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RECONHECIMENTO MEC DOC.

356 DE 31/01/2006 PUBLICADO EM 01/02/2006 NO DESPACHO 196/2006 SESU

GEORGE B. GAINER

ABORTO: HISTÓRIA DAS DIRETRIZES ADVENTISTAS


ARTIGO

Cachoeira
2006
GEORGE B. GAINER

ABORTO: HISTÓRIA DAS DIRETRIZES ADVENTISTAS


ARTIGO

Trabalho revisado, editorado e formatado no segundo


semestre de 2006.
Arquivo nº 06010

Cachoeira
2006
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................3
2 PRIMEIRAS VISÕES SOBRE O ABORTO ..............................................5
2.1 Kellogs Fala a Respeito ..........................................................................6
2.2 Pressões Num Hospital Havaiano..........................................................8
2.3 Movendo Para Uma Posição Liberalizada ...........................................11
2.4 Chefe de Equipe Deseja Decisão .........................................................13
2.5 Atualizando a Declaração .....................................................................14
2.6 Diretrizes Sobre o Aborto (1970)..........................................................16
2.7 Princípios de Interrupção de Gravidez (1971).....................................16
2.8 Continuando a Confusão da Posição Novamente..............................17
3 ADVENTISMO E ABORTO.....................................................................20
4 CONCLUSÃO .........................................................................................21
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1 INTRODUÇÃO

A história das diretrizes da igreja sobre o aborto conta um pouco a

cerca de como estamos em relação ao aborto e porque estamos aqui.

Minhas questões sobre o aborto e a IASD surgiram num dia frio de

Janeiro de 1985. Num encontro casual com um pastor enquanto procurava por

estacionamento no Instituto Smithosonian, Washington, DC., que tinha me

convidado para adorar com sua igreja algumas vezes.

No domingo seguinte, foi visitá-lo informalmente para ouvi-lo pregar.

Chegando atrasado, sentei-me lá atrás, sem ser percebido. Quando o pastor

levantou-se para pregar, anunciou para a congregação que sua mensagem era

Santidade da Vida. Após gastar algum tempo apresentando a base bíblica para a

veracidade de sua posição, ele contou a seguinte história:

Durante a gravidez de minha esposa, do nosso filho Seth, nós

decidimos procurar um médico cristão que respeitasse nossas convicções religiosas.

Fomos para o Takoma Park, Maryland, para o consultório do Dr. X, um adventista do

sétimo dia. Após testes e exames que confirmaram que ela estava grávida, uma

questão muito importante foi-lhe apresentada: Você quer este bebê ou que fazer um

aborto? Olhamos um para o outro chocados e sem acreditar. Viramos e dissemos:

Desculpe-nos, devemos estar no lugar errado. Levantamos e saímos.

No fim do sermão o pastor deu oportunidade para perguntas e

comentários da congregação. Uma senhora perguntou: “Você tem certeza de que o

que você disse sobre a IASD é verdade? Eu sempre pensei que eles eram cristãos

que acreditavam na Bíblia”.

Ele respondeu: “Eu sinto muito em lhe dizer que os adventistas do

sétimo dia estão abortando centenas de bebês em seus hospitais”.


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Enquanto eles cantavam um hino, eu saí sem ser visto, mas

bastante abalado. Qual era a verdade concernente ao Adventismo e aborto?

Lembrei-me de um editorial da Adventist Review que declarou:

“A IASD não tem nenhuma posição oficial sobre o aborto”. Mas o

que isto significava? Significava que a igreja não via nenhuma implicação moral

acerca da prática do aborto? Ela realmente não tem tomado nenhuma posição?

Qual o prejuízo que a falta de uma posição oficial tem causado na pratica diária dos

hospitais do Sistema Adventista de Saúde?

Uma busca por respostas a estas questões levou-me a realizar uma

investigação sobre a história da posição de nossa igreja sobre o aborto.


