Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Revisão
Resumo
Palavras-chave As síndromes hipertensivas na gestação merecem especial destaque no cenário da saúde pública mundial. Atualmente,
Pré-eclâmpsia respondem como terceira causa de mortalidade materna no mundo e primeira no Brasil. Do ponto de vista prático, a
Sulfato de magnésio pré-eclâmpsia continua sendo uma síndrome que leva a graves repercussões maternas e fetais, conhecendo-se ainda
Metildopa pouco sobre sua etiologia. Atualmente, tem-se discutido a melhor terapêutica para os quadros de pré-eclâmpsia em
Ensaios clínicos
diversos momentos do ciclo gravídico-puerperal, visando sempre à redução de altos índices de morbimortalidade
Keywords materna e fetal. O parto, considerando-se a fisiopatologia do evento, representa a melhor forma de tratamento. O uso
Pre-eclampsia de sulfato de magnésio é recomendado em todos os casos de pré-eclâmpsia grave e eclâmpsia para prevenção e
Magnesium sulfate tratamento das crises convulsivas. Da mesma forma, o tratamento dos picos hipertensivos é recomendado. Hidralazina,
Methyldopa nifedipina e labetalol têm sido as drogas mais utilizadas com essa finalidade, mas seu uso dependente da familiaridade
Clinical trials do médico assistente. A corticoterapia antenatal está indicada sempre que existe risco iminente de prematuridade
entre a 24ª e 34ª semana. Em contrapartida, não há evidências suficientes para recomendar repouso e administração
de expansores plasmáticos de rotina, assim como há necessidade urgente de ensaios clínicos randomizados para
determinar se o tratamento anti-hipertensivo de manutenção nas gestantes apresenta benefícios ou riscos para mães e
fetos, em todas as formas clínicas da doença, em particular nos casos de pré-eclâmpsia pura.
Abstract
Hypertensive disorders in pregnancy deserve special attention in the setting of global public health. Currently, they
represent the third cause of maternal mortality in the world and first in Brazil. From a practical standpoint, pre-eclampsia
remains a syndrome that leads to serious repercussions on maternal and fetal mortality and its etiology is not well
known. Currently, the best treatment for forms of pre-eclampsia is being discussed at different times in pregnancy and
puerperium, with the objective to reduce the high rates of maternal and fetal morbidity and mortality. Considering the
pathophysiology of the event, anticipation of delivery is the best treatment for pre-eclampsia. The use of magnesium
sulfate is recommended in all cases of severe pre-eclampsia and eclampsia for prevention and treatment of seizures.
Likewise, treatment of hypertensive crises is recommended. Hydralazine, nifedipine and labetalol have been the most
commonly used drugs for this purpose, but their use depends on the familiarity of the treating physician. Antenatal corticoid
therapy is indicated whenever there is an imminent risk of preterm delivery between 24 and 34 weeks. In contrast, there
is insufficient evidence to recommend bed rest and routine plasma volume expansion, and there is an urgent need for
randomized clinical trials to determine whether maintenance antihypertensive treatment in pregnant women has benefits
or risks for mothers and fetuses in all clinical forms of disease, particularly in cases of pure pre-eclampsia.
Correspondência: 1
Pós-graduando (Doutorado) em Saúde Materno-Infantil do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP – Recife
Carlos Noronha Neto (PE), Brasil; Preceptor da Residência Médica em Tocoginecologia e Medicina Fetal do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando
Rua da Angustura, 195, apto. 204 Figueira – IMIP – Recife (PE), Brasil.
CEP 52050-340 – Aflitos – Recife (PE)
2
Pós-graduando (Doutorado) em Saúde Materno-Infantil do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP – Recife
E-mail: ca.no.ne@hotmail.com (PE), Brasil; Preceptor da Residência Médica em Tocoginecologia e Medicina Fetal do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando
Figueira – IMIP – Recife (PE), Brasil.
Recebido 3
Professora da pós-graduação em Saúde Materno-Infantil do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira – IMIP – Recife (PE),
19/7/10 Brasil.
CFM)19(D) Após aplicação destes, foram determinados o suficientes para a recomendação segura da conduta
nível de evidência e o grau de recomendação. expectante nesses casos, porém, o aparente acréscimo
da morbidade neonatal associado à conduta interven-
cionista sugere que a interrupção precoce da gravidez
Conduta conservadora só se justifica se houver risco materno elevado caso a
No passado, quando se considerava a interrupção gravidez continue13(A).
