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Abstract— O sistema de identificação por rádiofrequência para abertura de cancelas e a velocidade máxima permitida do
(radio frequency identification ou RFID) tem sido reconhecido veículo nessas praças [4].
como uma das tecnologias mais importantes do século XXI dado
o crescimento da Internet das Coisas (IoT). Particularmente, o Em 2016, Don Nash II e coautores estudaram os fatores que
uso de RFID para automatizar cobranças em praças de pedágio influenciam a performance de etiquetas de RFID no setor de
cresceu muito em todo o Brasil na última década. O presente transportes [5]. O estudo avaliou o posicionamento da etiqueta
trabalho tem por objetivo uma detalhada análise de interferência em função da altura do leitor, concluindo que a altura ideal de
eletromagnética de sistemas RFID operando em 915 MHz em leitores para etiquetas instaladas no para-brisa de veículos,
praças de pedágios, tomando como base diversos parâmetros: deve ser de 2,13m. O trabalho ainda comprovou o efeito
velocidade dos veículos; região de leitura da antena; blindagem negativo que a velocidade do veículo causa na taxa de detecção
de para-brisas. As análises foram realizadas utilizando softwares das etiquetas.
de simulação eletromagnética e experimentos utilizando um leitor
e etiquetas comerciais. Os resultados do estudo demonstram a No Brasil, 2012, a ARTESP – Agência Reguladora de
viabilidade do sistema, mesmo sob condições adversas de perda e Serviços Públicos Delegados de Transporte do Estado de São
interferência. Paulo, migrou a tecnologia de comunicação de praças de
pedágio no estado de São Paulo de 5.8GHz para 915MHz, o
Keywords—RFID; praça de pedágio; Antenas; vidros que resultou em uma série ações de troca de etiquetas e leitores
blindados; tag; por parte das empresas gestoras de praças de pedágio e clientes
do serviço [6].
I. INTRODUÇÃO O presente trabalho tem dois objetivos específicos:
Atualmente, o sistema RFID tem sido utilizado em diversas investigar a interferência eletromagnética de uma antena de
aplicações industriais e comerciais, principalmente pela sua RFID colada próxima ao vidro automotivo (comum e
capacidade de monitorar e localizar objetos e pessoas [1]. blindado); avaliar a diferença no desempenho de uma mesma
etiqueta sendo identificada em um carro comum e em um carro
Na indústria de transportes, a tecnologia RFID tem sido blindado. O artigo está organizado da seguinte forma. Na
empregada desde os anos 80, utilizando etiquetas fixadas junto Seção 2, são apresentados os detalhes da tecnologia RFID
a veículos de transporte para arrecadação em estradas com utilizada neste estudo. A Seção 3 apresenta a análise numérica
pedágio [2]. A instalação de um sistema de RFID em praças de de uma antena dipolo clássica próxima ao vidro comum e ao
pedágios permite o processamento de cerca de 2200 carros por vidro blindado. A Seção 4 é composta por análises numéricas e
hora, comparado a 400 carros por hora com o sistema de experimentais. A primeira parte apresenta uma breve
cobrança manual [3]. caracterização do cenário no qual foram feitos os
Diante da crescente adesão do sistema de RFID em praças experimentos, mostrando a diferença de intensidade do sinal da
de pedágio, shoppings e estacionamentos em geral, torna-se antena do leitor para diferentes distâncias. A segunda parte
necessário garantir uma boa performance do sistema, a fim de descreve os resultados obtidos através dos testes realizados na
evitar problemas com os usuários. Pesquisadores do Virginia leitura da etiqueta dentro de um carro comum e um carro
Tech realizaram testes dinâmicos a fim de estudar os efeitos da blindado. Por fim, na Seção 5 são apresentadas as conclusões
velocidade do veículo em função da distância horizontal de do trabalho.
detecção da etiqueta, com o objetivo de calcular o tempo ideal
II. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO DO SISTEMA RFID C. Antenas
Um sistema RFID é composto por quatro principais A antena do leitor emite sinais de rádio para ativar a
componentes: leitor, etiqueta de identificação (tag), antenas e etiqueta. Ela é o canal de comunicação entre a etiqueta e o
middleware. Como mostra a Fig. 1. leitor, na qual controla aquisições de dados do sistema. O
campo eletromagnético produzido por uma antena pode estar
constantemente presente quando várias etiquetas são esperadas
continuamente [11].
