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O absolutismo Joanino

D. João V, o Magnânimo, subiu ao trono com apenas 17 anos a 9 de


Dezembro de 1706. Este jovem monarca tinha muitos sonhos de como
aumentar a grandeza de Portugal e as condições foram lhe favoráveis.
O governo joanino correspondeu a um período de paz e os cofres do estado
estavam cheios de ouro (devido à recente descoberta de minas de ouro e
diamantes no Brasil). Foi este ouro o principal fator que levou ao esplendor
real do absolutismo joanino.
O nosso rei, era considerado “o Rei-Sol português” isto pois seguia a
imagem de Luís XIV, tentando imitá-lo na autoridade e na magnificência.

O nosso rei recusou reunir as cortes, seguiu o modelo do governo pessoal,


encarnou em Portugal a imagem do rei absoluto e em 1736, procedeu à
reforma das três secretarias, organizando e diminuindo alguns poderes. D.
João V procurou sempre expressar a sua superioridade face à nobreza.
Tendo mesmo banindo da corte, 30 elementos de uma só vez por terem
desrespeitado um funcionário que embora modesto, representava a
autoridade real.

Tal como Luís XVI (Rei Sol), D. João V realça a figura régia através da
etiqueta e do luxo. Adotou a moda francesa nos fatos, nas cerimónias e nos
grandes espetáculos com fogo-de-artifício e com ópera. O rei é o centro
das atenções e do poder.

Uma rígida hierarquização marca o protocolo da corte: para cada evento


(missas, procissões, banquetes, espetáculos) cada elemento tem um lugar
definido de acordo com o seu cargo. Cujos eventos, o rei tem sempre o lugar
central.
O rei era um mecenas das artes e das letras. Ele apoiava bibliotecas,
promoveu a impressão de obras e fundou a Real Academia de História (cuja
tarefa é elaborar a história de Portugal, glorificando o reino, as conquistas e
os seus monarcas).

Para a corte, ele chamava os melhores artistas plásticos estrangeiros e


possibilita aos pintores portugueses mais dotados uma aprendizagem em
Itália. Este também empreendeu uma política de grandes construções (ex.:
O aqueduto das águas livres que libertou Lisboa da escassez de água. O
aqueduto não foi pago pelo rei mas sim por impostos ao povo). Mandou
construir igrejas cujos interiores eram em talha dourada. Remodelou o Paço
da Ribeira e mandou construir o Palácio-Convento de Mafra.

Política externa: o rei foi neutro em relação os conflitos europeus,


protegendo os interesses do nosso império e comércio. Apesar disto, quando
via oportunidades de ter mais prestígio internacional não poupou trabalho e
chegou muitas vezes a mandar o seu exército a pedidos de auxílio do Papa,
por exemplo, quando enviou uma poderosa armada para combater os turcos
que atacavam Itália. O papa retribuiu com a criação do Patriarcado de
Lisboa. O rei não poupou dinheiro em engrandecer as representações
diplomáticas. As embaixadas que enviou (a Viena, Paris, Roma, Madrid e
China) estavam caracterizadas por trajes deslumbrantes, coches
esplêndidos e pela distribuição de ouro pela população. Dando assim,
Portugal a conhecer no estrangeiro pela magnificência do seu rei. Nesta
época (barroca), a ostentação significava autoridade e poder.

O absolutismo joanino

O absolutismo joanino caracterizou-se não só pela grandeza e pelo fausto


do rei e da corte, mas também pela reforma e/ou criação de instituições
políticas e governativas.
A política cultural de D. João V traduziu-se no desenvolvimento das letras,
das ciências e das artes.

Reformas políticas e governação

O absolutismo traduziu-se no fortalecimento do poder real, numa maior


submissão da nobreza, na não convocação das cortes e pelo governo de três
estados.

A política cultural de D. João V

A prosperidade económica e a paz foram determinantes para o


desenvolvimento das letras, das ciências e das artes.

O barroco joanino

O barroco constituiu uma expressão artística adequada à imagem de


grandeza e de magnificência de D. João V. De facto, o barroco joanino, com
os seus efeitos de riqueza e movimento, era uma arte de corte e de luxo,
tendente a fascinar e a provocar a admiração dos seus súbditos. Grandiosas
obras régias de arquitetura, como igrejas, conventos, palácios, solares
foram construídas nesta época.
Foi nos interiores que o barroco joanino se revelou mais original: nos
trabalhos de talha dourada e azulejos e de outras artes decorativas, como a
ourivesaria, o mobiliário…
A decoração barroca distingue-se pela riqueza e abundância dos materiais
usados, pela magnificência das peças e por algum exagero ornamental.
A Europa dos parlamentos: sociedade e poder
político
Enquanto alguns países europeus aceitavam a monarquia absoluta, alguns
rejeitavam-na. É o caso das Províncias Unidas e da Inglaterra onde, o poder
do rei era há muito limitado.

