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ESTATÍSTICAS DA BALANÇA

DE PAGAMENTOS E DA
POSIÇÃO DE INVESTIMENTO
INTERNACIONAL
Notas metodológicas
Suplemento ao Boletim Estatístico

Outubro 2015

2
2
Estatísticas da Balança
de Pagamentos e DA
Posição de Investimento
Internacional
Notas metodológicas
Suplemento ao Boletim Estatístico 2015

Lisboa, 2015 • www.bportugal.pt


ESTATÍSTICAS DA BALANÇA DE PAGAMENTOS E DA POSIÇÃO DE INVESTIMENTO INTERNACIONAL – Notas metodológicas |
Suplemento ao Boletim Estatístico 2 | 2015 • Banco de Portugal Av. Almirante Reis, 71 | 1150-012 Lisboa • www.bportugal.pt •
Edição Departamento de Estatística • Design, impressão, acabamento e distribuição Departamento de Serviços de Apoio | Serviço
de Edições e Publicações • Tiragem 1000 exemplares • ISBN 978-989-678-362-4 (impresso) • ISBN 978-989-678-363-1 (online)
• ISSN 1646-9364 (impresso) • ISSN 2182-1739 (online) • Depósito Legal n.o 135690/99
Índice
Introdução | 7
1. Enquadramento concetual | 11
1.1. Definições | 11
1.1.1. Balança de pagamentos | 11
1.1.2. Posição de investimento internacional | 11
1.1.3. Dívida externa | 12
1.2. Princípios e conceitos genéricos | 12
Caixa 1 • Referenciais metodológicos internacionais | 13
1.2.1. Residência | 13
1.2.2. Fluxos e posições | 14
1.2.3. Registo de dupla entrada | 15
1.2.4. Registo em termos brutos e líquidos | 16
1.2.5. Momento do registo | 17
1.2.6. Valorização | 17
1.2.7. Princípio da afetação geográfica | 17
1.3. Critérios de classificação | 18
1.3.1. Balança corrente e balança de capital | 18
1.3.1.1. Bens versus serviços | 18
1.3.1.2. Rendimento primário versus serviços | 19
1.3.1.3. Transferências correntes versus transferências de capital | 19
1.3.2. Ativos financeiros e passivos | 20
1.3.2.1. Categorias funcionais | 20
1.3.2.2. Classificação por instrumento financeiro e maturidade | 21
1.3.2.3. Classificação por setor institucional | 24
2. Metodologia e compilação estatística | 28
Caixa 2 • Principais alterações decorrentes da 6.ª edição do Manual da Balança
de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional | 28
Caixa 3 • Principais fontes de informação utilizadas na compilação
das estatísticas externas | 31
2.1. Bens | 32
2.2. Serviços | 33
2.3. Rendimento primário | 37
Caixa 4 • Tipos de rendimento de investimento, de acordo com o ativo financeiro
subjacente | 38
2.4. Rendimento secundário | 42
2.5. Balança de capital | 44
Caixa 5 • Tratamento estatístico dos fundos comunitários | 45
2.6. Investimento direto | 46
Caixa 6 • Princípio ativo-passivo e princípio direcional nas estatísticas
do investimento direto | 49
2.7. Investimento de carteira | 52
2.8. Derivados financeiros (que não reservas) e opções sobre ações
concedidas a empregados | 53
2.9. Outro investimento | 54
Caixa 7 • Emissão e circulação de notas euro: tratamento nas estatísticas externas | 57
2.10. Ativos de reserva | 58
3. Relação entre as estatísticas externas e as contas nacionais | 59
Anexos | 65
Referências | 71
Suplementos ao Boletim Estatístico | 74

Índice figuras
Figura 1 • Reconciliação entre fluxos e posições | 14
Figura 2 • Discrepâncias estatísticas – Erros e omissões | 16
Figura 3 • Exemplos de relações de investimento direto | 47
Figura 4 • Princípio ativo-passivo versus princípio direcional nas estatísticas
do investimento direto (Portugal) | 50
Figura 5 • Registo dos fluxos e posições associados à emissão e circulação de notas euro
nas estatísticas externas de Portugal | 57
Figura 6 • Estatísticas externas no domínio das contas nacionais,
por setor institucional | 59
Figura 7 • Relação entre os principais agregados das contas nacionais
e as estatísticas externas | 60
Figura 8 • Apuramento da capacidade / necessidade líquida de financiamento | 61

Índice gráficos
Gráfico 1 • Importância das SPE no investimento direto de países selecionados, 2013 | 52

Índice quadros
Quadro 1 • Desagregação dos setores institucionais residentes utilizados
na divulgação das estatísticas externas | 27
Quadro 2 • Afetação dos fundos comunitários às componentes das balanças
corrente e de capital | 45
Quadro 3 • Registo dos fundos comunitários na balança de pagamentos | 46
Quadro 4 • Relação entre os ativos financeiros e passivos da balança de pagamentos
e as contas financeiras | 61
Quadro 5 • Relação entre os instrumentos financeiros das contas nacionais
e os instrumentos e categorias funcionais das estatísticas externas | 62
Siglas e acrónimos
BCE Banco Central Europeu
BCN Banco Central Nacional
BD4 4.ª edição da Benchmark Definition of Foreign Direct Investment
BIS Bank for International Settlements
BPM5 5.ª edição do Manual da Balança de Pagamentos
BPM6 6.ª edição do Manual da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento
Internacional
cif Cost, insurance and freight
cif-fob Cost, insurance and freight – Free on board
CMVM Comissão de Mercados de Valores Mobiliários
COL Comunicação de Operações de Liquidação
COPE Comunicação de Operações e Posições com o Exterior
CSDB Centralized Securities Database
DSE Direitos de Saque Especiais
DU’s Documentos Únicos
Eurostat Serviço de Estatística das Comunidades Europeias
FDIR Framework for Direct Investment Relationships
FEADER Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural
FEAGA Fundo Europeu Agrícola de Garantia
FEDER Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
FEOGA Fundo Europeu de Orientação e Garantia Agrícola
FMI Fundo Monetário Internacional
FMM Fundos do Mercado Monetário
fob Free on board
FSE Fundo Social Europeu
FVC Financial Vehicle Corporation
IDE Investimento Direto do Exterior em Portugal
IES Informação Empresarial Simplificada
IFOP Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca
IGCP Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública
INE Instituto Nacional de Estatística
Intrastat Sistema permanente de recolha estatística, instaurado com vista
ao estabelecimento das estatísticas das trocas de bens entre os Estados-
-Membros da União Europeia
IPE Investimento Direto de Portugal no Exterior

ITENF Inquérito Trimestral às Empresas Não Financeiras


IVA Imposto sobre Valor Acrescentado
n.i.n.r. Não incluídos noutra rubrica
NIPC Número de Identificação da Pessoa Coletiva
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico
PROALV Programa Aprendizagem ao Longo da Vida
QDF Inquérito sobre Transações e Posições de Derivados Financeiros
RNB Rendimento Nacional Bruto
SDDS Special Data Dissemination Standard

SEBC Sistema Europeu de Bancos Centrais


SEC Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais na União Europeia
SIET Sistema Integrado sobre Estatísticas de Títulos
SIFIM Serviços financeiros indiretamente medidos
SNA Sistema de Contas Nacionais
SPE Special Purpose Entities
SSFP Sociedades de Seguros e Fundos de Pensões
TARGET Trans-European Automated Real-time Gross Settlement Express Transfer System
Introdução 7

Introdução
A balança de pagamentos e a posição de inves- e os pagamentos e recebimentos associados
timento internacional integram o conjunto das a rendimento primário (ex: juros e dividendos)
contas externas de uma economia, isto é, das e a rendimento secundário (ex: transferências
estatísticas macroeconómicas que sistemati- correntes); balança de capital, que regista as
zam as relações económicas entre os residen- transferências de capital (ex: perdão de dívi-
tes e os não residentes de uma determinada da e fundos comunitários) e as transações
economia. sobre ativos não financeiros não produzidos

Em Portugal, nos termos da legislação vigen- (ex. licenças de CO2 e passes de jogadores); e

te, a balança de pagamentos e a posição de balança financeira, que engloba as transações

investimento internacional são compiladas relacionadas com o investimento, nomeada-

pelo Banco de Portugal. Estas estatísticas mente investimento direto, investimento de

compreendem um conjunto relevante de indi- carteira, derivados financeiros, outro investi-

cadores económicos, que permitem conhecer, mento e ativos de reserva.

com rigor e em tempo oportuno, a posição de A posição de investimento internacional apre-


Portugal e o desempenho da economia por- senta o valor e a composição do stock de
tuguesa na economia global. Para além da ativos financeiros que um país detém sobre
balança de pagamentos e da posição de inves- o exterior e o valor e a composição do stock
timento internacional, integram também o de passivos desse país que são detidos pelo
conjunto das contas externas compiladas pelo exterior. Alguns exemplos de ativos financei-
Banco de Portugal outros segmentos de infor- ros e passivos são: ações e títulos de dívida,
mação estatística com elas relacionadas, como empréstimos, depósitos bancários, créditos
por exemplo, as estatísticas de dívida externa comerciais, derivados financeiros. As estatís-
e do investimento direto internacional. Em ticas sobre a posição de investimento inter-
conjunto, estas estatísticas disponibilizam nacional especificam as posições em final de
uma representação integrada, consistente e cada período e as componentes que justificam
detalhada das relações externas da econo- a variação de posições entre dois períodos
mia portuguesa, e permitem o seu acompa- consecutivos, as quais podem ser atribuí-
nhamento regular. Dado que são produzidas das a transações (registadas na balança
de acordo com referenciais metodológicos de pagamentos), a variações de preço ou
internacionais, estas estatísticas possibilitam, cambiais, ou, ainda, a outros ajustamentos
adicionalmente, comparações internacionais e (reclassificações estatísticas, deslocalizações
a avaliação da performance económica relati- de empresas, etc.).
va de cada país. A crise económica internacional iniciada em
Pelos motivos expostos, as estatísticas exter- 2008 veio destacar o papel das estatísticas de
nas constituem indicadores fundamentais na qualidade e tempestivas no acompanhamento
análise económica e na avaliação da estabili- e monitorização das economias. Em particular,
dade financeira e das políticas económicas as estatísticas externas tornaram-se funda-
nacionais. mentais no acompanhamento das economias

A balança de pagamentos regista as transa- com dificuldades de financiamento externo.

ções que ocorrem num determinado período Neste contexto, têm sido introduzidas melho-

de tempo entre residentes e não residentes rias qualitativas significativas nas estatísticas

numa determinada economia. Essas transa- externas, quer em termos metodológicos quer

ções são de natureza muito diversa encon- em termos de métodos de compilação.

trando-se classificadas em três categorias Em Portugal, foi particularmente marcante,


principais: balança corrente, que regista a a este nível, a recente experiência no âmbi-
exportação e importação de bens e serviços to do Programa de Assistência Económica e
8 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Financeira, iniciado em 2011, com contributos da posição de investimento internacional; o


muito relevantes das estatísticas externas para Capítulo 2 apresenta a metodologia estatísti-
a análise e avaliação da situação da economia ca de base à compilação e divulgação dessas
portuguesa. Esta experiência contribuiu, tam- estatísticas; no Capítulo 3 é efetuada uma
bém, para a identificação de novas áreas de análise da relação entre as estatísticas exter-
interesse e com potencial analítico no âmbito nas e as contas nacionais. Por fim, nos Anexos
das estatísticas externas. sistematiza-se o detalhe informativo que é dis-

Seguindo a estratégia mundial de alteração e ponibilizado pelo Banco de Portugal no domí-

melhoria das estatísticas externas, nomeada- nio das estatísticas externas, nomeadamente

mente de cobertura, mensuração e divulgação, no Boletim Estatístico e no BPstat | Estatísticas

o Banco de Portugal publicou, em outubro de online.

2014, novas estatísticas sobre a balança de


pagamentos e a posição de investimento inter-
nacional. Esta divulgação consubstancia a alte-
ração mais significativa em termos de apresen-
tação destas estatísticas, operada em Portugal
desde o início de 1999.

As novas estatísticas divulgadas pelo Banco de


Portugal refletem, principalmente, a incorpora-
ção dos resultados do novo sistema de recolha
de informação sobre operações e posições com
o exterior e a adoção das mais recentes reco-
mendações metodológicas internacionais no
domínio destas estatísticas, nomeadamente da
6.ª edição do Manual da Balança de Pagamentos
e da Posição de Investimento Internacional, do
Fundo Monetário Internacional. As novas estatís-
ticas sobre balança de pagamentos de Portugal
são agora mais comparáveis com outras esta-
tísticas e com outros países, e apresentam um
conteúdo estatístico mais adequado para com-
preender e atuar no domínio das relações eco-
nómicas de Portugal com o exterior.

Nesta publicação descreve-se o conteúdo, a


metodologia e o processo de compilação sub-
jacentes às estatísticas externas produzidas e
divulgadas pelo Banco de Portugal. Este docu-
mento constitui, por conseguinte, o manual de
referência destas estatísticas, em substituição
do anterior Suplemento ao Boletim Estatístico
1/99, de fevereiro / março, relativo à Nova
apresentação das estatísticas da balança de
pagamentos.

Este Suplemento encontra-se organizado da


seguinte forma: no Capítulo 1 são apresen-
tados os principais conceitos subjacentes
às estatísticas da balança de pagamentos e
Estatísticas
da Balança
de Pagamentos
e DA Posição
de Investimento
Internacional
Notas metodológicas

1. Enquadramento concetual

2. Metodologia e compilação estatística

3. Relação entre as estatísticas externas


e as contas nacionais
Enquadramento concetual 11

1. Enquadramento concetual
Neste capítulo apresentam-se os principais • Fluxos financeiros entre residentes e não
conceitos e princípios subjacentes à balan- residentes, relacionados, por exemplo, com
ça de pagamentos e posição de investimento investimentos em ações, títulos de dívida ou
internacional de Portugal, os quais são essen- empréstimos; e
ciais para a interpretação adequada destas • Transferências, que são registos aplicados
estatísticas. às transações que não têm associado um
valor económico de contrapartida, como por
1.1. Definições exemplo a ajuda externa ou as remessas de
emigrantes / imigrantes.

1.1.1. Balança de pagamentos As transações são classificadas na balança de


pagamentos de acordo com a natureza dos
Na balança de pagamentos portuguesa encon-
recursos económicos subjacentes. Existem três
tram-se registadas as transações que ocorrem
categorias principais:
entre residentes e não residentes em Portugal
num determinado período de tempo, tipica- • Balança corrente, onde se incluem todas as
mente o mês, o trimestre ou o ano. Apesar de transações sobre bens, serviços, rendimen-
constar na sua designação, não são os paga- tos e transferências correntes;
mentos que são registados na balança de paga- • Balança de capital, que inclui as transações
mentos, mas antes as transações efetuadas. sobre ativos não financeiros não produzidos
De notar que algumas das transações regis- e as transferências de capital; e
tadas na balança de pagamentos podem não • Balança financeira, que engloba as tran-
envolver uma contrapartida monetária, isto é, sações sobre ativos financeiros e passivos,
podem não dar origem a um pagamento. Por que podem ser ações de empresas, títulos
esse motivo, o critério relevante para o registo de dívida, créditos comerciais, empréstimos,
na balança de pagamentos não é o pagamento derivados financeiros, ouro monetário, direi-
mas a mudança de propriedade. tos de saque especiais (DSE). Estas transa-
ções, por sua vez, estão organizadas em
O conceito económico de transação sobre-
categorias funcionais: investimento direto,
põe-se, assim, ao conceito financeiro, o que
investimento de carteira, derivados finan-
permite uma interpretação económica dos
ceiros, outro investimento e ativos de reserva.
resultados da balança de pagamentos e apro-
xima o seu conteúdo ao das contas nacionais. No Capítulo 2 detalha-se a estrutura classifica-
tiva e o conteúdo das várias rubricas da balan-
As transações registadas na balança de paga-
ça de pagamentos.
mentos incluem:

• Exportação e importação de bens, tais como


1.1.2. Posição de investimento internacional
bens agrícolas, matérias-primas, máquinas e
equipamento de transporte, computadores A posição de investimento internacional apre-
e vestuário; senta, num determinado momento do tempo,
normalmente no final do trimestre ou do ano,
• Exportação e importação de serviços, tais
o valor e a composição dos ativos financeiros
como transporte internacional, turismo e
sobre o exterior detidos por residentes em
serviços entre empresas;
Portugal assim como o valor e a composição
• Rendimentos, tais como dividendos e juros, dos passivos de residentes em Portugal deti-
auferidos por não residentes, em resultado dos por não residentes. Em termos de conteú-
de investimentos que detêm em Portugal, e do, a posição de investimento internacional
auferidos por residentes em Portugal, asso- respeita totalmente os instrumentos e respetiva
ciados a investimentos no exterior; classificação constantes na balança financeira.
12 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

A diferença entre os ativos financeiros e os passivos de dívida de Portugal face ao exte-


passivos corresponde ao valor líquido da posi- rior. Os passivos de dívida são os que reque-
ção de investimento internacional. Esse valor rem o pagamento pelo devedor do capital e
pode ser positivo, representando um ativo / ou de juros em determinado(s) momento(s)
líquido de Portugal sobre o exterior, ou nega- futuro(s) e que são devidos a não residentes
tivo, significando um passivo líquido face ao por residentes em Portugal. Incluem-se aqui
exterior. os títulos de dívida emitidos por residentes em

As estatísticas da posição de investimento Portugal e detidos por não residentes, como

internacional evidenciam não só o valor do por exemplo obrigações, papel comercial, e os

stock de ativos e de passivos no final de cada empréstimos concedidos por não residentes

período, como também as alterações ocorri- a residentes em Portugal, depósitos e crédi-

das sobre esses stocks entre dois períodos tos comerciais. Dito de outro modo, a dívida

consecutivos, as quais podem ser devidas a externa compreende todo o stock de passi-

transações, registadas na balança financeira, e vos do país face ao exterior com exceção do

/ ou a outros fluxos, designadamente: que existe sob a forma de capital ou de deriva-


dos financeiros.
• reavaliações; e
À dívida externa bruta, como definida acima,
• outros ajustamentos. pode deduzir-se o stock de ativos de dívida
As reavaliações representam os ganhos ou sobre o exterior, obtendo-se, deste modo, a
perdas em ativos / passivos que derivam de dívida externa líquida. A dívida externa líquida
alterações nas taxas de câmbio (para os ativos de Portugal corresponde, assim, à dívida exter-
/ passivos denominados noutra moeda que na bruta deduzida dos ativos de dívida, i.e. da
não o euro) e / ou nos preços desses ativos dívida de não residentes face a residentes
/ passivos. Estes ganhos ou perdas não são em Portugal, como por exemplo obrigações e
transações. papel comercial emitidos por não residentes e
detidos por residentes em Portugal, emprésti-
Os outros ajustamentos são variações em
mos concedidos a não residentes por residen-
volume dos ativos / passivos, nomeadamente
tes em Portugal e depósitos e créditos comer-
quando surgem ativos no final do período que
ciais sobre o exterior detidos por residentes
não existiam no início ou quando se extinguem
em Portugal.
ativos no final que existiam no início, sem que
tal se deva a transações. Exemplos deste tipo
de variações em volume são: write-offs1 de deter- 1.2. Princípios e conceitos genéricos
minados ativos por parte dos respetivos cre- Em termos metodológicos, a compilação das
dores, falências de empresas, deslocalizações estatísticas da balança de pagamentos e da
de empresas para outras economias, reclassi- posição de investimento internacional de
ficações estatísticas (p.e., de instrumentos ou Portugal respeita as recomendações emana-
setores) e monetarização / desmonetarização das dos organismos internacionais com com-
do ouro. petências no domínio das estatísticas externas.
A Caixa 1 • “Referenciais metodológicos inter-
1.1.3. Dívida externa nacionais” sistematiza essas recomendações
internacionais.
O conceito de dívida externa encontra-se mui-
to associado ao da posição de investimento
internacional. Na realidade, a dívida externa
constitui um subconjunto das estatísticas da
posição de investimento internacional.

As estatísticas da dívida externa portuguesa


refletem o valor e a composição do stock de
Enquadramento concetual 13

Caixa 1 • Referenciais metodológicos internacionais

Em termos metodológicos, a balança de paga- sistematizada no European Union balance of pay-


mentos de Portugal respeita, no essencial, ments / international investment position statistical
as recomendações da 6.ª edição do Manual methods (B.o.p. and i.i.p. book). Por sua vez, o
da Balança de Pagamentos e da Posição de Regulamento (EC) n.º 184/2005 do Parlamento
Investimento Internacional (BPM6, no acrónimo Europeu e do Conselho relativo a estatísticas
em inglês) do Fundo Monetário Internacional comunitárias sobre a balança de pagamen-
(FMI), publicado em 2009. O BPM6 foi desen- tos, o comércio internacional de serviços e o
volvido em simultâneo com o novo Sistema investimento direto estrangeiro, com as alte-
de Contas Nacionais (2008 SNA) e o Sistema rações do Regulamento da Comissão (UE) n.º
Europeu de Contas Nacionais e Regionais na
555/2012 de 22 de junho de 2012, encontra-
União Europeia (SEC2010), garantindo, des-
-se em conformidade com a nova Guideline do
te modo, consistência entre as estatísticas
BCE.
macroeconómicas externas e nacionais.
Adicionalmente, são também respeitadas as
Decorrente da participação na União Europeia
recomendações metodológicas constan-
e na Área do Euro, a balança de pagamentos
tes na 4.ª edição da Benchmark Definition of
de Portugal respeita, também, as orientações
Foreign Direct Investment (BD4), publicada em
suplementares que sobre estas estatísticas
2008 pela Organização para a Cooperação
são emanadas pelo Serviço de Estatística
e Desenvolvimento Económico (OCDE), e no
das Comunidades Europeias (Eurostat) e pelo
Banco Central Europeu (BCE). Guia para compiladores e utilizadores de esta-
tísticas de dívida externa, editado em 2013
Os requisitos estatísticos do BCE no domínio
pelo FMI, no âmbito, respetivamente, das
das estatísticas externas encontram-se defi-
estatísticas do investimento direto e da dívida
nidos na Guideline ECB/2011/23 de 9 dezem-
externa. Estes manuais são também consis-
bro de 2011, com as alterações da Guideline
tentes com o BPM6.
ECB/2013/25 de 30 julho de 2013, dirigida aos
bancos centrais nacionais da Área do Euro, em Os princípios e conceitos descritos neste
consonância com o Regulamento do Conselho Suplemento encontram-se em conformida-
(EC) n.º 2533/98 de 23 de novembro de 1998. de com os referenciais metodológicos aqui
A metodologia definida pelo BCE encontra-se identificados.

1.2.1. Residência só pode ser residente num único território.


O conceito de residência é basilar no domínio O território inclui todo o espaço geográfico
das contas externas – a definição da localiza- gerido por um mesmo Estado, i.e. o território
terrestre, aéreo, marítimo e insular, e os encla-
ção dos agentes económicos envolvidos nas
ves desse Estado situados noutros territórios,
transações determina a sua inclusão / exclu-
como por exemplo embaixadas, consulados e
são do domínio das contas externas.
bases militares.
A residência de um agente económico corres-
Na prática, para definir a residência de um
ponde ao território (ou país) no qual esse agen-
agente económico num território é necessário
te detém o seu centro de interesse económi-
que ele mantenha nesse território, por mais
co predominante, ou seja, o território onde o
de um ano, o seu centro de interesse econó-
agente económico mantém um domicílio a par-
mico predominante.
tir do qual desenvolve, por um período de tem-
po suficientemente longo, uma atividade eco- Para efeitos das contas externas, na delimi-
nómica em escala significativa. Cada entidade tação do território português incluem-se o
14 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

continente e as regiões autónomas (Açores e posições. Os fluxos dizem respeito a atividades


Madeira), assim como as embaixadas, consu- ou eventos que ocorrem durante um determi-
lados e outras representações do Estado por- nado período de tempo, enquanto as posições
tuguês situados noutros países. Deste modo, se referem ao nível dos ativos e dos passivos
são considerados residentes em Portugal: (i) num determinado momento do tempo.
os indivíduos que residem em Portugal há pelo A visão integrada das estatísticas de fluxos e
menos um ano, incluindo os de nacionalidade posições permite constatar que, para cada ati-
estrangeira, e o staff português colocado, por vo / passivo, a diferença entre duas posições é
exemplo, em embaixadas e consulados de totalmente explicada por fluxos (Figura 1):
Portugal no exterior; (ii) as pessoas coletivas
(por exemplo empresas) criadas na ordem jurí- • transações, registadas na balança financeira;
dica portuguesa, incluindo as sucursais e filiais • reavaliações, ou seja, ganhos ou perdas
de empresas estrangeiras; (iii) os trabalhado- resultantes de variações na taxa de câmbio
res de fronteira, sazonais ou de curto prazo, do euro face às moedas em que os ativos
que mantêm em Portugal a sua residência financeiros e passivos se encontram deno-
permanente; (iv) os indivíduos considerados minados e / ou no preço desses ativos finan-
residentes em Portugal nos termos anteriores ceiros e passivos; e
e que se deslocam ao estrangeiro e lá perma-
• outros ajustamentos, i.e. outras variações
necem, ainda que por um período superior a
em volume dos ativos financeiros e passi-
um ano, por motivos de saúde ou de estudo.
vos, que incluem reclassificações estatísti-
As organizações internacionais, independen- cas (de setores ou instrumentos), falências,
temente da sua localização, são consideradas, deslocalizações de empresas e write-offs.
elas próprias, centros de interesse económico
e não são residentes em nenhum território Para a correta reconciliação entre fluxos e posi-
nacional. ções é fundamental dispor de informação de
base detalhada, nomeadamente sobre a moe-
De notar que as estatísticas externas portu-
da de denominação dos ativos financeiros e
guesas podem incluir transações entre resi-
passivos, os preços de mercado aplicáveis e o
dentes em Portugal sobre ativos financeiros
momento em que foram transacionados.
externos ou transações entre não residentes
sobre passivos emitidos por residentes em As estatísticas da balança de pagamentos
Portugal. Conforme se encontra convencio- incluem apenas transações. As estatísticas da
nado no âmbito do Eurosistema, essas tran- posição de investimento internacional referem-
sações devem ser registadas como fluxos na -se a posições e a variações nas posições, que
balança de pagamentos dos países pertencen- incluem transações, reavaliações (variações de
tes à Área do Euro, de forma a garantir sime- preços e variações cambiais) e outros ajusta-
tria e consistência com o tratamento conferido mentos (p.e., reclassificações estatísticas de ati-
nas contas nacionais. vos ou passivos).

