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PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR
Disciplinas Autores
I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Curitiba : IESDE Brasil Márcio
S.A., 2008. [Livro
F. Santiago do
Calixto
Professor] Rita de Fátima Bezerra
Literatura
360 p. Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
ISBN: 978-85-387-0573-4 Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. M.
Vitor Estudo e Ensino. I. Título.
Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa CDD 370.71
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Projeto e
Produçã Desenvolvimento Pedagógico
Domínio
Domínio
científicas e sociológicas da época, sendo o escritor do
O Realismo surgiu na França como uma Realismo um analista, e o do Naturalismo, um cientista.
resposta ao Romantismo e seu mundo de sonhos e
idealiza- ções. A primeira obra realista veio a
público no ano de 1857, era o romance Madame
Bovary, do escritor Gustave Flaubert. O livro conta
a história de Ema Bovary, uma jovem romântica,
casada, que alimen- ta sonhos de uma vida
conjugal perfeita. Porém, a realidade não se
apresenta assim, e a moça comete o adultério com
um homem rico que julgava ser seu verdadeiro e
eterno amor. Tempos depois esse ho- mem a
abandona.
É mostrada, pela primeira vez em um
romance, uma personagem em contato com a
realidade “nua”, impossibilitada de concretizar
suas fantasias senti- mentais. Podemos observar
que o escritor destrói, em sua obra, aquilo que era
“o ponto de apoio” da sociedade burguesa: o
casamento. A partir dessa visão, completamente
antirromântica, é que vem à tona o Realismo.
A primeira obra naturalista foi publicada em
1867, era o romance Thérèse Raquin, do escritor,
também francês, Émile Zola. Nessa obra, o autor
construiu personagens sem autonomia. Eram ape-
nas “joguetes” do meio e de seus instintos. É o mo-
mento em que surge o Naturalismo com sua visão
cientificista da realidade, baseando-se nas teorias
científicas da época como a Teoria da Evolução das
Espécies, de Darwin.
Ambas as correntes possuem influência direta
do Positivismo, de August Comte, que entende a
socie- dade em sua existência concreta, passível de
ser com- preendida plenamente através de um
método, de uma estrutura bem definida, de uma
ciência positiva.
Percebe-se, então, que o Realismo e o Natu-
ralismo são correntes artísticas que refletem uma
sociedade que não cede mais espaço à dúvida.
Tudo pode ser explicado à luz das teorias
M_V_LIT_
Domínio
O francês Millet foi um dos
principais artis- tas da pintura
realista.
Contexto histórico
A segunda metade do século XIX é o
momento em que o Capitalismo firma-se.
Isso se deve a forte industrialização das
grandes potências como Ingla- terra,
França, Alemanha e Estados Unidos, que
aca- baram concentrando riquezas. Como
consequência desse desenvolvimento,
observamos dois fenôme-
nos: o nascimento de uma grande massa
operária,
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Domínio
obra que revela uma nova consciên-
brasileiros da época, influenciados por essas
cia social. Nessa obra, demonstra-se
teorias oriundas do velho continente, construíram
que a evolução histórica se deu atra-
obras que buscaram revelar a realidade dos
vés da luta de classes. A realidade é
grupos sociais que constituí- am nosso país. O
reinterpretada.
Realismo tendo como alvo a classe média e a alta
burguesia brasileiras, e o Naturalismo, as áreas
mais miseráveis da sociedade. Realismo
Domínio
Agora veja quais eram as principais teorias
científi cas da
Darwinismo: com a
publicação da obra A Ori-
gem das Espécies, o inglês
Domínio
Determinismo: criado
pelo filósofo, crítico e
historia- dor francês
Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE
Enterro em Ornans, de Gustave Courbet, o
grande nome da pintura realista.
Características
Verossimilhança
É semelhança com a verdade. O
escritor rea- lista busca a demonstração da
realidade como esta se apresenta aos
nossos olhos. Assim, almeja contar uma
história que, mesmo não tendo acontecido
na vida real, fosse possível de haver
existido. Vemos na estética realista, dessa
forma, a negação de tudo aquilo que não
seja provável ou que possa soar como
fantástico.
Objetividade
Para conquistar a verossimilhança
esperada, os escritores do Realismo
assumem uma postura impessoal diante de
seu objeto literário. Revelando-o através de
uma análise objetiva dos fatos, situações e
reações narradas.
