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VALUATION
PROFESSOR AHMED SAMEER EL KHATIB
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
TÉCNICAS DE VALUATION 7
MITOS E VERDADES SOBRE O VALUATION 8
DEZ PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS EM VALUATION 9
POR QUE AVALIAR EMPRESAS? 11
ONDE ESTÁ O VALOR DAS EMPRESAS 12
ABORDAGENS DE VALUATION 15
FLUXO DE CAIXA DESCONTADO 16
ETAPAS PARA DETERMINAÇÃO
DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO (VISÃO GERAL) 20
ESTRUTURA GERAL DO FLUXO DE CAIXA DESCONTADO 21
ETAPA 1 - DETERMINAR O FC BASE PARA A PROJEÇÃO 23
ETAPA 2 - PROJETAR OS FLUXOS DE CAIXA DO PERÍODO CONHECIDO 24
ETAPA 3 - DETERMINAR A TAXA DE DESCONTO (K) 29
ETAPA 4 - CALCULAR O VALOR DA PERPETUIDADE 44
ETAPA 5 - DETERMINAR O VP DO PERÍODO CONHECIDO 46
ETAPA 6 - DETERMINAR O VP DA PERPETUIDADE 47
ETAPA 7 - SOMAR OS VPs DO PERÍODO CONHECIDO E DA
PERPETUIDADE 48
MODELO DE DESCONTO DE DIVIDENDOS 49
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE 54
ANÁLISE DE MÚLTIPLOS 55
TIPOS DE MÚLTIPLOS DE LUCROS 60
TIPOS DE MÚLTIPLOS DE DIVIDENDOS 66
MÚLTIPLOS DE VALOR 71
CONCLUSÃO 72
2
INTRODUÇÃO
A disciplina de Valuation está dividida em quatro grandes assuntos. No
primeiro deles, veremos um panorama geral sobre as técnicas de
valuation. Há inúmeras delas – das mais frágeis, que infelizmente
continuam sendo utilizadas por diversos analistas, às mais sofisticadas,
muitas vezes deixadas de lado por desconhecimento.
3
pelo indiano Aswath Damodaram, professor da Universidade de Nova
York:
4
Análise do negócio, permitindo compreender o modelo de negócio de
uma empresa e como ela ganha dinheiro, para avaliar oportunidades e
fazer previsões.
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Há outras demonstrações, como o Balanço patrimonial (uma fotografia da
situação financeira e patrimonial de uma companhia num determinado
momento, a custo histórico), a Demonstração das mutações do
patrimônio líquido e a Demonstração do valor adicionado.
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TÉCNICAS DE VALUATION
Fluxo de caixa descontado. Essa técnica tem várias vertentes, como Fluxo
de caixa para investidores, Fluxo de caixa para os acionistas, Modelo de
desconto de dividendos, Fluxo de lucro residual (EVA) e Ajuste ao valor
presente (Adjusted present value, ou APV).
7
Técnicas de Valuation
9
de caixa, para que serve a demonstração de resultados, a importância de
uma nota explicativa sobre a composição da dívida, as expectativas de
investimentos da companhia, quanto a empresa faz de investimentos de
ordem mais estrutural, os números sobre depreciação e amortização e
assim por diante.
3. O Caixa é Rei.
Caixa é um fator preponderante para a sobrevivência das empresas,
principalmente em situações complicadas ou de incerteza. Companhias
abertas cujas estruturas de tesouraria são muito mais robustas tendem a
ter uma sobrevida muito maior do que empresas pequenas e médias.
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migrando de mercados emergentes para países ainda menos
desenvolvidos, onde geralmente os governos concedem subsídios e
incentivos para a instalação de novas companhias.
9. Diversificar é importante.
Como diz o ditado popular, não se deve colocar todos os ovos na mesma
certa. É fundamental diversificar – e cada pessoa tem um conceito de
diversificação. O importante é que cada um calibre o apetite ao risco
11
● Desvios nessas relações podem ocorrer, mas são corrigidos no curto
espaço de tempo.
12
patentes em fase embrionária, ou ágios). Devemos, portanto, tomar muito
cuidado ao usar as informações financeiras como parâmetro. Elas devem
ser usadas, mas com ajustes que não são considerados pela contabilidade
tradicional.
