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3ª série EM - Conteúdo Complementar - ACELERADORES DE PARTÍCULAS

Parte I

Quebrando os átomos

Na década de 30, os cientistas investigaram os raios cósmicos. Quando estas partículas altamente energéticas
(prótons) do espaço exterior atingiam átomos de chumbo, (por exemplo: os núcleos dos átomos) muitas
partículas minúsculas eram pulverizadas. Estas partículas não eram prótons ou nêutrons, mas muito
menores. Por isso, os cientistas concluíram que o núcleo devia ser feito de partículas bem menores e mais
elementares. Assim a pesquisa começou para estas partículas. Naquela época, a única maneira de se colidir
partículas altamente energéticas com átomos, era no topo de uma montanha onde os raios cósmicos eram
mais comuns e onde os experimentos eram conduzidos. Entretanto, os físicos logo construíram aparelhos
chamados de aceleradores de partículas ou quebradores de átomos. Nestes aparelhos, você acelera as
partículas até altas velocidades (altas energias cinéticas) e as colide com os átomos-alvo.

Os fragmentos resultantes da colisão, bem como a radiação emitida, são detectados e analisados. A
informação nos diz sobre as partículas que fazem o átomo e as forças que mantêm o átomo unido. Um
experimento em um acelerador de partículas foi descrito como a determinação da estrutura de uma televisão
quando se olha para os pedaços dela após ser largada do Empire State Building, em Nova York.

Um acelerador de partículas... Sabia que você tem um tipo de acelerador de partículas em casa? Na verdade,
é provável que esteja lendo este artigo usando um! Os tubos de raios cátodos (CRT) de
qualquer TV ou monitor de computador é, na verdade, um acelerador de partículas. O CRT pega as
partículas (elétrons) do cátodo, acelera-as, e muda sua direção usando eletroímãs no vácuo. Depois, as faz
colidir em moléculas de fósforo na tela. O resultado da colisão é um ponto de luz, ou um pixel, na sua TV ou
no monitor do computador.

Um acelerador de partículas funciona do mesmo modo, exceto que os aceleradores são muito maiores, as
partículas se movem muito mais rápido (quase na velocidade da luz) e a colisão resulta em mais partículas
subatômicas e em vários tipos de radiação nuclear. As partículas são aceleradas por ondas eletromagnéticas
dentro do aparelho, quase do mesmo modo que um surfista é empurrado pela onda. Quanto mais energéticas
as partículas, mais visível fica a estrutura da matéria. É como espalhar as bolas dispostas no triângulo de
bolas do jogo de bilhar. Quando o taco (partícula energizada) aumenta a velocidade, ele recebe mais energia
e então pode espalhar melhor as bolas (liberando mais partículas).

Existem dois tipos básicos de aceleradores de partículas:

 Linear - as partículas viajam por um caminho longo e reto e colidem com o alvo
 Circular - as partículas viajam ao redor de um círculo até colidirem com o alvo

Nos aceleradores lineares, as partículas viajam no vácuo ao longo de um tubo de cobre. Os elétrons
acompanham as ondas criadas pelos geradores de ondas chamados de clístrons. Os eletroímãs mantêm as
partículas confinadas em um feixe estreito. Quando o feixe de partículas atinge um alvo no final do túnel,
vários detectores registram os eventos: as partículas subatômicas e a radiação liberada. Estes aceleradores
são enormes, e são mantidos no subsolo. Um exemplo de acelerador linear é o linac no Laboratório de
Acelerador Linear de Stanford (SLAC) na Califórnia, que tem cerca de 3 km de comprimento.
Aceleradores circulares fazem basicamente a mesma coisa que os linacs. Entretanto, ao invés de usarem um
caminho linear longo, impulsionam as partículas, muitas vezes, ao redor de um caminho circular. A cada
passo, o campo magnético é intensificado para que o feixe de partículas acelere com cada passo consecutivo.
Quando as partículas estão em sua energia mais alta ou desejada, um alvo é colocado no caminho do feixe,
nos detectores ou próximo a eles. Os aceleradores circulares foram os primeiros tipos de aceleradores
inventados em 1929. Na verdade, o primeiro cíclotron tinha apenas 10 cm de diâmetro.
O cícloton de Lawrence usava ímãs em forma de D (chamado de Dee) separados por um pequeno espaço
vazio. Os ímãs produziam um campo magnético circular. Uma voltagem oscilante criava um campo elétrico
através do espaço vazio para acelerar as partículas (íons) a cada volta. Como as partículas se moviam
rapidamente, os raios de seus caminhos circulares se tornavam maiores até que atingissem o alvo no círculo
mais externo. O cícloton de Lawrence era eficaz, mas não podia alcançar as energias dos aceleradores
circulares modernos.
Os aceleradores circulares modernos colocam clístrons e eletroímãs ao redor de um tubo circular de cobre
para acelerar as partículas. Muitos aceleradores circulares também têm um acelerador linear curto para
acelerar inicialmente as partículas antes de entrarem no anel. Um exemplo de um acelerador circular
moderno é o Laboratório Nacional do Acelerador Fermi(em inglês - Fermilab) em Illinois, que ocupa quase
25,6 km?.

