveis
da sua
da sua natureza.
natureza. As desproporcionadas
As desproporcionadas sío são aquelas
aquelas que que ultra­
ultra-
passam as
passam possibilidades de
as possibilidades de suasua natureza,
natureza, ee Ihe lhe seriam
seriam contra­
contra-
ditórias em
ditórias em certo
certo sentido.
sentido. A A actualização
actualização de de tais
tais determinações
determinações
não poderiam
não poderiam decorrer
decorrer da da natureza,
natureza do do ser
ser emem acto.
acto.

Convém não
Convém não esquecer
esquecer que que todo
todo ente
ente finito
finito caracteriza-se
caracteriza-se pelopelo
que éé em
que em sua
sua natureza,
natureza, queque inclui
inclui aa sua
sua forma
forma ee aa suasua matéria,
matéria,
oo que
que constitui
constitui aa sua sua emergência
emergência ee o o que
que constitui
constitui aa sua
sua predis-
predis-
ponência, que
ponência, que Ihe
lhe éé extrínseco,
extrínseco, mas mas sem
sem oo qual
qual o o ente
ente finito
finito não
não
pode acontecer.
pode acontecer. A A predisponência.
predisponência actua actua sôbre
sôbre oo ser
ser finito
finito pro­
pro-
porcionadamente àà natureza
porcionadamente natureza dêste,
dêste, ora
ora como
como causa
causa eficiente,
eficiente, ora ora
como causa
como causa permissiva,
permissiva, etc. etc, O que
O que constitui
constitui aa suasua emergência
emergência
éé em
em acto
acto ee pode
pode actualmente
actualmente certas
certas determinações
determinações que que decorrem
decorrem
do seu
do seu desenvolvimento
desenvolvimento normal. normal. Estas constituem
Estas constituem aa virtualidade
viriualidade
do referido
do referido ente.
ente. A actualização
A actualização das das determinações
dererminações proporcio­
proporcio-
nais aa essa
nais essa virtualidade
virtualidade ode depender da
oode depender da actuação
actuação ou ou nãonão dosdos
factôres predisponentes.
factôres predisponentes.

— 201
— 201 —

Vê-se, claramente, que
Vê-se, claramente, que considerando
considerando dêste
dêste modo
modo como
como o o faz
faz
aà filosofia
filosofia concreta,
concreta, aa doutrina
doutrina do do actus
actus virtualis
virtuslis dos
dos suarezistas
suarezistas
eé perfeitamente
perfeitamente justificada
justificada ee não
não há há necessidade
necessidade dede afirmar-se
afirmar-se ce ce
modo universal
modo universal aa praemotio
praemotio pbysica
phbysica dos
dos neo-escoláskcos
neo-escolásticos eé dos dos
neo-tomistas, pois
nco-tomistas, pois oo ímpeto
ímpeto espontâneo,
espontâneo, que que leva
leva àà actualização
actualização
de certas
de certas determinações,
determinações, está
está compreendida
compreendida dentro
dentro dada natureza
ratureza ca da
emergência do
emergência do ontos
ontos finito.
finito.

Neste caso,
Neste caso, pode-se
pode-se estabelecer
estabelecer queque asas determinações
determinações relati­
relati-
vas àà potência
vas potência actual
actual podem
podem serser actualizadas
actualizadas pelo ímpeto espon­
pelo ímpeto espon-
tâneo, desde
tâneo, desde que,
que, predisponentemente,
predisponentemente, não não haja
haja oposigão
oposição inven­
inven-
cível. As
cível. As determinações
determinações relativas
relativas àà potência
potência passiva
passiva não
não possuem
possuem
virtualidade capaz
virtualidade capaz dede tomarem-se
tornarem-se actuais,
actuais, sem
sem aà actuação
actuação de
de uma
uma
causa eficiente
causa eficiente extrínseca
extrínseca àsàs mesmas,
mesmas, embora pertencentes àà mesma
embora pertencentes mesma
individualidade ôntica.
individualidade Ôntica.
Assim, aa polêmica,
Assim, polêmica, aparentemente
aparentemerte insolúvel,
insolúvel, encontra
encontra umauma
solução justa
solução justa ee racional,
racional, bem
bem fundada
fundada na na própria
própria experiência.
experiência.
E ademais
E ademais decorre
decorre essa
essa solução
solução apoditicamente
apoditicamente da da própria
própria estruc-
estruc-
tura dos
tora dos elementos
elementos queque são
são conceituados
conceituados como
como fizemos
fizemos acima.
acima.
A potência
A potência activa
activa decorre
decorre apoditicamente
apoditicamente da
da actualidade
actualidade ôntica,
ôntica,
porque oo ontos
porque cntos actual
actual pode
pode actualmente,
actualmente, já
já que
que aa própria
própria actua­
actuz-
lidade ôntica
lidade ôntica éé aa expressão
expressão do
do poder.
poder.
A potência
A potência passiva
passiva decorre
decorre apoditicamente
apoditicamente da
da determinabi-
determinabi-
lidade do
lidade do ser
ser finito, que não
finito, que não éé tudo
tudo quanto
quanto pode
pode ser,
ser, nem
nem espe­
espe-
<ífica nem especiaüssimamente.
cífica nem especialissimamente.
Resta, pois,
Resta, pois, solucionar,
solucionar, dentro
dentro das
das normas
normas da
da filosofia
filosofia con­
coa-
creta, os
creta, Os seguintes
seguintes problemas
problemas que
que surgem
surgem dodo exame
exame dodo acto
acto ee
potência:
potência:
1)
1) cual aa distinção
cual distinção entre
entre acto
acto ee potência?
potência?
22)) cual aa natureza
cual natureza de de acto
acto ee dede potência?
potência?
3)
3) cual oo grau
cual gru de de limitação
limitação do do acto
acto pela
pela potência?
potência?
44)) cual oo grau
cual grau dede limitação
limitação da da potência
potência pelo
pelo acto?
acto?
5)
5) cual oo grau
qual grau dede individualidade
individualidade do do acto (sua unidade)?
acto (sua unidade)?
66)) cual aa solução
cual solução da da passagem
passagem da da potência
potência para
para oO acto?
acto?
77)) £É conveniente
conveniente ou ou não
não aa estabelecimento
estabelecimento de de novos
novos têrmcs
têrmcs

— 202
— 202——
para expressar
para expressar outros
outros conceitos
conceitos que
que possam
possam surgir
surgir da
da análise
análise dessa
dessa
polaridade?
polaridade?

Em linhas gerais,
Em linhas gerais, aa solução
solução aa êsses
êsses sete
sete problemas
problemas já já está
está
inclusa na
inclusa na análise
análise prévia que fizemos.
prévia que fizemos. Contudo, há
Contudo, há outras
outras pro­
pro-
vidências que teremos
vidências que teremos dede tomar,
tomar, que
que facilitarão
facilitarão melhor
melhor clareza
clareza ee
darão maior fôrça
darão maior fórça àsàs nossas
nossas argumentações
argumentações até até alcançarmos
alcançarmos aa
apoditicidade desejada,
apoditicidade desejada, semsem aa qual
qual não
não atingiremos
atingiremos aa meta
meta pre­
pre-
tendida.
tendida.

À D
A DISTINÇÃO ENTRE
ISTIN Ç Ã O EN ACTO
TRE A E PO
CTO E POTÊNCIA
T ÊN C IA

£É impossível
impossível àà potência
potência passiva
passiva dar-se
dar-se independentemente
independentemente
co acto,
<!o acto, porque
porque significa
significa apenas
apenas aa determinabilidade.
determinabilidade. Ora. Ora. deter­
deter-
minar éé realizar,
minar realizar, simultaneamente,
simultâneamente, uma uma negação,
negação, porque
porque implica
implica
aa recepção
recepção de de fronteiras,
fronteiras, dentro
dentro dasdas quais
quais está
está oo actualizado,
actualizado, ee
fora dos
fora dos quais
quais estão
estão asas positividades
positividades não não actualizadas
actualizadas no ontos.
no ontos.
A poiência
A passiva, sendo
potência passiva, sendo apenas
apenas aa aptidão
aptidão de de umum ontos finito
ontos finito
em acto
em acto emem receber
receber determinações,
determinações, indui,inclui, necessàriamente,
necessáriamente, aa capa­ capa-
cidade de
cidade de actualizar-se
actualizar-se determinadamente,
determinadamente, excluindo
excluindo as as positivida­
positivida-
des outras.
des outras. Quando Spinoza
Quando Spinoza afirmava
afirmava que que omnia
omnia determinatio
determinatio est est
negatio alcançava
negado alcançava aa um um dosdos aspectos
aspectos da da determinação,
determinação, porqueporque oo
afirmado por
afirmado por ela
ela recusa
recusa tudo
tudo o o mais
mais que
que dela
dela sese exdui.
exclui. Portanto,
Portanto,
aa determinabilidade
determinabilidade do do ontos
ontos nãonão éé em em si si nada,
nada, masmas apenas
apenas aa
aptidão
aptidão acima acima descrita.
descrita. Conseguentemente, aa potência
Conseqüentemente, potência passiva
passiva
não
não éé um um serser com
com perseitas,
perseitas, nem nem actual
actual nem nem possivelmente.
possivelmente.

Dar,
Dar, comocomo querem
querem alguns,
alguns, àà potência
potência passiva
passiva uma uma certa
certa
actualidade éé confundi-la
actualidade confundi-la com com o o acto,
acto, com
com aa tensão
tensão pura
pura dodo acto.
acto.
Como demonstramos na
Como demonstramos na "Filosofia
“Filosofia Concreta”,
Concreta” , aa potência,
potência, tomada
tomada
como tal,
como tal, não
não éé umum ontos, mas um
ontos, mas um princípio
princípio do do ontos.
ontos. Se pudesse
Se pudesse
dar-se ela
-dar-se ela separadamente
separadamente do do acto,
acto, aa distinção
distinção real
real (na
(na nossa
nossa ter­
ter-
minologia: real-real)
minologia: real-real) estaria
estaria justificada.
justificada. M Mas, ontolôgicamente,
as, ontológicamente,
tal éé impossível,
tal impossível, como como decorrência
decorrência das das análises
análises já já realizadas.
realizadas.
AA distinção,
distinção, que que cabe
cabe aqui,
aqui, éé apenas
apenas aa real-formal,
real-formal, segundo
segundo aa
nossa maneira
,nossa maneira de de classificar
classificar as as distinções.
distinções. Passemos aa examinar
Passemos examinar
agora aa crítica
agora crítica feita
feita àà posição
posição escotista
escotista para,
para, depois,
depois, apresentar
apresentar
nossas críticas.
nossas críticas.

— 203
— 203 —

SINTESE
SÍN DAA CRITICA
T E SE D DOS ADVERSÁRIO
C R IT IC A DOS ADVERSÁRIOS S DA
DA
POSIÇÃO ESCO
POSIÇÃO ESCOTISTA
TISTA

Em síntese,
Em síntese, tôda
tôda argumentação
argumentação dosdos que
que negam
negam aa distinção
distinção
formal escotista
formal escotista cinge-se
cinge-se aos
aos seguintes
seguintes raciocínios;
raciocínios;
São inadmissíveis
São inadmissíveis tais tais formalidades,
formalidades, pois pois admiti-las
admiti-las seria
seria
admitir realidades,
admitir realidades, queque não
não são
são nem
nem conceitos
conceitos nemnem coisas.
coisas. Neste
Neste
caso, por-se-iam,
caso, por-se-iam, além além dada ordem
ordem física
física ee da da ordem
ordem lógica,
lógica, uma
uma
cutra ordem.
cutra ordem. Ou existem
Ou existem as as coisas
coisas que
que constituem
constituem oo complexo
complexo
da realidade
cU realidade extra-mentis,
extra-mentis, ou ou existem
existem elas elas apenas
apenas na na mente.
mente.
OO que
que não não pertence
pertence nem nem àà realidade
realidade física
física nem
nem àà representação
representação
as coisas
das coisas deve
deve constituir
constituir umauma nova
nova ordem,
ordem, que que não
não éé nemnem uma
uma
nem outra.
nem outra. Ninguém admite
Ninguém admite outra
outra ordem,
ordem, senão
senão aquelas;
aquelas; aa física
física
eea a lógica.
lógica. Essas duas
Essas ordens são
duas ordens são asas únicas,
únicas, pois
pois uma
uma indica
indica oo
que existe,
que existe, ee aa outra
outra oO que que éé conhecido.
conhecido. N Não
ão sese pode
pode dizer
dizer
que tal
que tal ordem
ordem éé metafísica,
metafísica, com com se se fôsse
fôsse outra
outra aquelas,
aquelas, porquc-
porque
não éé um
não um terceiro
terceiro entre
entre aquelas
aquelas ordens,
ordens, pois
pois oo que
que chamamos
chamamos de de
metafísico, de
metafísico, de supra-sensível,
supra-sensível, ou ou éé real
real fora
fora dada mente,
mente, ou ou éé deter­
deter-
minável segundo
minável segundo categorias
categorias dos dos predicamentos,
predicamentos, ee neste neste caso
caso éé
apenas lógico.
apenas lógico. ,

Estes são
Êstes são osos argumentos
argumentos para
para demonstrar
demonstrar que
que asas formalidades,
formalidades,
no sentido
no sentido escotista,
escotista, não
não são um medium
são um entre realitas
médium entre realitas ee conceptus.
conceptas.

Tais argumentos,
Tais argumentos, usados
usados contra
contra aa posição
posição escotista,
escotista, jájá foram
foram
respondidos por
respondidos por esta
esta escola,
escola, ee nós
nós já
já fizemos
fizemos aa síntese
síntese dessas
dessas
respostas
respostas em
em nossas
nossas obras,
obras, onde
onde estudamos
estudamos o o tema.
tema.

Ademais, prosseguem
Ademais, prosseguem os os objectores,
objectores, que que aa distinção
distinção form
formalai exex
ndtura rei
natura ret não
não tem fundamento, porque
tem fundamento, porque tôda tôda distinção,
distinção, que
que nãonão
éé apenas
apenas na na mente,
mente, éé uma uma distinção
distinção real. real. Admitem os
Admitem os escotistas
escotistas
que aa distinção
que distinção formal
formal se se dá
dá com
com antecedência
antecedência da da mente (pois éé
mente (pois
ex natura
ex natura rei).
rei). Ora,Ora, todos
todos osos escolásticos
escolásticos admitem
admitem que que entre
entre as as
formalidades não
formalidades não se se dádá distinção
distinção real.real. Tôda distinção
Tôda distinção actual
actual éé
uma distinção
uma distinção real.
real. Se Seaa que
que sese dádá entre
entre asas formalidades
formalidades éé actual,
actual.
temos, então,
temos, então, uma uma distinção
distinção real.
real. As formalidades
As formalidades que que existem
existem
com antecedência
com antecedência ee fora fora dada mente
mente serãoserão reais.
reais. SeSe não
não são
são reais,
reais,
poderiamos dizer
poderíamos dizer queque sãosão a4 parte
parte rei rei ee aoao mesmo
mesmo tempo
tempo nãonão são,
são,

— 204
— 204 —

oo que
que repugna.
repugna. Portanto, tôda
Portanto, tôda distinção
distinção actual
actual éé uma
uma distinção
distinção
real.
real.

Acusam os
Acusam os escotistas
escotistas taistais argumentos
argumentos de de muito
muito fáceis,
fáceis, ee de
de
darem pouco
darem pouco trabalho.
trabalho. E E perguntam
perguntam aos aos tomistas
tomistas se se julgam
julgam queque
os escotistas
os escotistas não não pensaram
pensaram acaso acaso nessa
nessa disjunção:
disjunção: ou ou uma
uma coisa
coisa
existe: (ou
existe: (ou se se dá)dá) apenas
apenas na na mente
mente ou ou também
também (ou (ou apenas)
apenas)
fora da
fora da mente.
mente. Ora, tôda
Ora. tôda aa divergência
divergência surgesurge da da conceituação
conceituação
do têrmo real,
do têrmo reaí, como
como muito
muito bem bem salientou
salientou Fuetscher.
Fuetscher. A verdade
A verdade
éé que
que osos tomistas
tomistas tomam tomam real, real, nana expressão
expressão distinção
distinção real,real, como
como
algo que,
algo que, pelo
pelo menos,
menos, pode pode dar-se
dar-se separadamente.
separadamente. Em suma,
Em suma, háhá
distinção real
distinção real entre
entre dois
dois têrmos,
têrmos, quando
quando um, um, pelopelo menos,
menos, pode
pode
dar-se separada
dar-se separada ee independentemente
independentemente do do outro.
outro. Nesse sentido,
Nesse sentido,
há distinção
há distinção realreal entre
entre actoacto ee potência.
potência. Mas essa
Mas essa separabilidade
separabilidade
pode ser
pode ser metafísica
metafísica ou ou física.
física. Se éé metafísica,
Se metafísica. estãoestão escotistas
escotistas ee
suarezistas de
suarezistas de acôrdo
acôrdo com com os os tomistas;
tomistas; se se éé real-física,
real-física, então
então osos
dois primeiros
dois primeiros gruposgrupos não não concordam
concordam com com os os tomistas.
tomistas.
O principal
O principal argumento
argumento dos dos escotistas
escotistas em
em defeza
defeza da da sua
sua posi­
posi-
ção consiste,
ção consiste, como
como vimos,
vimos, no no afirmarem
afirmarem que que aa não
não aceitação
aceitação da da
mesma conduz
mesma conduz àà não
não aceitação
aceitação da da distinção
distinção real
real das
das formalida­
formalida-
des (real-metafísica
des (1eal-metafísica ee não
não física)
física) ee levará,
levará, inevitavelmente,
inevitâvelmente, àà nega­
nega-
ção de
ção de qualquer
qualquer realismo
realismo das das formas,
formas, mesmo
mesmo oo maismais moderado,
moderado,
que é,
que é, contudo,
contudo, fundamental
fundamental ee aceito aceito por
por tôda
tôda aa escolástica.
escolástica.
A não
A não aceitação
aceitação da
da sua
sua posição
posição colocaria
colocaria inevitàvelmente
inevitâvelmente oo tomis­
tomis-
mo no
mo no nominalismo
nominalismo ou, ou, pelo
pelo menos,
menos, em em contradição.
contradição.