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2 PRIMEIRAS VISÕES SOBRE O ABORTO

A Adventist Review and Sabbath Herald ( Revista do Advento e

Arauto de Sábado) de 25 de junho de 1867 continha o que aparentemente foi a

primeira declaração sobre aborto a aparecer em literatura adventista. Em um artigo

intitulado "Assassinato Moderno," o autor, John Todd, louvou o trabalho da Cruzada

dos Médicos, um antigo movimento do décimo nono século contra o aborto, que

tinha sido praticado amplamente na América durante a primeira parte daquele

século.

Falando de aborto, Todd declarou: “A matança deliberada de um

ser humano em qualquer fase de sua existência é assassinato.”

A questão do aborto foi tratada novamente em 30 de novembro de

1869, publicada na Adventist Review and Sabbath Herald (Revista do Advento e

Arauto de Sábado). Sob o título “Alguns Palavras Relativas a um Grande Pecado” a

Review disse: “Um do mais chocante e ainda um dos pecados mais prevalecentes

desta geração é o assassinato de crianças por nascer. Deixe que esses que pensam

ser este um pecado pequeno leiam Sal. 139: 16. Eles verão que mesmo uma

criança por nascer está escrita no livro de Deus. E eles podem estar bem certos de

que Deus não passará despercebido o assassinato de tais crianças.”

Um Solene Apelo contém a próxima referência de imprensa

adventista sobre aborto. James White editou este livro em 1870, enquanto ele era o

presidente da Conferência Geral. White extraiu uma declaração do Exhausted

Vitality (Vitalidade Exaurida), de Dr. E. P. Miller. Incluindo no livro. A citação que ele

usou reflete os sentimentos fortes desses médicos envolvidos na cruzada contra

aborto. Miller criticou o aborto como um “negócio abominável” “pior que prática

diabólica,” e um “pecado terrível.” Ele chegou a dizer: “Muitas vezes, uma mulher
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determina que ela não se tornará uma mãe, e sujeita-se a si mesma ao tratamento

mais vil, cometendo o crime mais básico para levar a cabo o seu propósito. E muitas

vezes,um homem que tem “tantas crianças quanto ele pode sustentar,’ em vez de

conter as suas paixões, ajuda na destruição dos bebês que ele tem procriado.

“O pecado descansa à porta de ambos os pais em igual medida.”

2.1 KELLOGS FALA A RESPEITO

O que o “braço direito” da igreja, a obra médica diz sobre isso? Em

seu livro Homem, a obra prima, publicado em 1894, Dr. John H. Kellog argumenta

contra a idéia de que o aborto era permissível antes de apresentar sinais de vida.

“Desde o perfeito momento da concepção, esses processos tem estado em

operação que resulta na produção de um ser humano completamente desenvolvido

apartir de uma simples gota de geleia, uma minúscula célula. Tão logo quanto esse

desenvolvimento começa, um novo ser humano tem vindo à existência – no embrião,

ele é real/verdadeiro, mas possuído de sua própria individualidade, com seu próprio

futuro.

Neste momento ele adquire o direito de viver, um direito tão

sagrado que em todas as terras violá-lo é incorrer em pena de morte. “Ninguém

senão Deus sabe a plena extensão deste crime hediondo.”

As declarações citadas acima testificam o pouco conhecimento

do fato histórico de que o adventismo não foi silencioso concernente à questão do

aborto. Ainda que a igreja não tenha se envolvido diretamente nos 40 anos de

batalha para legalizar os estatutos anti-aborto nos Estados Unidos, a evidência

mostra onde os líderes adventistas ficaram nos assuntos controvertidos.

Ellen G. White não se dirigiu diretamente ao assunto do aborto,


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mas fez diversas declarações fortes em relação à santidade da vida humana. Por

exemplo, ela escreveu: “A vida é misteriosa e sagrada”. É a manifestação do próprio

Deus, a fonte de toda a vida...

“Deus olha dentro da minúscula semente que Ele mesmo tem

formado e vê em seu interior a bela flor, o arbusto, ou a frondosa e enorme árvore.

Portanto, Ele vê as possibilidades em todo ser humano.”

