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RECONHECIMENTO MEC DOC.

356 DE 31/01/2006 PUBLICADO EM 01/02/2006 NO DESPACHO 196/2006 SESU

RON DU PREEZ

ÉTICA E ESTILO DE VIDA:


A VERDADE SOBRE CONTAR A VERDADE

Cachoeira
2006
RON DU PREEZ

ÉTICA E ESTILO DE VIDA:


A VERDADE SOBRE CONTAR A VERDADE

Trabalho revisado, editorado e formatado no segundo


semestre de 2006.
Arquivo nº 06004

Cachoeira
2006
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................3
2 VERDADE LITERAL?...............................................................................5
2.1 Honestidade Absoluta.............................................................................6
2.2 Histórias Bíblicas ....................................................................................7
3 DEUS É FIEL ............................................................................................9
3.1 Exemplos ...............................................................................................10
3.2 Conseqüências ......................................................................................11
3.3 Segredo ..................................................................................................12
4 CONCLUSÃO .........................................................................................13
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1 INTRODUÇÃO

É sempre aceitável para o cristão mentir, sob circunstâncias

extremas?

Aconteceu pelo fim da Segunda Guerra Mundial. As tropas de Hitler

tinham invadido a Áustria e o exército alemão estava 1ara aniquilar todos os judeus.

Por compaixão uma mulher Adventista do Sétimo Dia, começou a cuidar de um

garoto judeu de 12 anos, chamado Fritz. Tudo aconteceu muito rápido naquele

fatídico dia quando a GESTAPO apareceu. Quando ela abriu a porta da frente, uma

pergunta direta lhe foi dirigida. Chamando-a pelo nome o soldado disse: “Senhora

Hasel, a senhora está com Fritz em sua casa”? O que ela deveria dizer? Deveria

dizer a verdade, ou enganar aqueles assassinos? A vida de um garoto inocente

estava em questão! O que você diria? Qual deveria ser a sua resposta se você

estivesse naquela situação?

Ainda que tal situação pareça remota, o fato é que cada um de nós é

freqüentemente confrontado com a tentação de sermos um pouco menos que

honestos: as rendas mais inchadas pela sonegação dos impostos, as insinuações

que pretenderam impugnar o caráter dos outros, o relatório acolchoado ou os

números que pretendem aumentar o status de uma pessoa ou carreira.

Para alguns empregadores, esta questão de dizer a verdade tem se

tornado um assunto sério recentemente. O que fazer quando um antigo empregado,

que não era um trabalhador fidedigno, lhe pede urna carta de recomendação? Para

evitar ser processado por ambos os lados. O autor Robert Thornton sugere que você

dê uma resposta totalmente ambígua. Por exemplo, para retratar alguém que é

constantemente negativo você poderia dizer: “suas colocações eram sempre

críticas;” para caracterizar uma pessoa preguiçosa, você poderia sugerir: “você será
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muito feliz por trazê-lo para trabalhar para você;” para descrever uma pessoa melhor

preparada para trabalhar como porteiro, você poderia declarar, “se eu fosse você eu

não hesitaria em lhe dar responsabilidades de varrer,” e para descrever um

candidato que de certo estragará qualquer projeto, você poderia aconselhar: “estou

certo qualquer coisa que esteja sobre seu cuidado — não importa quão pequena —

ele realizará com entusiasmo”.

Agora, eu não estou sugerindo que esta é a maneira cristã pela qual

deveríamos responder a questões difíceis. Estou apenas partilhando isto para

ilustrar que às vezes a “verdade” é contada de tal maneira que serve para enganar.

Você deve ter ouvido aquela história que aconteceu na antiga União Soviética.

Apenas dois carros participaram: um americano e um russo. O carro americano

ganhou. Todavia, no dia seguinte. Um jornal oficial declarou brevemente: “Ontem”.

Houve urna corrida de carro, na qual um carro russo veio em segundo e o carro

americano em segundo de trás para frente. Bem, tecnicamente, a “verdade” tinha

sido dita; mas tinha sido relatada de tal maneira a enganar. Como EGW notou:

“Mesmo as declarações de fatos de tal maneira a iludir, é falsidade”. (PP. 309).


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2 VERDADE LITERAL?

