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Produzindo um poema visual

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17/10/2011
Autor e Coautor(es)
Autor: Karen Alves de Andrade

BELO HORIZONTE - MG ESCOLA DE EDUCACAO BASICA E PROFISSIONAL DA UFMG - CENTRO


PEDAGOGICO
Coautor(es):
Luiz Prazeres
Estrutura Curricular
MODALIDADE / NÍVEL DE ENSINO COMPONENTE CURRICULAR TEMA
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Análise linguística: organização es
Ensino Fundamental Final Língua Portuguesa Língua oral e escrita: prática de pro
Dados da Aula
O que o aluno poderá aprender com esta aula

· Diferenciar um texto poético de outros gêneros;


· conhecer e/ou reconhecer poemas visuais;
· compreender o uso de estratégias textuais nos poemas visuais; e
· identificar os usos sociais dos textos poéticos.
Duração das atividades
6 aulas de 50 minutos
Conhecimentos prévios trabalhados pelo professor com o aluno

 Linguagem conotativa e denotativa.


 Linguagem verbal e não verbal.

Estratégias e recursos da aula

· Computador/ internet (sala de informática)


· Data show
· Caixas de som
Aula 1:
O professor deverá levar para a sala de aula 3 poemas, como os apresentados a seguir, sendo um
poema visual, no qual a utilização dos espaços em branco da página e a forma do poema cooperem com
a construção do sentido, e um poema comum, em que as figuras de linguagem, o ritmo e a sonoridade
sejam seus maiores critérios de composição, e um texto não literário.
TEXTO 1 – POEMA VISUAL
Poeminhas Cinéticos (Millôr Fernandes)

Disponíveis em:
http://3.bp.blogspot.com/-Vnl0iklImgQ/TbcOh0Hc0pI/AAAAAAAAAHA/GTJh8AcoqEw/s1600/Millor02.png
e
http://1.bp.blogspot.com/-BAbPjkVfbog/TbcOQFtboNI/AAAAAAAAAG8/zVUQgffIlS8/s320/Millor01.png

TEXTO 2 – POEMA
A valsa (Casimiro de Abreu)
Tu, ontem,
Na dança
Que cansa,
Voavas
Co'as faces
Em rosas
Formosas
De vivo,
Lascivo
Carmim;
Na valsa
Tão falsa,
Corrias,
Fugias,
Ardente,
Contente,
Tranqüila,
Serena,
Sem pena
De mim!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Valsavas:
— Teus belos
Cabelos,
Já soltos,
Revoltos,
Saltavam,
Voavam,
Brincavam
No colo
Que é meu;
E os olhos
Escuros
Tão puros,
Os olhos
Perjuros
Volvias,
Tremias,
Sorrias,
P'ra outro
Não eu!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
— Eu vi!...

Meu Deus!
Eras bela
Donzela,
Valsando,
Sorrindo,
Fugindo,
Qual silfo
Risonho
Que em sonho
Nos vem!
Mas esse
Sorriso
Tão liso
Que tinhas
Nos lábios
De rosa,
Formosa,
Tu davas,
Mandavas
A quem ?!

Quem dera
Que sintas
As dores
De arnores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas,..
— Eu vi!...

Calado,
Sózinho,
Mesquinho,
Em zelos
Ardendo,
Eu vi-te
Correndo
Tão falsa
Na valsa
Veloz!
Eu triste
Vi tudo!

Mas mudo
Não tive
Nas galas
Das salas,
Nem falas,
Nem cantos,
Nem prantos,
Nem voz!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!

Quem dera
Que sintas!...
— Não negues
Não mintas...
— Eu vi!

Na valsa
Cansaste;
Ficaste
Prostrada,
Turbada!
Pensavas,
Cismavas,
E estavas
Tão pálida
Então;
Qual pálida
Rosa
Mimosa
No vale
Do vento
Cruento
Batida,
Caída
Sem vida.
No chão!

