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IV Workshop Cooperação Universidade-Empresa

8 de Dezembro de 2008, UNITAU, Ubatuba-SP

COMPARAÇÃO DA TÉCNICA DE RADIOGRAFIA CONVENCIONAL


COM AS TÉCNICAS DE RADIOGRAFIAS DIGITAIS (FILME DE
FÓSFORO E FLAT PANEL) APLICADA NO COMPONENTE “BRAÇO DE
CONTROLE” AUTOMOTIVO

Minari, R. M.1
Matarezi, J. C.2
Soldá, E.3
Rabello, J. M. B.4
Camargo, J. R.5
ruyminari@yahoo.com.br
matarezijcm@ifi.cta.br
eugenio.solda@ge.com
mauriciorabello@petrobras.com.br
jcamargo@unitau.br
1
UNITAU, Engenharia Mecânica, R. Daniel Danelli, s/n, Jardim Morumby, 12060-440 Taubaté/SP
2
CTA/IFI Praça Marechal Eduardo Gomes, 50 12228-904 SJC/SP
3
GE INSPECTION TECHNOLOGIES, Av. das Nações Unidas, 8501, 1ºandar, Pinheiros, SP/SP
4
PETROBRAS, ENGENHARIA/SL/SEQUI, Rod. Presidente Dutra, Km 143, 12220-840, SJC/SP
5
UNITAU, Engenharia Mecânica, R. Daniel Danelli, s/n, Jardim Morumby, 12060-440 Taubaté/SP

Resumo. A ampliação dos mercados consumidores, assim como a evolução e oferta constante dos
produtos, implicam em desenvolvimento de tecnologias que confiram aos produtos as
características desejáveis de preços atrativos e produção em quantidades que supram a demanda.
Essas novas tecnologias se utilizadas de forma incorreta ou sem estudo prévio, podem não atender
os objetivos e até mesmo apresentar problemas de qualidade e grandes prejuízos as empresas que
adquiriram as mesmas. As tecnologias citadas são as radiografias digitais (filme de fósforo) e a (flat
panel), que tem conseguido aos poucos mercados que antes era somente dos filmes radiográficos.
As mesmas proporcionam diferentes parâmetros de ensaios que levam as consideráveis diferenças
no custo e produtividade. O presente artigo tem o objetivo de avaliar os resultados dos ensaios de
raios X em uma peça de ferro fundido nodular denominada braço de controle da suspensão traseira
veicular, comparando vários parâmetros das técnicas de captação de imagem citadas como: energia
utilizada (KV), miliamperagem (mA), tempo de exposição (seg) e qualidade de imagem (IQI), da
radiografia convencional com as radiografias digital e computadorizada. A qualidade da peça foi
avaliada por dois inspetores conforme normas internacionais utilizadas na indústria automobilística
ASTM E 446 e na indústria aeronáutica ASTM E 192. O furo essencial encontrado para as
radiografias convencional, computadorizada e digital foi 2-1T, onde se pode considerar como
excelente qualidade de imagem, mas quanto ao nível de aceitabilidade das descontinuidades a peça
foi reprovada.

Palavras Chave: Radiografia convencional, Radiografia computadorizada, Radiografia digital, Flat


panel
III Workshop Cooperação Universidade -Empresa, 14 e 15 de Setembro 2007, ALSTOM Taubaté-SP

1. Introdução

O ensaio por radiação penetrante utilizando filmes radiográficos tem sido amplamente utilizado
na medicina, nas indústrias de petróleo, metalurgia, automobilística, naval, aeroespacial e nuclear,
porém com o aumento da competitividade do mercado globalizado, tornou-se necessário o uso de
técnicas mais avançadas que possibilitem maior produtividade com redução de custos.
Dentro das opções atuais, as tecnologias utilizam computadores, assim como os seus softwares
embarcados e com isso tem conseguido vantagens competitivas.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear define em suas normas nucleares que nenhuma
exposição deve ser feita sem que haja um benefício líquido para a sociedade e é neste ponto que as
novas tecnologias fazem à diferença.
Todas as técnicas de captação de imagem têm suas especificidades e aplicações distintas, que
melhor se adaptam as necessidades de cada cliente, mas as novas tecnologias têm conseguido
encontrar mercado que anteriormente somente era da radiografia convencional. A indústria de
petróleo tem utilizado a radiografia computadorizada e a automobilística a digital e em ambos os
casos têm-se um aumento da produtividade, com um custo cada vez mais competitivo.
A única ressalva a ser feita é em relação aos resultados, pois as novas tecnologias ainda
necessitam de procedimentos mais confiáveis para dar maior credibilidade, que naturalmente virá
com a utilização das mesmas no dia-a-dia.