Em outro lugar ela falou mais diretamente da proteção da

inocente vida humana quando escreveu, “a vida humana que somente Deus pode

dar, deve ser sacramente guardada.”

Assim, nossa mensagem adventista inclui ambas as

declarações: que expõe explicitamente a santidade da vida humana e que

condenam explicitamente o aborto.

No Século XIX o adventismo permaneceu em harmonia com o

pensamento cristão dos séculos anteriores.

Nos anos 1890, a influência da Cruzada dos Médicos tinha

conduzido a legalização das leis anti-aborto nos Estados Unidos. Isto resultou num

esfriamento do debate público sobre o aborto e começou o que tem sido chamado

“século do silêncio” nesta questão.

De fato, o silêncio durou por aproximadamente 70 anos. O

pensamento cristão sobre o aborto permaneceu consistente durante este período.

Essa oposição ao aborto não era encontrada somente na igreja,

era também evidenciada largamente na sociedade. Recentemente, 1963, um

panfleto intitulado “Paternidade Planejada” advertiu que “um aborto põe fim à vida de

um bebê depois dela ter começado. Ele é perigoso para a sua vida e sua saúde.”

Mas nos anos 1960 os chamados para os direitos de aborto


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estavam soando com crescente intensidade na sociedade americana. Um

movimento foi iniciado para repelir os estatutos anti-aborto decretados no século

XIX.

2.2 PRESSÕES NUM HOSPITAL HAVAIANO

Os anos 1970 e 1971 foram o pivô para a questão do aborto para a

Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em janeiro de 1970, um projeto de lei foi introduzido

na legislação do Estado do Havaí para revogar as leis sobre o aborto no Estado.

Três semanas depois, essa emenda tornou-se em lei. O hospital Castle Memorial,

uma instituição Adventista, repentinamente encontrou necessidade de estabelecer

uma posição com respeito ao aborto.

Na ilha de Oahu, Havaí, apenas dois hospitais foram abertos para o

público para tratar dos casos de maternidade e obstetrícia: Hospital Kapiloani,

exclusivamente um facilitador em obstetrícia e ginecologia (ob-gin), e o Hospital

Castle Memorial (CMH), o único hospital geral que aceitavam pacientes ob-gin. (A

terceira instituição médica na ilha, o Hospital Kaiser, cuidava apenas das pessoas

que estavam arroladas no plano de saúde do hospital Kaiser).

Pela razão desta posição singular, de ser o único hospital geral que

providenciava serviços ob-gin, o CMH, com as novas leis de aborto do Havaí,

recebeu inúmeros requerimentos para fazer abortos. Requerimentos para aborto não

eram coisas novas, e o próprio CMH havia permitido que fossem realizados abortos

terapêuticos aqueles que fossem feitos para salvar a vida da mãe, ou em caso de

estupro ou incesto, ou mesmo por severa ansiedade mental da mãe. Mas as

emendas de todas as leis do Estado sobre o aborto, criaram uma situação para a

qual o hospital não estava preparado. Marvin C. Midkiff, o administrador do CMH


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para aquela época, descreveu a pressão para afrouxar a política de aborto, que

começava a aumentar como: “um proeminente homem nesta comunidade veio a

mim e disse: minha filha de 16 anos está envolvida em problemas. Ela está em seu

2º mês de gravidez, eu quero que ela faça um aborto neste hospital. Ele trouxe um

folheto que havia sido usado para levantar fundos na comunidade quando este

hospital estava sendo planejado. O folheto declarava que este hospital teria um

completo serviço hospitalar e providenciaria cada serviço que fosse necessitado

pelos moradores da comunidade. Ele me trouxe um cheque de 25 mil dólares, que

ele havia dado para a construção há diversos anos atrás.”

A pressão sobre o CMH de oferecer um serviço hospitalar completo

incluindo fazer aborto começava a crescer. O Midkiff chamou W. J. Blacker,

presidente da União do Pacífico, e pediu orientação da igreja em como procederia.

De acordo com Midkiff, Blacker informou essa situação à conferência geral, então o

chamou para lhe dizer que ninguém conhece nenhuma posição que a igreja tenha

tomado sobre aborto.