1.2.2. Fluxos e posições


Os resultados apurados no domínio das
estatísticas externas referem-se a fluxos e a

Figura 1 • Reconciliação entre fluxos e posições

Ano t-1 Posição final Transações


(= balança financeira)

Variações preço
Fluxos Reavaliações
Ano
Ano tt Variações cambiais

Posição final Outros ajustamentos


Enquadramento concetual 15

1.2.3. Registo de dupla entrada a interligação entre a balança financeira e a

O registo nas estatísticas externas deve respei- posição de investimento internacional e sim-

tar o princípio das partidas dobradas, segundo plifica a interpretação dos resultados: uma

o qual cada transação dá origem a dois registos, variação positiva significa um aumento, quer

um a débito (saída) e outro a crédito (entrada), dos ativos quer dos passivos, enquanto uma
variação negativa reflete uma diminuição,
nas contas de cada país envolvido. Assim, na
dos ativos ou dos passivos.
balança de pagamentos de cada país o total
dos débitos deve ser igual ao total dos créditos. Concretizando com dois exemplos de registos
As contas externas de Portugal refletem os na balança de pagamentos:
registos efetuados na perspetiva dos agentes
• Um residente em Portugal vende bens a
económicos residentes em Portugal. um não residente e recebe a contrapartida
Os registos a crédito e a débito devem ser inter- monetária numa conta bancária no exterior:
pretados da seguinte forma: registo a crédito na balança de bens (expor-
tação de bens) e registo a débito na balança
• Nas balanças corrente e de capital, os regis-
financeira (aumento de um ativo de um resi-
tos a crédito refletem uma exportação de
dente num banco não residente).
bens ou serviços, um recebimento de rendi-
mentos ou de transferências, ou ainda uma • Um donativo em espécie ao exterior feito por
alienação de ativos não financeiros não pro- um residente em Portugal: registo a débito
duzidos. Por sua vez, os registos a débito são na balança corrente, pela transferência para
utilizados para importações de bens e servi- o exterior, e registo a crédito na mesma
ços, para pagamentos de rendimentos ou de balança pela exportação dos bens.
transferências, ou para aquisições de ativos
Pese embora teoricamente o total dos débitos
não financeiros não produzidos.
deva ser igual ao total dos créditos, como decor-
• Na balança financeira, os registos a débito e re do princípio das partidas dobradas, na práti-
a crédito têm diferentes interpretações con- ca tal não acontece devido, sobretudo, a imper-
soante dizem respeito a ativos ou a passivos. feições nas fontes de informação e nos sistemas
Por um lado, um crédito (entrada de dinheiro) de compilação. Por outro lado, a evolução ace-
traduz uma redução de ativos ou um aumen- lerada dos mercados económicos, financeiros
to de passivos, enquanto um débito (saída e das formas de realização dos negócios inter-
de dinheiro) traduz um aumento de ativos ou nacionais, assim como dos instrumentos finan-
uma redução de passivos. Este tipo de regis- ceiros, tem colocado dificuldades acrescidas na
to na balança financeira, que é fundamen- captação oportuna, completa e correta de todas
tal para garantir a identidade contabilística as transações internacionais.
(princípio das partidas dobradas) nas contas Os desequilíbrios entre débitos e créditos
externas, não é, porém, visível na apresenta- resultantes dos fatores expostos são designa-
ção das estatísticas da balança financeira, em dos por erros e omissões, que, integrados na
que se privilegia o registo em termos líquidos, balança de pagamentos, sintetizam as discre-
quer para os ativos quer para os passivos. pâncias estatísticas implícitas em cada ciclo de
Assim, os créditos são deduzidos dos débitos produção. Os erros e omissões, se positivos,
ocorridos no mesmo período, no caso dos refletem um total de débitos (saídas) superior
passivos, e os débitos são deduzidos dos cré- ao total de créditos (entradas), e, se negativos,
ditos no caso dos ativos. A balança financeira o contrário. Os erros e omissões resultam do
é, então, apresentada em termos de “varia- desencontro entre os saldos das principais
ção líquida de ativos” e de “variação líquida de componentes da balança de pagamentos,
passivos”. Esta convenção de registo facilita conforme ilustra a Figura 2.
16 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Figura 2 • Discrepâncias estatísticas – Erros e omissões

Balança corrente
Bens
Serviços
Rendimento primário
Rendimento secundário
Balança de capital
Balança corrente e de capital Saldo = crédito - débito
Variação de ativos líquidos
sobre o exterior
− Erros e omissões
Saldo da balança corrente e
de capital

Var. ativos líq. exterior = Var. líq. ativos - Var. líq. passivos Balança financeira
Investimento direto
Investimento de carteira
Derivados financeiros
Outro investimento
Ativos de reserva

No caso de Portugal, a monitorização dos erros identificadas nos créditos e nos débitos, res-
e omissões por parte do Banco de Portugal petivamente, da balança corrente de Portugal.
constitui uma prática habitual no âmbito do Se, no entanto, um residente em Portugal ven-
controlo qualidade do processo de produção der e comprar títulos estrangeiros no mesmo
das estatísticas externas. Para além dos desfa- período temporal, apenas o valor líquido (ven-
samentos temporais no registo das contrapar- da líquida, se as vendas excederem as compras,
tidas, refletidos na alternância sucessiva entre ou compra líquida, se as compras excederem
sinais positivos e negativos, os erros e omis- as vendas) é evidenciado na balança financeira
sões podem também indiciar problemas de de Portugal. Em consequência, podem encon-
sobre / subavaliação ou mesmo de não-cober- trar-se registos de sinal negativo na balança
tura do sistema de compilação das estatísticas financeira, que têm a ver com a diferença de
externas. magnitude dos fluxos financeiros de entrada
e de saída. As transações e os outros fluxos
1.2.4. Registo em termos brutos e líquidos sobre ativos financeiros e passivos são regista-
dos como variações líquidas de ativos e varia-
As transações são registadas em termos brutos
ções líquidas de passivos, respetivamente. Este
nas balanças corrente e de capital, de forma a
princípio de registo é aplicado ao nível mais
expor os dois sentidos do comércio internacio-
detalhado da classificação dos instrumentos
nal de bens e de serviços e da troca de ativos
financeiros, dentro de cada componente prin-
não financeiros não produzidos. Na balança
cipal de ativos e de passivos.
financeira, as transações são apresentadas em
termos líquidos quer para a aquisição de ativos Existem, contudo, exceções às regras de registo
externos por residentes em Portugal quer para acima definidas, como por exemplo:
a aquisição por não residentes de passivos emi- • Na balança corrente, as operações de mer-
tidos por residentes em Portugal embora não chanting (também designado por comércio
se compensando ativos e passivos. triangular)2, que são apresentadas em ter-
Assim, por exemplo, se num determinado mos líquidos, do lado dos créditos, refletindo
período uma entidade residente em Portugal exportações líquidas. Se o valor das impor-
simultaneamente exportar e importar auto- tações exceder o das exportações, o valor a
móveis, essas exportações e importações são registar a crédito é negativo, traduzindo uma
registadas de forma separada, podendo ser exportação líquida negativa; e
Enquadramento concetual 17

• Na balança financeira, as transações sobre 1.2.6. Valorização


derivados financeiros, que dão origem a A base de valorização das estatísticas externas
um registo apenas do lado dos ativos, e consiste na utilização de preços de mercado.
são calculadas em termos líquidos entre
No caso das transações da balança de paga-
transações sobre ativos e transações sobre
mentos, o preço de mercado equivale ao valor
passivos. Deste modo, nesta rubrica não se
que o comprador paga ao vendedor. Esse
distinguem as transações sobre ativos das
valor leva em consideração todos os descon-
transações sobre passivos.
tos, abatimentos e ajustamentos efetuados
Na posição de investimento internacional, as pelo vendedor.
posições de ativos financeiros e passivos são As exportações e importações de bens são
registadas em termos brutos. Quer isto dizer valorizadas free on board, que quer dizer “ao
que para um mesmo tipo de instrumento finan- valor de mercado na fronteira do país exporta-
ceiro, as posições sobre ativos são registadas de dor” (inclui custos de seguros e de transportes
forma autónoma das posições sobre passivos. até essa fronteira). O valor de mercado das
Um exemplo: um título de dívida de curto pra- transações sobre ativos financeiros e passivos
zo emitido por um não residente e detido por exclui quaisquer comissões, taxas e impostos
um residente é registado em ativos, enquanto que sobre elas incidam. Estes devem ser regis-
um título de dívida de curto prazo emitido por tados nas rubricas apropriadas da balança
um residente e detido por um não residente corrente.
é registado em passivos. A única exceção ao As posições em ativos financeiros e passivos
registo em termos brutos prende-se com os são também valorizadas aos preços de merca-
derivados financeiros, em que as posições são do vigentes na data de referência das estatísti-
registadas em termos líquidos apenas do lado cas. Na ausência desses preços, são utilizados
dos ativos. outros equivalentes – o exemplo típico deste
caso é a valorização da participação no capital
1.2.5. Momento do registo de empresas não cotadas, em que é geralmen-
te utilizado o valor contabilístico dos fundos
O momento de registo nas contas externas
próprios, como proxy do valor de mercado das
corresponde ao momento em que um determi-
empresas. Os empréstimos, depósitos, crédi-
nado valor económico é criado, transformado,
tos comerciais e outras contas a receber e a
trocado, transferido ou extinto. Este momento
pagar são normalmente valorizados a valor
equivale ao da mudança de propriedade, ou, no
nominal.
caso de um serviço, quando este é prestado.
Deste modo, o princípio da mudança de pro-
1.2.7. Princípio da afetação geográfica
priedade é fundamental para a determinação
Globalmente, as estatísticas externas portu-
do momento de registo dos bens, ativos não
guesas refletem as transações e posições da
financeiros não produzidos e ativos financeiros.
economia portuguesa face ao resto do mun-
O conceito prevalecente é o da propriedade
do, i.e., ao conjunto dos não residentes em
económica, que é atribuída a quem assume os
riscos e recebe os benefícios dos bens e ativos. Portugal. Contudo, são também disponibili-
zadas estatísticas face a países, considera-
Por analogia com a contabilidade das empre-
dos individualmente, ou a grupos de países
sas, o momento de registo nas estatísticas
(agregados geográficos), como por exemplo a
externas respeita o princípio contabilístico da
União Europeia ou a Área do Euro. Esta desa-
especialização dos exercícios3. Quando não
gregação geográfica é facultada não só para os
é possível garantir a aplicação deste princípio,
principais agregados da balança de pagamen-
utiliza-se, em alternativa, o momento do paga-
tos, como também para algumas componentes
mento. Esta alternativa utiliza-se com maior fre-
das balanças corrente, de capital e financeira.
quência nos apuramentos mensais da balança
de pagamentos e nos apuramentos estatísticos O princípio básico na alocação geográfica das
de caráter provisório. estatísticas externas consiste na identificação
18 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

da economia de residência da contraparte da 1.3.1. Balança corrente e balança de capital


transação ou da posição. Para o efeito, utiliza- A balança corrente inclui as transações entre
-se o critério definido em 1.2.1. Porém, na prá- residentes e não residentes sobre ativos pro-
tica existem mais dificuldades na identificação duzidos (bens e serviços), rendimento primá-
do país de residência da contraparte, porque rio (rendimento proveniente da utilização dos
esse país nem sempre é do conhecimento da fatores de produção, capital e trabalho) e ren-
entidade residente, que é quem normalmente dimento secundário (transferências corren-
comunica essa informação. tes). A balança de capital inclui as transações
entre residentes e não residentes sobre ativos
No caso das estatísticas da balança de paga-
não financeiros não produzidos e transferên-
mentos de Portugal é utilizado o princípio
cias de capital.
genérico, i.e., o país de residência da contra-
parte envolvida na transação. Nas estatísti- O saldo conjunto das balanças corrente e de
cas de posições (da posição de investimento capital traduz a capacidade ou necessidade
internacional) é utilizado, no caso dos ativos, de financiamento de um país face ao exterior
o país de residência do emitente, e, no caso em determinado período de tempo. Assim,
dos passivos, o país de residência do detentor o país apresenta uma capacidade líquida

(princípio devedor / credor). Quando o país do de financiamento quando o saldo conjunto


destas balanças é positivo e uma necessida-
detentor não é conhecido, utiliza-se, em alter-
de líquida de financiamento quando aquele
nativa, o país de residência do agente econó-
saldo é negativo.
mico envolvido na transação, ou o da institui-
ção financeira interveniente, localizada num No domínio das balanças corrente e de capi-
centro financeiro internacional. tal, existem situações em que não é clara a
distinção entre as rubricas que as compõem.
As maiores dificuldades classificativas no âmbi-
1.3. Critérios de classificação
to das balanças corrente e de capital encon-
As transações e posições entre residentes tram-se ao nível da distinção entre (i) bens e
e não residentes são registadas nas contas serviços, (ii) transferências correntes e transfe-
externas de acordo com vários critérios de rências de capital, e (iii) rendimento primário e
classificação, o que lhes confere mais valor serviços. Nos pontos seguintes apresentam-se
informativo e significado económico, e reforça alguns exemplos.
o seu potencial analítico permitindo a utiliza-
ção integrada com outras estatísticas económi-
1.3.1.1. Bens versus serviços
cas. Os agregados classificativos visam, essen-
Nas estatísticas macroeconómicas, as rubricas
cialmente, agrupar componentes idênticas e
de bens e serviços representam os principais
diferenciar componentes com caraterísticas
outputs das atividades produtivas. Bens são
distintas. Nesta Secção descrevem-se as clas-
itens físicos, cuja propriedade pode ser per-
sificações mais importantes das transações,
mutada entre agentes económicos através da
entre as balanças corrente e de capital, as realização de transações. A produção de um
principais caraterísticas dos ativos financeiros bem pode ser separada da sua subsequente
e passivos e das suas diferentes agregações, e venda ou revenda. Serviços são o resultado
as categorias funcionais utilizadas na desagre- de atividades que alteram as condições do
gação das posições, fluxos de rendimento, e consumidor ou que facilitam a troca de produ-
transações da balança financeira. Outras clas- tos e de ativos financeiros. Em geral, não são
sificações adicionais tipicamente utilizadas nas estabelecidos direitos de propriedade sobre
contas externas, como por exemplo, a seto- os serviços e estes não podem ser separados
rização institucional, são também abordadas da sua produção. Existem, contudo, exce-
nesta Secção. ções, nomeadamente ao nível dos produtos
Enquadramento concetual 19

de propriedade intelectual, tais como softwa- atribuídos pelas empresas de investimento


re informático e gravações áudio-vídeo, que direto (afiliadas) aos seus investidores diretos.
podem ser tratados de forma separada da sua Por um lado, existem situações em que o inves-
produção. tidor direto disponibiliza serviços de gestão e
Outras situações em que não é clara a distin- administrativos às suas afiliadas, sem qualquer
ção entre bens e serviços: encargo explícito e sem registo dessa receita
/ despesa nas contas da empresa-mãe / afilia-
• O valor dos bens pode incluir alguns ser-
das. Por outro lado, tem também acontecido a
viços, como por exemplo os serviços de
situação contrária, em que se verificam transa-
transporte e de seguros dentro da econo-
ções, por vezes significativas, de serviços entre
mia exportadora e os serviços de comércio
empresas afiliadas sem que tal resulte da pres-
incluídos no preço dos bens. (Já o custo do
tação efetiva de serviços. A dificuldade em dis-
transporte e dos seguros a partir da fron-
tinguir rendimentos do investimento direto de
teira da economia exportadora é registado
serviços entre empresas afiliadas tem, natural-
em serviços).
mente, reflexo na interpretação dos resultados
• Por outro lado, o valor de alguns serviços das estatísticas externas.
pode também incluir bens. Estão nesta
situação: viagens e turismo, construção, e
1.3.1.3. Transferências correntes versus
bens e serviços das administrações públicas
n.i.n.r. (não incluídos noutra rubrica). transferências de capital
As transferências correntes entre residentes e
• Por fim, podem existir serviços e bens asso-
não residentes são registadas na componen-
ciados a uma mesma transação internacio-
te de rendimento secundário da balança cor-
nal, nomeadamente o transporte de mer-
rente, enquanto as transferências de capital
cadorias, os serviços de transformação de
incluem-se na balança de capital.
recursos e os serviços de manutenção e
reparação. Ao contrário de uma operação comercial, uma
transferência é uma transação que disponibi-
liza um bem, serviço ou ativo a outro agente
1.3.1.2. Rendimento primário versus serviços
económico sem o correspondente valor eco-
Os rendimentos resultantes da utilização dos nómico de contrapartida (quid pro quo). A dis-
fatores de produção (capital e trabalho) são
tinção entre transferência corrente e transfe-
registados na rubrica de rendimento primário.
rência de capital efetua-se, normalmente, com
Exemplos de rendimentos associados ao capi-
base no efeito produzido no rendimento dis-
tal são: juros, dividendos e lucros reinvestidos.
ponível das partes envolvidas. Assim:
Uma primeira dificuldade classificativa tem a
• As transferências correntes produzem um
ver com a distinção entre rendimentos do tra-
impacto direto no nível de rendimento dispo-
balho e serviços. Neste domínio é essencial
nível, influenciando o consumo de bens e de
identificar, primeiro, se existe ou não uma rela-
serviços. De facto, o rendimento disponível
ção empregador-empregado entre um resi-
da parte doadora diminui enquanto o rendi-
dente e um não residente. Se uma empresa
mento disponível da parte recetora aumen-
residente compra um serviço a uma entidade
ta. O registo em transferências correntes,
independente não residente, está-se perante
na verdade, corresponde à contrapartida de
uma importação de serviço. Se, pelo contrá-
transações com não residentes que envol-
rio, contrata um trabalhador não residente
vem ativos reais registados em bens, serviços
para efetuar esse serviço, logo estabelecendo
ou contas financeiras. Em transferências cor-
uma relação empregador-empregado, então o
rentes incluem-se as transferências pessoais,
pagamento efetuado encontra-se definido no
como por exemplo as remessas de emigran-
âmbito dos rendimentos do trabalho.
tes / imigrantes e os prémios de jogo, e, ain-
Uma outra dificuldade classificativa prende-se da, os donativos públicos, as multas e penali-
com os rendimentos sob a forma de dividendos zações e as outras transferências; e
20 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

• As transferências de capital não afetam o ativos conferem o direito a quem os detém de


rendimento disponível das partes envolvi- receber no futuro fundos ou outros recursos,
das. Compreendem o perdão de dívida, os os quais são devidos pela contraparte envolvida
pagamentos de seguros não-vida associa- no contrato, para quem a obrigação de pagar
dos a situações de catástrofe, e os apoios representa um passivo. Alguns exemplos deste
ao investimento. tipo de direitos são as participações de capital,
os depósitos e outros instrumentos de dívida e os
Regra geral as transferências são registadas
derivados financeiros. O ouro monetário é tam-
no momento em que são distribuídos os bens,
bém um instrumento financeiro, mas não origina
realizado o serviço, ou desembolsado o dinhei-
qualquer responsabilidade como contrapartida.
ro. A valorização das transferências não mone-
tárias geralmente corresponde ao valor dos Em contraste com os ativos financeiros, os ati-
bens e serviços subjacentes. vos não financeiros não têm associada qual-
quer responsabilidade.
Um exemplo típico da necessidade de destrin-
ça entre transferências correntes e transfe-
rências de capital, no caso da balança de paga- 1.3.2.1. Categorias funcionais
mentos portuguesa, prende-se com os fundos
Nas estatísticas externas as categorias funcio-
da União Europeia (Caixa 5 • “Tratamento
nais são utilizadas como classificação básica
estatístico dos fundos comunitários”). e elementar para as transações e posições
financeiras e respetivo rendimento. São cinco
1.3.2. Ativos financeiros e passivos as categorias utilizadas: investimento direto;
investimento de carteira; derivados financei-
Os ativos financeiros integram o conceito
ros (que não reservas) e opções sobre ações
dos ativos económicos, no contexto das con-
concedidas a empregados; outro investimen-
tas económicas. Os ativos económicos são
to; e ativos de reserva.
recursos sobre os quais recaem direitos de
propriedade e dos quais podem fluir, para As categorias funcionais baseiam-se, em primei-
o seu detentor, benefícios económicos futu- ro lugar, na classificação dos ativos financeiros
ros. Incluem, por exemplo, ativos fixos, como e passivos apresentada na Secção 1.3.2.2, mas
equipamentos e resultados da investigação e também levam em consideração as caraterísti-
desenvolvimento, que são usados repetida ou cas da relação entre os agentes económicos e
continuamente na produção por mais de um a motivação para o investimento, facilitando a
ano, e, ainda, inventários (mercadorias e pro- análise, designadamente ao permitir distinguir
dutos), bens de valor, ativos não produzidos, e diferentes padrões de comportamento. Por
ativos financeiros. exemplo, a classificação de um empréstimo em
investimento direto ou em outro investimento
Relativamente aos ativos económicos, as con-
reflete naturezas diferentes na relação entre as
tas económicas normalmente distinguem os
partes, e, consequentemente, riscos e motiva-
ativos produzidos dos ativos não produzidos.
ções distintos.
Nas estatísticas externas, a classificação das
transações sobre ativos económicos reflete Detalham-se a seguir os principais elementos
uma distinção a três níveis: ativos produzidos, distintivos das categorias funcionais dos ativos
que são registados na balança corrente; ativos financeiros e passivos das estatísticas externas:
não financeiros não produzidos, registados na • O investimento direto define-se pela exis-
balança de capital; e ativos financeiros e passi- tência de controlo ou grau significativo de
vos, que são registados na balança financeira. influência sobre uma empresa, sendo que
Os ativos financeiros e passivos são classifica- está normalmente associado a uma relação
dos na balança financeira por instrumentos duradoura. O tipo de relação entre as par-
financeiros, que são contratos financeiros entre tes é o elemento distintivo entre o investi-
agentes económicos. A caraterística funda- mento direto e, por exemplo, o investimento
mental destes instrumentos financeiros é a de de carteira, em que o investidor tipicamente
que representam ativos financeiros com uma desempenha um papel pouco significativo
responsabilidade associada. De facto, esses na gestão da empresa;
Enquadramento concetual 21

• O investimento de carteira difere das outras (1) participações de capital e de fundos de


categorias funcionais porque reflete uma investimento, (2) instrumentos de dívida, (3)
forma direta dos investidores acederem aos outros ativos financeiros e passivos. Descreve-
mercados financeiros e, por conseguinte, se a seguir o conteúdo de cada uma destas
traduz liquidez e flexibilidade. Está, portanto, classes, nomeadamente os ativos financeiros
muito associado aos mercados financeiros; e passivos incluídos em cada uma delas.
• A natureza dos derivados financeiros (que O detalhe classificativo apresentado é compa-
não reservas) e opções sobre ações con- rável internacionalmente.
cedidas a empregados, como instrumentos
que negoceiam risco nos mercados finan- Participações de capital e de fundos
ceiros, justifica a existência de uma cate- de investimento
goria própria, autónoma dos outros tipos As participações de capital e de fundos de
de investimento. Os outros instrumentos
investimento apresentam a caraterística parti-
financeiros, embora possam também ter
cular de conferirem ao seu detentor um direi-
associados elementos de transferência de
to residual sobre os ativos da entidade emi-
risco, têm como objetivo principal a oferta
tente do instrumento (residual na medida em
de recursos (financeiros ou outros);
que, em primeiro lugar, está a satisfação das
• O outro investimento é, por definição, uma obrigações face aos credores).
categoria residual que inclui as transações
As participações de capital representam os
e posições que não estão classificadas em
fundos que o seu detentor possui na entidade
investimento direto, investimento de cartei-
emitente e constituem uma responsabilidade
ra, derivados financeiros (que não reservas)
desta. As participações de capital representa-
e ativos de reservas. Não obstante, o outro
das sob a forma de títulos são, por exemplo,
investimento inclui um grande volume de
transações internacionais, nomeadamen- as ações (ações comuns e ações preferenciais,
te as que são intermediadas por bancos e entre outras). As ações, por sua vez, podem
outras instituições financeiras, através de ser cotadas numa bolsa de valores (ações
empréstimos e de depósitos; e cotadas) ou não cotadas (ações não cotadas).
Ao contrário dos instrumentos de dívida, os
• Os ativos de reserva são disponibilizados de
instrumentos de capital normalmente não
forma autónoma porque servem um propó-
conferem ao seu detentor o direito a receber
sito diferente e, logo, são geridos de forma
um determinado valor no futuro.
distinta dos outros ativos. Incluem um con-
junto de instrumentos também incluídos Este instrumento envolve, também, outras par-
noutras categorias (ex: depósitos e outros ticipações, designadamente as que não estão
instrumentos de dívida), com a particulari- representadas por títulos. Inclui as participa-
dade de que são denominados em moeda ções em quase-sociedades, como por exemplo
estrangeira, são emitidos por não residentes sucursais, trusts e outras parcerias, e investi-
na Área do Euro e são detidos pelo Banco de mento em imóveis e recursos naturais (unida-
Portugal. Os instrumentos classificados em des “nocionais”).
ativos de reserva têm como principais objeti-
As participações em fundos de investimen-
vos distintivos a satisfação das necessidades
to são títulos de capital (unidades de partici-
de financiamento da balança de pagamentos
pação) emitidos por fundos de investimento.
e a intervenção no mercado para influenciar
Os fundos de investimento são entidades
a taxa de câmbio do euro.
de investimento coletivo através das quais
os investidores investem em ativos financei-
1.3.2.2. Classificação por instrumento financeiro ros e / ou não financeiros. As participações
e maturidade em fundos de investimento têm um papel
Nas estatísticas externas portuguesas, a clas- particular na intermediação financeira, dado
sificação dos ativos financeiros e passivos res- que são um tipo de investimento coletivo em
peita as seguintes três classes elementares: outros ativos. Por esse motivo são identificadas
22 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

separadamente das participações de capital. Distinguem-se de acordo com a maturidade