2. Material utilizado

Foi utilizada uma peça de ferro fundido nodular denominado braço de controle de suspensão
traseira utilizada na indústria automobilística, conforme mostrado na Figura 1.

Figura 1 – Braço de controle (suspensão traseira veicular)

3. Conceito do ensaio radiográfico convencional x computadorizado e digital

Os ensaios radiográficos industriais são métodos de ensaios não-destrutivos que se baseiam na


absorção diferenciada da radiação penetrante pela peça que esta sendo ensaiada, onde se utiliza
normalmente um equipamento de raios X.
Devido à diferença de densidade e variação na espessura ou mesmo na diferença das
características de absorção causada por variação na composição do material, onde diferentes regiões
de uma peça absorverão quantidades diferentes da radiação penetrante. Essa absorção diferenciada
de radiação penetrante poderá ser detectada através de um filme ou mesmo de um sistema de
imagem, quer analógico, quer digital.
Essa variação na quantidade de radiação absorvida é detectada através de um meio que irá nos
indicar, entre outras coisas, a existência de um defeito interno na peça ensaiada.
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As radiografias são então usadas para determinar quais as características que uma região de
determinado material apresenta, em relação às diferenças de espessuras ou densidades, se
comparada a uma região vizinha, sendo que diferenças muito grande são mais facilmente
detectadas.
Geralmente, a radiografia industrial pode detectar somente aquelas características diferentes de
uma região, que apresentem uma razoável dimensão em relação à espessura do material ensaiado, e
que esteja orientada no plano paralelo às direções do feixe das radiações, onde essa detecção
dependerá muito da técnica do ensaio realizado.
As descontinuidades do tipo vazio e inclusões que apresentam uma espessura variável em todas
as direções são facilmente detectadas desde que não sejam muito pequenas em relação à espessura
da peça ensaiada.
Em geral, características diferentes que representem 1% ou mais da variação de absorção em
relação à espessura total, poderão ser detectadas, e este ensaio é muito utilizado na inspeção de
fundidos e soldas, particularmente onde se exige a necessidade premente de se evitar
descontinuidades internas no material.
As maiores vantagens na aplicação deste ensaio são:
• Pode ser aplicado na maioria dos materiais;
• Oferece registros permanentes do resultado do ensaio (rastreabilidade);
• Revela a natureza interna dos materiais;
• Pode ser aplicado em processos indicando ações corretivas no caso de constatação de
peças com descontinuidades reprovadas, portanto, não conformes.
A desvantagem ainda continua sendo as doses que os trabalhadores ficam expostos.

4. Instalações e equipamentos utilizados

4.1. Equipamentos de raios X

Para o desenvolvimento desse trabalho foram utilizadas instalações radiativas fechadas,


sendo todas elas aprovadas pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), e utilizam raios X
de potencial constante de energia máxima de 320 KV. Foram utilizados os seguintes parâmetros de
exposições comuns para as 3 técnicas:

• Parede simples vista simples (ps-vs);


• Posição 0º e elipse;
• Espessura da peça ensaiada – 5,5 mm;
• IQI – Número 10;
• Qualidade especificada da imagem – 2-2T (Norma ASME 05);
• Nível específico de aceitabilidade – 2 (ASTM E 446 e 192).