Assim o CNH estabeleceu uma política interna: na ausência de

qualquer decisão de nossa organização eclesiástica, nem aprovando ou

desaprovando o aborto, ou nem permitindo ou não abortos no hospital, nosso grupo

administrativo tomou a decisão de permitir o aborto para aqueles casos por razões

terapêuticas nos primeiros três meses de gravidez, contanto que tenha havido um

aconselhamento por um clérigo, e dois médicos qualificados, e tenha sido transcrita

a conversa, e que tenha sido colocada no relatório do paciente. Eu quero tornar isto

claro, porque isto é um regulamento temporário até que uma decisão seja tomada

pelos membros da Conferência Geral em Washington D.C.

Em 11 de março de 1970, a Assembléia da Conferência Geral


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nomeou um comitê para considerar assuntos relacionados aos hospitais adventistas.

Os assuntos analisados nesse tempo diziam respeito como a Igreja mundial

considera a questão do aborto em junho de 1970, em Atlanta, Nova Jersey, na

Sessão da Conferência Geral.

Em 17 de março de 1970, Neal C. Wilson, presidente da Divisão

Norte-Americana, fez um testamento sobre aborto que foi carregado de novos

serviços religiosos. Ele afirmou que quando a Igreja se reuniu em Atlanta , junho,

guiaria um curso de meio caminho. Ele afirmou que enquanto a Igreja guiaria longe

de qualquer coisa que encorajaria desordenados, a Igreja “Não sente nossa

responsabilidade para promover leis para legalizar aborto...nem as opõe...”

“Embora caminhemos ao redor, adventistas apóiam o aborto em

lugar de serem contra”. Porque nós realizamos estamos passando por grandes

problemas de fome e superpopulação, nós não somos contra o planejamento familiar

e meios apropriados para controle de natalidade.

Wilson declarou que, porque a denominação estava ativa em

220 países diferentes, não seria fácil tomar uma posição tão rápida a respeito da

difícil questão do aborto. Ele também disse que os Adventistas podem ser a favor do

aborto em alguns casos de estupro, doença mental ou física da mãe, ou, em casos

de prováveis doenças graves no feto.

Em 13 de maio de 1970, depois de considerável discussão, os

oficiais da GC votaram aceitar o “Guia sugestivo para abortos.” (Veja quadro na pág.

15). O guia era de caráter sugestivo porque foi votado pelos oficiais da GC e não

pela comissão da GC.

Mas, o plano de levar o guia ao plenário da seção da GC para

discussão e voto falhou. Alguns da comunidade médica sentiram que o guia do


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aborto era inadequado, por causa de abortos terapêuticos que já tinham sido

realizados ao longo do tempo – mesmo antes da revogação dos estatutos do aborto

do Hawaí. Marwin Midkiff retornou ao CMH da seção da GC impossibilitado de

cumprir sua promessa de trazer consigo a posição oficial da igreja.

2.3 MOVENDO PARA UMA POSIÇÃO LIBERALIZADA

A questão, porém, permaneceu viva. A rejeição da comunidade

médica às diretrizes de 13 de maio de 1970 sobre o aborto marcaram o início de

sérias discussões a respeito da possibilidade de uma abertura política nos hospitais

adventistas para o aborto em demanda.

Durante a primeira semana de julho de 1970, R. R. Bieltz, um Vice-

presidente da Conferência Geral, encontra-se com Midkiff e A. G. Streifil, Presidente

da Junta Administrativa do CMH (Castle Memorial Hospital). Em uma carta datada

de 05 de julho de 1970, Bieltz relatou a essência de sua conversa com W. J. Blacker.

As seguintes afirmações da carta iluminam o pensamento da liderança depois que

as primeiras diretrizes foram rejeitadas:

“Cinco ou seis MDs não-adventistas que patrocinam o Castle

Memorial querem ir além da política de realização terapêutica quanto ao aborto. Se

eles não estão aprovando este procedimento no Castle Memorial, eles tirarão seus

pacientes para outro hospital de Honolulu. E se isto acontecer, provavelmente

levarão para lá pacientes de outros tratamentos também. Isto significaria a perda de

nossa reputação e também do patrocínio para o Castle Memorial...