O que “dizer a verdade” realmente significa? Como estudante no

secundário eu entendi essa frase de uma forma estreita e no censo estritamente

literal. Assim enquanto eu era escrupulosamente cuidadoso de nunca pronunciar

qualquer inverdade com meus lábios (pois “lábios mentirosos são urna abominação

ao Senhor”. PV 12:22), eu não tinha escrúpulo quanto a iludir alguém através de

oportunas sacudidas de ombro ou cuidadosamente dramatizar uma questão. “Como

poderia saber?” Foi apenas mais tarde que eu aprendi que o mesmo livro que

condenou a desonestidade oral, também castigou aqueles que usam de burla não

verbal. Salomão descreve que o homem vil “anda com perversidade na boca, acena

com os olhos. fala com os pés e faz sinal com os dedos. Perversidade há no seu

coração” (Pv 6:12b-14a). Ou como uma sucinta versão inglesa coloca: “Mentirosos

que não valem nada seguem ao redor piscando e dando sinais para enganar os

outros”.(vv. 12-13).

EGW acrescenta: “Por um piscar de olhos, o mover de uma mão,

uma expressão do semblante. uma falsidade pode ser tão bem contada como por

palavras” (PP. 309). De fato. “Um olhar, uma palavra, a própria entonação da voz,

pode estar cheio de mentira” (MDC, 68). Assim, o desafio para todos os crentes é

“nunca prevaricar, nunca dizer uma inverdade, seja por preceito ou, por exemplo,”

(OC. 151).

Ainda que seja verdadeiro que alguns acadêmicos mostraram que o

nono mandamento “não dirás falso testemunho contra o teu próximo” (Ex. 20:16), é

escrito numa linguagem inteiramente legal, proibindo o perjúrio malicioso, todavia,

através de todo o VT e NT, uma variedade de termos repetidamente condenam a

prática do engano num sentido amplo indicando que nós não deveríamos limitar esta
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proibição a apenas casos judiciais. Por exemplo. Lv. 19:11 diz: “Não furtareis. Não

mentireis, Não defraudareis uns aos outros”. Falando ao remanescente de Israel SI.

3:13 relata que: “eles não falarão mentira, nem na sua boca achará língua

enganosa” enquanto Paulo admoesta que crentes deveriam “deixar a mentira” (Ef.

4:25), e deveriam ser achados “falando a verdade em amor” (v.15), João enfatiza

que não haverá mentirosos no céu (Ap. 21:8,27:22:15).

2.1 HONESTIDADE ABSOLUTA

De fato, à medida que se lê através da Bíblia inteira.

Especificamente os livros de Salmos e Provérbios, torna-se abundantemente

evidente que as Escrituras fazem um claro chamado para uma total veracidade e

uma absoluta honestidade sob todas as circunstâncias. Note-se como EGW

expressou isto: “A Bíblia condena nos termos mais fortes toda falsidade, falso trato e

desonestidade” (4T, 311), “Falsidade e engano. de qualquer espécie, é pecado

contra o Deus da verdade e veracidade” (ibid. 336).

Ainda mais, esta questão de dizer a verdade, não é meramente um

assunto externo. Falando sobre aqueles que têm desígnios diabólicos, a Bíblia diz:

“O engano está no coração” (Pv 12:20), Como Jesus mostrou no sermão do monte,

todos os pecados realmente começam na mente, antes que encontrem expressão

na vida (ver Mt. 5:21,22,27,28). Portanto, é correto que “a intenção de enganar é o

que constitui falsidade” (PP, 309), que é “uma transgressão da Lei de Deus” (4T.

312).
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2.2 HISTÓRIAS BÍBLICAS

Naturalmente uma questão se levanta: mas, e quanto a todas

aquelas histórias das pessoas da Bíblia que usaram do engano, para as tão

chamadas “causas dignas”? Por exemplo, Raabe mentiu para salvar a vida dos dois

espias israelitas (Js. 2), E Sifá e Puá, as duas parteiras hebréias iludiram o Faraó

com respeito aos bebês meninos que haviam sido condenados ao extermínio (Ex. 1).

Que lições concernentes à verdade e engano emergem de narrativas como está?

Falando sobre as experiências de pessoas do VT o apostolo Paulo

diz: Tudo isso lhes aconteceu como exemplo. e estas coisas estão escritas para

aviso nosso” (I Co 10:11a, cf. Rm. 15:4). Baseado nesta passagem, alguns têm

alegado que: “Parece difícil evitar a conclusão de exemplos aprovados por Deus de

como Ele quer que nos comportemos em conflitos morais similares” . Assim, alguns

concluem que histórias tais como a de Raabe e de Sifá e Puá, foram incluídas na

Bíblia para que crentes soubessem o que fazer sob circunstâncias similares. Noutras

palavras, essas histórias demonstram que mentir para salvar vidas é perfeitamente

legítimo e realmente a coisa moralmente certa a fazer, sem nenhuma necessidade

de arrependimento ou perdão, uma vez que tal tipo de mentira não é supostamente

considerado pecado por Deus. Mas é isso que a Bíblia realmente está dizendo em I

Co 10:11? Este verso é de fato um resumo da passagem precedente, na qual Paulo

lembra os cristãos de Corinto: “Ora, estas coisas aconteceram como exemplos.