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Ao montar um laudo de valuation, independentemente da técnica
utilizada, é preciso refletir sobre o que a empresa faz, qual sua
composição e seus diferentes valores e indicadores. Observe a
comparação das seguintes empresas que existem ou já existiram no
mercado brasileiro:
Empresa e Valor
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Negócio: quais os fatores de produção da empresa? Muitas companhias
divulgam perspectivas agressivas de crescimento, mas esquecem de
combinar com os fornecedores de energia, de logística e de outros
insumos, que às vezes não têm capacidade para atender a expansão da
demanda, gerando uma trava de crescimento
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caixa de uma empresa. Num mercado mais maduro em que há certa
previsibilidade, é possível alongar um pouco mais o período de projeção
com dados mais concretos.
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Considerando a estrutura do Balanço patrimonial, o que nos interessa é o
valor dos ativos que geram caixa (tanto tangíveis quanto intangíveis).
Esses ativos foram adquiridos com recursos originados de duas fontes: ou
o capital de terceiros (que é o passivo) ou o capital dos sócios (que é o PL).
Do lado dos ativos, o que nos interessa é o que a empresa faz no seu
contexto operacional, e não eventuais ganhos financeiros ou
extraordinários. A figura a seguir mostra de maneira simplificada o lucro
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econômico, também conhecido como lucro residual: trata-se do lucro
operacional, líquido de imposto, menos o custo para gerá-lo.
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Guardem esse conceito: o valor justo de uma empresa, de acordo com o
fluxo de caixa descontado, corresponde à somatória de no mínimo dois
valores presentes – um do período conhecido e outro do período contínuo
ou perpétuo, e lembrando que a perpetuidade pode ser subdividida em
outros estágios.
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Nessa etapa, temos de determinar a taxa de desconto, que vamos chamar
de K. Essa taxa de desconto vem a ser o custo médio ponderado do capital
(wacc), que reflete a estrutura de risco e a estrutura de capital da
empresa. Não existe outra premissa de desconto que capture os
elementos de estrutura de capital, de risco e de retorno de uma
companhia. Evidentemente, no mercado há dois tipos de taxas de
desconto. Se queremos saber o valor da firma, a base de projeção será o
fluxo de caixa livre para firma – e a taxa de desconto a ser utilizada é o
custo médio ponderado do capital. No entanto, se buscamos a projeção
do fluxo de caixa livre para o acionista, a taxa de desconto será o custo de
oportunidade, ou o chamado ke.
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Nesta etapa, somamos os valores presentes do período conhecido e da
perpetuidade.
22
Após deduzir os custos operacionais das receitas operacionais líquidas,
chegamos ao Ebitda, também conhecido no Brasil como Lajida (Lucro
antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização).
23
encontrada no Relatório da administração, nas Demonstrações
financeiras padronizadas -- também é possível calcular de maneira
simples, considerando o desgaste e os investimentos em novos ativos.
24
algumas formas para estimar o crescimento desse fluxo de caixa no
período conhecido:
1. Crescimento histórico
Alguns especialistas olham para esse ponto, mas não é o principal na
maioria dos casos, porque a empresa pode ter mudado muito com o
passar do tempo. Segundo o professor Damodaran, é possível projetar os
fluxos de caixa livres futuros com base na média dos resultados passados,
mas essa média tem de ser geométrica, e não aritmética.
3. Crescimento fundamentalista
O terceiro ponto a explorar é o crescimento fundamentalista. Embora
exista um grau de generalização, esse ponto traz informações próximas da
realidade da companhia. Para essa projeção, pegamos linha por linha da
Demonstração de resultados e do Balanço patrimonial e projetamos
crescimentos ou quedas. É preciso projetar linhas de faturamento e os
custos atribuíveis a eles. Só dá para fazer isso conhecendo muito bem a
operação da empresa e as suas estratégias para redução de custo.
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Com base nas fontes de informação citadas no quadro anterior,
conseguimos projetar valores para cada uma das linhas necessárias para o
cálculo do fluxo de caixa da Hering no período conhecido:
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Damodaran (2004), esses investimentos tendem a ter variação positiva de
ano a ano, já que para a empresa crescer é necessário reinvestir parte do
seu lucro no aperfeiçoamento e atualização das suas operações.
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• O Capex pode ser encontrado por meio da análise da Demonstração
dos Fluxos de Caixa (DFC) e do orçamento de capital.
Recomendações:
● analisar historicamente os investimentos da empresa e de seus
concorrentes.
● analisar o que outros analistas especialistas no setor estão dizendo.
● analisar o orçamento de capital da empresa.
● verificar como os investimentos se comportam com relação à
receita e se o percentual se mantém consistente ao longo do tempo
(não esqueça do ciclo de vida!).