“Nossos próprios médicos adventistas do sétimo dia, se opõem

fortemente, exceto por razões terapêuticas, ao aborto. Isto ajuda a complicar o

problema. Se nós mudarmos nossa política, nós teremos o desagrado de nossos


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próprios homens e se nós não mudarmos, nós seremos mal-entendidos pelos MDs

não adventistas. Alguns dos fortes contribuintes do Castle Memorial Hospital acham

que nós deveríamos estar dispostos a trabalhar em harmonia com as leis do Estado.

Na opinião deles a comunidade estadual e federal tem feito propostas práticas para

esta comunidade hospitalar. Eles argumentam, portanto , que a comunidade deveria

tomar em consideração...

“É importante que nem a União do Pacífico nem a Divisão Norte

Americana, nem a Conferência Geral se posicionaram a respeito deste assunto. A

administração do hospital e a Junta precisam de apoio no assunto e em que direção

eles podem ir. Se a decisão deveria ser para ter abortos além dos que eles estão

fazendo agora. Os médicos adventistas poderiam, sem dúvida, estar satisfeitos, ou

pelo menos calados, se a administração tivesse o apoio da organização superior da

igreja.

“Como eu vejo isto, o ponto crucial do assunto é principalmente

teológico."

Enquanto isso, na reunião deles/delas de 6 de julho de 1970, os

oficiais da conferência geral tinham votado para aumentar a comissão anterior “para

estudar que conselhos deveriam ser dados relativo a abortos eletivos. " Esta decisão

foi tomada com respeito a um pedido para conselho adicional relativo a aborto

eletivo. Os sócios locais do que foi chamado a comissão de problemas de aborto

agora se encontraram no dia 20 de julho de 1970, para discutir as implicações do

assunto para a igreja e é instituições de saúde-cuidado. Esta pequena comissão

também olhou especificamente para “o ponto de vista de nossos líderes em

ginecologia da costa ocidental. Não” achando nenhuma solução, a comissão

recomendou estudo adicional.


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A comissão se encontrou novamente no dia 25 de setembro de

1970, e recomendou que “a comissão já aumentada apontada para 20 de julho de

1970, fosse ainda mais expandida para fazer-se representativa de áreas adicionais

de preocupação e que fosse autorizado se encontrar durante aproximadamente dois

dias para estudarem o problema a fundo, esperançosamente desenvolver diretrizes

que serão úteis trazendo uniformidade na direção das nossas instituições de saúde-

cuidado na América do Norte.” A comissão concluiu esta reunião com” a expressa

esperança de que devido à urgência descrita em correspondência de nossa

instituição de saúde que a comissão pudesse se encontrar. Assim que possível dar

estudo a esta pergunta desafiadora.”

2.4 CHEFE DE EQUIPE DESEJA DECISÃO

13 de dezembro de 1970, o Dr. Raymond deHay, chefe da equipe da

CMH, escreveu A. G. requerendo para que o processo da decisão seja acelerado.

As deliberações já estavam por uns dez meses, e ele disse que era muito tempo

sem alguma resposta para comunicar os membros da equipe médica desse hospital.

Em 16 de novembro de 1970 deHay escreveu uma segunda carta

para R.H. Pierson, presidente da Conferência Geral, para protestar a demora na

tomada da decisão. Nesta carta deHay disse, “nós reconhecemos que o Castle

Memorial Hospital é uma igreja-hospital, mas nós também sentidos que devemos

conceder, nos olhos de muitos residentes locais o menor público possível do

hospital.”

O chefe da equipe escreveu que na visão dos não-adventistas do

local que as contribuições para hospital do tempo e recursos e as apropriações do

estado davam mais do que dois milhões de dólares. Nós do comitê executivo dos
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médicos sentimos que talvez o local público é justificado no cuidado do pedido total

ao Castle Memorial Hospital.