da gravidez como a melhor forma de tratamento da Quanto aos riscos maternos, um estudo observacional,
pré-eclâmpsia, muitos partos foram antecipados visan- prospectivo, envolvendo 239 gestantes com pré-eclâmpsia
do apenas o bem-estar da gestante. Em contrapartida, grave, demonstrou que a conduta expectante se encontra
o nascimento de um grande número de conceptos relacionada ao prolongamento da gravidez com melhor
prematuros aumentava as taxas de morbimortalidade prognóstico perinatal e mínimo risco materno22(B)
neonatal. Com o tempo, houve progressiva mudança Conclui-se, portanto, que a conduta expectante pode ser
nos conceitos, favorecendo a conduta conservadora que recomendada em casos selecionados, com monitorização
passou a ser empregada em determinados casos de pré- rigorosa do binômio mãe-feto23(D).
eclâmpsia pré-termo13(A). Diante do exposto, uma vez estabelecido o diag-
Quando se comparou a conduta expectante à con- nóstico de síndrome hipertensiva na gravidez, deve-se
duta agressiva (interrupção imediata da gravidez) na decidir pela antecipação do parto ou conduta expectante
pré-eclâmpsia grave, foram encontrados na literatura em função da idade gestacional, vitalidade/maturidade
apenas dois ensaios clínicos. O primeiro demonstrou fetal e gravidade da doença23(D) Assim, seria prudente
que o tratamento conservador não aumentava os riscos avaliar os riscos materno-fetais antes de se decidir pela
de complicações maternas, mas promovia prolongamen- interrupção de gestação prematura. Para tanto, devem-se
to estatisticamente significante da gestação, com média considerar as manifestações clínicas (cefaleia, alterações
de 7,1 dias, reduzindo a necessidade de ventilação do visuais, alterações do status mental, dor epigástrica e no
neonato (11 versus 35%) e possíveis complicações da quadrante superior direito, náuseas ou vômitos, oligú-
prematuridade (33 versus 75%)20(A) No outro estudo, o ria e insuficiência respiratória), os exames laboratoriais
tratamento conservador também não aumentava o risco (hemograma com plaquetas, transaminases, creatinina,
de complicações maternas, mas promovia prolongamento proteinúria de 24 horas, ureia, ácido úrico, desidrogenase
significativo da gravidez (15,4 versus 2,6 dias), menor láctica, bilirrubinas, esfregaço periférico e testes da coa-
tempo de internamento na unidade neonatal (20,2 versus gulação) e avaliação da vitalidade fetal (ultrassonografia,
36,6 dias), redução da incidência da síndrome de descon- doplervelocimetria, cardiotocografia e perfil biofísico
forto respiratório do recém-nascido (22,4 versus 50,5%), fetal23(D).
maior peso ao nascer (1.622 versus 1.233 g) e aumento Quanto à vitalidade fetal, ressaltamos que, ao realizar
significante da incidência de recém-nascidos pequenos a doplervelocimetria com a utilização do sulfato de mag-
para a idade gestacional (30 versus 11%)21 (A). Esses es- nésio, deve-se ter cuidado na interpretação dos resultados.
tudos demonstram melhora nas condições perinatais, com Estudos sugerem a dilatação da artéria cerebral média fetal
razoável segurança materna quando a conduta expectante quando o exame doplervelocimétrico for realizado com o
é instituída para um grupo selecionado de pacientes com uso concomitante do sulfato de magnésio24-26(B).
pré-eclâmpsia grave e condições materno-fetais estáveis,
apresentando indicações bem definidas para o parto.
Corticoterapia
A biblioteca Cochrane disponibiliza uma revisão
sistemática envolvendo esses dois ensaios clínicos com Os corticosteroides começaram a ser utilizados
133 mulheres, comparando a conduta expectante com em Obstetrícia com o objetivo de auxiliar o amadure-
a intervencionista. Não houve dados suficientes para cimento do pulmão fetal em gestações prematuras. A
tecer conclusões a respeito de desfechos maternos e partir de estudos em animais, comprovou-se atuação
mortalidade perinatal. Entretanto, os recém-nascidos, de da droga em pneumócitos tipo II, responsáveis pela
mães alocadas para o grupo de conduta intervencionista produção de surfactante com possível utilização em
tiveram maior incidência de síndrome do desconforto humanos. O desenvolvimento incompleto da árvore
respiratório (RR:2,30; IC95%:1,39 – 3,81), entero- brônquica, associado à imaturidade de outros órgãos e
colite necrosante (RR:5,54; IC95%:1,04 – 29,56) e à deficiência de surfactante, responde pelos quadros de
necessidade de internamento em unidade de terapia insuficiência respiratória por que passam recém-nascidos
intensiva neonatal (RR:1,32; IC95%:1,13-1,55) prematuros14(A).
quando comparados aos de mães do grupo expectan- Em revisão sistemática, disponibilizada na biblioteca
te. Os revisores concluíram que ainda não há dados Cochrane, foram incluídos 21 ensaios clínicos randomizados
(ECR) que avaliaram o uso de corticoides para a aceleração forma, quadros de restrição de crescimento intrauterinos
da maturidade pulmonar fetal, em gestações abaixo da 34ª puderam ser evidenciados a partir da existência desse
semana. A corticoterapia esteve associada à significativa processo de hipovolemia15(A).