Por que
Par que surgiram
surgiram essas
essas dúvidas
dúvidas entre
entre doutrinas
doutrinas tão
tão poderosas
poderosas
da escolástica?
da escolástica? Ora, sabemos
Ora, sabemos que,
que, onde
onde os os homens
homens divergem
divergem
em temas
em temas culturais,
culturais, éé porque,
porque, pelo
pelo menos,
menos, há há algum
algum êrro
êrro em
em umauma
das partem
das partem ouou em
em tôdas.
tôdas. Onde o
Onde o conhecimento
conhecimento éé preciso
preciso ee seguro
seguro
não pode
não pode haver
haver divergências,
divergências, porque
porque aa verdade
verdade éé uma
uma só,só, pois
pois
do contrário
do contrário negaríamos
negariamos oo princípio
princípio de de não-contradição.
não-contradição.

Portanto, deve
Portanto, deve haver
haver aíaí um
um êrro
êrro qualquer
qualquer queque permite
permite aa
divergência ee pode
divergência pode êsse
êsse consistir
consistir até
até numa
numa divergência
divergência de
de concei­
concei-
tuação, que
tuação, que leve
leve combatentes
combatentes irmãos
irmãos aa roteiros
roteiros diferentes.
diferentes.

Vejamos se
Vejamos se nos
nos éé possível
possível encontrar
encontrar êsse
êsse ponto
ponto por
por meio
meio


— 205 —
205 —
da nossa
da nossa dialéctica,
dialéctica, que
que permita
permita conciliar
conciliar combatentes
combatentes opostos,’
opostos;
ee se
se tudo
tudo não
não surge
surge de
de um
um mal-entendido.
mal-entendido.

CRITICA
C DIALECTICO-CONCRETA
RITICA DIALÉCTICO -CO NCRETA

Dentro da
Dentro da filosofia
filosofia concreta,
concreta sabemos
sabemos que que aa separação
separação entre,
entre
as coisas
as coisas não
não pode
pode serser abissal
abissal jájá que
que nãonão háhá rupturas
rupturas no no serser
nem intercalações
nem intercalações do do nada
nada absoluto
absoluto entre
entre osos entes.
entes. Conseguen-
Conseqüen­
temente, aa separação
temente, separação que que possa
possa haver
haver entre
entre as as coisas
coisas dede estruc-
estruc-
turas diferentes
turas diferentes não não será
será jamais
jamais absoluta,
absoluta, masmas apenas
apenas relativa
relativa àà
espécie de
cspécie de estructura
estructura das das coisas,
coisas, que
que sãosão consideradas.
consideradas. Este éé
Êste
postulado fundamental
postulado fundamental para paraaa análise
análise queque iremos
iremos fazer,
fazer, cuja,
cuja,
teticidade já
teticidade já foi
foi apociticamente
apociticamente demonstrada.
demonstrada,
Diz-se que
Diz-se que duasduas coisas
coisas distinguem-se
cistinguem-se entre entre si si quando
quando não não
são elas
são elas idênticas.
idênticas. A A distinção
distinção éé aa negação
negação da da identidade
identidade ou ou aa
negabilidade de
negabilidade de umum do do outro,
outro, ouou aa capacidade
capacidade de de verificação
verificação de de
uma proposição
uma proposição negativa
negativa de de umum de de outro,
outro, em em relação
relação aa outro.
outro.
Há perfeita
Há perfeita concordância
concordância universal
unive:sal quanto
quanto ao ao conceito
conceito de de distinção.
distinção.
te alguma
Se alguma coisacoisa podemos
podemos predicar
predicar de de umum que
que nãonão podemos
podemos pre­pre-
dicar de
dicar de outro
outro (já(já que
que aa distinção
distinção éé fundamentalmente
fundamentalmente dual), dual), há hã
distinção (dis-tangere)
distinção (dis-tangere) um um do do outro.
outro. Se Se temos
temos dois dois entes
entes de de
eslructura específica
eslructura específica igual,
igual, osos quais
quais especificamente
especificamente se se identificam
identificam
(porque podemos
(porque podemos predicar-lhes
predicar-lhes aa mesir.a
mesma espécie),
espécie), mas mas que
que ade­
ade-
mais são
mais são ainda
ainda fisicamente
fisicamente iguais
iguais (como
(como duas
duas moedas
moedas metálicas
metálicas
da mesma
da mesma fabricação),
fabricação), poderia
poderia dizer
dizer queque como
como moedas
moedas metálicas
metálicas
do mesmo
do mesmo valor valor ee significado
significado são são idênticas,
idênticas, .diríamos,
diriamos, porém,
porém,
que são
que são numericamente
mumeêricamente distintas,
distintas, pois,
pois, como
como tal,ta:, uma
uma éé uma uma ee
outra, outra;
outra, outra; umauma ee duas.
duas. Teriamos, assim,
Teríamos, assim, umum exemplo
exemplo de de dis­
dis-
tinção númèrica.
tinção númérica.

Não podemos
Não podemos dizer,
dizer, contudo,
contudo, queque acto
acto ee potência
potência sãc sãc apenas
apenas
distintos numericamente,
distintos numêricamenie, pois pois apresentam
apresentam aindaainda outros
outros predicados
predicados
que afirmam
que afirmam distinção.
distinção. M Masas êsses
êsses predicados
predicados que que enunciarmos
enunciarmos
são algo
são algo que
que realmente
realmente se se referem
referem aoao que
que está
está na
na coisa,
coisa, ouou apenas
apenas
aa algo
algo que
que está
está na
na nos:a
nossa mente,
mente, ee não
não realmente
realmente na na coisa.
coisa. A A pri­
pri-
meira distinção
meira distinção será,
será, nana linguagem
linguagem dos dos tomistas
tomistas real,
real, ee aa segunda
segunda
será de
será de razão.
razão. Agora
Agora perguntaríamos:
pergunteriamos: mas mas oo que
que está
está realmente
realmente


— 206 —
206 —
na coisa
na coisa éé apenas
apenas físico
físico ouou também
também transfísico?
transfísico? Sôbre
Sôbre oo que
que sig­
sig-
nifica físico
nifica físico não
não háhá divergência
divergência entre
entre os
os escolásticos,
escolásticos, mas
mas sôbre
sôbre
oo que
que éé transfísico,
transfísico, sim.
sim. Diz-se que
Diz-se que éé transfísico
transfísico oo que
que escapa
escapa
ao conhecimento
ao conhecimento dos dos nossos
nossos sentidos,
sentidos, mesmo
mesmo quando
quanco ampliados
ampliados
por instrumentos
por instrumentos que que permitam
permitam transladar
transladar àà gama
gama sensível
sensível factos
factos
físicos que
físicos que aa ultrapassam,
ultrapassam, como como oo microscópio
microscópio permite
permite ampliar
ampliar
ee traduzir
traduzir àà faixa
faixa sensível
sensível normal
normal extensões
extensões queque normalmente
normalmente aa
ultrapassam. Êsse
ultrapassam. Esse modo
modo de de conceber,
conceber, contudo,
contudo, nãonão éé oo genuina­
genuina-
mente filosófico,
mente filosófico, mas
mas apenas
apenas oo que
que éé considerado
considerado por por alguns
alguns cien­
cien-
tistas que
tistas que nunca
nunca conseguiram
conseguiram clarear
clarear devidamente
devidamente oo conceito
conceito de de
transfísico.
transfísico.

O que
O que sese diz
diz metafísico
metafísico nãonão éé oo que
que apenas
apenas escapa
escapa àà gama
gama
sensível dos
sensível dos nossos
nossos meios
meios de de conhecimento,
conhecimento, mas mas oo que
que éé de
de espé­
espé-
cie outra
cie outra que
que oo queque constitui
constitui aa esfera
esfera de
de realidade
realidade dos
dos factos
factos ffi-í ­
sicos.
sicos. Como vimos,
Como vimos, ao ao estudar
estudar osos conceitos
conceitos universais,
universais, as as abs­
abs-
tracções de
tracções de terceiro
terceiro grau
grau referem-se
referem-se aa outra
outra esfera
esfera dede realidade
realidade
- so
que não
que não aa dos
dos factos
factos físicos,
físicos, que
que podem
podem serser alcançados
alcançados por
por umauma
ebstracção de
abstracção de primeiro
primeiro grau,
grau, no
no sentido
sentido emem que
que foi
foi examinado.
examinado.

Assim se
Assim se se
se fala
fala numa
numa realidade
realidade física,
física, pode-se
pode-se falar
falar numa
numa
realidade metafísica.
realidade metafísica, Resta, então,
Resta, então, apenas
apenas sabermos
sabermos oo que
que se
se en­
en-
tende per
tende per realidade.
realidade.
Ora, o
Ora, o conceito
conceito realidade
realidade vem vem de de res,
res, dai
dai realis,
realis, que
que significa
significa
coisa. Se
coisa. Se permanecermos
permanecermos na na esquemática
esquemática de de nossa
nossa mera
mera expe­
expe-
tiência, esta
riência, esta nos
nos oferece
oferece dados,
dados, que que sãosão as as coisas
coisas dada nossa
nossa expe­
expe-
siência. Que
riência. Que sãosão essas
essas coisas
coisas da da nossa
nossa experiência?
experiência? São São posi­
posi-
tividades, algo
tividades, algo aoao qual
qual nãonão podemos
podemos recusarrecusar uma uma predicação
predicação po­ po-
sitiva pelo
sitiva pelo menos.
menos. Ao Ao nada
nada recusamos
recusamos qualquerqualquer predicação
predicação po­ po-
sitiva. Quando
sitiva. Quando nos nos referimos
referimos ao nada relativo
ao nada relativo (nada
(nada de de áuto-
áuto-
móvel, aqui)
móvel, aqui) nosnos referimos
referimcs àà recusa
recusa da da predicação
predicação de de uma
uma posi-
posi-
tividade daqui,
tividade daqui, neste
neste lugar.
lugar. Há, aí,
Há, aí, aa recusa
recusa dede uma
uma coisa,
coisa, que
que
cé positiva.
positiva. Dizemos,
Dizemos, pois, pois, que
que nadanada de de automóvel
automóvel éé apenas
apenas um um
nada relativo,
nada relativo, masmas dizemos
dizemos que que aa presença
presença de de automóvel,
automóvel, aqui,aqui, éé
absolutamente recusada,
absolutamente recusada, ee aa essa essa presença
presença determinada
determinada dizemos
dizemos
que éé absolutamente
que absolutamente nada, nada, que que éé ainda
ainda uma uma maneira
maneira relativa
relativa dede
nos referirmos
nos referirmos ao ao nada.
nada. Dizemos
Dizemos que que nãonão há há realidade
realidade alguma
alguma

— 207
— 207 —

da presença
da presença dede umum automóvel,
automóvel, aqui
aqui ee agora.
agora. Portanto, oq con­
Portanto, con-
ceito de
ceito de realidade
realidade está
está sempre
sempre exigindo
exigindo uma
uma positividade
positividade. E E real,
real,
pois, oo que
pois, que éé positivo.
positivo.
Resta-nos, pois,
Resta-nos, pois, ir
ir agora
agora ao ao exame
exame do do têrmo
têrmo positivo.
positivo. Que Que
se entende
se entende porpor positivo?
positivo? Entende-se por
Entende-se por tal
tal oo que
que éé entitas
entitas pelo
pelo
menos (entidade).
menos (entidade). Ora, entidade
Ora, entidade éé tudotudo quanto
quanto ao ao qual
qual nãcnãc
podemos predirar
podemos predirar oo nada.
nada. E como
E como entre
entre ser
ser ee nada
nada nãonão háhá meio
meio
têrmo, como
têrmo, como tivemos
tivemos oportunidade
oportunidade de de demonstrar
demonstrar apoditicamente
apoditicamente
na Filosofia
na Filosofia Concreta,
Concreia, pois
pois menos
menos queque ser
ser éé nada
nada ee mais
mais que
que nada
nada
éé ser,
ser, oO que,
que, acac qual
qual não
não sese pode
pode predicar
predicar oo nada,
nada, éé alguma
alguma coisa,
coisa,
éé uma
uma entidade
entidade (entitas).
(entisas).
Neste
N caso, tem
este caso, tem realidade
realidade tudo
tudo quanto
quanto éé de
de certo
certo modo
modo posi­
posi-
tivo, tudo
tivo, tudo quanto
quanto de de certo
certo modo
modo podemos
podemos dizer
dizer que
que éé uma
uma en­
en-
tidade; tudo
tidade; tudo quanto
quanto ao ao qual
qual não
não podemos
podemos predicar
predicar oo nada.
nada.

NNeste caso, há
este caso, há tantas
tantas esferas
esferas de
de realidade,
realidade, quantas
quantas esferas
esferas
genéricas às
genéricas às quais
quais não
não podemos
podemos predicar
predicar oo nada.
nada,
Não
N podemos predicar
ão podemos predicar oo nada
nada aa um
um facto
facto da
da nossa
nossa experiên­
experiên-
cia física,
cia física, como
como esta
esta casa,
casa, êste
êste livro.
livro.

MMasas podemos,
podemos, porém,
porém, predicar
predicar oo nada
nada aa Don
Don Quixote
Quixote de
de lala
“Mancha,
Mancha, queque não
não éé um
um ser
ser físico,
físico, mas
mas ficcional?
ficcional? Também
Também não.
não.
Don Quixote
Don Quixote pertence
pertence aa uma uma esfera
esfera dede realidade
realidace outra
outra queque aa es­es-
fera de
fera de realidade
realidade àà qualqual pertence
pertence esta
esta cisa,
casa, êste
êste livro.
livro. Esta esfera
Esta esfera
éé aa física,
física, ee aquela
aquela éé aa ficcional.
ficcional. Don Quixote
Don Quixote éé uma uma realidade
realidade
ficcional como
ficcional como estaesta casa
casa éé umauma realidade
realidade física.
fisica, Don Don Quixote
Quixote
distingue-se, pois,
distingue-se, pois, dede Sancho
Sancho Pança,
Pança, nãonão como
como doisdois sêres
sêres físicos,
físicos,
mas como
mas como doisdois sêres
sêres ficcionais.
ficcionais. Neste
N caso, oo que
este caso, que distingue
distingue doisdois
sêres éé oo que
sêres que sese pode
pode predicar
predicar de de umum ee não
não do do outro
outro têrmo
têrmo da da
comparação.
comparação.

Se consideramos
Se consideramos doisdois têrmos,
têrmos, dentro
dentro de de uma
uma esfera
esfera deter­
deter-
minada, aa distinção
minada, distinção entre
entre ambos
ambos seráserá especificamente
especificamente da da mesma
mesma
esfera. Se
esfera. Se ao
ao distinguirmos
distinguirmos dois
dois sêres
sêres físicos
físicos ee oo que
que éé predicá-
predicá-
vel de
vel de umum ee não
não de
de outro
outro éé físico,
físico, aa distinção
distinção éé física.
física. E como
E como
oo que
que éé distinguido
distinguido éé algo
algo positivo,
positivo, real,
real, será
será uma
uma distinção
distinção real-
real-
-física.
-física.

— 208
— 208 —

Se tomamos
Se tomamos dois dois têrmos
têrmos dodo mando
mundo físico
físico ee buscamos
buscamos o o que
que
os distingue,
os distingue, ee oo que que os os distingue
distingue não não éé físico,
físico, mas
mas metafísico
metafísico
((não
não éé algo
algo que
que aa nossa
nossa mente
mente alcança
alcança por
por uma
uma abstracção
abstracção de de pri­
pri-
meiro grau,
meiro grau. masmas dede terceiro
terceiro ggrau), então aa distinção
ra u ), então distinção entre
entre ambos
ambos
éé metafísica,
metafísica, porqueporque os os consideramos
consideramos numa numa esfera
esfera outra
outra queque aa
física,
física, na na esfera
esfera metafísica,
metafísica, ee aa diferença
diferença será,
será, portanto,
portanto, metafí­
metafí-
sica, ee será
sica, será real-metafísica,
real-metafísica, se se oo que
que éé distinto
distinto éé algo
algo ao
ao qual
qual não
não
podemos predicar oo nada.
uodemos predicar nada.
Portanto, vê-se,
Portanto, vê-se, aqui,
aqui, se
se tomarmos
tomarmos os
os têrmos
têrmos real
real ee reali­
reali-
dade no
dade no sentido
sentido em em que
que os
os expusemos,
expusemos, aa polêmica
polêmica entre
entre tomistas,
tomistas,
escotistas e
escotistas e suarezistas
suarezistas toma
toma outro
outro rumo,
rumo, ee em
em vez
vez de
de separá-los
separá-los
aproxima-os.
aproxima-os.

Vemos, desde
Vemos, desde logo,
logo, que
que oo obstáculo
obstáculo estiva
estava apenas
apenas nono modo
modo
de conceber
He conceber aa realidade;
realidade; ou
o» melhor,
melhor, aa fronteira
fronteira que
que os
os separava
separava
desfaz-se desde
desfaz-se desde logo.
logo.

