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Herança Digital e Bens Digitais

HERANÇA

Para melhor entendimento do que é a herança digital, devemos conceituar o que é o


instituto da herança, segundo Tartuce (2018,p.1448):

A herança é o conjunto de bens formado com o falecimento do de cujus (autor da


herança). Conforme o entendimento majoritário da doutrina, a herança forma o espólio,
que constitui um ente despersonalizado ou despersonificado e não de uma pessoa
jurídica, havendo uma universalidade jurídica, criada por ficção legal.

Também, sobre o conceito de herança expõe Coelho (2020, p.153): Os bens do


patrimônio de pessoa falecida compõem a herança. Ela é titulada pelos herdeiros
legítimos e testamentários, tão logo aberta a sucessão ( CC, art. 1.784). Isto é, no
instante imediato ao da morte, a herança passa a pertencer aos herdeiros.

Por tanto, devemos conceituar a herança como um direito, que o herdeiro tem ao
patrimônio deixado pelo falecido, sendo transmitido de forma imediata com a abertura
da sucessão, em conformidade com o artigo 1.784, do Código Civil.

E para melhor compreensão, vale apontar a diferença entre herança, legado e espólio. A
herança, como já descrevermos, é a faculdade que assegura que os bens que compõem o
patrimônio de uma pessoa, que venha a morrer, sejam repassados aos seus respectivos
herdeiros.

Esclarece Coelho (2020) que a herança é repassada aos herdeiros em sua totalidade no
caso de existir apenas um herdeiro ou existindo mais de um herdeiro cada um herda a
sua quota-parte dos bens deixados pelo falecido. Por outro lado, quando falamos de
legado entende-se que é destacado no testamento, um ou mais bens, que devem ser
entreguem ao legatário. (COELHO, 2020).

E ainda diferencia Schreiber (2020, p.1407):

O legado distingue-se da herança, que é a modalidade de sucessão a título universal,


recebendo o herdeiro a totalidade ou uma quota-parte da totalidade dos bens do falecido.
O legatário recebe, por sua vez, bens determinados ou, ao menos, determináveis.

E quando discutimos sobre espólio apontam Stolz; Pamplona Filho (2020, p.2453): O
significado que interessa, no campo das Sucessões, é, efetivamente, o de um conjunto
de bens deixado pelo de cujus, e que passa a ser considerado um ente desprovido de
personalidade, mas com capacidade processual, representado pelo inventariante.

Desta forma, entendemos que o espólio é um conjunto de bens deixados pelo falecido,
tratando-se de um ente despersonalizado, que contêm habilidade processual
representada pelo inventariante.
Pois bem, já demostramos o que é a herança, conceituada segundo Tartuce (2018) e
Ulhoa (2020), e sendo também disciplinada pelo Código Civil vigente, em seu artigo
1.784, e demostramos as distinções entre herança, legado e espólio.

No próximo capitulo vamos analisar a herança digital, que é um novo tipo de “herança”
na modalidade virtual. O seu conceito no Brasil ainda é pouco difundido, não obtendo a
atenção que o assunto requer, e carecendo de legislação adequada para o assunto.

HERANÇA DIGITAL

Em nosso país, cabe observar que, apesar do assunto em pauta não ser novidade, pois a
herança digital é discutida desde 2012, através da PL 4.847/12 que visava estabelecer
normas de herança digital e da PL 4.099/12 que visava garantir aos herdeiros a
transmissão de todos os conteúdos de contas e arquivos digitais.

Porém, de acordo com o site oficial da câmara dos deputados, os dois projetos de lei
foram arquivados no ano de 2019 (CÂMARA DOS DEPUTADOS, 2019), sopesando a
importância atribuída ao tema surgiram o PL 3050/20 e PL 6468/19, ambos com o
propósito de incluir e alterar o Código Civil atual, com a implantação da herança digital.