redução da mortalidade neonatal (RR: 0,69; IC95%: A administração de expansores plasmáticos surgiu
0,58-0,81), à síndrome do desconforto respiratório do como possível terapêutica para a redução de volume in-
recém-nascido (RR: 0,66; IC95%: 0,59-0,73), hemor- travascular evidenciada em pacientes com pré-eclâmpsia.
ragia cerebroventricular neonatal (RR: 0,54; IC95%: Na revisão sistemática disponível na biblioteca Cochrane,
0,43-0,69) e enterocolite necrosante (RR: 0,46; IC95%: incluíram-se três ECR envolvendo 61 mulheres, todos
0,29-0,74)14(A). comparando solução de coloide com a não-administração
Outra revisão sistemática incluiu 18 ECR que com- de soluções plasmáticas. Não foram demonstraram efeitos
pararam o uso de corticoide ao placebo em gestantes de benéficos com a terapia coloide, e os revisores concluí-
risco para parto prematuro. Nos grupos que utilizaram o ram que não existem evidências suficientes para fornecer
corticoide, houve redução da mortalidade perinatal (OR: qualquer estimativa confiável dos efeitos da expansão
0,60; IC95%: 0,48-0,75), desconforto respiratório (OR: plasmática em pacientes com pré-eclâmpsia. Essa tera-
0,53; IC95%: 0,44-0,63) e hemorragia intraventricular pia não pode ser recomendada para a prática clínica e o
no recém-nascido. Esses benefícios foram evidenciados em seu uso deve ficar restrito à pesquisa em ensaios clínicos
período superior a 24 horas do início da administração randomizados15(A).
da droga. Não foram identificados efeitos adversos rela-
cionados ao uso do corticoide, como também não houve
Atividade materna
evidências que aprovassem ou condenassem a repetição da
terapia em mulheres com manutenção do risco de parto A restrição da atividade física tem sido tradicio-
prematuro27(A). nalmente recomendada durante a gravidez em diversos
A utilização de corticoide na situação específica de contextos, incluindo a prevenção e o tratamento da
mulheres com pré-eclâmpsia grave foi contemplada na hipertensão. Estudos de caso-controle realizados nos
revisão sistemática da Cochrane14(A), considerando-se os Estados Unidos e no Canadá aconselharam cessação do
resultados de um ECR desenhado especificamente com trabalho diário ou diminuição das atividades físicas em
essa finalidade28(A).Com base nos resultados desse ECR, gestantes predispostas à hipertensão. Há preocupação
os revisores concluem que recém-nascidos de mães com com o aumento dos níveis de pressão sistólica durante as
pré-eclâmpsia grave têm os mesmos benefícios com o práticas esportivas e suas possíveis repercussões materno-
uso de corticoide entre a 24ª e a 34ª semana que outros fetais. Aventou-se também a hipótese de que o exercício
recém-nascidos prematuros, e não há aumento da mor- físico reduziria o fluxo sanguíneo uteroplacentário, com
bidade materna nem risco elevado de morte fetal, como surgimento ou manutenção de um quadro de restrição de
se temia anteriormente27(A). crescimento intrauterino, principalmente em pacientes
Admite-se, portanto, que a utilização de corticoterapia com pré-eclâmpsia já diagnosticada16(A).
representa importante terapêutica, não só pela ausência de A relação entre repouso, atividade física e risco de
riscos maternos adicionais para morte, corioamnionite ou pré-eclâmpsia ainda permanece incerta, existindo con-
sepse puerperal, como também pela diminuição de riscos trovérsias quanto ao potencial efeito dessas intervenções
provenientes da prematuridade, devendo ser administrada em gestantes. Uma coorte ambulatorial, que estudou a
em gestantes com pré-eclâmpsia28(A). monitorização pressórica em mulheres normotensas que
praticavam atividade física no primeiro trimestre da
gestação, demonstrou aumento importante da pressão
Expansores plasmáticos
arterial, com aumento do risco de pré-eclâmpsia, quando
O plasma, um dos elementos do sangue, é composto comparadas ao grupo que manteve repouso. Uma meta-
por várias proteínas e solução cristaloide. Em gestantes análise de estudos observacionais também evidenciou
de baixo risco, admite-se aumento progressivo de volume associação de atividade física ao aumento do risco de
durante a segunda metade da gestação, o que não acon- hipertensão e pré-eclâmpsia16(A).