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Contemporaneidade
Ao escritor realista importa demonstrar o
mo- mento contemporâneo (séc. XIX), ao contrário
dos ro- mânticos que buscavam incessantemente o
passado histórico ou individual. Essa busca de
atualidade por parte do realista deve-se pela
questão da verossi- milhança (mais provável de
ser atingida pelo artista que vive aquilo que quer
retratar fidedignamente) e pelo caráter
fortemente crítico das obras. Uma ca- racterística
consequente da contemporaneidade na literatura
realista é a ambientação urbana.
Ambientação urbana
Para o realista, o mundo urbano é onde se en-
contram, simultaneamente, os grandes horrores e
as grandes possibilidades do homem moderno.
Esse é o local onde se desvelam as grandes
contradições da sociedade moderna, que veremos
reveladas nos romances realistas.
Pessimismo fatalista
O pessimismo era um fator recorrente da visão
desiludida e crua que o escritor tinha da realidade
circundante. Levando-o, muitas vezes, a uma posição
niilista perante a realidade.
Niilismo: princípio filosófico segundo o qual a
negação (da fé, das hierarquias, das instituições etc.)
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Determinismo
do meio ambiente
O homem é produto do meio em que
vive, mero reflexo do ambiente no qual se
insere. Por isso, nos romances naturalistas
encontramos um certo exagero
descritivista, pois é o contexto o que
determina o ser humano, que não tem
chances de escapar.
da hereditariedade
Fator preponderante da constituição
da perso- nalidade humana, o
temperamento era considerado tanto na
ciência da época como na escola
naturalista uma herança que determinava
o caráter do homem. Dessa forma, uma
criança, filha de pais violentos e lu-
xuriosos, necessariamente herdaria esses
caracteres, que se manifestariam mais cedo
ou mais tarde.
do instinto
O homem, por herança, contém
instintos mais fortes que sua razão, por
mais desenvolvida que essa seja.
Inevitavelmente esses instintos acabarão
por se manifestar em forma de
comportamentos anti-sociais como, por
exemplo, a violência, a tara, a luxúria, o
crime etc.
Patologias
O romance naturalista apresenta
personagens patológicos –
personalidades mórbidas, anômalas,
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Descritivismo
O escritor naturalista usa uma forma excessi-
vamente descritiva para atingir a verossimilhança.
Demonstra, desse modo, de forma minuciosa e, às
vezes, exaustiva os detalhes precisos daquilo que
descreve. Porém, esse descritivismo serve como
um auxiliar para a narração, fator principal.
Autor e obra
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viúvo de Carolina de Novais. indivíduos jamais ousariam revelar.
Machado de Assis começou sua
carreira como prosador da corrente
romântica. Em 1881, com a publicação de
Memórias Póstumas de Brás Cubas,
insere-se, daí em diante, na escola realista.
Por esses dois momentos na obra ficcional
de Machado se es- tabelece, para fins
didáticos, a seguinte divisão.
Divulgação Editora
narrado em
terceira pessoa,
aborda o tema do
interesse e do
egoísmo humano
através do
parasitismo social.
Rubião,
professor de uma
escola de crianças e
posteriormente
enfermeiro do
filósofo Quincas
Borba (já presente
em Memórias
Póstumas), herda
dele uma fortuna
em troca de um
úni-
co favor: cuidar do cão do filósofo também
chamado Quincas Borba. Vem morar no Rio
de Janeiro, onde será assediado por Palha
EM_V_LIT_
da de Bento Santiago
(narrador-protagonista)
quanto à fidelidade de
sua esposa – Capitu –
e seu melhor amigo –
Es- cobar. Bentinho,
como é chamado,
recupera toda sua vida
no papel para tentar
confirmar sua
desconfiança em
relação à Capitu.
Desconfiança
que se instaura por
dois
fatores: seu filho Ezequielzinho ser a “cópia
reduzi- da” de Escobar e a forma como Capitu
olhava para Escobar morto no dia de seu velório,
com “olhos de ressaca”. Sua desconfiança acaba
tornando-o um homem quieto, introspectivo,
casmurro, culminando na solidão completa.
Lembre-se de que todas as afirmações feitas
nesse romance são questionáveis, pois quem o
narra está amargurado e ressentido. Bento
constrói suas impressões para, dessa forma, fixar
suas ideias. As- sim, percebe-se, por exemplo, que
a ambiguidade e dissimulação de Capitu parte da
interpretação amargurada que Bento faz de sua
pessoa.