Adicionalmente, o tratamento do seu rendi- original:
mento é diferente porque é necessário impu- • Títulos de dívida de curto prazo: quando
tar lucros reinvestidos. Os fundos podem ser o pagamento é devido imediatamente, sob
do mercado monetário ou outros fundos de pedido, ou quando os títulos são emitidos
investimento. As participações de outros fun- com uma maturidade original inferior a um
dos de investimento incluem, por exemplo, ano. Estes instrumentos são normalmente
fundos de investimento em ações, fundos de transacionados a desconto em mercados
investimento obrigacionista e fundos de inves- organizados. O desconto depende da taxa
timento imobiliário. de juro e do tempo que resta para a maturi-
dade. Exemplos: bilhetes do tesouro e papel
Instrumentos de dívida comercial; e
Os instrumentos de dívida conferem ao seu • Títulos de dívida de longo prazo: são títulos
titular o pagamento do capital e / ou de juros emitidos com maturidade original superior
em determinado(s) momento(s) no futuro. a um ano ou sem maturidade pré-definida
Incluem, designadamente, DSE, numerário e (exceto sob pedido, que é de curto pra-
depósitos, títulos de dívida, empréstimos, regi- zo). Oferecem habitualmente ao detentor
mes de seguros, pensões e garantias estandar- (i) o direito incondicional de receber um
dizadas, créditos comerciais e outras contas determinado rendimento pré-definido (não
a receber / a pagar. O termo instrumento de dependente do desempenho do emitente),
dívida aplica-se quer ao passivo quer ao ativo e (ii) o direito incondicional de receber um
respetivo. Alguns instrumentos, como o nume- montante fixo, de reembolso do principal.
rário e alguns depósitos, não pagam juros.
A classificação dos títulos de dívida por maturi-
Os instrumentos de dívida distinguem-se das dade permite uma avaliação à priori do grau de
participações de capital e das participações liquidez da dívida.
em fundos de investimento na natureza da
Numerário e depósitos. O numerário é cons-
responsabilidade e no risco. Enquanto o capi- tituído pelas notas e moedas com valores
tal assegura um direito residual sobre os ati- nominais fixos e que são emitidas ou auto-
vos da entidade, um instrumento de dívida rizadas pelos bancos centrais e Governos.
envolve a obrigação de pagar o principal e / Os depósitos são contratos estandardizados
ou juros, normalmente de acordo com uma não negociáveis celebrados com o público em
fórmula pré-definida. Em resultado, o credor sentido lato e propostos pelas entidades depo-
está menos exposto ao risco do que o deten- sitárias. Em termos de maturidade, o instru-
tor de capital. Pelo contrário, a rendibilidade mento “numerário e depósitos” pode ser classi-
da participação de capital depende fortemen- ficado no curto ou no longo prazo, consoante a
te da performance económica do emitente. Por maturidade original do depósito seja inferior ou
outro lado, por comparação com os derivados superior a um ano, respetivamente.
financeiros (ver descrição na classe dos outros Empréstimos são ativos financeiros que se
ativos financeiros e passivos), os instrumentos estabelecem quando um credor empresta
de dívida têm um montante principal tipica- fundos diretamente a um devedor, sendo que
mente associado à oferta de recursos finan- esses empréstimos não são negociáveis. Inclui
ceiros ou outros. empréstimos a prestações e financiamento
Os títulos de dívida são instrumentos de do crédito comercial. Inclui, ainda, acordos de
dívida negociáveis. Incluem letras, livranças, recompra sobre títulos e leasing financeiro (equi-
obrigações, certificados de depósito negociá- valente a um empréstimo do locador ao loca-
veis, papel comercial, títulos garantidos por tário). O valor dos empréstimos inclui o crédito
ativos, instrumentos do mercado monetário, vencido ou de cobrança duvidosa, e não deve
obrigações convertíveis, obrigações de dívida ser ajustado de provisões e/ou imparidades.
garantida, títulos hipotecários garantidos e Para alguns instrumentos de dívida que podem
outros instrumentos similares normalmente ser classificados quer como depósitos quer
transacionáveis nos mercados financeiros. como empréstimos utilizam-se as seguintes
Enquadramento concetual 23

regras: as transações e posições entre bancos de reserva representa o direito incondicional de


são classificadas em depósitos; os fluxos de saque que esse país tem sobre o FMI.
fundos associados a acordos de recompra de
títulos são classificados em empréstimos, exce- Outros ativos financeiros e passivos
to quando se efetuam entre bancos, em que Incluem-se nesta categoria os demais ativos
são classificados como depósitos. financeiros e passivos, nomeadamente (i) os
Os regimes de seguros, pensões e garantias derivados financeiros (que não reservas) e
estandardizadas incluem (i) provisões técni- opções sobre ações concedidas a emprega-
cas de seguros não-vida (prémios pagos mas dos e (ii) o ouro monetário.
não adquiridos e os montantes reservados Os derivados financeiros e as opções sobre
para fazer face a indemnizações pendentes); ações concedidas a empregados apresentam
(ii) direitos associados a seguros de vida e anui- caraterísticas semelhantes, na medida em que
dades (provisões necessárias para fazer face são ambos instrumentos de transferência de
a todas as indemnizações futuras esperadas); risco, embora as opções sobre ações concedi-
(iii) direitos associados a pensões, pedidos de das a empregados sejam também uma forma
fundos de pensão sobre gestores de pensões, de remuneração.
e direitos a outros fundos que não de pensão;
Um contrato de derivado financeiro é um ins-
e (iv) provisões para garantias estandardizadas
trumento financeiro que se encontra ligado
ativadas.
a outro instrumento financeiro / indicador /
Créditos comerciais consistem em créditos produto e através do qual alguns riscos finan-
concedidos aos clientes diretamente pelos for- ceiros (exemplos: risco de taxa de juro, risco
necedores de bens e prestadores de serviços ou cambial, risco do preço da ação ou do produ-
adiantamentos dos clientes aos fornecedores to, risco de crédito) podem ser negociados de
por trabalhos em curso ou por bens e serviços forma autónoma nos mercados financeiros.
ainda não distribuídos. Tipicamente, os créditos As transações e posições em derivados finan-
comerciais surgem quando o pagamento não ceiros são tratadas de forma separada dos
acontece no mesmo momento em que ocorre valores dos itens subjacentes.
a transferência de propriedade dos bens ou a
Os instrumentos financeiros compostos por
prestação dos serviços.
títulos ou empréstimos e derivados financei-
Outras contas a receber e a pagar compreen- ros não são incluídos em derivados financeiros,
dem os ativos financeiros e passivos criados mas classificados e valorizados de acordo com
como contrapartida das transações que estão as suas caraterísticas primárias (do título ou do
desfasadas dos respetivos pagamentos. Inclui empréstimo). Contudo, se for possível destrin-
responsabilidades temporárias de impostos, çar as suas componentes, é levada a parte res-
compra e venda de títulos, comissões sobre petiva a derivados financeiros (por exemplo, os
empréstimos de títulos, comissões sobre warrants são tratados como derivados financei-
empréstimos de ouro, salários, dividendos e ros porque podem ser autonomizados e vendi-
contribuição social, que se tornaram devidas, dos nos mercados financeiros).
mas ainda não foram pagas.
Existem duas grandes categorias de derivados
Direitos de saque especiais (DSE) são ativos de financeiros: as opções e os contratos do tipo for-
reserva internacionais criados pelo FMI e aloca- ward (futuros, forwards, swaps). Os derivados de
dos aos países membros como complemento crédito podem ser do tipo opção (credit default
das outras reservas oficiais. Os DSE concedem swaps) ou do tipo forward (total return swaps).
aos países o direito incondicional de obtenção As margens em contratos de derivados financei-
de moeda ou outros ativos de reserva junto de ros são pagamentos em dinheiro ou em depó-
outros países membros do FMI. sitos que servem como colateral para cobrir as
Posição de reserva no FMI de um país é a soma obrigações atuais ou potenciais. O registo das
da sua tranche de reserva com o eventual endi- margens depende da sua natureza: reembol-
vidamento do FMI na conta geral de recursos sável ou não reembolsável. Se reembolsáveis,
que está disponível para esse país. A tranche caso em que a margem se destina a proteger
24 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

a contraparte face ao risco de incumprimento, banco central; outras instituições financeiras


aqueles pagamentos ou depósitos são regis- monetárias; administrações públicas; insti-
tados no outro investimento, ou em depósitos tuições financeiras não monetárias exceto
(se as responsabilidades do devedor estiverem sociedades de seguros e fundos de pensões;
no agregado monetário) ou em outras contas sociedades de seguros e fundos de pensões;
a receber / a pagar. As margens não reembol- sociedades não financeiras; e particulares.
sáveis, também conhecidas por margens de Todos os ativos financeiros e passivos, indepen-
variação, reduzem a responsabilidade financei- dentemente da categoria funcional, são classi-
ra criada pelo derivado, logo são classificadas ficados de acordo com o setor institucional do
como transações em derivados financeiros. agente económico residente em Portugal.
Opções sobre ações concedidas a emprega-
Banco central
dos são opções de compra de ações de uma
empresa oferecidas aos respetivos emprega- O banco central corresponde à(s) institui-
dos, sob a forma de remuneração. Estas opções ção(ões) financeira(s) que exerce(m) contro-
são registadas em conjunto com os derivados lo sobre aspetos fundamentais do sistema
financeiros se puderem ser livremente transa- financeiro. De entre as principais atividades
cionadas nos mercados financeiros. destacam-se a emissão de moeda, a gestão
das reservas internacionais, a negociação com
O ouro monetário é o ouro detido pelas auto-
ridades monetárias e que integra o conjunto o FMI e a concessão de crédito às entidades
dos ativos de reserva. Inclui o ouro em bar- depositárias. Este setor corresponde integral-
ra e as contas em ouro não afetado. O ouro mente ao setor S121 das contas nacionais
monetário desempenha o papel de meio de (§ 2.72 a 2.74 do SEC2010).
pagamento internacional e de reserva de valor Em Portugal, integra este setor apenas o
para efeitos de ativos de reserva. Todo o ouro Banco de Portugal.
monetário encontra-se sob a forma de ativos
de reserva ou na posse de organismos finan- Outras instituições financeiras monetárias
ceiros internacionais. O ouro não monetário, O setor das outras instituições financeiras
pelo contrário, não é um ativo financeiro, mas monetárias corresponde integralmente ao que
uma mercadoria. As transações internacionais se encontra definido para efeitos das estatís-
sobre ouro não monetário são registadas na ticas monetárias e financeiras, isto é, inclui as
balança de bens. entidades depositárias exceto o banco central,
e os fundos do mercado monetário, como defi-
1.3.2.3. Classificação por setor institucional nidos no Regulamento (UE) n.º 1071/2013 do
Os setores institucionais correspondem a uma BCE de 24 de setembro de 2013 relativo ao
agregação dos agentes económicos de acordo balanço do setor das instituições financeiras
com os seus objetivos, funções e comportamento monetárias (ECB/2013/33). Em termos dos
económico. A repartição dos ativos financeiros e setores institucionais definidos no âmbito das
passivos face ao exterior por setor institucional é contas nacionais, incluem-se aqui os subseto-
importante para perceber como estão repartidas res S122 e S123 (§ 2.75 a 2.81 do SEC2010).
as transações e posições financeiras externas. Concretamente, incluem-se neste setor:
O setor institucional em causa refere-se ao do
• Entidades depositárias exceto o banco cen-
agente económico residente em Portugal, sendo
tral (S.122 das contas nacionais): inclui todas
que corresponde ao detentor, no caso dos ativos
as sociedades e quase sociedades finan-
financeiros, e ao emitente, no caso dos passivos
ceiras, exceto as classificadas nos subseto-
financeiros.
res “banco central” e “fundos do mercado
A classificação por setor institucional utilizada monetário”, cuja função principal é prestar
nas estatísticas externas é consistente com serviços de intermediação financeira, e cuja
a que é preconizada em termos de contas atividade consiste em receber depósitos e
nacionais, designadamente no SEC2010. / ou substitutos próximos de depósitos de
Nas estatísticas externas de Portugal são rele- unidades institucionais, por conseguinte não
vantes os seguintes setores institucionais: só das instituições financeiras monetárias, e,
Enquadramento concetual 25

por conta própria, conceder empréstimos e / classificados no subsetor dos fundos do


ou efetuar investimentos em títulos. Abrange mercado monetário, cuja função principal
as instituições de crédito como definidas na é a intermediação financeira. A sua ativida-
alínea 1) do ponto 1 do Artigo 4.º do Regu- de consiste em emitir ações ou unidades
lamento (UE) n.º 575/2013 do Parlamento de participação em fundos de investimento
Europeu e do Conselho de 26 de junho de que não são considerados substitutos próxi-
2013 sobre requisitos prudenciais para as mos de depósitos de unidades institucionais
instituições de crédito e empresas de inves- e, por conta própria, investir essencialmente
timento, as outras instituições financeiras e em ativos financeiros exceto os ativos finan-
as instituições de moeda eletrónica cuja fun- ceiros de curto prazo e em ativos não finan-
ção principal é a intermediação financeira. ceiros (geralmente bens imobiliários) (§ 2.82
No caso português, este subsetor inclui os a 2.85 do SEC2010);
bancos, as caixas económicas e as caixas de
• Outros intermediários financeiros exceto
crédito agrícola mútuo; e sociedades de seguros e fundos de pensões
• Fundos do mercado monetário (S.123 das (S.125 das contas nacionais): agrupa todas as
contas nacionais): abrange todas as socieda- sociedades e quase sociedades financeiras
des e quase sociedades financeiras, exceto cuja função principal é prestar serviços de
intermediação financeira contraindo pas-
as classificadas nos subsetores do banco
sivos, junto de unidades institucionais, sob
central e das entidades depositárias exce-
outras formas que não numerário, depó-
to o banco central, cuja função principal é
sitos, ações de participação em fundos de
a intermediação financeira. A sua atividade
investimento, ou sob a forma de regimes de
consiste em emitir ações / unidades de par- seguros, regimes de pensões e de garantias
ticipação em fundos de investimento consi- estandardizadas (§ 2.86 a 2.94 do SEC2010).
derados substitutos próximos de depósitos Em Portugal, incluem-se neste subsetor, por
das unidades institucionais e, por conta exemplo, as sociedades de capital de risco,
própria, investir essencialmente em ações as sociedades de factoring, as sociedades de
/ unidades de participação em fundos do locação financeira e as sociedades de titulari-
mercado monetário, títulos de dívida de cur- zação de créditos;
to prazo e / ou depósitos. Abrange os fun-
• Auxiliares financeiros (S.126 das contas
dos de investimento incluindo as sociedades
nacionais): abrange todas as sociedades e
de investimento, fundos e outros organis-
quase sociedades financeiras cuja função
mos de investimento coletivo cujas ações
principal consiste em exercer atividades estri-
ou unidades são substitutos próximos de
tamente ligadas à intermediação financeira,
depósitos. mas não sendo elas próprias intermediários
As entidades em Portugal incluídas neste setor financeiros (§ 2.95 a 2.97 do SEC2010). No
encontram-se identificadas na lista de entida- caso de Portugal, este subsetor inclui, por
des para fins estatísticos, no sítio institucional exemplo, agências de câmbios, sociedades
do Banco de Portugal na Internet4. corretoras, sociedades gestoras de fundos
de investimento e instituições de pagamen-
Instituições financeiras não monetárias tos; e
exceto sociedades de seguros e fundos
• Instituições financeiras cativas e presta-
de pensões
mistas (S.127 das contas nacionais): abran-
Este setor abrange as outras sociedades finan-
ge todas as sociedades e quase sociedades
ceiras exceto as instituições financeiras mone-
financeiras que não exercem intermediação
tárias e as sociedades de seguros e fundos de
financeira nem prestam serviços auxiliares
pensões. Inclui, designadamente:
financeiros e cujos ativos ou passivos não
• Fundos de investimento exceto fundos são, na sua maior parte, objeto de opera-
do mercado monetário (S.124 das contas ções em mercados abertos (§ 2.98 e 2.99
nacionais): abrange todos os organismos do SEC2010). Incluem-se neste subsetor,
de investimento coletivo, com exclusão dos no caso de Portugal, as holdings financeiras,
26 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

as holdings não financeiras, os prestamistas Em Portugal, as entidades incluídas neste setor


e as sociedades de finalidade especial que encontram-se identificadas na lista de entida-
obtêm financiamento para a empresa-mãe. des para fins estatísticos, no sítio institucional
Em Portugal, as entidades incluídas nestes sub- do Banco de Portugal na Internet7.
setores encontram-se identificadas na lista de Sociedades não financeiras
entidades para fins estatísticos, no sítio institu-
As sociedades não financeiras podem ser
cional do Banco de Portugal na Internet5.
públicas, privadas ou controladas pelo exte-
rior. Incluem-se todas as unidades institucio-
Sociedades de seguros e fundos de pensões
nais dotadas de personalidade jurídica que são
Corresponde aos intermediários financeiros
produtoras mercantis, e cuja atividade principal
que se ocupam da repartição de riscos. Inclui:
é a produção de bens e serviços não financei-
• Sociedades de seguros (S.128 das contas ros. Este setor corresponde integralmente ao
nacionais): agrupa todas as sociedades e
setor S11 das contas nacionais (§ 2.45 a 2.54
quase sociedades financeiras cuja função
do SEC2010).
principal é prestar serviços de intermedia-
ção financeira que resultam da repartição Particulares
de riscos, sobretudo sob a forma de seguros
Neste setor incluem-se as unidades institucio-
diretos ou resseguros (§ 2.100 a 2.104 do
nais classificadas nos setores das famílias (S14
SEC2010); e
das contas nacionais) e das instituições sem
• Fundos de pensões (S.129 das contas nacio- fins lucrativos ao serviço das famílias (S15 das
nais): agrupa todas as sociedades e quase contas nacionais):
sociedades financeiras cuja função prin-
• Famílias: agrupa os indivíduos ou grupos
cipal é prestar serviços de intermediação
de indivíduos, na sua função de consumido-
financeira que resultam da repartição de
res e de empresários, que produzem bens
riscos sociais e das necessidades das pes-
mercantis e serviços financeiros e não finan-
soas seguradas (seguro social). Os fundos
de pensões enquanto regimes de seguro ceiros (produtores mercantis), desde que a
social garantem um rendimento na reforma produção de bens e serviços não seja autó-
e, frequentemente, prestações por morte e noma, caso em que devem ser, considera-
incapacidade. das quase sociedades. Inclui igualmente
os indivíduos ou grupos de indivíduos que
As entidades em Portugal incluídas neste setor
produzem bens e serviços não financeiros
encontram-se identificadas na lista de entida-
exclusivamente para utilização final própria
des para fins estatísticos, no sítio institucional
(§ 2.118 a 2.128 do SEC2010).
do Banco de Portugal na Internet6.
Na sua função de consumidores, as famílias
Administrações públicas podem ser definidas como pequenos gru-
Este setor inclui as unidades institucionais que pos de pessoas que partilham o mesmo alo-
correspondem a produtores não mercantis cuja jamento, agrupam os seus rendimentos e o
produção se destina ao consumo individual e seu património e consomem coletivamente
coletivo e que são financiadas por pagamentos certos tipos de bens e serviços, essencial-
obrigatórios feitos por unidades pertencentes
mente o alojamento e a alimentação; e
a outros setores, bem como todas as unidades
institucionais cuja função principal é a redistri- • Instituições sem fins lucrativos ao serviço
buição do rendimento e da riqueza nacional. das famílias: agrupa as instituições sem fins
Inclui a administração central, regional e local lucrativos dotadas de personalidade jurídica
(exceto fundos de segurança social) e os fundos que estão ao serviço das famílias e que são
de segurança social. Corresponde, na íntegra, produtores não mercantis privados. Os seus
ao setor das administrações públicas (S13) das recursos principais provêm de contribuições
contas nacionais (§ 2.111 a 2.117 do SEC2010). voluntárias, em espécie ou dinheiro, efetuadas
Enquadramento concetual 27

pelas famílias enquanto consumidoras, de O Quadro 1 sintetiza os setores institucionais


pagamentos efetuados pelas administra- residentes (em SEC2010), e respetiva compo-
ções públicas e de rendimentos de proprie- sição, utilizados na divulgação das estatísticas
dade (§ 2.129 e 2.130 do SEC2010). externas produzidas pelo Banco de Portugal.

Quadro 1 • Desagregação dos setores institucionais residentes utilizados na divulgação


das estatísticas externas
Setores publicados Âmbito

Banco central Banco de Portugal

Outras instituições financeiras Entidades depositárias Bancos, Caixas económicas, Caixas de crédito
monetárias (OIFM) exceto o banco central agrícola mútuo

Fundos do mercado
monetário (FMM)

Instituições financeiras não Fundos de investimento


monetárias exceto SSFP exceto FMM

Outros intermediários Contrapartes centrais, Sociedades de capital de


financeiros exceto SSFP risco, Sociedades de factoring, Sociedades de
locação financeira, Sociedades financeiras de
corretagem, Sociedades financeiras para aquisi-
ções a Crédito, Sociedades de desenvolvimento
regional, Sociedades de fomento empresarial,
Sociedades de investimento, Sociedades
emitentes ou gestoras de cartões de crédito,
Sociedades de titularização de créditos, Socieda-
des de garantia mútua, Instituições financeiras
de crédito, Fundos de titularização de créditos,
Outros intermediários financeiros

Auxiliares financeiros Auxiliares de seguros, Agências de câmbios, Socie-


dades corretoras, Sociedades gestoras
de fundos de investimento, Sociedades gestoras
de fundos de titularização de créditos, Sociedades
gestoras de fundos de pensões, Sociedades ges-
toras de patrimónios, Sociedades administradoras
de compras em grupo, Sociedades mediadoras
do mercado monetário e do mercado de câmbios,
Sedes sociais de sociedades financeiras, Institui-
ções de pagamentos, Outros auxiliares financeiros

Instituições financeiras Holdings financeiras, Holdings não financeiras,


cativas e prestamistas Prestamistas
Trusts e outras atividades similares, Sociedades
de finalidade especial que obtêm financiamento
para a empresa-mãe, Outras Instituições
financeiras cativas e prestamistas

Sociedades de seguros
e fundos de pensões (SSFP)

Administrações públicas Administração central Estado, Serviços e fundos autónomos da admi-


nistração central, Empresas públicas da adminis-
tração central, Instituições sem fim lucrativo
da administração central

Administração regional Administração regional dos Açores, Administra-


ção regional da Madeira

Administração local Continente, Açores, Madeira

Fundos da segurança social

Sociedades não financeiras Sociedades não financeiras públicas, Sociedades não financeiras privadas

Particulares Famílias, Instituições sem fins lucrativos ao serviço das famílias


28 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

2. Metodologia e compilação estatística


As estatísticas externas inserem-se no âmbito metodologia de compilação destas estatísticas
das atribuições do Banco de Portugal, consa- têm evoluído ao longo do tempo, de forma a
gradas na sua Lei Orgânica , designadamente
8
acompanhar os desenvolvimentos a nível da ati-
na elaboração das estatísticas da balança de vidade económica internacional, do enquadra-
pagamentos. Com a compilação destas estatís- mento legal e normativo, e das técnicas de tra-
ticas o Banco de Portugal visa simultaneamente tamento dos dados e de compilação estatística.
satisfazer as responsabilidades de reporte esta- Destaca-se, em particular, a alteração mais
tístico assumidas junto de organismos interna- recente, de grande relevância, que consistiu
cionais, nomeadamente o BCE, o Eurostat e o na incorporação das recomendações meto-
FMI, bem como as necessidades de outros uti- dológicas preconizadas no BPM6 (Caixa 2 •
lizadores nacionais e internacionais que a elas “Principais alterações decorrentes da 6.ª edi-
recorrem com objetivos de, por exemplo, definir ção do Manual da Balança de Pagamentos e
política económica ou realizar análises e traba- da Posição de Investimento Internacional”), a
lhos de investigação. par da reformulação do sistema de recolha de
A produção das estatísticas externas é efetua- informação pelo Banco de Portugal para efei-
da com recurso a uma diversidade de fontes, tos de produção destas estatísticas. Os resul-
externas e internas ao Banco de Portugal, algu- tados das estatísticas externas produzidos de
mas concebidas para outros fins, outras cria- acordo com esta grande reformulação foram
das especificamente para efeitos de produção publicados, pela primeira vez, em outubro de
destas estatísticas. As fontes de informação e a 2014.