“Para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram” (I Cor. 10:6). Então

Paulo enumera alguns destes males, tais como idolatria, e imoralidade sexual (ver

vv. 7-8), junto com alguns juízos divinos (ver vv. 8-10). Claramente então, bem longe

de sugerir que os cristão deveriam seguir as ações dos personagens bíblicos sem

critérios, I Co 10:11 está chamando os crentes para evitarem a transgressão dos


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requerimentos morais de Deus, que inclui a ordem de refrear todo engano.

Incidentalmente, alguns têm observado que em nenhum lugar a

Bíblia condena diretamente Raabe ou as parteiras hebreas por sua falsidade.

Todavia, é igualmente verdadeiro que através de toda Palavra de Deus, estas

mentiras não são recomendadas também. Um estudo cuidadoso das Escrituras

revela que uma falta de qualquer recomendação ou condenação de ações não

indicam a retidão ou o erro dos atos realizados.

Por exemplo, em nenhum lugar se encontra a

condenação do incesto de Ló com suas duas relatada em Gn. 19. Como a filha mais

velha teve um filho chamado Moabe, que veio a ser o ancestral de Rute e

futuramente de Jesus, alguém concluiria que este ato incestuoso foi realmente urna

coisa boa? Obviamente, exatamente como neste caso, o engano de Raabe, bem

corno o das parteiras hebréias, “violaram um claro mandamento de Deus”, e

precisam ser julgadas nesta base.


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3 DEUS É FIEL

É vital perceber que logo depois de 1 Co 10:11, Paulo nos lembra

que “Deus é fiel”. E Ele “não vos deixará tentar acima do que podeis resistir, antes,

com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (v. 13). Em

outras palavras, Deus nunca permitirá que ninguém esteja numa situação na qual tal

pessoa seja forçado a praticar o engano; sempre haverá uma saída moralmente

correta para o problema. EGW nos relembra que ainda que cada pessoa seja um

agente moral livre, cuja lealdade seja testada, “ele nunca será trazido numa tal

posição na qual submeter-se ao mal seja uma questão de necessidade. Nenhuma

tentação ou prova é Permitida vir sobre aquele que não é apto para resistir” (PP.

331, 332). De fato, “Deus requer de todos os seus súditos obediência, inteira

obediência a todos os seus mandamentos” (comentário de EGW SDABC 6:1072).

“E seus mandamentos não são pesados” (I Jo. 5:3). Pois o cristão “pode fazer todas

as coisas através de Cristo” (Fl. 4:13).

Então, o que é que o cristão fiel tem que fazer quando se encontra

diante de uma emergência de vida ou morte? O que a Sra. Hasel na nossa história

inicial disse quando perguntada se ela estava com Fritz em sua casa? Confiando em

Deus para lhe trazer o melhor resultado, ela olhou bem nos olhos do soldado e

disse: “Como um oficial do exército alemão, você conhece a sua responsabilidade, e

você é bem vindo para realizá-la”. Com a culpabilidade de seus atos maus sobre

seus ombros (onde de fato pertenciam), o nazista deu a volta e deixou aquele lar

intacto.
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3.1 EXEMPLOS

Casualmente, relatos deste tipo de fé inflexível podem se multiplicar.

Permita-me brevemente apenas mais dois casos. Primeiro, uma história da Polônia,

que também ocorreu na Segunda Guerra Mundial. A Sra. Knapiuk e sua filha

moravam num aposento de um apartamento de dois compartimentos, quando uma

garota judia sendo caçada por um soldado alemão, correu para dentro do seu

aposento e se escondeu debaixo da cama. Ora, eles estavam bem conscientes de

quão perigoso isto podia ser, pois na casa ao lado o dono de uma padaria e sua filha

tinham sido presos e levados para um campo de concentração por terem vendido

pão para um judeu. A Sra. Knapiuk era uma mulher de grande fé, mas uma vez que

tudo tinha acontecido tão rápido. ela não tinha tido tempo para pensar sobre o que

fazer. Então, ela se assentou à mesa, abriu sua Bíblia e começou a ler e a orar.

Quando um soldado alemão entrou em seu aposento, imediatamente ele

reconheceu o que ela estava lendo, Ele pronunciou apenas duas palavras — “boa

mulher” – e prontamente saiu.

Um incidente mais recente, que aconteceu em meados dos anos

noventa, chegou até mim, indiretamente, por um antigo colega, o Dr. Robert Wong.