A afirmação política da burguesia nas Províncias Unidas

Em 1568, as setes províncias dos Países Baixos do Norte (atual Holanda),


desejavam liberdade política e religiosa e então, revoltaram-se contra o
domínio espanhol. Dando início, a uma longa guerra pela independência a
qual venceram e nasceu a República das Províncias Unidas. Os países
Baixos do Sul (atual Bélgica) mantiveram-se sobre controlo espanhol.

República das Províncias Unidas:


- Sete pequenos Estados (sob a hegemonia da Holanda)
- Tolerância religiosa, liberdade de pensamento e respeito pela liberdade
individual

A burguesia nas estruturas do Poder

A República das Províncias Unidas, tinha uma estrutura bastante


descentralizada, o que multiplicava os cargos e a disputa destes entre
famílias nobres e burguesas.

Nobres tinham as funções militares- A função máxima era a chefia dos


exércitos, àquele que defende o Estado, o chefe máximo chamava-se o
cargo de Stathouder-Geral. Nesta república os nobres com este cargo eram
os príncipes de Orange, descendentes de Guilherme o líder da revolta
contra Espanha.

Famílias burguesas dominavam os conselhos da cidade e das províncias,


sobretudo no litoral, onde o comércio era maior. Os chefes destas famílias,
estavam afastados dos negócios e concentravam-se apenas só nas
magistraturas. Formavam um grupo à parte, uma espécie de elite
governante, que se situava acima da burguesia dos negócios da qual eram
provenientes. São os que ocupam os principais cargos públicos, sendo que
foram educados em universidades e escolas para tal efeito. Adquirir honra,
não consiste em títulos mas em empregos públicos.
O Grande Pensionário, era o supremo magistrado executivo, espécie de
primeiro-ministro. Era a elite burguesa que assumia a condução dos
destinos da Província da Holanda e por toda a república. Nesta pequena
república de mercadores, os interesses do estado e do comércio uniam-se.
Foi esta união que fez da Holanda uma potência marítima e colonial capaz
de concorrer com os grandes estados europeus.

Contrastando com o resto da Europa, as Províncias Unidas criaram um


modelo descentralizado de governo, dominado, essencialmente, pela
burguesia. Os interesses do estado eram os interesses do comércio. As
Províncias Unidas vão-se tornar uma grande potência marítima e colonial.
Luís XIV, chamava-lhes “República de Mercadores”.

A jurisprudência ao serviço dos interesses económicos:


Grotius e a legitimação da liberdade dos mares

No fim do século XVI, os Holandeses começaram a explorar mais os oceanos


e rapidamente passaram a conhecer as grandes rotas comerciais do
Atlântico e do Índico. Como sabemos, antigamente os oceanos estavam
“divididos” a favor dos espanhóis e portugueses e os holandeses quiseram
contrair esse direito antigo. (o oceano estava assim dividido devido a
doações do Papa e devido ao Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494, em
que os dois países dividiam entre si os mares e as terras de um mundo
ainda mal conhecido.- o mundo dividido em duas partes).

Os direitos de Portugal e Espanha sobre a navegação e as terras


descobertas, desde há muito que eram desrespeitados pela concorrência.
No entanto, a sua contestação só se instalou após 1602, na sequência do
apresamento da nau Sta. Catarina por a Companhia das Índias Orientais
Holandesa. A captura desta embarcação lusa, levou a muitos protestos em
toda a Europa. Foi então, que o holandês Hugo Grotius elaborou uma
extensa série de textos jurídicos, onde procurava legitimar o ato da
Companhia. Um desses textos foi publicado a 1608, com o titulo “A
Liberdade dos Mares (Mare Liberum)”. Nele, Grotius rejeitava o direito das
nações ibéricas à exclusividade das navegações transoceânicas e dizia que
“a navegação é livre para todos e seja para onde for”; “toda a nação é livre
de navegar até outra nação e de com ela estabelecer comércio”; “o mar é
comum a todos”. Ou seja, dizia os mares são propriedade comum de toda a
Humanidade.