O romance Dom Casmurro é considerado una-
nimemente por todos os grandes críticos literários
como uma das maiores obras-primas da Literatura
brasileira e ocidental. Leia um dos principais capí-
tulos do romance.
EM_V_LIT_
Outros autores do
Realismo
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se.
A principal obra
desse escritor é O
Ateneu (1888). Obra
que é narrada por
Sérgio (narrador
protagonista), ex-
-estudante do colégio
que dá nome à obra.
Numa linguagem impressionista
(Impressionis- mo: observação pessoal e
sensível da realidade), em que busca
constantemente comparações, metáforas,
semelhanças para contar seu passado,
Sérgio faz um relato amargurado,
carregado de ressentimentos. Es- ses são
responsáveis pela construção de
impressões e imagens depreciativas de sua
vivência no colégio comandado à mão-de-
ferro pelo diretor megaloma- níaco
Aristarco.
Fortemente introspectivo, o romance
pode ser interpretado como uma miniatura
do mundo exterior, onde há a presença
constante da corrupção, da re- pressão, da
sede de poder e da troca de favores para se
obter proteção (no caso de O Ateneu, a
proteção dos rapazes mais novos pelos mais
velhos dava-se através da prestação de
favores sexuais – era um colégio interno
somente para meninos).
Depreende-se do texto uma forte
crítica ao sistema de ensino aplicado na
época e à sociedade degradada que o
internato simboliza.
Classificação da obra
O Ateneu pode ser classificado tanto
como um Romance Memorialista – baseia-
se nas lembranças de quem narra – como um
Romance Impressionista
–apresenta a captação imediata e
momentânea, não racionalizada da
realidade, observa-se a preponde- rância
da impressão sobre a análise. Leia um
trecho da obra:
Autor
(1881) – livro que tem como tema
o racismo existente na sociedade
burguesa maranhense. Retorna ao Rio devido ao de-
sagrado causado por esse romance; trabalha como
folhetinista. No ano de 1895, ingressa na carreira
diplomática, viajando por diversos países. Vem a
falecer em Buenos Aires.
Sua principal obra é O Cortiço (1890), livro de
referência do Naturalismo brasileiro.
Devido a um forte processo de transformações
econômicas acontecidas no Rio de Janeiro, desen-
volve-se uma nova classe social – o proletariado
urbano – de fraco poder econômico. Esse estrato “(Rita) Amara-o (ex-namorado de
social, formado por trabalhadores e pessoas de ati- Rita) a princípio por afinidade de
vidade econômica incerta, reunia-se em habitações temperamento, pela irresistível conexão do
precárias, minúsculas, sem acesso à higiene etc. instinto luxurioso e canalha que
Estes conglomerados eram denominados “cortiços”. predominava em ambos, depois continuou
Tal fenômeno social chama a atenção do escritor a estar com ele por hábito, por uma espécie
maranhense, que acaba transportando-o, por fim, de vício que amaldiçoamos sem poder
para a literatura. largá-lo; mas desde que Jerônimo
propendeu para ela, fascinando-a com a
sua tranquila serenidade de animal bom e
O Cortiço forte, o sangue da mestiça reclamou os seus
direitos de apuração, e Rita preferiu no
Características principais
• linguagem agressiva e permeada por Todos esses personagens funcionam como recur-
termos científicos; so literário para denunciar a miséria do proletariado
urbano na sociedade carioca. Suas patologias servem
• cenas apresentadas em toda sua sordidez, como uma lente de aumento para o escritor (em sua
sujeira e podridão; postura de cientista) comprovar suas teses.
• denúncia da degradação social que um
ambiente mórbido causa às pessoas – de- “Eram cinco horas da manhã e o cortiço
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2. (Elite) No romance Dom Casmurro, de Machado de O colégio simboliza a pior face do mundo exterior. Cor-
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` Solução:
O século XIX era o momento de exaltação da
ciência (cientificismo). Ela tinha como função
explicar como fUNCIONAVA o mundo.
Um dos campos de curiosidade da época era entender
como algumas sociedades assumiam
características próprias e distintas. Em outras PALAVRAS,
por qual razão algumas EVOLUÍAM e outras não
(EVOLUCIONISMO).