Com alguns ajustes editoriais, deixe-me partilhar a história que veio por e-mail: “Na

China as pessoas trabalham sob os olhos vigilantes do governo. Numa ocasião, um

bom número de pessoas estava para ser batizado, então ele alugaram dois

caminhões como transporte. Mas como eles nunca haviam estado no lago antes,

eles pararam numa intercessão para perguntar que direção tomar. Tarde demais,

eles perceberam que tinham realmente pedido informação para a força de

segurança do estado. Antes que pudessem partir, o oficial encarregado perguntou:

“o que vocês vão fazer no lago”?” Agora, o que eles deveriam dizer, visto que
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realizar um batismo era estritamente ilegal? Mas, uma vez que eles confiavam em

Deus e não queriam mentir, eles honestamente responderam que estavam a

caminho para realizar um batismo. Tão logo eles saíram, três policiais de motocicleta

saíram atrás deles para prendê-los em flagrante. Mas exatamente na hora, uma

tempestade repentina apareceu. Miraculosamente a chuva caia apenas atrás dos

caminhões ensopando os motociclistas, e enlameando a estrada. O resultado? “As

pessoas chegaram ao lago sem problemas, foram batizadas sem incidentes

adicionais, e todos foram seguros para casa”. Sim, de fato nós ainda servimos a um

Deus que obra miraculosamente.

3.2 CONSEQÜÊNCIAS

Histórias do séc. XX como estas nos lembram de Sadraque.

Mesaque e Abdenego e sua lealdade inflexível. Ainda que eles sabiam que Deus

tinha o poder de livrá-los da fornalha ardente, eles informariam ao rei

Nabucodonozor que ainda que Deus escolhesse não livrá-los, eles ainda

permaneceriam fiéis a Ele (ver Dan. 3:16-18). Comentando este tipo de fidelidade

inabalável, EGW observou: “os verdadeiros cristãos, de princípios, não param para

pesar conseqüências” (Santificação, 39).

Este parece ser o problema com muitos de nós quando confrontados

com dilemas de vida ou morte — nós tentamos prever o que aconteceria se. . . e

então fazemos decisões baseados nestas especulações. Entretanto. “os

embaixadores de Cristo não têm nada a ver com as conseqüências. Eles devem

realizar o seu dever e deixar os resultados com Deus” (GC, 609-610). Como então

deveríamos tomar decisões morais? EGW escreveu: “Ao decidir sobre qualquer

curso de ação, nós não devemos perguntar se isso trará prejuízo, mas se estaremos
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cumprindo a vontade de Deus” (PP. 634). Este princípio sustenta a admoestação

dada por Cristo: “Não temais as coisas... Sê fiel até a morte” (Ap. 2:10). Ainda que

na Bíblia nós encontremos algumas ilustrações dignas para imitar, tais como a dos

três hebreus, nós devemos perceber que o nosso modelo último de moralidade é

Jesus Cristo. Pedro não apenas mostra que devemos “seguir suas pisadas”, mas

especificamente observa: “Nem na sua boca se achou engano” (I Pe. 2:21-22). Para

colocar isto mais diretamente, antes de repousar em Raabe, uma prostituta pagã,

para ser nosso modelo, nosso exemplo ético deve Ser nosso imaculado Salvador,

Jesus Cristo.

3.3 SEGREDO

Jesus Cristo — Ele é realmente o “segredo” para toda essa questão

de dizer a verdade "pois aqueles que têm a mente de Cristo guardarão todos os

mandamentos de Deus, a despeito das circunstâncias” (Santificação, 17). De fato, o

apóstolo Paulo enfatiza a necessidade vital de um relacionamento dinâmico com o

nosso Criador, Jesus Cristo, como a chave para o assunto de dizer a verdade na

vida de qualquer cristão (ver Cl 3:9. 10). Simultaneamente, EGW, observa que “não

é uma coisa leve ou fácil falar a verdade exata. Nós não podemos falar a verdade a

menos que nossas mentes sejam constantemente guiadas por Ele que é a verdade”

(MDC. 68).
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4 CONCLUSÃO

Resumindo. Então, qual é a “verdade sobre dizer a verdade”? EGW

coloca isso em termos inequívocos: “Tudo o que os cristãos fazem deve ser

transparente como a luz do sol. A verdade é de Deus; engano, em qualquer de suas

milhares de formas, é de satanás; e qualquer um que de qualquer maneira Se aparte

da linha estreita da verdade está traindo a si próprio dentro do poder do iníquo”

(ibid.). De fato, “mesmo a própria vida não poderia ser comprada com o preço da

falsidade(4T. 336). Todos nós precisamos fazer uma decisão essencial, ou

escolheremos seguir satanás, “o pai da mentira” (Jo. 8:44), ou escolheremos imitar a

Jesus Cristo, que declara de si mesmo: “Eu sou a verdade” (Jo 14:6).
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