As teses de Grotius foram discutidas durante mais de um século e


constituíram uma das bases do Direito Internacional. Com o
desenvolvimento do seu poderio comercial, os Holandeses, nem sempre
defenderam e puseram em prática as ideias de liberdade dos mares, e
muitas vezes defenderam os seus interesses económicos pela força das
armas; A polémica iniciada por Grotius dicou como símbolo da decadência
dos impérios ibéricos, ultrapassados por um pequeno país em que a
burguesia dominava o Estado.
AGORA VAMOS PARA INGLATERRA

A recursa do Absolutismo na sociedade inglesa

Na Inglaterra, o poder do rei foi, desde cedo, limitado pelos seus súbditos.
Na Idade Média, o rei inglês João viu-se forçado a assinar a Magna Carta em
1215 e ficou com os seus poderes limitados. Este documento/diploma
proibia o monarca de lançar impostos ou novas leis sem o consentimento do
Parlamento. Em Inglaterra, muitas foram as tentativas de impor o
absolutismo, mas foram fracassadas, dando origem a revoluções violentas
que, em menos de meio século, conduziram à execução de um rei (Carlos I,
em 1649) e fuga de Jaime II que foi expulso, assim como outros
acontecimentos marcantes.
O sistema político inglês só funcionou bem quando existia acordo entre o rei
e a maioria parlamentar.

PARLAMENTO: assembleia política à qual cabem, em regra, funções


legislativas. Este tipo de órgão apresenta outras designações como
assembleia ou congresso. O atual parlamento inglês é o parlamento mais
antigo, tendo servido de modelo a muitos outros. As suas origens remontam
à magna carta (1215), encontrando-se desde o tempo de Eduardo III (século
XIV) dividido em duas câmaras, que evidenciam a distinção entre o povo e a
nobreza: a Camara dos Comuns (eleita por sufrágio censitário, isto é,
concessão do direito de voto apenas àquelas cidadãos que atendem certo
critérios normalmente de ordem económica) e a Camara dos Lordes, esta
ultima nomeada pelo rei. (o parlamento português é a Assembleia da
República).

A primeira revolução e a instauração da república

Quando no século XVII o absolutismo inglês se impôs na Europa, os reis


ingleses, Jaime I (1603-1625), Carlos I (1625-1649) e Jaime II (1685-1688),
tentaram governar de forma absoluta o que desencadeou a violência e
conflitos na sociedade.

Jaime I (1603-1625), Carlos I (1625-1649), Cromwell (1649-58), Carlos II


(1660-1685) e Jaime II (1685-1688)- deposição do rei, 1689: Guilherme e
Maria de Orange tornam-se reis

As diferenças e o descontentamento entre o Rei e o Parlamento agravaram-


se no reinado de Carlos I, pois este rei cometia ilegalidades nas finanças e
justiça e por isso, desencadeou um movimento contra este rei com
discursos e petições parlamentares. Em 1628, Carlos I, é obrigado a assinar
a Petição dos Direitos em que se comprometia em respeitar as leis antigas,
esta petição impede-o também de proceder a prisões injustas bem como
lançar impostos sem o consentimento do parlamento. Descontente, Carlos I,
ignora o Parlamento e começa a governar de modo absoluto. Em 1642 dá-se
uma guerra civil entre os apoiantes do parlamento e os do rei. Nesta guerra,
lutando pelas forças parlamentaristas (ou seja, da oposição ao absolutismo),
distinguiu-se Oliver Cromwell que se tornou no chefe da oposição ao rei. Em
1649, a guerra termina coma execução do rei Carlos I e é abolida a
monarquia dando início ao governo de Cromwell. A república estava então
instalada e a sociedade inglesa estava mais livre.

Cromwell incapaz de tolerar qualquer oposição, encerra também ele o


Parlamento e é nomeado Lord Protector, iniciando um governo pessoal
altamente autoritário.

A restauração da monarquia. A revolução Gloriosa

Cromwell morre em 1658 e em 1660 é restaurada a monarquia na pessoa


de Carlos II (filho de Carlos I). Durante o seu reinado, as liberdades
individuais dos ingleses são reforçadas por vários documentos, entre eles, o
Habeas Corpus (1679), lei que limita os abusos dos agentes judiciais,
proibindo detenções prolongadas sem que a acusação tenha sido
devidamente formalizada. A Carlos II sucede seu irmão Jaime II, católico que
pretende restaurar o catolicismo e governar de modo absoluto. Estas
atitudes provocaram o desagrado de muitos ingleses que levou a uma vinda
da Holanda, Guilherme de Orange que era casado com Maria, a filha mais
velha do rei que era protestante e ele adepto do parlamentarismo. Em 1688,
desembarcou em Inglaterra à frente de um exército e Jaime II, sem
apoiantes, abandonou o país. Esta revolução conhecida por, Glorious
Revolution (1688), que afirmou o parlamentarismo inglês. Coroados em
1689, Maria e Guilherme de Orange, juraram solenemente respeitar os
princípios escritos na Declaração dos Direitos. Este documento que continua
a ser o texto fundamental da monarquia inglesa, reafirma os princípios da
liberdade individual, reconhece a liberdade de culto para os protestantes,
impede o rei de lançar imposto sem o acordo do parlamento e reconhece a
independência do poder judicial. Pouco depois, estas liberdades foram
reforçadas com a abolição da censura 1695 e o direito de livre reunião.