Mas ainda
Mas ainda mostraremos
mostrasemos que
que era
era apenas
apenas aparente
aparente oo que
que os
os
separava. Senão
separava. Senão vejamos:
vejamos:
2
Este ente
Êste ente aquiaqui na na mesa,
mesa, estaesta maçã,
maçã, éé oo que que éé por por algo
algo pslopelo
qual ela
qual ela éé oo que
que eiaeia é.é. Êsse
Esse algo
algo algo
algo éé oo que
que se se chama
chama aa forma.
fora.
Essa forma
Essa forma pode pode ser ser considerada
consicerada ou ou nono mero
mero sentido
sentido aristotélico,
aristotélico,
ou no
ou no pitagórico-platônico
pitagórico-platônico de de logos
logos de de proporcionalidade
proporcionalidade intrín­ intrin-
seca da
seca da coisa,
coisa, do do arithmós
arithmós plethos
plethos dessadessa totalidade,
totalidade, não não importa.
importa.
O que
O que importa
importa éé aceitar,
aceitar, ee todos
todos aceitam,
aceitam, que que há há umauma ordenação
ordenação
intrínseca das
intrínseca das partes
partes actuais
actuais constituintes
constituintes dêste dêste ente,
ente, pelopelo qualqual
êle éé oo que
êle que éé ee não não outra
outra coisa,
coisa, oo queque permite
permite que que Ihe lhe chamemos
chamemos
maçã, ee não
maçã, não pera.
pera. Há, nessa
Há, nessa maçã,
maçã, uma uma proporcionalidade
proporcionalidade in­ in-
trínseca que
trínseca que aa fazfaz serser oo que
que é, é, de
de sua
sua espécie
espécie (seu(seu logos,
fogos, sua sua for-
for-
ina, ou
ina, ou sua
sua morphê,
morpbê, pouco pouco importa).
importa). Até Até aíaí todos
todos estão
estão de de acor­
acôr-
do, Pitágoras,
do, Pitágoras, Platão
Platão Aristóteles
Aristóteles ee os os escolásticos
escolásticos de de tôdas
tôdas as as ten­
ten-
dências. Se
dências. Se oo que
que faz faz que
que êste
êste objecto
objecto da da nossa
nossa experiência
experiência seja seja
uma maçã
uma maçã éé aa lei lei (logos)
(logos) de de proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca,
intrínseca, o0 arith­
arith-
mós, o
mós, o número,
número, pitagòricamsnte
pitagóricamente considerado,
considerado, de de sua
sua totalidade,
totalidade, do do
seu conjunto,
seu conjunto, das das partes
partes componentes,
componentes, intrinsecamente
intrinsecamente harmoni­ harmoni-
zadas, segundo
zadas, segundo aa mesma mesma normal,
normal, como como são são asas expressões
expressões concrecas
concreras
co pensamento
co pensamento pitagórico-platônico,
pitagórico-platônico, ou ou dodo meramente
meramente abstractoabstracto

— 209
— 209 —

de Aristóteles,
de Aristóteles, oo pelo
pelo qual
qual (quo)
(quo) aa maçã
maçã éé maçã,
maçã, aa forma,
forma, nadanada
impede que
impede que todos
todos estejam
estejam de de acôrdo
acôrdo neste
neste ponto:
ponto: há,
há, nesta
nesta coisa,
coisa,
intrinsecamente nela,
intrinsecamente nela, algo
algo que
que aa constitui
constitui como
como forma,
forma, como
como há,há,
na combinação
na combinação destas
destas linhas,
linhas, que
que são
são os
os limites
limites desta
desta mesa,
mesa, umauma
figura geométrica,
figura geoméirica, que que éé rectangular,
rectangular, uma
uma leilei (logos),
(logos), aa forma
forma do do
rectângulo, um
rectângulo, um pelo
pelo qual
qual (qt/o)
(gro) éé rectângulo
rectângulo ee nãonão uma
uma circun­
circun-
ferência.
ferência.

Esse logos,
Êsse Jogos, lei
lei ou
ou forma,
forma, sese o
o quisermos
quisermos classificar,
classificar, chamare­
chamare-
mos, todos,
mos, todos, dede tôdas
tôdas asas tendências,
tendências, de de formalidade.
formalidade. Ora, forma­
Ora, forma-
lidade éé um
lidade um conceito
conceito que
que alcançamos
alcançamos por por uma
uma abstracção.
ebstracção. A A for­
for-
malidade não
malidade não éé um
um ente
ente da
da esfera
esfera física,
física, mas
mas da
da esfera
esfera eidética.
eidética.

Se, como
Se, como vimos,
vimos, aa distinção
distinção tem
tem dede ser
ser tomada
tomada na na esfera
esfera es-
es­
pecífica em
pecífica em que
que são
são tomados
tomados os os têrmos,
têrmos, aa distinção
distinção entre
entre formali­
formali-
dades, portanto,
dades, portanto, sósó pode
pode ser
ser formal.
formal. E E será
será real
real se
se fôr
fôr positiva,
positiva,
se não
se não pudermos
pudermos predicar-lhe
predicar-lhe oo nada;
nada; será,
será, então,
então, real-formal.
real-formal.

Concordam todos
Concordam todos queque tais
tais logoi,
logoi, formas
formas estão,
estão, dede certo
certo modo,
modo,
nas coisas,
nas coisas, pois
pois o o pelo
pelo qual
qual ((quo)
quo) esta esta maçã
maçã éé maçã,
maçã, de de certo
certo modo
modo
está nesta
está nesta maçã.
maçã. M Masas oo que
que está
está nela
nela nãonão éé formalidade
formalidade enquanto
enquanto
formalidade, mas,
formalidade, mas, sim,
sim, oo modo
modo de de disposição
disposição intrínseca,
intrínseca, em em suassuas
proporcionalidades, do
proporcionalidades, do que
que constitui
constitui aa coisa, coisa, oo que
que faz faz que
que estaesta
coisa seja
coisa seja maçã,
maçã, aa forma forma in in rere desta
desta coisa,
coisa, como
como aa forma forma in in re re
déste rectângulo
dêste rectângulo ou ou daquele
daquele círculo.
circulo. M Masas êste
êste rectângulo
rectângulo éé for­ for-
mado das
mado das linhas
linhas abstractamente
abstractamente consideradas,
consideradas, que que compõem
compõem as as tá­tá-
buas desta
buas desta mesa,
mesa, que que estão
estão dispostas
dispostas de de um um medo
mcdo rectangular.
rectangular. E
E
também de
também de um um modomodo rectangular
rectangular estão estão as as linhas
linhas daquele
daquele quadroquadro
na parede.
na parede. Ambos sêres
Ambos sêres reproduzem,
reproduzem, em em suas
suas linhas,
linhas, aa forma
forma do do
rectângulo, aa formalidade
rectângulo, formalidade rectangular.
rectangular. E E se
se de
de umum momento
momento pa­ pa-
ra outro,
ra outro, no no Cosmos,
Cosmos, desaparecessem,
desaparecessem, deixassem deixassem de de existir
existir dispo­
dispo-
sições físicas,
sições físicas, queque constituem
constituem rectângulos,
rectângulos, aa forma forma rectangular
rectangular dei­ dei-
xaria de
xaria de ser.
ser. Poderíamos predicar-lhe
Poderíamos predicar-lhe que que éé nada?
nada? '' Fisicamente
Fisicamente
poderiamos dizer
poderíamos dizer que que éé nada.
nada. Mas poderíamos
Mas poderíamos dizer dizer o o mesmo
mesmo
metafisicamente?
metafisicamente? A forma
A forma do do rectângulo,
rectângulo, aa rectangularitas,
rectangularitas, dei­ dei-
xaria de
xaria de ser
ser positiva?
positiva? Fisicamente, não
Fisicamente, não há há quem
quem discorde,
discorde, mas mas
metafisicamente deixaria
metafisicamente deixaria de de ser?
ser? Não
N reproduz de
ão reproduz de certo
certo modo
modo
êste rectângulo,
êste rectângulo, formado formado pelaspelas linhas
linhas destadesta mesa,
mesa, aa rectangulart-
rectangular

— 210
— 210——
tas? Não
tas? Não está
está aíaí oo aspecto
aspecto fundamental
fundamental ee positivo
positivo da
da participa­
participa-
ção platônica
ção platônica (m (metéxis)
etéxis) ee da da imitação
imitação pitagórica
pitagórica (mímesis)?
( mtmesis) ? N Nãoão
participa aa figura
participa figura desta
desta mesa
mesa da da rectangularidade?,
rectangularidade?, perguntará
perguntará um um
platônico. N
platônico. Não imita aa figura
ão imita figura desta
desta mesa
mesa aa rectangularidade?
rectangularidade? per­per-
guntará um
guntará um pitagórico.
pitagórico. EE aquêle aquéle círculo,
círculo, que
que notamos
notamos na na roda
roda
daquele carro,
daquele carro, nãonão participa
participa da da circularidade?
circularidade? Não Não imita
imita aa cir­
cir-
cularidade?
cularidade? Esta roda
Esta roda ee esta
esta mesa
mesa distinguem-se
distinguem-se fisicamente,
fisicamente, sem
sem
dúvida, ee todos
dúvida, todos estão
estão de de acôrdo.
acôrdo. Masas aa rectangularidade,
M rectangularidade, aà cir­
cir-
cularidade ee aa esfericidade
cularidade esfericidade distinguem-se
distinguem-se fisicamente?
fisicamente? Não;
N elas
ão; elas
distinguem-se na
distinguem-se na esfera
esfera de de realidade
realidade queque têm,
têm, que
que éé metafísica.
metafísica.
São entidades
São entidades metafísicas;
metafísicas; portanto,
portanto, aa suasua distinção
distinção éé real-metafí-
real-metafí-
sica.
sica.
Se desaparecessem
Se desaparecessem tôdas tôdas asas maçãs
maçãs ee tôdas
tôdas as as macieiras
macieiras do do
mundo, não
mundo, não teria
teria mais
mais positividade
positividade aa forma
forma da da maçã?
maçã? A forma
A forma
mmm re,
re, nas
nas maçãs,
maçãs, nãonão existiria,
existiria, mas
mas aa forma
forma da da maçã,
maçã, comocomo for­
for-
malidade, deixaria
malidade, deixaria de de ser,
ser, tornar-se-ia
tornar-se-ia mero
mero nada?
nada? Seria apenas
Seria apenas
um ente
um ente nosso
nosso de de razão?
razão? QualQual oo escolástico
escolástico que
que poderia
poderia afirn.ar
afirmar
tais coisas?
tais coisas? Todos
Todos concordariam
concordariam que que tal
tal aniquilamento
aniquilamento absolutoabsoluto
éé impossível.
impossível. A forma
A forma do do mamute
mamute não não deixa
deixa dede ser,
ser, porque
porque não
não
há mais
há mais mamutes,
mamutes, como como nãonão deixa
deixa dede ser
ser aa forma
forma do do dinosauro.
dinosauro.
EE antes
antes dede sese darem
darem maçãs,
maçãs, aa forma
forma desta
desta era
era nada?
nada? Também
Também
não. Era
não. Era alguma
alguma coisa
coisa contida
contida na na eminência
eminência omnipotencial
omnipotencial do do
Ser Supremo,
Ser Supremo, já já oo demonstramos
demonstramos na na Filosofia
Filosofia Concreta.
Concreta.
Ora, aa formalidade
Ora, formalidade não não éé um
um mero
mero nada,
nada, éé uma uma entitas,
entitas, éé
uma realitas.
uma realitas. Portanto, aa distinção
Portanto, distinção real-formal
real-formal éé válida.
válida. E será
E será
para todos,
para todos, tomistas,
tomistas, escotistas
escotistas ee suarezistas,
suarezistas, sese todos
todos considerarem
considerarem
dêste modo os
dêste modo os conceitos
conceitos que
que analisamos acima, ee aa divergência
analisamos acima, divergência en­en-
tre êles, neste
tre êles, neste ponto,
ponto, então
então perderia
perderia aa razão
razão dede ser.
ser.
Mas resta
Mas resta ainda
ainda umum ponto
ponto de de divergência:
divergência: éé váiida
válida aa distin­
distin-
ção formal escotista
ção formal escotista ex
ex natura
natura rei,
rei, fora
fora da
da nossa
nossa mente?
mente? Não se
Não se
pode reduzi-la
pode reduzi-la apenas
apenas aa uma
uma distinção
distinção dede razão
razão ctim
cum fundamento
fundamento
in re,
in re, como
como oo querem
querem os os tomistas.
tomistas.
Se oo têrmo
Se têrmo real
real fôr
fôr considerado
considerado dodo modo
modo que
que oo fizemos,
fizemos, ee
não do modo
não do modo queque em
em geral
geral éé empregado
empregado pelos
pelos tomistas,
tomistas, essa
essa reduc-
reduc-
ção será
ção será válida.
válida. Mas, note-se,
Mas, note-se, por
por sua
sua vez,
vez, aa distinctio
distinctio rationis
rationis


— 211 —
211 —
cum fundamento
cum fundamento in in re
re será
será também
também tomada
tomada no nc sentido
sentido escotista.
escotista.
Neste caso,
Neste caso, ambos
ambos os os lados
lados tendem
tendem nana direcção
direcção umum dodo outro,
outro, mas
mas
oo resultado
resultado éé diverso
diverso daquele
daquele queque os
os tomistas
tomistas antes
antes consideravam,
consideravam,
pois êstes
pois êstes se
se aproximariam
aproximariam mais mais de
de Duns
Duns Scot
Scot que
que osos escotistas
escotistas
daqueles.
daqueles.
O que
O que Scot
Scot postula
postula com
com aa distinção
distinção formal
formal éé que
que esta
esta éé real,
real,
que aa circularidade
qçe circularidade distingue-se
distingue-se dada esfericidade
esfericidade realmente,
realmente, inde­
inde-
pendentemente, ee com
pendentemente, com antecedência
antecedência dede nossa
nossa mente.
mente. É que
É que antes
antes
de oo homem
de homem ser ser homem,
homem, de de oo homem
homem pensar,
pensar, independentemente
independenternente
do pensamento
do pensamento humano,
humano, as as formalidades
formalidades distinguem-se
distinguem-se realmente'
realmente
(mas na
(mas na esfera
esfera dada realidade
realidade formal)
formal) umas
umas das
das outras,
outras, que
que aa omni­
omni-
potência, enquanto
potência, enquanto formalidade,
formalidade, distingue-se
distingue-se real-formalmente
real-formalmente da da
omnissapiência.
omnissapiência.
Tais formalidades,
Tais formalidades, que que nossa
nossa mente
mente alcança
alcança por
por abstracções
abstracções
de terceiro
de terceiro grau,
grau, referem-se
referem-se aa uma
uma realidade
realidade eidética.
eidética. Elas
Elas apon­
apon-
tam ao
tam ao que
que éé real
real na
na coisa;
coisa; ou
ou seja,
seja, que
que aa realidade
realidade omnissapiencial
omnissapiencial
do Ser
do Ser Supremo
Supremo éé formalmente,
formalmente, ee apenas
apenas formalmente,
formalmente, distinta
distinta da
da
realidade omnipotencial
realidade omnipotencial do do mesmo,
mesmo, sem sem que
que haja
haja uma
uma separação
separação
física entre
física entre ambos.
ambos.
Quando êle
Quando êle diz
diz que
que ela
ela decorre
decorre ex
ex natura
natsra rei,
rei, dada natureza
natureza dada
coisa, quer
coisa, quer dizer que, antecedentemente
dizer que, antecedentemente aa nossa
nossa mente,
mente, indepen­
indepen-
dentemente da
dentemente da nossa mente, éé uma
nossa mente, uma realidade
realidade que
que se se dá
dá extra
extra men­
men-
Hs.
tis.

Em face
Em face das
das demonstrações
demonstrações acima
acima feitas,
feitas, aa posição
posição escotista
escotista
éé apodítica,
apodítica, ee só
só éé válida
válida se
se tomada
tomada dentro
dentro dosdos têrmos
têrmos ee dos
dos sig­
sig-
nificados que
nificados que acima
acima apontamos.
apontamos.

Masas oo cue
M cue cabe
cabe àà problemática
problemática que que ora
ora examinamos,
examinamos, oo queque
éé tema
tema dessa
dessa problemática
problemática éé sabermos
sabermos se se éé válida
válida aa afirmativa
afirmativa es-
es-
entista de
cqtista de que
que aa distinção
distirção entre
entre acto
acto ee potência
potência não
não éé real
real física,
física,
mas, sim,
mas, sim, aa real-formal
real-forma! exex natura
natura rei.
rei.
Em face
Em face do
do que
que demonstramos
demonstramos anteriormente
anteriormente ee dodo que
que esta­
esta-
mos examinando
mos examinando agoia,
agora, aa conclusão
conclusão aa que
que se
se chega
chega éÉ aa seguinte,
seguinte,
que alcançamos
que alcançamos dentro
dentro das
das normas
normas da
da filosofia
filosofia concreta:
concreta;
1)
1) Não Não
há separabilidad: absoluta
há separabilidad: entre entre
absoluta as entidades, mas mas
as entidades,
apenas aa que
apenas que se
se refere
refere àà esfera
esfera de
de realicade
realicade em
em que
que são
são tomadas.
tomadas.
— 212
— 212 —