4.2. Radiografia convencional

A radiografia industrial é um ensaio não-destrutivo que pode ser utilizado para a verificação de
desgaste de componentes internos, para verificação de ajuste de montagens, para medir
espaçamentos, espessuras e etc. Entretanto sua maior aplicação consiste na verificação da existência
de descontinuidades internas em materiais opacos pelo uso das radiações X ou raios γ
(HALMSHAW, 1995).
Na radiografia, uma fonte de radiação penetrante é colocada em um dos lados da peça e um
detector de radiação é colocado do lado oposto à fonte de radiação. O detector pode ser eletrônico,
uma tela fluorescente ou, como acontece na maioria das vezes, um filme radiográfico envolto em
um chassi estanque à luz (HALMSHAW, 1995; RABELLO, 2004).
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Quando os raios X ou raios γ atravessam a matéria, eles são absorvidos em uma quantidade que
depende da espessura, densidade do material e do comprimento de onda da radiação propriamente
dita. A presença de descontinuidade interna ao objeto irá produzir variação localizada da radiação
emergente, em outras palavras, o feixe de radiação emergente conterá informações da estrutura
interna do objeto, o que se chama de imagem latente (HALMSHAW, 1995).
A imagem no filme é formada pela propagação em linha reta do feixe de radiação a partir do
foco do aparelho de raios X ou da fonte de raios γ que atravessa o objeto e atinge o filme. O
processo geométrico de formação da imagem radiográfica é exatamente igual ao processo de
formação de sombras a partir da luz visível, onde a definição da imagem sobre um plano depende
do tamanho do foco ou fonte, de sua distância relativa ao objeto e à superfície onde se forma a
imagem. Fontes radioativas e aparelhos de raios X de pequeno tamanho focal irão produzir imagens
mais nítidas (HALMSHAW, 1995).
Na radiografia, após o processo químico de revelação, obtém-se uma imagem do objeto
representada por tonalidades claras e escuras correspondentes às regiões do filme que sofreram
incidência de menor ou maior quantidade de radiação (HALMSHAW, 1995).
A radiografia convencional foi executada no laboratório do CTA/IFI utilizando-se filme
radiográfico da marca AGFA STRUCTURIX D4FW.

4.2.1. Parâmetros de exposição na técnica convencional

• Distância foco-filme – 1.000 mm;


• Distância peça-filme – Junto à peça;
• Tensão – 150 KV na posição 0º e elipse;
• Corrente – 6 mA na posição 0º e elipse;
• Tempo de exposição – 150 seg.

4.2.2. Resultados dos filmes radiográficos

As Figuras 2 e 3 apresentam os resultados das radiografias convencionais nas posições 0º e


elipse.

Figura 2 – Radiografia convencional na posição 0º


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Figura 3 – Radiografia convencional na posição elipse

4.2.3. Avaliação da peça segundo a norma ASTM da radiografia convencional

A Tabela 1 apresenta os resultados da qualidade de imagem das radiografias convencionais e


os níveis máximos de descontinuidades encontrados, segundo as normas ASTM E 446 e 192.

Tabela 1 – Valores encontrados pelos inspetores na técnica de radiografia convencional.

Norma ASTM E 446 E 192


Inspetor A B A B
Bolha de gás Bolha de gás
Descontinuidade Porosidade Porosidade 1/8” e rechupe 1/8” e rechupe
1/8” 1/8”
IQI 2-1T 2-1T 2-1T 2-1T
Nível 5 5 8e6 8e6

4.3. Radiografia computadorizada - RC

A radiografia computadorizada – RC inclui todo o processo de criação de uma imagem digital –