2.5 ATUALIZANDO A DECLARAÇÃO

W. R. Beach, em suas observações como presidente da comissão,

que havia trabalhado na revisão da questão do aborto, declarou que o ponto tratado

em 13 de Maio de 1970 tinha sido proveitoso, mas que rapidamente tinha sido

mudado sua situação, especialmente no Haiti e em New York, fazendo com que um

novo levantamento de dados fosse necessário.

Herold Zipick, o cabeça do departamento de geociência e

obstetrícia da Universidade de Loma Linda, apresentou um estudo que tinha o

seguinte título: “O problema do aborto Hoje.” No qual esta exposta à complexidade

da questão do aborto. O restante da manhã foi gasta nas discussões sobre os

números dos abortos terapêuticos praticados nos hospitais Adventistas [E.g.

Glandale Hospital: 1966, um aborto; 1967 três abortos; 1968 quatro abortos; 1969

dez abortos; 1970, 34 abortos. E no White Memorial Hospital: 1968, 3 abortos; 1969,

12 abortos; 1970, 79 abortos]. Também se discutiu os problemas da CMH que foi

encarada como um resultado da reprovação da Lei do aborto do Havaí.

Na sessão da tarde, Jack Provonsha, apresentou um estudo

com o seguinte título: “Uma Posição Adventista Quanto o Aborto.” Ele advogava que

com cada solicitação feita para abortar-se, toda tentativa deveria ser feita para salvar

tanto a mulher grávida como o desenvolvimento do feto, “mas se isto não poder ser

alcançado e um tiver de ser sacrificado, o menor deve ser sacrificado em favor do

humano de maior importância.”

Seguindo a apresentação de Provonsha, a comissão votou


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emendar (compensar) e reconsiderar em 13 de Maio de 1970, a questão do aborto,

a partir deste ponto. A comissão concluiu que o trabalho daquele dia deveria ser

recomendado aos oficiais da Conferência Geral que por sua vez apontassem uma

comissão para dar continuidade ao estudo daquele assunto.

De volta a Washington, esta comissão começou seu trabalho

tendo como sua primeira tarefa, voltando-se a emenda e a velha revisão do ponto

em discussão, mas seus esforços resultou no desenvolvimento de um documento

inteiramente novo, intitulado: “Interruption of Pregnancy Guidelines.” ( Interrupção da

gravidez de ponto a outro)

Este documento contêm tanto um relatório ( depoimento) dos

princípios, bem como uma aceitação da interrupção de uma gravidez de um ponto a

outro.

Uma comparação desse documento, com os estudos dos Drs.

Ziprick e Provonsha, quando apresentaram na reunião de Loma Linda, e por esta

ocasião expuseram suas idéias e palavras, serviram de fonte primária em ambas as

partes do documento.

O novo documento foi submetido a um número de revisão. As

declarações de princípios foram escritas e então expandidas durante o mês de

Fevereiro de 1971. Entre Fevereiro e Junho, os pontos comuns em si mesmos

tinham pelo menos três formas diferentes. Um quarto ponto foi adicionado, atestando

que o aborto era permitido “no caso de uma criança solteira abaixo de 15 anos de

idade.”

Depois, um quinto ponto foi também adicionado, e neste, o

aborto era permitido “quando, em harmonia com a declaração dos princípios acima,

os requerimentos funcionais da vida humana demandar o sacrifício de um de menos


16

importância de potencial humano.”

Finalmente, este ponto foi revisado para ser lido que o aborto é

permitido “quando por alguma razão os requerimentos funcionais da vida humana

demandar o sacrifício de um de menos importância do potencial humano. ( Itálico

adicionado)

As revisões também incluíram o abrandamento da palavra

“grave” do ponto 2, a qual refere-se a uma deformação física e retardamento mental,

e a palavra “seriamente”, no ponto 1.

