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ESPORTES ELETRÔNICOS: UMA NOVA FORMA DE
COMPETIÇÃO QUE GANHA A CADA DIA MAIS FORÇA

Determinar a origem da prática esportiva é algo

complexo, uma vez que não há data exata sobre o Qualquer tecnologia suficientemente avançada é
surgimento dessa atividade. No entanto, várias indistinta de magia.
sociedades ao longo da história realizaram
atividades esportivas, como na Grécia, local de Arthur C. Clarke
origem das Olimpíadas. Essa famosa competição
começou na cidade de Olímpia, na Grécia Clássica,
e atraía vários cidadãos que peregrinavam para
participar dos jogos. Hoje, com a expansão do
mundo virtual e o desenvolvimento de novas
tecnologias, uma nova modalidade de esporte vem
ganhando projeção: os esportes eletrônicos. Com
competições que atraem milhões de olhares e
prêmios cada vez maiores, essa atividade tem
suscitado debates na sociedade, tendo em vista
seus benefícios e controvérsias.

Foto: Pexels
O termo eSport, derivado de
electronic sports, é usado pela
imprensa para definir as
competições que envolvem jogos
eletrônicos. Nota-se que essa
modalidade de jogos está cada vez
mais enraizada na sociedade,
estabelecendo-se como um
fenômeno sociocultural. O reais), superando a indústria do
crescente avanço tecnológico na
área de computação, muitas vezes
estimulado pela indústria de
entretenimento, permitiu que os
dispositivos usados para jogos
deixassem de ser apenas um
brinquedo de criança para se
tornar uma ferramenta poderosa
de COMPETIÇÕES. É válido lembrar
que competições com games
remontam às décadas de 1970,
1980 e 1990, quando os fliperamas
dominavam o cenário do
entretenimento. A partir disso, a
expansão do acesso à internet e o
desenvolvimento das redes de alta
velocidade
velocidade profissionalizaram essa
atividade. Sendo assim, jogar ou
assistir a jogos ficou cada vez mais
fácil, fator que fortaleceu a
indústria do eSports. Prova disso é
que, em 2013, os esportes
eletrônicos movimentaram 70
BILHÕES de euros (220 bilhões de
cinema, por exemplo. Tal fato abriu
portas para o surgimento de novas
PROFISSÕES, como os “streamers”
ou criadores de conteúdo. Esses
profissionais executam lives
relacionadas a games e nesses espaços a recepção da
normalmente ganham dinheiro
com patrocínio de empresas do
segmento. Um dos sites mais
populares para esse tipo de serviço
se chama Twitch.tv e foi criado em
2011. O site se especializou na
transmissão de vídeos, em tempo
real, de pessoas jogando, com a
possibilidade de interação com
quem transmite. No curto período
kkk
de tempo que está no ar, já se
tornou um dos sites com maior
tráfego do mundo e um dos mais
acessados do gênero. A
INTERATIVIDADE, que as lives
permitem, faz com que o serviço
atraia diversos tipos de pessoas,
seja porque querem acompanhar
alguém jogando, melhorar suas
técnicas ou simplesmente usar o
chat e interagir com as milhares de
pessoas de diversas partes do
mundo. Diferente de outras formas
de entretenimento tradicional,
mensagem não é recebida de
forma passiva, podendo o indivíduo
ajudar na emissão de conteúdo. É
válido considerar ainda que
serviços, como Twitch.tv, têm
ajudado no crescimento e
popularização das competições
como forma de entretenimento, já
que é um dos meios por onde
adoradores têm acesso à
kkkkkkkkkk
transmissão dessas competições.
Isso fomenta outro ramo
profissionalizante da indústria de
games: o COMPETIDOR
PROFISSIONAL. Este participa de
competições e para isso necessita
treinar bastante, fazer parte de
uma equipe, lidar com estratégias,
planejamentos, entre outros. A
vida dessa galera não é só diversão,
possui uma rotina que vai desde o
horário de dormir até a realização
de atividades físicas, tudo para
aguentar a maratona de games. O