Caixa 2 • Principais alterações decorrentes da 6.ª edição do Manual da Balança


de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional

A 6.ª edição do Manual da Balança de Paga- investimento internacional e as contas nacio-


mentos e da Posição de Investimento Inter- nais apuradas a partir da também nova edição
nacional (BPM6) foi editada em 2009, atuali- do Sistema de Contas de Nacionais, de 2008.
zando a 5.ª edição do mesmo Manual (BPM5),
As principais alterações do BPM6 podem ser
publicada em 1993. A publicação do BPM6 foi
agrupadas em:
justificada pela necessidade de ajustar as reco-
mendações metodológicas no domínio das
estatísticas externas aos desenvolvimentos Apresentação das estatísticas
verificados na economia internacional desde Na balança corrente, as balanças de rendimentos
1993. Assim, na nova edição do Manual foram e de transferências passam a designar-se rendi-
contemplados aspetos ligados (i) à globaliza- mento primário e rendimento secundário, res-
ção, como a expansão e intensificação das rela- petivamente. Adicionalmente, a apresentação
ções entre países, (ii) ao crescente interesse preconizada para as estatísticas de investimento
por dados de balanço no contexto da análise direto passou a basear-se no princípio subja-
do grau de vulnerabilidade e / ou sustentabi- cente às restantes categorias funcionais, i.e. o
lidade das economias e (iii) ao surgimento de princípio ativo-passivo. Foi ainda introduzida uma
novos instrumentos financeiros e de novas for- outra alteração na balança financeira, que passou
mas de organização empresarial. Ao contrário a ser apresentada em termos de variação líquida
das edições anteriores, o BPM6 destaca tam- quer de ativos quer de passivos. Deste modo, um
bém a posição de investimento internacional sinal positivo / negativo quer sempre dizer um
e assegura a consistência entre as estatísticas aumento / diminuição de ativos ou de passivos.
da balança de pagamentos e da posição de A leitura dos sinais da balança financeira fica,
Metodologia e compilação estatística 29

assim, consistente com a leitura dos sinais da todos os agregados da balança de pagamen-
posição de investimento internacional. tos e da posição de investimento internacional.
Por fim, destaque para algumas alterações de Contudo, não são significativos os impactos nos
nomenclaturas, nomeadamente ao nível das principais agregados.
designações de algumas rubricas. Um exemplo Por exemplo, o saldo conjunto de bens e ser-
prende-se com a rubrica de “derivados finan- viços não foi substancialmente afetado, mas
ceiros (que não reservas) e opções sobre ações os agregados de bens e de serviços foram
concedidas a empregados”, que, no essencial, consideravelmente afetados pelo BPM6. Para
inclui o conteúdo da anterior rubrica de “deriva- esses impactos concorreram, nomeadamente,
dos financeiros”. o novo tratamento das operações de merchan-
ting (exportações líquidas na balança de bens);
Alterações metodológicas os novos serviços de transformação de recur-
Embora os conceitos fundamentais da balan- sos pertencentes a terceiros, que passam a
ça de pagamentos se mantenham inalterados, registar operações anteriormente incluídas na
alguns aspetos foram substancialmente revis- balança de bens; as reparações, que passam
tos ou introduzidos na nova versão do Manual. da balança de bens para a balança de serviços;
A título de exemplo refiram-se: a introdução a aquisição / venda de patentes associadas a
do princípio da propriedade económica, que investigação e desenvolvimento, que passam
é essencial para a determinação do momento da balança de capital para a balança de servi-
do registo das transações na balança de paga- ços; e os serviços de intermediação financeira
mentos; a criação de novos ativos financeiros e indiretamente medidos (SIFIM), que passam a
passivos, como por exemplo a alocação de DSE, ser registados na balança de serviços.
que passa a ser uma responsabilidade do ban-
O rendimento primário inclui, para além dos
co central; o registo das operações de merchan-
rendimentos de investimento do BPM5, os
ting, que passa para a balança de bens (ante-
impostos sobre a produção, taxas de impor-
riormente registadas na balança de serviços), e
tação e subsídios à produção, anteriormente
a inclusão nos serviços financeiros dos serviços
registados em transferências correntes, e as
financeiros indiretamente medidos (SIFIM).
rendas. Nos rendimentos do investimento
A distinção entre fluxos da balança de paga- passam a ser registados os rendimentos cor-
mentos e outros fluxos da posição de investi- ridos de prémios de seguro imputados aos
mento internacional passa a ser mais clara: os tomadores de seguros, assim como os lucros
ativos financeiros e passivos afetos a agentes reinvestidos de fundos de investimento. Pelo
económicos que alteram a residência devem contrário, deixam de ser incluídos em rendi-
ser reclassificados nos outros ajustamentos, mento primário os super-dividendos, que pas-
em termos de posição de investimento interna-
sam a ser considerados na balança financeira
cional. Por outro lado, o rendimento do investi-
como desinvestimento em títulos de capital,
mento que é atribuído aos detentores de unida-
assim como a componente de serviços implí-
des de participação em fundos de investimento
citos nos juros (SIFIM).
passa a incluir os lucros reinvestidos, o que leva a
que alterações nas posições desse instrumento No rendimento secundário salienta-se o novo
passem a ser parcialmente explicadas pelo rein- conceito de transferências pessoais. Para além
vestimento de lucros e não por outros fluxos. das remessas de emigrantes / imigrantes, este
conceito passa também a incluir, por exemplo,
Por último, o BPM6 implicou importantes reclas-
os prémios de jogo.
sificações setoriais, em linha com as alterações
preconizadas no SEC2010, sendo de destacar a A balança de capital deixa de registar como
das holdings não financeiras, que passaram a transações as alterações de residência de
ser classificadas no setor financeiro. agentes económicos, as quais passam a ser
registadas em outros ajustamentos na posição
Impactos nos principais agregados de investimento internacional. Adicionalmente,
As alterações preconizadas no BPM6 são de as patentes e copyrights passam a ser incluí-
grande diversidade, afetando genericamente dos na balança de serviços e deixam de ser
30 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

registados na balança de capital em ativos não de pagamentos e não nos outros fluxos da
financeiros não produzidos. posição de investimento internacional, como
anteriormente.
A alteração mais importante ao nível do inves-
timento direto consiste na apresentação de A rubrica de derivados financeiros (que não
acordo com o princípio ativo-passivo e com a reservas) e opções sobre ações concedidas a
inclusão do investimento entre empresas irmãs empregados passa a incluir um novo instru-
(Caixa 6 • “Princípio ativo-passivo e princípio dire- mento financeiro designado por opções sobre
cional nas estatísticas do investimento direto”). ações concedidas a empregados.

No investimento de carteira a principal alte- O outro investimento passa a incluir as novas


ração resulta do registo do reinvestimento de atribuições / cancelamentos de DSE, nas res-
lucros no instrumento unidades de participa- ponsabilidades do banco central.
ção em fundos de investimento, que passa a Relativamente aos ativos de reserva, não exis-
ser contemplado nas transações da balança tem alterações de relevância a destacar.

O novo sistema de recolha de informação pelo uma fonte importante para a compilação de
Banco de Portugal teve início em abril de 2013, algumas rubricas da balança de pagamentos,
para todas as entidades exceto os bancos, mas nomeadamente as que estão relacionadas com
só entrou em pleno funcionamento em abril de a atividade de pessoas singulares, para as quais
2014, com o reporte dos bancos. Este sistema não é recolhida informação direta no domínio
carateriza-se pelo reporte direto das operações do sistema de reporte ao Banco de Portugal de
económicas e financeiras realizadas entre enti- operações e posições de entidades residentes
dades residentes e não residentes, bem como face ao exterior. Adicionalmente, as COL são
dos saldos em final de mês relativos a depósitos, uma peça importante no sistema de reporte
empréstimos e créditos comerciais face ao exte- COPE pois podem ser utilizadas pelos demais
rior. A Comunicação de Operações e Posições agentes económicos, que, para efeitos de repor-
com o Exterior (COPE) ao Banco de Portugal é te das suas operações ao Banco de Portugal,
efetuada numa base mensal pelas pessoas cole- apenas têm de proceder à classificação estatís-
tivas residentes em Portugal diretamente envol- tica das operações que lhes dizem respeito no
vidas nessas operações. Estão isentas desse âmbito das COL.
reporte ao Banco de Portugal as entidades que
O sistema COPE / COL disponibiliza informação
apresentam um total anual de operações econó-
micas e financeiras com o exterior inferior a 100 de base à compilação de um conjunto muito sig-
mil euros, considerando o total de entradas e nificativo de rubricas da balança de pagamen-
de saídas. Nas COPE, para além da classificação tos e da posição de investimento internacional.
estatística e do montante da operação inclui-se Contudo, não é a única fonte de informação das
detalhe informativo adicional, nomeadamente estatísticas externas. O Banco de Portugal tam-
sobre o país de residência da contraparte e a bém utiliza outras fontes de informação não só
moeda de denominação. Este reporte é regula- para cobrir segmentos que não são recolhidos
mentado pela Instrução do Banco de Portugal através do sistema COPE / COL, como também
n.º 27/2012, de 17 de setembro9, com as altera- para permitir complementar, corrigir e ajustar
ções subsequentes. a informação que é captada através daquele
sistema (Caixa 3 • “Principais fontes de infor-
Paralelamente à informação COPE também são
mação utilizadas na compilação das estatísticas
reportadas numa base mensal ao Banco de
externas").
Portugal, pelos bancos residentes, as liquida-
ções associadas a (i) operações com o exterior A informação reportada no âmbito das COPE
efetuadas por conta de clientes residentes em é sujeita a um processo de controlo de
Portugal e (ii) operações efetuadas em Portugal qualidade no Banco de Portugal, nomeada-
por conta de clientes não residentes. Esta infor- mente por confrontação com outras fontes.
mação, designada por COL (Comunicação de As estatísticas externas produzidas e divulgadas
Operações de Liquidação), não contém a classi- pelo Banco de Portugal baseiam-se nos dados
ficação estatística das operações mas constitui que resultam desse controlo de qualidade.
Metodologia e compilação estatística 31

Caixa 3 • Principais fontes de informação utilizadas na compilação das estatísticas


externas

Com vista a facilitar a leitura deste Capítulo, é famílias, em que os dados são comunicados
apresentada nesta Caixa uma caraterização de forma agregada). Esta informação é repor-
sumária das principais fontes de informação tada por: (i) instituições de crédito, sociedades
para compilação das estatísticas externas: financeiras de corretagem e sociedades corre-
toras; (ii) outras entidades, financeiras ou não
Comunicação de Operações e Posições com
financeiras, com títulos depositados fora do
o Exterior (COPE): Reporte direto ao Banco de
sistema financeiro residente. O SIET contém
Portugal das operações económicas e finan-
informação mensal sobre as emissões efetua-
ceiras realizadas entre entidades residentes e
das por entidades residentes em Portugal; as
não residentes, bem como dos saldos em final
carteiras de residentes em títulos nacionais e
de mês relativos a depósitos, empréstimos não
em títulos estrangeiros; e as carteiras de não
titulados e créditos comerciais face ao exterior.
residentes em títulos nacionais.
Este reporte é efetuado numa base mensal pelas
pessoas coletivas residentes em Portugal envol- Comércio Internacional: Informação prove-
vidas nessas operações. Estão isentas deste niente do INE relativa ao comércio internacio-
reporte ao Banco de Portugal as entidades que nal de bens. No que respeita ao comércio intra-
apresentem um total anual de operações eco- -comunitário de bens, a informação sobre as
nómicas e financeiras com o exterior inferior a trocas comerciais de bens entre Portugal e os
100 mil euros, considerando o total de entradas outros estados-membros da União Europeia é
e de saídas, assim como as pessoas singulares. recolhida através de um inquérito de resposta
Para além da classificação estatística e do mon- mensal (Intrastat), realizado junto de pessoas
tante da operação ou da posição com o exterior, singulares e coletivas registadas em sede de
o reporte COPE inclui detalhe informativo adi- imposto sobre o valor acrescentado (IVA), em
cional, nomeadamente sobre o país de residên- Portugal (com exclusão de particulares) cujos
cia da contraparte e a moeda de denominação. montantes anuais transacionados ultrapassem
determinados limiares (fixados anualmente
Comunicação de Operações de Liquidação
por fluxo, designados por limiares de assimila-
(COL): Reporte mensal ao Banco de Portugal,
ção). Relativamente ao comércio extra-comuni-
efetuado pelos bancos residentes, sobre as
tário de bens, as trocas comerciais com países
liquidações associadas a (i) operações com o
terceiros são apuradas com base na apro-
exterior efetuadas por conta de clientes resi-
priação de informação de caráter administra-
dentes em Portugal e (ii) operações efetuadas
tivo, decorrente da receção de Documentos
em Portugal por conta de clientes não residen-
Únicos (DU’s) vindos das alfândegas (estân-
tes. Este reporte não contém a classificação
cias aduaneiras).
estatística das operações com o exterior.
Inquérito Trimestral às Empresas Não
Informação Empresarial Simplificada (IES):
Contém informação de natureza contabilísti- Financeiras (ITENF): Inquérito trimestral sobre
ca, fiscal e estatística que as empresas repor- variáveis de índole contabilística junto de uma
tam, numa base anual, para cumprimento dos amostra de empresas não financeiras, desen-
requisitos do Ministério da Justiça, Autorida- volvido em parceria pelo INE e pelo Banco de
de Tributária, Banco de Portugal e Instituto Portugal.
Nacional de Estatística (INE). Consiste, essen-
Centralized Securities Database (CSDB): Base de
cialmente, nas contas anuais das empresas. dados do Eurosistema que contém informação
Sistema Integrado sobre Estatísticas de Títulos detalhada sobre as caraterísticas dos títulos
(SIET): É um sistema de informação do Banco (dívida e capital) que são relevantes para efei-
de Portugal baseado na comunicação de infor- tos de produção de estatísticas do Eurosistema
mação numa base “título-a-título” e “investidor- (títulos emitidos ou detidos por residentes na
-a-investidor” (exceto no caso de investido- União Europeia e títulos emitidos em euros,
res pertencentes ao setor institucional das independentemente da residência do emissor
32 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

e do detentor), conforme reportado pelos ban- derivados financeiros face a não residentes.
cos centrais nacionais da União Europeia e O reporte inclui o tipo de instrumento, o tipo
constante em algumas bases de dados comer- de cobertura, o Número de Identificação de
ciais. Inclui, nomeadamente, informação sobre Pessoa Coletiva (NIPC) da entidade residente
a moeda de denominação, país e setor do emi- responsável pela transação / posição, o país de
tente, montantes em stock, maturidade, paga- residência da entidade da contraparte, o tipo
mentos de dividendos, estrutura do cupão, de mercado e os montantes correspondentes
preços, etc. ao valor de mercado dos pagamentos / recebi-
mentos e as posições de derivados financeiros.
Inquérito sobre transações e posições de
Derivados Financeiros (QDF): reporte mensal
ao Banco de Portugal por parte dos bancos,
em nome próprio e em nome de outras enti-
dades, e dos fundos da segurança social, de
informação sobre transações e posições de

Tendo em consideração os requisitos inter- entre os conceitos utilizados no comércio


nacionais e as necessidades de informação, internacional e na balança de bens, que justi-
as estatísticas da balança de pagamentos são ficam, para efeitos de balança de pagamentos,
compiladas e divulgadas numa base mensal, a introdução de alguns ajustamentos sobre a
enquanto as estatísticas da posição de inves- informação de base:
timento internacional respeitam uma periodi-
• As mercadorias que cruzam a fronteira no
cidade trimestral. Após a primeira divulgação
âmbito do aperfeiçoamento ativo (i.e., trans-
de resultados, as estatísticas externas são
formação de recursos materiais pertencen-
revistas de acordo com os princípios e calen-
tes a terceiros) não são registadas na balança
dário previamente definidos no âmbito da
de bens, apesar de integrarem as estatísticas
política de revisões das estatísticas do Banco
do comércio internacional apurado pelo INE.
de Portugal, que se encontra publicada no seu
No âmbito da balança de pagamentos, as
sítio institucional na Internet.
operações sobre estas mercadorias são con-
Apresenta-se a seguir, uma descrição do con- sideradas serviços e registadas na balança
teúdo e da metodologia de compilação das de serviços, pelo valor do serviço prestado, e
estatísticas externas produzidas pelo Banco de não pelo valor das mercadorias que saem e
Portugal, de acordo com o detalhe informativo entram no país. Para o apuramento do valor
publicado no seu sítio institucional na Internet dos serviços de transformação de recursos
e que consta nos Anexos deste Suplemento. materiais pertencentes a terceiros é efetua-
da uma estimativa pelo Banco de Portugal
2.1. Bens com base na informação proveniente das
Os bens registados nas estatísticas da balan- estatísticas do comércio internacional do INE
ça de pagamentos correspondem a produtos e das COPE.
físicos, sobre os quais ocorre uma mudança • As exportações e importações de bens são
de propriedade entre um residente e um não registadas na balança de pagamentos numa
residente. Engloba mercadorias, exportações base fob (free on board), i.e., ao valor de
líquidas associadas ao comércio triangular mercado na fronteira do país exportador
(merchanting) e ouro não monetário. (o que quer dizer que inclui encargos com
As mercadorias são compiladas com base na seguros e com serviços de transporte até à
informação apurada pelo INE no âmbito das fronteira do país exportador). No entanto,
estatísticas do comércio internacional. Existem no comércio internacional as importações
contudo algumas diferenças metodológicas de bens estão valorizadas numa base cif
Metodologia e compilação estatística 33

(cost, insurance and freight), o que significa exportações líquidas de bens em merchanting.
que incluem o valor do transporte e dos Incluem-se neste valor as margens do comer-
seguros até à fronteira do país de destino ciante, as menos e mais-valias, e as variações
da mercadoria. nos inventários de bens envolvidos no comér-
cio triangular. Os bens adquiridos por residen-
Assim, na balança de pagamentos de Por-
tes em operações de comércio triangular são
tugal, é retirada ao valor das importações
registados na balança de pagamentos como
de bens do comércio internacional do INE
exportações negativas, i.e. com sinal negativo
a parte relativa aos encargos com fretes e
a crédito da balança de bens. A subsequen-
seguros desde a fronteira dos países expor-
te venda em comércio triangular é registada
tadores até ao seu destino em Portugal.
como exportação positiva, também a crédi-
Esses encargos relativos ao transporte das
to da balança de bens (com sinal positivo). A
mercadorias e ao respetivo seguro implíci-
informação relativa a operações de merchan-
tos nas importações são estimados a partir
ting é obtida através das COPE.
de um rácio cif-fob (também designado por
margem cif-fob), que é apurado com base As transações sobre ouro não monetário são
nas estatísticas do comércio internacional, também incluídas na balança de bens. O ouro
por modo de entrega, e em informação do não monetário apresenta-se sob a forma de
setor segurador. Este rácio, calculado por barras, lingotes, folheado, pó ou outras formas
país, para os países da União Europeia, e por brutas ou semi-acabadas. Estas transações
continente, para os outros países, é aplicado estão incluídas nas estatísticas sobre o comér-
numa base mensal às importações por país cio internacional de bens compiladas pelo INE.
de origem, de modo a que o registo em bens A repartição geográfica da balança de bens
seja feito somente pelo valor das mercado- tem por base a repartição geográfica das esta-
rias propriamente ditas. tísticas do comércio internacional de bens do
INE, que apresenta as entradas e saídas de
O valor retirado às importações de bens do
mercadorias por país de origem e de destino,
comércio internacional do INE serve tam-
bém de base ao apuramento das importa- respetivamente.
ções de serviços de fretes de mercadorias e
de prémios brutos de seguros de transpor- 2.2. Serviços
te, incorporadas ambas na balança de servi-
Os Serviços representam as atividades produ-
ços. De referir que o valor que é retirado ao
tivas que alteram as condições das unidades
comércio internacional do INE não corres-
consumidoras, ou facilitam a troca de produ-
ponde exatamente ao que é acrescentado
tos ou de ativos financeiros. Os serviços não
à balança de serviços, em fretes e seguros,
devido à componente relativa aos serviços são normalmente itens distintos sobre os
de transportes e de seguros prestados por quais possam ser estabelecidos direitos de
residentes em Portugal, que não é regis- propriedade, e também não podem ser sepa-
tada na balança de pagamentos dado que rados da sua produção.
ambas as partes envolvidas nas transações A balança de serviços compreende uma gran-
são residentes em Portugal. de diversidade de serviços, classificados da
O merchanting corresponde, na perspetiva de seguinte forma:
Portugal, à compra de bens por um residente • Serviços de transformação de recursos
a um não residente combinada com a sub- pertencentes a terceiros: cobrem os ser-
sequente revenda dos mesmos a outro não viços de processamento, montagem, rotu-
residente, sem que os bens tenham cruzado a lagem, embalagem, etc., efetuados por um
fronteira de Portugal. agente económico que não é titular dos
O valor das operações de merchanting corres- bens em causa (não existe alteração na
ponde à diferença entre o valor da venda e o propriedade desses bens), que fica com
valor da compra dos bens envolvidos. Deste direito a um pagamento por parte do dono
modo, esta rubrica apresenta o valor das dos bens. O valor do serviço prestado não
34 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

corresponde necessariamente à diferença Inclui o transporte local, i.e., o transporte na


entre o valor dos bens depois da transfor- economia visitada que é realizado por não
mação e o valor dos bens antes da transfor- residentes (podem ser residentes na econo-
mação. Exclui a montagem de pré-fabrica- mia visitada ou não), mas exclui o transpor-
dos (incluída em construção) e a rotulagem te pessoal internacional relacionado com a
e embalagem auxiliares dos transportes viagem, o qual é registado em transportes.
(incluídas nos transportes).
• Construção: cobre a criação, renovação,
• Serviços de manutenção e reparação n.i.n.r.: reparação ou ampliação de ativos fixos sob
cobrem os trabalhos de manutenção e de a forma de edifícios, melhorias do foro da
reparação efetuados por residentes sobre engenharia efetuadas em terrenos e outras
bens detidos por não residentes, e vice- construções de engenharia (inclui estradas,
-versa. O local da realização do trabalho é pontes, barragens, etc.). Inclui os trabalhos
indiferente. Inclui, por exemplo, a reparação de instalação e de montagem relacionados
e manutenção de barcos, aviões, e outros com a construção, a preparação do local, os
meios de transporte. Serviços de limpeza serviços especializados, como por exemplo
dos meios de transporte não são aqui incluí- pintura, canalização e demolição, e a gestão
dos, mas em transportes. Da mesma forma, dos projetos de construção. Normalmente,
a manutenção e reparação de construções apenas são considerados nesta rubrica da
são registadas em construção e a manu- balança de serviços os trabalhos concluídos
tenção e reparação de computadores são num prazo inferior a um ano. Os contratos
registadas, em serviços de telecomunica-
de construção de duração mais alargada
ções, informática e de informação.
(superior a um ano), porque se efetuam,
• Transportes: incluem todos os serviços de habitualmente, através da criação de uma
transporte internacional (marítimos, aéreos, sucursal, dão origem a registos na balan-
e outros – terrestres, fluviais, ferroviários, ça financeira, sob a forma de investimento
espaciais e oleoduto) que são efetuados por direto.
residentes a não residentes, ou vice-versa, e
• Serviços de seguros e pensões: compreen-
que envolvem o transporte de pessoas ou de
dem o seguro direto, o resseguro, os servi-
objetos de um local para outro, assim como
ços auxiliares de seguros, serviços de pen-
os respetivos serviços de suporte e auxiliares.
sões e de garantias estandardizadas. Na
Incluem-se também os serviços postais e de
balança de serviços apenas deve ser regis-
correio. Excluem-se os serviços de transpor-
tada a componente de serviço incluída no
te de passageiros prestados por residentes a
valor dos prémios pagos ou recebidos.
não residentes dentro de uma economia que
são registados em viagens e turismo. • Serviços financeiros: incluem serviços de
intermediação e auxiliares, exceto serviços
• Viagens e turismo: inclui os bens e serviços
de seguros e de pensões, normalmente
adquiridos a não residentes por viajantes
prestados pelos bancos e outras sociedades
residentes ou adquiridos a residentes por
financeiras. Engloba quer serviços cobrados
viajantes não residentes durante estadias
explicitamente, quer serviços indiretamen-
inferiores a um ano (exceto se a deslocação
te medidos. Os primeiros são identificados
for por motivo de saúde ou estudos, em que
de forma direta e incluem, por exemplo,
a estadia pode ser superior a um ano), líqui-
comissões de depósitos e de empréstimos,
dos de aquisições feitas com dinheiro ganho despesas de contas, serviços sobre cartões
ou fornecido localmente. Ao contrário de de crédito, etc.. Os serviços indiretamente
outros serviços, “viagens e turismo” não medidos, também designados por SIFIM
é um tipo específico de serviço pois inclui (Serviços de intermediação financeira indire-
uma grande variedade quer de bens quer tamente medidos), referem-se às comissões
de serviços consumidos pelos viajantes. com serviços que são cobradas de forma
Metodologia e compilação estatística 35

não explícita, por exemplo por incorporação serviços de telecomunicação móvel,


nas taxas de juro ativas e passivas dos ban- serviços de estrutura da Internet e
cos. Assim, quer o juro recebido pelos ban- serviços de acesso online, incluindo a
cos em resultado das operações de emprés- disponibilização de acesso à Internet.
timo quer o juro pago pelos bancos em Excluem-se os serviços de instalação do
remuneração dos depósitos incluem uma equipamento da rede telefónica, que são
parte de rendimento da atividade bancária registados nos serviços de construção;
e uma parte para fazer face a despesas. Esta
segunda parte corresponde aos SIFIM e tem –– Serviços informáticos: cobrem serviços
a ver apenas com empréstimos e depósitos. relacionados com hardware e / ou soft-
Os SIFIM correspondem, então, à diferença ware e o processamento de dados. Tam-
entre o juro que deveria ser recebido / pago bém incluem serviços de consultoria em
(i.e., excluindo qualquer serviço associado) e hardware e software e serviços de imple-
aquele que é efetivamente recebido / pago mentação; manutenção e reparação de
pelos bancos. Para o cálculo do juro que computadores e equipamentos perifé-
deveria ser recebido / pago utilizam-se, nor- ricos; serviços de recuperação em caso
malmente, taxas de referência do mercado, de catástrofe; consultoria e assistência
i.e., que não incluem qualquer serviço, refle- em matérias relacionadas com a gestão
tindo apenas a estrutura de risco e de matu- dos recursos informáticos; análise, dese-
ridade dos depósitos e dos empréstimos. nho e programação de sistemas prontos
• Direitos cobrados pela utilização de pro- para utilização (incluindo páginas web),
priedade intelectual n.i.n.r.: correspon- e consultoria técnica relacionada com o
dem a (i) encargos pela utilização de direi- software; licenças para utilização de soft-
tos de propriedade (tais como patentes, ware não customizado; etc. É importante

marcas, copyrights, processos industriais e ressalvar que as licenças para utilização

desenhos, incluindo segredos comerciais e de software não customizado são regis-


tadas em serviços informáticos, mas as
franchises), que podem resultar de investi-
licenças de reprodução e / ou distribui-
gação e desenvolvimento, ou do marketing;
ção de software são incluídas em direitos
e (ii) encargos com licenças de reprodução
cobrados pela utilização de propriedade
ou distribuição de propriedade intelectual
intelectual n.i.n.r.; e
embebida em produtos originais ou protóti-
pos (tais como copyrights de livros e manus- – – Serviços de informação: compreen-
critos, software informático, trabalhos cine- dem serviços de agências de notícias,
matográficos e gravações de som) e direitos serviços de bases de dados (conceção
relacionados (como por exemplo para atua- da base de dados, armazenamento dos
ções ao vivo e televisão, cabo ou transmis- dados e disseminação dos dados e das
são via satélite). bases de dados, incluindo diretórios e
mailing lists), quer online quer por meio
• Serviços de telecomunicações, informática
magnético, ótico ou escrito; e portais de
e de informação. Incluem:
procura na web (serviços de motores de
–– Serviços de telecomunicações: corres- busca). Também se incluem subscrições
pondem à transmissão de som, ima- diretas e em pequena escala de jornais
gem ou outra informação por telefone, e periódicos, efetuadas por correio,
telex, telegrama, rádio e televisão por transmissão eletrónica ou outros meios;
cabo e radiodifusão, satélite, email, fax, outros serviços de disponibilização de
etc., incluindo serviços de network entre conteúdos online; e serviços de bibliote-
empresas, teleconferência e serviços de ca e de arquivo. Jornais e periódicos em
apoio. Não incluem o valor da informa- grande escala são registados em merca-
ção que é transmitida. Também inclui dorias, na balança de bens.
36 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