Em que:
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momento, o retorno proporcionado pelos ativos precisa ser maior do que
seu custo de geração. O custo médio ponderado de capital determina o
retorno do acionista em uma empresa com base no custo do capital
próprio e da dívida, ponderados pelo valor de mercado de sua
participação no capital total:
Na fórmula:
Duas observações:
31
3. Ao determinar o custo do capital próprio (ke), normalmente se
aplica o Modelo de Precificação de Ativos (Capital Asset Pricing
Model - CAPM), que fornece uma estimativa do custo de capital de
uma empresa com base nos seus custos de financiamento de dívida
e de capital próprio e nas porções relativas de cada um na estrutura
de capital.
Onde, na fórmula:
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Começando pelo cálculo do kd (cost of debt), considere os seguintes
custos dos empréstimos dos bancos e das debêntures:
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Aplicando o ke e o kd na fórmula do custo médio ponderado do capital, e
considerando que a empresa esteja sujeita a uma alíquota de imposto de
renda 30%, teríamos o seguinte:
WACC = 8,88%
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recebimento e de risco inflacionário, que está relacionado à incerteza
sobre o poder de compra que haverá no futuro, no momento do seu
recebimento.
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Vejamos mais detalhadamente, agora, os elementos que compõem a
fórmula do ke.
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● Não deve haver dificuldade de reinvestimento do dinheiro em
novos títulos.
Beta
O segundo elemento do modelo CAPM é o risco da ação. O Beta é uma
medida de dispersão dos retornos da ação em relação à dispersão do
retorno médio do mercado de ações. Em geral, o termo “risco” é
associado a algo ruim (risco de algo ruim acontecer). No mercado de
ações, ele representa também a chance de o retorno realizado ser
diferente do retorno esperado (abaixo ou acima!). Assim, o Beta pode ser
mensurado pela covariância do retorno da ação com o retorno médio do
mercado, dividida pela variância do retorno do mercado.
De forma prática, quando IBOV sobe (cai) 1%, ITUB4 tende a subir (cair)
1,24%. Quando o Beta é igual a 1,00, diz-se que a empresa tem risco
semelhante ao do mercado. Quando Beta é superior a 1,00, a empresa é
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mais arriscada -- diz-se que ela “balança mais” quando o mercado tem
maior volatilidade. Quando Beta é inferior a 1,00, a empresa é menos
arriscada, mais defensiva. Seus retornos tendem a variar menos do que os
retornos do mercado.
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representada pelos Bônus do Tesouro (T-Bond nos EUA e C-Bond no Brasil,
ambos para dez anos).
39
Mesmo com a inclusão do “risco Brasil” nesse cálculo, precisamos
destacar uma limitação desse modelo, que é assumir que as empresas
estão igualmente expostas ao risco do país. Considere, por exemplo, que a
Petrobras tenha 87% das suas receitas provenientes do Brasil, enquanto a
Embraer tenha apenas 21%; a Alpargatas, 60%; a Natura, 71%; e assim por
diante.
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Vamos ver um exemplo prático com o Itaú. O Beta de risco do banco para
o período entre 2015 e 2019 (cinco anos) foi 1,24. Isto é, o Itaú tem um
risco 1,24 vezes maior do que a média do mercado.
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Uma vez que já se conhece os componentes do custo de capital do
acionista ou do retorno exigido para investir em uma empresa, você pode
calcular o custo de capital próprio (ou do acionista) para a empresa que
está analisando. Para isso, vamos utilizar a formulação tradicional do
modelo CAPM.
Cabe, neste ponto, decidir pelo uso de uma taxa livre de risco e um
retorno de um mercado maduro ou de dados do próprio mercado
brasileiro. Para esse último caso, você deve usar como o retorno esperado
de um ativo livre de risco – mas não esqueça que esse título tem seu
bônus fortemente atrelado ao risco e à volatilidade dos ativos brasileiros.
No caso do Rm, pode-se optar pelo retorno do Ibovespa ou do IBrX-100.
Nesse caso, não há necessidade de incluir um fator de risco-país porque
tais taxas de retorno já embutem esse risco.
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Itaú e o prêmio de risco do mercado brasileiro. Essa é a taxa de desconto
que utilizaremos para descontar, a valor presente, os dividendos futuros
que estimamos para a empresa, a fim de encontrar o valor intrínseco de
suas ações.
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atual. Isso serve como parâmetro. Trata-se de uma informação
pública.
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fundamentalista do ebit. Nesse caso, o fator g pode ser calculado com a
seguinte fórmula:
Duas observações:
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A etapa de número 5 consiste em determinar o valor presente do período
conhecido, usando as ferramentas básicas da matemática financeira,
descontando pelo custo médio ponderado do capital. Vamos retomar o
cálculo dos fluxos de caixa livre para o período conhecido da Hering, que
fizemos anteriormente.