tece em pacientes com pré-eclâmpsia, hipovolêmicas por Por outro lado, a redução ou a ausência de atividade
aumento da permeabilidade vascular15(A). física pode favorecer quadros de trombose venosa pro-
O volume plasmático reduzido também se deve à funda e tromboembolismo pulmonar, particularmente
baixa concentração de albumina e subsequente redução em gestantes com pré-eclâmpsia, consideradas de risco
do fluxo sanguíneo. A placenta, sendo órgão dependente aumentado para coagulopatias16(A).
direto da circulação materna, torna-se insuficiente no Quanto à recomendação de repouso, na revisão sis-
transporte de nutrientes e oxigênio para o feto. Dessa temática disponível na Biblioteca Cochrane, incluindo
ensaios clínicos randomizados com qualquer orientação de RR: 0,41; IC95%: 0,29-0,58), tanto em pacientes com
repouso, com ou sem hospitalização, demonstrou-se menor pré-eclâmpsia grave como não-grave. Em contrapartida,
risco de hipertensão grave (RR: 0,58; IC95%: 0,38-0,89) e não há evidências suficientes demonstrando redução do
de nascimentos pré-termo (RR: 0,53; IC95%: 0,29-0,99) risco de morbidade materna grave (dois ECR; RR: 1,08;
em pacientes que mantiveram algum grau de repouso. IC95%: 0,89-1.32) e morte perinatal (três ECR; RR:
A maioria das mulheres não demonstrou satisfação com 1,04; IC95%: 0,93-1,15)17(A). O número necessário para
a restrição da atividade e não repetiria o repouso se lhes tratar (NNT) e prevenir eclâmpsia é de 63 para os casos de
fosse possível escolher em gravidez futura. Os revisores pré-eclâmpsia grave e 110 para os casos de pré-eclâmpsia
concluem que não há evidências suficientes para recomendar não-grave, de forma que a decisão de administrar sulfato
o repouso de rotina nas síndromes hipertensivas da gravidez de magnésio para mulheres com pré-eclâmpsia não-grave
e que são necessários estudos posteriores para confirmar deve ser individualizado de acordo com a condição clínica
eventuais benefícios decorrentes dessa prática16(A). e a experiência do serviço. A administração em todos os
casos de pré-eclâmpsia grave é recomendada.
A maior parte das mulheres nos ensaios clínicos dis-
Sulfato de magnésio poníveis recebeu sulfato de magnésio por via intravenosa.
O uso do sulfato de magnésio foi descrito pela primeira Depois de uma dose de ataque de 4 g, administra-se uma
vez por Lazard (1925) 29(C) para o tratamento da eclâmpsia dose de manutenção variando entre 1-2 g/h, durante 24
e, posteriormente, veio a ser recomendado também para a horas. Não há necessidade de monitorização dos níveis
prevenção da crise convulsiva em gestantes com pré-eclâmpsia séricos de magnésio; no entanto, as avaliações clínicas
grave. Diversos serviços adotam protocolos baseados no (reflexos profundos, frequências cardíacas e respiratórias e
uso intramuscular ou intravenoso da medicação, conforme diurese) devem nortear a manutenção da terapêutica. Em
descritos por Pritchard (1954)30(C), Zuspan (1966)31(B) unidades básicas de saúde, a dose de ataque deve ser iniciada
e Sibai (1982)32. (B) Embora não existam ensaios clínicos logo na triagem, devendo-se encaminhar em seguida a
randomizados demonstrando a superioridade de uma ou paciente para centros de referências em gestações de alto
outra via de administração, descreve-se que a administração risco. O diferencial no prognóstico pode estar relacionado
venosa, tanto para ataque como para manutenção, tem à forma de transferência desta paciente, ou seja, o meio de
maiores vantagens por ser menos dolorosa e facilmente transporte deve estar devidamente equipado para atender
interrompida em casos de manifestações de toxicidade às necessidades apresentadas17(A).
da droga32(B). Estudos posteriores devem ser conduzidos
para determinar o esquema, a dose e a duração ideal da
Tratamento anti-hipertensivo
terapia com sulfato de magnésio.
O Eclampsia Trial (1995)33 demonstrou a efetividade O tratamento anti-hipertensivo em gestantes com
do sulfato de magnésio em termos de redução do risco pré-eclâmpsia merece especial atenção, sendo ainda
de recorrência e de morte materna, tanto em relação à controverso na literatura. Alguns autores recomendam
fenitoína como ao diazepam em mulheres com eclampsia tratamento anti-hipertensivo nesse grupo de pacientes
(A). A biblioteca Cochrane disponibiliza três revisões devido à redução da incidência de hipertensão grave à
sistemáticas comparando sulfato de magnésio com fenito- custa de efeitos colaterais maternos e fetais. Estudos de
ína, diazepam e coquetel lítico17(A). Em todas se verifica menor qualidade também descrevem uma redução no
nítida superioridade do sulfato de magnésio em relação número de dias de hospitalização durante a gravidez e
às outras drogas, com menor taxa de recorrência, redução suposta melhora da função renal materna e do prognós-
da morte materna e melhores resultados para o concepto tico fetal quando se realiza o tratamento hipotensor nessa
(redução do risco de depressão respiratória e internação situação clínica35(D).
