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O BRASIL E A GOVERNANÇA CLIMÁTICA GLOBAL (2020-2024):

entre o conservadorismo e o reformismo de vanguarda.

Em seu estudo, Pereira se utiliza do método Delfin (entrevista


com peritos especialistas no tema), ocom o objetivo de
denotar a probabilidade de o Brasil impulsionar num acordo
climático internacional, de forma conservadora ou reformista,
para não correr o risco de cair numa falsa matriz energética
de transição, ou seja, na inércia da utilização excessiva e
prolongada destes recursos como resposta ao aumento da
procura energética. Notadamente, o governo brasileiro vem
pautando sua política externa em uma posição de resistência,
principalmente por estabelecer aliança diplomática Norte/Sul,
porém, com “países emergentes extremamente poluentes e
conservadores em matéria ambiental, tais como China e
Índia”, travando o processo de mitigação das mudanças
climáticas. Devido à sua importância na geopolítica da
América do Sul e do mundo, o Brasil deve adotar uma
politica de transição para uma economia de baixo carbono².

A Segurança Climática Internacional, assim, se torna uma


prioridade para a sociedade internacional, impulsionando os
estados conservadores para adotarem uma postura mais
reformista. No entanto, como no caso do Brasil, o poderio
econômico gerado com a construção de empresas de matriz
energéticas (pré-Sal, biocombustível e de outras fontes –
renováveis e não renováveis) são tão atraentes, que no
momento em que o estado abdica do projeto de exploração de
recursos naturais, ou refrear a matriz energética poluente,
causa impactos econômicos para o PIB nacional. Apesar de o
país investir muito pouco do PIB em produção da ciência e
tecnologia.

Todavia, o Brasil é detentor de grandes reservas de minério,


petróleo e recursos naturais de um modo geral e, portanto,
representa uma potência energética global, atraindo altos
investimentos para empreendimentos estatais ou privados.
Contudo, com os projetos de desenvolvimento orientados
para produção de biocombustíveis, de energia solar e eólica, e
de tecnologias de maior eficiência energética, são as
respostas sustentáveis para serem refletidas num horizonte há
longo prazo.

Desta maneira, segundo Pereira (2012, p.104), o governo


brasileiro procura diversificar sua matriz energética, e vem
alcançando na política externa uma postura que transita entre
conservadora em algumas áreas (energia nuclear,
hidroelétrica, petróleo), enquanto que em outras se revela
reformista (usina eólica, biocombustível e termelétrica). Para
a autora, essa postura reformista se deve principalmente à
“exigência de certificados de baixo carbono² para a
importação de produtos em importantes mercados externos”,
como também à pressão da sociedade civil por proteção do
ambiental, contra a contaminação do solo por agrotóxicos e
devido ao desmatamento.

Segundo Pereira (2013, p.105), o Brasil tem desempenhado


um papel reformista de vanguarda na arena internacional da
discussão sobre mudanças climáticas, no qual:
[...] assume claramente uma posição
independente da divisão Norte/Sul e
estabelece como princípio prioritário da sua
política externa a formulação de um acordo
global com forte promoção da
descarbonização e, [...] continua a defender a
necessidade de desenvolver e financiar
políticas, medidas e mecanismos de
adaptação aos efeitos adversos inevitáveis das
alterações climáticas (PEREIRA, 2013,
p.105).

A Diplomacia brasileira tem se empenhado em promover


políticas de paz e ajudar regiões afetadas por desastres
ambientais, como no caso do Haiti em 2010. Aliado a União
Europeia e Estados Unidos, o Brasil tem aderido ao acordo
climático, e movimentado a produção de biocombustível em
parceria com estes, contribuindo para o setor de transporte e,
consequentemente, diminuindo a emissão de CO². Porém,
com essa rede comercial o Brasil interfere nas exportações
chinesas, o que não é bom, pois fomenta a cooperação para
desenvolvimento científico na agricultura, e fornecer-lhe
transferência de tecnologia agrícola. A China é um país que
vem sofrendo uma série problemas com a agricultura por
conta das alterações climáticas e, a diplomacia brasileira
procura persuadir a China a adotar uma postura menos
conservadora. Pereira conclui:

[...] que o Brasil tem todo o potencial


para promover um importante acordo
de mitigação das alterações climáticas.
A consecução desse objetivo
dependerá, em primeiro lugar, das
escolhas econômicas do país, da
consciência ambiental da sociedade
brasileira e da vontade da política
externa; e, em segundo lugar, da
conjuntura internacional;

[...] como emergente e detentor de um


grande potencial de transição para uma
economia de baixo carbono, o Brasil
reúne condições para, no futuro, mediar
um acordo climático entre países
desenvolvidos e emergentes. A
descarbonização da economia brasileira
colocaria o país numa posição muito
favorável para, numa atitude de
responsabilidade e coliderança com as
potências ambientais reformistas no
sistema internacional, articular os
principais interesses e procurar
impulsionar um acordo efetivo de
mitigação das alterações climáticas
(PEREIRA, 2013, p.109).

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