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Mariae
Programa Integral
de Mariologia
7ª Estrela
A Mariologia do
pós Concílio Vaticano II
Stellarium Mariae
7ª Estrela
ORIENTAÇÕES MARIOLÓGICAS
DO PÓS CONCÍLIO [2ª PARTE]
2ª aula 2
SUMÁRIO
I - INTRODUÇÃO
II - A TEOLOGIA ATUAL?
V - CONCLUSÃO
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I. INTRODUÇÃO
Apesar da desconfiança pelo momento de síntese, a Não se trata apenas do critério didático formal, para a
teologia moderna na verdade amplia e multiplica a distribuição dos conteúdos da catequese e da teologia.
atenção à síntese. Ainda não nos interrogamos sobre o Trata-se de identificar a perspectiva subjacente, o
problema mais difícil e agudo de hoje, isto é, a natureza critério que permite olhar o conjunto do objeto
desse trabalho de síntese, o seu método e a sua relação com a
teológico como uma unidade profunda, que permita
parte histórico-positiva. uma adequada penetração da inteligência e do
Aqui queremos levar em consideração as orientações entendimento.
predominantes sobre o conteúdo desta síntese teológica. Está em jogo a consistência da teologia, entendida como
Parece-nos que, também a este respeito, existem hoje fides quaerens intelectum, entendido como inteligência
duas vertentes de investigação em curso. da fé. Na realidade, este termo nasce com o título que
Santo Anselmo (m. 1109) deu à sua obra que mais tarde se
1) o problema do núcleo de concentração da teologia. chamará proslogion. Este título é uma variante da
É o problema clássico do sujeito e do objeto formal da afirmação de Santo Agostinho: Credo ut intelligam
teologia. A teologia em geral e a Mariologia em particular [acredito para compreender], que significa que a
ocupa-se de Deus ou das coisas de Deus? O Deus ou teologia inspira e guia a compreensão intelectual mais do
Cristo? Era assim que as questões eram apresentadas no que o exatamente oposto.
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momento da escolástica e é assim que nós herdamos a Parece-nos que, nesta matéria, ainda é intransponível a
teologia. orientação dada pelo Vaticano I, ecoando a linha tomista.
I. INTRODUÇÃO É claro que a abordagem dada ao
O Vaticano I diz precisamente que a razão pode problema pelo Vaticano I ainda é
alcançar uma relativa e ao mesmo tempo fecunda abstrata e essencialista.
“compreensão dos mistérios” através de uma obra que Contudo, na nossa perspectiva, a
procura descobrir uma tríplice analogia: novidade posterior, até o Vaticano II,
- a relação das verdades entre elas (diríamos: consistiu não em encontrar e enfatizar
horizontalmente); um método alternativo, mas apenas
- a relação das verdades com a finalidade (diríamos: em enriquecer as linhas do Vaticano
ascender verticalmente, estudar o amadurecimento I por meio de acréscimos de ordem
escatológico da revelação que nos foi dada na existencial e concreta.
história); No fim de contas, a analogia que faz a
- a relação dos mistérios com as respectivas verdades teologia avançar não é apenas aquela
ou próximas de ordem natural (diríamos: descendo que compara e reage dinamicamente
verticalmente, compreedendo o Verbo com a área às verdades, mas também às pessoas e
inferior da razão). às comunidades que as trazem e as
Nos três casos, trata-se de um crescimento da vivem dentro de uma história viva.
inteligência e, portanto, da teologia, através de um Analogia também de pessoas, ou seja,
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Locus Mariologicus
4 - o Homem.
II. A TEOLOGIA ATUAL?
Cada uma dessas quatro perspectivas tem suas Aplicando-se imediatamente à Mariologia: esta
vantagens e suas limitações. perspectiva pode ajudar a ler Maria na perspectiva
A primeira - mais propriamente teocêntrica - é a da santidade e da graça, ou seja, nos seus valores
mais constante na linha tomista (apesar das primários e, apesar das hesitações do discurso sobre
tentativas de demonstrar que a teologia de São Tomás é o pecado original, desde a Idade Média a
também cristocêntrica, ou mesmo antropocêntrica). Mariologia desenvolve-se na linha da «gratia-plena».
