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a SÉRIE - LIVRO 3
ENSINO MÉDIO
LIVRO DO PROFESSOR
ISBN: 978-85-387-0325-9
CDD 370.71
Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da
Cruz Fernanda
Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da
Silva Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer
Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagó gico
Contexto histórico
Em 1890 acontece o Ultimatum Inglês,
momento em que a Inglaterra exige de Portugal a
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retirada de
Domínio público.
o responsável na Lite-
ratura Portuguesa pela O que em mim sente ‘stá pensando.
cisão entre o eu-lírico e Derrama no meu coração
o eu-empírico. Por eu- A tua incerta voz ondeando!
lírico entende-se a voz do
poema e por eu-empírico
Ah, poder ser tu, sendo eu!
o autor em si. Ou seja, o
eu-lírico num poema Ter a tua alegre
Fernando Pessoa, por Alma-
pode apresentar um da Negreiros inconsciência, E a consciência
sentimen- to disso! Ó céu! Ó campo! Ó
melancólico, mas não
canção! A ciência
necessariamente o eu-empírico (o autor em sua
vida concreta, como a nossa) seja necessariamente
uma pessoa triste. Pesa tanto e ávida é tão breve!
Entrai por mim dentro! Tornai
Minha alma a vossa sombra leve!
Depois, levando-me, passai!
Fernando Pessoa ele-mesmo
(ortônimo)
Na segunda dialética, percebe-se a cisão
Na obra de Fernando Pessoa ele-mesmo encon- entre o eu-lírico e o eu-empírico, já tratada
tramos duas dialéticas básicas: anteriormente. Pessoa diz que poesia é
fingimento. Nota-se aí a discussão sobre a
consciência X inconsciência emoção estética. Ou seja, uma coisa é a emoção da
sinceridade X fingimento vida concreta, outra a que a arte provoca em nós,
através da criação de um artista.
Na primeira dialética, vemos o desejo de se Leiamos dois poemas de Fernando Pessoa
ter consciência sobre certos aspectos da vida que, ortônimo, que nos esclarecem mais essa questão.
por vezes, não percebemos, não temos total Perceba, também, a linguagem fluida e musical
consciência. Fernando Pessoa diz “o que em mim da obra desse poeta.
sente está pen- sando”, buscando, assim, a
plenitude das sensações e do pensamento, a
sensibilidade da razão, tentando explicar a
estranheza de existir. Vamos ler um poema que
trata sobre esse tema.
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Do som que ela tem a
cantar. Esse comboio de corda
Que se chama coração.
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elas:
nando Pessoa, foi sua única
obra em Língua
nome próprio;
É• importante salientar que não havendo pelo
Portuguesa (já havia
menos•uma dessas características acima, não estará
biografia própria;
escrito obras em inglês)
constituído um heterônimo. Somente o será, se agre-
publicada em vida. obra própria;
gar os• traços mostrados no quadro. Quando um
Esse livro é uma nova deles não está presente, poderemos ter, no máximo,
epopeia portuguesa – lem- • estilo literário próprio.
um semi-heterônimo. Esse é o caso de Bernardo
bremos que não é uma
Soares,
epo- peia clássica, não
segue os preceitos clássicos
de tal gênero. Além disso,
tal obra é composta de Uma das últimas fotos ti-
poemas líri- cos – no qual radas de Fernando Pessoa.
encontramos reflexões
sobre o passado
e sobre o presente, a partir de uma perspectiva Mar
saudosista e melancólica. O que vemos é uma português
inter- pretação da história de Portugal, abordando Ó mar salgado, quanto do teu
temas relacionados às navegações, à formação
sal São lágrimas de Portugal!
nacional e aos heróis da pátria.
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Vamos ler um de seus poemas.
Quantos filhos em vão rezaram!