A separabilidade
A separabilidade absoluta
absoluta implicaria
implicaria uma
uma distinção
distinção absoluta
absoluta em
em tô­
tô-
das as
das as esferas
esferas de
de realidade.
realidade. Conseqiientemente, como
Conseqüentemente, como decorrên­
decorrên-
cia das
cia das demonstrações
demonstrações já já feitas,
feitas, aa distinção
distinção absoluta
absoluta éé impossível
impossível
e, aa jortiori,
e, fortiori, aa distinção
distinção relativa
relativa éé necessariamente
necessâriamente aa única
única que
que se
se
pode dar
pode dar entre
entre entidades.
entidades.
2)
2) Acto Acto
e potência, tomados
e potência, na esfera
tomados física, física,
na esfera não sãonãorea-
são rea­
lidades físicas.
lidades físicas. Quando
Quando se se diz
diz que
que oo acto
acto pode
pode dar-se
dar-se sem
sem aa po­
po-
tência passiva
tência passiva pelo
pelo menos,
menos, jájá que
que nãonão pode
pode dar-se
dar-se semsem aa potência
potência
activa, pergunta-se
activa, pergunta-se em que esfera
em que esfera dede realidade
realidade sese dá
dá essa
essa distinção?
distinção?
Para responder-se
Pira responder-se az essa
essa pergunta
pergunta será
será mister
mister fazer
fazer as
as se­
se-
guintes análises:
guintes análises:
aj
a) demonstramos já
demonstramos já que
que acto
acto ee potência
potência são
são princípios
princípios do
do
ser;
ser;
b)
b) oo acto
acto puro
puro nãonão exclui
exclui absolutamente
absolutamente aa potência
potência passiva,
passiva,
porque haveria
porque haveria rupturas
rupturas no no ser.
ser. O O acto
acto puro
puro não
não éé eivado
eivado de de
potência passiva;
potência passiva; ou ou seja,
seja, não
não éé êle
êle em
em sisi mesmo,
iresmo, potência
potência passiva,
passiva,
pois oo acto
pois acto puro
puro do do Ser
Ser Supremo
Supremo éé isento
isento de ds tôda
tôda ee qualquer
qualquer man­man-
cha de
cha de passividade,
passividade, como como apoditicamente
apoditicamente já já oo demonstramos.
demonstramos. Mas, Mas,
tomado ontològicamente,
tomado ontolôgicamente, oo Ser Ser Supremo
Supremo ao ao excluir
excluir de
de si
si mesmo
mesmo aa
potência passiva
potência passiva (ou (ou seja,
seja, dada qual
qual suasua essência-existencial)
essência-existencial) não não
exclui absolutamente
exclui absolutamente aa potência potência pissiva
passiva objectiva
objectiva (não
(não aa subjecti­
subjecti-
vva), porque esta
a ), porque esta está
está contida
contida na na eminência
eminência da da sua
sua omnipotencia-
omnipotencia-
lidade, como
iidade, como já já demonstramos.
demonstramos.
No exame
No exame do do Meon, mostramos de
Meon, mostramos de modo
modo apodítico
apodítico que que aa
cinnipotência do
omnipotência do Ser
Ser Supremo
Supremo exige
exige aa objectividade
objectividade do do Meon,
Meon, não não
realidade em
realidade em si si do
do mesmo,
mesmo, que que não
não aa tem,
tem, pois
pois oo Meon
Meon nãonão é, é, mas
mas
apenas por
apenas por referência
referência àà omnipotencialidade
omnipotencialidade do do Ser Ser Supremo.
Supremo.
Conseguentemente, aa potência
Conseqüentemente, potência objectiva
objectiva do do Meon
Meon não não poderia dar-
poderia dar-
-se separadamente
-se separadamente de de modo
modo absoluto
absoluto do do Ser
Ser Supremo.
Supremo. Poderia
Poderia
dar-se aà potencialidade
dar-se potencielidade passivapassiva de
de umum serser finito
finito separadamente
separadamente do do
mesmo?
mesmo? Poderia dar-se
Poderia dar-se fisicamente
fisicamente sepatada
separada daquele?
daquele? Se pu­
Se pu-
desse dar-se,
desse dar-se, estaria
estaria justificada
justificada aa distinção
distinção teal,
real, no
no sentido
sentido dosdos to-to-
mistas. Se
mistas. Se não.
não, esta
esta não
não pode
pode serser considerada
considerada do do modo
modo como
como oo
fazem os
fazem os tomistis,
tomistas, ee não não Tomás
Tomás de de Aquino,
Aquino, poispois êste
êste nunca,
nunca, de de
modo expresso,
modo expresso, em em sua sua obra
obra dede maturidade,
maturidade, afirmou
afirmou tal tal coisa.
coisa.

— 213
— 2 — —
Não nos
Não nos cabe
cabe agora
agora discutir
discutir êste
êste ponto
ponto de de exegese,
exegese, pois
pois apenas
apenas
queremos nos
queremos nos referir
referir aoao modo
modo como como os os tomistas
tomistas concebem
concebem êste êste
ponto, ee não
ponto, não propriamente
prôpriamente Tomás Tomás de de Aquino.
Aquino. Se provarmos
Se provarmos que que
não há
não há procedência
procedência na na tese
tese tomista,
tomista, no no modo
modo comocomo éé ela
ela expres­
expres-
sada pelos
sada pelos seus
seus intérpretes,
intérpretes, nãonão significa
significa taltal coisa
coisa que
que afirmemos
afirmemos
que oo aquinatense
que aquinatense errou.
errou. Ao contrário,
Ao contrário, estamos
estamos certos
certos que
que êleêle
não errou,
não errou, masmas erraram
erraram muitos
muitos tomistas,
tomistas, quando
quando nãonão considera­
considera-
ram devidamente
ram devidamente oo verdadeiro
verdadeiro sentido
sentido da da distinção
distinção escotista,
escotista, cuja
cuja
tefutação foi
íefutação foi fundada
fundada numnum petitio
petitio principii.
principii,

Em nenhum
Em nenhum ser ser finito
finito aa sua
sua potencialidade
potencialidade passiva
passiva pode
pode dar-
dar-
-se separadamente
-se separadamente do do mesmo
mesmo na na esfera
esfera da
da realidade
realidade física.
física. Não
N ão
éé aa potência
potência um um modo
modo de de ser
ser da
da esfera
esfera de
de realidade
realidade física,
física, mas
mas
da esfera
da esfera de de realidade
realidade metafísica;
metafísica; conseqüentemente,
consequentemente, aa distinção
distinção
entre ela
entre ela ee oo acto
acto só
só poderá
poderá dar-se
dar-se na
na mesma
mesma esfera.
esfera.

Neste caso
Neste caso perguntar-se-á:
perguntar-se-á: acto
acto ee potência
potência são,
são, pois,
pois, ee apenas,
apenas,
entidades metafísicas?
entidades metafísicas? Enquanto
Enquanto tais,
tais, responde-se
responde-se que
que são.
são.
Considerem-se bem
Considerem-se bem as as dificuldades
dificuldades encontradas
encontradas nos nos filósofos
filósofos
modernos ao
modernos ao tratarem
tratarem de de acto
acto ee potência.
potência. Onde surgem
Onde surgem essas
essas
dificuldades?
dificuldades? Surgem ao
Surgem ao buscarem,
buscarem, na na esfera
esfera física,
física, oo acto
acto ee aa
potência enquanto
potência enquanto tais. tais. QueQue há há coisas
coisas em em acto
acto éé evidente,
evidente, que que
oo acto
acto precede
precede ontològicamente
ontolôgicamente àà potência potência éé evidente
evidente também.
também.
Mas que
Mas que oo acto
acto seja
seja algo
algo destacável
destacável da da potência,
potência, algo
algo que
que se se pu-
pu-
desse colocar
aesse colocar aqui,
aqui, ee aa potência
potência ali,
ali, algo
algo separável
separável dêste
dêste modo,
modo,
não.
não. E por
E por não
não poderem
poderem compreender
compreender de de outro
outro modo,
modo, era era na­
na-
tural que
tural que muitos
muitos filósofos
filósofos modernos
modernos terminassem
terminassem por por colocar
colocar de de
lado o
lado o tema
tema dede acto
acto ee potência,
potência, ee procurar
procurar por por outros
outros roteiros
roteiros aa
solução dos
solução dos problemas
problemas filosóficos
filosóficos que
que lhes
lhes surgiam
surgiam aos
aos olhos.
olhos.

Acto éé uma
Acto uma formalidade,
formalidade, então?
então? À pergunta
A pergunta nãonão éé desca­
desca-
ida, pois
bida, pois sese admitirmos
admitirmos que que aa distinção
distinção entre
entre acto
acto ee potência
potência éé
apenas aa real-formal,
apenas real-formal, teremos
teremos de de dizer
dizer que
que acto
acto ee potência
potência são são
meras formalidades,
meras formalidades, ee apenasapenas formalidades.
formalidades. Neste caso,
Neste caso, oo acto
acto
seria o
seria o acto
acto dede uma
uma forma;
forma; aa potência,
potência, o o acto
acto dede outra
outra forma.
forma. E
E
Esse acto
êsse acto seria,
seria, por
por sua
sua vez,
vez, oo acto
acto de
de outra
outra forma,
forma, aa forma
forma do do acto
acto
que actualiza
que actualiza oo acto,
acto, ee não
não teríamos
teríamos mais
mais fim.
fim.

— 214
— 214 —

Mas acto
Mas acto ee potência
potência não
não são
são formalidades,
formalidades, mas
mas princípios
princípios de
de
ser
scr ((1), como demonstramos.
1 ) , como demonstramos. Um éé aa pura
Um pura tensão
tensão dodo ser
ser ver­
ver-
tido sôbre si
tido sôbre si mesmo;
mesmo, aa outra,
outra, aa determinabilidade
determinabilidade activa
activa ouou pas­
pas-
siva dêsse ser.
siva dêsse ser. Um éé aa positividade
Um positividade auto-afirmada
auto-afirmada ee aa outra
outra éé aà
positividade determinável,
positividade determinável, que
que éé afirmada
afirmada por
por aquela.
aquela.
Então aa que
Então que esfera
esfera pertencem
pertencem acto
acto ee potência
potência se
se não
não perten­
perten-
cem, enquanto tais,
cem, enquanto tais, àà esfera
esfera física?
física? Pertencem àà esfera
Pertencem esfera das
das for­
for-
malidades?
malidades?

A resposta
A resposta é,
é, pois,
pois, aa seguinte:
seguinte: pertencem
pertencem aa tôdas
tódas as
as esferas
esferas
de realidade
de realidade ee não
não aa uma
uma esfera,
esfera, pois
pois são
são princípios
princípios do
do ser.
ser.

O que
O que perguntamos,
perguntamos, porém,porém, não
não éé aa natureza
natureza dede tais
tais entida-
entida­
des, mas
des, mas aa distinção
distinção entre
entre elas.
elas. Não podemos
Não podemos dizerdizer que
que éé uma
uma
mera distinção
mera distinção real-física,
real-física, não
não podemos
podemos dizer
dizer que
que éé umauma mera
mer
distinção de
distinção de razão.
razão. Será, então,
Será, então, aa distinção
distinção form
formalal ex
ex natura
natura rei
rei
dos escotistas,
dos escotistas, aa distinção
distinção queque háhá entre
entre êles?
êles? O que
O que éé mister
mister con­
con-
siderar aqui
siderar aqui éé oo que
que segue:
segue:

c) os escotistas
c) negamnegam
os escotistas a distinção real-física
a distinção entre entre
real-física acto acto
é e
potência, porque não
potência, porque não há há separabilidade
separabilidade física
física entre
entre ambos.
ambos. E
E
afirmam
afirmam que que são
são distintos
distintos apenas
apenas formalmente
formalmente ex ex natura
natura rei.
rei. QueQue
querem dizer com
querem dizer com tais
tais palavras?
palavras? Querem
Querem dizerdizer que
que aa separabi­
separabi-
lidade entre
lidade entre ambas,
ambas, não não podendo
podendo ser ser aa física,
física, não
não éé também
também aà
meramente de
meramente de razão.
razão. São distintos
São distintos com
com antecedência
antecedência de de nossa
nossa
mente.
mente. Como aa outra
Como outra distinção,
distinção, queque aceitam,
aceitam, éé aa formal,
formal, dizem,
dizem,
então, que
então, que formalmente
formalmente são são distintos
distintos formalmente.
formalmente.
Ora, como
Ora, como vimos,
vimos, acto
acto ee potência
potência nãonão pertencem
pertencem apenas
apenas aa
uma esfera de
uma esfera de realidade,
realidade, mas mas aa tôdas
tôdas asas esferas.
esferas. Neste caso,
Neste caso, aa
distinção entre
distinção entre ambos
ambos será
será proporcionada
proporcionada aa cada cada esfera.
esfera. Onde
Onde
tomemos acto
tomemos acto ee potência
potência fisicamente,
fisicamente, serão
serão distintos
distintos fisicamente,
fisicamente,
onde os
onde os tomemos
tomemos metafisicamente,
metafisicamente, serãoserão distintos
distintos metafisicamente.
metafisicamente.'
Mas essa
Mas essa solução
solução satisfaz?
satisfaz? Vejamos:
Vejamos:

(1)
(1) Não se
Não se deve
deve confundir
confundir acto
acto ee potência
potência enquanto
enquanto principios
princípios
de
de ser
ser (e (e não
não do
do ser)
ser) com
com acto
acto ee potência
potência enquanto
enquanto espécies
espécies do
do acci-
acci-
dente
dente da da qualidade,
qualidade, como
como é é vulgar
vulgar fazer-se.
fazer-se. Nessa
Nessa confusão
confusão está
está
aa origem
origem de de muitos
muitos erros
erros no
no aristotelismo
aristotelismo e e na
na escolástica.
escolástica.

— 215
— 215 —

d)) Distintos
d xt resttt etresves et (no
Distintos res contexto
(no contexto beta) bela)
não podem
não podem
ser como
ser como entes
entes físicos,
físicos, pois
pois jamjamais poderiam ser
ais poderiam ser separados
separados fisi­ fisi-
camente.
camente. Meramente de
Meramente de razlo
razão também
também não não podem
podem ser, ser, pois
pois se se
dão realmente
dão realmente também
também nas nas coisas.
coisas. A distinção
A distinção formal
formal não não éé me­
me-
ramente de
ramente de razão,
razão, porque
porque as as formalidades
formalidades se se dão
dão antes
antes dasdas coisas,
coisas, ee
certo estava
certo estava Aristóteles
Aristóteles ao ao dizer
dizer queque aa forma
forma era era o o to
to titi en
en etiai,
enai,
oo ser
ser que
que era,
era, porque,
porque, realmente,
realmente, aa forma forma eraera antes
antes dodo ontos
ontos ser ser
oo que
que é. é. A À distinção
distinção entreentre as es formas
formas só só pode
pode ser ser formal.
formal. Ora, Ora,
tal distinção
tal distinção éé real.
real. Portanto,
Portanto, aa realidade
realidade não não éé apenas
apenas aa física,
física, ee
aa esfera
esfera real-metafísica
real-metafísica dos dos escotistas
escotistas estáestá perfeitamente
perfeitamente justifica­
justifica-
da. M
da. Mas, acto ee potência
as, acto potência não não são
são formas,
formas, poispois nãonão sãcsão logot
logo? de de
proporcionalidade intrínseca
proporcionalidade intrínseca de de uma
uma coisa,
coisa, ee pelo
pelo qual
qual aa coisa
coisa éé oo
que ela
que ela éé (q
(quo).
u o ).

São princípios
São princípios do do ser,
ser, como
como mostramos.
mostramos. Nesse Nesse caso,
caso, aa dis­dis
tinção que
tinção que háhá entre
entre êles
êles não
não pode
pode ser
ser aa física,
física, porque
porque estaesta realidade
realidade
éé ontològicamente
ontolôgicemente subordinada
subordinada àà ordem
ordem do do ser.
ser. A A ordem
ordem supe­ supe-
sior àà física
rior física éé aa metafísica.
metafísica, Conseguentemente, aa distinção
Conseqüentemente, distinção só só po­
po-
de ser
de ser real-metafísica.
real-metafísica, E E aa essa
essa distinção
distinção éé queque osos escotistas
escotistas cha­cha-
mam de
mam de real-formal,
real-formal, ou ou distinctio
distinctio formalis
formalis ex ex natuva
natura rei.
rei.

Para aa filosofia
Para filosofia concreta,
concreta, aa polêmica
polêmica surgida
surgida entre
entre tomistas,
tomistas,
!'escotistas
escotistas ee suarezistas
suarezistas encontra,
encontra, dêssedêsse modo,
modo, uma uma solução,
solução, ee as as
positividades de
positividades de cada
cada sector
sector passam
passam aa ser ser consideradas.
consideradas. Estaría­
Estaria-
mos, então,
mos, então, em
em face
face de
de outro
outro tipo
tipo dede distinção
distinção não
não considerada
considerada pe­ pe-
los escolásticos.
los escolásticos. Naa verdade,
N verdade, sim.sim. Não se
Não se trata,
trata, aqui,
aqui, dede multi­
multi-
plicar os
plicar os sêres,
sêres, quando
quando se se aceita
aceita como
como norma
norma entia
entia non
non sunt
sunt mul-
mul-
iiplicanda (os
iiplicanda (os entes
entes não
não se se devem
devem multiplicar),
multiplicar), mas mas tal
tal adágio
adágio éé
de máxima
de máxima validez,
validez, quando
quando essa essa multiplicação
multiplicação não não éé justificada,
justificada,
oo que
que nãonão éé oo caso.
caso.
O realismo
O realismo moderado,
moderado, para
ara salvar-se,
salvar-se, tem
tem de
de admitir
admitir aa dis­
dis-
tinção formal.
tinção formal. Neste ponto,
Neste ponto, os
os escotistas
escotistas têm
têm tôda
tôda aa razão.
razão.

Masas que
M que espécie
espécie dede distinção
distinção encontraríamos
encontrariamos aqui,
aqui, se
se nenhu­
nenhu-
ma das
ma das propostas
propostas satisfaz?
satisfaz?

Naa verdade,
N verdade, acto
acto ee potência
potência são
são distintos
distintos por
por distinção
distinção ds
dz
razão cum
razão cum jundamento
fundamento in in re
re pelos
pelos tomistas,
tomistas, não
não são,
são, porém,
porém, ape­
ape-
sas distintos
nas distintos dêsse
dêsse modo.
modo.
— 216
— 216 —

São também
São também distintos
distintos por
por distinção
distinção formal
formal exex natura
natura rei
rei pelos
pelos
motivos expostos,
motivos expostos, como
como oo pretendem
pretendem os os escotistas;
escotistas; não,
não, porém,
porém,
apenas distintos
apenas distintos désse
désse modo.
modo.

