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Crença infundada de que mulheres têm menos habilidades do que homens em algumas
áreas, como matemática e orientação espacial, pode levar à falta de representatividade do
gênero no ambiente dos jogos digitais e até prejudicar o desempenho das jogadoras.
É comum ouvirmos o argumento de que mulheres não gostam de jogos digitais, ou pelo
menos não gostam de jogos muito competitivos e violentos, para justificar a presença massiva
de homens nos cenários amador e profissional de games. Mas será que isso é verdade?
Segundo pesquisas da Associação de Softwares de Entretenimento, desde 2008, as
mulheres já representam pelo menos 40% do público que joga jogos digitais nos Estados Unidos.
Outros países também vêm reportando uma porcentagem similar, entre 40% e 49% de presença
feminina nesses jogos.
Mas, no cenário profissional, a disparidade no número de homens e mulheres é grande.
Surge então o argumento de que mulheres não seriam tão boas em jogos competitivos e, por
isso, não alcançariam posições de destaque. Essa e outras ideias passaram a compor um
estereótipo do gênero feminino, que o coloca em posição inferior ao masculino nos jogos e em
outras atividades.
Durante muito tempo, houve até justificativa biológica para fundamentar essa
inferiorização. Pesquisas indicavam que homens se saíam melhor em testes de orientação
espacial e outras habilidades matemáticas, o que levou à conclusão de que as mulheres não
teriam boa orientação espacial nem bom senso de direção e, em última instância, não teriam
habilidades matemáticas.
Na época, cientistas acreditavam que havia uma diferença no cérebro de homens e
mulheres que seria responsável por essa desigualdade de performance. Essa justificativa fez
tanto sucesso que até hoje inúmeras pessoas acreditam que mulheres não são ‘boas’ em
orientação espacial, em ciências exatas e até em jogos, devido a uma diferença biológica inata
e invariável.
Esse estereótipo – de que mulheres são menos capazes do que homens em algumas
atividades – ganhou um ar científico e tornou-se quase irrefutável. Assim, construiu-se a ideia
de que não havia necessidade de incentivar as mulheres a seguirem determinadas carreiras e
até buscarem formas de lazer em que tivessem contato com habilidades espaciais e
matemáticas, já que sua natureza biológica as limitava.