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CURSO DE PSICOLOGIA
ELISAMA ROQUE MARTINS RA 20232371
ESTER MONTANARI JUVÊNCIO RA 20232393
JULIA LAUREN LEITE DA SILVA RA 20231511
KEILA PONTES SANTOS SOLERA RA 20230181
LUIZA FERREIRA DOS SANTOS RA 20230445
VALÉRIA BERNARDIN RA 20230722
AMERICANA
2023
FACULDADE DE AMERICANA
ELISAMA ROQUE MARTINS RA 20232371
ESTER MONTANARI JUVÊNCIO RA 20232393
JULIA LAUREN LEITE DA SILVA RA 20231511
KEILA PONTES SANTOS SOLERA RA 20230181
LUIZA FERREIRA DOS SANTOS RA 20230445
VALÉRIA BERNARDIN RA 20230722
AMERICANA
2023
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo estudar o tema Transtorno de Personalidade
Narcisista, fundamentando-o através de levantamento bibliográfico integrado aos
estudos em sala de aula. O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado
pelo exagero de adoração que a pessoa tem por si própria, levando-a ter inúmeras
dificuldades em relacionar-se com as pessoas. Ao escolher a narrativa de Jim Jones
como base para o estudo, por ser um caso real, pode-se observar que ele passou a
infância e adolescência sendo negligenciado pelos pais, sendo esse fator, importante
elemento na modelagem do comportamento. Na fase adulta com o domínio da
oratória, conseguia manipular as pessoas e as controlava através de condicionamento
operante e reforçamento positivo, que em pouco tempo passariam a ser substituídos
por estímulos aversivos e punições. A característica de uma pessoa com Transtorno
de Personalidade Narcisista é não sentir empatia pelas pessoas. Por isso, foram
primordiais os estudos de algumas estruturas do Sistema Nervoso Central, bem como
os processos sinápticos para compreensão da farmacocinética (neurotransmissores
GABA), além da farmacodinâmica do medicamento Valium, utilizado junto com drogas
pelo Pastor. Para finalizar o estudo, houve a exposição das principais características
do perfil da pessoa com o TPN e o atendimento do profissional de psicologia, além da
possível contribuição da Terapia Cognitivo-Comportamental e algumas técnicas que
poderão auxiliar o profissional durante o atendimento.
Palavras-Chave: Psicologia; Transtorno de Personalidade; Narcisismo.
ABSTRATC
This work aims to study the theme of Narcissistic Personality Disorder, substantiating
it through a bibliographic survey integrated with classroom studies. Narcissistic
Personality Disorder is characterized by the exaggeration of self-worship, leading to
numerous difficulties in relating to people. By choosing Jim Jones' narrative as the
basis for the study, as it is a real case, it can be observed that he spent his childhood
and adolescence being neglected by his parents, and this factor is an important
element in modeling behavior. In adulthood, with the mastery of oratory, he was able
to manipulate people and control them through operant conditioning and positive
reinforcement, which in a short time would be replaced by aversive stimuli and
punishments. The characteristic of a person with Narcissistic Personality Disorder is
that they do not feel empathy for people. Therefore, the study of some structures of
the Central Nervous System, as well as the synaptic processes to understand the
pharmacokinetics (GABA receptor), as well as the pharmacodynamics of the drug
Valium, used together with drugs by Pastor, were essential. To conclude the study,
there was an exposition of the main characteristics of the profile of the person with
Narcissistic Personality Disorder and the care of the psychology professional, in
addition to the possible contribution of Cognitive Behavioral Therapy and some
techniques that can help the professional during the care.
Key words: Psychology; Personality Disorder; Narcissism.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
MC – Massa Cinzenta
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 6
INTRODUÇÃO
1
Disponível em: https://www.netflix.com/br/title/81596972 acessado em 28/09/2023
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como por exemplo o ato do sorriso, o chorar e até mesmo o contato olho a olho. É
admissível que é o padrão desses comportamentos, e não a frequência, que releva a
força ou qualidade do vínculo afetivo ou do apego. Através destes comportamentos,
concebe-se o conhecimento e percepção do apoio que a criança recebe dos
envolvidos no seu cuidado (fisicamente e emocionalmente), formando assim, um
aparelho psíquico saudável (ABREU, 2022).