Em Inglaterra, o rei partilhava o governo com o Parlamento, segundo regras


claramente definidas que protegiam os ingleses do absolutismo.

Locke e a justificação do parlamentarismo

A forma decidida como os ingleses rejeitaram o absolutismo não pode


explicar-se através apenas da Magna Carta. Na Inglaterra, havia um grupo
que constituiu a base social em que se apoiou a luta pelo regime
parlamentar em que era constituído pela burguesia de negócios e por ricos
proprietários rurais que se faziam ouvir e anunciavam os seus ideais.
Oriundo deste grupo (burguesia), surgiu o filósofo John Locke, (1632-1704),
grande filósofo que fundamentou a recusa do absolutismo e a defesa do
parlamentarismo.

No seu livro publicado em 1690, “Tratado do Governo Civil”, defende que os


homens “nascem livres, iguais e autónomos”, pelo que só do seu
consentimento pode existir um poder (governo) a que obedeçam. Esse
poder resulta, de uma espécie de contrato entre os governados e os
governantes, para garantir determinados fins, como garantir a propriedade
privada que Locke considera este ser o mais importante.
Locke defende duas ideias
1) deve existir um contrato entre governados e governantes de forma a
garantir a propriedade privada e a segurança de cada cidadão
2) todo o poder depende da vontade dos governados, estes tem sempre que
quiserem o poder e direito de se revoltarem contra os princípios que podem
os prejudicar.

Datas:

Portugal:
1640: revolta dos nobres portugueses que leva ao fim do domínio filipino
que
1640: Novo rei, D. João IV que criou um núcleo administrativo central (as
secretarias)
1697: última vez que as cortes se reuniram
1706 (9 de dezembro): sobe ao poder D. João V com apenas 17 anos 1
728: Rei baniu da corte 30 elementos por desrespeito a um funcionário
modesto pois este representava a autoridade real de forma a mostrar a sua
superioridade face à nobreza
1746: reforma das 3 secretarias

República das Províncias Unidas:


1568: forte desejo de liberdade política e religiosa, sete províncias dos
Países Baixos do Norte revoltam-se contra o domínio espanhol e nasce a
República das Províncias Unidas
1494: Tratado de Tordesilhas
1602: apresamento da nau Santa Catarina pela Companhia das índias
Orientais Holandesa
1608: Publicação de “Mare Liberum” por Hugo Grotius em que ele procurou
legitimar a atuação da Companhia Holandesa e rejeitou o direito das nações
ibéricas à exclusividade das navegações transoceânicas

Inglaterra:
1215: Magna Carta. Diploma que protegia os ingleses do abuso de poder
real e determinava que qualquer imposto lançado sem o consentimento do
povo era ilegal
1628: rei Carlos I obrigado a assinar Petição de Direitos em que se
comprometia a respeitar as leias antigas
1629: Dissolve o parlamento e dá início a um governo absolutista
1642: guerra civil
1649: Carlos I executado. Monarquia abolida. Inicio do governo de Cromwell
1658: Cromwell morre
1660: restaurada a monarquia com filho de Carlos I, Carlos II
1673: Habeas Corpus
1688: Guilherme de Orange desembarca em Inglaterra- Glorious Revolution.
Deposição de Jaime II
1689: Guilherme e Maria de Orange tornam-se reis de Inglaterra, jurando
solenemente respeitar os princípios da Declaração dos Direitos.
1690: Tratado de Governo Civil- publicado por Locke onde defendia que os
homens nascem livres, iguais e autónomos

Em Inglaterra o rei partilhava poder com o parlamento.

Compreender a importância da afirmação dos parlamentos numa Europa de


Estados Absolutos

Com uma europa maioritariamente absoluta dois países afirmam-se como


parlamentares: a Holanda e a Inglaterra. Isto é, num modelo parlamentar o
poder encontrava-se repartido entre o rei e o Parlamento, onde o
Parlamento ocupava o lugar central na estrutura governativa e a burguesia
ocupa os cargos importantes na administração do Estado, o Parlamento fez
também com que os critérios sociais baseados no nascimento se
esbatessem ou anulasse. A Holanda devido á sua prosperidade económica e
mercantil e a Inglaterra devido aos grandes confrontos entre Parlamento e
Rei tendo sempre o parlamento ganho ao Rei pois, como se sabe, o Rei D.
Carlos I foi decapitado depois de uma revolta. Assim, nota-se que foi
importante para a Europa dois países não se tornarem absolutos e
permanecerem num regime parlamentar contrastando o resto do continente

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