• Outros serviços fornecidos por empresas: programas de rádio e televisão (ao vivo ou
são desagregados em (i) serviços de inves- gravados) e gravações musicais. Incluem-
tigação e desenvolvimento, (ii) serviços de -se alugueres de audiovisual e produtos
consultoria em gestão e outras áreas téc- relacionados, e acesso a canais de televisão
nicas, e (iii) serviços técnicos e relacionados encriptados (tais como serviços de cabo ou
com a empresa n.i.n.r.. satélite); produtos audiovisuais em massa,
comprados ou vendidos para uso perpétuo
–– Serviços de investigação e desenvolvi-
que são entregues por via eletrónica (des-
mento: tratam-se de serviços associa-
carregados da Internet); honorários recebi-
dos à investigação básica, investigação
dos por artistas (atores, músicos, dançari-
aplicada e desenvolvimento experimen-
nos), autores, compositores, etc. Excluem-se
tal de novos produtos e serviços. Ativida-
os encargos ou licenças de reprodução e /
des das ciências físicas, ciências sociais
ou distribuição de produtos audiovisuais, os
e humanidades estão incluídas, assim
quais são registados em “direitos cobrados
como o desenvolvimento de sistemas
pela utilização de propriedade intelectual
operacionais que representam avan-
n.i.n.r.”.
ços tecnológicos. Inclui, ainda, pesquisa
comercial relacionada com produtos • Bens e serviços das administrações públicas
eletrónicos, produtos farmacêuticos e n.i.n.r.: é uma categoria residual que cobre
biotecnologia. as transações governamentais (incluindo as
de organizações internacionais) em bens e
–– Serviços de consultoria em gestão e
serviços que não é possível classificar nou-
outras áreas técnicas: incluem (i) servi-
tras rubricas. Inclui, por exemplo, todas as
ços legais, contabilísticos, consultoria de
transações (quer de bens quer de serviços)
gestão e serviços de relações públicas;
realizadas por enclaves estrangeiros loca-
e (ii) publicidade, pesquisa de merca-
lizados em Portugal, como embaixadas,
do, e serviços de sondagem de opinião
consulados, bases militares e organizações
pública.
internacionais, com os residentes em Portu-
–– Serviços técnicos, relacionados com gal, e as transações realizadas pelos encla-
o comércio e outros serviços forneci- ves portugueses com os residentes nas eco-
dos por empresas: compreendem (i) nomias onde os mesmos estão situados.
serviços de arquitetura, de engenharia,
Regra geral, as componentes da balança de
científicos e outros serviços técnicos; (ii)
serviços são compiladas a partir da informação
serviços de tratamento de resíduos e
reportada ao Banco de Portugal pelos agen-
de despoluição, serviços de agricultura
tes económicos residentes através das COPE.
e de exploração mineira; (iii) serviços de
Contudo, existem alguns casos de natureza
leasing operacional; (iv) serviços relacio-
muito específica que são apurados a partir de
nados com o comércio; e (v) outros ser-
informação e / ou metodologia diferenciada:
viços entre empresas n.i.n.r..
• A rubrica Serviços de transformação de
• Serviços pessoais, culturais e recreativos: recursos materiais pertencentes a tercei-
incluem serviços de audiovisual e outros ros é estimada a partir da informação pro-
relacionados, e outros serviços pessoais, veniente das COPE e do comércio interna-
culturais e recreativos (por exemplo, ser- cional do INE;
viços de educação e de saúde, serviços de • Em resultado da estimativa da margem cif-
património e recreativos, e outros servi- -fob para as importações de mercadorias,
ços pessoais). Os serviços de audiovisual e é imputada às rubricas de Transportes e
outros relacionados são serviços e comis- de Serviços de seguros e pensões a parte
sões associadas à produção de imagens relativa a serviços de transporte e de segu-
em movimento (em filme ou em vídeo), ros de mercadorias que é prestada por não
Metodologia e compilação estatística 37

residentes aos importadores residentes em • Os Outros serviços fornecidos por empresas


Portugal no percurso efetuado pelas merca- incluem, na componente de serviços entre
dorias entre a fronteira do países exporta- empresas afiliadas, o valor líquido dos ser-
dores e o seu destino em Portugal; viços vendidos / adquiridos por entidades
• Relativamente à rubrica de Serviços de segu- de finalidade especial (SPE, no acrónimo
ros e pensões os dados reportados através em inglês) localizadas em Portugal, que são
das COPE são trabalhados para cálculo dos empresas com capital estrangeiro destina-
valores na base do princípio da especiali- das a servir, sobretudo, as empresas do gru-
zação dos exercícios, e, a partir destes, dos po em que se inserem (Secção 2.6.); e
valores relativos à componente de serviços. A
• A compilação da balança de serviços é tam-
componente de prémio líquido também apu-
bém composta por uma parcela de imputa-
rada neste procedimento é registada ou na
ção de não resposta, nomeadamente sobre
balança de rendimento secundário (seguro
de risco) ou na balança financeira, em outro a componente que não é coberta pelo siste-
investimento (seguro de investimento); ma de reporte COPE. A imputação de não
resposta é efetuada por sentido do fluxo
• A rubrica Viagens e turismo é compilada
(débito ou crédito) e por tipo de serviço.
com base na informação obtida através de
várias fontes, nomeadamente: COPE; infor-
mação recolhida pelo Departamento de 2.3. Rendimento primário
Sistemas de Pagamentos do Banco de Por- O rendimento primário corresponde ao ren-
tugal relativamente a operações realizadas
dimento dos fatores de produção, devido quer
com cartões (pagamentos e levantamen-
pela prestação de trabalho quer pela disponi-
tos); dados sobre dormidas de estrangeiros
bilização de ativos financeiros ou arrendamen-
e respetivas receitas, compilados pelo INE;
to de recursos naturais. Deste modo, inclui
e estimativa sobre as transações liquidadas
rendimentos de trabalho, rendimentos de
através de notas e moedas euro, efetuada
pelo Banco de Portugal; investimento e outros rendimentos primários.

Os rendimentos de trabalho correspondem à


• A componente de SIFIM dos Serviços finan-
ceiros é estimada pelo INE, a partir das remuneração total, em dinheiro ou em géne-
posições de empréstimos e de depósitos, ros, paga pelo empregador residente / não
e dos juros corridos apurados pelo Banco residente ao empregado não residente / resi-
de Portugal, assim como das taxas de refe- dente em compensação pelo trabalho presta-
rência do mercado monetário. Da estimativa do. Inclui a contribuição paga pelo empregador,
efetuada para o total da economia é extraí- em nome do empregado, a regimes de segu-
da a componente relativa ao exterior, que rança social ou a seguros privados ou de fun-
é não só integrada na balança de serviços dos de pensões para garantir benefícios para
como também deduzida da balança de ren- o empregado. Pressupõe a existência de uma
dimento primário, como ajustamento aos relação empregador-empregado. Caso contrá-
rendimentos de investimento, que devem rio, o pagamento é registado em serviços.
excluir os SIFIM;
Os rendimentos de trabalho são apurados na
• Para o apuramento da rubrica Bens e ser- balança de pagamentos de Portugal a partir da
viços das administrações públicas, n.i.n.r., informação recebida nas COPE, para os paga-
nomeadamente para as despesas de embai- mentos ao exterior, e em informação agrega-
xadas e consulados localizados em Portu- da obtida junto de fonte administrativa relati-
gal, é efetuada uma estimativa com base na va a rendimentos obtidos no estrangeiro por
informação recolhida no âmbito das COL, pessoas singulares residentes, para o caso dos
sobre operações liquidadas através do sis- recebimentos do exterior.
tema bancário residente por conta deste Os rendimentos de investimento são os que
tipo de entidades; resultam da detenção, por um residente, de
38 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

um ativo financeiro emitido por um não resi- de instrumento financeiro. Os derivados finan-
dente (rendimentos recebidos do exterior), ceiros e as opções sobre ações concedidas a
ou, simetricamente, da detenção por um não empregados não geram rendimentos.
residente de um ativo financeiro emitido por Os rendimentos de investimento direto
um residente (rendimentos pagos ao exterior). incluem os rendimentos que resultam das
Incluem rendimentos de capital (dividendos, posições de investimento direto entre residen-
lucros reinvestidos, rendimentos de fundos tes e não residentes. Por convenção no âmbi-
de investimento e rendimentos de quase- to do Eurosistema, a dívida entre entidades do
-sociedades) e de dívida (juros), assim como setor financeiro com relações de investimento
rendimentos de investimento de tomadores direto não é registada no investimento direto,
de seguros, fundos de pensões e regimes de logo, também os rendimentos daí resultantes
garantias estandardizadas. Ganhos e perdas não o são. Relativamente à categoria do inves-
de capital (potenciais ou realizados) não são timento direto, os rendimentos mais relevan-
classificados em rendimentos de investimento tes são os dividendos, os lucros reinvestidos
mas em reavaliações (devidas a variações de e os juros (Caixa 4 • “Tipos de rendimento de
taxa de câmbio ou de outros preços), na posi- investimento, de acordo com o ativo financei-
ção de investimento internacional. ro subjacente”). De referir que as empresas de
Nas estatísticas da balança de pagamentos investimento direto se servem muitas vezes de
de Portugal os rendimentos de investimento outras formas de distribuição de resultados,
encontram-se desagregados de acordo com ou dividendos, nomeadamente através da
a categoria funcional dos investimentos sub- prestação de bens e serviços sem contrapar-
jacentes, em conformidade com a desagrega- tida monetária ou a valores sub / sobre avalia-
ção disponibilizada na balança financeira e na dos. Contudo, estas situações raramente são
posição de investimento internacional, i.e., ren- detetadas, ocorrendo o seu registo nas rubri-
dimentos de investimento direto, rendimentos cas respetivas das balanças de bens e de ser-
de investimento de carteira, rendimentos de viços. Por fim, os rendimentos de investimen-
outro investimento e rendimentos de ativos to direto incluem também as rendas que são
de reserva. Adicionalmente, é fornecido, para devidas no âmbito do investimento imobiliário.
algumas categorias, detalhe adicional por tipo Esta informação é obtida através das COPE.

Caixa 4 • Tipos de rendimento de investimento, de acordo com o ativo financeiro


subjacente

Lucros reinvestidos do investimento direto proporção do investidor direto, em termos de


Os lucros reinvestidos correspondem à com- detenção de capital, nos resultados das empre-
ponente de resultados das empresas que fica sas de investimento direto localizadas noutra
retida nas mesmas. Refletem a atribuição dos economia, que não foram distribuídos como
lucros retidos nas empresas aos detentores dividendos. Dito de outro modo, os lucros rein-
do seu capital. Deste modo, o seu registo na vestidos traduzem a parte que é atribuível ao
balança de pagamentos ocorre nos rendimen- investidor direto dos resultados da empresa
tos de investimento e na balança financei- de investimento direto relativos a determinado
ra, no sentido do aumento do investimento. período de tempo (depois de impostos, juros e
Os lucros reinvestidos são registados no perío- depreciação), depois de deduzidos os dividen-
do em que são gerados. dos a pagar nesse mesmo período de tempo,
Este tipo de rendimento é registado apenas na ainda que esses dividendos estejam relaciona-
categoria do investimento direto (excluem-se os dos com resultados de anos anteriores.
lucros reinvestidos de fundos de investimento, Os lucros reinvestidos podem ser negativos,
que não integram a componente do investimen- nomeadamente quando a distribuição de divi-
to direto). Os lucros reinvestidos representam a dendos em determinado período excede os
Metodologia e compilação estatística 39

resultados obtidos pela empresa no mesmo que o rendimento associado seja registado
período, ou quando a empresa gera resultados na rubrica correspondente do rendimento de
negativos. investimento.

Dividendos
Juros
Os dividendos correspondem à parte dos resul-
Os juros correspondem ao rendimento devi-
tados distribuídos das empresas que são atri-
do aos titulares de determinado tipo de ativos
buídos aos detentores do capital. Devem ser
financeiros, concretamente instrumentos de
registados no momento em que os detentores
dívida (depósitos, títulos de dívida, emprésti-
do capital deixam de ter o direito de receber os
mos e outras contas a receber), por colocarem
dividendos (ex-dividend date), antes de quais-
esses ativos à disposição de outras entidades.
quer impostos. Na prática, contudo, os dividen-
Os rendimentos associados a DSE também
dos são normalmente registados na altura em
são considerados juros.
que são pagos. Existem alguns casos especiais
de dividendos: Os juros são registados de acordo com o
princípio contabilístico da especialização dos
• Distribuição de dividendos sob a forma de
exercícios, i.e., são registados como acrésci-
ações – não é reconhecida nas estatísticas
mos contínuos ao longo de todo o tempo de
da balança de pagamentos como dividendo,
detenção dos ativos financeiros subjacentes.
mas como lucro reinvestido;
Deste modo, o momento do registo do juro
• Ações bonificadas (novas ações que são dis- pode não coincidir com o do seu pagamento.
tribuídas aos acionistas na mesma propor-
O registo dos juros corridos é efetuado na
ção da estrutura de capital existente antes da
balança de rendimento primário e, simulta-
sua emissão) – não dão origem a qualquer
neamente, na balança financeira, na catego-
registo, uma vez que o direito do acionista
ria funcional e instrumento a que o juro diz
sobre a empresa permanece inalterado;
respeito. Quando o juro é pago, os registos
• Dividendos de liquidação (dividendos relati- ocorrem apenas na balança financeira: anu-
vos à liquidação de parte de uma empresa lação do juro corrido na categoria funcional e
ou da sua totalidade) – não são registados instrumento onde se registou anteriormente,
em rendimentos de investimento, mas em e aumento, por exemplo, de depósitos, pelo
desinvestimento na balança financeira dinheiro efetivamente recebido.
(como uma redução do investimento); e Na balança de rendimento primário apenas o
• Super-dividendos (pagamentos excecionais juro “puro” é registado, o que exclui a compo-
aos acionistas a partir da acumulação de nente SIFIM (Secção 2.2).
reservas ou da venda de ativos) – não são
registados em rendimentos de investimento,
mas em desinvestimento, na balança finan-
ceira (como uma redução do investimento).

Rendimentos de fundos de investimento


Os rendimentos de fundos de investimento
podem assumir a forma de dividendos e / ou
de lucros reinvestidos. O tratamento em ter-
mos de registo na balança de pagamentos
é idêntico ao dos rendimentos do capital no
âmbito do investimento direto. Por convenção
no âmbito do Eurosistema, todo o investimen-
to em fundos de investimento é registado no
investimento de carteira, o que determina
40 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Pela sua própria natureza, os lucros reinvesti- uma relação de investimento direto. No caso
dos não são objeto de comunicação ao Banco dos instrumentos de dívida, os rendimentos
de Portugal. Os dados são apurados a partir são também decompostos por maturidade
dos resultados das empresas de investimento dos títulos.
direto e dos dividendos comunicados através Os rendimentos relativos a investimento de
das COPE. A informação sobre os resultados carteira correspondem a:
das empresas é normalmente obtida através
• Juros corridos, no caso dos instrumentos
de um reporte de periodicidade anual, basea-
de dívida – para os juros corridos sobre
do nas contas anuais das empresas, sendo
os ativos (títulos emitidos por não residen-
que para períodos infra-anuais, são produzi-
tes na posse de residentes), os valores são
das estimativas pelo Banco de Portugal. A fon-
estimados com base no volume de títulos
te anual para este efeito é a IES, que contém,
constante no SIET e nas taxas de juro sub-
entre outras, informação sobre o balanço e a
jacentes a esses títulos, obtidas na CSDB;
demonstração dos resultados, assim como a
relativamente aos juros corridos sobre os
estrutura de participações e de participadas
passivos (títulos emitidos por residentes
das empresas residentes em Portugal.
na posse de não residentes), os valores são
Os dados relativos a investimento direto, obtidos a partir do SIET;
incluindo os seus rendimentos, são muitas
• Dividendos, para os títulos de participação
vezes sujeitos a revisões significativas devido,
no capital (exclui a participação em fun-
nomeadamente, à estimativa da componente
dos de investimento) – no caso dos títulos
de lucros reinvestidos. De facto, aquela com-
emitidos por não residentes na posse de
ponente depende fortemente do apuramen-
residentes, são utilizadas as mesmas fontes
to de resultados por parte das empresas, os
quais são normalmente conhecidos através referidas para os juros, sendo que, para as
das suas contas anuais. Para além do des- ações, é obtido na CSDB o dividendo que é
fasamento temporal na disponibilização das aplicado ao número de títulos identificado
contas anuais das empresas através da IES, no SIET; relativamente aos outros títulos de
a volatilidade deste tipo de resultados não participação no capital, os dividendos são
permite a sua antecipação com precisão, obtidos nas COPE. No caso dos títulos emi-
levando a que estes valores estejam sujeitos tidos por residentes na posse de não resi-
dentes, os dividendos de ações são obtidos,
a revisões significativas.
essencialmente, no SIET, e, relativamente
Os juros associados ao investimento direto aos outros títulos de participação no capi-
são compilados a partir da informação comu- tal, os dividendos são estimados a partir de
nicada nas COPE. taxas de referência de mercado; e
Os rendimentos de investimento de carteira • Rendimentos de unidades de participação
incluem fluxos entre residentes e não residen- (inclui dividendos e lucros reinvestidos):
tes resultantes da detenção de títulos de capi-
–– Para os ativos de investimento de cartei-
tal e de títulos de dívida que não estão classifi-
ra, parte dos rendimentos de unidades
cados em investimento direto ou em ativos de
de participação é obtida junto de um
reserva. Os rendimentos de investimento de
conjunto de países europeus que par-
carteira assumem a mesma tipologia dos ren-
tilham com o Banco de Portugal infor-
dimentos de investimento direto, i.e. podem
mação sobre os fundos de investimento
ser dividendos, lucros reinvestidos ou juros
emitidos por residentes nesses países e
(Caixa 4 • “Tipos de rendimento de investimen-
detidos por residentes em Portugal. A
to, de acordo com o ativo financeiro subjacen-
parte restante é apurada na base dos
te”). Os rendimentos do investimento em fun-
rendimentos pagos, a partir das COPE.
dos de investimento são sempre registados na
categoria dos rendimentos de investimento de –– Quanto aos passivos de investimento de
carteira, independentemente da existência de carteira, os rendimentos de unidades de
Metodologia e compilação estatística 41

participação que não lucros reinvestidos Os rendimentos de ativos de reserva


são calculados como referido relativa- incluem, sobretudo, os rendimentos associa-
mente aos dividendos de outros títulos dos à detenção de DSE, de títulos de parti-
de participação no capital. A parcela de cipação no capital e de dívida incluídos em
lucros reinvestidos devidos a não resi- reservas, e de depósitos (Caixa 4 • “Tipos
dentes é estimada pelo Banco de Por- de rendimento de investimento, de acor-
tugal a partir da informação disponível do com o ativo financeiro subjacente”).
na Comissão de Mercados de Valores A informação sobre estes rendimentos, basea-
dos essencialmente no método da especiali-
Mobiliários (CMVM) sobre as unidades
zação dos exercícios, é extraída do sistema de
de participação emitidas por fundos de
informação do Banco de Portugal.
investimento residentes.
Os outros rendimentos primários compreen-
Os rendimentos de outro investimento co-
dem rendas, impostos e subsídios sobre os pro-
brem os fluxos entre residentes e não residen-
dutos e a produção.
tes relativos, sobretudo, a juros de depósitos e
empréstimos classificados na balança financei- Os impostos sobre os produtos e taxas de
ra em outro investimento (Caixa 4 • “Tipos de importação correspondem a pagamentos obri-
rendimento de investimento, de acordo com o gatórios e sem contrapartida, em dinheiro ou
ativo financeiro subjacente”). Incluem também em géneros, que são cobrados pelas adminis-
os rendimentos de outras contas a receber / a trações públicas ou pelas instituições da União
pagar, os rendimentos imputados a tomadores Europeia, relativos à produção e importação
de seguros, garantias estandardizadas e fundos de bens e serviços, ao emprego de mão-de-
de pensões, os rendimentos atribuídos a DSE -obra, à posse ou utilização de terrenos, edi-
e aos saldos intra-Eurosistema resultantes da fícios ou outros ativos na produção (esses
emissão de notas euros (Caixa 7 • "Emissão e impostos são devidos independentemente
circulação de notas euro: tratamento nas esta- dos lucros obtidos).
tísticas externas"). Os impostos sobre a produção e taxas de
O ponto de partida para o cálculo dos rendimen- importação pagos às instituições da União
Europeia incluem, por exemplo, receitas relati-
tos associados aos depósitos e empréstimos é o
vas à política agrícola comum e direitos adua-
cálculo dos juros corridos, que corresponde ao
neiros. Os impostos sobre a produção e impor-
valor dos juros devidos em cada momento. Para
tação pagos às instituições da União Europeia
este efeito, são aplicadas ao valor nominal das
não incluem o terceiro recurso próprio basea-
posições as taxas de juro de mercado relativas
do no IVA, que está incluído em outras transfe-
aos instrumentos subjacentes. Este cálculo é
rências correntes.
efetuado ao nível das diferentes maturidades,
moedas de denominação e setores (residente Em sentido contrário, os subsídios correspon-
e não residente). Aos juros corridos é retirado dem a transferências correntes das administra-
o valor dos SIFIM, que deve ser registado na ções públicas ou instituições da União Europeia
balança de serviços. A informação sobre os ren- a produtores residentes.
dimentos relativos aos DSE e aos saldos intra- A informação sobre estes impostos e subsídios
-Eurosistema resultantes da emissão de notas é obtida através das COPE, na base dos paga-
euros é extraída diretamente do sistema de mentos efetuados, e do INE, relativamente à
informação do Banco de Portugal. No caso dos distribuição dos subsídios aos agentes econó-
DSE são registados nos rendimentos de outro micos residentes (Caixa 5 • “Tratamento estatís-
investimento os rendimentos devidos pela uti-
tico dos fundos comunitários”).
lização de DSE (os rendimentos a receber pela
detenção de DSE são registados em rendimen- As rendas cobrem os rendimentos a receber
tos de ativos de reserva). Os rendimentos impu- pela colocação de recursos naturais à dispo-
tados a tomadores de seguros são calculados a sição de agentes económicos não residentes.
partir das posições do instrumento “regimes de Exemplos de rendas incluem os montantes a
seguros, pensões e garantias estandardizadas”. pagar pelo uso da terra para extrair depósitos
42 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

minerais e outras riquezas do subsolo, e para Impostos correntes sobre o rendimento


a pesca, silvicultura e direitos de pastagem. Os e património
pagamentos regulares feitos pelos locatários Nas estatísticas externas, os impostos corren-
de recursos naturais, tais como recursos do tes sobre o rendimento e património consistem
subsolo são frequentemente descritos como principalmente em impostos cobrados sobre
royalties, mas são classificados como rendas. os rendimentos auferidos por não residentes
em resultado da prestação de trabalho ou da
As rendas respeitantes a contratos de arren-
posse de ativos financeiros. Os impostos sobre
damento de propriedades rústicas ou urbanas
ganhos de capital decorrentes de ativos de não
celebrados entre residentes e não residentes residentes também estão incluídos. Os impos-
são registadas em rendimentos de investimen- tos sobre a renda e ganhos de capital de ativos
to direto. financeiros são geralmente pagos pelas famílias,
A informação relativa às rendas é obtida atra- empresas ou instituições sem fins lucrativos, e
vés das COPE. recebidos pelas administrações públicas.