2.6 DIRETRIZES SOBRE O ABORTO (1970)

“Acreditava-se que os abortos terapêuticos poderiam ser realizados

pelas seguintes indicações estabelecidas:

“1. Quando a continuação da gravidez pode ameaçar a vida da

mulher ou prejudicar seriamente sua saúde.

“2. Quando a continuação da gravidez provavelmente resulte no

nascimento de uma criança com graves deformidades físicas ou retardamento

mental.

“3. Quando a concepção ocorre como resultado de estupro ou

incesto.

“Quando abortos terapêuticos indicados são feitos, eles devem

ser executados durante o primeiro trimestre da gravidez.

2.7 PRINCÍPIOS DE INTERRUPÇÃO DE GRAVIDEZ (1971)

“1. Quando a continuação da gravidez pode ameaçar a vida da


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mulher ou prejudicar sua saúde.

“2. Quando a continuação da gravidez provavelmente resulte no

nascimento de uma criança com deformidade física ou retardamento mental.

“3. Quando a concepção ocorreu como resultado de estupro ou

incesto.

“4. Quando o caso envolve uma criança não casada com menos

de 15 anos.

“5. Quando por alguma razão o requerimento de uma vida

humana funcional demanda o sacrifício de um valor potencial humano menor.

“Quando interrupções de gravidez indicadas são feitas, elas

devem ser executadas o mais cedo possível, de preferência durante o primeiro

trimestre da gravidez.”

Ambos os princípios dizem que nenhuma pessoa deve ser

compelida a sofrer nem forçada fisicamente a participar em um aborto se ele ou ela

tem uma objeção religiosa ou ética a isso. Os princípios de 1971 ampliam isto ao

incluir enfermeiras e atendentes pessoais.

2.8 CONTINUANDO A CONFUSÃO DA POSIÇÃO NOVAMENTE

Agora a igreja tinha uma posição, embora fosse semi-oficial. Mas

uma corrente de confusão e informação enganosa relativa à posição da igreja

começando mesmo antes do comitê sobre o aborto ter finalizado seu trabalho. Em

março de 1971, Ministry publicou dois artigos sobre a questão do aborto. No

primeiro, Beach concluiu “que excerto em extremas circunstancia alistadas abaixo

nossas diretrizes sobre a terapêutica do aborto, seria melhor elevar nossa reverencia

pela vida e caminho cristão que conduz a isto”.Ele estava, de fato, referindo-se a três
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guias de diretrizes que tinham sido aceitos em 13 de maio de 1970.

Dr. Ralph secretario do Departamento de Saúde da CG, escreveu, o

segundo artigo, “Aborto Não é a Resposta”. Chamando aborto uma “guerra contra o

útero”, ele disse, “como cristãos nos detestamos o pensamento de mortandade por

atacado neste nível. Embora nós aceitamos a terapêutica do aborto baseada sobre

provas das indicações médicas, nós não achamos a demanda sobre o aborto

compatível com os nossos conceitos de imagem pessoal.” Ele quis dizer que a

terapêutica do aborto deveria ser executada “durante os três primeiros meses, antes

que o embrião possa ser considerado possuidor de vida própria.”

Nesta mesma edição, Ministry publicou as diretrizes sobre o aborto

de 13 de maio de 1970. É importante relembrar que isto estava na edição de março

de 1971. Em Loma Linda em 25 de janeiro de 1971, o reestruturado Comitê Sobre o

Aborto tinha votado uma “emenda e revisão” dessas diretrizes originais e pelo tempo

da publicação da nova diretriz sobre a Interrupção da Gravidez tinha sido escrito e

estava no estagio de revisão final.

Um oficial da CG e membro do Comitê |Sobre Aborto vigorosamente

protestou publicando este material. Em 02 de março de 1971 em carta para Beach,

Osborn escreveu, “parece-me que o artigo era completamente prematuro ou outra

indicação de um comitê (o comitê de Loma Linda) que investiga o assunto em

profundidade é uma farsa”.O protesto Osborn estava baseado naquelas diretrizes

originais que foram julgadas também restritivas e estavam sendo substituída.