aquisição, processamento, apresentação da imagem e gerenciamento da imagem. No coração da
radiografia computadorizada estão os fósforos especiais que capturam e “armazenam” a radiação.
Como um filme, as placas de imagem são colocadas em cassetes rígidos ou flexíveis; quando
expostas à radiação criam uma imagem latente. A imagem latente é “obtida” com o auxílio de um
escâner de placas de imagem. Um feixe laser do escâner excita os cristais de fósforos que contém
energia armazenada, estes emitem luz visível que é capturada e processada, gerando assim imagem
digital. O processo é conhecido como luminescência foto-estimulada (Photostilmulated
Luminescence – PSL) (KODAK, 2006).
A placa da imagem (Imaging Plates - IP) consiste em minúsculos cristais de fósforo de
fluorescência foto-estimulável misturado a um composto orgânico que é depositado sobre uma base
de polímero de aproximadamente 200 µm espessura. A espessura da camada depositada esta entre
25 e 150 µm. As placas de imagem disponíveis hoje no mercado são feitas de flúor brometo de
bário dopado com európio (BaFBr:Eu+2) ou flúor iodeto de bário dopado com európio (BaFI:Eu+2)
(CORREA, 2006).
As placas de imagem são em média 20 vezes mais rápidas do que os filmes radiográficos. A
redução dos níveis de radiação torna possível o uso menores distâncias de balizamento. As placas
de imagem e os detectores planos em tempo real conseguem atingir a sensibilidade requerida de
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2%, em um tempo relativamente pequeno em comparação com um filme, com uma baixa tensão
(BLAKELEY, 2004).
A criação da imagem latente na placa de imagem baseia-se nos níveis de energia dos elétrons
numa rede cristalina. Os elétrons encontram-se normalmente ligados aos íons de Eu+2 em uma faixa
de energia denominada banda de valência. A radiação ao interagir com a estrutura cristalina da
placa de imagem oxida os íons de Eu+2 transformando-os em Eu+3, e o elétron é elevado a um nível
de energia maior, denominado banda de condução. Os elétrons tendem a retornar o seu estado
fundamental e, para isso liberam energia no mínimo igual à diferença entre os dois estados de
energia envolvidos na transição (banda de valência e condução, em torno de 8,3 eV). Entretanto, a
produção da radiação eletromagnética neste processo é bastante ineficiente, sendo a energia
normalmente liberada sob a forma de calor e, mesmo se isso não ocorrer, os fótons produzidos estão
fora da faixa de luz visível.
Para tornar este processo mais eficiente, durante o processo de fabricação, são introduzidos nos
cristais impurezas ou ativadores que criam níveis de energia entre a banda de valência e de
condução (F ou I). Esses defeitos são também conhecidos como F-centros ou centros de cor. Por
possuírem um potencial de ionização inferior ao cristal, esses centros passam a capturar os elétrons
que saem da banda de valência. Os F-centros são metaestáveis de modo que os elétrons capturados
possam ser novamente apanhados pelo Eu+3 (CORREA, 2006). A irradiação dos elétrons excita os
cristais em seu F-centro. A informação da imagem formada por esta excitação, é estável por muitas
horas e deteriora dentro de dias. Com o uso de um laser vermelho, os cristais são novamente
excitados; esta excitação estimula os F-centros a liberarem as informações armazenadas como um
sinal de luminescência azul (DATABIS, 2005). Este é um processo físico inteiramente reversível
onde a placa de imagem pode ser reutilizada muitas vezes. Expondo à luz branca por um período de
10 a 15 minutos, toda a excitação é liberada e a placa está pronta para ser exposta outra vez
(DATABIS, 2005).
Em geral, as placas são muito robustas e são ideais para as finalidades industriais onde um
sensor mais delicado poderia ser danificado ou adversamente afetado pela sujeira. As placas podem
ser limpas com álcool isopropílico para remover a sujeira e gordura, onde a gordura das mãos pode
afetar severamente a imagem final da radiografia. Os fabricantes afirmam que as placas têm uma
vida útil teórica de dezenas de milhares de exposições, mas os usuários industriais afirmam que em
condições de trabalho, após centenas de exposições, as placas apresentam riscos (BLAKELEY,
2004).
A radiografia computadorizada foi executada no laboratório da Avibras utilizando-se filme de
fósforo para captação da imagem nos equipamentos da GE Tecnologies da marca Pegasus, modelo
TM CR 50P.

4.3.1. Parâmetros de exposição na técnica computadorizada

• Distância foco-filme – 700 mm;


• Distância peça-filme – Junto à peça;
• Tensão – 130 KV na posição 0º e elipse;
• Corrente – 2,4 mA na posição 0ºe 2,6 mA na posição elipse;
• Tempo de exposição – 60 seg.

4.3.2. Resultados da radiografia computadorizada

As Figuras 4 e 5 apresentam os resultados das radiografias computadorizadas nas posições 0º e


elipse.
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Figura 4 – Radiografia computadorizada na posição 0º

Figura 5 – Radiografia computadorizada na posição elipse

4.3.3. Avaliação da peça segundo norma ASTM da radiografia computadorizada

A Tabela 2 apresenta os resultados da qualidade de imagem das radiografias


computadorizadas e os níveis máximos de descontinuidades encontrados, segundo as normas
ASTM E 446 e 192.

