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Resumo
Este artigo indaga sobre a relação entre governança urbana, como abordagem para a
análise de políticas públicas específicas para cidades, e abordagens de política urbana. Para
responder a essa questão, examinam-se as possíveis contribuições que as abordagens da política
urbana podem fazer para a abordagem da governança urbana e analisam-se as perspectivas que,
nesta última, têm pontos de conexão com as primeiras. Com as ferramentas que emergem desse
contraste, propõe-se um modelo de análise que oferece critérios substantivos para examinar o
fenômeno da governança nas políticas públicas das cidades contemporâneas.
8 18]
[ dois 88 de países desenvolvidos.
Palavras chaves
Vásquez Cárdenas, Ana Victoria. (2013). Políticas públicas urbanas como processo plural.
Abordagens de política urbana e governança urbana. Estudos Políticos,
42, Instituto de Estudos Políticos, Universidade de Antioquia, pp. 218-241.
*
Este artigo faz parte da tese de doutorado. Governança nas políticas públicas de regeneração urbana. O caso da cidade
de Medellín (Colômbia) 2004-2011, Doutor em Ciência Política pela
Universidade Autônoma de Barcelona.
**
Mestre em Ciência Política; candidato ao doutorado em Ciência Política pela Universidade Autônoma de Barcelona;
Professor da Universidade de Antioquia; membro dos grupos de pesquisa:
Governo e Relações Públicas Y Centro de interação. Email: anavictoriavasquez@gmail.com
Resumo
Este artigo indaga sobre a relação entre governança urbana, como uma abordagem para a análise das
políticas públicas nas cidades e as políticas urbanas. Para responder a essa pergunta, primeiro, as abordagens da
política urbana são examinadas a fim de determinar suas contribuições para a governança urbana. Em segundo
lugar, são analisadas algumas perspectivas de governança urbana, para encontrar pontos de conexão com as
abordagens da política urbana.
Com as ferramentas que emergem desse contraste é proposto um modelo analítico que fornece critérios
substantivos para examinar o fenômeno da governança nas políticas públicas das cidades contemporâneas. O
artigo considera que a abertura do espectro de análise é uma via pela qual a abordagem de governança pode
reconhecer esses traços substantivos das novas formas de interação público-privada no campo da política
urbana, especialmente, aquelas presentes em contextos diversos de países desenvolvidos.
Palavras-chave
Introdução
no estudo das políticas públicas, mas também em diferentes campos das ciências sociais
(Cf. Levi-Faur, 2012) e assume-se como um conceito interdisciplinar (Cf. Zumbansen,
2012).
e sustentado (Cf. Stone, 1989, 1993, 2005); Dessa forma, os regimes são entendidos como
arranjos colaborativos entre atores governamentais e não governamentais para enfrentar
os desafios econômicos e sociais, por meio da cooperação e coordenação pública e
privada (Cf. Mossberger e Stoker, 2001).
Dentre as contribuições que essas abordagens trazem para a política urbana e o 8 2,3]
[ dois 88
estudo das políticas públicas, destacam-se:
8 84]
[ dois
8 dois
iv) Na análise dos aspectos substanciais das políticas públicas.
Tais como conteúdos, objetivos e impactos das políticas. A categoria de não decisões,
proposta pelo neoelitismo, permite entrar em aspectos de natureza substancial que
normalmente não são divulgados: quais aspectos e por quais motivos não estão incluídos
na tomada de decisão, ou seja, o lado negro da a agenda pública. A abordagem conhecida
como máquinas de crescimento chama a atenção para políticas voltadas para o
crescimento urbano e para os efeitos dessas políticas em diferentes grupos populacionais.
A partir de elementos da análise dos regimes urbanos, é possível reconhecer um leque
mais amplo de políticas urbanas construídas a partir de coalizões, que podem servir de
inspiração para a construção de modelos de governança urbana.
2007) -, mas também entender a governança como um governo em rede; Porém, a análise
de redes representa um risco, pois se a ênfase no estudo das políticas públicas for dada a
esse tipo de estrutura, sem fazer conexões com outros aspectos, apenas os elementos de
natureza formal podem ser enfatizados. Em particular, esse andaime analítico não oferece
retornos mais elevados para examinar o conteúdo das políticas públicas urbanas e os
modelos de cidade que elas determinam.
8 88]
[ dois
8 dois
Esses modelos ou modos de governança seguem critérios de diferenciação
substanciais, como valores comprometidos, objetivos de políticas públicas, funções por elas
desempenhadas, resultados, entre outros. Com isso, permitem que a abordagem seja
carregada de conteúdos e tenham elementos suficientes para compreender os diferentes
tipos de interação ou arranjos público-privados que regem o destino das cidades.
cidade, questão que, em sua opinião, ficou sem resposta pelos pesquisadores. Destaca
como os processos de governança não são neutros, mas refletem e sustentam concepções
e valores políticos, por isso é necessário que essas dimensões sejam levadas em
consideração na análise, para a qual a teoria institucional é útil, na medida em que nos
permite compreender os valores que dão direção, objetivos e significados aos processos de
governança.