Quem dera
Que sintas
As dores
De amores
Que louco
Senti!
Quem dera
Que sintas!...
— Não negues,
Não mintas...
Eu vi!

http://3.bp.blogspot.com/_Q_qtgQlp3Lw/TNdHyVjhytI/AAAAAAAAAB4/gPomaCxXGzE/s1600/Valsa.png
Disponível em: http://www.revista.agulha.nom.br/casi1.html
TEXTO 3 - NOTÍCIA
Efeito Cinderela
Passa da meia-noite, nos salões do Buffet França, o mais luxuoso de São Paulo. Enfiado num smoking
impecável, o locutor modula a voz ao anunciar: “E agora, com vocês, aquela que nos está proporcionando
todas as emoções desta noite”. Tonitruantes acordes da música “Carruagens de fogo” sacodem o
ambiente. Do fundo do corredor, um vulto de princesa avança sobre nuvens de gelo-seco. Trêmula,
lacrimosa. Fernanda ultrapassa a bruma artificial e caminha em direção ao pai, o empresário Eduardo
Nercessian, sócio de uma construtora paulista. Os dois se encontram ao final de um túnel de raios laser.
Eduardo tira do bolso um brilhante incrustado em platina e desliza o anel no dedo da filha – é a terceira
jóia que lhe dá naquela noite especial. Em seguida, valsam diante dos convivas enfatiotados a rigor. A
cena aconteceu no último sábado em São Paulo e marca o renascimento de um ritual que parecia
enterrado na esteira da revolução dos costumes. Consideradas cafonas pelos teenagers da década de
80, as festas de 15 anos, que no passado eram chamadas de bailes de debutantes, ressuscitam com toda
a força no panteão de sonhos de adolescentes.
Fonte: Revista Veja, 88, 9 nov. 1994.
Nesse momento, o professor deverá pedir que os alunos ouçam com atenção a leitura dos textos. Depois,
o professor deverá pedir que eles respondam às seguintes questões:
1) Você compreendeu da mesma maneira os três textos? O que facilitou ou dificultou a
compreensão de algum deles?
2) Qual o tema abordado em cada um dos textos?
3) Identifique no quadro que se segue as semelhanças e diferenças formais entre os
textos.
TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3
Aula 1

Aula 2

1) Professor, os alunos deverão perceber que o texto visual é de mais difícil


compreensão quando lido. Visto ser um tipo de poema que brinca com o significado e a
forma das palavras, além de utilizar-se do espaço da folha para construir significados, o
arranjo visual do poema deve ser visualizado para que se tenha uma compreensão melhor
de seu conteúdo. Assim sendo, ao apenas lê-lo, sem visualizá-lo, o aluno será privado da
combinação feita entre o sentido das palavras selecionadas pelo poeta e seu visual na
página. No poema 1, por exemplo, a palavra “assim”só pode ser compreendida quando
vista na página. . Quanto ao texto 2, ele deve perceber que a sonoridade do poema é muito
forte e que alguns sons se repetem bastante, dando harmonia as versos. Além disso, a
acentuação das palavras segue um padrão, terminando o verso sempre em paroxítonas. É
por isso que sua leitura permite ao aluno a construção de sentidos, já que é um poema que
prioriza o efeito de sentido construído pela sonoridade e não por seu visual. Finalmente, ele
deve perceber que o texto 3 é de fácil compreensão durante a leitura e que se assemelha
aos textos que geralmente lemos. É uma reportagem que, ainda que utilizando a linguagem
conotativa diversas vezes, foca na mensagem, no conteúdo veiculado.
2) O texto 1 aborda o retorno de um bêbado para sua casa e a visita de um rapaz à sua
namorada. O Texto 2 retrata uma valsa e os sentimentos de um homem no salão de dança.
O Texto 3 fala sobre as festas de debutantes no estado de São Pauloem 1994.
3) A principal semelhança a ser observada pelos alunos refere-se ao fato de os 3 textos,
indiferentemente de seus gêneros, com maior ou menor intensidade, utilizarem a linguagem
conotativa para transmitir a mensagem desejada. A maior diferença está nas estratégias
utilizadas para a construção do sentido em cada uma dos textos. No texto 1 a estratégia
utilizada é a fusão entre forma e conteúdo no poema, atribuindo importância à forma visual
do texto. No texto 2, a estratégia foca na escolha de palavras com fonemas que imitem o
som do balanço dos vestidos no salão de dança e o ritmo dos passos da valsa. Já no texto
3, a utilização da linguagem conotativa é uma estratégia que confere certa informalidade no
texto e consequente aproximação e identificação do leitor ao texto lido.
Aula 2 -O professor deverá entregar uma cópia de cada texto, que antes estavam de posse apenas do
professor, para os alunos e solicitar que eles respondam à seguinte pergunta antes de lê-los:
1) Antes de ler os textos, apenas observando suas formas e aparência, identifique
semelhanças e diferenças entre eles. Utilize novamente o quadro para responder à questão.
TEXTO 1 TEXTO 2 TEXTO 3
Momento 1