São distintos
São distintos na na ordem
ordem do do ser,
ser, real-metafisicamente
real-metafisicamente distin­ distin-
tos, porque
tos, porgre são são prmcipios
principios do Go ser,
ser, porque
porque oo que que éé acto
acto pode
pode acti­
acti-
vamente ser
vamente ser oo que
que é, é, ee oo que
que pode
pode activamente
activamente serser oo que
que éé pode
pode
sctualizar (potência
r.ctualizar (potência activa),
activa), não
não sósó aa si
si mesmo
mesmo ao ao verter-se
verter-se aa si si
mesmo, mas
mesmo, mas oo que que proporcionadamente
proporcionadamente àà sua sua essência-existencial
essência-existencial
pude realizar.
pode realizar. A A potência
potência passiva,
passiva, aa determinabiiidade
determinabilidade passivapassiva
dos entes
dos entes finitos,
finitos, éé proporcionada
proporcionada àà determinabiiidade
determinabilidade positiva
positiva do do
acto, porque
acto, porque como como poderia
poderia êste
êste determinar
determinar sem sem oo determinável,
determinável,
sem que
sem que algo
algo seja
seja determinável?
determinável? Como Como poderia
poderia oo seuseu poder
poder de­de-
terminar se
terminar se não
não houvesse
houvesse uma uma possibilidade
possibilidade passiva
passiva parapara ser
ser de­
de-
terminada,
terminada. Não
N deixaria automâticamente
ão deixaria automàticamente de de ser,
ser, não
não perderia
perderia
todo oo seu
todo seu poder
poder a2 potência
potênciz activa
activa queque não
não encontra
encontra proporciona­
proporciona-
damente uma
damente uma potência
potência passiva
passiva capazcapaz dede ser
ser determinada?
determinada? A po­
A por
tência passiva
tência passiva do do serser finito
finito éé aa capacidade
capacidade de de determinabiiidade
determinabilidade
que êste
que êste tem
tem em em si,si, ouou era
em outro
outro seiser finito.
finito. M Masas aa determinabi-
determinabi-
lidade passiva
lidade passiva em em relação
relação ao ao SerSer Supremo
Supremo éé oo Meon;Meon; ou ou seja,
seja, aa
possibilidade activa
possibilidide activa do do Ser
Ser Supremo
Supremo de de criar
criar simultaneamente
simultâneamente ao ao
determinar
determinar oo determinável.
detesminável. Razão, ee profunda,
Razão, profunda, tinhatinha Tomás
Tomás de de
Aquino, ao
Aquino, ao meditar
meditar sôbre sôbre as as palavras
palavras de de Santo
Santo Agostinho
Agostinho ao ao
afirmar que
afirmar que o o acto
acto criador
criador é, é, simultaneamente,
simultâneamente, criacor criador dodo acto
acto
determinante ee da
determinante da potência
potência determinável.
determinável,

São essas
São essas as as razões
razões inequívocas
izequivocas ee apodíticamente
apoditicamente fundadas,
fundadas,
que nos
que nos levam
levam aa afirmar
afirmar que
que aa distinção
distinção eatre
entre acto
acto ee potência
potência
não éé aa real-física,
uão real-física, nem
nem aa de
de mera
mera razão,
rezão, mas
mas aa real-metajhica.
real-metajisica,

Não esqueçamos
Não esqueçamos que que dois
dois sêres
sêres físicos
físicos sãc
sãc distintos
distintos fisicamente
fisicamente
no que
no que têm
têm de de físico.
físico. M Masas acto
acto ee potência
potência são
são princípios
princípios dede to­
to-
do ser,
do ser, ee inclusive
inclusive dodo ser
ser físico.
físico. SuaSua distinção
distinção ultrapassa,
ultrapassa, pois,
pois,
aa mera
mera esfera
esfera dada realidade
realidade física.
física. É É também
também transfísica,
transfísica, éé me­
me-
tafísica.
tafísica.

£E esta
esta aa solução
solução que
que ao
ao problema
problema oferece
oferece aa filosofia
filosofia concreta.
concreta.

— 217
— 217 —

DAA N
D NATUREZA
A TU R EZ A EE D
DAA LIM
LIMITAÇÃO DOO ACTO
ITAÇÃO D ACTO
E DA
E DA PO
POTÊNCIA
TÊN C IA

Pelas demonstrações
Pelas demonstrações feitas,
feitas, aa nau/reza
maireza do do acto
acto ee ddai potência,
potência,
como princípios
como princípios dodo ontos,
ontos, revela-se
revela-se pela
pela capacidade,
capacidade, pela pela aptidão
aptidão
do ser
do ser emem determinar
determinar (potência
(potência activa)
activa) ee em em ser ser determinado
determinado
(potência passiva),
(potência passiva), ee nana tensão
tensão pura
pura do do seu
seu ser
ser (acto).
(acto). A A com­
com-
posição de
posição de acto-potência
acto-potência indica
indica não
não aa composição
composição de de duas
duas enti­
enti-
dades fisicamente
dades fisicamente cistintas,
cistintas, masmas dede dois
dois princípios
princípios do do ontos.
ontos.
Se alguma
Se alguma coisa
coisa produz
produz alguma
alguma coisa,
coisa, oo produzico
produzico tem tem de dz
ser, de
ser, de ceno
cero modo,
modo, seuseu contrário,
contrário, ou.ro
ouro (aliud).
(aliud). Se Se produzir
produzir oo
mesmo (idetn)
mesmo (idem) identificar-se-ia
identificar-se-ia consigo
consigo mesmo,
mesmo, ou, ou, entlo,
então, reali­
reali-
zaria outro
zaria outro especificamente
especificamente idêntico
idêntico aa si si mesmo,
mesmo, embora
embora numè-
numé-
ricamente distinto.
ricamente distinto. Neste caso,
Neste caso, êsse
êsse outro
outro seria
seria singularmente
singularmente e, e,
em sua
em sua heceidade,
heceidade, oo primeiro
primeiro.

Vimos
Vimos que,que, quanto
quanto aoao Ser
Ser Supremo,
Supremo, pela
pela sua
sua necessária
necessária uni­
uni-
cidade, tal
cidade, tal éé impossível.
impossivel. Se éé um
Se um ser
ser finito,
finito, éé mister
mister haver
haver uma
uma
potência determinável
potência determinável parapara receber
receber aa nova
nova forma,
forma, porque
porque todotodo ser
ser
finito éé composto,
finito composto, pelopelo menos,
menos, de de uma
uma forma;
formz; ou ou seja,
seja, dede um
um
logos de
logos de proporcionalidade
proporcionclidade intrínseca,
intrínseca, de
de umum pelo
pelo qual
qual ((quo)
quo) éé
oo que
que é,é, ee não
não outro.
outro.
Produzir aa si
Produzir si mesmo
mesmo éé absurdo,
«bsurdo, poispois éé m.ster
m.ster outro
outro prèvia-
prévia-
mente para
mente para que
que algoalgo seja
seja informado.
informado. As formas
As formas subsistentes,
sutsistentes,
de que
de que trataram
trataram os os platônicos
platônicos ee osos escolásticos,
escolásticos, são,
são, pelo
pelo menos,
menos,
compostos de
compostos de acto
acto ee potência,
votência, pois
pois dodo contrário
contrário seriam
seriam acto
acto puro.
puro.
O acto
O acto puro
puro dodo Ser
Ser Supremo
Supremo éé aa infinita
infinita omnipotencialidade
omnipotencialidade acti­ acti-
va de
va de realizar
realizar tudo
tudo quanto
quanto éé realizável
realizável (o (o que
que não
não contradiz
contradiz oo
ser).
se r).
OO acto,
acto, tomado
tomado em em si,si, ee aa potência,
potência, também
também tomadi
tomada em em si,si,
vão têm
não têm forma
forma (são (são inform
informais).ais). A A forma
forma surge
surge dada relação
relação dede
actualidade ee potencialidade,
actualidade potencialidade, cuja cuja proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca
intrínseca dádá
oo carácter
carácter essecífico
específico da forma.
da forma. Se
Se aa forma
forma actualiza
actualiza oo ente,
ente, não
não
cé ela
ela de
de per
per sisi aa forma,
forma, mas
mas apenas
apenas aa actualização
aciualização dêste
dêste ser
ser especi­
especi-
ticamente êste.
ficamente êste. Dêste
Dêste modo,
modo, evitam-se
evitam-se as as dificuldades
dificudades que que os
os es­
es-
culásticos depararam
colásticos depararam ao ao identificar
identificar muitos
muitos oo acto
acto com
com aa forma
iorma ee


— 218 —
218 —
aa potência
potência com
com aa natéria.
natéria. AÀ matéria
matéria é, é, assim,
assim, aa potência
potência dodo ser
ser
já formado,
já formado, quando
quand)» apto
apto aa receber
receber determinações
determinações formais
formais ee aa for­
for-
ma éé aa actualidade
ma actualidade específica
específica (eidética,
(eidética, não
não noética)
noética) dodo ente,
ente, que
que
revela aa proporcionalidade
revela proporcioaalidade intrínseca
intrínseca dodo mesmo
mesmo em em sua
sua oposição
oposição
acto ee potência,
acto potência, eotre
estre determinação
determinação actualactual ee determinabilidade.
determinabilidade.
A primeira
A primeira acusa
acusa aa negação
negação dada determinação,
determinação, ee aa segunda
segunda aa oposi­
oposi-
ção das possibilidales contraditórias, próprias de um
ção das possibilidaies contraditórias, próprias de um ser
ser limitado
limitado
por determinações,
por determinações, como
como vimos.
vimos.
-- Portanto, a naureza
Portanto, do do
a natureza actoacto
e da potência
e da é principal
potência do do
é principal ser ser
finito, ee aão
finito, aão componentes isolados, que
componentes isolados, que realizassem
realizassem uma
uma mixis
znixis
iimistura).
m istura).

Noo livro
N livro VIII
VIII da
da Metafísica,
Metafísica, Aristóteles
Aristóteles dizia
dizia que
que as
as espé­
espé-
cies das
cies das coisas
coisas são
são como
como os Os números,
números, queque sese diversificam
diversificam pela
pela
simples acição
simples acição dede um
um aa outro.
outro. NNoo livro
livro XX diz
diz que
que aa primeira
primeira
contrariedade éé prhação
contrariedade privação ee hábito.
hébito.
Em todo
Em todo ser
ser finito
finito há
há uma
uma proporcionalidade
proporcionalidade dede acto
acto ee po
po
tência, aa qual
téncia, qual indica
indica aa variedade
variedade das
das espécies
espécies em
em analogia
analogia com
com os
os
números.
números.
Sendo oo ser
Sendo ser pioduzido
produzido outro
outro que
que oo produtor,
produtor, na na criação
criação aa
criatura é outra que 3 criador; é-lhe oposta. Essa oposicionalidade
criatura é outra que d criador; é-lhe oposta. Essa oposicionalidade
éé revelada
revelada pela
pela privição
privição perfectiva,
perfectiva, pcis
pcis éé de
de um
em grau
grau perfectivo
oerfectivo
(actualidade) contido
(actualidade) contido nana embência
emiasência da
da omnipotencialidade
omnipotencialidade do do Ser
Ser
Supremo.
Supremo. Esse grai
Êsse gra perfecivo,
perfecivo, além
além de de apontar
apontar aa privação,
privação,
aponta também
aponta também oo que que tem
tem (hábito),
(hábito), que
que éé de
de sua
sua actualidade
actualidade de­
de-
terminada.
terminada.
A forma,
A forma, queque para
sara osos pitagóricos
pitagóricos poderia
poderia expressar-se
expressar-se pelopelo
arithmós, significava
arttbmós, significava que
que sua
suz variabilidade
variabilidade era
era como
como aa dosdos núme­
núme-
ros, segundo
ros, segundo aa proporcionalidade
proporcionalidade entieentre privação
privação ee hábito,
hábito, entre
entre
presença ee ausência
presença ausência de de perfectibilidade.
perfectibilidade. Acto ee potência,
Acto potência, assim,
assim,
indicam os
indicam os graus
graus dede perfectibilidade
perfectibilidade arítmica
aritmica dos
dos entes
entes finitos,
finitos,
cujo logos
cujo logos éé aa forma.
forma.
Acto ee potência,
Acto potência, quanto
quanto àà sua
sua natureza,
natureza, são
são os
os graus
graus dede per­
per-
fectibilidade dos
fectibilidade dos ente;
ente: na
na gradação
gradação dada proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca
intrínseca
ca presença
ca presença ee da
da au<ência
ausência da
da perfeição
perfeição (actualizada,
(actualizada, virtualizada
virtualizada
ou meramer.te
ou meramerte possível).
possivel).

— 219
— 219 —

Com essa
Com essa compreensão,
compreensão, realizada
realizada pela
pela filosofia
filosofia concreta,
concreta, asas
dificuldades, que
dificuldades, que constituíram
constituíram aa grande
grande problemática
problemática dada filosofia
filosofia
medieval, encontra
medieval, encontra umauma solução
solução que
que abre
abre caminho
caminho aa novas
novas análises.
análises.

Quanto àà limitação,
Quanto limitação, temos
temos aa dizer
dizer oo que
que segue:
segue:
A limitação
A limitação dada potência
potência pelo
pelo acto
acto éé matéria
matéria pacífica
pacífica para
para aa
filosofia positiva.
filosofia positiva.
E apodlticamente
E apoditicamente éé evidente,
evidente, porque
porque actualizada
actializada uma uma possi­
possi-
bilidade, as
bilidade, as contradições
contradições possíveis
possíveis passam
passam parapara oo epimetéico
epimetéico ee nio não
se actualizam
se actualizam mais.mais. Potencialmente, tudo
Potencialmente, tudo pode
pode serser actualizado
actualizado
ou não;
ou não; actualizada
actualizada uma,
uma, aa possibilidade
possibilidade contraditória
contraditória passa
passa para
para
oo epimetéico.
epimetéico. Neste caso,
Neste caso, éé evidente,
evidente, pois,
pois, queque oo aco
aco limita
limita aa
potência. E
potência. E não
não sósó em
em referência
referência às às possibilidades
possibilidades contraditórias,
cortraditórias,
mas às
mas às possibilidades
possibilidades em em geral,
geral, pois
pois actualizada
actualizada uma,uma, as as demais
demais
decorrentes das
decorrentes das actualizações
actualizações possíveis
possíveis anteriores
anteriores passam
passam para para o o
epimetéico, como
epimetéico, como cc homem
homem adultoadulto nãonão pode
pode mais
mais actualizar
actualizar as as
possibilidades que
possibilidades que rinha
tinha quando
quando jovem,
jovem, ee que que não
não foram
foram actua­
actua-
lizadas, senão
lizadas, senão aquelas
aqueles que
que sãc
sãc ainda
ainda passíveis
passíveis de de actualização.
actualizção. Não Não
pode, pois,
pode, pois, pairar
pairar dúvida
dávida quanto
quanto àà limitação
limitação d del potência
potênciz pelo
pelo acto.
acto.

Quanto àà limitação
Quanto limitação dodo acto
acto pela
pela potência,
potência, estamos
estamos em em matéria
matéria
não pacífica.
não pacífica. Ora, aa limitação
Ora, limitação exigeexige um um limitante,
limitante, umauma causa
causa
eficiente que
eficiente que aa faça,
faça, ee uma
uma causa
causa eficiente,
eficiente, enquanto
enquanto tal,tal, deve
deve
estar em
estar em acto.
acto. Conseqüentemente,
Consequentemente, aa potência, potênciz, sendo
sendo não-activa,
não-activa,
não poderia
não poderia delimitar
delimitar oo acto.
acto. Este só
Êste só poderia
poderia ser
ser limitado
limitado porpor si
si
mesmo, ou
mesmo, ou seja
seja actuar
actuar dentro
dentro dos dos limites
limites de de sua
sua perfe-tibilidad-.
perfertibilidad:.

Contudo, éé evidente
Contudo, evidente pela
pela experiência
experiência que
que oo acto
acto delimitador
delimitador
delimita na proporção
delimita na proporção também
também da
da capacidade
capacidade de
de delimitação
delimitação do
do
“delimitado; ou
‘delimitado; ou seja,
seja, dodo delimitável
delimitável dêste.
dêste. Assim, uma
Assim, uma fôrma
fôrma
dará resultados
dará resultados diferentes
diferentes se se aa matéria
matéria usada
usada fôrfôr diferente.
diferente.
A forma
A forma dede umum vaso
vaso com
com inscrustações
inscrustações será
será distinta
distinta sese aa matér:a
matéria
fôr barro,
fôr barro, ouro,
ouro, gêsso,
gêsso, etc.
etc. Contudo,
Contudo, éé preciso
preciso não
não esquecer
esquecer queque
aa matéria
matéria relaciona-se
relaciona-se àà forma
forma como
como aa potência
potênciz aoao acto.
acto. Estamos
Estamos
em face
em face de
de uma
uma analogia
analogia de de proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca.
intrínseca.
A matéria
A matéria éé potencial,
potencial, éé potência
potência passiva
passiva para
para receber
receber deter­
dete--
mminações formais,
minações formais, mas
mas éé aa matéria
matéria dede algum
alguma i coisa.
coisa. Só Só aa ma­
ma-

— 220
— 220 —

téria prima,
téria prima, enquanto
enquanto tal,
tal, seria
seria apta
apta aa determinações
determinações pelo
pelo acto
acto
sem Iim:tá-lo.
sem limitá-lo. MasMas já
já estaríamos
estaríamos invadindo
invadindo oo campo
campo dede análise
anúlise
da matéria
da matéria que
que não
não cabe
cabe aqui
aqui discutir,
discutir, ee que
que éé tema
tema dede outro
outro
trabalho, inclusive
trabalho, inclusive aa sua
sua problemática.
problemática.