em unidades de terapia intensiva). A população com hipertensão crônica, de maneira geral,
A utilização do sulfato de magnésio para prevenção apresenta risco de doenças cárdio e cerebrovasculares36(D).
das convulsões eclâmpticas também foi considerada em Por outro lado, gestantes com pré-eclâmpsia, sem diferenciar
grandes ensaios clínicos randomizados, dentre os quais a gravidade da doença, estão predispostas a desenvolver
se destaca o Magpie (1999)34(A), estudo que incluiu complicações como descolamento prematuro da placen-
10.141 mulheres com pré-eclâmpsia randomizadas para ta, coagulação intravascular disseminada, complicações
receber sulfato de magnésio em diferentes esquemas ou cardiopulmonares (edema agudo de pulmão), hemorragia
placebo. Esse e outros estudos foram incluídos na revisão cerebral, ruptura hepática, insuficiência hepática e renal e
sistemática da Cochrane sobre uso profilático do sulfato de morte6(D). Dentre as complicações fetais, encontram-se a
magnésio, evidenciando-se importante redução do risco redução do suprimento de oxigênio e nutrientes levando à
de convulsões (seis ensaios clínicos randomizados (ECR); restrição de crescimento fetal (RCF), baixo peso ao nascer
que não há evidências suficientes para documentar iniciado no primeiro trimestre da gestação. O labetalol,
a superioridade de uma droga anti-hipertensiva de alfa e beta bloqueador adrenérgico, pode ser utilizado com
emergência em relação a outra na gravidez. Até que eficácia e segurança similar à α-metildopa41(A). Ensaio
melhores evidências estejam disponíveis, a seleção de clínico que comparou o uso de nifedipina oral (10 mg) e
uma droga para tratamento da hipertensão aguda na labetalol intravenoso (20 mg) em 50 gestantes periparto
gravidez deve se basear na experiência e familiaridade demonstrou que, na emergência hipertensiva, caracterizada
de cada clínico com uma determinada droga, bem neste estudo por pressão arterial sistólica ≥170 mmHg e
como no que se conhece sobre seus potenciais efeitos diastólica ≥105 mmHg, o controle foi mais rápido após
adversos. As exceções são ketanserina, diazóxido, sulfato o uso de nifedipina oral, embora as duas drogas sejam
de magnésio e nimodipina, que possivelmente não são efetivas para redução rápida dos níveis tensionais. Apesar
boas escolhas18(A). de projetos multicêntricos estarem sendo desenvolvidos
Por outro lado, na revisão sistemática de Magee também com a droga, o labetalol ainda não se encontra
(2007)40, demonstraram-se efeitos benéficos e menores disponível no Brasil42(A).
riscos da nifedipina em relação à hidralazina. O uso da Os bloqueadores de canal de cálcio vêm sendo alvo de
hidralazina associou-se ao maior risco de hipertensão vários estudos visando à redução dos níveis tensionais43(D).
persistente, de hipotensão, cesariana, oligúria, descola- Muito se tem discutido a respeito de qual droga deve ser
mento prematuro da placenta, alterações da frequência utilizada como primeira escolha para controle tensional
cardíaca fetal e baixos escores de Apgar. Os revisores nos casos de pré-eclâmpsia grave. Nifedipina sublingual
concluem que os resultados não são robustos o suficien- (8 mg) e hidralazina intravenosa (5-10 mg) foram com-
te para orientar a prática clínica, porém não apoiam paradas em estudo incluindo 126 gestantes com pré-
o uso da hidralazina como droga de primeira linha eclâmpsia. Os autores concluíram que a nifedipina é mais
para o tratamento da crise hipertensiva na gravidez. segura e efetiva para o controle dos níveis tensionais do
Recomendam que novos ensaios clínicos randomizados que a hidralazina, corroborando o seu emprego na prática
sejam realizados, comparando nifedipina com hidrala- obstétrica44(A).
zina e labetalol (A). A contraindicação ao uso dos diuréticos na pré-
Para o tratamento de manutenção, a α-metildopa eclâmpsia tem se apoiado no volume plasmático dimi-
constitui a droga anti-hipertensiva mais bem estudada, nuído nessas pacientes. Dessa forma, com a utilização
segura, efetiva e considerada de primeira linha para o dos diuréticos, o volume plasmático reduziria ainda
tratamento da hipertensão na gravidez. É um agente mais, promovendo alterações na fisiologia renal materna
α-agonista central que diminui a resistência vascular e aumentando os potenciais efeitos da insuficiência pla-
sem diminuir o débito cardíaco. A dose inicialmente centária. Porém, alguns autores vêm utilizando diurético
utilizada é 750 mg/dia, com dose máxima de 3 g/dia. na pré-eclâmpsia45(A).