Momento 2

Professor, os alunos deverão perceber que os poemas utilizam de maneiras distintas o espaço em branco
da página. No texto 1, essa utilização da folha tem grande importância, pois a faz de maneira diferente
daquela que encontramos na maior parte dos textos, fazendo, até mesmo, formas e desenhos. O
tamanho dos versos, sua disposição na página e as escolhas lexicais associadas ao modo de escrita do
texto são essenciais na construção do sentido pretendida pelo poema. Já no texto 2, por se tratar de um
poema, os versos são curtos e a escrita localiza-se, prioritariamente, no canto direito da folha. O sentido
encontra-se prioritariamente na utilização de figuras de linguagem, nesse caso, principalmente nas
assonâncias e aliterações. Já no texto 3, há uma ocupação do espaço relativamente comum. Igual a que
é utilizada nos cadernos dos alunos: da esquerda para a direita, de cima para baixo e ocupando toda a
linha.

Avaliação: O professor deverá formar uma roda e discutir com os alunos as percepções que tiveram sobre
os textos, avaliando os conceitos que construíram acerca das estratégias discursivas usadas nos 3 textos
selecionados. Em seguida, deve sistematizar as conclusões e pedir que os alunos as registrem em seus
cadernos.
Aula3: O professor deverá retomar a aula anterior recordando com os alunos os conceitos trabalhados.
Depois, deverá prosseguir para a leitura do texto 1.
A pós a leitura, o professor deve pedir que os alunos, em equipe, formulem respostas para as seguintes
questões:

n Como o homem saiu do botequim?


n O que ele bebeu?
n Que recursos foram usados no texto para indicar a condição do homem que saiu
do botequim?
n De que forma o moço sobe a escada?
n Por que as palavras de Assim ele vem embora ora está de cabeça para baixo ora de
cabeça para cima?
Após discutir as questões, o professor deve proceder à leitura do segundo texto e pedir, em seguida, que
os alunos respondam:
n Que estratégias foram usadas pelo poeta para abordar a valsa no poema?
Professor, utilizando um data show, apresente para os alunos o vídeo a seguir. Trata-se de uma
interpretação do poema.
http://www.youtube.com/watch?v=tSyYU4Wu2uw
n Após assistir ao vídeo, como você relacionaria o ritmo de leitura do poema com o
ritmo da valsa?

Finalmente, após a leitura do texto 3, os alunos devem responder:


n Qual a intenção do texto lido?
n O que o autor fez para chamar a atenção de seu leitor?
n Dê exemplos de momentos em que o autor utiliza a linguagem conotativa.
n O uso da linguagem conotativa me alguns momentos faz com que o texto possa ser
reconhecido como literário? Por quê?

Para sistematizar, o professor deverá retornar ao quadro produzido pelos alunos nas aulas anteriores e
completá-lo com as novas diferenças e semelhanças percebidas na leitura dos textos.

Aula 4 – O professor deverá levar os alunos para a sala de informática e pedir que pesquisem sobre as
danças brasileiras. Os alunos devem registrar as informações selecionadas e o site em que leram essas
informações.
Na sala de informática ou no data-show, os alunos devem assistir ao vídeo sobre danças disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=Ed7AS_D4DtY
O vídeo permitirá ao aluno conhecer novas informações sobre o tema a ser desenvolvido na produção
textual. As informações e curiosidades que julgarem mais importantes também devem ser registradas.
Esse momento faz parte da definição do projeto de comunicação que será apresentado na proposta de
produção de texto.
Aula 5– O professor deverá projetar para os alunos em data show o seguinte poema:
http://4.bp.blogspot.com/_L8DApaX0ssY/S1ez4sGYjUI/AAAAAAAACHw/xLWPM_6Cx58/s400/
telhados.png

O professor deve, então, orientar a discussão perguntando aos alunos:


1) O que vocês leem nesse poema?
2) Nesse poema, o poeta brinca com os sons e com a imagem. De que forma ele faz
isso?
3) De que maneira o telhado é representado no poema?
Para que os alunos saibam um pouco mais sobre o poeta, o professor deve transmitir o vídeo disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=N9aoViDjiC8&feature=player_detailpage
4) Agora que você sabe que Guilherme Mansur é um poeta mineiro, nascido em Ouro
Preto, observe as seguintes fotos da cidade:
http://blogvisao.files.wordpress.com/2007/07/ouropreto.jpg

http://api.ning.com/files/
Pozz*TkmViHnr7zeMf6NSOJhDPllWluf**HffBK9naJzfLAHqshvydFltUAgbq3EelrvGfEO**DzA
datLwM9e1NoPpBMUM0W/Ouro_Preto_4369.jpeg
a) Ouro Preto é uma cidade construída sobre montanhas, assim como outras
cidades típicas do estado de Minas Gerais. O que mais você percebe sobre essa
cidade por meio das fotos acima?
b) De que maneira podemos associar o poema de Guilherme Mansur às imagens de
sua cidade natal, Ouro Preto?
c) Por que o poema de Guilherme Mansur pode ser considerado visual?
Professor, oriente a discussão de forma que os alunos percebam que o poeta retratou os telhados, muito
visíveis e abundantes de sua cidade natal, reproduzindo suas formas no poema. Para isso, ele construiu
telhados utilizando-se de parênteses e das palavras “telhados” e “telhas”, brincou, ainda, com essas
palavras e com o verbo pronominal tê-las (que também tem um telhado, feito pelo acento circunflexo) e
ainda nos apresentou, semanticamente, a bela imagem que figura sobre as telhas: as estrelas. A
sonoridade do poema é construída em torno da palavra telhados, marcando ainda mais o conteúdo do
poema.
Peça que os alunos registrem as respostas no caderno.
Aula 6 –Continuando a sequência didática, o professor deverá selecionar outros poemas visuais, como os
exemplos a seguir, apresentá-los no data show e discutir com eles o processo de produção de sentido
utilizado em cada um deles. No endereço eletrônico http://www.poemavisual.com.br/html/pv.php há uma
seleção de poemas visuais que pode ser utilizada nas aulas.
1) Salete Tavares, Aranhiço
2) Mário castrim, S
3) Augusto dos campos, Roseisa
4)E. M. Melo e Castro, Ideograma

Os poemas estão disponíveis em:


http://educacaodofuturo.org/rabiscos/index.php?
option=com_content&task=view&id=17&Itemid=34

Finalmente, o professor deverá propor a seguinte atividade de produção de texto:

 Com base no que estudamos nas últimas aulas, crie o seu próprio poema visual. Ele deverá
retratar uma dança brasileira, conforme a pesquisa feita na sala de informática. Use seu
caderno para recordar algumas informações. Lembre-se de que nesse tipo de poema o
aspecto visual é destacado e de que o sentido é construído pela distribuição das palavras
na página em função do conteúdo. Seu poema será escaneado e postado em uma rede
social de sua escolha. Além disso, o professor irá formar uma coletânea com os textos da
turma e você poderá fazer um vídeo para colocar no youtube.

Aspectos a serem destacados pelo professor com os alunos:


> O gênero abordado é o poema visual ;
> O tema do poema visual deve ser uma dança brasileira;

> A produção final vai ser escaneada e vai para o site da escola para que muitas
pessoas possam ler o poema;

> A produção é individual.

* Professor, as aulas podem ser direcionadas para outro tema que esteja sendo trabalhado em sala. A
dança é apenas uma das diversas possibilidades.
Recursos Complementares

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/decio_pignatari_2.html
http://concretismo.zip.net/
Avaliação
Segundo as orientações da aula 5, o professor deverá avaliar os conhecimentos adquiridos por seus
alunos por meio da correção do poema visual. Professor, verifique se o poema escrito pelo aluno utiliza-
se de recursos visuais para veicular o conteúdo. O poema deve, também, ser relacionado ao tema da
dança. Atenção para não focar a avaliação do poema na criatividade do aluno, e sim na compreensão e
na utilização dos conceitos desenvolvidos ao longo da sequência didática. Não deixe de avaliar o
desenvolvimento do aluno durantes cada uma das aulas e considerar seus progressos.
Opinião de quem acessou

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