Entra mais facilmente naquilo que é essência, aquilo Devemos ter em consideração que isto acontece em
que é primário, aquilo que constitui o primeiro paralelo com o tratado "De Gratia", entre parênteses:
princípio e a meta última da Revelação. este era antes de tudo um "De gratia Dei" mais do que
Pode destacar mais facilmente o que existe de um "De gratia Christi".
universal na Bíblia e na história da salvação, o que A segunda - mais explicitamente cristocêntrica -
também está enraizado no Antigo Testamento e até na sustentada pela escola franciscana e que agora domina o
humanidade extrabíblica. mundo teológico, permite uma atenção mais
Corre-se o risco de reduzir todo o resto à ordem dos específica ao Novo Testamento, à visibilidade da
graça e aos carismas, aos dons e missões, à missão
"meios" (mesmo Cristo), e de não dar atenção
histórica, aos privilégios de Cristo e daqueles 8que
suficiente à história e ao concreto!
Locus Mariologicus
estão "em Cristo".
II. A TEOLOGIA ATUAL?
A Mariologia se beneficiou disso: Maria foi lida no Afinal, também a Igreja, se for assumida não só como
espelho de Cristo, mesmo que muitas vezes em opus Christi (obra de Cristo), mas como Christus totus (a
competição e em paralelismo demasiado aberto com totalidade de Cristo), pode constituir um núcleo de
Cristo. adequada concentração de todo o mistério.
O resultado foi um retrato dos privilégios, não só de Este tipo de teologia permite valorizar os papéis
santidade, mas também de funções de Maria. Aqui o receptivos da fé, do homem, da Igreja e também os
discurso sobre a Assunção como espelho da papéis ativos, isto é a resposta à proposta.
Ressurreição, sobre a Realeza ao lado do Cristo Rei, A Mariologia pode esclarecer esta relação, porque o
sobre a Corredenção junto ao Redentor encontra o seu discurso da leitura de Maria em chave eclesiológica e
lugar mais natural. da Igreja em chave mariológica começou apenas com
A terceira - eclesiocêntrica, ou pelo menos eclesiológica o Concílio Vaticano II.
- é a mais recente. Esta forma de fazer teologia ajuda a vincular melhor
Um nome pode ser indicado: Charles Jornet, que tenta Maria à Igreja, a compreender melhor o seu papel de
sintetizar tudo em torno do tema da Igreja. tipo e figura no sentido em que a Virgem da fé, da
Pode-se até pensar no Vaticano II, na Lumen Gentium que esperança e da caridade sobressai mais do que a Maria
parece ter reunido toda a teologia - em todos os seus dos privilégios! 9
conteúdos, da Trindade à cristologia, à soteriologia, aos
sacramentos e à escatologia - para destacar a Igreja.
II. A TEOLOGIA ATUAL?
A quarta - antropocêntrica - recém nascida, cercada Em todo caso, esse empreendimento obtém crédito
de riscos e suspeitas, procura Reunir tudo o que Deus e frutos na Mariologia pois relaciona Maria com o
disse, centrando-o no homem - mas como um espelho de homem nos seus problemas humanos e aqui o
Deus, e que se refere a Deus como Alguém, que é real, discurso mariológico parece "interessante", ao entrar
verdadeiramente distinto (Totalmente outro), soberanamente em diálogo com as culturas e religiões não cristãs e com os
transcendente e pessoal. humanismos seculares, pelo menos ao nível da introdução
Ainda que isso seja possível sem graves riscos e suspeitas, e abordagem apologética.
pode parecer um empreendimento improdutivo. Faria mais O último problema, neste domínio, é o de ultrapassar
sentido uma teologia vista de fora da fé, esse discurso teria a época de competitividade entre as várias
audiência no mundo cultural, mas apenas como linha de concentrações. Nenhuma das quatro propostas tem
abordagem do mistério. validade garantida se for uma alternativa exclusiva às
Dentro da fé, para quem está dentro, ela pode soar demais.
inútil, ou mesmo pobre, redutora pois parece traduzir Parece difícil pensar em uma solução em que todos os
para uma outra linguagem, mais universal mas não menos quatro venham a se harmonizar.
equívoca e sem muita possibilidade de perceber as nuances Pelo menos podemos afirmar que cada uma destas
e que a especificidade dos termos bíblicos é atingir concentrações é convidada a estar aberta a assumir 10
as
imediatamente a plenitude de significado. exigências das outras.