Nas praças de pedágio, as antenas, ou leitores eletrônicos,
estão posicionados sobre cada faixa de pedágio e emitem
frequências (atualmente 915 MHz) de rádio que se comunica
com a etiqueta. A zona de detecção de uma antena,
normalmente, é de 2 a 3 metros de altura e 3 metros de
distância. Os dois dispositivos, a etiqueta e a antena, interagem
quase que instantaneamente, para completar a transação do
pedágio [12].
Fig. 1. Diagrama de bloco do sistema RFID.
D. Middleware
A. Etiqueta Embora não apareça na figura, o software de middleware é
responsável por intermediar a comunicação entre as aplicações
A etiqueta (também conhecida como tag) é responsável e a infraestrutura de RFID formada por leitores e etiqueta. Uma
pela identificação do objeto através de uma identificação única aplicação pode ou não utilizar um midlleware para interagir
(ID). As etiquetas podem ser divididas em quatro tipos: com a rede de leitores permitindo um rápido desenvolvimento
Etiquetas ativas [7], Etiquetas semi-passivas [8], Etiquetas nas implementações dos sistemas RFID [11]. De maneira geral,
passivas [9] e Etiquetas passivas sem chip [10]. A escolha de emprega-se o middleware quando o número de etiquetas do
tag para uma determinada aplicação depende do seu custo, sistema é grande, o tráfego de informações é intenso, o acesso
confiabilidade e capacidade. ao serviço é denso ou a alta disponibilidade dos serviços é
Em sistemas de praças de pedágio no Brasil utiliza-se as crucial. Nos sistemas RFID de praças de pedágio tem-se, então,
etiquetas semi-passivas, as quais possuem uma bateria, assim a necessidade de um middleware que faz toda a integração do
como as etiquetas ativas. Entretanto, utilizam a energia do sistema, mas que não será escopo de análise nesse trabalho.
leitor para ativar sua identificação, apresentam alta
confiabilidade de leitura, um alcance de leitura de poucos III. ANÁLISE DE ANTENAS PRÓXIMA AO VIDRO BLINDADO
metros e vida útil mais longa do que uma etiqueta ativa.
Utilizou-se um modelo convencional de antena dipolo de
meia onda [13], formada por dois elementos condutores
B. Leitor dispostos da maneira indicada na Fig. 3. As dimensões estão
Também conhecido como receptor, é composto por um diretamente relacionadas com a frequência do sinal que deve
módulo de rádio frequência, uma unidade de controle e uma ser recebido (ou transmitido). O modelo construído e seus
antena para interrogar as etiquetas via radiofrequência. Para respectivos testes foram feitos em um software de simulações
determinada potência de alimentação do leitor, temos a geração eletromagnéticas ANSYS HFSS. A resposta em frequência,
de um campo eletromagnético. Quando uma etiqueta passa na parâmetro S11 (perda de retorno) do modelo é apresentada na
região de alcance do seu campo eletromagnético, a informação Fig. 4, enquanto o padrão de irradiação é apresentado na Fig. 5.
armazenada no chip da etiqueta é interpretada pelo leitor que
envia as informações para o middleware, o qual realiza a
integração do fluxo de dados entre as etiquetas e a aplicação
que solicita as informações da etiqueta [11]. A Fig. 2
esquematiza o sistema de funcionamento do sistema RFID em
praças de pedágios
A. Caracterização do cenário
Para os testes experimentais, foi instalada na UNIFEI
(Universidade Federal de Itajubá), uma antena de pedágio
modelo IFPX da empresa Honeywell, com potência de entrada
de 30dBm e ganho médio de 8,9dBi. A altura da instalação da
antena foi de 5 metros, similar às praças de pedágio no Brasil.
Fig. 7. Análise numérica da variação da distância entre a antena e o vidro O chão foi demarcado em diferentes distâncias para realização
automotivo comum (Parametro S11). dos testes, como mostra a Fig.11.