A potência
A potência é, é, tomada
tomada ontológicamente,
ontolôgicamente, capacidade
capacidade de, de, aptidão
aptidão
para...
p a r a .. . E E pode
pode serser activa
activa ee passiva,
passiva, ee proporcionadamente
proporcionadamente será será
essa aptidão
essa aptidão ou ou capacidade.
capacidade. A potência,
A potência, tomada
tomada ontológicamente,
ontolôgicamente,
éé apta
apta aa tôdas
tôdas asas determinações
determinações proporcionadas
proporcionadas àà eminência
eminência omni-
omni-
potencial do
potencial do Ser
Ser Supremo.
Supremo, Contudo,
Contudo, não não oo éé aa tôda
tôda aa eminência
eminência
formal do
formal do acto
acto finito,
finito, porque
porque êste,
êste, limitado,
limitado, não
não vence
vence totalmente
totalmente
aa resistência
resistência da da potência,
potência, porque
porque estaesta éé aa potência
potência de de alguma
alguma
coisa.
coisa. Não se
Não se pode
pode confundir
confundir o o Meon
Meon comcom aa potência
potência ee muito
muito
menos com
menos com aa potência
potência finita,
finita, funcionalmente
funcionalmente desta desta ouou daquela
daquela
coisa.
coisa. Esta potência
Esta potência híbrida
híbrida de de virtualidade
virtualidade ee actualidade,
actualidade, porque
porque
éé aa potência
potência de de um um ser ser emem acto,
acto, éé delimitada
delimitada já por êste
já por êste e,e,
portanto, apta
portanto, apta aa limitar
limitar oo novonovo actoacto que
que tenda
tenda aa delimita-la.
delimitá-la.
Há como
Há como uma uma decorrência
decorrência natural
natural da da própria
própria natureza
natureza da da potência
potência
finita, uma
finita, uma capacidade
capacidade de de limitação,
limitação, porque
porque esta
esta não
não éé potência
potência
pura, apenas
pura, apenas ee simplesmente
simplesmerte potência.
potência.

Todo ser
Todo ser finito
finito emem acto,
acto, vimos,
vimos, éé potencialmente
potencialmente activoactivo ee
potencialmente passivo.
potencialmente passivo. Sua potencialidade
Sua potencialidade activa
activa éé proporcionada
proporcionada
àà natureza.
natureza. Conseguentemente, aa sua
Conseqüentemente, sua potência
potência passiva
passiva também
também éé
proporcicnada àà sua
proporcicnada sua natureza.
natureza. Decorre, obviamente
Decorre, obviamente daí daí que
que um
um
acto, outro
acto, outro que
que êle,
êls, que
que oo determine,
determine, encontra
encontra aa resistência
resistência natu­
natu-
ral da
ral da aptitudinalidade
aptitudinalidade potencial
potencial passiva,
passiva, proporcionada
proporcionada àà natureza
natureza
do primeiro
do primeiro ee àà actuação
actuação do do segundo,
segundo, que que decorre
decorre da da natureza
natureza
dêste, exerce-se
dêste, exerce-se nos
nos limites
limites determináveis
determináveis do do primeiro.
primeiro,

Se sua
Se sua capacidade
capacidade de de actuação
actuação éé x,
x, sósó actuará
actuará sôbre
sôbre aa potência
potência
do outro
do outro ser
ser na
na proporcionalidade
proporcionalidade actuável
actuável dêste
dêste para
para com
com aquêle.
aquêle.
Tai não
Tal não implica
implica queque oo primeiro
primeiro perca
perca em em possibilidade
possibilidade activa
activa em
em
si, mas
si, mas perde
perde em em possibilidade activa em
possibilidade activa em função
função do do ser
ser actuável.
actuável.
A delimitação
A delimitação do do acto,
acto, portanto,
portanto, éé não não acção
acção dêste.
dêste. Ora, ao
Ora, ao
estudarmos
estudarmos as as modais,
modais, vimos
vimos queque aa acção
acção pertence
pertence aoao actuado
actuado ee
não ao
não ao actuante.
actuante. É ela
É ela absolutamente
absolutamente inherente
inherente ao ao actuado,
actuado, por­
por-
que éé uma
que uma modal.
modal. A delimitação,
A delimitação, pois,
pois, sese dádá na
na acção.
acção. Assim
Assim

— 221
— 221——
um mestre
um mestre dá dá asas suas
suas instruções
instruções aos aos discípulos,
discípulcs, mas mas aa acção
acção de de
instruir éé proporcionada
instruir proporcionada aa êstes. êstes. Neste
Neste caso,caso, poder-se-ia
poder-se-ia dize:
dize:
que oo acto,
que acto, tomado
tomado em em si,si, em
em sua
sua especificidade,
especificidade, éé infinito?
infinito? De
De
certo modo,
certo modo, sim; sim; dede certo
certo modo,
modo, não.
não. Tomado
Tomado em em suasua capaci­
capaci-
dade de
dade de actuar,
actuar, éé proporcionado
proporcionado àà natureza
natureza do do ser
ser actuante,
actuante, eé
será finito
será finito se se êste
êste éé finito,
finito, ee infinito
infinito sese êste
êste éé infinito.
infinito. Em Em fun­
fun-
ção da
ção da actuabilidade
actuabilidade do do actuante,
actuante, éé finita
Finita aa acção
acção queque neste
neste éé
realizado.
realizado. Em relação
Em relação aa êste êste oo acto,
acto, como
como actuante,
actuante, tomado
tomado
em sua
cm sua especificidade,
especificidade, éé infinito,
infinito, porque
porque éé plenamente
plenamente êle êle mes­
mes-
mo no
mo no momento
momento histórico
histórico de de sua
sua actuação.
actuação. A finitude
A finitude de de sua
sua
capacidade de
capacidade de actua:
actua: éé dadadada pela
pela sua
sua natureza,
natureza, mas mas ao ao actuar
actuar
actua infinitamente
actua infiniamente a2 sua sua capacidade
capacidade específica
especifica de de actuar.
actuar. N Neste
este
caso, em
caso, em relação
relação aa essaessa capacidade,
capacidade, aa finitude
finitude está
está nana actuação
actuação
inherente ao
inherente ao actuado.
actuado.


Só oo serser infinito
infinito (o (o Ser
Ser Supremo)
Supremo) éé infinicamente
infinizamente activoactivo em em
sua capacidade
sua capacidade de de actuar.
actuar. Ao actuar
Ao actuar em em sisi nesm
mesmoo éé infinita­
infinita-
mente activo,
mente activo, ee infir.ita
infirita éé aa sua sua actuação,
actuação, comc
com se se pode
pode ver ver nas
nas
processões intrínsecas,
processões intrínsecas, já já estradadas
estudadas na na parte
parte sintética
sintética da da Filo­
Filo-
sofia Concreta,
sofia Concreta, cuja cuja apoditicidade
apoditicidade demonstramos
demonstramos devidamente.
devidamente.
Mas ao
Mas ao actuar
actuar forafora de de si,
si, sua
sua capacidade
capacidade de Ge accuar
actuar éé infinita,
infinita,
mas o
mas O actuado,
actuado, o o realizado,
realizado, éé outrooutro que
que êle,
êle, oposto
oposto aa êle,
êle, contrá­
contrá-
rio aà êle,
rio êle, finito,
finito, portanto.
portanto. Essa actuação,
Essa actuação, que que pertence
pertence ao ao ser
ser
finito, inherente
finito, inherente aa êste, êste, éé finita.
finita. O acto
O acto criador
criador nãonão éé limitado
limitado
pela criação,
pela criação, nem nem pela pela potencialidade
potencialidade criável,
criável, porque
porque esta esta ainda
ainda
não éé acto.
não acto. O O criador
criador cria cria num
oum actuar
actuar infinito.
infinito. A finitude
A finitude éé
da criatura,
da criatura, que que éé especificamente
especificamente deficiente,
deficiente, ir.isto
misto de de ser
ser ee de de
não-ser, como
não-ser, como vimos.
vimos.

Portanto, pode-s:
Portanto, pode-s: falar
falar numa
numa lim.tação
limtação dodo acto
zcto finito
finito pela
peia
potência, nos
potência, nos termos
têrmos que
que acima
acima expomos
expomos ee nos
nos limites
limites que
que acima
acima
determinamos.
determinamos.
Considerando como
Considerando como oo fazemos,
fazemos, aa polêmica
polêmica neste
neste ponto
ponto en­
en-
contra uma
contra uma solução
solução que
que permite
permite conciliar
conciliar asas partes
partes em em contro­
contro-
vérsia, sem
vérsia, sem necessariamente
necessáriamente exigir
exigir aa ref
refutação das posições
Jtação das posições toma­
toma-
das, porque
das, porque tôdas
tôdas têm
têm fundamentos
fundamentos positivos
positivos em
em suas
suas afirmações,
afirmações,
apenas erram
apenas erram quando
quando negam
negam as as positividades
positividades das das posições
posições ad­
ad-
versas.
versas.

— 222—
— 222 —
Muita razão
Muita razão tínhamos
tínhamos em em distinguir
distinguir acto
acto ee potência
potência (enér-
(enér-
geia ee dynamis),
geia dynamis), propondo
propondo distinguir
distinguir tais
tais conceitos,
conceitos, dando-lhes
dando-lhes
novos conteúdos.
novos conteúdos. Não Não queremos
queremos com com isso
isso construir
construir palavras
palavras
novas paia
novas para explicar
explicar asas mesmas
mesmas coisas.
coisas. A Filosofia
A Filosófia Concreta
Concreta não
não
parte primeiramente
parte primeiramente do do conceito
conceito paia
para depois dar-lhe o
depois dar-lhe o conteúdo.
conteúdo.
Ao achar
Ao achar umum novo conteúdo, busca
novo conteúdo, busca oo têrmo
têrmo que que melhor
melhor lHelhe
corresponda.
corresponda. A busca
A busca dodo têrmo
têrmo segue,
segue, nessa
nessa filosofia,
filosofia, essa
essa di-
di-
1ecção.
íecção.

Mais adiante
Mais adiante justificaremos
justificaremos ainda
ainda as
as nossas
nossas afirmativas.
afirmativas.

DAA M
D MULTIPLICIDADE E D
U LTIPLICID A D E E DAA U
UNIDADE DOO ACTO
N ID A D E D ACTO

O acto
O acio não
não multiplica
muitiplica aa sisi mesmo,
mesmo, éé evidente.
evidente. Para que
Para que
al aconteça,
tal aconteça, ou ou para
para que
que surjam
surjam sêres
sêres actuais,
actuais, com
com aa mesn^a
mesma
espécie, éé mister
espécie, mister aa recepção
recepção dodo acto
acto nana potência
potência passiva,
passiva, numa
numa
potência subjectiva
potência subjectiva real.
real, Esta
Esta éé aa tese
tese comumente
comumente aceita,
aceita, como
como
já vimos.
já vimos.

Ao analisarmos
Ao analisarmos aa crítica
crítica escotista
escotista àà posição
posição tomista,
tomista, mos­
moz-
tramos oo verdadeiro
tramos verdadeiro terror
terror queque se
se apossa
apossa de
de muitos
muitos filósofos
filósofos de
ce
caírem no
caírem no platonismo;
platonismo; ou ou melhor,
melhor, nana maneira
maneira viciosa
viciosa dede consi­
cons:
derar aa doutrina
derar doutrina platônica.
platônica.
O que
O que se multiplica éé aa informação
se multiplica informação da da essência
essência (da
(da forma,
forma,
como logos
como logos de
de proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca)
intrínseca) nana potência
potência subjec­
subjec-
tiva real.
tiva real. Mas oO iogos
Mas iogos éé sempre
sempre cc mesmo,
mesmo, em em seu
seu arithmós
arithmós
variante ee invariante
variante invariante, em
em seu
seu arithmós
arithmós tónos
tónos (tensional).
(tensional).
AA multiplicação
multiplicação dos
dos sêres
sêres (d(daa mesma
mesma espécie,
espécie, éé lógico)
lógico) deve-
deve-
«se àà potência
-se potência subjectiva
subjectiva real
real informada
informada pelo
pelo factor
factor de
de universa­
universa-
lidade, que
lidade, que éé aa forma,
forma, oo logos
Jogos dede proporcionalidade
proporcionalidade intrínseca.
intrínseca.
£É dêste
dêste modo
modo que
que oo acto
acto sese multiplica.
multiplica.
x
Quanto àà unidade
Quanto unidade dodo acto,
acto, oo que
que mais
mais interessa
interessa tratar,
tratar, de­
de-
pois do
pois do exame
exame queque fizemos
fizemos da
ca oposição
oposição escotista
escotista ee das
das restrições
restrições
tomistas, está,
tomistas, está, precisamente,
precisamente, em em considerar
considerar se se dois
dois entes
entes emem acto
acto
podem realizar
podem realizar um
um ser
ser unum
unum perper se,
se, em
em acto.
acto. A doutrina
A doutrina ten­ten-
sional afirma
sional afirma categòricamente
categóricamente essaessa possibilidade,
possibilidade, negada
negada pelospelos


— 223—
223 —
tomistas, ee aceita
tomistas, aceita pelos
pelos escotistas.
escotistas. Mas oo que
Mas que desejamos
desejamos aqui
aqui éé
estabelecer, de
estabelecer, de modo
modo apodítico,
apodítico, aa justificação
justificação dada tese
tese tensional,
tensional,
que éé também
que também aa da da filosofia
filosofia concreta.
concreta. Mostramos, na
Mostramos, na passagem
passagem
anterior, que
anterior, que oo exame
exame cuidadoso
cuidadoso destadesta tese
tese exige
exige aa explanação
explanação
plena da
plena da teoria
teoria tensional,
tensional, oo que
que não
não éé possível
possível fazermos
fazermos aqui.
aqui.

Mas desde
Mas desde queque concebemos
concebemos um um ser
ser em
em acto,
acto, como
como um um ser
ser
formalmente constituído,
formalmente constituído, ee considerando
considerendo aa forma
forma comocomo oo logos
logos
de proporcionalidade
de proporcionalidade intrínseca,
intrínseca, não
não éé difícil
difícil admitir
admitir ee compre­
compre-
ender que
ender que vários
vários sêres
sêres em
em acto,
acto, formando
formando um um arithmós
arithmós blethos,
plethos,
possam alcançar
possam alcançar aa um um arithmós
aritbmós tônos
tónos (tensional),
(tensional), que que Ihe
lhe dêdê
uma unidade
uma unidade nova,
nova, um um arithmós
aritbmós orthikós,
orthikós, dede ordem.
ordem. Há muitas
Há muitas
unidades de
unidades de tal
tal espécie,
espécie, ee também
também as as aceitam
aceitam os os tomistas.
tomistas.

A divergência
A divergência está, está, porém,
porém, em em admitir
admitir uma uma unidade
unidade sim- sim-
priciter, unum
pliciter, umum per per se, se, semsem aa virtualização
virtualização dos dos componentes
componentes
em acto.
em acto. À tese
A tese escotista
escotista afirm afirmaa queque os os componentes
componentes se se dãodão
em acto,
em acto, formando
formando uma uma unidade
unidade de de simplicidade.
simplicidade. Ora, tal
Ora, tal uni­
uni-
dade implica
dade implica aa virtualização
virtualização da da actualidade
actualidade dos dos componentes,
componentes, aafir- f ir
“ma
!ma oo tomismo,
tomismo, pois pois do do contrário
contrário haveria
haveria dois dois ouou mais
mais compo­compo-
sente distintos,
nente distintos, oo queque impediria
impediria aa simplicidade
simplicidade da da nova
nova totalidade.
totalidade.
Neste caso,
Neste caso, perguntar-se-ia
perguntar-se-ia se se numa
numa tensão
tensão social,
social, como
como aa que que se se
dá entre
cá entre marido
marido ee mulher,
mulher, que que espécie
espécie de de unidade
unidade se se encon­
encon-
traria aí.
traria aí. Negam
Negam os os tomistas
tomistas que que haja
haja umauma unidade
unidade sim pliciter.
simpliciter.
Contudo, poderíamos
Contudo, poderiamos perguntar:
perguntar: se se nos
nos Casos
casos em em queque há há vários
vários
elementos em
elementos em acto,
acto, formando
formando uma uma nova nova unidade,
unidade, éé mistermister que que
essa nova
essa nova unidade
unidade seja seja simpliciter
simpliciter de de modo
modo absoluto?
absoluto? Se Se assim
assim
afirmar-se não
afirmar-se não sese está
está necessàriamente
necessiriamente declarando
declarando que que os os elemen­
elemen-
tos componentes
tos componentes em em acto
acto virtualizam-se
virtualizam-se na na totalidade?
totalidade? Não
N have-
ão have­
ria aí
ria aí uma
uma perfeita
perfeita contradição,
contradição, na na qual
qual se se afirma
afirma ee se se nega
nega sob sob
oo mesmo
mesmo aspecto
aspecto ee ao ao mesmo
mesmo tempo tempo aa mesma mesma coisa?
coisa?

Se realmente
Se realmente fôsse
fôsse essa
essa aa afirmação
afirmação dos dos escotistas
escotistas aa contra­
contra-
dição era
dição era manifesta.
manifesta. Mas, propriamente,
Mas, prôpriamente, não não éé isso
isso o
o que
que êles
éles
dizem, nem
dizem, nem nós,
nós, neste
neste ponto,
ponto, com
com êles.
êles. O que
O que dizemos
dizemos éé queque
hái uma
h uma espécie
espécie dede totalidade
totalidade simples,
simples, formando
formando um um acto
acto só,
só, sob
sob
ceterminado aspecto,
determinado aspecto, que
que éé constituída
constituída por por componentes
componentes em em acto,
acto,
que, sob
que, sob outro
outro aspecto,
aspecto, estão
estão em
em virtualidade.
virtualidade. Não
N perdem total-
ão perdem total-

— 224
— 224 —

mente
mente aa sua
sua actualidade
actualidade específica
específica ao
20 comporem
comporem uma uma nova
nova uni-
uni­
gade. Apenas
dade. Apenas aà possibilidade
possibilidade que
que têm
têm de
de comporem
comporem novasnovas uni-
uni­
dades pode realizar-se
dades pode realizar-se sob
sor um
um aspecto
aspecto específico
especifico distinto
dis:into do
do que
que
possuem como
possuem como indivíduos
indivíduos especificamente
especificamente distintos.
distintos.
Assim cada
Assim cada planêta
planêta do do nosso
nosso sistema
sistema solar,solar, emem acto,
acto, forma
forma
com os
com os outros,
outros, ee oo Sol,
Sol, unum
umum per per se,se, sobsob certo
certo aspecto,
aspecto, ou ou seja,
seja,
uma tensão,
iima tensão, uma uma coerência,
coerência, formalmente
formalmente distinta distinta de de outras,
outras, semsem
que os
que os elementos
elementos cpmponentes,
componentes, sob sob outro
outro aspecto,
aspecto, deixem
deixem de de ser
ser
oo que
que são.
são. A A tensão
tensão ((:óros) dá-se quando
tónos) dá-se quando há há umauma unidade
unidade for­ for-
mada da
mada da totalidade
totalidade que que coacta
coacta os os elementos
elementos componentes
componentes em em acto
acto
específico distinto
específico distinto do do todo,
todo, masmas que que se se analogam
analogam num num funcionar
funcionar
cbediente àà normal
cbediente normal dada dada pela
pela totalidade,
totalidade, que que éé aa harmonia
harmonia das das
artes em
partes em relação
relação ao ao todo.
todo. Assim as
Assim as células
células de de umum tecido
tecido sãosão
individualmente de
individualmente de formas
formas distintas
distintas que que oo tecido,
tecido, ee em em actò,
acto,
ruas oO seu
mas seu funcionar
funcicnar obedece
obedece aa urr.aurra normal
normal dada dada pela
pela totalidade
totalidade
que as
que as analoga
analoga ee as as harmoniza,
harmoniza, portanto,
portanto, formando
formando essa essa totalidade
totalidade
nnum per
itnum per se,
se, especificamente
especificamente outro, outro, cujocujo interêsse
interêsse totalizante
totalizante do­ do-
mina as
mina as acções
acções particulares
particulares dos dos componentes
componentes que que actuam
actuam de de certo
certo
modo obedientes
modo obedientes aa essa essa normal
normal da da totalidade.
totalidade.