Em gestantes hipertensas, a utilização de α-metildopa Os inibidores da enzima conversora da angiotensina
reduz o risco de picos hipertensivos, porém, não tem são contraindicados na gestação. Embora se destaque que
sido observada diminuição da incidência de restrição de nenhuma medicação anti-hipertensiva é especificamente
crescimento fetal (RCF), prematuridade, cesarianas ou aprovada pela US Food and Drug Administration (FDA)
morte perinatal41(A). para uso durante a gravidez, os inibidores da enzima
Os ß-bloqueadores orais diminuem o risco de conversora são categoria D, associando-se com redução
picos hipertensivos (RR: 0,37; IC95%: 0,26-0,53; da diurese fetal, oligo-hidrâmnio, hipoplasia pulmonar
11 ECR, n=1.128 gestantes) e a necessidade de dro- e deformidades esqueléticas, devendo ser evitados tanto
gas anti-hipertensivas adicionais (RR: 0,44; IC95%: na crise hipertensiva como no tratamento de manutenção
0,31-0,62; 7 ECR, n=856 gestantes). Entretanto, o em gestantes38(D).
seu uso tem sido associado ao aumento da incidência Em suma, a real necessidade e os benefícios do tratamento
de neonatos pequenos para a idade gestacional (PIG) hipotensor de manutenção na pré-eclâmpsia precisam ser
(RR: 1,36; IC95%: 1,02-1,82; 12 ECR, n=1.346 ges- estabelecidos em ensaios clínicos randomizados, enquan-
tantes). Observou-se também diminuição de admissões to o tratamento de emergência é sempre recomendado.
hospitalares maternas, síndrome de desconforto respi- Para o tratamento de emergência, labetalol, hidralazina
ratório do recém-nascido e aumento da frequência de e nifedipina podem ser utilizadas, não existindo evidên-
bradicardia neonatal40(A). cias convincentes da superioridade de uma ou de outra
Quanto ao atenolol, tem-se observado melhores droga. Para o tratamento de manutenção, opções como
resultados que outros ß-bloqueadores, como menor α-metildopa, betabloqueadores (pindolol, atenolol), alfa
frequência de picos hipertensivos e parto prematuro. e betabloqueadores (labetalol) e bloqueadores dos canais
Entretanto, associa-se ao baixo peso ao nascer quando de cálcio (nifedipina) podem ser consideradas.
grave e eclâmpsia para prevenção e tratamento das há evidências suficientes para recomendar repouso e
crises convulsivas. Da mesma forma, o tratamento dos administração de expansores plasmáticos de rotina,
picos hipertensivos é recomendado com a droga com a assim como há necessidade urgente de ensaios clínicos
qual o clínico tenha maior familiaridade: hidralazina, randomizados para determinar se o tratamento anti-
nifedipina e labetalol têm sido as mais utilizadas com hipertensivo de manutenção nas gestantes apresenta
essa finalidade. A corticoterapia antenatal está indicada benefícios ou riscos para mães e fetos, em todas as
sempre que existir risco iminente de prematuridade formas clínicas da doença, em particular nos casos de
entre a 24ª e a 34ª semana. Em contrapartida, não pré-eclâmpsia pura.
Referências
1. Costa AAR, Ribas MSSS, Amorim MMR, Santos LC. Mortalidade 9. Gerretsen G, Huisjes HJ, Hardonk MJ, Elema JD. Trophoblast
materna na cidade do Recife. Rev Bras Ginecol Obstet. alterations in the placental bed in relation to physiological changes
2002;24(7):455-62. in spiral arteries. Br J Obstet Gynaecol. 1983;90(1):34-9.
2. Geographic variation in the incidence of hypertension in pregnancy. 10. Pacheco Romero J. Disfunción endotelial en la preeclampsia. An
World Health Organization International Collaborative Study Fac Med (Perú). 2003;64(1):43-54.
of Hypertensive Disorders of Pregnancy. Am J Obstet Gynecol. 11. Diagnosis and management of preeclampsia and eclampsia.
1988;158(1):80-3. ACGO Pract Bull. 2002;(33):1-9.