Fig. 12. Cenário projetado para análise numérica do acoplamento entre
antenas.
-10
Uma outra análise que pode ser observada com relação aos
gráficos das Figs, 15, 16 e 17 é a quantidade de números de
leituras corretas em função da velocidade. Para o carro não-
blindado, a menor velocidade, 20km/h, apresentou
aproximadamente 188 leituras significativas, caindo para 59
leituras a 60km/h e reduzindo para aproximadamente 33
leituras a 100km/h. Já, para o carro blindado os valores são
158, 58 e 40 leituras corretas a 20km/h, 60km/h e 100km/h,
respectivamente. Portanto, apesar do número decrescente de
leituras com o aumento da velocidade, em todos os teste, nas
duas situações, é possível ocorrer a leitura correta pelo sistema
de pedágio.
V. CONCLUSÕES
Fig. 15. Comparação do desempenho do carro comum e blindado na
velocidade de 20km/h. Este trabalho apresentou uma detalhada análise de
interferência eletromagnética de sistemas RFID operando em
915 MHz em praças de pedágios, tomando como base diversos
parâmetros: velocidade dos veículos; região de leitura da
antena; blindagem de para-brisas. O cenário da praça de
pedágio foi analisado numericamente e experimentalmente
para demonstrar os melhores pontos de leitura e a intensidade
do sinal da antena ao longo do espaço. A influência dos vidros
comum e blindado no desempenho de uma antena
convencional foi apresentada a partir de análises numéricas
realizadas no HFSS.
A comparação do desempenho do sistema RFID para o
carro comum e blindado foi avaliada por meio de
experimentos práticos e analises numéricas. Assim como
esperado, o vidro blindado provoca uma atenuação superior ao
comum, porém, o sistema RFID continua sendo considerado
viável. Os dados apresentados são úteis para projetos de
etiquetas de RFID que operam no sistema de identificação
automotivo e para outras aplicações.
AGRADECIMENTOS
Fig. 16. Comparação do desempenho do carro comum e blindado na
velocidade de 60Kkm/h. Os autores da UNIFEI agradecem à empresa Honeywell
por conceder auxílio financeiro essencial para a concretização
deste trabalho. O Prof. Arismar do Inatel agradece o apoio
financeiro da Finep/Funtel (Convênio 01.14.0231.00 - Centro
de Referência em Radiocomunicações ou CRR) e do MCTI. [7] M. Kossel, H. Benedickter, W. Baechtold, “An Active Tagging System
Por fim, todos os autores agradecem o aporte financeiro dos Using Circular Polarization Modulation”, IEEE Trans. Microwave
Theory Tech, vol 47, no. 12, pp:2242-2248, Dezembro 1999.
órgãos de fomento CNPq, CAPES e FAPEMIG.
[8] Robertson, I.D., and Jaialy, I., "RF id tagging explained,"
Communications Engineer, Vol. 1, pp. 20-23, 2003.
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Localization Using Sparsely Distributed Passive RFID Tags," IEEE
Transactions on Industrial Electronics, vol. 60, pp. 5914-5924, Dec.
[1] F. Hessel, et al, “Implementando RFID na Cadeia de Negócios – 2013.
Tecnologia a serviço da Excelência”, 3ª edição, EDIPUCRS, 2013.
[10] S. Preradovic, N. C.Karmakar. “Chipless RFID for Intelligent Traffic
[2] Chen Xue-Mei, Wei Zhong-Hua, “Vehicle management system based on Information System”, IEEE International Symposium Antennas and
multi-node RFID cards,” 30th Chinese Control Conference (CCC), Propagation (APSURSI), pp. 992-995, Julho 2011.
2011, pp. 5497-5499.
[11] K. Finkenzeller: RFID Handbook: Radio-Frequency Identification
[3] “The basics of RFID technology”, Fundamentals and Applications, John Wiley & Sons 1999.
http://www.rfidjournal.com/article/view/1337. Acessado em março,
2016. [12] D. N. II, J. L. Mwakalonge, J. A. Perkins, “An investigation of factors
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[4] W.J. Fedrowitz, “Implementation of RFID Technology in VT-VDOT applications in transportation”, The Journal of Transport Literature,
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