Dentro de um acelerador de partículas

Todos os aceleradores de partículas, tanto lineares ou circulares, têm as seguintes partes básicas.

- fonte de partículas - fornece as partículas que serão aceleradas;


- tubo de cobre - o feixe de partículas viaja pelo vácuo dentro deste tubo;
- clístrons - geradores de microondas que fazem as ondas nas quais as partículas "andam";
- eletroímãs (convencionais, supercondutores) - mantêm as partículas confinadas em um feixe estreito
enquanto viajam pelo vácuo e também se misturam ao raio quando necessário;
- alvos - com o que as partículas aceleradas colidem;
- detectores - aparelhos que olham para os fragmentos e para a radiação que foi lançada da colisão;
- sistemas de vácuo - removem o ar e a poeira do tubo do acelerador;
- sistemas de resfriamento - removem o calor gerado pelos ímãs;
- computador/sistemas eletrônicos - controlam a operação do acelerador e analisam os dados das
experiências;
- blindagem - protege os operadores, técnicos e o público da radiação gerada pelas experiências;
- sistemas de monitoração - circuito fechado de televisão e detectores de radiação para ver o que acontece
dentro do acelerador (com o propósito de segurança);
- sistemas de energia elétrica - fornece eletricidade para o aparelho inteiro;
- anéis de armazenagem - armazenam os feixes de partículas, temporariamente, quando não estão em uso.

Partículas subatômicas: Quando os físicos começaram a usar os aceleradores nos anos 50 e 60, descobriram
centenas de partículas menores do que as três bem conhecidas partículas subatômicas: prótons, nêutrons e
elétrons. À medida que aceleradores maiores eram construídos (aqueles que podiam fornecer feixes com
energias mais altas), mais partículas iam sendo descobertas. A maioria destas partículas existe por apenas
frações (menos de um bilionésimo) de segundo, e algumas delas combinam-se para formar partículas
compostas mais estáveis. Algumas partículas estão envolvidas nas forças que mantêm o núcleo do átomo
unido e outras não.

De acordo com este modelo, a matéria pode ser dividida nos seguintes blocos:

- Férmions - partículas subatômicas que torna conhecida a matéria e a antimatéria


- Léptons - partículas elementares que não ajudam a manter o núcleo unido (exemplos: elétron, neutrino)
- Quarks - partículas elementares que ajudam a manter o núcleo unido
- Antimatéria - antipartículas dos quarks e léptons (antiquarks, antiléptons)
- Hádrons - partículas compostas (exemplos: próton, nêutron)
- Bósons - partículas que carregam forças (quatro tipos conhecidos).

Observações sobre Interações, há quatro forças ou interações fundamentais:

- Forte - mantém o núcleo do átomo unido


- Fraca - envolvida no decaimento radioativo
- Eletromagnetismo - interações entre as partículas carregadas (eletricidade e magnetismo)
- Gravidade - força atrativa baseada na massa e distância.
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Parte II

Férmions: matéria e antimatéria

Férmions se distinguem entre matéria (léptons e quarks) e antimatéria.