Alberto Caeiro
Alberto Caeiro é o homem natural, o
mestre dos demais heterônimos, e até
mesmo do ortônimo. Ele pensa o seu
objetivo de não pensar. Percebe-se em sua
poesia a busca da dissociação entre o sentir
e o pensar. Vamos ler um dos poemas que se
encontram na obra O Guardador de
Rebanhos.
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Ricardo Reis
Ricardo Reis é o poeta de estilo neoclássico.
Tem como tema a transitoriedade do tempo, a
bre- vidade da vida. É um defensor do paganismo
e do epicurismo, filosofia criada pelo grego
Epicuro, que se baseava no prazer humano. Vamos
ler uma de suas odes de estilo clássico.
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suave à memória lembrando-te assim – à
beira rio,
Pagã triste e com flores no regaço.
Domínio público.
de- senvolveu-se em
Se têm a verdade, guardem-na! Portugal uma Literatura
de caráter social, que
abandonou a
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro
subjetividade e a introspec-
[da técnica. ção das gerações
Fora disso, sou doido, com todo o direito a anteriores. Chamamos
[sê-lo. essa fase da
literatura portuguesa de Agustina Bessa-Luís.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
neo-realismo, que tem como
nome de destaque Alves Redol. A principal obra
Não me macem, por amor de Deus! desse autor é o romance Gaibéus, que fala sobre
os camponeses da região do Ribatejo.
Queriam-me casado, fútil, cotidiano e Na geração posterior a de Alves Redol destaca-
se a prosa de Agustina Bessa-Luís, um dos
[tributável?
maiores nomes da literatura de língua portuguesa
Queriam-me o contrário disto, o contrário de contempo- rânea. Sua principal obra é o romance
[qualquer coisa? “A Sibila”.
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a
todos, a vontade.
J osé Saramago
Autor desconhecido.
Ganhador do Prêmio
Assim, como sou, tenham paciência!
Nobel de Literatura de 1998,
Vão para o diabo sem mim, José Saramago é notada-
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo! mente o maior nome da
Para que havemos de ir juntos? Lite- ratura Portuguesa e da
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� Solução:
As características definidoras de um heterônimo são:
nome próprio, biografia própria, obra própria e estilo
literário próprio.
A Revolução dos Cravos 3. Alberto Caeiro tem um objetivo em sua poesia. Qual é?
Fernanda Fiamoncin.
Portugal, em � Solução:
decadência econô-
mica e desgastado Alberto tem como fim pensar sobre seu objetivo de não
pela guerra colonial, pensar, de dissociar sentido e pensamento.
provoca nas Forças
Armadas um grande
descontentamento.
Devido a tal descon-
tentamento, eclode, 1. (Vunesp) O texto a seguir pode ser tomado como exemplo
no dia 25 de abril ilustrativo do estilo de um dos heterônimos de Fernando
de1974, a Revolu- Pessoa:
ção dos Cravos: o
governo de Caeta-
no é derrubado por O cravo é a flor da nação
oficiais de média por- tuguesa. “Negue-me tudo a sorte, menos vê-la,
patente rebelados. Que eu, stóico sem dureza,
Caetano acaba por se exilar no Brasil. Assume a Polícia
Presidência, em seu lugar, o general António de
Spínola. O povo português comemora a ruína
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da ditadura distribuindo cravos – a flor nacional
– aos soldados rebeldes. Floresce a felicidade.
Todos os partidos políticos são legalizados e a
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Na sentença gravada do Destino
Quero gozar as letras.”
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O heterônimo em questão é:
a) Alberto Caeiro.
b) Ricardo Reis.
c) Ricardo Reis simboliza uma forma humanística de ver poético de seu autor. Qual das alternativas abaixo indicadas
o mundo através do espírito da Antiguidade Clássica. corresponde a esse processo utilizado no poema?
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a) A descrição perfeita dos vincos na água adorme- cida Está no pensamento como ideia;
do lago.
E o vivo e puro amor de que sou feito, Como
b) A relação entre o ver, o sentir e o pensar. a matéria simples busca a forma.”
c) A certeza de que a vida é feita de sonhos.