salário pode variar: R$ 2mil, 30mil
ou 100 mil. Tudo isso depende
muito das empresas por trás das
equipes e dos patrocínios
conquistados. Já as premiações em
grandes competições podem ser
milionárias. A sexta edição do
campeonato mundial do jogo
Dota2 (The International 2016)
pagou o valor de US$20.770.640,00
à equipe Wings Gaming da China.
Em 2018, o campeonato mundial contra os jogos eletrônicos. Essa guerra
do jogo Leagle of Legends registrou permanece até hoje. O ESTIGMA de que
recorde de 99,6 milhões de o gamer é aquele indivíduo solitário
contribui para a visão negativa em
espectadores na transmissão oficial
relação aos esportes eletrônicos.
da partida final. Já em 2014, a final “Acreditam que é uma pessoa trancada
do mesmo evento foi sediada no em casa, antissocial, mas não é assim. Os
Estádio Sangam (Coreia do Sul) e que jogam jogos competitivos tendem a
contou com 40.000 fãs presentes. não confirmar esses estereótipos;
Dados como esses evidenciam o costumam ser pessoas sociáveis,
potencial que os jogos eletrônicos extrovertidas e até mesmo pouco
kkkkkkkkk
possuem. Todavia, há uma grande
discussão sobre o termo “esportes
eletrônicos ou eSports”, que coloca
em debate se essa atividade pode
ser considerada um esporte de
fato. Críticos da modalidade dizem
que não, entrando em confronto
com os amantes dessa atividade.
Essa controvérsia, na verdade, não
é nova. Em 1942, o então prefeito
de Nova York, Fiorello La Guardia,
destruiu uma máquina de pimball
com uma marreta. A foto viralizou Foto: Pixabay
entre os principais jornais dos EUA
e se tornou símbolo da guerra
kkkkkk
agressivas”, revela Sergio
Mesonero, presidente da Liga do
Videogame Profissional. Alguns
estudiosos da área acreditam na
atividade como um esporte, pois
necessita, cada vez mais, de
interação, raciocínio, respostas e
reflexos corporais, o que exige
disposição física em relação ao uso
da velocidade, coordenação,
resistência e precisão. O mesmo
debate surgiu em relação ao
Xadrez, enquanto prática esportiva.
Hoje o jogo já é reconhecido como
esporte, inclusive pelo Comitê
Olímpico Internacional (COI). Jacob
Lyon, profissional do videogame
overwatch, faz outra comparação:
“O arco e flecha está nos jogos e
não vejo uma diferença física
radical entre as habilidades do tiro
e as implicadas nos eSports. Eu
kkkkk
adoraria ver a competição à qual
dediquei a minha vida sendo
reconhecida nos jogos”, diz em
relação ao reconhecimento dos
esportes eletrônicos pelo COI e à
possibilidade de no futuro estar
entre os esportes olímpicos. Uma
outra questão é a VIOLÊNCIA
contida nos games, o que faz
diversos estudos questionarem as
consequências desse tipo de
conteúdo para a sanidade mental
de crianças, adolescentes e
adultos. No episódio recente do
massacre de estudantes na Escola
Raul Brasil, em Suzano (SP), a
declaração do vice-presidente
Hamilton Mourão sobre o assunto
gerou polêmica. “Hoje a gente vê
essa garotada viciada em
videogames e videogames
violentos. Só isso que fazem”.
De acordo com estudos publicados
em uma reportagem no jornal The
New York Times, 80% dos garotos
americanos em idade de cursar o
ensino médio jogam videogames, a
maioria títulos violentos. Desses
jogadores, um terço até a metade
fica 10 horas ou mais na frente do
videogame. Isso pode causar
impulsos hostis e comportamento
moderadamente agressivo num
curto prazo, revelam os estudos.
Por outro lado, os resultados de uma
pesquisa desenvolvida na
Universidade do Texas, nos EUA,
apontaram que, no geral, o acesso a
jogos violentos levam a um
decréscimo na realização de crimes
violentos. O assunto continua sendo
controverso na sociedade. Apesar
disso, o crescimento dos esportes
eletrônicos é inquestionável.
 Foto: Pixabay