Locus Mariologicus
II. A TEOLOGIA ATUAL?
Este imperativo aplica-se também à Mariologia a qual
talvez tenha sido construída com espírito
"competitivo" antes do Vaticano II, pois parecia
competir principalmente com a cristologia, hoje quase
parece querer competir com a eclesiologia.
Na realidade, Maria recebe e oferece uma relação
a cada um dos quatro espelhos.
O que importa é que essa reverberação mútua
sempre funcione e seja reconhecida a natureza da
reverberação, ou seja, da correlação, que impede que
a Mariologia passe a ser um discurso autônomo.
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Locus Mariologicus
III. A GRANDE IMAGEM DO MOSAICO
Tendo redescoberto a natureza histórica da Palavra e da Existem três âmbitos que podem ajudar a preencher
Fé, também a teologia foi chamada a adaptar-lhe o esta lacuna para ampliar a universalidade da história da
salvação.
momento de síntese.
1) perante a história da salvação existe a história
Foi assim que nas últimas décadas, sobretudo com o
universal extrabíblica
Concílio Vaticano II, se estabeleceu a referência à
Assim como o cristianismo integrou o Antigo
"história da salvação", também como esquema para a
Testamento ao Novo, mantendo-o unido à Palavra plena e
síntese dos dados, a discussão sobre o núcleo de
definitiva, que é Cristo, a Palavra antiga (aqui está o Cânon
condensação ainda parecia ser limitante.
da Escritura, momento decisivo para a vida da Igreja),
Sentiu-se a necessidade de abrir o discurso da
assim também a tradição religiosa de Israel integrou a
reflexão teológica a maiores possibilidades.
história religiosa pré-abraâmica na sua história. Veja-se os
O novo manual de teologia inspirado na «História
primeiros 11 capítulos do Gênesis que representam uma
da Salvação» representa a tentativa máxima de
analogia, para o Judaísmo, daquilo que o Antigo
preparar uma estrutura nova e aberta para a Testamento representa para o Cristianismo: um
dogmática. momento de preparação, de figura, de antecipação, de
Ainda assim continuamos a assistir que este mosaico premissa. Com isso, a história da salvação é herdeira de
revela estreitezas, limitações, que podem provocar 12
um antes a qual é mais ampla do que o tempo bíblico.
reducionismos, apesar de sua amplitude e
elasticidade.
III. A GRANDE IMAGEM DO MOSAICO
2) a continuidade entre a era Bíblica e a era da Igreja 3) a Igreja testemunha a história da salvação
Apesar do salto qualitativo representado pelo fato de que Finalmente, e continuando a razão anterior,
a revelação pública se encerrou com o fim da era descobre-se hoje que a história da salvação continua
apostólica, Cristo não permanece fechado nas dimensões também na medida em que a Igreja projeta e produz
de Jesus de Nazaré. O Espírito de Cristo ainda está a história da salvação ao nível do compromisso de
operando porque a história da salvação continua. testemunho ativo.
O tempo da Igreja não se reduz a celebrar Nos sinais litúrgicos a Igreja "comemora", faz
sacramentalmente a memória dos acontecimentos memória sacramental que atualiza o passado da
constitutivos da história da salvação. história divina.
Isso seria uma Igreja que se tinha esgotado na realidade e Contudo isso é apenas parte de seu compromisso de
agora só tivesse a possibilidade de se reapresentar de outra ressuscitar a história bíblica. Na verdade, a memória deve
forma, simbolicamente para reviver como historiografia, ser traduzida em re-apresentação e não apenas em
como drama celebrativo. Estamos perante o exato representação.
oposto, o tempo da Igreja ainda é constituído de Este é o nosso momento, esta é a situação atual da
"acontecimentos", de "mirabilia Dei", de "novidades", Igreja e da teologia.
de "kairós", ainda que em relação aos acontecimentos Todos sentimos que sem o compromisso de fazer 13
a
bíblicos não se possa falar de novidade absoluta mas de história, de salvar o homem, a missão da Igreja fica
evento originante. incompleta, a Bíblia corre o risco de atrofiar.
III. A GRANDE IMAGEM DO MOSAICO
Nestas três aberturas, os nós de divisões ocultas herdadas Problemas
de séculos passados, e muitas vezes desconsideradas, vêm à Alguns autores, como Charles Journet tendem a restringir
tona. Já são inevitáveis, se se quiser recuperar a integralidade o "tempo de Maria" ao "tempo de Jesus", quase como se
do sentido da história da salvação também como marco para a Maria não pertencesse ao tempo que precede e ao que se
leitura de todo o objeto teológico.
segue.