Dessa maneira, o olhar para o Outro faz parte de uma fase do desenvolvimento
em que a troca de afeto, no início em meio familiar, permeia e tange esta percepção;
através dela o Outro não faz parte do próprio limite do indivíduo, afirma CATT (1986,
apud Antunes, 2017). Observou-se através de relatos que Jones parou nesta fase,
sem entender estes limites. No decorrer do ciclo de vida do indivíduo, ele estará
propenso a passar por adversidades em função desta falta de empatia. Assim,
conforme apontou Matos (1983) apud Pinto (2016) se entende que o TPN afeta todo
um grupo, uma vez que o comportamento adquirido na infância vai refletir na família
que ele virá a constituir e no grupo ao qual o indivíduo pertença.
Segundo Langaro e Benetti (2014), no desenvolvimento saudável do sujeito,
durante o final da adolescência e aparecimento da vida adulta, é a fase da separação
dos progenitores e o desenvolvimento de um Eu individualizado. Os autores afirmam
que poderá ser facilitado, através da presença do que é conhecido como Narcisismo
adaptável, que apoia e liberta o quase adulto a desenvolver suas próprias metas,
valores e esforços automotivados. Também, é observado a aptidão da pessoa em
descentralizar o mundo de si, suportando e aceitando que suas atitudes sobre o Outro
o afetam, entendendo que este, merece o respeito e amor. Entretanto, o caráter
narcísico de Jones denotou através da falta de autoconsciência, isto é, estava
desintegrado do seu verdadeiro self, pois “sentia-se assombrado por sentimentos de
solidão, vazio, auto aversão e procurava substituí-los por sentimentos de afeto e
adulação alimentados pelo Outro” (PINSKY;YOUNG, 2009, p.88 apud ANTUNES,
11
2017). Conforme Charteris-Black (2005) apud Antunes (2017), no caso de Jim Jones,
através da boa oratória e capacidade de manipulação, ele conseguia nutrir uma
presença onipotente que o libertava da sua infinita solidão e carência.
Diferente do sujeito egoísta que consegue amar o Outro e aceitar o seu amor,
o narcisista por não enxergar o Outro como parte ímpar. Neste caso, conforme nos
relata CATT (1986) apud Antunes (2017), existe uma variável de limites onde o
Narcisista se sobrepõe ao Outro e a interesses próprios. O fato de passar por
infortúnios comuns, como a maioria dos indivíduos passa durante o ciclo da vida, neles
os sintomas são mais evidentes.
Ao analisar o fato pelo prisma da Psicologia comportamental, Jones eliciava os
seguidores a terem um comportamento operante, pois ele interagia e modificava o
ambiente dessas pessoas com um estímulo: a oratória que deixava as pessoas como
que “hipnotizadas” pelas promessas de uma vida perfeita, causando-lhes uma
motivação intrínseca, reforçada positivamente toda a vez que estes iam até os cultos.
Skinner, pioneiro da Psicologia Experimental, fez isso com os ratos, modificava as
condições da “caixa de Skinner”, para obter novas aprendizagens, através do R-S
(Estímulo-Resposta), também conhecido como Relação Funcional, que são as
consequências pelas respostas (ações) emitidas, servem como variáveis para os
estudos nesta área da Psicologia (BOOK; FURTADO; TEIXEIRA, 2023).
Jim Jones formou um grande grupo de adeptos e estes eliciavam Jones com
um reforçamento secundário, chamado de Generalizado. O emparelhamento dos
estímulos: aprovação social, dinheiro e poder, reforçavam cada vez mais o
comportamento de Jones. Entretanto, ao passar do tempo o Pastor passou a ser
extremamente controlador, aplicando reforços negativos através de estímulos
aversivos, chegando à punição e diminuindo a resposta positiva no grupo, causando
como resposta imediata o medo. Nessa contingência, muitos adeptos, chegaram a ter
o comportamento de fuga para esquivar-se totalmente dos estímulos aversivos. A
punição neste caso, como narrada na história de Jim Jones, eram intensas e
contemplavam todos os membros, inclusive crianças, das famílias controladas. Com
o tempo, o grupo diminuiu, mas entre os adeptos que viviam na comunidade, era
recorrente o medo, sendo que aqueles que fugiram, voltavam-se contra ao controle
de Jones, denunciando as barbáries as autoridades (BOOK; FURTADO; TEIXEIRA;
2023).