VOCÊ SABIA que dados de

audiência do serviço Twitch.tv
mostram que algumas
transmissões já superam a
audiência de canais
tradicionais de televisão nos
EUA?
 ANOTA AÍ
 Segundo a Pesquisa Game Brasil 2015 –
Comportamento, Consumo e Tendências do
Gamer Brasileiro, 82% do público consumidor
de jogos eletrônicos costumam jogar com seus
filhos, apontando que a cultura dos jogos
entra cada vez mais de maneira natural nas
crianças, sem medo e preconceito das
gerações anteriores;
 Um dos países pioneiros na popularização das
competições de jogos eletrônicos foi a Coreia
do Sul, que ainda foi o primeiro país a contar
com um órgão governamental que regula as
competições de jogos eletrônicos, a Korea e-
Sports Association, criada em 2000;
 A China lidera a relação dos países com
maiores consumidores de jogos, com um gasto
estimado na indústria de games de US$ 37,945
bilhões. Completam o Top 3 os Estados Unidos
(US$ 30,411 bilhões) e o Japão (US$ 19,231
bilhões). O Brasil ocupa a posição 13 no
ranking, segundo dados da Newzoo sobre o
ano de 2018;
 Emissoras brasileiras têm brigado pelo direito
de transmissão dos eSports. O grupo Globo,
por exemplo, é um dos que mais investiram no
ramo;
 No Brasil, um pro player ganha, em média, de
R$ 3mil a R$ 6mil reais. Entretanto, esses
números podem ser maiores: dependendo da
quantidade de seguidores nas redes sociais,
por exemplo, uma pessoa pode receber até R$
30mil.
 DIALOGANDO
O dialogando traz trechos de uma entrevista com a pesquisadora
Beatriz Blanco, concedida ao site The Enemy, sobre a relação entre
videogame e violência.
The Enemy: Por que você acha que a mídia brasileira insiste em
acusar os videogames, quando alguma tragédia envolvendo
jovens e crianças acontece?
Beatriz Blanco: Eu acho que a tendência em procurar culpados
nesses momentos de tragédia existe porque a situação é tão
horrível e absurda que parece que precisamos acreditar que ela
só pode ter sido causada por um elemento externo e poderoso.
Hoje são os games, mas já foram os quadrinhos, a televisão
etc. (...)
Quando os videogames são culpados por essas tragédias, passa
a impressão de que eles agravam o quadro de isolamento social
e o sofrimento psicológico que você mencionou, mas existem
estudos que na verdade provam o contrário, certo?
Beatriz: É bem complicado afirmar, de forma generalista, se o
videogame agrava ou não o isolamento, porque depende de uma
série de variáveis (embora sim, existem estudos nessa linha). Eu
acho que nós precisamos analisar como o videogame se insere e
se articula em cada contexto. Ele pode ser um elemento
importante de sociabilidade em determinados grupos e também
pode reunir uma comunidade extremamente tóxica e violenta
em torno de si. (...)
Confira a entrevista completa: https://bit.ly/2HD2gur
MOMENTO SOCIOLÓGICO
De acordo com o sociólogo Daniel Bell, a tecnologia é “uma forma
de arte que serve de ponte entre a cultura e a estrutura social e, no
processo, reformula ambas”. Para ele, tanto a arte, quanto a
tecnologia aquecem a imaginação e a experimentação, o que abre
espaço para novas formas de pensar o mundo. Bell usou o termo
sociedade pós-industrial para definir um novo tipo de sociedade
caracterizada pela informação e desenvolvimento do conhecimento
científico. Percebe-se que, já em 1973, quando publicou a sua
influente obra O Advento da sociedade pós-industrial, ele conseguia
enxergar os impactos que a tecnologia da informação traria para o
futuro. Esses avanços possibilitariam uma sociedade que
percorresse novos caminhos imaginativos e imprevisíveis. Ao
analisar o mundo contemporâneo, nota-se que a interação entre as
pessoas e as inovações tecnológicas são algo cada vez mais comum,
fato que tem influenciado comportamentos e atitudes dos
indivíduos em sociedade. É difícil pensar em passar um dia sem
utilizar nenhum tipo das tecnologias modernas, pois elas estão tão
conectadas com cada um de nós que parecem fazer parte do nosso
ser. E esse crescimento não para. Pelo contrário, o avanço do
conhecimento científico se dá de forma exponencial. Nesse sentido,
é válido citar as competições de esportes eletrônicos, que precisam
abusar da imaginação e do uso das tecnologias para simular
universos criados para seus jogos. Quem imaginaria, na época de
Bell, que um dia isso fosse acontecer? Talvez nem ele mesmo
pensou que chegaríamos a esse ponto. Estamos falando de uma
indústria (de games) que trabalha com diversas áreas do
conhecimento, sendo considerada uma das mais multidisciplinares.
Design, programação, arte, som, inteligência artificial, tudo isso para
simular uma realidade que envolve milhões de pessoas e de dólares.
 BIBLIOGRAFIA
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