3. Amorim MMR, Katz L, Valença M, Araújo DE. Morbidade materna 12. de Melo BC, de Amorim MM, Katz L, Coutinho I, Veríssimo G.
grave em UTI obstétrica no Recife, região nordeste do Brasil. Rev Uterine artery Doppler in the third trimester of pregnancy and
Assoc Med Bras. 2008;54(3):261-6. postnatal outcome of patients with severe preeclampsia. Hypertens
4. Katz L, Amorim MMR, Miranda GV, Silva JLP. Perfil clínico, Pregnancy. 2010;29(2):135-47.
laboratorial e complicações de pacientes com síndrome HELLP 13. Churchill D, Duley L. Interventionist versus expectant care for
admitidas em uma unidade de terapia intensiva obstétrica. Rev severe pre-eclampsia before term. Cochrane Database Syst Rev.
Bras Ginecol Obstet. 2008;30(2):80-6. 2002;(31):CD003106.
5. Amorim MMR, Katz L, Ávila MB, Araújo DE, Valença M, Albuquerque 14. Roberts D, Dalziel S. Antenatal corticosteroids for accelerating
CJM, et al. Perfil das admissões em uma unidade de terapia fetal lung maturation for women at risk of preterm birth. Cochrane
intensiva obstétrica de uma maternidade brasileira. Rev Bras Database Syst Rev. 2006;(31):CD004454.
Saúde Matern Infant. 2006;6 Suppl 1:S55-62.
15. Duley L, Williams J, Henderson-Smart DJ. Plasma volume expansion
6. Report of the National High Blood Pressure Education Program for treatment of pre-eclampsia. Cochrane Database Syst Rev.
Working Group on High Blood Pressure in Pregnancy. Am J Obstet 2000;(12):CD001805.
Gynecol. 2000;183(1):S1-22.
16. Meher S, Abalos E, Carroli G. Bed rest with or without hospitalisation
7. Redman CW. Immunology of preeclampsia. Semin Perinatol. for hypertension during pregnancy. Cochrane Database Syst Rev.
1991;15(3):257-62. 2005;(14):CD003514.
8. Serrano Díaz NC, Péz Leal MC, Martínez Linares MP, Casas Romero 17. Duley L, Gülmezoglu AM, Henderson-Smart DJ. Magnesium
JP, Gil Urbano L, Navarro Mancilla AA. Bases genéticas y moleculares sulphate and other anticonvulsants for women with pre-eclampsia.
de la preeclampsia. MedUNAB. 2002;5(15):185-92. Cochrane Database Syst Rev. 2010;(12):CD000025.
18. Duley L, Henderson-Smart DJ. Drugs for treatment of very high 34. Altman D, Carroli G, Duley L, Farrell B, Moodley J, Neilson J, et
blood pressure during pregnancy. Cochrane Database Syst Rev. al. Do women with pre-eclampsia, and their babies, benefit from
2010;(1):CD001449. magnesium sulphate? The Magpie Trial: a randomised placebo-
controlled trial. Lancet. 2002;359(9321):1877-90.
19. Brasil. Câmara Técnica de Avaliação de Tecnologias. Metodologia
para avaliação de tecnologias. 2001 [citado 2010 Jul 11]. 35. Yankowitz J. Pharmacologic treatment of hypertensive disorders during
Disponível em: <http://www.amb.org.br/tecnologias.pdf> pregnancy. J Perinat Neonatal Nurs. 2004;18(3):230-40.
20. Sibai BM, Mercer BM, Schiff E, Friedman SA. Aggressive versus 36. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA,
expectant management of severe preeclampsia at 28 to 32 weeks’ Izzo JL Jr, et al. The Seventh Report of the Joint National Committee
gestation: a randomized controlled trial. Am J Obstet Gynecol. on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood
1994;171(3):818-22. Pressure: the JNC 7 report. JAMA. 2003;289(19):2560-72.
21. Odendaal HJ, Pattinson RC, Bam R, Grove D, Kotze TJ. Aggressive 37. Günenç O, Çiçek N, Görkemli H, Celik C, Acar A, Akyürek C.
or expectant management for patients with severe preeclampsia The effect of methyldopa treatment on uterine, umblical and fetal
between 28-34 weeks’ gestation: a randomized controlled trial. middle cerebral artery blood flows in preeclamptic patients. Arch
Obstet Gynecol. 1990;76(6):1070-5. Gynecol Obstet. 2002;266(3):141-4.
22. Haddad B, Deis S, Goffinet F, Paniel BJ, Cabrol D, Siba BM. 38. Souza AR, Amorim MR, Costa AA, Noronha Neto C. Tratamento anti-
Maternal and perinatal outcomes during expectant management hipertensivo na gravidez. Acta Med Port. 2010;23(1):77-84.
of 239 severe preeclamptic women between 24 and 33 weeks’ 39. Smith P, Anthony J, Johanson R. Nifedipine in pregnancy. Br J
gestation. Am J Obstet Gynecol. 2004;190(6):1590-5. Obstet Gynaecol. 2000;107(3):299-307.