2.4. Rendimento secundário Contribuições e prestações sociais


A balança de rendimento secundário regis- As contribuições sociais são as contribuições
ta as transferências correntes (em dinheiro efetivas ou imputadas (incluindo os suplemen-
ou em géneros) entre residentes e não resi- tos de contribuições, que representam ren-
dimentos de investimento a pagar sobre os
dentes. São vários os tipos de transferências
direitos de pensão) feitas pelas famílias para
incluídas nesta balança.
regimes de segurança social para fazer provi-
Uma transferência corresponde à disponibili- são para benefícios sociais a serem pagos. Nas
zação de um bem, serviço, ativo financeiro ou estatísticas externas as contribuições sociais
ativo não produzido, por um agente económi- são registadas quando um residente (não
co a outro sem a correspondente contrapar- residente) faz contribuições para regimes de
tida em termos de valor económico (ou num segurança e previdência social na outra eco-
valor bastante inferior ao seu valor real). nomia (na economia residente), onde traba-
lha, ou um empregador faz contribuições em
As transferências podem ser correntes ou de
nome do empregado. Embora, na prática, os
capital, sendo que estas últimas são registadas
empregadores sejam aqueles que realmente
na balança de capital. fazem transferências de contribuições sociais
As transferências correntes afetam diretamente para as administrações públicas, nas contas
o nível de rendimento disponível do doador ou nacionais estas contribuições são registadas
do recetor. Incluem transferências tipicamen- como pagas aos empregados (como remune-
te relacionadas com as administrações públi- rações dos empregados), que, em seguida, as
cas, como por exemplo, transferências relati- transferem para as administrações públicas e
fundos de pensões.
vas à cooperação corrente internacional entre
diferentes Estados, pagamentos de impostos As prestações sociais incluem as prestações
correntes sobre o rendimento, património, e devidas ao abrigo de regimes de segurança e
transferências relacionadas com outros seto- previdência social, incluindo pensões e outros
res, como por exemplo transferências pessoais benefícios sociais, relativos a eventos tais
como doença, desemprego, habitação e edu-
(ou remessas) ou prémios e direitos de seguros
cação, e podem ser concedidos em dinheiro
não-vida (excluindo as comissões).
ou em espécie.
A desagregação das transferências correntes é
feita ao nível dos setores: administrações públi-
Prémios líquidos de seguros não-vida
cas, por um lado, e outros setores, por outro.
e indemnizações de seguros não-vida
Apresenta-se a seguir uma breve descrição dos Os seguros não-vida são tipicamente contra-
principais tipos de transferências correntes. tados para fazer face a acontecimentos ou
Metodologia e compilação estatística 43

acidentes que provoquem danos a bens ou assistência técnica ou a ajuda internacional


propriedades, ou danos a pessoas, em resul- apresentam caraterísticas de transferências
tado de causas naturais ou humanas – incên- correntes. No entanto, a assistência técnica
dios, inundações, choques, colisões, afunda- que está ligada a parte ou à totalidade de pro-
mentos, roubo, violência, acidentes, doença, jetos de capital é classificada como ajudas ao
etc. – ou contra perdas financeiras resultantes
investimento, que estão incluídas em transfe-
de acontecimentos como doença, desempre-
rências de capital (Caixa 5 • “Tratamento esta-
go ou acidente. Um seguro vida que propor-
tístico dos fundos comunitários”.
ciona um benefício concretamente no caso
de morte dentro de um determinado período Os recursos próprios da União Europeia, basea-
geralmente chamado de seguro de termo, é dos no valor acrescentado e no RNB, são trans-
também considerado como seguro não-vida. ferências correntes pagas pelas administrações
Os prémios de seguros não-vida pagos pelos públicas de cada Estado-Membro às instituições
segurados para obter cobertura durante um da União Europeia.
determinado período contabilístico (prémios Transferências correntes diversas, em dinheiro
adquiridos) correspondem a prémios brutos, ou em espécie, incluem as transferências cor-
dado que incluem, implicitamente, uma taxa
rentes entre famílias (transferências pessoais),
de serviço (aquisição de serviço por parte
as transferências correntes para instituições
do segurado), a qual deve ser registada como
sem fins lucrativos ao serviço das famílias, mul-
serviços de seguros. Os prémios líquidos, que
tas e penalidades, pagamentos de compensa-
se encontram deduzidos daquela taxa, é que
ção por prejuízos não cobertos por contratos
são registados na componente de Rendimento
Secundário. Adicionalmente é também aqui de seguro e outros (por exemplo, ofertas e
considerado um valor imputado relativo a suple- doações de natureza corrente).
mentos de prémios a pagar / receber com base
nos rendimentos de investimentos atribuíveis Transferências pessoais
aos segurados. Transferências pessoais entre famílias residen-
As indemnizações de seguros não-vida são os tes e não residentes são todas as transferências
montantes a pagar na sequência da ocorrência correntes, em dinheiro ou em espécie, realiza-
do evento subjacente. As indemnizações são das entre famílias residentes e não residentes.
normalmente registadas quando são liquidadas. Estas transferências são independentes da fon-
No domínio das estatísticas externas, o resse- te de rendimento do remetente ou da relação
guro é o tipo de operação que apresenta maior entre as famílias. As transferências pessoais
expressão nesta rubrica. também incluem as remessas, que consistem
em transferências pessoais feitas pelos migran-
Outras transferências correntes tes que residem e trabalham noutras econo-
As outras transferências correntes compreen- mias, para famílias residentes nos seus países
dem a cooperação internacional, os recursos de origem.
próprios da União Europeia, baseados no valor
As transferências pessoais incluem ainda as
acrescentado e no rendimento nacional bruto
transferências correntes que são devidas
(RNB), e as transferências correntes diversas,
pelos apostadores aos vencedores e, em
onde se incluem as transferências pessoais.
alguns casos, a instituições de caridade; con-
A cooperação internacional corrente consiste sidera-se que essas transferências são efetua-
em transferências correntes, em dinheiro ou das diretamente pelos participantes na lotaria
em espécie, entre os governos de diferentes ou jogos de azar para os vencedores e institui-
países ou entre governos e organizações inter- ções de caridade.
nacionais. Parte da cooperação internacional Na balança de pagamentos de Portugal as
atual ocorre vis-à-vis as instituições da União remessas de emigrantes / imigrantes e as
Europeia. Geralmente, o financiamento da outras transferências pessoais são apuradas
44 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

com base na informação reportada nas COPE Os impostos de capital consistem em impos-
e nas COL; na informação recolhida pelo tos cobrados em intervalos irregulares e pou-
Departamento de Sistemas de Pagamentos co frequentes sobre os valores dos ativos ou
do Banco de Portugal sobre transferências de do património líquido detidos pelos agentes
fundos realizadas através de instituições de económicos, ou sobre os valores dos ati-
pagamento; nos dados sobre população imi- vos transferidos entre agentes económicos.
grante, divulgada pelo Serviço de Estrangeiros Incluem impostos sobre as sucessões e os
e Fronteiras; e nos dados sobre população impostos sobre doações que incidem sobre o
emigrante, recolhidos a partir do Observatório capital dos beneficiários.
da Emigração. As ajudas ao investimento são transferên-
cias de capital, em dinheiro ou em espécie,
2.5. Balança de capital feitas para financiar a totalidade ou parte
dos custos de aquisição de ativos fixos. No
A balança de capital compreende a aquisição /
caso das ajudas em dinheiro, os seus bene-
alienação de ativos não financeiros não produ-
ficiários são obrigados a utilizá-las para fins
zidos e as transferências de capital.
de formação bruta de capital fixo, sendo que,
em alguns casos, essas ajudas visam a con-
Aquisição / alienação de ativos não finan- cretização de projetos de investimento espe-
ceiros não produzidos cíficos, como grandes projetos de construção
Os ativos não financeiros não produzidos con- (Caixa 5 • “Tratamento estatístico dos fundos
sistem em: (a) recursos naturais (terra, direi- comunitários”).
tos sobre minérios, direitos florestais, água,
As outras transferências de capital incluem:
direitos de pesca, espaço aéreo e espetro
(i) o perdão de dívida; (ii) grandes indemni-
eletromagnético); (b) contratos, locações e
zações de seguros não-vida (por exemplo,
licenças; e (c) ativos de marketing (marcas) e
na sequência de catástrofes), (iii) garantias
goodwill. As aquisições e alienações de ativos
pontuais e outras premissas de dívida; (iv) os
não financeiros não produzidos são regista-
pagamentos de natureza não recorrente em
das separadamente, pelo valor bruto e não
indemnização por danos extensos ou prejuízos
pelo líquido. Apenas a compra / venda de tais
não cobertos por apólices de seguros; (v) gran-
ativos, e não a sua utilização, deve ser regis-
des presentes, doações e heranças (legados),
tada nesta rubrica da balança de capital. Não
incluindo para instituições sem fins lucrativos;
se incluem aqui as compras / vendas de terra
e (vi) algumas contribuições de capital para
e outros recursos naturais porque se assume
organizações internacionais ou instituições
que estes são detidos por entidades residen-
sem fins lucrativos (se não der origem a capital
tes fictícias ("nocionais"). Portanto, mudanças
próprio).
de propriedade sobre a terra (ou imóveis) são
normalmente classificadas como operações
financeiras no âmbito do investimento direto.

Transferências de capital
Ao contrário das transferências correntes,
nas transferências de capital existe uma
transferência de um ativo (outro que não
dinheiro ou géneros) entre duas partes, ou
uma ou ambas as partes adquirem ou alienam
um ativo (outro que não dinheiro ou géneros),
ou é perdoado um passivo por parte do res-
petivo credor.
As transferências de capital consistem em
impostos de capital, ajudas ao investimento e
outras transferências de capital.
 45

Caixa 5 • Tratamento estatístico dos fundos comunitários

Os fundos comunitários recebidos por agen- Cada fundo comunitário pode ser registado
tes económicos em Portugal podem ser regis- integral ou parcialmente nas balanças referi-
tados em três balanças distintas, consoante a das. No quadro a seguir apresenta-se o tipo de
natureza dos fundos: afetação de cada fundo comunitário às com-
• Em rendimento primário são registados os ponentes das balanças corrente e de capital
subsídios; (Quadro 2), nos termos definidos pelo INE
para efeitos das contas nacionais.
• Em rendimento secundário são incluídas as
outras transferências correntes; e
• As transferências de capital são registadas
na balança de capital.

Quadro 2 • Afetação dos fundos comunitários às componentes das balanças corrente e de capital

Rendimento Rendimento Balança


primário secundário de capital
Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (p) (p) (p)
(FEADER) / Fundo Europeu de Orientação e Garantia
Agrícola (FEOGA) – Orientação
Instrumento Financeiro de Orientação da Pesca (IFOP) (p) (p) (p)

Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA) / Fundo (t)


Europeu de Orientação e Garantia Agrícola (FEOGA)
– Garantia
Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) (p) (p)

Fundo de Coesão (t)

Fundo Social Europeu (FSE) (p) (p)

Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida (t)


(PROALV)
Nota: (p) – afetação parcial; (t) – afetação total

Para além de envolver várias rubricas das con- Quando as administrações públicas fazem
tas externas, outro aspeto metodológico espe- adiantamentos aos beneficiários por conta do
cífico ao tratamento dos fundos comunitários recebimento futuro de fundos comunitários,
efetuam-se os mesmos registos por ordem
tem a ver com o momento do registo nas esta-
inversa, ou seja:
tísticas externas. Normalmente, são reconheci-
dos dois momentos distintos: • Quando é efetuado o adiantamento aos
beneficiários finais dos fundos, é registado
• Quando os fundos são transferidos para
um aumento do ativo das administrações
Portugal, é efetuado um registo apenas na
públicas, por contrapartida do registo na
balança financeira, designadamente um rubrica respetiva da balança corrente e / ou
aumento do passivo das administrações da balança de capital;
públicas (que é, habitualmente, o setor rece-
• Quando os fundos são transferidos para
tor dos fundos);
Portugal, é registada a amortização do ativo
• Quando os fundos são distribuídos aos seus externo anteriormente gerado para o setor
beneficiários finais, é registado o seu valor na das administrações públicas.
balança corrente e / ou na balança de capital, Em termos esquemáticos, a transferência de
conforme a afetação apresentada no quadro fundos comunitários para Portugal dá origem
em cima, por contrapartida da redução do aos seguintes registos na balança de paga-
passivo das administrações públicas. mentos (Quadro 3).
46 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Quadro 3 • Registo dos fundos comunitários na balança de pagamentos

1. No momento da transferência do fundo para Portugal (ex. transferência no valor de 10 000 €):

Crédito Débito
Outro investimento (administrações públicas) 10 000 €
Passivos: outras contas a pagar
Outro investimento (banco central ou OIFM) 10 000 €
Ativos: numerário e depósitos

2. No momento da transferência para o beneficiário final:

Crédito Débito
Rendimento primário; Rendimento secundário ou 10 000 €
Balança de capital
Outro investimento (administrações públicas) 10 000 €
Passivos: outras contas a pagar

De referir, por último, que, em Portugal, o tra- encontra totalmente alinhado com o tratamen-
tamento conferido aos fundos comunitá- to conferido aos mesmos no âmbito das con-
rios no âmbito das estatísticas externas se tas nacionais.

2.6. Investimento direto com origem nas empresas de investimento


direto e destino nos investidores diretos, nes-
O investimento direto é uma categoria do
te caso designados por investimento reverso.
investimento transfronteiriço através da
qual um investidor residente numa determi- O investidor direto é a entidade ou grupo de
nada economia tem o controlo ou um grau entidades relacionadas que exerce controlo ou
significativo de influência sobre a gestão de um grau significativo de influência sobre outra
uma empresa residente noutra economia. A entidade que é residente numa outra econo-
relação de investimento direto estabelece- mia. Do lado oposto, a empresa de investi-
-se através da participação no capital com mento direto é a entidade que está sujeita ao
direito ao exercício do poder de voto, o que controlo ou a um grau significativo de influên-
conduz, na prática, ao controlo ou influência cia pelo investidor direto. Empresas irmãs são
de uma empresa (investidor direto) sobre as empresas que se encontram sob controlo
outra (empresa de investimento direto). Sob ou influência do mesmo investidor direto ou
o domínio desta primeira relação incluem- indireto, mas em que entre elas não existe
-se também as participações indiretas, isto é, qualquer controlo ou influência. Uma mesma
as participações em terceiras empresas, por empresa pode ser simultaneamente investi-
via das empresas de investimento direto, e dor direto, empresa de investimento direto e
as empresas irmãs, que se encontram incluí- empresa irmã, em relação a outras empresas
das no mesmo grupo económico. Assim, nas dentro do mesmo grupo (Figura 3). Nas esta-
estatísticas do investimento direto incluem-se tísticas externas de Portugal as empresas em
todas as operações financeiras que se esta- relação de investimento direto entre si são
belecem entre empresas em relação de par- normalmente designadas por empresas com
ticipação no capital (direta e indireta) e entre relação de grupo.
empresas irmãs. Incluem-se não só os fluxos O critério quantitativo para a identificação de
dos investidores diretos para as empresas de uma relação de investimento direto interna-
investimento direto, como também os fluxos cional10 estabelece que uma empresa tem o
Metodologia e compilação estatística 47

Figura 3 • Exemplos de relações de investimento direto

A é investidor direto
na B e na C (empresas
A
de investimento direto)
Economia 1

100 %
B A controla B e tem
Economia 2 40 %
influência significativa
em C

30 % C
Economia 3
100 %
D e E são empresas
de investimento direto
D de B (investidor direto)
E e de A (controlador final),
Economia 4 via B
20 %
F é empresa de investimento
direto de C, mas não é de A

F A é controlador final de B,
Economia 5 C, D e E

B e C, D e C, D e E, e E e C são empresas irmãs; F não é empresa irmã de nenhuma outra.

controlo ou influência sobre outra quer quan- Uma vez identificadas as relações de investi-
do detém diretamente o capital que lhe confere mento direto, todos os fluxos financeiros subse-
direitos de voto sobre ela, quer quando detém quentes realizados entre empresas com relação
esses direitos de voto indiretamente, por via da de grupo residentes em diferentes economias
relação com outra(s) empresa(s): devem ser classificados em investimento dire-
to. Tomando como exemplo as relações entre
• No caso da participação direta no capital,
empresas apresentadas na Figura 3, a compi-
considera-se que existe uma relação de
lação de estatísticas de investimento direto na
investimento direto quando ela confere ao
perspetiva da Economia 1 leva à inclusão das
investidor mais de 10 % dos direitos de voto
operações financeiras estabelecidas entre a
na empresa de investimento direto; e
empresa A (Economia 1) e as empresas B, C, D e
• As relações indiretas de investimento dire- E, respetivamente das economias 2, 3 e 4.
to verificam-se quando os direitos de voto
No investimento direto excluem-se, contudo,
sobre uma empresa são exercidos através
as operações financeiras relacionadas com:
da detenção de direitos de voto sobre outra
(i) transações sobre DSE, moedas e direitos de
empresa que, por sua vez, detém direitos de
pensão relacionados, (ii) dívida entre bancos e
voto sobre aquela. No fundo, o controlo ou
outros intermediários financeiros exceto socie-
influência sobre uma empresa é exercido
dades de seguros e fundos de pensões11, que
através da cadeia de relações de investimen-
são classificadas em investimento de carteira
to direto (sob determinadas regras).
ou outro investimento, (iii) investimentos em
Quando o investidor direto detém, direta ou fundos de investimento, que, por convenção no
indiretamente, mais do que 50 % dos direitos âmbito do Eurosistema, são incluídos no inves-
de voto na empresa de investimento direto, timento de carteira, e (iv) derivados financeiros
considera-se que esta está em situação de con- e opções sobre ações concedidas a emprega-
trolo; se aquela percentagem se situar entre dos, que são classificados na categoria de deri-
10 % e 50 %, então a situação é de significativa vados financeiros (que não reservas) e opções
influência. sobre ações concedidas a empregados.
48 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

As transações e posições de investimento não residentes, bem como os ativos e passi-


direto são adicionalmente decompostas em vos entre empresas irmãs residentes e não
títulos de participação no capital (inclui lucros residentes, quando o controlador final des-
reinvestidos) e instrumentos de dívida. A com- tas é não residente em Portugal.
ponente de capital inclui o investimento imo-
No domínio das estatísticas produzidas de
biliário, designadamente o investimento em
acordo com o princípio direcional, para além
propriedades e casas, quer para uso pessoal
da desagregação por país / agregado geográ-
quer para arrendamento. Não inclui, porém, a
fico da contraparte, é também disponibilizado
participação no capital de organizações inter-
detalhe por setor de atividade económica da
nacionais, mesmo quando excede 10 % dos
empresa residente.
direitos de voto, a qual é registada no inves-
timento de carteira (se sob a forma de títulos) O valor global líquido do investimento direto
ou no outro investimento. é igual nas duas apresentações. As diferenças
situam-se nos resultados ao nível das compo-
O investimento direto é registado nas estatís-
nentes, estando a amplitude das diferenças
ticas externas em termos brutos e é apresen-
dependente da dimensão e da direção do
tado de acordo com a relação entre o investi-
investimento reverso, assim como das tran-
dor e a empresa de investimento direto. São
sações entre empresas irmãs. As estatísticas
discriminadas as seguintes componentes:
apuradas de acordo com o princípio ativo-pas-
(i) investimento do investidor direto na empre-
sivo apresentam normalmente valores supe-
sa de investimento direto (relação direta ou
riores aos que são apurados de acordo com o
indireta), (ii) investimento reverso, i.e., da
princípio direcional, desde logo porque nestas
empresa de investimento direto no seu inves-
últimas é deduzido o investimento reverso.
tidor direto (relação direta ou indireta), e (iii)
investimento entre empresas irmãs. Na compilação das estatísticas de investi-
mento direto é utilizada informação prove-
Com a implementação das recomendações
niente das COPE e da IES, sendo esta última
do BPM6, a apresentação das estatísticas do
particularmente relevante para conhecimen-
investimento direto ajustou-se à apresentação
to da estrutura de participação no capital e
já utilizada para as restantes categorias funcio-
para apuramento dos lucros reinvestidos.
nais do investimento internacional no âmbito
Adicionalmente, é também utilizada informa-
das estatísticas da balança de pagamentos e
ção disponível no SIET sobre títulos de dívida,
da posição de investimento internacional, i.e.,
no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, para
segue o princípio ativo-passivo.
efeitos de apuramento do investimento imobi-
No entanto, em complemento à apresentação liário em Portugal, e informação complemen-
preconizada no BPM6, as estatísticas do inves- tar sobre os mercados de valores mobiliários
timento direto são também apresentadas de estrangeiros. Tratando-se a IES de uma fonte
acordo com o princípio direcional (Caixa 6 • de informação anual, é necessário estimar a
“Princípio ativo-passivo e princípio direcional informação infra-anual relativa a participações
nas estatísticas do investimento direto”), isto é: no capital e a lucros reinvestidos. Tal estima-
• O investimento direto de Portugal no exte- tiva é efetuada pelo Banco de Portugal com
rior (IPE), que cobre os ativos e passivos base em informação complementar, sobre,
entre investidores diretos residentes e as nomeadamente, a evolução dos resultados das
suas empresas de investimento direto não empresas de investimento direto.
residentes, assim como os ativos e passivos Dada a natureza das operações em causa e
entre empresas irmãs residentes e não resi- as caraterísticas das fontes subjacentes, os
dentes, quando o controlador final destas é
dados do investimento direto estão sujei-
residente em Portugal; e
tos a revisões regulares, que, em determina-
• O investimento direto do exterior em Por- das circunstâncias, podem ser significativas.
tugal (IDE), que inclui os passivos e ativos Normalmente, os dados estabilizam com a
entre as empresas de investimento direto incorporação da informação da IES.
residentes e os seus investidores diretos
 49

Caixa 6 • Princípio ativo-passivo e princípio direcional nas estatísticas do investi-


mento direto

O Banco de Portugal publica estatísticas de deduzido para obter o investimento no exte-


investimento direto de acordo com duas formas rior e o investimento do exterior. No caso de
de apresentação distintas: o princípio ativo-pas- Portugal, se um investidor residente receber
sivo e o princípio direcional. Estas duas apresen- um empréstimo de uma empresa de investi-
tações compreendem as mesmas transações e mento direto não residente, o seu valor deve
posições de investimento direto, diferindo ape- ser deduzido ao valor do investimento direto
nas na forma como as classificam e agregam de Portugal no exterior porque, efetivamen-
(Figura 4). te, esse empréstimo reduz o montante total
investido pelo investidor na empresa de inves-
No princípio ativo-passivo, os dados do investi-
timento direto. Similarmente, se uma empresa
mento direto são organizados de forma a dife-
de investimento direto residente emprestar
renciar os investimentos em ativos dos investi-
dinheiro ao seu investidor direto não residen-
mentos em passivos. Um exemplo de um ativo
te, então o valor do investimento desse inves-
externo de Portugal é a participação de uma
tidor na empresa residente diminui, o que
empresa residente (investidor direto) no capi-
justifica a redução do montante total do inves-
tal de uma empresa não residente (empre-
timento direto do exterior em Portugal. No
sa de investimento direto), através da qual
princípio ativo-passivo, pelo contrário, proce-
a empresa residente fica com direito sobre
de-se apenas à agregação de todos os ativos,
um ativo não residente. Do mesmo modo, a
por um lado, e à agregação de todos os passi-
participação no capital de uma empresa resi-
vos, por outro. O investimento reverso pode
dente (empresa de investimento direto) por
ocorrer quer em operações de capital (desde
uma empresa não residente (investidor direto)
que a participação da empresa de investimen-
constitui um passivo externo de Portugal, por-
to direto não exceda 10 % dos direitos de voto
que esse investimento representa um direi-
do investidor direto) quer em operações de
to de um não residente sobre um ativo em
dívida. Contudo, é mais frequente nas compo-
Portugal.
nentes de dívida.
No princípio direcional os fluxos e posições de
Por último, o registo das transações entre
investimento direto são organizados de acor-
empresas irmãs difere nos dois princípios. No
do com a direção da influência do investimen-
caso do princípio ativo-passivo, todos os inves-
to, na perspetiva da economia compiladora,
timentos em capital e em dívida feitos por
ou seja, no caso de Portugal, em termos de
empresas irmãs residentes são registados em
investimento direto do exterior em Portugal
ativos, enquanto os investimentos em capital
e de investimento direto de Portugal no exte-
e dívida recebidos por empresas irmãs resi-
rior. Assim, nesta perspetiva, todos os fluxos
dentes são registados em passivos. De acordo
e posições de investidores residentes são
com este princípio, a direção da influência do
classificados em investimento de Portugal no
investimento não é relevada. Pelo contrário,
exterior, enquanto os fluxos e posições de
no princípio direcional, a direção da influên-
empresas de investimento direto residentes
cia do investimento é importante, sendo esta
são classificadas em investimento do exterior
determinada pela residência do último contro-
em Portugal.
lador da empresa irmã residente, que é quem
Um segundo grupo de diferenças prende-se em última instância controla as transações
com o tratamento do investimento reverso, i.e., dessa empresa. Se o último controlador for
o investimento de empresas de investimento residente, então as transações da empresa
direto nos respetivos investidores diretos. No irmã também residente são de investimen-
princípio direcional, o investimento reverso é to no exterior; inversamente, se o último
50 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

controlador for não residente, então as no exterior, e o investimento reverso por elas
transações da empresa irmã residente são realizado é subtraído ao investimento direto
de investimento do exterior. Incluindo o inves- de Portugal no exterior. Se, pelo contrário, o
timento reverso e exemplificando com o caso último controlador daquela mesma empresa
português, se o último controlador de uma for não residente, então todas as suas opera-
empresa irmã residente for também residente ções com outras empresas do mesmo grupo
em Portugal, então todas as transações reali- não residentes são consideradas investimento
zadas por essa empresa com outras do mes- direto do exterior em Portugal e o investimen-
mo grupo residentes no exterior devem ser to reverso é subtraído ao investimento direto
inscritas no investimento direto de Portugal do exterior em Portugal.