Beach defendeu a decisão de publicar o artigo e diretrizes: “a vista

do fato que o relatório estava por vir do comitê o qual encontra-se am Loma Linda

liberalizaremos um pouco as atuais diretrizes. Eu creio que de um ponto de vista

pratico, isso foi bom para dar razão racional para a situação atual e o ponto de vista
19

futuro. E penso que estará evidente que nosso ponto de vista tenha sido liberalizado.

E sinto, porém, que esta liberalização será compreendida e aceita.

Mais a publicação do novo guia de diretrizes, o qual teria permitido a

“liberalização” ou “compreendido e aceitado”, nunca deveria ter acontecido. Que o

mais antigo, mais restritivo conjunto de diretrizes foi publicado e o mais novo, mais

liberalizado não foi resultado em uma grande porção de confusão entre clérigos e

leigos adventistas relativos à posição da igreja sobre aborto e sua pratica em nossas

instituições medicas. Não há evidencias que a liderança tentou educar os clérigos e

a igreja a respeito do novo conjunto de diretrizes e suas implicações.

Com efeito, a igreja tem simultaneamente mantido duas posições

relativas ao aborto. As diretrizes publicadas sobre aborto de 13 de maio de 1970 têm

apresentado aos clérigos e leigos adventistas, como também ao publico em geral a

aparência de uma posição restritiva. E o não publicado guia de diretrizes sobre

Interrupção da Gravidez tem permitido seus hospitais um livre exercício nesta prática

economicamente significante.
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3 ADVENTISMO E ABORTO

Assim, qual é a verdade acerca do Adventismo e aborto? É o aborto

uma norma em demanda nas instituições de saúde adventistas? Sobre esta

pergunta M. C. Midkiff disse: “Eu creio que se você fizer um pouco de pesquisa você

encontrará que a maioria dos hospitais Adventista permite aborto por solicitação.”

Uma explicação que o presidente do Hospital Adventista de

Washington escreveu em uma carta para mim apóia o prognóstico de Midkiff: “A

administração, então, de boa fé, deixa a responsabilidade de decidir a favor ou

contra o aborto para o médico e o paciente, que são os únicos indivíduos que

conhecem a completa situação médica e conseqüências do caso.”

O American Hospital Association Guide to the Health Care Field,

1986, lista 12 dos 56 Hospitais Adventistas nos Estados Unidos como oferecendo

“serviço de aborto,” incluindo “um programa e facilidades” (crediário? N. T).


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4 CONCLUSÃO

Cedo o Adventismo publicou posições em harmonia com a Cruzada

dos Médicos Contra o Aborto, entretanto não era ativo neste movimento. A igreja

criou seu primeiro conjunto de diretrizes sobre o aborto em 1970, quando as atitudes

Americanas com relação ao aborto haviam mudado e alguns dos hospitais da igreja

estavam experimentando uma pressão crescente da comunidade para prover

serviços de aborto.

Menos de um ano após o primeiro conjunto de diretrizes sobre

aborto ter sido desenvolvido, a igreja o revisou e ampliou. As diretrizes liberalizadas

resultantes têm permitido para os hospitais Adventistas muita liberdade em suas

práticas de aborto, uma liberdade que tem resultado em um grande número de

aborto sendo realizados. Apesar de a igreja estar sendo hesitante em tornar

conhecido, até o presente não está claramente, tanto em política ou prática,

limitando suas instituições médicas ao aborto terapêutico.

Três anos atrás o Comitê Executivo da Associação Geral apontou o

Christian View of Human Life Committee (CHVC) para revisar as diretrizes

hospitalares sobre aborto e outros assuntos tocantes à vida humana, como

fertilização in vitro, eutanásia e contracepção.

O CVHC traçou uma declaração que foi publicada na revista Ministry

de julho de 1990. Esta declaração está agora circulando entre um grande número

de pessoas entre as divisões mundiais para refinamento adicional. Uma decisão

será tomada sobre se o projeto final permanecerá como um consenso do Comitê

simplesmente ou se algum corpo mais elevado como um Annual Council o ratificará.

- Editores.
22

DEDUC
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