DAA PASSAGEM
D PASSAGEM D
DAA POTÊNCIA
POTÊNCIA AO
AO ACTO
ACTO

No estudo
No estudo queque fizemos
fizemos dada polêmica
polêmica entre
entre tomistas
tomistas ee esco­
esco-
tistas en
tistas em tôrno
tórno dada passagem
passagem da da potência
potência zoao acto,
acto, examinamos
examinamos aa
possibilidade de
possibilidade de algo
algo ser
ser produzido
produzido por
por causas
causas intrínsecas.
intrínsecas. Como
Como
esta éé matéria
esta matéria que
que pode
pode envolver-nos
envolver-nos emem contradições
contradições ee absurdos,
absurdos,
éé mister
mister umum exame
exame cuidadoso.
cuidadoso.

É uma
É uma tese
tese exposta
exposta por
por Duns
Duns Scot
Scot emem D Dee Primo
Primo Principio
Principio
que um
que um efeito
efeito s5 sô pode
pode ser
ser produzido
produzido por por causas
causas extrínsecas
extrínsecas ao ao
mesmo, pois
mesmo, pois nada
nada pode
pode serser produzido
produzido por por causas
causas intrínsecas.
intrínsecas.
Realmente, para
Realmente, para queque umum efeito
efeito seja
seja produzido,
produzido, éé mister
mister consi­
consi-
derar um
derar um produtor,
produtor, um um produto
produto ee uma
uma produção,
produção, ou ou seja
seja um
um pro­
pro”
autor que
dutor que produz
produz um um produzido.
produzido. O O efeito
efeito está
está incluso
incluso neste
neste
caso. Ora,
caso. Ora, oo produtor
produtor está
está para
para oo produto
produto numanuma relação
relação de
de an­
an-
terioridade ee posterioridade.
terioridade posterioridade. Se Se oo produto
produto fôsse
fôsse capaz
capaz dede ser
ser

— 225
— 225——
realizado por
realizado por causas
causas intrínsecas,
intrínsecas, êle
êle existiria
existiria antes
antes de
de existir,
existir, o
o
que éé absurdo
que absurdo ee contraditório,
contraditório, pois
pois estaríamos
estaríamos afirmando
afirmando queque éé
produzido oo que
produzido que jájá é,
é, antes
antes da
da produção.
produção.

Mas, oo que
Mas, que deseja
deseja evidenciar
evidenciar aa análise
análise escotista
escotista não não éé uma
uma
contradição àà tese
contradição tese dede Scot,
Scot, porque
porque ela ela não
não afirma
afirma que que oo efeito
efeito éé
produzido por
produzido por causas
causas intrínsecas.
intrínsecas. O que,
O que, na na verdade
verdade. afirma
afirma éé
que oo efeito
que efeito éé produzido
produzido por por causas
causas extrínsecas
extrínsecas aa êle, êle, mas
mas podem
podem
ser intrínsecas
ser intrínsecas àà parteparte actual
actual da da actualidade.
actualidade. Ou seja,
Ou seja, umum ser ser
em acto
em acto éé umum misto
misto de de actualidade,
actualidade, virtualidade,
virtualidade, potencialidade
potencialidade ee
privação. Consideram-se
privação. Consideram-se intrínsecas
intrínsecas as as causas
causas que que sãosão constituin­
constituin-
tes da
tes da natureza
natureza de de uma
uma coisa.
coisa. Afirmar-se, pois,
Afirmar-se, pois, queque estas
estas possam
possam
dar surgimento
dar surgimento aa efeitos,
efeitos, ou ou seja,
seja, aa de
de serem
serem capazes
capazes de de produzir,
produzir,
ua parte
na parte subjectiva
subjectiva passiva
passiva real, real, que
que constitui
constitui aa sua sua natureza,
natureze,
determinações, efeitos,
determinações, efeitos, taltal nãonão implica
implica nenhuma
nenhuma contradição,
contradição, por­ por-
que não
que não se se está
está afirmando
afirmando que que aa causa
causa éé intrínseca
intrínseca ao ao efeito,
efeito,
mas àà totalidade
mas totalidade que que éé capaz,
capaz, pela pela sua
sua parte
parte activa,
activa, de de realizar
realizar
um efeito.
um efeito. N Neste caso, em
este caso, em relação
relação ao ao efeito,
efeito, aa causa
causa que que oo rea­
rea-
liza, pertencente
liza, pertencente àà totalidade,
totalidade, éé intrínseca
intrínseca aa esta,esta, masmas éé extrín­
extrin-
seca àquele.
seca àquele.
£
O que
O que o o escotismo
escotismo afirma,
afirma, portanto,
portanto, éé aa capacidade
capacidade de de rea­
rea-
lizar um
lizar um ser
ser por
por causas
causas intrínsecas,
intrínsecas, sem
sem desprezar
desprezar aa cooperação
cooperação
cas causas
das causas extrínsecas,
extrinsecas, algo
algo que
que éé actualizável,
actualizável, determinável
determinável em erg si si
mesmo.
mesmo. EE oo que
que sese evidencia
evidencia na na demonstração
demonstração escotista,
escotista, ee se sz
pusermos oo problema
pusermos problema nos nos termos
têrmos que
que apontamos,
apontamos, aa divergência
divergência
entre tomistas
entre tomistas ee escotistas
escotistas desaparece,
desaparece, ee pode
pode surgir
surgir umum ponto
ponto de dz
conciliação evidente,
conciliação evidente, sem sem necessidade
necessidade de de negar
negar as as positividades
positividades
de ambas
de ambas posições.
posições.

COMENTÁRIOS
COM FINAIS
ENTÁRIOS FIN A IS

Naa esquemática
N esquemática mais
mais profunda
profunda do do psiquismo
psiquismo humano
humano não não
podemos deixar
podemos deixar de
de considerar,
considerar, como
como fazemos
fazemos em em "Sabedoria
“Sabedoria dosdos
Esquemas”, que
Esquemas", que éé um
um tratado
tratado dede Esquematologia
Esquematologia Concreta,
Concreta, aa
demorada sendimentação
demorada sendimentação dos dos esquemas
esquemas arcaiccs
arcaicos dodo ser
ser humano,
humano,
cuja influência
cuja influência gestadora
gestadora vem
vem das
das raízes
raizes físico-químicas,
físico-químicas, biológi-
biológi-

— 226
— 226 —

cas ee fisiológicas
tas fisiológicas dodo ser
ser humano
humano (sua(sua parte
parte animal)
animal) ee dosdos que
que
constituem propriamente
constituem prôpriamente aa parte
parte psíquica
psíquica (fundados
(fundados naqueles),
naqueles),
que constituem
que constituem os os esquemas
esquemas do do sensório-motriz
sensório-motriz (da(da sensibilidade
sensibilidade
geral), que
geral), que servem
servem de de fundamento,
fundamento, por por sua
sua vez,
vez, aos
aos esquemas
esquemas
prôpriamente afectivos,
propriamente afectivos, ee os
os operatórios
operatórios dada racionalidade
racionalidade humaria,
humana,
como oo mostramos
como mostramos naquela
naquela obra.
obra.
A presença
A presença de de tais
tais esquemas,
esquemas, acompanhados
acompanhados aindaainda comcom os os
teferentes às
íeferentes às sedimentações
sedimentações arcaicas
arcaicas do
do homem,
homem, em em suas
suas fases
fases
de colector,
de colector, dede caçador,
caçador, dede agricultor,
agricultor, de
de pastor
pastor ee até
até aa moderna,
moderna,
de industrial,
de industrial, que
que estructuram
estructuram novas
novas unidades
unidades esquemáticas,
esquemáticas, novas
novas
estructuras esquemáticas
cstructuras esquemáticas sistemáticas
sistemáticas ee constelações
constelações gerais,
gerais, éé ine­
ine-
gável na
gável na actuação
actuação intelectual
intelectual superior
superior do
do ser
ser humano.
humano.
Se considerarmos
Se considerarmos numa
numa rápida
rápida análise
análise oo sentido
sentião dada eviden-
eviden-
ciação da
ciação da certeza,
certeza, poderíamos
poderiamos estabelecer
estabelecer estágios
estágios diversos,
diversos, tais
tais
como:
como:

a)
a) uma evidenciação
uma evidenciação primária
primária sensível,
sensível, dada
dada pelo
pelo tacto
tacto ee
pela visão,
pela visão, uma
uma certeza
certeza táctil
táctil ee uma
uma certeza
certeza óptica,
Óptica,
combinadas;
combinadas; 'H
b)
b) uma evidenciação
uma evidenciação primária
primária afectiva,
afectiva, certeza
certeza interior
interior vi-
vi-
vencial;
vencial;

c)
c) uma certeza
uma operatória, racional,
certeza operatória, racional, ilativamente deduzida
ilativamente deduzida
da comparação
da comparação dos
dos esquemas
esquemas racionais.
racionais.

A primeira
A primeira evidenciação
evidenciação éé infantil;
infantil, aa segunda,
segunda, ju juvenil;' a
v e n il;'a
terceira, do
terceira, do estágio
estágio adulto.
adulto. À À primeira
primeira éé própria
própria dada concreç.ío
concreção
infantil; aa segunda
infantil; segunda da da concreção
concreção juvenil,
juvenil, àà terceira,
terceira, da
da concreção
concreção
do homem
do homem adulto.
adulto. A primeira
A primeira refere-se
refere-se àà fase
fase do
do colector
colector ee dodo
caçador; aa segunda
caçador; segunda àà do do agricultor
agricultor ee dodo domesticador
domesticador (p (pastor);
astor);
aa tecrceira
tecrceira da
da era
era industrial,
industrial, da da civilização,
civilização, do
do homem
homem das das cidades.
cidades.

AA primeira
primeira funda-se
funda-se emem intuições
intuições sensíveis,
sensíveis, em
em esquemas
esquemas da da
experiência, de
experiência, de primeiro
primeiro grau
grau (de
(de abstracções
abstracções dede primeiro
primeiro ggrau);
ra u );
aa segunda,
segunda, dede intuições
intuições afectivas,
afectivas, dede esquemas
esquemas da da experiência
experiência
afectiva, de
afectiva, de primeiro
primeiro grau
grau (abstracções
(abstracções dede primeiro
primeiro ggrau);
ra u ); aa ter­
ter-
ceira, de
ceira, de esquemas
esquemas operatórios,
operatórios, dede segundo
segundo grau
grau (( dede abstracções
abstracções

— 227
— 227——
de segundo
de segundo grau,
grau, abstracções
cbstracções da
da matemática)
matemática) ee de
de esquemas
esquemas de
de
terceiro grau
terceiro grau (de
(de abstracções
abstracções de
de terceiro
terceiro grau,
grau, próprios
próprios da
da Me­
Me-
lafísica). .
tafísica)

Há um
Há um filosofar
filosofar infantil,
infantil, como
como há há umum juvenil,
juvenil, emem queque os os
conceitos abstractos
conceitos abstractos sãosão apenas
apenas projecções
projecções dos dos esquemas
esquemas da da con­
con-
creção infantil
creção infantil ee juvenil,
juvenil, como
como oo notamos
notamos nos nos hindus
hindus ee nosnos gre­
gre-
gos do
gos do período
período jónico.
jônico. A A esquemática
esquemática filosófica
filosófica do do segundo
segundo grau
grau
surge com
surge com Tales,
Tales, nana Grécia,
Grécia, queque se se pode
pode considerar
considerar ainda
ainda um um fi­
fi-
losofar juvenil
losofar juvenil emem direcção
direcção ao zo adulto,
adulto, pois
pois éé sósó com
com Pi:ágoras,
Picágoras, na na
Grécia, que
Grécia, que surge
surge umum filosofar
filosofar genuinamente
genuinamente de de segundo
segundo graugrau dada
abstracção para
abstracção para oo terceiro
terceiro grau
grau (das(das abstracções
abstracções da da matemática
matemática às às
abstracções da
abstracções da MMetafísica).
etafísica). Ora, Ora, éé aí aí que
que realmente
realmente aà Filosofia
Filosofia
começa aa penetrar
começa penetrar no no campo
campo do do eidético
eidético e e passa
pessa aa separar-se
separar-se do do
antropológico, com
antropológico, com origem
origem em em esquemas
esquemas afectivos.
afectivos. Aristóteles,
Aristóteles, porpor
exemplo, éé um
exemplo, um filósofo
filósofo queque fica
fica entre
entre Tales
Tales ee Pitágons,
Pitágoras, embora
embora
cronolôgicamente seja
cronologicamente seja posterior
posterior aa êsteêste último.
último. Seu filosotar
Seu filosotar éé ain­
ain-
da fundado
da fundado nosnos esquemas
esquemas infantis
infantis ee juvenis
juvenis (em(empirismo), mas
pirism o), nus
já abrange
já abrange osos esquemas
esquemas operatórios
operatórios (da(da racionalidade).
racionalidade). E E por
por
isso um
isso um filósofo
filósofo empirista
empirista racionalista.
racionalista. A escolástica,
A escolástica, profunda­
profunda-
mente influída
mente influída pela
pela filosofia
filosofia aristotélica,
aristotélica, não
não sese afastou
afastou da
da linha
linha
traçada ee do
traçada do âmbito
âmbito queque aa esquemática
esquemática própria
própria dêsses
dêsses períodos
períodos
teria de
teria de dar,
dar, sem
sem que
que tal
tal afirmativa
afirmativa negue
negue validez
validez ee concreção
concreção aoao
pensamento medieval.
pensamento medieval,

Mas, pode-se afirmar


Mas, pode-se afirmar com com segurança,
segurança, que que oo grande
grande salto
salto nana
filosofia, na
filosofia, na filosofia
filosofia genuinamente
genuinamente ocidental,
ocidenta!, dá-se
dá-se comcom DunsDuns
Scot, ao
Scot, ao valorizar
valorizar os os esquemas
esquemas operatários,
operatórios, ao ao tratar
tratar eiaèticamente
eidêticamente
da filosofia,
da filosofia, esforçando-se
esforçando-se or liberar-se da
oor liberar-se da esquemárica
esquemá:ica nooló-
nooló-
gica, meramente
gica, meramente antropológica.
antropológica. Em seu
Em seu D Dee Primo
Primo Princípio
Princípio nãonão
éé oo homem
homem que que filosofa
filosofa com com os os esquemas
esquemas antropológicos,
antropológicos, mas mas
husca-se aí
busca-se aí alcançar
alcançar aa máxima
máxima eideticidade
eideticidade dos dos conceitos,
conceitos, oo que,
que,
glepois, realizamos
jiepois, realizamos na na Filosofia
Filosofia Concreta.
Con:reta. Para Para alcançar
alcançar aa apo-
apo-
eliticidade desejada
diticidade desejada ee não não aa evidenciarão
evidenciação experimental
experimental (que (que ainda
ainca
pertence àà ciência,
■pertence ciência, que
que está
está dominada
dominada pela pela esquemática
esquemática infantil
infantil ee
juvenil) só
juvenil) só poderia
poderia realizar-se
realizar-se pela
pela descoberta
descoberta da da eideticidade
eideticidade ee
da pureza
da pureza esquemática
esquemática de de terceiro
terceiro grau
grau dada abstracção.
abstracção.

— 228
— 228——
Os hindus
Os hindus construíram
construírim conceitos
conceitos filosóficos
filosóficos em em bases
bases religio­
religio-
sas, com
sas, com abstracções
abstracções de de primeiro
primeiro grau.
grau. Maya, dbanna,
Maya, dbarma, sânkhara
sânkhara
são conceitos
são conceitos fundados
fundados nas ns abstracções
abstracções de de primeiro
primeiro grau.
grau. O O hindu
hindu
não define
não define maya,ziaya, dá dá apenas
apenas uma uma vivência
vivência de de maya.
maya. O O devir
devir éé
maya,
maya, as as coisas
coisas do do devir
devir são
são maya, isto que
maya, isto que acontece
acontece éé tnaya:
maya, etc.etc.
Não nos
Não nos dádá oo esquema
esquema operatório
operatório de de terceiro
terceiro grau,
grau, despojado
despojado de de
facticidade de
facticidade de maya,
maya, oo esquema
esquema eidético
eidético puro
puro dede maya.
maya. Por essa
Por essa
razão
razão aa suasua filosofia
filosofia nunca
nunca conseguiu
conseguiu ascender
ascender alémalém do do âmbito
âmbito
da religião, ee com
da religião, com esta
esta está
está sempre
sempre confundida.
confundida. Não desejamos
Não desejamos
afirmar haver aqui
afirmar haver aqui umum abismo
abismo insondável
insondável ou ou inultrapassável
inultrapassável entre entre
aa religião
teligião ee aa filosofia,
filosofia, oo queque seria
seria dar
dar àà nossa
nossa posição
posição uma uma ati­ ati-
tude que
tude que contrariaria
contrariaria frcntalmente
frcntalmente aa sua sua posição
posição concreta.
concreta. Seria, Seria,
então, negá-la.
então, negá-la. Como oo mostramos
Como mostramos em em "Filosofia
“Filosofia Concreta",
Concreta”, aa
concreção que
concreção que buscamos
buscamos éé aa de de terceiro
terceiro grau,
greu, que
que inclui
inclui asas outras,
outras,
àà qual
qual as as outras
outras estão
estão ontològicanente
ontolôgicemente submetidas.
submetidas. A A Religião
Religião
não éé totalmente
não totalmense separada
separada por por nós
nós dada Fibsofia
Filosofia nem nem da da Ciência.
Ciência.
Contudo, ela
Contudo, ela nãonão está
está incorporada
incorporada àà Ciência
Ciência nemnem àà Filosofia,
Filosofia, co­ co-
mo freqüentemente
mo frequentemente sãc sãc concebidas.
concebidas. Ela Ela concreciona-se
concreciona-se no no es­ es-
pecular humane,
pecular humanc, matético,
matético, comocomo mostramos.
mostramos.