Tabela 2 – Valores encontrados pelos inspetores na técnica de radiografia computadorizada.

Norma ASTM E 446 E 192


Inspetor A B A B
Porosidade Porosidade Bolha de gás Bolha de gás
Descontinuidade e Rechupe e Rechupe 1/8” e Rechupe - 1/8” e Rechupe -
1/8” 1/8”
IQI 2-1T 2-1T 2-1T 2-1T
Nível 5e3 5e3 8e6 8e6
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4.4. Radiografia digital - Flat panel

Os sistemas de radiografias digitais oferecem a possibilidade de obtenção de imagens com


exigências de taxa de exposições menos rigorosa do que os sistemas convencionais. As imprecisões
em termos de exposição provocam normalmente radiografias escuras, claras ou com pouco
contraste, o que são facilmente melhoradas com técnicas digitais.
As vantagens dos sistemas de radiografias digitais podem ter as seguintes: exibição da imagem,
redução das doses de raios X, processamento, aquisição, avaliação parcial ou totalmente
automatizada, armazenamento e recuperação da imagem. Assim, toda a operação é simplificada
desde a obtenção da imagem até o tempo de ciclo para se obter, avaliar e arquivar cada imagem
com garantia da rastreabilidade.
A radiografia digital foi executada no laboratório da fundição Tupy utilizando-se equipamento
Rich Seifert DP 435.

4.4.1. Parâmetros de exposição da radiografia digital

• Distância foco-intensificador – 1.270 mm;


• Distância foco-peça – 900 mm;
• Tensão – 200 KV na posição 0º e na posição elipse;
• Corrente – 4 mA na posição 0º e na posição elipse;
• Tempo de exposição – 60 seg.

4.4.2. Resultados da radiografia digital - Flat panel

As Figuras 6 e 7 apresentam os resultados das radiografias convencionais nas posições 0º e


elipse.

Figura 6 – Radiografia digital na posição 0º


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Figura 7 – Radiografia digital na posição elipse

4.4.3. Avaliação da peça segundo norma ASTM da radiografia digital

A Tabela 3 apresenta os resultados da qualidade de imagem das radiografias digitais e os


níveis máximos de descontinuidades encontrados, segundo as normas ASTM E 446 e 192.

Tabela 3 – Valores encontrados pelos inspetores na técnica de radiografia digital.

Norma ASTM E 446 E 192


Inspetor A B A B
Bolha de Bolha de
Descontinuidade Porosidades Porosidades Gás 1/8” e Gás 1/8” e
rechupe 1/8” rechupe 1/8”
IQI 2-1T 2-1T 2-1T 2-1T
Nível 5e2 5e2 8e6 8e6

5. Comentários sobre os resultados alcançados

5.1. Energia (Kilovoltagem - KV)

Analisando os valores de energia utilizados nas técnicas de captação de imagem na posição


0º, foi verificado que a técnica da radiografia computadorizada (130 KV) foi menor do que as
técnicas de radiografia convencional (150 KV) e da digital (300 KV).
Normalmente, os valores de energia aplicados nas técnicas computadorizada e digital
utilizam valores de energias menores, mas neste caso a radiografia digital utilizou-se de uma alta
energia. Neste caso, pode-se afirmar que o receptor plano do sistema de imagem digital deve estar
envelhecendo o que demanda maior energia e após a continuação da sua utilização cai à qualidade
da imagem, que não é o caso deste equipamento.

5.2. Corrente (Miliamperagem - mA)

A corrente utilizada na imagem na posição 0º também é menor nas técnicas


computadorizada (2,4 mA) e digital (4 mA), comparado com a técnica convencional (6 mA). Neste
caso, a radiografia computadorizada mostrou-se que é capaz de alcançar um mercado muito maior,
pois as taxas de exposição devido a corrente ser muito menor.
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5.3. Tempo de Exposição (segundos - seg)

O tempo é um importante parâmetro, pois diz respeito não somente quanto ao equipamento
ficar ligado em “Benn on” (emitindo radiação), mas também diz respeito à produtividade da técnica,
e neste caso as radiografias computadorizada e digital (60 seg) foram muito mais rápidas do que a
convencional (150 seg) para se obter os mesmos resultados.