VP = 1.121,51
47
O primeiro passo é trazer para 2024 a massa dos fluxos de caixa da
perpetuidade.
48
Atenção: 3.407,65 é o valor dos fluxos de caixa potenciais da empresa
companhia trazidos para 2024. Ainda não é o valor presente que estamos
procurando. Para isso, temos de deslocar esse resultado quatro anos para
trás, considerando que estivéssemos fazendo essa análise em 2020:
Como funciona?
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Ao comprar uma ação, um investidor espera receber dois tipos de FC:
Dividendos e Valorização no Preço.
1. Fator de crescimento g = 0
Quando o fator de crescimento g é igual a 0, o valor presente nada mais é
do que o fluxo de caixa descontado pela taxa. É uma situação utópica – é
improvável existir uma empresa com g = 0.
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Perpetuidade sem crescimento (g = 0)
Valor Presente de uma perpetuidade
de R$ 100,00 todo ano, sendo i = 10%.
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Perpetuidade com crescimento (g>0)
Valor Presente de uma perpetuidade de R$ 102,00
no ano 1, sendo i = 14% e g = 2%.
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taxa. É um cálculo semelhante ao que foi estudado no modelo de fluxo de
caixa descontado – a diferença é que, em vez do fluxo de caixa, tomamos
por base as projeções de pagamento de dividendos.
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Podemos calcular o custo do capital do acionista para a Engie usando a
fórmula do ke, já estudada anteriormente.
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Podemos trazer os dividendos esperados a valor presente e encontrar o
valor intrínseco da ação da Engie. Veja a seguir a estimativa resultante da
aplicação do Modelo de Desconto de Dividendos (MDD), tendo como base
um CAGR de 8,19% para os dividendos, um crescimento na perpetuidade
de 3,25% (equivalente à inflação esperada no longo prazo) e um Custo de
12%. Com isso, o valor intrínseco da EGIE3 é de R$ 48,31 por ação.
ANÁLISE DE SENSIBILIDADE
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seguir mostra o valor da ação em relação a oscilações no custo de capital e
na taxa de crescimento da Engie:
Durante o valuation, você pode ter sido otimista (ou pessimista) com a
taxa de crescimento, ou até mesmo pessimista (ou otimista) com o custo
de capital. Assim, para evitar prejuízo em uma decisão de investimento,
você pode utilizar duas estratégias:
ANÁLISE DE MÚLTIPLOS
Múltiplos são indicadores úteis para a determinação do “valor justo” de
um ativo em relação a outro ativo comparável (semelhante) e para
estabelecer uma classificação de valor tendo como base uma ou mais
referências.
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Essa abordagem de valuation também é conhecida como “avaliação
relativa”. Trata-se de uma metodologia muito útil no processo de
avaliação de ações. O investidor precisa, no entanto, entender com
detalhe a composição do múltiplo usado para analisar comparativamente
as empresas, de modo a descobrir se uma ação está sendo negociada com
um prêmio ou um desconto em relação aos seus pares comparáveis. Após
identificar as companhias comparáveis, os múltiplos podem ser a primeira
ferramenta para rastrear ações cujos preços estão atrativos.
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Preço e valor são conceitos distintos. Neste caso, “valor” é a referência a
quanto a empresa está sendo negociada no mercado. Se acreditamos que
o mercado não é totalmente eficiente, na opinião de quem fez o
valuation, quer dizer que é possível encontrar empresas que estão sendo
negociadas a preços mais baixos do que deveriam (do que o chamado
valor justo ou valor intrínseco).
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controle das diferenças em seus fundamentos, seja por ajustes
subjetivos, por múltiplos modificados ou até por técnicas
estatísticas.
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É usual considerar que empresas do mesmo setor sejam comparáveis. Isso
não é necessariamente verdade. Seria melhor usar alguns filtros nessa
seleção:
Filtros financeiros
Filtros de negócios
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TIPOS DE MÚLTIPLOS DE LUCROS
Margem líquida
A Margem Líquida é popularmente conhecida como margem de lucro.
Indica o percentual das vendas líquidas da empresa que se transforma em
lucro após a subtração de todos os custos, despesas e impostos.
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Cielo - Cálculo da Margem Líquida (1o TRI/2022)
A Cielo teve uma ML de 6,8% em 2022 (1T22), o que revela que conseguiu
transformar em lucro R$ 0,068 de cada R$ 1 de vendas líquidas.