& evidência
A evidência pelas pelas fases
fases dede fundamento
fundamento infantilinfantil ee juvenil
juvenil
éé aa queque éé dada dada pela
pela experimentação
experimentação sensível
sensível ee pelapela afectiva;
afectiva, aa
primeira exige
primeira exige uma uma adequação
adequação acs acs esquemas
esquemas sensíveis,
sensíveis, ou ou àsàs abs­
abs-
tracções de
tracções de primeiro
primeiro grau,
grau, fundadas
fundadas nestes,
nestes, como
como sejaseja aa adequação
adequação
dos esquemas
dos esquemas àà coisa, coisa, como
como éé aa verdade
verdade lógica
lógica anstotélica,
ar:stotélica, ou ou aa
ontológica, que
ontológica, que éé aa adequação
adequação da da coisa
coisa aoao esquema
esquema (adaequatio
(adaequatio
smiellectus et
mtellectus et rei
rei ee ctdequatio
adequatio rei rei etet inlellectus).
intellectus). A A evidência
evidência in­ in-
fantil éé empirista;
fantil empirista; aa juvenil
juvenil éé empirista
empirista ee afectiva,
afectiva, ee aa potência
potência éé aa
garantia da
garantia da verdade.
verdade. Mas aa evidência,
Mas evidência, buscada
buscada na na terceira
terceira fase,
fase,
éé aa eidética,
eidética, éé a a do
do esquema
esquema eidético
eidético ao ao esquema
esquema eidético,
eidético, éé aa dodo
intelecto com
intelecto com oc intelecto.
intelecto. A A primeira
primeira éé própria
própria ds do que
que sese cinge
cinge
apenas ao
apenas ao camoo
cam>o da da ciência
ciência experimental,
experimental, do do positivista.
positivista. A do
A do
segundo éé empirista
segundo empirista também,
também, mas mas atinge
atinge ao ac matemático,
matemático, àà evi­ evi-
dência das
dência das medidas
medidas ee dos dos números,
números, segundo
segundo aa reducção
reducção àà evidência
evidência
quantitativa, enquanto
quantitativa, enquanto aa primeira
primeira éé de de evidenciação
evidenciação qualitativa.
qualitativa.
Só aa terceira
Só terceira alcança
alcança aa eideticidade
eideticidade desejada;
desejada; éé aa que que ultrapassa
ultrapassa aa
accidentalidade, ee busca
accidentalidade: busca não
não aa adeaquatio
adeaguatio de de termos
termos genericamente
genêricamente

— 229 —
diversos, mas
diversos, mas genèricamente
genêricamente idênticos,
idênticos, embora
embora especificamente
especificamente dis­
dis-
tintos.
tintos.

Aqui aa verdade
Aqui verdade não
não éé só
só adequação,
adequação, éé também
também descoberta,
descoberta,
desvelamento, criação.
desvelamento, criação.

A adequação
A adequação éé esquemàticamente
esquemiâticamente própriaprópria do do colector
colector ee do do
caçador ee surge
caçador surge dada comparação,
comparação, do do acto
acto primitivo
primitivo de de comparar
comparar
coisas para
coisas para destacar
destacar as as semelhanças
semelhanças ou ou asas diferenças.
diferenças. A verdade
A verdade
pitagórica platônica
pitagórica platônica éé aa détheia,
alétheia, aa des-esquecida,
des-esquecida, aa que que tínhamos,
tínhamos,
ee se
se revela
revela aa nós,
nós, aa que
que vem
vem a aser re-lembrada, porque
ser re-lembrada, virtualmen-
porque virtualmen­
te já
te já aa contínhamos.
contínhamos. A descoberta
A descoberta da da verdade
verdade éé aa revelação
revelação do do
que esquecêramos, ee que
que esquecêramos, que havíamos
havíamos perdido
perdido aa memória
memória do do pró­
pró-
prio esquecimento,
prio esquecimento, como como éé expressada
expressada na na simbólica
simbólica platônica.
platônica. Es­ Es-
ta verdade
ta verdade não não éé uma
uma adequação,
adequação, éé oo que que já já éé nas
nas coisas,
coisas, o o que
que
já está
já está dado
dado de de todo
todo sempre,
sempre, que que subitamente
subitamente se se revela
revela aa nós.
nós.
Ela nos
Ela nos convence
convence de sua exactidão
de sua exactidão porpor sisi mesma,
mesma, como como súbito
súbito cla­
cla-
rear de
rear de algo
algo queque não
não nosnos éé estranho.
estranho. É É aa que
que surge
surge da da análise
análise
dialéctico-concreta dos
dialéctico-concreta dos conteúdos
conteúdos eidéticos,
eidéticos, comocomo aa vemosvemos surgir
surgir
na "Filosofia
na “Filosofia Concreta”
Concreta”, , como
como aa vemos
vemos surgir
surgir na na análise
análise do do con­
con-
ceito de
ceito de Direito,
Direito, emem suma,
suma, nosnos diversos
diversos exemplos
exemplos que que oferecemos
oferecemos
em nossos
cm nossos trabalhos.
trabalhos.

A verdade
A verdade queque pertence
pertence aa êsse êsse grau
grau dada abstracção
abstracção nãonão éé uma
uma
adequação, éé aa actualização
adequação, actualização do do queque está
está virtualmente
virtualmente contido
contido na na
verdade de
verdade de um
um juízo.
juízo. KantKant poderia,
poderia, fundando-se
fundando-se na na adequa­
adequa-
ção, chegar,
ção, chegar, comcom alguma
alguma base,
base, aa negar
negar aa validez
validez dos
dos nossos
nossos co­ co-
nhecimentos, ee cair
nhecimentos, cair no
no agnosticismo
agnosticismo que que oo abismou.
abismou. JamaisJamais po­ po-
deria chegar
deria chegar aa tanto
tanto sese tivesse
tivesse de de leve
leve percebido
percebido que que háhá verdades
verdades
virtualizadas ao
virtualizadas ao espírito
espírito humano
humano ee que que aa análise
análise dialéctica
dialéctica pode
pode
desvelar.
desvelar. Essa possibilidade
Essa possibilidade não não foifoi considerada
considerada por por êle
êle ee éé essa
essa
aa razão
razão principal
principal de de ter
ter caído
caído nosnos erros
erros que
que caiu.
caiu.

Não
N se nega
ão se nega valor
valor àà verdade
verdade de de adequação.
adequação. Apenas afirma­
Apenas afirma-
mos que
mos que não
não éé apenas
apenas essaessa que
que sese pode
pode estabelecer.
estabelecer. À verdade
À verdade
de experiência,
de experiência, àà dede vivência,
vivência, àà de de patência
patência ee àà de
de adequação,
adequação, há,há,
ainda, aa verdade
ainda, verdade queque sese revela
revela pelo
pelo desvelamento
desvelamento da da análise
análise dialéc­
dialéc-
tica de
tica de um
um juízo,
juízo, que
que nos
nos dá,
dá, aa pouco
pouco ee pouco,
pouco, uma
uma sequência
sequência dede
juízos correlatos,
juízos correlatos, rigorosamente
rigorosamente válidosválidos emem relação
relação aoao primeiro.
primeiro.

— 230
— 230 —

Volvendo, pois,
Volvendo, pois, ao
ao tema
tema que
que tratamos
tratamos anteriormente,
anteriormente, pode-se
pode-se
dizer oo seguinte:
dizer seguinte:
Aristóteles busca
Aristóteles busca uma
uma evidenciação
evidenciação empírico-racionalista,
empírico-racionalista, co­ co-
mo também
mo também em em parte
parte aa busca
busca Tomás
Tomás de de Aquino,
Aquino, ee mais
mais acentua-
acentua-
damente os
damente os tomistas.
tomistas. Fazemos essa
Fazemos essa distinção
distinção porque
porque Tomás
Tomás de de
Aquino, graças
Aquino, graças àà grande
grande influência
influência queque nêle
néle exerceu
exerceu Platão,
Platão, queque
foi por
foi por êleêle entendido
entendido ee interpretado
interpretado mais mais fielmente
fielmente queque muitos
muitos
outros seguidores
outros seguidores do do chamado
chamado platonismo,
platonismo, tem tem muito
muito mais
mais pon­
pon-
tos de
tos de contacto
contacto com com oo que
que háhá de
de positivo
positivo ee concreto
concreto emem Duns
Duns ScotScot
do que
do que em em relação
relação aosaos discípulos
discípulos dêste,
dêste, que,
que, como
como os os discípulos
discípulos
daquele, salvo
daquele, salvo naturalmente
naturalmente honrosas
honrosas excepções,
excepções, criaram
criaram mais
mais mo­mo-
tivos de
tivos de controvérsia
controvérsia ee de de disputa
disputa ee dede separação,
separação, dodo que
que de de apro­
apro-
ximação ee de
ximação de conciliação,
conciliação, como
como eraera possível
possível entre
entre ambos.
ambos.

Suarez segue
Suarez segue ainda
ainda essa
essa linha,
linha, ee em
em muitos
muitos pontos
pontos discordou
discordou
de Tomás
de Tomás dede Aquino,
Aquino, contribuindo
contribuindo com com notáveis
notáveis análises
análises ee razões,
razões,
que servem
que servem para
para fortalecer
fortalecer ainda
ainda mais
mais aa escolástica.
escolástica,
Se se
Se se considerassem
considerassem com com espírito
espirito de de justiça
justiça ee com
com isenção”
isençãc' dede
ânimo, as
ânimo, as obstinações
obstinações próprias
próprias dada escola,
escola, que
que levam
levam aa separar
separar oo que
jue
deveria estar
deveria estar unido,
unido, ee que
que impedem
impedem essa essa união,
união, teríamos
teriamos conquis­
conquis-
tado uma
tado uma unidade
unidade maior
maior na
na escolástica,
escolástica, ee evitado
evitado tantas
tantas controvér­
controvér-
sias, que
sias, que só serviram de
só serviram de razões
razões aos
aos inimigos
inimigos dosdos medievalistas
medievalistas pa­pa-
ra levarem
ra levarem aa filosofia
filosofia moderna
moderna ao ao estado
estado dede caos
caos emem que
que sese en­
en-
contra, eivada
contra, eivada irremediàvelmente
irremediâvelmente de de erros
erros ee confusões,
confusões, queque já já
custaram muitas
custaram muitas lágrimas,
lágrimas, muito
muito sangue
sangue ee vidas
vidas àà humanidade.
humanidads.
Scot inaugura
Scot inaugura uma uma nova
nova fase
fase aoao procurar,
procurar, na na obra
obra queque cita­
cita-
mos, pôr
mos, pôr aa filosofia
filosofia emem esquemas
esquemas de de pura
pura eideticidade,
eideticidade, cuja cuja va­
va-
lidez apodítica
lidez apodítica assegura
assegura uma
uma firmeza
firmeza que que nos
nos permite
permite afirmar
afirmar queque
qualquer experiência
qualquer experiência posterior,
posterior, de de carácter
carácter científico,
científico, só só poderá
poderá
comprová-la.
comprová-la. Dêsse modo,
Dêsse modo, aa Filosofia
Filosofia alcançará
alcançará umauma situação
situação de de
tal firmeza
tal firmeza ee solidez,
solidez, que
que permitirá
permitirá anteceder
anteceder com com segurança
segurança as as
conquistas da
conquistas da experiência
experiência futura,
futura, ee poderá
poderá afirmar,
afirmar, semsem perigo
perigo de de
êrro, que
erro, que asas comprovações
comprovações experimentais
experimentais futuras futuras só só poderão
poderão con­con-
tribuir com
tribuir com exemplos
exemplos em em favor
favor das
das teses
teses apoditicamente
apoditicamente demons­demons-
tradas, ee de
tradas, de modo
modo algum, nenhuma experiência,
algum, nenhuma experiência, em em qualquer
qualquer tem­tem-
po, mostrará
po, mostrará o o contrário
contrário do
do que
que tais
tais teses
teses expõem.
expõem. E pode-se
E pode-se até até

— 231
— 231——
afirmar com
?firmar com segurança
segurança que
que se,se, amanhã,
amanhã, algum
algum cientista
cientista afirmar
afirmar
que experimentou,
que experimertou, que que comprovou
comprovou algoalgo que
que se
se opõe
opõe aoao que
que afir-
afir-
ina aa filosofia
ina filosofia concreta,
concreta, pode-se,
pode-se, com
com segurança,
segurança, dizer que éé falso,
dizer que falso,
que éé fundamentalmente
que fundamentalmente falso.
falso.

Jamais aa experiência
Jamais experiência provará
provará que
que oo nada
nada éé criador,
criador, que
que um
um
ser possa
ser possa serser produto
produto integral
integral dede suas
suas causas
causas intrínsecas,
intrínsecas, que
que oo de­
de-
pendente antecede
pendente antecede ontológicamente
ontolôgicamente ao ao dodo qual
qual depende,
depende, que que aa
causa seja
caasa seja superada
superada pelo
pelo efeito,
efeito, que
que oo mais
mais perfectivo
perfectivo venha
venha do do
menos perfectivo,
menos perfectivo, que
que oo que
que éé materiávl
materiávl não não seja
seja efectivei,
efectivel, que
que
éste nlo
êste não exija
exija um
um efectivo
efectivo anterior.
anterior. N Naa verdade,
verdade, nenhuma
nenhuma compro­
compro-
vação, nenhuma
vação, nenhuma experimentação
experimentação passada,
passada, presente,
presente, nem
nem futura
futura po­
po-
derá abalar
derá abalar aa apoditicidade
apoditicidade dasdas teses
teses demonstradas
demonstradas pela pela Filosofia
Filosofia
Concreta.
Concreta.

E se
E se alguém
alguém julga
julga que
que éé possível,
possível, desafiamo-lo
desafiamo-lo desde
desde já
já que
que
oo ;faça.
faça.

Em suma.
Ei/i suma:

Quando alcançamos
Quando alcançamos aa evidência
evidência do do terceiro
terceiro grau
grau éé quando
quando
alcançamos aa verdade
alcançamos verdade revelada
revelada porpor sisi mesmo,
mesmo, aa veidade
verdade que que revela
revela
aa verdade,
verdade, ou ou seja
seja quando
quando captamos
captamos dos dos juízos
juízos verdadeiros
verdadeiros os os
juízos verdadeiros
juízos verdadeiros virtuais
virtuais que
que êleêle contém,
contém, mas mas queque aa mente
mente hu­hu-
mana só
mana só éé capaz
capaz de
de alcançá-los
alcançá-los através
através da da análise
análise dosdos juízos.
juízos. N Não
ão
éé nossa
nossa mente
mente queque se
se adequa
adequa aosaos factos,
factos, nemrem osos factos
factos queque se
se ade-
ade-
quam àà nossa
quam nossa mente,
mente, éé aa nossa
nossa mente
mente que que sese revela
revela aa si si mesma,
mesma, éé
oo nosso
nosso proceder
proceder noético
noético que
que realiza
realiza aa noests
noesis noeseôs,
noeseôs, pensamento
pensamento
do pensamento,
do pensamento, oo pensamento
pensamento que que desdobra
desdobra do do próprio
próprio pensamen­
pensamen-
tc os
to os pensamentos
pensamentos que que nêle
nêle estão
estão intimamente
intimamente conexionados.
conexionados. £F.
aa mais
mais elevada
elevada função
função inteligente
inteligente do homem, que
do homem, que alcança
alcança aquelas
aquelas
verdades que
verdades que nenhuma
nenhuma experiência,
experiência, em em nenhum
nenhum tempo, tempo, poderá
poderá
desmentir.
desmentir.


— 232—
232 —
ERRATA
E R RA TA

Pág.
Pág. Linha
Linha Onde se
Onde se lê
lê Leia-se
Leia-se
27
27 20
20 IH 9.90 e
I-n 9.90 e 95
95 1-2 q.
1-2 0.90
90 aa 95
95

37
37 22 antos
aatos autos
autos

40
40 22 éé um
um imperfeito
imperfeito éé um
um ser
ser imperfeito
imperfeito

40
40 66 simplesmente
simplesmente simplicidade
simplicidade

45
45 44 aa ser
ser aa se
se

55
55 11 Contexto Gama
Contexto Gama e
e Beta
Beta |Contexto Gama
Contexto Gama e
e Delta
Deita

87
87 com dêle
com dêle com êle
com êle

89
89 28
28 genética
genética genérica
genérica

157
157 29
29 aa homem
homem no homem
no homem

177
177 11
11 estruct
estruct estructura
estructura

191
191 66 ssr
ser capa
capa ser
ser capaz;
capaz;

Outros
Outros erros
erros de
de somenos
somenos importância
importância cor.tamos
cortamos comcom a
a boa
boa vontade
vontade
do
do leitor
leitor para
para corrigi-los
corrigi-los no
no decorrer
decorrer da
da leitura.
leitura.

O EDITOR
O EDITOR

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