23. Sibai BM, Barton JR. Expectant management of severe preeclampsia 40. Magee LA, Duley L. Oral beta-blockers for mild to moderate
remote from term: patient selection, treatment, and delivery hypertension during pregnancy. Cochrane Database Syst Rev.
indications. Am J Obstet Gynecol. 2007;196(6):514.e1-9. 2010;(1):CD002863.
24. Souza AS, Amorim MM, Coutinho IC, Lima MM, Noronha Neto 41. Elhassan EM, Mirghani OA, Habour AB, Adam I. Methyldopa
C, Figueiroa JN. Effect of the loading dose of magnesium sulfate versus no drug treatment in the management of mild pre-eclampsia.
(MgSO4) on the parameters of Doppler flow velocity in the uterine, East Afr Med J. 2002;79(4):172-5.
umbilical and middle cerebral arteries in severe preeclampsia.
42. Vermillion ST, Scardo JA, Newman RB, Chauhan SP. A randomized,
Hypertens Pregnancy. 2010;29(2):123-34.
double-blind trial of oral nifedipine and intravenous labetalol in
25. Souza ASR, Amorim MMR, Santos RE, Noronha Neto C, hypertensive emergencies of pregnancy. Am J Obstet Gynecol.
Porto AMF. Efeito do sulfato de magnésio sobre o índice de 1999;181(4):858-61.
pulsatilidade das artérias uterinas, umbilical e cerebral média
43. Levin AC, Doering PL, Hatton RC. Use of nifedipine in the
fetal de acordo com a persistência da incisura protodiastólica
hypertensive diseases of pregnancy. Ann Pharmacother.
da artéria uterina na pré-eclâmpsia grave. Rev Bras Ginecol
1994;28(12):1371-8.
Obstet. 2009;31(2):82-8.
44. Aali BS, Nejad SS. Nifedipine or hydralazine as a first-line agent to
26. Souza ASR, Amorim MMR, Coêlho ICN, Lima MMS, Noronha
control hypertension in severe preeclampsia. Acta Obstet Gynecol
Neto C, Figueroa JN. Doppler das artérias umbilicais e cerebral
Scand. 2002;81(1):25-30.
média fetal após sulfato de magnésio na pré-eclâmpsia. Rev Assoc
Med Bras. 2008;54(3):232-7. 45. Collins R, Yusuf S, Peto R. Overview of randomised trials of diuretics
in pregnancy. Br Med J (Clin Res Ed). 1985;290(6461):17-23.
27. Crowley P. Prophylactic corticosteroids for preterm birth. Cochrane
Database Syst Rev. 2000;(2):CD000065. 46. Koopmans CM, Bijlenga D, Groen H, Vijgen SM, Aarnoudse JG,
Bekedam DJ, et al. Induction of labour versus expectant monitoring
28. Amorim MM, Santos LC, Faúndes A. Corticosteroid therapy for
for gestational hypertension or mild pre-eclampsia after 36 weeks’
prevention of respiratory distress syndrome in severe preeclampsia.
gestation (HYPITAT): a multicentre, open-label randomised controlled
Am J Obstet Gynecol. 1999;180(5):1283-8.
trial. Lancet. 2009;374(9694):979-88.
29. Lazard EM. A preliminary report on the intravenous use of
47. Amorim MM, Katz L, Coutinho I, Souza AS, Scavuzzi A, Santos
magnesium sulphate in puerperal eclampsia. Am J Obstet Gynecol.
Filho O, et al. Risk factors for cesarean section in patients with
1925;9(2):178-88.
severe preeclampsia. Int J Gynaecol Obstet. 2009;107 Suppl
30. Pritchard JA. The use of the magnesium ion in the management of 2:462.
eclamptogenic toxemias. Surg Gynecol Obstet. 1955;100(2):131- 48. Xenakis EM, Piper JM, Field N, Conway D, Langer O.
40. Preeclampsia: is induction of labor more successful? Obstet
31. Zuspan FP. Treatment of severe preeclampsia and eclampsia. Clin Gynecol. 1997;89(4):600-3.
Obstet Gynecol. 1966;9(4):954-72. 49. Nassar AH, Adra AM, Chakhtoura N, Gómez-Marín O,
32. Sibai BM, Graham JM, McCubbin JH. A comparison of intravenous Beydoun S. Severe preeclampsia remote from term: labor
and intramuscular magnesium sulfate regimens in preeclampsia. induction or elective cesarean delivery? Am J Obstet Gynecol.
Am J Obstet Gynecol. 1984;150(6):728-33. 1998;179(5):1210-3.
33. Atallah AN. The Eclampsia trial, a model of international 50. ACOG Committee on Obstetric Practice. Committee opinion.
collaborative study with worldwide benefits. Sao Paulo Med J. Induction of labor for vaginal birth after caesarean delivery. Obstet
1995;113(4):927-8. Gynecol. 2002;99(4):679-80.