É fácil entender como todas essas perspectivas abrem
Mas a presença de Maria na história, ou pelo menos a
novos horizontes para a Mariologia.
leitura histórica do mistério de Maria, não pode ficar
Numa perspectiva histórica ampliada, Maria recebe uma
restrita a um segmento fechado.
nova luz e oferece uma nova luz em relação às religiões
Certamente, nestes novos horizontes tão amplos que
não cristãs e a toda a humanidade e não apenas em
comparação com o Antigo Testamento. abrangem toda a história, surge o problema do que é
Em relação às várias épocas da história da Igreja estas são verdadeiramente específico, aliás individualizado e singular,
assumidas como espelhos autônomos doados pelo Espírito de Maria, abaixo ou além do que pode ser redundância,
com original criatividade para que a Palavra de Deus seja reflexão, eco e expansão de significado.
sempre reconhecida e compreendida de modo novo. Este é um problema análogo ao de Cristo: a leitura do
Em relação aos compromissos de testemunho sempre novo Antigo Testamento à luz de Cristo, e a leitura de Cristo à luz
e concreto com os quais a Igreja é chamada a produzir a do Antigo Testamento. 14
história da salvação abrem-se campos imensos de Até que ponto se pode capturar o real, o singular, o
investigação. definível, tanto de Cristo quanto do Antigo Testamento?
III. A GRANDE IMAGEM DO MOSAICO
Como se podem sobrepor novos significados, algo novo e de certa forma Hoje esse discurso é mais facilmente resolvido na
mais avançado e extrínseco em relação à individualidade histórica teologia. Este último tornou-se cada vez mais sensível à
circunscrita, mesmo que legítimo e, em última análise, destinado por Deus distinção difundida na cultura atual entre "fato" e
e intrinsecamente inserido no mistério global? "significado". O fato permanece algo determinado e
Como num discurso, uma coisa é o sentido determinado das fechado, não cresce nem sofre atenuações em sentido
contrário o significado é o valor e o impacto do fato,
palavras individuais, e outra é o sentido que se desprende da
resultante das relações dinâmicas que se estabelecem na
relação viva das palavras umas com as outras. Podemos usar
história entre eventos não apenas sincrônicos, mas também
esta analogia no mistério cristão global e em seus diacrônicos, e que podem sempre se expandir e, em todo
momentos individuais. caso, caminhar para novos desenvolvimentos.
A questão para a Mariologia é ainda mais premente e Jesus não é apenas a sua realidade física, mas
pertinente dada a relativa dificuldade de compreensão da também o sentido que se oferece e se recebe na teia da
Palavra inicial a respeito de Maria. Em séculos passados história que caminha e o mesmo se aplica a Maria. O
tudo pareceria facilmente uma superestrutura, um revestimento que importa é que a Mariologia esteja atenta a essa dupla
a mais, como que jóias e vestidos ornamentassem mas ao dimensão: fato e significado e por isso procure sempre
mesmo tempo escondessem o rosto bíblico da jovem de determinar o que é específico, único e singular em Maria e o
Nazaré. Na pior das hipóteses a imagem de Maria expressa que é, pelo contrário, derivados e refletidos. Esta
emergência para a Mariologia sobretudo hoje deve
pela mariologia pode aparecer para aqueles que não prestam
evidenciar o significado de Maria em toda a extensão 15 da
atenção ao problema mencionado.
história, mesmo para além do momento bíblico e eclesial.
Locus Mariologicus
IV. A NOVA MARIOLOGIA FUNDAMENTAL
Talvez o aspecto mais novo e característico da teologia A solução deste problema provém do caráter
atual seja o forte destaque dado à mariologia histórico da Palavra e da Fé, ao qual responde cada vez
fundamental, o que vai criando cada vez mais cidadania mais fielmente o primeiro momento da teologia, o
no edifício dos tratados de Mariologia.
histórico-positivo.