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Jones era um homem com muita articulação com as palavras, falava o que as
pessoas queriam ouvir e por essa razão, tinha muitos adeptos. A facilidade em
conseguir o que queria, era expressiva. Muito se sobressaia por sua oratória,
chegando a tornar-se uma pessoa fascinante. Segundo Antunes (2017) inseria-se em
qualquer tipo de contexto, conseguia poder político e ao seu lado sempre estavam
profissionais renomados, dentre eles, muitos médicos e advogados. Entretanto, tinha
sérios problemas com a empatia.
Ao analisar a mente narcisista de Jones, observou-se que nas funções
cerebrais, basicamente a falta de empatia é um fator preponderante no Narcisismo.
“A característica essencial do Transtorno de Personalidade Narcisista é um padrão
difuso de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia que surge no
início da vida adulta e está presente em vários contextos” (DSM-V, 2013, p. 670).
A empatia como é popularmente dito é a capacidade de se colocar no lugar do
outro. É possível descrever também a empatia como um comportamento, ou seja,
“uma ação que ocorre em resposta a emoção” (QUARESMA, 2023). Segundo
ESPERIDIÃO-ANTONIO et al (2008), em parâmetros neurobiológicos a empatia é
dividida em cognitiva e emocional. A primeira é a habilidade de compreender o
problema do outro, já a segunda refere-se à sensibilidade de ter compaixão pelo outro.
Para entender melhor a respeito é necessário conhecer e compreender o sistema
límbico.
O sistema límbico é um conjunto de estruturas que faz parte do Sistema
Nervoso Central (SNC), responsável por regular as emoções, o comportamento
motivado e a memória. Segundo Papez apud Barreto e Silva (2010, p.3) fazem parte
do sistema límbico o córtex insular, córtex cingulado, giro parahipocampal,
hipocampo, fórnix, corpo mamilar e núcleos anteriores do tálamo. A partir dessa teoria,
foi possível criar novos estudos que de maneira geral incluem outras estruturas no
sistema límbico, como “os giros corticais, os núcleos de substância cinzenta e tratos
de substância branca dispostos nas superfícies mediais de ambos os hemisférios e
em torno do terceiro ventrículo.” (BARRETO; SILVA, 2010, p. 3). Além disso, já é
conhecido que a amígdala e o hipotálamo também desempenham um papel
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importante neste sistema, contudo neste estudo será abordado com mais relevância,
sequencialmente, a amígdala, a ínsula e o córtex cingulado.
A amígdala é uma estrutura que exerce ligação essencial entre as áreas do
córtex cerebral, recebendo informações de todos os sistemas sensoriais.
Estas, por sua vez, projetam-se de forma específica aos núcleos
amigdalianos, permitindo a integração da informação proveniente das
diversas áreas cerebrais, através de conexões excitatórias e inibitórias a
partir de vias corticais e subcorticais. Os núcleos basolaterais são as
principais portas de entrada da amígdala, recebendo informações sensoriais
e auditivas; já a via amigdalo-fugal ventral e a estria terminal estabelecem
conexão com o hipotálamo, permitindo o desencadeamento do medo. A estria
terminal está relacionada à liberação dos hormônios de estresse das
glândulas hipófise e suprarrenal durante o condicionamento. (BARRETO;
SILVA, 2010, p. 5).
A massa cinzenta (MC) pode ser encontrada na parte externa do encéfalo, junto
ao córtex cerebral, e na medula espinhal na parte interna. Nela localizam-se os corpos
celulares dos neurônios que são receptores da informação nervosa e dos estímulos
excitatórios e inibitórios. “Constitui regiões do cérebro que são essenciais para o
controle muscular, percepção sensorial, tomada de decisões e autocontrole (...)”
(MILLS; ANANDAKUMAR, 2023, p. 79). Já a massa branca localiza-se abaixo do
córtex cerebral, armazena a maior parte de axônios que são responsáveis pela
condução nervosa. “(...) Um aumento da matéria branca está relacionado com um
aumento da velocidade dos sinais enviados entre as células cerebrais” (MILLS e
ANANDAKUMAR, 2023, p. 79).
Conforme afirmado por Antunes (2017) Jones era uma pessoa agitada e
propensa a ter ansiedade, por sua personalidade narcisista. Fazia, segundo Antunes
(2017) uso abusivo do álcool e do psicofármaco Valium. Conforme Cordioli; Galloi;
Passos, (2023) o psicofármaco Valium, pertence à subclasse dos benzodiazepínicos,
que surgiram na década de 60 e até nos dias atuais são utilizados, na clínica médica
e na saúde mental. O nome comercial mais comum, depois de Valium, é Diazepam.