Figura 4 • Princípio ativo-passivo versus princípio direcional nas estatísticas do investimento


direto (Portugal)

Princípio ativo-passivo Princípio direcional


Ativos do investimento direto de Portugal IPE Investimento direto de Portugal no exterior

Participação no capital e empréstimos de investidores Participação no capital e empréstimos de investidores


diretos residentes em Portugal a empresas diretos residentes em Portugal a empresas
de investimento direto não residentes de investimento direto não residentes

mais (+) menos (-)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


de investimento direto residentes em Portugal de investimento direto não residentes em Portugal
a investidores diretos não residentes a investidores diretos residentes

mais (+) mais (+)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


irmãs residentes em Portugal (último controlador irmãs residentes em Portugal (último controlador
residente) a empresas irmãs não residentes residente) a empresas irmãs não residentes

mais (+) menos (-)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


irmãs residentes em Portugal (último controlador irmãs não residentes em Portugal a empresas irmãs
não residente) a empresas irmãs não residentes residentes (último controlador residente)

Passivos do investimento direto de Portugal IDE Investimento direto do exterior em Portugal

Participação no capital e empréstimos de investidores Participação no capital e empréstimos de investidores


diretos não residentes em Portugal a empresas diretos não residentes em Portugal a empresas
de investimento direto residentes de investimento direto residentes

mais (+) menos (-)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


de investimento direto não residentes em Portugal de investimento direto residentes em Portugal
a investidores diretos residentes a investidores diretos não residentes

mais (+) mais (+)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


irmãs não residentes em Portugal a empresas irmãs irmãs não residentes em Portugal a empresas irmãs
residentes (último controlador residente) residentes (último controlador não residente)

mais (+) menos (-)

Participação no capital e empréstimos de empresas Participação no capital e empréstimos de empresas


irmãs não residentes em Portugal a empresas irmãs residentes em Portugal (último controlador
irmãs residentes (último controlador não residente) não residente) a empresas irmãs não residentes
Metodologia e compilação estatística 51

Como utilizar e interpretar as estatísticas As estatísticas de investimento direto produzi-


do investimento direto das de acordo com princípio direcional estão

As duas apresentações das estatísticas do organizadas de acordo com a direção do


investimento direto são complementares e em controlo ou da influência do investimento, ou
nada alteram o valor global do investimento seja, em termos de investimento de Portugal
direto líquido (transações e posições). O objeti- no exterior e de investimento do exterior em
vo da análise que se pretende efetuar sobre os Portugal. Deste modo, são mais adequadas
dados do investimento direto é que determina para a análise das motivações e dos impactos
qual das duas perspetivas deve ser utilizada. do investimento direto. Uma vez que é disponi-
bilizado detalhe adicional por país / zona geo-
A apresentação de acordo com o princípio ativo-
-passivo coloca as estatísticas do investimento gráfica da entidade não residente e por setor
direto alinhadas com as restantes categorias de atividade económica da entidade residente,
funcionais do investimento no contexto das as estatísticas produzidas de acordo com o
estatísticas da balança de pagamentos e da princípio direcional apresentam, na perspetiva
posição de investimento internacional, assim do utilizador, uma maior riqueza informativa
como das contas nacionais. Logo, é mais indi- para a identificação, designadamente, dos paí-
cada para análises macroeconómicas e de ses que estão a investir em Portugal ou nos
comparação entre estatísticas. Adicionalmente, quais Portugal está a investir, assim como das
e porque os dados são produzidos de forma atividades económicas que estão a atrair inves-
simétrica e consistente entre os países, facilita timento estrangeiro ou que estão a investir no
também a comparação internacional. exterior.

Entidades com presença física nula são criadas, (ii) uma parte significativa do seu
ou diminuta balanço encontra-se sob a forma de ativos e
As estratégias de investimento internacional passivos face a não residentes, (iii) têm poucos
passam muitas vezes pela criação de entidades ou nenhuns empregados, e (iv) têm presença
de finalidade especial em determinadas locali- física nula ou diminuta na jurisdição em que
zações, com o objetivo de servir, sobretudo, as foram estabelecidas. Algumas destas empresas
empresas do grupo e não as economias onde existem sobretudo para deter e gerir a riqueza
se encontram instaladas. de privados, deter ativos para titularização, emi-
tir dívida em nome das empresas do grupo ou
As entidades de finalidade especial (tam-
simplesmente deter participações em empre-
bém conhecidas, na designação inglesa,
sas, sem realizar uma gestão ativa das mesmas.
por Special Purpose Entities (SPE), que podem
incluir, designadamente, conduits, international Dependendo do objetivo da análise, estas
business companies, financing subsidiaries, hol- empresas podem distorcer a interpretação das
ding companies, shell companies, shelf compa- estatísticas de investimento direto, sobretudo
nies ou brass plate companies) 12
são empresas quando se quer aferir a motivação e o impac-
que se encontram registadas em economias to do investimento direto numa economia,
onde são oferecidos determinados benefícios, designadamente o grau de internacionalização
como por exemplo taxas de imposto mais conseguido através deste tipo de investimento.
baixas, maior rapidez e menores custos nos As SPE estão normalmente associadas a trans-
processos de criação de empresas, menos ferências internacionais de fundos, de mon-
barreiras legais, e confidencialidade. Embora tantes por vezes muito significativos, estando
não exista um critério objetivo definido inter- algumas economias envolvidas apenas na pas-
nacionalmente para a identificação deste tipo sagem desses fundos para o seu destino final.
de empresas, tipicamente (i) os seus detento- Nas economias onde estas empresas estão
res são não residentes nas jurisdições em que instaladas, os fluxos em causa, muitas vezes
52 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

designados por “capital em trânsito”, inflacio- distribuídos (incluindo os resultados do


nam substancialmente as estatísticas de inves- exercício).
timento direto em termos de entradas e saídas,
Esta metodologia garante uma maior compa-
não havendo efetivamente, para essas econo-
rabilidade internacional.
mias, qualquer benefício proveniente desses
investimentos. Em alguns países, o impacto Por sua vez, as transações sobre títulos de
nas estatísticas de investimento direto é mui- capital são registadas pelo valor em que ocor-
to significativo. Em Portugal, estas entidades, rem, que poderá não corresponder ao valor
que se instalaram sobretudo na zona franca dos fundos próprios das empresas. Nesses
da Madeira, têm algum peso nas estatísticas do casos, a reconciliação entre transações e posi-
investimento direto (Gráfico 1). ções na posição de investimento internacional
Em face do exposto, é importante distinguir é efetuada em “outros fluxos”.
o investimento direto incluindo SPE do inves-
timento direto excluindo SPE. As estatísticas 2.7. Investimento de carteira
sobre investimento direto produzidas pelo O investimento de carteira inclui os fluxos e
Banco de Portugal apresentam as duas perspe-
as posições sobre títulos de participação no
tivas, para as SPE residentes em Portugal.
capital, unidades de participação em fundos
de investimento e títulos de dívida que não
Questões específicas sobre valorização são classificados em investimento direto ou em
Para a valorização a preços de mercado da ativos de reserva. O investimento de carteira
componente de títulos de participação no distingue-se das restantes categorias funcio-
capital das posições de investimento direto é nais devido à natureza dos fundos gerados e
utilizado o valor: objetivo do investimento, à relação geralmen-
• Da cotação das ações da empresa de inves- te anónima e distante entre o emitente e o
timento direto nas respetivas bolsas de valo- detentor do título, e ao grau de negociabilida-
res, ou de dos instrumentos. As operações de acordos
de recompra e de empréstimos de títulos não
• Dos fundos próprios da empresa de inves-
estão incluídas no investimento de carteira,
timento direto, calculados a partir dos seus
mas no outro investimento.
registos contabilísticos, que inclui, nomea-
damente, o capital realizado (exceto ações As transações e posições de investimento de
próprias), as reservas e os resultados não carteira são valorizadas a preços de mercado,

Gráfico 1 • 100 %
Importância
das SPE no 80 %
investimento
direto de países 60 %
selecionados,
2013 40 %

Fonte: OCDE, FDI in Figures, 20 %


dezembro 2014.
0%
Islândia

Noruega
Luxemburgo

Chile
Hungria

Áustria

Espanha

Polónia
Holanda

Dinamarca
Portugal

SPE Não SPE


Metodologia e compilação estatística 53

o que, no caso das transações, corresponde ao Relativamente aos passivos do investimento de


preço efetivamente pago ou recebido, dedu- carteira, a informação de base é compilada a
zido de comissões e de outras despesas. Nos partir do SIET, nomeadamente sobre posições
títulos com cupão, o juro que é devido depois de títulos emitidos por residentes na posse de
do último pagamento do cupão é acrescido, não residentes. A partir desta informação são
assim como o juro acumulado desde a emis-
calculados os outros fluxos, como por exemplo
são de títulos a desconto. Os registos de con-
as revalorizações devidas a variações cambiais
trapartida destes juros são efetuados não só
e de preço, e as transações. Os juros corridos e
na balança financeira e na posição de investi-
não pagos, que acrescem às posições dos pas-
mento internacional, como também na balança
de rendimento primário, em rendimentos do sivos de investimento carteira, correspondem
à diferença entre os juros corridos e os juros
investimento.
pagos, ambos obtidos a partir do SIET.
Nas estatísticas de Portugal, o investimento de
As estatísticas do investimento de carteira do
carteira é apresentado por instrumento, matu-
banco central são compiladas a partir do sis-
ridade original e setor institucional da enti-
tema de informação do Banco de Portugal
dade residente (o detentor do título, no caso
dos ativos, e o emitente do título, no caso dos relativa a posições, transações e respetivos

passivos). rendimentos.

Para a compilação de estatísticas de investi-


mento de carteira dos outros setores que não o 2.8. Derivados financeiros (que não
banco central são utilizadas as seguintes fontes reservas) e opções sobre ações
de informação (Caixa 3 • "Principais fontes de concedidas a empregados
informação utilizadas na compilação das esta- Esta categoria funcional coincide, quase na
tísticas externas"): totalidade, com o instrumento financeiro sub-
• SIET; jacente, derivados financeiros, encontrando-se
a parte restante na categoria ativos de reserva.
• CSDB; e
Inclui, adicionalmente, as opções sobre ações
• COPE – na parte relativa a transações e concedidas a empregados.
rendimentos. Os derivados financeiros distinguem-se das
Para o cálculo das estatísticas relativas aos ati- restantes categorias das estatísticas externas
vos de investimento de carteira, a fonte funda- na medida em que tratam da transferência de
mental é o SIET, a partir do qual são apuradas risco, mais do que na oferta de fundos ou de
outros recursos. Ao contrário das outras cate-
as transações e posições em títulos emitidos
gorias funcionais, os derivados financeiros não
por não residentes. A CSDB permite identifi-
geram rendimentos primários – por exem-
car algumas caraterísticas dos títulos, como
plo, os fluxos líquidos associados a derivados
por exemplo distinguir entre ações cotadas e
sobre taxas de juro são registados como tran-
não cotadas, e obter informação de base ao
sações de derivados financeiros e não como
cálculo dos rendimentos associados. As COPE rendimentos do investimento.
permitem complementar os apuramentos
As opções sobre ações concedidas a empre-
relativos a transações, posições e rendimentos
gados são opções de compra de ações de
associados.
uma empresa, que são oferecidas sob a forma
Aos valores de posições apurados a partir das de remuneração aos empregados cuja perma-
fontes descritas, são adicionados os juros cor- nência no país de acolhimento seja inferior a
ridos e não pagos, ou seja, a diferença entre a um ano.
estimativa dos juros corridos e os juros pagos A valorização dos derivados financeiros é
ou liquidados, conforme reporte efetuado nas efetuada ao preço de mercado, sendo que
COPE. as transações correspondem, sobretudo, a
54 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

transações de compra ou venda de contratos as posições e transações em instrumentos


do tipo opções ou a liquidação de contratos que não são classificados noutras categorias
do tipo forward. O valor de um contrato de funcionais, nomeadamente no investimento
derivados pode, ao longo da sua vida, alter- direto ou nos ativos de reserva. Nas estatís-
nar entre positivo e negativo, dependendo de ticas externas de Portugal são identificadas
como varia o preço do ativo subjacente face as seguintes componentes do outro investi-
ao valor contratual. As alterações aos preços mento: (a) outras participações; (b) numerá-
dos derivados são registadas como ganhos ou rio e depósitos; (c) empréstimos (incluindo a
perdas, ou seja, como variações de preços. utilização de crédito do FMI e empréstimos do
FMI); (d) regimes de seguros, pensões e garan-
Por dificuldades práticas na separação entre
tias estandardizadas; (e) créditos comerciais
fluxos ativos e fluxos passivos, todas as tran-
e outras contas a receber / a pagar; e (f) DSE
sações e posições sobre derivados financeiros
(a atribuição e não a detenção de DSE, que é
são registadas em termos líquidos.
classificada em ativos de reserva). Para além
A informação de base à produção de estatísti- da desagregação por instrumento, é também
cas sobre derivados financeiros para todos os disponibilizado detalhe por setor institucional
setores exceto o banco central é obtida através da entidade residente e por país da contra-
do reporte direto ao Banco de Portugal efetua- parte. De referir que em outro investimento
do pelas seguintes vias (Caixa 3 • "Principais se incluem também fluxos e posições associa-
fontes de informação utilizadas na compilação dos a saldos do Banco de Portugal face ao BCE
das estatísticas externas"): e a outros bancos centrais da Área do Euro
(ver operações intra-Eurosistema, esta Secção e
• QDF;
Caixa 7 • "Emissão e circulação de notas euro:
• COPE, onde se inclui informação relativa a tratamento nas estatísticas externas").
transações sobre derivados financeiros e
A valorização das posições em instrumentos
opções sobre ações concedidas a empre- não negociáveis, i.e., empréstimos, depósitos e
gados, entre residentes e não residentes, outras contas a receber e a pagar (incluindo
contratados juntos de bancos residentes e créditos comerciais), é feita ao valor nominal.
não residentes; e O valor nominal dos empréstimos e depósitos,
• Reporte direto da Agência de Gestão da quer ativos quer passivos, inclui os juros corri-
Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) ao Ban- dos e não pagos.
co de Portugal sobre posições de derivados As fontes utilizadas na compilação das esta-
financeiros. tísticas de outro investimento da balança de
Para a compilação das estatísticas sobre deri- pagamentos portuguesa são de vários tipos e
dependem do setor residente credor / deve-
vados financeiros prevalece a informação do
dor dos ativos / passivos financeiros :
QDF relativa a operações efetuadas por conta
própria pelos bancos e pelos fundos da segu- • Os dados relativos ao setor do banco cen-
rança social. Para os restantes setores, exceto tral são obtidos diretamente do sistema de
informação interno do Banco de Portugal e
o banco central, prevalece a informação comu-
incidem quer sobre informação de balanço
nicada via COPE, a qual é complementada com
quer sobre dados de transações, incluindo
a informação reportada pelos bancos no QDF,
os respetivos rendimentos;
por conta de terceiros.
• Relativamente ao setor das outras institui-
Relativamente ao banco central, a informação ções financeiras monetárias, é utilizada,
sobre transações e posições em derivados essencialmente, a informação de balanço,
financeiros é extraída diretamente do sistema por país de contraparte, reportada mensal-
de informação do Banco de Portugal. mente para efeitos de estatísticas monetá-
rias e financeiras, assim como a informação
2.9. Outro investimento comunicada no âmbito das COPE;
O outro investimento é uma categoria resi- • Para o setor dos particulares, a informação
dual de ativos financeiros e passivos. Inclui das COPE, das COL e os dados comunicados
Metodologia e compilação estatística 55

por alguns países da Área do Euro com con- disponibilização de títulos como colateral de
trapartida em Portugal, no âmbito das esta- um empréstimo ou depósito. Estas opera-
tísticas monetárias e financeiras, constituem ções podem assumir contornos distintos, mas
as fontes de informação de base aos apura- visam, no essencial, a obtenção de capital, que
mentos de depósitos (ativos) e de emprésti- é garantido através de títulos.
mos obtidos (passivos). A informação relativa Por convenção no âmbito do Eurosistema, todas
a depósitos (ativos) é complementada, em as operações deste tipo são tratadas como
momentos posteriores, com os dados do empréstimos garantidos e, nessa medida, são
Bank for International Settlements (BIS) relati- registadas no outro investimento. Este trata-
vos a estatísticas de posições externas vis-à- mento reflete de forma mais adequada a moti-
-vis Portugal; e vação subjacente: a intenção de recompra dos
• A informação relativa aos outros setores é títulos significa que a propriedade económica
obtida, principalmente, através das COPE. dos mesmos permanece com o dono origi-
Para o apuramento do instrumento de cré- nal, que assume os riscos e recebe os bene-
ditos comerciais são utilizadas, para além fícios a ela associados, ainda que possa não
das COPE, estimativas apuradas a partir dos ser, de facto, o proprietário legal dos mesmos.
dados do comércio internacional e dos prazos Adicionalmente garante-se, deste modo, total
médios de pagamentos e recebimentos face consistência com o que é preconizado no âmbi-
ao exterior estimados a partir da informa- to das outras estatísticas, nomeadamente nas
ção reportada trimestral e anualmente pelas estatísticas monetárias e financeiras.
empresas no âmbito da Central de Balanços
do Banco de Portugal (ITENF e IES). Operações intra-Eurosistema
Nesta categoria funcional, é de referir ainda Existe um conjunto significativo de transa-
que algumas estatísticas de posições são apu- ções e posições intra-Eurosistema, i.e. entre
radas por acumulação de fluxos (por exemplo os bancos centrais da Área do Euro e o BCE,
os regimes de seguros, pensões e garantias cujo tratamento estatístico foi convenciona-
estandardizadas, a partir dos fluxos das COPE), do no âmbito do Eurosistema, e que importa
e algumas estatísticas de fluxos são apuradas aqui detalhar, na perspetiva da compilação
a partir de posições (por exemplo os dados das estatísticas da balança de pagamentos e
obtidos através do reporte às estatísticas da posição de investimento internacional de
monetárias e financeiras relativos ao setor das Portugal:
outras instituições financeiras monetárias). • Transferência inicial de ativos de reserva
Aos valores de posições ativas e passivas de para o BCE: os direitos em euros sobre o
depósitos e empréstimos, apurados através BCE que resultam da transferência inicial
das fontes descritas em cima, acrescem ainda de reservas internacionais do Banco de
os juros corridos e não pagos. Esta componen- Portugal estão registados em “outro inves-
te é estimada para todos os setores exceto as timento / banco central / ativos / numerário
instituições financeiras monetárias, em que e depósitos”;
o valor é extraído da informação de balanço. • Remuneração dos ativos sobre o BCE resul-
O método utilizado baseia-se na diferença entre tantes da transferência do Banco de Portu-
o valor calculado de juros corridos registado no gal para as reservas comuns: a remunera-
rendimento primário (rendimentos do outro ção da contribuição do Banco de Portugal
investimento) e os juros efetivamente pagos, para as reservas do BCE é considerada um
que são obtidos através do reporte COPE. recebimento de rendimento intra-Euro Área
sendo registada em “balança corrente / ren-
Acordos de recompra, empréstimos de dimento primário / rendimento do investi-
títulos e outros instrumentos relacionados mento / rendimento do outro investimento”;

Os acordos de recompra de títulos (nas dife- • Ações do BCE: a participação do Banco de


rentes designações, repos, empréstimos de Portugal no capital do BCE está registada
títulos com colateral em numerário e sale- em “outro investimento / banco central / ati-
buybacks) são operações que envolvem a vos / outras participações”;
56 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

• Reafetação do rendimento monetário: o no caso de resgate, pagamento de cupão,


rendimento atribuído ao Banco de Portu- comissões, etc.: os fluxos associados à ges-
gal como resultado da política monetária tão dos títulos estrangeiros que são entre-
do Eurosistema, que é proporcional à sua gues ao Banco de Portugal como colateral
quota de capital no BCE, é considerado uma nas operações de financiamento das insti-
transferência corrente intra-Euro Área, quer tuições financeiras monetárias residentes,
positiva quer negativa, registada em termos ou que estão associados à gestão de títulos
brutos (i.e., distinta de outras transações emitidos por residentes e que são apresen-
como por exemplo a distribuição dos resul- tados a outros bancos centrais do Eurosiste-
tados do BCE), em “balança corrente / rendi- ma como colateral para efeitos de obtenção
mento secundário / outros setores”; de liquidez, são registados em "investimento
• Distribuição ao Banco de Portugal dos de carteira", no setor institucional aplicável.
lucros do BCE e cobertura pelo Banco de Todas estas transações intra-Eurosistema
Portugal das perdas financeiras do BCE: são liquidadas via TARGET (Trans-European
é considerado um rendimento, que pode Automated Real-time Gross Settlement Express
ser positivo ou negativo, que acresce à Transfer System).
participação do Banco de Portugal no capi-
tal do BCE. É registado como uma transação Saldos das operações TARGET
intra-Euro Área em “balança corrente / ren-
Desde o início da 3.ª fase da União Económica e
dimento primário / rendimento do investi-
Monetária em 1999 que as transações de cada
mento / rendimento do outro investimento”;
país face ao Eurosistema têm sido executadas
• Saldos intra-Eurosistema resultantes da sobretudo através do TARGET, dando origem a
emissão e circulação de notas euro: a saldos diários intra-Eurosistema denominados
diferença entre o valor das notas euro atri- em euros. A motivação económica e funcional
buídas ao Banco de Portugal, em conformi- subjacente aos saldos TARGET é muito seme-
dade com a tabela de repartição do Euro- lhante à das contas bancárias nostro / vostro.
sistema, e o valor das notas que o Banco de
Desde final de 2000, convencionou-se que
Portugal efetivamente coloca em circulação
todos os ativos e passivos no TARGET eram sal-
dá origem a saldos intra-Eurosistema, que
dados no final de cada dia, ficando cada banco
são considerados, em ativos ou passivos,
central com uma única posição (líquida) no sis-
consoante o sinal, em “outro investimento /
tema, a qual seria face ao BCE. Deste modo, o
banco central / numerário e depósitos (Cai-
BCE atua como câmara de compensação, sen-
xa 7 • "Emissão e circulação de notas euro:
do, no final do dia, o único participante a deter
tratamento nas estatísticas externas");
saldos do sistema face aos outros países da
• Remuneração dos saldos intra-Eurosiste- União Europeia. Por outras palavras, os saldos
ma: é tratada como rendimento de depósitos TARGET do BCE representam os saldos do sis-
e registada em “balança corrente / rendimen- tema (global) face aos outros países da União
to primário / rendimentos do investimento / Económica não participantes na Área do Euro.
rendimentos do outro investimento”;
No caso de Portugal, a posição (líquida) do
• Produto das sanções impostas pelo BCE: o
Banco de Portugal no sistema TARGET é tipi-
Banco de Portugal é responsável por debi-
camente passiva e encontra-se registada em
tar a conta do eventual visado pela sanção
“outro investimento / passivos”, no setor do ban-
do BCE (por exemplo: sanção decorrente do
co central, no instrumento financeiro “numerá-
não cumprimento das reservas mínimas ou
rio e depósitos”.
do não cumprimento dos requisitos estatís-
ticos) e de transferir os montantes em causa
para o BCE, sendo que quando tal sucede,
a transferência é registada em “balança cor-
rente / transferências correntes”; e
• Ativos de garantia utilizados no âmbito do
modelo de banco central correspondente,
Metodologia e compilação estatística 57

Caixa 7 • Emissão e circulação de notas euro: tratamento nas estatísticas externas

O direito da União Monetária Europeia pre- A emissão e circulação das notas euro dá origem
vê um sistema de pluralidade de emissores a dois tipos de registos nas estatísticas externas:
de notas de banco, ao abrigo do qual o BCE • A diferença entre o valor das notas euro
e os Bancos centrais nacionais (BCN) emitem atribuídas a cada BCN, em conformidade
notas denominadas em euros. As responsabi- com a tabela de repartição de euros, e o
lidades pela emissão do valor total das notas valor das notas euro que esse BCN coloca
de euro em circulação são repartidas pelos em circulação é considerada um saldo intra-
membros do Eurosistema de acordo com um -Eurosistema e é registada como um ativo /
critério objetivo, que consiste na aplicação passivo em "Outro investimento / Banco cen-
proporcional da participação de cada BCN tral / Numerário e depósitos";
no capital realizado do BCE prevista no Artigo
29.º – 1 dos Estatutos do Sistema Europeu de • A exportação/importação de notas euro é
Bancos Centrais (SEBC). Esta chave de reparti- registada, respetivamente, como passivo /
ativo em "Outro investimento / Banco cen-
ção é ajustada para passar a considerar o BCE
tral / Numerário e depósitos".
também como responsável por uma parte do
total emitido. Dado que não coloca em circulação notas de
A emissão de notas de euro não está sujeita a euro, o BCE é titular de créditos intra-Eurosiste-
limites quantitativos ou outros, uma vez que a ma sobre os BCN de montante correspondente
colocação de notas em circulação é efetuada à percentagem das notas de euro que lhe estão
em função da procura, sendo que o regime de atribuídas. A remuneração destes saldos intra-
emissão de notas de euro se baseia no prin- -Eurosistema produz efeitos nas posições rela-
cípio do seu não repatriamento (i.e., não se tivas dos BCN em termos de proveitos.
aplica às notas de euro a prática do repatria- Na perspetiva das estatísticas externas de
mento das notas denominadas nas unidades Portugal, os fluxos e posições associados à
monetárias nacionais para o respetivo banco emissão e circulação de notas euro são regista-
central emissor). dos da seguinte forma (Figura 5):

Figura 5 • Registo dos fluxos e posições associados à emissão e circulação de notas euro
nas estatísticas externas de Portugal

Ativo Passivo

Outro investimento / Outro investimento /


Rubrica Banco central / Banco central /
Numerário e depósitos Numerário e depósitos

Emissão Emissão
Valor – –
Notas colocadas em circulação Notas na posse de residentes

Adicionalmente, a remuneração destes saldos dos saldos intra-Eurosistema seja superior ao


intra-Eurosistema é registada em “Rendimento valor do passivo. A diferença corresponde à
primário / rendimentos do investimento / outro importação de notas de euro emitidas por
investimento / banco central / juros”. outros BCN do Eurosistema. Na prática, a
importação de euros concretiza-se essencial-
O caso de Portugal mente através da atividade turística: entrada
Em Portugal, o total das notas na posse de líquida de euros resultante dos pagamentos
residentes tem sido superior ao valor das efetuados em Portugal por viajantes não resi-
notas colocadas em circulação pelo Banco de dentes e dos pagamentos efetuados no estran-
Portugal, daí resultando que o valor do ativo geiro por viajantes residentes em Portugal.
58 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

