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TEOLOGIA PRÁTICA PENTECOSTAL

1) Tese central. O que há de específico nesse momento da Teologia?


Falar das perspectivas da Teologia Prática Pentecostal só é possível pois ela é parte da Geral. É
importante destacar que a teologia prática só tem dois séculos de elaboração como ciência
teológica, existindo ainda lacunas e especificidades a serem tratadas. O texto visa ajudar na
compreensão, a partir do ethos pentecostal, as particularidades, perfil e desafios encontrados pela
teologia prática pentecostal no século XXI. Esse momento específico da teologia é marcado pela
ação libertadora do Espírito Santo e peças atenção ao contexto dos fiéis.
2) Conceitos importantes:
- Teologia: na história da teologia vemos dois planos diferenciáveis entre teologia e outras ciências:
as realidades celestes (sob responsabilidade da teologia) e as realidades terrestres (sob
responsabilidade das outras ciências). A teologia deveria centrar-se nos temas espirituais.
Entretanto, o giro copernicano na teologia fez com que o ser humano torna-se o eixo da produção
teológica (antropocentrismo). A teologia se faria com e a partir da revelação, mas olhando “de
baixo”, da existência humana. O critério de verificação já não é unicamente a ortodoxia, senão,
sobretudo, a ortopráxis e a ortopathía.
- Ortodoxia: a correta doutrina.
- Ortopráxis: é a ação correta da igreja, diferente de outras práxis ou da práxis dissociada da moral
que não emana da ética cristã.
- Ortopathía: é o sentir e sofrer corretos. Converter o mal do sofrimento em um sofrimento
libertador.
- Orthopathos: é a maneira como convertemos o sofrimento em libertação e o conhecimento em
prática.
- Teologia Pastoral: se ocupa com o “agir da Igreja no mundo”. Tanto na concepção católica
tradicional ou na protestante, essa pastoral é caracterizada pela concepção clerical e conotação
hierárquica, centrada na figura do pastor que exerce diversos ministérios. A vocação da Teologia
Pastoral para a prática é vista no interessse dos pastoralistas em buscar “ajudas concretas que
facilitem a sua missão quotidiana nos diversos âmbitos da ação pastoral”.
- Teologia Prática: se ocupa com a reflexão sobre o “agir da Igreja no mundo” e os desafios da
sociedade. É como se fosse a autocrítica ou a consciência da Teologia Pastoral. Fazer Teologia
Prática é refletir criticamente sobre a teologia que praticamos em nosso contexto. É exercer
sabedoria e discernimento.
- Relação Pastoral e Prática: prática irrefletida tem pouquíssima eficácia. Teoria bem formulada é
extremamente prática. Para ser bem formulado teoria deve nascer da prática. Uma inadequada
concepção desta relação tem levado a extremos improfícuos, que obstruem o desenvolvimento de
uma teologia que deve ser vista em sua amplitude indivisível.
- Teologia Prática Pentecostal: erige-se a partir das experiências pentecostais e de sua identidade
sociocultural e religiosa. É reposta dos pentecostais ao contexto específico, não só como ação
eclesial, mas sobretudo como reflexão teológica sobre esse agir considerando as demandas sociais e
culturais da região. Não há uma estrutura única devido as diferentes realidades, mas em geral é
orientada pela ação do Espírito Santo, que guia suas ações. É espontânea e versátil. O grande
desafio desta teologia é de não cair em um pragmatismo ou empirismo (que sempre rondou a
Pastoral e a Prática) ou ainda se aliar a um fundamentalismo engessando os objetivos da ação
eclesial.
“Organização” da Teologia Prática Pentecostal:
Sujeito: é a comunidade pentecostal em sai complexidade e diversidade (clássico,
tradicional, neo-pentecostal e pós-pentecostal).
Objeto: é a situação presente, a realidade dos fiéis pentecostais que buscam uma resposta
específica de Deus para algum aspecto de suas vidas.
Objeto Material: a manifestação da pentecostalidade universal por meio de pentecostalismos
e de outras experiências não pentecostal do pentecostal
Objeto formal: situação presente. Significa considerar problemas específicos (migração,
pobreza, enfermidade, opressão demoníaca, etc),que convocam À busca de respostas
concretas dentro dos pentecostalismos (curas, milagres, exorcismos). É oferta simbólica para
responder a demanda específica.
Fins: são os mesmo da teologia prática em geral
Método: em essência o mesmo da Teologia Prática, com uma particularidade. É a partir da
situação presente, mas com um olhar no âmbito espiritual (hermenêutica do Espírito).
3) O que muda? O que permanece? Porque razões?
Permanece sendo uma teologia pneumática, com uma diferença, passa a dialogar com as “ciências
do espírito” ou da cultura para fundar teorias que aludam a realidades metafísicas ou sobrenaturais
(ex: experiências espirituais e realidades não convencionais). Por especializar-se na lógica do
Espírito Se torna uma teologia de mosaicos, com fragmentos da doutrina de quase todas as
confissões, construindo um mosaico de verdades, que valem para um momento determinado e que
logo não servem para outra ocasião. Se torna mais pragmática. Sua interdisciplinaridade, uma
novidade, passa por um diálogo entre as ciências e a fé. Vale-se dos dados que vêm da teologia
bíblica, da teologia histórica e da teologia dogmática em correlação com outras ciências.
4) Ponto sugerido pelo grupo
- Presenciamos a grande expansão das igrejas pentecostais e neo-pentecostais. O texto relata o
grande envio de missionários e missionárias afim de fortalecer a missão pela quantidade de
obreiros. Entretanto, o debate sobre o que significa a missão em um mundo plural tem se atualizado.
Bebendo da teologia prática é necessários que essas igrejas revejam e ampliem o seu sentido de
missão, incluindo questões sociais que promovam uma teologia integradora e humanizadora. É
preciso tomar cuidado para que o narcisismo não converta a teologia pentecostal em discurso que
não corresponda ao que vivem de fato as comunidades. A Teologia Prática Pentecostal carrega
consigo o compromisso de alimentar uma eclesiologia alimentada pelo Espírito Santo em seus
diversos modos de agir profético e transformador. É preciso estar atento para que a mística de
Pentecostes aconteça para o desenvolvimento e maturidade da fé, mas também para o
desenvolvimento civil, promovendo a justiça, a paz e o amor fraterno – as bases do Reino de Deus.

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