Pierre sugere que esses aspectos da governança urbana podem ser reduzidos a
quatro modelos gerais: gerencial, corporativo, pró-crescimento e governança do
bem-estar. Cada um desses modelos exibe seus próprios tipos de governança em relação
a quatro variáveis: participantes, objetivos, instrumentos e resultados. A proposta de Jon
Pierre é claramente substancial, uma vez que esses modelos correspondem a sistemas
de valores políticos que revelam diferentes concepções sobre a democracia local, sobre o
papel do governo local em relação ao desenvolvimento econômico, diferentes estilos de
políticas públicas, diferentes concepções sobre o papel do estado local em relação à
sociedade civil e aos objetivos que norteiam os intercâmbios dos governos locais com ela.
De acordo com a perspectiva acadêmica institucionalista,
8 89]
[ dois
8 dois
A primeira questão chave é quais são suas funções básicas: sobrevivência básica?
Investimento social —desenvolvimento econômico, estradas, infraestrutura física—?
Consumo social —bem-estar social, apoio à renda—? Ou preocupações pós-materiais
—ambiente, lazer, estilo de vida—?; um segundo conjunto de questões refere-se ao
contexto econômico com o qual o sistema está lidando; em terceiro lugar, é exigida a
identificação da origem dos principais interessados; Um quarto critério, diz ele, pode
enfocar a organização e a capacidade da sociedade civil; Outro ponto a examinar é o que
se entende por desafio fundamental da governança, ou seja, sua finalidade em relação
aos objetivos que se estabelecem para a cidade.
Le Galès (2002), ciente de que cada cidade é algo único, na medida em que é o
resultado de uma história individual determinada por vários aspectos, considera útil diferenciar
os modos de governação das cidades europeias, através de variáveis localizadas em quatro
dimensões (pp 268-271):
DiGaetano e Klemanski assumem que a composição das coalizões opera como uma
variável independente ou causal com respeito às agendas governamentais. Em sua proposta,
eles incluem três perspectivas que abrangem três áreas: estrutural, média e agência. No 8 31]
[ dois 88
1 Nesse sentido, eles identificam três tipos de agenda: pró-crescimento, gestão do crescimento, reforma social e assistência.
c) Dimensão dos agentes. Nessa dimensão, aspectos como quem participa das
redes de políticas públicas e quem eles representam são básicos, quem são os atores
com maior destaque, quem realmente influencia as decisões; questões em que as
contribuições sobre o poder comunitário de pluralistas (Cf. Dahl, 1961) e elitistas (Cf.
Hunter, 1953), bem como a identificação de lideranças (Cf. DiGaetano e Klemanski, 1999)
e vincula pessoal relevante. De particular importância são as contribuições da abordagem
das máquinas de crescimento (Cf. Molotch, 1976, 1990; Logan e Molotch, 1987), para
identificar os interesses econômicos em jogo em relação ao território e os atores que os
detêm; o mesmo ocorre com as contribuições da análise dos regimes urbanos, em termos
de poder de coalizão e poder de produção social (Cf.
que normalmente pode ser feito do ponto de vista da análise de redes de políticas
públicas, não implica que em uma única investigação devam incluir todas; O que se tenta
com essa proposta conceitual e metodológica é mostrar outras formas possíveis pelas
quais o estudo da governança urbana pode adquirir um caráter mais substantivo.
Suas propostas não se situam de forma definitiva nem na visão estrutural, nem na
visão dos agentes; Porém, dependendo das dimensões e dos aspectos enfatizados, as
análises tenderão mais para um lado do que para o outro; Além disso, não opta pela visão
abertamente pluralista ou elitista, pois a análise das redes permitiria ver configurações
8 35]
[ dois 88
próximas das características destacadas pelo pluralismo e elitismo; Da mesma forma, a
governança urbana está situada em uma esfera intermediária entre o corporativismo e o
pluralismo.
A governança urbana não defende uma visão da política centrada no estado, mas também
não defende uma visão centrada no estado; Novamente, aqui devemos levar em conta nuances de
perspectivas e entre as posições defendidas por diferentes autores; da mesma forma, incorpora o
exame de diferentes poderes com incidência na cidade: públicos, privados; local, extra-local;
comunidade, não comunidade.
Conclusões.
Neste artigo, foi proposto um modelo de análise que constitui um menu de dimensões
alternativas à escolha, quando se trata de uma investigação sobre governança urbana:
econômica estrutural, política institucional, orientação política, entre outras, que podem muito
bem acompanhar o estudo da governança em rede. termos de análise.
8 8386]
[ dois
Ao alargar o horizonte da abordagem da governação urbana, dotando-a dos
instrumentos incluídos nesta proposta, pode resultar tanto na capacidade analítica da
abordagem da governação como na concretização dos seus conceitos. O fortalecimento
dos aspectos mencionados permite que essa abordagem leia com maior confiabilidade e
validade os processos de configuração do fenômeno de governança em contextos
diferentes daqueles em que originalmente surgiu.
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