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RESUMO
Com o fim da escravidão e início do processo de industrialização, as cidades brasileiras passaram por
transformações de caráter social. Estas, consequentemente, ocasionaram em alterações na
ocupação e uso do espaço na cidade. Nesse contexto, na virada do século XIX para o XX, em
Salvador, observou-se uma redistribuição do lugar de morar, anteriormente o que eram moradias
unifamiliares, foram readaptadas a moradias multifamiliares o que, na região da Soledade, teve como
particularidade o seu desdobramento para uma conformação de avenidas de quintal, acessadas
exclusivamente pelos corredores de antigos casarões ecletizados. Esta forma de morar, desde o
princípio, esteve associada à uma população de baixa renda cujos descendentes e/ou famílias de
contextos semelhantes, vieram a ocupar esses espaços, até os dias atuais sendo, ainda que
informalmente, as protagonistas na preservação desses núcleos históricos. Alguns desses casarões
de acesso se encontram hoje subutilizados e em avançado processo de degradação, representando
risco aos moradores das respectivas vilas que o utilizam como único acesso às suas moradias. Neste
contexto, o artigo tem por objetivo analisar as possibilidades legais de desapropriação de
propriedades privadas, ocupadas há vários anos - seja na edificação em si ou em seu lote ocupado -
de modo a viabilizar a sua regularização fundiária vinculando as moradias dos casarões às
respectivas comunidades situadas nos quintais. O artigo terá por referência os princípios
estabelecidos pela Constituição Federal (1988), Estatuto da Cidade (2004) e o vigente Plano Diretor
de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (2016), de modo a reconhecer os mecanismos
viáveis à sua regularização e integração.