Léptons são partículas extremamente pequenas (menos de 10-15 m de raio) que não têm tamanho conhecido
ou estrutura interna. Eles têm massas minúsculas, viajam muito rápido e são descritos de uma forma melhor
pelas funções de onda. Os exemplos mais conhecidos de léptons são o elétron e o neutrino. Os léptons foram
classificados como:

- Elétron-elétron neutrino
- Múon-múon neutrino
- Tau-tau neutrino

Quarks são partículas extremamente pequenas (menos de 10-15 m de raio) que participam da interação
nuclear forte. Os quarks (únicos) isolados nunca foram encontrados, provavelmente porque eles se
combinam muito rapidamente. Os quarks também têm cargas elétricas fracionadas, eles são classificados
assim:

- down (d) - carga = -1/3


- up (u) - carga = +2/3
- strange (estranho) (s) - carga = -1/3
- charm (charmoso) (c) - carga = +2/3
- bottom (b) - carga = -1/3
- top (t) - carga = +2/3 (mais massivo, descoberto em 1995)
A partir de agora, os quarks são considerados como sendo as partículas mais fundamentais.

Antimatéria

Não se sabe muito sobre a antimatéria. A primeira partícula de antimatéria descoberta foi o pósitron, que
tem uma massa similar a de um elétron, mas com uma carga positiva. Esta área da física de partículas está
sendo investigada atualmente.

Hádrons - estas partículas são combinações de quarks, eles têm massa e residem no núcleo. Os dois
exemplos mais comuns de hádrons são prótons e nêutrons, e cada um é uma combinação de três quarks:

- próton = 2 quarks up + 1 quark down [+1 carga de próton = (+2/3) + (+2/3) + (-1/3)]
- nêutron = 2 quarks down + 1 quark up [0 carga de nêutron = (-1/3) + (-1/3) + (+2/3)]

Bósons: Considera-se que estas partículas mudem quando as interações acontecem. Uma interação é
definida como um impulso ou puxão. Mas isso não nos diz o que é realmente ou como é mediada. Richard
Feynman sugeriu que as interações ocorrem quando duas partículas trocam um bóson, ou partícula de
calibre.
Pense em duas pessoas de patins: se uma pessoa joga uma bola e a outra pega, elas estão sendo empurradas
em sentidos opostos. Nesta analogia, os patinadores são as partículas fundamentais, a bola transportadora da
força e a repulsão é a força. No caso das partículas, vemos a força que é o efeito, mas não a troca.

Há quatro bósons conhecidos:

- glúon - mediador da interação forte, mas apenas opera sobre distâncias de 10-13 cm;
- W e Z - mediador da interação fraca (1/10.000 da interação forte), mas apenas opera sobre distâncias de
10-15 cm;
- fóton - mediador de interação eletromagnética (1/137 da interação forte) e opera sobre uma distância
infinita;

Uma quinta partícula de calibre (gráviton) tem sido proposta, mas ainda não foi encontrada. O gráviton é
considerado como mediador da gravidade, que é 10-39 da interação forte e opera sobre uma distância
infinita.
Historicamente, James Clerk Maxwell unificou a eletricidade e o magnetismo no século XIX. Como os
físicos haviam construído aceleradores mais poderosos com temperaturas e energias mais altas, eles
perceberam que certas interações vinham juntas, ou unificadas.
As experiências com aceleradores de partículas mostraram que a interação eletromagnética e a interação
fraca podem ser agrupadas na interação eletrofraca. Muitos físicos acreditam que todas as forças eram
provenientes de uma única força existente há muito tempo.

As teorias que tentam unificar as forças são chamadas de teorias unificadas ou grandes teorias
unificadas (GTU). Espera-se que as GTUs nos digam que o universo possa ter sido assim em seus
primórdios. Pelo fato das experiências com os aceleradores simularem (o que é considerado como sendo) as
condições que existiam frações de segundo depois do Big Bang, elas podem providenciar evidências para
apoiar ou contradizer várias GTUs.

De acordo com a teoria do Big Bang:

Antes do Big Bang, o universo era extremamente quente e pequeno e a matéria existia apenas como quarks
livres;

Então:

 Uma vez que a explosão aconteceu:


 Uma rápida inchação ocorreu e o universo esfriou;
 Os quarks se combinaram em hádrons;
 As interações se separaram;
 A matéria (átomos) se formou;
 Matéria condensada em galáxias, estrelas, etc.

Aumentando mais e mais os aceleradores de partículas, os físicos podem simular as condições que existiam
dentro de 10-43 segundos do Big Bang!

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