2.10. Ativos de reserva exemplo, derivados financeiros) do banco cen-


tral e administração central que possam origi-
Os ativos de reserva são os ativos externos
nar pagamentos resultantes em reduções das
que estão prontamente disponíveis e são con-
reservas e / ou outros ativos cambiais.
trolados pelas autoridades monetárias para
fazer face às necessidades de financiamento Sob a categoria funcional de ativos de reserva
da balança de pagamentos, para intervenção são identificadas as seguintes componentes:
nos mercados cambiais na gestão da taxa de ouro monetário, DSE, posição de reserva no
câmbio da moeda, e para outros objetivos, FMI, numerário e depósitos, participação de
tais como a manutenção da confiança na capital e de fundos de investimento, títulos de
moeda e na economia ou garantia do financia- dívida, derivados financeiros e outros créditos.
mento externo. Sublinha-se que esses ativos As operações em ativos de reserva são regista-
devem (i) estar sob o controlo efetivo das auto- das em termos brutos, com exceção da com-
ridades monetárias, e (ii) ter um elevado nível ponente relativa a derivados financeiros, que é
de liquidez, negociabilidade e credibilidade. registada em termos líquidos.
Os ativos de reserva de Portugal são parte inte- Em termos de valorização, aplica-se também
grante dos ativos de reserva do Eurosistema, aqui a regra geral: valor de mercado para os
que são constituídos pelo conjunto dos ativos instrumentos transacionáveis e valor nominal
de reserva do BCE e de cada um dos bancos para as posições de instrumentos não transa-
centrais dos países pertencentes à Área do cionáveis. As posições de ouro são valorizadas
Euro. Deste modo, o conceito de ativos de ao valor de mercado no fecho do último dia dos
reserva utilizado em Portugal está totalmente períodos de referência (o valor do ouro é fixado
alinhado com o conceito definido no âmbi- em dólares americanos por onça troy).
to do Eurosistema, o qual foi aprovado pelo
Aos valores apurados para ativos de reserva
Conselho de Governadores do BCE em mar-
acresce ainda os juros corridos e não pagos,
ço de 199913. Em linha com a definição imple-
designadamente para as componentes de
mentada no Eurosistema, os ativos de reserva
depósitos, DSE, títulos e posição de reserva
de Portugal são os ativos detidos pelo Banco
no FMI. Os registos de contrapartida dos juros
de Portugal, em moeda estrangeira (não euro)
corridos relativos a ativos de reserva são efe-
e face a outros países que não da Área do
tuados em rendimentos de ativos de reserva.
Euro. Esta definição exclui de forma explícita
todos os ativos do Banco de Portugal em moe- Todos os dados relativos aos ativos de reser-
da estrangeira face a residentes na Área do va são recolhidos internamente ao Banco de
Euro e os ativos denominados em euros face Portugal, a partir dos sistemas de informação
a não residentes da Área do Euro. Estes ativos contabilístico, de pagamentos e de operações
são incluídos nas categorias de investimento de mercados, e cobrem informação completa
de carteira, derivados financeiros e de outro sobre posições, transações e rendimentos.
investimento.
Os saldos em moeda estrangeira detidos pela
administração central não são incluídos no con-
ceito de ativos de reserva de Portugal, como se
encontra definido no âmbito do Eurosistema14.
Contudo, esses saldos são incluídos no Template
de Reservas Internacionais e liquidez em moeda
estrangeira, uma componente do Special Data
Dissemination Standard (SDDS) Plus do FMI15.
O Template contém informação sobre o mon-
tante e composição dos ativos de reservas ofi-
ciais, dos outros ativos cambiais detidos pelo
banco central e administração central, de com-
promissos de curto prazo em moeda estran-
geira e das atividades relacionadas (como, por
Relação entre as estatísticas externas e as contas nacionais 59

3. Relação entre as estatísticas externas


e as contas nacionais
As estatísticas da balança de pagamentos e da financeiras; administrações públicas; particula-
posição de investimento internacional contri- res e resto do mundo.
buem para a caraterização e acompanhamen-
As estatísticas externas e as estatísticas das
to da atividade de uma determinada economia,
contas nacionais apresentam um conjunto sig-
através da sistematização de todas as relações
nificativo de caraterísticas em comum, desde
dessa economia com o exterior. No contexto
logo porque são apuradas de acordo com refe-
das estatísticas macroeconómicas, o contri-
renciais metodológicos harmonizados (BPM6
buto analítico das estatísticas externas é par-
e SEC2010, respetivamente). A consistência
ticularmente relevante no domínio das contas
entre estas duas estatísticas é extensiva, inclu-
nacionais.
sive, à forma de apresentação da informação
As contas nacionais visam representar a econo-
relativa às relações com o exterior, em fluxos,
mia de forma exaustiva e sintética, através de
posições e outras variações de volume e preço.
um conjunto completo, estruturado e coerente
de informação estatística. As contas nacionais Neste contexto, justifica-se que as estatísti-
estão segmentadas em duas componentes cas externas constituam fonte de informação
principais: as contas nacionais não financeiras, primária na compilação das contas nacio-
que registam os fluxos de recursos (receitas) nais, designadamente do setor do resto do
e de empregos (despesas) da economia, e as mundo (Figura 6). Em Portugal, as estatís-
contas nacionais financeiras, que registam as ticas externas compiladas pelo Banco de
transações e patrimónios financeiros da mes- Portugal servem de base às contas nacionais
ma. Adicionalmente, as estatísticas das contas financeiras, também compiladas pelo Banco, e
nacionais referem-se a cinco setores institucio- às contas nacionais não financeiras, compila-
nais: sociedades não financeiras; sociedades das pelo INE.

Figura 6 • Estatísticas externas no domínio das contas nacionais, por setor institucional

Particulares

Resto Sociedades
do mundo não financeiras

Administrações Sociedades
públicas financeiras

Estatísticas externas
60 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Deste modo, existe uma relação muito próxima Correspondência entre os principais agre-
entre as estatísticas externas e as estatísticas gados das contas nacionais e das estatísti-
das contas nacionais, refletida na equivalência cas externas
entre agregados e na utilização cruzada de • Equivalência entre os saldos das contas
resultados. Adicionalmente, porque se tratam nacionais e das estatísticas externas
de estatísticas macroeconómicas de âmbito
Os resultados apurados no âmbito das contas
diferenciado, permitem a exploração não só
nacionais podem ser traduzidos em três saldos
das interligações mas também das comple-
mentaridades entre elas, o que enriquece a principais: (i) capacidade / necessidade de finan-
análise no contexto das relações da economia ciamento da economia; (ii) poupança financeira;
com o exterior. (iii) riqueza financeira. A Figura 7 ilustra a cor-
respondência entre os saldos apurados para
A seguir ilustram-se os principais segmentos
o setor do resto do mundo e as estatísticas
de interseção e de complementaridade entre
externas.
estas estatísticas.

Figura 7 • Relação entre os principais agregados das contas nacionais e as estatísticas


externas

Âmbito Contas nacionais Estatísticas externas

Capacidade / necessidade
de financiamento Saldo das balanças corrente
Transações não financeiras
e de capital
(Recursos – Empregos)

Poupança financeira
Transações financeiras Saldo da balança financeira
(Saldo ativos – Saldo passivos)

Riqueza financeira Posição de investimento


Posição financeira
(Posição ativos – Posição passivos) internacional

• Contributos das estatísticas externas para procura interna bruta, para o cálculo do
os agregados das contas nacionais produto interno bruto a preços de merca-
do, na perspetiva das contas nacionais;
A compilação dos agregados de contas nacio-
nais utiliza resultados apurados ao nível das • Os saldos dos rendimentos primários e das
estatísticas externas, como os que ilustra a transferências correntes com o exterior,
Figura 8. que permitem apurar, a partir do produ-
to interno bruto a preços de mercado, os
Esta análise evidencia que existem resulta- agregados de rendimento nacional bruto e
dos do lado das estatísticas externas que rendimento nacional disponível bruto.
são muito relevantes para o apuramento
Por último, destaca-se que as estatísticas
de alguns agregados das contas nacionais,
externas são fundamentais para o apura-
como por exemplo:
mento da capacidade / necessidade líquida
• O saldo da balança comercial (operações de financiamento de uma economia, sendo
com o exterior sobre bens e serviços), necessário, para o efeito, o saldo das trans-
que equivalem à procura externa líquida, ferências de capital da balança de capital.
uma componente que concorre, a par da
Relação entre as estatísticas externas e as contas nacionais 61

Figura 8 • Apuramento da capacidade / necessidade líquida de financiamento

Capacidade (+) / necessidade (-) líquida de financiamento

Poupança nacional

Rendimento nacional disponível bruto


Ótica
das Contas Rendimento nacional bruto
Nacionais

Produto interno bruto a preços de mercado

Procura interna bruta Procura externa líquida

Despesas + Investimento + Exportações + Rendimentos + Transferências + Transferência


de consumo final primários recebidos correntes recebidas de capital recebidas
do resto do mundo do resto do mundo do resto do mundo*
- Importações - Rendimentos - Transferências - Transferências
+ Consumo privado primários pagos correntes pagas de capital pagas
+ Consumo público ao resto do mundo ao resto do mundo ao resto do mundo*

Balança Balança de rendimento Balança de rendimento


Ótica da comercial primário secundário Balança
Balança de
Pagamentos de capital
Balança corrente

Capacidade (+) / necessidade (-) líquida de financiamento

* Transferências em sentido lato. Inclui, no caso da balança de capital, a aquisição / alienação de ativos não
financeiros não produzidos.

Diferenças e complementaridades entre as –– Nas estatísticas externas é privilegiada a


contas nacionais e as estatísticas externas perspetiva do setor residente. Por exem-
Na análise conjunta das estatísticas exter- plo, se um banco residente concede um
nas e das contas nacionais existem algu- crédito a um não residente, o registo
mas particularidades a ter em consideração, estatístico reflete um aumento do ativo
de residentes face ao exterior; e
designadamente:
–– As contas nacionais apresentam a pers-
• Simetria dos resultados
petiva do setor não residente. No exem-
Dado que refletem diferentes perspetivas,
plo anterior, a concessão do emprésti-
os valores líquidos nas estatísticas externas
mo ao exterior implica um aumento do
são simétricos dos valores líquidos das esta-
passivo do resto do mundo face à eco-
tísticas das contas nacionais (Quadro 4): nomia nacional.

Quadro 4 • Relação entre os ativos financeiros e passivos da balança de pagamentos e as contas


financeiras

Contas financeiras

Ativos financeiros Passivos


Ativos Aquisição de ativos financeiros
financeiros estrangeiros, por residentes em Portugal
Balança
de pagamentos
Obtenção por parte de residentes
Passivos
em Portugal de passivos, a não residentes

• Classificação por categorias funcionais –– Nas contas nacionais financeiras a


e por instrumentos financeiros apresentação primária baseia-se nos ins-
–– Nas estatísticas externas é privilegia- trumentos financeiros. Os instrumentos
da a apresentação dos ativos financei- financeiros agrupam-se em oito catego-
ros e passivos sob a forma de catego- rias: ouro monetário e direitos de saque
rias funcionais (as quais, por sua vez, especiais; numerário e depósitos; títulos
são desagregadas em instrumentos de dívida; empréstimos; ações e outras
financeiros); e participações; regimes de seguros,
62 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

pensões e garantias estandardizadas; categorias funcionais das estatísticas exter-


derivados financeiros, incluindo opções nas (Quadro 5). Esta correspondência reflete o
sobre ações concedidas a empregados; potencial de complementaridade analítica entre
e outros débitos e créditos, relativamen- as estatísticas da contas nacionais e das estatís-
te aos quais incidem desagregações ticas externas, uma vez que permite identificar
adicionais. diferentes padrões de comportamento nas rela-
Pese embora as formas diferentes de apresenta- ções com o exterior, associados, nomeadamente,
ção, é possível estabelecer uma ligação entre as ao tipo de relação entre as partes e à motivação
duas, que faz corresponder a cada instrumento para o investimento, o que se reflete também em
financeiro das contas nacionais uma ou várias riscos e motivações distintos.

Quadro 5 • Relação entre os instrumentos financeiros das contas nacionais e os instrumentos


e categorias funcionais das estatísticas externas

Instrumentos financeiros Instrumentos financeiros Categorias funcionais


contas nacionais estatísticas externas estatísticas externas
Ouro monetário Ativos de reserva
Ouro monetário e direitos
Ativos de reserva – ativos
de saque especiais Direitos de saque especiais
Outro investimento – passivos
Outro investimento
Numerário e depósitos Numerário e depósitos
Ativos de reserva
Investimento direto
Títulos de dívida Títulos de dívida Investimento de carteira
Ativos de reserva
Investimento direto
Empréstimos Empréstimos Outro investimento
Ativos de reserva
Investimento direto
Investimento de carteira
Ações e outras participações Ações e outras participações
Outro investimento
Ativos de reserva
Regimes de seguros, pensões Regimes de seguros, pensões Investimento direto
e garantias estandardizadas e garantias estandardizadas Outro investimento
Derivados financeiros, incluindo opções Derivados financeiros, incluindo opções Derivados financeiros
sobre ações concedidas a empregados sobre ações concedidas a empregados Ativos de reserva
Investimento direto
Outros débitos e créditos Outros débitos e créditos
Outro investimento

• Registo de dupla entrada versus quádru- dado que as contas nacionais cobrem
pla entrada todos os agentes económicos de uma
economia (residentes e não residentes)
–– Nas estatísticas externas as transações e para cada agente envolvido numa tran-
de uma economia com o exterior são sação é aplicado o princípio do duplo
registadas de acordo com o princípio das registo. Os registos efetuados nas contas
partidas dobradas (dupla entrada), ou nacionais traduzem ambas as perspeti-
seja, a cada operação com um não resi- vas, quer a do setor originador quer a do
dente está associado um registo a crédito setor de contraparte.
e outro a débito, de igual valor, nas con-
tas do agente económico residente nessa
economia. As estatísticas externas refle-
tem, deste modo, os registos na perspeti-
va do agente económico residente.
–– Nas contas nacionais os registos respei-
tam o princípio da quádrupla entrada,
Notas 63

Notas
1. Reconhecimento contabilístico de uma redução ou anulação de valor de um ativo.
2. Corresponde, na perspetiva de Portugal, à compra e subsequente revenda de bens a não residentes, sem que os mesmos atravessem a fronteira de
Portugal.
3. Princípio contabilístico geral através do qual os proveitos e os custos de um período devem ser registados contabilisticamente no exercício a que dizem
respeito, independentemente do momento em que são pagos ou recebidos.
4. http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_IFM_listas.pdf (A.1.2 e A.1.3)
5. http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_FI_listas.pdf;
http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_OIF_listas.pdf;
http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_AF_listas.pdf;
http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_IFCP_listas.pdf
6. http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_CSFP_listas.pdf
7. http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/MetodologiaseNomenclaturasEstatisticas/LEFE/Publicacoes/SEC2010_AP_listas.pdf
8. Artigo 13.º da Lei Orgânica do Banco de Portugal.
9. Adicionalmente, o Manual de Procedimentos das Estatísticas de Operações e Posições com o Exterior, disponibilizado no sítio institucional do Banco de
Portugal na Internet, especifica os requisitos de reporte constantes da Instrução n.º 27/2012, contendo informação nomeadamente sobre a nomenclatura
das operações abrangidas pelo reporte, as definições genéricas, as tabelas de desagregação aplicáveis à informação a reportar, o formato dos ficheiros e
formulários a enviar, bem como os aspetos técnicos e operacionais associados à sua transmissão.
10. O critério é designado por Framework on Foreign Direct Investment Relationships (FDIR) e foi definido pela OCDE de forma consistente com o BPM6, do
FMI, e com a BD4, da OCDE.
11. Inclui sociedades de titularização envolvidas em operações de titularização (FVC – financial vehicle corporation), sociedades financeiras de corretagem,
sociedades financeiras de concessão de crédito e sociedades financeiras especializadas.
12. Por simplificação, a referência a este tipo de entidades passa a ser feita através da sigla SPE.
13. Ver também a publicação do BCE Statistical treatment of the Eurosystem’s international reserves de outubro de 2000, https://www.ecb.europa.eu/pub-
pdf/other/statintreservesen.pdf.
14. O Artigo 105.º – 2 do Tratado que cria a União Europeia e o Artigo 116.º - 3 atribuem ao Eurosistema o direito exclusivo de deter e gerir as reservas
oficiais externas dos Estados-Membros desde o início da 3.ª Fase da União Económica e Monetária.
15. O SDDS Plus compreende a um conjunto de indicadores estatísticos padronizados, correspondendo ao nível mais exigente de detalhe de difusão
estatística criado pelo FMI, com o objetivo de reforçar a transparência, integridade, atualidade e qualidade da informação estatística. Inclui informação
sobre dados macroeconómicos, política de divulgação ao público, política de revisões e metodologias subjacentes à produção da informação estatística.
ANEXOS
1. Detalhe informativo sobre estatísticas
externas publicado pelo Banco de Portugal
– Fluxos

2. Detalhe informativo sobre estatísticas


externas publicado pelo Banco de Portugal
– Posições
Anexos 67

1. Detalhe informativo sobre estatísticas externas


publicado pelo Banco de Portugal – Fluxos

Setor Agregado Atividade


Maturidade
institucional geográfico económica

Balanças corrente e de capital •


Balança corrente •
Bens e serviços •
Bens •
Mercadorias
Exportações líquidas de bens em merchanting
Ouro não monetário
Serviços •
Serviços de transformação de recursos materiais pertencentes a terceiros •
Serviços de manutenção e reparação •
Transportes •
Transportes marítimos •
Passageiros
Carga
Outros
Transportes aéreos •
Passageiros
Carga
Outros
Outros modos de transporte •
Passageiros
Carga
Outros
Serviços postais e de correio •
Viagens e turismo •
Construção •
No estrangeiro
Em Portugal
Serviços de seguros e pensões •
Seguros diretos
Resseguros
Outros seguros
Serviços financeiros •
Expressamente cobrados e outros serviços financeiros
Serviços de intermediação financeira indiretamente medidos (SIFIM)
Direitos cobrados pela utilização de propriedade inteletual n.i.n.r. •
Direitos resultantes de franchising e marketing
Outros direitos
Serviços de telecomunicações, informáticos e de informação •
Serviços de telecomunicações
Serviços informáticos
Serviços de informação
Outros serviços fornecidos por empresas •
Serviços de investigação e desenvolvimento •
Serviços de consultoria em gestão e outras áreas técnicas •
Consultoria jurídica, de contabilidade e de gestão e relações públicas
Publicidade, estudos de mercado e sondagens de opinião

Serviços técnicos, relacionados com o comércio e outros serviços •


fornecidos por empresas
Serviços de arquitetura, de engenharia e outros serviços técnicos
Serviços de tratamento de resíduos e despoluição, agricultura e minas
Serviços de locação operacional
Serviços relacionados com o comércio
Outros serviços fornecidos por empresas n.i.n.r.

Serviços pessoais, culturais e recreativos •


Serviços audiovisuais e conexos
Outros serviços pessoais, culturais e recreativos
Bens e serviços das administrações públicas n.i.n.r •
Despesas de embaixadas e consulados
Outras operações governamentais
68 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

Setor Agregado Atividade


Maturidade
institucional geográfico económica

Balanças corrente e de capital (continua) •


Balança corrente (continua) •
Rendimento primário •
Rendimentos de trabalho •
Rendimentos de investimento •
De investimento direto
Títulos de participação no capital
d.q. lucros reinvestidos
Instrumentos de dívida
De investimento carteira
Participações de capital e de fundos de investimento
Títulos de dívida •
Outro investimento
Juros
Rendimentos imputados a detentores de apólices de seguros
Ativos de reserva
Outros rendimentos primários
Rendimento secundário •
Administrações Públicas •
Outros setores •
Remessas de emigrantes / imigrantes •
Rendimento secundário exceto remessas •
Balança de capital •
Transferências de capital •
Aquisição / cedência de ativos não produzidos não financeiros •
Balança financeira • •
Investimento direto • •
d.q. SPE
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores diretos
Entre empresas irmãs
Títulos de participação no capital
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores diretos
Entre empresas irmãs

Instrumentos de dívida
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores direto
Entre empresas irmãs
Investimento carteira • •
Participações de capital e de fundos de investimento •
Títulos de participações no capital
Participações em fundos de investimento
Títulos de dívida •
Derivados financeiros e opções sobre ações concedidas aos empregados • •
Outro investimento • •
Outras participações
Numerário e depósitos
Empréstimos
Regimes de seguros, pensões e garantias estandardizadas
Créditos comerciais e outras contas a receber / pagar
Direitos de saque especiais (DSE)
Ativos de Reserva •
Ouro monetário
Ouro em barra
Contas em ouro não afetado
Direitos de saque especiais (DSE)
Posição de reserva no FMI
Outros ativos de reserva
Numerário e depósitos
Títulos
Participações de capital e de fundos de investimento
Títulos de dívida •
Derivados financeiros e opções sobre ações concedidas aos empregados
Outros
Erros e Omissões
Anexos 69

Setor Agregado Atividade


Maturidade
institucional geográfico económica

Informação complementar
Balanças corrente e de capital – Séries ajustadas de sazonalidade
Balança corrente
Bens e serviços
Bens
Serviços
d.q. Transportes
d.q. Viagens e turismo
Rendimento primário
Rendimento secundário

Transferências com a União Europeia


Recebimentos
Reembolsos
Fundo de coesão
FEOGA / FEAGA / FEADER
FEDER
FSE
Outros recebimentos
Pagamentos
Contribuição financeira
Direitos aduaneiros e direitos niveladores agrícolas
Outros
Balança de pagamentos tecnológica
Direitos de aquisição e utilização de patentes, marcars
e direitos similares
Serviços de assistência técnica
Serviços de investigação e desenvolvimento
Outros serviços de natureza técnica
Investimento direto de acordo com o princípio direcional • •
d.q. Sem SPE • •
Investimento de Portugal no exterior (IPE) • •
Títulos de participação no capital • •
Instrumentos de dívida • •
Investimento do exterior em Portugal (IDE) • •
Títulos de participação no capital • •
Instrumentos de dívida • •
70 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

2. Detalhe informativo sobre estatísticas externas


publicado pelo Banco de Portugal – Posições
Setor Agregado Atividade
Maturidade
institucional geográfico económica
Posição de investimento internacional •
Investimento direto • •
d.q. SPE
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores diretos
Entre empresas irmãs
Títulos de participação no capital
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores diretos
Entre empresas irmãs
Instrumentos de dívida
De investidores diretos em empresas de investimento direto
De empresas de investimento direto em investidores diretos
Entre empresas irmãs
Investimento carteira • •
Participações de capital e de fundos de investimento •
Títulos de participações no capital
Participações em fundos de investimento
Títulos de dívida • •
Derivados financeiros e opções sobre ações concedidas aos empregados •
Outro investimento •
Outras participações
Numerário e depósitos • •
Empréstimos • •
Regimes de seguros, pensões e garantias estandardizadas
Créditos comerciais e outras contas a receber / pagar • •
Direitos de saque especiais (DSE) • •
Ativos de Reserva • •
Ouro monetário
Ouro em barra
Contas em ouro não afetado • •
Direitos de saque especiais (DSE) • •
Posição de reserva no FMI
Outros ativos de reserva
Numerário e depósitos • •
Títulos • •
Participações de capital e de fundos de investimento
Títulos de dívida • •
Derivados financeiros e opções sobre ações concedidas aos empregados
Outros

Dívida externa bruta • •


Dívida externa líquida • •
Informação complementar
Investimento direto de acordo com o princípio direcional • •
d.q. Sem SPE • •
Investimento de Portugal no exterior (IPE) • •
Títulos de participação no capital • •
Instrumentos de dívida • •
Investimento do exterior em Portugal (IDE) • •
Títulos de participação no capital • •
Instrumentos de dívida • •
Referências 71

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http://www.bportugal.pt/pt-PT/Estatisticas/
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Publicacoes/SEC2010_AP_listas.pdf

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Autoridade Tributária e Aduaneira


http://www.portaldasfinancas.gov.pt/

Banco Central Europeu


http://www.ecb.europa.eu/

Banco de Portugal
http://www.bportugal.pt/

Bank for International Settlements


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http://www.cmvm.pt/

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74 Banco de Portugal • Estatísticas da Balança de Pagamentos e da Posição de Investimento Internacional • 2015

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1998 the International Statistical Institute, held in Dublin,
1/99 Nova apresentação das estatísticas da balan- Ireland, 21-26 August 2011, October 2011 (versão
ça de pagamentos, fevereiro/março de 1999. em inglês)

2/99 Informação estatística sobre fundos de inves- 1/12 A Gestão da Qualidade nas Estatísticas do
timento mobiliário (FIM), dezembro de 1999 Banco de Portugal, janeiro 2012
1/00 Investimento direto de Portugal no exterior, 2/12 Estatísticas das Administrações Públicas,
dezembro de 2000 outubro 2012
1/01 “Balanço estatístico” e “Balanço contabilísti- 3/12 Papers presented by the Statistics Department
co” das outras instituições financeiras monetárias, in national and international fora, December 2012
agosto de 2001
1/13 Gestão da Qualidade nas Estatísticas de Ba-
1/05 Utilização da central de responsabilidades lanço das Instituições Financeiras Monetárias,
de crédito no âmbito das estatísticas monetárias
setembro 2013
e financeiras, abril de 2005
2/13 Estatísticas das empresas não financeiras da
2/05 Contas nacionais financeiras da economia
Central de Balanços – Notas metodológicas, outu-
Portuguesa. Notas metodológicas e apresentação
bro 2013
dos resultados estatísticos de 2000 a 2004, junho
de 2005 3/13 Papers presented in the Workshop on Inte-
3/05 Contas nacionais financeiras da econo- grated Management of Micro-databases, June
mia Portuguesa. Estatísticas sobre patrimónios 2013 (versão em inglês)
financeiros de 1999 a 2004, novembro de 2005 4/13 Papers presented by the Statistics Department
4/05 Ajustamento sazonal de séries estatísticas in national and international fora, December 2013
da balança de pagamentos, novembro de 2005
1/15 Gestão da Qualidade nas Estatísticas de Ba-
5/05 Estatísticas das empresas não financeiras lanço das Instituições Financeiras Monetárias –
da central de balanços, dezembro de 2005 Atualização de dados, julho de 2015
1/07 Papers presented by Banco de Portugal repre- 2/15 Estatísticas da Balança de Pagamentos e
sentatives at the 56th session of the International da Posição de Investimento Internacional – Notas
Statistical Institute, held in Lisbon 22 - 29 August metodológicas, outubro de 2015
2007, August 2007 (versão em inglês)
1/08 Reporte simplificado: incorporação da infor-
mação empresarial simplificada nas estatísticas
das empresas não financeiras da central de balan-
ços, maio de 2008
2/08 Estatística de títulos: caracterização do siste-
ma integrado e apresentação de resultados, junho
de 2008
1/09 Papers presented by Banco de Portugal repre-
sentatives at the 57th Session of the International
Statistical Institute, held in Durban,South Africa, 16
- 22, August 2009 (versão em Inglês)

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