O determinismo era uma chaVe explicatiVa muito
comum no século XIX para responder a tais
questionamentos. Ele era VOLTado a explicar as
características que assumiam as sociedades, os poVOS,
baseados em alguns princípios que determinariam a
sua EVOLUÇÃO.
Pensou-se, inicialmente, que o que determinaria o
pro- gresso de um país seria o caráter racial:
aqueles poVOS possuidores de raças inferiores (isto é,
não-europeias – haja Vista que este pensamento era
criado e propagado pela Europa) estariam
determinados a serem racialmente inferiores. Este era o
determinismo racial.
HOUVE outros que pensaram não ser a raça, mas carac-
terísticas geográficas (RELEVO, clima etc.) as RESPONSÁVEIS
pelo atraso de alguns poVOS. Este era o
determinismo geográfico.
Hoje, as teses deterministas estão superadas. O grande
erro destas teorias era o de classificar a
humanidade entre superiores e inferiores – quando na
VERDADE o que temos é um conjunto dos mais distintos
poVOS que VIVEM de forma diVersa. O que há é uma
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apresenta as áreas miseráveis da
sociedade, permeada de seres atípi-
cos e anormais, o romance realista se
fixa na classe
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a) Busca da objetividade científica.
c) Uma concepção idealista do universo.
b) Idealização da natureza.
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4. (PUCPR) Capitu é uma das mais bem construídas 7. (Fuvest) “Saímos à varanda, dali à chácara, e foi
personagens da literatura brasileira. Quem a criou e então que notei uma circunstância. Eugênia coxeava
em que obra? um pouco, tão pouco, que eu cheguei a perguntar-lhe
se machucara o pé. A mãe calou-se; a filha
a) Machado de Assis, Dom Casmurro. respondeu sem titubear:
b) Machado de Assis, Quincas Borba. – Não, Senhor, sou coxa de nascença.”
c) Raul Pompéia, O Ateneu. Trecho fundamental do romance, não só dá título a
d) Aluísio Azevedo, O Cortiço. um capítulo, como serve para definir, com bastante
nitidez, o caráter da personagem central.
e) Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás De que obra se trata?
Cubas.
a) Dom Casmurro.
5. (UFRJ)
b) Esaú e Jacó.
1. Há seis ou sete dias que eu não ia ao Flamengo.
Agora à tarde lembrou-me lá passar antes de vir c) Quincas Borba.
para casa. Fui a pé; achei aberta a porta do d) Memórias Póstumas de Brás Cubas.
jardim, entrei e parei logo.
8. (UFRGS) Assinale a alternativa que preenche cor-
2. “Lá estão eles”, disse comigo. retamente as lacunas do trecho abaixo. Os perfis
femininos criados por Machado de Assis revelam,
3. Ao fundo, à entrada do saguão, dei com os dois
velhos sentados, olhando um para o outro. por exemplo, mulheres preocupadas em ascender
Aguiar estava encostado ao portal direito, com as social- mente e em manter as aparências. Assim,
mãos sobre os joelhos. D. Carmo, à esquerda, hipócrita e
tinha os braços cruzados à cinta. Hesitei entre ir dissimulada....................de....................assemelha-se à
adiante ou desandar o caminho; continuei inescrupulosa...............ávida pelo dinheiro de
parado alguns se- gundos até que recuei pé ante Rubião,
pé. Ao transpor a porta para a rua, vi-lhes no em..........................
rosto e na atitude uma expressão a que não acho a) Conceição, Quincas Borba, Marcela, Uns Braços.
nome certo ou claro: digo o que me pareceu.
b) Marcela, A Cartomante, Flora, Dom Casmurro.
Queriam ser risonhos e mal se podiam consolar.
Consolava-os a saudade de si mesmos. c) Virgilia, Memórias Póstumas de Brás Cubas, Sofia,
Quincas Borba.
(ASSIS, Machado de. Memorial de Aires. In: Obra Completa. Rio de
d) Capitu, Memorial de Aires, Genoveva, Missa do
Janeiro: Aguilar, 1989.)
Galo.
No texto, o narrador descreve o quadro formado e) Sofia, Esaú e Jacó, Virgília, O Alienista.
pelo casal de velhos com: 9. (Mackenzie) Assinale a alternativa incorreta a
a) impaciente ironia; respeito de “A cartomante”, de Machado de Assis.
b) suavidade e melancolia; a) Vilela e Camilo eram amigos de infância, sendo
c) desgosto e censura; este funcionário público, e aquele, magistrado.
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