Por meio da leitura dos versos acima, pode-se concluir que:
d) O colorido das imagens e a riqueza das metáforas.
a) constituem uma redondilha em que Camões divaga sobre
e) A animização do lago como motivação poética. o amor.
9. (Fuvest) O movimento estético que inaugura o Moder- b) pertencem à parte lírica da obra de Bocage, pois se volta
nismo em Portugal, e cujos poetas buscaram viver a ao modelo clássico.
“aventura do espírito”, foi o:
c) formam um típico soneto camoniano, devido à es-
a) Saudosismo. trutura formal apresentada.
b) Surrealismo. d) foram escritos por Ricardo Reis, o heterônimo de
Fernando Pessoa que mais se ligou aos moldes
c) Presencismo.
clássicos.
d) Orfismo.
e) sua proposta neoclássica permite que os situemos na
e) Neo-Realismo. obra de Camilo Pessanha.
10. (Fuvest) Participaram da primeira geração do movimento
modernista português: Texto para as questões 2 e 3.
a) Eugênio de Castro, Mário de Sá-Carneiro, João de (UM-SP)
Deus. “O mistério das coisas, onde está ele? Onde
b) Camilo Pessanha, Antônio Nobre, Guerra Junquei- ro. está ele que não aparece
c) Antero de Quental, Fernando Pessoa, Cesário Ver- de. Pelo menos a mostrar-nos que é mistério? Que
d) Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada sabe o rio disso e que sabe a árvore?
Negreiros. E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
e) Almada Negreiros, Eugênio de Castro, Fernando Sempre que olho para as cousas e penso no que os
Pessoa. homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas E
elas não terem sentido oculto nenhum,
E mais estranho do que todas as estranhezas E do
1. (UM-SP) que os sonhos de todos os poetas
“Transforma-se o amador na cousa amada, Por E os pensamentos de todos os filósofos,
virtude do muito imaginar; Que as cousas sejam realmente o que parecem ser E não
Não tenho logo mais que desejar, Pois em haja nada que compreender.
mim tenho a parte desejada. Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
— As cousas não têm significação: têm existência As
Se nela está minha alma transformada, Que cousas são o único sentido oculto das cousas.”
mais deseja o corpo de alcançar? Em si 2. O texto, extraído de O Guardador de Rebanhos, mostra a
somente pode descansar, forma simples e natural de sentir e dizer do seu autor, voltado
para a natureza e para as coisas puras. A leitura do texto mais
Pois consigo tal alma está liada. as informações acima permitem que se conheça o poeta a
quem tais versos são creditados. Assinale a alternativa em
Mas esta linda e pura semideia, que se encontra seu nome:
Que, como um acidente em seu sujeito, a) Fernando Pessoa ele-mesmo.
Assim coa alma minha se conforma, b) Álvaro de Campos.
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lágrimas de Portugal!
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1. B 1. C
O poema trata dos prazeres da vida. 2. D
2. Mar Português 3. A
3. Nessa parte, Pessoa trata da história de grandes na- 4. A rigor, todo o fragmento apresentado (destacara exal- tação
vegações. da máquina, do motor, das fábricas: é o mundo moderno,
4. E o século 20).
5. E 5. Destacar todo o processo de criação dos heterônimos; as
diferentes visões de mundo.
6. A
6. Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Bernardo Soares.
III. Álvaro de Campos é o poeta
7. moderno. C 7. Camões: Classicismo
8. B Pessoa: Modernismo
8. Prosopopeia ou personificação.
9. D
9.
10. D
a) O movimento de independência das colônias africa- nas,
como Angola, ocorrido após a Revolução dos Cravos
(1974). Ela foi o ponto final nas pretensões lusas de
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afirmação de um império.
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b) Preocupação portuguesa na formação da comuni-
dade dos países de língua portuguesa – pesando
na língua o fator de força e orgulho de Portugal,
país muito apagado da cena política e do plano
econômico internacional no século 20.
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