Os benzodiazepínicos são substâncias que diminuem a ansiedade e induzem
a sonolência e, por essa razão, a nomenclatura ansiolíticos e hipnóticos. Além desses
efeitos terapêuticos, também promovem o relaxamento muscular e têm ação
anticonvulsivante (CORDIOLI; GALLO; PASSOS, 2023). O Valium, por exemplo,
classificado como um benzodiazepínico de ação longa (24h-48h). A meia vida fica
entre 20 a 40 horas, a uma dose equivalente a 5 mg/dia, entretanto a faixa terapêutica
pode variar de pessoa para pessoa, indo de 5 mg/dia até 40 mg/dia. Em pessoas
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idosas essa faixa diminui para 2,5 mg/dia a 15 mg/dia (CORDIOLI; GALLOI; PASSOS,
2023).
Tratando ainda dos aspectos farmacodinâmicos, as vias de administração
podem ser através da via oral, intramuscular e endovenosa, dependendo da
prescrição médica. Sobre a farmacocinética do medicamento, após a ingestão oral,
que é uma das vias mais usadas pela praticidade, o fármaco tem a metabolização
feita através do fígado lentamente, mas o efeito é rápido, a partir de 2 horas de
ingestão. Essa fórmula química será levada pela corrente sanguínea até o SNC e suas
moléculas ligam-se rapidamente às proteínas, pois são consideradas lipossolúveis,
fazendo assim, uma sinapse química. Esses medicamentos são excretados pelo rim,
através da urina (KATZUNG, 2017).
Os benzodiazepínicos têm como principal reação adversa a sonolência e
diminuição dos reflexos, fator esse que é contraindicado aos usuários manusear
máquinas que oferecem risco de acidentes e até mesmo conduzir qualquer tipo de
veículo automotor. Também foram citados como efeitos colaterais, a diminuição de
memória e concentração, fadiga e têm a tendência a levar a dependência (BAEZ;
JURUENA, 2017). Segundo Quevedo e Izquierdo (2020, p. 222), os
benzodiazepínicos têm em sua composição química “(...) um anel benzênico que se
liga a um anel diazepínico e, em conjunto com um grupamento 5-arila, constituem o
5-aril-1,4- benzodiazepínico.”
Em relação a farmacocinética do psicofármaco, o neurotransmissor que
interage com esse tipo de substâncias é o Ácido Gama-aminobutírico (GABA A) e que
é responsável pela ação agonista da substância e sua ativação se faz através de um
ligante. O GABA A é um canal de iônico que faz uma abertura rápida, em
milissegundos, dos canais cloro (elemento químico) auxiliando a entrada dessas
moléculas para a célula nervosa. Este receptor está ligado diretamente ao
neurotransmissor GABA que é um importante inibidor do Sistema Nervoso Central que
propicia uma hiperpolarização (devido estar com muitos elementos negativos) de
membrana celular, gerando a diminuição dos potenciais de ação (QUEVEDO;
IZQUIERDO, 2020).
O antagonista desse grupo de psicofármacos é o Flumazenil, que bloqueia a
ação dos benzodiazepínicos, entretanto, por terem ação mais longa, muitas vezes se
faz necessário, a reaplicação do medicamento antagonista para anular os efeitos
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2
Mindfulness2 (técnica de relaxamento),
3 Técnica de dramatização.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste trabalho procurou-se conhecer e analisar o Transtorno de Personalidade
Narcisista a partir da história de vida de Jim Jones, correlacionando-os com as
disciplinas instruídas durante o semestre, cumprindo assim com a exigência de
apresentar a discussão de forma harmônica e integrada.
Nas bases biológicas, o grupo optou por dar destaque ao estudo da empatia a
partir das estruturas do SNC, bem como levantou-se a hipótese de que as ações
inconsequentes de Jim Jones poderiam ser características de um déficit ou má
formação da amígdala. O Pastor fazia uso abusivo de Valium e álcool. Pelos estudos
do psicofármaco Valium foram verificados os processos da farmacocinética,
farmacodinâmica e também a interação dos neurotransmissores GABA que geravam
os comportamentos inconsequentes de Jim Jones.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOCK, Ana Mercês Bahia. FURTADO, Odair. TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
Psicologias: Uma introdução ao Estudo de Psicologia. 16ª edição. São Paulo:
Saraiva. 2023.