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Uma queda acentuada da ML pode ser explicada pela redução do lucro da
empresa ou pelo aumento do volume de vendas sem o respectivo
aumento da margem de lucro. Pode ser um indicador de que a empresa
reduziu o preço dos produtos ou serviços para manter competitividade.
Isso aconteceu com a Cielo de 2014 a 2021, quando a competitividade no
seu setor aumentou e a empresa precisou reduzir a margem para manter
market share – a ML caiu de 41,8% em 2014 para 12,8% em 2021.
CUIDADO: Perceba que se essa fórmula for aplicada numa empresa que
tenha tido lucro líquido negativo e que também apresente um PL
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negativo, o resultado será um ROE aparentemente positivo. Por isso, é
preciso uma boa dose de atenção antes de sair aplicando as fórmulas.
Podemos calcular o P/L passado com base no LPA anual de 2021 ou dos
últimos doze meses. Tome como base o preço da ação HYPE3 no final do
mês de setembro (30 de setembro de 2022), quando foi negociada a R$
44,25. O LPA de 2021 foi R$ 2,09, o que daria um P/L de:
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Preço/Lucro/Crescimento (PEG)
O índice PEG (Price/Earnings-to-Growth) mede a relação do índice P/L,
porém controlando pelo crescimento esperado do lucro por ação
(LPA) da empresa. Sua análise isolada não tem uma leitura lógica, como o
próprio P/L, mas sua análise comparativa demonstra que quanto menor é
o PEG, menor é o preço que você está pagando por lucro e crescimento de
lucro. Isto é, quanto menor é o PEG, mais barata é a ação.
No caso da HiperaFarma:
P/L = 48,55/ 1,95
P/L = 24,89
LPA = 1,95
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Taxa de Crescimento (g) = 15,2% x 41,14% = 6,25%.
Como já sabemos que o P/L da Hypera foi 24,89, ao dividi-lo por 6,25 (não
usar o percentual) vamos encontrar um PEG de 3,98.
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● a) Uma empresa com baixo crescimento terá PEG alto e parecerá
mais superavaliada em relação a uma empresa com alto
crescimento, pois o PEG da empresa com alto crescimento tende a
cair quando sua taxa de crescimento diminui.
● c) Uma empresa com baixo ROE (ou baixo payout) terá PEG menor e
parecerá subavaliada em relação a uma empresa com alto retorno,
pois o PEG tende a cair quando o retorno diminui.
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distribuição e do pagamento de dividendos, além da rentabilidade
oferecida ao investidor.
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Em essência, não há um número em especial que define o payout ideal
de uma empresa, especialmente por depender do setor de atuação, do
estágio de ciclo de vida, do tipo de controlador da empresa (se família,
governo, etc.), entre outros aspectos. São vários fatores que determinam
qual é a parcela de lucro distribuída.
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CDC = FCO por ação / Dividendo por ação
CDC = (3.195.311/815.927)/2,5
CDC = 1,56
Isso revela que a Engie gerou 1,56 vezes mais caixa nas suas atividades
operacionais do que a quantidade de dividendo pago, ou, que a empresa
gerou R$ 1,56 em caixa operacional para cada R$ 1 de dividendo pago.
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uma compra em preços diferentes, você usa o seu preço médio para o
cálculo do YOC.
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RTA = (21,55 - 11,61) + 1,11
11,61
RTA = 95,17%
MÚLTIPLOS DE VALOR
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Veja um exemplo de uma avaliação da Coteminas feita pelo Espírito Santo
Investment Bank alguns anos atrás. Como não foram encontradas
empresas comparáveis no Brasil, os avaliadores buscaram empresas em
outros países. As duas colunas à direita no quadro abaixo mostram EV
dividido pelo Ebitda de cada uma das empresas comparáveis, das quais foi
extraída a média e a mediana. Depois, é possível usar esse indicador para
encontrar o Enterprise Value da empresa alvo (no caso a Coteminas).
CONCLUSÃO
Chegamos ao fim da disciplina sobre modelos de valuation. Um ponto
importante que não se pode esquecer: antes de avaliar qualquer empresa,
é preciso conhecê-la. Para isso, podemos seguir alguns passos. Um bom
ponto de partida é buscar notícias sobre a companhia, o setor e os
concorrentes em jornais e blogs especializados. Depois, pode-se explorar
o site de Relações com Investidores e, além disso, ler o Estatuto da
empresa (que pode conter armadilhas ou oportunidades), analisar
apresentações institucionais e participar dos conference calls.
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EV, EBITDA e assim por diante) e as demonstrações financeiras e do ciclo
de vida da empresa.
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