No presente ano de 2022, a herança digital é algo que vem sendo estudado, e chamando
atenção, devido à era virtual crescente e os avanços tecnológicos, também denominados
de “revolução tecnológica”.

No ano de 2019, a morte do apresentador Gugu Liberato, trouxe uma discursão sobre
herança digital, quando a sua rede social, o Intragram, ganhou 1 milhão de seguidores,
voltando a ser destaque na internet e nos noticiários da TV. (REDAÇÃO DAS
MIGALHAS, 2019, on-line).

Vale ressaltar que não há artigos relacionados à herança digital na Lei de Proteção de
Dados Pessoais (Lei nº 13.709, de 14 de Agosto de 2018) e nem na Lei do Marco Civil
da Internet (Lei nº 12.965, de 23 de Abril de 2014), o que demostra o quanto o tema não
é considerado como deveria ser.

Entretanto devemos conceituar a herança digital. Assim como explica Oliveira (2015, p.
11): A Herança Digital é descrita como o conjunto de ativos digitais, (e-mails, fotos,
vídeos, contas das mídias sociais e todos os outros ficheiros4 em formato eletrônico),
que são os principais elementos da “outra vida”, a vida digital.

“Quando uma pessoa morre, os dados digitais que deixa para trás são a sua Herança
Digital” (Oliveira 2015, p.13, apud Carroll; Romano, 2010).

E ainda acrescenta Bisognin (2016, p.3) “A Herança Digital consiste na sucessão de


direitos as redes sociais, onde o de cujus passaria o direito de acesso e administração de
suas redes sociais a seus herdeiros, assim como funciona na sucessão da herança
tradicional”.

Desta forma, entende-se que a herança digital é um conjunto de bens digitais, exemplos:
redes sociais, aplicativos, contas digitais, fotos, vídeos, livros em e-book, músicas etc.,
Deixados pelo falecido, tendo esses “bens” como, principal da herança virtual, que com
orientação legislativa seguirá a mesma regra do Código Civil atual quando se trata de
herança, ou seja, respeitando a ordem de sucessão.

Todavia, na herança digital são denominados esses bens como: bens digitais, bens
virtuais ou bens intangíveis, que descoremos melhor no capítulo a seguir.

Bens Digitais

Em relação aos bens digitais não há um rol taxativo, pois há falta de legislação sobre o
assunto, acarretando uma dúvida, Quais seriam esses bens?

Segundo, Lara (2016) e Taveira Júnior (2018), conceituam-se os bens digitais como:
aplicativos, redes sociais Facebook, Instagram, Twitter, e entres outras redes, contas
digitais, jogos, empresas digitais fotos, vídeos, músicas, acervo de livros em e-book etc.

Os bens virtuais deixados pelo falecido, que são processados na nuvem de um celular,
notebook ou um computador. Assim como, agrega Antunes; Zampieri (2015, p. 5):

Porém, para que os bens digitais sejam protegidos, necessita-se saber que tipos de
arquivos o conceito abrange. Como um exemplo de bem digital, pode-se utilizar os e-
books, versões digitais de livros que são adquiridas em sites de vendas ou em
aplicativos para aparelhos móveis.

E ainda esclarece Lara (2016, p. 19) que:

A definição de bem digital é de suma importância não somente para que se estabeleça o
comércio eletrônico, e se defina qual imposto deverá incidir sobre o bem digital, mas
para que se possam arrecadar os bens do de cujus, pois caso não soubermos o que é bem
digital, como procura-lo e colacioná-lo ao espólio?

Ainda sobre os bens digitais, segundo Taveira Júnior, “esses bens têm suas
características, vejamos: A digitalidade, a imaterialidade, a reprodutibilidade, a
conectividade, o uso inclusivo, a relatividade valorativa, e a não taxatividade”. (2018,
p.85).

https://www.jusbrasil.com.br/artigos/heranca-digital-e-bens-digitais/1484514951

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