5.4. Qualidade da Imagem (Indicador de qualidade de imagem - IQI)

A qualidade de imagem manteve-se nos mesmos patamares, isto é, foram obtidos 2-1T em
todas as técnicas radiográficas, como mostrado na Figura 8.

Peça nº 07

Radiografia Radiografia Radiografia Digital (Flat


Convencional Computadorizada Panel)

2-1T

Q
N
U
Í
A 2-2T
V
L
E
I Qualidade de imagem
L
D obtida
A
D Qualidade de imagem
D
E especificada
E

2-4T

Figura 8 – Valor especificado e obtido dos IQI’s para todas as 3 técnicas radiográficas.

5.5. Comentário geral das técnicas radiográficas

O furo essencial encontrado para todas as técnicas radiográficas foi 2-1T, onde se pode
considerar como excelente qualidade de imagem, mas quanto ao nível de aceitabilidade das
descontinuidades a peça foi reprovada.

6. Conclusões

6.1. Radiografia convencional X Radiografia computadorizada

A mobilidade no campo da técnica da radiografia convencional é sem dúvida um diferencial


competitivo, mas a radiografia computadorizada conseguiu melhorar este item, pois não é mais
necessário estoque de filmes radiográficos no campo, uma vez que o filme de fósforo é reutilizado
após o escaneamento e também não se necessita de câmara escura para revelar os filmes, uma vez
que as imagens estão armazenadas diretamente no computador facilitando inclusive a
rastreabilidade.
A indústria de petróleo tem naturalmente se utilizada da técnica da radiografia computadorizada
e a tendência é que a mesma venha em um futuro “breve” a dominar este mercado.
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6.2. Radiografia convencional X Radiografia digital

A mobilidade no campo da técnica da radiografia convencional é sem dúvida um


diferencial competitivo, pois a técnica vai até a peça, o que não é o caso da técnica da radiografia
digital que se faz necessário uma instalação fechada para o ensaio o que acarreta um alto custo
inicial, mas a capacitação de suprir grandes cadências de produção e conseqüentemente a alta
produtividade tem feito esta técnica ganhar mercado principalmente na indústria automobilística.
Os resultados das novas tecnologias digitais ainda estão pautados em ensaios de
laboratórios, mas com o aumento da utilização no dia-a-dia tem-se um aumento na confiança das
técnicas, assim como nos seus resultados.

7. Agradecimentos

Os autores agradecem pelo apoio e orientação aos responsáveis pelo programa de mestrado da
Universidade de Taubaté, CTA/IFI, Petrobras, GE, Avibras, fundição Tupy e a CAPES.

8. Referências

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ASTM E 446 – (Volume I) – Reference radiographs for steel castings up to 2 in (51 mm) in
thickeness – Médium Voltage (Nominal 250 Kvp) X-Rays.
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Blakeley, B., 2004, Digital radiography - is it for you? Insight - Non-Destructive Testing and
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Correa, S C A., 2006, Radiografia industrial computadorizada Rio de Janeiro. 91 f. Trabalho
acadêmico (Radiografia digital) - Laboratório de instrumentação nuclear, COORDENAÇÃO
DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA - COPPE, Universidade
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Minari, R. M.; Moreira, E.V.; Simões, H. R.; Rebello, J. M. A.; Camargo, J. R., 2008, Auxílio no
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Minari, R. M.; Rebello, J. M. A.; Camargo, J.; Matarezi, J. C.; Moura, N. C., 2008, Método
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Moreira, E.V.; Simões, H.R.; Campinho, H.S.; Rabello, J.M.B.; Camargo, J.R., 2007, Radiografia
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Rabello, J.M.B.; Campinho, H.S.; Iguchi, E.T.; Moreira, E. V.; Camargo, J. R., 2007, Utilização da
técnica de radiografia computadorizada na inspeção de soldas circunferenciais na técnica de
parede dupla-vista simples. IV Conferencia Panamericana de END, Buenos Aires.

9. Direitos Autorais

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trabalho.

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