Isso se deve, por um lado, ao retorno do momento
sintético, no que diz respeito ao domínio de especializações Analisando em profundidade a história do
às vezes dispersivas, e por outro à urgência de problemas dogma, percebe-se que cada época tem uma certa
culturais externos à mariologia, que atentam contra a fé. unidade própria e, portanto, ofereceu sua própria
Este assédio à integridade das verdades reveladas já não teologia dogmática.
se dirige aos conteúdos específicos, mas em primeiro lugar
A teologia escolástica certamente pretendia criar uma
à sua audibilidade que precede a credibilidade. Estamos
perante o drama da carência de significado, isso se deve, em dogmática que respondesse cada vez mais às instâncias de
parte, ao problema da lacuna entre os dois momentos da "objetividade".
dogmática: Esta forma teológica popularizada por São
- o histórico-positivo; Tomás de Aquino oferecia a sua contribuição na
- o especulativo-sistemático: realização de uma leitura sintética da Palavra a partir de
Como eles podem ser harmonizados?
seus princípios objetivos, especialmente aqueles já
Como implementar a transição do primeiro para o 16
3) O momento ético-político
Não basta extrair o valor da vida, da Palavra, para a ética Da mesma forma, o novo
e a práxis individual, o influxo mariológico do bem comum discurso sobre o papel da
promove a ética do Homem entendido como coletividade, mariologia, no sentido
da Humanidade histórica em sua unidade e totalidade. específico de "fazer
No passado, o momento ético parecia emergir tarde mariologia", da profissão de
demais e de forma muito extrínseca em relação à mariólogo/cultor de Mariologia
mariologia contemplativa e também numa perspectiva está ligado a este motivo.
demasiado individualista. A ético-política da Palavra e da A isto se refere o recente debate
Fé hoje não é pensada como um momento a mais, como sobre a relação entre "Magistério
um capítulo destacado, mas uma formalidade intrínseca, e teologia" e sobre o caráter
universal e determinante do objeto teológico. ideológico de grande parte da
As chamadas teologias da libertação, da revolução, da teologia.
promoção humana, da política e da práxis estão ligadas Certamente todas as propostas
a esta instância. anteriores conduzem a um novo
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método em mariologia.
Locus Mariologicus
V. CONCLUSÃO
Como pudemos observar, a Mariologia
Poderíamos indicar os seus pontos fortes da seguinte imediatamente pós conciliar é um movimento vivo
maneira: por todas essas perspectivas. Certamente o discurso
a) exige uma abertura ecumênica, ontológico-filosófico ainda terá muito a dizer,
principalmente na linha que exalta a "estética". A via
b) obriga a ouvir outras vozes (filosofia, ciência,
pulchritudinis que reconhece Maria como ícone de beleza,
artes e literatura) onde se encontra como esplendor a harmonia do universo
c) é capaz de diálogo com religiões não cristãs e do Verbo e do fruto do Verbo, isto é, a humanidade e a
humanismos não religiosos; Igreja.
d) implica um trabalho interdisciplinar Mas também as três linhas da mariologia
e) evita a escuta de outras vozes de forma arbitrária fundamental específica sinalizam novos caminhos
para a Mariologia. No pós Concílio foram tentadas
f) não degenera no ecumenismo reducionistas
leituras psicológicas e sociológicas de Maria, basta
abdicando da sua identidade pensar no tema de feminilidade, ou o
g) não oferece espaço ao sincretismo por oposição condicionamento social ao longo dos séculos em
ao fundamentalismo relação às visões da Igreja e de Maria.
h) requer um discernimento particular do específico A segunda pista já está bem percorrida, hoje, mais do
cristão e católico que os privilégios de Maria, interessa-nos o "significado"
i) constrói um discurso multivocal, escutando que Maria tem e que os seus próprios privilégios21 têm
em relação aos nossos problemas, mesmo os mais
também fora do âmbito da Palavra
Locus Mariologicus práticos.
V. CONCLUSÃO
O papel de Maria se desenvolve ao nível da
sensibilidade atual para as transformações sociais e
políticas e é analisado com referência a modelos de
libertação, de solidariedade e de paz. Ainda que
devamos acrescentar que às vezes isso é feito de forma
artificial e extrínseca violentando a imagem de Maria
que brota da Palavra!
De qualquer forma, as três últimas indicações
metodológicas da Mariologia ecoam os caminhos do
ecumenismo e da interdisciplinaridade.
Uma última palavra deverá ser dita: devemos ter
cuidado para que a mariologia implemente
cuidadosamente o discernimento do que pertence à
Mãe do Filho de maneira singular e única, para
evitar generalidades e confusões improdutivas ou 22